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Carreiras Policiais - PRF, PF, PC - Agora Eu Passo - Volume 2
Carreiras Policiais - PRF, PF, PC - Agora Eu Passo - Volume 2
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POLICIAIS 2
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PRF-PF-PC
VIDEOAULAS DE:
- Atualidades
Acesso a aulas exclusivas - Matemática Básica
para ampliar seus estudos
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SUMÁRIO 5
ÍNDICE
NOÇÕES DE DIREITO PENAL ....................................................................................................... 9
1. Introdução ao Direito Penal e Aplicação da Lei Penal ............................................................................12
2. Do Crime ................................................................................................................................................21
3. Concurso de Crimes ...............................................................................................................................31
4. Dos Crimes Contra a Pessoa .................................................................................................................33
5. Dos Crimes Contra o Patrimônio...........................................................................................................58
6. Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual ................................................................................................78
7. Dos Crimes Contra a Fé Pública ............................................................................................................ 81
8. Dos Crimes Contra a Administração Pública ........................................................................................88
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................117
1. Disposições Constitucionais Aplicáveis ao Processo Penal .................................................................. 119
2. Introdução ao Direito Processual Penal .............................................................................................. 120
3. Inquérito Policial .................................................................................................................................. 121
4. Ação Penal .......................................................................................................................................... 128
5. Jurisdição e Competência ....................................................................................................................132
6. Prova................................................................................................................................................... 138
7. Do Juiz, do Ministério Público, do Acusado e Defensor, dos Assistentes e Auxiliares da Justiça ...... 146
8. Da Prisão, das Medidas Cautelares e da Liberdade Provisória ........................................................... 148
9. Procedimento dos Crimes de Responsabilidade do Funcionário Público ...........................................155
10. Habeas Corpus e seu Processo ......................................................................................................... 156
LEGISLAÇÃO ESPECIAL ...........................................................................................................160
1. Lei nº 10.826/2003 Estatuto do Desarmamento ................................................................................. 164
2. Lei nº 7.716/1989 Lei de Discriminação Racial .................................................................................... 170
3. Lei nº 10.741/2003 Estatuto do Idoso - Dos Crimes ............................................................................172
4. Lei nº 5.553/1968 Apresentação e Uso de Documento de Identificação Pessoal................................173
5. Lei nº 4.898/1965 Abuso de Autoridade ............................................................................................175
6. Lei nº 9.455/1997 Lei de Tortura .........................................................................................................177
7. Lei nº 8.069/1990 Estatuto da Criança e do Adolescente .................................................................. 179
8. Lei nº 12.850/2013 Da Organização Criminosa (Revoga a Lei nº 9.034/1995) .................................. 195
9. Lei nº 9.099/1995 Juizados Especiais Cíveis e Criminais .................................................................. 200
10. Lei nº 10.259/2001 Juizados Especiais Federais .............................................................................. 208
11. Lei nº 11.340/2006 Lei Maria da Penha ............................................................................................... 211
12. Lei nº 11.343/2006 Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad) ...........................215
13. Decreto-Lei nº 3.688/1941 Lei das Contravenções Penais ................................................................223
6 SUMÁRIO Ş
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ÍNDICE
1. Introdução ao Direito Penal e Aplicação da Lei Penal .................................................... 12
Introdução ao Estudo do Direito Penal.......................................................................................... 12
Teoria do Crime ............................................................................................................................. 12
Interpretação da Lei Penal............................................................................................................. 13
Conflito Aparente de Normas Penais.............................................................................................14
Lei Penal no Tempo ....................................................................................................................... 15
Crimes Permanentes ou Continuados............................................................................................16
Lei Excepcional ou Temporária......................................................................................................16
Tempo do Crime ............................................................................................................................16
Lugar do Crime .............................................................................................................................. 17
Da Lei Penal no Espaço .................................................................................................................. 17
Extraterritorialidade ......................................................................................................................19
Pena Cumprida no Estrangeiro ..................................................................................................... 20
Eficácia de Sentença Estrangeira.................................................................................................. 20
Contagem de Prazo ...................................................................................................................... 20
Frações não Computáveis da Pena ............................................................................................... 20
Legislação Especial ........................................................................................................................ 21
2. Do Crime .................................................................................................................... 21
Relação de Causalidade ................................................................................................................. 21
Da Consumação e Tentativa ........................................................................................................ 22
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz ......................................................................... 23
Arrependimento Posterior............................................................................................................ 23
Crime Impossível - “Quase Crime” ............................................................................................... 23
Crime Doloso ................................................................................................................................ 24
Crime Culposo............................................................................................................................... 24
Preterdolo ..................................................................................................................................... 25
Erro sobre Elemento do Tipo ........................................................................................................ 25
Erro sobre a Pessoa ...................................................................................................................... 26
Erro sobre a Ilicitude do Fato ....................................................................................................... 26
Coação Irresistível e Obediência Hierárquica ............................................................................... 26
Exclusão da Ilicitude ..................................................................................................................... 27
Da Imputabilidade Penal .............................................................................................................. 28
Emoção e Paixão........................................................................................................................... 29
Menores de Dezoito Anos ............................................................................................................. 29
Do Concurso de Pessoas ............................................................................................................... 30
Circunstâncias Incomunicáveis ...................................................................................................... 31
10 NOÇÕES DE DIREITO PENAL Ş
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(Anterioridade - Reserva Legal) III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi-
Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
há pena sem prévia cominação legal. que possa resultar perigo comum;
Somente haverá crime quando existir perfeita correspon- Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
dência entre a conduta praticada e a previsão legal (Reserva Nessa situação, caso o agente tenha cometido o homicídio
Legal), que não pode ser vaga, deve ser específica. Exige-se utilizando-se de alguma das formas expostas no inciso III, ocor-
que a lei esteja em vigor no momento da prática da infração pe- rerá a aplicação de uma pena mais gravosa, é o exemplo de Inter-
nal (Anterioridade). Fundamento Constitucional: Art. 5º, XXXIX. pretação Analógica.
ї Princípio: Nullum crimem, nulla poena sine praevia lege.
As normas penais incriminadoras não são proibitivas e sim Interpretação da Lei Penal
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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Lei retroage
punirá o agente somente pelo crime mais grave. Aqui também
usaremos o Princípio da Consunção no exemplo em tela. Lei “A” (mais gravosa) Lei “B” (mais benéfica)
Pena 6 a 10 anos (revo- Pena 4 a 8 anos
No entanto, pode ocorrer progressão criminosa com efeito gada pela Lei “B”) Aplica-se a Lei “B”
concurso material, ou seja, aplicação de mais de um crime. Isso (mais favorável ao réu)
ocorre, por exemplo, no crime de roubo em que o agente no Em regra, o Código Penal sempre adota a Lei vigente, “A”, no
meio da conduta resolve estuprar a vítima, ou seja, aqui temos momento da ação ou omissão do agente, sendo assim, se nesta
uma progressão criminosa com dois dolos, em que o agente época é cometido um crime, aquele irá responder sobre o fato
responderá por dois crimes diversos. descrito no tipo penal. Contudo, por vezes, o processo se estende
no tempo, e o julgamento do agente demora a acontecer, nesse
Princípio da Alternatividade lapso temporal, caso surgir uma nova Lei, “B”, que torne mais
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Temos esse princípio quando tivermos os chamados cri- branda a sanção aplicada sobre o agente, esta irá retroagir ao
mes de ação múltipla ou de conteúdo variado. Aqui, os tipos tempo do fato, beneficiando o réu.
penais descrevem várias condutas para um único crime. Te- Ultra - Atividade da Lei
mos, como exemplo, o Art. 33 da Lei nº 11.343/2006:
2000 2005 2008
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter
em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, pres-
crever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer dro- Lei “A” (mais benéfica) Lei “B” (mais gravo- Aplica-se a Lei “A”
gas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em Pena 4 a 8 anos sa) Pena 6 a 10 anos (mesmo revogada)
desacordo com determinação legal ou regulamentar: Lei revogada
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e paga- Não obstante, a regra da irretroatividade, pode ocorrer a
mento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) chamada ultra-atividade de lei mais benéfica. Seria o caso em
dias-multa. que, no momento da ação vigorava a Lei “A”, entretanto, no
Assim, podemos afirmar que, se o agente tiver em depó- decorrer do processo, entrou em vigência nova Lei “B”, revo-
sito e vender a droga não responderá ele por dois crimes, mas gando a Lei “A”, tornando mais gravosa a conduta anterior- 15
somente por um único. Isso se dá, pois qualquer ação nuclear mente praticada pelo agente.
Sendo assim, no momento do julgamento, ocorrerá a ultra- nuados, aplica-se a pena no momento que cessar a conduta
16 -atividade da lei, ou seja, a Lei “A”, mesmo não estando mais do agente, ainda que mais grave ou mais branda, independe
em vigor, irá ultra-agir ao momento do julgamento para be- nessa circunstância a quantificação da pena, o que será con-
neficiar o réu, por ser menos gravosa a punição que o agente siderado, será a lei vigente no momento que cessou a con-
irá receber. duta do agente ou a privação de liberdade da vítima, com a
Abolitio Criminis (Abolição do Crime) prisão dos acusados.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Retroage
2005 2007
Lei Excepcional ou Temporária
Lei “B” deixa de consi- Art. 3º A Lei excepcional ou temporária, embora decor-
Lei “A”
derar como crime o fato rido o período de sua duração ou cessada as circuns-
Pena: 6 a 20 anos descrito na Lei “A”
Consequências: tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato pratica-
▷ Tranca e extingue o inquérito policial e a ação penal; do durante sua vigência.
▷ Cassam imediatamente a execução de todos os efei- Lei Excepcional: utilizada em períodos de anormalidade
tos penais. social.
▷ Abolitio Criminis Ex.: Guerra, calamidades públicas, enchentes, grandes
eventos, etc.
▷ Não alcança os efeitos Civis da condenação.
Lei Temporária: período de tempo previamente fixado
Em relação ao Abolitio Criminis, ocorre o seguinte fato: pelo legislador.
quando uma conduta que antes era tipificada como crime
Ex.: Lei que configura o crime de pescar em certa
pelo Código Penal, deixa de existir, ou seja, passa a não ser mais
época do ano - piracema -, após lapso de tempo pre-
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Crimes Permanentes ou Continuados ї De 2005 a 2006, o fato “A” era considerado crime. Aque-
les que infringiram a Lei responderam posteriormente,
Nos crimes permanentes, ou seja, naqueles em que a con- mesmo o fato não sendo considerado mais crime.
sumação se prolonga enquanto não cessa a atividade, apli- ї Só ocorre retroatividade se a Lei posterior expressamen-
ca-se ao fato a lei que estiver em vigência quando cessada a te determinar.
atividade, mesmo que mais grave (severa) que aquela em vi- É importante ressaltar que são leis excepcionais e temporá-
gência quando da prática do primeiro ato executório. O crime rias, ou seja, a lei irá vigorar por determinado tempo, após isso,
se perpetua no tempo, enquanto não cessada a permanência. tal conduta não mais será considerada crime. Entretanto, duran-
É o que ocorre, por exemplo, com o crime de sequestro e cár- te a sua vigência, todos aqueles que cometerem o fato tipificado
cere privado. Assim, será aplicada lei que estiver em vigência em tais normas, mesmo encerrada sua vigência, serão punidos.
quando da soltura da vítima. Observa-se, então, o momento
em que cessa a permanência para daí se determinar qual a
norma a ser aplicada. É o que estabelece a Súmula 711 do STF.
Tempo do Crime
Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da
Súm. 711. A lei penal mais grave aplica-se ao crime con-
tinuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
anterior à cessação da continuidade ou da permanên- resultado.
cia. Teoria da Atividade: O crime reputa-se praticado no mo-
mento da conduta (momento da execução).
Data do sequestro Prisão
Janeiro
A imputabilidade do agente deve ser aferida no momento
Protrai no tempo Dezembro em que o crime é praticado.
3 meses depois
“B” morre
“A” com 17 anos e 11 meses
Lei “A” Lei “B” Lei “C” Qual Lei utilizar? Atira em “B” “A” com + de 18
4 a 6 anos 6 a 8 anos 10 a 12 anos Lei “C” anos
Ex.: O crime de sequestro é um crime que se protrai no tem- Este princípio traz o momento da ação do crime, ou seja,
po, ou seja, a todo instante ele está se consumando, qual- independente do resultado, para aplicação da lei penal, é con-
quer que seja o momento da prisão ela estará em flagrante. siderado o momento exato da prática delituosa, seja ela co-
Sendo assim, nos casos dos crimes permanentes ou conti- missiva - ação - ou omissiva - omissão.
Ex.: Caso um menor “A”, cometa disparos de arma de
fogo contra “B”, vindo a feri-lo, entretanto, devido às le- Territorialidade (Art.
sões causadas pelos disparos, três meses depois do fato, 5º)
“B” vem a falecer. Nessa época, mesmo “A” tendo com- Lei Penal
pletado sua maioridade penal - 18 anos - ainda assim não
Extraterriotorialidade
poderá ser punido, pois, no momento em que praticou a (Art. 7º)
conduta (disparos contra “B”), era inimputável. Lei Penal
Devemos, contudo, ficar atentos aos crimes permanentes no Espaço
e continuados, no caso do sequestro, por exemplo, em que o
Lei Processual
crime se consuma a todo instante em que houver a privação de Regras Específicas
Penal
liberdade da vítima.
“A” com 17 anos e 11 meses 3 meses depois Falamos em Territorialidade quando se faz a aplicação
Sequestra “B” Preso com 18 da lei penal dentro do próprio Estado que a editou. Dessa
anos
forma, quando aplicamos a lei brasileira em nosso solo, es-
Crime de tamos usando o conceito de Territorialidade.
sequestro
A Territorialidade é tratada no Art. 5°, CP: aplica-se a lei bra-
Nesta situação em questão, “A” não será mais inimpu- sileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
tável, pois no momento de sua prisão já havia completado internacional, ao crime cometido no território nacional.
18 anos, não considerado neste caso, o momento em que se Território Nacional Próprio
iniciou a ação, mas sim, quando cessou. Art. 5º
▷ Lei Brasileira:
Lugar do Crime » Sem prejuízo;
Art. 6º. Considera-se praticado o crime no lugar em ▷ Convenções, tratados e regras internacionais:
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, » Imunidades.
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o §1º Território por extensão ou assimilação.
resultado. Embarcação ou aeronave brasileira pública (em qualquer
Teoria da Ubiquidade: utilizada no caso de um crime ser lugar).
praticado em território nacional e o resultado ser produzido Embarcação ou aeronave brasileira privada a serviço do Es-
no estrangeiro. O foro competente será tanto o do lugar da tado brasileiro (em qualquer lugar).
ação ou omissão quanto o do local em que produziu ou deveria Embarcação ou aeronave brasileira mercante ou privada,
desde que não esteja em território alheio.
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produzir-se o resultado.
Ambos os lugares são competentes para jugar o processo A Extraterritorialidade é tratada no Art 7:
Art. 7º. Ficam sujeitos a Lei Brasileira, embora cometi-
dos no estrangeiro:
“A”, manda uma carta A carta explote I. Os crimes:
bomba pelo correio efetivamente a) contra a vida ou a liberdade do Presidente de
para LONDRES. em LONDRES.
República;
Local que produziu
Local da ação b) contra o patrimônio ou a fé pública da União,
ou deveria produzir
ou omissão do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
o resultado
Ex.: Nesse caso “A”, residente do Brasil, enviou uma carta Município, de empresa pública, sociedade de
bomba pelo correio para Londres, sendo assim, a carta economia mista, autarquia ou fundação instituí-
da pelo Poder Público;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
a lei brasileira autoriza a extradição; venções de Viena (1961 e 1963), aos diplomatas e aos cônsules
que exercem suas atividades no Brasil.
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro
ou aí não ter cumprido pena; Quando falamos em território nacional, obrigatoriamente
temos que pensar em algumas regras: Todas as embarcações
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro,
ou, por outro motivo não estar extinta a punibili- ou aeronaves brasileiras de natureza pública, onde quer que se
dade, segundo a lei mais favorável. encontrem são consideradas parte do território nacional.
§ 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime come- Para as embarcações e aeronaves de natureza privada, se-
tido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se rão estas consideradas extensão do território nacional quando
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: se acharem, respectivamente, no mar territorial brasileiro ou
a) não pedida ou negada sua extradição;
no espaço aéreo correspondente. Preste bem atenção, as de
natureza privada, sem estar a serviço do Brasil, somente res-
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
ponderão pela lei brasileira se estiverem dentro do Brasil.
Território Nacional Ex.: Um navio brasileiro privado pelo mar da Argentina
Podemos conceituar território nacional como sendo o espaço deverá responder pelas Leis Penais Argentinas, ou seja,
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onde certo Estado possui sua soberania. caso um brasileiro mate o outro, a lei a ser aplicada é a
Lei Penal Argentina, pois o navio não estava a serviço do
Elementos que constituem um determinado Estado sobe-
Brasil.
rano:
Por outro lado, se o navio estiver em alto mar (terra de nin-
▷ Território;
guém - aplica-se o princípio do pavilhão ou da bandeira) e osten-
▷ Povo; tar a bandeira brasileira e lá um marujo matar o outro, a compe-
▷ Organização jurídica. tência é da lei brasileira.
Consideramos como território nacional as limitações que A mesma regra utilizamos para aeronaves. Uma questão inte-
temos no mapa do país e mais o mar territorial, que representa ressante é por exemplo, se uma aeronave pousar em um país dis-
a extensão de 12 milhas do mar a contar da costa, e sempre na tinto e o piloto cometer um crime e essa aeronave estiver a serviço
maré baixa. O código considera, também, território nacional do Brasil, aplica-se a lei brasileira. Caso a aeronave for particular
o espaço aéreo respectivo e o espaço aéreo correspondente aplica-se a lei do país em que a aeronave estiver pousada.
ao território nacional. Esse sempre devemos considerar como Questão interessante é se o piloto sair do aeroporto e lá
território próprio. fora cometer um crime. Nesse caso temos que perguntar se o
Temos que considerar, também, como território nacional, piloto estava em serviço oficial ou não, se estiver em serviço
o chamado território por extensão, assimilação ou impróprio oficial aplicamos a lei penal brasileira, do contrário, aplica-se a
descrito no §1º do Art. 5º do Código Penal. lei do país onde cometeu o crime.
§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se como ex-
tensão do território nacional as embarcações e ae- Resumo dos Conceitos
ronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço Território nacional: é o espaço onde determinado estado
do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, exerce com exclusividade sua soberania.
bem como as aeronaves e as embarcações brasilei- Território próprio: toda a base territorial por nós conheci-
ras, mercantes ou de natureza privada, que se achem, da (o mapa), acrescida do mar territorial, que é extensão de 12
respectivamente no espaço aéreo correspondente ou
em alto mar. milhas mar a dentro, a contar da baixa maré.
§ 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes pra- Território por extensão: embarcações e aeronaves brasi-
ticados a bordo de aeronaves ou embarcações estran- leiras: públicas ou a serviço do estado (qualquer lugar do glo-
geiras, de propriedade privada, achando-se aquelas bo) e privadas em águas ou terras de ninguém.
em pouso no território nacional ou em voo no espaço Territorialidade: aplicação da lei penal no território nacional.
aéreo correspondente, e estas em porto ou mar terri- Territorialidade absoluta: impossibilidade para aplicação de
torial do Brasil. convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime co-
Como mencionado, a Lei Penal aplica-se em todo o terri- metido no território nacional.
tório nacional próprio ou por assimilação. Por esse princípio
Territorialidade temperada: adota como regra a aplicação
aplica-se aos nacionais ou estrangeiros (mesmo que irregular)
da lei penal brasileira no território nacional. Entretanto, com
a Lei Penal brasileira.
determinadas hipóteses, permite a aplicação de lei penal es-
Contudo, em alguns casos, mesmo o fato sendo praticado
trangeira a fatos cometidos no Brasil (Art. 5º do CP).
no Brasil, não será aplicada a Lei Penal a esse fato, isso se deve
quando ocorrer por meio de convenções, tratados e regras de Imunidade: exclusão da aplicação da lei penal.
direito internacional, aqui o Brasil abre mão de punir, ou seja, Imunidade diplomática e consular: são imunidades pre-
nesses casos não se aplicará a Lei Brasileira. vistas em convenções internacionais chancelados pelo Brasil.
Imunidade parlamentar: previstas na Constituição Fede- Município,de empresa pública, sociedade de eco-
ral aos membros do Poder Legislativo. nomia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público;
Território Nacional c) contra a administração pública, por quem está
▷ Próprio. a seu serviço;
▷ Por assimilação ou extensão. d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
Embarcação e aeronaves brasileiras: públicas ou a serviço do domiciliado no Brasil;
Estado (em qualquer parte do planeta) e privadas ou marcantes II. Os crimes:
em águas ou terras de ninguém. a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obri-
gou a reprimir;
Passaremos a tratar agora dos princípios que regulam a
b) praticados por brasileiro;
aplicação da Lei Penal no Espaço.
c) praticados em aeronaves ou embarcações bra-
Princípio da Territorialidade sileiras, mercantes ou de propriedade privada,
A lei penal de um país terá aplicação aos crimes cometidos quando em território estrangeiro e aí não sejam
dentro de seu território. Aqui, o Estado soberano tem o dever julgados.
de exercer jurisdição sobre as pessoas que estejam sem seu § 1º. Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo
território. a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro.
Princípio da Nacionalidade
§ 2º. Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
Classificado também como Princípio da Personalidade. depende do concurso das seguintes condições:
Aqui os cidadãos de um determinado país devem obediência a) entrar o agente no território nacional;
às suas leis, onde quer que se encontrem. Podemos dividir b) ser o fato punível também no país em que foi
esse princípio em: praticado;
Princípio da Nacionalidade Ativa c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais
Aplica-se a lei nacional ao cidadão que comete crime no a lei brasileira autoriza a extradição;
estrangeiro, independentemente da nacionalidade do sujeito d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro
passivo ou do bem jurídico lesado. ou não ter aí cumprido a pena;
Princípio da Nacionalidade Passiva e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro
ou, por outro motivo, não estar extinta a punibili-
O fato praticado pelo nacional deve atingir um bem jurídico de dade, segundo a lei mais favorável.
seu próprio estado ou de um concidadão. § 3º. A lei brasileira aplica-se também ao crime come-
Princípio da Defesa, Real ou de Proteção tido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,
Aqui se leva em consideração a nacionalidade do bem jurí- reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
dico lesado (sujeito passivo), independentemente da naciona- a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
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lidade do sujeito ativo ou do local da prática do crime. b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Princípio da Justiça Penal Universal ou da Universalida- A regra é de que a lei penal brasileira apenas aplica-se aos
de crimes praticados no Brasil (conforme estudado no Art. 5º do
Aqui, todo Estado tem o direito de punir todo e qualquer Código Penal). No entanto, há situações que, por força do Art. 7º,
crime, independentemente da nacionalidade do criminoso ou permitem o Estado aplicar sua legislação penal no estrangeiro.
do bem jurídico lesado, ou do local em que o crime foi praticado, Nesta norma, encontram-se diversos princípios, são eles:
bastando que o criminoso se encontre dentro do seu território. Defesa (também chamado de Real): amplia a aplicação
Assim, quem quer que seja que cometa crime dentro do territó- da lei penal em decorrência da gravidade da lesão. É o aplicá-
rio nacional será processado e julgado aqui. vel no Art. 7º nas alíneas do inciso I, são elas:
Princípio da Representação a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
A Lei Penal brasileira também será aplicada aos delitos República.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
cometidos em aeronaves e embarcações privadas brasileiras Caso seja a prática de latrocínio, não há a extensão da lei
quando se encontrarem no estrangeiro e aí não venham a ser brasileira, visto que o latrocínio é considerado crime contra o
julgadas. patrimônio.
O Código Penal brasileiro adota o princípio da Territoriali- b) contra o patrimônio ou a fé pública da União,
dade como regra e os outros como exceção. Assim, os outros do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
princípios visam disciplinar a aplicação extraterritorial da Lei Município, de empresa pública, sociedade de
Penal brasileira. economia mista, autarquia ou fundação instituí-
da pelo Poder Público;
Extraterritorialidade c) contra a administração pública, por quem está
Art. 7º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometi- a seu serviço;
dos no estrangeiro: d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
I. Os crimes: domiciliado no Brasil.
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Há discussão qual o princípio aplicável neste caso, haven-
República; do quem sustente ser da defesa, outros dizem ser da naciona-
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, lidade ativa e outra corrente, ainda, afirmando ser relacionado 19
do Distrito Federal, de Estado, de Território, de ao princípio da Justiça Penal Universal.
Justiça Penal Universal (também chamada de Justiça Caso o agente seja processado no exterior e lá, condenado
20 Cosmopolita): amplia a aplicação da legislação penal brasilei- e cumprido pena, estipula-se neste artigo que caso venha no
ra em decorrência da de tratado ou convenção que o Brasil é Brasil a ser condenado pelo mesmo fato (no caso da extrater-
signatário. Vem normatizada peloArt. 7º, II, “a”: ritorialidade incondicionada), deverá se verificar:
a) Que, por tratado ou convenção, o Brasil se obri- Se as penas são idênticas, ou seja, da mesma qualidade, deve-
gou a reprimir. rá ser computada como cumprida no Brasil.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Nacionalidade Ativa: amplia a aplicação da legislação pe- Ex.: As duas são privativas de liberdade.
nal brasileiro ao exterior caso o crime seja praticado por brasi- Se as penas são diversas, ou seja, de qualidade diferente,
leiro. Está prevista no Art. 7º, II, “b”: deverá haver uma atenuação.
b) Praticados por brasileiro; Ex.: no exterior o agente cumpriu pena restritiva de liber-
Representação (também chamado de Pavilhão ou da dade e, no Brasil, foi condenado e teve sua pena substituída
Bandeira ou da Substituição): amplia a aplicação da legisla- pela prestação de serviços comunitários. Neste caso, deverá
ção penal brasileira em decorrência do local em que o crime é se atenuar a pena no Brasil.
praticado. Vem normatizada pelo Art. 7º, II, “c”: Eficácia de Sentença Estrangeira
c) Praticados em aeronaves ou embarcações bra-
sileiras, mercantes ou de propriedade privada, Art. 9º. A sentença estrangeira, quando a aplicação da
quando em território estrangeiro e aí não sejam lei brasileira produz na espécie as mesmas consequên-
julgados. cias, pode ser homologada no Brasil para:
Nacionalidade Passiva: amplia a aplicação da legislação I. Obrigar o condenado à reparação do dano, a res-
penal brasileira em decorrência da nacionalidade da vítima do tituições e a outros efeitos civis;
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crime. Vem normatizada pelo Art. 7º, §3º: II. Sujeitá-lo a medida de segurança.
§3º. A lei brasileira aplica-se também ao crime come- Parágrafo único. A homologação depende:
tido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido
Tais regras, de que a legislação penal brasileira será apli- da parte interessada;
cada no exterior, valem apenas para os crimes e nunca para as b) para os outros efeitos, da existência de tratado
contravenções penais. Apesar da lei prever, no Art. 7º, que a lei de extradição com o país de cuja autoridade judi-
brasileira também será aplicada no anterior, há determinadas ciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado,
regras para esta aplicação, também normatizadas pelos pará- de requisição do Ministro da Justiça.
grafos do artigo em questão, vejamos: A regra geral é de que a sentença penal estrangeira não
Incondicionada: é a prevista para os casos normatizados precisa ser homologada para produzir efeitos no Brasil. No en-
no Art. 7º, I, alíneas “a” até “d”. Segundo o Código Penal, o tanto, o Art. 9º traz duas situações que necessitam da homolo-
agente será processado de acordo com a lei brasileira, mesmo gação para que a sentença produza efeitos no Brasil, são elas:
que for absolvido ou condenado no exterior (conforme norma- Para a produção de efeitos civis (Ex.: Reparação de danos,
tizado pelo §1º do Art. 7º). Não exige qualquer condição. restituições, entre outros). Neste caso, depende do pedido da
Condicionada: é a prevista para os casos normatizados no parte interessada.
Art. 7º, §2º, alíneas “a” até “e”: São as condições: Para a aplicação de medida de segurança ao agente da In-
a) Entrar o agente no território nacional. fração Penal: caso exista tratado de extradição, necessita de re-
b) Ser o fato punível também no país em que foi quisição do Procurador-Geral da República. Caso inexista trata-
praticado. do de extradição, necessita de requisição do Ministro da Justiça.
c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais
a lei brasileira autoriza a extradição. Contagem de Prazo
d) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro
ou cumprido a pena. Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do pra-
zo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calen-
e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro.
dário comum.
Não estará extinta a punibilidade do agente, seja pela bra-
A regra, aqui, é diversa da processual, visto que o dia do
sileira, seja pela lei estrangeira.
começo do prazo penal inclui-se no cômputo do prazo. Por
Hipercondicionada: é a prevista para os casos normatiza- exemplo, determinado agente pratica uma infração penal em
dos no Art. 7º, §3º. Chama-se pela doutrina de hipercondicio- 10 de agosto de 2012. Supondo que esta infração penal possui
nada porque exige, além das condições da condicionada, outras um prazo prescricional de 08 (oito) anos, a pretensão punitiva
duas. São condições: irá prescrever em 09 de agosto de 2020.
▷ Não ser pedida ou, se pleiteada, negada a extradição.
▷ Requisição do Ministro da Justiça. Frações não Computáveis da Pena
Art. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liberda-
Pena Cumprida no Estrangeiro de e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na
Art. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena pena de multa, as frações de cruzeiro.
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, Ou seja, caso após o cálculo da pena, remanescer frações
ou nela é computada, quando idênticas. de dia (por exemplo: o agente é condenado a pena de 15
(quinze) meses de detenção, com uma causa de aumento de Nessa situação, “A” responderá apenas por tentativa de
1/2, a pena torna-se em 22,5 dias. Com a norma deste artigo, homicídio.
despreza-se a fração de metade e a pena final é de 22 dias. Nesta situação, a causa da morte não foi efetivamente o
Do mesmo modo, aplica-se a regra à pena de multa, não tiro disparado por “A”, mas o veneno ingerido anteriormente.
sendo condenado o agente a pagar os centavos. Sendo assim, não foi efetivamente o disparo que causou
o resultado naturalístico da morte de “B”.
Legislação Especial Ex.: “A” atira na cabeça de “B”, esse é socorrido em am-
Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos bulância, no trajeto para o hospital a ambulância capota
fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser causando a morte de “B”. Mesmo “A” tendo concorrido
de modo diverso. diretamente para que “B” estivesse na ambulância, o có-
As infrações penais não estão apenas descritas no Código digo penal manda que “A” responda somente por tenta-
Penal, mas também em outras leis, que se denominam de leis tiva de homicídio.
especiais. Nestes casos, aplica-se, desde que a lei especial não Fato que ocorre após a conduta do agente, entretanto, não
dispuser de modo diverso, as regras gerais do Código Penal. ocorreria se a ação ou omissão não tivesse acontecido.
Quebra nexo causal
2. Do Crime Nexo causal
“B” é socorrido
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Neste caso, antes de tudo, é importante mencionar sobre a a quebra do nexo causal, como no acidente com a ambulância,
responsabilidade do agente. Para o Código Penal existem duas “A” responderá somente pela tentativa de homicídio.
formas de responsabilidades: subjetiva e objetiva.
Subjetiva: nesta situação, o agente pode ser punido na Relevância da Omissão
modalidade culposa, quando não queria o resultado. É o im- O “dever” de agir é um dever Jurídico, é o poder do garan-
perito, imprudente ou negligente. Na modalidade dolosa, tidor ou garantia, ou seja, imposto por Lei. Quando da omis-
quando o agente quis ou assumiu o risco do resultado. O Có- são, o agente tem a possibilidade e o dever jurídico de agir e
digo Penal sempre irá punir sobre aquilo que o agente queria omite-se.
causar, sobre a intenção no momento da conduta. Ex.: Dois policiais observam uma pessoa sendo vítima de
Objetiva: a responsabilidade objetiva não é mais adotada, roubo e nada fazem, nesse caso, os agentes, tendo a pos-
visto que sempre haveria a punição por dolo, não se admitindo sibilidade e o dever de agir, omitiram-se. Nesta situação
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
resultado, a não ser que este não lhe possa ser atribuído nem agente.
por dolo nem por culpa. O agente tem que ter consciência de
que se encontra na função de agente garantidor. Tentativa
Diz que o crime é tentado, quando, iniciada a execução,
Da Consumação e Tentativa não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agen-
Art. 14º. Diz-se do Crime: te.
I. Consumado, quando nele se reúnem todos os ele- Não se admite Tentativa para:
mentos de sua definição legal. ▷ Crime culposo;
“Iter Criminis”
(caminho do crime)
▷ Contravenções Penais (Art. 4º, L, CP);
Cogitação Consumação
▷ Mera conduta;
Preparação Execução
▷ Crime Preterdoloso.
Alguns tipos penais não aceitam a forma “tentada”, sendo
assim, o fato de iniciar a execução já o torna consumado, como
Não se pune a preparação sal-
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vo se por si só constituir crime O crime se torna por exemplo o crime de: Concussão (Art. 316, CP), nessas si-
autônomo (independente) punível tuações, a consumação é um mero exaurimento.
Para que o crime seja consumado, é necessário que ele Os crimes “tentados” são aqueles que iniciam a fase de
percorra todas as fases do iter criminis, quais sejam: cogita- execução, mas não chegam à consumação por circunstâncias
ção, preparação, execução e consumação. O agente, com sua alheias à vontade do agente, ou seja, o autor quer praticar a
conduta, “caminha” por todas as fases até atingir o resultado. conduta, mas é impedido de alguma forma.
Ex.: Fabrício, com “animus necandi”(vontade de matar) Ex.: “A” com intenção de matar “B”, compra um revólver;
Pedro, pensa em uma forma de consumar seu desejo ao encontrar “B”, no momento que iria iniciar os disparos,
(cogitação). Para isso, compra um revólver e munições é flagrado por um policial que o impede.
(preparação) e desloca-se até a casa da vítima. Ao avis- Ex.: “A” com intenção de matar “B”, compra um revólver; ao
tá-lo, inicia os disparos (execução) contra Pedro, ferindo- encontrar “B” do outro lado da rua, no momento que come-
-o mortalmente (consumação). ça a efetuar os disparos, atinge uma caçamba de entulhos
O Código Penal não admite a punição nas fases de cogi- que trafegava pela via.
tação e preparação, salvo se constituírem crimes autônomos.
As circunstâncias alheias à vontade do agente podem ser
No caso citado acima, se Fabrício fosse preso no momento em
quaisquer fatos, que impeçam que o crime seja consumado.
que estava com o revólver, deslocando-se à casa de Pedro para
matá-lo, iria configurar apenas o crime de porte ilegal de arma Pena do Crime Tentado
de fogo, não poderia de forma alguma ser punido pela tenta-
tiva de matar Pedro. Só se pode punir a intenção do agente, a É a mesma do crime consumado. Devendo ser reduzida de
partir do momento que entra na esfera de execução. 1/3 a 2/3. Quanto mais próximo o crime chegar da consuma-
ção, maior deverá ser a pena.
Outra situação, seria a união de 3 ou mais pes-
soas que planejam assaltar um banco, para isso, Se, quando iniciada a execução, o crime não se consumar
compram ferramentas: picaretas, pás, marretas, por circunstâncias alheias à vontade do agente, incidirá a pena
conseguem a planta do banco, alugam uma casa do crime consumado, com redução no quantum da pena.
nas proximidades, contudo, no momento que pla- Homicídio: pena de 6 a 20 anos.
nejavam a forma como iriam realizar o assalto, são Ex.: João fez disparos contra José causando sua morte.
surpreendidos pela polícia com todos os materiais. Pena - 12 anos
Nesse caso, essas pessoas não responderão pelo cri- Tentativa de homicídio: pena de 6 a 20 anos reduzida de
me de “roubo” (Art. 157 CP), na forma tentada, mas 1 a 2/3.
sim pelo crime de “associação criminosa” (Art. 288 Ex.: João fez disparos contra José que ferido foi socorrido
CP). Mesmo com a posse de todos os materiais que e sobreviveu.
seriam utilizados, eles não haviam entrado na esfera Pena - 4 anos (melhor cenário) - 8 anos (pior cenário).
de execução do roubo. Ex.: João, armado de pistola, efetua 15 disparos contra
Por conseguinte, o Código Penal sempre irá punir o agen- José ficando este em coma por 40 dias, quase vindo a
te por aquilo que ele queria cometer (Elemento Subjetivo), falecer, mas sobrevive.
ou seja, qual era a intenção do agente, ainda que outro seja o Pena - mesmo nesse caso, haverá redução de pena, nes-
resultado. se caso, à mínima, 1/3 - 8 anos - mas deve ser aplicada.
Ex.: “A”, com intenção de matar “B”, efetua vários dis- Existem dois tipo de tentativas, perfeita e imperfeita, am-
paros em sua direção, contudo, acerta apenas um tiro no bas podem ser cruentas e incruentas.
“A” possui um revólver “A” responderá por le-
Tentativa são corporal e NÃO por
com 6 munições
tentativa de homicídio
Perfeita Imperfeita A B
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cução, o agente por vontade própria, socorre a vítima, impe-
Cogitação Preparação Consumação dindo que o resultado (morte) ocorra.
Ex.: “A” com intenção de envenenar “B”, coloca sal - erro do por imprudência, negligência ou imperícia.
do tipo putativo - em sua comida, pensando ser arsênico. Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, nin-
Impropriedade absoluta do objeto material: Nessa hipó- guém pode ser punido por fato previsto como crime,
tese, a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta é abso- senão quando o pratica dolosamente.
lutamente inidônea para produção de algum resultado lesivo.
▷ Matar quem já está morto. Culpa
Ex.: “A” com intenção de matar “B”, enquanto este Na conduta culposa, há uma ação voluntária dirigida a
está dormindo, efetua vários disparos. Contudo, “B” já uma finalidade lícita, mas, pela quebra do dever de cuidado
estava morto devido ao veneno administrado por “C” a todos exigidos, sobrevém um resultado ilícito não desejado,
horas atrás. cujo risco nem sequer foi assumido.
Embora o elemento subjetivo do agente seja o dolo - ho-
micídio - esses casos não serão puníveis, pois o meio empre- Requisitos do Crime Culposo
gado “sal” ou o objeto material “o morto” tornam o crime Quebra do Dever Objetivo de Cuidado
A culpa decorre da comparação que se faz entre o com-
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Nessa situação, caso o fato pudesse ser previsível, deverá
Pena - Reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
o caçador responder por homicídio culposo.
§ 3º. Se da violência resulta lesão corporal grave, a Bêbado sai de uma festa, ao observar carro idêntico
pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da ao seu, tenta desativá-lo com a chave do próprio carro,
multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta não obtendo êxito, quebra o vidro com uma pedra, força
anos, sem prejuízo da multa. a ignição e vai para sua casa. Nesse caso, o agente será
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de punido na modalidade culposa, embora não tendo a in-
outrem: tenção, utilizou-se de uma conduta reprovável.
§ 3º. Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam Erro do Tipo
que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco
Essencial
de produzi-los;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 20, § 3º. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime Erro Evitável ou Inescusável = Não isenta de pena, mas terá
é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste direito a uma redução de pena 1/6 a 1/3.
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da Ex.: Atendente de farmácia que, apesar de ciente de que a
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. venda de medicamentos com tarja preta configura trans-
gressão administrativa, não tem consciência de que tal
É o erro na representação do agente, que olha um desco-
prática, com relação a alguns dos medicamentos controla-
nhecido e o confunde com a pessoa que quer atingir. O erro é
dos, caracteriza também o crime de tráfico de drogas.
tão irrelevante, que o legislador determinou que o autor fosse
Diferenças
punido pelo crime que efetivamente cometeu contra o terceiro
inocente - vítima efetiva - como se tivesse atingido a pretendi- Erro de Tipo X Erro de Proibição
da - vítima virtual -, por exemplo: Agente erra sobre dados do O agente acha que sua condu-
“A” atira em “B” por próprio crime. Isenta do dolo e ta é legal, quando na verdade
engano, pois pensei que culpa se inevitável e isenta de é ilegal. Aqui o agente comete
“B” fosse seu pai, quem Vítima efetiva
sósia de “C” dolo mas permite a punição crime, mas não tem pena pois
realmente queria matar por culpa se evitável. culpabilidade fica excluída.
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pela autoridade judiciária. O agente então prende Antô- clui-se também o crime.
nio e o conduz até a delegacia. Acontece que não existia São situações em que a norma penal permite que se cometa
mandado algum contra Antônio. Nessa situação, tanto o crime em determinadas situações, pois, apesar de serem condutas
delegado quanto o agente cometeram crime de abuso de ilícitas, o agente não será punido.
autoridade. Contudo, somente o delegado terá PENA, o
agente ficará isento devido à “aparência” de ordem mani- Estado de Necessidade
festamente NÃO ilegal. Art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem
Nessa conduta, o agente pensava estar praticando uma pratica o fato para salvar de perigo atual, que não pro-
ação lícita, entretanto, este foi enganado por seu superior, sob vocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
alegação de posse de falso mandado de prisão. direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstân-
cias, não era razoável exigir-se.
Exclusão da Ilicitude
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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obter seu desejo.
Não basta ter a enfermidade. No momento da ação ou
omissão, o sujeito tem que ser inteiramente incapaz de en- Menores de Dezoito Anos
tender e compreender o caráter ilícito do fato e determinar- Art. 27. Os menores de 18 (dezoito) anos são penal-
se de acordo com esse entendimento. mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas esta-
Exceção: Biológico belecidas na legislação especial.
Embriaguez
especial.
Art. 28, II. A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo
álcool ou substância de efeitos análogos. Critério adotado pelo Código Pe-
§ 1º É isento de pena o agente que, por embriaguez com- nal: Sistema Biológico
pleta, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao ї Crime + contravenção penal maior de 18 anos.
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de ї Ato infracional menor de 18 anos.
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de Não sofrem sanção penal pela prática do ilícito, em decor-
acordo com esse entendimento. rência da ausência de culpabilidade. Estão sujeitos ao procedi-
mento e as medidas socioeducativas previstas no ECA em vir-
NÃO Exclui a Imputabilidade Exclui a Imputabilidade
tude das condutas descritas como crime e contravenção penal
Voluntária Caso Fortuito
ser consideradas ato infracional.
Culposa Força Maior
Para auxiliar, convém esquematizar as Excludentes de Im- 29
Preordenada putabilidade:
Relevância Causal
Menoridade Doença mental
30 A conduta deverá ser relevante. Do contrário, não ocorrerá
o concurso de pessoas.
Excluída imputabilidade
(inimputabilidade) Ex.: “A” empresta arma para “B”, que para matar “C” usa
um pedaço de pau. Nessa situação, o auxilio de “A” foi
Desenvolvimento Embriaguez irrelevante para que o crime existisse. Somente “B” res-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
me incide nas penas a este cominadas, na medida de O Código Penal adotou a teoria Unitária ou Monista, em
sua culpabilidade. que todos que concorrem para o crime, responderão pelo mes-
Sujeitos da infração penal: mo crime, na medida de sua culpabilidade (responsabilidade).
▷ Sujeito Ativo (quem comete a ação). • Teorias do Concurso de Pessoas
▷ Sujeito Passivo (quem sofre a ação). Teoria do Caput
Foco do estudo = Sujeito Ativo do Crime. ▷ Regra:
Quem pode ser sujeito ativo da infração penal: » Monista/ Igualitária / Unitária
▷ Maiores de dezoito anos: ▷ Exceção:
Menor comete ato infracional (tudo que representa crime, » Pluralista (não tem concurso de pessoas)
para o menor é ato infracional, que, na verdade, constitui um Ex.: Corrupção passiva e ativa.
tipo específica, tratado no ECA). • Teoria do Autor
▷ Pessoas Jurídicas em atos lesivos ao meio ambien- ▷ REGRA:
te. » Restritiva (Código Penal)
As pessoas jurídicas podem ser responsabilizadas penal- » Quem pratica o núcleo do tipo (verbo).
mente. ▷ EXCEÇÃO
O Concurso de Pessoas também conhecido como concurso » Domíno do Fato (Doutrina e Jurispridência)
de agentes, ocorre quando duas ou mais pessoas concorrem » Teoria do Partícipe
para o mesmo crime. Colaborar ou concorrer para o crime é ▷ Acessoriedade Limitada
praticar o ato (moral ou material) que tenha relevância para a Não pratica o verbo; contudo, auxilia de qualquer forma.
» Moral: instigado ou induzido.
perpetração do ilícito. » Material: qualquer auxílio.
Requisitos para que Ocorra ▷ Não Ocorre Concurso de Pessoas
» Autor Mediato (homem por traz)
o Concurso de Pessoas » Autoria Colateral
Pluralidade de Agentes » Participação Inócua (ineficaz)
Quem participa na execução do crime é coautor. Quem não » Crimes de concurso necessário
executa o verbo do tipo é partícipe. Ex.: Associação criminosa - Art. 288
Ex.: “A” segura “B” enquanto “C” o esfaqueia até a mor- A exceção é a teoria pluralista:
te. “A” e “C” são coautores do crime de homicídio. (divi- Ex.: Corrupção passiva e ativa.
são de tarefas no crime, ambos participam da execução) Autor (Teoria Restrita):
Ex.: “A” empresta arma para “B”. “B” usa-se da arma ▷ Quem pratica o núcleo do tipo (verbo).
para executar “C”. “B” é autor (executou) e “A” é partíci- Partícipe:
pe (auxiliou de forma material). ▷ Não pratica o verbo; contudo, auxilia de qualquer
O código penal adotou a Teoria Monista de agentes, ou forma.
seja, todos responderão pelo mesmo crime, independente, de » Moral: instigado ou induzido.
qual seja sua participação. » Material: qualquer auxílio.
Mandante = Partícipe.
Autor Mediato (não ocorre concurso):
3. Concurso de Crimes
▷ São usados como instrumentos do crime: Sabemos que, no Direito Penal, a prática de um crime leva
à aplicação de uma sanção penal.
» Inimputável.
Assim, segundo a lógica, entendemos que se um agente
» Doente mental.
cometer um crime, a ele será aplicada uma pena. Da mesma
» Coação irresistível. forma, se um agente cometer mais de um crime, para cada
» Obediência hierárquica. crime cometido será aplicada uma pena correspondente.
Exceção: Teoria Pluralista. Dessa forma, a matéria concurso de crimes vem explicar
Participação em Crime Diverso como deverão ser aplicadas as penas quando o agente, me-
diante uma ou várias condutas, cometer uma pluralidade de
§ 1º Se a participação for de menor importância, a pena
crimes.
pode ser diminuída de um sexto a um terço
Nesse sentido, o Código Penal Brasileiro traz três espécies
§ 2º Se algum dos concorrentes quis participar de cri-
de concurso de crimes: Concurso Material (Art. 69); Concurso
me menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa
pena será aumentada até metade, na hipótese de ter Formal (Art. 70) e Crime Continuado (Art. 71), que serão estu-
sido previsível o resultado mais grave. dados a seguir:
Há hipóteses, todavia, em que o partícipe colabora com Concurso Material
um crime e o autor, no momento da prática do ilícito vai além
do imaginado pelo partícipe. Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação
Ex.: É o caso em que dois indivíduos combinam um furto. ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
Sendo que, um deles fica esperando no carro da fuga e não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas
o outro entra na residência. No interior da casa, o autor de liberdade em que haja incorrido. No caso de apli-
além de furtar, encontra a moradora e contra ela dispara cação cumulativa de penas de reclusão e de detenção,
vários tiros. Nessa situação, por força do Art. 29, § 2º, do executa-se primeiro aquela.
CP, os agentes deverão responder por crimes diferentes. § 1º. Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido
O que ficou no carro por furto (pois era esse que queria aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por
praticar) e o autor, por latrocínio. um dos crimes, para os demais será incabível a substitui-
Executem o núcleo ção de que trata o Art. 44 deste Código.
Autor do tipo § 2º. Quando forem aplicadas penas restritivas de
Partícipe
direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as
Coautor
que forem compatíveis entre si e sucessivamente as
Cogitação Preparação Execução Consumação demais.
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- Ajuste A principal característica do concurso material é a plurali-
Regra: teoria Monista,
- Determinação todos responderão pelo
dade de condutas.
- Instigação mesmo crime. Para se configurar o concurso material, devem estar pre-
- Auxílio Exceção: Teoria Pluralista, sentes os seguintes requisitos:
quem quis participar Requisitos Cumulativos:
- Se não chegar a ser tentado do crime menos grave,
(executado) não ocorre crime. ▷ Pluralidade de Condutas (mais de uma ação ou
responderá por ele.
Salvo se por si só configurar omissão).
crime autônomo. ▷ Pluralidade de Crimes (dois ou mais crimes, idênti-
cos ou não).
Circunstâncias Incomunicáveis Consequência: aplicação cumulativa das penas privativas
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as con- de liberdade. Ou seja, somam-se as penas de cada crime co-
dições de caráter pessoal, salvo quando elementares metido.
do crime.
Com mais Pratica dois Pena privativa de
Ex.: “A”, funcionário público, convida “B” para furtar re- de uma ação + ou mais crimes = liberdade aplicada
partição pública em que trabalha. “B”, desconhecendo a ou omissão (idênticos ou comulativamente
função de “A”, acaba aceitando. Nesse caso, “A” respon- não)
derá por peculato (Art. 312 CP) e “B” por furto (Art. 155
CP). Porém, caso “B” soubesse da função pública de “A”, Ex.: José, ao chegar em casa, encontra sua esposa com o
ambos responderiam por peculato. amante. Tomado pela raiva, José pega a sua arma de fogo
Art. 31. O ajuste, a determinação ou instigação e o e atira no amante, vindo a matá-lo. Logo em seguida, dis-
auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não para contra sua esposa, que também morre no local.
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser No exemplo em questão, verifica-se a ocorrência do con-
tentado. curso material, uma vez que José, com mais de uma ação,
Ex.: “A” é induzido por “B” a cometer suicídio em mo- cometeu dois crimes. Dessa forma, José responderá pela
mento depressivo por qual passava, entretanto, “A” nada prática de dois homicídios dolosos, devendo as penas serem 31
faz. Nessa situação, a conduta de “B” é atípica. aplicadas de forma cumulativa.
No concurso material é indiferente para a aplicação da No entanto, se a conduta for dolosa e houver desígnios
32 pena se os crimes são idênticos ou não. No entanto, a doutrina autônomos (dolo de cometer isoladamente cada crime), por
traz a distinção entre concurso material homogêneo e hete- questão de justiça, será aplicada a regra do concurso material,
rogêneo. ou seja, aplicam-se as penas de forma cumulativa.
▷ Concurso Material Homogêneo: Os crimes pratica- Para se configurar o concurso formal impróprio devem es-
dos são idênticos. tar presentes, além dos requisitos do concurso formal próprio,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
Multas no Concurso de Crimes sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência
Art. 72. No concurso de crimes, as penas de multa são
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou pa-
aplicadas distinta e integralmente.
rente consanguíneo até terceiro grau, em razão
4. Dos Crimes Contra a Pessoa dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de
2015).
Os direitos e garantias individuais não têm caráter absoluto, Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
por esse motivo, o direito à vida é relativo. § 2º-A. Considera-se que há razões de condição de
Ex.: Pena de morte em caso de guerra externa. (Art. 5º, sexo feminino quando o crime envolve:
XLVII, “a”, CF/88). O crime de homicídio, capitulado nos I. Violência doméstica e familiar;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
crimes contra a vida, está descrito no Art. 121 do Código II. Menosprezo ou discriminação à condição de mu-
Penal, e versa sobre a eliminação da vida humana extrau- lher.
terina. § 7º A Pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
Vejamos no quadro abaixo quais são os crimes dolosos con- terço) até a metade se o crime for praticado:
tra a vida, e suas principais peculiaridades:
I. Durante a gestação ou nos 3 (três) meses poste-
Crimes Contra a Vida riores ao parto;
Homicídio (Art. 121, CP) São todos crimes de Ação II. Contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior
penal incondicionada. de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
Participação em Suicídio (Art. 122, CP) São Julgados pelo tribunal
III. Na presença de descendente ou de ascendente
do Júri.
Infanticídio (Art. 123, CP) Obs.: O homicídio culposo
da vítima.
é julgado pelo Juiz. Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Aborto (Arts. 124 a 126, CP) A Lei nº 13.104/2015 introduziu no Código penal uma nova
figura típica: o feminicídio. A pena para homicídio qualificado
Dos crimes culposos contra a vida, só temos o homicídio. é de 12 a 30 anos de prisão, e será aumentada em um terço se 33
Os demais não comportam a modalidade culposa, o aborto o crime acontecer durante a gestação ou nos três meses pos-
teriores ao parto; se for contra adolescente menor de 14 anos • São autoridades previstas no Art. 142 da CF/88
34 ou adulto acima de 60 anos ou ainda pessoa com deficiência. Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Mari-
Também se o assassinato for cometido na presença de descen- nha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
dente ou ascendente da vítima. nacionais permanentes e regulares, organizadas com
Conceito base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade
Podemos definir como uma qualificadora do crime de homi- suprema do Presidente da República, e destinam-se
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
cídio motivada pelo ódio contra as mulheres, tendo como ente à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitu-
motivador por circunstâncias específicas em que o pertenci- cionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da
mento da mulher ao sexo feminino é central na prática do delito. ordem.
Entre essas circunstâncias estão incluídos: os assassinatos em • São autoridades do Art. 144 da CF/88
contexto de violência doméstica ou familiar e o menosprezo ou Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
discriminação à condição de mulher. responsabilidade de todos, é exercida para a preservação
Temos essa qualificadora conhecida como crime fétido. da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do pa-
trimônio, através dos seguintes órgãos:
Razões de Gênero
I. Polícia federal;
A qualificadora do feminicídio não poderá ser provada por
um laudo pericial ou exame cadavérico, porque nem sempre II. Polícia rodoviária federal;
um assassinado de uma mulher será considerado “feminicí- III. Polícia ferroviária federal;
dio”. Assim, para ser configurada a qualificadora do feminicí- IV. Polícias civis;
dio, a acusação tem que provar que o crime foi cometido con- V. Polícias militares e corpos de bombeiros milita-
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Alguns autores salientam que há uma doutrina cada vez mais
▷ 3ª Corrente: ocorre com a dilatação do colo do útero.
recente de que a ortotanásia não seja crime, mas essa questão,
Forma de execução: trata-se de delito de execução livre, indagada em concurso do MP de SC, foi considerada tão crime
podendo ser praticado por ação ou omissão, meios de execu- como a eutanásia.
ção diretos ou indiretos.
• Se o agente comete o crime sob o domínio de vio-
Tipo Subjetivo: o Art. 121, caput é punido a título de dolo lenta emoção, logo em seguida a injusta provoca-
direto ou dolo eventual. ção da vítima - Homicídio Emocional
Verifica-se o dolo eventual quando o agente assumiu o
Atente-se que domínio não se confunde com mera influên-
risco de praticar a conduta delituosa. Atualmente os tribunais cia. A mera influência é uma atenuante de pena prevista no
vêm entendendo que quando o agente, embriagado, pratica Art. 65 do CP.
homicídio de trânsito, pode ser condenado pelo homicídio do
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
subjetivas, não haverá comunicabilidade em Segundo alguns autores é aquele que ocorre quando o
relação aos demais autores do crime, logo
não se aplica ao coautor se não restarem móvel apresenta real desproporção entre o delito e a sua cau-
comprovados os mesmos requisitos. sa moral. Tem-se a pequeneza do motivo (matar por pouca
coisa).
Homicídio Qualificado Ex.: Briga de trânsito.
O homicídio qualificado é sempre crime hediondo. Tem caráter SUBJETIVO, pois se refere à motivação do
agente para cometer o crime.
Homicídio Qualificado
É um motivo insignificante, de pouca importância, comple-
§ 2º Se o homicídio é cometido:
tamente desproporcional à natureza do crime praticado.
I. Mediante paga ou promessa de recompensa, ou
por outro motivo torpe; Atente-se que, motivo fútil não se confunde com motivo
injusto, uma vez que a injustiça é característica de todo e qual-
II. Por motivo fútil;
quer crime - injusto penal.
III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi-
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de Se não há motivo comprovado nos autos, poderá ser de-
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que possa resultar perigo comum; nunciado por homicídio qualificado pelo motivo fútil? Aqui há
IV. À traição, de emboscada, ou mediante dissimu- duas correntes:
lação ou outro recurso que dificulte ou torne im- 1ª Corrente: a ausência de motivos equipara-se ao motivo fú-
possível a defesa do ofendido; til, pois seria um contrassenso conceber que o legislador punisse
V. Para assegurar a execução, a ocultação, a impu- com pena mais grave quem mata por futilidade, permitindo que
nidade ou vantagem de outro crime: o que age sem qualquer motivo receba sanção mais branda. (MA-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. JORITÁRIA)
Motivo Torpe 2ª Corrente: a ausência de motivos não pode ser equiparada
É o motivo abjeto, ignóbil, vil, espelhando ganância. ao motivo fútil, sob pena de se ofender o princípio da reserva
É indagado se a qualificadora da torpeza se aplica também legal. É o que entende Cezar Roberto Bitencourt – para ele o
ao mandante, ou apenas para o executor. legislador que deve incluir a ausência de motivo no rol das qua-
Alguns autores dizem que a resposta depende se se en- lificadoras.
tende que essa qualificadora é uma elementar ou se é circuns- Com Emprego de Veneno, Fogo, Explosivo, As-
tância. Entendendo que se trata de circunstância, somente o
fixia, Tortura ou Outro Meio Insidioso ou Cruel,
executor responde pelo homicídio qualificado já que a circuns-
tância subjetiva não se comunica. Por outro lado, entendendo- ou de que Possa Resultar Perigo Comum
se que se trata de elementar subjetiva do crime, haverá co- Neste inciso, novamente se permite a interpretação analó-
municabilidade, estendendo-se a qualificadora ao mandante gica, trazendo alguns exemplos o inciso.
(ambos respondem pela qualificadora – mandante e executor). Tem caráter objetivo, pois se refere aos meios emprega-
Atualmente, prevalece a segunda hipótese, ou seja, que se dos pelo agente para o cometimento do homicídio.
trata de elementar subjetiva do crime, e mandante e executor
Esse inciso permite igualmente a interpretação analógica,
respondem pelo crime qualificado.
trazendo como exemplos o emprego de veneno, fogo, explosi-
Mediante Paga ou Promessa de Recompensa vo, asfixia ou tortura.
No caso de o agente matar mediante paga ou promessa de
No caso do emprego de veneno, é imprescindível que a
recompensa de natureza diversa da econômica, por exemplo,
sexual, continua se tratando de motivo torpe, pois não deixa vítima desconheça estar ingerindo a substância letal.
de se ajustar ao encerramento genérico, somente não con- No caso de tortura, o sofrimento é aquele desnecessário da
figurando o exemplo dado no início do inciso. É o chamado vítima antes da sua morte.
homicídio mercenário. Homicídio qualificado pela Tortura com resultado morte (Art.
Esse homicídio mercenário que nada mais é que um exem- tortura (Art. 121, § 2º, III, CP) 1º, § 3º, Lei nº 9.455/97)
plo de torpeza. O executor é chamado de matador de aluguel. Morte DOLOSA. Morte PRETERDOLOSA.
O crime, mediante paga ou promessa, é crime de concur- O agente tem o dolo de torturar
O agente utiliza a tortura para
so necessário (plurisubsistente – plurilateral – plurisubjetivo), provocar a morte da vítima.
a vítima, e da tortura resulta
exigindo-se pelo menos duas pessoas (mandante e executor). culposamente sua morte.
Neste caso, necessariamente a natureza é econômica, logo Competência do tribunal do júri. Competência do juiz.
se a vantagem era promessa sexual, entre outras, não incidirá A tortura foi o meio utilizado A tortura foi o fim desejado, mas a
a qualificadora. para a morte. morte foi culposa.
A Traição, de Emboscada, ou Mediante Dis- Homicídio Culposo
simulação ou Outro Recurso que Dificulte ou § 3º Se o homicídio é culposo:
Torne Impossível a Defesa do Ofendido Pena - detenção, de um a três anos.
O legislador cita como exemplos a traição, emboscada ou
dissimulação, finalizando de maneira genérica o que também
Conceito
permite a interpretação analógica. Ocorre o homicídio culposo quando o agente realiza uma
conduta voluntária, com violação de dever objetivo de cuida-
Tem caráter objetivo (modo de execução do crime).
do a todos imposto, por negligência, imprudência ou impe-
Conceitos: rícia, produzindo, por consequência, um resultado (morte)
Traição: ataque desleal, quebra de confiança. involuntário, não previsto e nem querido, mas objetivamente
Emboscada: aquele que ataca a vítima com surpresa. Ele previsível, que podia ter sido evitado caso observasse a devida
se oculta para surpreender a vítima. atenção.
Dissimulação: significa fingimento, disfarçando o agente Modalidades de Culpa
a sua intenção hostil.
Culpa negativa. O agente deixa de fazer aquilo que a
Ex.: Aquele que convida para ir à casa de outrem e, lá cautela manda.
Negligência
chegando, mata o convidado. Ex.: Viajar de carro com os freios danificados.
Para Assegurar a Execução, Ocultação, a Im- Culpa positiva. O agente pratica um ato perigoso.
Imprudência
punidade ou Vantagem de Outro Crime Ex.: Trafegar com veículo no centro da cidade a 180 km/h.
Tem caráter subjetivo (refere-se aos motivos do crime). Culpa profissional. É a falta de aptidão para o
exercício de arte, profissão ou ofício para a qual o
Trata das hipóteses de conexão teleológica e consequencial. agente, apesar de autorizado a exercê-la, não possui
ї Quando se comete o crime para assegurar a execução, Imperícia conhecimentos teóricos ou práticos para tanto.
classifica-se o homicídio como qualificado teleológico. Ex.: Médico ginecologista que começa a realizar
Ex.: “A” pretendendo cometer um crime de extorsão me- cirurgias plásticas sem especialização para tanto.
diante sequestro contra uma pessoa muito importante e Por se tratar de infração de médio potencial ofensivo (já
para assegurar a execução mata o segurança do empresário. que a pena mínima é de um ano) há possibilidade de suspen-
ї Já no homicídio consequencial são as seguintes hipóteses: são condicional do processo.
Conexão Consequencial Já quando ocorre o delito previsto no Art. 302 do CTB –
Quer evitar a descoberta do crime cometido pelo agente. homicídio culposo na condução de veículo automotor – a pena
Ocultação
Ex.: Ocultar o cadáver após o homicídio. é detenção de dois a quatro anos + a suspensão ou proibição
O criminoso procura evitar que se descubra que ele foi da permissão de conduzir veículo.
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Impunidade o autor do crime.
Art. 121, §3º, CP Art. 302, CTB
Ex.: Matar a testemunha ocultar de um crime.
O agente que usufruir a vantagem decorrente da Norma especial: na direção de
Norma geral
prática de outro crime. veículo automotor.
Vantagem
Ex.: Um ladrão mata o outro para ficar com todo o
dinheiro do roubo praticado por ambos. A pena é de 02 a quatro anos
Pena varia de 01 a 03 anos à infração
à infração penal de grande
penal de médio potencial ofensivo.
O STF tem admitido a coexistência do privilégio (caráter sub- potencial ofensivo.
jetivo) com as qualificadoras de caráter objetivo (chamado homi-
Não admite suspensão condi-
cídio privilegiado-qualificado). Admite a suspensão do processo.
cional do processo.
Ex.: “A” matou “B” envenenado porque este último es-
tuprou a filha de “A”. Aumento de Pena
O homicídio privilegiado-qualificado não é considerado
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
e já que a fuga sem violência não é crime e daí que não poderia O legislador omitiu qual o número mínimo exigido para a
também incidir essa majorante. (Defensoria Pública). configuração desses grupos de extermínio ou milícias, mas a
No homicídio doloso a pena é aumentada de 1/3 se o crime
interpretação que predomina é de no mínimo 03 pessoas.
é praticado contra:
▷ Menor de 14 anos; Para que ocorra essa causa especial de aumento de
pena, se faz necessário um especial fim de agir do grupo
▷ Maior de 60 anos (não abrange aquele que tem ida-
de igual a 60 anos). de milícia privada (pretexto de prestação de serviço de
A idade da vítima deve ser conhecida pelo agente. segurança). Essa majorante também é aplicada se for co-
metida por somente um integrante do grupo, somente se
E se, quando do disparo de arma de fogo, a vítima tenha
menos de 14 anos, e quando falece já é maior de 14, incide a o referido homicídio já teria sido planejado pela milícia an-
majorante? SIM, neste caso analisa-se se na ocasião da ação a teriormente.
vítima era menor de 14 anos. Ex.: O que ocorre nas favelas do Rio de Janeiro.
• Perdão Judicial Induzimento, Instigação ou
§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infra-
Auxílio ao Suicídio
ção atingirem o próprio agente de forma tão grave que Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou
a sanção penal se torne desnecessária. prestar-lhe auxílio para que o faça:
Conceito: Segundo alguns autores, perdão judicial é o insti- Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se
tuto pelo qual o Juiz, não obstante a prática de um fato típico e consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentati-
ilícito, por um agente comprovadamente culpado, deixa de lhe va de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
aplicar, nas hipóteses taxativamente previstas em lei, o preceito Parágrafo único. A pena é duplicada:
sancionador cabível, levando em consideração determinadas cir-
Aumento de Pena
cunstâncias que concorrem para o evento.
I. Se o crime é praticado por motivo egoístico;
O perdão judicial somente é concedido após a sentença.
II. Se a vítima é menor ou tem diminuída, por qual-
O perdão judicial é uma causa extintiva da punibilidade.
E caso seja indagado pelo examinador acerca da diferença do quer causa, a capacidade de resistência.
perdão judicial para o perdão do ofendido, é necessário ob- Introdução
servar que:
Para o Direito Penal Brasileiro, não é passível de punição a
Perdão Judicial Perdão do Ofendido conduta do agente que tem como objetivo o extermínio da sua
É ato unilateral (não precisa ser É ato bilateral (precisa ser aceito própria vida, ou seja, aquele que comete o suicídio (autocídio/
aceito pelo agente). pelo agente). autoquíria), bem como a possível lesão que o sujeito venha a
Homicídio culposo ou lesão corporal sofrer caso sua tentativa não obtenha sucesso, devido à falta
Somente na ação penal privada.
culposa. de previsão legal para tal conduta.
O perdão judicial somente ocorre no homicídio culposo, se Contudo, o objetivo da norma penal ao tipificar essa con-
as circunstâncias da infração atingirem o agente de forma tão duta é punir o agente que participa na ocorrência do crime, au-
grave que a sanção penal se torne desnecessária. xiliando, induzindo ou instigando alguém a cometer o suicídio.
Classificação O auxílio deve ser eficaz, ou seja, precisa contribuir efetiva-
É crime simples, comum, e material, pois sua consumação mente para o suicídio. Desse modo, se “A” empresta uma arma
exige resultado. É crime de forma livre. Pode ser praticado por de fogo para “B” se matar, mas este acabe utilizando uma corda
ação ou por omissão IMPRÓPRIA, quando presente o dever de (enforcamento), nesse caso, a conduta de “A” será atípica.
agir. (Art. 13, § 2º, CP) Apontamentos
Condutas acessórias à prática do suicídio: Exige-se que o agente imprima seriedade em sua condu-
▷ Induzir: Implantar a ideia. ta, querendo que a vítima efetivamente se suicide (dolo).
▷ Instigar: Reforçar a ideia preexistente. Não há crime se o agente fala, por brincadeira, para a víti-
▷ Auxiliar: Intromissão no processo físico de causação. ma se matar e esta realmente se mata.
Sujeitos Não caracteriza constrangimento ilegal a coação (força)
exercida para impedir o suicídio (Art. 146, § 3º, II, CP).
Sujeito Ativo: crime comum, pode ser praticado por qual-
quer um. Causas de Aumento de Pena
Sujeito Passivo: alguém que tenha capacidade para agir, (Art. 122, Parágrafo Único) A pena será duplicada
se o crime for cometido:
pois caso contrário será crime de homicídio. Se ela tiver relati-
va capacidade (de 14 até fazer 18 anos – Art. 224, “a” e 217-A, É o que revela individualismo exagerado.
O agente almeja alcançar algum proveito,
CP), incorrerá na pena do Art. 122, parágrafo único, II, CP. econômico ou não, como consequência do
Natureza Jurídica do Art. 122, CP: Nelson Hungria, Luiz Re- suicídio da vítima.
gis Prado, Aníbal Bruno e Rogério Greco – Condição Objetiva Por motivo egoístico Ex.: filho único induz o pai a se suicidar para
de Punibilidade, porque o crime se perfaz quando se instiga, ficar com sua herança. O Vice-presidente
de uma empresa instiga o presidente (o
induz ou auxilia. Mas a lei condiciona a punibilidade dessa con- qual está com depressão) a se matar para
duta à ocorrência do suicídio, ou pelo menos da lesão grave. assumir seu cargo.
São resultados que se encontram fora do Tipo e, por isso, são ATENÇÃO: A vítima tem que ser menor de
condições que a Lei coloca para que o Estado possa exercer o Se a vítima é menor 18 e maior que 14 anos. Caso a vítima seja
ius puniendi. menor de 14 anos o crime será de homicídio.
Art. 13, § 2º, CP. A omissão é penalmente relevante É a pessoa mais propensa a ser influenciada
quando o omitente devia e podia agir para evitar o re- pela participação em suicídio.
sultado. O dever de agir incumbe a quem: Se a vítima tem di-
Ex.: pessoa parcialmente embriagada,
minuída, por qualquer
a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção sob efeito de entorpecente, com idade
causa, a capacidade
ou vigilância; avançada.
de resistência
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Obs.: Se o ébrio estiver completamente
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de
inconsciente o crime será homicídio.
impedir o resultado;
c) Com seu comportamento anterior, criou o risco Pacto de Morte ou Suicídio a Dois
da ocorrência do resultado.
Duas pessoas resolvem se suicidar conjuntamente. Ex.: câmara de gás.
A conduta só é punida na forma dolosa (o agente que par-
Podem ocorrer as seguintes situações:
ticipa), NÃO existindo previsão para modalidade culposa.
Descrição do crime: é conhecido também como o crime de “A” e “B” sobre-
viveram e não
participação em suicídio. Ademais, a participação deve dirigir- ocorreu lesão
Os dois abriram a Os dois responderão por
se a pessoa(as) determinada (as), pois NÃO é punível a parti- torneira de gás. tentativa de homicídio.
corporal grave (ou
cipação genérica (um filme, livro, que estimule o pensamento gravíssima).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
derado Homicídio Privilegiado. após o parto. Se for antes do parto, o crime é de aborto. Se,
após o parto, o crime é de homicídio.
Requisitos Influência do estado puerperal: a doutrina afirma que, o
▷ Praticado pela própria mãe contra seu filho; logo após perdura enquanto presente a influência do estado
▷ Durante ou logo após o parto; puerperal. Enquanto a gestante estiver sob a influência do es-
▷ Contra recém-nascido (neonato); tado puerperal, o elemento temporal constitutivo estará pre-
▷ Sob influência de estado puerpério (lapso temporal sente. Estado puerperal é um desequilíbrio fisio-psíquico.
até que a mulher volte ao ciclo menstrual normal). Estado puerperal: Conforme Sanches, é o estado que
Trata-se de um crime próprio (praticado pela própria envolve a parturiente durante a expulsão da criança do
mãe). ventre materno, produzindo profundas alterações psíqui-
cas e físicas.
É um crime comissivo (ação) ou omissivo (omissão im-
própria), sendo também um crime material, consuma-se, efe- Puerpério é o período que se estende do início do parto
até a volta da mulher às condições pré-gravidez.
tivamente, com a morte da vítima.
É preciso, também, que haja uma relação de causa e efei-
Sujeitos to entre o estado puerperal e o crime, pois nem sempre ele
Sujeito Ativo: o sujeito ativo aqui é a mãe, sob influência produz perturbações psíquicas na parturiente. Esse alerta se
do estado puerperal. encontra na exposição de motivos do CP.
Indaga-se se o crime em questão admite concurso de pes- Dependendo do grau do estado puerperal é possível que
soas (coautoria e participação)? a parturiente seja tratada como inimputável ou semi-imputá-
Sobre essa pergunta existem duas correntes: vel? Sim. Dependendo do grau de desequilíbrio fisio-psíquico,
a parturiente pode sofrer o mesmo tratamento do inimputável
1ª Corrente: o estado puerperal é condição personalís- ou semi-imputável. Essa é a posição de Mirabete.
sima incomunicável, logo, não admite concurso de pessoas.
Mas atente-se que o CP não reconhece essa condição perso- Tipo Subjetivo
nalíssima – não tem previsão do Art. 30 do CP. O crime descrito no Art. 123 é punido a título de dolo, não
2ª Corrente: o estado puerperal é condição pessoal comu- havendo possibilidade de punição na modalidade culposa.
nicável, pelo que é admitido o concurso de agentes. (Majori- Consumação e tentativa:
tária) O crime se consuma com a morte, sendo perfeitamente
ї Alguns autores dividem dessa forma: possível a tentativa.
1ª Situação: parturiente e médico matam o nascente ou
neonato. Parturiente responde pelo Art. 123 e o médico tam-
Aborto Provocado pela Gestante
bém responde pelo Art. 123 em coautoria. ou com seu Consentimento
2ª Situação: parturiente, auxiliada pelo médico, mata nas- Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir
cente ou neonato. A parturiente responde pelo Art. 123 e o mé- que outrem lhe provoque:
dico também, como partícipe. Pena - detenção, de um a três anos.
3ª Situação: médico, auxiliado pela parturiente, mata nas- O crime de aborto ocorre quando há a interrupção da gra-
cente ou neonato. O médico responderá pelo crime de homi- videz, ocasionando a morte do produto da geração, procria-
cídio e a parturiente, também responderia pelo Art. 121 do CP ção, concepção, ou seja, é a eliminação da vida intrauterina.
Sob o aspecto jurídico, a gravidez tem início com a nidação Consumação e Tentativa
(implantação do óvulo fecundado no útero – parede uterina). Ocorre com a morte do feto. É dispensável a expulsão do
Portanto, não há crime de aborto quando da utilização de produto da concepção.
meios que inibem a fixação do ovo na parede uterina. É o que É admitida a tentativa.
ocorre com o DIU (diafragma intrauterino).
Espécies de Aborto Classificação Doutrinária
Criminoso Interrupção dolosa da gravidez (Arts. 124 a 127, CP).
O aborto é crime: material, próprio e de mão própria ou co-
mum, instantâneo, comissivo ou omissivo, de dano, unissubjetivo,
Não há crime por expressa previsão legal. Art. 128, CP:
unilateral ou de concurso eventual, plurissubjetivo ou de concurso
I) Quando não há outro meio para salvar a vida da
Legal ou
gestante (aborto necessário ou terapêutico);
necessário, plurissubsistente, de forma livre, progressivo.
Permitido O Art. 20 da LCP diz que constitui contravenção penal a
II) Quando a gravidez resulta de estupro (aborto
sentimental ou humanitário). conduta de anunciar processo, substância ou objeto destinado
Natural Interrupção espontânea da gravidez. Não há crime. a provocar aborto.
Acidental
A gestante sofre um acidente qualquer e perde o Análise do Tipo Penal
bebê. Não é crime, por ausência de dolo.
1ª parte: provocar aborto em si.
Eugênico ou Interrupção da gravidez para evitar o nascimento da É o autoaborto, um crime próprio e de mão própria.
Eugenésico criança com graves deformidades genéticas. É crime.
Admite participação:
Econômico Interrupção da gravidez para não agravar a situação de
ou Social miséria enfrentada pela mãe ou por sua família. É crime. Ex.: Mulher gestante ingere medicamento abortivo que
lhe foi dado por seu namorado e provoca o aborto. Nesta
Objetividade Jurídica situação a gestante é autora de autoaborto e seu namo-
Vida humana. No aborto provocado por terceiro SEM o con- rado é partícipe (induzir, instigar ou auxiliar) deste crime.
sentimento da gestante (Art. 125), protege-se também a integri- Todavia, se o namorado tivesse executado qualquer ato
dade física e psíquica da gestante. de provocação do aborto seria autor do crime previsto no
Art. 126, CP (aborto com o consentimento da gestante).
Objeto Material O partícipe do autoaborto, além de responder por este
O produto da concepção (óvulo fecundado, embrião ou crime, pratica ainda homicídio culposo ou lesão corporal cul-
feto). posa se ocorrer morte ou lesão corporal grave em relação à
Deve haver prova da gravidez, pois se a mulher não está gestante, pois o disposto no Art. 127 não se aplica ao crime do
grávida, ou se o feto já havia morrido por outro motivo qual- Art. 124.
quer será crime impossível por absoluta impropriedade do Quanto à gestante que provoca aborto em si mesma, o
objeto (Art. 17, CP). aborto legal ou permitido, duas situações podem ocorrer:
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O feto deve estar alojado no útero materno. Desse modo, ▷ Se for aborto necessário ou terapêutico: não há cri-
se ocorrer a destruição de um tubo de ensaio que contém um me (estado de necessidade);
óvulo fertilizado in vitro não haverá aborto. ▷ Se for aborto sentimental ou humanitário: há crime,
O feto não necessita ter viabilidade. Basta que esteja vivo pois nesta modalidade somente é autorizado no
antes do crime. aborto praticado pelo médico.
Sujeitos do Crime 2ª parte: consentir para que 3º lhe provoque o aborto.
Sujeito Ativo: Os crimes do Art. 124, CP são de mão pró- O legislador criou uma exceção à teoria monista ou unitá-
pria, pois somente a gestante pode provocar aborto em si ria no concurso de pessoas (Art. 29, Caput, CP) e criou crimes
mesma ou consentir que um terceiro lhe provoque. Não admi- distintos: a gestante responde pelo Art. 124, 2ª parte, CP e o
tem coautoria, mas admite participação. É crime comum nos terceiro que provoca o aborto responde pelo Art. 126, CP.
Esse crime é de mão própria, pois somente a gestante
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
demais casos.
Sujeito Passivo: é o feto. No aborto provocado por terceiro pode prestar o consentimento. Não admite coautoria, mas ad-
SEM o consentimento da gestante (Art. 125) as vítimas são o mite participação.
feto e a gestante. A gestante dever ter capacidade e discernimento para
É crime de forma livre. Pode ser praticado de forma co- consentir (ser maior de 14 anos e ter integridade mental). E o
missiva ou omissiva (Ex.: deixar dolosamente de ingerir me- consentimento deve ser válido (isento de fraude e não tenha
dicamentos necessários para a preservação da gravidez). Se, sido obtido por meio de violência ou grave ameaça).
contudo, o meio de execução for absolutamente ineficaz será Aborto Provocado por Terceiro
crime impossível (Ex.: despachos, rezas e simpatias).
Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da
Elemento Subjetivo gestante:
É o dolo, direto ou eventual. Pena - reclusão, de três a dez anos.
Não existe o crime de aborto culposo Sujeito ativo: qualquer pessoa
Se a própria gestante agir culposamente e ensejar o abor- Sujeito passivo: produto da concepção e a gestante.
to, o fato será atípico. Já o terceiro que provoca aborto por Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da 41
culpa responde por lesão corporal culposa contra a gestante. gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos. Se o aborto necessário for realizado por ENFERMEIRA, ou
42 Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se por qualquer pessoa que não o médico, duas situações podem
a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ocorrer:
ou débil mental, ou se o consentimento é obtido me- ▷ Há perigo atual para a gestante: estado de necessi-
diante fraude, grave ameaça ou violência. dade (Art. 24, CP);
Considerações ▷ Não há perigo atual: há crime de aborto.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental. A dor,
I. Se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo por si só, não caracteriza lesão corporal.
anterior; No crime de lesão corporal, protege-se a incolumidade
II. Se as lesões são recíprocas. física em sentido amplo: Saúde física ou corporal; Saúde fisio-
Lesão Corporal Culposa lógica (correto funcionamento do organismo) e Saúde mental
§ 6º Se a lesão é culposa: (psicológica).
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Topografia do Art. 129
Aumento de Pena Art. 129, caput Lesão dolosa leve.
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer
qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do Art. 121 deste Lesão dolosa grave - Atenção! O § 1º não traz so-
Código. Art. 129, §1º mente a lesão dolosa grave. Ele também tem lesão
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
preterdolosa grave.
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
Art. 121. Lesão dolosa gravíssima - também no § 2º tem
Art. 129, §2º
Violência Doméstica preterdolo.
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, des- Lesão seguida de morte (está genuinamente
cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com Art. 129, §3º
preterdolosa).
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevale-
cendo-se o agente das relações domésticas, de coabi- Art. 129, §4º Lesão dolosa privilegiada.
tação ou de hospitalidade. Art. 129, §5º Lesão culposa.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. Art. 129, §6º Majorantes.
§ 10 Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se Art. 129, §7º Perdão judicial.
as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo,
Art. 129, §§ 9, Violência doméstica e familiar (aqui não é só
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
10 e 11 contra mulher).
§ 11 Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será au-
mentada de um terço se o crime for cometido contra Art. 129, § 12 Praticada contra autoridade policial. 43
pessoa portadora de deficiência.
Classificação Lesão Corporal de Natureza Grave
44 Pode ser praticado por ação ou omissão, quando presente § 1º Se resulta
o dever de agir para evitar o resultado, Art. 13, § 2º, CP. I. Incapacidade para as ocupações habituais, por
Ex.: A mãe que deixa o filho pequeno sozinho na cama, mais de trinta dias;
desejando que ele caísse e se machucasse. II. Perigo de vida;
É crime de forma livre. Pode ser praticado por ação ou
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§ 2º Se resulta A correção corporal da vítima por meios ortopédicos ou
I. Incapacidade permanente para o trabalho; próteses não afasta a qualificadora, ao contrário do reimplante
realizado com êxito.
II. Enfermidade incurável;
IV. Deformidade permanente.
III. Perda ou inutilização do membro, sentido ou
função; Segundo doutrina e jurisprudências majoritárias, esta qua-
lificadora está intimamente relacionada a questões estéticas.
IV. Deformidade permanente;
Desse modo, precisa ser visível, mas não necessariamente na
V. Aborto: face, e capaz de causar impressão vexatória em quem olha a
Pena - reclusão, de dois a oito anos. vítima.
Em concurso, restou indagado se a expressão gravíssima A vítima não é obrigada a se submeter a intervenção cirúrgica
era criação da lei, doutrina ou jurisprudência. Referida expres- para a reparação da deformidade. Caso, no entanto, se submeta, e
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são é criação da doutrina que foi seguida pela jurisprudência. a deformidade for corrigida, desaparecerá a qualificadora, sendo
A Lei nº 9.455/97, que é a lei de tortura, adotou a expres- cabível, inclusive, a revisão criminal. A correção da deformidade
são doutrinária gravíssima. Na lei de tortura, no Art. 1º, § 3º, com o uso de prótese (Ex.: olho de vidro, orelha de borracha ou
há expressa menção à lesão grave ou gravíssima. aparelho ortopédico) não exclui a qualificadora.
I. Incapacidade permanente para o trabalho. V. Aborto.
Deve tratar-se de incapacidade genérica para o traba- Essa qualificadora é necessariamente preterdolosa. Há dolo
lho, ou seja, a vítima fica impossibilitada de exercer qual- na lesão e culpa no aborto. Se o agente quer, ou assume o risco do
quer tipo de atividade laborativa remunerada. aborto haverá concurso de crimes.
A incapacidade não significa perpetuidade, basta que A interrupção da gravidez, com a consequente morte
seja uma incapacidade duradoura, dilatada no tempo. do produto da concepção, deve ter sido provocada culpo-
II. Enfermidade incurável. samente, pois se trata de crime preterdoloso.
É a alteração prejudicial da saúde por processo patológico, Se a morte do feto foi proposital, o sujeito responderá por
físico ou psíquico, que não pode ser eficazmente combatida com dois crimes: lesão corporal em concurso formal impróprio com
os recursos da medicina à época do crime. Deve ser provada por aborto sem o consentimento da gestante (Art. 125). É obriga- 45
exame pericial. tório o conhecimento da gravidez por parte do agressor.
Lesão Corporal Seguida de Morte gligência ou imperícia. Desse modo, as consequências, embora
46 previsíveis, não foram previstas pelo agente, ou se foram, ele
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam
não assumiu o risco de produzir o resultado.
que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco
de produzi-lo. Essa espécie de lesão depende de representação
da vítima ou de seu representante legal (Art. 88, Lei nº
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
9.099/95), pois é crime de ação penal pública condicionada
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É crime exclusivamente preterdoloso (dolo no anteceden- a representação e infração penal de menor potencial ofen-
te – lesão - e culpa no consequente – morte). Esse crime não sivo (pena máxima menor que dois anos).
vai a júri, considerando que não há dolo na morte.
A morte foi ocasionada a título culposo – temos o típico Aumento de Pena
caso de crime preterdoloso (dolo na conduta antecedente e § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qual-
culpa na posterior). quer das hipóteses do Art. 121, §§ 4º e 6º.
Se presente o dolo direto ou dolo eventual quanto ao re- Art. 121, § 4º, CP. No homicídio culposo, a pena é au-
sultado morte, o sujeito responderá por homicídio doloso. mentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inob-
Essa modalidade de lesão corporal não admite tentativa. servância de regra técnica de profissão, arte ou ofício,
Lesão Corporal Privilegiada ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
vítima, não procura diminuir as consequências do seu
Diminuição de Pena ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo DOLOSO o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de
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violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um Art. 121, § 4º, CP. A pena é aumentada de 1/3 (um ter-
terço. ço) até a metade se o crime for praticado por milícia
Esse privilégio se aplica a todos os tipos de lesão dolosa, privada, sob o pretexto de prestação de serviço de se-
contudo, é incabível nas lesões culposas. gurança, ou por grupo de extermínio.
Mesmas características do homicídio privilegiado (Art. 121, § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
§ 1º, do CP). Art. 121.
Substituição da Pena Art. 121, § 5º, CP. Na hipótese de homicídio CULPOSO, o
§ 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequên-
cias da infração atingirem o próprio agente de forma
substituir a pena de detenção pela de multa:
tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
I. Se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo
anterior; Violência Doméstica
II. Se as lesões são recíprocas. § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, des-
A situação da substituição de penas somente se aplica ao cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
caput, considerando que exige que as lesões corporais não se- quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevale-
jam graves. A possibilidade de substituição, assim, somente se cendo-se o agente das relações domésticas, de coabi-
dá com a hipótese de lesões leves. tação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
Quando a Lesão Corporal Leve for Privilegiada
§ 10 Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se
Desse modo, caso as lesões sejam leves, o juiz terá duas as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo,
opções: reduzir a pena de 1/6 a 1/3 (§ 4º) ou substituí-la por aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
multa (§ 5º).
§ 11 Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será au-
Se as Lesões Leves Forem Recíprocas mentada de um terço se o crime for cometido contra
Uma pessoa agride outra e, cessada essa primeira agres- pessoa portadora de deficiência.
são, ocorrer uma outra lesão pela primeira vítima. § 12 Se a lesão for praticada contra autoridade ou agen-
te descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
Lesão Corporal Culposa integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
§ 6º Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Segurança Pública, no exercício da função ou em de-
Pena - detenção, de dois meses a um ano. corrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão des-
Diferentemente do que ocorre com as lesões dolosas (que
sa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
podem ser leves, graves ou gravíssimas) o CP não fez distinção
(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
com relação às lesões culposas. Desse modo, qualquer que
seja a intensidade da lesão, o agente responderá por lesão A forma qualificada do § 9º só se aplica à lesão corporal LEVE.
corporal CULPOSA. A gravidade da lesão será levada em con- Considerações
sideração na fixação da pena-base (Art. 59). Pode ser causa supralegal de exclusão da ilicitude (so-
Ocorre lesão corporal culposa quando o agente faltou com mente na lesão corporal leve), desde que presentes os se-
seu dever de cuidado objetivo por meio de imprudência, ne- guintes requisitos, cumulativos:
▷ Deve ser expresso; noso (ação que satisfaça a libido do agente, beijo lascivo, sexo
▷ Livre (não pode ter sido concedido em razão de coa- oral, sexo anal, masturbação, etc.).
ção ou ameaça); Se a intenção é transmitir, por tratar-se de crime formal,
▷ Ser moral e respeitar os bons costumes; não é necessária a transmissão.
▷ Deve ser prévio à consumação da lesão; O § 1º traz a forma qualificada do crime, ou seja, quando o
▷ O ofendido deve ser capaz para consentir (maior de agente tem intenção de transmitir a doença.
