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ABSTRACT
Objective is to present scientific work addressing the role of the media at the expense of
fundamental guarantee of the presumption of innocence of the accused. Thus ends a conflict
occurring between the presumption of innocence of the accused and the role of the press who,
under the cloak of prohibition of censorship, undermines its purpose, which is the transmission
of truthful information and the consequent formation of public opinion, to make use of
sensationalism about a crime committed as a way to target profit, without respecting the
fundamental rights of individuals, in particular, the principle of presumption of innocence,
generating a pre-trial of the accused or "suspect" the commission of a crime, before the penal
sentence, thereby generating irreparable consequences to the individual. In order to
demonstrate this result will be used as a case study, The Case School Base, who shocked
Brazil in the 90s, and even today is seen as one of the biggest mistakes of the media in
overexploitation of the accused by the media.
2. INTRODUÇÃO
A mídia é algo presente no nosso cotidiano e o crime é algo que ocasiona um interesse
particular de todos no meio social. Como se não bastasse a revolta e a comoção social a
respeito dos mesmos, os meios de comunicação de massa insistem em escolher determinado
delito, para estrelar no “circo midiático” e assim, promover um debate televisional contaminado
de opiniões que instigam ainda mais o sentimentalismo e que contaminam a opinião publica.
Pretende-se não somente tecer comentários a respeito do lado negativo da imprensa, e aqui
será utilizada sua terminologia no seu sentido amplo (jornais, revistas e principalmente a
televisão), muito menos criticá-la como se não fosse uma instituição fundamental que é
utilizada como instrumento da democracia, mas sim expor o conflito que surge entre a mídia e
o princípio da presunção de inocência, (traduzido no tratamento do acusado pela imprensa),
quando aquela desvirtua a sua finalidade passando a transmitir um jornalismo sensacionalista,
ao invés de um jornalismo sério, pautado na verdade, livre de convicções e com um caráter tão
somente informativo.
Assim, o critério de seleção da notícia é baseado no lucro, ou seja, a mídia utiliza o crime como
um grande garantidor de audiência, emitindo juízos de valores e fazendo condenações
precipitadas a respeito do sujeito.
Por fim, no capítulo 3 será abordado o Caso Escola Base, em que os donos da escola de
educação infantil base, no bairro da Aclimação em São Paulo foram acusados e previamente
condenados pela imprensa por um crime que jamais ocorreu, resultando em um dos maiores
erros cometidos pela mídia na divulgação de um fato criminoso,gerando com isso, sérias
consequências para os indivíduos, qual seja, os direitos à personalidade do indivíduo.
Sob este vértice, para a realização da presente pesquisa científica a metodologia utilizada foi
pesquisa doutrinária a respeito do tema abordado, bem como em razão do tema ser de difícil
análise específica, consultamosmeios eletrônicos (internet) através de sítios que abordassem
especificamente o tema que a seguir será analisado.
3. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
3.1. Conceito, origem e evolução histórica
A palavra princípio vem do latim principium e significa começo, fundamento, base para algo.1
Neste sentido, o doutrinador Guilherme Nuccidefine o princípio jurídico como sendo “um
postulado que se irradia por todo o sistema de normas, fornecendo um padrão de
interpretação, integração, conhecimento e aplicação do direito positivo, estabelecendo uma
meta maior a seguir”. (NUCCI, 2009, p.80-81)Ou seja, os princípios servem de norte para a
aplicação das normas.
Observe que todo ramo do Direito possui princípios que são específicos, podendo ser
expressos ou implícitos, que advém de uma cultura jurídica formada sobre uma matéria.2
O processo penal brasileiro tramita norteado pelos princípios, e estes atuam como limites ao
poder do Estado, bem como funcionam como garantidores de um processo democrático,
estando diretamente ligado a uma instrumentalidade constitucional.3
“caracterizado pela concentração de poder nas mãos do julgador, que exerce também, a
função de acusador; a confissão do réu é considerada a rainha das provas; não há debates
orais, predominando procedimentos exclusivamente escritos; os julgadores não estão sujeitos à
recusa; o procedimento é sigiloso; há ausência de contraditório e a defesa é meramente
decorativa”. (NUCCI, 2009, p.116)
Desta forma, através do sistema inquisitivo, que perdurou no Estado Absolutista, o indivíduo
passava por inúmeras arbitrariedades, sendo julgado sem qualquer garantia a um processo
justo, uma vez que bastava ser suspeito para se tornar objeto do processo.
Observe ainda que, o poder de punir era tido como um atributo pessoal do soberano.6
Tal fator advinha de uma reação ao sistema processual-repressivo, este tinha como
fundamento a utilização de mecanismos arbitrários, como por exemplo, a tortura, e assim, o
indivíduo era tratado como se culpado fosse, devendo demonstrar sua própria inocência.
Ressalta-se que o poder de punir ou jus puniendi era da igreja e do príncipe, e a prática de um
delito significava ofensa ao soberano, bem como para punir não exigia a certeza de culpa,
bastando a existência de indícios.
A partir de então, foi possível abolir a tortura como forma de confissão, estabelecendo uma
reestruturação no processo penal da época, saindo o sistema inquisitório, e passando a vigorar
o sistema acusatório.
Muito embora, o movimento iluminista tenha tido seus reflexos na arte, na literatura e na
economia, foi na política que houve maior influência, em razão da atuação dos iluministas se
fixarem no combate as medidas autoritárias praticadas pelo Estado Absolutista em busca da
defesa dos direitos do indivíduo.9
Com isso, o indivíduo passa a ser tratado como se inocente fosse mesmo sendo suspeito da
prática de um delito.
Isso significa dizer que neste novo momento modifica-se a forma de tratamento do acusado
diante da existência do processo penal, ou seja, deveria se presumir inocente aquele que
cometeu um crime até a declaração da sentença judicial que não fosse passível de recurso.11
Daí em diante, ocorrea instauração do sistema acusatório, em que há claramente uma divisão
entre aquele que acusa e aquele que julga.
Este sistema, inclusive é adotado pelo nosso ordenamento, como por exemplo, podemos
observar a existência da figura do Ministério Público como órgão acusador e fiscal do
cumprimento da Lei, e a figura do juiz que se mantém equidistante a fim de garantir um
julgamento justo e imparcial.12
Muito embora houvesse críticas, havia estudiososda época que eram a favor da presunção de
inocência na fase preparatória do julgamento, e juntamente há quem admitisse a aplicação do
princípio em comento na hipótese de crimes passionais, uma vez que a sociedade não poderia
absolver alguém que não provasse a sua inocência através de uma rigorosa valoração de
provas.15
Embora, ainda não fosse expressamente abarcada no Código Penal italiano de 1913 a
aplicação do princípio da presunção de inocência tornou-se realidade prática em razão de
diversas disposições a respeito do tratamento do acusado, mas não por muito tempo.
Porém, devida a inúmeras violações aos direitos humanos ocorridos na 2ª Guerra Mundial e
em razão dos regimes totalitários impostos, a fim de encontrar um meio de proteção às
liberdades públicas, a Europa aprova a Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1948,
incluindo expressamente o princípio da presunção de inocência.
Desde então, tornou-se regra interpretar a presunção de inocência, desde o momento em que
fosse imposta uma acusação, vedando inclusive, a produção de provas contra si juntamente
com o direito ao silêncio do acusado, positivando também o princípio do in dúbio pro reo.
De igual forma,a Constituição Italiana de 1948 utilizou como regra a aplicação da presunção de
inocência até a condenação definitiva.18
A Convenção Européia de 1950 para a proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades
Fundamentais também ratificou a presunção de inocência, bem como a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos assegura a presunção de inocência.
Encerrada a evolução histórica, pedimos vênia, para tratar da positivação deste princípio no
ordenamento jurídico brasileiro em título próprio.
Aury Lopes Jr. (2013) conceitua o princípio da presunção de inocência como sendo o princípio
dirigente do processo penal, pelo que todas as suas formas devem ser observadas em um grau
máximo, principalmente no que tange as provas a serem produzidas, as prisões cautelares,
bem como ao tratamento do acusado.21
Sendo assim, a presunção de inocência é um dever tratamento22, e este dever possui duas
dimensões: interna e externa.
A dimensão interna é aquela que envolve o juiz e prisões cautelares. Já, a dimensão externa,
nas palavras do doutrinador:
Pois bem, muito embora o doutrinador Nucci não se refira de forma expressa a respeito da
adoção da nomenclatura do estado de inocência, em sua doutrina Manual de processo penal e
execução penal, apesar de adotar “princípio da presunção de inocência”, ao defini-lo, entende
ser a presunção de inocência um “estado natural do indivíduo”.23
A doutrinadora Ana Lúcia Menezes Vieira afirma haver uma pouca comparação com “o
princípio da não-culpabilidade”, uma vez que a presunção de inocência se traduz em um valor
ideológico, através do qual o indivíduo não poderá ser considerado culpado até a sentença
definitiva.25
O doutrinador Paulo Rangel (2012) cita que a terminologia a ser empregada não é “presunção
de inocência”, uma vez que a Constituição de 1988 não se refere expressamente a “presunção
de inocência”, mas sim a não-culpabilidade, razão pela qual não pode ser tido como
presumidamente inocente. A expressão pode ser confirmada, em razão do juiz ao analisar um
processo penal, verificar a culpa do acusado, para assim, absolvê-lo ou condená-lo.26
De igual forma, se fossemos atribuir uma interpretação tão somente gramatical ao que a
Constituição prevê, estaríamos fadados a não condenação, bem como a não existência das
prisões cautelares no curso da investigação criminal ou no decorrer do processo penal.
Sendo assim, em razão de não haver restrições ao limite interpretativo da palavra “presunção
de inocência”, esta se demonstra como um mito, em razão de diversos dispositivos, tanto na
legislação brasileira, tratados internacionais legislação comparada prever medidas destinadas a
proteção da não culpabilidade.27
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LVII- “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória29”.30
Apesar do Brasil ser signatário de textos internacionais que previam o “princípio da presunção
de inocência”, o nosso país foi um dos primeiros a não reconhecê-lo31.
A ditadura ou o “Estado Novo” como foi denominado, foi instaurado pelo Presidente Getúlio
Vargas, no ano de 1937, e na mesma ocasião editou uma Lei que instaurou o Tribunal de
Segurança Nacional, e através deste o indivíduo que fosse encontrado com arma ou qualquer
objeto fruto do crime deveria provar que era inocente, figurando, uma interpretação diversa da
existente no mundo atual.32
A partir da Declaração dos Direitos do Homem em 1948 é que houve um reboliço a fim de se
tutelar os direitos individuais da pessoa humana, com a consequente elaboração de normas
internacionais a fim de garantir o princípio da presunção de inocência, bem como a sua
positivação.
Observe que a democratização no Brasil somente começou após o período da ditadura (1964 a
1985).35
O Brasil, embora tenha votado na declaração da Organização das Nações Unidas, somente 40
anos depois, ou seja, somente em 1988, com a promulgação da Constituição da República, é
que houve a positivação deste princípio no nosso ordenamento jurídico.36
Devemos reconhecer que a presunção de inocência no Brasil não se faz presente apenas na
seara constitucional direcionada ao processo penal, mas sendo de igual formaaplicável na fase
administrativa e jurisdicional, bastando que uma decisão limite direitos ou possua caráter de
sanção.38
De acordo com o entendimento do nobre doutrinador Nucci (2008), o Estado deverá respeitar
os direitos do indivíduo39, ou seja, deve haver um equilíbrio entre os direitos a que o cidadão
faz jus juntamente com o direito a uma sociedade segura, bem como se
consideramfundamentais aqueles direitos ou garantias que são necessárias para a existência
do indivíduo no meio social.
O doutrinador Aury Lopes (2013) destaca ainda que o princípio da presunção de inocência
funciona como “dever de tratamento” a ser imposto ao acusado.41
Portanto, a regra é que ninguém pode ser tratado como se culpado fosse43, pois se ao
contrário entendêssemos, de que serviria o processo penal?
O principal fundamento da referida indagação é que a relevância da existência de um processo
penal é justamente para que haja um instrumento eficiente, e que seja capaz de respeitar as
garantias fundamentais do indivíduo.44
Embora exista a relativização do princípio que ora se estuda, o tratamento do acusado como se
culpado não fosse, deverá perdurar até a eventual sentença penal condenatória.46
Apesar de ter havido resistência por parte da jurisprudência, a doutrina acatou o princípio em
comento de forma ampla, não rechaçando os posicionamentos minoritários, em razão da
Convenção Americana de Direitos Humanos reconhecer a aplicação do princípio da presunção
de inocência tanto com relação ao seu tratamento, como em relação a regra probatória.48
A presunção de inocência pode ser aplicada tanto no campo processual como na área
extraprocessual, ou seja, no que tange a esta última, aplica-se a presunção de inocência na
forma de tratamento do indivíduo, já na matéria processual, mostra-se essencial em que
somente deixará de ser aplicado a partir do momento em que se provar a culpa do sujeito que
cometeu o delito.49
Desta feita, concluímos que o princípio da presunção de inocência deve ser observado ainda
que haja indícios suficientes de autoria, uma vez que o acusado somente será considerado
culpado e ser tratado como se o fosse, a partir da sentença penal condenatória, tratando-se de
uma garantia fundamental destinada a todos os indivíduos, aplicável tanto no curso do
processo penal como quando na fase de investigação, devendo, portanto, ser respeitada sobre
o manto constitucional.
A partir de então, o cenário internacional de Direitos passou a utilizar como inspiração a citada
declaração para reconhecer a proteção aos direitos humanos.
Assim tivemos diversos tratados internacionais, mas aqui nos reservamos a citar somente
alguns:
A Convenção Européia de Proteção aos Direitos Humanos e das Liberdades
Fundamentais(1950), prescreve em seu art. 6°, n° 2 “que qualquer pessoa acusada de uma
infração presume-se inocente enquanto a sua culpabilidade não tiver sido legalmente provada
a sua culpa51”.
Pacto de São José da Costa Rica (1969) a presunção de inocência está expressamente
reconhecido no art. 8-2 “Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua
inocência enquanto não for legalmente comprovada a sua culpa53”.
Carta dos Direitos Fundamentais da União Européia (2000), pré o princípio da presunção de
inocência em seu art. 48, 1 “Todo o arguido se presume inocente enquanto não tiver sido
legalmente provada a sua culpa55”.
Sob este vértice, o indivíduo será sujeito de direito internacional a partir do momento em que
for titular de direitos humanos.56
PIOVESAN em suas palavras afirma que “o reconhecimento de que os seres humanos tem
direitos sob o plano internacional implica a noção de que a negação de que esses mesmo
direitos impõe como resposta a responsabilização internacional do Estado violador”.
(PIOVESAN, 2013, p. 62)
Pacificando essa questão, o doutrinador Renato Varalda entende que o fato da emenda
constitucional 45/2004 ter introduzido o §3° do art. 5°, “apenas reconhece de modo expresso a
natureza materialmente constitucional dos tratados de direitos humanos”. (VARALDA apud
PIOVESAN, 2007, p. 35)
Desta feita, a doutrina e a jurisprudência brasileira consolidam a interpretação do princípio da
presunção de inocência através do reconhecimento do conteúdo dos tratados internacionais,
seja em seus três significados, ora como regra de tratamento, ora como regra probatória e ora
como regra processual, e nas palavras do doutrinador Renato Varalda“não há como negar que
a primeira garantia a um direito fundamental se constitui exatamente a partir do seu
reconhecimento positivo, seja na Constituição, seja em Textos Internacionais”. (VARALDA,
2007, p.36)
A Constituição Italiana de 1948 prevê em seu art. 27,§2°, o princípio da presunção de não-
culpabilidade, em razão da redação, conter que não será considerado culpado senão após a
sentença penal definitiva.60 Neste mesmo sentido, a Convenção Européia teve como fonte a
Constituição Italiana.
O doutrinador Nucci (2008) se manifesta a respeito desta relativização sob o argumento de não
ser inconstitucional, uma vez que a prisão cautelar não possui natureza de sanção, mas sim
requisitos específicos que levam o acusado a privação da sua liberdade, como por exemplo,
quando o indivíduo se torna uma ameaça à sociedade.64
Segundo o doutrinador Tourinho Filho (2012), a prisão, seja ela em todas as suas modalidades,
somente pode ser decretada em virtude de lei, e posto isso, a prisão cautelar deverá ser
decretada além dos termos do previsto no Código de Processo Penal, mas também com a
observação de duas regras: necessidade e proporcionalidade, por estar diretamente ligada ao
princípio da dignidade da pessoa humana, e este é corolário do princípio fundamental do
Estado Democrático de Direito, uma vez que o magistrado ao utilizar a medida cautelar, deverá
levar em consideração a gravidade do delito e as circunstâncias do acusado, com a finalidade
de observar se o caso concreto necessita dessa cautelaridade65.
Não profere entendimento diverso o doutrinador Aury Lopes Jr. (2013) destaca que embora
ocorraa adoção da medida cautelar deve ser respeitado o princípio da presunção de inocência,
em razão deste ser originário da proteção ao indivíduo, pois a presunção de inocência se
revela como um dever de tratamento66.
O doutrinador Vicente Greco Filho (2010) explica que a prisão processual tem natureza
cautelar porque visa preservar a aplicação da lei penal, em suas palavras: “Daí decorre o
primeiro princípio que rege a prisão processual: a prisão não se mantém nem se decreta se
não houver perigo à aplicação da lei penal, perigo à ordem pública ou necessidade para a
instrução criminal67.”
Todo ramo do direito possui princípios que orientam a aplicação de determinada norma. O
Processo penal não é diferente, pois possui princípios que fornecem garantias mínimas a um
processo democrático. Essas garantias mínimas a que nos referimos, advém da nossa
Constituição Federal de 1988, uma vez que para que haja a persecução penal a aplicação de
uma norma deverá estar em consonância com a nossa Constituição.
Sendo assim, conforme narrado em títulos anteriores, foi delineada a importância do princípio
da presunção de inocência desde seu surgimento até os dias atuais71. Porém, neste título
iremos abordar os princípios que possuem ligação com a presunção de inocência, tendo em
vista que, esta está diretamente ligada a um processo justo, e por conseqüência abarcada pelo
Estado Democrático de Direito.
Destinado ao controle por parte da sociedade às decisões proferidas pelo Poder Judiciário,
temos o Princípio da Publicidade, significa que todos os atos processuais devem ser realizados
de forma pública, livre de segredos ou sigilo, salvo nas hipóteses previstas em lei (Art. 20 do
CPP e demais hipóteses previstas na Constituição).74
Outro princípio que decorre da ampla defesa e do contraditório, estando ligado ao princípio da
presunção de inocência do acusado, é o Princípio de que ninguém está obrigado a produzir
prova contra si mesmo. Embora não seja tido como princípio para alguns doutrinadores, NUCCI
o aborda como sendo um princípio misto, pois tem amplamente assegurado o direito de
produzir qualquer prova, sem ter que produzir prova contra si mesmo.76Por fim, temos o
Princípio do Juiz Imparcial, também ligado diretamente ao princípio da presunção de inocência,
e significa que o Estado-Juiz deverá manter-se equidistante das partes. Rangel ressalta “[...]
exige-se do órgão julgador um desinteresse por ambas as partes. Ou seja, deve o Estado-Juiz
interessar-se apenas pela busca da verdade processual, esteja ela com quem estiver sem sair
da sua posição supra partes”77.(RANGEL, 2008, p.19)
Parece estranho conceituarmos liberdade como uma busca da felicidade, mas o doutrinador
José Afonso da Silva é quem relaciona liberdade a uma busca da felicidade pessoal, e diz
ainda que a liberdade é uma garantia da realização dos direitos fundamentais no regime
democrático de direitos. Ou seja, quanto mais livre o homem, mais conquistas ele alcança e por
conseqüência o seu interesse pessoal ele realiza, logo conquista meios necessários à
realização da felicidade pessoal, devendo o poder de agir do homem, ser realizado sem
qualquer opressão.79
A noção de imprensa começou a tomar seus contornos a partir do século XIV, através da troca
de cartas comerciais, que nada mais eram do que uma troca de informações, veiculada através
do sistema corporativo de correspondências realizado entre os comerciantes da época, porém
não era permitida a publicidade das informações, por se tratar de interesse reservado às
corporações profissionais da época.80
Desta forma, a imprensa surge como noticiário, a respeito de temas de interesse dos
comerciantes e de jornais manuscritos que passaram a jornais impressos, com a ajuda de
Gutenberg em 143681, e a troca dessas informações passa a ser utilizada como mercadorias.