18 anos e mentalmente capaz). Perigo de Contágio de Moléstia Grave
Ex.: Durante a relação sexual, a mulher pede ao seu par-
ceiro que a bata com força. Art. 131. Praticar, com o fim de transmitir a outrem
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
É irrelevante o consentimento do ofendido nos crimes de
produzir o contágio:
lesão corporal grave, gravíssima e seguida de morte, pois o
bem jurídico protegido nestas hipóteses é indisponível. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
É crime de Dano (caso exponha a perigo sem querer ou as-
Apontamentos sumir o risco será hipótese do Art. 132, CP), Formal (não precisa
Autolesão: em razão do princípio da alteridade, não se transmitir) e de Forma Livre.
pune a autolesão. Todavia, pode caracterizar o crime descrito Nesse delito, o agente tem o fim especial de agir, ou seja,
no Art. 171, § 2º, V, CP. pratica um ato (diverso do contato sexual) com a intenção de
Ex.: Jogador de golfe quebra o próprio braço para rece- transmitir uma moléstia grave (qualquer doença que acarre-
ber o valor do seguro. te em prejuízo a saúde da vítima – não sendo venérea), por
Lesões em atividades esportivas: há a exclusão da ilicitu- exemplo, sarampo, tuberculose etc.
de em razão do exercício regular do direito. Ademais, em relação à AIDS, visto seu grau letal, é consi-
Cirurgias emergenciais: se há risco de morte de paciente, derado como tentativa de homicídio (Art. 121 do CP), não há
o médico que atua sem o consentimento do operado estará possibilidade alguma de enquadrá-la como moléstia grave.
amparado pelo estado de necessidade de terceiro. Se não há
risco de morte, a cirurgia depende de consentimento da vítima Perigo para Vida ou Saúde de Outrem
ou de seu representante legal para afastar o crime pelo exercí- Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
cio regular do direito. direto e iminente:
Cirurgia de mudança de sexo: não há crime de lesão cor- Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
poral gravíssima por ausência de dolo de lesionar a integrida- constitui crime mais grave.
de corporal ou a saúde do paciente. Atualmente é permitida a Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um
realização dessa cirurgia – redesignação sexual – inclusive na terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a
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rede pública de saúde (Portaria do Ministério da Saúde nº 1.707 perigo decorre do transporte de pessoas para a presta-
de 19/08/08). Desse modo, o médico que realiza esta cirurgia ção de serviços em estabelecimentos de qualquer natu-
não comete crime por estar acobertado pelo exercício regular reza, em desacordo com as normas legais.
de direito. Estará configurado o crime quando o agente, de qualquer
forma, expor em perigo a vida de uma pessoa determinada.
Cirurgia de esterilização sexual: não há crime na conduta
Tal ação pode ser praticada de forma livre, ou seja, não exige
do médico que realiza esta cirurgia (vasectomia, ligadura de uma conduta específica.
trompas etc.) com a autorização do paciente, apesar da elimi-
Ex.: Soltar uma pedra do alto de um viaduto em um carro
nação da função reprodutora. Exercício regular de direito. que passa pela rodovia com intenção de causar um acidente.
Da Periclitação da Vida e da Saúde Caso a conduta do agente não seja contra uma pessoa de-
terminada, será configurado um crime diverso que será avalia-
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Perigo de Contágio Venéreo do de acordo com a situação (Arts. 250 a 259 do CP).
Art. 130. Expor alguém, por meio de relações sexuais Abandono de Incapaz
ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia ve- Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
nérea, de que sabe ou deve saber que está contami- guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer mo-
nado: tivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. abandono:
§ 1º Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º Se do abandono resulta lesão corporal de natureza
grave:
§ 2º Somente se procede mediante representação.
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Esse crime configura-se quando o agente transmite ou
expõe a perigo de contágio de uma doença venérea (sífilis, § 2º Se resulta a morte:
gonorreia etc.), bem como, caso ele a desconheça, venha a Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
infectar uma possível vítima. Aumento de Pena
A forma de transmitir a doença pode ser por meio de rela- § 3º As penas cominadas neste artigo aumentam-se de 47
ções sexuais (pênis x vagina), ou por qualquer outro ato libidi- um terço:
I. Se o abandono ocorre em lugar ermo; É um crime OMISSIVO PRÓPRIO ou PURO, pois a conduta
48 II. Se o agente é ascendente ou descendente, côn- omissiva está prevista no artigo em tela do Código Penal que
juge, irmão, tutor ou curador da vítima. ocorre quando o agente deixa de fazer o que lhe é imposto por
III. Se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. lei – prestar socorro.
Essa figura típica incrimina a conduta do agente, que Comumente é praticado apenas por uma pessoa, sendo
tendo o dever de cuidado, guarda, vigilância ou autoridade que é perfeitamente possível que haja o concurso de agentes,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
de Recém-Nascido
Art. 134. Expor ou abandonar recém-nascido, para Não admite tentativa.
ocultar desonra própria: Descrição do Crime
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. O crime pode ser cometido de duas formas distintas:
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Falta de assistência imediata: o agente pode prestar so-
Pena - detenção, de um a três anos. corro, sem risco pessoal, mas deliberadamente não o faz.
§ 2º Se resulta a morte: Falta de assistência mediata: o agente não pode prestar
Pena - detenção, de dois a seis anos. pessoalmente o socorro, mas também não solicita o auxílio da
Esse delito é considerado uma forma privilegiada do cri- autoridade pública.
me de abandono de incapaz, artigo anterior, no entanto, nesse Observações
caso, a vítima é determinada – o recém-nascido – ademais, tal
conduta visa proteção da honra do agente. A simples condição de médico não o coloca como garan-
tidor.
Ex.: Uma jovem de 18 anos, mãe solteira, que abandona
seu filho recém-nascido para preservar sua imagem pe- Pessoa inválida e pessoa ferida: é imprescindível que se
rante a família. encontrem ao desamparo no momento da omissão.
Por conseguinte, também existe a forma qualificada do Se apenas uma pessoa presta o socorro, quando diversas
crime, expressa nos parágrafos primeiro e segundo, no caso poderiam tê-lo feito sem risco pessoal, não há crime para nin-
de a ação resultar em lesão corporal de natureza grave ou a guém.
morte do recém-nascido. Omissão de socorro a pessoa idosa (igual ou superior a 60
anos), responde conforme o Art. 97, Lei nº 10.741/03 – Estatuto
Omissão de Socorro do Idoso.
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível
Considerações
fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou ex-
traviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses ca- da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
sos, o socorro da autoridade pública: triplicada, se resulta a morte.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. A causa de aumento de pena é exclusivamente preterdo-
losa, o agente tem o dolo de se omitir (não presta o socorro)
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se
e disto, acaba resultando uma consequência não deseja pelo
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
omitente.
triplicada, se resulta a morte.
Essa norma penal tipifica a conduta omissa do agente que não Condicionamento de Atendimento
presta auxílio – desde que tal prestação não incorra em risco pes- Médico-Hospitalar Emergencial
soal – ou, quando não puder fazê-lo, deixa de pedir socorro para
autoridade pública. Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio
Classificação de formulários administrativos, como condição para o
É considerado um crime COMUM, visto que pode ser prati- atendimento médico-hospitalar emergencial:
cado por qualquer pessoa. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da Descrição do Crime
negativa de atendimento resulta lesão corporal de natu- Apenas pode ser executado pelos meios/condutas indica-
reza grave, e até o triplo se resulta a morte. dos no tipo penal, sendo as seguintes:
Esse delito tipifica a conduta do estabelecimento que ▷ Privar a vítima de alimentos ou cuidados indispensá-
presta atendimento médico-hospitalar emergencial e venha veis: caso a intenção do agente, ao privar a vitima de
a exigir cheque, nota promissória ou qualquer garantia, como alimentos, seja matá-la, responderá pelo crime de
também, que sejam preenchidos formulários como condição homicídio (tentado ou consumado);
necessária para que o socorro possa ser prestado. ▷ Sujeitar a vítima a trabalhos excessivos ou inade-
Existe ainda o aumento de pena, tratado no parágrafo úni- quados;
co, que é quando resulta em lesão corporal grave ou ainda a ▷ Abusar dos meios de disciplina ou correção.
morte. As formas qualificadas do crime de maus-tratos (lesão
Inserido no Código Penal pela Lei nº 12.653/2012 coibindo corporal de natureza grave e morte) são exclusivamente pre-
uma prática que era comum em estabelecimentos médico- terdolosas – conduta dolosa no antecedente e culpa no con-
-hospitalares particulares. sequente.
Maus-Tratos Aumenta-se a pena de 1/3 se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 anos.
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de Considerações
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer pri- A esposa não pode ser vítima de maus-tratos pelo ma-
vando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, rido, visto que não se encontra sob sua autoridade, guarda
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, ou vigilância. Desse modo, o marido poderá responder pelo
quer abusando de meios de correção ou disciplina: crime de lesão corporal (Art. 129 do CP).
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. Tratando-se de criança ou adolescente sujeita à autori-
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza dade, guarda ou vigilância de alguém e submetida a vexame
grave: ou constrangimento, aplica-se o Art. 232 da Lei nº 8.069/90
Pena - reclusão, de um a quatro anos. (ECA): submeter criança ou adolescente sob sua autorida-
§ 2º Se resulta a morte: de, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. pena: detenção de seis meses a dois anos.
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é prati- A diferença entre o crime de maus-tratos e o crime de
cado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. Tortura (Lei nº 9.455/97), reside no fato de que nesta a víti-
ma é submetida a intenso sofrimento físico ou mental como
Esse artigo tipifica a conduta do agente que pratique, sob
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forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter pre-
a pessoa que esteja subordinada à sua autoridade, guarda ou
vigilância, atos não condizentes como forma ou a pretexto de ventivo (Art. 1º, II, Lei nº 9.455/97).
educá-la, ensiná-la, tratá-la ou reprimi-la. Caso a vítima seja idosa, incide o crime previsto no Art. 99
da Lei nº 10.741/2003 - Estatuto do Idoso.
Classificação
Trata-se de um crime PRÓPRIO, ou seja, o sujeito ativo Da Rixa
deve ser superior hierárquico do sujeito passivo. Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os con-
É um crime comissivo ou omissivo, porém suas condutas tendores:
são vinculadas, ou seja, o artigo traz, expressamente, a forma Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
como a conduta do agente deve ocorrer. Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de na-
Haverá crime único desde que as condutas sejam pratica- tureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
das contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático. pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Sujeitos do Crime Introdução
Sujeito Ativo: é um crime próprio, ou seja, somente aquele A rixa é um conflito tumultuoso que ocorre entre três ou
que tem o sujeito passivo sob sua autoridade, guarda ou vigi- mais pessoas, acompanhada de vias de fato (luta, briga), em
lância, para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia. que os participantes desferem violências recíprocas, não sen-
Sujeito Passivo: é aquele que se encontra sob a autoridade, do possível identificar dois grupos distintos.
guarda ou vigilância de outra pessoa, para fins de educação, en-
sino, tratamento ou custódia. Classificação
É um crime comum, pois pode ser praticado por qualquer
Consumação e Tentativa pessoa.
O crime consuma-se com a exposição da vítima ao perigo. Ainda, enquadra-se em um delito plurissubjetivo, plurila-
Não se exige o dano efetivo. teral ou de concurso necessário, visto que, para configurar o
A conduta de privação de alimentos ou cuidados indispen- crime, devem existir no mínimo três pessoas. Por conseguinte,
sáveis (modalidade omissiva) não admite tentativa. Contudo, basta que apenas um dos participantes seja imputável (dois 49
as demais condutas admitem a tentativa. menores e um maior de 18 anos).
Também é considerado um crime de condutas contrapos- agravador – lesão corporal grave ou morte - todos aqueles que
50 tas, ou seja, todos os participantes estão trocando agressões participaram responderão na modalidade qualificada.
entre si, ora apanha, ora bate. Ainda, não importa se a morte ou a lesão corporal grave
Sujeitos do Crime seja produzida em um dos rixosos ou então em uma terceira
pessoa, alheia à rixa (apaziguador ou mero transeunte).
No crime de rixa, ao mesmo tempo em que o agente é
Há aqui três sistemas de punição:
sujeito ativo, ele também é um sujeito passivo, pois assim
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
como ele agride também está sofrendo uma agressão - reci- Sistema da solidariedade absoluta: se da rixa resultar
procidade. lesão grave ou morte, todos os participantes respondem
pelo evento (lesão grave ou homicídio), independentemen-
Consumação e Tentativa te de se apurar quem foi o seu real autor.
A consumação ocorre no momento em que os participan- Sistema da cumplicidade correspectiva: havendo lesão
tes iniciam as vias de fato ou ainda as violências recíprocas. grave ou morte, e não sendo apurado seu autor, todos os par-
Admite a tentativa, quando ocorre, por exemplo, a inter- ticipantes respondem por esse resultado, sofrendo, entretanto,
venção policial no momento em que iriam se iniciar as agres- sanção intermediária à de um autor e de um partícipe.
sões. Sistema da autonomia: a rixa é punida por si mesma, in-
dependentemente do resultado morte ou lesão grave, o qual,
Descrição do Crime se ocorrer, somente qualificará o delito. Apenas o causador da
Os três ou mais rixosos devem combater entre si, pois lesão grave ou morte, se identificado, é que responderá tam-
participa da rixa quem nela pratica, agressivamente, atos de bém pelos delitos dos Arts. 121 e 129 do CP.
violência material. O CP adotou o princípio ou sistema da autonomia, nos ter-
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Não há rixa quando lutam entre si dois ou mais grupos mos do Art. 137, parágrafo único:
contrários, perfeitamente definidos. Nesse caso, os membros Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de
de cada grupo devem ser responsabilizados pelos ferimentos natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na
produzidos nos membros do grupo contrário. rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
O crime pode ser praticado de forma comissiva (o agente
que participa efetivamente da rixa), ou omissiva (quando o Apontamentos
omitente podia e devia agir para evitar o resultado). Até mesmo o rixoso que sofreu lesão corporal grave res-
Ex.: O policial que assiste a três pessoas brigando entre ponde pela rixa qualificada (todos os que se envolvem no tu-
si e nada faz para impedir o resultado. multo, daí sobrevindo lesão corporal grave ou morte respon-
Não há crime na conduta de quem ingressou no tumulto dem pela rixa qualificada).
somente para separar os contendores. O resultado agravador (lesão corporal grave ou a morte)
Considerações pode ser doloso ou culposo, não se tratando de crime essen-
cialmente preterdoloso.
Sendo considerado um crime de perigo abstrato, para que
se configure o crime não há necessidade de que os participan- Caso o resultado seja lesões leves ou ocorra uma tentativa de
tes sofram lesões, o simples fato de participar da rixa já acar- homicídio, não é capaz de qualificar a rixa.
reta em crime. Dos Crimes Contra Honra
O contato físico é dispensável, sendo perfeitamente pos-
sível a rixa a distância com o arremesso de objetos, tiros, etc. Crime Conduta Honra ofendida
Há ofensa da honra objetiva.
Na possibilidade em que ocorre lesão corporal de natureza Calúnia: Art. Imputar fato criminoso Ofende-se a reputação, diz
leve em algum dos participantes e o agente que a causou pos- 138, CP sabidamente falso. respeito ao conceito perante
sa ser identificado, nessa hipótese, ele responderá pelo crime terceiros.
de rixa em concurso material com o crime de rixa, se resulta Imputar fato desonroso,
em lesão corporal grave/gravíssima ou a morte, estará confi- Difamação: em regra não importan-
Ofende-se a honra objetiva.
gurado o crime de rixa qualificada. Art. 139, CP do se verdadeiro ou
falso.
Quando houver briga entre torcidas, não configura rixa,
Ofende-se a honra subjetiva,
mas sim o tipo penal descrito no Art. 41-B da Lei nº 10.671/2003 Injúria: É a atribuição de quali-
a autoestima, ou seja, o que
– Estatuto do Torcedor - tem-se um tipo penal específico in- Art. 140, CP dade negativa.
a vítima pensa dela mesma.
cluído pela Lei nº 12.299/2010.
Rixa qualificada: também é conhecida como rixa comple-
Calúnia
xa, sendo: Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de fato definido como crime:
natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. § 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a im-
A rixa qualificada é um dos últimos resíduos da respon- putação, a propala ou divulga.
sabilidade penal objetiva - antigamente adotada pelo orde- § 2º É punível a calúnia contra os mortos.
namento jurídico brasileiro - pois, nesta hipótese, independe Exceção da Verdade
qual dos rixosos foi o responsável pela produção do resultado § 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:
I. Se, constituindo o fato imputado crime de ação Consumação
privada, o ofendido não foi condenado por senten- O crime de calúnia se consuma quando 3ª pessoa toma co-
ça irrecorrível; nhecimento do fato imputado. Não é necessário que a vítima
II. Se o fato é imputado a qualquer das pessoas in- tome conhecimento da ofensa.
dicadas no nº I do Art. 141; Calúnia X Denunciação Caluniosa
III. Se do crime imputado, embora de ação pública, Calúnia (Art. 138, CP) Denunciação Caluniosa (Art. 339, CP)
o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Dar causa à instauração de investigação
Honra objetiva (o que os outros pensam de mim). policial, de processo judicial, instau-
Caluniar alguém, imputan-
ração de investigação administrativa,
Sujeitos do Crime do-lhe falsamente fato
inquérito civil ou ação de improbidade
Sujeito Ativo/Passivo: qualquer pessoa (crime comum). definido como crime.
administrativa contra alguém, imputan-
Os mortos também podem ser caluniados, mas seus pa- do-lhe crime de que o sabe inocente.
rentes é que serão os sujeitos passivos do crime. Não há regra É crime contra a Administração da
É crime contra honra.
semelhante no tocante aos demais crimes contra a honra. Justiça.
Podem, ainda, serem vítimas os menores e os loucos. Regra: Ação Penal Privada. Ação Penal Pública Incondicionada.
A pessoa jurídica também pode ser sujeito passivo do Admite (é circunstância que importa na
Não admite a imputação
diminuição da pena pela metade (Art.
crime de calúnia, pois pode cometer crimes ambientais (Lei falsa de contravenção.
339 §2º, CP).
nº 9.605/98).
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a im-
Mas, observe-se que não podem praticar tal crime pessoas
putação, a propala ou divulga.
que desfrutam de inviolabilidade.
Ex.: Parlamentares. ▷ Propalar: relatar verbalmente.
Aqui se indaga se advogados são imunes à prática do cri- ▷ Divulgar: relatar por qualquer outro meio (panfle-
me de calúnia. Os advogados não têm imunidade profissional tos, outdoors, gestos etc).
na calúnia, possuindo a imunidade somente no que tange à Considerações
difamação e à injúria. Observa-se que também é punível a conduta daquele
Objeto Material que propaga, divulga a calúnia criada por outrem.
É a pessoa que tem sua honra objetiva ofendida. Responde pelo caput quem cria a falsidade e responde pelo
§ 1º do CP a pessoa que divulga (diversa da pessoa que criou – se
Núcleo do Tipo for a mesma pessoa, o §1º configura pos facto impunível).
A conduta típica consiste em caluniar alguém (imputar fal- Exclui-se o crime quando o agente age:
samente um fato definido como crime). ▷ Com animus jocandi: intenção de brincar.
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A imputação de fato definido como Contravenção Penal ▷ Com animus consulendi: intenção de aconselhar.
(Decreto-Lei nº 3.688/41) não constitui calúnia, pois não é crime,
▷ Com animus narrandi: intenção de narrar (é o ani-
mas poderá caracterizar difamação.
mus da testemunha).
Atribuir falsamente a alguém a prática de um fato atípico não
▷ Com animus corrigendi: intenção de corrigir.
constitui crime de calúnia, mas poderá configurar outro crime con-
tra a honra. ▷ Com animus defendendi: intenção de defender direito
Ex.: dano culposo. Exceção da Verdade
Fato Determinado § 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:
É imprescindível a imputação da prática de um fato deter- I. Se, constituindo o fato imputado crime de ação
minado, ou seja, de uma situação concreta, contendo autor, privada, o ofendido não foi condenado por senten-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções), desde que cou diretamente a injúria;
dirigida a ofender a honra alheia.
II. No caso de retorsão imediata, que consista em
Objetividade Jurídica outra injúria.
Honra objetiva (o que os outros pensam de mim). § 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
Objeto Material considerem aviltantes:
É a pessoa que tem sua honra objetiva ofendida.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,
Espécie de Honra Ofendida além da pena correspondente à violência.
A difamação ofende a honra objetiva. § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos refe-
rentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de
Consumação e Tentativa
pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Se consuma no momento em que um terceiro toma co-
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
nhecimento da ofensa.
Considerações Conceito
Morto não pode ser vítima de difamação. Injuriar é atribuir qualidade negativa à alguém.
Tendo em vista que pessoa jurídica tem reputação, então Espécie de Honra Ofendida
pode ser vítima de difamação. Ofende a honra subjetiva da pessoa (o que a pessoa acha
O crime é punido a título de dolo, sendo imprescindível a de si própria). A consumação ocorre quando a ofensa chega ao
vontade de ofender a reputação, a intenção de ofender a honra. conhecimento da vítima.
Em regra, admite tentativa. No caso de difamação verbal, Ofende a dignidade ou o decoro da vítima:
não se admite a tentativa.
Na injúria, é irrelevante o fato de a qualidade negativa atri-
Exceção da Verdade buída à vítima ser ou não verdadeira. Desse modo, se o agente
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se chama uma pessoa de gorda, com a intenção de injuriar, estará
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é configurado o crime de injúria, mesmo que a vítima seja mes-
relativa ao exercício de suas funções. mo gorda ou obesa.
Na difamação, a exceção da verdade somente é admitida ▷ Dignidade: ofende as qualidades morais da pessoa.
se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao Ex.: Chamar alguém de vagabundo.
exercício de suas funções. É indispensável a relação de causali- ▷ Decoro: ofende as qualidades físicas (Ex.: Chamar
dade entre a imputação e o exercício da função pública. alguém de monstro) ou intelectuais
Na difamação, a consequência da exceção da verdade, Ex.: Chamar alguém de retardado, idiota.
ao contrário da calúnia, atinge a ilicitude, e não a atipicida-
de da conduta, pois é uma hipótese especial de exercício Queixa-Crime ou Denúncia
regular do direito. A queixa-crime ou denúncia ajuizada pelo crime de injúria
A procedência da exceção da verdade na difamação gera deve descrever, minuciosamente sob pena de inépcia, quais
a absolvição, sendo uma forma especial de exercício regular foram as ofensas proferidas contra a vítima, por mais baixas e
de direito. repudiáveis que possam ser.
Formas de Execução O perdão judicial é causa de extinção da punibilidade (Art.
Pode ser praticado por ação ou omissão. 107, IX, CP). A sentença que concede o perdão judicial é decla-
Ex.: “A” estende a mão para cumprimentar “B” e este ratória da extinção da punibilidade (Súmula 18, STJ).
recusa o cumprimento. Só o perdão do ofendido tem que ser aceito, o perdão do
juiz não é oferecido, mas sim imposto.
Consumação e Tentativa Trata-se de um direito subjetivo do acusado, e não uma fa-
É crime de execução livre: pode ser praticado por meio culdade do juiz. Preenchidos os requisitos, o juiz deve perdoar.
de palavras, gestos, escritos etc. Aliás, pode ser praticado por ▷ Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
ação ou omissão (o único exemplo dado pela doutrina de in- diretamente a injúria;
júria por omissão é ignorar ou não retribuir um cumprimento,
como forma de humilhar a pessoa na frente de outras). A provocação tem que ser reprovável e direta.
▷ No caso de retorsão imediata, que consista em outra
Como a injúria protege a honra subjetiva, o crime se consu-
injúria.
ma quando a vítima toma conhecimento da injúria, dispensan-
do-se o efetivo dano à sua honra (é crime formal). Consuma Retorsão é o revide. Deve ser imediata. É modalidade anô-
mala de legítima defesa. Não há retorsão contra ofensa passa-
no momento em que o fato chega ao conhecimento da vítima,
da. Existe apenas retorsão imediata no crime de injúria.
dispensando efetivo dano a sua dignidade ou decoro.
A tentativa é possível somente na forma escrita. A injúria Injúria Real
realizada verbalmente não admite tentativa. § 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
Exceção da verdade: a injúria não admite exceção da que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
verdade, pois o ofensor atribui uma qualidade negativa à ví- considerem aviltantes:
tima e não um fato. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,
além da pena correspondente à violência.
Elemento Subjetivo É a injúria praticada com um meio de execução especial:
É o dolo (direto ou eventual). Não admite a modalidade mediante violência ou vias de fato. Aqui a violência ou as vias
culposa de injúria. de fato são o meio e a injúria é o fim. O agente usa da violência
Injúria Contra Funcionário Público X Desacato para injuriar.
Injúria contra funcionário público Desacato (Art. 331, CP) Ex.: Jogar ovos em um cantor, cuspir na cara, dar tapa
A ofensa é realizada na presença
no rosto.
Atribuir qualidade negativa ao Aviltantes: humilhantes.
do funcionário público no
funcionário público durante sua
ausência.
exercício da função ou em razão O meio de execução é a violência ou então as vias de fato.
dela. Se a injúria real for praticada com vias de fato, a vias de fato
É crime contra a Administração fica absorvida.
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É crime contra a honra.
Pública. A lei impõe o concurso material obrigatório entre as penas
Ação Penal Pública Incondicio- de injúria real e do resultante da violência (homicídio, lesão
Ação Penal Privada (Regra). corporal etc.).
nada.
Ex.: “A” Durante uma audiência Injúria Qualificada
Ex.: “A” Fala a seus vizinhos que o
judicial chama o Juiz de
Promotor da cidade é bandido. § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos refe-
corrupto.
rentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de
Considerações pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Atenção às imunidades! Quem detém imunidade por Pena - reclusão de um a três anos e multa.
palavras, opiniões e votos não pratica calúnia, injúria ou Assim como nos demais crimes contra a honra, a ofensa
difamação. São eles: senadores, deputados federais, depu- deve ser dirigida a pessoa ou pessoas determinadas.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam- Hipótese de crime plurissubjetivo ou de concurso necessá-
se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: rio. O pagamento, em ambos os casos, pode ser em dinheiro
I. Contra o Presidente da República, ou contra chefe ou qualquer outro bem e a vantagem não precisa ser necessa-
de governo estrangeiro; riamente econômica.
II. Contra funcionário público, em razão de suas Ex.: Promessa de emprego, de casamento, de favores
funções; sexuais.
III. Na presença de várias pessoas, ou por meio que Essa majorante não se aplica ao mandante, apenas ao executor.
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou
da injúria. Exclusão do Crime
IV. Contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou Art. 142. Não constituem injúria ou difamação punível:
portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. I. A ofensa irrogada em juízo, na discussão da cau-
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante sa, pela parte ou por seu procurador;
paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena II. A opinião desfavorável da crítica literária, artís-
em dobro. tica ou científica, salvo quando inequívoca a inten-
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Este artigo não traz qualificadoras, mas sim causas de au- ção de injuriar ou difamar;
mento de pena, majorantes (a serem consideradas pelo juiz na III. O conceito desfavorável emitido por funcionário
terceira fase de aplicação da pena). público, em apreciação ou informação que preste
É uma majorante aplicada a todos os crimes do capítulo – no cumprimento de dever do ofício.
injúria, difamação e calúnia. Nenhum desses crimes escapa do Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e III, responde pela
aumento quando preenchidos os requisitos. injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
Aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é co- Esse dispositivo não se aplica ao crime de calúnia, pois há
metido: neste crime o interesse do Estado e da sociedade em realizar
I. Contra o Presidente da República, ou contra chefe a sua apuração.
de governo estrangeiro; Ex.: advogado diz que o promotor foi subornado pelo
A pena é aumentada de 1/3, em razão da importância das réu para pedir sua absolvição.
funções desempenhadas pelo Presidente da República e pelo A imunidade é relativa: para a maioria, a ressalva exarada
chefe de governo estrangeiro. A conduta criminosa, além de pela expressão salvo quando se tem intenção de injuriar ou
atentar contra a honra de uma pessoa, ofende também os in- difamar se aplica não apenas ao inciso II, como também aos
teresses de toda a nação que ela representa. incisos I e III. Esse é o entendimento da maioria.
II. Contra funcionário público, em razão de suas Nas hipóteses dos incisos I e III responde pela injúria ou difa-
funções. mação aquele que dá publicidade ao fato. É imprescindível, para
Esse aumento de pena não se aplica quando a conduta se tanto, o animus ofendendi.
refere à vida privada do funcionário público. I. A ofensa irrogada em juízo, na discussão da cau-
É necessário o nexo de causalidade entre a ofensa e o exer- sa, pela parte ou por seu procurador;
cício da função pública. Esta excludente de ilicitude não se aplica quando a ofensa
III. Na presença de várias pessoas, ou por meio que é dirigida ao juiz (magistrado), pois este não é parte na causa.
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou Para o advogado, de acordo com o Art. 7º, § 2º, da Lei nº
da injúria. 8.906/94 (Estatuto da OAB): O advogado tem imunidade pro-
A expressão “várias pessoas” se refere a no mínimo três fissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato pu-
pessoas. Não se incluindo neste número o ofensor, a vítima e níveis em qualquer manifestação de sua parte, no exercício de
eventuais coautores e partícipes. sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções
O STF, após o julgamento da ADPF nº 130-7/DF decidiu que disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.
a Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67) não foi recepcionada pela A expressão ou desacato foi declarada inconstitucional pelo
CF/88. Desse modo, aos crimes contra a honra praticados por STF, nos autos da ADIN 1.127-8. Desse modo, o advogado pode
meio da imprensa (oral ou escrita) serão aplicadas as disposi- praticar o crime de desacato.
ções do Código Penal (Arts. 138 a 145). II. A opinião desfavorável da crítica literária, artís-
IV. Contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou tica ou científica, salvo quando inequívoca a inten-
portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. ção de injuriar ou difamar;
Esse inciso foi inserido no CP pela Lei nº 10.741/03 (Estatuto III. O conceito desfavorável emitido por funcionário
do Idoso). O ofensor tem que ter conhecimento da idade da víti- público, em apreciação ou informação que preste
ma no momento do crime. no cumprimento de dever do ofício.
Cuida-se de modalidade especial de estrito cumprimento Espécies de Ação Penal
do dever legal. A regra geral é que os crimes contra a honra (Calúnia/Difa-
Ex.: Delegado de Polícia que, ao relatar o inquérito poli- mação/Injúria) são de Ação Penal privada.
cial, refere-se ao indiciado como pessoa de alta periculo- ▷ Todavia, há três exceções:
sidade, covarde e impiedoso.
» Pública Condicionada: a requisição do Ministro
Retratação da Justiça (crime contra o Presidente da Repú-
blica ou chefe de governo estrangeiro);
Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retra- » Pública Condicionada: a representação do
ta cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento ofendido (crime contra funcionário público em
de pena. razão de suas funções ou crime de injúria quali-
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha ficada – discriminação);
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de » Pública incondicionada: injúria real se resulta
meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim lesão corporal.
desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se Crime contra a honra de funcionário público: Tratando-
praticou a ofensa. se de ofensa em razão da função, a ação penal é pública con-
É necessário observar que, retratação não se confunde dicionada a representação.
com confissão da calúnia ou da difamação. Retratar-se é escu- Tratando-se de ofensa sem vínculo com a função pública,
sar-se, retirar o que disse, trazer a verdade novamente à tona. a ação penal é privada.
Trata-se de causa extintiva da punibilidade.
Súm. 714, STF. É concorrente a legitimidade do ofendi-
Se o querelado se retrata, há exclusão do crime, mas isso do mediante queixa e do MP condicionada a represen-
não importa em exclusão de indenização na seara cível. tação do ofendido, para a ação penal por crime contra
Atente-se que, somente em relação a calúnia e a difama- a honra de servidor público em razão do exercício de
ção há possibilidade de retratação, não abrangendo a injúria. suas funções.
Atente-se que, na lei de imprensa, havia previsão relativa a
injúria, mas esta não foi recepcionada pela CF, nos termos de Dos Crimes Contra
decisão proferida pelo STF.
Na retratação não se exige a concordância do ofendido.
Liberdade Individual
A retratação deve ser total e incondicional. Deve ainda, Dos Crimes contra a Liberdade Pessoal
abranger tudo o que foi dito pelo ofensor. Constrangimento ilegal
Pedido de Explicações Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou
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grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias,
responde pela ofensa. Aumento de Pena
Possui as seguintes características: § 1º As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro,
▷ É medida facultativa, pois a vítima não precisa dele quando, para a execução do crime, se reúnem mais de
se valer para o oferecimento da ação penal. três pessoas, ou há emprego de armas.
▷ Somente pode ser utilizado antes do ajuizamento da § 2º Além das penas cominadas, aplicam-se as corres-
ação penal. pondentes à violência.
▷ Não possui procedimento específico. § 3º Não se compreendem na disposição deste artigo:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
▷ Não interrompe ou suspende o prazo decadencial. I. A intervenção médica ou cirúrgica, sem o consenti-
mento do paciente ou de seu representante legal, se
O requerido não pode ser compelido a prestar as informa-
justificada por iminente perigo de vida;
ções solicitadas. Desse modo, caso se omita, não poderá sofrer
II. A coação exercida para impedir suicídio.
qualquer espécie de sanção.
Ameaça
Ação Penal
Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou ges-
Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente to, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe
se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do mal injusto e grave:
Art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do
Parágrafo único. Somente se procede mediante repre-
Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do Art. sentação.
141 deste Código, e mediante representação do ofendi-
do, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no Sequestro e Cárcere Privado
caso do § 3º do Art. 140 deste Código. (Redação dada Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante se- 55
pela Lei nº 12.033. de 2009). questro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos. Consuma-se com a efetiva privação da liberdade ou
56 § 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: locomoção da vítima.
I. Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge A tentativa é perfeitamente difícil já que a privação da li-
ou companheiro do agente ou maior de 60 (ses- berdade pode ser antecedida de violência e se o agente age
senta) anos; de forma violenta, mas não consegue privar sua liberdade por
II. Se o crime é praticado mediante internação da circunstâncias alheias a sua vontade, terá havido tentativa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
dem ser vítimas do delito? A liberdade de movimento não dei- da vítima, até sua libertação.
xa de existir quando se exerce à custa de aparelhos ou com o IV. Crime praticado contra menor de 18 anos: neste
auxílio de outrem. inciso basta que a vítima seja maior de 18 anos ao fi-
Essa é a posição que prevalece no Brasil. Há doutrinadores nal do sequestro, pouco importando se tinha menos
estrangeiros que afirmam que não seria esse o delito, mas sim que 18 anos no inicio do cárcere.
o de constrangimento ilegal em se tratando de pessoas que não V. Se praticado com fins libidinosos: trata-se de
podem se locomover. ação penal pública incondicionada (e não ação pri-
Caso a vítima seja Presidente da República, do SF, CD e vada, como era anterior a 2005).
STF, e, havendo motivação política, o delito pode ser consi- Redução a Condição Análoga à de Escravo
derado crime contra a Segurança Nacional (Art. 28 da Lei nº
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de es-
7.170/83).
cravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a
▷ Conduta: é a privação da liberdade. Pode ser execu- jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições de-
tada mediante: gradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer
» Sequestro: é privação da liberdade sem confi- meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com
namento. o empregador ou preposto:
Ex.: Sítio, casa. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da
» Cárcere Privado: é a privação da liberdade com pena correspondente à violência.
confinamento. § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
Ex.: Porão. I. Cerceia o uso de qualquer meio de transporte por
Quando o crime for praticado mediante cárcere privado, parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
deve fixar esse meio mais gravoso na fixação da pena. de trabalho;
▷ O crime pode ser praticado por ação ou omissão. II. Mantém vigilância ostensiva no local de trabalho
Ex.: Médico que não concede alta para paciente já cura- ou se apodera de documentos ou objetos pessoais
do. do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de
▷ Tipo subjetivo: O dolo é a finalidade especial do trabalho.
crime. § 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é co-
Se a finalidade for obter vantagem econômica, o delito metido:
será o previsto no Art. 159 do CP. Se o fim for satisfazer preten- I. Contra criança ou adolescente;
são, deixa de ser o delito do Art. 148 e passa a ser o delito pre-
II. Por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, re-
visto no Art. 345 (exercício arbitrário das próprias razões). Ex.:
médico que não concede alta para paciente com a finalidade ligião ou origem.
de satisfazer pretensão tida como legítima – pagamento do Dos Crimes contra a
tratamento – o delito será de exercício arbitrário das próprias
razões. Inviolabilidade do Domicílio
Na hipótese em que a finalidade é causar sofrimento físico Violação de Domicílio
ou mental, o delito será o de tortura. Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosa-
▷ Consumação e tentativa: Trata-se de delito per- mente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de
manente, e sua consumação se protrai no tempo. direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 4º Somente se procede mediante representação, sal-
§ 1º Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar vo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.
ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou Correspondência Comercial
por duas ou mais pessoas:
Art. 152. Abusar da condição de sócio ou empregado
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da de estabelecimento comercial ou industrial para, no
pena correspondente à violência. todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir
§ 2º Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é come- correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:
tido por funcionário público, fora dos casos legais, ou Pena - detenção, de três meses a dois anos.
com inobservância das formalidades estabelecidas em
Parágrafo único. Somente se procede mediante repre-
lei, ou com abuso do poder.
sentação.
§ 3º Não constitui crime a entrada ou permanência em
casa alheia ou em suas dependências: Dos Crimes contra a
I. Durante o dia, com observância das formalidades Inviolabilidade dos Segredos
legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
II. A qualquer hora do dia ou da noite, quando al-
Divulgação de Segredo
gum crime está sendo ali praticado ou na iminência Art. 153. Divulgar alguém, sem justa causa, conteú-
de o ser. do de documento particular ou de correspondência
confidencial, de que é destinatário ou detentor, e
§ 4º A expressão “casa” compreende:
cuja divulgação possa produzir dano a outrem:
I. Qualquer compartimento habitado;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
II. Aposento ocupado de habitação coletiva;
§ 1º Somente se procede mediante representação.
III. Compartimento não aberto ao público, onde al-
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas
guém exerce profissão ou atividade.
ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não
§ 5º Não se compreendem na expressão “casa”: nos sistemas de informações ou banco de dados da
I. Hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita- Administração Pública:
ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
nº II do parágrafo anterior; § 2º Quando resultar prejuízo para a Administração Pú-
II. Taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. blica, a ação penal será incondicionada.
Dos Crimes contra a Inviolabilidade Violação do Segredo Profissional
de Correspondência Art. 154. Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de
que tem ciência em razão de função, ministério, ofício
Ş
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Violação de Correspondência ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a
Art. 151. Devassar indevidamente o conteúdo de cor- outrem:
respondência fechada, dirigida a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único. Somente se procede mediante repre-
sentação.
Sonegação ou Destruição de Correspondência
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, co-
§ 1º Na mesma pena incorre:
nectado ou não à rede de computadores, mediante
I. Quem se apossa indevidamente de correspon- violação indevida de mecanismo de segurança e com
dência alheia, embora não fechada e, no todo ou o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou infor-
em parte, a sonega ou destrói; mações sem autorização expressa ou tácita do titular
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) tração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o O crime de furto está descrito no rol dos crimes contra o pa-
crime for praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, trimônio, mais precisamente, no Título II do Código Penal. Furto
de 2012) é se apropriar de algo alheio para si ou para outra pessoa.
I - Presidente da República, governadores e prefei- Existem várias modalidades de furto, dentre as quais se desta-
tos; (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) cam: o furto de coisa comum, furto privilegiado e o furto qualifica-
do. Há que se distinguir furto de roubo: a principal diferença entre
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (In- os dois é que no roubo há emprego de violência e no furto não há.
cluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Se- Bem Jurídico Tutelado
nado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, Tutela-se a propriedade, a posse e a detenção, desde que
da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de legítimas.
Câmara Municipal; ou (Incluído pela Lei nº 12.737,
de 2012) Classificação
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IV - dirigente máximo da administração direta e indi- É considerado um crime COMUM (praticado por qualquer pes-
reta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. soa) e MATERIAL (para sua consumação exige um resultado).
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) É um crime doloso (ânimo de assenhoramento definitivo
Ação penal da coisa. Vontade de se tornar dono / proprietário do bem).
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Sujeitos do Crime
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, so- Sujeito Ativo: qualquer pessoa (exceto o proprietário).
mente se procede mediante representação, salvo se o Sujeito Passivo: qualquer pessoa (proprietário, possuidor
crime é cometido contra a administração pública direta ou detentor do bem). Pode ser pessoa física ou jurídica.
ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados,
Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas con- Consumação e Tentativa
cessionárias de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº De acordo com a teoria da inversão da posse, ocorre a
12.737, de 2012) consumação do furto no momento em que o bem sai da esfera
de disponibilidade da vítima e passa para a do autor do delito.
5. Dos Crimes Contra o Patrimônio E de acordo com o STJ não se exige a posse mansa e pa-
cífica do bem para a sua consumação, bastando que o agente
Do Furto obtenha a simples posse do bem, ainda que por um curto pe-
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
ríodo de tempo.
móvel: Precedentes do STJ e STF considera-se consumado o cri-
me de furto com a simples posse, ainda que breve, do bem
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
subtraído, não sendo necessária que a mesma se dê de forma
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é pra- mansa e pacífica, bastando que cesse a clandestinidade, ainda
ticado durante o repouso noturno. que por curto espaço de tempo.
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão Furto Consumado
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou Há perda dos bens subtraídos;
aplicar somente a pena de multa. APF (Auto de Prisão em Flagrante) de apenas um dos
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou agentes e fuga dos comparsas;
qualquer outra que tenha valor econômico. Subtração e posse de apenas parte dos bens;
Furto Qualificado APF (Auto de Prisão em Flagrante) no caso de flagrante
§ 4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, presumido.
se o crime é cometido: Por circunstâncias alheias à vontade do agente, este
a) com destruição ou rompimento de obstáculo à
não consegue consumar o furto. É admitida a tentativa,
subtração da coisa; pois se trata de crime material (exige resultado).
b) com abuso de confiança, ou mediante fraude, Tipo Subjetivo
escalada ou destreza; O delito é punido a título de dolo. Mas, atente-se que é
c) com emprego de chave falsa; necessária a vontade de apoderamento definitivo, ou seja, a
d) mediante concurso de duas ou mais pessoas. intenção de não mais devolver a coisa à vítima.
O furto de uso é fato atípico. Mas para ser caracterizado o Coisa subtraída de pequeno valor: bem cujo valor seja de
furto de uso são necessários três requisitos: a internação desde até um salário mínimo na data do fato.
o início de uso momentâneo da coisa, ser coisa não consumível
“Coisa de pequeno valor” não se confunde com “coisa de
(infungível) e a restituição seja imediata e integral à vítima.
valor insignificante”. A primeira, se também presente a prima-
Qual crime pratica o proprietário que subtrai coisa sua na
legítima posse de terceiro? Há prática do delito de exercício riedade do agente, enseja a incidência do privilégio; a segunda
arbitrário das próprias razões. E, aqui, pode se enquadrar no conduz à atipicidade do fato, em decorrência do princípio da
Art. 345 ou 346 do CP, a depender da qualidade da posse do insignificância (criminalidade de bagatela).
agente. Presentes estes dois requisitos legais, o juiz é obrigado a
E a coisa pública de uso comum, pode ser objeto material aplicar o privilégio ao criminoso (direito subjetivo do acusado).
de furto?
A coisa pública, de uso comum, a todos pertence, não Furto Qualificado-Privilegiado
podendo ser subtraída e configurar furto. Sucede que, depen- O STF aceita a possibilidade de se aplicar o privilégio (Art.
dendo da situação, há possibilidade da prática de crime am- 155, §2º, CP) às figuras qualificadas (Art. 155, §§ 4º e 5º, CP)
biental, do delito de usurpação de águas e do crime de dano. desde que não haja imposição isolada de pena de multa em de-
Ex.: Furto de parte de estátua. corrência do privilégio.
A vigilância física ou eletrônica em estabelecimentos comer- STF entendeu que no furto qualificado pelo concurso de
ciais torna o crime impossível? Primeiramente, deve-se analisar agentes, não há óbice ao reconhecimento do privilégio, desde
a natureza do equipamento. Se, por exemplo, se tem um equi- que estejam presentes os requisitos ensejadores de sua aplica-
pamento que impede por si só a saída do estabelecimento com ção, quais sejam, a primariedade do agente e o pequeno valor
o bem seria configurado o crime impossível. O fato de haver câ- da coisa furtada.
meras ou seguranças apenas dificulta a consumação. § 3º. Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
Furto Noturno qualquer outra que tenha valor econômico.
Art. 155, § 1º, CP. A pena aumenta-se de um terço, se o Trata-se de normal penal interpretativa. Entende por qual-
crime é praticado durante o repouso noturno. quer outra energia térmica, mecânica, radioatividade e gené-
O repouso noturno só era aplicado ao furto simples (caput). tica (sêmen de animal).
Porém a jurisprudência hoje admite a previsão do aumento de
pena tanto para o furto simples (caput) quanto para o furto qua- Furto de Sinal de TV a Cabo
lificado (§§ 4º, 5º). 1ª Corrente: não é crime. A energia se consome, se esgota
Aplica-se esta causa de aumento de pena, desde que o e pode, inclusive, terminar, ao passo que sinal de TV não se
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fato seja praticado durante o repouso noturno. gasta, não diminui. É adotada por Bittencourt.
Não importa se a casa estava ou não habitada, ou o seu mo- 2ª Corrente: o furto de sinal de TV se encaixa no §3º do
rador estava ou não dormindo (divergência). Art. 155, pois é uma forma de energia. É uma corrente adotada
Aplica-se esta majorante, também, aos furtos cometidos pelo STJ.
durante o repouso noturno em veículos estacionados em vias Furto de Energia X estelionato no Consumo de Energia
públicas, bem como em estabelecimentos comerciais (Diver-
Estelionato no Consumo de
gência jurisprudencial). Furto de Energia Elétrica
Energia
Repouso Noturno Noite No furto de energia elétrica, o Nesse caso o agente está
agente não está autorizado via autorizado, via contrato, a gastar
Período em que as pessoas se recolhem em contrato, a gastar energia. energia.
Ausência de luz solar.
suas casas para descansarem (dormirem).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Caso a violência seja empregada após a consumação do R do ou facilitando a substrução. percepção da realidade.
furto, o agente responderá por furto em concurso com o crime A
Há a subtração do bem sem que
Ocorre a entrega espontânea (em-
U bora viciada) do bem pela vítima
de dano (Art. 163). a vítima perceba.
D ao agente.
De acordo com Fernando Capez, o furto da bolsa para Ex.: “A” e “B”, banidos, se dis-
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obter o que está em seu interior não qualifica o delito, pois a farçam de técnicos de TV a cabo Ex.: “A” se disfarça de manobrista e
bolsa não é obstáculo e sim forma de transportar as coisas. O e pedem para consertar a TV de fica parado em frente a um restau-
“C”. Enquanto “C” permanece em rante. “B” entrega seu veículo para
obstáculo seria um cadeado. seu quarto “A” e “B” aproveitam que o falso manobrista o estacione.
Há decisões que entendem pela aplicabilidade da qualifi- sua distração para furtar objetos “A” desaparece com o carro.
na sala de estar.
cadora quando há ligação direta no veículo.
III. Com emprego de chave falsa;
II. Com abuso de confiança, ou mediante fraude, Segundo alguns autores, chave falsa é todo o instrumento,
escalada ou destreza; com ou sem forma de chave, destinado a abrir fechaduras
▷ Confiança é circunstância subjetiva incomunicável o Ex.: Grampos, arames, estiletes, micha etc.
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concurso de pessoas (Art. 30, CP). A chave verdadeira, obtida fraudulentamente, não gera a
Ex.: Famulato (furto praticado por empregado domésti- qualificadora do inciso III.
co contra o patrão). IV. Mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Essa qualificadora pressupõe dois requisitos: Responderá por furto qualificado mesmo se um dos inte-
▷ A vítima tem que depositar, por qualquer motivo (amiza- grantes for menor de 18 anos.
de, parentesco, relações profissionais etc.), uma especial § 5º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a
confiança no agente; subtração for de veículo automotor que venha a ser trans-
portado para outro Estado ou para o exterior.
▷ O agente deve se aproveitar de alguma facilidade
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se
decorrente da confiança nele depositada para co-
a subtração for de semovente domesticável de produ-
meter o crime. ção, ainda que abatido ou dividido em partes no local
A vítima tem que depositar, por qualquer motivo (amiza- da subtração.
de, parentesco, relações profissionais etc.), uma especial con-
fiança no agente; Considerações Gerais
O agente deve se aproveitar de alguma facilidade decor- Bens Imóveis e Energia Elétrica
rente da confiança nele depositada para cometer o crime. Os bens considerados imóveis pela legislação civil e que
puderem ser deslocados de um local para outro podem ser
Furto Mediante Abuso de Confiança Apropriação Indébita
objeto de furto.
O agente exerce a posse em
O agente tem mero contato com a coisa.
nome de outrem.
Ex.: Navios, prédios, terrenos, carro, moto, animal de es-
O agente pode até ter posse, mas essa é uma timação, celular.
O agente tem posse
posse precária vigiada. A energia elétrica ou qualquer outra que possua valor eco-
desvigiada
O dolo é superveniente à nômico é equiparada a coisa móvel (Art. 155, § 3º, CP).
O dolo está presente desde o início da posse.
posse. Ex.: Energia genética, energia nuclear, energia mecâni-
Fraude é o artifício (emprego de algum objeto, instru- ca. Desse modo, a ligação clandestina de energia elétrica
mento ou vestimenta para enganar o titular do bem) ou ardil “gato” é crime de furto.
(conversa enganosa), isto é, o meio enganoso empregado pelo Modalidades de Furto
agente para diminuir a vigilância da vítima ou de terceiro sobre
Abigeato: furto de gado.
um bem móvel, permitindo ou facilitando sua subtração.
Famulato: furto praticado pelo empregado doméstico
▷ A fraude como qualificadora há de ser empregada an- contra o patrão. Não precisa ser realizado na residência do pa-
tes ou durante a subtração da coisa, ou seja, antecede a trão, pode ser em qualquer lugar.
consumação do crime. Furto famélico: hipótese em que o agente subtrai alimentos
▷ Um ponto muito relevante é a diferenciação entre fur- para saciar sua fome ou de sua família, pois se encontra em situa-
to mediante fraude e estelionato. ção de extrema miséria e pobreza.
Destreza: trata-se de peculiar habilidade física ou manual O furto famélico configura estado de necessidade, preen-
permitindo ao agente despojar a vítima sem que esta perceba. chidos os seguintes requisitos:
Ex.: Batedores de carteira ou punguistas. ▷ Fato praticado para mitigar a fome;
▷ Que haja subtração de coisa capaz de contornar Ex.: Cabelo.
imediatamente e diretamente a emergência (fome). Cadáver pode ser objeto de furto, desde que possua dono.
▷ Inevitabilidade do comportamento lesivo. Ex.: Cadáver de faculdade de medicina.
§ 5º A pena é de reclusão de três a oito anos, se a sub-
▷ Impossibilidade de trabalho ou insuficiência dos re-
tração for de VEÍCULO AUTOMOTOR que venha a ser
cursos auferidos. transportado para outro Estado ou para o exterior. (In-
Somente pode ser aplicado o furto famélico àquele que cluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
está desempregado? Não. Caso os recursos obtidos sejam in- Esta majorante só incide quando o furto for de veículo
suficientes, pode ser reconhecido o furto famélico. automotor, não abrangendo embarcação nem aeronave, além
disso, o veículo automotor deve ser levado para outro Estado
Princípio da Insignificância no Furto ou país. Esqueceu-se de colocar o DF na qualificadora, porém a
O princípio da insignificância é causa supralegal de exclu- doutrina penal entende que o DF está abrangido também, pois
são da tipicidade (o fato não será crime). o legislador ao utilizar a expressão Estado considerou os entes
Exige a Presença dos Seguintes Requisitos da federação, dentre eles o DF.
Requisitos objetivos: mínima ofensividade da conduta; au- Não basta a intenção de ultrapassar os limites do Estado
sência de periculosidade social; reduzido grau de reprovabilida- ou do país, sendo necessário que este ato seja consumado.
de do comportamento; e inexpressividade da lesão jurídica. Furto de Coisa Comum
Requisitos subjetivos: importância do objeto material para
Art. 156. Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para
a vítima (situação econômica + valor sentimental do bem); e cir-
si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a
cunstâncias e resultado do crime.
coisa comum:
O princípio da insignificância, desde que presentes seus re-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
quisitos objetivos e subjetivos, é em tese aplicável tanto ao furto
simples como ao furto qualificado. § 1º Somente se procede mediante representação.
Ex.: Duas pessoas, em concurso de agentes, furtam uma § 2º Não é punível a subtração de coisa comum fungível,
penca de bananas. cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
Subtração de cartão bancário ou de crédito: não há crime
de furto (princípio da insignificância). Eventual utilização do
Do Roubo e da Extorsão
cartão, para saques em dinheiro ou compras em geral, carac- Roubo
teriza o crime de estelionato (Art. 171, CP).
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para ou-
Apontamentos trem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa,
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Principais diferenças entre os crimes que mais são confun- ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
didos em provas de concurso: impossibilidade de resistência:
• Furto X Apropriação Indébita Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
O furto é diferente da apropriação indébita (Art. 168, CP), pois § 1º Na mesma pena incorre quem, LOGO DEPOIS de sub-
no primeiro a posse é vigiada e a subtração reside exatamente na traída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave
retirada do bem desta esfera de vigilância. Já no segundo, a vítima ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a
entrega ao agente a posse desvigiada de um bem. detenção da coisa para si ou para terceiro.
• Furto X Peculato § 2º A pena aumenta-se de um terço até metade:
I. Se a violência ou ameaça é exercida com empre-
O funcionário público que subtrai ou concorre para que
go de arma;
seja subtraído bem público ou particular, que se encontra sob
II. Se há o concurso de duas ou mais pessoas;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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Tem por finalidade conceder maior proteção às pessoas nante e morreu em razão da grave ameaça empregada, mo-
que prestam serviços relacionados ao transporte de valores, mento em que “A” subtrai a bolsa da vítima. Nesta situação,
exclui-se o proprietário dos bens. “A” responderá por roubo consumado em concurso formal
Ex.: Carros-fortes, office-boys, estagiários, funcionários com homicídio culposo.
de bancos etc. Segundo o Art. 1º da Lei nº 8.072/90, O latrocínio, consu-
Exige-se que o agente tenha conhecimento desta circuns- mado ou tentado, é crime hediondo.
tância. De acordo com a Súmula 603 do STF a competência
• Se a subtração for de veículo automotor que ve- para o processo e julgamento do latrocínio é do Juiz Singu-
nha a ser transportado para outro Estado ou para lar e não do Tribunal do Júri. Isso ocorre porque o latrocínio
o exterior é crime contra o patrimônio e o Tribunal do Júri só julga os
crimes dolosos contra a vida.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Extorsão Qualificada
Extorsão Art. 158, § 2º, CP. Aplica-se à extorsão praticada me-
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou gra- diante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
ve ameaça, e com o intuito de obter para si ou para ou- Se, da violência resulta lesão corporal grave (7 a 15
trem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que anos), se resulta morte (20 a 30 anos).
se faça ou deixar fazer alguma coisa: Se, o resultado agravador (lesão corporal grave ou morte)
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. ocorrer em razão da grave ameaça empregada, o agente res-
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ponderá pelo crime de Extorsão simples (caput).
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um A extorsão qualificada pela morte, consumada ou tentada
terço até metade. é crime hediondo (Art. 1º, IV, Lei nº 8.072/90).
§ 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
• Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima
o disposto no § 3º do artigo anterior.
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da li-
liberdade da vítima, e essa condição é necessária
berdade da vítima, e essa condição é necessária para a
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É possível concurso de crimes de roubo e extorsão, por Elemento Subjetivo
exemplo o agente, após roubar o carro da vítima, a obriga a Dolo + (especial fim de agir) com o fim de obter, para si
entregar o cartão 24h com a senha, conforme STJ. ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço
do resgate. Não se admite a modalidade culposa.
Extorsão Mediante Sequestro
Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para Espécie da Vantagem
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição A maioria da doutrina entende que a vantagem deve ser
ou preço do resgate: econômica e indevida.
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. Se a vantagem for devida, o agente responderá pelos
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) ho- crimes de sequestro (Art. 148) e exercício arbitrário das pró-
ras, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior prias razões (Art. 345) em concurso formal.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
libertação possuía mais de 60 anos, pois o crime de extorsão A redução da pena da delação premiada não se comunica
mediante sequestro é crime permanente (a consumação pro- aos demais coautores ou partícipes que não denunciaram o
longa-se no tempo por vontade do agente). fato à autoridade (circunstância pessoal), pois não facilita-
E se o crime se deu em exatas 24 horas, incide a qualifi- ram a libertação do refém.
cadora? Não. Tem que ser mais de 24 horas. Extorsão Indireta
Se o crime é cometido por associação criminosa e esta for
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida,
usada para qualificar o delito, não pode haver a punição pelo
abusando da situação de alguém, documento que
Art. 288 do CP, sob pena de ocorrência do bis in idem.
pode dar causa a procedimento criminal contra a víti-
§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: ma ou contra terceiro:
Pena - reclusão de 16 a 24 anos. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 3º Se resulta a morte: O crime de extorsão se consuma no momento em que é
Pena - reclusão de 24 a 30 anos. realizada a conduta de constrangimento mediante o uso de
No roubo e na extorsão só existe a qualificadora quan- violência ou grave ameaça, portanto considerado crime for-
do a lesão corporal de natureza grave ou a morte resultam mal. A obtenção da vantagem indevida configura mero exau-
da “violência”, ao passo que nesta hipótese o crime será rimento do crime.
qualificado quando do FATO resultar lesão corporal de na-
tureza grave ou morte. Portanto o resultado agravador pode Da Usurpação
ser provocado por violência própria, violência imprópria ou Alteração de Limites
GRAVE AMEAÇA.
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qual-
Não incidirá esta qualificadora se o resultado agravador for quer outro sinal indicativo de linha divisória, para apro-
produzido por força maior, caso fortuito ou culpa de terceiro. priar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Ex.: cai um raio no barraco onde a vítima era mantida Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
em cativeiro e esta morre.
§ 1º Na mesma pena incorre quem:
A morte ou lesão corporal grave podem ter sido provo-
cadas dolosa ou culposamente. Não é crime exclusivamente Usurpação de Águas
preterdoloso (dolo no antecedente e culpa no consequente). I. Desvia ou represa, em proveito próprio ou de ou-
A pena da extorsão mediante sequestro qualificada pela trem, águas alheias;
morte (24 a 30 anos) é a maior do Código Penal. Esbulho Possessório
Delação Premiada II. Invade, com violência a pessoa ou grave ameaça,
§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o concorrente ou mediante concurso de mais de duas pessoas,
terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho
que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do possessório.
sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. § 2º Se o agente usa de violência, incorre também na
É causa especial de diminuição da pena que somente pode pena a esta cominada.
ser aplicada pelo Juiz (Delegados e Promotores não podem). § 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego de
Requisitos para a incidência deste parágrafo: violência, somente se procede mediante queixa.
Supressão ou Alteração de Núcleos do Tipo
Marca em Animais Destruir: extinguir a coisa (dano físico total).
Ex.: Quebrar totalmente um espelho; queimar um tele-
Art. 162. Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado fone celular.
ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de pro- Inutilizar: tornar uma coisa imprestável aos fins a que se
priedade: destina.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Ex.: Retirar a bateria de um carro.
Deteriorar: estragar parcialmente um bem, diminuindo-
Do Dano lhe o valor ou a utilidade (dano físico parcial).
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Ex.: Riscar a lataria de um veículo.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Sujeitos do Crime
Dano Qualificado Sujeito Ativo: é crime comum, pode ser praticado por
Parágrafo único. Se o crime é cometido: qualquer pessoa, exceto o proprietário da coisa.
I. Com violência à pessoa ou grave ameaça; Se o proprietário danificar coisa própria, que se acha
II. Com emprego de substância inflamável ou explosi- em poder de terceiro por determinação judicial ou conven-
va, se o fato não constitui crime mais grave; ção, responderá pelo previsto no Art. 346, CP.
III. Contra o patrimônio da União, Estado, Municí- Sujeito Passivo: qualquer pessoa (proprietário ou possui-
pio, empresa concessionária de serviços públicos dor legítimo da coisa).
ou sociedade de economia mista; Elemento Subjetivo
IV. Por motivo egoístico ou com prejuízo considerá- É o Dolo. A finalidade do agente deve ser unicamente des-
vel para a vítima: truir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, Importante: não existe o crime de dano culposo.
além da pena correspondente à violência. Se o dano constituir-se em meio para a prática de outro
Objetividade Jurídica crime, ou então como qualificadora de outro crime, será por
este absorvido. Ex.: Furto qualificado pela destruição ou rom-
Patrimônio das pessoas físicas ou jurídicas.
pimento de obstáculo (Art. 155, § 4º, I, CP): o dano, crime-
Não há crime de dano quando a conduta do agente recair meio, será absorvido pelo furto, crime-fim.
sobre res derelicta (coisa abandonada) ou res nullius (coisa
de ninguém). Todavia se a conduta recair sobre res despedita Consumação e Tentativa
(coisa perdida) haverá crime, pois se trata de coisa alheia. É crime material. Desse modo, ele se consuma quando
o agente efetivamente destrói, inutiliza ou deteriora a coisa
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Objeto Material alheia. A tentativa é plenamente possível.
Coisa alheia, móvel ou imóvel, sobre a qual incide a con-
duta do agente. Dano Simples
O crime de dano simples (caput) é IMPO, Infração de Me-
Dano em Documentos (Públicos ou Privados) nor Potencial Ofensivo, de competência do Juizado Especial
Se o agente danificou para impedir utilização do docu- e de ação penal privada (Art. 167, CP).
mento como prova de algum fato juridicamente relevante,
Classificação Doutrinária
responderá pelo crime de supressão de documento (Art. 305,
CP). Todavia, se a conduta foi praticada unicamente com o Crime comum / material / doloso / de forma livre / instan-
tâneo / plurissubjetivo / de concurso eventual e não transeun-
objetivo de prejudicar o patrimônio da vítima, responderá o
te (deixa vestígios materiais).
agente pelo crime de dano (Art. 163, CP).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
ção de matá-lo, e efetivamente alcançou este resultado Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
responderá pelo crime de homicídio qualificado (Art.
121, §2º, III, CP). Alteração de Local
De acordo com o Art. 167 do CP, nesta hipótese de dano, a Especialmente Protegido
ação penal será pública incondicionada. Art. 166. Alterar, sem licença da autoridade competen-
Contra o Patrimônio da União, Estado, Mu- te, o aspecto de local especialmente protegido por lei:
nicípio, Empresa Concessionária de Serviços Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Públicos ou Sociedade de Economia Mista Ação Penal
Não incide esta qualificadora na hipótese de dano contra Art. 167. Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo
o patrimônio de autarquias, empresas públicas, fundações pú- e do Art. 164, somente se procede mediante queixa.
blicas e empresas permissionárias de serviços públicos. Res-
ponderá o agente pelo crime de dano simples nesta situação. Da Apropriação Indébita
Também não incide esta qualificadora na conduta prati-
cada contra imóveis locados ou usados pelos entes descritos Apropriação Indébita
neste inciso.
Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem
De acordo com o entendimento do STJ, o preso que da- a posse ou a detenção:
nifica (destrói, deteriora ou inutiliza) as paredes e grades da
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
cela dos presídios ou delegacias, com o objetivo de fuga não
responde pelo crime de dano. Vejamos uma jurisprudência so- Aumento de Pena
bre o tema: § 1º. A pena é aumentada de um terço, quando o agen-
Conforme entendimento, há muito fixado nesta Corte te recebeu a coisa:
Superior (STF), para a configuração do crime de dano, I. Em depósito necessário;
previsto no Art. 163 do CPB, é necessário que a vontade II. Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
seja voltada para causar prejuízo patrimonial ao dono inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
da coisa (animus nocendi). Dessa forma, o preso que III. Em razão de ofício, emprego ou profissão.
destrói ou inutiliza as grades da cela onde se encontra,
com o intuito exclusivo de empreender fuga, não comete Conceito
crime de dano. 2. Parecer do MPF pela concessão da A principal característica do crime de apropriação indébita
ordem. 3. Ordem concedida, para absolver o paciente é a existência de uma situação de quebra de confiança, pois a
do crime de dano contra o patrimônio público (Art. 163, vítima entrega, voluntariamente, uma coisa móvel ao agente,
Parágrafo Único, III, do CPB). e este, logo após, inverte seu ânimo no tocante ao bem, pas-
De acordo com o Art. 167 do CP, nesta hipótese de dano a sando a comportar-se como seu dono.
ação penal será pública incondicionada. Objetividade Jurídica
Por Motivo Egoístico ou com Prejuí- Patrimônio.
zo Considerável para a Vítima Objeto Material
Motivo egoístico é aquele ligado à obtenção de um futuro Coisa alheia móvel sobre a qual recai a conduta criminosa
benefício, de ordem moral ou econômica. Ex.: “A” e “B” foram (imóveis não).
Para o STJ é possível a prática do crime de apropriação A pessoa recebe a posse ou
O agente já possuía a intenção
indébita de coisas fungíveis (móveis que podem substituir-se detenção de coisa de maneira
de se apropriar do bem antes de
por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade). legítima, surgindo a vontade de
alcançar a sua posse ou detenção.
Ex.: Dinheiro. se apropriar posteriormente.
Núcleo do Tipo Ex.: Pessoa vai a uma locadora de Ex.: Pessoa vai a uma locadora
veículos, aluga um veículo, gosta de veículos, já com a intenção de
É o verbo “apropriar” que significa tomar para si, fazer sua dele e decide não devolver. alugar o veículo e não devolvê-lo.
coisa alheia.
• Posse/Detenção Legítima e Desvigiada Consumação
Ocorre no momento em que o agente inverte seu ânimo
A posse ou a detenção do bem deve ser LEGÍTIMA e tam-
em relação a coisa alheia móvel, ou seja, ele passa a se com-
bém desvigiada. Desse modo, o crime de apropriação indébita
portar como dono do bem. Pode se dar de duas maneiras:
deve preencher os seguintes requisitos:
Se consuma com a prática de algum ato de disposição
A vítima entrega o bem voluntariamente: se houver fraude Apropriação do bem, incompatível com a condição de possuidor ou
para a entrega o crime será de estelionato, se houver violência indébita detentor.
ou grave ameaça à pessoa o crime será de roubo ou de extor- própria
Ex.: Vender, doar, permutar, emprestar o bem.
são. Negativa de Se consuma no momento em que o agente se recusar
O agente tem a posse ou detenção desvigiada do bem: se restituição expressamente a devolver o bem ao seu proprietário.
a posse ou detenção for vigiada e o bem for retirado da vítima
sem sua autorização o crime será de furto. Tentativa
O agente recebe o bem de boa-fé: se ao receber o bem o A apropriação indébita própria admite tentativa.
agente já tinha a intenção de apropriar-se dele, o crime será de Ex.: “A” é preso em flagrante no momento em que doava
estelionato. Obs.: a boa-fé é presumida. os DVDs de “B”, do qual tinha a posse legítima e desvi-
giada.
Modificação posterior no comportamento do agente: após
A apropriação indébita negativa de restituição não admite
entrar licitamente (de boa-fé) na posse ou detenção da coisa,
tentativa (conatus), pois é crime unissubsistente: ou o sujeito
o agente passa a se comportar como se fosse dono. Momento
recusa a devolver o bem, e o crime estará consumado, ou o de-
em que apresenta seu ânimo de assenhoramento definitivo
volve ao dono, e o fato será atípico.
(animus rem sibi habendi). Essa alteração no comportamento
do agente ocorre de duas formas: Ação Penal
a) Prática de algum ato de disposição (venda, doação, A Ação Penal é pública incondicionada.
locação, troca etc.). Também conhecida como apro- Competência
priação indébita própria.
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Local em que o agente se apropria da coisa alheia móvel,
b) Recusa na restituição (a vítima solicita a devolução dela dispondo ou negando-se a restituí-la ao seu titular. (Art.
do bem e o agente expressamente se recusa a devol- 70, caput, CPP).
ver). Também denominada negativa de restituição.
Quando o crime de apropriação indébita for praticado por
Sujeitos do Crime algum representante (comercial ou não) da vítima, a competên-
Sujeito Ativo: qualquer pessoa, desde que tenha a posse cia será do local em que o agente deveria ter prestado contas
ou detenção lícita da coisa alheia móvel. Sempre pessoa di- dos valores recebidos.
versa do proprietário. Classificação Doutrinária
Sujeito Passivo: proprietário ou possuidor (pessoa física Crime comum / material / de forma livre / de concurso even-
ou jurídica) do bem. tual / doloso / em regra plurissubsistente, ou unissubsistente (ne-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
recebeu a coisa:
I. Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
I. Em depósito necessário; portância destinada à previdência social que tenha
II. Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquida- sido descontada de pagamento efetuado a segura-
tário, inventariante, testamenteiro ou depositário dos, a terceiros ou arrecadada do público;
judicial; II. Recolher contribuições devidas à previdência so-
cial que tenham integrado despesas contábeis ou
III. Em razão de ofício, emprego ou profissão.
custos relativos à venda de produtos ou à prestação
A pena será aumentada de um terço quando o agente re- de serviços;
cebeu a coisa: III. Pagar benefício devido a segurado, quando as
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reem-
Em Depósito Necessário bolsados à empresa pela previdência social.
De acordo com a doutrina majoritária, esta causa de au- § 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontanea-
mento de pena incide apenas no depósito necessário miserá- mente, declara, confessa e efetua o pagamento das
vel, previsto no Art. 647, II, CC (é o que se efetua por ocasião contribuições, importâncias ou valores e presta as in-
de alguma calamidade, como inundação, incêndio, saque ou formações devidas à previdência social, na forma de-
finida em lei ou regulamento, antes do início da ação
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naufrágio).
fiscal.
Na Qualidade de Tutor, Curador, Síndi- § 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar
co, Liquidatário, Inventariante, Testa- somente a de multa se o agente for primário e de bons
antecedentes, desde que:
menteiro ou Depositário Judicial I. Tenha promovido, após o início da ação fiscal e an-
O fundamento do tratamento penal mais rigoroso repousa tes de oferecida a denúncia, o pagamento da contri-
na relevância das funções exercidas pelas pessoas indicadas buição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
neste inciso, as quais recebem coisas alheias para guardar con- II. O valor das contribuições devidas, inclusive aces-
sigo, necessariamente, até o momento da devolução. sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
previdência social, administrativamente, como sen-
A palavra “síndico” deve ser substituída pela expressão “ad- do o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
ministrador judicial”, em razão da alteração ocorrida pela Lei nº fiscais.
11.101/2005 (Lei de Falência e Recuperação Judicial do Empresá-
rio e da Sociedade Empresária). Objetividade Jurídica
Seguridade social (saúde, previdência e assistência social
Em Razão de Ofício, Emprego ou Profissão - Art. 194, CF/88). Não se trata de crime contra o patrimônio.
Não necessita de relação de confiança entre o agente e a
vítima. Objeto Material
Contribuição previdenciária arrecadada e não recolhida.
Prestação de serviço em subordinação e dependência.
Emprego Núcleo do Tipo
Ex.: Dono de um supermercado e seus funcionários.
Deixar de repassar, significa deixar de recolher. (Recolher
Ocupação mecânica ou manual, que necessita de um é depositar a quantia recebida - descontada ou cobrada).
determinado grau de habilidade, e que seja útil ou
Ofício necessário às pessoas em geral. É crime omissivo próprio ou puro (não admite tentativa).
Ex.: Mecânico, sapateiro etc. Lei Penal em Branco Homogênea
Atividade em que não há hierarquia e necessita de Deve ser complementada pela legislação previdenciária
Profissão conhecimentos específicos (técnico e intelectual). em relação aos prazos de recolhimento.
Ex.: Advogado, dentista, médico, arquiteto, contador etc.
Sujeitos do Crime
Apropriação Indébita Privilegiada Sujeito Ativo: qualquer pessoa, crime comum (admite
O Art. 170 do Código Penal dispõe o seguinte: coautoria e participação).
Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o dis- Sujeito Passivo: União Federal.
posto no Art. 155, § 2º. Competência
Art. 155, § 2º, CP. Se o criminoso é primário, e é de peque- Sendo o sujeito ativo União Federal, a competência será da
no valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de Justiça Federal (crime praticado em detrimento dos interesses
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, da União).
ou aplicar somente a pena de multa.
Portanto, é possível a caracterização da apropriação in- Elemento Subjetivo
débita privilegiada, em qualquer de suas espécies. É o dolo.
É dispensável (prescindível) o fim de assenhoramento A hipótese do inciso I não se aplica mais, em razão regra
definitivo (animus rem sibi habendi), pois o núcleo do tipo é contida no Art. 9, §2º, Lei nº 10.684/03 e do entendimento do
“deixar de repassar”, e não “apropriar-se” como no crime de STJ sobre o assunto.
apropriação indébita. Justa Causa e Prévio Esgotamento
Não se admite a forma culposa. da Via Administrativa
Consumação Lei nº 9.430/96. Dispõe sobre a legislação tributária
Para a maioria da doutrina é crime formal. Para o STF é federal, as contribuições para a seguridade social, o
crime material, pois deve haver a efetiva lesão aos cofres da processo administrativo de consulta; e dá outras pro-
União. vidências:
Se a conduta for praticada mediante fraude, o crime será Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos
de sonegação de contribuição previdenciária, previsto no Art. crimes contra a ordem tributária previstos nos Arts. 1º e 2º
337-A, CP. da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes
contra a Previdência Social, previstos nos Arts. 168-A e
É Crime Unissubsistente 337-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940
A conduta se exterioriza em um único ato, suficiente para (Código Penal), será encaminhada ao Ministério Público
a consumação. depois de proferida a decisão final, na esfera administrati-
Ação Penal va, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspon-
dente. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010).
Ação penal pública incondicionada.
§ 1º Na hipótese de concessão de parcelamento do
Hipótese de Dificuldades Financeiras crédito tributário, a representação fiscal para fins pe-
Firmou-se o entendimento de que há inexigibilidade de con- nais somente será encaminhada ao Ministério Público
duta diversa (causa supralegal de exclusão da culpabilidade). após a exclusão da pessoa física ou jurídica do parce-
O STJ já decidiu que o fato é atípico em face da ausência lamento. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011).
de dolo. § 2º É suspensa a pretensão punitiva do Estado refe-
rente aos crimes previstos no caput, durante o período
Extinção da Punibilidade em que a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada
§ 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontanea- com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no
mente, declara, confessa e efetua o pagamento das parcelamento, desde que o pedido de parcelamento
contribuições, importâncias ou valores e presta as in- tenha sido formalizado antes do recebimento da de-
formações devidas à previdência social, na forma de- núncia criminal. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011).
finida em lei ou regulamento, antes do início da ação § 3º A prescrição criminal não corre durante o período
fiscal.
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de suspensão da pretensão punitiva. (Incluído pela Lei
A ação fiscal tem início com a lavratura do Termo de Início nº 12.382, de 2011).
da Ação Fiscal (TIAF). § 4º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no
Para que ocorra a extinção da punibilidade, devem-se caput quando a pessoa física ou a pessoa jurídica re-
preencher, cumulativamente, três requisitos: lacionada com o agente efetuar o pagamento integral
▷ Espontânea declaração e confissão do débito; dos débitos oriundos de tributos, inclusive acessórios,
▷ Prestação de informações à Previdência Social; que tiverem sido objeto de concessão de parcelamen-
▷ Pagamento integral do débito previdenciário ANTES to. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011).
do início da Ação Fiscal.
Princípio da Insignificância
Para o STJ o pagamento integral do débito previdenciário,
ANTES ou DEPOIS do recebimento da denúncia, é causa de Para o STF, é possível a aplicação do princípio da insigni-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
extinção da punibilidade (Art. 9º, § 2º, Lei nº 10.684/03). HC ficância (causa supralegal de exclusão da tipicidade - o fato
63.168/SC. não será crime) quando o valor do débito previdenciário não
ultrapassar R$10.000,00 (dez mil reais). O fundamento está
Perdão Judicial e Aplicação Iso- no Art. 20 da Lei nº 10.522/2002, que determina o arquiva-
lada de Pena de Multa mento das execuções fiscais, sem cancelamento na distribui-
§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou apli- ção, quando os débitos inscritos como dívida ativa da União
car somente a de multa se o agente for primário e de não excedam este valor.
bons antecedentes, desde que: Forma Privilegiada
I. Tenha promovido, após o início da ação fiscal e an- Nos termos do Art. 170 do CP aplica-se o Art. 155, § 2º, para
tes de oferecida a denúncia, o pagamento da contri- este crime (forma privilegiada).
buição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
II. O valor das contribuições devidas, inclusive Apropriação de Coisa Havida por Erro,
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabele-
cido pela previdência social, administrativamente, Caso Fortuito ou Força da Natureza
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas Art. 169. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao 71
execuções fiscais. seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Classificação
72 Parágrafo único. Na mesma pena incorre: É um crime COMUM, ou seja, pode ser praticado por qual-
Apropriação de Tesouro quer pessoa.
I. Quem acha tesouro em prédio alheio e se apro- É um crime instantâneo - consuma-se no momento da prá-
pria, no todo ou em parte, da quota a que tem di- tica do ato - com efeitos permanentes.
reito o proprietário do prédio;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
de taxímetro.
fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui- Se a vítima for incapaz ou alienada, o crime será o do Art.
nhentos mil réis a dez contos de réis. 173 do CP: abuso de incapazes - Abusar, em proveito próprio
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o
ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor,
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o dispos- ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo
to no Art. 155, § 2º. qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem: jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro.
Disposição de Coisa Alheia Como Própria Consumação e Tentativa
I. Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou ADMITE tentativa, ademais a fraude deve ser idônea a lu-
em garantia coisa alheia como própria; dibriar a vítima, pois, do contrário, será crime impossível em
Alienação ou Oneração Fraudulenta de Coisa Própria face da ineficácia absoluta do meio de execução (Art. 17 do
II. Vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia CP).
coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, Consuma-se com a obtenção da vantagem ilícita causando o
ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
prejuízo à vitima, passando pelos momentos de:
pagamento em prestações, silenciando sobre qual-
quer dessas circunstâncias; ▷ Emprego de fraude pelo agente;
Defraudação de Penhor ▷ Situação de erro na qual a vítima é colocada ou man-
III. Defrauda, mediante alienação não consentida tida;
pelo credor ou por outro modo, a garantia pigno- ▷ Obtenção de vantagem ilícita pelo agente;
ratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na Entrega de Coisa ▷ Prejuízo sofrido pela vítima.
IV. Defrauda substância, qualidade ou quantidade Descrição
de coisa que deve entregar a alguém;
A vantagem ilícita deve ser de natureza econômica (pa-
Fraude para Recebimento de Indenização ou Valor de Seguro
trimonial): se a vantagem for lícita, estará configurado o cri-
V. Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa pró- me de exercício arbitrário das próprias razões, Art. 345 do CP:
pria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão,
consequências da lesão ou doença, com o intuito de
embora legítima, salvo quando a lei o permite.
haver indenização ou valor de seguro;
Fraude no Pagamento por Meio de Cheque ▷ Daí que o STF entendeu que o ponto eletrônico, ou a
cola eletrônica são fatos atípicos em face da inexis-
VI. De instituto de economia popular, assistência
social ou beneficência. tência de vantagem econômica. Esse foi o entendi-
mento prevalecente, apesar de haver minoria do STF
§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometi-
do contra idoso. que afirma tratar-se de fato típico.
Esse crime tem o objetivo de punir a conduta do agente ▷ O silêncio pode ser usado como meio fraudulento
que, utilizando-se de uma fraude, induz ou mantém alguém para a prática de estelionato, bem como a mentira
em erro, no intuito de obter uma vantagem ilícita sobre essa (tem que ser fraudulenta).
vítima. ▷ A fraude bilateral não exclui o crime.
Formas de Execução enquanto o título não é convertido em valor material, não há
Ardil - caracteriza-se pela fraude de forma intelectual, efetivo proveito do agente, podendo ser impedido de realizar
fraude moral, representada pela conversa enganosa. É a lábia. a conversão por circunstâncias alheias a sua vontade. Assim,
Ex.: “A”, alegando ser especialista em conserto de com- o crime ainda está na fase de execução. (MAJORITÁRIA).
putadores, convence “B” a entregar-lhe seu notebook Figuras Equiparadas
para conserto.
Artifício - caracteriza-se pela fraude de forma material. § 2º Nas mesmas penas incorre quem:
O agente utiliza algum instrumento ou objeto para enganar a • Disposição de Coisa Alheia como Própria
vítima. I. Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
Ex.: “A” se disfarça de manobrista e fica parado na por- em garantia coisa alheia como própria;
ta de um restaurante para que “B” voluntariamente lhe Nessa situação, admite-se que o bem seja móvel ou imó-
entregue seu carro. Ou ainda, aquele que utiliza o bilhe- vel. É quando o agente, na posse do bem de um terceiro, utili-
te premiado ou um documento falso. za-o como se fosse próprio.
Qualquer Outro Meio Fraudulento - é uma situação de in- Ex.: O inquilino de um imóvel, que aluga para uma ter-
terpretação analógica.
ceira pessoa por um valor superior, na intenção de obter
Ex.: O silêncio. “A” comerciante entrega a “B”, cliente, lucro, sem o consentimento ou ciência do proprietário
troco além do devido, mas este nada fala e nada faz, fi-
real do imóvel.
cando com o dinheiro para si.
Estelionato e Crime Impossível - Qualquer que seja o meio • Alienação ou Oneração Fraudulenta de Coisa Própria
de execução (artifício, ardil ou outro meio fraudulento) empre- II. Vende, permuta, dá em pagamento ou em ga-
gado na prática da conduta, somente haverá a tentativa quando rantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou
litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a tercei-
apresentar idoneidade para enganar a vítima. A idoneidade leva
ro, mediante pagamento em prestações, silencian-
em conta as condições pessoais do ofendido. do sobre qualquer dessas circunstâncias;
Se o meio fraudulento for capaz de enganar a vítima, esta- Nessa situação, o bem é da própria pessoa, podendo tam-
rá caracterizado o conatus. Caso não tenha intenção de iludir bém ser imóvel ou móvel.
a vítima ou apresente-se grosseiro será crime impossível, pois Ex.: O agente vende veículo para três pessoas ao mes-
há impropriedade absoluta do meio de execução. (Art. 17 do mo tempo, no entanto, tal bem se encontra em busca e
CP). apreensão por falta de pagamento, existe um ônus judi-
Estelionato e Reparação do Dano: a reparação do cial sobre o patrimônio.
dano não apaga o crime de estelionato, porém, depen- Trata-se de crime de duplo resultado: vantagem + prejuízo,
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dendo do momento que ocorrer a indenização à vítima, punindo-se aquele que pratica um dos núcleos do tipo, silen-
podem ocorrer as seguintes situações: ciando sobre a circunstância.
▷ Se ANTERIOR ao RECEBIMENTO da DENÚNCIA ou • Defraudação de Penhor
QUEIXA, é possível o reconhecimento do arrepen-
III. Defrauda, mediante alienação não consentida
dimento posterior, isso irá diminuir a pena de um a
dois terços, nos termos do Art. 16 CP. pelo credor ou por outro modo, a garantia pigno-
ratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
▷ Se ANTES da SENTENÇA, pode ser aplicada a ate-
nuante genérica de acordo com o Art. 65, III, c, parte Seria a hipótese em que, um devedor, recebendo algo
final, do CP. como penhor (garantia) de um credor, pratica ato de posse
▷ Se POSTERIOR à SENTENÇA, não surte efeito algum. do bem, sem o consentimento dele (credor).
Ex.: Um empresário resolve penhorar seu veículo para le-
Estelionato Privilegiado
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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ção de vantagem ilícita em prejuízo alheio. § 1º Alterar em obra que lhe é encomendada a qualida-
de ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso,
Competência pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor va-
O Art. 70 do CPP prevê que a competência será, em re- lor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como
gra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração. precioso, metal de outra qualidade:
Verifica-se nesta regra que no estelionato o juízo competente Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
será o do local em que o sujeito obteve a vantagem ilícita em § 2º É aplicável o disposto no Art. 155, § 2º.
prejuízo alheio.
Súm. 107, STJ. Compete à justiça comum estadual pro- Outras Fraudes
cessar e julgar crime de estelionato praticado mediante Art. 176. Tomar refeição em restaurante, alojar-se em
falsificação das guias de recolhimento das contribuições hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
previdenciárias, quando não ocorre lesão à autarquia federal. de recursos para efetuar o pagamento:
É crime de competência da Justiça Estadual. No entanto, Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
será de competência da Justiça Federal quando for praticado Parágrafo único. Somente se procede mediante repre-
em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou suas sentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias,
entidades autárquicas ou empresas públicas. (Art. 109, IV, CF). deixar de aplicar a pena.
Súm. 48, STJ. Compete ao juízo do local da obtenção da
vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato Fraudes e Abusos na Fundação ou
cometido mediante falsificação de cheque. Esta súmula Administração de Sociedade por Ações
está relacionada ao crime definido pelo estelionato em Art. 177. Promover a fundação de sociedade por ações,
sua modalidade fundamental (caput). fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público
Súm. 521, STF. O foro competente para o processo e julga- ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição
mento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a
emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o ela relativo:
do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato 75
(Ou seja, local da agência bancária) não constitui crime contra a economia popular.
§ 1º Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui Receptação Qualificada
76 crime contra a economia popular: § 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter
I. O diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, ex-
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balan- por à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
ço ou comunicação ao público ou à assembleia, faz próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
afirmação falsa sobre as condições econômicas da industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
em parte, fato a elas relativo; § 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito
II. O diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de irregular ou clandestino, inclusive o exercício em re-
outros títulos da sociedade; sidência.
III. O diretor ou o gerente que toma empréstimo à § 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de ter- pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela con-
ceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia au- dição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
torização da assembleia geral; meio criminoso:
IV. O diretor ou o gerente que compra ou vende, Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
por conta da sociedade, ações por ela emitidas, ambas as penas.
salvo quando a lei o permite; § 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
V. O diretor ou o gerente que, como garantia de isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
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crédito social, aceita em penhor ou em caução § 5º Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode
ações da própria sociedade; o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar
VI. O diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o dis-
desacordo com este, ou mediante balanço falso, dis- posto no § 2º do Art. 155.
tribui lucros ou dividendos fictícios; § 6º Tratando-se de bens e instalações do patrimônio
VII. O diretor, o gerente ou o fiscal que, por inter- da União, Estado, Município, empresa concessionária
posta pessoa, ou conluiado com acionista, conse- de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a
gue a aprovação de conta ou parecer; pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.
VIII. O liquidante, nos casos dos nºs I, II, III, IV, V e Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir,
VII; ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de
produção ou de comercialização, semovente domesti-
IX. O representante da sociedade anônima estran-
cável de produção, ainda que abatido ou dividido em
geira, autorizada a funcionar no País, que pratica os partes, que deve saber ser produto de crime: (Incluído
atos mencionados nos nºs I e II, ou dá falsa informa- pela Lei nº 13.330, de 2016)
ção ao Governo.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 2º Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem
Esse artigo tipifica a conduta do agente que adquire, re-
para si ou para outrem, negocia o voto nas delibera-
cebe, transporta, conduz, dentre outras condutas, com intuito
ções de assembleia geral.
de obter vantagem, produto de crime (furto, roubo, extorsão,
Emissão Irregular de Conhecimento estelionato etc.). É considerado como delito, a conduta de
adquirir (receptação própria), como a de influenciar para que
de Depósito ou “Warrant” uma terceira pessoa adquira esses produtos (receptação im-
Art. 178. Emitir conhecimento de depósito ou warrant, própria).
em desacordo com disposição legal:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Classificação
A conduta do caput é considera como um crime comum,
Fraude à Execução pois pode ser praticada por qualquer agente. Ademais, no § 1º,
Art. 179. Fraudar execução, alienando, desviando, des- considera-se um crime PRÓPRIO, pois exige uma qualidade es-
truindo ou danificando bens, ou simulando dívidas: pecífica do agente, devendo ele ser comerciante ou industrial,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. mesmo que ele exerça de forma clandestina ou ilegal.
Parágrafo único. Somente se procede mediante queixa. Ex.: Um ferro velho que vende peças de veículos furtados.
A receptação é crime acessório, pois depende da existên-
Da Receptação cia do crime anterior. Não é necessário que o crime anterior
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou seja contra o patrimônio.
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe Ex.: Receptar bem oriundo do crime de corrupção passiva.
ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de É um crime de ação múltipla e conteúdo variado, ou seja,
boa-fé, a adquira, receba ou oculte: a prática de várias condutas contra o mesmo bem, caracteriza
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. crime único (adquire e vende).
O bem imóvel não pode ser objeto material do crime de ▷ Desproporção entre valor e preço;
receptação, somente bens móveis. ▷ Condição de quem a oferece.
Sujeitos do Crime No crime de receptação simples (caput) é necessário que o
agente tenha certeza de que o bem é produto de crime, pois,
Sujeito Ativo (caput): pode ser qualquer pessoa, exceto em caso de dúvida (culpa ou dolo eventual), o agente respon-
quem seja autor ou coautor do crime antecedente (furto, ex- derá pelo crime de receptação culposa (§ 3º).
torsão, roubo).
Sujeito Ativo (da receptação qualificada §1º): é um crime Norma Penal Explicativa
próprio, somente aquela pessoa que desempenha atividade § 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido
comercial ou industrial. ou isento de pena o autor do crime de que proveio a
Ex.: Dono de ferro velho de carros e peças usadas. coisa.
▷ Admite a participação. Ainda que ocorra a extinção da punibilidade do crime an-
▷ A atividade deve ser habitual ou contínua. tecedente, haverá o crime de receptação (Art. 180 do CP).
Ex.: A morte do agente do crime anterior, prescrição etc.
Sujeito Passivo: é a vítima do crime anterior, ou seja, don-
de veio o produto do furto. Esse parágrafo dá certa autonomia ao crime de receptação
em relação ao crime antecedente.