No final do século XVII e início do século XVIII jornais da época passaram a utilizar artigos
relatando os acontecimentos da época.
A partir de então, a burguesia passou a utilizar a imprensa como um alvo para se comunicar
com seus súditos, passando os jornais a se tornarem boletins oficiais.84
Embora ainda não constitucionalizada, a imprensa passou a possuir grande importância pela
Inglaterra (1695), através do documento denominado “LicensingAct”85, em que vedou a
utilização da censura para com a imprensa, tornando-se então, plenamente livre.
Entretanto, não a reconheceu como absoluta uma vez que estabeleceu limite ao exercício e
abusos da imprensa e,nos Estados Unidos a imprensa foi constitucionalmente reconhecida em
1791 através da emenda n.1, em razão do jornalista Peter Zenger ter sido preso por uma crítica
feita ao governo americano através da publicação em um artigo no jornal e, mesmo preso,
continuou a publicar, até que decorrido um ano, foi absolvido.87
Embora tenha havido esta absolvição, inúmeras condenações foram praticadas em razão do
exercício da liberdade de expressão, em razão de responsáveis pelos jornais da época
defenderem outras formas de governo, como por exemplo, a forma republicana.88
Decorrido isso, a imprensa somente conquistou sua liberdade após a Revolução Francesa de
1848.
No início do século XIX a imprensa passou a se valer da objetividade para divulgar a notícia, e
nos dizeres do doutrinador Fábio Martins de Andrade (2007): “A partir daí, deve haver uma
compatibilização entre o interesse público necessário para a divulgação das notícias e as
ambições mercantis da empresa jornalística.”90
A partir do ano de 1880 começou a criação de trustes de imprensa91, e desde então houve
uma verdadeira evolução a respeito da liberdade de imprensa no mundo.
Porém, esta dificuldade foi sanada com a chegada da família real no Brasil por volta de 1808,
em que a imprensa conquistou o seu espaço, e como se não bastasse a criação, a notícia não
se relacionava aos acontecimentos da sociedade, mas sim, aos acontecimentos da realeza,
como avisos, atos oficiais do governo, também conhecida como a imprensa régia, e foi o
próprio Dom João VI, quem a criou, dando nome ao primeiro jornal brasileiro de Gazeta do
Rio.94
Mas o fato de ter sido estabelecida no Brasil pelo governo real não significava o seu exercício
absoluto. A censura foi mantida na prática, e antes mesmo de iniciar a circulação dos
periódicos.95
Mas somente com a Constituição de 1988 é que a liberdade de imprensa ganhou status de
direito fundamental.
Cumpre trazer a lume que atualmente não se utiliza mais a expressão liberdade de imprensa,
mais sim liberdade de informação jornalística, uma vez que no século em que vivemos, a
imprensa é sinônimo de informação consubstanciada na atividade jornalística como um todo.
Ou seja, esta é parte integrada por jornais, revistas, telejornais, internet e rádio.100
Nicolitt aborda a importância da mídia como sendo o “um dos mais importantes equipamentos
sociais no sentido de produzir esquemas dominantes de significação e interpretação no mundo.
(NICOLITT, 2006, p. 37)
Atualmente a imprensa exerce papel fundamental em toda a sociedade, exercendo uma função
social em razão de atuar como instrumento formador da opinião pública e como exercício da
democracia, constituindo, portanto, um direito fundamental.101
No Brasil, foi positivada pela Constituição do Império (1824), posteriormente pela Constituição
Republicana (1891), Constituição de 1934, Constituição de 1946, Constituição de 1967, e por
fim, a Constituição de 1988, em seu art. 5°, IX e IV e o art. 220, §5°, garante o exercício da
liberdade de expressão.103
Sendo assim, o conceito de liberdade de expressão deve ser visto de forma ampla sem ficar
adstrita a um interesse político e social, bem como não deve ser confundida com o direito de
opinião104, em razão daquela ser exercida com a ausência de juízos de valores.105
“Art. 5° [...]
Por fim, atrelado a manifestação do pensamento está o direito de resposta, de igual forma,
previsto pela Constituição de 1988, que nada mais é do que uma garantia ao direito de
privacidade que poderá sofrer violação no exercício da liberdade de manifestação de
pensamento. Ou seja, o direito de resposta é utilizado como instrumento de defesa da honra e
da reputação do indivíduo que tem os direitos inerentes à personalidade violada.110
§1°. Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de
informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no
art. 5°, IV, V, X, XIII e XIV.111(grifo nosso)
Muito embora a liberdade de informação tenha garantido o seu espaço no rol dos direitos
fundamentais, é necessário que junto a esta seja assegurado outro direito: o direito de
informar.114
Observe que o direito de informar deve caminhar de forma conjunta com a liberdade de
informação jornalística, uma vez que no momento da transformação do Estado Liberal para o
Estado Social115 existe uma modificação no sentido interpretativo da liberdade de informação
perante a sociedade, pois não basta que exista uma imprensa livre, junto a ela deverá estar o
dever de informar sem a intervenção do poder público, ou seja, além da garantia da liberdade
de informação pelos meios de comunicação, esta informação deverá ser verdadeira, sob o
manto da participação social consubstanciada no aperfeiçoamento da democracia.
Nas palavras do doutrinador Luiz Gustavo Grandinetti Castanho de Carvalho:
“o postulado liberal da livre informação só garante que o informador noticie o que ele quiser
noticiar, da maneira como quiser e no momento que entender oportuno. O componente social
será o responsável pelo direito do informador de pesquisar e pelo dever de o Poder Público
permitir ser pesquisado, pelo direito do público de receber informação, pelo direito desse
público de selecionar a informação que deseja receber e, talvez o mais importante, pelo direito
do público à informação verdadeira.”(GRANDINETTI, 2003, p.82)
Desta forma, a liberdade de informação jornalística é integrada pelo direito de informação, pois
o exercício daquela, prescinde no dever de respeito ao direito de informação.
O próprio Código de ética jornalística117 define em seu art. 2° os seguintes dizeres: “Como
acesso à informação de relevante interesse público é um direito fundamental, os jornalistas não
podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo de interesse, razão porque: [...]”.(grifo
nosso)
A liberdade de informação jornalística além de ser um direito fundamental, exerce uma função
social, uma vez que funciona como instrumento do pensamento e vontade popular, através da
qual a sociedade encontra um mecanismo de defesa contra as atividades arbitrárias do Estado,
constituindo, portanto, um reflexo da liberdade humana.118
Deve ser observado que o exercício dessa liberdade não é absoluto, pois embora a censura
seja repudiada pela nova ordem democrática estabelecida a partir da Constituição de 1988, ela
se limita a vedação do anonimato, ao direito de resposta proporcional ao agravo119 e a
possível indenização moral, material e à imagem120.
Isso significa que para que sociedade possa formar a sua opinião se faz necessário o acesso à
informação, não bastando à garantia a liberdade de expressão e manifestação do pensamento,
sob pena de comprometer a liberdade de escolha e a própria formação da opinião pública.121
O direito à informação é consagrado de forma expressa no ordenamento jurídico atual, art. 5°,
XIV da CRFB/88, e sua importância reside no fundamento para que indivíduo possa expressar
suas idéias ele deve conhecer a realidade na qual está inserido122.
“que a referida faculdade há de ser vista em íntima relação com a necessidade do cumprimento
responsável de uma atividade que revela incontrastável interesse público, nomeadamente
devendo possibilitar a disseminação não apenas de uma pluralidade de informações,
supostamente advindas de vários órgãos de comunicação, mas, essencialmente, de enfoques
e prismas diversos vertidos de uma dada informação e veiculados em cada órgão em que pese
a especificidade editorial, que, portanto, não se encerra com um fim em si mesma.”
(STROPPA, 2013, p. 82)
Desta forma, a imprensa embora possua a faculdade de selecionar a notícia, deve ser
observada nessa escolha que a sua função perante a sociedade é equiparada a um serviço
público, devendo no exercício da sua atividade atender ao pluralismo da sociedade
democrática124, que em decorrência deste temos a faculdade de receber a informação que é
exercida pelo receptor, no caso, a sociedade.
O direito de se informar nos dizeres de STROPPA (2010) é a faculdade que o indivíduo possui
de buscar informações livre de qualquer espécie de empecilho125. Contudo, poderá haver
limitação126 respaldada no sigilo que alguns assuntos devem possuir diante da segurança da
sociedade e do Estado127. (STROPPA, 2013, p.92-96)
O direito de ser informado é uma “prerrogativa conferida às pessoas para que seja adequada e
constantemente informada, não apenas pelos poderes públicos, mas também pelos meios de
comunicação de massa”. (STROPPA, 2013, p.98)
Por fim, temos o direito à informação verdadeira, que consiste em um direito da sociedade de
receber por parte da imprensa uma informação verdadeira. O doutrinador Grandinetti se refere
a informação verdadeira como sendo um direito difuso128a ser usufruído pela sociedade.
Através deste direito busca-se a vedação da divulgação de notícias inexatas, permitindo ao
indivíduo a postulação perante o judiciário a fim de obrigar ao órgão da imprensa seja obrigado
a publicar a correção129.