Consumação e Tentativa Ex.: Ricardo, menor de idade, subtrai o DVD de um
Receptação Própria (caput): Adquirir, receber - crime ma- veículo e o vende a Pedro, o qual conhece a origem cri-
minosa do bem. Nesta situação, mesmo sendo Ricardo
terial/instantâneo - transportar, conduzir ou ocultar - crime
inimputável, Pedro responderá pelo crime de receptação.
permanente - ambos admitem a tentativa.
Segundo alguns autores, a receptação é crime acessório
Receptação Imprópria (2ª parte do caput): INFLUIR - cri-
e pressupõe outro crime para que exista. Sucede que não há
me FORMAL e UNISSUBSISTENTE - NÃO admite tentativa.
submissão à punição do crime principal para que seja punido,
Descrição ou seja, sua punição é independente.
Se o crime pressuposto está prescrito ou teve extinta a pu-
Própria: adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar,
nibilidade, não desaparece a receptação.
em proveito próprio ou alheio, coisa que SABE ser produto de
crime. Receptação Privilegiada
Imprópria: ou Influir para que terceiro, de boa-fé, a adqui- § 5º Na hipótese do § 3º. Receptação CULPOSA. se o cri-
ra, receba ou oculte: minoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração
Na receptação imprópria, caso o agente influenciador seja as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
o autor do crime antecedente, responderá APENAS por este Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do Art. 155:
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delito, e não pela receptação. Trata-se de post factum impuní- Art. 155, § 2º. Se o criminoso é primário, e é de pequeno
vel (Ex.: “A” coautor do furto de um computador, influi para valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de re-
que “B”, de boa-fé, o compre). clusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços,
Considerações ou aplicar somente a pena de multa.
A expressão “coisa que sabe” é indicativa de dolo direto A receptação privilegiada (2ª parte do §5º) somente se
e implicitamente abrange o dolo eventual? Prevalece que, a aplica à receptação dolosa (própria ou imprópria); culposa e
expressão coisa que sabe indica apenas dolo direto. Assim, o qualificada NÃO!
caput do artigo não pune o dolo eventual. Receptação dolosa (caput)
Imaginando que Rogério venda um carro à Vânia. Após uma Receptação Culposa (§3º) +
semana que vendeu o carro, Vânia fica sabendo que o carro é + Criminoso primário
produto de crime, mas permanece com ele. Houve prática de re-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Criminoso primário +
ceptação? Nesse caso, não se pode esquecer que se trata de dolo + Coisa de pequeno valor
superveniente, e esse não configura o crime. Assim, o dolo super- Tendo em consideração as =
veniente não configura o crime. A má-fé deve ser contemporânea circunstâncias Art. 155, §2º, CP:
a qualquer das condutas previstas no tipo. = Substituir a pena de reclusão pena
Perdão Judicial de detenção;
Receptação Culposa (Juiz deixa de aplicar a pena) Diminuí-la de um a dois terços ou
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou aplicar somente a pena de multa.
pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela con- Causa de Aumento de Pena
dição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
§6º Tratando-se de bens e instalações do patrimônio
meio criminoso: (Alterado pela Lei nº 9.426, de 1996):
da União, Estado, Município, empresa concessionária
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa, de serviços públicos ou sociedade de economia mista,
ou ambas as penas. a pena prevista no caput deste artigo APLICA-SE EM
É necessário observar três circunstâncias que indicam ser o DOBRO.
bem produto de crime: Aplicável somente para a receptação SIMPLES (caput). 77
▷ Sua natureza; Não se aplica à receptação qualificada nem à culposa.
É possível a receptação da receptação, por exemplo, “A” É aplicada a imunidade na violência doméstica e familiar
78 adquire um relógio produto de furto e o vende a “B”, este ven- contra a mulher no ambiente familiar?
de o mesmo bem a “C” ciente de sua origem criminosa. 1ª Corrente: para Maria Berenice Dias, jurista brasileira, não
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, se admite imunidade patrimonial na violência doméstica e fa-
ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de miliar contra a mulher, benefício afastado pelo Art. 7º, IV, da
produção ou de comercialização, semovente domesti- Lei nº 11.340/06.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
cável de produção, ainda que abatido ou dividido em 2ª Corrente: diz que a Lei Maria da Penha não vedou, ex-
partes, que deve saber ser produto de crime: pressamente, qualquer imunidade, diferente do Estatuto do
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Idoso que vedou a imunidade para o idoso.
Tem prevalecido a 2ª Corrente.
Disposições Gerais
Imunidades Penais Absolutas 6. Dos Crimes Contra a Dignidade
ou Escusas Absolutórias Sexual
Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos
crimes previstos neste título, em prejuízo: Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual
I. Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II. De ascendente ou descendente, seja o parentes-
Estupro
co legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
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Trata-se de causa de extinção da punibilidade. permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
No caso do inciso I, abrange-se também a união estável, os Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
separados de fato e ainda as uniões homoafetivas. § 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
Não importa o Regime de comunhão de bens do casamento. grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior
de 14 (catorze) anos:
Ex.: Separação total de bens. Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
No caso do inciso II, não se aplica esta escusa na hipótese § 2ºSe da conduta resulta morte:
de parentesco por afinidade (sogra, genro, cunhado...). Ou- Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
trossim, verifica-se que não há abrangência aos colaterais e
afins. Sujeitos
Sujeito Ativo: na conjunção carnal, podem ser sujeitos ati-
Imunidade Patrimonial Relativa vo e passivo tanto homem quanto mulher. Trata-se de crime
Art. 182. Somente se procede mediante representa- comum.
ção, se o crime previsto neste título é cometido em Da mesma forma, os atos libidinosos diversos, pode ser su-
prejuízo: jeito passivo e ativo qualquer pessoa, ainda que do mesmo sexo.
I. Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; Sujeito Passivo: trata-se de delito comum, qualquer um
II. De irmão, legítimo ou ilegítimo; pode ser vítima do crime, inclusive a prostituta e a esposa,
III. De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. quando cometido pelo marido.
Após a entrada em vigor da Lei nº 6.515/77, o desquite não Art. 7º, III, da Lei Maria da Penha: afirma que a violência
existe mais no ordenamento jurídico brasileiro. sexual é forma de violência contra a mulher sim.
Aos ex-cônjuges divorciados não se aplica essa imunidade. Art. 226, II ,do CP: fala que é causa de aumento de pena
No caso dos incisos II e III, é necessária efetiva coabitação, nos crimes sexuais se o crime é cometido por cônjuge
para incidência desta imunidade. ou companheiro:
Este é um dos artigos do Código Penal que mais caem em Conduta
concurso. Portanto, é muito importante decorá-lo! O Art. 213 pune “constranger”, que é o núcleo do tipo.
Inaplicabilidade das Imunidades Esse constrangimento deve se dar mediante violência ou
grave ameaça.
Art. 183. Não se aplica o disposto nos dois artigos an-
É necessário observar que, a violência é uma das formas
teriores:
de se executar o crime. A outra forma é a grave ameaça, e aqui
I. Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em é necessário observar que não basta a ameaça, devendo essa
geral, quando haja emprego de grave ameaça ou ser grave.
violência à pessoa; O constrangimento se dá para a prática de conjunção carnal
II. Ao estranho que participa do crime; ou pela prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal.
III. Se o crime é praticado contra pessoa com idade Abrange o beijo lascivo? Beijo lascivo, de acordo com Nel-
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. son Hungria é aquele beijo que causa desconforto para quem
Este inciso foi incluído pelo Estatuto do Idoso (Lei nº olha. É interessante observar que beijo lascivo já foi conside-
10.741/03). Preste muita atenção, pois este é um dos dispositi- rado atentado violento ao pudor por conta dessa expressão
vos deste assunto que mais cai em concurso público. porosa (atos libidinosos).
Assim, atos libidinosos devem ser considerados os atos de Conduta
natureza sexual que atentam, de forma intolerável e relevante, Este artigo visa punir o ato de ter conjunção carnal ou pra-
contra a dignidade sexual da vítima. ticar atos libidinosos diversos da conjunção carnal, mediante:
Aqui se indaga se o contato físico é ou não dispensável ї Fraude: quando, por exemplo, há o relacionamento amo-
para a prática de estupro. roso com o irmão gêmeo.
▷ 1ª Corrente: O contato físico entre os sujeitos é in- ї Outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação
dispensável. de vontade da vítima: quando ocorre por exemplo, o te-
▷ 2ª Corrente: diz que o contato físico entre os sujeitos mor reverencial, a embriaguez moderada.
é dispensável. Ex. obrigar a vítima a se masturbar. A fraude utilizada na execução do crime não pode anular
Mas atente-se que aqui deve haver resistência da a capacidade de resistência da vítima, caso em que estará
vitima. configurado o delito de estupro de vulnerável.
ї Tipo subjetivo: o crime é punido a título de dolo. Ex.: boa noite Cinderela.
▷ Consumação e tentativa: Consumação e Tentativa
Consuma-se o delito com a prática do ato de libidinagem, O crime consuma-se com a prática do ato de libidinagem
que é gênero de conjunção carnal e atos libidinosos, visado pelo agente, sendo admissível a tentativa.
pelo agente.
Trata-se de delito plurissubsistente, admitindo tentativa. Assédio Sexual
A depender do caso concreto, já entendeu o STJ que po- Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter
derá haver o concurso de crimes, levando-se em conta os vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se
momentos da prática de cada conduta. o agente da sua condição de superior hierárquico ou
ї Qualificadora Idade da Vítima: ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo
ou função.
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior
de 14 (catorze) anos: Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224,
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. de 15 de 2001)
Essa questão deve ser analisada antes e depois da Lei § 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é
nº12.015/2009. menor de 18 (dezoito) anos.
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stância judicial a ser analisada pelo pena varia de 08 a 12 anos. É
juiz no momento do art. 59 do CP. qualificadora irretroativa, vez Sujeitos
que maléfica.
Sujeito Ativo: só pode ser praticado por superior hierár-
quico ou ascendente em relação de emprego, cargo ou função.
Estavam previstos no Art. 223 do CP. Previu o Art. 213, §1º que:
Se da violência resultar lesão grave, Se da conduta resultar lesão Sujeito Passivo: é o subalterno ou subordinado do autor.
a pena era de 08 a 12 anos. grave: a pena será de 08 a
Nessa hipótese, a grave ameaça não 12 anos.
Conduta
estava abrigada. Se da conduta resultar morte, É a insistência inoportuna de alguém em posição privile-
A expressão “do fato” amplia exag- nos termos do §2, a pena é de giada, que usa dessa vantagem para obter favores sexuais de
eradamente o espectro punição. 12 a 30 anos. um subalterno.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Considerações
Tratando-se de resultado qualificador morte, o agente res- Alguns autores ditam que não é crime a mera relação entre
ponderá pelos dois crimes, e, em se tratando de morte dolosa, o docente e aluno, por ausência entre os dois sujeitos do vínculo
agente irá responder perante o Tribunal do Júri. do trabalho.
Trata-se de crime habitual, logo é imprescindível a prática
Violação Sexual Mediante Fraude de reiterados atos constrangedores. Neste caso, não se admite
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato li- tentativa.
bidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio
que impeça ou dificulte a livre manifestação de vonta- Dos Crimes Sexuais Contra Vulnerável
de da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Sedução
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de Este crime foi revogado pelo Art. 217.
obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qual- Estupro de Vulnerável
quer pessoa, contra qualquer pessoa, devendo ser observado que, Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato 79
no que tange à conjunção carnal. libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos; § 3º Na hipótese do inciso II do § 2º, constitui efeito
80 § 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações obrigatório da condenação a cassação da licença de
descritas no caput com alguém que, por enfermidade localização e de funcionamento do estabelecimento.
ou deficiência mental, não tem o necessário discer- Do Rapto
nimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído Este crime foi revogado pelos Arts. 219 a 222.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra for-
ma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Da Moeda Falsa
§ 2º Se o crime é cometido mediante violência, grave Art. 289. Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda
ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificul- metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no
te a livre manifestação da vontade da vítima: estrangeiro:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
da pena correspondente à violência. § 1º Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria
ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca,
Tráfico Internacional de Pessoa cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moe-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
da falsa.
para Fim de Exploração Sexual
§ 2º Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira,
Este crime foi revogado pelos Arts. 231 a 232. moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois
de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de
Do Ultraje Público ao Pudor seis meses a dois anos, e multa.
Ato Obsceno § 3º É punido com reclusão, de três a quinze anos, e
multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fis-
Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, ou
aberto ou exposto ao público: cal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza
a fabricação ou emissão:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
I. De moeda com título ou peso inferior ao deter-
Escrito ou Objeto Obsceno minado em lei;
Art. 234. Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob II. De papel-moeda em quantidade superior à au-
sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de torizada.
exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa § 4º Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circu- 81
ou qualquer objeto obsceno: lar moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
Modos de Falsificar instrumento ou qualquer objeto especialmente desti-
82 nado à falsificação de moeda:
Fabricando a moeda (manufaturando, fazendo a cunha-
gem): o próprio agente produz (cria) a moeda. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Alterando (modificando, adulterando): utilizando moe- Emissão de Título ao Portador
da verdadeira (autêntica), a altera (transforma cédula de dois
reais em cem reais).
sem Permissão Legal
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
co, já que este ocorrerá somente quando não haja qualquer Falsificação de Papéis Públicos
possibilidade de iludir alguém. Do contrário, poderá se confi- Art. 293. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
gurar o crime de estelionato. Este, aliás, é o entendimento do I. Selo destinado a controle tributário, papel selado
Superior Tribunal de Justiça: ou qualquer papel de emissão legal destinado à ar-
Súm. 73. A utilização de papel-moeda grosseiramente recadação de tributo;
falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, II. Papel de crédito público que não seja moeda de
de competência da Justiça Estadual. curso legal;
III. Vale postal;
Crimes Assimilados ao de Moeda Falsa IV. Cautela de penhor, caderneta de depósito de
Art. 290. Formar cédula, nota ou bilhete representativo caixa econômica ou de outro estabelecimento
de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes mantido por entidade de direito público;
V. Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro do-
verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete reco- cumento relativo a arrecadação de rendas públicas
lhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indica- ou a depósito ou caução por que o poder público
tivo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota seja responsável;
ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim VI. Bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
de inutilização: transporte administrada pela União, por Estado ou
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. por Município:
Parágrafo único. O máximo da reclusão é elevado a doze Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que § 1º Incorre na mesma pena quem:
trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhi- I. Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos pa-
do, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo.(Vide péis falsificados a que se refere este artigo;
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II. Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, em-
Observações presta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo
Neste delito, da mesma forma, é necessário que a forma- falsificado destinado a controle tributário;
ção da moeda com fragmentos e a supressão do sinal indicati- III. Importa, exporta, adquire, vende, expõe à ven-
vo sejam capazes de iludir. da, mantém em depósito, guarda, troca, cede,
Não é necessário o dano para consumar-se o delito, basta empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma,
a mera formação da cédula a partir dos fragmentos, com a su- utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
pressão do sinal identificador de recolhimento. de atividade comercial ou industrial, produto ou
Há autores que ditam que, ao contrário do que ocorre com o mercadoria:
crime de moeda falsa (Art. 298, CP), a aquisição e o recebimento a) em que tenha sido aplicado selo que se destine
da moeda nas condições descritas no Art. 290, caput, não foram a controle tributário, falsificado;
elevados à categoria de crime principal, subsistindo o delito de b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação
receptação. tributária determina a obrigatoriedade de sua
aplicação.
Petrechos para Falsificação de Moeda § 2º Suprimir, em qualquer desses papéis, quando le-
Art. 291. Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis,
gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Ex.: Uma impressora de alta capacidade que tenha con-
§ 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de alte- dições de imprimir cédulas falsas. Contudo, depende - lo-
rado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo gicamente - do contexto fático em que se apresente.
anterior.
§ 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora recebido
Da Falsidade Documental
de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou altera- Falsificação do Selo ou Sinal Público
dos, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de
Art. 296. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de
detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. I. Selo público destinado a autenticar atos oficiais
da União, de Estado ou de Município;
§5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do
inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio irregular II. Selo ou sinal atribuído por lei à entidade de di-
ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou reito público, ou a autoridade, ou sinal público de
outros logradouros públicos e em residências. tabelião:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Esse artigo do Código Penal traz a tipificação da conduta
daquele agente que pratica atos de falsificação de papéis pú- § 1º Incorre nas mesmas penas:
blicos, ou seja, aqueles que são chancelados pelo Estado como I. Quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
sendo verdadeiros. Dessa forma, o crime possui diversas con- II. Quem utiliza indevidamente o selo ou sinal ver-
dutas típicas, mas a principal está no caput, pois pune quem: dadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito pró-
falsifica ou adultera O documento. prio ou alheio.
De acordo com o § 1º, pune-se com a mesma pena do III. Quem altera, falsifica ou faz uso indevido de
caput - reclusão de dois a oito anos - quem guarda, possui marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros sím-
ou detém quaisquer dos papéis que constam no inciso I ao bolos utilizados ou identificadores de órgãos ou
VI do caput. Ademais, a falsificação engloba nos incisos II e III entidades da Administração Pública.
deste parágrafo, aplica punição às outras condutas ligadas, es- § 2º Se o agente é funcionário público, e comete o cri-
pecificamente, à falsificação de selo destinado ao controle tri- me prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
butário, ou então, de produtos ou mercadorias sobre os quais sexta parte.
incide o controle tributário. Esse delito visa incriminar o agente que falsifica SELOS ou
Em relação ao § 2º, pune-se quem efetuou a supressão SINAIS públicos - objetos que atestam um documento como
do sinal indicativo de inutilização com intenção de tornar no- verdadeiro - por meio da fabricação (contrafação - próprio
vamente utilizável. agente fabrica um selo ou sinal falso), ou pela alteração (mo-
dificação de selo ou sinal verdadeiro).
O § 3º diz que é punido quem USA, desde que esse não
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seja o mesmo autor que suprimiu o documento, pois senão, Tais itens - selo ou sinal - não são considerados docu-
mentos públicos, e sim, objetos que o criminoso utiliza para
responderá pela caput.
falsificação.
O § 4º é a figura privilegiada do Art. 293, pois pune quem Ex.: Carimbo, selo de identificação etc.
recebe de boa-fé e repassa o documento falsificado após re- A falsidade tipificada nesse artigo é MATERIAL, ou seja, a
conhecer a sua falsidade. forma do documento é modificada (alteração), ou fabricada
Por fim, o § 5º trata da equiparação das condutas reco- (contrafação).
nhecidas como atividade comercial expressa no Art. 1º, inciso
III, exercidas em locais irregulares e clandestinos, em locais pú- Falsificação de Documento Público
blicos ou até mesmo se praticada dentro da própria residência Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento pú-
do agente. blico, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Petrechos de Falsificação
§ 1º Se o agente é funcionário público, e comete o cri-
Art. 294. Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar me prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer sexta parte.
dos papéis referidos no artigo anterior: § 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a documento pú-
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. blico o emanado de entidade paraestatal, o título ao por-
Art. 295. Se o agente é funcionário público, e comete o tador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
sexta parte. § 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz in-
A figura típica do Art. 294, prevê a conduta do agente que serir:
possua objetos que tenham como fim específico a falsificação I. Na folha de pagamento ou em documento de
de quaisquer papéis públicos mencionados no Art. 293 do Có- informações que seja destinado a fazer prova pe-
digo Penal. rante a previdência social, pessoa que não possua
Caso esse objeto possua a capacidade de falsificar, mas sua a qualidade de segurado obrigatório;
função principal não é esta, a sua posse não será considerada II. Na Carteira de Trabalho e Previdência Social do 83
como objeto (petrecho). empregado ou em documento que deva produzir
efeito perante a previdência social, declaração falsa 171), estelionato, do Código Penal, visto que, a conduta visa
84 ou diversa da que deveria ter sido escrita; obter vantagem indevida mediante o uso de fraude. Sendo
III. Em documento contábil ou em qualquer outro assim, a falsificação é “meio” (uso da fraude) para o fim (a
documento relacionado com as obrigações da em- vantagem), que é o crime de estelionato. Por conseguinte, de
presa perante a previdência social, declaração falsa acordo com o princípio da consunção, o crime mais grave ab-
ou diversa da que deveria ter constado. sorve o menos grave.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos do- Súm. 17, STJ. Quando o falso se exaure no estelionato,
cumentos mencionados no § 3º, nome do segurado sem mais potencialidade lesiva, é por ele absorvido.
e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do
contrato de trabalho ou de prestação de serviços.
Falsificação de Documento Particular
Para provar a materialidade do crime, é INDISPENSÁVEL a Art. 298. Falsificar, no todo ou em parte, documento
realização de exame de corpo de delito, direto ou indireto, no particular ou alterar documento particular verdadeiro:
documento, NÃO podendo supri-lo pela confissão do acusado Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
(Art. 158 do CPP), ou seja, pela perícia no documento. Este artigo do Código Penal tem por objetivo tipificar a
Este título do Código Penal tem por objetivo tipificar a con- conduta do agente que falsifica, total ou parcialmente, docu-
duta do agente que falsifica, total ou parcialmente, documen- mento particular, bem como aquele que altera documentos
to público, bem como aquele que altera documentos públicos particulares verdadeiros com intenção de obter vantagem ilí-
verdadeiros com intenção de obter vantagem ilícita. cita.
A falsidade tipificada nesse artigo é material, ou seja, a Para configurar o crime de falsificação, faz-se necessário
forma do documento é modificada (alteração), ou falsificada que esse tenha capacidade de ludibriar terceiros, pois a falsifi-
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específico, de prejudicar um direito, criar uma obrigação ou lucro, aplica-se também multa.
alterar a verdade sobre um fato. O artigo visa punir o médico que, no exercício da sua pro-
fissão, fornece atestado falso independente de ele ser espe-
Falso Reconhecimento de Firma ou Letra cialista ou não na área, imputando diagnóstico falso ao pacien-
Art. 300. Reconhecer, como verdadeira, no exercício de te que o solicita.
função pública, firma ou letra que o não seja: NÃO é necessário que o médico seja especialista da área a
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o do- qual ele tenha fornecido o atestado falso.
cumento é público; e de um a três anos, e multa, se o Ex.: Um médico cirurgião plástico, atesta um distúrbio
documento é particular. psiquiátrico para que a pessoa consiga obter licença ou
Esse crime é classificado como próprio, pois somente pode qualquer alguma outra vantagem. Embora ele não seja
ser cometido por funcionário público no exercício da função, neurologista, responderá pelo crime de falso atestado.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
ou seja, aquele que tem a competência para o reconhecimento. Caso o médico seja funcionário público, responderá pelo
O delito configura-se quando o funcionário público reco- crime do Art. 301, caput do Código Penal.
nhece (atesta, afirma), como verdadeiro a firma ou letra que Sendo a conduta realizada com o objetivo de obter lucros,
sabe ser falsa. além da pena de detenção, será aplicada também uma multa
Não admite a modalidade culposa, porém o agente pode- (parágrafo único).
rá vir a responder na esfera administrativa e civil. (STJ. RMS
26.548/PR - 2010) Reprodução ou Adulteração
Certidão ou Atestado de Selo ou Peça Filatélica
Art. 303. Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica
Ideologicamente Falso que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodu-
Art. 301. Atestar ou certificar falsamente, em razão de ção ou a alteração está visivelmente anotada na face
função pública, fato ou circunstância que habilite al- ou no verso do selo ou peça:
guém a obter cargo público, isenção de ônus ou de ser- Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
viço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, para fins 85
Pena - detenção, de dois meses a um ano. de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.
Artigo revogado pelo Art. 39 da Lei 6.538/78 que trata do É necessário que o documento suprimido, o alterado ou
86 mesmo crime. ocultado tenha seu valor probatório insubstituível, ou seja,
caso seja cópia do documento original, NÃO estará configu-
Uso de Documento Falso rado o crime.
Art. 304. Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados O autor deve agir com finalidade específica, qual seja, exe-
ou alterados, a que se referem os Arts. 297 a 302: cutar o crime em benefício próprio ou de outrem, ou em pre-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. juízo alheio (ausente esse elemento, outro poderá ser o delito).
O crime de documento falso é um crime classificado dou-
trinariamente como remetido e acessório. De Outras Falsidades
Crime remetido: pois tem a conduta típica descrita em ar- Falsificação do Sinal Empregado
tigos diferentes: Arts. 297 a 302, ou seja, é quando o agente
efetivamente faz o uso dos documentos mencionados nesses no Contraste de Metal Precioso
artigos. ou na Fiscalização Alfandegária,
Crime acessório: pois necessita da prática de crime an- ou para Outros Fins
terior - Art. 297 a 302 - para caracterizar-se crime. Antes de
ocorrer efetivamente o uso do documento falso, já houve um Art. 306. Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca
crime anterior, consumado no momento em que esse foi fabri- ou sinal empregado pelo poder público no contraste de
cado, alterado, modificado etc. metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar
marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem:
Apontamentos Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
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L-009.426-1996).
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. às informações mencionadas no caput.
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à administra-
Adulteração de Sinal Identificador ção pública:
de Veículo Automotor Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é
Art. 311. Adulterar ou remarcar número de chassi ou
qualquer sinal identificador de veículo automotor, de cometido por funcionário público.
seu componente ou equipamento: Introduzido no Código Penal em 2011 pela Lei 12.550, visa
evitar as fraudes cometidas em provas de concursos públicos,
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
devido às precárias condições de fiscalização do Estado. Pro-
§ 1º Se o agente comete o crime no exercício da função tege o sigilo da boa administração pública, vestibulares, pro-
pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
da prova, pratica o crime junto com a pessoa que lhe forneceu. esse último, responderá por peculato.
Exs.: “A” funcionário público, valendo-se do cargo, sub-
8. Dos Crimes Contra a Administração trai bem móvel da administração com auxílio de “B”, o
qual conhecia sua função. Ambos respondem por pecu-
Pública lato, Art. 312 do CP.
“A” funcionário público, valendo-se do cargo, subtrai
Dos Crimes Praticados por bem móvel da administração com auxílio de “B”, o qual
desconhecia a função de “A”. “A” responderá por pecula-
Funcionário Público Contra a to (Art. 312 do CP), e “B” por furto (Art. 155 do CP).
Administração em Geral “A” funcionário público, sem aproveitar do cargo que
ocupa, com auxilio de “B”, subtrai bem móvel da repar-
Peculato tição em que “A” trabalha. Ambos respondem por furto
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, (Art. 155 do CP).
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou parti- São considerados crimes próprios, pois exigem a quali-
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cular, de que tem a posse em razão do cargo, ou des- dade de funcionário público para sua classificação.
viá-lo, em proveito próprio ou alheio: A conduta é sempre dolosa (apropriar-se, desviar, sub-
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. trair). Existe, no entanto, previsão para modalidade culposa
§ 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, (vide § 2º, peculato culposo).
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito
omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe pro-
porciona a qualidade de funcionário. dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
Peculato Culposo (Art. 13, § 2°, CP).
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o Peculato Culposo
crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Sujeitos do Crime
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do Sujeito Ativo: o funcionário público (crime próprio), mas
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a admite-se coautoria e participação de particulares, desde que
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a tenham conhecimento da qualidade de funcionário público do
pena imposta. agente.
Esse artigo tem por objetivo tipificar a conduta do fun-
Se, comprovado que o particular desconhecia a qualidade
cionário público que, aproveitando do cargo que ocupa,
funcional do agente, responde por apropriação indébita.
apropria-se de bem público ou particular. É necessário que o
agente utilize das facilidades do seu cargo, pois, se não o fizer, Sujeito Passivo: o Estado e secundariamente o particular,
responderá normalmente, a depender do caso concreto, nos pessoa física ou jurídica, diretamente lesada em seu patrimônio.
crimes elencados no Titulo II. Dos Crimes Contra O Patrimônio, Consumação e Tentativa
do Código Penal, por exemplo, o furto. (Art. 155 do CP). Admite tentativa.
Peculato Apropriação Tratando-se do peculato apropriação, peculato furto e pe-
Art. 312. apropriar-se o funcionário público de dinhei- culato culposo, são crimes materiais, pois estarão consumados
ro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou par- com a efetiva posse do bem móvel. No caso do peculato des-
ticular, de que tem a posse em razão do cargo.(...) vio, é um crime formal, pois se consuma no momento em que
Nessa situação o funcionário público já possui a posse ou ocorre o desvio do destino da verba.
detenção lícita do bem (em razão do cargo que ocupa), porém Figura Culposa
passa a se comportar como se fosse o dono (pratica atos de
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o
disposição da coisa, venda, troca, doação etc.), não mais de-
crime de outrem:
volvendo ou restituindo o bem à Administração Pública.
Essa situação é quando o funcionário público, por impru-
Peculato-Desvio dência, imperícia ou negligência, diante de sua conduta, per-
Art. 312. (...) ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. mite que um terceiro pratique um crime contra a Administra-
Também chamado de peculato próprio, valendo-se do ção Pública.
cargo, o agente desvia, em proveito próprio ou de outrem; Caso o agente não seja funcionário público, ou sendo,
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou par- não se utilize das facilidades que o cargo lhe proporciona
ticular. para a subtração, incorrerá no crime de furto.
É importante considerar que: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
▷ É o único crime culposo da espécie dos delitos fun- Conduta
cionais.
Pune-se a conduta do agente que inverter, no exercício do seu
▷ É o único crime de menor potencial ofensivo entre os cargo, a posse de valores recebidos por erro de terceiro. O bem
delitos funcionais.
apoderado, ao contrário do que ocorre no peculato apropriação,
O funcionário público só responderá por este crime se o
não está naturalmente na posse do agente, derivando de erro
crime doloso de outrem (terceiro) chegar a se consumar.
alheio.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a O erro do ofendido deve ser espontâneo, pois, se provoca-
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a do pelo funcionário, poderá configurar o crime de estelionato.
pena imposta. Classificação
No crime de peculato culposo, a reparação do DANO, se
São considerados crimes próprios, pois exigem a qualidade de
precede (é anterior) à sentença irrecorrível , extingue a
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena im- funcionário público para sua Classificação.
posta. Somente para o peculato culposo. No Peculato Doloso A conduta é sempre dolosa (apropriar-se). Não existe, no
não é possível aplicação do § 3°. entanto, a forma culposa.
Sentença Irrecorrível É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
Antes da sentença irrecorrível, extingue a punibilidade. omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
A reparação do dano após a sentença irrecorrível, há re- dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
dução de metade da pena imposta. E, isso é feito pelo juiz da (Art. 13, § 2º, CP).
execução penal.
Considerações Sujeitos do Crime
Se a posse do bem (peculato apropriação ou desvio) de- Sujeito Ativo: o funcionário público (crime próprio), mas
corre de violência ou grave ameaça, há crime de roubo (Art. admite-se coautoria e participação de particulares, desde que
157) ou extorsão (Art. 158 do CP). tenham conhecimento da qualidade de funcionário público do
agente.
Peculato
Peculato apropriação (caput 1ª parte);
Sujeito Passivo: o Estado e secundariamente o particular,
Peculato Peculato desvio (peculato próprio) (caput 2ª parte); pessoa física ou jurídica, diretamente lesada em seu patrimônio.
Doloso Peculato mediante erro de outrem (peculato estelionato) Consumação e Tentativa
(Art. 313).
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Peculato • ADMITE Tentativa
(§2)
Culposo Sendo esse um crime material, consuma-se com a efetiva
O Peculato de Uso não é crime, mas pode caracterizar ato apropriação. Neste caso há divergência, alguns autores sus-
de improbidade administrativa (Art. 9º, Lei nº 8.429/92). É o tentam que a consumação se dará somente no momento em
fato em que, por exemplo, um funcionário público apropria- que o agente percebe o erro de terceiro e não o desfaz, ou seja,
se temporariamente de veículo público, no intuito de realizar a consumação não se dá no momento do recebimento da coi-
diligências de caráter pessoal, restituindo o veículo ao pátio da sa, mas sim no instante em que o agente se apropria da coisa
repartição logo após o uso. recebida por erro, agindo como se dono fosse.
Se há desvio da verba em proveito da própria Adminis-
tração, com utilização diversa da prevista em sua destinação, Descrição
temos configurado o crime do Art. 315 do CP. O funcionário público que, no exercício do cargo, recebeu
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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Descrição situação a qual não era prevista). Não existe possibilidade
para modalidade culposa.
Por ser um crime subsidiário, há depender do resultado
É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
naturalístico que ocasionar, o crime será absorvido de acordo
com sua especificidade (princípio da consunção), conforme
omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
em alguns dos casos exposto abaixo. dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
(Art. 13, §2°, CP).
▷ Quando há o dolo específico de agir, responde pelo
Art. 305 do CP. Sujeitos do Crime
▷ Caso o funcionário não seja o responsável pela guar- Sujeito Ativo: é crime próprio, pois o sujeito ativo será so-
da do livro ou do documento, responderá pelo Art. mente aquele funcionário público que tenha o poder de ad-
337 do CP. ministração de verbas ou rendas pública (Ex.: Presidente da
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
▷ Se praticado por advogado ou procurador, respon- República, Ministros, Governadores etc.), ademais, é possível
derá pelo Art. 356 do CP. a coautoria e participação do particular que tenha consciência
O crime tipificado no Art. 314, além de ser próprio, é subsi- da função pública do agente.
diário em relação ao delito previsto no Art. 305, que exige dolo Tratando-se de Prefeito Municipal, há crime próprio, preva-
específico. Veja as diferenças: lecendo pelo principio da especialidade o disposto no Art. 1º, III,
do Decreto-Lei nº 201/67.
Art. 314. Extra-
Art. 305. Supressão de vio, sonegação ou
Sujeito Passivo: o Estado e secundariamente o particular,
documento público. inutilização de livro ou pessoa física ou jurídica, diretamente prejudicada.
documento.
Consumação e Tentativa
Objetividade Crime contra a adminis- • ADMITE Tentativa
Crime contra a fé pública.
Jurídica tração pública. O crime se consuma no momento da efetiva destinação ou
aplicação das verbas ou rendas públicas.
Qualquer pessoa (crime Funcionário público 91
Sujeito Ativo
comum). (crime próprio).
A simples destinação, sem posterior aplicação, constitui
tentativa, gerando perigo para a regularidade administrativa.
Descrição Descrição
92 Caso o agente público seja o Presidente da República, ele Sendo um crime formal, e a consumação ocorrendo com
responderá pela lei de improbidade administrativa, Art. 11, Lei a mera exigência da vantagem indevida. Pouco importa se o
nº 1.079/50. Por conseguinte, sendo prefeito, responderá pelo funcionário público recebe ou não. Porém, caso receba, haverá o
Art. 1º, III, do Decreto-Lei nº 201/67. exaurimento do crime.
Considerações
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Apontamentos
Segundo o STF Se a vantagem for devida, o agente funcionário públi-
co responderá pelo crime de abuso de autoridade, Lei nº
RT 617/396. Se o orçamento for aprovado por decreto 4.898/65.
do próprio Poder Executivo, e não por lei, não há o que
Caso a vantagem seja para a própria Administração Pú-
se falar neste crime.
blica, poderá haver o crime de excesso de exação (Art. 316, §
RT 883/462. Para que caracterize esse crime, é neces- 1º, CP).
sário que a lei que destina as verbas ou rendas públi- O particular que se disfarça de policial e exige dinheiro (van-
cas, seja em sentido formal e material. tagem indevida) para não efetuar a prisão de alguém, respon-
derá pelo crime de extorsão (Art. 158, CP).
Concussão
Mesmo que seja funcionário público, mas que não tenha a
Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indireta- competência para a prática do mal prometido, não responde por
mente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, este crime, mas por extorsão.
mas em razão dela, vantagem indevida: No crime de concussão, o agente exige a vantagem indevida.
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Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Ademais, no crime de corrupção passiva, Art. 317 do CP, O agente
§ 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição so- solicita, recebe ou aceita promessa de vantagem indevida.
cial que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gra-
Excesso de Exação
voso, que a lei não autoriza: Art. 316, § 1º Se o funcionário exige tributo ou contri-
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
buição social que sabe ou deveria saber indevido, ou,
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório
§ 2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou ou gravoso, que a lei não autoriza:
de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
aos cofres públicos:
Art. 316, § 2º Se o funcionário desvia, em proveito pró-
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. prio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para
No crime de concussão, o funcionário público exige uma recolher aos cofres públicos:
vantagem indevida e a vítima, temendo represálias, cede a Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
essa exigência. Trata-se da cobrança integral e pontual de tributos, em
Trata-se de uma forma especial de extorsão, executada que o funcionário público exige ilegalmente tributo ou con-
por funcionário público. tribuição social em benefício da Administração Pública.
Classificação Classificação
São considerados crimes próprios, pois exigem uma quali- São considerados crimes próprios, pois exige uma quali-
dade específica, ser funcionário público. dade específica, ser funcionário público.
A conduta é sempre dolosa (exigir). Não existe possibili- A conduta é sempre dolosa (exigir tributo ou contribuição
dade para modalidade culposa. social ou desviar o recebimento indevido). NÃO existe possi-
É um crime comissivo, por conseguinte pode incorrer em bilidade para modalidade culposa.
omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po- É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
(Art. 13, §2º, do CP). dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
(Art. 13, § 2º, CP).
Sujeitos do Crime Sujeitos do Crime
Sujeito ativo: somente funcionário público (crime pró- Sujeito Ativo: somente funcionário público (crime pró-
prio), ademais, é possível a coautoria e participação do parti- prio), ademais, é possível a coautoria e participação do parti-
cular que tenha consciência da função pública do agente. cular que tenha consciência da função pública do agente.
Sujeito passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular, Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular,
pessoa física ou jurídica prejudicada. pessoa física ou jurídica prejudicada.
Consumação e Tentativa Consumação e Tentativa
• ADMITE Tentativa • ADMITE Tentativa
O crime é formal, sendo assim, está consumado no mo- O § 1º diz que o crime é formal, sendo assim, está con-
mento da exigência. sumado no momento da exigência do tributo ou contribuição
social por meio vexatório e gravoso, mesmo que a vítima não Classificação
realize o pagamento. São considerados crimes próprios, pois exigem uma quali-
O § 2º refere-se ao crime material, sendo consumado no dade específica, ser funcionário público.
momento que ocorre o desvio em proveito próprio ou de ou- A conduta é sempre dolosa (solicita, recebe ou aceita pro-
trem, tendo recebido indevidamente. messa). Não existe possibilidade para modalidade culposa.
Descrição É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
§ 1º do Excesso de Exação omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
Exigir um tributo ou contribuição social que sabe ou deve- dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
ria saber indevido. (Art. 13, § 2º, do CP).
Ex.: Tributo que já foi pago pelo contribuinte; ou a quan- Sujeitos do Crime
tia cobrada é superior à fixada em lei. Sujeito Ativo: é o funcionário público no exercício da fun-
Exigir um tributo ou contribuição social devido, porém em- ção, aquele fora da função, mas em razão dela, ou o particular
pregando meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. que está na iminência de assumir, e atue criminosamente em
Ex.: Meio vexatório: humilhar, causar vergonha ou cons- razão dela. Pode ter a participação do particular que tenha
trangimento na vítima. Meio gravoso: causar maiores consciência da função pública do agente.
despesas ao contribuinte. Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular,
§ 2º da Qualificadora pessoa física ou jurídica prejudicada.
O desvio do tributo ou contribuição social indevido ocor- O particular só será vítima se a corrupção partir do funcio-
re antes de sua incorporação aos cofres públicos, pois, caso nário corrupto.
ocorra depois, o funcionário público responderá pelo crime de Consumação e Tentativa
peculato desvio (Art. 312, caput, 2ª parte do CP). Admite tentativa somente na modalidade solicitar, quando
Considerações formulada por meio escrito (carta interceptada).
De acordo com o STF, existem cinco espécies de tributos: im- O crime é formal, sendo assim, nesse delito, existem
postos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compul- três momentos em que o crime pode se consumar. No mo-
sórios e contribuições sociais. mento da solicitação, no momento do recebimento, ou
Segundo o STJ, a custa e emolumentos concernentes então no instante em que o agente aceita a promessa de
recebimento, independe do efetivo pagamento ou rece-
aos serviços notariais e registrais possuem natureza tribu-
bimento para o crime estar consumado, caso ocorra, será
tária, qualificando-se como taxas remuneratórias de serviços mero exaurimento do crime.
públicos. Desse modo, comete o crime de excesso de exação
Descrição
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aquele que exige custas ou emolumentos que sabe ou deve-
ria saber indevido. Solicitar: a conduta parte do funcionário público que pede
Prevalece que a expressão deveria saber configura dolo a vantagem indevida. Nesta situação, o funcionário público
eventual, entretanto há doutrina no sentido de que se trata de responde por corrupção passiva e o particular, caso entregue
modalidade culposa do tipo. a vantagem indevida, não responderá por crime algum (fato
atípico).
Corrupção Passiva Receber: a conduta parte do particular que oferece a van-
Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, tagem indevida e o funcionário público recebe. Nesta situação,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou o funcionário público responde por corrupção passiva e o par-
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in- ticular por corrupção ativa.
devida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Aceitar promessa de tal vantagem: a conduta parte do
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. particular que promete vantagem indevida ao funcionário
público e este aceita a promessa. Nesta situação, o funcio-
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se, em conse-
nário público responde por corrupção passiva e o particular
quência da vantagem ou promessa, o funcionário re-
por corrupção ativa. OBS.: não é necessário que o funcionário
tarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o público efetivamente receba a vantagem prometida, pois o
pratica infringindo dever funcional. crime estará consumado com a mera aceitação de promessa.
§ 2º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou re- Espécies de Corrupção Passiva
tarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
cedendo a pedido ou influência de outrem: Corrupção Passiva Própria Corrupção Passiva Imprópria
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. O funcionário público negocia um O funcionário público negocia um
Apesar de possuir certas semelhanças com o delito de con- ato ILÍCITO. ato LÍCITO.
cussão, nesse delito podemos dizer que é menos constrange- Ex.: PRF solicita R$ 100,00 para Ex.: Juiz de Direito recebe dinheiro
não multar motorista sem carteira de autor de ação judicial para
dor para a vítima, pois não há a coação moral da exigência, a de habilitação. agilizar os trâmites do processo.
honra da imagem do emprego vexatório, ocorre simplesmente
a solicitação, o recebimento ou a simples promessa de rece- Ex.: Comerciantes dão dinheiro para que policiais mili- 93
bimento. tares realizem rondas diárias no bairro onde os comer-
ciantes trabalham. É crime, pois os servidores públicos veículo. O policial atende ao pedido. Nesta situação, o po-
94 já são remunerados pelo Estado para realizarem estas licial praticou o crime de corrupção passiva privilegiada e
atividades. Pedro é partícipe deste crime.
Considerações O § 2º tem grande incidência em concursos. É o famoso
Dar um jeitinho.
Particular que oferece ou promete vantagem indevida: O
particular que oferece ou promete vantagem indevida ao fun- Diferenças Importantes
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
cionário público, responde pelo crime de corrupção ativa, Art. Corrupção Passiva Privilegiada
Prevaricação (Art. 319, CP)
333, do CP. (Art. 317, §2º, CP)
Exceção à teoria unitária ou monista no concurso de pessoas: Retardar ou deixar de praticar,
Art. 29, CP. Quem, de qualquer modo, concorre para o indevidamente, ato de ofício,
Se o funcionário pratica, deixa de ou praticá-lo contra disposição
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de praticar ou retarda ato de ofício, expressa de lei, PARA SATISFAZ-
sua culpabilidade. com infração de dever funcio- ER INTERESSE OU SENTIMENTO
Portanto, a regra é que todos aqueles que concorrem nal, CEDENDO A PEDIDO OU PESSOAL.
para a prática de um crime responderão pelo mesmo crime. INFLUÊNCIA DE OUTREM.
Obs.: Não há intervenção alheia
Como se trata de exceção, o funcionário público que recebe nesse crime.
ou aceita promessa de vantagem indevida responde por cor-
rupção passiva, Art. 317, enquanto o particular que oferece Facilitação de Contrabando
ou promete vantagem indevida responde por corrupção ati-
va, Art. 333.
ou Descaminho
Art. 318. Facilitar, com infração de dever funcional, a prá-
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Assim, é imprescindível que o funcionário tenha a atribui- Interesse Pessoal: é qualquer vantagem ou proveito de
ção para a prática do ato, pois, do contrário, não se pode con- caráter moral ou patrimonial. Caso o funcionário público exi-
siderar violação ao dever funcional. ja ou receba uma vantagem indevida a pretexto de praticar,
A conduta é sempre dolosa, a qual se divide em três tipos: retardar ou omitir a prática de um ato de ofício, o crime será
1) Retardar indevidamente ato de ofício; 2) Deixar de praticar de concussão (Art. 316 do CP) ou corrupção passiva (Art. 317
ato de ofício; 3) Praticar contra disposição expressa em lei. do CP).
NÃO admite a forma culposa. Sentimento Pessoal: vingança, ódio, amizade, inimizade,
inveja, amor.
Sujeitos do Crime Ex.: Promotor de Justiça solicita o arquivamento de in-
Sujeito Ativo: somente funcionário público (crime pró- quérito policial o qual investiga crime que supostamen-
prio). te foi praticado por seu amigo de infância.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular, A desídia (preguiça), negligência ou comodismo (sem
pessoa física ou jurídica prejudicada. o fim de satisfazer interesse ou sentimento pessoal): não há
crime de prevaricação. Todavia, o funcionário público poderá
Consumação e Tentativa incorrer em ato de improbidade administrativa.
Consuma-se o crime com o retardamento, a omissão ou Diferenças Importantes
a prática do ato, sendo dispensável a satisfação do interesse
visado pelo servidor. Condescendência Criminosa
Prevaricação (Art. 319, CP)
(Art. 320, CP)
A tentativa não é admitida nas condutas retardar deixar de
praticar, pois é crime omissivo próprio ou puro. Já a conduta DEIXAR o funcionário, POR
praticá-lo contra disposição expressa de lei admite a tentativa Retardar ou DEIXAR de PRATICAR,
INDULGÊNCIA, DE RESPONSABIL-
indevidamente, ATO DE OFÍCIO,
por ser crime comissivo, ou seja, que exige uma ação. ou praticá-lo contra disposição
IDADE subordinado que cometeu
infração no exercício do cargo ou,
É um crime formal. Para a consumação basta a intenção expressa de lei, para SATISFAZER
quando lhe falte competência, não
do funcionário público de satisfazer interesse ou sentimento INTERESSE OU SENTIMENTO
levar o fato ao conhecimento da
pessoal, mesmo que não consiga êxito na concretização deste PESSOA. 95
autoridade competente.
resultado.
Prevaricação Imprópria racteriza-se a conduta, até mesmo quando o aparelho não tiver
96 Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agen- bateria, visto que existem meios alternativos para a sua ativação.
te público de cumprir seu dever de vedar ao preso o Condescendência Criminosa
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de res-
ambiente externo: ponsabilizar subordinado que cometeu infração no exer-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. cício do cargo ou, quando lhe falte competência, não
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Esse crime foi introduzido pela Lei nº 11.466/07 e recebe
várias denominações por parte da doutrina, prevaricação im- Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
própria, prevaricação em presídios, omissão do dever de vedar Esse tipo penal tem por objetivo punir o superior hierárquico
ao preso o acesso a aparelhos de comunicação. Todas essas que por indulgência (clemência) deixa de punir seu subordina-
classificações são aceitáveis, haja vista o legislador não confe- do, bem como aquele que, sem competência para responsa-
rir, na elaboração do tipo, o nomem iuris da conduta, deixando bilização, tendo conhecimento de alguma infração, não leva a
para que a doutrina o fizesse. informação aquém de competência para punir o agente público.
Tem como base o poder disciplinar da Administração Pú-
Classificação blica.
É um crime doloso, não exigindo qualquer fim específico
da conduta. Não é admitida a culpa. Classificação
É um crime simples, pois ofende um único bem jurídico e É considerado um crime próprio: omissivo próprio: sendo
é um crime próprio, ou seja, podendo ser cometido somente que ato está na inação (deixar de agir).
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por agente público que tenha o dever funcional de impedir a O dolo está na conduta de se OMITIR, sendo assim, não
entrada de aparelhos de comunicação ou Diretor de Peniten- admite a forma culposa.
ciária.
Sujeitos do Crime
Sujeitos do Crime Sujeito Ativo: somente funcionário público hierarquica-
Sujeito Ativo: por ser um crime próprio, pode ser come- mente superior ao servidor infrator.
tido por agente público que deve ser interpretado de forma Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular,
restrita, pois o agente deve ser incumbido de evitar a conduta pessoa física ou jurídica prejudicada.
descrita no tipo, para exemplificar podemos citar os agentes
penitenciários, carcereiros e até mesmo pelos policiais respon- Consumação e Tentativa
sáveis pela escolta. • NÃO Admite Tentativa
O preso que for encontrado na posse de aparelho de co- É um crime formal e omissivo próprio ou PURO. Con-
municação não comete este crime, contudo incide em falta suma-se no momento em que o funcionário superior, de-
grave. Já o particular que fornece o aparelho para o preso pois de tomar conhecimento da infração, suplanta prazo
comete o crime do Art. 349-A do CP. legalmente previsto para a tomada de providências contra
Consumação e Tentativa o subordinado infrator.
Por ser um crime formal, dá-se a consumação no momen- Descrição do Crime
to em que o agente público ou Diretor de Penitenciária não O crime ocorre com a mera omissão do funcionário pú-
faz nada para impedir a entrada de aparelho de comunicação blico que, ao tomar conhecimento da infração (administrativa
ao preso, contudo devendo saber que tal situação é ilícita. É ou penal) cometida pelo subordinado no exercício do cargo,
dispensável o efetivo acesso do preso ao aparelho de comu- deixa de tomar qualquer providência para responsabilizá-lo,
nicação. ou, quando lhe faltar competência para tanto, não levar o fato
Não é possível a tentativa, haja vista ser este um crime ao conhecimento da autoridade competente. Não necessita da
omissivo próprio. efetiva impunidade do infrator.
Descrição do Crime O fato será atípico quando o superior hierárquico, por ne-
gligência, não tomar conhecimento da infração cometida pelo
A finalidade deste crime é impedir que o preso tenha aces- funcionário público subalterno no exercício do cargo.
so a qualquer tipo de aparelho de comunicação que possa se
comunicar com qualquer pessoa (familiares, advogados, ou- Considerações
tros presos). Deve haver o nexo funcional, ou seja, a infração deve ter
Os aparelhos eletrônicos podem ser, telefones (fixos ou sido praticada no exercício do cargo público ocupado pelo fun-
móveis) walkie-talkies ou até mesmo uma webcam. cionário público.
O fato é atípico quando o aparelho não tem nenhuma ca- Ex.: Policial civil pratica peculato e o Delegado, após to-
pacidade de comunicação ou, de qualquer forma, impossibi- mar conhecimento do caso, por indulgência (tolerância)
litado de funcionar. O mesmo acontece para cópias falsas de nada faz.
aparelhos. Indulgência: é sinônimo de tolerância, perdão, clemência.
Telefones celulares sem crédito tipificam a conduta, pois se Se o funcionário público superior hierárquico se omite para
verifica a possibilidade da obtenção de créditos de formas ilíci- atender sentimento ou interesse pessoal, responderá pelo crime
tas, por exemplo, extorsões baseadas em falsos sequestros. Ca- de prevaricação.
Se o superior hierárquico se omite com o objetivo de rece- Apontamentos
ber alguma vantagem indevida do funcionário público infrator, Caso o patrocínio seja referente à instauração de proces-
responderá pelo crime de corrupção passiva (Art. 317 do CP). so licitatório ou a celebração de contrato junto à Administra-
Não configura o crime em tela, eventuais irregularidades ção Pública, cuja invalidação seja decretada pelo Judiciário, o
praticadas pelo subordinado “extra officio” (fora do cargo) e agente responderá pelo Art. 91 da Lei nº 8.666/90.
toleradas pelo superior hierárquico.
Violência Arbitrária
Advocacia Administrativa Art. 322. Praticar violência, no exercício de função ou a
Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pretexto de exercê-la:
privado perante a administração pública, valendo-se Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da
da qualidade de funcionário: pena correspondente à violência.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Esse delito tem por objetivo tipificar a conduta do agente
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo: público que atua com violência no exercício da sua função ou
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. a pretexto dela.
Esse delito visa tipificar a conduta do agente que tem por Grande parte da doutrina entende que o presente artigo
objetivo defender, apadrinhar, advogar, interesse alheio pe- foi revogado tacitamente pela Lei nº 4.898/65 (Lei de abuso
rante a Administração Pública. de autoridade). Entretanto, há decisões de Tribunais Superio-
res reconhecendo a vigência do artigo em comento.
Classificação
É considerado crime próprio, pois exige uma qualidade Classificação
específica, ser funcionário público. A conduta é sempre dolosa: que pode ser praticada pela
A conduta é sempre dolosa. que pode ser praticada pela ação ou omissão. Não existe possibilidade para modalidade
ação ou omissão. Não existe possibilidade para modalidade culposa.
culposa. É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
É um crime comissivo, por conseguinte pode incorrer em omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po- dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado (Art. 13, §2º, CP).
(Art. 13, §2º, CP). Sujeitos do Crime
Sujeitos do Crime Sujeito Ativo: somente funcionário público (crime pró-
Sujeito Ativo: somente funcionário público (crime pró- prio), não exige a qualidade específica de ser um policial, ade-
prio). Não necessariamente advogado, como diversas ques- mais, é possível a coautoria e participação do particular que
tenha consciência da função pública do agente.
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tões afirmam.
Admite-se o concurso de terceiro não qualificado, na mo- Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular,
dalidade de coautoria ou participação, desde que conhecedor pessoa física ou jurídica prejudicada.
da condição funcional do agente público. Consumação e Tentativa
Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular,
pessoa física ou jurídica prejudicada. • ADMITE Tentativa
Consuma-se no momento da prática do ato de violência
Consumação e Tentativa (ação), com a lesão provocada.
• ADMITE Tentativa Descrição do Crime
Consuma-se com a prática de ato revelador do patrocínio, Conforme já mencionado, não é condição necessária que
que ofenda a moralidade administrativa, independente de ob- para incidir em violência arbitrária ou abuso de autoridade a
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
ser cometido pelo próprio agente. da não cumpriu todas as exigências para entrar no cargo ou
É um crime omissivo próprio, cometido por um funcionário que deixou de ser funcionário por ter sido exonerado, suspen-
específico, no momento em que não cumpre com suas fun- so, removido etc.
ções. Se for pessoa inteiramente alheia à função pública, o crime
Pune-se somente na modalidade dolosa. é o previsto no Art. 328 do CP.
Sujeito Passivo: é o Estado.
Sujeitos do Crime
Sujeito Ativo: embora o dispositivo diga abandono de fun-
Consumação e Tentativa
Por ser um crime formal, o delito se consuma com o pri-
ção, entende a doutrina que somente o funcionário ocupante de
meiro ato realizado pelo funcionário público em alguma das
cargo público pode cometer o crime, logo não prevalece a regra condições do tipo penal, não necessitando que a Administra-
do Art. 327, CP. ção Pública sofra um efetivo dano ou prejuízo. A tentativa é
Sujeito Passivo: A Administração Pública. possível, haja vista o caráter plurissubsistente do crime.
Consumação e Tentativa Descrição do Crime
• NÃO Admite Tentativa A primeira parte do caput versa uma norma penal em
É consumado após um tempo relevante, sendo previsto branco homogênea, pois necessita de complementação por
uma probabilidade de dano à Administração, porém sem ne- legislação específica para saber quais são as exigências legais.
cessidade que esse realmente ocorra para a efetiva consuma- A segunda parte do caput descreve um elemento norma-
ção do crime. tivo específico, sendo necessário que o agente tenha o efetivo
conhecimento de sua situação perante a Administração Pública.
Há doutrinadores que dizem que só haverá o crime de
Aquele que ingressa no exercício da função pública, antes
abandono após 31 dias ou mais de ausência injustificada no
de apresentar sua declaração de bens, incide no crime em tela
trabalho. se praticar algum ato inerente ao cargo.
Descrição do Crime
Violação de Sigilo Funcional
• Forma Qualificada pelo Prejuízo Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão do
§ 1º Se do fato resulta prejuízo público: cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. lhe a revelação:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, ou multa, se
Nessa hipótese, compreende duas espécies de prejuízo,
o fato não constitui crime mais grave.
sendo o prejuízo social ou coleto, bem como aquele que afeta
§1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
os serviços públicos e o interesse da coletividade.
I. Permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
• Forma Qualificada Pelo Lugar de Fronteira mento e empréstimo de senha ou qualquer outra
§ 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sis-
temas de informações ou banco de dados da Admi-
de fronteira: nistração Pública;
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. II. Se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
Considera-se fronteira a faixa situada até 150 Km de largu- §2º Se da ação ou omissão resulta dano á Administra-
ra, ao longo das fronteiras terrestres. ção Pública ou a outrem:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Funcionário Público
Certos assuntos da Administração Pública possuem caráter Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efei-
sigiloso e são imprescindíveis à segurança da sociedade e do tos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re-
Estado. Esse artigo tem por finalidade preservar os interesses muneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
públicos, privados e coletivos do sigilo das informações ne- § 1º Equipara-se a funcionário público: quem exerce car-
cessárias ao normal funcionamento da máquina pública. É um go, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem
crime de ação penal pública incondicionada. trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
Classificação ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública.
É um crime simples, de mão própria (somente pode ser
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando os
cometido por funcionário público que tenha o dever de asse- autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocu-
gurar o sigilo) e formal. pantes de cargos em comissão ou de função de direção
É considerado um crime doloso não tendo especificado ou assessoramento de órgão da administração direta,
em seu tipo penal um especial fim de agir. Não admite a mo- sociedade de economia mista, empresa pública ou fun-
dalidade culposa. dação instituída pelo poder público.
Sujeitos do Crime São funcionários públicos não só aqueles que desempe-
nham cargos criados por lei, regularmente investidos e no-
Sujeito Ativo: por ser um crime de mão própria, exige-se meados, remunerados pelo cofres públicos, como também os
uma qualidade especial do sujeito ativo do crime, podendo que exercem emprego público (contratados, mensalistas, dia-
ser tanto o funcionário público em efetivo exercício, quanto o ristas, tarefeiros, nomeados a título precário) e, ainda, todos
aposentado, afastado ou em disponibilidade, podendo o par- que, de qualquer forma, exercem função pública.
ticular ser partícipe do crime (Art. 325 do CP) se concorreu de Para fins penais, considera-se funcionário público aquele
qualquer modo com a revelação da informação. que trabalha para uma empresa particular que mantém convê-
Sujeito Passivo: é o ente público que teve o seu segredo nio com o Poder Público, e para este presta serviço.
revelado e, eventualmente, o particular lesado pela revelação
do segredo.
Dos Crimes Praticados por Particular
Consumação e Tentativa Contra a Administração em Geral
O delito passa a ser consumado no momento em que a Usurpação de Função Pública
informação sigilosa é revelada a terceira pessoa, não exigindo Art. 328. Usurpar o exercício de função pública:
que tal informação seja de conhecimento geral do público.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
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A tentativa somente é aceita se for uma conduta por es- Parágrafo único. se do fato o agente aufere vantagem:
crito e, por circunstâncias alheias à vontade do agente, a carta
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
não chega ao destino.
Introdução
Descrição do Crime
Esse crime foi criado com o intuito de punir aquele que
Figuras Equiparadas do § 1º
exerce função pública sem possuir legitimidade para tanto,
Inciso I, exemplo: “A”, um analista da Receita Federal, re- pois o Estado tem interesse em preservação da função das
vela a senha do banco de dados do cadastro dos contribuintes, pessoas realmente investidas ao exercício das funções públi-
para que sua amiga encontre o endereço de seu ex-namorado.
cas. É um crime de ação penal pública incondicionada.
Inciso II, exemplo: “A”, analista da Receita Federal, utiliza a
senha restrita do banco de dados dos servidores para desco- Classificação
brir informações fiscais de seus colegas de repartição. É um crime simples, comum e formal.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Violência:
delito, sendo a vantagem de qualquer natureza.
A violência deve ser dirigida contra pessoa, pois se for di-
Resistência rigida contra coisa o agente responderá pelo crime de dano
qualificado (Art. 163, parágrafo único, III, CP).
Art. 329. Opor-se à execução de ato legal, mediante
violência ou ameaça a funcionário competente para A violência deve ser empregada durante a execução do
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: ato legal, pois se for empregada antes ou depois o agente res-
ponderá pelo crime de ameaça (Art. 147, CP) ou lesão corporal
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
(Art. 129, CP).
§ 1º Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
A violência deve ser empregada para impedir o cumpri-
Pena - reclusão, de um a três anos. mento da ordem, se for outra a causa, o crime será outro.
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo Figura qualificada (Art. 329, § 1º, CP): O que seria o exau-
das correspondentes à violência. rimento do crime funciona como uma qualificadora. Nesta hi-
Introdução pótese o crime é material.
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Desobediência (Art. 330, CP) Resistência (Art. 329, CP)
Admite-se a tentativa, salvo quando a ofensa é praticada
Não há emprego de violência ou Há emprego de violência ou verbalmente.
ameaça. ameaça.
Descrição do Crime
Apontamentos
O autor deste crime deve ter ciência de que o ofendido é
ї Não é crime de desobediência a conduta do agente que
funcionário público e se encontra no exercício da função públi-
se recusa a realizar:
ca ou que a ofensa é proferida em razão dela. Deve ter ainda
▷ Teste de bafômetro; o propósito de desprestigiar a função pública do funcionário
▷ Exame de sangue (hematológico); público (especial fim de agir).
▷ Exame de DNA; Não é necessário que o funcionário público se encontre no
▷ Dosagem alcoólica; interior da repartição pública. Basta que esteja no exercício da
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ação Penal Pública Incondicio- Regra: Ação Penal iniciativa Causa de Aumento de Pena, Parágrafo Único
nada. privada. Caso o agente, além de toda a fraude empregada, alega
Tráfico de Influência que a vantagem também se destina ao funcionário público,
será aquele merecedor de pena majorada, visto que o bem ju-
Art. 332. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para rídico tutelado no tipo é mais gravemente afetado, qual seja, o
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pre- prestígio da Administração Pública.
texto de influir em ato praticado por funcionário públi-
co no exercício da função: Corrupção Ativa
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida a
Parágrafo único. a pena é aumentada da metade, se o funcionário público, para determiná-lo a praticar, omi-
agente alega ou insinua que a vantagem é também tir ou retardar ato de ofício:
destinada ao funcionário. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
O crime de tráfico de influência foi criado pela Lei nº Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se,
9.127/95, porém antes de sua criação, o delito era chamado de em razão da vantagem ou promessa, o funcionário re-
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exploração de prestígio (Art. 357 do CP), sendo esse um crime tarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo
contra a Administração da justiça e o tráfico de influência (Art. dever funcional.
332 do CP) contra a Administração Pública. O crime em apreço O crime de corrupção ativa está tipificado no Art. 333 do
é de ação penal pública incondicionada. Código Penal e faz parte dos crimes cometidos por particular
Classificação contra a Administração Pública. Isso não quer dizer que não
possa ser cometido por funcionário público que, se praticá-
É classificado como crime simples, comum e FORMAL.
-lo, estará se despindo de sua função pública e agindo como
É um crime doloso e com um especial fim de agir (vanta- um particular.
gem para si ou para outrem). Não é admitida a modalidade
É um crime de ação penal pública incondicionada.
culposa.
Sujeitos do Crime Classificação
É considerado um crime formal, que para sua consumação
Sujeito Ativo: por ser um crime comum, pode ser pratica-
não se exige um resultado.
do por qualquer pessoa.
Classificado como plurissubsistente, podendo sua conduta
Sujeito Passivo: de maneira imediata é o Estado e media-
ser fracionada em diversos atos.
tamente, o comprador da influência (pessoa que paga ou pro-
mete vantagem), com o fim de obter benefício do funcionário É um crime doloso, acrescido de um especial fim de agir
público. (determinar o funcionário público a praticar, omitir ou retar-
dar ato de ofício).
Consumação e Tentativa
É um crime de consumação antecipada ou formal, caracte-
Sujeitos do Crime
rizando-se pela realização da conduta descrita no tipo penal, Sujeito Ativo: crime comum (qualquer pessoa).
independentemente da obtenção da vantagem. Observação: Funcionário público também pode ser sujeito ativo deste
com o núcleo do tipo “obter”, o crime é material, consumando crime, desde que realize a conduta sem aproveitar-se das faci-
o delito no momento da obtenção da vantagem. lidades inerentes à sua condição funcional.
Tentativa é possível em determinados casos, do contrá- Ex.: Pedro, analista judiciário do TRF, oferece dinheiro a
rio não será admitida, pois se a conduta for realizada ver- um Delegado de Polícia para que este não o prenda em
balmente não há que se falar em tentativa. flagrante pela prática do crime de porte ilegal de arma
de fogo.
Descrição do Crime O particular só responderá por corrupção ativa se este ofe-
Por haver vários núcleos do tipo (exigir, solicitar, obter, recer ou prometer vantagem indevida. A simples entrega de
cobrar), o crime de tráfico de influência é classificado como vantagem ilícita solicitada por funcionário público não confi-
crime de ação múltipla ou de conteúdo variado, responden- gura crime nestes casos, o particular será vítima secundária de
do o agente se praticado no mesmo contexto fático, por crime corrupção passiva (Art. 317 do CP).
único, mesmo se realizar mais de um núcleo do tipo. Sujeito Passivo: o Estado e, secundariamente, a pessoa
Segundo STJ é dispensável para a caracterização do delito que física ou jurídica prejudicada pela conduta criminosa.
o agente efetivamente influa em ato praticado por funcionário pú-
blico, basta que o mesmo alegue ter condições para tanto. Consumação e Tentativa
Ex.: “A”, dizendo ser amigo de um Delegado de Polícia, É crime formal. Ocorre a consumação com a oferta ou
sem realmente sê-lo, solicita a “B” que entregue certo promessa de vantagem indevida ao funcionário público,
independentemente da sua aceitação. Ofereceu ou prome- ção ativa, pois o agente não ofereceu nem prometeu vanta-
teu, o crime já está consumado. gem indevida. Nessa hipótese, duas situações podem ocorrer:
Também não é necessária a prática, omissão ou retarda- ▷ O funcionário público Dá o jeitinho. Responderá por
mento do ato de ofício. Desse modo, se o agente oferece ou corrupção passiva privilegiada (Art. 317, § 2º, CP) e o
promete a vantagem indevida ao funcionário público, o crime particular será partícipe deste crime;
estará consumado. ▷ O funcionário público Não dá o jeitinho. O fato é atí-
A tentativa é possível, salvo quando o crime é praticado pico para ambos.
verbalmente.
Contrabando e Descaminho
Descrição do Crime
Vantagem Indevida: não precisa ser necessariamente pa- Descaminho (Art. 334)
trimonial/econômica. Pode ter qualquer natureza: patrimonial, Antes da publicação da Lei nº 13.008/2014, o Art. 334 do
sexual, moral etc. Código Penal tipificava a prática dos crimes de contrabando
Meios de Execução: o delito de corrupção ativa pode ser e descaminho como crime único, atribuindo pena de reclusão
praticado de duas formas: de um a quatro anos. Com a nova redação ocorre a separação
dos crimes de contrabando e descaminho, tornando-os crimes
Oferecer vantagem indevida: nesta hipótese, a conduta
autônomos.
parte do particular que põe à disposição a vantagem indevida
ao funcionário público e este a recebe. Desse modo, o particular Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de
praticou o crime de corrupção ativa (Art. 333 do CP) e o funcio- direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou
nário público o crime de corrupção passiva (Art. 317 do CP). pelo consumo de mercadoria
PROMETE vantagem indevida: nesta hipótese, a conduta Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
parte do particular que promete a vantagem indevida ao fun- § 1º Incorre na mesma pena quem:
cionário público e este a aceita. Desse modo, o particular prati- I. pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
cou o crime de corrupção ativa (Art. 333 do CP) e o funcionário permitidos em lei;
público o crime de corrupção passiva (Art. 317 do CP). Não é II. pratica fato assimilado, em lei especial, a des-
necessário que o particular efetivamente cumpra sua promes- caminho;
sa para que ocorra a consumação do delito, basta a simples III. vende, expõe à venda, mantém em depósito
promessa. ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
Não se configura a infração penal quando a oferta ou ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
promessa tem o fim de impedir ou retardar ato ilegal. industrial, mercadoria de procedência estrangeira
que introduziu clandestinamente no País ou impor-
Causa de Aumento de Pena tou fraudulentamente ou que sabe ser produto de
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Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se, introdução clandestina no território nacional ou de
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário re- importação fraudulenta por parte de outrem;
tarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo IV. adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
dever funcional. ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
A corrupção ativa é um crime formal. Desse modo, o que industrial, mercadoria de procedência estrangei-
seria o exaurimento do crime (retardar ou omitir ato de ofí- ra, desacompanhada de documentação legal ou
cio, ou o praticar infringindo dever funcional) funciona como acompanhada de documentos que sabe serem
uma causa de aumento de pena. falsos.
Considerações § 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efei-
tos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular
O crime de corrupção ativa é uma exceção à Teoria Unitária
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
ponderá pelo crime de descaminho ou contrabando capitu- pela fiscalização alfandegária: o crime estará
lados, respectivamente, nos Art. 334 e 334-A do CP, como consumado no instante em que a mercadoria é
partícipe ou coautor, a depender do contexto fático. Contrabando liberada pela autoridade alfandegária.
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tipo perderam utilidade, como na hipótese do edital com previdenciária segurados, empregado, empresário,
prazo vencido. trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a
Não pratica o crime aquele que reage, moderadamente, este equiparado que lhe prestem serviços;
contra ato abusivo (ilegal) de funcionário público, rasgando, II. Deixar de lançar mensalmente nos títulos pró-
por exemplo, tira de papel afixada por oficial de justiça na prios da contabilidade da empresa as quantias des-
porta de sua moradia, anunciando seu despejo. contadas dos segurados ou as devidas pelo empre-
gador ou pelo tomador de serviços;
Subtração ou Inutilização de
III. Omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
Livro ou Documento auferidos, remunerações pagas ou creditadas e
Art.337. Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, li- demais fatos geradores de contribuições sociais
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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alguém, imputando-lhe crime de que Consumação e Tentativa
o sabe inocente. Por ser um crime material, a mera comunicação falsa não é
É crime contra a Administração da suficiente para a consumação do delito, exigindo a provocação
É crime contra a honra.
Justiça. da ação da autoridade para fazer algo (conduta positiva). Con-
suma-se no momento em que a autoridade toma providência
Regra: Ação Penal Privada. Ação Penal Pública Incondicionada.
para apurar a ocorrência do crime, ou contravenção, comuni-
Não admite a imputação
Admite (é circunstância que importa cado falsamente.
na diminuição da pena pela metade
falsa de Contravenção Penal.
(Art. 339, §22, CP).
A tentativa é possível. Vejamos como exemplo um indi-
víduo que comunica à autoridade um crime ou contravenção
Ex.: José assaltou o Banco do Brasil o Calúnia. que sabe inexistente e, por circunstâncias alheias a sua von-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
José assaltou o Banco do Brasil: eu afirmo isso para o Dele- tade, a autoridade não toma nenhuma providência, tem-se o
gado, querendo a instauração de procedimento inútil e crimino- crime tentado.
so o denunciação caluniosa.
Pode ser praticado o crime de denunciação caluniosa até Descrição do Crime
mesmo pelo Promotor de Justiça que denuncia alguém saben- O delito é comunicação falsa de crime ou contravenção
do ser inocente. Essa denúncia criminosa do Promotor de Jus- (Art. 340 do CP). O agente não acusa nenhuma pessoa, mas
tiça é denominada denúncia temerária ou abusiva. a ocorrência de um crime inexistente. Se o agente vier a indi-
O advogado não tem imunidade penal na calúnia e, nem vidualizar o autor, o STF já decidiu: responde por denuncia-
tampouco, na denunciação caluniosa. ção caluniosa (Art. 339 do CP).
Denunciação Caluniosa Privilegiada O núcleo do tipo provocar significa dar causa à ação da
§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é autoridade, podendo ocorrer de várias formas, uma delas é
de prática de contravenção. que o crime ou contravenção penal comunicado não existiu
A pena é reduzida de metade se a imputação é de con- ou houve o fato, mas foi absolutamente diverso do comuni-
travenção penal. Passa-se a ter infração de menor potencial cado para a autoridade. Por isso é considerado um crime de 107
ofensivo, admitindo-se a suspensão condicional do processo. forma livre.
Considerações A autoridade que recebe essa notícia de crime legalmente
108 Caracteriza uma figura equiparada de estelionato (Art. 171, deve ter poderes de investigar a prática de delitos.
§ 2º, V, do CP) quando a comunicação falsa de crime ou con- Não configura o crime quando o réu chama para si a exclu-
travenção é um meio fraudulento para que o agente obtenha siva responsabilidade de ilícito penal de que deve ser conside-
o valor do seguro. O delito (Art. 340 do CP) se torna um ante- rado concorrente (RT 371/160).
factum impunível. Aplica-se o princípio da consunção. Considerações
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ex.: “A” esconde seu automóvel que é amparado por Para facilitar o entendimento do crime, exemplos:
contrato de seguro e comunica à autoridade que sofreu
Vantagem Pecuniária:
um furto, já com a intenção de receber o dinheiro do se-
Ex.: “A” recebe dinheiro do verdadeiro autor do crime
guro.
para autoacusar-se.
Atentem-se às diferenças: Sacrifício:
Na denunciada caluniosa, o agente imputa a infração penal Ex.: Mãe se autoacusa para livrar o filho que cometeu um
imaginária a pessoa certa e determinada. crime.
Na comunicação falsa de crime, apenas comunica a Exibicionismo:
fantasiosa infração, não a imputando a ninguém ou, im- Ex.: Criminoso se autoacusa para que tenha reputação
putando, aponta personagem fictício. entre a bandidagem de sua comunidade.
Álibi:
Autoacusação Falsa Ex.: “A” imputa a si próprio crime menos grave para se
Art. 341. Acusar-se, perante a autoridade, de crime ine- livrar de crime mais grave, alegando ser no mesmo horá-
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tentativa.
Desse modo, é possível que haja o crime de falso testemunho
É fato atípico a conduta de mentir para evitar sua própria
incriminação, pois ninguém é obrigado a produzir prova contra ainda que o fato seja verdadeiro. Nesta hipótese, é necessário
si mesmo. que a testemunha narre um fato que realmente ocorreu, mas
não foi presenciado por ela.
Descrição do Crime Se o falso testemunho ou falsa perícia se der perante a jus-
Testemunha: aquela pessoa chamada para depor no pro- tiça do trabalho, o seu processo e julgamento estarão afetos
cesso, sob o compromisso de dizer a verdade fática. Perito: ao juízo criminal federal, por ser atingido interesse da União.
quem fornece laudos técnicos de conhecimentos específicos,
que escapam da ciência do Juiz. Contador: especialista em Aumento de Pena
assuntos contábeis. Pessoa que apresenta os cálculos a se- § 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se
rem eventualmente efetuados. Tradutor: tem a função de o crime é praticado mediante suborno ou se cometido
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
adaptar textos em língua estrangeira para o vernáculo (idio- com o fim de obter prova destinada a produzir efeito
ma pátrio). Intérprete: responsável pela comunicação daque- em processo penal, ou em processo civil em que for
le que não conhece o idioma nacional. parte entidade da administração pública direta ou in-
O crime em tela possui três núcleos: direta.
ї Fazer Afirmação Falsa: ї São três as causas de aumento de pena:
▷ Falsidade positiva; ▷ Mediante suborno;
▷ Mentir para a autoridade. ▷ Com o fim de obter prova destinada a produzir efeito
Ex.: Pedro mente para o juiz, dizendo que na data do em processo penal;
crime estava viajando com Ronaldo (acusado) para Flo- ▷ Com o fim de obter prova destinada a produzir efeito
rianópolis. em processo civil em que for parte entidade da ad-
ї Negar a Verdade: ministração pública direta ou indireta.
▷ Falsidade negativa; Retratação: Art. 342, § 2º. O fato deixa de ser punível se,
▷ Recusar-se a confirmar a veracidade de um fato. antes da sentença, no processo em que ocorreu o ilícito, o
Ex.: “A” nega que presenciou o latrocínio praticado por agente se retrata ou declara a verdade. Trata-se de causa de 109
“B” contra “C”. extinção da punibilidade (Art. 107, VI, do CP).
A retratação formulada pelo autor deve comunicar-se aos Sujeito Passivo: é o Estado e de forma mediata, e secun-
110 partícipes do delito. dariamente, figurará no polo passivo o indivíduo que sofreu a
Em processo de competência do Tribunal do Júri, é possí- coação.
vel a retratação extintiva da punibilidade, mesmo após a de- Ex.: Magistrado, delegado, réu, testemunha, jurado
cisão de pronúncia, desde que anterior à sentença de mérito. etc.
Corrupção Ativa de Testemunha ou Perito Consumação e Tentativa
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer Ocorre a consumação no momento do emprego da violên-
outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor cia ou grave ameaça do agente.
ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar A tentativa é possível, visto que o crime tem caráter plu-
a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução rissubsistente.
ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de Ex.: “A” manda uma carta ameaçadora para uma teste-
28.8.2001) munha de um processo judicial, mas por circunstâncias
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação
alheias a sua vontade, a carta se extravia nos Correios.
dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Segundo STJ, o crime de coação no curso do processo, por
ser um crime formal, se consuma tão só com o emprego da grave
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a
ameaça ou violência contra qualquer das pessoas referidas no Art.
um terço, se o crime é cometido com o fim de obter pro-
344 do CP, independentemente do efetivo resultado pretendido
va destinada a produzir efeito em processo penal ou em
ou de a vítima ter ficado intimidada. (STJ. REsp 819.763/PR)
processo civil em que for parte entidade da administra-
ção pública direta ou indireta. Descrição do Crime
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Conduta: trata-se de modalidade especial de corrupção Se a conduta descrita no tipo penal for realizada no curso de
ativa, abrangendo o mesmo comportamento criminoso, acres- processo de uma CPI, o agente incidirá no crime previsto no Art.
cido do núcleo dar. 4º, I, da Lei nº 1.579/52 que versa sobre as Comissões Parlamen-
Para configurar o delito em tela é necessário que haja al- tares de Inquérito.
gum procedimento oficial em andamento. Não basta para a configuração do delito que a violência ou
Consumação: trata-se de crime formal, logo se consuma grave ameaça seja proferida às pessoas do Art. 344. É neces-
com a simples realização de uma das condutas previstas no sário que se faça tal injusto com o interesse de favorecimento
caput, sendo desnecessária a prática de qualquer ato pelos pos- próprio ou alheio.
síveis corrompidos. Ex.: “A” amigo do réu, ameaça a testemunha a depor em
favor do amigo. / “B” réu em processo judicial, intimida
Coação no Curso do Processo o perito a não revelar o verdadeiro resultado do laudo
Art. 344. Usar de violência ou grave ameaça, com o pericial.
fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra Considerações
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que fun-
Se da conduta criminosa resulta violência, restarão carac-
ciona ou é chamada a intervir em processo judicial, terizados dois crimes, incidindo em concurso material obriga-
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: tório, somando as penas da coação no curso do processo mais
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da o crime de violência (lesão corporal ou homicídio).
pena correspondente à violência.
A razão pela qual existe esse crime é para impedir que Exercício Arbitrário das Próprias Razões
frustrem a eficiência da Administração da justiça com vio- Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satis-
lência ou ameaças e para garantir o regular andamento dos fazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o
processos ou em juízo arbitral. Crime esse de ação penal permite:
pública incondicionada. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
Classificação além da pena correspondente à violência.
É um crime pluriofensivo, pois atinge mais de um bem Parágrafo único. Se não há emprego de violência, so-
jurídico, primeiramente a Administração da justiça, e secunda- mente se procede mediante queixa.
riamente a integridade física ou a liberdade individual. Como disposto no Art. 345 do Código Penal, não é aceita
Doloso e com um especial fim de agir, apresentado no tipo a justiça entre particulares e a ninguém é dado o direito de
com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio. Não admi- versar sobre a justiça privada se não o próprio poder judiciário,
te a modalidade culposa. que tem a competência para resolver as divergências existen-
Considerado um crime comum, instantâneo, de concurso tes entre os indivíduos. Em regra, esse crime é de ação penal
eventual, e em regra comissivo. privada, contudo será de ação penal pública incondicionada se
estiver presente a violência.
Sujeitos do Crime
Sujeito Ativo: por ser um crime comum, pode ser cometido Classificação
por qualquer pessoa, não sendo necessário que o agente tenha Crime simples, pois atinge um único bem jurídico. Co-
interesse no próprio processo. mum, cometido por qualquer pessoa.
É um crime doloso, acompanhado com um elemento sub- Fraude Processual
jetivo específico “para satisfazer pretensão, embora legítima”.
Art. 347. Inovar artificiosamente, na pendência de pro-
Não sendo admitida a modalidade culposa.
cesso civil ou administrativo, o estado de lugar, de coi-
Em regra é comissivo e instantâneo, consumando-se em
sa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou
um momento determinado.
o perito:
A ação penal será pública incondicionada quando o cri- Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
me é praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da
Parágrafo único. Se a inovação se destina a produzir
União, Estado ou Município.
efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as
Sujeitos do Crime penas aplicam-se em dobro.
Sujeito Ativo: pode ser cometido por qualquer pessoa, mas O crime de fraude processual é um crime tacitamente sub-
se o agente for funcionário público e comete o delito prevale- sidiário, somente sendo aplicável quando o fato não constituir
cendo-se de sua condição, serão imputados dois crimes: exer- crime mais grave. Delito esse de ação penal pública incondi-
cício arbitrário das próprias razões + abuso de autoridade (Lei cionada.
nº 4.898/65).
Classificação
Ex.: “A” policial, proprietário de uma casa, encosta a
viatura na frente de seu imóvel, entra na residência e, de Considera-se um crime simples, pois ofende um único
arma em punho, expulsa “B”, que não pagara o aluguel bem jurídico que é a Administração da justiça.
do mês anterior. O crime de fraude processual também é considerado um
Sujeito Passivo: primeiramente é o Estado, e secunda- crime formal ou de consumação antecipada, pois independe
riamente a pessoa física ou jurídica prejudicada pela conduta do resultado naturalístico.
criminosa. Em regra é comissivo, considerado também um crime
de dano, pois causa lesão à Administração da justiça.
Consumação e Tentativa Crime de concurso eventual, normalmente praticado por
Existe divergência entre os doutrinadores, mas majorita- um só agente, mas o concurso é plenamente possível.
riamente foi classificado como um crime formal, consumando-
se mesmo que a pretensão não seja atingida. Sujeitos do Crime
É plenamente aceitável a tentativa, visto o caráter pluris- Sujeito Ativo: considerado um crime comum, logo, é pas-
subsistente (ação composta por vários atos) do crime. sível de ser cometido por qualquer pessoa. (vítima, acusado ou
mesmo advogado)
Descrição do Crime
Foge do alcance do tipo o perito, uma vez que, se inovar
O núcleo do tipo fazer justiça pelas próprias mãos, tem
o estado de coisa, pessoa ou lugar no decorrer dos exames
sentido de satisfazer pretensão pessoal. Essa pretensão pode
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periciais, incorrerá no crime previsto no Art. 342 do CPl.
ser de qualquer natureza, ligada ou não à propriedade, mas
exigindo-se ao menos uma aparência de direito legítimo. Sujeito Passivo: de forma imediata é o Estado, e de forma
mediata é a pessoa prejudicada no processo administrativo,
Ex.: Marido indignado com a traição da esposa, a expulsa
da casa que construíram juntos. penal ou civil.
A pretensão deve ser legítima, pois do contrário, a condu- Consumação e Tentativa
ta acarretará na incidência de outros crimes, tais como o furto, Consuma-se no momento em que o agente utiliza o meio
roubo, estelionato, apropriação indébita, entre outros. fraudulento para a inovação na pendência do processo.
Ex.: “A”, indignado com a traição de sua esposa, vai até a A tentativa, entretanto, deve apresentar potencialidade
casa de “B” que é o homem que se deitou com ela e, para real para enganar o juiz ou o perito. Se o artifício (fraude) for
fazer justiça com as próprias mãos, obriga a mulher de grosseiro ou perceptível é crime impossível (Art. 17 do CP) por
“B” a manter relações sexuais com “A”.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 348. Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pú- uma excludente de ilicitude ou causa excludente de culpabi-
blica autor de crime a que é cominada pena de reclusão: lidade. E se o agente for absolvido pelo crime anterior, estará
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. excluído o crime de favorecimento pessoal.
§ 1º Se ao crime não é cominada pena de reclusão: O favorecimento deve ocorrer APÓS o cometimento do cri-
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. me e nunca para o cometimento do crime. Se o favorecimento
for ajustado previamente, antes da consumação do crime, in-
§ 2º Se quem presta o auxílio é ascendente, descenden-
cidirá o agente como partícipe segundo o Art. 29 do Código
te, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
Penal: Quem de qualquer modo concorre para o crime, incide
O crime de favorecimento pessoal basicamente consiste
nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
em prestar auxílio ao agente condenado com pena de reclusão
para que escape da ação da autoridade pública. É um crime de O agente que presta o auxílio deve ter ciência da atual
ação penal pública incondicionada. situação do criminoso, se não, tem-se excluído o dolo.
Ex.: Tício de forma voluntária, empresta seu carro a Mé-
Classificação vio para que este faça uma viajem de negócios, quando
Em análise ao Art. 348 do CP pode ser verificado que se na verdade, Mévio, que acabara de cometer um crime,
trata de um crime acessório, pois depende da prática anterior pretendia fugir da polícia. Desta forma Tício não respon-
de um crime com pena de reclusão (contravenção não). de pelo crime.
Somente pode ser praticado de forma comissiva (ação),
não havendo possibilidade de auxílio à subtração de autor Favorecimento Real
de crime mediante uma conduta omissiva. Art. 349. Prestar a criminoso, fora dos casos de coauto-
O agente que deixa de comunicar à autoridade pública o ria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro
local onde está escondido o autor do crime, mesmo que esta o proveito do crime:
circunstância seja de conhecimento do agente, não comete Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
crime algum. O Código Penal prevê mais uma espécie de favorecimen-
Sujeitos do Crime to, demonstrando ser este um crime acessório, pois necessita
Sujeito Ativo: não é exigida qualquer qualidade específica de algum crime já praticado anteriormente não alcançando as
do agente. contravenções penais.
A vítima do crime anterior pode ser sujeito ativo do crime Classificação
de favorecimento pessoal (Art. 348 do CP). Ex.: uma vítima de É um crime de forma livre, ou seja, o favorecimento pode
roubo (Art. 157 do CP), logo após a ocorrência do crime, enga- acontecer de diversas formas, como esconder o bem subtraí-
na os policiais, prestando-lhes falsas informações do paradeiro do, aplicar no banco os valores provenientes de um esteliona-
do criminoso para que tenha êxito em sua fuga. to, deixar um cofre aberto para que o agente que cometeu o
Consumação e Tentativa crime guarde os documentos roubados no assalto.
Por ser um crime material, o crime se consuma com o efe- É um crime doloso com um elemento subjetivo específi-
tivo auxílio, ainda que seja por curto período de tempo. Caso co, no qual a finalidade do agente é tornar seguro o proveito
o criminoso tenha sido pego, o agente responderá pelo crime do crime, porquanto o agente deve ter a ciência de que seu
da mesma forma, já que a conduta de auxiliar o criminoso teve comportamento será efetivo para auxiliar o criminoso, não se
êxito, mesmo que breve. admitindo portanto a modalidade culposa.
Sujeitos do Crime
Receptação própria “ocultar” Favorecimento real
Sujeito Ativo: o crime de favorecimento real é comum, (Art. 180, caput, 1ª parte, CP) (Art. 349, CP)
podendo ser praticado por qualquer pessoa, salvo coautor ou
partícipe do crime que antecede o favorecimento. Crime contra a Administração da
Crime Contra o Patrimônio.
Justiça.
Ex.: Tício, conhecido de Mévio, se dispõe a auxiliar Mévio
a esconder o dinheiro que será roubado de uma casa lo- Quem se beneficia é qualquer
O próprio autor do crime
outra pessoa que não seja o
térica. Se efetivamente vier a ocorrer o roubo, Tício será autor do crime anteriormente
anteriormente cometido é o
partícipe do crime, por auxiliar Mévio. O intuito de auxiliar beneficiado pela conduta.
praticado.
deve vir de forma posterior ao cometimento do crime.
O proveito pode ser tanto
Sujeito Passivo: é o Estado e secundariamente, a vítima Exige-se que o proveito seja
econômico quando de outra
econômico.
do delito anterior. natureza.
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lular em suas partes íntimas e leva ao interno no dia de
solutória, se quem presta o auxílio é cônjuge, as-
visita ou joga o aparelho por cima dos muros da cadeia e
cendente, descendente ou irmão do criminoso, fica
até mesmo coloca os aparelhos no interior de alimentos
isento de pena. É a chamada escusa absolutória, (bolo, torta).
presente no § 2º do Art. 348 do CP.
Sujeitos do Crime
Favorecimento Real. Art. 349 CP:
Sujeito Ativo: é um crime comum, podendo ser praticado
▷ Objeto material: proveito de crime anterior; Pres-
por qualquer pessoa, vale ressaltar que até mesmo um preso
ta-se auxílio não ao criminoso em si, mas indireta- pode ser sujeito ativo do crime tipificado no Art. 349-A, so-
mente, assegurando para ele a ocultação da coisa, mente se este estiver em alguma permissão de saída ou saída
proveito do crime (real). temporária e também pode ser partícipe, por exemplo, o preso
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
▷ Quanto ao resultado: crime formal. que induz sua esposa a levar a ele o aparelho de comunicação.
▷ Escusa absolutória: não tem previsão de escusa ab- Sujeito Passivo: é o Estado.
solutória. Consumação e Tentativa
Para que possa ocorrer o crime do Art. 349, é necessário É considerado crime de mera conduta, ou seja, a lei sequer
que o crime anterior tenha alcançado a consumação e se no prevê qualquer resultado naturalístico. Consuma-se o crime
crime não houve qualquer tipo de proveito, também não ha- quando é praticada qualquer das condutas descritas no tipo
verá o crime de favorecimento real. (ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entra-
da de aparelho de comunicação ou similar em estabelecimen-
Considerações to prisional).
Quem estuda de maneira superficial o crime de favoreci- A tentativa é plenamente possível.
mento real, certamente poderia interpretar de forma errônea Ex.: Tício, em horário de visita, ao tentar ingressar no
as diferenças entre os crimes de receptação própria (CP, Art. presídio onde seu primo está preso, esconde em sua blu-
180, caput, 1ª parte) na modalidade “ocultar” e favorecimento sa um aparelho celular e acaba sendo preso em flagrante 113
real (CP, Art. 349). Vamos observar as diferenças: durante a revista pessoal.
Descrição do Crime Arrebatamento de Preso
114 O objeto material do crime pode ser qualquer instrumento Art. 353. Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do po-
que tenha potencial de comunicação. (aparelho telefônico, wal- der de quem o tenha sob custódia ou guarda:
kie-talkie, webcam). Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
Não é exigido qualquer fim específico, basta o dolo, por correspondente à violência.
parte do agente, de levar ao poder do preso o aparelho de co-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
municação. Conduta
Somente uma conduta é prevista para a prática do crime,
Exercício Arbitrário ou Abuso de Poder consubstanciada no núcleo arrebatar preso, com o fim de mal-
Art. 350. Ordenar ou executar medida privativa de li- tratá-lo (linchamento). Arrebatar significa arrancar, levar, retirar
berdade individual, sem as formalidades legais ou com com violência.
abuso de poder: Se não tiver o fim de maltratá-lo, não configurará este cri-
Pena - detenção, de um mês a um ano. me, mas poderá incorrer no Art. 351 do CP. promover ou facili-
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o funcioná- tar fuga de pessoa presa.
rio que:
I. Ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou
Motim de Presos
a estabelecimento destinado a execução de pena Art. 354. Amotinarem-se presos, perturbando a ordem
privativa de liberdade ou de medida de segurança; ou disciplina da prisão:
II. Prolonga e execução de pena ou de medida de Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
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também se destina a qualquer das pessoas referidas ção passiva (Art. 317 do CP) e ao particular e ao intermediador
neste artigo. o crime de corrupção ativa (Art. 333 do CP).
Introdução Considerações
Versa de forma similar ao crime de tráfico de influência Art. Exploração de prestígio Tráfico de influência
332 do CP. Com a edição da Lei nº 9.127/95, esses dois crimes (Art. 357 do CP) (Art. 332 do CP)
foram diferenciados e o Art. 332 passou a ser o crime de tráfico Solicitar ou receber. Solicitar, exigir, cobrar ou obter.
de influência. Esse delito é de ação penal pública incondicio- Ato de disposição específica
Ato praticado por funcionário
nada. relativa aos órgão ou funcionários
público no exercício da função.
da administração da justiça.
Classificação
Violência ou Fraude em
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
ÍNDICE
1. Disposições Constitucionais Aplicáveis ao Processo Penal ...........................................119
2. Introdução ao Direito Processual Penal ..................................................................... 120
Lei Processual Penal no Espaço ...................................................................................................120
Lei Processual Penal no Tempo ....................................................................................................121
Interpretação da Lei Processual Penal .........................................................................................121
3. Inquérito Policial ....................................................................................................... 121
Polícia Administrativa X Polícia Judiciária ...................................................................................121
Atribuição .....................................................................................................................................121
Características do Inquérito Policial ............................................................................................ 122
Valor Probatório do Inquérito Policial .........................................................................................124
Vícios ...........................................................................................................................................124
Incomunicabilidade .....................................................................................................................124
Notícia Crime ............................................................................................................................... 125
Procedimentos do Inquérito Policial ...........................................................................................126
Arquivamento do Inquérito ........................................................................................................ 127
Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) ..............................................................................128
4. Ação Penal ............................................................................................................... 128
Classificação das Ações (Titular do Direito) ................................................................................128
Ação Penal Pública ......................................................................................................................128
Ação Penal Privada ......................................................................................................................130
Ação Penal em Alguns Casos Especiais ........................................................................................131
5. Jurisdição e Competência ......................................................................................... 132
Classificação da Competência .................................................................................................... 132
Competência Absoluta X Competência Relativa ......................................................................... 137
Conexão e Continência ................................................................................................................ 137
6. Prova ....................................................................................................................... 138
Teoria Geral da Prova ..................................................................................................................138
Provas em Espécies .....................................................................................................................140
Exame de Corpo Delito .................................................................................................................141
Interrogatório ..............................................................................................................................142
Ofendido ......................................................................................................................................142
Testemunha .................................................................................................................................143
Reconhecimento de Pessoas e Objetos .......................................................................................144
Acareação ....................................................................................................................................144
Documentos.................................................................................................................................145
Dos Indícios..................................................................................................................................145
Busca e Apreensão ......................................................................................................................145
118 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL Ş
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ї Princípio da ampla defesa Art. 5º, LIII, da CF: ninguém será processado nem sen-
Art. 5º, LV, da CF: aos litigantes, em processo judicial tenciado senão pela autoridade competente.
ou administrativo, e aos acusados em geral são asse- Esse princípio garante ao acusado que ele seja julgado por
gurados o contraditório e ampla defesa, com os meios um juiz imparcial e definido anteriormente à ocorrência do cri-
e recursos a ela inerentes. me; veda-se, portanto, o juízo ou tribunal de exceção ou tribu-
A ampla defesa se subdivide em autodefesa e defesa téc- nais ad hoc. Vale ressaltar que não fere o princípio do juiz natural
nica. a convocação de juízes de primeiro grau feita pelos tribunais e a
A segunda é aquela exercida pelo advogado, pois este sim criação de novas varas para igualar os acervos do juízo.
tem capacidade postulatória, com exceção de o próprio acusa- ї Princípio da publicidade
Art. 5º, XXXIII, da CF: todos têm direito a receber dos
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
do ser advogado. A defesa técnica é indisponível.
A primeira é exercida pelo próprio acusado de forma que órgãos públicos informações de seu interesse particu-
pode influenciar o magistrado no seu interrogatório. Vale no- lar, ou de interesse coletivo ou geral, que serão pres-
tar que a autodefesa é disponível, podendo o acusado ficar tadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
calado quando da audiência (direito ao silêncio). No entanto, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
o interrogatório é dividido em duas partes: a qualificação e segurança da sociedade e do Estado.
as perguntas, não podendo o acusado mentir na 1ª, sob pena Art. 5º, LX, da CF: a lei só poderá restringir a publicida-
de estar cometendo a contravenção Penal prevista no Art. 68 de dos atos processuais quando a defesa da intimidade
da Lei de Contravenções penais; caso atribua outra identida- ou o interesse social o exigirem.
de a si, restará configurado o crime do Art. 307 do CP (falsa Art. 93, IX, da CF: todos os julgamentos dos órgãos
identidade). Na segunda parte do interrogatório não pode o do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
acusado imputar falsamente um crime a si, pois estaria co- todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei
metendo o delito de autoacusação falsa (Art. 341, CP). limitar a presença, em determinados atos, às próprias
ї Princípio da plenitude da defesa partes e a seus advogados, ou somente a estes, em ca-
Art. 5º, XXXVIII, da CF: é reconhecida a instituição do sos nos quais a preservação do direito à intimidade do
júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: interessado no sigilo não prejudique o interesse públi- 119
a) plenitude de defesa. co à informação.
É o princípio que traduz a transparência da atividade ju- sentença justa, que se fundamentem na verdade dos fatos, a
120 risdicional do Estado, de forma que, em regra, os atos serão fim de respeitar todos os direitos constitucionais do homem,
públicos. Essa norma, porém, admite exceções, de forma que, a ampla defesa, a presunção de inocência, dentre outros.
se a defesa da intimidade ou o interesse social o exigir, o ato A manifestação da aplicação das normas de processo pe-
não será público. No inquérito policial vigora o sigilo. nal é o que chamamos de persecução penal, sendo esta o ob-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
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Não pode ser confundido com processo, pois as regras são
▷ Suplemento dos princípios gerais de direito.
outras; é comum as provas de concursos falarem que o inqué-
3. Inquérito Policial rito policial é um PROCESSO, o que está errado.
ї Administrativo
Vamos partir da ideia de que a persecução penal é fer- O inquérito policial é um procedimento administrativo,
ramenta utilizada pelo Estado para materializar a aplicação porque é realizado pela polícia judiciária, que é um órgão do
da pena ao autor de um crime. Ela se compõe de duas fases poder executivo, a qual tem a função de administrar a coisa
distintas: uma administrativa e outra judicial. Vamos agora es- pública. Apesar do nome polícia judiciária, ela não é subordi-
tudar essa fase administrativa, chamada de inquérito policial. nada ao poder judiciário e sim ao poder executivo, haja vista NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
o delegado de polícia ser subordinado ao secretário de segu-
Polícia Administrativa X rança pública e este ser submisso ao governador do Estado,
Polícia Judiciária responsável pela administração pública.
Material Discricionário
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A atribuição é definida pela natureza do crime, com a atua- Discricionariedade é a liberdade dentro da lei (esta deter-
ção de uma delegacia especializada em determinado tipo de mina ou autoriza a atuação do Estado). Assim sendo, o de-
delito. legado tem liberdade na adoção e condução das diligências
Essa regra é subsidiária à territorial, pois, em regra, temos adotadas no curso de um inquérito policial.
que descobrir a atribuição territorial e, se no local do crime O Art. 6º do CPP traz um rol de possíveis procedimentos
tiver uma delegacia especializada, ela assumirá a investigação. que podem ser adotados pela polícia na condução de um in-
Ex.: Delegacias especializadas: Delegacia Antisseques- quérito; ele não é taxativo, pois a polícia pode adotar qualquer
tro, Delegacia de Repressão a Roubos e Assaltos, Dele- uma daquelas diligências na ordem que entender melhor, ou
gacia da Mulher, Delegacia de Homicídios e Proteção à seja, o rol é exemplificativo.
Pessoa, dentre outras. Não podemos entender discricionariedade como uma facul-
Por meio da aplicação das normas de atribuição material, dade do delegado de iniciar ou não uma investigação, porque,
nós teremos a definição da investigação realizada pela polícia conforme veremos adiante, em alguns casos a investigação é
civil (âmbito estadual) e polícia federal (âmbito federal). obrigatória. A discricionariedade se refere ao fato de o delegado,
sendo obrigado ou não a investigar, poder adotar as diligências
Características do Inquérito Policial que considere convenientes para a solução do crime, desde que
esteja prevista tal diligência na lei.
Inquisitivo Explica essa regra o fato de que cada crime é um aconte-
Assunto comum de ser cobrado em concurso público. No cimento único no mundo e, sendo assim, a solução deles não
inquérito policial não há partes, acusação e defesa; temos tem uma receita certa, devendo a autoridade policial saber
somente o delegado de polícia investigando um crime e, utilizar, dentre os meios disponíveis, aqueles adequados à so-
consequentemente, um suspeito.Nele não há contraditório lução do caso.
nem ampla-defesa.
Realmente, a investigação não observa o contraditório,
Sigiloso
pois a polícia não tem a obrigação de avisar um suspeito Não aplicamos o princípio da publicidade ao inquérito po-
que o está investigando; e não há ampla-defesa, porque o licial, pois as investigações são sigilosas. Se a polícia anuncia
inquérito não pode, em regra, fundamentar uma sentença em veículo de informação oficial, e ainda na mídia convencio-
condenatória, tendo o suspeito possibilidade de se defender nal, que tenciona iniciar uma investigação a determinado con-
durante o processo. trabandista (que deveria se preparar para isso), este poderia
Atenção à redação do Art. 5º, LV, da CF: prejudicar todo o sucesso da averiguação.
Compete ao delegado zelar pelo sigilo do inquérito poli-
Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
cial, pois ele é a autoridade responsável pela condução.
aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. ї Finalidade do sigilo
Como na fase da investigação não existe nenhuma acusação O sigilo do inquérito policial tem a finalidade de preservar
e nem partes, não há que se falar em contraditório e ampla de- a imagem do suspeito e, ainda, garantir a eficiência das in-
fesa, pois o direito constitucional previsto no Art. 5º, LV, da CF é vestigações.
válido para as partes de um processo. Além do inquérito policial ї Classificação do sigilo
não ter partes, é um procedimento e não um processo, conforme Sigilo Externo: destinado aos terceiros desinteressados e
descrito na Constituição Federal. a imprensa.
Sigilo Interno: destinado aos interessados no processo. ▷ Decretação do segredo de justiça (preservar a ima-
O sigilo do inquérito policial não atinge o juiz, o Ministé- gem da vítima)
rio Público e o advogado do suspeito. Como acabamos de ver, o delegado pode, em alguns casos,
quando achar conveniente, divulgar informações à imprensa.
Promotor Para evitar tal conduta, visando especificamente a proteger
Não atinge o a imagem da vítima ou do acusado, o juiz pode decretar o
acesso aos autos da segredo de justiça da investigação; então as informações não
investigação Juiz
poderão vazar. Mas, nesse caso, é mantido o acesso aos autos
pelo juiz, MP e advogados.
Advogado
Indisponível
- Art. 7º , XIV, da Lei nº Toda investigação iniciada deve ser concluída e encami-
Ferramentas para nhada ao juízo competente, ou seja, o delegado não pode de-
8.906/94 - Estatuto
combater o arbítrio sistir de uma investigação iniciada.
OAB
- Mandado de segurança
- Súmula Vinculante ▷ O delegado não pode arquivar o inquérito policial
- Reclamação ao supremo Questões de prova envolvendo esse tema também são fre-
nº 14
quentes e a dica é a seguinte: o delegado nunca pode arquivar o
inquérito, independente do motivo trazido; essa regra é absoluta.
Art. 7º, XIV, Estatuto da OAB. São direitos do ad- Quanto ao arquivamento do inquérito, estudaremos logo adian-
vogado: examinar em qualquer repartição policial, te, mas é bom saber: o delegado não pode, nunca, arquivar um
mesmo sem procuração, autos de flagrante e de in- inquérito policial. Vale a pena ser redundante aqui.
quérito, findos ou em andamento, ainda que con- Dispensável
clusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar
O inquérito visa coletar indícios de autoria e materialida-
apontamentos.
de do crime para que o titular da ação penal possa ingressar
Súmula Vinculante 14. É direito do defensor, no inte- em juízo. Assim sendo, se ele tiver esses indícios colhidos por
resse do representado, ter acesso amplo aos elemen- outros meios, como por um inquérito não policial, o inquérito
tos de prova que, já documentados em procedimento policial se torna dispensável.
investigatório realizado por órgão com competência Assim, pode ser promovido um processo sem que seja
de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do realizado um inquérito policial. Aproveitando o tópico, vamos
direito de defesa. falar de outras espécies de inquérito.
É comum, em questões de concurso público, perguntar so- Inquéritos extra-policiais ou não policiais: são aqueles
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bre esse tema, e as questões geralmente falam que o sigilo do presididos por outras autoridades e não pelo do delegado de
inquérito se estende ao advogado, podendo o delegado negar polícia (Art. 4º do CPP).
a ele o acesso aos autos do inquérito policial. É evidente que Inquéritos parlamentares (CPI): presidido por parlamentares.
se trata de questão errada, uma vez que ao advogado e, para Inquéritos policiais militares: presididos por oficiais de
acabar de vez com a dúvida, o STF editou a Súmula Vinculante carreira, visa à apuração das infrações militares.
14. Sendo assim, o advogado pode se valer de duas ferramen- Inquéritos presididos pelo promotor (MP): não é possí-
tas, caso algum delegado viole o seu direito de acesso aos vel a presidência do IP por membro do MP, haja vista este ter
autos de inquérito: um mandado de segurança ou uma recla- o poder de requisitar a abertura de inquérito, a realização de
mação ao supremo, que é a ferramenta eficaz para combater o diligências, bem como fiscalizar a atuação da polícia judiciária.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
desrespeito a uma súmula vinculante. O STF trouxe, em recente decisão, a possibilidade do pro-
É importante saber que o advogado somente tem acesso motor presidir investigação criminal, porém, esta não deve ser
confundida com a realizada a cargo da polícia. A investigação
aos autos do inquérito policial referente às investigações já
realizada sob a presidência do membro do MP conviverá har-
concluídas e passadas a termo, ele não deve e não pode ter
monicamente com a realizada pela polícia, assim como as de-
acesso às investigações em andamento, sendo tal acesso dis- mais formas de inquérito.
ponibilizado ao advogado após o término da diligência.
Devemos observar também o teor da Súmula 234 do STJ:
Ex.: Se um advogado, ao ter acesso aos autos do inqué-
A participação de membro do Ministério Público na
rito policial, ficar sabendo que a polícia está fazendo uma fase investigatória criminal não acarreta seu impedi-
interceptação telefônica das conversas de seu cliente e mento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
estiver mal intencionado, irá informar o seu cliente e pre- Ressaltamos mais uma vez que o promotor não pode pre-
judicar todo o sucesso das investigações. sidir um inquérito policial. É questão comum no mundo do
Apesar do inquérito policial ser sigiloso, o delegado, quan- concurso público e a resposta é negativa, pois somente o de-
do achar conveniente, pode quebrar o sigilo, prestando infor- legado de polícia, e mais ninguém, preside o inquérito policial.
mações à imprensa, tais como: diligências que serão realiza- Além disso, aquele pode presidir a sua própria investigação, 123
das, divulgar o retrato de um suspeito, etc. que não se confunde com a policial.
Oficialidade ou então que a vítima se mude definitivamente para outro lugar,
124 inviabilizando a sua audição. Nesse caso, não tem o que se falar
A realização do inquérito policial é atribuição de um órgão em contraditório e ampla defesa diferido, pois o exercício des-
oficial do Estado (Polícia Judiciária). ses direitos acontecerá durante a realização da prova, que será
Oficiosidade antecipada para o inquérito policial. Esse é o contraditório real.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
de, sozinho, sustentar uma sentença condenatória, porque as Prazos para a Conclusão dos Inquéritos Policiais
provas colhidas durante o IP não se submeteram ao contradi-
tório e à ampla defesa. Enfatizamos que o valor probatório é Autoridade Indiciado Preso Indiciado Solto
relativo, uma vez que não fundamenta uma decisão judicial,
porém pode dar margem à abertura de um processo criminal 30 dias prorrogáveis
Delegado Estadual pelo juiz por quan-
contra alguém. 10 dias improrrogáveis
Art. 10 do CPP tas vezes forem
Art. 155, CPP. O juiz formará sua convicção pela livre apre- necessárias
ciação da prova produzida em contraditório judicial, não
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos Delegado Federal 15 dias prorrogáveis
Mesma regra do
elementos informativos colhidos na investigação, ressal- Art. 66 da Lei nº uma única vez por mais
delegado Estadual
vadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 5.010/66 15 dias
Investigações rela-
Provas Cautelares, Não tivas ao combate ao
30 dias prorrogáveis
90 dias prorrogáveis
uma única vez por mais
Repetíveis e Antecipadas tráfico de drogas e
30 dias
uma única vez
ao crime organizado
São as provas extraídas do IP e que têm a força de, even-
tualmente, sustentar uma sentença condenatória, conforme Toda prorrogação de prazo para a conclusão de um inqué-
orienta o Art. 155 do CPP. rito policial deve ser feita somente pelo juiz, pois o delegado
Provas Cautelares não tem essa competência.
São aquelas em que existe um risco de desaparecimento No caso das prorrogações referentes às investigações sobre
do objeto pelo decurso do tempo. Justificam-se pela necessi- tóxicos (Lei nº 11.343/2006), é condicionada a prévia oitiva do
dade, pela urgência. MP. Esta não vincula a decisão do juiz de prorrogar ou não o pra-
Ex.: Interceptação telefônica, busca e apreensão. zo do inquérito, mas é uma formalidade que deve ser respeitada.
Provas Não Renováveis ou Irrepetíveis Incomunicabilidade
São colhidas na fase investigatória, porque não podem ser
A incomunicabilidade visava a impedir a comunicação
produzidas novamente na fase processual devido ao seu fácil
do suspeito preso com terceiros, durante um prazo de tem-
perecimento.
po, para que assim não viesse a interferir nas investigações.
Ex.: Perícia nos vestígios do crime.
Tal regra é considerada não recepcionada pela Constituição
Para que essas provas tenham valor probatório de justi- Federal, ou seja, ela não tem mais aplicação prática, pois a
ficar uma sentença na fase processual, é necessário que elas CF em seu Art. 136, que trata do Estado de Defesa, veda a
sejam submetidas à ampla defesa e ao contraditório diferido adoção dessa medida em tal ocasião. Então, o entendimen-
ou postergado, ou seja, durante a fase processual.
to é que se eu não posso utilizar da incomunicabilidade em
Prova Antecipada uma situação de anormalidade, não posso fazer uso dela
Aqui nos referimos às provas que, em regra, deveriam ser em caso de normalidade.
colhidas durante o curso do processo e não durante o inquérito É importante saber que a incomunicabilidade não foi re-
policial. Em alguns casos, é possível que o juiz antecipe a oitiva cepcionada pela CF e está tacitamente sem efeitos, mas suas
de uma testemunha para a fase das investigações, quando hou- regras são cobradas em questão de concurso público e vamos
ver receio de que ela morra (idade avançada ou doença grave), estudá-las, a fim de que possamos enfrentá-las com facilidade.
Regras res de 18 anos de idade ou loucos). Além de comunicar o crime,
também serve como um pedido para que a polícia inicie as in-
Cabimento:
vestigações.
» Interesse da sociedade.
Segundo o CPP, diante de um requerimento, o delegado
» Conveniência da investigação o exigir. pode se recusar a iniciar as investigações e, neste caso, é cabí-
Prazo: vel recurso ao chefe de polícia (Art. 5º, §2º, do CPP). O código
» 3 dias. usa a expressão chefe de polícia, entretanto, tal cargo hoje não
Forma: existe mais, mas é a resposta certa para a sua prova. Pense
» Decreto fundamentado do juiz a requerimento assim: O delegado pode negar o requerimento? SIM. Cabe re-
do delegado ou do MP. curso ao Requerente? SIM. A quem é encaminhado o recurso?
A incomunicabilidade não atinge o juiz, o MP e os advo- Ao Chefe de Polícia.
gados. ▷ Requisição
É a comunicação do crime feita à autoridade policial pelo
Notícia Crime promotor ou pelo juiz e também uma determinação para o
Notícia crime (notitia criminis) é a forma como é denomi- início das investigações. O delegado não pode se recusar a
nado o conhecimento espontâneo ou provocado por parte da cumprir uma requisição.
autoridade policial de um fato aparentemente criminoso. Por É importante falarmos que, apesar da requisição ser si-
meio dela, a autoridade policial dará início às investigações. nônimo de ordem, o delegado não é subordinado hierarqui-
Destinatários da Notícia Crime camente ao MP ou ao Juiz, entretanto, a requisição é uma
ordem lastreada na lei. O Art. 13, § 2º, do CPP, determina que
Um fato aparentemente criminoso pode ser comunicado aquele deve cumprir as requisições emanadas pelo juiz ou
ao Juiz, ao MP ou ao Delegado. pelo membro do MP.
Quando quem recebe a notícia crime é o juiz ou o MP, eles Caso o delegado se negue a cumprir uma requisição, ele
requisitarão ao delegado o início das investigações. será responsabilizado na esfera administrativa e, em tese,
Classificação da Notícia Crime pode haver responsabilização criminal por prevaricação, e
não por desobediência, pois não existe desobediência de
Ela é classificada em direta ou indireta, conforme veremos um servidor público para outro.
a seguir:
▷ Delação
Notícia Crime Direta (Cognição É a comunicação do crime realizada por um terceiro iden-
Imediata ou Espontânea) tificado, também visa a pedir que a polícia inicie as investiga-
A autoridade policial toma conhecimento de um fato su- ções. A delação só é cabível em crimes de ação penal pública
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postamente criminoso por meio da atuação da própria polícia, incondicionada.
quando noticiado o crime pela imprensa ou comunicado ano- ▷ Representação
nimamente por um particular.
É a comunicação do crime e também uma autorização para
Quanto à anônima, também chamada de notícia crime que o Estado atue, seja investigando, seja processando o possí-
apócrifa, é uma forma de comunicação válida do crime, haja vel autor. A representação é apresentada pela vítima ou por seu
vista a existência, em todos os Estados, do serviço de disk-de- representante legal nos crimes de ação penal pública condicio-
núncia, pelo qual as pessoas podem comunicar delitos sem se nada a ela.
identificarem.
É importante saber que a falta da representação, nos casos
É comum encontrarmos questões de concursos falando em que a investigação dependa dela, impede definitivamente a
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
que tal modalidade de notícia é inválida, pois a CF veda o ano- atuação do Estado, ou seja, a polícia não pode investigar o fato,
nimato. Tal afirmativa está errada, porque apesar da CF vedar não pode lavrar um auto de prisão em flagrante e não haverá
o anonimato, a denúncia anônima, hoje, é estimulada pelos processo.
órgãos oficiais do Estado responsável pela persecução do cri-
me. Antes que uma comunicação anônima leve a instauração ▷ Requisição do Ministro da Justiça
do inquérito, a autoridade policial deverá realizar diligências É a comunicação do crime e também uma autorização
preliminares a fim de constatar se existe possibilidade da de- política para que o delegado inicie as investigações. Será
claração anônima ser verdadeira. necessária especificamente em crimes de ação penal pública
condicionada à requisição do Ministro da Justiça, a qual não
Notícia Crime Indireta (Cogni-
tem caráter de ordem como a do juiz ou do promotor. O nome
ção Mediata ou Provocada) requisição foi adotado, porque o ato é praticado por uma au-
A polícia judiciária toma conhecimento do crime por meio da toridade da alta cúpula do Poder Executivo.
comunicação de um terceiro identificado.
A falta da requisição do Ministro da Justiça nos casos em
• Espécies de Notícia Crime Indireta que a apuração do fato dependa dela tem os mesmos efeitos da
▷ Requerimento falta da representação, pois impede a investigação pela polícia,
É a comunicação de um fato supostamente criminoso, rea- a lavratura de auto de prisão em flagrante e ainda o início do 125
lizado pela vítima ou por seu representante legal (para meno- processo.
Notícia Crime com Força Coercitiva VIII. Ordenar a identificação do indiciado pelo proces-
126 so datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos
ou Notícia Crime por Apresentação sua folha de antecedentes;
É comunicação de um crime decorrente de uma prisão em IX. Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o
flagrante, porque a notícia crime se manifesta com a simples
ponto de vista individual, familiar e social, sua con-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
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De posse do inquérito policial, o promotor terá as arquivar o IP de ofício; o ato de arquivamento do inquérito po-
seguintes opções: licial é considerado complexo, pois depende da manifestação
de vontade de dois órgãos, um que requere (MP) e outro que
▷ Iniciar a Ação Penal
homologa (Judiciário).
Acontece através do oferecimento da denúncia. Resulta
do êxito obtido pelo IP, ou seja, ele conseguiu provas da mate- Efeitos do Arquivamento do IP
rialidade do crime e traz indícios de autoria. Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a re-
▷ Requisitar Novas Diligências ao Delegado querimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser
Caso o inquérito policial não tenha conseguido colher os iniciada sem novas provas (Súmula 524 do STF). Assim sendo,
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
indícios necessários de autoria e materialidade do crime, mas o arquivamento do IP veda o oferecimento da denúncia para a
as investigações estejam no caminho certo. É a hipótese que promoção da ação penal, mas tal vedação não é absoluta, pois,
justifica a prorrogação de um inquérito policial. se surgirem novas provas, a acusação poderá ser oferecida e
▷ Requerer o Arquivamento do IP ao Juiz ser iniciada a ação penal.
Caso o MP entenda que o inquérito não obteve êxito al- Art. 18, CPP. Depois de ordenado o arquivamento do
gum, não prova nem quanto ao fato nem quanto a autoria. inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base
para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder
Arquivamento do Inquérito a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Quando o MP entender que o inquérito não obteve êxito Essa regra também é importante, pois encontramos, com
algum, não prova nada quanto a fato ou quanto à autoria, nem frequência, questões de concurso falando que, se surgirem no-
existe, no momento, expectativa de que novas diligências vão vas provas, a autoridade policial poderá proceder a novas pes-
mudar esse cenário, o promotor irá requerer ao juiz o arquiva- quisas, desde que autorizado pelo poder judiciário. Tal questão
mento do inquérito policial e, caso este concorde com o pedi- está errada, uma vez que não é necessária autorização alguma.
do, ele irá homologá-lo, arquivando o IP. Se discordar do pedi- O simples surgimento de novas provas autoriza a polícia a rei-
do, ele irá encaminhar ao Procurador Geral de República (Nível niciar as investigações, independente de autorização judicial, 127
Federal), para que este decida sobre o arquivamento do IP. pois a lei já autorizou.
Conjugando o Art. 18 do CPP, acima estudado, com a Súmula Processo Judicialiforme: Previsto no Art. 26 do CPP, era a
128 524 do STF, concluímos que o arquivamento do inquérito policial possibilidade do delegado ou juiz, por meio de uma portaria,
não tem caráter definitivo, porque, em regra, quando surgirem exercer a Ação Penal Pública. O instituto não foi recepcionado
novos indícios, a investigação poderá ser reiniciada pela polícia pela CF, estando tacitamente revogado, pois a esta declara ex-
judiciária independente de autorização judicial. pressamente que pertence ao MP privativamente o exercício
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
desse direito.
Arquivamento Definitivo
Existe uma única hipótese em que o arquivamento do in- Ação Penal Pública
quérito policial terá um caráter definitivo quanto ao fato in-
vestigado, ou seja, funcionará como uma sentença absolutória Princípios / Características
transitada em julgado, acabando definitivamente com qual- Obrigatoriedade/Compulsoriedade: havendo provas sufi-
quer acusação contra uma pessoa referente àquela situação. cientes e preenchidas as condições legais, a ação penal pública
Isso acontece quando o promotor requerer o arquivamen- é obrigatória, em decorrência do dever funcional do promotor.
to do IP alegando que o fato é atípico, ou seja, não constitui Indisponibilidade: o promotor não poderá desistir da ação
iniciada. Ele pode requerer a absolvição do réu caso se conven-
crime, e o juiz homologa esse pedido de arquivamento.
ça da inocência deste. Mas, mesmo que o promotor requeira a
É comum questão de concurso falar que quando o fato é absolvição, recorra em favor do réu, ou até mesmo ingresse
atípico ou presente um excludente de ilicitude, o arquivamento com HC, não significa que ele está desistindo da ação, pois se-
do inquérito será definitivo. Questão errada, pois é definitivo ria ficar inerte, deixando de agir.
quando baseado, unicamente, em fato atípico, excludente de Divisibilidade (STF/STJ): a ação penal pública pode ser
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ilicitude não causa tal efeito. desmembrada, tendo o seu início contra parte dos criminosos
e depois a respectiva complementação via aditamento para o
Termo Circunstanciado lançamento dos demais (posição adotada pelo CESPE).
de Ocorrência (TCO) A doutrina majoritária, entretanto, entende que a ação pe-
Na apuração dos crimes de menor potencial ofensivo (cri- nal pública é indivisível, pois, já que todos precisam ser pro-
mes com pena máxima de até 2 anos e todas as contravenções cessados, o aditamento nada mais faz do que consolidar o polo
comuns), o IP será substituído pelo Termo Circunstanciado de passivo da ação (não é a posição adotada pelo CESPE).
Ocorrência. Este será lavrado no momento da prática criminosa Intranscendência / Pessoalidade: os efeitos da ação penal
pela polícia civil ou militar e será diretamente encaminhado ao não ultrapassam a figura do réu.
juizado especial criminal, para que se processe o julgamento. Autoritariedade: o titular da ação pública é autoridade pú-
blica: Promotor de Justiça
4. Ação Penal Oficialidade: a titularidade da ação pública é conferida a
Ação Penal é o direito público subjetivo, previsto na Cons- um órgão oficial do Estado (MP).
tituição Federal, de exigir do Estado, por meio do seu poder Oficiosidade (Ex officio): o MP vai atuar, em regra, de ofí-
jurisdicional, a aplicação da pena ao autor do crime. Assim cio, ou seja, sem a necessidade de provocação ou autorização
sendo, ação não é o processo, mas o direito de exigir que seja de terceiros.
processado o causador de um delito para que o Estado possa
aplicar ao criminoso a pena prevista na lei. Início da Ação Penal Pública
Conceito de Processo A ação penal é iniciada com o oferecimento da denúncia
É a ferramenta que vai efetivar o direito de ação, com a pelo MP.
aplicação da lei ao caso concreto. Prazo Indiciado preso Indiciado solto
Oferecimento da Denúncia 5 dias 15 dias
Classificação das Ações
O prazo para o oferecimento da queixa é de 5 dias, caso o
(Titular do Direito) indiciado esteja preso, e de 15 dias se estiver solto.
Ação Penal Pública O prazo de 15 dias é impróprio, pois, estando o indiciado
É aquela cuja titularidade pertence privativamente ao Mi- solto, o promotor pode oferecer a denúncia até que ocorra a
prescrição do crime. Entretanto, se o promotor não cumprir
nistério Público, pois este é o órgão de acusação oficial do Es-
esse prazo, é oportunizado à vítima, ou seu representante le-
tado (Art. 129, I, da CF e Art. 257 do CPP).
gal, o direito de queixa, para iniciar a ação penal privada sub-
Ação Penal Privada sidiária da pública.
É aquela titularizada pela própria vítima, ou o seu re- Espécies / Modalidades
presentante legal, que vai atuar na condição de substituição
processual, pois aquela atua em nome próprio pedindo um Ação Penal Pública Incondicionada
direito alheio que pertence ao Estado, qual seja, o direito de É aquela em que o MP pode atuar de ofício, sem necessi-
punir (jus puniendi). dade de provocação (representação ou requisição do Ministro
da Justiça). A maioria dos crimes são de ação penal pública ▷ Prazo da representação:
incondicionada. Seis meses contados do dia do conhecimento do autor do
De acordo com o Art. 100 do CP, quando o texto de lei que crime.
disciplina um determinado delito é omisso, entendemos que Natureza do prazo: Decadencial
este é de ação pública incondicionada. Esse prazo é fatal, ou seja, não se interrompe, se sus-
pende, e ou se prorroga, e a sua perda ocasiona a perda do
Ação Penal Pública Condicionada
direito de representar, havendo assim a preclusão. Para con-
É aquela titularizada pelo MP, mas que tem o seu exercício tarmos o período, usaremos a seguinte técnica: considera-se
subordinado a uma condição, a qual tanto pode ser a manifes-
o dia do conhecimento do autor do crime pela vítima (1º dia)
tação de vontade do ofendido ou de seu representante legal
e exclui-se o último dia.
(representação), como também a requisição do Ministro da
Justiça. Vejamos agora as características especiais da repre- Ex.: A vítima descobre quem é o autor do delito no dia
sentação e da requisição. 30 de março de 2011. Esse será o primeiro dia da conta-
Como condições de procedibilidade para a apuração do gem. Após seis meses, teríamos o dia 30 de setembro
suposto evento criminoso, em alguns casos, a lei penal exige de 2011, porém, excluímos o último dia e temos então o
uma manifestação de vontade da vítima ou do seu represen- dia 29 de setembro de 2011.
tante legal, bem como, em outras hipóteses, a lei penal exige ▷ Retratação da representação:
uma autorização expressa do Ministro da Justiça. Nesses casos, Em consequência da representação, a vítima ou seu re-
temos a representação e a requisição do Ministro Justiça. As presentante legal poderá se arrepender e retratar-se até antes
características dessas duas condições representam o conteúdo do oferecimento da denúncia, que se caracteriza pelo ato do
mais cobrado do tema ação penal pública, sendo assim, veja- promotor de apresentá-la ao juiz para que ação seja iniciada.
mos as suas regras: ▷ Retratação da retratação da representação
• Representação Caso a vítima, após se retratar de uma representação, se
É o pedido e ao mesmo tempo a autorização necessária arrependa novamente, ela pode representar de novo até o es-
para que a persecução penal possa ser iniciada, ou seja, é uma gotamento do prazo que ela tem para apresentar a represen-
condição subjetiva de procedibilidade. Assim sendo, sem a re- tação, ou seja, 6 meses contados do momento em que a vítima
presentação, não haverá ação, inquérito e nem mesmo a lavra- descobriu quem é o autor do delito, ou seja, “cabe retratação
tura do auto de flagrante. da retratação da representação” (expressão da banca CESPE).
ї Legitimidade Ativa (quem pode representar): ▷ Forma (STF/STJ):
» Vítima. A representação não tem forma especial, ou seja, pode ser apre-
» Representante legal. sentada oralmente ou por escrito a qualquer dos destinatários.
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» Casos Especiais. ▷ Efeitos da Representação:
Caso a vítima represente ao MP ou ao Juiz, essas autori- Caso a vítima, ao representar, cite parte dos infratores e o MP
dades requisitarão ao delegado que instaure o inquérito, se conclua que o crime foi praticado por outra pessoa ou por mais,
necessário para a Ação. ele está autorizado a oferecer denúncia contra todos os demais
O emancipado pela lei civil (por exemplo: menor que se agentes, porque é o promotor o titular da ação penal e a vítima
casa) não tem legitimidade para representar, devendo o juiz representa contra o fato e não contra as pessoas. Assim sendo, a
nomear curador especial para que possa apresentar a repre- representação não vincula o promotor, pois ele não é obrigado
sentação em favor do emancipado, afinal de contas, a maiori- a oferecer a acusação contra os suspeitos citados na representa-
dade civil não tem efeitos na esfera penal. ção. Se o membro do MP acredita que, apesar da representação, NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Caso a vítima venha a falecer, ou seja, declarada ausente o fato não constitui crime ou que houve delito, mas não foi en-
pelo juizado cível, o direito de representar vai ser transferido contrado o suspeito, ele não é obrigado a oferecer a denúncia, já
às seguintes pessoas: cônjuge, ascendentes, descendentes e que a representação autoriza a atuação do Estado, não o obriga
irmãos. Esse rol é preferencial e taxativo. a atuar diante de um fato que não seja criminoso.
C = Cônjuge ▷ Requisição do Ministro da Justiça
A = Ascendentes É o pedido e ao mesmo tempo a autorização de caráter
D = Descendentes eminentemente político que condiciona o início da perse-
I = Irmãos cução penal. Sem ela não há inquérito policial, processo e
As pessoas jurídicas também poderão representar, desde lavratura do auto de flagrante. Assim sendo, a requisição
que o façam por intermédio da pessoa indicada no respectivo do Ministro da Justiça é uma condição de procedibilidade;
contrato ou estatuto social, ou, no silêncio desses, pelos seus sem ela, nenhuma providência pode ser tomada contra o
diretores ou sócios-gerentes (Art. 37 do CPP). infrator.
▷ Destinatário (Legitimidade Passiva): ▷ Legitimidade Ativa (quem pode representar)
» Delegado (IP). » Ministro da Justiça
» Ministério Público. ▷ Destinatário (Legitimidade Passiva) 129
» Juiz. » Procurador Geral da República
▷ Prazo é a mesma regra da contagem realizada para a decadência da
130 Não há prazo para que o Ministro da Justiça apresente a representação, estudado anteriormente.
requisição, podendo apresentá-la até que ocorra prescrição do ▷ Renúncia
crime. A renúncia ocorre pela declaração expressa da vítima de
▷ Retratação que não deseja exercer a ação, ou acontece quando ela pra-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
A doutrina moderna entende que a requisição é retratá- tica um ato incompatível com esta vontade (renúncia tácita).
vel, em analogia ao que ocorre com a representação da vítima. Exemplo: temos a vítima que mantém relação de amizade, in-
Entretanto, consagrados autores, como Tourinho Filho, enten- timidade com o criminoso mesmo após a ocorrência do crime;
dem que o ato é irretratável, não só por ausência de previsão vítima que convida o criminoso para ir a uma festa durante o
legal, mas também porque a retratação caracterizaria imaturi- prazo para apresentação da queixa.
dade do Ministro, comprometendo a imagem política do país » A renúncia tácita admite qualquer meio de pro-
(posição prevalente para concursos). va legal.
Os tribunais superiores nunca julgaram a matéria, sendo » A consequência da renúncia é a extinção da pu-
absolutamente omissos em relação à possibilidade ou não da nibilidade.
retratação do Ministro.
▷ Efeitos da Requisição do Ministro da Justiça Disponibilidade
Caso o Ministro da Justiça, na sua requisição, se mani- A vítima poderá desistir da ação que ela tenha iniciado,
feste apenas contra parte dos infratores, está o MP autori- assim sendo, tem a faculdade de decidir se continua ou desiste
zado a oferecer denúncia contra todos os demais agentes, da causa iniciada.
pois é o promotor o titular da ação penal. Assim sendo, a • Institutos Derivados do Princípio da Disponibilida-
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perempção).
Ação Penal Pública Ação Penal Privada
Caso o promotor entenda que não houve inércia da sua
Obrigatoriedade Oportunidade parte, ele irá repudiar a petição apresentada pelo advogado
Indisponibilidade Disponibilidade da vítima (queixa-crime substitutiva) e, na sequência, ofere-
Divisibilidade Indivisibilidade cerá denúncia (substitutiva).
Intranscendência Intranscendência Ação Penal em Alguns Casos Especiais
Oficialidade
Oficiosidade Ação Penal nos Crimes Sexuais NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Autoritariedade Os crimes sexuais, com a reforma do Código Penal, são de
ação penal pública condicionada à representação, ainda que
Espécies (Classificação) resulte lesão grave, gravíssima ou até mesmo a morte.
Ação Penal Privada Exclusiva (Propriamente Dita) A Súmula 608 do STF, declarando que o estupro praticado
É a ação exercida pela própria vítima ou por seu represen- com agressão física seria em regra de ação pública incondicio-
tante legal (vítima < 18 anos). nada, não tem mais eficácia em razão da nova redação do Art.
225 do CP, já que a lei passa a ser a ação pública condicionada.
• Sucessão por Morte ou Ausência
Exceções (casos de ação penal pública incondicionada):
Caso a vítima venha a falecer, ou seja, declarada ausente » Vítima menor de 18 anos.
pelo juizado cível, o direito de representar vai ser transferido » Vítima não possui capacidade de resistir (Vul-
às seguintes pessoas: cônjuge, ascendentes, descendentes e nerável).
irmãos. Esse rol é preferencial e taxativo.
C = Cônjuge Ação Penal nos Crimes contra a Honra
Nos crimes contra a honra (calúnia, injúria ou difamação),
A = Ascendentes
a regra é a ação penal privada. Entretanto, nos casos de in-
D = Descendentes júria com conotação discriminatória, a modalidade de ação é 131
I = Irmãos pública condicionada à representação, fazendo de tal hipótese
uma exceção à regra. Também desta forma é a ação penal nos 1ª Regra: Teorias Territoriais
132 crimes contra a honra do funcionário público, em que dispõe • Teoria do Resultado (Art. 70 caput do CPP)
o funcionário da ação penal privada ou da ação penal públi-
É a regra no processo penal e por ele o juízo territorialmen-
ca condicionada à representação, podendo ele utilizar a que
te competente é o que atua no local da consumação do delito,
achar mais adequada.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
ral, conferido ao poder judiciário de aplicar a lei ao caso concre- ▷ Lei nº 9.099/95 - Jecrim.
to, visando à solução do crime. ▷ Homicídio Doloso (STJ).
Competência: é a medida da jurisdição, ou seja, a compe- Segundo o STJ, o homicídio doloso será julgado no local
tência é a quantidade de poder previamente disciplinada pela da ação, pela facilidade na produção de provas e para mostrar
lei, atribuída a um juiz ou a um tribunal. Assim sendo, pelas uma melhor resposta à sociedade. É a mesma regra dos inqué-
regras de competência, nós vamos descobrir a seguir o juiz rito policiais.
competente a julgar um determinado crime.
• Teoria da Ubiquidade (híbrida, mista)
O estudo da jurisdição e competência se resume em en-
É a chamada teoria do “tanto faz”, o que significa que
contrar: o juiz de qual local e justiça irá julgar o crime, ou seja,
tanto faz o local da prática dos atos executórios ou o do re-
é a busca pelo juiz competente para avaliar o delito, conforme
sultado. Ela é aplicada aos crimes à distância (são aqueles
veremos abaixo. em que a ação se origina no Brasil e o resultado ocorre no
estrangeiro ou ainda quando a ação se origina no estrangeiro
Classificação da Competência e o resultado ocorre no Brasil).
Razão do Ex.: Tício envia uma carta-bomba de Foz do Iguaçu,
no PR, a um desafeto seu que está na Cidade do Leste,
Local
no Paraguai, e quando o destinatário recebe a carta
e a abre, explode e morre. Nesse caso, a prática dos
Razão da atos executórios se deu na cidade de Foz do Iguaçu e
Material
Matéria o resultado no Paraguai, então, o juiz territorialmen-
te competente é o de Foz do Iguaçu, pois foi o local
Razão da no Brasil que ocorreu a ação. Agora, veja o contrá-
Pessoa rio: uma carta bomba é confeccionada no Paraguai e
Competência enviada a uma pessoa no Rio de Janeiro (RJ), que a
Fases do abre e morre. Então, temos a prática dos atos execu-
Processo tórios no Paraguai e o resultado no Rio de Janeiro, as-
sim sendo, o juiz que irá julgar o caso é o do Rio, pois
foi o local no Brasil em que o crime gerou resultado.
Objeto do
Funcional Dessa forma, a competência brasileira será firmada pelo
Juízo local no Brasil em que ocorrer a ação ou o resultado.
As teorias territoriais estudadas acima são utilizadas isola-
Graus de damente, o que quer dizer: se o crime teve consumação, usa-
Jurisdição se a teoria do resultado; se ficou na tentativa ou é homicídio
doloso, teoria da atividade; e, caso seja um crime à distância,
Competência em Razão do Lugar utiliza-se a teoria da ubiquidade.
Por meio do estudo da competência em razão do lugar, 2ª Regra: Domicílio ou Residência do Réu
nós descobriremos o juiz territorialmente apto, ou seja, o juiz Quando a primeira regra não puder ser aplicada por não
de qual cidade do Brasil irá avaliar o crime. se saber o local do resultado ou da ação do fato criminoso,
a competência será definida pelo domicílio ou residência do » Navios e aeronaves privados de bandeira brasi-
réu. Aquele não define a competência territorial em matéria leira são Brasil aqui e em alto mar;
criminal. » Navios e aeronaves privados de bandeira es-
• Ação Penal Privada trangeira viram Brasil quando ingressam em
Mesmo que o querelante saiba o local da consumação do nosso território.
crime, ele poderá optar por exercê-la no local do seu domicílio Assim, como um navio ou uma aeronave pública de ban-
ou residência. Isso é uma faculdade do querelante; ele então deira brasileira é Brasil em qualquer lugar do mundo, um de
pode promover a ação penal privada tanto no local da con- bandeira estrangeira será parte do território do seu país em
sumação como pela regra do domicílio ou residência do réu. qualquer lugar do mundo, bem como no Brasil.
• 3ª Regra: Prevenção Ex.: O avião do presidente dos Estados Unidos (Força
Aérea 1) será Estados Unidos em qualquer lugar do mun-
Juiz prevento é aquele que pratica o primeiro ato da per-
do, inclusive quando estiver no Brasil.
secução penal, seja durante o IP, determinando a aplicação de
medidas cautelares, ou durante a fase processual. ▷ Viagens nacionais
O juiz de plantão, quando praticar o primeiro ato da per- A competência é definida pelo 1º local em que o navio atra-
secução penal, não poderá ser considerado prevento, isto é, ao car ou a aeronave pousar após a prática do crime.
juiz de plantão não se aplica a prevenção. Ex.: Um avião sai da cidade de Curitiba com destino a São
Paulo e uma passageira em início de gestação realiza o
• Aplicação aborto do feto no banheiro do avião, enquanto a aero-
Crime consumado na divisa entre comarcas nave faz o seu trajeto. Chegando a São Paulo, o crime é
Quando um crime é consumado na divisa de comarcas, descoberto. Sendo assim, o juiz competente será da cida-
pode haver dúvida quanto à definição do juiz competente, e, de de São Paulo, pois lá foi o primeiro lugar que o avião
nessa hipótese, qualquer juiz das comarcas envolvidas é apto pousou após o crime.
para julgar o caso. Sendo assim, a competência será definida O que importa é o local do primeiro pouso, tanto faz se
pela prevenção. foi emergencial ou uma escala. Quando o avião pousar após o
Pluralidade de domicílios ou réu sem domicílio crime, será definida a competência territorial definida.
Se o réu possui mais de um domicílio, qualquer deles pode ▷ Viagens internacionais
definir a competência, assim sendo, esta será firmada pela A competência é fixada pelo local de saída se o navio ou
prevenção. avião estão se distanciando do Brasil, ou seja, o último local no
Quando o réu não tiver residência fixa e as outras regras Brasil em que esse navio ou aeronave esteve pousado ou atra-
supracitadas não puderem definir o juiz competente, a com- cado antes de seguir para o estrangeiro; e pelo local de chega-
petência será definida pela prevenção. da se estiverem se aproximando (como local de chegada, nós
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Crimes permanentes e continuidade delitiva temos o primeiro local no Brasil que esse navio ou aeronave
Tendo o crime se estendido por mais de uma comarca, a atracar ou pousar).
competência será definida pela prevenção. Ex.: Um navio de cruzeiro sai da Itália com destino ao porto
Ex.: Tício sequestrou Mévio e o colocou num cativeiro na de Santos, no Brasil, e durante o percurso, um passageiro
cidade de Cascavel-PR. Após algum tempo, o cativeiro é esfaqueia outro, então, o juiz competente será o do primei-
transferido para Toledo-PR e, na sequência, o crime é so- ro lugar no Brasil em que o navio atracar, isto é, a cidade
lucionado pela polícia, que resgata Mévio e prende Tício. de Santos.
Nesse caso, houve um crime permanente e tanto o juiz de Vale ressaltar que o importante é o local no Brasil em que
Cascavel quanto o de Toledo são competentes para julgar primeiro esse navio ou avião atracar ou pousar, ou, então, o
o crime, mas como haverá somente um processo, a compe-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
último local no Brasil. Pouco importa se foi um pouso de emer-
tência será definida pela prevenção. gência ou escala.
Competência Territorial para os Crimes Ocor- Essas regras só são aplicadas se o navio ou avião estiverem
ridos a Bordo de Navios ou Aeronaves no conceito de território brasileiro por equiparação.
Primeiro vamos definir o conceito de território brasileiro, ▷ Direito de passagem inocente
a fim de aplicar as regras sobre a definição da competência O Brasil não vai se intrometer na apuração de delitos ocorridos
territorial para crimes a bordo de navios e aeronaves. no interior de navios privados de bandeira estrangeira (quando o
• Conceito de Território Brasileiro navio ou a aeronave estiver no conceito de território brasileiro por
equiparação) que estejam apenas navegando à costa brasileira,
▷ Fronteira. ou de aeronaves privadas de bandeira estrangeira que estejam
▷ Espaço aéreo (vai até a nossa camada atmosférica, apenas sobrevoando o nosso espaço aéreo, desde que o fato não
não englobando o espaço cósmico). tenha reflexos no nosso território.
▷ Mar territorial (0 a 12 milhas contadas na maré Ex.: Se um navio sai da Argentina em direção à Inglaterra
baixa). e, no seu percurso, ele passe pelo território brasileiro, po-
▷ Território por equiparação: rém sem aqui atracar, e caso ocorra um crime em seu in-
» Navios e aeronaves públicos de bandeira bra- terior enquanto passa por aqui, o Brasil não irá julgar esse 133
sileira são Brasil em qualquer lugar do mundo; crime, pois o fato não teve reflexos na justiça brasileira.
Competência Territorial Brasileira para os Bens: É o patrimônio da União, tanto faz se móvel ou imó-
134 Crimes Consumados no Estrangeiro vel, sua previsão está no art. 20 da CF.
Devido à extraterritorialidade do Código Penal Brasileiro Serviços: Referente à prestação pública federal e, por-
(Art. 7º do CP), é possível que o Brasil venha a julgar crimes tanto, os delitos praticados contra servidor público federal
ocorridos no exterior e teremos também que descobrir quem ou pelo servidor no exercício funcional serão julgados pela
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
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militar, pois, nesses casos, impõe-se o código processual penal exercício de suas funções e com estas relacionados.
militar e não o que estamos estudando. 254. Compete à Justiça Federal processar e julgar os
Navio: é a embarcação de grande porte que tenha aptidão delitos praticados por funcionário público federal, no
para realizar viagens internacionais. exercício de suas funções e com estas relacionados.
X. Crimes de Ingresso ou a Permanência Irregular • Competência da Justiça Especial
do Estrangeiro.
A justiça especial se divide em justiça eleitoral e militar.
Como essa conduta é atípica, ou seja, não existe previsão
expressa tanto no Código Penal quanto em leis penais extrava- Justiça Eleitoral: julga os crimes eleitorais e os crimes co-
gantes, é fundamental destacar que os delitos praticados para muns conexos a eles.
Justiça Militar: julga apenas as infrações penais militares
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
que o estrangeiro consiga ingressar ou permanecer irregular-
mente no Brasil é que serão julgados na Justiça Federal. (ver (são descritas nos Arts. 9º e 10 do CPM).
Art. 338 do CP e Art. 125, XI a XIII, da Lei nº 6.815/80 – Estatuto Vale ressaltar que a tortura, o abuso de autoridade, a faci-
do Estrangeiro). litação de fuga de presos e os crimes dolosos contra a vida de
XI. Crimes que envolvem interesses indígenas. civil são crimes comuns, sem previsão no código penal militar
Segundo o STJ, na Súmula 140, para que a competência da e, por isso, quando praticados por militares, não são julgados
justiça federal se estabeleça, é essencial que o delito ofenda os na justiça militar mas na justiça comum.
interesses da coletividade indígena. Quem é julgado na Justiça Militar?
▷ Súmulas STJ (Superior Tribunal de Justiça) Estadual: julga somente PMs e bombeiros mili-
42. Compete à Justiça Comum Estadual processar e tares. Nunca civil.
julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de Federal: os membros das forças armadas e os
economia mista e os crimes praticados em seu detri- civis que praticarem crimes militares federais.
mento. • Competência pela Natureza na Infração
62. Compete à Justiça Estadual processar e julgar o Os legisladores podem estabelecer, dentro de cada justiça,
crime de falsa anotação na Carteira de Trabalho e Pre- o órgão competente para julgar um determinado tipo de crime 135
vidência Social, atribuído à empresa privada. em razão da sua natureza.
▷ Hipóteses Constitucionais Após concluirmos o estudo da competência em razão do
136 a) Júri (Art. 5º, XXXVIII, da CF) – Crimes dolosos contra lugar e da matéria, podemos saber quem é o juiz que irá julgar
a vida: determinado crime e qual é a sua justiça.
▷ Homicídio. Ex.: Tício atira em um policial federal durante uma per-
seguição e este vem a óbito; o fato acontece na cidade de
▷ Infanticídio.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
TRF Prefeitos Deputados Estaduais Juiz Federal de 1º grau Membros do MPU que atuam no 1º grau
Têm status de Ministro e, por isso, são julgados pelo STF Súm. 721, STF. A competência constitucional do Tribu-
mesmo sem ser ministro: nal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de
» Presidente do BC. função estabelecido exclusivamente pela Constituição
» Chefe da AGU. Estadual.
» Controlador Geral da União.
Foro Privilegiado X Deslocamento
Súm. 208, STJ. Compete à Justiça Federal processar e
julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita à As autoridades com foro por prerrogativa de função pe-
prestação de contas perante órgão Federal. rante o TJ ou o TRF, ao praticarem delito fora de seu Estado ou
Súm. 209, STJ. Compete à Justiça Estadual processar da sua região, serão julgadas no seu tribunal de origem.
e julgar prefeito por desvio de verba transferida e in- Ex.: Prefeito de São Paulo, durante uma viagem a Bra-
corporada ao patrimônio municipal. sília, se envolve numa discussão de trânsito e agride
Prefeitos e Deputados Estaduais, quando cometerem cri- outra pessoa fisicamente, praticando o crime de lesão
mes de natureza federal, são julgados pelo TRF e, ao comete- corporal. Sendo assim, ele será julgado pelo Tribunal
rem crimes de natureza estadual, são julgados pelo TJ. de Justiça de São Paulo, independente do crime ter
As autoridades com foro por prerrogativa de função no TJ acontecido em outro estado.
e no TRF, ao praticarem crime eleitoral, são julgados no TRE.
Foro Privilegiado X Término do Mandato
Foro Privilegiado X Júri
Após a declaração de inconstitucionalidade dos §§ 1º
As autoridades cujo foro por prerrogativa de função é defini-
do na CF de 88 não vão a júri, pois serão julgadas no seu tribunal e 2º do Art. 84 do CPP, o foro por prerrogativa de função
de origem, entretanto, se o foro privilegiado é definido apenas na passou a ser interpretado da seguinte forma:
Constituição Estadual, a autoridade irá a júri (Súmula 721 do STF). Crimes: uma vez encerrado o cargo ou mandato, encerra-
Ex.: O Presidente da República, caso cometa um homi- se o foro por prerrogativa de função ou seja, o processo irá
cídio doloso, não irá a júri, porque será julgado pelo STF. para o juiz de primeiro grau.
Improbidade Administrativa: não há tramitação peran- A rixa não se caracteriza como exemplo de conexão in-
te foro por prerrogativa de função, e a ação deve ser julgada tersubjetiva por reciprocidade, pois ela é crime único e, para
pelo juiz de primeiro grau. conexão, precisamos de ao menos 2 delitos.
Lógica/Teleológica/Finalista
Competência Absoluta X Um crime é praticado para levar vantagem, para criar im-
Competência Relativa punidade ou para ocultar outro delito.
Ex.: Após um assalto realizado por duas pessoas, uma
Chama-se absoluta a hipótese de fixação de competência que
mata a outra para ficar com todo o dinheiro do crime.
não admite prorrogação, isto é, deve o processo ser remetido ao
Nesse caso, temos dois crimes: um assalto a banco e um
juiz natural determinado por normas constitucionais ou processuais
homicídio. Então, haverá a união processual.
penais, sob pena de nulidade do feito. Encaixam-se nesse perfil a
competência em razão da matéria e em razão da pessoa. Probatória/Instrumental
Chama-se relativa a hipótese de fixação de competência A prova da existência de um crime é fundamental para de-
que admite prorrogação, ou seja, não invocada a tempo a monstrar a ocorrência de outro delito.
incompetência do foro, reputa-se apto o juízo que conduz o Ex.: Vínculo entre a receptação e o furto do bem adquirido.
feito, não se admitindo qualquer alegação posterior de nuli-
dade. É o caso da competência territorial, tanto pelo lugar da Continência
infração quanto pelo domicílio ou residência do réu. (Manual A continência é caracterizada quando:
de Processo Penal e Execução Penal, 6ª Edição, NUCCI, Gui- ▷ Dois ou mais delitos são praticados com uma só con-
lherme Souza). duta;
Razão da ▷ Duas ou mais pessoas contribuem para um só crime.
Matéria São dividas em:
Absoluta Continência por cumulação objetiva: uma só conduta
que provoca 2 ou mais resultados delitivos, ou seja, havendo
Razão da concurso formal de crimes, todos serão julgados no mesmo
Pessoa processo. Por exemplo: um único tiro disparado que venha a
Relativa
atingir mais de uma pessoa, matando ambas.
Razão do Continência por cumulação subjetiva: um só delito é pra-
Local ticado por 2 ou mais pessoas. Por exemplo: vários agindo em
concurso para assaltar um banco.
Prorrogação da Competência Foro Prevalente
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Nas hipóteses de competência relativa, ou seja, em razão Com base nas regras do foro prevalente, nós saberemos
do local, caso o vício não seja alegado no momento oportuno, quem é o juízo ou o tribunal que, por imposição legal, terá a
o juiz incompetente passará a ser competente. responsabilidade de julgar todos os criminosos ou todos os cri-
mes nas hipóteses de conexão ou continência.
Conexão e Continência
Justiça Especial > Justiça Comum
São as regras processuais as quais possibilitam que sejam
Quando houver conexão ou continência entre crimes de
reunidos, num mesmo processo, vários crimes ou criminosos
competência da justiça comum e da justiça especial, prevale-
que poderiam ser julgados isoladamente. Elas têm a finalidade
cerá a da justiça especial para julgar ambos os delitos. Ressal-
de proporcionar maior celeridade ao processo, além de uma
vada a competência da justiça militar que não se mistura, ou
colheita de provas mais eficientes e também evitar a ocorrên-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
seja, não avalia crimes comuns.
cia de decisões contraditórias.
Conexão Justiça Federal > Justiça Estadual
Quando houver conexão ou continência de crimes de com-
É a ligação entre 2 ou mais crimes e que, por isso, são petência da justiça federal e estadual, a justiça federal irá jul-
julgados no mesmo processo. Suas modalidades são: gar ambos os crimes. (Súmula 122 do STJ)
Intersubjetiva Justiça de Maior Hierarquia > Jus-
Dois ou mais delitos praticados por dois ou mais agentes: tiça de Menor Hierarquia
Simultaneidade: as infrações penais ocorreram na mes- Quando a conexão e a continência se der entre a justiça de
ma circunstância de tempo e espaço, sem prévio acordo. 1º grau e tribunal, este será prevalente.
Ex.: Briga em estádio de futebol. Por essa regra, as pessoas comuns do povo podem ser
Concursal: dois ou mais delitos praticados por duas ou julgadas perante o tribunal quando praticarem delito com a
mais pessoas, que estavam previamente combinadas. autoridade que desfruta do foro privilegiado. E segundo o STF,
Reciprocidade: dois ou mais crimes praticados por 2 ou na Súmula 704, essa atração não viola princípios estabelecidos
mais agentes uns contra os outros. na Constituição Federal.
Ex.: Lesões corporais recíprocas (as partes são ao mes- Ex.: Alisson e o Presidente da República premeditam e 137
mo tempo vítima e réu do processo). executam um crime, sendo assim, o STF irá julgar o Presi-
dente da República e também Alison que, em regra, seria classifique essa infração, continuará competente para julgar os
138 julgado pela justiça comum. crimes conexos. (Art. 81 do CPP).
Súmula 704, STF. Não viola as garantias do juiz natural,
da ampla defesa e do devido processo legal a atração 6. Prova
por continência ou conexão do processo do corréu ao
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
número de delitos; que existe ou não determinada lei federal. Os direitos estadual,
» Se os crimes têm a mesma gravidade e idêntica municipal, alienígena, estrangeiro e consuetudinário (costu-
quantidade de pena, a competência será defini- meiro) precisam ser provados quanto à existência e à vigência.
da pela prevenção. Fatos Notórios ou Verdade Sabida: são os fatos de co-
nhecimento de parcela significativa da sociedade.
Separação de Processos Ex.: Ex.: Feriados Nacionais.
Mesmo nas hipóteses de conexão ou continência, é possí-
vel, ainda que os processos tramitem separadamente, que seja Fatos Axiomáticos ou Intuitivos: são os fatos que se au-
por imposição legal ou por um ato discricionário do juiz. todemonstram. Por exemplo: se encontramos um corpo sem
cabeça, temos um morto.
Modalidades Presunções: é a observação daquilo que normalmente
Obrigatória: é aquela imposta por lei (Art. 79 do CPP). acontece e que nos permite realizar conclusões. São classifi-
Como exemplo podemos citar o caso de um crime militar co- cadas em:
nexo com um comum; haverá separação de processos, pois a ▷ Presunção Homnis: presunção vulgar.
justiça militar não julga crime comum e nem a justiça comum
▷ Presunção Legis: presunção positivada na Lei.
julga crime militar.
» Absoluta: não admite prova em contrário.
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade
de processo e julgamento, salvo: Ex.: Inimputabilidade de menores.
» Relativa: é aquela que admite prova em con-
I. No concurso entre a jurisdição comum e a militar;
trário.
II. No concurso entre a jurisdição comum e a do
Ex.: Buscar provar que uma pessoa que alega insanidade
juízo de menores.
mental e saudável intelectualmente.
§ 1º. Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, Fatos Inúteis: são os fatos irrelevantes à demonstração da
se, em relação a algum corréu, sobrevier o caso previs- verdade.
to no Art. 152.
§ 2º. A unidade do processo não importará a do julga- Meios de Prova
mento, se houver corréu foragido que não possa ser São todos os recursos utilizados para produzir a prova e
julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do Art. 461. levá-la ao conhecimento do juiz.
Facultativa: é aquela que tem cabimento por discriciona-
riedade do juiz (Art. 80 do CPP). Classificação das Provas
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos Provas Nominadas: são aquelas cujo meio de produção
quando as infrações tiverem sido praticadas em cir- estão previstas em lei (Arts. 158 a 250 do CPP).
cunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, Provas Inominadas: são aquelas cujos meios de produ-
quando pelo excessivo número de acusados e para não ção não estão previstas na lei.
Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo
relevante, o juiz reputar conveniente a separação. Princípio da Liberdade na Produção de Provas
É possível a utilização de qualquer uma das duas modali-
Perpetuação da Jurisdição dades de provas acima descritas, ou seja, as nominadas e as
É o reconhecimento de que o juiz prevalente, mesmo que inominadas, em razão do princípio da liberdade na produção
absolva o réu pelo crime que o tornou prevalente ou que des- da prova.
Não há nenhuma hierarquia entre as provas, ou seja, tanto nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando
as nominadas quanto as inominadas têm o mesmo valor. as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte inde-
Tal princípio encontra exceção nas seguintes hipóteses: pendente das primeiras. Considera-se fonte indepen-
▷ Estado civil das pessoas dente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos
Art. 155, parágrafo único, CPP. Somente quanto ao e de praxe, próprios da investigação ou instrução cri-
estado das pessoas serão observadas as restrições es- minal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
tabelecidas na lei civil. A prova derivada de uma ilícita poderá ser utilizada
Para provar o estado civil é necessária a apresentação de quando, seguindo os trâmites típicos e de praxe da investi-
certidão, não admitindo nenhum outro modo, como exemplo, gação, ou da instrução criminal, pudermos chegar a mesma
a prova testemunhal. prova obtida por meio de uma ilícita.
Ex.: Por meio de uma escuta ilegal, obtém-se a loca-
▷ Provas Ilícitas
lização de um documento incriminador em relação ao
Recebem conceituação diferente pelo Código de Proces- indiciado. Ocorre que uma testemunha, depondo regu-
so Penal e também pela doutrina. Veja a seguir: larmente, também indicou à polícia o lugar onde se en-
» Conceito de provas Ilícitas dentro do CPP contrava a referida prova. Podemos concluir que mesmo
Para o CPP, não há distinção entre as provas ilícitas e ile- que esse documento não fosse confeccionado por meio
gítimas, sendo todas elas espécies de provas ilícitas, ou seja, de um procedimento ilegal, ele seria produzido após o
estas, para o CPP, são aquelas que ferem normas constitu- interrogatório, por fonte independente.
cionais e infraconstitucionais. Assim sendo, tanto faz se fere Teoria da prova absolutamente independente:
norma de direito penal ou de direito processual penal. Art. 157, § 3º. Preclusa a decisão de desentranhamento
Art 157, CPP. São inadmissíveis, devendo ser desentra- da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada
nhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendi- por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o
das as obtidas em violação a normas constitucionais incidente
ou legais. A mera existência de uma prova ilícita no processo não ne-
» Conceito de provas Ilícitas para a doutrina cessariamente o contamina, pois, havendo outras provas líci-
Nesse caso, as provas ilícitas recebem uma subclassifica- tas absolutamente independentes da ilícita no processo serão
ção: ilícitas e ilegítimas. aproveitadas.
▷ Provas Ilícitas A prova declarada ilícita pelo juiz será desentranhada dos
São as que ofendem o direito material (Código Penal ou le- autos e destruída com a presença facultativa das partes.
gislação penal extravagante) e também aquelas que ofendem Dever de Produzir Provas
os princípios constitucionais penais.
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É de responsabilidade das partes, devendo demonstrar
Ex.: Violar uma correspondência para conseguir uma aquilo que alegarem ao longo do processo.
prova.
▷ Acusação
▷ Provas Ilegítimas
» Autoria.
São as provas que ofendem o direito formal, processual,
ou seja, o Código de Processo Penal e a legislação processual » Materialidade.
penal extravagante. Também são aquelas que violam os prin- » Dolo.
cípios constitucionais processuais penais. Por exemplo: laudo » Culpa.
pericial confeccionado somente por um perito não oficial. ▷ Defesa
» Excludente de ilicitude.
Teorias sobre a Utilização das Provas Ilícitas
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
» Excludente de culpabilidade.
Teoria da proporcionalidade (Razoabilidade): uso da Prova
Ilícita para Defesa do Réu. » Causas de extinção da punibilidade.
Quando uma prova de origem ilícita é apresentada com a Princípio da Busca da Verdade Real
finalidade de defender o réu, o juiz deve aceitá-la, pois entre
O juiz não deve se conformar somente com o que lhe é
a formalidade na produção da prova e o risco de prisão do réu
apresentado pelas partes, devendo, durante o processo, bus-
inocente, o direito fundamental de liberdade deve prevalecer.
car a verdade, procurando reconstruir na audiência o que real-
Teoria dos frutos da Árvore Envenenada (Fruits Of The mente aconteceu, e, para isso, pode até mesmo determinar a
Poisonous Tree): Teoria da Prova Ilícita Por Derivação. produção de provas de ofício.
Art, 157, § 1º, primeira parte. São também inadmissí-
veis as provas derivadas das ilícitas, Prova Emprestada
As provas que decorrem de uma ilícita também estarão É a que, mesmo tendo sido produzida em um processo,
contaminadas, não devendo ser utilizadas no processo. pode servir de prova em outro.
Teoria da descoberta Inevitável: prova originária de fonte Requisitos:
independente. » Mesmas partes em ambos os processos.
§ 1º e 2º, CPP. São também inadmissíveis as provas » Mesmos fatos (o fato deve ser importante para 139
derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o a demonstração da verdade nas duas ações).
» Respeito ao contraditório (a prova que se pre- Art. 159, § 1º, CPP. Na falta de perito oficial, o exame
140 tende emprestar deve ter sido produzida sob o será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portado-
crivo do contraditório). ras de diploma de curso superior preferencialmente na
» A prova que se pretende emprestar deve ser lícita. área específica, dentre as que tiverem habilitação téc-
Não é possível o empréstimo probatório do IP para o pro- nica relacionada com a natureza do exame
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
1º Preâmbulo
Por esse sistema, o legislador pré-estabelece o valor de
▷ Classificação do Perito.
cada prova e o magistrado funciona como um intérprete em
razão dos limites impostos pela lei. ▷ Indicação do objeto da perícia.
Ex.: A exigência da perícia para demonstrar a existência 2º Esboço do Fato
do crime que deixar vestígios. ▷ É a narração daquilo que os peritos perceberam
sensorialmente.
Provas em Espécies 3º Esboço Crítico
Perícias (Considerações Gerais) ▷ É a aplicação dos conhecimentos técnicos aos fa-
É o meio de prova em que o juiz vai se valer de especialis- tos percebidos sensorialmente.
tas em determinada área do conhecimento humano, pois ele 4º Resposta aos Quesitos
é o perito do direito e não de todas as áreas de conhecimento. ▷ São as perguntas que podem ser formuladas pelo
MP, assistente de acusação, ofendido, querelante,
Perito acusado e também pelo juiz e que serão respon-
É o especialista em determinada área do conhecimento hu- didas pelos peritos.
mano que vai auxiliar o juiz por meio de seus saberes técnicos.
O perito deve ter nível superior completo. Art. 159, § 3º, CPP. Serão facultadas ao Ministério
Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao
Art. 159, CPP. O exame de corpo de delito e outras
querelante e ao acusado a formulação de quesitos e
perícias serão realizados por perito oficial, portador de
indicação de assistente técnico.
diploma de curso superior (Lei nº 11.690/2008).
Até o ano de 2008, não era exigido aos peritos o diploma A doutrina majoritária entende que, nas perícias realiza-
de curso superior, sendo assim, todos os que assumiram seus das durante o IP, a defesa não pode formular quesitos, pois é
cargos por meio de aprovação em concurso público antes da um procedimento inquisitivo, ou seja, não comporta contra-
alteração e não possuem nível superior continuam atuando, ditório nem ampla-defesa.
mas não podem realizar perícia, pois se passou a exigir o nível A lei segue a mesma linha, pois, analisando o Art. 159 na
superior completo na área. íntegra, não encontramos nenhuma hipótese em que seja dis-
Classificação dos Peritos ponibilizado esse direito à defesa.
Oficial: é o perito nomeado por meio de aprovação em con- 5º Autenticação
curso público; ele pode atuar isoladamente. Não precisa prestar ▷ Data e assinatura dos peritos.
o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo 6º Divergência entre os Peritos
toda vez que atua, pois já o fez quando entrou em exercício. ▷ Caso a perícia seja realizada por mais de um perito,
Art. 159, § 2º, CPP. Os peritos não oficiais prestarão o com- e possível que eles tenham conclusões conflitantes,
promisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. e, quando isso acontecer, poderão realizar laudos
Não Oficial/Juramento: é a pessoa comum, portadora individuais ou confeccionar um único laudo, porém,
de diploma de nível superior, que é convocada a atuar como devem deixar claros os motivos da divergência. Caso
perito e compromissada a desempenhar esse encargo. Devem isso aconteça, o juiz poderá resolver a celeuma da
atuar em conjunto, ou seja, ao menos dois. seguinte forma:
» Nomear um 3º perito para solucionar a di- Quem pode autorizar:
vergência. ▷ Juiz.
» Determinar uma nova perícia com a intervenção ▷ Delegado.
de outros peritos.
Art. 180, CPP. Se houver divergência entre os peritos, Exame Complementar de Lesão Corporal
serão consignadas no auto do exame as declarações e É a perícia que visa a atestar a lesão corporal, podendo ser
respostas de um e de outro, ou cada um redigirá se- complementada em duas situações:
paradamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um ▷ Para atestar a real gravidade da lesão em razão da
terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade pode- alteração do estado de saúde da vítima.
rá mandar proceder a novo exame por outros peritos. Ex.: Quando uma vítima de lesão corporal tem um
Sistema de Apreciação do Laudo membro do corpo debilitado permanentemente em
▷ O Brasil adota o sistema LIBERATÓRIO de apreciação virtude dessa lesão, isso indica um crime de lesão
do laudo, o que significa que o juiz é livre para deci- corporal grave, porém, com o passar de algum tempo,
dir, podendo até mesmo contrariar a decisão, desde dessa mesma lesão resulta a amputação do mesmo
que de forma motivada. membro, muda-se a tipificação do crime para lesão
Art. 182, CPP. O juiz não ficará adstrito ao laudo, po- corporal gravíssima. Sendo assim, o exame é funda-
dendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. mental para que ocorra o aumento de pena, conforme
previsto no art. 129 do CP.
Exame de Corpo Delito ▷ No crime de Lesão Corporal Grave por impossibi-
lidade de desempenho das ocupações habituais
Corpo de Delito: vestígios deixados vestígios deixados
pelo crime, ou seja, é tudo aquilo que podemos perceber sen- por mais de 30 dias (Art. 129, § 1º, I, do CP), deve
sorialmente. ser realizado o exame complementar de lesão
Exame de Corpo de Delito: perícia que tem por objeto corporal para que o delito não seja desclassificado
analisar os vestígios deixados pelo crime. para lesão leve, para qual a pena é mais branda.
Exame direto: é realizado diretamente sobre os vestígios A prova testemunhal pode suprir a ausência do exame
do crime. complementar em casos que já tenha ocorrido o desapareci-
Exame indireto: não é realizado diretamente sobre os mento dos vestígios do crime.
vestígios do crime. Nesse caso, é realizado sobre elementos Art. 167, CPP. Não sendo possível o exame de corpo de
acessórios para elaboração do laudo, como exemplo, uma oi- delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova
tiva de testemunha. testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
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Art. 176, CPP. Não sendo possível exame direto ou indi-
reto, a prova testemunhal suprirá a omissão.
Perícia Laboratorial
Segundo o STJ, o exame indireto é o ato do juiz de ouvir a Em alguns casos, os exames periciais devem ser realizados
testemunha, não se falando nesse caso da participação do perito. em laboratório, com o uso de reagentes químicos, para que se
atinja o resultado esperado.
A perícia nos vestígios do crime poderá ser realizada du-
Ex.: Exame para comprovar se determinada substância
rante as 24 horas do dia (Art. 161, CPP. O exame de corpo de
é droga ou não.
delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.),
devendo-se somente respeitar a inviolabilidade domiciliar Nesses casos, é imprescindível que seja guardada amostra
(Art. 5º, XI, da CF). do produto periciado até o final do processo para, se for neces- NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
sário, servir de contraprova.
Autópsia Art. 170, CPP. Nas perícias de laboratório, os peritos
É a perícia que visa à identificação da causa da morte. guardarão material suficiente para a eventualidade de
▷ É realizada, em regra, 6 horas após o óbito. nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão
ilustrados com provas fotográficas ou microfotográfi-
▷ Em razão da evidência da morte (ex: decapitação),
cas, desenhos ou esquemas.
esse prazo pode ser antecipado por meio da justifi-
cativa dos peritos Perícia em Objetos Relacionados a Crimes
Art. 162, CPP. A autópsia será feita pelo menos seis ho- É a perícia realizada em objetos destruídos, deteriorados ou
ras depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência que constituam produto ou proveito do crime. Pode ser decisiva
dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes para o cálculo da pena nos delitos de furto e de estelionato.
daquele prazo, o que declararão no auto.
Exame Grafotécnico
Exumação É a perícia que tem a finalidade de identificar a autoria de
É a perícia que tem por finalidade desenterrar o cadáver, determinada letra ou escrita.
seja porque o corpo foi enterrado sem autópsia, ou se for ne- O juiz pode se valer de todos os meios a sua disposição 141
cessário complementar uma análise anteriormente realizada. para produzir o material necessário à realização da perícia.
Ex.: O juiz pode requisitar, de órgãos públicos e privados, dos auxiliares bem como a presença do defensor e a
142 documentos que, indiscutivelmente, foram produzidos publicidade do ato.
pelo réu para, dessa forma, realizar a perícia. ▷ Ida do réu ao fórum.
Segundo o STF, a contribuição do réu com a autoridade, ▷ Vídeo conferência (§ 2º e seus incisos, Art. 185 do
escrevendo aquilo que lhe for narrado, é mera faculdade, já
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
CPP).
que ninguém é obrigado a se autoincriminar.
Hipóteses
Perícia nos Instrumentos do Crime ▷ Havendo risco à segurança pública
É a perícia realizada nos objetos utilizados para a prática » Risco de fuga.
do delito, visando a aferir se o objeto é apto ao fim almejado, » Réu que integra organização criminosa.
pois se o meio é absolutamente ineficaz, estaremos diante de
crime impossível. » Risco de intimidação da vítima ou da testemu-
Ex.: Perícia realizada numa arma de fogo para verificar nha.
se ela é apta a funcionar e se esse funcionamento é capaz » Risco da ordem pública.
de levar alguém a óbito. ▷ Impossibilidade de deslocamento do preso
Teste de Alcoolemia » Doença.
Bafômetro / Etilômetro: Nenhuma pessoa pode ser obri- » Idade avançada.
gada a realizar tal exame, pois ninguém é obrigado a produzir Interrogatório da Pessoa Jurídica
prova contra si mesmo. Entretanto, a polícia poderá utilizar de
qualquer outro meio para atestar a embriaguez. Atualmente, a pessoa jurídica pode ser autora de crime,
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Exame de sangue: As vítimas fatais de acidente de trânsito no caso de delitos ambientais. Sendo assim, ela será ré em um
serão submetidas obrigatoriamente a esse exame, por disposi- processo criminal e também poderá ser interrogada, mas o
ção do Art. 3º da Resolução nº 206/06 do Contran. interrogatório da pessoa jurídica se dará por meio de um pre-
posto (advogado) de seus diretores ou dos seus sócios admi-
Interrogatório nistradores, e essas declarações serão vinculadas à ré.
É o momento processual no qual o juiz e também as partes
farão perguntas ao réu, e também quando este poderá exerci- Ofendido
tar a sua ampla-defesa, apresentando, se quiser, a sua versão É a vítima identificada do suposto crime. Ela presta as suas
dos fatos pelos quais está sendo acusado. declarações contribuindo para solucionar o fato.
Sempre que possível, o ofendido será qualificado e pergunta-
Natureza do sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser
Por ser um meio de defesa, oportunizar o interrogatório é o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as
obrigatório sob pena de nulidade absoluta. suas declarações.
Procedimento Se o intimado para esse fim deixar de comparecer sem
motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da
Direito de Entrevista Preliminar Reservada autoridade e ainda responderá criminalmente por desobe-
O réu tem o direito de ser orientado previamente pelo diência.
seu advogado, na expectativa de que tome conhecimento do
que está por vir e de como se comportar durante a audiência. Direitos do Ofendido
Art. 185, § 5º, CPP. Em qualquer modalidade de inter- O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos
rogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevis- ao ingresso e à saída do acusado da prisão; à designação de
ta prévia e reservada com o seu defensor; se realizado data para audiência; e à sentença e respectivos acórdãos que a
por videoconferência, fica também garantido o aces- mantenham ou modifiquem.
so a canais telefônicos reservados para comunicação As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no ende-
entre o defensor que esteja no presídio e o advogado reço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o
presente na sala de audiência do Fórum, e entre este uso de meio eletrônico.
e o preso. Antes do início da audiência e durante a sua realização, será
Presença do Advogado no Interrogatório reservado espaço separado para o ofendido. Se o juiz entender
▷ Obrigatório. necessário, poderá encaminhá-lo para atendimento multidisci-
▷ Nulidade absoluta (Súmula 523 do STF). plinar, especialmente nas áreas: psicossocial, de assistência jurí-
dica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado.
Interrogatório do Réu Preso O juiz tomará as providências necessárias à preservação
▷ Ida do Juiz ao estabelecimento prisional (é a regra) da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, po-
Art. 185, § 1º, CPP. O interrogatório do réu preso será dendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação
realizado, em sala própria, no estabelecimento em aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos
que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de
segurança do juiz, do membro do Ministério Público e comunicação.
Testemunha » Atividade de assistência social.
» Advogados.
É a pessoa que percebeu sensorialmente (por meio dos
sentidos: visão, audição, tato etc.) o fato apurado no processo. » Médicos.
Ela vai prestar declarações sobre essa situação ou sobre algum » Tutores.
ato processual. » Curadores.
As pessoas impedidas poderão, excepcionalmente, fun-
Princípios cionar como testemunhas se forem autorizadas pelo interes-
Judicialidade sado e se assim desejarem. Nesse caso, se elas mentirem,
responderão por falso testemunho, já que estarão compro-
Para que um testemunho tenha aptidão de sustentar uma missadas com a verdade.
sentença, é necessário que ele seja produzido perante um juiz,
pois, nesse momento, ele será submetido ao contraditório e à Art. 207, CPP. São proibidas de depor as pessoas que,
ampla defesa. em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela
Retrospectividade parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
Os fatos narrados pela testemunha são relativos ao passa- ▷ Demais Impedimentos
do (nunca ao futuro). » Juízes e membros do MP: estão impedidos de
Oralidade atuar funcionalmente no processo e funcionar
Prevalece a palavra falada. como testemunha nele.
Exceção: algumas autoridades prestarão suas declarações » Corréu: havendo pluralidade de réus, um não
por escrito e o juiz deve lhes encaminhar as perguntas previa- poderá testemunhar nem a favor nem contra
mente: os demais.
» Presidente da República. » Deputados e Senadores: essas autoridades não
estão obrigadas a funcionar como testemunha
» Vice-Presidente.
em razão de fatos que tomaram conhecimento
» Presidente do Senado. durante o desempenho das funções.
» Presidente da Câmara dos Deputados.
» Presidente do STF. Número de Testemunhas
Art. 204, CPP. O depoimento será prestado oralmente, ▷ Procedimento comum ordinário: 8 testemunhas.
não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito. ▷ Procedimento comum sumário: 5 testemunhas.
Art. 221, § 1º, CPP. O Presidente e o Vice-Presidente da ▷ Procedimento sumaríssimo: 3 testemunhas.
República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara ▷
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2ª fase do júri: 5 testemunhas.
dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão
optar pela prestação de depoimento por escrito, caso Classificação das Testemunhas
em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferi- ▷ Numerárias
das pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. São aquelas que integram o número legal (conforme es-
Basta lembrarmo-nos das hipóteses de sucessão presiden- tudado acima);, elas têm o compromisso de dizer a verdade.
cial que não mais nos esqueceremos quem são as autoridades ▷ Extranumerárias
que poderão prestar suas declarações por escrito. Não integram o número legal, mas também têm o compro-
Recusas misso de dizer a verdade.
▷ Informantes
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Toda pessoa poderá ser testemunha, que não poderá eximir-
se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê- São as pessoas que não prestam compromisso (Art. 208,
CPP. Não se deferirá o compromisso a que alude o Art. 203 aos
-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge,
doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze)
ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do
anos, nem às pessoas a que se refere o Art. 206.). São elas:
acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se
ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. » Parentes do réu.
Caso esses parentes do réu sejam a única fonte de prova, en- » Menores de 14 anos.
tão, serão obrigados a figurar como testemunha, não podendo » Loucos.
exercer a recusa, porém não serão obrigadas a dizer a verdade. ▷ Testemunha da coroa
De acordo com a lei, que disciplina o combate ao crime
Impedimentos organizado, os agentes de polícia poderão atuar infiltrados em
Algumas pessoas, devido à função, ministério, ofício ou organização criminosa por decisão judicial motivada, e, caso
profissão exercida na sociedade, estarão impedidas por lei de presenciem um crime, poderão funcionar como testemunha.
funcionar como testemunha, devendo guardar segredo dos fa- ▷ Testemunha direta
tos que tomam conhecimento. São elas: É a testemunha que presta declaração sobre o fato princi-
▷ Pessoas que exercem Ministério: pal da causa, sem que tenha havido nenhum tipo de interfe- 143
» Atividade religiosa. rência na formação da sua percepção.
▷ Testemunha indireta substituição do funcionário no dia da sua ausência, em home-
144 É aquela que não teve uma percepção sensorial do fato, e nagem ao princípio da continuidade do serviço público.
sim acidental, ou seja, é que ouviu dizer alguma coisa da si- Já o militar será convocado por meio do seu superior,
tuação. em respeito à hierarquia e para evitar que o oficial de jus-
▷ Testemunha própria tiça transite no quartel, respeitando-se a respectiva invio-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
É aquela que presta declaração sobre o fato a ser provado. labilidade do quartel.
▷ Testemunha imprópria / instrumentária / Federa- Art. 221, §§ 2º e 3º, CPP. Os militares deverão ser
tiva requisitados à autoridade superior. Aos funcionários
É a que concede declaração sobre um ato da persecução públicos aplicar-se-á o disposto no art. 218, deven-
penal. do, porém, a expedição do mandado ser imediata-
Ex.: Testemunha instrumental da prisão em flagrante. mente comunicada ao chefe da repartição em que
▷ Laudador / testemunha de beatificação servirem, com indicação do dia e da hora marcados.
É a testemunha que presta declaração sobre os anteceden- Reconhecimento de Pessoas e Objetos
tes do réu.
É o meio de prova que tem por finalidade identificar se de-
Deveres da Testemunha terminada pessoa ou objeto teve algum tipo de ligação com o
Comparecer: o não comparecimento acarretará: crime apurado no processo. Sendo assim, alguém que já tenha
visto uma coisa ou outra será chamado a identificá-lo.
» Condução coercitiva.
» Pagamento de multa. Reconhecimento de Pessoas
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» Pagar as custas da diligência. Por meio deste expediente, busca-se identificar não so-
» Responsabilidade criminal por desobediência. mente o infrator, mas, em alguns casos, até mesmo a vítima
Art. 218, CPP. Se, regularmente intimada, a testemu- e as testemunhas
nha deixar de comparecer sem motivo justificado, Procedimento
o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua Art. 226, I, CPP. a pessoa que tiver de fazer o reconhe-
apresentação ou determinar que seja conduzida por cimento será convidada a descrever a pessoa que deva
oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da for- ser reconhecida;
ça pública.
Art. 226, II, CPP. a pessoa, cujo reconhecimento se
Art. 219, CPP. O juiz poderá aplicar à testemunha falto- pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras
sa a multa prevista no art. 453, sem prejuízo do proces- que com ela tiverem qualquer semelhança, convidan-
so penal por crime de desobediência, e condená-la ao do-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apon-
pagamento das custas da diligência. tá-la;
▷ Dizer a Verdade Reconhecimento de Objetos
» Dizer a verdade. Se for necessário proceder ao reconhecimento de objetos
» Não calar a verdade. que tenham algum tipo de vínculo com o crime, se adotará o
mesmo procedimento realizado para reconhecer uma pessoa
» Não negar a verdade. (Art. 227, CPP. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á
Caso a testemunha não cumpra com o compromisso, co- com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que for
meterá o crime de Falso Testemunho. aplicável.).