Com isso, concluídos este tópico partindo da premissa que para que ocorra a participação da
sociedade no cenário político de um Estado Democrático de Direito, se faz necessária a
divulgação de informação de interesse público para que ocorra a formação da opinião e a
tomada de decisão de forma legítima, possuindo os meios de comunicação de massa um papel
fundamental nesta formação.
Está assegurada no supracitado art. 220, caput da CRFB/88, e tem por finalidade a
consolidação de uma ordem democrática, uma vez que através desta garantia o indivíduo pode
externar a sua opinião a respeito de um determinado assunto ou acontecimento social, bem
como possibilita a construção de um cenário de discussões e posicionamentos diversos,
permitindo a coletividade formar suas próprias convicções, livre de qualquer tipo de
censura.131
Note-se que apesar de ser tida atualmente como sinônimo de democracia, a formação da
opinião pública ocorreu juntamente com a disseminação da imprensa (século XVIII), e ao
contrário do que se vive atualmente, a opinião pública era somente realizada pelas classes que
detinham o poder econômico e político da época.132
Nos dias de hoje, a opinião pública pode ser conceituada como a relação de opiniões de
diferentes grupos, independente da classe social a que pertençam, consubstanciada na
manifestação do seu posicionamento intelectual a respeito dos acontecimentos sociais, que
são capazes de garantir a validade da ordem jurídica, e que exercem influência direta no
comportamento da sociedade.133
Importante destacar que a formação da opinião pública esta diretamente relacionada com o
acesso à informação, e este se dá através dos meios de comunicação de massa.
Fundamental reconhecer também neste tópico a importância que a mídia134 possui neste
liame como a principal fonte formadora e influenciadora da opinião pública.
Neste sentido, a opinião pública formada pela mídia se dá através de uma transmissão de
informação unilateral.135 Ou seja, a comunicação se dá em um só sentido, sem a interferência
do receptor, e com isso, a mídia impõe a sua forma de ver o acontecimento social,
manipulando e controlando a informação.136
“o tirocínio da opinião pública, mencionada anteriormente, quando esta foi formada por um
“público” (intelectualidade burguesa), capaz de julgar, foi atualmente suplantado pela tirania
dos órgãos da mídia, hoje erigidos ao relevante papel de agentes fiscalizadores tanto dos
órgãos públicos quanto da conduta individual dos cidadãos”. (MARTINS, 2007, p. 45-46)
Desta forma, a opinião pública é livre e expressamente reconhecida pela nossa Constituição
Federal, bem como os meios de comunicação de massa atuam como instrumentos
influenciadores e formadores da mesma.
Outro fator que advém com a evolução histórica da liberdade de informação jornalística é a
influência positiva da mídia, principalmente no que tange a democracia na sociedade.
Porém, juntamente com esta disseminação a mídia passou a exercer determinada influência
negativa no meio social, utilizando o sensacionalismo através de assuntos mais vendáveis,
como forma de combater a concorrência, desvirtuando-se da sua principal função: transmitir
uma informação pautada na verdade a fim de formar a opinião pública.138
Fábio Martins de Andrade faz uma interessante ressalva dizendo que: “Juntando os elementos
“concorrência”, “pressa” e “sensacionalismo”, então dificilmente a divulgação da notícia
alcançará o necessário equilíbrio de reflexão e pesquisa”.(ANDRADE, 2007, p. 66-67)
Como se não bastasse a utilização desta triangularização, os fatos mais noticiáveis são
aqueles que envolvem crime, justamente por ter a sociedade um certo fascínio, bastando
percorrer pelos mais variados órgãos da mídia para constatar a questão criminal em espaços
privilegiados.139
Com isso, temos que uma repetição na divulgação de determinada notícia veiculada com um
teor sensacionalista tende a influenciar de forma manipulada o telespectador sobre o tema em
pauta.140
Mas devemos reconhecer que o sensacionalismo advém de alguém que torna aquele assunto
a pauta de todos os canais midiáticos, ou seja, a informação obtida advém de uma fonte, seja
ela policial, consubstanciada em Delegados tentados a “brilhar”141nos meios de comunicação
de massa; a vítima que busca disseminar o crime cometido como forma de criticar a injustiça
criminalista; o Poder Judiciário, representado pela figura do Juiz que busca midiatizar o seu
trabalho; o próprio jornalista que busca criar um sensacionalismo a mando da emissora, a fim
de combater a concorrência142, ou qualquer um do povo, que acaba levando a notícia aos
meios de comunicação, sem qualquer intuito mercantil.
Como se não bastasse, além do sensacionalismo e das fontes que informam os meios de
comunicação, há uma prévia seleção das notícias a serem divulgadas.
Ocorre que, a partir da seleção pelos meios de comunicação dos fatos criminosos que serão
noticiados, o doutrinador Fábio Martins de Andrade, faz uma ressalva com relação à busca pela
verdade na atividade jornalística143, sendo esta a parte integrante da ética144 jornalística.
Sob este vértice, perante a opinião pública a verdade acaba tomando o caminho da realidade
social caracterizada pela massa midiática.145
Entretanto, a busca da verdade na atuação da mídia torna-seingrata146, uma vez que somente
ocorre a aceitação de uma versão dos fatos, e a versão “verdadeira” acaba se resumindo em
duas atitudes do profissional da comunicação. A primeira atitude seria a satisfação passiva em
reproduzir o conteúdo emitido por “órgãos oficiais”147, facilitando a veiculação da notícia em
tempo real, e a segunda, seria quando o jornalista148 toma conhecimento de mais de uma
versão do fato, porém, veicula a informação que considera a mais próxima da verdade.149
A doutrinadora Ana Lúcia Menezes Vieira citando Dalmo Dallari aduz que informar “é
importante, isto sim, que haja convicção da verdade, que não se minta deliberadamente, que
não se use a mentira sabendo-se que se está usando a mentira”. (VIEIRA apud DALLARI,
2003, p. 45)
Nesta esteira, a veiculação da notícia deve corresponder aos fatos, e para que seja verdadeira,
deverá ser a mais exata possível, narrada de forma neutra e imparcial.151
A partir de então surge o conflito entre a liberdade de informação jornalística (art. 220, 221 da
CRFB/88 c/c art. 5°, IV, V, IX,XIV e XLI)e a presunção de inocência do acusado (art. 5°, LVII da
CRFB/88).
O conflito ou colisão dos referidos direitos fundamentais é comum, e não só conflitam entre si,
como também conflitam com outros bens jurídicos constitucionalmente protegidos.152
Este conflito poderá ocorrer de duas formas: no exercício do direito fundamental (liberdade de
informação) com outro direito fundamental (princípio da presunção de inocência), ou o exercício
do direito fundamental com a preservação de um bem de interesse coletivo ou que possua
valor constitucional.
É evidente que no conflito que ora se aborda o que ocorre é o conflito entre direitos
fundamentais e garantias constitucionais.153
A doutrinadora Ana Lúcia Menezes Vieira esclarece que a realidade atual demonstra que a
imprensa “está longe de estabelecer um critério próximo da verdade e da objetividade”.
(VIEIRA, 2003, p. 50-55)
A verdade se resume ao “furo” jornalístico, sem uma prévia confirmação da fonte a qual origina
a informação, e a objetividade se resume à linguagem sensacionalista, e desta forma, o fato
acaba adquirindo a versão jornalística, atingindo a mercantilização do dono do veículo de
comunicação e ao público que deseja receber este tipo de informação.
Resumindo, divulga-se a notícia sob dois aspectos: aquela que der mais audiência,sendo
capaz de trazer o retorno lucrativo, bem como a imagem criminosa atingindo ao anseio social
da aplicação de medidas mais graves ao criminoso.155
Fato é que a violência atualmente é um problema social e de interesse geral.156
A principal ferramenta que a mídia utiliza para sensacionalizar é a imagem. Ocorre que o centro
dessa imagem é o criminoso, fazendo com “que o espectador tenha a ilusão de participar do
julgamento”. (VIEIRA, 2003, p.155)
Fato é que sobre esta liberdade de informação jornalística devem-se impor limites, pois, muito
embora a censura tenha sido aniquilada do nosso ordenamento jurídico, não podem os meios
de comunicação de massa atuar de forma plena, ainda que violem direitos fundamentais, como
no tema em estudo, a presunção de inocência do acusado.158
A ilustre doutrinadora Ana Lúcia Menezes Vieira faz uma ressalva importante:
Neste sentido, não há um critério definido pelo jornalista na divulgação da notícia, de igual
forma, por parte da autoridade policial e investigadores da polícia não existe esse cuidado, a
ser iniciado pela exposição do indivíduo à mídia, no próprio estabelecimento policial.159
É sobremodo importante assinalar que o fato do indivíduo estar sendo acusado ou investigado
não retira a presunção de inocência do acusado, que somente perde o seu valor após uma
sentença condenatória irrecorrível, na forma do art. 5°, LVII da CRFB/88.
Com isso, os meios de comunicação devem saber diferenciar o suspeito, o acusado e o réu, e
somente sobre este último é que poderiam em regra ser feitas ponderações pela mídia, sem,
contudo, adentrar na esfera de direitos personalíssimos160.