▷ Informar sobre qualquer mudança de endereço no É possível o reconhecimento de pessoas tanto por fotogra-
prazo de um ano a contar da data que a testemunha fias como também pela voz (modalidade de provas inominadas).
foi ouvida.
Se a testemunha não informar sua mudança de endereço
Acareação
e for convocada novamente pela autoridade, será considerada É o meio de prova que tem por finalidade esclarecer diver-
testemunha faltante e, assim, sofrerá todas as consequências gências nas declarações de qualquer cidadão sobre fatos ou
por sua falta: condução coercitiva, pagar as custas da diligên- circunstâncias relevantes. A acareação pode se dar tanto entre
cia, pagar multa, e ainda será responsabilizada criminalmente acusados, acusado e testemunha, etc.
por desobediência. Art. 229, CPP. A acareação será admitida entre acusa-
Art. 224, CPP. As testemunhas comunicarão ao juiz, dos, entre acusado e testemunha, entre testemunhas,
dentro de um ano, qualquer mudança de residência, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e
sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem,
comparecimento. em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias re-
levantes.
Funcionários Públicos e Militares Natureza: meio de prova.
Deve o oficial de justiça notificar o respectivo funcioná- Pressupostos: divergência substancial sobre fato ou circuns-
rio público e o chefe da repartição para que ele providencie a tância relevante, prestada previamente pelos confrontantes.
Procedimento: os acareados serão convocados à pre- Dos Indícios
sença da autoridade (juiz ou delegado). Na sequência,
serão provocados pela autoridade a mudar ou ratificar o Art. 239, CPP. Considera-se indício a circunstância
depoimento anteriormente prestado.
conhecida e provada, que, tendo relação com o fato,
Documentos autorize, por indução, concluir-se a existência de outra
ou outras circunstâncias.
É o papel ou meio digital, fotográfico, etc, que tem por fi-
Ex.: Alguém passeia pela rua e se depara com uma
nalidade transmitir uma informação.
pessoa com a roupa suja de sangue e uma faca na
Classificação mão. Essa pessoa passa pela outra correndo e, após
alguns metros, encontra um cidadão caído no chão
Instrumento com várias facadas no corpo. Pode-se concluir, logi-
É o documento produzido com a finalidade de provar algo.
camente, que aquela primeira que passou com a faca
Ex.: Um comprovante de pagamento, declaração do IR.
cometeu a agressão, mesmo que não se tenha visto o
Documentos Eventuais crime acontecer.
Não possuem a finalidade de provar nada, mas, excepcio- Indício negativo: É aquele que contradiz a conclusão ex-
nalmente, podem funcionar como prova. traída, ou seja, é o álibi.
Ex.: Uma foto familiar.
Documentos Originais Busca e Apreensão
São aqueles produzidos na fonte. Busca: é a procura de uma determinada pessoa ou de um
Cópias objeto do rol do Art. 240 do CPP.
É uma cópia do original. Apreensão: é resultante da busca bem sucedida, em que
se apreende a respectiva pessoa ou objeto procurado.
Públicos
Para a doutrina moderna, a busca e apreensão seria uma
São produzidos por funcionário público no seu exercício
medida cautelar, que tem por finalidade prospectar objetos ou
funcional.
pessoas.
Particular Momento: pode ser produzida a qualquer momento, an-
É confeccionado por particular ou até mesmo por funcio- tes, durante ou até mesmo após a persecução penal, ou seja,
nário público, estando este fora do seu exercício funcional. durante a execução da pena.
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A qualquer momento da persecução penal. Busca Domiciliar
Quem pode produzir documento:
É a diligência realizada num domicílio ou residência deter-
▷ Acusação. minados.
▷ Defesa. O que é casa?
▷ Juiz (ex-ofício).
Segundo o Art. 150 do CP, casa é qualquer ambiente de ocu-
▷ Delegado (ex-ofício). pação individual ou coletiva onde se possa invocar a intimidade.
Tradução Em qual horário pode
Os documentos em língua estrangeira poderão ser traduzi- ser realizada a Busca Domiciliar?
dos para que se obtenha a exata compreensão. Durante o dia (das 6h às 18 horas), de acordo com o horário NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
» Fundada suspeita de que o indivíduo esteja com deve respeitar e fazer respeitar cada etapa procedimental e se,
armas ou objetos que integram o corpo de de- por acaso, houver um descumprimento na sequência dos atos,
lito. tal será nulo.
• Busca pessoal em mulher
Será feita, preferencialmente, por outra mulher. Em casos Impedimento dos Juízes
de extrema urgência e necessidade, para que não se retarde Impedimento é obstáculo ou embaraço ao exercício da
ou traga prejuízo à diligência, poderá ser feita por um homem função no processo. Nesses casos, o juiz é declarado parcial,
(Art. 249 do CPP: A busca em mulher será feita por outra mu- pois existe vínculo entre ele e o objeto do litígio. Dessa forma,
lher, se não importar retardamento ou prejuízo da diligência.). é inadmissível que ele presida o processo, e a atuação de um
• Inviolabilidade das correspondências e a Busca e juiz impedido no processo é a inexistência dos atos praticados
Apreensão (observe bem que não se fala em nulidade mas no ato inexis-
tente, o próprio processo não existe).
Quanto às correspondências, devemos analisar os seguin-
tes aspectos: As hipóteses de impedimento são descritas taxativamente
no Art. 252 do CPP. São elas:
Correspondência aberta: comporta a medida.
Correspondência fechada: não comporta a medida (Art. I. Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, con-
5º, XII da CF). sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o
O STF entende que a correspondência fechada do preso terceiro grau, inclusive, como defensor ou advoga-
pode ser fiscalizada pela administração penitenciária, pois o do, órgão do Ministério Público, autoridade policial,
direito a intimidade não pode ser usado para a prática de cri- auxiliar da justiça ou perito.
mes por quem está preso. II. Ele próprio houver desempenhado qualquer
dessas funções ou servido como testemunha.
7. Do Juiz, do Ministério Público, do III. Tiver funcionado como juiz de outra instância,
pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a
Acusado e Defensor, dos Assistentes e questão.
Auxiliares da Justiça IV. Ele próprio ou seu cônjuge ou parente, con-
sanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até
o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente
Juiz interessado no feito.
É o responsável pela aplicação do direito ao caso concre-
to, mas não é parte no processo penal, pois esta é quem tem Suspeição dos Juízes
interesse na causa. O juiz deve sempre ser imparcial, ou seja, Suspeição é obstáculo ao exercício da função. Nesse caso,
não pode tomar partido para nenhuma das partes, cabendo existe interesse do juiz na matéria em debate.
a ele somente a condução do processo e o julgamento justo, Se o juiz for declarado suspeito, os atos por ele praticados
lembrando que até o trânsito em julgado de uma sentença são nulos e, em alguns casos, podem ser ratificados pelo juiz
condenatória todos são inocentes. Sendo assim, é inadmissível substituto que irá julgar a lide. A suspeição difere do impedi-
no processo a presença do juiz parcial, que já formou o seu mento em vários aspectos, conforme visto acima; dentre eles
juízo quanto ao caso antes mesmo de ouvir as partes e receber destaca-se que as suspeições podem ser vencidas pelas par-
as hipóteses de defesas e acusações. tes, ou seja, estas podem aceitar o julgamento do juiz suspeito
(desde que ele também não se importe em julgar o conflito) e,
caso isso aconteça, a suspeição será vencida; já o impedimento Ministério Público
não poderá ser vencido pelas partes. Federal (Desempenha a
As hipóteses de suspeição estão descritas no Art. 254. Ministério função do MP Eleitoral)
São elas: Público da União
Ministério Público do
I. Se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer
Ministério Trabalho
deles.
Público Estadual
II. Se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, Ministério Público Militar
estiverem respondendo a processo por fato análogo,
sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia. Ministério Público do DF
III. Se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou
afim até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda Acusado (Réu ou Querelado)
ou responder a processo que tenha de ser julgado por É parte no processo penal, está no polo passivo da ação
qualquer das partes. penal, assim sendo, é a pessoa denunciada. Possui interesse
IV. Se tiver aconselhado qualquer das partes. na demonstração da inocência e, por isso, não tem obrigação
de colaborar com a acusação, pois não é obrigado a produzir
V. Se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qual-
provas contra si mesmo, mas a confissão é aceita, desde que
quer das partes. balizada em outras provas.
VI. Se for sócio, acionista ou administrador de socie- Ao acusado é garantido o direito de ser assistido por defe-
dade interessada no processo. sa técnica (também é um dever a defesa técnica para o deslin-
O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco de do processo e a ausência de defesa é hipótese de nulidade
por afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe absoluta do processo); mesmo que o acusado seja fugitivo da
tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas ainda justiça, tal direito é garantido.
que dissolvido sem descendentes, não funcionará como juiz o Caso o acusado seja pobre e não tenha condições de cons-
sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for tituir advogado, a defesa será feita por defensor dativo ou pela
parte no processo. defensoria pública.
Por dissolução do casamento entende-se o divórcio, pois O CPP, em seu Art. 262, fala que o acusado menor será
em caso de separação judicial, enquanto não for julgado o di- acompanhado por curador. É importante ressaltar, nesse caso,
vórcio, haverá impedimento. que não existe mais a figura do acusado menor (pessoa entre
Caso a parte gere a suspeição supervenientemente ao processo, 18 e 21 anos de idade), uma vez que o Código Civil declara que
o maior de 18 anos é plenamente capaz, o que não acontecia
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motivada por má-fé e com a única intenção de protelar o julgamen-
to, a suspeição não será reconhecida. Seria, por exemplo, o caso de na época da redação do Código de Processo Penal.
uma das partes ofender o juiz fora do julgamento e até mesmo do Defensor
fórum e alegar depois que entre a parte e o juiz existe inimizade.
Tal fato não é caracterizado suspeição, pois ela deve existir antes do Não é parte no processo, mas o representante do acusado
julgamento e como decorrência natural das relações humanas, não e sua atuação deve ser intencionada a garantir a decisão mais
favorável ao seu cliente, ou seja, caso este seja culpado do fato
por má-fé para garantir um estado de ilegalidade.
imputado, o advogado deve lutar pela pena mais branda. Se
Ministério Público for inocente, deve pleitear a absolvição.
A ausência de defesa é hipótese de nulidade absoluta, as-
O promotor é sujeito e parte imparcial no processo, por-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
sim sendo, o CPP admite que, quando o advogado não puder
que, apesar de ser o responsável pela promoção da ação, sua comparecer, por motivo justificado, a audiência poderá ser re-
conduta não pode ser balizada pela relação com as partes ou marcada, mas, nesse caso, cabe ao advogado provar a causa
com a causa, mas pela promoção da justiça, que é sempre o justificadora de sua ausência.
objetivo da atuação do membro do parquet.
O MP é o titular da ação penal pública e o fiscal da privada. Nomeação do Advogado
As hipóteses de impedimento ou suspeição dos membros O advogado pode ser nomeado por instrumento de man-
do Ministério Público são as mesmas estudadas anteriormente dato ou de termo de audiência, quando for indicado no curso
que podem ser imputadas aos juízes, ou seja, o rol de impedi- do interrogatório.
mentos vem descrito no Art. 252 e o de suspeições no Art. 254. Caso o advogado seja parente do juiz ou do promotor,
estaremos diante de hipótese de impedimento.
Classificação do Ministério Público
O MP é dividido em MP Estadual e MP da União, e fazem Assistente
parte do MPU os seguintes órgãos: Ministério Público Federal Assistente é o ofendido ou seu representante legal, ou seja,
(também desempenha a função de Ministério Público Eleito- a vítima do fato criminoso, pode ser pessoa física ou jurídica,
ral), Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e basta, para isso, que seja a vítima da ação criminosa. 147
Ministério Público do DF. Tem o objetivo de auxiliar o MP na acusação.
▷ Ao assistente são garantidas as seguintes prerro- são aqueles que, não sendo indispensáveis à existência da re-
148 gativas: lação processual, nela intervêm de alguma forma.
» Propor meios de prova. Os principais são o juiz, o autor (que pode ser o Ministério
» Requerer perguntas às testemunhas. Público ou o ofendido) e o acusado. Os acessórios ou colaterais
» Aditar o libelo e os articulados. são o assistente, os auxiliares da justiça e os terceiros, interes-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
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Polícia Federal):
▷ Quando o agente está cometendo o delito, ou seja,
Art. 73. A autoridade policial somente procederá à
está em plena prática dos atos executórios.
busca domiciliar sem mandado judicial quando houver
Ex.: O agente saca uma faca e parte na direção de outra
consentimento espontâneo do morador ou quando ti-
pessoa na tentativa de produzir lesões corporais, entre-
tanto, antes que consiga ter sucesso é surpreendido pela ver certeza da situação de flagrância. (...) 73.2: Na se-
polícia ou por terceiro que lhe domina e lhe dá a voz de gunda hipótese, é imprescindível ter-se certeza de que
prisão. o delito está sendo praticado naquele momento.
▷ Acaba de cometer o delito, isto é, o agente terminou Flagrante Presumido (Ficto ou Assimilado)
de concluir a prática da infração penal, ficando evi- O criminoso é encontrado, logo depois de praticar o crime,
com objetos, armas ou papéis que faça presumir ser ele o autor
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
dente que é o autor do crime. Apesar do delito já ter
se consumado, o agente ainda continua no local do do delito. Nesse caso, não há perseguição.
crime, e por isso pode ser preso. Caso o autor con- Ex.: É o que acontece com frequência nos crimes patri-
siga sair do de lá, o flagrante não será mais próprio. moniais, quando a vítima comunica à polícia a ocorrência
Ex.: O agente saca uma faca e parte na direção de outra de um roubo e a viatura sai pelas ruas próximas do bair-
pessoa na tentativa de produzir um homicídio; consegue, ro à procura do objeto subtraído, por exemplo. Então, o
então, desferir os golpes e provocar a morte da vítima. criminoso é encontrado de posse do bem logo após e a
Imediatamente a isso e antes de conseguir empreender polícia lhe dá voz de prisão.
fuga, o assassino é surpreendido ainda no local do crime Art. 301, IV, CPP. Considera-se em flagrante delito
pela polícia ou por terceiros e é preso. quem:
Art. 302, I e II, CPP. Considera-se em flagrante delito IV. É encontrado, logo depois, com instrumentos,
quem: armas, objetos ou papéis que façam presumir ser
I. Está cometendo a infração penal; ele autor da infração.
II. Acaba de cometê-la; Flagrante Forjado
Flagrante Impróprio (Irreal / Imperfeito / Quase Flagrante) É o flagrante realizado para incriminar um inocente. A pri-
É a espécie de flagrante que ocorre quando o criminoso são é ilegal e o forjador irá responder criminalmente por de- 149
conclui o crime ou é interrompido pela chegada de terceiros nunciação caluniosa (Art. 339 do CP). E, caso o forjador seja
um funcionário público, além da denunciação caluniosa, res- II. A não atuação policial sobre os portadores de
150 ponde também por Abuso de Autoridade. drogas, seus precursores químicos ou outros pro-
Ex.: Alguém coloca na mochila de outra pessoa certa dutos utilizados em sua produção, que se encon-
quantidade de entorpecente, para, abordando-o depois, trem no território brasileiro, com a finalidade de
conseguir dar voz de prisão em flagrante por transportar identificar e responsabilizar maior número de inte-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
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panharem colhendo, após cada oitiva, suas respectivas ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do
assinaturas. preso ou à pessoa por ele indicada.
Art. 304, § 2º, CPP. A falta de testemunhas da infração Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da pri-
não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nes- são, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão
se caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu
duas pessoas que hajam testemunhado a apresenta- advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
ção do preso à autoridade. Art. 306, § 1º, CPP. Em até 24 (vinte e quatro) horas
Qualquer um pode ser uma testemunha instrumental, in- após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz
clusive o delegado de polícia, pois, segundo o STJ, quem esco- competente o auto de prisão em flagrante e, caso o NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
lhe aquela não é a autoridade, é o destino. autuado não informe o nome de seu advogado, cópia
integral para a Defensoria Pública.
• Oitiva do Conduzido
Art. 306, § 2º, CPP. No mesmo prazo, será entregue
Ao preso será informado o direito ao silêncio e também o ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada
de assistência, ou seja, de comunicar alguém da sua escolha
pela autoridade que lavrou o auto, com o motivo da
que ele está preso.
prisão, o nome do condutor e os das testemunhas,
Fundamentação legal:
com o objeto de materializar a regra constitucional
Art. 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direi- abaixo exposta.
tos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
Art. 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação
assegurada a assistência da família e de advogado.
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interroga-
As declarações prestadas serão reduzidas a termo, ou
tório policial.
seja, a escrito e o conduzido irá assinar as suas declara-
ções. Caso o preso não saiba assinar, não queira ou não Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá
possa, a falta da sua assinatura será sanada com a utiliza- fundamentadamente:
ção de duas testemunhas. » Relaxar a prisão ilegal.
Art. 304, § 3º, CPP. Quando o acusado se recusar a » Converter a prisão em flagrante em preventiva, 151
assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de pri- quando cabível.
» Quando a prisão for legal, mas não for cabível a no momento da captura. O entendimento prevalente é de que
152 sua conversão em prisão preventiva, será então não cabe flagrante.
concedida a liberdade provisória, com ou sem
fiança. Prisão Preventiva
Quando o crime acontecer amparado por um excludente É a medida cautelar de constrição da liberdade pessoal,
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
de ilicitude e o agente aceitar comparecer a todos os atos cabível durante toda a persecução penal (IP + processo),
processuais para que for convocado, o juiz poderá também decretada pelo juiz ex officio no curso da ação penal, ou
a requerimento do MP, do querelante, do assistente ou por
conceder a liberdade provisória.
representação da autoridade policial. Não tem prazo e se jus-
• Prazo tifica na presença dos requisitos estabelecidos nos Art. 312 e
A lei não fala nada quanto ao prazo da prisão em flagran- 313 do CPP.
te, entretanto, com a alteração sofrida recentemente pelo CPP, Requisitos
subentende-se que agora ela tem a duração de 24 horas, pois
» Fumus commissi delicti (fumaça da prática do
esse é o prazo que o juiz tem para analisá-la e, conforme for o crime): prova da materialidade e indícios de
caso, relaxá-la, convertê-la em prisão preventiva ou conceder autoria.
a liberdade provisória. » Periculum libertatis (perigo da liberdade): são as
Se a prisão em flagrante se estender por mais de 24 hipóteses de decretação da prisão preventiva:
horas, ela se tornará ilegal e deverá ser relaxada. Garantia da ordem pública: objetiva evitar que o agente
Caso um militar seja preso em flagrante, após a lavratu- continue a delinquir. Só pode ser aplicada quando, provavel-
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ra do auto de prisão em flagrante, ele deverá ser conduzido a mente, se possa concluir isso por meio dos seus antecedentes
uma prisão militar. ou modo de vida.
Art. 300, parágro único, CPP. O militar preso em fla- Não justifica a decretação da prisão preventiva com base na
grante delito, após a lavratura dos procedimentos le- garantia da ordem pública visando a proteger a integridade fí-
gais, será recolhido a quartel da instituição a que per- sica do indiciado ou réu, tampouco com base no clamor social.
tencer, onde ficará preso à disposição das autoridades Garantia da ordem econômica: o objetivo é evitar a prá-
competentes. tica de novos delitos contra a ordem econômica.
Análise da Prisão em Flagrante em Al- Garantia da instrução criminal: é a prisão que tem por ob-
guns Casos Específicos jetivo garantir a livre produção de provas.
Garantia da aplicação da lei penal: objetiva evitar a
Em regra, a prisão em flagrante é possível para todos os
ocorrência de fugas. Caso o réu não compareça, injustifica-
crimes e contravenções. Destacaremos agora algumas situa- damente, a um ato do processo, caberá condução coercitiva e
ções especiais. não prisão preventiva.
▷ Crimes Permanentes Também é cabível a prisão preventiva quando houver des-
Nessa hipótese, a prisão em flagrante pode ocorrer a qual- cumprimento de qualquer das obrigações impostas por força
quer tempo, enquanto perdurar a consumação, autorizando- das medidas cautelares previstas no Art. 319 do CPP.
se inclusive invasão domiciliar independente da hora do dia Art. 312, Parágrafo único. A prisão preventiva também
ou da noite. poderá ser decretada em caso de descumprimento de
▷ Crimes de ação penal privada e de ação penal pú- qualquer das obrigações impostas por força de outras
blica condicionada medidas cautelares (Art. 282, § 4º)
A lavratura do auto de prisão em flagrante depende de Art. 282, § 4º. No caso de descumprimento de qual-
uma manifestação de vontade do legítimo interessado. quer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou
▷ Infrações de menor potencial ofensivo (crimes com mediante requerimento do Ministério Público, de seu
pena de até 2 anos e todas as contravenções co- assistente ou do querelante, poderá substituir a me-
muns) dida, impor outra em cumulação, ou, em último caso,
Nessas hipóteses, o auto de prisão em flagrante é substi- decretar a prisão preventiva (Art. 312, parágrafo único).
tuído pelo TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), des-
de que o agente se comprometa a comparecer ao juizado, ou Cabimento da Prisão Preventiva
seja, imediatamente para lá encaminhado. Caso ele não aceite I. Nos crimes dolosos punidos com pena privativa
o compromisso, o APF será lavrado e o indivíduo recolhido ao de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos.
cárcere. II. Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em
▷ Porte para uso de drogas e cultivo para uso próprio sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto
Nesse caso, o APF é substituído pelo TCO, mesmo que o no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848,
capturado não assuma o compromisso de comparecer aos jui- de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.
zados, afinal, esses crimes não levam o criminoso à prisão. III. Se o crime envolver violência doméstica e fa-
▷ Crimes Habituais miliar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
É crime que exige reiteração de condutas para a sua con- enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
sumação e pela dificuldade de constatarmos a habitualidade execução das medidas protetivas de urgência.
Também será admitida quando houver dúvida sobre a c) roubo (Art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
identidade civil da pessoa ou se ela não fornecer elementos d) extorsão (Art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado e) extorsão mediante sequestro (Art. 159,
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se ou-
caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
tra hipótese recomendar a manutenção da medida.
f) estupro (Art. 213, caput, e sua combinação
Impossibilidade de Decretação da Prisão Preventiva com o Art. 223, caput, e parágrafo único);
Havendo indícios nos autos da presença de uma exclu- g) atentado violento ao pudor (Art. 214,
dente de ilicitude, o juiz estará impedido de decretar a prisão caput, e sua combinação com o Art. 223, caput, e
preventiva. Por analogia, a mesma regra é aplicada quando parágrafo único);
existirem, nos autos, indícios de excludente de culpabilidade.
h) rapto violento (Art. 219, e sua combinação
Fundamentação do Mandado com o Art. 223 caput, e parágrafo único);
De acordo com o Art. 93, IX, da CF e com o Art. 315 do CPP, i) epidemia com resultado de morte (Art.
a ordem judicial que decretar a preventiva deve ser obrigato- 267, § 1°);
riamente motivada. A referência genérica ao texto da lei não j) envenenamento de água potável ou subs-
substitui a exigência da motivação e, segundo o STJ, a prisão
tância alimentícia ou medicinal qualificado pela
é ilegal.
morte (Art. 270, caput, combinado com Art. 285);
Tempo da Prisão Preventiva k) quadrilha ou bando (Art. 288), todos do
Não há prazo definido em lei acerca da duração dela, e se Código Penal;
estende no tempo enquanto houver necessidade, que é dosa- l) genocídio (Arts. 1°, 2° e 3° da Lei nº 2.889,
da pela presença de seus requisitos legais. Se eventualmente de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua
estes desaparecem, a prisão preventiva será revogada e nada formas típicas;
impede que ela seja decretada novamente, caso algum dos re-
quisitos reapareça. m) tráfico de drogas (Art. 12 da Lei nº 6.368,
de 21 de outubro de 1976);
Por sua vez, se ela se estende no tempo de maneira des-
proporcional, se transforma em prisão ilegal, e, nesse caso, n) crimes contra o sistema financeiro (Lei nº
merecerá relaxamento. 7.492, de 16 de junho de 1986).
o) crimes previstos na Lei de Terrorismo (Incluído
Prisão Temporária (Lei nº 7.960/89) pela Lei nº 13.260, de 2016)
É a prisão cautelar cabível apenas ao longo do IP, decre- Esse rol de crimes descrito acima é taxativo, o que signi-
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tada pelo juiz a requerimento do MP ou por representação fica que somente esses delitos comportam a medida e mais
da autoridade policial (o juiz não pode decretar a medida de nenhum outro. Para facilitar a memorização, vai uma dica: o
ofício e também não pode ser requerida pelo querelante nos rol acima comporta todos os crimes hediondos e mais alguns.
casos de ação penal privada), com prazo pré-estabelecido Interpretação dos Incisos
em lei, uma vez presente os requisitos do Art. 1º da Lei nº Inc. III + (Inc. I e/ou Inc. II) = Prisão temporária.
7.960/89.
Prisão Temporária: Procedimento
▷ É a prisão cautelar. Requerimento do MP ou representação feita pelo delega-
▷ Cabível apenas ao longo do IP. do e apresentadas ao juiz, que não pode decretar de ofício. Ele
tem 24 horas para decidir e, antes de decidir, deve ouvir o MP.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
▷ Decretada pelo juiz.
▷ Requerida pelo MP ou pelo delegado. O mandado prisional será expedido em duas vias, a 1ª via
▷ Com prazo pré-estabelecido em lei. ficará nos autos e a 2ª será entregue ao preso, funcionando
▷ Uma vez presente os seus requisitos. como nota de culpa, a qual tem por finalidade informá-lo so-
bre os motivos da prisão e os seus responsáveis.
Cabimento Tanto a Lei nº 7.960/89, no seu Art. 3º, quanto o CPP, em
Art. 1º da Lei nº 7.960/89. Caberá prisão temporária: seu Art. 300, estabelecem que o preso provisório (aquele
I. Se for imprescindível para as investigações po- que sofre prisão cautelar) deve ficar separado do definitivo,
liciais. entretanto, segundo a doutrina, a separação dependerá da
II. Se o criminoso não possui residência fixa ou não existência de estrutura prisional.
possui identificação civil • Prazo
III. Havendo indícios de autoria ou de participação ▷ Crimes Comuns:
em um dos crimes graves indicados a seguir: Em regra, o prazo máximo é de 5 dias, mas esse tempo
a) homicídio doloso (Art. 121, caput, e seu § 2°); pode ser prorrogado por + 5 dias, havendo necessidade e des-
b) sequestro ou cárcere privado (Art. 148, de que autorizado pelo juiz. 153
caput, e seus §§ 1° e 2°); ▷ Crimes Hediondos e Equiparados:
Em regra, o prazo máximo é de 30 dias, mas pode ser Liberdade Provisória sem Fiança
154 prorrogado por + 30 dias, havendo necessidade e desde que É o direito de permanecer em liberdade ao longo da per-
autorizado pelo juiz.
secução penal, quando não presente os requisitos que provo-
Só o juiz pode decretar a prisão temporária e também au- cam a decretação da prisão preventiva, como forma de não
torizar a prorrogação do seu prazo.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
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Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado prova alguma questão a respeito da liberdade provisória no
sentença que houver absolvido o acusado ou declarada extinta crime de tráfico de drogas, pode dizer que cabe a sem fiança,
a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será restituí- pois já foi concedida; agora, caso a sua prova pergunte com
do sem desconto. base no texto da Lei nº 11.343/06, não caberá a liberdade pro-
• Cassação da Fiança visória.
A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie será Crime Organizado (Lei nº 9.034/95)
cassada em qualquer fase do processo, quando reconhecida a Não é admitida a liberdade provisória com ou sem fiança
existência de delito inafiançável, no caso de inovação na clas- para as pessoas que tiveram intensa participação na organi-
sificação do delito. zação criminosa. NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
• Reforço da Fiança Lavagem de Dinheiro (Lei nº 9.613/98)
▷ Quando a autoridade tomar, por engano, fiança in- Não se admite liberdade provisória com ou sem fiança.
suficiente. Estatuto do Desarmamento
▷ Quando houver depreciação material ou perecimen- ▷ Comércio ilegal de arma.
to dos bens hipotecados ou caucionados, ou depre-
▷ Tráfico internacional de arma.
ciação dos metais ou pedras preciosas.
▷ Porte ilegal de arma de uso proibido.
▷ Quando for inovada a classificação do delito.
Caso seja exigido o reforço e o réu não atenda à exigência, Esses três crimes são inafiançáveis, mas, de acordo com
a fiança se tornará sem efeito e o réu será levado à prisão. o STF, passaram a comportar liberdade provisória sem fiança.
• Quebra da Fiança
▷ Regularmente intimado para ato do processo, deixar
9. Procedimento dos Crimes de
de comparecer sem motivo justo. Responsabilidade do Funcionário
▷ Deliberadamente praticar ato de obstrução ao anda-
mento do processo. Público
▷ Descumprir medida cautelar imposta cumulativa- São Crimes de Responsabilidade: peculato, concussão, 155
mente com a fiança. corrupção passiva, prevaricação, condescendência criminosa.
Nos crimes comuns: procedimento comum. Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em des-
156 Tal atuação não se aplica aos crimes inafiançáveis. pacho fundamentado, se convencido, pela resposta do
▷ Particular partícipe ou coautor: não se aplica. acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime
▷ Procedimento de competência originária dos tribu- ou da improcedência da ação.
nais: aplica-se o procedimento da Lei nº 8.038/90.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
▷ Crimes de menor potencial ofensivo: juizado espe- 10. Habeas Corpus e seu Processo
cial, mesmo sendo de procedimento especial, salvo Algumas doutrinas entendem que teria o Habeas Corpus
se enviado para o juízo comum. nascido no Direito Romano, mas é com a Magna Carta de João
Oferecimento: resposta preliminar (prazo de 15 dias) Sem Terra (1215) que deu a forma mais expressiva ao Habeas
▷ Recebimento. Corpus, semelhante ao formato que possui hoje.
▷ Citação.
Surgimento
Ação Penal Instruída por O Habeas Corpus também apareceu de forma expressa e
foi evoluindo com o tempo em diversos documentos históri-
Inquérito Policial cos, a saber:
Súm.330, STJ. É desnecessária a resposta preliminar ▷ Habeas Corpus ACT (1679 e 1816).
de que trata o Art. 514 do Código de Processo Penal, na
ação penal instruída por inquérito policial. Aparecimento do Habeas Corpus no Brasil
Art. 514, CPP. Nos crimes afiançáveis, estando a de- ▷ No Brasil, apareceu expressamente no código crimi-
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» Não é possível por falta de previsão legal. O STF acompanhado de prova de quitação ou de depó-
já se manifestou pela possibilidade do mandado sito do alcance verificado, ou se a prisão exceder
de injunção coletivo. o prazo legal.
▷ Capacidade postulatória: ▷ A concessão do Habeas Corpus não obstará, nem
porá termo ao processo, desde que este não esteja
» Não há necessidade de capacidade postulatória,
em conflito com os fundamentos daquela.
que é aquela de “falar” em juízo, competência
▷ Muito importante: se o Habeas Corpus for concedido
esta outorgada aos advogados em geral. Dife-
em virtude de nulidade do processo, este será reno-
rentemente da capacidade processual, pois a vado.
banca Cespe, em suas provas, entende que esta NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
é necessária para poder impetrar Habeas Corpus. Coação Ilegal
▷ Punições disciplinares militares: O tópico coação ilegal trata das condutas que ensejam a
» Não é cabível para discutir o mérito da punição, impetração de Habeas Corpus. Essas condutas estão previstas
mas para se discutir a legalidade. no Art. 648 do Código de Processo Penal, mas é importante
▷ Pena de exclusão de militar ou de perda de patente: ressaltar que estão previstas em um rol exemplificativo, pois
outras, mesmo que não previstas nesse rol, podem ensejar a
» Não é cabível Habeas Corpus.
impetração de Habeas Corpus (rol exemplificativo - numerus
▷ Habeas Corpus após o trânsito em julgado: apertus).
» É cabível o Habeas Corpus após o trânsito em ї Não houver justa causa
julgado para alegar alguma nulidade. Nesse A ausência de justa causa se dá sempre que não existirem
momento, também será cabível a revisão cri- um mínimo de provas que sustentem a situação de prejuízo
minal. para o acusado.
▷ Habeas corpus após a extinção da pena privativa de ї Possibilidade da Prisão:
liberdade: » Flagrante.
» Não é cabível Habeas Corpus após a extinção da » Ordem escrita e fundamentada: salvo transgres- 157
pena privativa de liberdade. sões militares de crime propriamente militar.
Portanto, se a prisão se der fora desses casos, será ilegal. ▷ Nome do paciente e do coator;
158 ▷ Inquérito Policial: abertura de inquérito policial sem ▷ Espécie de constrangimento;
um mínimo de materialidade. ▷ Assinatura do impetrante.
» Nesse caso, cabe o Habeas Corpus para tranca- Obs.: É possível o habeas corpus ser impetrado por
mento do inquérito policial.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
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▷ Se a decisão for favorável ao paciente, será logo pos-
to em liberdade, salvo se por outro motivo dever ser A ação de Habeas Corpus terá preferência às demais e não
mantido na prisão. possui prazo para que seja impetrada, desde que a coação à
▷ Se os documentos que instruírem a petição eviden- liberdade ainda exista.
ciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal Gratuidade: de acordo com a Constituição Federal, o Ha-
ordenará que cesse imediatamente o constrangi- beas Corpus será gratuito.
mento.
Será imediatamente enviada cópia da decisão à autorida- ANOTAÇÕES
de que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua dispo-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
ÍNDICE
1. Lei nº 10.826/2003 Estatuto do Desarmamento ......................................................... 164
Do Registro ..................................................................................................................................164
Do Porte .......................................................................................................................................164
Dos Crimes e das Penas ..............................................................................................................165
Omissão de Cautela .....................................................................................................................167
Disparo de Arma de Fogo ............................................................................................................167
Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito .............................................................168
Comércio Ilegal de Arma de Fogo ...............................................................................................168
Tráfico Internacional de Arma de Fogo .......................................................................................168
2. Lei nº 7.716/1989 Lei de Discriminação Racial ............................................................ 170
Mandado Expresso de Criminalização / Penalização..................................................................170
Outras Formas de Discriminação .................................................................................................170
3. Lei nº 10.741/2003 Estatuto do Idoso - Dos Crimes .................................................... 172
Estatuto do Idoso - Considerações Gerais .................................................................................. 172
Crimes em Espécie ....................................................................................................................... 172
4. Lei nº 5.553/1968 Apresentação e Uso de Documento de Identificação Pessoal .......... 173
Disposições Gerais ....................................................................................................................... 173
5. Lei nº 4.898/1965 Abuso de Autoridade ................................................................... 175
6. Lei nº 9.455/1997 Lei de Tortura ............................................................................... 177
Caráter Bifronte ........................................................................................................................... 177
Prescrição .................................................................................................................................... 177
Modalidades de Tortura ............................................................................................................... 177
7. Lei nº 8.069/1990 Estatuto da Criança e do Adolescente ........................................... 179
Disposições Preliminares .............................................................................................................179
Direitos Fundamentais.................................................................................................................179
7. 1. Estatuto da Criança e Do Adolescente ................................................................... 183
Direitos Fundamentais.................................................................................................................183
Da Prevenção ...............................................................................................................................184
Das Medidas de Proteção ............................................................................................................185
7. 2. Estatuto da Criança e do Adolescente ................................................................... 188
Prática de Ato Infracional ............................................................................................................188
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável .....................................................................189
Do Conselho Tutelar ....................................................................................................................189
Dos Crimes ...................................................................................................................................190
Das Infrações Administrativas .....................................................................................................192
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LEGISLAÇÃO ESPECIAL 161
meiro ponto fundamental é saber se a competência é federal ou struição das armas apreendidas não é de competência da Polí-
estadual. cia Federal e sim do Exército, como prevê o Art. 25, da lei:
Em regra, a competência da lei é da Justiça Estadual, Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elabo-
mesmo sendo regulamentado pela Polícia Federal. Contudo, ração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando
se houver interesse direto da União, será da Justiça Federal. não mais interessarem à persecução penal serão en-
Podemos citar, como exemplo, crime cometido por um policial caminhadas pelo juiz competente ao Comando do Ex-
federal ou policial rodoviário federal. ército, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas,
Devemos lembrar que se o crime for de tráfico internacio- para destruição ou doação aos órgãos de segurança
nal de arma de fogo, a competência será da Justiça Federal. pública ou às Forças Armadas, na forma do regula-
Se o crime atingir interesse genérico e indireto da União, a mento desta Lei.
competência é da Justiça Estadual. Posição Jurisprudencial: cabe ao Juiz do processo definir
Sendo interesse direto e específico da União, a competên- para onde as armas seriam doadas e cabe ao Comando do
cia é federal. Exército definir quais unidades poderiam receber as doações.
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O § 1º-B foi incluído pela Lei nº 12.993, de 17 de junho de O Art. 10, § 2º, traz a forma de perda da autorização de
2014 e permitiu – com alguns pré-requisitos – o porte de arma porte de arma de fogo, que será dada automaticamente em
de fogo para os agentes penitenciários e guardas prisionais. caso de o portador dela ser detido ou abordado em estado
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou alu-
guardas prisionais poderão portar arma de fogo de pro- cinógenas.
priedade particular ou fornecida pela respectiva corpo-
Devemos lembrar que a autorização para compra de arma é
ração ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que
de natureza intransferível. Outro ponto importante da lei é que
estejam:
a comercialização entre pessoas físicas deve ser antecedida de
I. Submetidos a regime de dedicação exclusiva. autorização do Sinarm.
II. Sujeitos à formação funcional, nos termos do O certificado de registro de arma de fogo será expedido
regulamento.
pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm.
III. Subordinados a mecanismos de fiscalização e
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Esse crime não admite a forma tentada mitido e só pode se cometido se o agente não estiver nos lo-
cais descritos no Art. 12 (posse irregular). Assim, se o agente
Atenção! Vamos considerar como acessório aquele que
estiver em sua casa, responde pelo crime de posse irregular,
modifica o aspecto visual ou a eficiência (desempenho da
mas, se sair de sua casa com a arma, responde por porte ilegal.
arma), por exemplo, mira-laser, silenciador. Parte da arma, por
exemplo, é o cano de arma. Neste caso, o cano não e consid- O STJ considera que, se o agente “enterrar” em seu terreno
a arma de fogo, deverá ele responder por porte ilegal, já que o
erado acessório, e sim parte, assim não responde pelo crime
verbo aqui é ocultar, previsto no Art. 14 e não no Art. 12.
em tela. Contudo, se a arma estiver desmontada e com todas
as peças, o autor responderá pelo crime, mas se a arma estiver E se a arma de fogo for encontrada jogada no quintal da
residência (e não enterrada)? Nesse caso, haverá posse ilegal
incompleta, o autor não responderá, assim como o coldre da
de arma de fogo e não porte, porque quintal é considerado
arma, pois não é considerado um acessório.
como dependência.
Se houver munição com o agente, ele responde. Aqui
temos o crime de posse de munição de arma de fogo de uso Diferença entre a Posse Irregular (Art. 12) e
permitido, pois está previsto no próprio tipo. o Porte Ilegal de Arma de Fogo (Art. 14)
Como diferenciarmos a posse e o porte de uso permitido Responde por posse irregular de arma de fogo o agente
(Art. 12 e Art. 16)? que possui arma no interior de sua residência, se esta não es-
Posse Porte tiver registrada.
Já no porte ilegal, responde o agente que possuindo a
Residência do Infrator
arma registrada, retira-a de sua residência para levá-la consi-
Local de Trabalho Todos os lugares
go, sem a autorização da autoridade competente. Aqui temos
Tem de ser o proprietário ou responsável
o crime do Art. 14 da lei.
Ex.: gerente de uma padaria possui arma de uso per- Abolitio Criminis Temporária
mitido, guardada em armário no interior da padaria.
No mesmo contexto, o padeiro dessa padaria também É o sinônimo de Vacatio Legis indireta ou descriminação
possui uma outra arma de uso permitido no seu armário, temporária. Esse fenômeno ocorreu com o Art. 12 do estatuto
no interior do mesmo estabelecimento. Por qual ou por do desarmamento. Assim, quando o diploma legal foi editado,
quais crimes respondem os autores? a eficácia do Art. 12 ficou suspensa para que as pessoas pudes-
O gerente da padaria é considerado responsável pelo es- sem entregar os armamentos.
tabelecimento. Assim, de acordo com o Art. 12, ele responde Esse entendimento foi regulamentado assim pelo STJ:
pela posse irregular de arma de fogo de uso restrito. Já o pa- Súm. 513, STJ/2014. A “abolitio criminis” temporária previs-
deiro, como está portando arma de fogo fora de sua residên- ta na Lei nº 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de
cia ou local de trabalho (desde que não seja o proprietário ou arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou
responsável pelo local) responderá pelo Art. 14 da lei, ou seja, qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido
porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.
Assim, é claro ver que até 23/10/2005 a posse de arma de
Posse Legal de Arma de Fogo fogo de uso permitido, mesmo que raspada, não iria configurar
É fato atípico, não confundir, em provas, com posse ilegal. crime. Contudo, após essa data, a abolitio criminis temporária
Depende de autorização do Sinarm e deve ser expedida não será aplicada à conduta de portar ilegalmente e possuir
pela Polícia Federal. arma de fogo com a numeração raspada.
Omissão de Cautela Aqui a lei passou a considerar crime a figura de transportar
munição ou acessório (lembrando que partes de armas não
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias são acessórios, assim, será crime se estivermos frente à arma
para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pes- desmontada com todas as peças, não sendo crime o trans-
soa portadora de deficiência mental se apodere de porte do cano, pois não configura acessório).
arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja
de sua propriedade. Contudo, será necessário comprovar - em exame pericial
- a eficácia da munição ou do acessório. Caso sejam consid-
O crime em tela pune os sujeitos ativos que se omitirem
erados imprestáveis, não colocando em risco o bem jurídico
e forem os proprietários ou possuidores que, por negligência,
não impedirem menores de 18 anos ou doentes mentais – não tutelado, não podem configurar crime.
englobando os físicos – que se apoderarem de arma de fogo. A posse de munição, sem que a arma esteja presente – se-
Aqui respondem tanto se as armas forem de uso per- gundo o STF – configura o crime, pois há previsão no próprio
mitido ou de uso restrito e não responderão por munição ou tipo penal.
acessório, pois esses não fazem parte do Art. 13 do Estatuto A arma quebrada – se for totalmente (absolutamente)
do Desarmamento. inapta não pode configurar crime, pois aqui temos o crime
O crime só se consuma com o apoderamento do menor impossível previsto no Art. 17 do código penal. Contudo, se a
ou do doente mental, por isso é chamado de crime omissivo arma for relativamente capaz, teremos o crime configurado.
condicionado. Vale lembrar que se a arma for absolutamente incapaz (total-
O crime não admite tentativa, pois trata-se de um crime mente inapta) mas estiver com munição, responderá o autor
omissivo culposo e crimes culposos não admitem a forma ten- pelo crime, em razão da munição.
tada. Segundo precedentes do STJ, o crime de manter sob
É também classificado como crime omissivo próprio. Crime guarda munição de uso permitido e de uso proibido não
omissivo próprio é aquele que se consuma com a mera omissão configura concurso formal, mas crime único, desde que,
do agente. Desta forma, não há necessidade de ocorrência de no caso concreto, haja uma única ação, com lesão de um
resultado algum. único bem jurídico.
Ex.: Pai esquece a arma de fogo de uso permitido em O entendimento firmado pelo STJ dá-se no sentido de que
cima da mesa, filho de 22 anos doente físico a encontra a posse de armas sem ordem legal, bem como de uso proibido,
e fica brincando com a arma de fogo. Fique atento, pois não configura concurso formal de crimes, devendo, na espécie,
nessa situação não teremos o crime do Art. 13, pois a lei ser reconhecida a existência de delito único.
não se refere a doente físico. A figura típica é “doente Já no caso de homicídio, se a arma for utilizada exclu-
mental”. sivamente para o crime, teremos um crime único. Diferente
Art. 13, parágrafo único – omissão de comunicação. situação será se o porte já for anterior à conduta, assim, não
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Parágrafo único. Nas mesmas penas, incorrem o pro- devemos considerá-lo como exclusivo.
prietário ou diretor responsável de empresa de se-
gurança e de transporte de valores que deixarem de Disparo de Arma de Fogo
registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de ex- Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em
travio de arma de fogo, acessório ou munição, que es- lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública
tejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha
horas depois de ocorrido o fato. como finalidade a prática de outro crime:
O sujeito ativo aqui é o proprietário ou diretor de empre- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
sa responsável pela empresa de segurança de transporte de Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é in-
valores. Diferentemente do crime previsto no caput do Art. 13 afiançável. (Esse parágrafo foi declarado inconsti-
desta Lei, que somente se refere a “arma de fogo”, a infração tucional pelo STF)
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ANOTAÇÕES
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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
169
▷ Raça, Cor, Etnia, Religião ou Procedência Nacional.
170
2. Lei nº 7.716/1989 Esses requisitos, tratados no Art. 1º, servirão como norte
Lei de Discriminação Racial para praticamente todas as condutas previstas na lei, ou seja,
os crimes previstos nessa lei dependem do dolo do agente,
A presente lei define os crimes de preconceito de raça e de voltado para esses tipos de discriminação ou preconceito.
cor, conforme expressão utilizada na própria lei, no entanto,
com alteração posterior, o artigo primeiro da lei, amplia esse Outras Formas de Discriminação
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
rol para tratar também da etnia, religião ou procedência na- Discriminação resultante de sexo ou estado civil são trat-
cional. ados pela Lei nº 7437/85. Como nessa lei, as penas cominadas
não são de reclusão, entende parte da doutrina que ela é in-
Mandado Expresso de constitucional.
Criminalização / Penalização Discriminação resultante de deficiência física ou mental
são tratadas pela Lei nº 7853/89.
O crime de “racismo” encontra previsão e citações em várias
passagens constitucionais, entendendo-se como mandado ex- Crimes em Espécie
presso de penalização porque a própria Constituição Federal já Art. 3º Impedir ou obstar o acesso a alguém, devida-
previa a conduta de racismo como crime, logo não poderia o mente habilitado, a qualquer cargo da administração
legislador ordinário tratar a matéria de outra maneira. direta ou indireta, bem como em concessionárias de
Essa previsão encontra respaldo, principalmente, no Art. 5º serviço público.
XLII, mas também pode ser entendido nos artigos 1º III, 3º IV e Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por
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4º II e VIII, todos da Constituição Federal. motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou
Art. 1º: A República Federativa do Brasil (...) tem como procedência nacional, obstar a promoção funcional.
fundamentos: Crime formal: Independe do prejuízo causado à vítima.
III. a dignidade da pessoa humana; Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.
Art. 3º: Constituem objetivos fundamentais da §1º. Condutas equiparadas:
República Federativa do Brasil: Deixar de conceder os equipamentos necessários em ig-
VI. promover o bem de todos, sem preconceitos ualdade de condições.
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer Impedir a ascensão funcional do empregado.
outras formas de discriminação. Proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no
Art. 4º: A República Federativa do Brasil rege-se nas ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário.
suas relações internacionais pelos seguintes princípios: § 2º Ficará sujeito às penas de multa e de prestação
I. prevalência dos direitos humanos; de serviços à comunidade, incluindo atividades de
VIII. repúdio ao terrorismo e ao racismo; promoção da igualdade racial, quem, em anúncios
ou qualquer outra forma de recrutamento de tra-
E por último e mais importante deles:
balhadores, exigir aspectos de aparência próprios de
Art. 5º, XLII: A prática do racismo constitui crime in- raça ou etnia para emprego cujas atividades não justi-
afiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, fiquem essas exigências.
nos termos da lei; Pena - reclusão de dois a cinco anos.
Inafiançável = Não se admite a fiança para concessão da Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento
liberdade provisória, vale ressaltar que é possível a liberdade comercial, negando-se a servir, atender ou receber cli-
provisória sem fiança. ente ou comprador.
Imprescritível = Poderá ser punido a qualquer tempo, não Pena: reclusão de um a três anos.
cabendo a causa extintiva da punibilidade pela prescrição. De Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingres-
acordo com a Constituição Federal são imprescritíveis apenas so de aluno em estabelecimento de ensino público ou
o racismo e ação de grupos armados, civis ou militares, contra privado de qualquer grau.
a ordem constitucional e o Estado Democrático. Pena - reclusão de três a cinco anos.
Pena de Reclusão = O legislador ordinário não poderia ї Causa de Aumento de Pena
cominar penas diferentes de reclusão por causa da previsão
Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a
constitucional. pena é agravada de 1/3 (um terço).
ї Art. 1º da lei de discriminação racial: Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em ho-
Serão punidos, na forma desta lei, os crimes resultantes de: tel (períodos predeterminados), pensão (períodos inde-
Discriminação (é o ato de separar, segregar ou diferenciar terminados), estalagem, ou qualquer estabelecimento
pessoas, animais ou coisas, no caso da lei trata-se apenas de similar (interpretação analógica - albergue).
pessoas) ou preconceito (é a opinião formada precipitada- Pena - Reclusão de três a cinco anos.
mente e, normalmente, de forma negativa/pejorativa). Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
Além de ser discriminação ou preconceito, tal discriminação restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes
ou preconceito têm que serem voltados a: abertos ao público (cafeteria, sorveteria).
Pena - reclusão de um a três anos. II. A cessação das respectivas transmissões ra-
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em diofônicas ou televisivas.
estabelecimentos esportivos, casas de diversões (espe- III. A interdição das respectivas mensagens ou pá-
táculos, circo, cinema), ou clubes sociais abertos ao pú- ginas de informação na rede mundial de computa-
blico (não abrange clubes privativos a sócios). dores.
Pena - reclusão de um a três anos. § 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da conde-
A mera interpelação para apresentação de ingresso não car- nação, após o trânsito em julgado da decisão, a destru-
acteriza discriminação racial nesse artigo. ição do material apreendido.
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em
salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de ANOTAÇÕES
massagem, ou estabelecimento com as mesmas fina-
lidades.
Pena - reclusão de um a três anos.
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em ed-
ifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada
de acesso aos mesmos:
Pena - reclusão de um a três anos.
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públi-
cos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens,
metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido
(táxi).
Pena - reclusão de um a três anos.
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao
serviço (remunerado ou não) em qualquer ramo das
Forças Armadas (PM e Bombeiro).
Pena - reclusão de dois a quatro anos.
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma,
o casamento ou convivência familiar e social.
Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Efeitos da Condenação
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Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função
pública, para o servidor público, e a suspensão do funciona-
mento do estabelecimento particular por prazo não superior
a três meses.
Os efeitos não são automáticos, devendo ser motivada-
mente declarados na sentença.
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional.
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular sím-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
superior a 60 anos. contra o patrimônio que o Código Penal isenta de pena os agentes
do crime por causa do vínculo existente com a vítima (art. 181) e
Em relação ao benefício para o transporte, o estatuto con-
transforma em condicionada a representação quando o vínculo
sidera o benefício apenas aos maiores de 65 anos.
é de menor relevância (art. 182). No entanto, essas situações não
A prescrição pela metade do tempo, prevista pelo Código são cabíveis quando se trata de vítima idosa, pois o próprio Código
penal, estende-se aos menores de 21 anos à data da conduta Penal já trouxe essa previsão no art. 183 (alterado pelo estatuto do
delitiva e aos maiores de 70 anos na data da sentença. idoso) e o Estatuto do Idoso, em seu Art. 95, confirmou a exceção.
Art. 94. Aos crimes previstos nesta lei, cuja pena máx-
ima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) Crimes em Espécie
anos, aplica-se o procedimento previsto na lei 9.099,
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou difi-
de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no
cultando seu acesso a operações bancárias, aos meios
que couber, as disposições do código penal e do código
de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer
de processo penal.
outro meio ou instrumento necessário ao exercício da
A Lei nº 9.099/95 trata dos juizados especiais criminais e cidadania, por motivo de idade:
trouxe uma série de medidas despenalizadoras. No entanto,
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
a Lei dos Juizados é aplicável aos crimes de menor potencial
ofensivo, sendo estes todas as contravenções e os crimes cuja § 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, hu-
pena máxima não ultrapasse dois anos. milhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por
Fácil perceber a contradição entre as duas leis, no sentido qualquer motivo.
de que as medidas despenalizadoras são aplicadas apenas aos Causa de Aumento de Pena (1/3)
crimes com penas máximas até 02 anos e, no caso do Estat- A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima
uto do Idoso, que, diga-se de passagem, veio para proteger se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do
os idosos, essa idade é aumentada para 04 anos para aqueles agente.
que praticam algum crime contra os idosos. Essa interpretação Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando
seria absurda. possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de imi-
Portanto, o STF no julgamento da ADI 3096/10 entendeu nente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua as-
que nos crimes contra o idoso se aplica somente o procedimen- sistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses
to previsto pela Lei nº 9.099/95, não se aplicando os institutos casos, o socorro de autoridade pública:
despenalizadores previsto pela Lei dos Juizados Especiais. Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Todavia, se o crime contra o idoso for com pena máxima Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se
não superior à dois anos, estará de acordo com a regra geral e da omissão resulta lesão corporal de natureza grave,
será de menor potencial ofensivo. Portanto, aplicar-se-á a Lei e triplicada, se resulta a morte.
dos Juizados. Os resultados “lesão corporal” e “morte” deverão advir de
Art. 95. Os crimes definidos nesta lei são de ação penal culpa. Caso advenham de dolo, responderá o agente pelos de-
pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts. litos de homicídio e de lesão corporal.
181 e 182 do Código Penal. Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde,
Para os crimes definidos no Estatuto do Idoso, não é entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não
necessário que o idoso manifeste sua vontade, no sentido prover suas necessidades básicas, quando obrigado por
de que o Estado possa agir em direção a punição do agen- lei ou mandado ( art. 1694 e seguintes, CC):
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa. Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física do Ministério Público ou de qualquer outro agente fis-
ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições de- calizador:
sumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
multa.
e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo,
ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado:
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
4. Lei nº 5.553/1968
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza Apresentação e Uso de Documento de
grave:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Identificação Pessoal
§ 2º Se resulta a morte: A referida lei traz as vedações à retenção de documento de
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. identificação pessoal, constituindo infração penal sua retenção
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 dolosa. No entanto, a própria lei traz as exceções em que o
(seis) meses a 1 (um) ano e multa: documento poderá ser retido.
I. Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo pú-
blico por motivo de idade. Disposições Gerais
II. Negar a alguém, por motivo de idade, emprego Vedação à retenção de qualquer documento de identifi-
ou trabalho. cação pessoal (seja o próprio documento, a fotocópia autenti-
III. Recusar, retardar ou dificultar atendimento ou cada ou a pública-forma, entendida esta como a cópia autên-
deixar de prestar assistência à saúde, sem justa tica de um documento feita por um tabelião).
causa, a pessoa idosa. A vedação à retenção abrange a retenção feita por pessoa
IV. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem jus- física ou jurídica, seja de direito público ou privado.
to motivo, a execução de ordem judicial expedida Documentos equiparados pela própria lei:
na ação civil a que alude esta Lei.
V. Recusar, retardar ou omitir dados técnicos indis- ▷ Comprovante de quitação com o serviço militar (cer-
pensáveis à propositura da ação civil objeto desta tificado de reservista).
Lei, quando requisitados pelo Ministério Público. ▷ Título de eleitor.
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem ▷ Carteira profissional.
justo motivo, a execução de ordem judicial expedida ▷ Certidão de registro do nascimento.
nas ações em que for parte ou interveniente o idoso: ▷ Certidão de casamento.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. ▷ Comprovante de naturalização.
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos,
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▷ Carteira de identidade de estrangeiro.
pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dan-
do-lhes aplicação diversa da de sua finalidade: Este rol é exemplificativo, podendo valer como documento
de identificação qualquer outro previsto em lei, como, por exem-
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
plo, a carteira de motorista e a carteira profissional da OAB.
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do
idoso, como abrigado, por recusa deste em outorgar Art. 1º A nenhuma pessoa física, bem como a nenhuma pes-
procuração à entidade de atendimento: soa jurídica, de direito público ou de direito privado, é lícito
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. reter qualquer documento de identificação pessoal, ainda
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária que apresentado por fotocópia autenticada ou pública-for-
relativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso, ma, inclusive comprovante de quitação com o serviço militar,
bem como qualquer outro documento com objetivo de título de eleitor, carteira profissional, certidão de registro de
assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida: nascimento, certidão de casamento, comprovante de natu-
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. ralização e carteira de identidade de estrangeiro.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
nal mais grave, quem, nas mesmas circunstâncias, faz § 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela
declarações inverídicas a respeito de sua identidade Lei nº 10.803, de 11.12.2003).
pessoal, estado, profissão, domicílio e residência. I. Cerceia o uso de qualquer meio de transporte
Pena – prisão simples, de três meses a um ano. por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no
No entanto, esta contravenção traz a situação contrária à local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de
da Lei de Identificação Pessoal. Pois no Art. 68, o agente se 11.12.2003).
fornecer dados necessários à sua identificação (normalmente
II. Mantém vigilância ostensiva no local de trabalho
nega o documento). Vale lembrar que, no caso do Art. 68 da
ou se apodera de documentos ou objetos pessoais
Lei das Contravenções Penais, as informações são solicitadas
de forma justificada e na contravenção da Lei nº 5.553/68, a do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de tra-
retenção não pode estar justificada. balho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003).
Infração Praticada por Preposto Se a retenção tem a finalidade de impedir que alguém se
Quando a infração for praticada por preposto (agente que desligue de serviços de qualquer natureza, a infração pratica-
recebe ordens) ou por agente de pessoa jurídica, será consid- da será a de frustação de direito assegurado por lei trabalhista
erado responsável quem deu a ordem de retenção. No entanto, (art. 203, § 1°, I, CP).
se houver desobediência ou inobservância de ordens por parte Art. 203. Frustrar, mediante fraude ou violência, di-
do preposto ou agente de pessoa jurídica, este será consider- reito assegurado pela legislação do trabalho:
ado o infrator.
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, de dois
Art. 3°, Parágrafo único. Quando a infração for pratica- contos a dez contos de réis, alem da pena correspon-
da por preposto ou agente de pessoa jurídica, consider- dente à violência.
ar-se-á responsável quem houver ordenado o ato que
ensejou a retenção, a menos que haja, pelo executante, Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além
desobediência ou inobservância de ordens ou instruções da pena correspondente à violência. (Redação dada
expressas, quando, então, será este o infrator. pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
Infração Penal § 1º Na mesma pena incorre quem: (Incluído pela Lei nº
A retenção de documento de identificação pessoal, sem 9.777, de 29.12.1998)
previsão legal, constitui contravenção penal com pena de I. Obriga ou coage alguém a usar mercadorias de
prisão simples (sem rigor penitenciário) de 01 a 03 meses ou determinado estabelecimento, para impossibilitar
multa o desligamento do serviço em virtude de dívida;
Prevê a lei que a multa será no valor de NCR$ 0,50 (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
(cinquenta centavos) a NCR$ 3,00 (três cruzeiros novos). No II. Impede alguém de se desligar de serviços de
entanto, o Art. 2° da Lei nº 7.209/84 que alterou toda a parte
qualquer natureza, mediante coação ou por meio
geral do Código Penal revogou toda previsão expressa relativa
a multas, de forma que a multa será calculada de acordo com da retenção de seus documentos pessoais ou con-
o Código Penal. Primeiro, se calcula a quantidade de dias-mul- tratuais.
ta (de 10 a 360 dias-multa) e depois se calcula o valor do § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a
dia-multa (de 1/30 avos até 5 vezes o salário mínimo vigente) vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indí-
podendo ainda ser triplicada se não for suficiente. gena ou portadora de deficiência física ou mental.
5. Lei nº 4.898/1965 carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer
outra despesa.
Abuso de Autoridade ▷ O ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou
Esta lei regula o direito de representação e o processo de desvio de poder ou sem competência legal.
responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autori- ▷ Prolongar a execução de prisão temporária, de pena
dades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos. ou de medida de segurança, deixando de expedir
O direito de representação será exercido por meio de pe- em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente
tição: ordem de liberdade.
Para os efeitos desta lei, considera-se autoridade quem
▷ Dirigida à autoridade superior que tiver competên- exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil ou
cia legal para aplicar, à autoridade civil ou militar militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
culpada, a respectiva sanção.
O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção ad-
▷ Dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver ministrativa civil e penal.
competência para iniciar processo-crime contra a A sanção administrativa será aplicada de acordo com a
autoridade culpada. gravidade do abuso cometido e consistirá em:
A representação será feita em duas vias e conterá a ex- ▷ Advertência.
posição do fato constitutivo do abuso de autoridade, com to- ▷ Repreensão.
das as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de
testemunhas, no máximo de três, se as houver. ▷ Suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
cinco a cento e oitenta dias, com perda de venci-
O crime de abuso de autoridade decorre de uma conduta mentos e vantagens.
comissiva (ação) ou omissiva (omissão), mas somente pode
ser cometido na modalidade dolosa, não existe abuso de au- ▷ Destituição de função.
toridade culposo. ▷ Demissão.
Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: ▷ Demissão, a bem do serviço público.
▷ À liberdade de locomoção. A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano,
consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a
▷ À inviolabilidade do domicílio. dez mil cruzeiros.
▷ Ao sigilo da correspondência. A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos
▷ À liberdade de consciência e de crença. Arts. 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
▷ Multa de cem a cinco mil cruzeiros.
▷ Ao livre exercício do culto religioso.
▷ Detenção por dez dias a seis meses.
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▷ À liberdade de associação.
▷ Perda do cargo e a inabilitação para o exercício de
▷ Aos direitos e garantias legais assegurados ao exer- qualquer outra função pública por prazo até três
cício do voto. anos.
▷ Ao direito de reunião. Essas penas poderão ser aplicadas de forma autônoma ou
▷ À incolumidade física do indivíduo. cumulativa.
Quando o abuso for cometido por agente de autoridade
▷ Aos direitos e garantias legais assegurados ao exer- policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser
cício profissional. cominada a pena autônoma ou acessória1, de não poder o
Também constitui abuso de autoridade: acusado exercer funções de natureza policial ou militar no
▷ Ordenar ou executar medida privativa da liberdade município da culpa, por prazo de um a cinco anos.
individual, sem as formalidades legais ou com abu- Recebida a representação em que for solicitada a aplicação
so de poder. de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar compe-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
▷ Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a ve- tente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato.
xame ou a constrangimento não autorizado em lei. O inquérito administrativo obedecerá às normas estabele-
▷ Deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz com- cidas nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou mili-
petente a prisão ou detenção de qualquer pessoa. tares, que estabeleçam o respectivo processo.
▷ Deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou Não existindo no município no Estado ou na legislação
detenção ilegal que lhe seja comunicada. militar normas reguladoras do inquérito administrativo serão
▷ Levar à prisão e nela deter quem quer que se pro- aplicadas supletivamente, as disposições da Lei nº 8.112/90.
ponha a prestar fiança, permitida em lei. A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da auto-
▷ Cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial ridade civil ou militar.
carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra Simultaneamente com a representação dirigida à autori-
despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em dade administrativa ou independentemente dela, poderá ser
lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor.
1 As penas acessórias foram extintas após a reforma do Código Penal. Embora 175
▷ Recusar o carcereiro ou agente de autoridade poli- exista quem defenda que essa pena não possa mais ser aplicada, o STJ entende
cial recibo de importância recebida a título de que essa pena é a principal, podendo, dessa forma, ser aplicada.
promovida pela vítima do abuso a responsabilidade civil ou A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos au-
176 penal ou ambas da autoridade culpada. ditórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência,
À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de Pro- apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o
cesso Civil. representante do Ministério Público ou o advogado que tenha
A ação penal será iniciada, independentemente de inqué- subscrito a queixa e o advogado ou defensor do réu.
rito policial ou justificação por denúncia do Ministério Públi- Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não hou-
co, instruída com a representação da vítima do abuso. ver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Apresentada ao Ministério Público a representação da víti- ocorrido constar no livro de termos de audiência.
ma, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o A audiência de instrução e julgamento será pública, se
réu, desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil,
requererá ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de entre 10 horas e 18 horas, na sede do Juízo ou, excepcional-
audiência de instrução e julgamento. mente, no local que o Juiz designar.
A denúncia do Ministério Público será apresentada em Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o inter-
duas vias. rogatório do réu, se estiver presente.
Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade hou- Não comparecendo o réu nem seu advogado, o Juiz nomeará
ver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: imediatamente defensor para funcionar na audiência e nos ulteri-
▷ Promover a comprovação da existência de tais vestí- ores termos do processo.
gios, por meio de duas testemunhas qualificadas (a Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a
representação poderá conter a indicação de mais de palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advogado
duas testemunhas). que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do
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▷ Requerer ao Juiz, até 72 horas antes da audiência de réu, pelo prazo de 15 minutos para cada um, prorrogável por
instrução e julgamento, a designação de um perito mais 10 minutos, a critério do Juiz.
para fazer as verificações necessárias. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a sen-
O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e pre- tença.
starão seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro próprio,
escrito, querendo, na audiência de instrução e julgamento. ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, os depoimen-
Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresen- tos e as alegações da acusação e da defesa, os requerimentos
tar a denúncia requerer o arquivamento da representação, e, por extenso, os despachos e a sentença.
o Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invo- Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Ministério
cadas, fará remessa da representação ao Procurador-Geral Público ou o advogado que houver subscrito a queixa, o advo-
e este oferecerá a denúncia ou designará outro órgão do gado ou defensor do réu e o escrivão.
Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no arquiva- Nas comarcas onde os meios de transporte forem difíceis
mento, ao qual só então deverá o Juiz atender.
e não permitirem a observância dos prazos fixados nesta lei, o
Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denún- juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, até o dobro.
cia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O
Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Código
órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa,
de Processo Penal, sempre que compatíveis com o sistema de
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e intervir em
instrução e julgamento regulado por esta lei.
todos os termos do processo, interpor recursos e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a Das decisões, despachos e sentenças, caberão os recursos
ação como parte principal. e apelações previstas no Código de Processo Penal.
Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de 48 horas,
proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia. ANOTAÇÕES
No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará,
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julga-
mento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente, dentro
de cinco dias.
A citação do réu para se ver processar, até julgamento final
e para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será
feita por mandado sucinto que será acompanhado da segunda
via da representação e da denúncia.
As testemunhas de acusação e defesa poderão ser apre-
sentadas em juízo, independentemente de intimação.
Não serão deferidos pedidos de precatória para a audiên-
cia ou a intimação de testemunhas ou, salvo o caso de perícia
(requerimento no caso em que o ato tenha deixado vestígios,
acima estudado), requerimentos para a realização de diligên-
cias, perícias ou exames, a não ser que o Juiz, em despacho
motivado, considere indispensáveis tais providências.
6. Lei nº 9.455/1997 Tortura discriminatória: em razão de discriminação racial
ou religiosa.
Lei de Tortura II. Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou
autoridade, com emprego de violência ou grave
A presente lei regulamenta o mandamento constitucional ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental,
previsto no Art. 5º, III, para os crimes de tortura. Tal preocu- como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
pação ocorreu apenas após a II Guerra Mundial, quando se de caráter preventivo.
começou a falar em direitos humanos e, com isso, aumentou Esse inciso trata de uma forma de tortura em que são própri-
a proteção relativa aos abusos praticados contra o ser humano. os tanto o sujeito ativo quanto o sujeito passivo (crime bipróprio).
Embora sejam muito parecidos, esse inciso não revogou o crime
Caráter Bifronte de maus tratos, previsto no Art. 136 do Código Penal:
No âmbito do Direito Internacional, a tortura só pode ser
praticada por agente público, ou seja, é um crime próprio.
Maus Tratos
No entanto, o legislador brasileiro tratou a tortura de forma Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pes-
que ela pode ser praticada tanto por agente público quan- soa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para
fim de educação, ensino, tratamento ou custódia,
to por particular, por isso, fala-se em caráter bifronte da Lei
quer privando-a de alimentação ou cuidados indis-
de Tortura (tanto por agente público quanto por particular).
pensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
Importante ressaltar que se for agente público, ainda incide
inadequado, quer abusando de meios de correção ou
uma causa de aumento de pena (Art. 1º, §4º, I).
disciplina.
Prescrição Como se percebe, as finalidades são diferentes, porém, se
for verificado que houve intenso sofrimento físico ou mental,
Uma questão muito boa consiste em se questionar se estará configurada a tortura.
a tortura prescreve. Façamos uma análise em relação à pre- § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa
scrição da tortura, antes de responder à pergunta. ou sujeita à medida de segurança a sofrimento físico ou
De acordo com a Carta-mãe, são imprescritíveis o racismo mental, por intermédio da prática de ato não previsto em
e a ação de grupos armados contra ordem constitucional e o lei ou não resultante de medida legal.
estado democrático. Quanto à modalidade do parágrafo primeiro, pode se
De acordo com os tratados internacionais de direitos hu- observar que é crime próprio apenas em relação ao sujeito
manos sobre o tema, a tortura é imprescritível. passivo (sujeito passivo qualificado), pois o sujeito ativo não
A lei de tortura nada fala sobre o tema. Portanto, coube precisa ser quem mantém a pessoa presa, por exemplo, par-
ao STF decidir se a tortura prescreve ou não; e o STF, na lei de ticulares que “lincham” uma pessoa que acabou de ser presa.
anistia, entendeu que os crimes de tortura prescrevem. Outro detalhe interessante é que essa modalidade não
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necessariamente precisa ser praticada mediante violência ou
Modalidades de Tortura grave ameaça, ou seja, pode ser praticada pela violência im-
própria (hipnose, substância psicoativa, sonífero).
As modalidades de tortura estão previstas no Art. 1º e
parágrafos. Vamos a elas: Tortura Imprópria, Anômala ou Atípica
Art. 1º. Constitui crime de tortura: § 2º. Aquele que se omite em face dessas condutas,
I. Constranger alguém com emprego de violência quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico na pena de detenção de um a quatro anos.
ou mental. Esse inciso prevê uma modalidade de tortura que muitos
Se o constrangimento for de pessoa menor, mesmo assim doutrinadores consideram inconstitucional, por ferir o Art.5º,
o agente responderá pelo crime de tortura desta lei, pois a Lei XLIII, CF:
de Tortura revogou expressamente o Art. 233 do Estatuto da Art. 5º, XLIII. A lei considerará crimes inafiançáveis e
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Criança e do Adolescente, que tratava da tortura contra menor. insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o
Vale ressaltar também que a tortura é crime formal que se tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terror-
consuma com o constrangimento, independentemente das fina- ismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
lidades que veremos a seguir: respondendo os mandantes, os executores e os que, po-
Tortura persecutória ou tortura prova: com o fim de obt- dendo evitá-los, se omitirem.
er informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira Entende a doutrina, considerando o Art. 5º, XLIII, e o Art. 13
pessoa. §2º, CP (omissão imprópria) que aquele que se omite deveria
Tortura crime: para provocar ação ou omissão de natureza responder pela tortura e não por uma modalidade atenuada da
criminosa. tortura, como ocorre no §2º.
Ex.: Roberval, mediante coação moral irresistível, coage No entanto, o §2º do Art. 1º da Lei de Tortura, ainda não
Márcio a matar Daniel. Nesse caso, Márcio não respond- foi declarado inconstitucional pelo STF. Portanto, aquele que
erá por nada, pois agiu sob coação moral irresistível e se omite, responderá pelo §2º. Como se sabe, a tortura é um
será isento de pena. Já Roberval responderá pelo homicí- crime equiparado a hediondo, porém a conduta do §2º não é
dio mediante autoria mediata e também por tortura, pois equiparada a hediondo e por ter a pena de detenção, a pena 177
“torturou” Márcio a praticar um crime. não iniciará no regime fechado.
Homicídio qualificado pela ▷ Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Dis-
Tortura qualificada pela morte trito Federal, de Estado, de Território, de Município,
178 tortura
de empresa pública, sociedade de economia mista,
No homicídio qualificado pela autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público.
Na tortura qualificada, o dolo do
agente é direcionado à tortura,
tortura, o dolo do agente, mes- ▷ Contra a administração pública, por quem está a seu
mo que eventual, tem que ser, serviço.
e a morte advém como um
pelo menos em algum momento,
resultado culposo (preterdoloso
a morte da vítima. Nesse caso, a ▷ De genocídio, quando o agente for brasileiro ou
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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imentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissional- Manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a
ização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à con- permanência junto à mãe.
vivência familiar e comunitária devem ser assegurados pela
família, comunidade, sociedade em geral e pelo poder público, Em caso de internação do menor (criança ou adolescente), os
pois constituem seus deveres. estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar
condições para a permanência em tempo integral de um dos pais
ї Além disso, essa garantia de prioridade compreende:
ou responsável.
▷ Primazia de receber proteção e socorro em quais-
A criança e o adolescente portadores de deficiência rece-
quer circunstâncias.
berão atendimento especializado.
▷ Precedência de atendimento nos serviços públicos
ou de relevância pública. Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles
que necessitarem, os medicamentos, próteses e outros recur-
▷ Preferência na formulação e na execução das políti-
sos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
cas sociais públicas.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
responsáveis, pelos agentes públicos executores de me- A falta ou a carência de recursos materiais não constitui mo-
didas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarre- tivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.
gada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: Da Família Natural
I. Castigo físico: ação de natureza disciplinar ou A família natural é a comunidade formada pelos pais (ou
punitiva aplicada com o uso da força física sobre a qualquer deles) e seus descendentes. A família extensa ou
criança ou o adolescente que resulte em: ampliada é aquela formada por parentes próximos com os
a) sofrimento físico; ou quais o menor convive e mantém vínculos de afetividade e
afinidade, que vai além da unidade de pais e filhos ou da
b) lesão;
unidade do casal.
II. Tratamento cruel ou degradante: conduta ou for-
ma cruel de tratamento em relação à criança ou ao O reconhecimento de paternidade, para os filhos havidos
adolescente que: fora do casamento, poderá ser feito, conjunta ou separada-
mente, no próprio termo do nascimento, por testamento,
a) humilhe; ou
mediante escritura ou outro documento público, qualquer que
b) ameace gravemente; ou seja a origem da filiação. O reconhecimento pode preceder o
c) ridicularize. nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, descendentes.
os responsáveis, os agentes públicos executores de O reconhecimento do estado de filiação é direito person-
medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarre- alíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado
gada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição.
educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico
ou tratamento cruel ou degradante como formas de Da Família Substituta
correção, disciplina, educação ou qualquer outro pre- A colocação em família substituta será feita mediante
texto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções guarda, tutela ou adoção.
cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de A colocação do adolescente em família substituta depend-
acordo com a gravidade do caso: erá de seu consentimento.
I. Encaminhamento a programa oficial ou comu- Os irmãos serão colocados sob guarda, tutela ou adoção
nitário de proteção à família; da mesma família substituta, ressalvada a existência de
II. Encaminhamento a tratamento psicológico ou risco de abuso ou outra excepcionalidade, evitando-se o
psiquiátrico; rompimento do vínculo familiar.
III. Encaminhamento a cursos ou programas de ori- Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou pro-
entação; veniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda
IV. Obrigação de encaminhar a criança a tratamen- obrigatório:
to especializado; ▷ Que sejam consideradas e respeitadas sua identi-
V. Advertência. dade social e cultural, os seus costumes e tradições,
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo bem como suas instituições, desde que não sejam
serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de incompatíveis com os direitos fundamentais recon-
outras providências legais. hecidos por esta Lei e pela Constituição Federal.
▷ Que a colocação familiar ocorra, prioritariamente, O adotando (quem é adotado) deve contar com, no máximo,
no seio de sua comunidade ou junto a membros da dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou
mesma etnia. tutela dos adotantes (quem adota).
▷ A intervenção e oitiva de representantes do órgão Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro,
federal responsável pela política indigenista, no caso mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge
de crianças e adolescentes indígenas, e de antro- ou concubino do adotante e os respectivos parentes.
pólogos, perante a equipe interprofissional ou mul- Os maiores de 18 anos podem adotar exceto se forem as-
tidisciplinar que irá acompanhar o caso. cendentes ou irmãos do adotando e o adotante precisa ser,
Se for revelado, por qualquer modo, incompatibilidade pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando.
com a natureza da medida ou não oferecimento de ambiente É possível a adoção conjunta, desde que os adotantes se-
familiar adequado, não será deferida a colocação em família jam casados civilmente ou mantenham união estável, compro-
substituta. vada a estabilidade da família.
Não será admitida a transferência da criança ou adolescente, a Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-com-
terceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, panheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acord-
que foi colocada em família substituta, sem autorização judicial. em sobre a guarda (que poderá ser compartilhada) e o regime
A colocação em família substituta estrangeira constitui de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido
medida excepcional, somente admissível na modalidade de iniciado na constância do período de convivência, restando
adoção. comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetivi-
dade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a
Da Guarda excepcionalidade da concessão.
A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após in-
deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela equívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do
e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros e, bem como, a procedimento, antes de prolatada a sentença.
guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educa- O tutor ou o curador somente pode adotar o pupilo ou cu-
cional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito ratelado depois que der conta de sua administração e saldar
de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
o seu alcance. O Código Civil, em seu Art. 1.620, conservou o
Excepcionalmente, poderá ser concedida a guarda fora dos mesmo princípio: Enquanto não der contas de sua administra-
casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares
ção e não saldar o débito, não poderá o tutor ou curador adotar
ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável.
o pupilo ou o curatelado.
A guarda confere à criança ou adolescente a condição de
dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive A adoção depende do consentimento dos pais ou do repre-
previdenciários. sentante legal do adotando e, em sendo o caso, do adolescen-
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Já a guarda conferida a terceiros não retira dos pais o di- te. Esse consentimento será dispensado no caso de crianças
reito de visitas e o dever de prestar alimentos, salvo expressa com pais desconhecidos ou sem o poder familiar.
e fundamentada determinação em contrário, da autoridade A adoção será precedida de estágio de convivência com a
judiciária. criança ou adolescente, pelo tempo que o juiz fixar, podendo
O poder público estimulará, por meio de assistência jurídi- ser dispensada caso o adotando já estiver sob a tutela ou guar-
ca, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de da legal do adotante, durante tempo suficiente para que seja
guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar. possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo, não
dispensando, por si só, a guarda de fato.
A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, medi-
ante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou do-
miciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no
Da Tutela território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias.
A tutela será deferida a pessoa de até 18 (dezoito) anos O vínculo de adoção constitui-se por sentença judicial, que
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
incompletos e seu deferimento pressupõe a prévia decretação será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se
da perda ou suspensão do poder familiar e implica, necessaria- fornecerá certidão. A inscrição consignará o nome dos adotantes
mente, o dever de guarda. como pais, bem como o nome de seus ascendentes e o manda-
O tutor, nomeado por testamento ou qualquer documento do judicial cancelará o registro original do adotado. Caso deseje
autêntico, conforme previsto na lei civil, deverá, no prazo de 30 o adotante, poderá pedir para que o novo registro seja lavrado
(trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedi- no Cartório de Registro Civil, do município de sua residência.
do destinado ao controle judicial do ato. A sentença conferirá ao adotado o nome (patronímico) do
adotante e poderá ser modificado também o prenome a pedi-
Da Adoção do do adotante ou do adotado, se for do adotante, o adotado
A adoção é medida excepcional e irrevogável, não poden- deverá ser ouvido e ser for maior de 12 anos, dependerá de seu
do ser feita por procuração. consentimento.
A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com A adoção produz efeitos a partir do trânsito em julgado
os mesmos direitos e deveres dos filhos legítimos, inclusive da sentença constitutiva, salvo na hipótese de deferimento
sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e par- de adoção à pessoa falecida, que produzirão efeitos a partir 181
entes, salvo impedimentos matrimoniais. do óbito.
Ao adotado, após completar dezoito anos, é assegurado o
182 direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter
acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada. Esse
acesso também pode ser deferido ao menor de dezoito anos,
assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.
A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro
regional, um registro de crianças e adolescentes em condições
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ANOTAÇÕES
7. 1. Estatuto da gia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e
de adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.
Criança e do Adolescente No processo educacional, respeitar-se-ão os valores cul-
O Estatuto da Criança e do Adolescente, nesta segunda turais, artísticos e históricos próprios do contexto social da
parte, vem trazer alguns direitos fundamentais específicos criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da
para a criança e para o adolescente, de forma que exista uma criação e o acesso às fontes de cultura.
amplitude maior de direitos protetores dos menores. Os municípios, com apoio dos Estados e da União, estim-
ularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para
Direitos Fundamentais programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a
infância e para a juventude.
Do Direito à Educação, à Cultura,
ao Esporte e ao Lazer Do Direito à Profissionalização
A criança e o adolescente têm direito à educação, visan-
e à Proteção no Trabalho
do ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegu- quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
rando-se-lhes: Esse artigo era compatível com o texto constitucional. No
▷ Igualdade de condições para o acesso e permanên- entanto, com a Emenda Constitucional nº 20/98, ele passou a
cia na escola. dispor em contrário do texto constitucional, previsto no Art.
▷ Direito de ser respeitado por seus educadores. 5°, XXXIII:
▷ Direito de contestar critérios avaliativos, podendo Art. 5º, XXXIII. Proibição de trabalho noturno, perigoso
recorrer às instâncias escolares superiores. ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer tra-
▷ Direito de organização e participação em entidades balho a menores de dezesseis anos, salvo na condição
estudantis. de aprendiz, a partir de quatorze anos.
▷ Acesso à escola pública e gratuita próxima de sua Com isso, perde sentido também o Art. 64, a saber:
residência. Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: assegurada bolsa de aprendizagem.
▷ Ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclu- Aprendizagem é a formação técnico-profissional ministra-
sive para os que a ele não tiveram acesso na idade da segundo as diretrizes e bases da legislação de educação
própria. em vigor.
▷ Progressiva extensão da obrigatoriedade e gratu- A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes
princípios:
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idade ao ensino médio.
▷ Atendimento educacional especializado aos portado- ▷ Garantia de acesso e frequência obrigatória ao en-
res de deficiência, preferencialmente na rede regular sino regular.
de ensino (no caso de atendimento médico, este será ▷ Atividade compatível com o desenvolvimento do
especializado). adolescente.
▷ Atendimento em creche e pré-escola às crianças de ▷ Especial para o exercício das atividades.
zero a seis anos de idade. ▷ Ao adolescente portador de deficiência é assegura-
▷ Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da do trabalho protegido.
pesquisa e da criação artística, segundo a capaci- Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegu-
dade de cada um. rados os direitos trabalhistas e previdenciários.
▷ Oferta de ensino noturno regular, adequado às Vedações
condições do adolescente trabalhador.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de mento nas ações e políticas públicas de prevenção e
pessoa em desenvolvimento. proteção.
A inobservância das normas de prevenção importará em re-
sponsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta Lei. Da Prevenção Especial
A Lei nº 13010/14 acrescentou o Art. 70-A, prevendo ações Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e
por parte do governo na elaboração de políticas públicas e na espetáculos públicos classificados como adequados à sua
execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico faixa etária.
ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar
violentas de educação de crianças e de adolescentes, vejamos: e permanecer nos locais de apresentação ou exibição, quando
acompanhadas dos pais ou responsável.
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios deverão atuar de forma articulada na elab- O poder público, por meio do órgão competente, regulará
as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a nature-
oração de políticas públicas e na execução de ações
za deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e
destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de trat-
horários em que sua apresentação se mostre inadequada e os
amento cruel ou degradante e difundir formas não
responsáveis pelas diversões e espetáculos públicos deverão
violentas de educação de crianças e de adolescentes, afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de
tendo como principais ações: exibição, informação destacada sobre a natureza do espetáculo
I. A promoção de campanhas educativas perma- e a faixa etária especificada no certificado de classificação.
nentes para a divulgação do direito da criança e As emissoras de rádio e de televisão somente exibirão,
do adolescente de serem educados e cuidados sem no horário recomendado para o público infanto-juvenil, pro-
o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou gramas com finalidades educativas, artísticas, culturais e in-
degradante e dos instrumentos de proteção aos formativas.
direitos humanos; Nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem
II. A integração com os órgãos do Poder Judiciário, aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, apresen-
do Ministério Público e da Defensoria Pública, com tação ou exibição.
o Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de
da Criança e do Adolescente e com as entidades empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de pro-
não governamentais que atuam na promoção, gramação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou lo-
proteção e defesa dos direitos da criança e do ad- cação em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão
olescente; competente, devendo ainda as fitas exibir, no invólucro, in-
III. A formação continuada e a capacitação dos formação sobre a natureza da obra e a faixa etária a que se
profissionais de saúde, educação e assistência so- destinam.
cial e dos demais agentes que atuam na promoção, As revistas e publicações contendo material impróprio ou
proteção e defesa dos direitos da criança e do ad- inadequado a crianças e adolescentes deverão ser comercial-
olescente para o desenvolvimento das competên- izadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu con-
cias necessárias à prevenção, à identificação de teúdo.
evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de As editoras cuidarão para que as capas que contenham
todas as formas de violência contra a criança e o mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegidas com
adolescente; embalagem opaca.
As revistas e publicações destinadas ao público infan- ▷ A criança ou adolescente estiver acompanhada de
to-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, leg- ambos os pais ou responsável.
endas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, ▷ Se a criança ou adolescente viajar na companhia de
armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e um dos pais, autorizado expressamente pelo outro
sociais da pessoa e da família. por meio de documento com firma reconhecida.
Os responsáveis por estabelecimentos que explorem Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma cri-
comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de ança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair
jogos, assim entendidas as que realizem apostas, ainda que do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado
eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a entra- no exterior.
da e a permanência de crianças e adolescentes no local, afix-
ando aviso para orientação do público. Das Medidas de Proteção
Dos Produtos e Serviços As medidas de proteção à criança e ao adolescente são
Este tópico trata de alguns produtos e serviços que são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem
proibidos a menores, a saber: ameaçados ou violados:
É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: ▷ Por ação ou omissão da sociedade ou do Estado.
▷ Armas, munições e explosivos. ▷ Por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável.
▷ Bebidas alcoólicas. ▷ Em razão de sua conduta.
▷ Produtos cujos componentes possam causar de-
pendência física ou psíquica ainda que por utilização Das Medidas Específicas de Proteção
indevida. Na aplicação das medidas, levar-se-ão em conta as neces-
▷ Fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles sidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao for-
que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes talecimento dos vínculos familiares e comunitários e também
de provocar qualquer dano físico em caso de uti- serão levados em conta os seguintes princípios:
lização indevida. ▷ Condição da criança e do adolescente como sujeitos
▷ Revistas e publicações com materiais impróprios. de direitos: crianças e adolescentes são os titulares
▷ Bilhetes lotéricos e equivalentes. dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem
como na Constituição Federal.
É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em
hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se ▷ Proteção integral e prioritária: a interpretação e
autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável. aplicação de toda e qualquer norma contida no es-
tatuto da criança e do adolescente deve ser voltada
Da Autorização para Viajar à proteção integral e prioritária dos direitos de que
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• Viagens Nacionais crianças e adolescentes são titulares.
Em regra, nenhuma criança poderá viajar para fora de sua ▷ Responsabilidade primária e solidária do poder pú-
comarca (normalmente compreendida como a área de um blico: a plena efetivação dos direitos assegurados às
município), desacompanhada dos pais ou responsável, sem crianças e aos adolescentes por esta Lei e pela Con-
expressa autorização judicial. stituição Federal, salvo nos casos por esta expressa-
A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou re- mente ressalvados, é de responsabilidade primária
sponsável, conceder autorização válida por dois anos. e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem pre-
juízo da municipalização do atendimento e da pos-
No entanto, existem alguns casos em que a criança poderá
sibilidade da execução de programas por entidades
sair da comarca onde reside, são eles:
não governamentais.
Se for viajar para comarca contígua à de sua residência,
▷ Interesse superior da criança e do adolescente: a
sendo que permaneça no mesmo Estado da federação, ou para
intervenção deve atender, prioritariamente, aos in-
comarca incluída em região metropolitana.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
lescente, em separado ou na companhia dos pais, de existência de ordem escrita e fundamentada por autoridade
responsável ou de pessoa por si indicada, bem como judiciária competente, caso em que também deverá contem-
os seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvi- plar sua colocação em família substituta, observadas as regras
dos e a participar nos atos e na definição da medida e princípios do ECA.
de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua O plano individual será elaborado sob a responsabilidade
opinião devidamente considerada pela autoridade da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e
judiciária competente. levará em consideração a opinião da criança ou do adolescente
As medidas de proteção serão aplicadas sempre que os e a oitiva dos pais ou do responsável.
direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: Constarão do plano individual, dentre outros:
▷ Por ação ou omissão da sociedade ou do Estado. ▷ Os resultados da avaliação interdisciplinar.
▷ Por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável. ▷ Os compromissos assumidos pelos pais ou re-
sponsável.
▷ Em razão de sua conduta.