Na verdade o princípio da presunção de inocência é dos princípios o mais violado pela mídia,
que se inicia a partir da estigmatização do investigado ou do acusado, que acabam
solucionando e desvendando o caso criminal, sem um julgamento por autoridade competente
(Juiz), havendo com isso, uma sentença antecipada do fato cometido como crime e divulgada
pelos órgãos da mídia de forma irrecorrível. A partir de então se torna irreversível a
questão.162
A atuação da mídia tem o poder de contribuir de forma prejudicial no processo penal a partir do
momento em que ocorre uma exploração excessiva do acusado, e consequenteviolação da
presunção de inocência, e com isso influencia diretamente na formação da opinião pública a
respeito daquele indivíduo tenha supostamente praticado o crime.163
Um crime que podemos utilizar como exemplo do sensacionalismo da mídia é o Caso Isabella
Nardoni. No caso, seu pai (Alexandre Alves Nardoni) e sua madrasta (Anna Carolina Trotta
Peixoto Jatobá) foram denunciados pelo Ministério Público de São Paulo pelo cometimento do
crime de homicídio triplamente qualificado por meio cruel, com a impossibilidade de defesa da
vítima (Isabela Nardoni) e com o objetivo de ocultar o crime.165
“[...] Portanto, diante da hediondez do crime atribuído aos acusados, pelo fato de envolver
membros de uma mesma família de boa condição social, tal situação teria gerado revolta à
população não apenas desta Capital, mas de todo o país, que envolveu diversas manifestações
coletivas, como fartamente divulgado pela mídia, além de ter exigido também um enorme
esquema de segurança e contenção por parte da Polícia Militar do Estado de São Paulo na
frente das dependências deste Fórum Regional de Santana durante estes cinco dias de
realização do presente julgamento, tamanho o número de populares e profissionais de
imprensa que para cá acorreram, daí porque a manutenção de suas custódias cautelares se
mostra necessária para a preservação da credibilidade e da respeitabilidade do Poder
Judiciário, as quais ficariam extremamente abaladas caso, agora, quando já existe decisão
formal condenando os acusados pela prática deste crime, conceder-lhes o benefício de
liberdade provisória, uma vez que permaneceram encarcerados durante toda a fase de
instrução.166(grifo nosso)
Desta forma, tendo em vista que o princípio da presunção de inocência é a norma base do
processo penal justo deve ser garantido, inclusive pelos meios de comunicação de massa, não
com a mesma intensidade que se aplica ao processo penal, mas como dever de tratamento do
indivíduo pela imprensa, consubstanciada na divulgação da notícia a respeito do crime, bem
como do seu autor, mas de forma verdadeira, sem o caráter emotivo, escandaloso, mas sim de
forma a “advertir o público de que a pessoa acusada ainda não é considerada culpada169”,
com isso evita-se induzir a sociedade a formar uma opinião pautada na crença de uma culpa
definitiva que verdade não existe.170
Com isso, encerramos este título concluindo que a forma que a notícia do processo penal é
veiculada deve ser respeitado o princípio da presunção de inocência, a fim de evitar excessos
que acabem tornando culpável o indivíduo antes mesmo de qualquer condenação proferida
pela justiça brasileira, ou seja, que antecipem a penalidade do acusado da prática de
determinado crime, bem como caberá a imprensa trazer à tona, na mesma proporção, o
resultado obtido através da sentença, de forma a assegurar a certeza ou não da culpabilidade
do indivíduo, evitando com isso a violação ao princípio em comento.172
De igual forma não há um limite pré-estabelecido no que tange a colisão entre a liberdade de
informação jornalística e a presunção de inocência, embora seja comum.174
Contudo, é entendimento doutrinário que havendo colisão entre direitos e valores fundamentais
deverá ser utilizado o critério da ponderação, caso a caso, sendo aplicado de forma cuidadosa,
a fim de se evitar o espaço para o arbítrio, devendo haver uma limitação de um direito em
choque com o outro, consubstanciada no sacrifício em que um deverá ceder espaço àquele
outro.175
O doutrinador Daniel Sarmento salienta que quando o intérprete se depara com uma colisão
entre direitos tidos como fundamentais deverá haver uma “compreensão recíproca” dos
interesses protegidos, com base em parâmetros racionais e controláveis, bem como a restrição
dos interesses deverá ocorrer através do emprego do princípio da proporcionalidade.
(SARMENTO, 2002, p. 102-106)
Seguindo este entendimento, o doutrinador ainda faz uma ressalva com as seguintes palavras:
“Além disso, a ponderação deve sempre se orientar no sentido da proteção e promoção do
princípio da dignidade da pessoa humana, que condensa e sintetiza os valores fundamentais
que esteiam a ordem constitucional vigente.” (SARMENTO, 2002, p. 105)
A doutrinadora Ana Lúcia Menezes Vieira (2003, p. 130) aduz que “a definição e análise dos
limites vão servir, por conseguinte, para nos conduzir aos possíveis caminhos de solução dos
embates que frequentemente surgem entre bens fundamentais”.
Uma simples análise do art. 220, §1° da Constituição Federal de 1988 que dispõe que
“nenhuma lei poderá constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística,
observado o disposto no art. 5°, IV, V, X, XIII e XIV”, basta para compreendermos que o limite
da liberdade de informação é estabelecido a partir do momento em que conflita com direitos
fundamentais.176
Neste caso, cumpre destacar, que muito embora a presunção de inocência não esteja
expressamente prevista na Constituição de 1988, o inciso LVII do art. 5°, traz o estado de
inocência do acusado, e este deverá ser preservado até a sentença condenatória não passível
de recurso.177
O princípio da presunção de inocência deve ser utilizado como limite à atuação da liberdade de
informação jornalística, uma vez que se tal princípio se traduz como uma norma jurídica tem
como finalidade única evitar humilhações vexatórias ao investigado ou acusado, vez que a
certeza de culpa somente advém com a condenação.178
O doutrinador Daniel Sarmento (2002) ressalta que a ponderação de interesses deve estar
ligada a dignidade da pessoa humana como forma de composição do conflito entre direitos
fundamentais, uma vez que aquela se dirige a concretização de valores supremos estando,
portanto, apoiada em todo o ordenamento constitucional.
Neste sentido, destaca o referido doutrinador que “nenhuma ponderação poderá importar em
desprestígio à dignidade do homem [...]” (SARMENTO, 2002, p. 75)
Mas além da dignidade da pessoa humana atrelada a ponderação de interesses servir de
mecanismo para a solução de conflito entre a liberdade de informar e o direito a ter respeitado
o estado de inocência, há que se aplicar o princípio da proporcionalidade.
O doutrinador Edimilsom Farias (2000) ressalta que na tarefa de solução da colisão de direitos
fundamentais o intérprete poderá se valer de outros princípios: princípio da unidade da
constituição, princípio da concordância prática e princípio da proporcionalidade.
Concluímos com a ponderação do doutrinador Arthur César de Souza de que tanto a liberdade
de informaçãojornalística como as garantias pertencentes ao processo penal possuem força
normativa em todo o meio social, e desta forma, contribuem de maneira autopoética em cada
subsistema social.183
Figura 4:FONTE184:<http://www.casadosfocas.com.br/o-caso-escola-base-1a-parte/>
Neste tópico será feita uma breve análise de um caso concreto a respeito do excesso
perpetuado pela imprensa sobre a presunção de inocência do acusado, e para isso será
utilizado um caso emblemático que demonstra um dos maiores erros da atividade jornalística
na transmissão de um fato criminoso: O Caso Escola Base.
A história inicia-se da seguinte forma: O caso ocorreu na cidade de São Paulo, no bairro da
aclimação. A escola denominada de Escola de Educação Infantil Base, era um educandário
infantil que comportava crianças de 6 meses a 5 anos de idade.
Em 28 de Março de 1994, duas mães (LÚCIA EIKO TANOI e CLÉA PARENTE) de alunos
estranharam o comportamento dos seus filhos, e suspeitaram de que eles teriam sofrido abuso
sexual. Ao indagar uma das crianças, a mãe obteve a resposta afirmativa a respeito do crime
sexual, e resolveu noticiar o caso à polícia.185
Dirigiram-se então, até a Delegacia mais próxima, localizada no bairro do Cambuci e noticiaram
o fato ao Delegado (EDÉLCIO LEMOS) que seus filhosde quatro e cinco anos de idade teriam
sofrido abusos sexuais pelos diretores (Icuchiro Shimada e Maria Aparecida) e funcionários
(Paula Milhim- professora e prima do casal Shimada e Maurício Alvarenga- motorista da Kombi
que transportava as crianças até as suas respectivas residências) da escola base, bem como a
Kombi utilizada para o transporte dos menores seria o veículo utilizado para levá-los a um
motel para praticar orgias. Ocorre que a referida autoridade policial recebeu a notícia como
verdade única e principalmente sob o status de fato comprovado. 186
Imediatamente o Delegado antes de saber a versão dos suspeitos (Icuchiro Shimada e Maria
Aparecida, Paula Milhim e Maurício Alvarenga) de cometerem os crimes, tratou de instaurar o
inquérito policial e decretar a prisão temporária sem que houvesse qualquer embasamento
para tanto.187
A mídia ao tomar conhecimento, recebeu a notícia da autoridade policial como uma fonte
verídica, sem apurar ou dar o direito de resposta aos acusados de um crime que futuramente
causaria repudia e comoção social em todos os brasileiros.
A primeira notícia divulgada a respeito do caso foi através do Jornal Nacional, em pleno horário
nobre, no dia 29/03/1994.188
Um laudo pericial constatou que um das crianças possuía uma fissura anal e com base nisso o
Delegado (Edélcio Lemos) contatou a imprensa a fim de divulgar a notícia do crime.
O doutrinador Arthur César faz uma ponderação a respeito do controle que a mídia exerce no
meio social, uma vez que ela acaba estereotipando os indivíduos que são suspeitos de uma
prática criminosa, e reforça “a necessidade da opinião pública em apoiar medidas que servem
de instrumentalização e de concretização das políticas desenvolvidas pelo denominado direito
penal do inimigo”. (SOUZA, 2011, p. 131)
Ocorre que a mídia ao estereotipar os acusados da prática de abusos sexuais com as crianças
da escola base incorreu no maior erro da imprensa na década de 1990. Mas a partir da
divulgação da notícia e do verdadeiro sensacionalismo com uma fonte oficial, no caso o
delegado, proferindo informações que a mídia obteve e divulgou como verdadeira, restaram
todas por terra.
O laudo médio foi reavaliado por outros médicos e novos exames foram feitos com as crianças
e seus pais, e para a surpresa de todos, apenas em uma criança, das cinco que relataram ter
sofrido abusos sexuais, bem como terem sido levados em uma Kombi para um lugar que tinha
cama redonda, apenas em uma criança foi constatado fissura anal, porém, não haveria a
certeza de que a fissura seria em razão de um suposto abuso sexual, uma vez que de acordo
com o relato dos pais o menino sofria de dificuldade de evacuação e em razão disso as fezes
endureciam, e, portanto, as fissuras poderiam ser em razão da coceira que menino sentia, e o
fato de coçar muito o ânus provocava pequenos sangramentos.189
Através de um laudo psiquiátrico a mãe de um dos alunos que noticiou o fato à polícia (Lúcia
Tanoue), foi constatado que esta sofria de distúrbios mentais.