▷ A previsão das atividades a serem desenvolvidas com
Se ocorrer qualquer dessas hipóteses, a autoridade com-
petente poderá determinar as seguintes medidas de proteção: a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais
ou responsável, com vista na reintegração familiar ou,
▷ Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante
caso seja esta vedada por expressa e fundamentada
termo de responsabilidade.
determinação judicial, as providências a serem tom-
▷ Orientação, apoio e acompanhamento temporários. adas para sua colocação em família substituta, sob
▷ Matrícula e frequência obrigatórias em estabeleci- direta supervisão da autoridade judiciária.
mento oficial de ensino fundamental. O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local
▷ Inclusão em programa comunitário ou oficial de mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como
auxílio à família, à criança e ao adolescente. parte do processo de reintegração familiar, sempre que identi-
▷ Requisição de tratamento médico, psicológico ou ficada a necessidade, a família de origem será incluída em pro-
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial. gramas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social,
▷ Inclusão em programa oficial ou comunitário de sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e tox- o adolescente acolhido.
icômanos. Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o re-
▷ Acolhimento institucional. sponsável pelo programa de acolhimento familiar ou insti-
▷ Inclusão em programa de acolhimento familiar. tucional fará imediata comunicação à autoridade judiciária,
▷ Colocação em família substituta. que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco)
ї Observações: dias, decidindo em igual prazo.
O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração
medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de da criança ou do adolescente à família de origem, após seu
transição para reintegração familiar ou, não sendo esta pos- encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de
sível, para colocação em família substituta, não implicando orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório
privação de liberdade. fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a de-
O afastamento da criança ou do adolescente do convívio scrição pormenorizada das providências tomadas e a expressa
familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária e recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou re-
importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de sponsáveis pela execução da política municipal de garantia
do direito à convivência familiar, para a destituição do poder
familiar, ou destituição de tutela ou de guarda.
Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de
30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de destituição do
poder familiar, salvo se entender necessária a realização de es-
tudos complementares ou outras providências que entender
indispensáveis ao ajuizamento da demanda.
A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro
regional, um cadastro contendo informações atualizadas sobre
as crianças e adolescentes em regime de acolhimento famil-
iar e institucional sob sua responsabilidade, com informações
pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem
como as providências tomadas para sua reintegração familiar
ou colocação em família substituta, mediante guarda, tutela
ou adoção.
Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Consel-
ho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Consel-
hos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e
da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a
implementação de políticas públicas que permitam reduzir o
número de crianças e de adolescentes afastados do convívio
familiar e abreviar o período de permanência em programa de
acolhimento.
As medidas de proteção serão acompanhadas de registro
civil. Se inexistente o assento de nascimento da criança ou ad-
olescente, será feito à vista dos elementos disponíveis, medi-
ante requisição da autoridade judiciária.
As certidões e registros necessários à regularização para
aplicação da medida de proteção são isentos de multas, cus-
tas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
Se a paternidade do menor for indefinida, o MP inten-
tará a ação de investigação de paternidade, sendo este
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dispensável se, após o não comparecimento ou a recusa do
suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a cri-
ança for encaminhada para adoção.
ANOTAÇÕES
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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7. 2. Estatuto da Direito de ser ouvido, pessoalmente, pela autoridade com-
petente.
Criança e do Adolescente Direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável
O Estatuto da Criança e do adolescente, nesta terceira par- em qualquer fase do procedimento.
te, trata, precipuamente, do ato infracional e das medidas que
o Estado dispõe para proteger o menor de sua própria con-
duta. São essas as medidas socioeducativas e também a que Das Medidas Socioeducativas
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
se referem aos direitos assegurados aos adolescentes privados Se uma criança comete ato infracional, será ela submeti-
de liberdade, bem como as medidas pertinentes aos pais e aos da a uma medida de proteção. Se um adolescente comete
responsáveis e sobre o conselho tutelar. ato infracional, será ele submetido a uma medida sócioedu-
cativa ou uma medida de proteção.
Prática de Ato Infracional São Medidas Socioeducativas
Considerações Iniciais Advertência, consiste em uma admoestação verbal, reduz-
ida a termo e assinada.
Ato infracional é a conduta descrita como infração penal:
crime ou contravenção penal. Obrigação de reparar o dano, sempre que o ato infracional
tiver reflexos patrimoniais.
São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos,
sujeitos às medidas previstas no ECA. Prestação de serviços à comunidade, consiste na real-
Teoria da atividade: para os efeitos do ECA, deve ser consid- ização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não
erada a idade do adolescente à data do fato. excedente a 6 meses, junto a entidades assistenciais, hospitais,
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Hipótese Prazo
Hipótese Encaminhamento a cursos ou programas de orientação.
de internação
Trata-se de ato infracional cometido mediante Obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua
03 anos
grave ameaça ou violência a pessoa. frequência e aproveitamento escolar.
Por reiteração no cometimento de outras Obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a trat-
03 anos
infrações graves. amento especializado.
Por descumprimento reiterado e injustificável da Advertência.
03 meses
medida anteriormente imposta.
Perda da guarda.
Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo
Destituição da tutela.
outra medida adequada.
A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva Suspensão ou destituição do poder familiar.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao Não serão aplicadas as medidas de destituição da tutela e
abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, suspensão do poder familiar se os pais deixarem de cumprir o
compleição física e gravidade da infração. dever de sustento por falta ou carência de recursos materiais e
Durante o período de internação, inclusive provisória, caso sejam aplicadas, serão decretadas judicialmente.
serão obrigatórias atividades pedagógicas. Se for verificado que os pais ou responsáveis estão agindo
• Direitos do Adolescente Privado da Liberdade em relação aos menores com maus-tratos, abuso sexual ou
opressão, o juiz poderá determinar, como medida cautelar, o af-
ї São direitos do adolescente privado de liberdade, astamento do agressor da moradia comum e fixação provisória
entre outros, os seguintes: dos alimentos de que necessitam a criança ou adolescente de-
Entrevistar-se, pessoalmente, com o representante do pendentes do agressor.
Ministério Público.
Peticionar diretamente a qualquer autoridade. Do Conselho Tutelar
Avistar-se, reservadamente, com seu defensor. O Conselho Tutelar é um órgão permanente e autôno-
Ser informado de sua situação processual, sempre que so- mo, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimen- 189
licitada. to dos direitos da criança e do adolescente.
Ele é um órgão não jurisdicional, e será composto de cinco trariem o disposto no Art. 221, bem como da propaganda de
190 membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde
três anos, permitida uma recondução. e ao meio ambiente.”
Em cada município, haverá, no mínimo, um conselho tutelar. Representar ao Ministério Público, para efeito das ações
ї Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as
serão exigidos os seguintes requisitos: possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente
▷ Reconhecida idoneidade moral. junto à família natural.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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Conselho Tutelar e Ministério Público meio, inclusive por meio de sistema de informática
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou represen- contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envol-
tante do Ministério Público no exercício de função pre- vendo criança ou adolescente:
vista nesta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Pena - detenção de seis meses a dois anos. § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
Vinculados a Colocação Irreg- I. Assegura os meios ou serviços para o armazena-
mento das fotografias, cenas ou imagens de que
ular em Família Substituta trata o caput deste artigo;
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de II. Assegura, por qualquer meio, o acesso por rede
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem de computadores às fotografias, cenas ou imagens
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
judicial, com o fim de colocação em lar substituto: de que trata o caput deste artigo.
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. § 2º o As condutas tipificadas nos incisos I e II do §
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou 1º deste artigo são puníveis quando o responsável le-
pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: gal pela prestação do serviço, oficialmente notificado,
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem trata o caput deste artigo.
oferece ou efetiva a paga ou recompensa. Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de
destinado ao envio de criança ou adolescente para o registro que contenha cena de sexo explícito ou por-
exterior com inobservância das formalidades legais ou nográfica envolvendo criança ou adolescente:
com o fito de obter lucro: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. § 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços)
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave se de pequena quantidade o material a que se refere o 191
ameaça ou fraude: caput deste artigo.
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
192 a finalidade de comunicar às autoridades competentes a entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescen-
ocorrência das condutas descritas nos Arts. 240, 241, 241- te fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles
A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de
I. Agente público no exercício de suas funções; provocar qualquer dano físico em caso de utilização
II. Membro de entidade, legalmente constituída, indevida:
que inclua, entre suas finalidades institucionais, o Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
Pena - multa. caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de determinar o fechamento do estabelecimento por até
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fe- quinze dias.
chamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de prov-
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior idenciar a instalação e operacionalização dos cadas-
a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitiva- tros previstos no Art. 50 e no § 11 do Art. 101 desta Lei:
mente fechado e terá sua licença cassada. Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por (três mil reais).
qualquer meio, com inobservância do disposto nos Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autori-
Arts. 83, 84 e 85 desta Lei: dade que deixa de efetuar o cadastramento de crianças
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- e de adolescentes em condições de serem adotadas, de
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ANOTAÇÕES
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8. Lei nº 12.850/2013 o financeiro e o de suporte, e também os atos executados em
todo o território brasileiro.
Da Organização Criminosa (Revoga a Art. 2º. Promover, constituir, financiar ou integrar,
pessoalmente ou por interposta pessoa, organização
Lei nº 9.034/1995) criminosa:
O primeiro capítulo da Lei traz a definição legal do que se- Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa,
ria “organização criminosa”. Prevê também os meios de inves- sem prejuízo das penas correspondentes às demais in-
tigação, tratando ainda da territorialidade e da formalização frações penais praticadas.
de vários atos. Continua tipificando condutas e disciplinando Quem de qualquer forma, promover, financiar ou integrar
materialmente e formalmente procedimentos que combatem organização criminosa também estará previsto nas penas da lei.
o crime organizado. § 1º. Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de
Art. 1º. Esta Lei define organização criminosa e dispõe qualquer forma, embaraça a investigação de infração
sobre a investigação criminal, os meios de obtenção penal que envolva organização criminosa.
da prova, infrações penais correlatas e o procedimento As qualificadoras para o aumento de pena estão previs-
criminal a ser aplicado. tas nos parágrafos 2º, 3º e 4º do Art. 2º:
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação § 2º. As penas aumentam-se até a metade se na at-
de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente orde- uação da organização criminosa houver emprego de
nada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que arma de fogo.
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indire- § 3º. A pena é agravada para quem exerce o comando,
tamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda
prática de infrações penais cujas penas máximas sejam que não pratique pessoalmente atos de execução.
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter § 4º. A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois
transnacional. terços):
O Art. 288 do Código Penal continua a vigorar normalmente, I. Se há participação de criança ou adolescente;
ou seja, não ocorreu a derrogação de tal dispositivo. Aplicaremos II. Se há concurso de funcionário público, valen-
a Lei de Organização Criminosa a crimes de natureza grave, com do-se a organização criminosa dessa condição para
participação de 4 (quatro) ou mais pessoas, operados de forma a prática de infração penal;
organizada e integrada, com vínculo subjetivo para a obtenção III. Se o produto ou proveito da infração penal des-
do fim criminoso planejado, com união de desígnios e divisão de tinar-se, no todo ou em parte, ao exterior;
tarefas, ainda que informalmente e hierarquia de comando, a lei
IV. Se a organização criminosa mantém conexão
possua uma abrangência maior.
com outras organizações criminosas indepen-
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Fato importante é que não necessita o agente ter o víncu- dentes;
lo subjetivo total da empreitada criminosa, visto que existem V. Se as circunstâncias do fato evidenciarem a
organizações bem estruturadas em que uma pessoa comanda transnacionalidade da organização.
e as demais executam (de forma terceirizada) vários crimes,
como é o caso dos sequestros. Temos também a penalização de maneira especial quando
ocorre a participação de funcionário público. Podemos dar como
Um requisito primordial é que os crimes dessa lei devem exemplo – pois é muito comum – a participação de agentes poli-
ter penas superiores a 4 (quatro) anos, excetuados os de ca- ciais em esquema de organização criminosa. A lei atrela a par-
ráter transnacional na conduta criminosa. Nesse caso, a abran-
ticipação de membros do Ministério Público à apuração, sendo
gência da lei não está presa ao montante da pena, mas sim à
a competência da mesma data a Corregedoria de Polícia. Vale
circunstância da transposição de fronteiras nacionais.
lembrar que o MP acompanha, mas não faz a direção do proced-
§ 2º Esta Lei se aplica também: imento instaurado.
I.Ààs infrações penais previstas em tratado ou con- § 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
venção internacional quando, iniciada a execução público integra organização criminosa, poderá o juiz
no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido determinar seu afastamento cautelar do cargo, em-
no estrangeiro, ou reciprocamente; prego ou função, sem prejuízo da remuneração, quan-
II. Às organizações terroristas internacionais, recon- do a medida se fizer necessária à investigação ou in-
hecidas segundo as normas de direito internacional, strução processual.
por foro do qual o Brasil faça parte, cujos atos de § 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará
suporte ao terrorismo, bem como os atos prepa- ao funcionário público a perda do cargo, função, em-
ratórios ou de execução de atos terroristas, ocorram prego ou mandato eletivo e a interdição para o exer-
ou possam ocorrer em território nacional. cício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito)
A Lei das Organizações Criminosas aplica-se aos crimes anos subsequentes ao cumprimento da pena.
transnacionais ou a organizações criminosas de outros países, § 7º Se houver indícios de participação de policial nos
bem como a atos terroristas e a crimes que o Brasil se compro- crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia
meteu a combater. instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério
Assim, as ações típicas compreendem os atos prepa- Público, que designará membro para acompanhar o 195
ratórios, executórios, consumados e de apoio, incluindo aqui feito até a sua conclusão.
Da Investigação e dos IV. A recuperação total ou parcial do produto ou do
196 proveito das infrações penais praticadas pela orga-
Meios de Obtenção da Prova nização criminosa;
Com referência aos meios de obtenção de prova, a lei de- V. A localização de eventual vítima com a sua inte-
termina, além dos meios usuais investigativos, a utilização das gridade física preservada.
tecnologias que surgiram nos últimos anos e a união de forças § 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará
dos órgãos e instituições das esferas federal, estadual e munic- em conta a personalidade do colaborador, a natureza,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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comunicará ao Ministério Público.
mações pessoais preservados;
§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de
III. Ser conduzido, em juízo, separadamente dos forma a não conter informações que possam indicar a
demais coautores e partícipes; operação a ser efetuada.
IV. Participar das audiências sem contato visual
§ 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos
com os outros acusados;
autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao
V. Não ter sua identidade revelada pelos meios de delegado de polícia, como forma de garantir o êxito
comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem das investigações.
sua prévia autorização por escrito;
§ 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circun-
VI. Cumprir pena em estabelecimento penal diver-
stanciado acerca da ação controlada.
so dos demais corréus ou condenados.
Art. 6º O termo de acordo da colaboração premiada Art. 9º. Se a ação controlada envolver transposição de
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
deverá ser feito por escrito e conter: fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou
administrativa somente poderá ocorrer com a coop-
I. O relato da colaboração e seus possíveis resultados; eração das autoridades dos países que figurem como
II. As condições da proposta do Ministério Público provável itinerário ou destino do investigado, de modo
ou do delegado de polícia; a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, obje-
III. A declaração de aceitação do colaborador e de to, instrumento ou proveito do crime.
seu defensor; Esse artigo trata da ação controlada que envolva a trans-
IV. As assinaturas do representante do Ministério posição de fronteiras, com a cooperação das autoridades de
Público ou do delegado de polícia, do colaborador outros países. Assim, esse artigo prevê as necessidades para
e de seu defensor; que se evitem conflitos diplomáticos.
V. A especificação das medidas de proteção ao colab- As ações devem ser controladas pela Interpol. No Brasil,
orador e à sua família, quando necessário. a Polícia Federal é o órgão integrado a Interpol, que, aliás,
Art. 7º. O pedido de homologação do acordo será sig- nos termos do § 1º do Art. 144 Constituição Federal de 88,
ilosamente distribuído, contendo apenas informações tem por atribuição o combate às infrações com repercussão 197
que não possam identificar o colaborador e o seu objeto. internacional.
Art. 144 da Constituição Federal de 1988. Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente dis-
198 § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão tribuído, de forma a não conter informações que pos-
permanente, organizado e mantido pela União e estru- sam indicar a operação a ser efetivada ou identificar o
turado em carreira, destina-se a: agente que será infiltrado.
I. Apurar infrações penais contra a ordem políti- § 1º As informações quanto à necessidade da oper-
ca e social ou em detrimento de bens, serviços ação de infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz
e interesses da União ou de suas entidades competente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e qua-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
autárquicas e empresas públicas, assim como tro) horas, após manifestação do Ministério Público na
outras infrações cuja prática tenha repercussão hipótese de representação do delegado de polícia, de-
interestadual ou internacional e exija repressão vendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito
uniforme, segundo se dispuser em lei; das investigações e a segurança do agente infiltrado.
Assim, é claro que nada impede que a Polícia Estadual pos- § 2º Os autos contendo as informações da operação
sa agir em conjunto com a Polícia Federal em se tratando de de infiltração acompanharão a denúncia do Ministério
investigação de organização criminosa de um Estado membro. Público, quando serão disponibilizados à defesa, asse-
gurando-se a preservação da identidade do agente.
Da Infiltração de Agentes § 3º Havendo indícios seguros de que o agente infiltra-
O Art. 10 vem disciplinando como se dará a infiltração do sofre risco iminente, a operação será sustada medi-
dos agentes. Assim, dar-se-á a pedido do Delegado de ante requisição do Ministério Público ou pelo delegado
Polícia, por meio de representação, ou a requerimento do de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Pú-
Ministério Público. No caso de requerimento com o inquéri- blico e à autoridade judicial.
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação,
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ANOTAÇÕES
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9. Lei nº 9.099/1995 Relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao es-
tado das pessoas (ainda que de cunho patrimonial).
Juizados Especiais Cíveis e Criminais Mesmo quando o valor for igual ou inferior a 40 salários
mínimos, essas causas não poderão tramitar no JEC. Esse tam-
bém é um dos pontos mais cobrados em prova.
Disposições Gerais A Lei nº 9.099/95 também traz algumas regras de competên-
Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça cia (locais em que a ação deve ser proposta).
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Juizados Especiais Criminais (JECRIM) são utilizados em in- e dos Juízes Leigos
frações penais de menor potencial ofensivo.
A Lei nº 9.099/95 traz um procedimento simplificado. O
juiz possui ampla liberdade para determinar as provas a ser-
Dos Juizados Especiais Cíveis em produzidas, para apreciá-las e para dar especial valor as
regras de experiência comum ou técnica.
Competência Ele adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa
O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências
processo e julgamento das causas cíveis de menor complexi- do bem comum.
dade, sendo que essa Lei define quais são esses casos. O juizado especial é fortemente caracterizado pelos
Podem ser apreciadas pelo JEC: princípios da conciliação e da celeridade. Para privilegiar ess-
▷ Causas que não excedam 40 vezes o salário mínimo. es princípios, a Lei nº 9.099/95 traz a figura de dois auxiliares
▷ Hipóteses enumeradas no Art. 275, II, do Código de da justiça no âmbito da competência dessa lei.
Processo Civil (rito sumário do CPC). São auxiliares da Justiça:
▷ A ação de despejo para uso próprio. ▷ Conciliadores (bacharéis em Direito).
▷ As ações possessórias sobre bens imóveis de val- ▷ Juízes leigos (advogados com mais de 5 anos de ex-
or não excedente a 40 salários-mínimos. periência – impedidos de exercer a advocacia peran-
As competências do JEC são muito cobradas em prova. Não te os Juizados Especiais enquanto no desempenho
confundir o valor das ações do JEC (até 40 salários mínimos) de suas funções).
com o valor do rito sumário do CPC (até 60 salários mínimos).
Essa competência é facultativa, isto é, o autor pode optar Das Partes no Juizado Especial
por ingressar com ação na Justiça Comum, mesmo que esteja No Juizado Especial não podem ser partes:
enquadrada uma dessas hipóteses. ▷ O incapaz.
Se determinada ação for de valor superior a 40 salári- ▷ O preso.
os-mínimos, e a parte optar por esse procedimento, estará ▷ As pessoas jurídicas de direito público.
renunciando ao crédito excedente ao teto estabelecido,
▷ As empresas públicas da União.
salvo conciliação (as partes podem fazer um acordo de val-
or superior). ▷ A massa falida.
O Juizado Especial também é competente para execu- ▷ O insolvente civil.
tar seus próprios julgados e dos títulos executivos extra- Somente podem propor ação perante o Juizado Especial
judiciais de valor até 40 salários-mínimos (observadas as (legitimados ativos):
restrições estabelecidas na Lei nº 9.099/95). ▷ As pessoas físicas capazes (cessionários de direito
Algumas ações, independentemente do valor, não podem de pessoas jurídicas são excluídos; considera-se ca-
ser apreciadas pelo Juizado Especial Cível, devendo tramitar paz o maior de 18 anos, inclusive para conciliação).
na via comum. ▷ As microempresas.
São excluídas da competência do JEC as causas: ▷ OSCIP (pessoas jurídicas qualificadas como Organi-
▷ De natureza Alimentar, Falimentar e Fiscal. zação da Sociedade Civil de Interesse Público).
▷ De interesse da Fazenda Pública. ▷ As sociedades de crédito ao microempreendedor.
Nos termos dessa Lei, a obrigatoriedade de assistência por Os pedidos Lei poderão ser alternativos ou cumulados. No
advogado depende do valor da causa: caso de cumulação de pedidos, eles devem ser conexos e a
▷ Até 20 salários-mínimos – Facultativa (as partes soma não ultrapasse o limite fixado na Lei (40 salários-mín-
comparecem pessoalmente, elas constituem advoga- imos).
dos apenas se quiserem). Registrado o pedido, independentemente de distribuição
▷ Valor superior – Obrigatória (devem obrigatoria- e autuação, a Secretaria do Juizado designará a sessão de con-
mente constituir um advogado, não podem praticar ciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias.
os atos processuais pessoalmente). Comparecendo inicialmente ambas as partes, instau-
No caso de assistência facultativa, se uma das partes com- rar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o
parecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica registro prévio de pedido e a citação.
ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência Havendo pedidos contrapostos, poderá ser dispensada a
judiciária prestada por órgão instituído junto ao Juizado Es- contestação formal e ambos serão apreciados na mesma sen-
pecial, na forma da lei local. tença.
O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por Das Citações e Intimações
advogado, quando a causa o recomendar.
A citação é a forma pela qual o réu tem ciência de que
O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto
contra ele, corre um processo, sendo, nesse ato, chamado para
aos poderes especiais (não precisa de procuração escrita para
integrar a relação processual.
conferir poderes gerais de foro para o advogado).
A citação é feita:
Não é admitida, no processo, nenhuma forma de inter-
venção de terceiro ou de assistência (mas o litisconsórcio é ▷ Por correspondência, com aviso de recebimento em
admitido). mão própria.
O Ministério Público intervirá nos casos previstos em lei. ▷ Tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual,
mediante entrega ao encarregado da recepção, que
Atos Processuais será obrigatoriamente identificado.
Os atos processuais são públicos e poderão ser realizados ▷ Sendo necessário, por oficial de justiça, independen-
em horário noturno, de acordo com o disposto nas normas de temente de mandado ou carta precatória.
organização judiciária. Nos Juizados Especiais, NÃO cabe citação por edital.
Sempre que preencherem as finalidades para as quais O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nu-
forem realizados, eles serão considerados válidos (atendidos lidade da citação. Dessa forma, caso o réu não tenha sido
os critérios definidos pela Lei nº 9.099/05, Art. 2º). citado ou a mesma tenha ocorrido de maneira nula (citou por
engano o vizinho por exemplo), mas ele compareça esponta-
Aqui a Lei adota o princípio da instrumentalidade das neamente em juízo, esse vício estará sanado.
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formas, isto é, caso a Lei preveja determinada forma para a
A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para
prática de um ato, sem cominação de nulidade, e o ato seja
comparecimento do citando e advertência de que, não com-
praticado de forma diversa, tendo ele alcançado a sua finali-
parecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações
dade essencial, não será o mesmo anulado.
iniciais, e será proferido julgamento, de plano (efeitos gera-
A prática de atos processuais em outras comarcas poderá dos pela revelia do réu).
ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação.
Intimações - feitas na forma prevista para citação, ou por
Registro dos atos – serão registrados apenas aqueles atos qualquer outro meio idôneo de comunicação.
que forem considerados essenciais (de forma resumida), em Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão, des-
notas manuscritas, datilografada ou estenotipadas. de logo, cientes as partes (não precisam ser intimados, pois
Os demais atos (não considerados essenciais) poderão ser tiveram ciência desses atos no momento em que os mesmos
gravados em fita magnética ou equivalente, que será inutiliza- foram praticados).
da após o trânsito em julgado da decisão.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
regras de experiência comum ou técnica), podendo decidir por diência de instrução e julgamento.
equidade.
Se, mesmo após regularmente intimada, a testemunha
O árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado para homo- não comparecer, o Juiz poderá determinar sua imediata con-
logação por sentença irrecorrível ao término da instrução, ou dução, valendo-se, se necessário, do auxílio da força pública
nos cinco dias subsequentes. (condução coercitiva).
Da Instrução e Julgamento Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técni-
cos de sua confiança, permitida às partes a apresentação de
Caso não seja instituído o juízo arbitral, proceder-se-á ime-
parecer técnico. No curso da audiência, poderá o Juiz, de ofício
diatamente à audiência de instrução e julgamento, desde que
ou a requerimento das partes, realizar inspeção em pessoas ou
não resulte prejuízo para a defesa. coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, que
Não sendo possível a sua realização imediata, será a au- lhe relatará informalmente o verificado.
diência designada para um dos quinze dias subsequentes, A prova oral não será reduzida a escrito, a sentença deverá
cientes, desde logo, as partes e testemunhas eventualmente referir, no essencial, os informes trazidos nos depoimentos.
presentes.
A instrução do processo poderá ser dirigida por Juiz leigo,
Na audiência de instrução e julgamento, serão ouvidas as sob a supervisão de Juiz togado.
partes, colhidas as provas e, em seguida, proferida a sentença
(as partes serão inquiridas ou interrogadas antes da produção Da Sentença
das demais provas). A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz
Serão decididos de plano (imediatamente) todos os inci- (com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiên-
dentes que possam interferir no regular prosseguimento da cia), dispensado o relatório.
audiência. As demais questões serão decididas na sentença. Não se admitirá sentença condenatória por quantia
As partes irão se manifestar imediatamente sobre os doc- ilíquida, ainda que genérico o pedido. Dessa forma, mesmo
umentos apresentados pela parte contrária, sem interrupção que a parte tenha formulado um pedido genérico, o juiz não
da audiência. pode proferir sentença ilíquida, ela já deve apresentar o valor
da condenação.
Da Resposta do Réu É ineficaz a sentença condenatória na parte que exceder
A contestação pode ser apresentada de forma escrita ou a alçada estabelecida nesta Lei. Dessa forma, caso a sentença
oral. Na contestação, deve estar contida toda a matéria de de- condene o réu em quantia superior à 40 salários mínimos, ela
fesa, exceto arguição de suspeição ou impedimento do Juiz, será ineficaz (sem produção de efeitos) no que ultrapassar
que se processará na forma da legislação em vigor. esse valor.
No âmbito dos Juizados Especiais, não se admitirá a re- O Juiz Leigo que tiver dirigido a instrução proferirá sua de-
convenção. Entretanto, é lícito ao réu, na contestação, formular cisão e, imediatamente a submeterá ao Juiz Togado, que po-
pedido em seu favor, nos limites do Art. 3º desta Lei, desde que derá homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes
fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da contro- de se manifestar, determinar a realização de atos probatórios
vérsia (pedido contraposto). indispensáveis.
O autor poderá responder ao pedido do réu na própria au- Da sentença proferida, caberá recurso para o próprio
diência ou requerer a designação da nova data, que será desde Juizado (excetuada a homologatória de conciliação ou laudo
logo fixada, cientes todos os presentes. arbitral). Esse recurso será julgado por uma turma composta
por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de juris- ▷ As sentenças serão necessariamente líquidas, con-
dição, reunidos na sede do Juizado (Turma Recursal). tendo a conversão em Bônus do Tesouro Nacional
Apesar de, em determinados casos, a assistência de ad- - BTN ou índice equivalente.
vogado ser facultativa no âmbito dos Juizados Especiais, no ▷ Os cálculos de conversão de índices, de honorários,
recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por de juros e de outras parcelas serão efetuados por
advogado. servidor judicial.
O prazo para interposição de recurso é de dez dias, conta- ▷ A intimação da sentença será feita, sempre que
dos da ciência da sentença, por petição escrita, da qual con- possível, na própria audiência em que for pro-
starão as razões e o pedido do recorrente. ferida. Nessa intimação, o vencido será instado a
Após a interposição, a parte recorrente tem que realizar cumprir a sentença tão logo ocorra seu trânsito em
o preparo em 48 horas, independentemente de intimação, julgado, e advertido dos efeitos do seu descumpri-
sob pena de deserção. Após o preparo, a Secretaria intimará mento (inciso V).
o recorrido para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias. ▷ Não cumprida voluntariamente a sentença transitada
O recurso terá somente efeito devolutivo, mas o Juiz poderá em julgado, e tendo havido solicitação do interessado,
dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável para a parte. que poderá ser verbal, proceder-se-á desde logo à ex-
O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, ecução, dispensada nova citação.
com a indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta ▷ Nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de
e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios não fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execução,
fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão. cominará multa diária, arbitrada de acordo com as
condições econômicas do devedor, para a hipótese
Dos Embargos de Declaração de inadimplemento. Não cumprida a obrigação, o
Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em credor poderá requerer a elevação da multa ou a
sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição transformação da condenação em perdas e danos,
ou omissão. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015) que o Juiz de imediato arbitrará, seguindo-se a ex-
§ 2º Os embargos de declaração interrompem o prazo ecução por quantia certa, incluída a multa vencida
para a interposição de recurso. (Redação dada pela Lei de obrigação de dar, quando evidenciada a malícia
nº 13.105, de 2015) do devedor na execução do julgado.
Os embargos de declaração constituem o recurso cabível ▷ Na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o
quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contra- cumprimento por outrem, fixado o valor que o de-
dição, omissão ou dúvida. Tratando-se apenas de erros mate- vedor deve depositar para as despesas, sob pena de
riais, esses podem ser corrigidos de ofício. multa diária.
Os embargos de declaração serão interpostos por escrito ▷ Na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá au-
torizar o devedor, o credor ou terceira pessoa idônea
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ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da
decisão. Quando interpostos contra a sentença, os embargos a tratar da alienação do bem penhorado, a qual se
de declaração suspenderão o prazo para recurso. aperfeiçoará em juízo até a data fixada para a praça
ou leilão. Sendo o preço inferior ao da avaliação,
Da Extinção do Processo Sem as partes serão ouvidas. Se o pagamento não for
à vista, será oferecida caução idônea, nos casos de
Julgamento do Mérito alienação de bem móvel, ou hipotecado o imóvel.
O processo será extinto (sem resolução do mérito), além ▷ É dispensada a publicação de editais em jornais, quan-
dos casos previstos em lei, quando: do se tratar de alienação de bens de pequeno valor.
▷ O autor deixar de comparecer a qualquer das au- ▷ O devedor poderá oferecer embargos, nos autos da
diências do processo (caso comprove ter sido por execução, versando sobre:
motivo de força maior, a parte poderá ser isentada » Falta ou nulidade da citação no processo, se ele
pelo Juiz do pagamento das custas). correu à revelia.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
e honorários de advogado, que serão fixados entre 10% e 20% A prática de atos processuais em outras comarcas poderá
do valor de condenação (não havendo condenação, utiliza-se ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação.
do valor corrigido da causa como base de cálculo). Somente serão registrados por escrito os atos havidos por
Na execução não serão contadas custas, salvo quando: essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução e julga-
▷ Reconhecida a litigância de má-fé. mento poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente.
A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sem-
▷ Improcedentes os embargos do devedor. pre que possível, ou por mandado. Não encontrado o acusa-
▷ Tratar-se de execução de sentença que tenha sido do para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao
objeto de recurso improvido do devedor. Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de
Disposições Finais recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou fir-
Instituído o Juizado Especial, serão implantadas as cura- ma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção,
dorias necessárias e o serviço de assistência judiciária. que será obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário,
O acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou valor, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou
poderá ser homologado, no juízo competente, independen- carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de co-
temente de termo, valendo a sentença como título executivo municação.
judicial. Dos atos que forem praticados em audiência, são consid-
Valerá como título extrajudicial o acordo celebrado pelas eradas intimadas desde logo cientes as partes, os interessados
e defensores.
partes, por instrumento escrito, referendado pelo órgão com-
petente do Ministério Público. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de
citação do acusado, constará a necessidade de seu compareci-
Nas causas sujeitas ao procedimento instituído pela Lei mento acompanhado de advogado, com a advertência de que,
nº 9.099/95 não é admitida a ação rescisória. na sua falta, ser-lhe-á designado defensor público.
Dos Juizados Especiais Criminais Da Fase Preliminar
A autoridade policial que tomar conhecimento da ocor-
Disposições Gerais do JECRIM rência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará ime-
O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados diatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, provi-
ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o ju- denciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
lgamento e a execução das infrações penais de menor poten- Depois da ocorrência do fato, a autoridade policial lavra o
cial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. TC (Termo Circunstanciado) e encaminha para o Juizado. Não
Na hipótese de reunião de processos, perante o juízo co- há inquérito.
mum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras Se o autor do fato (trata-se do réu, mas a Lei usa o termo
de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da “autor do fato”) que, após a lavratura do termo, for imedia-
transação penal e da composição dos danos civis. tamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromis-
ї Consideram-se infrações penais de menor potencial so de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante,
ofensivo (para os efeitos da Lei nº 9.099/95): nem se exigirá fiança.
▷ As contravenções penais; Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar,
▷ Os crimes a que a lei comine pena máxima não supe- como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou
rior a 2 anos (cumulada ou não com multa). local de convivência com a vítima.
Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo pos- Se a proposta for aceita pelo autor da infração e seu defen-
sível a realização imediata da audiência preliminar, será desig- sor, será submetida à apreciação do Juiz.
nada data próxima, da qual ambos sairão cientes. Se acolher essa proposta, o Juiz aplicará a pena restriti-
Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a va de direitos ou multa, que não importará em reincidência,
Secretaria providenciará sua intimação e, se for o caso, a do re- sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo
sponsável civil (intimação feita na forma dos Arts. 67 e 68 da Lei
benefício no prazo de cinco anos.
nº 9.099/95, acima visto).
Na audiência preliminar, presente o representante do A imposição dessa sanção não constará de certidão de an-
Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o tecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo
responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados
esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e propor ação cabível no juízo cível.
da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não Dessa sentença cabe apelação (mas ela segue as regras
privativa de liberdade. previstas para esse recurso na Lei nº 9.099/95).
A conciliação será conduzida pelo Juiz ou também por
conciliador (sob orientação do juiz). Do Procedimento Sumaríssimo
Esses conciliadores são auxiliares da Justiça, recruta- Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver
dos, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis aplicação de pena, pela ausência do autor do fato (ou pela
em Direito (mas aqueles que exerçam funções na adminis- não ocorrência da aceitação da proposta acima estudada) o
tração da Justiça Criminal estão excluídos, não podem atu- Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia
ar como conciliadores). oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.
Na audiência de conciliação, devem estar presentes o Juiz, Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com
o Promotor, a vítima e o autor do fato. Nessa audiência eles
base no termo de ocorrência acima tratado, com dispensa do
podem fazer acordo.
inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito
A composição (acordo) dos danos civis: quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim
▷ Será reduzida a escrito. médico ou prova equivalente (nesse caso, então, não é preciso
▷ Homologada pelo Juiz (sentença irrecorrível). o exame de corpo de delito).
▷ Eficácia de título a ser executado no juízo civil com- Se a complexidade ou circunstâncias do caso não
petente. permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Públi-
co poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças
Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de
existentes, na forma do parágrafo único do Art. 66 da Lei
ação penal pública condicionada à representação, o acordo
nº 9.099/95 (Não encontrado o acusado para ser citado, o
homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou re-
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Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para
presentação.
adoção do procedimento previsto em lei).
Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediat- Na ação penal de iniciativa do ofendido, poderá ser ofereci-
amente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de repre- da queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as
sentação verbal, que será reduzida a termo. O não oferecimento circunstâncias do caso determinam a adoção das providências
da representação na audiência preliminar não implica decadência previstas no parágrafo único do Art. 66 dessa lei (anteriormente
do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei. citado).
Havendo representação ou tratando-se de crime de ação Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo,
penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado
o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena e imediatamente cientificado da designação de dia e hora
restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. para a audiência de instrução e julgamento, da qual tam-
Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o bém tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença. A sen- não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado
tença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de por outro crime, presentes os demais requisitos que autoriz-
convicção do Juiz. ariam a suspensão condicional da pena (Os requisitos para
O recurso cabível no caso de decisão que rejeite a denúncia suspensão da pena são tratados no Art. 77 do Código Penal).
ou queixa e também da sentença é a APELAÇÃO, que poderá Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na pre-
ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no sença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender
primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as
A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados seguintes condições:
da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu ▷ Reparação do dano (salvo impossibilidade de fazê-lo).
defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o ▷ Proibição de frequentar determinados lugares.
pedido do recorrente (o recorrido será intimado para oferecer ▷ Proibição de ausentar-se da comarca onde reside,
resposta escrita também no prazo de dez dias). sem autorização do Juiz.
As partes poderão requerer a transcrição da gravação da ▷ Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, men-
fita magnética e serão intimadas da data da sessão de julga- salmente, para informar e justificar suas atividades.
mento pela imprensa.
O Juiz poderá especificar outras condições a que fica
Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à
a súmula do julgamento servirá de acórdão (nesse caso a Tur- situação pessoal do acusado.
ma recursal confirmou a sentença dada, o acórdão é simplifi- A suspensão PODERÁ SER REVOGADA se o acusado vier a
cado, consistirá apenas na súmula do julgamento). ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou des-
Embargos de declaração: cumprir qualquer outra condição imposta.
▷ Recurso cabível quando houver obscuridade, con- Se no curso do prazo da suspensão o beneficiário vier a
tradição, omissão ou dúvida (em sentença ou em ser processado por outro crime ou não efetuar a reparação do
acórdão). dano (sem motivo justificado) a suspensão SERÁ REVOGADA.
▷ Serão opostos por escrito ou oralmente. Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a
▷ Opostos no prazo de cinco dias (contados da ciência punibilidade. Não correrá a prescrição durante o prazo de sus-
pensão do processo.
da decisão).
Se o acusado não aceitar a proposta para que seja feita a
Quando opostos contra sentença, os embargos de suspensão o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.
declaração suspenderão o prazo para o recurso.
As disposições desta Lei não se aplicam aos processos pe-
Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício (o nais cuja instrução já estiver iniciada.
próprio Juiz corrige, sem que ninguém requeria). Sobre esse Art.: ADIN nº 1.719/9O do STF: O Tribunal , por vo-
Da Execução tação unânime , deferiu , em parte , o pedido de medida cautelar
, para , sem redução de texto e dando interpretação conforme à
Se a única pena aplicada for a de multa, seu cumprimento Constituição , excluir , com eficácia ex tunc , da norma constante
far-se-á mediante pagamento na Secretaria do Juizado. Efet- do Art. 090 da Lei nº 9099 /95, o sentido que impeça a aplicação
uado o pagamento, o Juiz declarará extinta a punibilidade, de normas de direito penal , com conteúdo mais favorável ao
determinando que a condenação não fique constando dos réu , aos processos penais com instrução já iniciada à época da
registros criminais, exceto para fins de requisição judicial. vigência desse diploma legislativo.
As disposições previstas na Lei nº 9.099/95 não se aplicam
no âmbito da Justiça Militar.
Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a
propositura da ação penal pública, o ofendido ou seu representante
legal será intimado para oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena
de decadência.
Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Códigos
Penal e de Processo Penal, no que não forem incompatíveis
com esta Lei.
ANOTAÇÕES
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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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208
10. Lei nº 10.259/2001 Diferentemente do que ocorre na Lei nº 9.099/95
(Juizados Especiais), na Lei nº 10.259/2001 existe expres-
Juizados Especiais Federais sa previsão de que, nas localidades onde houver Vara do
Juizado Especial Federal instalada, a competência é abso-
Juizados Especiais Federais luta, isto é, a parte não pode optar entre propor a ação na
Justiça Comum ou no Juizado Especial.
Cíveis e Criminais O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Essa lei regulamentou a instituição do Juizados Especiais deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar
Cíveis e Criminais, no âmbito da Justiça Federal. dano de difícil reparação (cabe recurso nesse caso).
Como regra geral, o disposto na Lei nº 9.099/95 (Juizados No Juizado Especial Federal Cível, somente será admitido
Especiais) é utilizado no âmbito da Justiça Comum Estadual. recurso de sentença definitiva (salvo caso de deferimento de
Entretanto, pode ser aplicado subsidiariamente à presente Lei. medidas cautelares no curso do processo).
Dessa forma, naquilo que não confrontar com o tratado Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível:
na Lei nº 10.259, de 12 de Julho de 2001, poderá ser aplicado ▷ Como AUTORES:
também no âmbito da Justiça Federal o disposto na lei dos » As pessoas físicas.
Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95).
» As microempresas.
Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar
e julgar os feitos de competência da Justiça Federal relativos » E empresas de pequeno porte.
às infrações de menor potencial ofensivo, respeitadas as re- ▷ Como RÉS:
gras de conexão e continência. » A União.
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subsequentemente em quaisquer Turmas Recursais, ficarão
Serão instalados Juizados Especiais Adjuntos nas locali-
retidos nos autos, aguardando-se pronunciamento do Supe-
dades cujo movimento forense não justifique a existência de
rior Tribunal de Justiça.
Juizado Especial, cabendo ao Tribunal designar a Vara onde
Se necessário, o relator pedirá informações ao Presi- funcionará.
dente da Turma Recursal ou Coordenador da Turma de Uni-
formização e ouvirá o Ministério Público, no prazo de cinco No prazo de seis meses, a contar da publicação desta Lei,
dias. Eventuais interessados, ainda que não sejam partes no deverão ser instalados os Juizados Especiais nas capitais dos
processo, poderão se manifestar, no prazo de 30 dias. Estados e no Distrito Federal.
Decorridos os prazos acima referidos, o relator incluirá o Na capital dos Estados, no Distrito Federal e em outras ci-
pedido em pauta na Seção, com preferência sobre todos os dades onde for necessário, neste último caso, por decisão do
demais feitos, ressalvados os processos com réus presos, os Tribunal Regional Federal, serão instalados Juizados com com-
habeas corpus e os mandados de segurança. petência exclusiva para ações previdenciárias.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos (pedi- Onde não houver Vara Federal, a causa poderá ser
dos de uniformização idênticos) serão apreciados pelas Tur- proposta no Juizado Especial Federal mais próximo do foro
mas Recursais, que poderão exercer juízo de retratação ou definido no Art. 4º da Lei nº 9.099/95 (regras de competên-
declará-los prejudicados, se veicularem tese não acolhida pelo cia para interposição da ação), vedada a aplicação desta Lei
Superior Tribunal de Justiça. no juízo estadual.
Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de Justiça e o As Turmas Recursais serão instituídas por decisão do Tri-
Supremo Tribunal Federal, no âmbito de suas competências, ex- bunal Regional Federal, que definirá sua composição e área de
pedirão normas regulamentando a composição dos órgãos e os competência, podendo abranger mais de uma seção.
procedimentos a serem adotados para o processamento e o jul- Os Juizados Especiais serão coordenados por Juiz do re-
gamento do pedido de uniformização e do recurso extraordinário. spectivo Tribunal Regional, escolhido por seus pares, com
O cumprimento do acordo ou da sentença, com trânsito mandato de dois anos.
em julgado, que imponham obrigação de fazer, não fazer ou O Juiz Federal, quando o exigirem as circunstâncias,
entrega de coisa certa, será efetuado mediante ofício do juiz poderá determinar o funcionamento do Juizado Especial em
à autoridade citada para a causa, com cópia da sentença ou caráter itinerante, mediante autorização prévia do Tribunal 209
do acordo. Regional Federal, com antecedência de dez dias.
O Conselho da Justiça Federal poderá limitar, por até três
210 anos, contados a partir da publicação desta Lei, a competência
dos Juizados Especiais Cíveis, atendendo à necessidade da or-
ganização dos serviços judiciários ou administrativos.
O Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça
Federal e as Escolas de Magistratura dos Tribunais Regionais
Federais criarão programas de informática necessários para
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ANOTAÇÕES
11. Lei nº 11.340/2006 Aplicação da Lei Maria da
Penha aos Transexuais
Lei Maria da Penha De acordo com a doutrina majoritária, será aplicada a Lei
A Lei Maria da Penha, apesar de ser uma lei penal especial, Maria da Penha aos transexuais que já tenham realizado a op-
não veio tipificar condutas que sejam crimes contra a mulher, eração de transmutação de suas características sexuais, por
em âmbito de violência doméstica e familiar, mas sim trazer cirurgia irreversível.
uma proteção para essa mulher, que se encontra vulnerável,
no ambiente doméstico e familiar. Conceito de Violência Doméstica
Finalidades da Lei e Familiar contra a Mulher
Art. 5º. Para os efeitos desta Lei, configura violência
As finalidades da lei estão previstas no Art. 1°: doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação
Art. 1º. Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da moral ou patrimonial:
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
I. No âmbito da unidade doméstica, compreen-
Violência contra a Mulher, da Convenção Interameri-
dida como o espaço de convívio permanente de
cana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados
pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a esporadicamente agregadas;
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Famil- II. No âmbito da família, compreendida como a
iar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistên- comunidade formada por indivíduos que são ou
cia e proteção às mulheres em situação de violência se consideram aparentados, unidos por laços
doméstica e familiar. naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
Apesar de a Lei Maria da Penha tratar da violência domésti- III. Em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
ca e familiar contra mulher, ela reconhece que o homem tam- agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
bém pode sofrer violência doméstica, pois alterou o Art. 129, § independentemente de coabitação.
9º, do Código Penal, a saber: Parágrafo único. As relações pessoais enuncia-
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de das neste artigo independem de orientação sexual.
outrem: (Relações homoafetivas femininas).
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descen- A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui
dente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem uma das formas de violação dos direitos humanos.
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conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se
o agente das relações domésticas, de coabitação ou de Formas de Violência Doméstica
hospitalidade: e Familiar contra a Mulher
O § 9º é uma qualificadora do crime de lesões corporais, Art. 7º. São formas de violência doméstica e familiar
quando praticado nas relações domésticas e familiares, e contra a mulher, entre outras:
abrange a violência praticada pela mulher contra o homem;
no entanto, neste caso, a Lei Maria da Penha não será aplicada. I. A violência física, entendida como qualquer con-
duta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
Inconstitucionalidade da II. A violência psicológica, entendida como qualquer
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição
Lei Maria da Penha da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o
pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ou recursos econômicos, incluindo os destinados a sat- IX. O destaque, nos currículos escolares de todos
isfazer suas necessidades; os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos
V. A violência moral, entendida como qualquer direitos humanos, à equidade de gênero e de raça
conduta que configure calúnia, difamação ou ou etnia e ao problema da violência doméstica e
injúria. familiar contra a mulher.
A violência doméstica e familiar contra mulher pode vir de
um crime, de uma contravenção ou até de um fato atípico. Formas de Assistência
A assistência à mulher, em situação de violência domésti-
Medidas de Prevenção ca e familiar, será prestada de forma articulada e conforme os
Art. 8º. A política pública que visa coibir a violência princípios e as diretrizes previstas na Lei Orgânica da Assistên-
doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio cia Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de
de um conjunto articulado de ações da União, dos Es- Segurança Pública (Polícia Civil - Art. 11), entre outras normas
tados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações e políticas públicas de proteção e, emergencialmente, quando
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O pedido da ofendida será tomado a termo pela autori- Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo
dade policial e deverá conter: de outras medidas:
I. qualificação da ofendida e do agressor; I. Encaminhar a ofendida e seus dependentes a
II. Nome e idade dos dependentes; programa oficial ou comunitário de proteção ou de
III. Descrição sucinta do fato e das medidas prote- atendimento;
tivas solicitadas pela ofendida. II. Determinar a recondução da ofendida e a de
A autoridade policial deverá anexar ao documento, referi- seus dependentes ao respectivo domicílio, após
do no § 1º, o boletim de ocorrência e a cópia de todos os docu- afastamento do agressor;
mentos disponíveis em posse da ofendida. III. Determinar o afastamento da ofendida do lar,
Serão admitidos como meios de prova os laudos ou pron- sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda
tuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. dos filhos e alimentos;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
As medidas protetivas poderão ser concedidas no proces- nº 9.099/95. Portanto, a lesão dolosa leve é de ação penal
so cível ou processo-crime. O Art. 42 da Lei Maria da Penha pública incondicionada.
alterou o Art. 313 do Código de Processo Penal, autorizando a No entanto, ainda na violência doméstica e familiar, os
prisão preventiva, para garantir as medidas protetivas: crimes que não possuem violência real ainda serão tratados
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será ad- como de ação penal pública condicionada à representação da
mitida a decretação da prisão preventiva: ofendida. Logo, o Art. 16 terá validade para esses casos.
III. se o crime envolver violência doméstica e fa- Retratação
miliar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
O Art. 16 da Lei Maria da Penha prevê a possibilidade de
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
retratação (o termo utilizado foi renúncia, incorretamente)
execução das medidas protetivas de urgência;
da representação somente perante o Juiz e em audiência
Regras de Organização Judiciária especialmente designada com tal finalidade, desde que seja
antes do recebimento da denúncia.
1ª situação: Juizado já criado
Já o Art. 25 do Código de Processo Penal prevê que a re-
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▷ A prevenção do uso indevido, a atenção e a rein- mento sobre drogas no país.
serção social de usuários e dependentes de drogas. ▷ Promover a integração entre as políticas de pre-
▷ A repressão da produção não autorizada e do tráfico venção do uso indevido, atenção e reinserção social
ilícito de drogas. de usuários e dependentes de drogas e de repressão
à sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito e
Dos Princípios e dos Objetivos as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder
Executivo da União, Distrito Federal, Estados e Mu-
do Sistema Nacional de Políti- nicípios.
cas Públicas sobre Drogas ▷ Assegurar as condições para a coordenação, a inte-
gração e a articulação das atividades de prevenção
Princípios do Sisnad e repreensão.
▷ O respeito aos direitos fundamentais da pessoa hu-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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programas comunitários, entidades educacionais ou assis- entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuita-
tenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos mente, sem autorização ou em desacordo com determinação
ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferen- legal ou regulamentar.
cialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de Pena: reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 a 1.500
usuários e dependentes de drogas. dias-multa.
Para garantia do cumprimento das medidas educativas a Crimes Equiparados ao Tráfico de Drogas
que se refere essa lei (penas aplicadas aos usuários), a que in-
justificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, Nas mesmas penas incorre quem:
sucessivamente a: ▷ Importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
▷ Admoestação verbal. vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em
▷ Multa. depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ain-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
O juiz determinará ao Poder Público que coloque à dis- da que gratuitamente, sem autorização ou em de-
posição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, sacordo com determinação legal ou regulamentar,
preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. matéria-prima, insumo ou produto químico destina-
Na imposição da pena de medida educativa de multa (em do à preparação de drogas.
caso de recusa injustificada) o juiz, atendendo à reprovabili- ▷ Semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou
dade da conduta, fixará o número de dias-multa, em quanti- em desacordo com determinação legal ou regulam-
dade nunca inferior a 40 nem superior a 100, atribuindo de- entar, de plantas que se constituam em matéria-pri-
pois a cada um, segundo a capacidade econômica do agente,
ma para a preparação de drogas.
o valor de um trinta avos (1/30) até três vezes o valor do maior
salário-mínimo. ▷ Utiliza local ou bem de qualquer natureza de que
Os valores decorrentes da imposição dessa multa serão tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas. vigilância, ou consente que outrem dele se utilize,
Prescrevem em dois anos a imposição e a execução das ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o dispos- desacordo com determinação legal ou regulamen- 217
to nos Arts. 107 e seguintes do Código Penal. tar, para o tráfico ilícito de drogas.
Tráfico Privilegiado: essas penas (itens 1 e 2) poderão ser ▷ O crime tiver sido praticado com violência, grave
218 reduzidas de 1/6 a 2/3, desde que o agente seja primário, de ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer
bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas processo de intimidação difusa ou coletiva.
nem integre organização criminosa1. ▷ Caracterizado o tráfico entre Estados da Federação
ou entre estes e o Distrito Federal.
Maquinário, Aparelho, Instrumento ou Ob- ▷ Sua prática envolver ou visar a atingir criança ou ad-
jetos Destinados à Preparação olescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, di-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, minuída ou suprimida a capacidade de entendimento
distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou e determinação.
fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, ▷ O agente financiar ou custear a prática do crime.
instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, Esses crimes (itens 1 ao 6) são inafiançáveis e insuscetíveis
preparação, produção ou transformação de drogas, sem au- de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada
torização ou em desacordo com determinação legal ou reg- a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
ulamentar. Nesses crimes, dar-se-á o livramento condicional após o
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos, e pagamento de 1.200 a cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão
2.000 dias-multa. ao reincidente específico.
tos (itens 1, 2 e 3). Pena: detenção, de 1 a 3 anos, e multa de 100 a 300 di-
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos, e pagamento de 700 a 1.200 as-multa.
dias-multa. Oferecimento de Droga para Consumo em Conjunto
Colaborador do Tráfico Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, à
pessoa de seu relacionamento para juntos a consumirem:
Colaborar, como informante, com grupo, organização ou
associação destinados à prática de qualquer dos crimes pre- Pena: detenção, de 6 meses a 1 ano, e pagamento de 700 a
1.500 dias-multa, sem prejuízo das penas previstas para usuários.
vistos nos itens 1, 2 e 3, e também do crime previsto no item 6
(financiar ou custear). Prescrição ou Ministração Culposa de Drogas
Pena: reclusão, de 2 a 6 anos, e pagamento de 300 a 700 Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que
dias-multa. delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Financiamento ou Custeio do Tráfico Pena: detenção, de 6 meses a 2 anos, e pagamento de 50
Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes aci- a 200 dias-multa.
ma previstos (itens 1, 2 e 3). O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da
Pena: reclusão, de 8 a 20 anos, e pagamento de 1.500 a categoria profissional a que pertença o agente.
4.000 dias-multa. Condução de Embarcação ou Aeronave Pós-
Causa de Aumento de Pena -Consumo de Drogas
As penas dos itens 1 ao 6 são aumentadas de um sexto a Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de
dois terços (1/6 a 2/3), se: drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:
▷ A natureza, a procedência da substância ou do pro- Pena: detenção, de 6 meses a 3 anos, além da apreensão
duto apreendido e as circunstâncias do fato eviden- do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição
ciarem a transnacionalidade do delito. de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade
▷ O agente praticar o crime prevalecendo-se de função aplicada, e pagamento de 200 a 400 dias-multa.
pública ou no desempenho de missão de educação, As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente
poder familiar, guarda ou vigilância. com as demais, serão de 4 a 6 anos e de 400 a 600 dias-multa,
se o veículo for de transporte coletivo de passageiros.
▷ A infração tiver sido cometida nas dependências ou
O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente
imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino com a investigação policial e o processo criminal na identifi-
ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, cação dos demais coautores ou partícipes do crime e na re-
sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou benefi- cuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de
centes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.
se realizem espetáculos ou diversões de qualquer na-
tureza, de serviços de tratamento de dependentes de 2 ADI nº 4.274 (STF) O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do
Relator, julgou procedente a ação direta para dar ao § 2º do Art. 33 da Lei nº
drogas ou de reinserção social, de unidades militares 11.343/2006 interpretação conforme à Constituição, para dele excluir qualquer
ou policiais ou em transportes públicos. significado que enseje a proibição de manifestações e debates públicos acerca
1 De acordo com a Resolução 5 do Senado Federal, a parte desse dispositivo que da descriminalização ou legalização do uso de drogas ou de qualquer substância
dizia ser vedada a conversão em penas restritivas de direitos foi suspensa. Dessa que leve o ser humano ao entorpecimento episódico, ou então viciado, das suas
forma, a pena privativa de liberdade pode ser convertida em restritiva de direitos. faculdades psicofísicas.
O juiz, na fixação das penas, considerará, com pre- Se ausente a autoridade judicial, as providências acima
ponderância sobre o previsto no Art. 59 do Código Penal, previstas serão tomadas de imediato pela autoridade policial,
a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a no local em que se encontrar, vedada a detenção do agente.
personalidade e a conduta social do agente. Concluídos esses procedimentos (encaminhamento ao
Na fixação da multa, o juiz, atendendo ao acima disposto juízo), o agente será submetido a exame de corpo de delito,
para fixação das penas, determinará o número de dias-multa, se o requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender
atribuindo a cada um, segundo as condições econômicas dos conveniente, e em seguida liberado.
acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a Para os fins do disposto no Art. 76 da Lei nº 9.099, de 1995,
cinco vezes o maior salário-mínimo. que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o Ministério
As multas, que em caso de concurso de crimes serão im- Público poderá propor a aplicação imediata de pena previs-
postas sempre cumulativamente, podem ser aumentadas até ta no Art. 28 (acima citado) desta Lei, a ser especificada na
o décuplo se, em virtude da situação econômica do acusado, proposta.
considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo. Tratando-se de condutas tipificadas nos itens 1 ao 6
É isento de pena o agente que, em razão da dependência do tópico anterior, o juiz, sempre que as circunstâncias o
ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, recomendem, empregará os instrumentos protetivos de co-
de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que laboradores e testemunhas previstos na Lei nº 9.807, de 13 de
tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de julho de 1999.
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acor- Da Investigação
do com esse entendimento. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia ju-
Quando absolver o agente, reconhecendo, por força peri- diciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente,
cial, que este apresentava, à época do fato, as condições acima remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista
referidas, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu en- ao órgão do Ministério Público, em 24 horas.
caminhamento para tratamento médico adequado. Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e
As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o lau-
se, por força das circunstâncias previstas para isenção de pena do de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado
(acima estudadas), o agente não possuía, ao tempo da ação ou por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do O perito que subscrever esse laudo não ficará impedido
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. de participar da elaboração do laudo definitivo.
Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz,
que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para no prazo de 10 dias, certificará a regularidade formal do
tratamento, realizada por profissional de saúde com com- laudo de constatação e determinará a destruição das dro-
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petência específica na forma da lei, determinará que a tal se gas apreendidas, guardando-se amostra necessária à real-
proceda, observado o disposto no Art. 26 desta Lei. (O usuário ização do laudo definitivo.
e o dependente de drogas que, em razão da prática de infração A destruição das drogas será executada pelo delegado
penal, estiverem cumprindo pena privativa de liberdade ou de polícia competente no prazo de 15 dias na presença do
submetidos a medida de segurança, têm garantidos os servi- Ministério Público e da autoridade sanitária.
ços de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo sistema O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destru-
penitenciário.) ição das drogas, sendo lavrado auto circunstanciado pelo dele-
gado de polícia, certificando-se neste a destruição total delas.
Do Procedimento Penal A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de
O procedimento relativo aos processos por crimes prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máximo
definidos neste Título rege-se pelo a seguir, aplicando-se, de 30 dias contado da data da apreensão, guardando-se amos-
subsidiariamente, as disposições do Código de Processo tra necessária à realização do laudo definitivo, aplicando-se, no
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Penal e da Lei de Execução Penal. que couber, o procedimento de destruição acima citado.
O agente de qualquer das condutas previstas no Art. 28 O inquérito policial será concluído no prazo de 30 dias,
desta Lei (adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou se o indiciado estiver preso, e de 90 dias, quando solto. Ess-
trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autor- es prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério
ização ou em desacordo com determinação legal ou regulam- Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia
entar), salvo se houver concurso com os crimes previstos nos judiciária.
itens 1 a 8 do tópico anterior, será processado e julgado na for- Findos esses prazos, a autoridade de polícia judiciária,
ma dos Arts. 60 e seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de setembro remetendo os autos do inquérito ao juízo:
de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais. ▷ Relatará sumariamente as circunstâncias do fato,
Tratando-se da conduta prevista no Art. 28 (acima citado) justificando as razões que a levaram à classificação
desta Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do delito, indicando a quantidade e natureza da
do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente substância ou do produto apreendido, o local e as
ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele compare- condições em que se desenvolveu a ação criminosa,
cer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação 219
requisições dos exames e perícias necessários. e os antecedentes do agente; ou
▷ Requererá sua devolução para a realização de Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a au-
220 diligências necessárias. diência de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal
A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de diligências do acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente,
complementares: se for o caso, e requisitará os laudos periciais.
▷ Necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo Tratando-se de condutas tipificadas como infração do dis-
resultado deverá ser encaminhado ao juízo compe- posto nos itens 1 a 6 do tópico anterior, o juiz, ao receber a
tente até três dias antes da audiência de instrução e denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do denun-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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Intimado, o Ministério Público deverá requerer ao juízo, Compete à Senad a alienação dos bens apreendidos e
em caráter cautelar, a conversão do numerário apreendido em não leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento já tenha
moeda nacional, se for o caso, a compensação dos cheques sido decretado em favor da União.
emitidos após a instrução do inquérito, com cópias autênti- A Senad poderá firmar convênios de cooperação, a fim
cas dos respectivos títulos, e o depósito das correspondentes de dar imediato cumprimento a essa alienação.
quantias em conta judicial, juntando-se aos autos o recibo. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz do
Após a instauração da competente ação penal, o Ministério processo, de ofício ou a requerimento do Ministério Público,
Público, mediante petição autônoma, requererá ao juízo com- remeterá à Senad relação dos bens, direitos e valores declara-
petente que, em caráter cautelar, proceda à alienação dos bens dos perdidos em favor da União, indicando, quanto aos bens,
apreendidos, excetuados aqueles que a União, por intermédio o local em que se encontram e a entidade ou o órgão em cujo
da Senad, indicar para serem colocados sob uso e custódia da poder estejam, para os fins de sua destinação nos termos da
autoridade de polícia judiciária, de órgãos de inteligência ou legislação vigente.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
militares, envolvidos nas ações de prevenção ao uso indevido A União, por intermédio da Senad, poderá firmar convê-
de drogas e operações de repressão à produção não autoriza- nio com os Estados, com o Distrito Federal e com organismos
da e ao tráfico ilícito de drogas, exclusivamente no interesse orientados para a prevenção do uso indevido de drogas, a
dessas atividades. atenção e a reinserção social de usuários ou dependentes e
a atuação na repressão à produção não autorizada e ao tráfi-
Excluídos esses casos acima, o requerimento de alienação
co ilícito de drogas, com vistas na liberação de equipamentos
deverá conter a relação de todos os demais bens apreendi-
e de recursos por ela arrecadados, para a implantação e ex-
dos, com a descrição e a especificação de cada um deles, e
ecução de programas relacionados à questão das drogas.
informações sobre quem os tem sob custódia e o local onde
se encontram. Da Cooperação Internacional
Requerida a alienação dos bens, a respectiva petição será De conformidade com os princípios da não intervenção
autuada em apartado, cujos autos terão tramitação autônoma em assuntos internos, da igualdade jurídica e do respeito à
em relação aos da ação penal principal. integridade territorial dos Estados e às leis e aos regulamen-
Autuado o requerimento de alienação, os autos serão con- tos nacionais em vigor, e observado o espírito das Convenções 221
clusos ao juiz, que, verificada a presença de nexo de instrumen- das Nações Unidas e outros instrumentos jurídicos interna-
cionais relacionados à questão das drogas, de que o Brasil é Figurando entre o praceado e não arrematadas especial-
222 parte, o governo brasileiro prestará, quando solicitado, coop- idades farmacêuticas em condições de emprego terapêutico,
eração a outros países e organismos internacionais e, quando ficarão elas depositadas sob a guarda do Ministério da Saúde,
necessário, deles solicitará a colaboração, nas áreas de: que as destinará à rede pública de saúde.
▷ Intercâmbio de informações sobre legislações, O processo e o julgamento dos crimes previstos nos itens
experiências, projetos e programas voltados para de 1 a 6 do tópico acima estudado, se caracterizado ilícito
atividades de prevenção do uso indevido, de transnacional, são da competência da Justiça Federal.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
atenção e de reinserção social de usuários e de- Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede
pendentes de drogas. de vara federal serão processados e julgados na vara federal
▷ Intercâmbio de inteligência policial sobre produção da circunscrição respectiva.
e tráfico de drogas e delitos conexos, em especial o Encerrado o processo penal ou arquivado o inquérito poli-
tráfico de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio cial, o juiz, de ofício, mediante representação do delegado de
de precursores químicos. polícia ou a requerimento do Ministério Público, determinará a
▷ Intercâmbio de informações policiais e judiciais so- destruição das amostras guardadas para contraprova, certifi-
bre produtores e traficantes de drogas e seus pre- cando isso nos autos.
cursores químicos. A União poderá estabelecer convênios com os Estados e o
com o Distrito Federal, visando à prevenção e à repressão do
Disposições Finais e Transitórias tráfico ilícito e do uso indevido de drogas, e com os Municípios,
Para fins do conceito de drogas instituído nessa lei, até com o objetivo de prevenir o uso indevido delas e de possibil-
que seja atualizada a terminologia da lista mencionada no itar a atenção e reinserção social de usuários e dependentes
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A prisão simples é sem rigor penitenciário e será Art. 9º. A multa converte-se em prisão simples, de
em regime semiaberto ou aberto. acordo com o que dispõe o Código Penal sobre a con-
Será em estabelecimento especial ou em seção versão de multa em detenção.
especial de prisão comum (colônia agrícola ou Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada,
casa do albergado), desde que fique sempre
Prisão simples e a conversão em prisão simples se faz entre os limites
separado.
Multa de quinze dias e três meses.
Se a pena não ultrapassa 15 dias o trabalho é
facultativo. No entanto, toda doutrina entende que quando se revogou
No caso de prisão comum, o trabalho é facul- a parte do Código Penal relativa à conversão de multas em pena
tativo para os presos provisórios (somente o privativa de liberdade, isso não seria mais possível, em nenhu-
trabalho interno) e para os presos políticos. ma legislação específica, ou seja, o Art. 9° estaria tacitamente
revogado.
Penas Acessórias
Suspensão Condicional da Pena (Susis)
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
trabalho, de reeducação ou de ensino profissional, pelo prazo tentativa é inadmissível, pois, no mundo dos fatos, ela existe,
mínimo de um ano: somente não será punida, pois assim entendeu o legislador.
▷ O condenado por vadiagem (Art. 59); Art. 4º. Não é punível a tentativa de contravenção.
▷ O condenado por mendicância (Art. 60 e seu parágrafo).
Essa previsão está no Art. 15 da Lei das Contravenções
Territorialidade
Penais e prevê que, além das penas cominadas aos crimes Somente será punida a contravenção penal, se for pratica-
vadiagem ou mendicância (a mendicância foi revogada), o da no território nacional. Portanto, a contravenção penal não
agente também sofreria uma medida de internação con- será motivo de extradição.
comitante, esse é o chamado duplo binário, não mais aceito Art. 2º. A lei brasileira só é aplicável à contravenção
pela doutrina moderna. praticada no território nacional.
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autoridade, quando a lei o determina; liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou
b) permite que alienado menor de 18 anos ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instru-
pessoa inexperiente no manejo de arma a tenha mentos empregados usualmente na prática de crime
consigo; de furto, desde que não prove destinação legítima:
c) omite as cautelas necessárias para impedir Pena - prisão simples, de dois meses a um ano, e multa de
que dela se apodere facilmente alienado, menor duzentos mil réis a dois contos de réis.
de 18 anos ou pessoa inexperiente em manejá-la. O STF decidiu que o Art. 25 da LCP não foi recepcionado
Os Arts. 18 e 19 foram tacitamente derrogados (revogação pela Constituição Federal de 1988 por ofensa aos princípios con-
parcial) pelo Estatuto do Desarmamento, permanecendo a stitucionais da dignidade da pessoa humana, da isonomia, em
contravenção relativa a armas brancas. virtude de seu conteúdo discriminatório, e da presunção de in-
ocência, por acarretar uma indevida inversão de ônus da prova.
Anúncio de Meio Abortivo
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
da pelo Estatuto do Desarmamento; a contravenção de def- ▷ Com velocidade incompatível transitando próximo a
lagração perigosa foi tacitamente revogada pelo Código Pe- escolas, hospitais, local de embarque e desembarque,
nal, no Art. 251, §1º; a contravenção penal de soltar balões foi logradouros estreitos, onde haja grande circulação de
tacitamente revogado pela Lei dos Crimes Ambientais, apenas pessoas - Art. 311 CTB.
permaneceu a contravenção de queima de fogo de artifício.
Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por Direção sem Habilitação e
erro no projeto ou na execução, dar-lhe causa: Direção Perigosa de Aeronave
Pena - multa, de um a dez contos de réis, se o fato não
Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente licen-
constitui crime contra a incolumidade pública.
ciado:
Art. 30. Omitir alguém a providência reclamada pelo
Estado ruinoso de construção que lhe pertence ou cuja Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, e
conservação lhe incumbe: multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Pena - multa, de um a cinco contos de réis. Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a acrobacias
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dem exclusiva ou principalmente da sorte;
Contravenções Referentes à Fé Pública d) as apostas sobre corrida de cavalos fora de
Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda de hipódromo ou de local onde sejam autorizadas;
curso legal no país: e) as apostas sobre qualquer outra com-
Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. petição esportiva.
Art. 44. Usar, como propaganda, de impresso ou obje- § 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar
to que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir acessível ao público:
com moeda: a) a casa particular em que se realizam jogos de
Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. azar, quando deles habitualmente participam pes-
Art. 45. Fingir-se funcionário público: soas que não sejam da família de quem a ocupa;
Pena - prisão simples, de um a três meses, ou multa, b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos
de quinhentos mil réis a três contos de réis. hóspedes e moradores se proporciona jogo de azar;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de comércio, bil- Parágrafo único. A aquisição superveniente de ren-
hete de loteria, rifa ou tômbola estrangeiras: da, que assegure ao condenado meios bastantes de
Pena - prisão simples, de quatro meses a um ano, e subsistência, extingue a pena.
multa, de um a cinco contos de réis. Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor:
expõe à venda, tem sob sua guarda. para o fim de ven- Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
da, introduz ou tenta introduzir na circulação, bilhete
de loteria estrangeira. Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de
embriaguez, de modo que cause escândalo ou ponha
Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de
em perigo a segurança própria ou alheia:
loteria estadual em território onde não possa legal-
mente circular: Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Pena - prisão simples, de dois a seis meses, e multa, de
um a três contos de réis. Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o contra-
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ANOTAÇÕES
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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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14. Lei nº 9.605/1998 Teoria Monista: a teoria monista é aquela que, quando
os agentes praticam crime em concurso de pessoas, eles re-
Lei dos Crimes Ambientais sponderão por crime único.
Teoria Dualista: para a teoria dualista, os autores respond-
A presente lei trata dos crimes cometidos contra o meio erão por um crime e os partícipes por outro crime.
ambiente e seu principal objetivo é a reparação ou compen- Teoria Pluralista: cada agente responde por um crime, de
sação dos danos ambientais, por isso, prevê, em sua maioria, acordo com sua conduta.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e omissivamente, eles responderão como se tivessem agido
outras com fins beneficentes. comissivamente, por isso, se fala em omissão penalmente rel-
Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão evante, que está prevista no Art. 13, §2º, do CP:
destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou ed- Art. 13, § 2º. A omissão é penalmente relevante quan-
ucacionais. do o omitente devia e podia agir para evitar o resulta-
Os instrumentos utilizados na prática da infração serão do. O dever de agir incumbe a quem:
vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da re- a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção
ciclagem. ou vigilância.
Como se percebe, a alínea “a” prevê a omissão determina-
Mandados Expressos de da por lei e foi justamente isso que a lei ambiental fez.
Penalização/Criminalização Requisitos para responder por Omissão:
Mandados expressos de penalização/criminalização são ▷ Saber da prática criminosa.
situações em que a própria Constituição Federal considera ▷ Poder agir para evitá-la.
determinada conduta como crime, independente de legislação
ordinária. A Constituição Federal serve como vertente para que Denúncia Geral x Denúncia Genérica
o legislador ordinário crie as leis e, dessa forma, estará obriga- Denúncia genérica é aquela denúncia que descreve apenas
do a considerar tal conduta como crime, pois assim prevê a CF. o tipo penal e o imputa genericamente a todos os sócios; e
Como exemplo de mandados expressos de penalização, temos denúncia geral é a que descreve minuciosamente a conduta
o caso da tortura e do racismo que, mesmo antes de existir lei delituosa e imputa a todos os sócios da empresa. Importante
sobre o assunto, a CF já determinava que essas condutas seri- lembrar que a denúncia genérica é tida como inapta pelo STJ,
am consideradas crimes e já elencavam certas consequências já a denúncia geral é aceita. Essa regra vale para todos os
para elas. Quanto ao Crime ambiental, a CF já previa que a crimes societários.
conduta provocadora de dano ao meio ambiente seria crime
em seu Art. 225, §3º. Responsabilidade
Concurso de Pessoas Penal da Pessoa Jurídica
Art. 2º. Quem, de qualquer forma, concorre para a Art. 3º. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas
prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas pe- administrativa, civil e penalmente, conforme o dispos-
nas a estes cominadas, na medida da sua culpabili- to nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida
dade, bem como o diretor, o administrador, o membro por decisão de seu representante legal ou contratual,
de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício
o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, da sua entidade.
sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de A lei ambiental prevê que a pessoa jurídica poderá ser re-
impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. sponsabilizada administrativa, civil e penalmente, e essa re-
O Art. 2º da Lei Ambiental prevê, na parte destacada, a sponsabilidade penal está baseada na teoria da realidade ou
teoria monista quanto ao concurso de crimes adotada pelo da personalidade real, entendida como a teoria que explica a
Código Penal no Art. 29º Quanto ao concurso, existem teorias, existência da pessoa jurídica no mundo real, dotada de vonta-
a saber: des e, por esse motivo, poderá cometer crimes. Em contrapar-
tida a essa teoria, existe a teoria da ficção jurídica, de Savigni, Circunstâncias Judiciais
entendida como a teoria que defende que a pessoa jurídica
Nas circunstâncias judiciais, o juiz aplicará a pena-base e
não passa de uma ficção jurídica e, desse modo, não existe no
observará os seguintes requisitos (Sangra):
mundo real e jamais poderá cometer crimes.
▷ Situação Econômica
Requisitos para Responsabilização ▷ Antecedentes
da Pessoa Jurídica ▷ Gravidade do Fato
Decisão de representante legal ou contratual, ou órgão Circunstâncias Legais
colegiado. Na segunda fase, o juiz partirá da pena-base para apli-
No interesse ou benefício da pessoa jurídica. cação da pena provisória e observará as seguintes Atenuantes
e Agravantes:
Responsabilidade Penal por Ricochete, Atenuantes (Barcoco)
por Procuração ou de Empréstimo Baixo grau de instrução ou escolaridade do agente.
A responsabilidade da pessoa jurídica não exclui a das Arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea
pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo reparação do dano ou limitação significativa da degradação
fato. Se a pessoa física for imputada penalmente e estiverem ambiental causada.
presentes os demais requisitos, a pessoa jurídica sofrerá essa Comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de
imputação por ricochete, de empréstimo. degradação ambiental.
Teoria da Dupla Imputação não é mais adotada no Bra- Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e
sil! Atualização! De acordo com a teoria da dupla imputação, do controle ambiental.
a responsabilidade penal da pessoa jurídica está vinculada à Agravantes
responsabilidade penal da pessoa física. O STJ e o STF não
Reincidência nos crimes de natureza ambiental (crimes de
adotam mais a teoria da dupla imputação. Desta forma, atual-
outra natureza não geram reincidência).
mente, a responsabilidade penal da pessoa jurídica independe
Ter o agente cometido a infração:
da responsabilidade penal da pessoa física.
▷ Para obter vantagem pecuniária.
Desconsideração da Pessoa jurídica ▷ Coagindo outrem para a execução material da in-
Art. 4º. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica fração.
sempre que sua personalidade for obstáculo ao res- ▷ Afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a
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sarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio saúde pública ou o meio ambiente.
ambiente. ▷ Concorrendo para danos à propriedade alheia.
De acordo com o Art. 4º, a pessoa jurídica poderá ser de- ▷ Atingindo áreas de unidades de conservação ou
sconsiderada para alcançar os bens dos sócios, para que os áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime
prejuízos causados sejam ressarcidos. No entanto, a descon- especial de uso.
sideração só é válida para pagamento da multa administrativa ▷ Atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamen-
ou condenação de reparação civil e nunca para pagamento tos humanos.
de multa decorrente de condenação penal, pois esta última ▷ Em período de defesa à fauna.
não poderá transcender a pessoa jurídica (princípio da intran- ▷ Em domingos ou feriados.
scendência da pena). ▷ À noite.
▷ Em épocas de seca ou inundações.
Aplicação da Pena
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
▷ Substitutividade.
▷ Conversibilidade em prisão (CP). Perícia de Dano Ambiental
Duração: em regra, a restritiva de direitos durará o tem- A perícia criminal ambiental, além de constatar a materiali-
po da pena substituída. Exceção: a interdição temporária de dade delitiva, também deve, se possível, calcular o valor do pre-
direitos durará 05 anos, se o crime for doloso, e 03 anos, se o juízo causado pelo crime ambiental para fins de concessão de
crime for culposo. fiança ou aplicação de multa.
Espécies
Prova Emprestada
▷ Prestação de serviços à comunidade.
Art. 19, parágrafo único. A perícia produzida no inquéri-
▷ Interdição temporária de direitos.
to civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no
▷ Suspensão parcial ou total de atividades (não possui processo penal, instaurando-se o contraditório (con-
corresponde no CP). traditório diferido ou postergado).
▷ Prestação pecuniária (no CP, a prestação pode ser
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Perdão Judicial estações de aquicultura de domínio público.
§ 2º. No caso de guarda doméstica de espécie silvestre II. Quem explora campos naturais de invertebrados
não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autor-
considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. ização da autoridade competente.
§ 3º. São espécimes da fauna silvestre todos aqueles III. Quem fundeia embarcações ou lança detritos
pertencentes às espécies nativas, migratórias e quais- de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou
quer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo corais, devidamente demarcados em carta náutica.
ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibi-
limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais da ou em lugares interditados por órgão competente:
brasileiras. Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou
ambas as penas cumulativamente.
Causas de Aumento de Pena
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peix- Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de
es, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis detenção de seis meses a um ano, e multa.
ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões
espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas que possam provocar incêndios nas florestas e demais
oficiais da fauna e da flora. formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer
Causas Excludentes da Ilicitude tipo de assentamento humano:
Nesses casos, apesar de o agente cometer a conduta, esta Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas
não será ilícita por incidir as causas especiais de exclusão da as penas cumulativamente.
ilicitude prevista na Lei dos Crimes Ambientais. Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou con-
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando real- sideradas de preservação permanente, sem prévia autor-
izado: ização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:
I. Em estado de necessidade, para saciar a fome do Pena - detenção de seis meses a um ano e multa.
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Da Poluição e Outros Crimes Ambientais Pena - detenção de seis meses a um ano e multa.
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis Causas Gerais de Aumento de
tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde
humana ou que provoquem a mortandade de animais ou
Pena dos Crimes contra a Flora
a destruição significativa da flora: Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as
Pena - reclusão de um a quatro anos e multa. penas serão aumentadas:
§ 1º Se o crime é culposo: I. De um sexto a um terço, se resultar dano irre-
versível à flora ou ao meio ambiente em geral.
Pena - detenção de seis meses a um ano e multa.
II. De um terço até a metade, se resultar lesão corpo-
Hipóteses Qualificadoras ral de natureza grave em outrem.
§ 2º Se o crime: III. Até o dobro, se resultar a morte de outrem.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
I. Tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo
a ocupação humana. somente serão aplicadas se do fato não resultar crime
II. Causar poluição atmosférica que provoque a re- mais grave.
tirada, ainda que momentânea, dos habitantes das Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer
áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde funcionar, em qualquer parte do território nacional, es-
da população. tabelecimentos, obras ou serviços potencialmente polui-
III. Causar poluição hídrica que torne necessária a dores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais
interrupção do abastecimento público de água de competentes, ou contrariando as normas legais e regu-
uma comunidade. lamentares pertinentes:
IV. Dificultar ou impedir o uso público das praias. Pena - detenção de um a seis meses ou multa, ou am-
V. Ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, bas as penas cumulativamente.
líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substân- Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que
cias oleosas, em desacordo com as exigências esta- possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna,
belecidas em leis ou regulamentos: à flora ou aos ecossistemas: 235
Pena - reclusão de um a cinco anos. Pena - reclusão de um a quatro anos e multa.
Dos Crimes contra o Ordenamen- Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
236 meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
to Urbano e o Patrimônio Cultural
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: ANOTAÇÕES
I. Bem especialmente protegido por lei, ato admin-
istrativo ou decisão judicial.
II. Arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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dependências. Federal.
▷ Dispensa de contratação de vigilantes, caso isso O estabelecimento financeiro que infringir disposição de-
inviabilize economicamente a existência do estabe- sta lei ficará sujeito a penalidades, cuja aplicação levará em
lecimento. conta:
Os processos administrativos em curso, no âmbito do ▷ A gravidade da infração.
Departamento de Polícia Federal, observarão os requisitos ▷ A reincidência.
próprios de segurança para as cooperativas singulares de
crédito e suas dependências. ▷ A condição econômica do infrator.
O sistema de segurança acima referido inclui: Penalidades:
▷ Pessoas adequadamente preparadas, assim chama- ▷ Advertência.
das vigilantes. ▷ Multa, de mil a vinte mil Ufirs.
▷ Alarme capaz de permitir, com segurança, comuni- ▷ Interdição do estabelecimento.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
cação entre o estabelecimento financeiro e outro da Nenhuma sociedade seguradora poderá emitir, em favor
mesma instituição, empresa de vigilância ou órgão de estabelecimentos financeiros, apólice de seguros que inclua
policial mais próximo. cobertura garantindo riscos de roubo e furto qualificado de
▷ Pelo menos mais um dos seguintes dispositivos: numerário e outros valores, sem comprovação de cumprimen-
▷ Equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens to, pelo segurado, das exigências previstas nesta Lei.
que possibilitem a identificação dos assaltantes. As apólices com infringência dessas exigências não terão
▷ Artefatos que retardem a ação dos criminosos, per- cobertura de resseguros pelo Instituto de Resseguros do Brasil.
mitindo sua perseguição, identificação ou captura. Nos seguros contra roubo e furto qualificado de estabe-
▷ Cabina blindada com permanência ininterrupta de lecimentos financeiros, serão concedidos descontos sobre os
vigilante durante o expediente para o público e en- prêmios aos segurados que possuírem, além dos requisitos
quanto houver movimentação de numerário no inte- mínimos de segurança, outros meios de proteção previstos
rior do estabelecimento. nesta Lei, na forma de seu regulamento.
A vigilância ostensiva e o transporte de valores serão ex- São considerados como segurança privada as atividades 237
ecutados: desenvolvidas em prestação de serviços com a finalidade de:
▷ Proceder à vigilância patrimonial das instituições fi- É assegurado ao vigilante:
238 nanceiras e de outros estabelecimentos, públicos ou ▷ Uniforme especial às expensas da empresa a que se
privados, bem como a segurança de pessoas físicas. vincular.
▷ Realizar o transporte de valores ou garantir o trans- ▷ Porte de arma, quando em serviço.
porte de qualquer outro tipo de carga. ▷ Prisão especial por ato decorrente do serviço.
Os serviços de vigilância e de transporte de valores poderão ▷ Seguro de vida em grupo, feito pela empresa em-
ser executados por uma mesma empresa. pregadora.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
As empresas especializadas em prestação de serviços de Cabe ao Ministério da Justiça, por intermédio do seu ór-
segurança, vigilância e transporte de valores, constituídas sob a gão competente ou mediante convênio com as Secretarias de
forma de empresas privadas, além das hipóteses acima previs- Segurança Pública dos Estados e Distrito Federal:
tas, poderão se prestar ao exercício das atividades de segurança Conceder autorização para o funcionamento (essa com-
privada: petência não pode ser objeto de convênio):
▷ A pessoas. » Das empresas especializadas em serviços de
▷ A estabelecimentos comerciais, industriais, de vigilância.
prestação de serviços e residências. » Das empresas especializadas em transporte de
▷ A entidades sem fins lucrativos. valores.
▷ A órgãos e empresas públicas. » Dos cursos de formação de vigilantes.
Serão regidas por esta lei, pelos regulamentos dela decor- ▷ Fiscalizar as empresas e os cursos acima mencionados.
rentes e pelas disposições da legislação civil, comercial, tra- ▷ Aplicar penalidades administrativas a essas empre-
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ANOTAÇÕES
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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
239
240
16. Lei nº 6.815/1980 A reciprocidade, em todos os casos, estabelecida mediante
acordo internacional, observará o prazo de estada do turista
Estatuto do Estrangeiro fixado nesta Lei.
O prazo de validade do visto de turista será de até cinco
anos, fixado pelo Ministério das Relações Exteriores, dentro de
Vistos critérios de reciprocidade, e proporcionará múltiplas entradas
O estatuto do estrangeiro define a situação jurídica do no País, com estadas não excedentes a noventa dias, pror-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
estrangeiro no Brasil, que poderá, em tempo de paz, satis- rogáveis por igual período, totalizando o máximo de cento e
feitas as condições dessa lei, entrar e permanecer no Brasil e oitenta dias por ano.
dele sair, resguardados os interesses nacionais. Para tanto, é
É vedada a conversão do visto de turista em permanente.
necessário que o estrangeiro disponha de algum tipo de visto
em seu passaporte, a depender da finalidade da entrada no Temporário
território nacional: O visto temporário poderá ser concedido ao estrangeiro
que pretenda vir ao Brasil:
Espécies de Vistos ▷ Em viagem cultural ou em missão de estudos.
ї Frase bizu: TEM TANTO TEMPO PARA COMER DEPOIS ▷ Em viagem de negócios, pelo prazo de até 90 dias.
▷ Na condição de artista ou desportista, pelo prazo de
até 90 dias.
Trânsito
▷ na condição de cientista, pesquisador, professor,
Diplomático Turista técnico ou profissional de outra categoria, sob re-
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Oficial Impedimentos
São destinados a autoridades estrangeiras e de organis- O visto concedido pela autoridade consular configura mera
mos internacionais, que sejam enviados oficialmente ao Brasil, expectativa de direito, podendo a entrada, a estada ou o regis-
sem caráter diplomático. tro do estrangeiro ser obstado, ocorrendo qualquer dos casos
O visto oficial poderá ser transformado em visto tem- de vedações de visto, ou a inconveniência de sua presença no
porário ou permanente. No entanto, cessarão todas as prer- território nacional, a critério do Ministério da Justiça.
rogativas, privilégios e imunidades decorrentes desse visto. O estrangeiro que se tiver retirado do País sem recolher a
Diplomático multa devida, em virtude desta Lei, não poderá reentrar sem
Será concedido a autoridades com status diplomático. efetuar o seu pagamento, acrescido de correção monetária.
O impedimento de qualquer dos integrantes da família
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A transformação do visto diplomático em temporário ou
permanente importará na cessação de todas as prerrogativas, PODERÁ estender-se a todo o grupo familiar.
privilégios e imunidades decorrentes desse vistos. A empresa transportadora responde, a qualquer tempo,
O titular de quaisquer dos vistos de trânsito, turista, tem- pela saída do clandestino e do impedido.
porário e permanente, poderá ter os mesmos transformados Na impossibilidade da saída imediata do impedido ou
para oficial ou diplomático. do clandestino, o Ministério da Justiça poderá permitir a sua
O portador de visto de cortesia, oficial ou diplomático só po- entrada condicional, mediante termo de responsabilidade, fir-
derá exercer atividade remunerada em favor do Estado estran- mado pelo representante da empresa transportadora, que lhe
geiro, organização ou agência internacional, de caráter intergo- assegure a manutenção, fixados o prazo de estada e o local em
vernamental a cujo serviço se encontre no País, ou do Governo que deva permanecer o impedido, ficando o clandestino cus-
ou de entidade brasileiros, mediante instrumento internacional todiado pelo prazo máximo de 30 (trinta) dias, prorrogáveis
firmado com outro Governo que encerre cláusula específica so- por igual período.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
bre o assunto.
O serviçal com visto de cortesia só poderá exercer ativida- O Asilado
de remunerada a serviço particular de titular de visto de corte- O estrangeiro admitido no território nacional, na condição
sia, oficial ou diplomático. de asilado político, ficará sujeito, além dos deveres que lhe
forem impostos pelo Direito Internacional, a cumprir as dis-
Bens no Brasil posições da legislação vigente e as que o Governo brasileiro
A posse ou a propriedade de bens no Brasil não confere lhe fixar.
ao estrangeiro o direito de obter visto de qualquer natureza,
O asilado não poderá sair do País sem prévia autorização
ou autorização de permanência no território nacional. Poderá,
do Governo brasileiro.
no entanto, diminuir o requisito temporal para naturalização.
A inobservância do disposto neste artigo importará na
Vedações de Visto renúncia ao asilo e impedirá o reingresso nessa condição.
Menor de 18 (dezoito) anos, desacompanhado do re-
sponsável legal ou sem a sua autorização expressa. Deportação
Considerado nocivo à ordem pública ou aos interesses na- A deportação é o instituto pelo qual o estrangeiro é reti- 241
cionais. rado do Brasil compulsoriamente, por entrar ou permanecer
no país de maneira irregular e não se propuser a sair volun- Inquérito
242 tariamente em prazo fixado em regulamento. A deportação
Compete ao Ministro da Justiça, de ofício ou acolhendo so-
é um procedimento administrativo e, por esse motivo, não
licitação fundamentada, determinar a instauração de inquérito
passa pelo judiciário. para a expulsão do estrangeiro.