O delegado Edélcio Lemos foi afastado do caso. Um outro delegado assumiu o caso, e mesmo
assim, o Ministério Público ingressou com ação penal, mas o juiz rejeitou a denúncia por falta
de provas e indícios de autoria.
No documentário divulgado neste ano pela TV Brasil: ESCOLA BASE- 20 ANOS DEPOIS
(CAMINHO DA REPORTAGEM, TV BRASIL) o juiz que acompanhou o processo não consegue
compreender a razão da denúncia, a propagação do caso no meio social e como as crianças
apresentavam relatos semelhantes, sem que houvesse ocorrido o abuso sexual. O Magistrado
não duvida da inocência dos acusados, mas não compreende como surgiu uma história tão
absurda.190
No caso escola base, a autoridade policial através de um visível despreparo e intensa vontade
de aparecer na mídia, acabou tornando o fato até então duvidoso, em certeza absoluta,
causando intensa comoção social.191
“No Brasil é comum observar-se o lamentável espetáculo de pessoas apontadas como autoras
de infrações à lei procurando desesperadamente fugir das câmeras de televisão ou detentos
coagidos para ser filmados nas celas das delegacias de polícia. Verifica-se semelhante
procedimento vexatório na imprensa escrita, principalmente em jornais que estampam em suas
páginas policiais fotografias de criminosos às vezes seminus. Porém, fotografar ou filmar
pessoas detidas ou suspeitas de perpetrarem infrações à lei, sem o consentimento das
mesmas, além de construir a violação do direito à imagem daquelas pessoas, expõe ainda à
execração pública dos cidadãos que geralmente não foram julgados e condenados por
sentença transitada em julgada, sendo, pois, presumivelmente inocentes (CF, art. 5°, LVII)”.
(FARIAS, 2000, p.155)
Com isso surge a seguinte indagação: Mas por que os jornalistas acreditaram e divulgaram a
notícia como verdadeira?
O Caso escola base até hoje é lembrado pelo excesso da imprensa em querer a informação e
divulgá-la tão somente com o fito de garantir audiência, visando o lucro, uma vez que a
linguagem midiática não se limita a transmitir a informação de acordo com a realidade, mas sim
de acordo com aquilo que é mais vendável, aquilo que atinge ao interesse social, qual seja a
violência e o crime.192
O delegado fomentou e a mídia acreditou sem fazer uma breve seleção dos fatos e filtrar a
informação, confiando na fonte policial.
Sob este vértice, o doutrinador Arthur César de Souza difere a verdade processual e a verdade
midiática, ressaltando que a verdade processual se baseia em provas, sendo este o “meio que
conduz a evidência dos fatos [...]” (SOUZA, 2010, p. 267), e a verdade midiática baseia-se na
evidência dos fatos, sem que haja prova concreta dos mesmos.193
Neste sentido, observamos que a mídia acaba constituindo um círculo hermenêutico e com isso
neutraliza somente os efeitos negativos, através de imagens que chocam o meio social. A
mídia não possuí interesse em provar a inocência do indivíduo, mas sim provar a sua culpa,
mesmo que esta não exista no campo processual, mas no meio social a mancha perpetuada
pelo sensacionalismo excedido jamais se apagará. 194
Curioso destacar que todas as emissoras da época divulgaram a notícia como sendo
verdadeira, exceto a Folha de São Paulo e o Diário Popular que não publicaram uma linha
sequer a respeito do fato, bem como a única emissora que deu aos acusado o direito de
resposta foi a TV Cultura.195
A escola foi invadida, depredada e pichada pela população do bairro, com os dizeres pedindo
justiça.A escola posteriormente se tornou um abrigo para menores infratores (FEBEM), mas o
terreno foi vendido, e atualmente é um prédio residencial.196
Os acusados do caso escola base tiveram sua imagem e sua vida social destruída pela mídia,
e mesmo que tenha havido reparação em pecúnia, a reputação e a imagem estão marcadas
pelo resto de suas vidas.
Concluímos este tópico no sentido de observar que não houve ponderação na divulgação da
notícia no caso escola base, e muito mesmo análise da veracidade da fonte tida como oficial
pelos órgãos da imprensa, e esta baseada na vedação da censura, propagou a informação
sem atentar para a vida pessoal dos acusados, a ausência de provas concretas, e
principalmente sem se ater aos direitos da personalidade dos envolvidos.
Neste sentido, é que a persecução penal é capaz de impor restrições a alguns bens
pertencentes ao acusado ou suspeito de cometer um delito, bem como os indivíduos nesta
condição já padecem de invasões perpetuadas pelo próprio Estado nas suas esferas íntimas.
Contudo, os bens de maior importância além de serem atingidos pelo trâmite processual, são
também atingidos pela exploração abusiva da imprensa. Estes bens são denominados de
direitos da personalidade.198
Cumpre esclarecer que tais direitos possuem um caráter dúplice, pois além de constituírem
direitos fundamentais são direitos da personalidade, e estes constituem um direito individual.
Os direitos da personalidade constituem o mínimo fundamental para compor a personalidade
do indivíduo, passando a existir a partir do nascimento daquele.201
A intimidade e vida privada resumem-se no direito que o indivíduo possui de não se expor de
forma pública, mas sim de guardar para si um canto exclusivo, sem ter que compartilhar com a
sociedade os seus acontecimentos pessoais e inerentes a sua pessoa. Contudo, esta definição
se mostra contraditório nos dias atuais, uma vez que a interferência midiática na vida privada
dos sujeitos é constante.202 A sua positivação também ocorreu na Declaração Universal dos
Direitos do Homem de 1948. Porém, no Brasil a sua positivação somente ocorreu com a
Constituição de 1988 como de igual forma ocorreu com o estado de inocência do acusado.
Embora haja uma certa dificuldade na doutrina em conceituar intimidade e vida privada, deve-
se ter em mente que ambas não se confundem, embora sejam tênues, possuindo a “vida
privada” um conceito mais abrangente e a “intimidade” um conceito inerente ao estado
emocional do indivíduo, algo subjetivo, aquilo que atinge o seu íntimo.203 Ressalte-se ainda
que a vida privada é expressamente tutelada no Código Civil de 2002, em seu art. 21.
Nos dizeres do doutrinador Sidney Guerra a honra “consiste numa qualidade moral do ânimo,
que pode ser ferida, sofrer menoscabo e que deve ser defendida com o mesmo afinco, com a
mesma força de quem se afana entre a vida e a morte [...]” (GUERRA, 2007, p. 127)
A mídia através de uma suposta curiosidade sobre a vida alheia, acaba divulgando a notícia de
forma mórbida e relacionando tais fatos com determinado indivíduo, e com isso, traz danos
irreversíveis.206
Observe que, a fim de reparar estes danos a lei concede a possibilidade daquele indivíduo que
teve a sua esfera de direitos à personalidade lesionado o direito de indenização, previsto no art.
12 do Código Civil e art. 944 e 954 do Código Civil.
O Casal Shimada (Maria Aparecida e Icuchiro) e Maurício Alvarenga ingressaram com uma
ação indenizatória contra os veículos de comunicação que no ano de 1994 publicaram notícias
de abuso sexual e expuseram estes indivíduos excessivamente provocando danos e prejuízos
irreparáveis, dentre eles o fechamento da escola base e a depredação de suas casas.
Sete emissoras de televisão, dentre eles A TV Globo de São Paulo, o SBT (Sistema Brasileiro
de Telecomunicações) e a Tv Record. No ano de 2002 as condenações ultrapassavam o
patamar de R$ 8 milhões de reais.207
A ex funcionária Paula Milhim foi a única que não recebeu qualquer indenização em razão da
prescrição do prazo para o ingresso da ação.
Em fevereiro deste ano o STJ proferiu a decisãono último recurso pendente de julgamento
condenado a emissora SBT a pagar a título de danos morais os ex sócios da escola base (o
casal Shimada) e Maurício Alvarenga (motorista da Kombi na época), R$ 100 mil reais a cada
um. Lamentavelmente, um mês após esta decisão, Icuchiro Shimada veio a falecer.208
No Brasil, este direito foi reconhecido também no ano de 2013 através do Enunciado 531 da VI
jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal210, possuindo a seguinte redação: “A
tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao
esquecimento”.
Podemos citar como exemplo de abordagem pelo STJ do direito ao esquecimento, o Caso do
programa Linha Direta da Rede Globo de Televisão. No referido caso, um homem obteve a
reparação pelos danos morais por ter seu nome veiculado em um episódio do programa da
Rede Globo associando-o a Chacina da Candelária. Ocorre que no processo judicial o
indivíduo foi absolvido, mas no programa veiculado associaram o seu nome como um dos
participantes do crime, acusando-o.211
Embora tenha havido o reconhecimento deste direito como uma subdivisão dos direitos à
personalidade, o referido enunciado não possui força vinculativa, bem como não se sobrepõe a
liberdade de informação jornalística e a liberdade de manifestação, mas a sua aplicação
mostra-se delicada, uma vez que o mecanismo da ponderação é o mecanismo essencial entre
a divulgação da informação e os direitos à personalidade do indivíduo, sob pena de incorrer em
censura à internet, passando ainda, a esquecer um caso relevante e de interesse social. 212
6. CONCLUSÃO
Ao sair uma matéria a respeito de um crime nos noticiários, a primeira coisa que vem em nossa
mente, é a comoção a respeito da vítima, e a imagem negativa e sombria a respeito do
criminoso.
Impossível, deixar de lado o sentimentalismo quando ocupa as páginas dos jornais a notícia de
que um pai matou sua filha com a ajuda da madrasta, ou que crianças foram vítimas de abuso
sexual dentro de uma creche pelos próprios funcionários.