O estrangeiro será deportado para o país da nacionalidade O Ministro da Justiça, recebidos os documentos necessári-
ou procedência do estrangeiro, ou para outro que consinta em os, determinará a instauração de inquérito para a expulsão do
recebê-lo.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
estrangeiro.
Não sendo apurada a responsabilidade do transportador Os órgãos do Ministério Público remeterão ao Ministério da
pelas despesas com a retirada do estrangeiro, nem podendo Justiça, de ofício, até trinta dias após o trânsito em julgado,
este ou terceiro por ela responder, serão as mesmas custeadas cópia da sentença condenatória de estrangeiro, autor de crime
pelo Tesouro Nacional. doloso ou de qualquer crime contra a segurança nacional, a
Prisão Administrativa: O estrangeiro, enquanto não se ordem política ou social, a economia popular, a moralidade ou
efetivar a deportação, poderá ser recolhido à prisão por ordem a saúde pública, assim como da folha de antecedentes penais
do Ministro da Justiça, pelo prazo de sessenta dias, podendo constantes dos autos.
ser prorrogada por igual período, sempre que não puder se Nos casos de infração contra a segurança nacional, a or-
determinar a identidade do estrangeiro. Terminado o prazo, dem política ou social e a economia popular, assim como nos
ele será posto em liberdade, observando a liberdade vigiada. casos de comércio, posse ou facilitação de uso indevido de
(60 dias + 60 dias = 120 dias). substância entorpecente ou que determine dependência físi-
Reingresso: O deportado só poderá reingressar no ter- ca ou psíquica, ou de desrespeito à proibição, especialmente
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ritório nacional se ressarcir o Tesouro Nacional, com correção prevista em lei para estrangeiro, o inquérito será sumário e não
monetária, das despesas com a sua deportação e efetuar, se excederá o prazo de 15 dias, dentro do qual fica assegurado ao
for o caso, o pagamento da multa devida à época, também expulsando o direito de defesa.
corrigida. Prisão Cautelar
Não sendo exequível a deportação ou quando existirem O Ministro da Justiça, a qualquer tempo, poderá determi-
indícios sérios de periculosidade ou indesejabilidade do es- nar a prisão, por 90 (noventa) dias, do estrangeiro submetido
trangeiro, proceder-se-á à sua expulsão. a processo de expulsão e, para concluir o inquérito ou assegu-
Não se procederá à deportação, se implicar em extradição rar a execução da medida, prorrogá-la por igual prazo.
inadmitida pela lei brasileira. Em caso de medida interposta junto ao Poder Judiciário
que suspenda, provisoriamente, a efetivação do ato expulsório,
Expulsão o prazo de prisão de que trata a parte final do caput deste ar-
A expulsão é ato exclusivo do Presidente da República e tigo ficará interrompido, até a decisão definitiva do Tribunal a
se dará mediante Decreto. que estiver submetido o feito.
Caberá exclusivamente ao Presidente da República resolv- Após o término da prisão, o estrangeiro será colocado em
er sobre a conveniência e a oportunidade da expulsão ou de liberdade vigiada.
sua revogação. Prisão Administrativa: Descumprida qualquer das normas
A medida expulsória ou a sua revogação far-se-á por de- fixadas de conformidade com o disposto na liberdade vigiada
creto. ou as normas estabelecidas pelo Ministro da Justiça, este, a
É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer qualquer tempo, poderá determinar a prisão administrativa do
forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política estrangeiro, cujo prazo não excederá a 90 (noventa) dias.
ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia Vedações à Expulsão
popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e
ї Não se procederá à expulsão:
aos interesses nacionais.
Se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira.
É passível, também, de expulsão o estrangeiro que:
Quando o estrangeiro tiver:
▷ Praticar fraude, a fim de obter a sua entrada ou per-
▷ Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou
manência no Brasil.
separado, de fato ou de direito, e desde que o casa-
▷ Havendo entrado no território nacional, com in- mento tenha sido celebrado há mais de 5 (cinco)
fração à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for anos; ou
determinado para fazê-lo, não sendo aconselhável a ▷ Filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob
deportação. sua guarda e dele dependa economicamente.
▷ Entregar-se à vadiagem ou à mendicância. Não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o
▷ Desrespeitar proibição especialmente prevista em reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato que
lei para estrangeiro. o motivar.
Desde que conveniente ao interesse nacional, a expulsão Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação,
do estrangeiro poderá efetivar-se, ainda que haja processo ou de fato ou de direito, a expulsão poderá efetivar-se a qualquer
tenha ocorrido condenação. tempo.
Extradição preferência de que trata este artigo.
A extradição será requerida por via diplomática ou, na falta
Extradição é o ato pelo qual um país soberano entrega a
de agente diplomático do Estado que a requiser, diretamente
outro um estrangeiro ou um cidadão naturalizado, para que lá
de Governo a Governo, devendo o pedido ser instruído com
responda pelos ilícitos praticados.
a cópia autêntica ou a certidão da sentença condenatória, da
Vedações a Extradição de pronúncia ou da que decretar a prisão preventiva, proferi-
da por Juiz ou autoridade competente. Esse documento ou
ї Não se concederá a extradição quando:
qualquer outro que se juntar ao pedido conterá indicações
Tratar-se de brasileiro, salvo se a aquisição dessa nacional- precisas sobre o local, data, natureza e circunstâncias do fato
idade verificar-se após o fato que motivar o pedido. criminoso, identidade do extraditando, e, ainda, cópia dos tex-
O fato que motivar o pedido não for considerado crime no tos legais sobre o crime, a pena e sua prescrição.
Brasil ou no Estado requerente, TEORIA DA DUPLA INCRIMI- O encaminhamento do pedido por via diplomática confere
NAÇÃO. autenticidade aos documentos.
O Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o Não havendo tratado que disponha em contrário, os docu-
crime imputado ao extraditando. mentos indicados neste artigo serão acompanhados de versão
A lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual ou oficialmente feita para o idioma português no Estado requer-
inferior a 1 (um) ano. ente.
O extraditando estiver a responder a processo ou já houver O Ministério das Relações Exteriores remeterá o pedido ao
sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em Ministério da Justiça, que ordenará a prisão do extraditando
que se fundar o pedido. colocando-o à disposição do Supremo Tribunal Federal.
Estiver extinta a punibilidade pela prescrição, segundo a Em caso de urgência, poderá ser ordenada a prisão pre-
lei brasileira ou a do Estado requerente. ventiva do extraditando desde que pedida, em termos hábeis,
O fato constituir crime político. qualquer que seja o meio de comunicação, por autoridade
O extraditando houver de responder, no Estado requer- competente, agente diplomático ou consular do Estado re-
ente, perante Tribunal ou Juízo de exceção. querente.
A exceção do item 7, não impedirá a extradição quando o O pedido, que noticiará o crime cometido, deverá funda-
fato constituir, principalmente, infração da lei penal comum, mentar-se em sentença condenatória, auto de prisão em fla-
ou quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir grante, mandado de prisão, ou, ainda, em fuga do indiciado.
o fato principal. Efetivada a prisão, o Estado requerente deverá formalizar
Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal, a o pedido em noventa dias.
apreciação do caráter da infração. A prisão, com base neste artigo (Art. 82), não será mantida
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O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de consider- além do prazo referido no parágrafo anterior, nem se admitirá
ar crimes políticos os atentados contra Chefes de Estado ou novo pedido pelo mesmo fato, sem que a extradição haja sido
quaisquer autoridades, bem assim os atos de anarquismo, ter- formalmente requerida.
rorismo, sabotagem, sequestro de pessoa, ou que importem Nenhuma extradição será concedida sem prévio pronun-
propaganda de guerra ou de processos violentos para subvert- ciamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal sobre sua
er a ordem política ou social. legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão.
O Governo poderá entregar o extraditando, ainda que re- Efetivada a prisão do extraditando, o pedido será encamin-
sponda a processo ou esteja condenado por contravenção. hado ao Supremo Tribunal Federal.
Súm. 421, STF: Não impede a extradição a circunstân- A prisão perdurará até o julgamento final do Supremo
cia de ser o extraditado casado com brasileira ou ter Tribunal Federal, não sendo admitidas a liberdade vigiada, a
filho brasileiro. prisão domiciliar, nem a prisão albergue.
Quando mais de um Estado requerer a extradição da
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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Art. 106. É vedado ao estrangeiro:
III. Organizar desfiles, passeatas, comícios e re-
I. Ser proprietário, armador ou comandante de
uniões de qualquer natureza, ou deles participar,
navio nacional, inclusive nos serviços de navegação
com os fins a que se referem os itens I e II deste
fluvial e lacustre.
artigo.
II. Ser proprietário de empresa jornalística de
qualquer espécie, e de empresas de televisão e de O disposto anteriormente não se aplica ao português ben-
radiodifusão, sócio ou acionista de sociedade pro- eficiário do Estatuto da Igualdade, ao qual tiver sido reconhe-
prietária dessas empresas. cido o gozo de direitos políticos.
III. Ser responsável, orientador intelectual ou ad- É lícito aos estrangeiros associarem-se para fins culturais, re-
ministrativo das empresas mencionadas no item ligiosos, recreativos, beneficentes ou de assistência, filiarem-se a
anterior. clubes sociais e desportivos, e a quaisquer outras entidades com
IV. Obter concessão ou autorização para a pesqui- iguais fins, bem como participarem de reunião comemorativa de
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
sa, prospecção, exploração e aproveitamento das datas nacionais ou acontecimentos de significação patriótica.
jazidas, minas e demais recursos minerais e dos As entidades mencionadas, se constituídas de mais da
potenciais de energia hidráulica. metade de associados estrangeiros, somente poderão funcio-
V. Ser proprietário ou explorador de aeronave bra- nar mediante autorização do Ministro da Justiça.
sileira, ressalvado o disposto na legislação específica. A entidade que houver obtido registro mediante falsa
VI. Ser corretor de navios, de fundos públicos, leiloe- declaração de seus fins ou que, depois de registrada, passar
iro e despachante aduaneiro. a exercer atividades proibidas, ilícitas, terá sumariamente
VII. Participar da administração ou representação cassada a autorização a que se refere o parágrafo único, do
de sindicato ou associação profissional, bem como artigo 108, e o seu funcionamento será suspenso por ato do
de entidade fiscalizadora do exercício de profissão Ministro da Justiça, até o final do julgamento do processo de
regulamentada. dissolução, a ser instaurado imediatamente.
VIII. Ser prático de barras, portos, rios, lagos e canais. O Ministro da Justiça poderá, sempre que considerar con-
IX. Possuir, manter ou operar, mesmo como ama- veniente aos interesses nacionais, impedir a realização, por
dor, aparelho de radiodifusão, de radiotelegrafia e estrangeiros, de conferências, congressos e exibições artísticas 245
similar, salvo reciprocidade de tratamento. ou folclóricas.
Naturalização Furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores,
246 transportadas em operação interestadual ou internacional, quan-
A concessão da naturalização é faculdade exclusiva do
Poder Executivo e far-se-á mediante Portaria Do Ministro da do houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de
Justiça. um Estado da Federação.
Esta lei regulamenta o inciso I do § 1 do Art. 144 da Con-
Condições de Naturalização
stituição Federal que trata das infrações com repercussão in-
Capacidade civil, segundo a lei brasileira (Código Civil).
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
O prazo de residência fixa de 04 anos para a concessão do houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de
da naturalização poderá ser reduzido se o naturalizando um Estado da Federação.
preencher quaisquer das seguintes condições:
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto
Ter filho ou cônjuge brasileiro (um ano).
destinado a fins terapêuticos ou medicinais e venda, inclusive
Ser filho de brasileiro (um ano).
pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado,
Haver prestado ou poder prestar serviços relevantes ao
Brasil, a juízo do Ministro da Justiça (um ano). corrompido, adulterado ou alterado .
Recomendar-se por sua capacidade profissional, científica Furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, in-
ou artística (dois anos). cluindo agências bancárias ou caixas eletrônicos, quando
Ser proprietário, no Brasil, de bem imóvel, cujo valor seja ig- houver indícios da atuação de associação criminosa em mais
ual, pelo menos, a mil vezes o Maior Valor de Referência; ou ser de um Estado da Federação.
industrial que disponha de fundos de igual valor; ou possuir cota
ou ações integralizadas de montante, no mínimo, idêntico, em Atendidos os pressupostos do caput, o Departamento de
sociedade comercial ou civil, destinada, principal e permanen- Polícia Federal procederá à apuração de outros casos, desde
temente, à exploração de atividade industrial ou agrícola (três que tal providência seja autorizada ou determinada pelo Mi-
anos). nistro de Estado da Justiça.
Entrega do Certificado de Naturalização
Publicada no Diário Oficial a portaria de naturalização, será 18. Lei nº 10.357/2001
arquivada no órgão competente do Ministério da Justiça, que
emitirá certificado relativo a cada naturalizando, o qual será Normas de Controle de Fiscalização
solenemente entregue, na forma fixada em Regulamento, pelo
Juiz Federal da cidade onde tenha domicílio o interessado. Sobre Produtos Químicos
17. Lei nº 10.446/2002 Infrações Pe- Esta lei estabelece normas de controle e de fiscalização
sobre produtos químicos que, direta ou indiretamente, pos-
nais que Exijam Repressão Uniforme sam ser destinados ou utilizados como insumo na elaboração
Esta lei regulamenta o inciso I do § 1 do Art. 144 da Con- ilícita de substâncias entorpecentes, psicotrópicas ou que de-
stituição Federal que trata das infrações com repercussão in- terminem dependência física ou psíquica ou que possam ser
terestadual ou internacional, que exijam repressão uniforme. utilizados como insumo.
A atribuição para as investigações será da POLÍCIA FEDER- Produto químico: são as substâncias químicas e as formu-
AL, sem prejuízo das atribuições dos outros órgãos de segurança lações que a contenham, nas concentrações estabelecidas em
(poderão investigar em conjunto):
portaria, em qualquer estado físico, independentemente do
ї Infrações:
nome-fantasia dado ao produto e do uso lícito a que se destina.
Sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro.
Formação de cartel. O Ministério da Justiça definirá em portaria quais as sub-
Relativas à violação a direitos humanos, que a República stâncias serão consideradas como produtos químicos, para
Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir. efeito desta lei.
ї Alterações da Portaria
Fornecer ao DPF
informações sobre suas
operações
Departamento de
Polícia Federal Arquivar as informa-
ções pelo prazo de 05
Secretaria Nacional Ministério da anos
Antidrogas Justiça Pessoa Física
ou Jurídica Comunicação, em 30
dias, da suspensão ou
Agência Nacional mudança de atividade
de Vigilância Sani-
tária
Informar ao DPF, no
prazo de 24 horas, qual-
quer suspeita de desvio
Art. 2º da Lei nº 10.357/01: O Ministro de Estado da
de produtos químicos
Justiça, de ofício ou em razão de proposta do Departa-
Infrações Administrativas
mento de Polícia Federal, da Secretaria Nacional Anti-
ї Constitui infração administrativa:
drogas ou da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Deixar de cadastrar-se ou licenciar-se no prazo legal.
Deixar de comunicar ao Departamento de Polícia Federal,
definirá, em portaria, os produtos químicos a serem no prazo de 30 dias, qualquer alteração cadastral ou estatutária
a partir da data do ato aditivo, bem como a suspensão ou mu-
controlados e, quando necessário, promoverá sua at- dança de atividade sujeita a controle e fiscalização.
Omitir as informações a que se refere o art. 8º desta Lei, ou
ualização, excluindo ou incluindo produtos, bem como prestá-las com dados incompletos ou inexatos.
estabelecerá os critérios e as formas de controle. Deixar de apresentar ao órgão fiscalizador, quando solic-
itado, notas fiscais, manifestos e outros documentos de con-
Competências do Departamento de Polícia Federal trole.
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Exercer qualquer das atividades sujeitas a controle e fiscal-
ização, sem a devida Licença de Funcionamento ou Autorização
Controle e fiscalização
Especial do órgão competente.
dos produtos químicos
Exercer atividade sujeita a controle e fiscalização com pes-
Aplicação das sanções soa física ou jurídica não autorizada ou em situação irregular,
administrativas nos termos desta Lei.
Deixar de informar qualquer suspeita de desvio de produto
Cadastramento e químico controlado, para fins ilícitos.
emissão de licença de Importar, exportar ou reexportar produto químico contro-
funcionamento lado, sem autorização prévia.
Departamen- Alterar a composição de produto químico controlado, sem
to de Polícia Caráter Eventual prévia comunicação ao órgão competente.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Deixar de licenciar-se
no prazo legal Os órgãos da admi-
Licença nistração pública direta
Exercer atividade sem federal, estadual e
licença municipal
Medidas Administrativas
As instituições públi-
O descumprimento das normas estabelecidas nesta Lei, Isenções cas de ensino, pesquisa
independentemente de responsabilidade penal, sujeitará os in- e saúde
fratores às seguintes medidas administrativas, aplicadas cumu-
lativa ou isoladamente: As entidades parti-
▷ Advertência formal. culares de caráter as-
sistencial, filantrópico,
▷ Apreensão do produto químico encontrado em situ-
sem fins lucrativos
ação irregular. Taxa de Controle
▷ Suspensão ou cancelamento de licença de funciona- A Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos
mento. é devida pela prática dos seguintes atos de controle e fiscal-
▷ Revogação da autorização especial. ização:
▷ Multa de R$ 2.128,20 (dois mil, cento e vinte e oito No valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) para:
▷ Emissão de Certificado de Registro Cadastral.
reais e vinte centavos) a R$ 1.064.100,00 (um mil-
▷ Emissão de segunda via de Certificado de Registro
hão, sessenta e quatro mil e cem reais).
Cadastral.
Na dosimetria da medida administrativa, serão consid- ▷ Alteração de Registro Cadastral.
eradas a situação econômica, a conduta do infrator, a rein- ▷ No valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para:
cidência, a natureza da infração, a quantidade dos produtos ▷ Emissão de Certificado de Licença de Funcionamento.
químicos encontrados em situação irregular e as circunstâncias ▷ Emissão de segunda via de Certificado de Licença de
em que ocorreram os fatos. Funcionamento.
A critério da autoridade competente, o recolhimento do ▷ Renovação de Licença de Funcionamento.
valor total da multa arbitrada poderá ser feito em até cinco No valor de R$ 50,00 (cinquenta reais) para:
▷ Emissão de Autorização Especial.
parcelas mensais e consecutivas.
▷ Emissão de segunda via de Autorização Especial.
Das sanções aplicadas, caberá recurso ao Diretor-Geral do
São isentos do pagamento da Taxa de Controle e Fiscali-
Departamento de Polícia Federal, na forma e no prazo estabe- zação de Produtos Químicos, sem prejuízo das demais obriga-
lecidos em regulamento. ções previstas nesta Lei.
I. Os órgãos da Administração Pública direta fede- cooperativas singulares de crédito e suas dependências que
ral, estadual e municipal. contemplem, entre outros, os seguintes procedimentos:
II. As instituições públicas de ensino, pesquisa e ▷ Dispensa de sistema de segurança para o estabe-
saúde. lecimento de cooperativa singular de crédito que
III. As entidades particulares de caráter assisten- se situe dentro de qualquer edificação que possua
cial, filantrópico e sem fins lucrativos que compro- estrutura de segurança instalada em conformidade
vem essa condição na forma da lei específica em com o Art. 2º desta Lei.
vigor. ▷ Necessidade de elaboração e aprovação de apenas
Autorização Especial R$ 50,00 um único plano de segurança por cooperativa singu-
lar de crédito, desde que detalhadas todas as suas
Taxa de Controle Registro Cadastral R$500,00
dependências.
Licença de Funcionamento R$ 1000,00 ▷ Dispensa de contratação de vigilantes, caso isso in-
Redução da Taxa de viabilize economicamente a existência do estabelec-
imento.
Controle e Fiscalização Os processos administrativos em curso no âmbito do De-
Empresa de pequeno porte 40% partamento de Polícia Federal observarão os requisitos própri-
Redução Filial de empresa já cadastrada 50%
os de segurança para as cooperativas singulares de crédito e
suas dependências.
Microempresa 70%
Bancos Oficiais ou Privados
A Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos será
recolhida nos prazos e nas condições estabelecidas em ato do De- Caixa Econômica
partamento de Polícia Federal. Estabelecimento
Sociedade Crédito
Financeiro
Os recursos relativos à cobrança da Taxa de Controle e Associações de Poupança
Fiscalização de Produtos Químicos, à aplicação de multa e à
alienação de produtos químicos previstas nesta Lei constituem Cooperativas Singulares de Crédito
receita do Fundo Nacional Antidrogas - FUNAD. ї Sistema de Segurança:
O Fundo Nacional Antidrogas destinará 80% dos recursos Vigilantes.
relativos à cobrança da Taxa, à aplicação de multa e à alienação Alarme capaz de permitir comunicação entre o estabelec-
de produtos químicos, referidos, ao Departamento de Polícia imento financeiro e outro da mesma instituição, empresa de
Federal, para o reaparelhamento e custeio das atividades de vigilância ou órgão policial mais próximo.
controle e fiscalização de produtos químicos e de repressão ao E mais um dos itens a seguir.
tráfico ilícito de drogas.
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▷ Equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens
19. Lei nº 7.102/1983 que possibilitem a identificação dos assaltantes.
▷ Artefatos que retardem a ação dos criminosos.
Segurança para Estabelecimentos ▷ Cabina blindada.
Art. 2º e 3º da Lei nº 7.102/83: O sistema de segurança
Financeiros referido no artigo anterior inclui pessoas adequada-
Esta lei trata da segurança para estabelecimento finan- mente preparadas, assim chamadas vigilantes; alarme
ceiro, seja a segurança feita pela própria empresa ou por em- capaz de permitir, com segurança, comunicação entre
presa particular. o estabelecimento financeiro e outro da mesma insti-
Todo estabelecimento financeiro, em que ou haja guarda tuição, empresa de vigilância ou órgão policial mais
de valores ou movimentação de numerários deverá ter siste- próximo; e, pelo menos, mais um dos seguintes dis-
positivos:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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▷ O fato investigado constituir infração penal punida, autorizados em lei. A pena é de reclusão, de dois a quatro
no máximo, com pena de detenção. anos, e multa.
Em qualquer hipótese, deve ser descrita com clareza a si- Esta Lei entrou em vigor na data de sua publicação (24 de
tuação objeto da investigação, inclusive com a indicação e a julho de 1996).
qualificação dos investigados (salvo impossibilidade manifes-
ta, devidamente justificada). ANOTAÇÕES
O pedido de interceptação de comunicação telefônica con-
terá a demonstração de que a sua realização é necessária à
apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem
empregados.
Excepcionalmente, o Juiz poderá admitir que o pedido
seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Essa matéria se encontra disciplinada no Código Eleitoral, No entanto, Barros (2013, p. 171), ao invés de duas classi-
nos Arts. 289 a 354. (SPITZCOVSKY, 2013.p. 235). ficações de crimes eleitorais, afirma que há duas espécies de
crimes eleitorais, os mesmos crimes eleitorais próprios (pre-
Como destinatários destas normas, surgem os agentes pú-
vistos na Legislação Eleitoral) e os crimes eleitorais impróprios
blicos, conforme a previsão do Art. 283, §§ 1º e 2º, do Código
(previstos na Legislação Eleitoral e também no Código Penal).
Eleitoral (SPITZCOVSKY, 2013.p. 235), que se confere a seguir:
Art. 283, § 1º Considera-se funcionário público, para os Tipos Previstos na Legislação Eleitoral
efeitos penais, além dos indicados no presente artigo, Os crimes eleitorais podem ser agrupados da seguinte forma:
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
exerce cargo, emprego ou função pública. Crimes Relativos à Formação do Corpo
§ 2º Equipara-se a funcionário público quem exerce Eleitoral (ou Crimes Eleitorais que Aten-
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal ou
em sociedade de economia mista. tam Contra o Alistamento Eleitoral)
Deve-se relembrar a possibilidade de aplicação subsidiária São aqueles que envolvem condutas que atentam contra a
das disposições contidas no Código Penal, a teor do art. 287 do lisura (honradez, boa-fé), no momento do alistamento eleitoral
Código Eleitoral (SPITZCOVSKY, 2013.p. 235), o qual se confere (SPITZCOVSKY, 2013, p. 236):
adiante: ▷ Vide Arts. 289 a 293, do Código Eleitoral:
Art. 287. Aplicam-se aos fatos incriminados nesta lei as Capítulo II - Dos Crimes Eleitorais
regras gerais do Código Penal.
Art. 289. Inscrever-se fraudulentamente eleitor:
Crimes Eleitorais Pena - Reclusão até cinco anos e pagamento de cinco
a 15 dias-multa.
Conceito de Crime Acórdão - TSE nº 15.177/1998: inscrição ou transferência.
ї A doutrina diverge sobre o conceito de crime, apre- Art. 290. Induzir alguém a se inscrever eleitor com in-
sentando as seguintes posições: fração de qualquer dispositivo deste Código.
▷ Crime é um fato típico e antijurídico, sendo a cul- Pena - Reclusão até 2 anos e pagamento de 15 a 30
pabilidade apenas um pressuposto de aplicação da dias-multa.
pena. Acórdão - TSE nº 68/2005: “induzir alguém” abrange as
▷ Crime é um fato típico, antijurídico, culpável e condutas de instigar, incitar ou auxiliar terceiro a alistar-se
punível. fraudulentamente, aproveitando-se de sua ingenuidade ou de
▷ Crime é um fato típico e culpável, estando a antiju- sua ignorância.
ridicidade ínsita ao próprio tipo. Art. 291. Efetuar o juiz, fraudulentamente, a inscrição
de alistando.
▷ Crime é um fato conglobalmente típico e antijurídico
Pena - Reclusão até 5 anos e pagamento de cinco a
(adoção da tipicidade conglobante ampla e recon- quinze dias-multa.
hecimento do princípio da insignificância como ex- Art. 292. Negar ou retardar a autoridade judiciária,
cludente de tipicidade material). sem fundamento legal, a inscrição requerida:
▷ Crime é um fato típico, antijurídico e culpável. Este Pena - Pagamento de 30 a 60 dias-multa.
é o conceito predominante na doutrina brasileira e Art. 293. Perturbar ou impedir de qualquer forma o
alienígena (estrangeira). (BARROS, 2013, p. 159). alistamento:
Pena - Detenção de 15 dias a seis meses ou pagamento Pena - pagamento de trinta a noventa dias-multa. (Re-
de 30 a 60 dias-multa. dação dada pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
▷ Vide Art. 91 da Lei nº 9.504/1997: Art. 346. Violar o disposto no Art. 377:
Art. 91. Nenhum requerimento de inscrição eleitoral Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 a
ou de transferência será recebido dentro dos cento e 60 dias-multa.
cinquenta dias anteriores à data da eleição.
Parágrafo único. A retenção de título eleitoral ou do Parágrafo único. Incorrerão na pena, além da au-
toridade responsável, os servidores que prestarem
comprovante de alistamento eleitoral constitui crime,
serviços e os candidatos, membros ou diretores de
punível com detenção, de um a três meses, com a alter-
partido que derem causa à infração.
nativa de prestação de serviços à comunidade por igual
período, e multa no valor de cinco mil a dez mil UFIR. Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou obediência
a diligências, ordens ou instruções da Justiça Eleitoral
Crimes que Atentam Contra o ou opor embaraços à sua execução:
Funcionamento do Serviço Eleitoral Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento
de 10 a 20 dias-multa.
Vide Arts. 296, 339 a 347, do Código Eleitoral:
▷ Vide Arts. 34, 70, 72, 87 e 94 da Lei nº 9.504/1997:
Art. 296. Promover desordem que prejudique os tra-
Art. 34. (VETADO)
balhos eleitorais;
Pena - Detenção até dois meses e pagamento de 60 a § 1º Mediante requerimento à Justiça Eleitoral, os parti-
90 dias-multa. dos poderão ter acesso ao sistema interno de controle,
verificação e fiscalização da coleta de dados das enti-
Art. 339 - Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo
dades que divulgaram pesquisas de opinião relativas
votos, ou documentos relativos à eleição:
às eleições, incluídos os referentes à identificação dos
Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 5 entrevistadores e, por meio de escolha livre e aleatória
a 15 dias-multa. de planilhas individuais, mapas ou equivalentes, con-
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário frontar e conferir os dados publicados, preservada a
da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se identidade dos respondentes.
do cargo, a pena é agravada. § 2º O não cumprimento do disposto neste artigo ou
Art. 340. Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer, qualquer ato que vise a retardar, impedir ou dificultar a
ainda que gratuitamente, subtrair ou guardar urnas, ação fiscalizadora dos partidos constitui crime, punível
objetos, mapas, cédulas ou papéis de uso exclusivo da com detenção, de seis meses a um ano, com a alterna-
Justiça Eleitoral: tiva de prestação de serviços à comunidade pelo mes-
Pena - reclusão até três anos e pagamento de 3 a 15 mo prazo, e multa no valor de dez mil a vinte mil UFIR.
dias-multa.
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§ 3º A comprovação de irregularidade nos dados pub-
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário licados sujeita os responsáveis às penas mencionadas
da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se no parágrafo anterior, sem prejuízo da obrigatoriedade
do cargo, a pena é agravada. da veiculação dos dados corretos no mesmo espaço,
Art. 341. Retardar a publicação ou não publicar, o di- local, horário, página, caracteres e outros elementos de
retor ou qualquer outro funcionário de órgão oficial destaque, de acordo com o veículo usado.
federal, estadual, ou municipal, as decisões, citações Art. 70. O Presidente de Junta Eleitoral que deixar de
ou intimações da Justiça Eleitoral: receber ou de mencionar em ata os protestos recebi-
Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a dos, ou ainda, impedir o exercício de fiscalização, pelos
60 dias-multa. partidos ou coligações, deverá ser imediatamente af-
Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério Público, astado, além de responder pelos crimes previstos na
no prazo legal, denúncia ou deixar de promover a ex- Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ecução de sentença condenatória: Art. 72. Constituem crimes, puníveis com reclusão, de
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 cinco a dez anos:
a 90 dias-multa. I. obter acesso a sistema de tratamento automático
Art. 343. Não cumprir o juiz o disposto no § 3º do Art. 357: de dados usado pelo serviço eleitoral, a fim de alter-
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 ar a apuração ou a contagem de votos;
a 90 dias-multa. II. desenvolver ou introduzir comando, instrução,
Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem ou programa de computador capaz de destruir,
justa causa: apagar, eliminar, alterar, gravar ou transmitir dado,
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90 instrução ou programa ou provocar qualquer outro
a 120 dias-multa. resultado diverso do esperado em sistema de trat-
Art. 345. Não cumprir a autoridade judiciária, ou amento automático de dados usados pelo serviço
qualquer funcionário dos órgãos da Justiça Eleitoral, eleitoral;
nos prazos legais, os deveres impostos por este Códi- III. causar, propositadamente, dano físico ao eq-
go, se a infração não estiver sujeita a outra penalidade: uipamento usado na votação ou na totalização de 253
(Redação dada pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966) votos ou a suas partes.
Art. 87. Na apuração, será garantido aos fiscais e delega- Crimes que atentam contra a formação e o funcionamento
254 dos dos partidos e coligações o direito de observar dire- dos partidos (ou crimes eleitorais que atentam contra o
tamente, a distância não superior a um metro da mesa, alistamento partidário)
a abertura da urna, a abertura e a contagem das cédulas A previsão desses crimes tem por objetivo fortalecer essas
e o preenchimento do boletim. agremiações políticas, impedindo que sejam elas utilizadas de
§ 1º O não atendimento ao disposto no caput enseja a forma ilegal por aqueles pretendentes a mandatos políticos.
impugnação do resultado da urna, desde que apresen- ▷ Vide Arts. 319 a 321, do Código Eleitoral:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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II. contra funcionário público, em razão de suas ao presente artigo importa na apreensão e perda do
funções; material utilizado na propaganda.
III. na presença de várias pessoas, ou por meio que Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela in-
fração de qualquer dos artigos. 322, 323, 324, 325,
facilite a divulgação da ofensa. 326,328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz ver-
Art. 328. Escrever, assinalar ou fazer pinturas em mur- ificar, de acordo com o seu livre convencionamento,
os, fachadas ou qualquer logradouro público, para fins se diretório local do partido, por qualquer dos seus
de propaganda eleitoral, empregando qualquer tipo membros, concorreu para a prática de delito, ou dela
de tinta, piche, cal ou produto semelhante: (Revogado se beneficiou conscientemente.
pela Lei nº 9.504, de 30.9.1997) Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao diretório
responsável pena de suspensão de sua atividade
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 40 eleitoral por prazo de 6 a 12 meses, agravada até o do-
a 90 dias-multa. (Revogado pela Lei nº 9.504, de bro nas reincidências.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
oridade do aviso, o direito contra quem tencione usar o ou materiais que possam proporcionar vantagem ao
local no mesmo dia e horário. eleitor. (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006)
§ 2º A autoridade policial tomará as providências § 7º É proibida a realização de showmício e de evento
necessárias à garantia da realização do ato e ao fun- assemelhado para promoção de candidatos, bem como
cionamento do tráfego e dos serviços públicos que o a apresentação, remunerada ou não, de artistas com a fi-
evento possa afetar. nalidade de animar comício e reunião eleitoral. (Incluído
§ 3º O funcionamento de alto-falantes ou amplifica- pela Lei nº 11.300, de 2006)
dores de som, ressalvada a hipótese contemplada no § 8º É vedada a propaganda eleitoral mediante out-
parágrafo seguinte, somente é permitido entre as oito doors, sujeitando-se a empresa responsável, os partidos,
e as vinte e duas horas, sendo vedados a instalação e coligações e candidatos à imediata retirada da propa-
o uso daqueles equipamentos em distância inferior a ganda irregular e ao pagamento de multa no valor de
duzentos metros: 5.000 (cinco mil) a 15.000 (quinze mil) UFIRs. (Incluído
I. das sedes dos Poderes Executivo e Legislativo da pela Lei nº 11.300, de 2006)
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União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- § 8º É vedada a propaganda eleitoral mediante out-
nicípios, das sedes dos Tribunais Judiciais, e dos doors, inclusive eletrônicos, sujeitando-se a empresa
quartéis e outros estabelecimentos militares; responsável, os partidos, as coligações e os candidatos
à imediata retirada da propaganda irregular e ao pa-
II. dos hospitais e casas de saúde;
gamento de multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
III. das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e te- reais) a R$ 15.000,00 (quinze mil reais). (Redação dada
atros, quando em funcionamento. pela Lei nº 12.891, de 2013)
§ 4º A realização de comícios é permitida no horário § 9º Até as vinte e duas horas do dia que antecede a
compreendido entre as oito e as vinte e quatro horas. eleição, serão permitidos distribuição de material gráf-
§ 4º A realização de comícios e a utilização de aparel- ico, caminhada, carreata, passeata ou carro de som que
hagem de sonorização fixa são permitidas no horário transite pela cidade divulgando jingles ou mensagens
compreendido entre as 8 (oito) e as 24 (vinte e quatro) de candidatos. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
horas. (Redação dada pela Lei nº 11.300, de 2006) § 10. Fica vedada a utilização de trios elétricos em
§ 4º A realização de comícios e a utilização de aparel- campanhas eleitorais, exceto para a sonorização de
hagens de sonorização fixas são permitidas no horário comícios. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
compreendido entre as 8 (oito) e as 24 (vinte e quatro) § 11. É permitida a circulação de carros de som e mini-
horas, com exceção do comício de encerramento da trios como meio de propaganda eleitoral, desde que
campanha, que poderá ser prorrogado por mais 2 (duas) observado o limite de 80 (oitenta) decibéis de nível de
horas. (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013) pressão sonora, medido a 7 (sete) metros de distância
§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis do veículo, e respeitadas as vedações previstas no § 3º
com detenção, de seis meses a um ano, com a alter- deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)
nativa de prestação de serviços à comunidade pelo § 12. Para efeitos desta Lei, considera-se: (Incluído pela
mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze Lei nº 12.891, de 2013)
mil UFIR: I. carro de som: veículo automotor que usa equi-
I. o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou pamento de som com potência nominal de am-
a promoção de comício ou carreata; plificação de, no máximo, 10.000 (dez mil) watts;
II. a distribuição de material de propaganda política, (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)
inclusive volantes e outros impressos, ou a prática II. minitrio: veículo automotor que usa equipamento
de aliciamento, coação ou manifestação tendentes de som com potência nominal de amplificação maior
a influir na vontade do eleitor. que 10.000 (dez mil) watts e até 20.000 (vinte mil)
II. a arregimentação de eleitor ou a propagan- watts; (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)
da de boca de urna; (Redação dada pela Lei nº III. trio elétrico: veículo automotor que usa equi-
11.300, de 2006) pamento de som com potência nominal de ampli-
III. a divulgação de qualquer espécie de propa- ficação maior que 20.000 (vinte mil) watts. (Incluí-
ganda de partidos políticos ou de seus candidatos, do pela Lei nº 12.891, de 2013)
mediante publicações, cartazes, camisas, bonés, Art. 40. O uso, na propaganda eleitoral, de símbolos,
broches ou dísticos em vestuário. (Incluído pela Lei frases ou imagens, associadas ou semelhantes às em-
nº 11.300, de 2006) pregadas por órgão de governo, empresa pública ou so-
ciedade de economia mista constitui crime, punível com Art. 310. Praticar, ou permitir membro da mesa recep-
detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de tora que seja praticada, qualquer irregularidade que de-
prestação de serviços à comunidade pelo mesmo perío- termine a anulação de votação, salvo no caso do Art. 311:
do, e multa no valor de dez mil a vinte mil UFIR. Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90
Crimes que atentam contra a 120 dias-multa.
o livre exercício do voto Art. 311. Votar em seção eleitoral em que não está in-
scrito, salvo nos casos expressamente previstos, e per-
▷ Vide Arts. 295, 297, 302 e 309, do Código Eleitoral: mitir, o presidente da mesa receptora, que o voto seja
Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do admitido:
eleitor: Pena - detenção até um mês ou pagamento de 5 a 15
Pena - Detenção até dois meses ou pagamento de 30 dias-multa para o eleitor e de 20 a 30 dias-multa para
a 60 dias-multa. o presidente da mesa.
Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio: ▷ Vide art. 68, da Lei nº 9.504/1997:
Pena - Detenção até seis meses e pagamento de 60 a Art. 68. O boletim de urna, segundo modelo aprovado
100 dias-multa. pelo Tribunal Superior Eleitoral, conterá os nomes e os
Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de números dos candidatos nela votados.
impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto, a § 1º O Presidente da Mesa Receptora é obrigado a
concentração de eleitores, sob qualquer forma, inclu- entregar cópia do boletim de urna aos partidos e coli-
sive o fornecimento gratuito de alimento e transporte gações concorrentes ao pleito cujos representantes o
coletivo: (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.064, de requeiram até uma hora após a expedição.
24.10.1969) § 2º O descumprimento do disposto no parágrafo an-
terior constitui crime, punível com detenção, de um a
Pena - reclusão de quatro (4) a seis (6) anos e paga-
três meses, com a alternativa de prestação de serviço à
mento de 200 a 300 dias-multa. ((Redação dada pelo comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de
Decreto-Lei nº 1.064, de 24.10.1969) um mil a cinco mil UFIR.
Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em Crimes eleitorais que atentam
lugar de outrem: contra a lei das inelegibilidades
Pena - reclusão até três anos. ▷ Vide Art. 25, da Lei Complementar nº 64/1990:
Crimes que atentam contra o sigilo da votação Art. 25. Constitui crime eleitoral a arguição de ineleg-
▷ Vide Arts. 307, 308, 312 e 317, do Código Eleitoral: ibilidade, ou a impugnação de registro de candidato
Art. 307. Fornecer ao eleitor cédula oficial já assinalada feito por interferência do poder econômico, desvio ou
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ou por qualquer forma marcada: abuso do poder de autoridade, deduzida de forma te-
merária ou de manifesta má-fé:
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15
dias-multa. Pena: detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa de 20 (vinte) a 50 (cinquenta) vezes o valor do
Art. 308. Rubricar e fornecer a cédula oficial em out- Bônus do Tesouro Nacional (BTN) e, no caso de sua ex-
ra oportunidade que não a de entrega da mesma ao tinção, de título público que o substitua.
eleitor. Crimes contra a honra em matéria eleitoral
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 60 a Representam exemplo clássico de crimes impróprios, eis
90 dias-multa. que apresentam desdobramento tanto na área eleitoral, quan-
Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto: to na área penal. (SPITZCOVSKY, 2013.p. 237).
Pena - detenção até dois anos. Prática de calúnia, injúria ou difamação, conforme os arts.
324 a 326, do Código Eleitoral, que se confere a seguir:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se Esses crimes foram relacionados para assegurar a le-
admite se ofendido é funcionário público e a ofensa é gitimidade das eleições. (SPITZCOVSKY, 2013.p. 237).
relativa ao exercício de suas funções. Ex.: Alteração de mapas e boletins eleitorais, consoante
Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou art. 315, do Código Eleitoral:
visando a fins de propaganda, ofendendo-lhe a digni- Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de apu-
dade ou o decoro: ração a votação obtida por qualquer candidato ou
Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30 lançar nesses documentos votação que não correspon-
a 60 dias-multa. da às cédulas apuradas:
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15
I. se o ofendido, de forma reprovável, provocou di- dias-multa.
retamente a injúria; ▷ Devassar o sigilo da urna, conforme Art. 317, do
II. no caso de retorsão imediata, que consista em Código Eleitoral:
Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos
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outra injúria.
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, invólucros.
que, por sua natureza ou meio empregado, se consid- Pena - reclusão de três a cinco anos.
erem aviltantes: Crimes que atentam contra a fé pública eleitoral
Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento A previsão desses crimes tem por objetivo também asse-
de 5 a 20 dias-multa, além das penas correspondentes gurar a legitimidade das eleições. (SPITZCOVSKY, 2013, p. 237):
à violência prevista no Código Penal. ▷ Vide Arts. 313 a 316, 348 a 354 e 174, § 3º, do Código
Crimes praticados no dia da eleição Eleitoral:
Com o intuito de assegurar a normalidade e a legitimi- Art. 313. Deixar o juiz e os membros da Junta de expe-
dade da votação, o legislador incluiu como crime causar em- dir o boletim de apuração imediatamente após a apu-
baraço ao exercício do sufrágio, que representa (SPITZCOVSKY, ração de cada urna e antes de passar à subsequente,
2013.p. 237): sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a expe-
▷ Garantia eleitoral, conforme arts. 298 e 236, do dição pelos fiscais, delegados ou candidatos presentes:
Código Eleitoral: Pena - pagamento de 90 a 120 dias-multa.
Art. 298. Prender ou deter eleitor, membro de mesa Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a con-
receptora, fiscal, delegado de partido ou candidato, tagem for procedida pela mesa receptora incorrerão na
com violação do disposto no Art. 236: mesma pena o presidente e os mesários que não expe-
Pena - Reclusão até quatro anos. direm imediatamente o respectivo boletim.
Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) Art. 314. Deixar o juiz e os membros da Junta de recol-
dias antes e até 48 (quarenta e oito) horas depois do her as cédulas apuradas na respectiva urna, fechá-la e
lacrá-la, assim que terminar a apuração de cada seção e
encerramento da eleição, prender ou deter qualquer
antes de passar à subsequente, sob qualquer pretexto e
eleitor, salvo em flagrante delito ou em virtude de sen-
ainda que dispensada a providência pelos fiscais, dele-
tença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, gados ou candidatos presentes:
ainda, por desrespeito a salvo-conduto.
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90
§ 1º Os membros das mesas receptoras e os fiscais a 120 dias-multa.
de partido, durante o exercício de suas funções, não
Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a con-
poderão ser detidos ou presos, salvo o caso de flagran- tagem dos votos for procedida pela mesa receptora,
te delito; da mesma garantia gozarão os candidatos incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários
desde 15 (quinze) dias antes da eleição. que não fecharem e lacrarem a urna após a contagem.
§ 2º Ocorrendo qualquer prisão, o preso será imediat- Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de apu-
amente conduzido à presença do juiz competente que, ração a votação obtida por qualquer candidato ou
se verificar a ilegalidade da detenção, a relaxará e pro- lançar nesses documentos votação que não correspon-
moverá a responsabilidade do coator. da às cédulas apuradas:
▷ Concentração de eleitores para embaraçar o exer- Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15
cício do voto, consoante art. 302, do Código Eleitoral: dias-multa.
Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de Art. 316. Não receber ou não mencionar nas atas da
impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto a eleição ou da apuração os protestos devidamente for-
concentração de eleitores, sob qualquer forma, inclu- mulados ou deixar de remetê-los à instância superior:
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 ▷ Vide Art. 5º, da Lei nº 7.021/1982:
dias-multa. Art. 5º - Constitui crime eleitoral destruir, suprimir ou,
Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento de qualquer modo, danificar relação de candidatos
público, ou alterar documento público verdadeiro, para afixada na cabina indevassável.
fins eleitorais: Pena - detenção, até seis meses, e pagamento de ses-
Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 15 senta a cem dias-multa.
a 30 dias-multa. ▷ Vide Arts. 2º a 5º, 8º, 10º e 11, da Lei nº 6.091/1974:
§ 1º Se o agente é funcionário público e comete o crime Art. 2º Se a utilização de veículos pertencentes às
prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada. entidades previstas no art. 1º não for suficiente para
§ 2º Para os efeitos penais, equipara-se a documento atender ao disposto nesta Lei, a Justiça Eleitoral req-
público o emanado de entidade paraestatal inclusive uisitará veículos e embarcações a particulares, de
Fundação do Estado. preferência os de aluguel.
Art. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento Parágrafo único. Os serviços requisitados serão pagos,
particular ou alterar documento particular verdadeiro, até trinta dias depois do pleito, a preços que corre-
para fins eleitorais: spondam aos critérios da localidade. A despesa correrá
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 3 a 10 por conta do Fundo Partidário.
dias-multa. Art. 3º Até cinquenta dias antes da data do pleito, os
Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, responsáveis por todas as repartições, órgãos e uni-
declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou dades do serviço público federal, estadual e municipal
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia oficiarão à Justiça Eleitoral, informando o número, a
ser escrita, para fins eleitorais: espécie e lotação dos veículos e embarcações de sua
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 propriedade, e justificando, se for o caso, a ocorrência
dias-multa, se o documento é público, e reclusão até da exceção prevista no parágrafo 1º do art. 1º desta Lei.
três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o docu- § 1º Os veículos e embarcações à disposição da Justiça
mento é particular. Eleitoral deverão, mediante comunicação expressa
Parágrafo único. Se o agente da falsidade documental de seus proprietários, estar em condições de ser uti-
é funcionário público e comete o crime prevalecen- lizados, pelo menos, vinte e quatro horas antes das
do-se do cargo ou se a falsificação ou alteração é de eleições e circularão exibindo de modo bem visível,
assentamentos de registro civil, a pena é agravada. dístico em letras garrafais, com a frase: “A serviço da
Art. 351. Equipara-se a documento (348,349 e 350) Justiça Eleitoral.”
para os efeitos penais, a fotografia, o filme cine- § 2º A Justiça Eleitoral, à vista das informações recebi-
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matográfico, o disco fonográfico ou fita de ditafone a das, planejará a execução do serviço de transporte de
que se incorpore declaração ou imagem destinada à eleitores e requisitará aos responsáveis pelas repartições,
prova de fato juridicamente relevante. órgãos ou unidades, até trinta dias antes do pleito, os
Art. 352. Reconhecer, como verdadeira, no exercício da veículos e embarcações necessários.
função pública, firma ou letra que o não seja, para fins Art. 4º Quinze dias antes do pleito, a Justiça Eleitoral
eleitorais: divulgará, pelo órgão competente, o quadro geral de
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 percursos e horários programados para o transporte de
dias-multa se o documento é público, e reclusão até eleitores, dele fornecendo cópias aos partidos políticos.
três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o docu- § 1º O transporte de eleitores somente será feito dentro
mento é particular. dos limites territoriais do respectivo município e quan-
Art. 353. Fazer uso de qualquer dos documentos falsifica- do das zonas rurais para as mesas receptoras distar
dos ou alterados, a que se referem os artigos. 348 a 352: pelo menos dois quilômetros.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
de eleitores da zona rural, fornecer-lhes refeições, cor- eleitoral da zona onde a mesma se verificou.
rendo, nesta hipótese, as despesas por conta do Fundo § 1º Quando a comunicação for verbal, mandará a
Partidário.
autoridade judicial reduzi-la a termo, assinado pelo
Art. 10. É vedado aos candidatos ou órgãos partidários, apresentante e por duas testemunhas, e a remeterá
ou a qualquer pessoa, o fornecimento de transporte ou
ao órgão do Ministério Público local, que procederá na
refeições aos eleitores da zona urbana.
forma deste Código.
Art. 11. Constitui crime eleitoral:
§ 2º Se o Ministério Público julgar necessários maiores
I. descumprir, o responsável por órgão, repartição
esclarecimentos e documentos complementares ou
ou unidade do serviço público, o dever imposto no
outros elementos de convicção, deverá requisitá-los
art. 3º, ou prestar informação inexata que vise a
elidir, total ou parcialmente, a contribuição de que diretamente de quaisquer autoridades ou funcionários
ele trata: que possam fornecê-los.
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Pena - detenção de quinze dias a seis meses e paga- Em 17/11/2011, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), valen-
mento de 60 a 100 dias - multa; do-se do seu poder regulamentar, expediu a Resolução nº
II. desatender à requisição de que trata o art. 2º: 23.363/2011, que dispõe sobre a apuração de crimes eleito-
rais, além da instauração do inquérito policial eleitoral. (BAR-
Pena - pagamento de 200 a 300 dias-multa, além da
apreensão do veículo para o fim previsto; REIROS NETO, 2012, p. 364).
III. descumprir a proibição dos artigos 5º, 8º e 10º; Assim, segundo o Capítulo I, da referida Resolução:
Pena - reclusão de quatro a seis anos e pagamento de 200 Capítulo I - Da Polícia Judiciária Eleitoral
a 300 dias-multa (art. 302 do Código Eleitoral); Art. 1º O Departamento de Polícia Federal ficará à disposição
IV. obstar, por qualquer forma, a prestação dos da Justiça Eleitoral sempre que houver eleições, gerais ou
serviços previstos nos arts. 4º e 8º desta Lei, parciais, em qualquer parte do Território Nacional (Decreto-
atribuídos à Justiça Eleitoral: -Lei nº 1.064/69, art. 2º).
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos; Art. 2º A Polícia Federal exercerá, com prioridade so-
bre as suas atribuições regulares, a função de polícia
V. utilizar em campanha eleitoral, no decurso dos judiciária em matéria eleitoral, limitada às instruções e
90 (noventa) dias que antecedem o pleito, veícu- requisições do Tribunal Superior Eleitoral, dos Tribunais
los e embarcações pertencentes à União, Estados, Regionais, dos Juízes Eleitorais ou do Ministério Públi-
Territórios, Municípios e respectivas autarquias e co Eleitoral (Lei nº 9.504/97, art. 94, § 3º, e Resolução nº
sociedades de economia mista: 8.906/70).
Pena - cancelamento do registro do candidato ou de seu Parágrafo único. Quando no local da infração não exis-
diploma, se já houver sido proclamado eleito. tirem órgãos da Polícia Federal, a Polícia do respectivo
Parágrafo único. O responsável, pela guarda do veículo Estado terá atuação supletiva (Resolução nº 11.494/82 e
ou da embarcação, será punido com a pena de detenção, HC nº 439, de 15 de maio de 2003).
de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, e pagamento de 60 No seu Capítulo II, a nova Resolução nº 23.363/2011 dispõe:
(sessenta) a 100 (cem) dias-multa. Capítulo II - Da Notícia-crime Eleitoral
Do Processo das Infrações Art. 3º Qualquer pessoa que tiver conhecimento da
existência de infração penal eleitoral deverá, verbal-
Arts. 355 a 364 mente ou por escrito, comunicá-la ao Juiz Eleitoral
(Código Eleitoral, art. 356, e Código de Processo Penal,
A Instauração do Processo Penal Eleitoral art. 5º, § 3º).
e o Inquérito Policial Eleitoral Art. 4º Recebida a notícia-crime, o Juiz Eleitoral a en-
caminhará ao Ministério Público Eleitoral ou, quando
Os crimes eleitorais, de acordo com o Art. 355, do Código necessário, à polícia, com requisição para instauração
Eleitoral, são de ação pública, como se confere a seguir (BAR- de inquérito policial (Código Eleitoral, art. 356, § 1º).
REIROS NETO, 2012, p. 364): Art. 5º Verificada a sua incompetência, o Juízo Eleitoral
determinará a remessa dos autos ao Juízo competente.
Capítulo III – Do Processo Das Infrações
Art. 6º Quando tiver conhecimento da prática da infra-
Art. 355. As infrações penais definidas neste Código ção penal eleitoral, a autoridade policial deverá informar
são de ação pública. imediatamente o Juiz Eleitoral.
Parágrafo único. Se necessário, a autoridade policial O Art. 304, caput, do Código de Processo Penal estabelece:
adotará as medidas acautelatórias previstas no art. 6º Art. 304. Apresentado o preso à autoridade compe-
do Código de Processo Penal. tente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo,
Segundo este art. 6º: sua assinatura, entregando a este cópia do termo e
recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da in- à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao
fração penal, a autoridade policial deverá: interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe
I. dirigir-se ao local, providenciando para que não se é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas as-
alterem o estado e conservação das coisas, até a che- sinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. (Re-
gada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº dação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei nº 5.970, de 1973) Voltando ao Capítulo II, da nova Resolução nº
II. apreender os objetos que tiverem relação com 23.363/2011, dispõem o restante dos parágrafos do Art. 7º:
o fato, após liberados pelos peritos criminais; (Re- § 4º Ao receber o auto de prisão em flagrante, o Juiz
dação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Eleitoral deverá fundamentadamente:
III. colher todas as provas que servirem para o es- I. relaxar a prisão ilegal; ou
clarecimento do fato e suas circunstâncias; II. converter a prisão em flagrante em preventiva,
IV. ouvir o ofendido; quando presentes os requisitos constantes do art.
V. ouvir o indiciado, com observância, no que for 312 do Código de Processo Penal, e se revelarem in-
aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, adequadas ou insuficientes as medidas cautelares
deste Livro, devendo o respectivo termo ser assina- diversas da prisão; ou
do por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido III. conceder liberdade provisória, com ou sem fian-
a leitura; ça (Código de Processo Penal, art. 310).
VI. proceder a reconhecimento de pessoas e coisas § 5º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante,
e a acareações; que o agente praticou o fato nas condições constantes dos
incisos I a III do caput do art. 23 do Código Penal, poderá,
VII. determinar, se for caso, que se proceda a exame fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade
de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; provisória, mediante termo de comparecimento a todos
VIII. ordenar a identificação do indiciado pelo pro- os atos processuais, sob pena de revogação (Código de
cesso datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos Processo Penal, art. 310, parágrafo único).
autos sua folha de antecedentes; § 6º Ausentes os requisitos que autorizam a decre-
IX. averiguar a vida pregressa do indiciado, sob tação da prisão preventiva, o Juiz Eleitoral deverá con-
ceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as
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o ponto de vista individual, familiar e social, sua
condição econômica, sua atitude e estado de âni- medidas cautelares previstas no art. 319 e observados
mo antes e depois do crime e durante ele, e quais- os critérios constantes do art. 282, ambos do Código
quer outros elementos que contribuírem para a de Processo Penal (Código de Processo Penal, art. 321).
apreciação do seu temperamento e caráter. § 7º A fiança e as medidas cautelares serão aplicadas com
Seguindo no Capítulo II, da nova Resolução nº 23.363/2011, a observância das respectivas disposições do Código de
dispõem o Art. 7º e seguintes: Processo Penal pela autoridade competente.
Art. 7º As autoridades policiais deverão prender quem § 8º Quando a infração for de menor potencial ofen-
for encontrado em flagrante delito pela prática de in- sivo, a autoridade policial elaborará termo circunstan-
fração eleitoral, comunicando imediatamente o fato ao ciado de ocorrência e providenciará o encaminhamen-
to ao Juiz Eleitoral.
Juiz Eleitoral, ao Ministério Público Eleitoral e à família
do preso ou a pessoa por ele indicada (Código de Pro- Por fim, no seu Capítulo III, a Resolução nº 23.363/2011 dispõe
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 4º Quando o fato for de difícil elucidação e o indicia- II. já estiver extinta a punibilidade, pela prescrição
do estiver solto, a autoridade policial poderá requerer ou outra causa;
ao Juiz Eleitoral a devolução dos autos, para ulteriores
III. for manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar
diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo
condição exigida pela lei para o exercício da ação
Juiz Eleitoral (Código de Processo Penal, art. 10, § 3º).
penal.
Art. 10. O Ministério Público Eleitoral poderá requerer
Parágrafo único. Nos casos do número III, a rejeição
novas diligências, desde que necessárias à elucidação
da denúncia não obstará ao exercício da ação penal,
dos fatos.
desde que promovida por parte legítima ou satisfeita
Parágrafo único. Se o Ministério Público Eleitoral con- a condição.
siderar necessários maiores esclarecimentos e docu-
Art. 359. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e
mentos complementares ou outros elementos de con-
hora para o depoimento pessoal do acusado, ordenan-
vicção, deverá requisitá-los diretamente de quaisquer
do a citação deste e a notificação do Ministério Público.
autoridades ou funcionários que possam fornecê-los
(Redação dada pela Lei nº 10.732, de 5.9.2003)
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Considerando a possibilidade de aplicação subsidiária do
Código de Processo Penal ao processo penal eleitoral, é cabível
a revisão criminal eleitoral, por analogia à previsão do art. 621
do Código de Processo Penal (BARREIROS NETO, 2012, p. 374):
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
I. quando a sentença condenatória for contrária
ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos
autos;
II. quando a sentença condenatória se fundar em
depoimentos, exames ou documentos comprova-
damente falsos;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
integração (seria melhor reintegração) social do condenado e Cadeia Pública: Preso provisório.
do internado, nesta parte fica claro a função ressocializadora da Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico – In-
LEP, mas também fica claro que a LEP se aplica aos inimputáveis ternação ou tratamento ambulatorial.
e semi-imputáveis submetidos à medida de segurança.
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a esta lei, aplica-se a regra geral de um sexto uma vez que o
Colônia Agrícola, Industrial ou Similar STF considerou inconstitucional a vedação da progressão de
A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de pena regimes anteriormente prevista na Lei dos Crimes Hediondos.
privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena de lim- Nota: a lei determina que o cumprimento será no regime
itação de fim de semana. anterior, tornando inadmissível a progressão por salto, con-
O prédio deverá situar-se em centro urbano, separado dos forme entendimento do STJ, na Súmula 491:
demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela ausência de Súm 491: STJ: É inadmissível a chamada progressão
obstáculos físicos contra a fuga. per saltum de regime prisional.
Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do Alberga- ▷ Bom comportamento carcerário
do, a qual deverá conter, além dos aposentos para acomodar Este requisito (subjetivo) será comprovado pelo diretor do
os presos, local adequado para cursos e palestras. estabelecimento.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
▷ Exame criminológico
Hospital de Custódia e de Trat- O exame criminológico não é mais um requisito obrigatório
amento Psiquiátrico para a progressão de regimes, porém, os tribunais entendem
O Hospital de Custódia e de Tratamento Psiquiátrico des- pela sua existência e poderá ser determinado pelo Juiz de for-
tina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis submetidos à me- ma fundamentada.
dida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial). Súm. 439: STJ órgão julgador - terceira seção data do
julgamento 28/04/2010 data da publicação/fonte DJE
O exame psiquiátrico e os demais exames necessários ao
13/05/2010 enunciado admite-se o exame criminológi-
tratamento são obrigatórios para todos os internados. co pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão
É garantida a liberdade de contratar médico de confiança pes- fundamentada.
soal do internado ou do submetido a tratamento ambulatorial, por Súm. Vinculante 26: STF: Para efeito de progressão
seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar de regime no cumprimento de pena por crime hedi-
o tratamento. ondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a
As divergências entre o médico oficial e o particular serão inconstitucionalidade do Art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 265
resolvidas pelo Juiz da execução. de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o conde-
nado preenche, ou não, os requisitos objetivos e sub- II. Os governadores ou interventores de Estados
266 jetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus
de modo fundamentado, a realização de exame crim- respectivos secretários, os prefeitos municipais, os
inológico. vereadores e os chefes de Polícia; (Redação dada
▷ Oitiva do Ministério Público e da defesa pela Lei nº 3.181, de 11.6.1957)
Art. 112, § 1º A decisão será sempre motivada e pre- III. Os membros do Parlamento Nacional, do Con-
cedida de manifestação do Ministério Público e do de- selho de Economia Nacional e das Assembleias
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao De acordo com o Informativo nº 551 do STJ, o advoga-
novo regime. do que tenha contra si decretada prisão civil por inadim-
O STJ entende que não é possível exigir o cumprimento plemento de obrigação alimentícia não tem direito a ser
de uma pena substitutiva como requisito para progressão ao recolhido em sala de Estado Maior ou, na sua ausência, em
regime aberto.
prisão domiciliar.
Súm. 493: É inadmissível a fixação de pena substituti-
va (Art. 44 do CP) como condição especial ao regime
aberto.
Autorização de Saída
Existem dois tipos de autorização de saída, a permissão de
Condições Obrigatórias saída e a saída temporária.
do Regime Aberto
Permissão de Saída
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
▷ Comportamento adequado.
II. Atribuição de trabalho e sua remuneração.
▷ Cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena,
se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se A inobservância constitui falta grave:
reincidente. Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena priva-
▷ Compatibilidade do benefício com os objetivos da tiva de liberdade que:
pena. VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e
Tempo de Duração V (trabalho), do Art. 39, desta Lei.
Frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino A Constituição Federal prevê em seu Art. 5°, XLVII, “c”,
médio ou superior, o tempo será o necessário para o cumprimen- que não haverá penas de trabalhos forçados, logo poderia se
to das atividades discentes. imaginar que o preso não poderá ser forçado ao trabalho, no
Nos demais casos, o prazo será não superior a 07 dias, po- entanto, a interpretação que prevalece é que ele não poderá
dendo ser renovada mais quatro vezes no ano (total = 5 vezes). ser submetido a trabalho forçado no sentido de desumano,
degradante, acima de suas condições pessoais.
As saídas temporárias deverão ter o prazo mínimo de 45
dias de intervalo entre uma e outra. Contudo, apesar de o trabalho ser obrigatório, ele não
será feito de forma gratuita e sim mediante remuneração de,
Monitoração Eletrônica no mínimo, três quartos do salário mínimo, salvo quando for
O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monito- prestação de serviço à comunidade, pois esta tem caráter
ração eletrônica quando: gratuito de interesse geral.
II. Autorizar a saída temporária no regime semia- Exceções ao Trabalho Obrigatório
berto.
Para o preso provisório, o trabalho somente será interno e
IV. Determinar a prisão domiciliar. não é obrigatório.
O condenado será instruído acerca dos cuidados que de- O preso político não será obrigado ao trabalho.
verá adotar com o equipamento eletrônico e dos seguintes
deveres: Poderão ser dispensados do trabalho (como condição do
regime aberto) as pessoas que se adequam nas condições de
I. Receber visitas do servidor responsável pela
prisão domiciliar.
monitoração eletrônica, responder aos seus conta-
tos e cumprir suas orientações. De acordo com o Código Penal, o preso terá direito aos
benefícios da previdência social, porém ele não será regido
II. Abster-se de remover, de violar, de modificar,
pela CLT.
de danificar de qualquer forma o dispositivo de
monitoração eletrônica ou de permitir que outrem O produto da remuneração do preso deverá atender:
o faça. ▷ Indenização dos danos causados pelo crime.
A violação comprovada dos deveres previstos neste arti- ▷ Assistência à família.
go poderá acarretar, a critério do juiz da execução, ouvidos o ▷ A pequenas despesas pessoais.
Ministério Público e a defesa: ▷ Ressarcimento ao Estado pelas despesas que causa
I. A regressão do regime. com sua manutenção.
II. A revogação da autorização de saída temporária. ▷ O restante constituirá o pecúlio (caderneta de
III. A revogação da prisão domiciliar. poupança).
Trabalho Interno Procedimento
Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocu-
Autoridade Administrativa Relatório Mensal
pação adequada à sua idade.
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A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis)
Juízo da Execução
nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e
feriados. Constitui o crime do artigo 299 do Código
O juiz da execução,
Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos Penal (falsidade ideológica) declarar ou
ouvidos o MP e a defesa,
presos designados para os serviços de conservação e ma- atestar falsamente prestação de serviço
declara a remição.
nutenção do estabelecimento penal (no caso de presos que para fim de instruir pedido de remição.
trabalham como cozinheiro). O condenado autorizado a estudar fora do estabeleci-
Trabalho Externo mento penal deverá comprovar mensalmente, por meio de
declaração da respectiva unidade de ensino, a frequência e o
O trabalho externo será admissível para os presos em re- aproveitamento escolar.
gime fechado, somente em serviço ou trabalhando em obras
públicas, realizadas por órgãos da Administração Direta ou In- Cometimento de Falta Grave
direta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um
contra a fuga e em favor da disciplina.
terço) do tempo remido, recomeçando a contagem a partir
O limite máximo do número de presos será de 10% (dez da data da infração disciplinar.
por cento) do total de empregados na obra.
Observações
A prestação de trabalho à entidade privada depende do
As atividades de estudo poderão ser desenvolvidas de
consentimento expresso do preso.
forma presencial ou por metodologia de ensino a distância
Requisitos do trabalho externo: e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais
▷ Autorização do diretor do estabelecimento. competentes dos cursos frequentados.
▷ Aptidão, disciplina e responsabilidade. Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas
▷ Cumprimento mínimo de 1/6 da pena. diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se
Causas para revogação do trabalho externo: compatibilizarem.
▷ Prática de fato definido como crime; O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no
▷ Punido por falta grave; trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a
▷ Comportamento contrário aos requisitos estabeleci- remição. Salvo provocação dolosa do acidente, pois tal condu-
dos (aptidão, disciplina e responsabilidade). ta configura falta grave.
Os tribunais não têm admitido a remição ficta (remição dos
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Remição dias da pena sem que o preso tenha trabalhado, alegando que
A remição é o pagamento (quitação) antecipado da pena não trabalhou porque o Estado não proporcionou o trabalho).
privativa por meio diferente da prisão e pode se dar pelo
trabalho ou pelo estudo, diferentemente da remissão que é Princípio da Individualização da Pena
sinônimo de perdão (remissão dos pecados). ї Classificação Art. 6º da LEP
O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou A classificação será feita por Comissão Técnica de Classi-
semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do ficação que elaborará o programa individualizador da pena
tempo de execução da pena. privativa de liberdade adequada ao condenado ou ao preso
Caberá remição também às hipóteses de prisão cautelar provisório.
(preso provisório).
A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada
O condenado que cumpre pena em regime aberto ou estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no
semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
mínimo:
remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de edu-
cação profissional (remição pelo estudo), parte do tempo de ▷ 2 chefes de serviço.
execução da pena ou do período de prova. ▷ 1 psiquiatra.
O tempo remido será computado como pena cumpri- ▷ 1 psicólogo.
da, para todos os efeitos. Principalmente para efeitos de ▷ 1 assistente social.
benefícios assegurados aos presos como livramento condicio- ї Exame Criminológico Art. 8º da LEP
nal e progressão de regime. O condenado ao cumprimento de pena privativa de liber-
Contagem do Tempo de Remição dade, em regime fechado, será submetido a exame crimi-
Remição pelo trabalho: 1 dia de pena a cada 3 dias de tra- nológico para a obtenção dos elementos necessários a uma
balho. adequada classificação e com vistas à individualização da
Remição pelo estudo: 1 dia de pena a cada 12 horas de execução.
frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido
inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalifi- o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade 269
cação profissional - divididas, no mínimo, em 3 dias. em regime semiaberto.
O exame criminológico será realizado por psiquiatras, Educacional
270 psicólogos e assistentes sociais e será opcional para concessão Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com
de benefícios, sempre fundamentado pelo juiz da execução. formação geral ou educação profissional de nível mé-
dio, será implantado nos presídios, em obediência ao
Assistência preceito constitucional de sua universalização. (Incluí-
A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, do pela Lei nº 13.163, de 2015)
objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência § 1º O ensino ministrado aos presos e presas inte-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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O contato com o mundo exterior também poderá ser sus-
da sentença. penso por até 30 dias.
II. Obediência ao servidor e respeito a qualquer XVI. Atestado de pena a cumprir, emitido anual-
pessoa com quem deva relacionar-se. mente, sob pena da responsabilidade da autori-
O descumprimento a esse dever do inciso II constituirá fal- dade judiciária competente.
ta grave. Direito a Voto
III. Urbanidade e respeito no trato com os demais O condenado definitivo fica com os seus direitos políticos
condenados. suspensos até o término da pena privativa de liberdade, por-
IV. Conduta oposta aos movimentos individuais ou tanto não possui direito a voto, já os presos provisórios pos-
coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à suem o direito a voto.
disciplina.
Disciplina
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
de regalias.
As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e As sanções disciplinares previstas pela LEP são as seguintes:
graves. A legislação local especificará as leves e médias, bem I. Advertência verbal.
como suas respectivas sanções.
II. Repreensão.
Tentativa de Falta Grave III. Suspensão ou restrição de direitos.
Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta Esse inciso trata do direito de visitas, proporcionalidade no
consumada. trabalho, descanso e recreação e contato com o mundo exte-
rior, que podem ser suspensos pelo prazo máximo de 30 dias.
Faltas Graves em Espécie IV. Isolamento na própria cela, ou em local adequa-
Comete falta grave o condenado à pena privativa de liber- do, nos estabelecimentos que possuam alojamento
dade que: coletivo.
I. Incitar ou participar de movimento para subvert- V. Inclusão no regime disciplinar diferenciado (RDD).
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Criminal e execução das penas e das medidas de gurança;
segurança. e) a revogação da medida de segurança;
II. Contribuir na elaboração de planos nacionais de f) a desinternação e o restabelecimento da
desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades situação anterior;
da política criminal e penitenciária.
g) o cumprimento de pena ou medida de se-
III. Promover a avaliação periódica do sistema crim- gurança em outra comarca;
inal para a sua adequação às necessidades do País.
h) a remoção do condenado na hipótese pre-
IV. Estimular e promover a pesquisa criminológica. vista no § 1º, do Art. 86, desta Lei.
V. Elaborar programa nacional penitenciário de VI. Zelar pelo correto cumprimento da pena e da
formação e aperfeiçoamento do servidor. medida de segurança.
VI. Estabelecer regras sobre a arquitetura e con- VII. Inspecionar, mensalmente, os estabelecimen-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
strução de estabelecimentos penais e casas de tos penais, tomando providências para o adequado
albergados. funcionamento e promovendo, quando for o caso,
VII. Estabelecer os critérios para a elaboração da a apuração de responsabilidade.
estatística criminal. VIII. Interditar, no todo ou em parte, estabeleci-
VIII. Inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos mento penal que estiver funcionando em condições
penais, bem assim informar-se, mediante relatóri- inadequadas ou com infringência aos dispositivos
os do Conselho Penitenciário, requisições, visitas desta Lei.
ou outros meios, acerca do desenvolvimento da IX. Compor e instalar o Conselho da Comunidade.
execução penal nos Estados, Territórios e Distrito X. Emitir anualmente atestado de pena a cumprir.
Federal, propondo às autoridades dela incumbida
as medidas necessárias ao seu aprimoramento. Ministério Público
IX. Representar ao Juiz da execução ou à autori- O Ministério Público fiscalizará a execução da pena e da
dade administrativa para instauração de sindicân- medida de segurança, oficiando no processo executivo e nos
cia ou procedimento administrativo, em caso de incidentes da execução. 273
violação das normas referentes à execução penal. Incumbe, ainda, ao Ministério Público:
I. Fiscalizar a regularidade formal das guias de IV. Colaborar com as Unidades Federativas medi-
274 recolhimento e de internamento. ante convênios, na implantação de estabelecimen-
II. Requerer: tos e serviços penais.
a) todas as providências necessárias ao V. Colaborar com as Unidades Federativas para a
desenvolvimento do processo executivo; realização de cursos de formação de pessoal pen-
b) a instauração dos incidentes de excesso ou itenciário e de ensino profissionalizante do conde-
desvio de execução; nado e do internado.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
c) a aplicação de medida de segurança, bem VI. Estabelecer, mediante convênios com as unidades
como a substituição da pena por medida de se- federativas, o cadastro nacional das vagas existentes
gurança; em estabelecimentos locais destinadas ao cumpri-
mento de penas privativas de liberdade aplicadas pela
d) a revogação da medida de segurança;
justiça de outra unidade federativa, em especial para
e) a conversão de penas, a progressão ou re- presos sujeitos a regime disciplinar.
gressão nos regimes e a revogação da suspensão
Incumbem também ao Departamento a coordenação e
condicional da pena e do livramento condicional; supervisão dos estabelecimentos penais e de internamento
f) a internação, a desinternação e o restabe- federais.
lecimento da situação anterior.
III. Interpor recursos de decisões proferidas pela
Departamento Penitenciário Local
autoridade judiciária, durante a execução. A legislação local poderá criar Departamento Penitenciário
ou órgão similar, com as atribuições que estabelecer.
Conselho Penitenciário
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e da medida de segurança, oficiando, no processo executivo
e nos incidentes da execução, para a defesa dos necessitados a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável
em todos os graus e instâncias, de forma individual e coletiva. se for apto para o trabalho;
ї Incumbe, ainda, à Defensoria Pública: b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocu-
I. Requerer: pação;
a) todas as providências necessárias ao desen- c) não mudar do território da comarca do Juízo
volvimento do processo executivo; da execução, sem prévia autorização deste.
b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre
que de qualquer modo favorecer o condenado; outras obrigações, as seguintes:
c) a declaração de extinção da punibilidade; a) não mudar de residência sem comunicação
d) a unificação de penas; ao Juiz e à autoridade incumbida da observação
e) a detração e remição da pena; cautelar e de proteção;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ou, na falta, pelo Juiz. ser lido ao liberado por uma das autoridades ou funcionários
II. A autoridade administrativa chamará a atenção indicados no inciso I do caput do Art. 137 desta Lei, observado o
do liberando para as condições impostas na sen- disposto nos incisos II e III e §§ 1º e 2º do mesmo artigo.
tença de livramento. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá
III. O liberando declarará se aceita as condições. ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o
Tudo deverá constar em livro próprio, será lavrado termo Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicio-
subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo liberando, ou nal, cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão
alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever. final.
Uma cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da ex- O Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do
ecução. Ministério Público ou mediante representação do Conselho
Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se
Ao sair o liberado do estabelecimento penal, ser-lhe-á en-
expirar o prazo do livramento sem revogação.
tregue, além do saldo de seu pecúlio e do que lhe pertencer,
uma caderneta, que exibirá à autoridade judiciária ou adminis- Das Penas Restritivas de Direitos
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O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar pena privativa bado à margem do registro.
de liberdade, na situação determinada no artigo anterior, de-
verá pronunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão condi- O registro e a averbação serão sigilosos, salvo para efeito
cional, quer a conceda, quer a denegue. de informações requisitadas por órgão judiciário ou pelo
Ministério Público, para instruir processo penal.
Concedida a suspensão, o Juiz especificará as condições a
que fica sujeito o condenado, pelo prazo fixado, começando ї Da Pena de Multa
este a correr da audiência prevista no Art. 160 desta Lei. Extraída certidão da sentença condenatória com trân-
As condições serão adequadas ao fato e à situação pes- sito em julgado, que valerá como título executivo judicial, o
soal do condenado, devendo ser incluída entre as mesmas a de Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do
prestar serviços à comunidade, ou limitação de fim de semana, condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da
salvo hipótese do Art. 78, § 2º, do Código Penal. multa ou nomear bens à penhora.
Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou o de-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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II. O Conselho Penitenciário.
III. O sentenciado.
IV. Qualquer dos demais órgãos da execução penal.
ї Da Anistia e do Indulto
Concedida a anistia, o Juiz, de ofício, a requerimento do in-
teressado ou do Ministério Público, por proposta da autoridade
administrativa ou do Conselho Penitenciário, declarará extinta a
punibilidade.
O indulto individual poderá ser provocado por petição do
condenado, por iniciativa do Ministério Público, do Conselho
Penitenciário, ou da autoridade administrativa.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Em outras palavras, a oferta passou a ser decidida unilat- reito que protege os interesses dos consumidores e busca o
eralmente pelo fornecedor, visando seus interesses empresari- equilíbrio no mercado de consumo.
ais, que são, por evidente, a obtenção do lucro1. E, diante disso, Desta forma, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) es-
para alcançar seus interesses, os fornecedores passaram a faz- tabelece as normas voltadas para o fim almejado pelo Direito
er uso de propagandas e publicidades enganosas, ludibriando do Consumidor, sendo as mesmas de ordem pública e interesse
o consumidor para adquirir o bem ou serviço. social, o que possibilita a sua aplicação pelo juiz independente-
Consequentemente, o consumidor tornou-se hipossufici- mente do requerimento das partes envolvidas na relação.
ente e vulnerável não apenas tecnicamente, mas também eco- Ressalta-se que o presente estudo será voltado exclusiva-
nomicamente diante da massificação do mercado de consumo. mente para o Título II do CDC, o qual trata das infrações penais,
já que é esta a matéria que consta do edital do seu concurso.
Diante deste contexto, passou-se a exigir maior proteção
Todavia, ao longo de estudo, serão apontados outros pon-
ao consumidor, sendo que, em 1985, através da Resolução nº
tos do CDC para melhor análise e compreensão da matéria
39/248, da Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu
foco do estudo.
e positivou a vulnerabilidade do consumidor internacional-
mente2. Como início, oberve os conceitos básicos trazidos pelo
código em comento.
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 deu ao direito do
Art. 2° - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica
consumidor o status de direito e garantia fundamental, com a
que adquire ou utiliza produto ou serviço como des-
seguinte disposição:
tinatário final.
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção Parágrafo único - Equipara-se a consumidor a coletiv-
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e idade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do intervindo nas relações de consumo.(g.n.)
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes (...) Pessoa física
ou jurídica
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
do consumidor. Adquire bem
Reforçando a disposição acima e visando garantir o seu Consumidor ou serviço
cumprimento, o constituinte originário determinou que a pos-
itivação específica do direito do consumidor fosse realizada Destinatário
dentro de 180 (centro e oitenta) dias da promulgação da Con- final
stituição3.
Art. 3° - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como
1 NUNES, Rizzato. Comentários aos Código de Defesa do Consumidor. 7ªed.
rev.,atual e ampl.-São Paulo: Saraiva, 2013. p.202
os entes despersonalizados, que desenvolvem ativi-
2 Resolução nº39/248, de 10.04.1985 da ONU - A educação do consumidor deve, dade de produção, montagem, criação, construção,
quando apropriada, fazer parte integral do currículo básico do sistema educacion- transformação, importação, exportação, distribuição
al, e de preferência inserido dentro de uma matéria já existente.
3 ADCT, Art. 48: O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promul-
ou comercialização de produtos ou prestação de
gação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor. serviços. (g.n.)
E é a relação que dá origem aos tipos penais que serão
Pessoa física estudados.
ou jurídica
Das Infrações Penais no
Fornecedor Desenvolve
atividades
Código de Defesa do Consumidor
Visando dar maior efetividade a proteção do consumidor,
o legislador optou por criar tipos penais específicos contra as
Produção e relações de consumo, garantindo, assim, a prevenção e proteção
comércio do bem jurídico.
Para melhor compreensão, o estudo dos crimes, previsto ao
longo do Título II do CDC, será realizado através da análise do tex-
Presta
serviços to da lei, realizando-se as principais observações e apontamentos
sobre cada crime.
Neste ponto é importante ressaltar que o fornecedor é Art. 61, do CDC - Constituem crimes contra as relações
de consumo previstas neste código, sem prejuízo do
aquele que, de qualquer forma, coloca o produto ou serviço a
disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas
disposição do consumidor. Logo, abrange o produtor, o vende- tipificadas nos artigos seguintes.
dor, anunciante, prestador de serviço, dentre outros que levam
Abrindo o título que trata dos crimes, o legislador optou
o produto ou serviço ao consumidor. por reforçar uma regra já estabelecida no sistema jurídico pe-
§1º - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, mate- nal, qual seja, é possível a aplicação do Código Penal e demais
rial ou imaterial. (g.n.) leis penais, aos crimes do CDC, quando não forem incompatíveis
Qualquer com o CDC ou forem necessárias para complementar este.
Produto bem
Crimes previstos
no CDC
§2º - Serviço é qualquer atividade fornecida no mer-
cado de consumo, mediante remuneração, inclusive
as de natureza bancária, financeira, de crédito e se- Regra Exceção
curitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista. (g.n.)
Qualquer CDC Código Penal
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Serviço atividade
Demais leis
Remuneração penais
obrigatória
Importante frisar, que o CDC não traz disposições de como
será o processo-crime que irá apurar os delitos, existindo uma
única disposição processual no Art. 80, que será analisado opor-
Exceção Regra tunamente.
Desta forma, surge o primeiro grande exemplo de situ-
ações em que deverá ser aplicada uma legislação especial di-
Relação de versa do CDC. Para o desenvolvimento do processo deverão
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
mente responsabilizados. Logo, no crime em tela, temos que dois são os elementos
Sujeito passivo: É a coletividade e o consumidor. normativos: nocividade e periculosidade.
Objetividade jurídica: Com a criação deste tipo penal, o A nocividade é a qualidade do que é nocivo, ou seja, é o
legislador teve como intuito garantir a proteção à saúde e se- produto ou serviço que, por si só, causa algum dano ao con-
gurança do consumidor, prevista nos Arts 6º, I e III, 8º e 9º, to- sumidor que entre em contato com aquele.
dos do CDC4, alertando o consumidor dos riscos que o produto Por outro lado, a periculosidade consiste nas circunstân-
ou serviço oferece. cias que indicam a existência de um dano provável, em caso
Conduta (verbo núcleo do tipo): A conduta prevista no ca- de acidente. Não é certo que o dano ocorrerá, mas é certo que
put Art. é o verbo “omitir”, o que significa deixar de trazer na ele pode ocorrer.
embalagem, invólucro, recipiente ou publicidade informações, Vale ressaltar, que estamos aqui diante de um tipo penal
escritas ou através de símbolos, sobre a nocividade ou pericu- aberto. O legislador trouxe que é necessária a existência da
losidade do produto. nocividade e da periculosidade para a caracterização do delito,
Já no parágrafo único do artigo a conduta consiste no mas deixou a cargo do intérprete e do aplicador determinar
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verbo “deixar”, no sentido de não fazer algo, ou seja, o crime em quais situações estes elementos estão presentes.
consiste em deixar o prestador de serviços de informar os con- Assim, diante dos conceitos acima apresentados, caberá
sumidores sobre a periculosidade do serviço por ele prestado. ao intérprete e ao aplicador analisar caso a caso se estarão
presentes os elementos normativos do tipo – a nocividade e
Condutas
punidas a periculosidade.
Elemento subjetivo: é o elemento referente à vontade, a
intenção do sujeito ativo.
Fabricante ou Prestador de As condutas criminosas previstas no tipo, poderão ser
comerciante serviços
punidas tanto dolosa como culposamente, já que o parágrafo
segundo traz a previsão expressa da modalidade culposa.
Omitir Omitir
Logo, aquele que age com a intenção de não prestar a in-
informações informações formação, ou deixa de presta-la por imperícia, imprudência ou
negligência responderá pelo delito.
Consumação: a consumação do delito dar-se-á quando nele
Nocividade e Periculosidade se reúnem todos os elementos de sua definição legal5. Em outras
periculosidade do serviço palavras, é o momento em que o agente já praticou todos os
do produto elementos do crime.
Estamos diante de um crime de perigo abstrato e de mera Assim, o crime em estudo se consuma no momento em
conduta. Para que se caracterize o delito, basta que ocorra a mera que há a mera omissão das informações. Basta a simples ab-
prática do ato descrito, sendo que o tipo não descreve a necessidade stenção de prestar a informação, independentemente de um
de um resultado no mundo naturalístico para que se reconheça a resultado naturalístico.
consumação. Tentativa: por se tratar de um crime omissivo puro, não
se admite tentativa. Isso porque, não é possível tentar omitir,
pois ao tentar não oferecer a informação, o agente já pratica
4 CDC, Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
o delito.
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; Art. 64, do CDC - Deixar de comunicar à autoridade
(...) III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, competente e aos consumidores a nocividade ou peri-
com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, culosidade de produtos cujo conhecimento seja poste-
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. rior à sua colocação no mercado:
CDC, Art. 8° - Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acar-
retarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os Parágrafo único - Incorrerá nas mesmas penas quem
fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequa- deixar de retirar do mercado, imediatamente quando
das a seu respeito.
determinado pela autoridade competente, os produtos
Parágrafo único - Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar
as informações a que se refere este Art., através de impressos apropriados que
nocivos ou perigosos, na forma deste artigo.
devam acompanhar o produto. Sujeito ativo: É o fornecedor, compreendido tanto como o
CDC, Art. 9° - O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou fabricante como o comerciante.
perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequa-
da, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de 5 CP, Art. 14 - Diz-se o crime:
outras medidas cabíveis em cada caso concreto. (...) I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Sujeito passivo: É a coletividade e o consumidor. municar apenas o consumidor ou apenas autoridade, o delito
Objetividade jurídica: Mais uma vez o legislador teve como estará caracteriza.
intuito garantir a proteção à saúde e segurança do consumi- A posição majoritária se justifica pelo fato da existência da
dor, prevista nos Arts 6º, I e III, 8º e 9º, todos do CDC. conjuntiva “e” no texto do artigo. E, mais, pelo fato do objetivo
E, não só. O legislador buscou fazer cumprir o direito do das comunicações serem diferentes.
consumidor previsto no Art. 10 do CDC6. Ao comunicar o consumidor o fornecedor estará evitando
Conduta (verbo núcleo do tipo): Tanto no caput como no que o consumidor adquira o produto ou, caso já tenha adquiri-
parágrafo único do Art., o verbo é “deixar”, no sentido de não do, sofra algum dano com o mesmo.
fazer algo. Ao comunicar a autoridade, o fornecedor estará fazendo
No caput do Art. a conduta delituosa consiste em não faz- a alerta para que as medidas administrativas cabíveis sejam
er a comunicação, seja para a autoridade competente como tomadas.
para o consumidor, sobre a nocividade ou periculosidade de Referente à chamada autoridade competente, o legislador
determinado produto. deixou de defini-la ou indicá-la.
Importante entender, que o conhecimento da nocividade Diante desta lacuna, devem ser observas as disposições do
ou periculosidade do produto deve ocorrer após a sua colo- Decreto-Lei nº 2.181, de 1997, que dispões sobre a organização
cação no mercado. do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor.
Se o conhecimento for anterior à colocação no mer- De acordo com os Arts 4º e 5º do citado decreto, tanto os
cado, a conduta do fornecedor poderá caracterizar o delito órgãos de proteção e defesa do consumidor estadual, munici-
previsto no Art. 63, caso ele deixe de prestar as devidas infor- pal ou do Distrito Federal (Ex.: PROCON), como qualquer en-
mações sobre a nocividade e periculosidade. tidade ou órgão da Administração Pública federal, estadual e
Conhecimento municipal destinados à defesa dos interesses e direitos do con-
da nocividade e sumidor, possui competência e atribuição para apurar e punir
periculosidade as infrações à legislação das relações de consumo.
Desta forma, diante da competência concorrente existente,
o fornecedor se eximirá da responsabilidade penal no momen-
Art. 64 Art. 63 to em que fizer a comunicação a qualquer das autoridades
acima mencionadas.
Já no parágrafo único, a conduta delituosa consiste em
não retirar do mercado o produto nocivo ou perigoso, quando
Posterior Prévio
determinado pela autoridade competente.
Em outras palavras, ao tomar conhecimento da nocividade
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No tocante à comunicação, esta deve ser feita por anúncios ou periculosidade do produto, caberá à autoridade compe-
publicitários, veiculados na imprensa, rádio e televisão e deve tente (considerando o mesmo entendimento do caput sobre
alcançar todos os consumidores expostos aos riscos decor- a autoridade) determinar que o produto seja retirado do mer-
rentes dos defeitos detectados nos produtos. cado. E, por sua vez, caberá ao fornecedor fazer a retirada, sob
Caso o fornecedor consiga identificar os consumidores pena de responder pelo delito aqui em estudo.
atingidos poderá, também, enviar telegramas, realizar visitas, De rigor, cabe a nos apontarmos que, parte da doutrina,
dentre outras medidas personalizadas, sem prejuízo aos anún- entende que apenas a autoridade judicial poderá determinar a
cios publicitários. retirada da mercadoria.