Ao tomar conhecimento de um crime, a mídia trata de estereotipar o criminoso. Mas será que
em alguma hipótese alguém pensa que aquele indivíduo possui o direito de não ser
considerado culpado, até sentença penal condenatória transitada em julgado?
Na presente pesquisa não foi descartado o reconhecimento do quão importante é a mídia para
a democracia brasileira. Contudo, ela acaba desvirtuando a sua finalidade que é a transmissão
da informação verdadeira e a consequente formação da opinião pública, com o objetivo de
lucrar.
Muito embora tal princípio admita relativização, a culpabilidade do indivíduo será analisada no
decorrer de uma instrução criminal, não cabendo aos órgãos da imprensa atribuir para si a
responsabilidade de julgar o indivíduo previamente.
Sob este vértice, o equilíbrio será aplicado em cada caso concreto, em razão da situação
hipotética ser diversa com cada indivíduo.
Ademais, apontamos como a principal consequência do referido conflito, a violação aos direitos
da personalidade do indivíduo e a título de minimizar esta violação temos a reparação dos
danos, o direito de resposta, bem como o direito de ser esquecido, que apesar de sua
aplicação ocorrer a um certo tempo por nossos Tribunais, somente a partir da VI jornada de
Direito Civil é que tivemos uma positivação deste direito em nosso ordenamento jurídico.
Contudo, mesmo que haja reparação, o íntimo e o cotidiano do indivíduo jamais retornarão ao
estado anterior, a imagem negativa permanecerá, e a sociedade ao invés de o ver com bons
olhos, culpa o poder judiciário, o legislador e o sistema penal pela impunidade, pela fraqueza
no funcionamento de leis, sem atentar-se para uma única coisa, as garantias a que aquele
indivíduo faz jus.
Desta forma, exercer um jornalismo sério e pautado na verdade, já é um grande passo para a
transmissão da notícia sem que com isso haja uma violação a presunção de inocência do
indivíduo, bem como aquele que figura nas capas dos jornais como mentor de um crime cruel e
repugnante, possa ter todas as suas garantias asseguradas, principalmente no que tange ao
seu tratamento, e atrelado ao jornalismo sério, as fontes tidas como “oficiais” devem procurar
resguardar este direito fundamental, para que assim possamos, de fato, dizer que vivemos sob
o manto de um Estado Democrático de Direito.
7. REFERÊNCIAS
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<http://jairodelimaalves.blogspot.com.br/2011_04_01_archive.html> Acesso em: 20/09/2014.
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1 DICIONÁRIO INFORMAL. Princípio. Disponível
em:<http://www.dicionarioinformal.com.br/princ%C3%ADpio/> Acesso em: 20/08/2014.
2 O doutrinador NUCCI orienta que o estudo dos princípios deve se dar de diferentes formas, a
fim de percebermos que existe um sistema harmônico que se correlaciona entre si, e desta
forma, é capaz de favorecer a integração das normas processuais. (NUCCI, Guilherme de
Souza. Manual de processo penal e execução penal, 5ª ed. revist, atual e ampl., São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2009, p. 80-81).
6 FILHO, Fernando da CostaTourinho. Manual de Processo Penal, 15ª ed., São Paulo: Saraiva,
2012, p.72
7 Idem, p.72-73.
8TAYA, Sérgio. ESTUDANTE NOTA 10, coordenação Elvira de Oliveira,São Paulo:Ed. Klick,
2001 p.242.
9 FIGUEIRA, Divalte Garcia. História, Vol. Único, São Paulo: Ática, 2008, p.207.
12 GRECO, VicenteFilho. Manual de processo penal, 8ª ed., São Paulo: Saraiva,2010, p. 56.
16 O Código de Rocco foi o Código de Processo Penal vigente na Itália no ano de 1930, que
inspirado no fascismo possuía características inquisitivas. Previa o sistema misto, porém, o
contraditório e ampla defesa eram somente assegurados na segunda fase. FOLGADO, Antonio
Nobre. Breves notas sobre o processo penal italiano. Disponível em:
<http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/journals/2/articles/30260/submission/review/30260-
31074-1-RV.pdf> Acesso em: 20/08/2014.
18 Idem, p. 28.
20 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal, 5ª ed. revist.
atual e ampl, São Paulo: Ed. RT 2009, p. 81-82.
21 JÚNIOR, Aury Lopes. Direito processual penal. 10ª ed, São Paulo: Ed. Saraiva, 2013, p.
229.
22 Exige que o réu seja tratado como se inocente fosse. (JÚNIOR, Aury Lopes. Direito
processual penal, 10ª ed. São Paulo, Saraiva, 2013, p.230)
23 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal, 5ª ed., rev, atual
e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 80-81.
24LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado, 15ª ed, São Paulo: Saraiva, 2011,
p.920.
25 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2003, p. 171.
26 RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal, 15ª ed., Rio De Janeiro: Lumen Juris, 2008,
p.26-27.
30 CURIA, Luiz Roberto;Céspedes Lívia; NICOLETTI. Vade Mecum Compacto. 10ª ed. atual. e
ampl. 2º semestre. São Paulo: Ed. Saraiva, p. 8-10.
<http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=11055>Acesso em:
20/09/2014.
32 Pedro Lenza em sua obra destaca que na era Vargas, a Constituição de 1937 foi
influenciada por ideais fascistas e autoritários, tendo em vista, que não houve plebiscito
nacional é considerada como “Carta” ao invés de “Constituição”. Ainda neste sentido, a Carta
de 1937 trouxe a pena de morte e tortura como forma de repressão para crimes políticos, bem
como nos termos da Lei Constitucional n°7, de 30.09.1942, foi prevista a declaração do “estado
de guerra”, e através deste, era permitida a restrição a direitos fundamentais, e o julgamento
dos crimes cometidos era feito através do Tribunal de Segurança Nacional, e este foi extinto
em 1945, pela Lei Constitucional n.14. (LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado,
15ª edição, Ed.Saraiva, 2011, p. 111)
33 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado, 15ª ed., São Paulo: Saraiva, 2011,
p.113.
35 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, 14ª ed., São
Paulo: Saraiva 2013, p.84.
39 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 5ª ed. rev, atual
e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p.80-81.
40 JÚNIOR, Aury Lopes. Direito Processual Penal, 10ª ed., São Paulo: Saraiva, p. 227.
41 Idem, p.785-786.
45 CURIA, Luiz Roberto;Céspedes Lívia; NICOLETTI. Vade Mecum Compacto. 10ª ed. atual.
eampl. 2º semestre. São Paulo: Ed. Saraiva, p.32.
48 Idem, p. 46.
49 Idem, p. 55.
50Vide título 1.1 deste capítulo acerca da Declaração dos Direitos do Homem.
52 Idem, p.29.
53 Idem, p. 30.
55 A Carta de 2000 foi proclamada em Nice, muito embora sem possui valor jurídico, teve seu
valor político reconhecido, através da reunião dos direitos políticos, econômicos e sociais em
um único texto. (VARALDA, Renato Barão. Restrição ao Princípio da Presunção de Inocência-
prisão preventiva e ordem pública, edição única, São Paulo: Sergio Antonio Fabris Editor, 2007,
p.36-44).
57 Idem, p. 31 -32.
58 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, 14ª ed., São
Paulo: Saraiva 2013, p. 388.
59 Idem, p. 34.
61 Idem, p. 28.
62 Idem, p. 68.
64NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 5ª ed. ver., atual
e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 614.
66 JÙNIOR, Aury Lopes. Op. cit., p. 785-788. O doutrinador adota o posicionamento de que o
princípio da presunção de inocência além de ser um princípio fundamental ele está diretamente
ligado a forma de tratamento do indivíduo, tanto no curso da persecução penal, como a
publicidade abusiva explorada pelo meio midiático, devendo ser utilizado como limite
democrático a esta estigmatização do indivíduo.
68 O doutrinador Renato Varalda se refere ao fumus boni iuris como sendo a probabilidade da
existência do direito de punir por parte do Estado, e ao periculum in mora, como a verificação
do perigo da insatisfação o direito em face da demora na prestação jurisdicional. (VARALDA,
Renato Barão. Restrição ao Princípio da Presunção de Inocência - prisão preventiva e ordem
pública, edição única, São Paulo: Sergio Antonio Fabris Editor, 2007, p. 133-155)
70 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado, 15ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p.
920.
73 Idem, p. 82.
74 Idem, p. 86-87
76 Idem, P. 97.
77 RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal, 15ª ed., Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 2008,
p.19.
78 SILVA, José Afonso da.Direito constitucional Positivo. 25ª ed. Revista e atualizada, São
Paulo: Ed. Malheiros. 2005, p. 233.
79 Idem, p. 233-234.
80 ANDRADE, Fábio Martins de. Mídia e Poder Judiciário: A Influência dos órgãos da mídia no
Processo Penal Brasileiro, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 49-51.
81 Muito embora, a origem histórica da imprensa seja atribuída a Gutenberg (1438), a arte de
imprimir teve origem na China por volta do século XI com a utilização da xilografia.
Posteriormente na Europa, juntamentecom a xilografia passou-se a utilizar linhas para separar
o texto, a fim de possibilitar possíveis correções no texto. Após, o holandês Coster (1423)
realizou a primeira impressão em que era permitido compor novos textos no mesmo documento
impresso. Em seguida, Gutenberg aprimorou esta forma de impressão e constituiu a primeira
impressora. Para saber mais consulte a Enciclopédia Novo Século, Editora Visor, VolumeVI,
ano, p.1076.
83 ANDRADE, Fábio Martins de. Mídia e Poder Judiciário: A Influência dos órgãos da mídia no
processo penal brasileiro, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 49-50.
84 ANDRADE, Fábio Martins de. Mídia e Poder Judiciário: A Influência dos órgãos damídia no
processo penal brasileiro, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 50.
88 Idem, p.26.
89 CARVALHO, Luiz Gustavo Grandinetti Castanho de. Liberdade de Informação e o Direito
Difuso à informação verdadeira, 2ª edição reescrita e acrescida de temas. Rio de Janeiro:
Renovar, 2003, p. 25-26.
90 Idem, p.53.
92 Sistema de impressão que utiliza forma com a imagem a ser impressa gravada em relevo.
(HOLANDA, Aurélio Buarque de Ferreira. Mini Aurélio: O minidicionário da língua portuguesa.
Século XXI. 4ª edição. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 2001, p. 672)
95 Idem, p. 31.
97 Idem, p. 32.
98 A lei 5250/67 foi editada sob o manto da ditadura e visava regulamentar a atividade da
imprensa e perdurou até o julgamento da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental
n° 130. ADPF 130, ocorrida em 2009, em que foi julgada procedente considerando a referida lei
inconstitucional perante a democracia estabelecida pela Constituição de 1988. STF. Notícias
STF. Disponível em: <www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=107402>
Acesso em: 07/10/2014.
99 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais,
2003, p. 60.
101 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia.Op. Cit., p. 39-40.
103 Para saber mais sobre a evolução histórica da liberdade de expressão no cenário mundial
e brasileiro consultar: STROPPA, Tatiana. As dimensões Constitucionais do direito de
informação e o exercício da liberdade de informação jornalística, Apresentação André Ramos
Tavares; prefácio Pietro de JesúsLoraAlarcón.coleção fórum de direitos fundamentais 5. Belo
Horizonte: Ed. Fórum, 2010, p. 57-60.
107 CURIA, Luiz Roberto; Céspedes Lívia; NICOLETTI. VadeMecum Compacto. 10ª ed. atual.
eampl. 2º semestre. São Paulo: Ed. Saraiva, p. 08.
108 José Afonso da Silva apresenta a manifestação do pensamento de duas formas, primeiro
de forma interna que diz respeito ao direito ao silencio previsto de igual forma na Constituição
de 1988, e utilizado pelo sistema penal brasileiro, e a outra forma é a externa. Esta por sua vez
também poderá ocorrer de duas formas, uma entre pessoas presentes e outra entre pessoas
ausentes. Para saber mais consulte: SILVA, José Afonso da.Direito constitucional Positivo. 25ª
ed. Revista e atualizada, São Paulo: Ed. Malheiros. 2005, p. 244 – 245.
110 CARVALHO, Luiz Gustavo Grandinetti Castanho de. Liberdade de Informação Jornalística
e o Direito Difuso à Informação Verdadeira. 2ª edição reescrita e acrescida dos temas. Rio de
Janeiro, São Paulo: Renovar, 2003, p. 117.
111 CURIA, Luiz Roberto; Céspedes Lívia; NICOLETTI. Vade Mecum Compacto. 10ª ed. atual.
eampl. 2º semestre. São Paulo: Ed. Saraiva, p. 72.
113 Apesar do doutrinador José Afonso da Silva, não conceituar a liberdade de informação
jornalística de forma específica em sua obra Direito Constitucional Positivo, pedimos vênia,
para conceituá-la a partir da nossa interpretação juntamente com as palavras e entendimento
do referido autor. SILVA, José Afonso da.Direito constitucional Positivo. 25ª ed. Revista e
atualizada, São Paulo: Ed. Malheiros. 2005, p. 246-247.
115 CARVALHO, Luiz Gustavo Grandinetti Castanho de. Liberdade de Informação Jornalística
e o Direito Difuso à Informação Verdadeira. 2ª edição reescrita e acrescida dos temas. Rio de
Janeiro, São Paulo: Renovar, 2003, p. 81-82.
116 SILVA, José Afonso da.Direito constitucional Positivo. 25ª ed. Revista e atualizada, São
Paulo: Ed. Malheiros. 2005, p. 247.
126 A doutrinadora Tatiana Stroppa se refere a esta limitação como uma forma de “resguardar
outros interesses, dentre os quais a própria autenticidade dos fatos revelados, sob pena de
haver um grave comprometimento do livre fluxo de informações, indispensável em uma
sociedade democrática. (STROPPA, Tatiana. As dimensões Constitucionais do direito de
informação e o exercício da liberdade de informação jornalística, Apresentação André Ramos
Tavares; prefácio Pietro de JesúsLoraAlarcón. Coleção fórum de direitos fundamentais 5. Belo
Horizonte: Ed. Fórum, 2010, p. 96)
128 O doutrinador define direito difuso como sendo aquele que pertence a um número
indeterminado de pessoas. (CARVALHO, Luiz Gustavo Grandinetti Castanho de.Liberdade de
Informação Jornalística e o Direito Difuso à Informação Verdadeira. 2ª edição reescrita e
acrescida dos temas. Rio de Janeiro, São Paulo: Renovar, 2003,p. 103)
132 ANDRADE, Fábio Martins de. Mídia e Poder Judiciário: A Influência dos órgãos da mídia
no processo penal brasileiro, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 35-38.
133 STROPPA, Tatiana. As dimensões Constitucionais do direito de informação e o exercício
da liberdade de informação jornalística. Op. cit., p. 126.
134 Quando nos referimos ao termo “mídia” utilizamos como forma de abarcar todos os meios
de comunicação atuais.
135 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia. São Paulo: Ed. Revista dos
Tribunais, 2003, p. 57.
137 ANDRADE, Fábio Martins de. Mídia e Poder Judiciário: A Influência dos órgãos da mídia
no processo penal brasileiro, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 103.
138 ANDRADE, Fábio Martins de. Op. cit., p. 66. Segundo o doutrinador “Além da necessidade
em resguardar a independência editorial do órgão da mídia de influências e pressões externas
ao seu funcionamento, impõe-se ressaltar outro problema recentemente verificado: o regime de
pressão no jornalismo “em tempo real”. Com isso, a pressa inerente ao trabalho jornalístico
vem se destacando como mais um problema a ser equacionado, em razão da rápida
velocidade que exige”.
139 ANDRADE, Fábio Martins de. Mídia e Poder Judiciário. Op. cit., p. 104.
141 ANDRADE, Fábio Martins de. Mídia e Poder Judiciário: A Influência dos órgãos da mídia
no processo penal brasileiro, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 282.
145 SOUZA, Arthur César de. A decisão do Juiz e a Influência da Mídia- ineficácia da prova
divulgada pelos meios de comunicação para o processo penal e civil, São Paulo: Ed. Revista
dos Tribunais, 2011, p. 248.
146 ANDRADE, Fábio Martins de. Mídia e Poder Judiciário...Op. Cit., p. 74.
147 ANDRADE, Fábio Martins de. Mídia e Poder Judiciário... Op. Cit., p. 75. O doutrinador se
refere aos órgãos oficiais como sendo as entrevistas coletivas, a divulgação de dados por
autoridade policial, pela vítima ou por advogados que trabalhem no caso.
148 Cumpre aqui destacar que o conceito de jornalista é “todo aquele que trabalha na imprensa
e também alguns que trabalham com a imprensa, seja dentro das redações ou fora delas”.
(ANDRADE, apud BUCCI. ANDRADE, Fábio Martins de. Mídia e Poder Judiciário: A Influência
dos órgãos da mídia no processo penal brasileiro, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 90).
149 O doutrinador ressalta que “[...] o objeto de trabalho a ser buscado pelo jornalista é aquele
capaz de preencher a condição da informação como noticiável: o reflexo de um aspecto, um
fragmento da realidade. Diante disso, a informação oferecida é necessariamente fragmentária,
parcial. Portanto, a informação (como fonte da notícia) expõe fragmentos ou partes da
realidade”. ANDRADE, Fábio Martins de. Mídia e Poder Judiciário: A Influência dos órgãos da
mídia no processo penal brasileiro, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 75.
151 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia. Op. cit., p. 45. A doutrinadora Ana
Lúcia Menezes Vieira faz uma ressalva que “uma vez optando o órgão da imprensa pela
publicação da matéria jornalística, surge para o leitor ou receptor da notícia o direito à
informação verdadeira e completa”.
155 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia. Op.cit., p. 50-51.
157 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia. Op. cit., p. 55.
158 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia. Op.cit., p.155.
160 No título 3.2, do cap. III será abordada as consequências do excesso da mídia sobre os
direitos da personalidade.
163 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia. Op. cit, p. 169.
164 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia. Op. cit, p. 170.
165 Idem.
168 UM TEXTO POR SEMANA. Caso Isabella: a sentença de cada um. Disponível
em:<http://umtextoporsemana.blogspot.com.br/2010_04_11_archive.html> Acesso em:
06/10/2014.
169 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia. Op. cit, p. 174.
170 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia. Op. cit, p. 175.
172 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia.Op. cit., p. 175.
181 FARIAS, Edimilsom Pereira de. Colisão de Direitos- A honra, a intimidade, a vida privada e
a imagem versus a liberdade de expressão e informação. 2ª ed. atualizada. Porto Alegre:
Sergio Antonio Fabris Editor, 2000, p. 122-123.
182 FARIAS, Edimilsom Pereira de. Colisão de Direitos- A honra, a intimidade, a vida privada e
a imagem versus a liberdade de expressão e informação. 2ª ed. atualizada. Porto Alegre:
Sergio Antonio Fabris Editor, 2000, p. 123.
183 SOUZA, Arthur César de. A decisão do juiz e a influência da mídia- Ineficácia da prova
divulgada pelos meios de comunicação para o processo penal e civil. São Paulo: Ed. Revista
dos Tribunais, 2010, 297.
184 Caso dos Focas. O caso escola base. Disponível em: <http://www.casadosfocas.com.br/o-
caso-escola-base-1a-parte/> acesso em: 10/10/2014.
192 SOUZA, Arthur César de. A decisão do juiz e a influência da mídia- Ineficácia da prova
divulgada pelos meios de comunicação para o processo penal e civil. São Paulo: Ed. Revista
dos Tribunais, 2010, p. 50.
198 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia. São Paulo: Ed. Revista dos
Tribunais, 2003, p.139.
204 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia. São Paulo: Ed. Revista dos
Tribunais, 2003, p. 149-150.
208 UOL. Folha de São Paulo. As indenizações do caso escola base já superam 8 milhões.
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