Discussões existem sobre a necessidade da dupla comu- Corrente antagônica, se posiciona no sentido de afirmar
nicação. que a autoridade administrativa pode fazer a apreensão dos
Parte da doutrina entende que caso o fornecedor comuni- produtos e, de forma indireta, retirar a mercadoria do mercado.
que apenas o consumidor e não comunique a autoridade com-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
em que o sujeito ativo toma conhecimento da nocividade ou dedetização doméstica com determinados produtos), daí diz-
periculosidade do delito e deixa de realizar a comunição. er, no tópico anterior, da necessidade de uma norma que reg-
Ou ainda, tratando-se da figura do parágrafo único, o
ulamente quais serviços poderá ser submetidos ao tipo penal
crime estará consumado quando, ciente da ordem de retirada,
o agente deixa de cumpri-la. aqui estudado.
Tentativa: Por se tratar de um crime omissivo puro, não Elemento subjetivo: Diante das disposições legais, pune-
se admite tentativa. Isso porque, não é possível tentar omitir, se somente na modalidade dolosa. É necessário que o sujeito
pois ao tentar não oferecer a informação, o agente já pratica ativo tenha a vontade de praticar a conduta.
o delito.
Consumação: O delito aqui previsto tem sua consumação
Art. 65, do CDC - Executar serviço de alto grau de peri-
no momento em que a execução do serviço é iniciada, ainda
culosidade, contrariando determinação de autoridade
competente: que não produza qualquer resultado no mundo naturalístico.
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. Tentativa: É admitida, pois os atos executórios podem ser
Parágrafo único - As penas deste artigo são interrompidos.
aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à lesão Concurso de crimes: Embora nos delitos anteriormente es-
corporal e à morte. tudados seja admitido o concurso de crimes, no presente o legisla-
Sujeito ativo: Consiste no fornecedor, somente na figura dor optou por trazer de forma expressa a permissão, no parágrafo
do prestador de serviços. único do artigo.
Sujeito passivo: coletividade e o consumidor. Para alguns
Assim, caso a ação do agente “ execução do serviço perigo-
estudiosos, a Administração Pública também é considerada
vítima do delito, uma vez que é autora da determinação con- so de forma irregular – traga consequências ao consumidor,
trariada. causando-lhe lesões corporais ou o leve a morte, deverá ele ser
Objetividade jurídica: Em um primeiro momento, o leg- responsabilizado tanto pelo crime em estudo, bem como pelos
islador buscou proteger a vida, a saúde e segurança do con- crimes previstos no Código Penal (Arts 121 e 129).
sumidor, como previsto no artigo 6º, I, do CDC. Art. 66, do CDC - Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou
Secundariamente, é protegido o prestígio da Adminis- omitir informação relevante sobre a natureza, característi-
tração Pública, já que pune o descumprimento de uma ordem ca, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, dura-
emanada por esta.
bilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços:
Conduta (verbo núcleo do tipo): O verbo caracterizador do
delito é o “executar”, que significa realizar, levar a efeito. Pena - Detenção de três meses a um ano e multa.
Logo, a conduta criminosa prevista consiste em realizar § 1º - Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.
determinado serviço, considerado de alto grau de periculosi- § 2º - Se o crime é culposo;
dade, contrariando a determinação da autoridade competente. Pena - Detenção de um a seis meses ou multa.
Pune-se a conduta daquele que presta o serviço perigo sem
obedecer ao conteúdo, forma e cautelas exigidas pela autori- Sujeito ativo: É o fornecedor, na figura do anunciante.
dade que possui legitimidade para elaborar as exigências, que Tratando-se do parágrafo primeiro, é o patrocinador.
podem ser previstas tanto em atos administrativos como em lei. Sujeito passivo: coletividade e o consumidor.
Objetividade jurídica: Com esta figura penal visou o legis- Entretanto, deve-se tomar cuidado. Ainda que a publici-
lador proteger o direito à informação correta, clara e precisa do dade esteja englobada na oferta, aplica-se o parágrafo pri-
consumidor, previsto no Art. 6º, III, e 31, ambos do CDC7. meiro do Art. 66 apenas nos casos de informação. Isso porque,
Conduta (verbo núcleo do tipo): Três são as condutas puni- o Art. 67 do CDC (que será estudado a seguir) traz a figura
das neste artigo. específica a ser aplicada nos casos de patrocínio de publici-
A primeira, prevista no caput¸ tem como núcleo o verbo dade enganosa.
“fazer”, que consiste em desenvolver uma ação. Logo, a con- Fazer afirmação falsa ou
duta punida é o prestar uma informação falsa ou enganosa ao enganosa
consumidor.
Afirmação falsa consiste na informação prestada com o Omitir informações sobre
Condutas
fim de induzir o consumidor a erro de julgamento diante da punidas produto ou serviço
falsidade. Já a informação enganosa é aquela que se vale da
fragilidade do consumidor, seja pelo medo, a inocência, dentre
Patrocinar a oferta
outros, ofendendo princípios e valores. da informação falsa ou
Imperioso ressaltar que o Art. em análise não envolve a enganosa
questão relacionada à publicidade falsa ou enganosa, pois está
é objeto de proteção no Art. 67 da norma em apreço. Elemento subjetivo: Punem-se as condutas dolosas e cul-
O segundo verbo núcleo do tipo é o verbo omitir. Logo, a posas, diante da previsão expressa no parágrafo 2º.
conduta punida é o deixar de prestar informações relevantes Consumação: Existindo três diversas condutas, três são
sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segu- os momentos consumativos.
rança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produ- Tratando-se da conduta de fazer a afirmação falsa ou en-
tos ou serviços ao consumidor. ganosa, o crime restará consumado no momento em que o
Tome cuidado! Embora seja parecidas as condutas, não se sujeito ativo presta a informação.
pode confundir o previsto no Art. 63 e o aqui previsto. Já na conduta omitir informação, a consumação dar-se-á
No Art. 63 a conduta punida é aquela que deixa de prestar no momento em que o sujeito deixa de prestar a informação.
informações sobre a nocividade e a periculosidade. Já o Art. 66 E, por fim, a consumação da conduta de patrocinar ocorre
pune que deixa de prestar qualquer informação sobre o pro- no momento em que há o efetivo patrocino à oferta.
duto, que não seja sobre nocividade e a periculosidade. Tentativa: É admitida somente na conduta “fazer afir-
Informações mação falsa” e na “patrocinar a oferta”.
sobre o produto Art. 67, do CDC - Fazer ou promover publicidade que
referente sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva:
Pena - Detenção de três meses a um ano e multa.
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Nocividade e Demais características, Parágrafo único - (Vetado)
periculosidade preço e garantia Sujeito ativo: É o fornecedor e os profissionais que fazem e
promovem a publicidade.
Sujeito passivo: Mais uma vez, é a coletividade e o con-
Art. 63 do Art. 66 do sumidor diretamente exposto à publicidade.
CDC CDC Objetividade jurídica: O legislador teve como intuito ga-
rantir a veracidade e transparência nas informações prestadas
Por fim, a última conduta está prevista no parágrafo pri- pelos fornecedores, conforme previsto no Art. 6º, III, e 31, am-
meiro do Art. em estudo e tem como verbo o “patrocinar”, que bos do CDC.
significa dar apoio, auxiliar. Conduta (verbo núcleo do tipo): Dois são os núcleos do
Assim, pune-se a conduta daquele que presta auxílio fi- tipo: “fazer”e “promover”.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
nanceiro ao ofertante da informação falsa ou enganosa. Toda- “Fazer” consiste em desenvolver uma ação. Logo, a
via, este patrocínio deve ser específico para que a informação conduta punida é o criar, produzir e veicular a publicidade en-
falsa ou enganosa seja ofertada. ganosa ou abusiva.
Observe que o legislador buscou punir com este parágrafo Já o “promover”, para os fins deste estudo, deve ser enten-
único aquele que patrocina a “oferta”, que deve ser entendida dido como “patrocinar”. Ou seja, consiste em dar apoio, auxílio
como o veículo que transmite uma mensagem, que inclui in- financeiro a quem está ofertando a publicidade enganosa ou
formação e publicidade8. abusiva. Patrocínio este que deve ser específico para que a
7 CDC, Art. 6º - São direitos básicos do consumidor (...) III - a informação ade- publicidade viciada seja ofertada aos consumidores.
quada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta Trata-se de um tipo penal em branco, que para sua apli-
de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço,
bem como sobre os riscos que apresentem; cação devem ser observadas as disposições dos parágrafos do
CDC, Art.31 - A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar Art. 37 do CDC:
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre Art. 37, §1°, do CDC - É enganosa qualquer modalidade
suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de informação ou comunicação de caráter publicitário,
de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresen- 285
tam à saúde e segurança dos consumidores. inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro
8 NUNES, Rizzato. Ibidem. p. 803. modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro
o consumidor a respeito da natureza, características, do-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou
286 qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e divulgação publicitária;
quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. Como se vê, o dispositivo supramencionado traz conduta
Art. 37, §2°, do CDC - É abusiva, dentre outras a pub- muito parecida com a prevista no Art. 67 em estudo. Todavia,
licidade discriminatória de qualquer natureza, a que são crimes diferentes.
incite à violência, explore o medo ou a superstição, se
O crime previsto no CDC é de crime de perigo abstrato,
aproveite da deficiência de julgamento e experiência
punindo a mera conduta a enganosidade potencial9. Em out-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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E mais. Este tipo penal vem a reforçar a proteção dos dire-
Sujeito passivo: É a coletividade e o consumidor.
itos previstos no Art. 42 do CDC11.
Objetividade jurídica: Buscou o legislador proteger a relação
Conduta (verbo núcleo do tipo): Este tipo contém um úni-
de consumo, em um primeiro momento.
co verbo núcleo, qual seja, “utilizar”, no sentido de fazer uso,
Em um segundo momento, o tipo protege o patrimônio empregar.
do consumidor, assim como a honestidade e transparência na
Assim, pune-se aquele que, sem justificativa, realize a co-
prestação de serviços.
brança do seu crédito de fazendo o uso de:
Conduta (verbo núcleo do tipo): O núcleo do tipo consiste
1. Ameaça: consiste em qualquer ameaça, que não car-
no verbo “empregar”, no sentido de fazer uso, utilizar, aplicar.
acterize a ameaça englobada no exercício regular de direito
Desta forma, é punido o prestador de serviço que ao consertar
(analisado no próximo ponto “Elemento normativo do tipo”);
o produto se utiliza de uma peça já usada.
2. Coação: é forçar o consumidor praticar uma ação contra
Note com atenção:
a sua vontade;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
consumidor: desde que esteja dentro do direito legal de co- pedir ou a dificultar o consumidor a ter acesso às informações.
brar, poderá o credor enviar correspondências ou realizar tele- Tentativa: Por se tratar de crime de mera conduta, não se
fonemas para o local de trabalho do consumidor inadimplente, admite tentativa.
sendo que o contado deverá ser feito diretamente com este. É Art. 73, do CDC - Deixar de corrigir imediatamente
inadmissível, por exemplo, que se deixe recado com um colega informação sobre consumidor constante de cadastro,
de trabalho informando sobre a inadimplência do consumidor. banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deve-
Importante ressaltar, que este rol de procedimentos abu- ria saber ser inexata:
sivos e vexatórios trazidos pelo legislador é exemplificativo. Pena - Detenção de um a seis meses ou multa.
Assim, utilizando-se o credor de qualquer outro procedimen- Sujeito ativo: Neste tipo, assim como no anterior, o sujeito
to abusivo para realizar a cobrança, poderá se caracterizar o
ativo poderá ser qualquer pessoa, fornecedor ou não, que exerça
crime em comento.
o controle das informações.
Elemento normativo do tipo: Consiste no termo “injustifi-
cadamente” presente na redação do artigo. Sujeito passivo: É a coletiva e o consumidor.
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Logo, para que o delito se caracterize, além da prática Objetividade jurídica: Teve o legislador o intuito de prote-
da conduta acima estudada, é necessário que o sujeito ativo ger não só as relações de consumo, mas também a dignidade
tenha agido sem motivo que justifique o emprego do meio do consumidor através da veracidade das informações e do seu
vexatório na cobrança. direito de ter as suas informações corretas nos bancos de dados.
Esta exigência tem como condão garantir ao credor o di- Conduta (verbo núcleo do tipo): Consubstanciado pelo
reito de realizar a cobrança, mesmo que o consumidor ao ser verbo “deixar”, no sentido de não fazer algo.
cobrado sinta-se ridicularizado. Pois, haverá situações em que
Elemento normativo do tipo: Consiste no termo “ime-
o consumidor, constrangido por sofrer a cobrança, passa a ter
o sentimento de estar sendo ridicularizado. diatamente”, um equívoco cometido pelo legislador.
Trata-se da garantia do exercício regular do direito de co- Nem sempre o responsável pela informação terá
brar do credor. condições de corrigi-la imediatamente à comunicação
Elemento subjetivo: Será punida somente a conduta dolosa. do consumidor. Até porque em determinadas situações
Consumação: Tratando-se de crime de mera conduta, o envolve todo um sistema operacional, envolvendo a con-
delito restará consumado com a simples prática da cobrança ferência das informações, a autorização da gerência, dentre
com o uso do meio abusivo. outros procedimentos.
Tentativa: É admitida. Diante desta situação, muito se discutiu sobre o significado
Art. 72, do CDC - Impedir ou dificultar o acesso do de “imediatamente” para este tipo penal, já que no significa-
consumidor às informações que sobre ele constem em do literal da palavra traz que é a ação deve ser praticada sem
cadastros, banco de dados, fichas e registros: demora, em seguida.
Pena - Detenção de seis meses a um ano ou multa. Entretanto, tem-se entendido que a correção não precisa
Sujeito ativo: Diferente dos demais crimes até aqui estu- ser feita de forma imediata, tendo o responsável pelos arquiv-
dados, neste tipo o sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa, os o prazo de 05 (cinco) dias para realizá-la.
fornecedor ou não, que exerça o controle das informações. Tal entendimento surgiu diante da disposição do Art.
Sujeito passivo: É a coletividade e consumidor. 43, parágrafo 3º, do CDC12, que traz a previsão do citado
Objetividade jurídica: Tutela-se o direito do consumidor prazo na regulação civil. Ou seja, tem-se aplicado a inter-
de ter acesso as suas informações. pretação extensiva do citado dispositivo legal para a apli-
cação do crime em comento.
Conduta (verbo núcleo do tipo): Dois são os verbos nú-
cleos do tipo:”impedir” e “dificultar”. Elemento subjetivo: Pune-se somente a conduta dolosa.
“Impedir” consiste em proibir, opor-se, não permitir. Por- Consumação: O crime restará consumado quando o su-
tanto, pune-se quem não permite que o consumidor tenha jeito ativo se omitir quanto a correção do dado
acesso aos arquivos que contam os seus dados. Tentativa: Por se tratar de um crime omissivo próprio, não
se admite a tentativa.
Por outra banda, “dificultar” é colocar obstáculo, compli-
car, impor condições indevidas. Logo, aquele que impõe um 12 CDC, Art.43, § 3° - O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus
dados e cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no
obstáculo indevido para que o consumidor consiga ter acesso prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das
aos dados. informações incorretas.
Art. 74, do CDC - Deixar de entregar ao consumidor o Elemento subjetivo: Mais uma vez, pune-se apenas a con-
termo de garantia adequadamente preenchido e com duta a título de dolo.
especificação clara de seu conteúdo; Consumação: O crime se consuma quando o fornecedor
Pena - Detenção de um a seis meses ou multa. se omite e não entrega o termo de garantia ao consumidor ou
Sujeito ativo: É o fornecedor que deixou de entregar o ter- o entrega sem o devido preenchimento e informações.
mo garantia nas condições exigidas. Tentativa: Por se tratar de um crime omissivo próprio, não
Sujeito passivo: É a coletividade e o consumidor. se admite a tentativa.
Com a análise desta figura, encerramos aqui o estudo dos
Objetividade jurídica: O legislador buscou proteger não
crimes em espécies trazidos pelo Código de Defesa do Con-
só a relação de consumo, mas também o patrimônio do con-
sumidor.
sumidor e assegurar que este receba informações adequadas
sobre o conteúdo da garantia. Demais Disposições Penais e
Conduta (verbo núcleo do tipo): Mais uma vez, o núcleo
do tipo é um único o verbo “deixar”. Entretanto, duas são as
Processuais Penais do CDC
condutas punidas: Como mencionado no início do capítulo anterior, visando
1. Não entregar ao consumidor o termo de garantia. dar maior efetividade à proteção do consumidor nas relações
de consumo, o legislador criou as figuras penais na elaboração
Nesta conduta, o documento se quer é entregue ao con- do CDC.
sumidor, ficando este alheios aos seus direitos contratuais.
Em um primeiro momento, ele criou crimes específicos à
Porém, se a garantia não for entregue em um documento proteção do consumidor. Já em um segundo momento, trouxe
específico, mas a embalagem ou invólucro do produto trouxer algumas regras penais e processuais a serem seguidas quando
as especificações da garantia contratual, o delito não se car- da caracterização dos crimes previstos no respectivo diploma
acteriza. legal do consumidor.
2. Não entregar ao consumidor o termo de garantia ad- A primeira das regras trata do concurso de agentes, ou
equadamente preenchido e com especificação clara de seu seja, dos casos em que o delito é praticado por mais de um
conteúdo. sujeito ativo.
Não basta que o termo de garantia seja entregue. É Art. 75 - Quem, de qualquer forma, concorrer para os
necessário que o documento que apresente lacunas para crimes referidos neste código, incide as penas a ess-
preenchimento no ato do fornecimento do produto o serviço, es cominadas na medida de sua culpabilidade, bem
sejam preenchidas. como o diretor, administrador ou gerente da pessoa
Outrossim, para que não se caracterize o crime, é necessário jurídica que promover, permitir ou por qualquer modo
que o termo de garantia traga de forma clara e precisa todas aprovar o fornecimento, oferta, exposição à venda ou
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as condições da garantia como a forma, o prazo e o local que manutenção em depósito de produtos ou a oferta e
pode ser exercida. prestação de serviços nas condições por ele proibidas.
Para a análise e compreensão deste crime deve-se ter em Como se observa, o legislador traz que todos aqueles que
mente que o CDC traz duas espécies de garantia: a garantia de alguma maneira contribuir para a prática do delito deverá
legal (Art. 24 do CDC) e a garantia contratual (Art. 50 do CDC). ser responsabilizado.
A garantia legal é obrigatória, o fornecedor não pode exi- Para alguns doutrinadores, como Rizzato Nunes13, este
mir-se de concedê-la ao consumidor através de cláusula con- dispositivo foi tacitamente revogado pelo Art. 11 da Lei nº
tratual. 8.137/9014. Isto porque, existiria conflito entre as regras que
Já a garantia contratual é dada por mera discricionarie- são aplicadas para o mesmo tipo de delito – crimes contra a
dade do fornecedor, de forma complementar a garantia legal. relação de consumo.
Todavia, uma vez oferecida fica o fornecedor obrigado a con-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Garantia Garantia
Legal Contratual 13 Nunes, Rizzato. Ibidem. p.851.
14 Lei nº 8.137/90, Art. 11 - Quem, de qualquer modo, inclusive por meio
de pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos nesta lei, incide nas
penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade.
15 Lei nº 8.137/90, Art. 11 - Quem, de qualquer modo, inclusive por meio
– Determinada – Discricionariedade de pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos nesta lei, incide nas
pela lei do fornecedor penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade.
16 Lei nº 8.137/90, Art. 11 - Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de pes- 289
– Art. 24 do CDC – Art. 50 do CDC soa jurídica, concorre para os crimes definidos nesta lei, incide nas penas a estes
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Entretanto, nossos tribunais, discordando desta cor- Vale dizer, que esta agravante não será aplicada nos crimes
290 rente minoritária defendida por Rizzato Nunes, têm recon- previstos nos Arts. 66 e 67, ambos do CDC, uma vez que a dis-
hecido a eficácia e aplicabilidade do Art. 75. simulação já integra a conduta que caracteriza o delito.
Ademais, este Art. 75 vem reforçando a tese de que os re- IV. quando cometidos:
sponsáveis pela pessoa jurídica também poderão ser respons- a) por servidor público, ou por pessoa cuja
abilizados penalmente face aos crimes previstos no CDC, uma condição econômico-social seja manifestamente
vez que regulamenta o disposto no Art. 173, parágrafo 5º, da superior à da vítima;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Constituição Federal17. O que é reconhecido por nossos tribunais. No tocante ao servidor público, a agravante só poderá ser apli-
Superadas as questões quanto ao concurso de agentes, cada quando o crime for cometido no exercício da função pública.
preocupou-se o legislador em trazer regras relacionadas à Importante, também, é observar que o legislador utilizou
do termo “servidor público”, o que permite concluir que a
aplicação das penas.
agravante será aplicada, inclusive, para os funcionários públi-
Inicialmente, no Art. 76 do CDC trouxe situações em que cos por equiparação18.
a pena aplicada ao agente deverá ser agravada diante da Quanto à segunda situação – pessoa cuja condição econômi-
gravidade apresentada nas situações. co-social seja manifestamente superior à da vítima – esta está
Para facilitar seu estudo, as observações de cada inciso relacionada com o modo de ser, situação social ou profissional
do sujeito ativo quando comparado ao sujeito passivo.
serão feitas na sequência do texto da lei, para que assim você
Para que se caracterize a agravante, o agente deve possuir
possa memorizar o texto legal e sua interpretação.
maior grau de compreensão do crime que praticou em com-
Art. 76, do CDC - São circunstâncias agravantes dos paração ao grau de compreensão da vítima, sendo certo que
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crimes tipificados neste código: esta superioridade deve ser identificada de forma clara.
I. serem cometidos em época de grave crise b) em detrimento de operário ou rurícola; de
econômica ou por ocasião de calamidade; menor de dezoito ou maior de sessenta anos ou
Como crise econômica deve-se entender a deterioração da de pessoas portadoras de deficiência mental in-
economia quando comparada a situação econômica anterior, terditadas ou não;
sendo certo que esta crise deverá atingir diretamente a relação Rurícola é o trabalhador ou produtor rural.
de consumo protegida pelo tipo penal. Quis o legislador aqui indicar que tanto o operário quanto
Já a calamidade deve ser entendida como a situação, re- o rurícola possui menor grau de compreensão por, muitas vez-
sultante de um fator natural ou humano, climática ou não, que es, tratar-se de pessoas com baixo grau de instrução.
muda sobremaneira a ordem e a paz pública. Portanto, mais uma vez, o agente deve possuir maior grau
Para que seja reconhecida como agravante, a calamidade, de compreensão do crime que praticou em comparação ao
grau de compreensão da vítima, sendo certo que esta superi-
que poderá ser decretada pela Autoridade Pública ou con-
oridade deve ser identificada de forma clara.
statada através de um fato, deverá colocar o consumidor em
No tocante ao deficiente mental, para que caracterize a
uma situação ainda maior de fragilidade.
agravante a deficiência deve ser atestada por laudo médico
Em ambas agravantes – crise econômica e situação de calami- especializado.
dade – para que possam ser aplicadas, deve ser considerada a V. serem praticados em operações que envolvam
situação existente no momento em que o crime foi cometido. alimentos, medicamentos ou quaisquer outros pro-
II. ocasionarem grave dano individual ou coletivo; dutos ou serviços essenciais.
Para a maior parte da doutrina, esta agravante é de Com a criação desta agravante buscou o legislador, mais
difícil aplicação. Isto porque, a maior parte dos crimes pre- uma vez, demonstrar a importância da vida, saúde e bem-es-
vistos no CDC são crimes de perigo e de mera conduta, que tar do consumidor. Entretanto, o aplicador do direito possui
dificuldades para a imposição desta agravante.
não exigem a real existência de um dano para que se car-
Isso porque, o legislador deixou de definir quais produtos
acterize. Basta a existência da possibilidade de dano para o
são considerados essenciais. Além disso, há produtos que é
delito se configurar. essencial em determinadas situações e deixa de ser em outras.
III. dissimular-se a natureza ilícita do procedimento; Assim, caberá ao aplicador analisar no caso concreto
A dissimulação deve ser entendida como a ação do sujeito qual a essencialidade do produto ao consumidor envolvido
ativo voltada a esconder a realidade ilícita do seu comportamento. na relação de consumo em discussão.
Em outras palavras, o sujeito age de modo que dificulta ou
torna impossível a defesa ou reação da vítima, que não identi-
fica a ilicitude na conduta daquele diante do meio ardiloso por
ele empregado.
17 CF, Art. 173, § 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual 18 CP, Art. 327, parágrafo 1º - § 1º - Equipara-se a funcionário público quem ex-
dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, erce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos pratica- empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de ativ-
dos contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. idade típica da Administração Pública
No tocante aos serviços essenciais, estes estão arrolados No tocante ao valor de cada dia-multa, diante do disposto
no Art. 10 da Lei nº 7.783/8919. no Art. 61 do CDC, tem-se entendido que o valor é o previsto
Vale frisar, que poderá o juiz aplicar em conjunto com as no Art. 49, parágrafo 1º, do Código Penal, qual seja, nunca in-
agravantes aqui previstas, as agravantes genéricas previstas ferior a um trigésimo do maior salário mínimo e nem superior
nos Art. 61 e 62, ambos do Código Penal. a de 05 (cinco) vezes ao do maior salário mínimo.
Da mesma forma, poderá o juiz aplicar as atenuantes Porém, o valor máximo supramencionado poderá ser au-
genéricas previstas no Art. 65 do Código Penal, já que o legis- menta em até o triplo, nos casos em que o juiz considerar que,
em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz a pena
lador consumerista não as trouxe no texto do CDC.
aplicada no máximo. Regra esta prevista no Art. 60, parágrafo
A segunda regra criada pelo legislador consumerista para 1º, do Código Penal.
a aplicação da pena, diz respeito à pena pecuniária, consis- Caso fixada e não paga, a multa será considerada dívida
tente na multa. Veja. de valor, aplicando-se as normas da legislação relativa à dívida
Art. 77 do CDC - A pena pecuniária prevista nesta ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas
Seção será fixada em dias-multa, correspondente ao interruptivas e suspensivas da prescrição.
mínimo e ao máximo de dias de duração da pena priv- Prosseguindo com as regras especiais, o legislador tratou
ativa da liberdade cominada ao crime. Na individual- das penas restritivas de direitos.
ização desta multa, o juiz observará o disposto no Art. Art. 78, do CDC - Além das penas privativas de liber-
60, §1°, do Código Penal. dade e de multa, podem ser impostas, cumulativa ou
Diferente das regras do Código Penal, aqui a quantidade de alternadamente, observado o disposto nos Arts. 44 a
dias-multas correspondente à pena é fixado de acordo com a 47, do Código Penal:
pena privativa de liberdade prevista para o crime. Por exemplo. I. a interdição temporária de direitos;
O crime previsto no Art. 67 (Publicidade enganosa ou II. a publicação em órgãos de comunicação de
abusiva) é punido com pena de detenção, de três meses a um grande circulação ou audiência, às expensas do con-
ano. Após realizar a análise dos requisitos do Art. 59 do Código denado, de notícia sobre os fatos e a condenação;
Penal20, o juiz deverá fixar a quantidade de dias-multas que III. a prestação de serviços à comunidade.
poderá ser no mínimo de 90 (noventa dias) e máximo de 365 É de se observar que o legislador consumerista determi-
(trezentos e sessenta e cinco) dias. nou que as penas restritivas de direitos devem ser aplicadas de
acordo com as disposições do Código Penal21. Todavia, há duas
Art. 67 do CDC regras dispostas pelo Código Penal que não deve ser aplicadas
21 CP, Art. 44 - As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime
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Pena privati- Pena de for culposo;
va de liber- multa II – o réu não for reincidente em crime doloso;
dade III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem
como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§1º - Vetado.
§2º - Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou
Mínima 3 Mínima 90
meses = dias-multa
por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode
ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§3º - Se o condenado for reincide o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha
operado em virtude da prática do mesmo crime.
Máxima 365
Máxima 1 ano = dias-multa
§ 4º - A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade
a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo
mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
19 Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: §5º - Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da ex-
ecução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao con-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia denado cumprir a pena substitutiva anterior.
elétrica, gás e combustíveis; CP, Art. 45 - Na aplicação da substituição prevista no Art. anterior, proceder-se-á na forma
II - assistência médica e hospitalar; deste e dos Arts. 46, 47 e 48.
§ 1º - A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não
IV - funerários; inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos.
O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil,
V - transporte coletivo; se coincidentes os beneficiários.
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; §2º - No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecu-
niária pode consistir em prestação de outra natureza.
VII - telecomunicações; §3º - A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a leg-
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e mate- islação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o
riais nucleares; que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por
terceiro, em consequência da prática do crime.
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; §4º - Vetado.
X - controle de tráfego aéreo; CP, Art. 46 - A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às
condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.
XI compensação bancária. §1º - A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de
20 CP, Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta tarefas gratuitas ao condenado.
social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências §2º - A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, 291
do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: estatais.
aos crimes previsto no CDC, por conflitarem com o disposto no No mais, em regra a mencionada interdição e aplicada nos
292 último: casos em que envolve prática de crime que causem prejuízo
O Código Penal determina no caput do Art. 44 que as penas para a Administração Pública.
restritivas de direitos deverão ser aplicadas de forma substituti-
Interdição
va às penas privativas de liberdade. temporária
Diferentemente, o CDC traz que as penas restritivas de di- de direitos Cargo, função e
reitos poderão ser aplicadas de forma alternativa (em substi- atividade pública
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Para que seja aplicada esta pena, o crime deve ter relação determinados lugares
e ter sido praticado durante o exercício das funções do cargo, Proibição de
função ou atividade pública, ou do mandato eletivo, com vio- exercer
Inscrever-se em
lação a um dever funcional. concurso, avaliação e
b) proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício exame públicos
que dependam de habilitação especial, de licença ou autor-
ização do poder público. A pena de publicação em órgãos de comunicação de
Assim como na pena anterior, aqui o crime deve ter relação grande circulação ou audiência, às expensas do condenado, de
e ter sido praticado durante o exercício da profissão, atividade notícia sobre os fatos e a condenação consiste na publicação
ou ofício. de informações sobre a existência do processo e da sua sen-
c) suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir tença condenatória.
veículo. A finalidade desta pena é informar os consumidores de
Esta pena dificilmente será aplicada aos crimes previstos como se dão certas práticas criminosas, assim como demon-
no CDC, uma vez que dificilmente possuirão relação com a strar à sociedade a aplicação da lei.
condução de veículo automotor. Já a pena de prestação de serviços à comunidade incide na
d) proibição de frequentar determinados lugares. atribuição de tarefas gratuitas ao condenado, as quais devem
Deverá o juiz especificar na decisão quais os lugares em ser cumpridas na razão de uma hora de tarefa por dia da se-
que o condenado não poderá estar, sendo certo que, em regra, mana, em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos
estes devem possuir relação com o crime praticado. e outros estabelecimentos congêneres, em programas comu-
Acredita-se ser uma pena também de difícil aplicação aos nitários ou estatais.
crimes aqui estudados. As tarefas serão atribuídas de acordo com a aptidão do
e) proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou ex- condenado, sendo certo que o cumprimento dos serviços não
ame públicos. poderá prejudicar a jornal normal de trabalho do condenado.
Com a criação do delito previsto no Art. 311-A do Código Estas foram as regras penais trazidas pelo legislador ao
Penal, pela Lei nº 12.550/2011, a doutrina pátria iniciou dis- CDC. Agora, observe as regras processuais.
cussão no sentido de afirmar que a interdição temporária de A primeira dela diz respeito à fiança.
direito em epígrafe, seria aplicada apenas nessa modalidade
penal. Art. 79, do CDC - O valor da fiança, nas infrações de
§3º - As tarefas a que se refere o § 1º serão atribuídas conforme as aptidões do condenado,
que trata este código, será fixado pelo juiz, ou pela au-
devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de toridade que presidir o inquérito, entre cem e duzentas
modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho. mil vezes o valor do Bônus do Tesouro Nacional (BTN),
§4º - Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena ou índice equivalente que venha a substituí-lo.
substitutiva em menor tempo (Art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liber-
dade fixada. Parágrafo único - Se assim recomendar a situação
CP, Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são: econômica do indiciado ou réu, a fiança poderá ser:
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação espe- a) reduzida até a metade do seu valor mínimo;
cial, de licença ou autorização do poder público; b) aumentada pelo juiz até vinte vezes.
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.
IV – proibição de frequentar determinados lugares. Fiança consiste em uma garantia real prestada pelo in-
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos. diciado ou réu para que responda ao processo em liberdade,
sendo certo que, tratando-se dos crimes previstos no CDC,
poderá ser concedida em todos os delitos.
Esta concessão poderá ser feita pelo juiz ou pela autori-
dade que preside o inquérito e determinará o valor a ser pago
pelo indiciado ou réu.
Ademais, como apontado no parágrafo único deste Art. 79,
para determinar o valor da fiança deverá a autoridade analisar
e levar em conta as condições financeiras do agente, podendo
diminuir o valor mínimo estabelecido pela lei ou então aumen-
tar o valor máximo.
Para finalizar, o Art. 80 traz a segunda regra processual.
Veja.
De rigor observar que o índice usado para a fixação do val-
or (BTN) foi extinto, sendo certo que a doutrina se divide entre
aqueles que afirmam que deverá ser aplicada o TR e outros
que alegam que deverá ser aplicado os mesmos parâmetros
do Código de Processo Penal.
Art. 80, do CDC - No processo penal atinente aos crimes
previstos neste código, bem como a outros crimes e con-
travenções que envolvam relações de consumo, poderão
intervir, como assistentes do Ministério Público, os le-
gitimados indicados no Art. 82, inciso III e IV, aos quais
também é facultado propor ação penal subsidiária, se a
denúncia não for oferecida no prazo legal.
Os crimes previstos no CDC são todos de ação penal públi-
ca incondicionada, o que vale dizer, que o titular da ação é o
Ministério Público, independente de representação do con-
sumidor vítima.
Contudo, o Ministério Público poderá ser assistido por (i)
entidades e (ii) órgãos da Administração Pública, direta ou in-
direta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente
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destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por
este código; (iii) associações legalmente constituídas há pelo
menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a
defesa dos interesses e direitos protegidos por este código,
dispensada a autorização assemblear.
E, mais, segundo a doutrina majoritária, admite-se, ainda,
que a vítima ou, no caso de morte desta, o cônjuge, ascenden-
te, descendente ou irmão poderão, também, atuar como assis-
tentes, nos termos do Art. 100, parágrafo 4º, do Código Penal.
Outrossim, todos os que podem atuar como representante
poderão oferecer denúncia subsidiária quando o Ministério Pú-
blico deixar de fazê-la no prazo legal. Nesta situação, a ação
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ANOTAÇÕES
293
294 LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF Ş
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ÍNDICE
1. Lei nº 4.878, 3 de Dezembro de 1965.........................................................................296
2. Lei nº 9.654 de 2 de Junho de 1998 ...........................................................................303
3. Lei nº 9.503/1997 Código de Trânsito Brasileiro ....................................................... 306
Conceito ...................................................................................................................................... 307
Sistema Nacional de Trânsito (SNT) ...........................................................................................308
3. 1. Competências dos Órgãos do Sistema ................................................................... 309
CONTRAN ...................................................................................................................................309
Câmara Temática .........................................................................................................................310
CETRAN e CONTRANDIFE ............................................................................................................310
JARIs .............................................................................................................................................311
Órgão Executivo da União ............................................................................................................311
Polícia Rodoviária Federal ........................................................................................................... 313
Órgão Executivo Rodoviário da União, dos Estados e dos Municípios ........................................314
Órgãos Executivos dos Estados, DETRANS e CIRETRANS ........................................................... 315
Polícia Militar ...............................................................................................................................316
Órgãos Executivos de Trânsito dos Municípios ...........................................................................316
Circunscrição Regional de Trânsito - CIRETRAN ......................................................................... 317
Quadro Resumo do SNT............................................................................................................... 317
3. 2. Das Normas Gerais de Circulação e Conduta ........................................................... 318
Regras Gerais para Colocar um Veículo em Circulação ...............................................................318
Regras de Preferência de Passagem em Cruzamentos ...............................................................318
Regras para Ultrapassagem.........................................................................................................318
Regras para Manobras à Esquerda, à Direita e Retornos ........................................................... 320
Regras para o Uso de Luzes e Buzina ......................................................................................... 320
Regras de Limites de Velocidades Máxima e Mínima .................................................................. 321
Regras de Estacionamento, Paradas e Operações de Carga e de Descarga............................... 322
Regras para Veículos de Tração Animal, Propulsão Humana, Ciclos e Motos ............................ 322
Classificação de Vias ................................................................................................................... 323
Regras para o Uso do Cinto de Segurança.................................................................................. 323
Regras para Pedestres e Condutores de Veículos não Motorizados .......................................... 324
Do Cidadão ................................................................................................................................. 325
Da Educação para o Trânsito ...................................................................................................... 325
3. 3. Da Sinalização de Trânsito .....................................................................................327
Princípios da Sinalização ............................................................................................................ 327
Sinalização Vertical..................................................................................................................... 328
Sinalização Horizontal ............................................................................................................... 329
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LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF 295
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vencimento do cargo em virtude de licença ou outro
vados pela Lei nº 4.483, de 16 de novembro de 1964. afastamento, salvo quando investido em cargo em co-
Art. 19. As nomeações por acesso abrangerão meta- missão ou função gratificada com atribuições e respon-
de das vagas existentes na respectiva classe, ficando sabilidades de natureza policial, hipótese em que conti-
a outra metade reservada aos provimentos na forma nuará a perceber a gratificação na base do vencimento
prevista no Art. 6º desta Lei. do cargo efetivo.
Art. 20. O funcionário policial que, comprovadamen- Art. 26. A gratificação de função policial incorporar-se-
te, se revelar inapto para o exercício da função policial, -á aos proventos da aposentadoria à razão de 1/30 (um
sem causa que justifique a sua demissão ou aposenta- trinta avos) do seu valor por ano de efetivo exercício de
doria, será readaptado em outro cargo mais compatí- atividade estritamente policial.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
vel com a sua capacidade, sem decesso nem aumento Parágrafo único. Para os efeitos da incorporação de
de vencimento. que trata este artigo, levar-se-á em conta, também, o
Parágrafo único. A readaptação far-se-á mediante a tempo de efetivo exercício em atividade estritamente
transformação do cargo exercido em outro mais compa- policial, anterior à data da concessão ao funcionário da
tível com a capacidade física ou intelectual e vocação. vantagem prevista no Art. 23.
Art. 27. O funcionário policial casado, quando lota-
Art. 21. O funcionário policial não poderá ser obriga-
do em Delegacia Regional, terá direito a auxílio para
do a interromper as suas férias, a não ser em virtude moradia correspondente a 10% (dez por cento) do seu
de emergente necessidade da segurança nacional ou vencimento mensal.
manutenção da ordem, mediante convocação da auto-
Parágrafo único. O auxílio previsto neste artigo será
ridade competente. pago ao funcionário policial até completar 5 (cinco)
§ 1º. Na hipótese prevista neste artigo, in fine, o funcio- anos na localidade em que, por necessidade de ser-
nário terá direito a gozar o período restante das férias viço, nela deva residir, e desde que não disponha de
em época oportuna. moradia própria.
§ 2º. Ao entrar em férias, o funcionário comunicará ao Art. 28. Quando o funcionário policial, de que trata o ar-
chefe imediato o seu provável endereço, dando-lhe ciên- tigo anterior, ocupar imóvel sob a responsabilidade do 297
cia, durante o período, de suas eventuais mudanças. órgão em que servir, 20% (vinte por cento) do valor do
auxílio previsto no artigo anterior serão recolhidos como e) os menores que, em virtude de decisão ju-
298 receita da União e o restante, empregado conforme for dicial, forem entregues à sua guarda;
estabelecido pelo referido órgão de acordo com as suas f) os irmãos menores e órfãos, sem arrimo.
peculiaridades. Parágrafo único. Continuarão compreendidos nas dis-
Art. 29. Quando o funcionário policial ocupar imóvel de posições deste capítulo a viúva do policial, enquanto
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
outra entidade, a importância referida no Art. 28 terá o perdurar a viuvez, e os demais dependentes mencio-
seguinte destino: nados nas letras “b” a “f”, desde que vivam sob a res-
a) a importância correspondente ao aluguel, ponsabilidade legal da viúva.
recolhida ao órgão responsável pelo imóvel; Art. 36. Os recursos para a assistência de que trata este
b) o restante, empregado na forma estabele- capítulo provirão das dotações consignadas no Orça-
cida no artigo anterior, “in fine”. mento Geral da União e do pagamento das indeniza-
Art. 30. Esgotado o prazo previsto no parágrafo único ções referidas no Art. 34.
do Art. 27, o funcionário que continuar ocupando imó-
vel de responsabilidade da repartição em que servir in- Das Disposições Especiais
denizá-la-á da importância correspondente ao auxílio sobre Aposentadoria
para moradia. Art. 37. O funcionário policial será aposentado compulso-
Parágrafo único. Se a ocupação for de imóvel perten- riamente aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, qual-
cente a outro órgão, o funcionário indenizá-la-á pelo quer que seja a natureza dos serviços prestados.
aluguel correspondente. Art. 38. O provento do policial inativo será revisto sem-
pre que ocorrer:
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Da Assistência Médico-Hospitalar
a) modificação geral dos vencimentos dos
Art. 31. A assistência médico-hospitalar compreenderá: funcionários policiais civis em atividade; ou
a) assistência médica contínua, dia e noite, b) reclassificação do cargo que o funcionário
ao policial enfermo, acidentado ou ferido, que se policial inativo ocupava ao aposentar-se.
encontre hospitalizado;
Art. 39. O funcionário policial, quando aposentado em
b) assistência médica ao policial ou sua famí- virtude de acidente em serviço ou doença profissional,
lia, através de laboratórios, policlínicas, gabinetes ou quando acometido das doenças especificadas no Art.
odontológicos, pronto-socorro e outros serviços 178, item III, da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, in-
assistenciais.
corporará aos proventos de inatividade a gratificação de
Art. 32. A assistência médico-hospitalar será prestada função policial no valor que percebia ao aposentar-se.
pelos serviços médicos dos órgãos a que pertença ou
tenha pertencido o policial, dentro dos recursos pró- Da Prisão Especial
prios colocados à disposição deles. Art. 40. Preso preventivamente, em flagrante ou em
Art. 33. O funcionário policial terá hospitalização e tra- virtude de pronúncia, o funcionário policial, enquanto
tamento por conta do Estado quando acidentado em não perder a condição de funcionário, permanecerá em
serviço ou acometido de doença profissional. prisão especial, durante o curso da ação penal e até que
Art. 34. O funcionário policial em atividade, excetua- a sentença transite em julgado.
do o disposto no artigo anterior, o aposentado e, bem § 1º. O funcionário policial nas condições deste artigo
assim, as pessoas de sua família, indenizarão, no todo ficará recolhido a sala especial da repartição em que
ou em parte, a assistência médico-hospitalar que lhes sirva, sob a responsabilidade do seu dirigente, sendo-
for prestada, de acordo com as normas e tabelas que lhe defeso exercer qualquer atividade funcional, ou sair
forem aprovadas. da repartição sem expressa autorização do Juízo a cuja
Parágrafo único. As indenizações por trabalhos de disposição se encontre.
prótese dentária, ortodontia, obturações, bem como § 2º. Publicado no “Diário Oficial” o decreto de demis-
pelo fornecimento de aparelhos ortopédicos, óculos são, será o ex-funcionário encaminhado, desde logo, a
e artigos correlatos, não se beneficiarão de reduções, estabelecimento penal, onde permanecerá em sala es-
devendo ser feitas pelo justo valor do material aplicado pecial, sem qualquer contato com os demais presos não
ou da peça fornecida. sujeitos ao mesmo regime, e, uma vez condenado, cum-
Art. 35. Para os efeitos da prestação de assistência mé- prirá a pena que lhe tenha sido imposta, nas condições
dico-hospitalar, consideram-se pessoas da família do previstas no parágrafo seguinte.
funcionário policial, desde que vivam às suas expensas § 3º. Transitada em julgado a sentença condenatória,
e em sua companhia: será o funcionário encaminhado a estabelecimento
a) o cônjuge; penal, onde cumprirá a pena em dependência isolada
b) os filhos solteiros, menores de dezoito anos dos demais presos não abrangidos por esse regime,
ou inválidos e, bem assim, as filhas ou enteadas, mas sujeito, como eles, ao mesmo sistema disciplinar
solteiras, viúvas ou desquitadas; e penitenciário.
c) os descentes órfãos, menores ou inválidos; § 4º. Ainda que o funcionário seja condenado às penas
d) os ascendentes sem economia própria; acessórias dos itens I e II do Art. 68 do Código Penal,
cumprirá a pena em dependência isolada dos demais XVI. Pleitear, como procurador ou intermediário,
presos, na forma do parágrafo anterior. junto a repartições públicas, salvo quando se tra-
tar de percepção de vencimentos, vantagens e
Dos Deveres e das Transgressões proventos de parentes até segundo grau civil;
Art. 41. Além do enumerado no Art. 194 da Lei nº 1.711, XVII. Faltar à verdade no exercício de suas funções,
de 28 de outubro de 1952, é dever do funcionário poli- por malícia ou má-fé;
cial frequentar com assiduidade, para fins de aperfei- XVIII. Utilizar-se do anonimato para qualquer fim;
çoamento e atualização de conhecimentos profissio- XIX. Deixar de comunicar, imediatamente, à auto-
nais, curso instituído periodicamente pela Academia ridade competente, faltas ou irregularidades que
Nacional de Polícia, em que seja compulsoriamente haja presenciado ou de que haja tido ciência;
matriculado.
XX. Deixar de cumprir ou de fazer cumprir, na es-
Art. 42. Por desobediência ou falta de cumprimento fera de suas atribuições, as leis e os regulamentos;
dos deveres, o funcionário policial será punido com a
XXI. Deixar de comunicar à autoridade competente,
pena de repreensão, agravada em caso de reincidência.
ou a quem a esteja substituindo, informação que
Art. 43. São transgressões disciplinares: tiver sobre iminente perturbação da ordem pú-
I. Referir-se de modo depreciativo às autoridades e blica, ou da boa marcha de serviço, tão logo disso
atos da administração pública, qualquer que seja o tenha conhecimento;
meio empregado para esse fim; XXII. Deixar de informar com presteza os processos
II. Divulgar, através da imprensa escrita, falada ou que lhe forem encaminhados;
televisionada, fatos ocorridos na repartição, propi- XXIII. Dificultar ou deixar de levar ao conhecimen-
ciar-lhes a divulgação, bem como referir-se desres- to de autoridade competente, por via hierárquica
peitosa e depreciativamente às autoridades e atos e em 24 (vinte e quatro) horas, parte, queixa, re-
da administração; presentação, petição, recurso ou documento que
III. Promover manifestação contra atos da adminis- houver recebido, se não estiver na sua alçada re-
tração ou movimentos de apreço ou desapreço a solvê-lo;
quaisquer autoridades; XXIV. Negligenciar ou descumprir a execução de
IV. Indispor funcionários contra os seus superiores qualquer ordem legítima;
hierárquicos ou provocar, velada ou ostensivamente, XXV. Apresentar maliciosamente parte, queixa ou
animosidade entre os funcionários; representação;
V. Deixar de pagar, com regularidade, as pensões a XXVI. Aconselhar ou concorrer para não ser cumpri-
que esteja obrigado em virtude de decisão judicial; da qualquer ordem de autoridade competente, ou
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VI. Deixar, habitualmente, de saldar dívidas legíti- para que seja retardada a sua execução;
mas; XXVII. Simular doença para esquivar-se ao cumpri-
VII. Manter relações de amizade ou exibir-se em públi- mento de obrigação;
co com pessoas de notórios e desabonadores antece- XXVIII. Provocar a paralisação, total ou parcial, do
dentes criminais, sem razão de serviço; serviço policial ou dela participar;
VIII. Praticar ato que importe em escândalo ou que XXIX. Trabalhar mal, intencionalmente ou por ne-
concorra para comprometer a função policial; gligência;
IX. Receber propinas, comissões, presentes ou au- XXX. Faltar ou chegar atrasado ao serviço, ou
ferir vantagens e proveitos pessoais de qualquer deixar de participar, com antecedência, à auto-
espécie e, sob qualquer pretexto, em razão das ridade a que estiver subordinado, a impossibili-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
XXXVII. Fazer uso indevido da arma que lhe haja terrogatório do indiciado, mesmo ocorrendo inco-
sido confiada para o serviço; municabilidade, a presença de seu advogado;
XXXVIII. Maltratar preso sob sua guarda ou usar de LVII. Ordenar ou executar medida privativa da li-
violência desnecessária no exercício da função po- berdade individual, sem as formalidades legais, ou
licial; com abuso de poder;
XXXIX. Permitir que presos conservem em seu po- LVIII. Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a
der instrumentos com que possam causar danos vexame ou constrangimento não autorizado em lei;
nas dependências a que estejam recolhidos, ou LIX. Deixar de comunicar imediatamente ao Juiz
produzir lesões em terceiros; competente a prisão em flagrante de qualquer
XL. Omitir-se no zelo da integridade física ou moral pessoa;
dos presos sob a sua guarda; LX. Levar à prisão e nela conservar quem quer que se
XLI. Desrespeitar ou procrastinar o cumprimento proponha a prestar fiança permitida em lei;
de decisão ou ordem judicial, bem como criticá-las; LXI. Cobrar carceragem, custas, emolumentos ou
XLII. Dirigir-se ou referir-se a superior hierárquico qualquer outra despesa que não tenha apoio em lei;
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Parágrafo único. A detenção disciplinar, que não
acarreta a perda dos vencimentos, será cumprida: Do Processo Disciplinar
I. Na residência do funcionário, quando não exce- Art. 52. A autoridade que tiver ciência de qualquer ir-
der de 48 (quarenta e oito) horas; regularidade ou transgressão a preceitos disciplinares é
II. Em sala especial, na sede do Departamento Fe- obrigada a providenciar a imediata apuração em proces-
deral de Segurança Pública ou na Polícia do Distrito so disciplinar, no qual será assegurada ampla defesa.
Federal, quando se tratar de ocupante de cargo em Art. 53. Ressalvada a iniciativa das autoridades que lhe
comissão ou função gratificada ou funcionário ocu- são hierarquicamente superiores, compete ao Diretor-
pante de cargo para cujo ingresso ou desempenho Geral do Departamento Federal de Segurança Pública,
seja exigido diploma de nível universitário; ao Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
III. Em sala especial na Delegacia Regional, quando e aos Delegados Regionais nos Estados, a instauração
se tratar de funcionário nela lotado; do processo disciplinar.
IV. Em sala especial da repartição, nos demais ca- § 1º. Promoverá o processo disciplinar uma Comissão
sos. Permanente de Disciplina, composta de três membros
de preferência bacharéis em Direito, designada pelo Di-
Da Competência para retor-Geral do Departamento Federal de Segurança Pú-
blica ou pelo Secretário de Segurança Pública do Distrito
Imposição de Penalidades Federal, conforme o caso.
Art. 50. Para imposição de pena disciplinar, são com- § 2º. Haverá até três Comissões Permanentes de Disci-
petentes: plina na sede do Departamento Federal de Segurança
I. O Presidente da República, nos casos de demis- Pública e na da Polícia do Distrito Federal e uma em
são e cassação de aposentadoria ou disponibilida- cada Delegacia Regional.
de de funcionário policial do Departamento Fede- § 3º. Caberá ao Diretor-Geral do Departamento Federal de
ral de Segurança Pública; Segurança Pública a designação dos membros das Comis-
II. O Prefeito do Distrito Federal, nos casos previstos sões Permanentes de Disciplina na sede da repartição e
no item anterior, quando se tratar de funcionário po- nas Delegacias Regionais mediante indicação dos respec- 301
licial da Polícia do Distrito Federal; tivos Delegados Regionais.
§ 4º. Ao Secretário de Segurança Pública do Distrito Fe- pela procedência ou não da transgressão, deliberará
302 deral compete designar as Comissões Permanentes de sobre a penalidade a ser aplicada e, finalmente, o Presi-
Disciplina da Polícia do Distrito Federal. dente proferirá a decisão final.
Art. 54. A autoridade competente para determinar a Parágrafo único. Votará em primeiro lugar o relator
instauração de processo disciplinar: do processo e, por último, o Presidente do órgão,
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
I. Remeterá, em três vias, com o respectivo ato, à assegurado a este o direito de veto às deliberações
Comissão Permanente de Disciplina de que trata do Conselho.
o § 1º do artigo anterior, os elementos que funda- Das Disposições Gerais
mentaram a decisão;
Art. 61. O dia 21 de abril será consagrado ao Funcioná-
II. Providenciará a instauração do inquérito po-
licial quando o fato possa ser configurado como rio Policial Civil.
ilícito penal. Art. 62. Aos funcionários do Serviço de Polícia Federal e
Art. 55. Enquanto integrarem as Comissões Permanen- do Serviço Policial Metropolitano aplicam-se as disposi-
tes de Disciplina, seus membros ficarão à disposição do ções da legislação relativa ao funcionalismo civil da União
respectivo Conselho de Polícia e dispensados do exercí- no que não colidirem com as desta Lei.
cio das atribuições e responsabilidades de seus cargos. Parágrafo único. Os funcionários dos quadros de pes-
§ 1º. Os membros das Comissões Permanentes de soal do Departamento Federal de Segurança Pública e
Disciplina terão o mandato de seis meses, prorrogá- da Polícia do Distrito Federal ocupantes de cargos, não
integrantes do Serviço de Polícia Federal e do Serviço
vel pelo tempo necessário à ultimação dos processos
Policial Metropolitano, continuarão subordinados inte-
disciplinares que se encontrem em fase de indiciação,
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previstas na Constituição Federal, no Código de Trânsito
Brasileiro e na legislação específica. da a correlação disposta no Anexo II-A (Incluído pela
Parágrafo único. A implantação da carreira far-se-á me- Lei nº 12.775, de 2012).
diante transformação dos atuais dez mil e noventa e oito § 1º. As atribuições gerais das classes do cargo de Poli-
cargos efetivos de Patrulheiro Rodoviário Federal, do qua- cial Rodoviário Federal são as seguintes: (Incluído pela
dro geral do Ministério da Justiça, em cargos de Policial Lei nº 12.775, de 2012).
Rodoviário Federal. I. Classe Especial: atividades de natureza policial e
Art. 2º. A Carreira de que trata esta Lei é composta do administrativa, envolvendo direção, planejamento,
cargo de Policial Rodoviário Federal, de nível inter- coordenação, supervisão, controle e avaliação admi-
mediário, estruturada nas classes de Inspetor, Agente nistrativa e operacional, coordenação e direção das
atividades de corregedoria, inteligência e ensino,
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Especial, Agente Operacional e Agente, na forma do
Anexo I desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008). bem como a articulação e o intercâmbio com outras
§ 1º. As atribuições gerais das classes do cargo de Poli- organizações e corporações policiais, em âmbito na-
cial Rodoviário Federal são as seguintes: (Incluído pela cional e internacional, além das atribuições da Pri-
Lei nº 11.784, de 2008). meira Classe; (Incluído pela Lei nº 12.775, de 2012).
I. Classe de Inspetor: atividades de natureza policial II. Primeira Classe: atividades de natureza policial, en-
e administrativa, envolvendo direção, planejamen- volvendo planejamento, coordenação, capacitação,
to, coordenação, supervisão, controle e avaliação controle e execução administrativa e operacional,
administrativa e operacional, coordenação e dire- bem como articulação e intercâmbio com outras or-
ção das atividades de corregedoria, inteligência e ganizações policiais, em âmbito nacional, além das
ensino, bem como a articulação e o intercâmbio atribuições da Segunda Classe; (Incluído pela Lei nº
com outras organizações e corporações policiais, 12.775, de 2012).
em âmbito nacional e internacional, além das atri- III. Segunda Classe: atividades de natureza policial
buições da classe de Agente Especial; (Incluído envolvendo a execução e controle administrativo e
pela Lei nº 11.784, de 2008). operacional das atividades inerentes ao cargo, além
II. Classe de Agente Especial: atividades de natu- das atribuições da Terceira Classe; e (Incluído pela 303
reza policial, envolvendo planejamento, coorde- Lei nº 12.775, de 2012).
IV. Terceira Classe: atividades de natureza policial en- Art. 6º. Fica extinta a Gratificação Temporária, no ter-
304 volvendo a fiscalização, patrulhamento e policiamen- mos do § 3º do Art. 1º da Lei nº 9.166, de 20 de dezem-
to ostensivo, atendimento e socorro às vítimas de aci- bro de 1995.
dentes rodoviários e demais atribuições relacionadas Art. 7º. Os ocupantes de cargos da carreira de Policial
com a área operacional do Departamento de Polícia Rodoviário Federal ficam sujeitos a integral e exclusiva
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
(Incluído pela Lei nº 12.775, de 2012). na carreira de que trata esta Lei.
III. 2 (dois) anos completos ou mais de exercício na Art. 11. O disposto nesta Lei aplica-se aos proventos de
classe de Agente: Padrão III. (Incluído pela Lei nº aposentadoria e às pensões.
12.775, de 2012). Art. 12. As despesas decorrentes da execução desta Lei
§ 4º. O tempo que exceder o período mínimo de 1 (um) correrão à conta das dotações constantes do orçamen-
ano para enquadramento no padrão de que trata o § 3º to do Ministério da Justiça.
será computado para fins da progressão ou promoção Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
subsequente. (Incluído pela Lei nº 12.775, de 2012). ção, retroagindo seus efeitos financeiros a 1º de janeiro
Art. 3º. O ingresso nos cargos da carreira de que tra- de 1998.
ta esta Lei dar-se-á mediante aprovação em concurso Anexo I
público, constituído de duas fases, ambas eliminatórias (Incluído pela Lei nº 12.775, de 2012)
e classificatórias, sendo a primeira de exame psicotéc- ESTRUTURA DA CARREIRA DE POLICIAL
nico e de provas e títulos e a segunda constituída de RODOVIÁRIO FEDERAL
curso de formação. CARGO CLASSE PADRÃO
§ 1º. São requisitos para o ingresso na carreira o diplo-
ma de curso superior completo, em nível de graduação,
devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação, III
ESPECIAL II
e os demais requisitos estabelecidos no edital do con-
curso. (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008). I
§ 2º. A investidura no cargo de Policial Rodoviário Fede-
VI
ral dar-se-á no padrão único da classe de Agente, onde o
V
titular permanecerá por pelo menos 3 (três) anos ou até
IV
obter o direito à promoção à classe subsequente. (Reda- PRIMEIRA
III
ção dada pela Lei nº 11.784, de 2008). II
POLICIAL
§ 3º. A partir de 1º de janeiro de 2013, a investidura no RODOVIÁRIO I
cargo de Policial Rodoviário Federal dar-se-á no pa- FEDERAL
drão inicial da Terceira Classe. (Redação dada pela Lei VI
nº 12.775, de 2012). V
§ 4º. O ocupante do cargo de Policial Rodoviário Fe- SEGUNDA IV
deral permanecerá preferencialmente no local de sua III
primeira lotação por um período mínimo de 3 (três) II
anos exercendo atividades de natureza operacional I
voltadas ao patrulhamento ostensivo e à fiscalização
III
de trânsito, sendo sua remoção condicionada a concur- TERCEIRA II
so de remoção,
Art. 4º. (Revogado pela Lei nº 11.358, de 2006). Este material foi revisado e atualizado de acordo com a le-
Art. 5º. (Revogado pela Lei nº 11.358, de 2006). gislação em vigor que segue abaixo.
As resoluções que podem ser previstas em edital, estão colocadas junto a cada Art. ao longo de todo o material para que seja
como apoio ao estudante, que a depender do seu concurso, poderá utilizar ou não.
Lei nº 9.602, de 21 de janeiro de 1998; Fund. Nac. de Segurança e educação no trânsito (Funset)
Lei nº 9.792, de 14 de abril de 1999; Kit de primeiros socorros (revogado Art. 112).
Lei nº 10.350, de 21 de dezembro de 2001; Obrigatoriedade do exame psicológico, Art. 147 §3º CTB
Lei nº 11.334, de 25 de julho de 2006; Nova redação do Art. 218 velocidades; Resolução nº 396/11
Lei nº 11.275, de 07 de fevereiro de 2006 Tolerância zero (sem eficácia por causa do Art. 276)
Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008; Zero definitivamente, admitindo outras provas (lei seca);
Lei nº 12.009, de 29 de julho de 2009; Regulamenta “mototaxista” e “motoboy” criou o cap. XIII - A
Lei nº 11.910, de 18 de março de 2009; Uso de “air bag” – implementado em janeiro de 2014;
Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010; Revogou o § 2º do Art. 288 (recurso de multa era pago)
Lei nº 12.452, de 21 de julho de 2011; Alterou o Art. 143, V e acresc. § 2º ao Art. 6 ton pra trailer
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Lei nº 12.547, de 14 de dezembro de 2011; Reciclagem com 20 pontos no prontuário;
Lei nº 12.619, de 30 de abril de 2012; Motoristas profissionais; criou o Cap. III-A, (Art. 230, XXIII)
Lei nº 12.694, de 24 de julho de 2012; Placas especiais - caso Juíza Patrícia Acioli (Art. 115, § 7º)
Lei nº 12.760, de 20 de dezembro de 2012; Conceitos de “ar alveolar” e “Etilômetro” - inf. Gravíssimas.
Lei nº 12.865, de 9 de outubro de 2013; Art. 10 composição do CONTRAN; 9 ministérios + ANTT LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Lei nº 12.971, de 9 de maio de 2014; Arts.: 173, 174, 175, 191, 202, 203, 292, 302, 303, 306 e 308
Lei nº 12.977, de 20 de maio de 2014; Regula a desmontagem de veículos; altera o Art. 126.
Lei nº 12.998, de 18 de junho de 2014; No Art. 145-A, para conduzir ambulâncias - treinamento.
Lei nº 13.097, de 19 de janeiro de 2015; Tratores pneu Cat. “B” Alterou os Arts. 115, 130 e 144.
Lei nº 13.160 de 25 de agosto de 2015; Retenção, remoção e leilão de veículo - Arts. 270, 271 e 328
Lei nº 13.146 de 6 de julho de 2015; Pessoa com Deficiência (Arts. 2º, 86-A, 147-A, 181, XVII)
Lei nº 13.154 de 30 de julho de 2015; Art. 24 competências, e placas externas (Art. 115, §8º)
Lei nº13.281, de 04 de maio de 2016 Uma das maiores alterações do CTB de toda a sua história.
305
Lei 13.290, de 23 de maio de 2016. Faróis em Rodovias. ( art. 40,I e 205,I “B”).
306
3. Lei nº 9.503/1997 Código de Outro ponto essencial é entender que os 341 Arts estão
dispostos da seguinte forma: O CTB pode ser doutrinariamen-
Trânsito Brasileiro te dividido em duas partes para facilitar o estudo.
A Lei nº 9.503 foi publicada em Diário Oficial, em 23 de
A primeira é administrativa/educativa (Art. 1º ao Art.
Setembro de 1997, entrando em vigor a partir de 22 de janeiro
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
de 1998. Portanto, com 120 dias de vacatio legis, que é o pe- 290 e do Art. 313 até o Art. 341) caracterizando, assim, uma
ríodo compreendido entre a publicação e a entrada em vigor atividade de administração pública, pautada em princípios
de uma lei.
basilares da administração, tais como: a supremacia do in-
Trata-se de legislação de trânsito que define as atribuições
das diversas autoridades e órgãos ligados ao trânsito, forne- teresse público sobre o particular e a indisponibilidade
cendo diretrizes para a Engenharia de Tráfego e estabelecendo do interesse público. Vale ressaltar que o ônus da prova é do
normas de conduta, infrações e penalidades para os diversos condutor/infrator, ou seja, basta o agente de trânsito verificar
usuários desse complexo sistema.
a infração e relatá-la à autoridade com circunscrição sobre a
O Art. 144 da CF/88:
via, em documento próprio, notificação, para que seja iniciado
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preserva- o processo de penalização, o agente da autoridade não preci-
ção da ordem pública e da incolumidade das pessoas e sa, portanto, produzir provas do fato imputado, sendo asse-
do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
gurado, todavia, o direito Constitucional da ampla defesa e do
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Subordinação / Vinculação
Delegação Câmaras Temáticas
Art. 13 CTB;
CONTRAN 7º I Vinculação
Composição - Res.
Nº 218, de 20-12-2006
Presidente
Federal Estadual/DF
Federal DENATRAN - Art.19
ORGÃOS CETRAN/CON
CONTRAN
EXECUTIVOS Estadual /DF DETRAN - Art. 22 CIRETRAN’S TRANDIFE
III
Órgão Exec. de
Município Atua mediante convênio
Trânsito Art. 24
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VI V
ÓRGÃOS
EXECUTIVOS União
Órgão \Rodoviário
RODOVIÁRIOS Estadual /DF
Estadual
ART. 21 CTB JARIS Estado/DF
IV VII
Órgão \Rodoviário
Município Estado/DF
Municipal LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
- E NÃO SÓ NÃO
CONDUZIDOS órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Fe-
FEDERAL CONDUZIDOS
deral e dos Municípios que tem por finalidade o exercício
das atividades de planejamento, administração, norma-
TRÂNSITO TRÂNSITO tização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos,
REGULAR IRREGULAR formação, habilitação e reciclagem de condutores, educa-
SEGUE O CTB NÃO SEGUE O CTB ção, engenharia, operação do sistema viário, policiamen-
to, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e
Aplicação aplicação de penalidades.
▷ Resolução do CONTRAN n.º 576 de 24-02-2016: Dispõe
Territorialidade sobre o intercâmbio de informações, entre órgãos e en-
Redações dadas pela Lei nº 7.209, de 1984 tidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito
Art. 5º, Código Penal. Aplica-se a lei brasileira, sem Federal e os demais órgãos e entidades executivos de
prejuízo de convenções, tratados e regras de direito trânsito e executivos rodoviários da União, dos Estados,
internacional, ao crime cometido no território nacional. Distrito Federal e dos Municípios que compõem o Siste-
ma Nacional de Trânsito e dá outras providências.
§ 1º. Para os efeitos penais, consideram-se como exten-
▷ Resolução do CONTRAN nº 351, de 14-06-10: estabelece
são do território nacional as embarcações e aeronaves
procedimentos para veiculação de mensagens educati-
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo vas de trânsito em toda peça publicitária destinada à di-
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as vulgação ou promoção, nos meios de comunicação social,
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de produtos oriundos da indústria automobilística ou afins.
de propriedade privada, que se achem, respectivamen- ▷ Resolução do CONTRAN nº 360, de 29-09-10: dispõe so-
te, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. bre a habilitação do candidato ou condutor estrangeiro
§ 2º. É também aplicável a lei brasileira aos crimes prati- para direção de veículos em território nacional.
cados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras Art. 6º. São objetivos básicos do Sistema Nacional de
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no Trânsito:
território nacional ou em voo no espaço aéreo correspon- I. Estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito,
dente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defesa
Com esta previsão do CP, infere-se que, nos crimes de trân- ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu
sito, as partes envolvidas respondem pelo CTB, quer seja em cumprimento;
via pública, quer seja em via particular, a menos que a questão ▷ Resolução do CONTRAN n.º 514 de 18-12-2014: dis-
deixe explícita a palavra “via pública”, restringindo o tipo pe- põe sobre a Política Nacional de Trânsito, seus fins e
nal. (Princípio da especificidade da lei). aplicação, e dá outras providências.
O legislador teve o cuidado de conceituar o que é VIA TER- II. Fixar, mediante normas e procedimentos, a padro-
RESTRE, no Art. 2º do CTB observe: nização de critérios técnicos, financeiros e adminis-
Art. 2º. São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as aveni- trativos para a execução das atividades de trânsito;
das, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas III. Estabelecer a sistemática de fluxos permanentes
e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão de informações entre os seus diversos órgãos e enti-
ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as dades, a fim de facilitar o processo decisório e a inte-
peculiaridades locais e as circunstâncias especiais. gração do Sistema.
▷ Resolução nº 142, de 26-03-03 (CONTRAN): dispõe 3. 1. Competências dos
sobre o funcionamento do Sistema Nacional de Trân-
sito (SNT), a participação dos órgãos e entidades de Órgãos do Sistema
trânsito nas reuniões do sistema e as suas modalidades.
Art. 7º. Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os se- CONTRAN
guintes órgãos e entidades:
É o órgão máximo normativo e consultivo do SNT, sendo
I. O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coor- ele que regulamenta, por meio de resoluções, diversos dispo-
denador do Sistema e órgão máximo normativo e sitivos lacunosos do CTB, bem como de outras leis relaciona-
consultivo;
das ao trânsito.
▷ A Lei nº 10.683, de 28-5-2003, dispõe sobre a organi- Sua composição, de acordo com Art. 10 do CTB, teve re-
zação da Presidência da República e dos Ministérios, e
cente mudança com a Lei nº 12.865, de 09-10-2013. São nove
dá outras providências.
pessoas indicadas por Ministérios, uma pessoa indicada pela
II. Os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e mais
Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRAN-
DIFE, órgãos normativos, consultivos e coordenadores;
uma que é seu presidente, este por vez é, concomitantemen-
te, o Diretor do DENATRAN. Perfazendo, portanto, onze inte-
▷ Resolução do CONTRAN nº 244, de 22-06-2007: es- grantes, um número ímpar, caracterizando, assim, sua função
tabelece diretrizes para a elaboração do Regimento atípica de julgar.
Interno dos Conselhos Estaduais de Trânsito – CE-
TRAN e do Conselho de Trânsito do Distrito Federal ▷ Vejamos o texto de lei, com as seguintes observações:
– CONTRANDIFE. Art. 8º. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios orga-
III. Os órgãos e entidades executivos de trânsito da nizarão os respectivos órgãos e entidades executivos de
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; trânsito e executivos rodoviários, estabelecendo os limites
circunscricionais de suas atuações.
IV. Os órgãos e entidades executivos rodoviários da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; Art. 9º. O Presidente da República designará o ministério ou
órgão da Presidência responsável pela coordenação máxima
▷ Lei nº 10.233, de 05-06-2001, dispõe sobre a rees- do Sistema Nacional de Trânsito, ao qual estará vinculado o
truturação dos transportes aquaviário e terrestre, CONTRAN e subordinado o órgão máximo executivo de trân-
cria o Conselho Nacional de Integração de Políticas sito da União.
de Transporte, a Agência Nacional de Transportes Art. 10. O Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN),
Terrestres, a Agência Nacional de Transportes Aqua- com sede no Distrito Federal e presidido pelo dirigente
viários e o Departamento Nacional de Infraestrutura do órgão máximo executivo de trânsito da União, tem a
de Transportes e dá outras providências. seguinte composição:
Art. 178 da CF/88: ▷ Decreto nº 4.711/2003.
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Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos trans- III. 1 (um) representante do Ministério da Ciência e
portes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto Tecnologia;
à ordenação do transporte internacional, observar os IV. 1 (um) representante do Ministério da Educação e
acordos firmados pela União, atendido o princípio da do Desporto;
reciprocidade. (Redação dada pela Emenda Constitu- V. 1 (um) representante do Ministério do Exército;
cional nº 7, de 1995). VI. 1 (um) representante do Ministério do Meio Am-
Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a biente e da Amazônia Legal;
lei estabelecerá as condições em que o transporte de mer- VII. 1 (um) representante do Ministério dos Trans-
cadorias na cabotagem e a navegação interior poderão portes;
ser feitos por embarcações estrangeiras. VIII ao XIX. VETADOS
XX. 1 (um) representante do Ministério ou órgão
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
VII. Zelar pela uniformidade e cumprimento das nor- e têm como objetivo estudar e oferecer sugestões e
mas contidas neste Código e nas resoluções comple- embasamento técnico sobre assuntos específicos para
mentares;
decisões daquele colegiado.
VIII. Estabelecer e normatizar os procedimentos § 1º Cada Câmara é constituída por especialistas represen-
para a aplicação das multas por infrações, a arreca- tantes de órgãos e entidades executivos da União, dos Es-
dação e o repasse dos valores arrecadados; tados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, em igual nú-
IX. Responder às consultas que lhe forem formuladas, mero, pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito, além
relativas à aplicação da legislação de trânsito;
de especialistas representantes dos diversos segmentos da
X. Normatizar os procedimentos sobre a aprendizagem, sociedade relacionados com o trânsito, todos indicados se-
habilitação, expedição de documentos de condutores, e
gundo regimento específico definido pelo CONTRAN e de-
registro e licenciamento de veículos;
signados pelo ministro ou dirigente coordenador máximo
XI. Aprovar, complementar ou alterar os dispositivos
do Sistema Nacional de Trânsito.
de sinalização e os dispositivos e equipamentos de
trânsito; § 2º Os segmentos da sociedade, relacionados no parágrafo
XII. Apreciar os recursos interpostos contra as deci- anterior, serão representados por pessoa jurídica e devem
sões das instâncias inferiores, na forma deste Código; atender aos requisitos estabelecidos pelo CONTRAN.
XIII. Avocar, para análise e soluções, processos sobre Apenas o CONTRAN tem a prerrogativa de criar câmaras
conflitos de competência ou circunscrição, ou, quan- temáticas, sendo vedada esta atribuição aos CETRANS.
do necessário, unificar as decisões administrativas; e As câmaras temáticas são formadas por dezoito membros
XIV. Dirimir conflitos sobre circunscrição e competên- com seus respectivos suplentes, indicados pelos ministérios e
cia de trânsito no âmbito da União, dos Estados e do órgãos de trânsito da sociedade, sendo custeado pela entida-
Distrito Federal. de que o indicou.
XV. Normatizar o processo de formação do can- As câmaras temáticas não possuem subordinação ao CON-
didato à obtenção da Carteira Nacional de Ha- TRAN e sim apenas VINCULAÇÃO.
bilitação, estabelecendo seu conteúdo didático- O mandato dos membros da Câmara terá duração de dois
-pedagógico, carga horária, avaliações, exames, anos, admitidas reconduções.
execução e fiscalização. (NR)
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os órgãos do Sistema no Estado, reportando-se ao
têm o objetivo de dar à sociedade uma segurança jurídica.
CONTRAN; Art. 17. Compete às JARI:
IX. Dirimir conflitos sobre circunscrição e competência I. Julgar os recursos interpostos pelos infratores;
de trânsito no âmbito dos Municípios; II. Solicitar aos órgãos e entidades executivos de
X. Informar o CONTRAN sobre o cumprimento das trânsito e executivos rodoviários informações com-
exigências definidas nos §§ 1º e 2º do Art. 333. plementares relativas aos recursos, objetivando uma
melhor análise da situação recorrida;
XI. Designar, em caso de recursos deferidos e na hi-
pótese de reavaliação dos exames, junta especial de III. Encaminhar aos órgãos e entidades executivos de
saúde para examinar os candidatos à habilitação para trânsito e executivos rodoviários informações sobre
conduzir veículos automotores (Resolução Incluído problemas observados nas autuações e apontados
em recursos, e que se repitam sistematicamente.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
II. Proceder à supervisão, à coordenação, à correição tabelece as bases para a organização e o funciona-
dos órgãos delegados, ao controle e à fiscalização da mento do Registro Nacional de Infrações de Trânsito
execução da Política Nacional de Trânsito e do Progra- (RENAIF).
ma Nacional de Trânsito; III. Articular-se com os órgãos
XIV. Fornecer aos órgãos e entidades do Sistema Na-
dos Sistemas Nacionais de Trânsito, de Transporte e de
Segurança Pública, objetivando o combate à violência cional de Trânsito informações sobre registros de veí-
no trânsito, promovendo, coordenando e executando o culos e de condutores, mantendo o fluxo permanente
controle de ações para a preservação do ordenamento de informações com os demais órgãos do Sistema;
e da segurança do trânsito; XV. Promover, em conjunto com os órgãos compe-
IV. Apurar, prevenir e reprimir a prática de atos de tentes do Ministério da Educação e do Desporto, de
improbidade contra a fé pública, o patrimônio, ou a acordo com as diretrizes do CONTRAN, a elaboração e
administração pública ou privada, referentes à segu- a implementação de programas de educação de trân-
rança do trânsito; sito nos estabelecimentos de ensino;
V. Supervisionar a implantação de projetos e pro-
gramas relacionados com a engenharia, educação, XVI. Elaborar e distribuir conteúdos programáticos
administração, policiamento e fiscalização do trânsito para a educação de trânsito;
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rais, podendo solicitar ao órgão rodoviário a adoção
Polícia Rodoviária Federal de medidas emergenciais, zelar pelo cumprimento
das normas legais relativas ao direito de vizinhança,
A Polícia Rodoviária Federal (PRF), por sua natureza poli-
promovendo a interdição de construções e instala-
cial, está prevista no Capítulo da Segurança Pública da Consti- ções não autorizadas;
tuição Federal de 1988. VII. Coletar dados estatísticos e elaborar estudos so-
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e bre acidentes de trânsito e suas causas, adotando ou
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação indicando medidas operacionais preventivas e enca-
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do pa- minhando-os ao órgão rodoviário federal;
trimônio, através dos seguintes órgãos: VIII. Implementar as medidas da Política Nacional de
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Art. 144 CF/88 doviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
PRF / Art.20 Cap. Segurança PM / Art.23 Municípios, no âmbito de sua circunscrição:
CTB Pública CTB I. Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
trânsito, no âmbito de suas atribuições;
Existe a possibilidade do descumprimento autorizado
- Órgãos subordinados aos seus Respectivos
chefes, dos Poderes Executivos:
através de um instituto jurídico, PRIORIDADE DE TRÂNSITO.
- PRF - Presidente da República; Art. 29, VII, do CTB.
- PM - Governador de Estado; II. Planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de
- Características básicas: Administrativas, veículos, de pedestres e de animais, e promover o de-
- Ostensivas e Preventivas senvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas;
III. Implantar, manter e operar o sistema de sinalização,
Alguns são os dispositivos e os equipamentos de controle viário;
Todos os Policiais
agentes da Vias Urbanas IV. Coletar dados e elaborar estudos sobre os aciden-
são agentes da auto-
autoridade tes de trânsito e suas causas;
ridades de trânsito
V. Estabelecer, em conjunto com os órgãos de policia-
Trânsito mento ostensivo de trânsito, as respectivas diretrizes
Estradas rápido para o policiamento ostensivo de trânsito;
(sem pavimento)
Vias Rurais VI. Executar a fiscalização de trânsito, autuar, aplicar
as penalidades de advertência, por escrito, e ainda as
Rodovia Via Arterial multas e medidas administrativas cabíveis, notifican-
(sem pavimento) do os infratores e arrecadando as multas que aplicar;
VII. Arrecadar valores provenientes de estada e re-
Via Coletora moção de veículos e objetos, e escolta de veículos de
cargas superdimensionadas ou perigosas;
VIII. Fiscalizar, autuar, aplicar as penalidades e medi-
das administrativas cabíveis, relativas a infrações por
Via Local excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos,
bem como notificar e arrecadar as multas que aplicar;
IX. Fiscalizar o cumprimento da norma contida no Art.
Órgão Executivo Rodoviário da 95 (Obras e eventos a serem feitos na via), aplicando
as penalidades e arrecadando as multas nele previstas;
União, dos Estados e dos Municípios X. Implementar as medidas da Política Nacional de
Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
Os órgãos executivos rodoviários têm, basicamente, a ▷ Resolução nº 514, de 18 de Dezembro 2014: dispõe
sobre a Política Nacional de Trânsito, seus fins e apli-
competência delimitada pela localização geográfica da via, ca- cação, e dá outras providências.
racterizando, assim, uma competência concorrente, ora com a XI. Promover e participar de projetos e programas de
educação e segurança, de acordo com as diretrizes
PRF, ora com órgãos executivos estaduais ou municipais. estabelecidas pelo CONTRAN;
XII. Integrar-se a outros órgãos e entidades do Sis- Por ocasião da vistoria, faz-se a inspeção, que está relacio-
tema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação nada com a segurança, como por exemplo o estado de conser-
e compensação de multas impostas na área de sua vação e de equipamentos obrigatórios, dentre outros.
competência, com vistas à unificação do licenciamen- IV. Estabelecer, em conjunto com as Polícias Militares,
to, à simplificação e à celeridade das transferências as diretrizes para o policiamento ostensivo de trân-
de veículos e de prontuários de condutores de uma sito;
para outra unidade da Federação;
Implicitamente, verifica-se a questão dos convênios dos DE-
O DNIT integra o RENAINF, Resolução do CONTRAN n.º TRANS com as Polícias Militares dos Estados.
576, de 24/02/2016, dispõe sobre o intercâmbio de infor-
Lembrando que, conforme o convênio, a PM poderá fazer
mações, entre órgãos e entidades executivos de trânsito dos
o levantamento de locais de acidentes com ou sem vítima no
Estados e do Distrito Federal e os demais órgãos e entidades
perímetro urbano.
executivos de trânsito e executivos rodoviários da União, dos
Estados, Distrito Federal e dos Municípios que compõem o Sis- Outro ponto importante é a questão da presença das Po-
tema Nacional de Trânsito e dá outras providências. lícias Militares na via pública, a fim de coibir crimes de furto e
XIII. Fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruí-
roubo de veículos entre outros, de acordo com o previsto no
do produzidos pelos veículos automotores ou pela sua §5º do Art. 144 da CF/88.
carga, de acordo com o estabelecido no Art. 66, além V. Executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar
de dar apoio às ações específicas dos órgãos ambien- as medidas administrativas cabíveis pelas infrações
tais locais, quando solicitado; previstas neste Código, excetuadas aquelas relaciona-
XIV - Vistoriar veículos que necessitem de autorização es- das nos incisos VI e VIII do Art. 24, no exercício regular
pecial para transitar e estabelecer os requisitos técnicos a do Poder de Polícia de Trânsito;
serem observados para a circulação desses veículos. VI. Aplicar as penalidades por infrações previstas nes-
Parágrafo único. (VETADO) te Código, com exceção daquelas relacionadas nos
incisos VII e VIII do Art. 24, notificando os infratores
e arrecadando as multas que aplicar;
Órgãos Executivos dos Estados, VII. Arrecadar valores provenientes de estada e remo-
DETRANS e CIRETRANS ção de veículos e objetos;
Mesmo não encontrando o nome DETRAN no CTB, esta no- VIII. Comunicar ao órgão executivo de trânsito da
menclatura ficou popular com a Lei nº 5.108/66 que instituía o União a suspensão e a cassação do direito de dirigir
Código Nacional de Trânsito que foi totalmente revogado em e o recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
1997, mas o nome permaneceu, na cultura popular. O DENATRAN é responsável pelos bancos de dados, po-
Algumas de suas atribuições são divididas com os órgãos rém, estas informações são repassadas pelos DETRANS dos
executivos municipais de trânsito. Estados e pelas CIRETRANS dos Municípios. Como, por exem-
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Mediante delegação, executa algumas atribuições do ór- plo, o RENACH.
gão federal, DENATRAN. IX. Coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre
acidentes de trânsito e suas causas;
ї Vejamos agora o texto legal do CTB:
Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de É também uma atribuição da PRF. Este inciso tem que ser
trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no âmbito de estudado, combinado com Art. 19, X, e 19, §3º, do CTB, agindo
sua circunscrição: como órgão integrado.
I. Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de X. Credenciar órgãos ou entidades para a execução
trânsito, no âmbito das respectivas atribuições; de atividades previstas na legislação de trânsito, na
forma estabelecida em norma do CONTRAN;
Infere-se que são vias urbanas: Trânsito Rápido, Arteriais,
Coletora e Local. ▷ Resolução do CONTRAN nº 411, de 08-02-2012, re-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
meados de 1993 e, na época, o Brasil sediou a “ECO 92”, havia amento ostensivo de trânsito;
uma preocupação acentuada com relação à emissão de poluen-
tes e de ruídos. VI. Executar a fiscalização de trânsito em vias ter-
XVI. Articular-se com os demais órgãos do Sistema
restres, edificações de uso público e edificações
Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do privadas de uso coletivo, autuar e aplicar as me-
respectivo CETRANº didas administrativas cabíveis e as penalidades
de advertência por escrito e multa, por infrações
Polícia Militar de circulação, estacionamento e parada previstas
A Polícia Militar, embora faça parte da Segurança Pública neste Código, no exercício regular do poder de
em nosso país (Art. 144, V, CF/88) e também faça parte do polícia de trânsito, notificando os infratores e ar-
Sistema Nacional de Trânsito (Art. 23 do CTB), é órgão inerte, recadando as multas que aplicar, exercendo iguais
quando o assunto é trânsito, necessitando, assim, de um con- atribuições no âmbito de edificações privadas de
vênio entre a PM e os órgãos executivos de trânsito, estadual, uso coletivo, somente para infrações de uso de va-
distrital ou municipal para estes policiais atuarem como agen- gas reservadas em estacionamentos;
tes da autoridade. VII. Aplicar as penalidades de advertência por
ї Vejamos o que preceitua o CTB: escrito e multa, por infrações de circulação, esta-
Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Estados e do cionamento e parada previstas neste Código, noti-
Distrito Federal: ficando os infratores e arrecadando as multas que
I e II vetados. aplicar;
III. Executar a fiscalização de trânsito, quando e con- Ao ler o Art. 22, V e VI, combinado com o Art. 24, VI e VII,
forme convênio firmado, como agente do órgão ou extraímos que a lógica da separação das competências para as
entidade executivos de trânsito ou executivos rodo- autuações é a seguinte:
viários, concomitantemente com os demais agentes ▷ As notificações que dependerem da abordagem do
credenciados; veículo e do condutor serão feitas pelos órgãos do
Estado Federado e também pela Polícia Rodoviária
Órgãos Executivos de Federal.
Trânsito dos Municípios ▷ As notificações que puderem ser feitas sem “tal
Os Municípios não faziam parte do SNT na Lei nº 5.108/66 abordagem” ficarão a cargo dos Municípios.
(Código Nacional de Trânsito - CNT). A inserção foi uma novi- ▷ Esta não é uma regra, mas pode ser útil na hora de
dade trazida pela Lei nº 9.503/97. Sendo assim, os municípios resolver algumas questões.
têm que observar e cumprir o Art. 333, § 1º e 2º, do CTB. A título de conhecimento, havia uma Resolução do CON-
▷ Resolução do CONTRAN nº 296, de 28-10-2008 TRAN nº 66, de 23-09-1998, que instituía uma tabela de dis-
dispõe sobre a integração dos órgãos e entidades tribuição de competência dos órgãos executivos de trânsito.
executivos de trânsito e rodoviários municipais ao Porém, esta foi revogada pela Resolução nº 121, 14-02-2001.
Sistema Nacional de Trânsito. VIII. Fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e
Somente após o reconhecimento do DENATRAN, os mu- medidas administrativas cabíveis relativas a in-
nicípios poderão exercer as atividades de órgão executivo de frações por excesso de peso, dimensões e lotação
trânsito e de órgão executivo rodoviário, dentro de sua base dos veículos, bem como notificar e arrecadar as
territorial. Vejamos a previsão legal: multas que aplicar;
IX. Fiscalizar o cumprimento da norma contida no § 2º Para exercer as competências estabelecidas neste
Art. 95, aplicando as penalidades e arrecadando as Art., os Municípios deverão integrar-se ao Sistema Na-
multas nele previstas; cional de Trânsito, conforme previsto no Art. 333 deste
▷ O Art. 95 diz respeito a OBRAS. Código.
X. Implantar, manter e operar sistema de esta- ▷ Resolução do CONTRAN nº 296, de 28-10-2008:
cionamento rotativo pago nas vias; dispõe sobre a integração dos órgãos e entidades
Esta é uma forma que o legislador encontrou de motivar executivos de trânsito e rodoviários municipais ao
($) os Municípios a aderirem ao SNT. Sistema Nacional de Trânsito.
XI. Arrecadar valores provenientes de estada e remoção
de veículos e objetos, e escolta de veículos de cargas su-
Circunscrição Regional de
perdimensionadas ou perigosas; Trânsito - CIRETRAN
XII. Credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e ado- São órgãos dos DETRANs nos Municípios do interior dos
tar medidas de segurança relativas aos serviços de Estados, têm a responsabilidade de exigir e impor a obediên-
remoção de veículos, escolta e transporte de carga cia e o devido cumprimento da legislação de trânsito, no âm-
indivisível; bito de sua jurisdição.
XIII. Integrar-se a outros órgãos e entidades do Sis- Art. 25. Os órgãos e entidades executivos do Sistema Na-
tema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação cional de Trânsito poderão celebrar convênio delegando
e compensação de multas impostas na área de sua as atividades previstas neste Código, com vistas à maior
competência, com vistas à unificação do licenciamen- eficiência e à segurança para os usuários da via.
to, à simplificação e à celeridade das transferências Parágrafo único. Os órgãos e entidades de trânsito po-
de veículos e de prontuários dos condutores de uma derão prestar serviços de capacitação técnica, assessoria
para outra unidade da Federação; e monitoramento das atividades relativas ao trânsito du-
XIV. Implantar as medidas da Política Nacional de rante prazo a ser estabelecido entre as partes, com ressar-
Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito; cimento dos custos apropriados.
▷ Resolução do CONTRAN nº 514, de 18-12-2014, dis-
põe sobre a Política Nacional de Trânsito, seus fins e Quadro Resumo do SNT
aplicação, e dá outras providências. Os integrantes do SNT são:
XV. Promover e participar de projetos e programas de
CTB ÓRGÃO SIGNIFICADO
educação e segurança de trânsito de acordo com as
diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN; Art. 7º, I - Conselho Nacional de
CONTRAN - Art. 10 CTB.
▷ Dicas de leitura: Art. 75 CTB CTB. Trânsito.
XVI. Planejar e implantar medidas para redução da Art. 7º, III - Departamento Nacio-
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circulação de veículos e reorientação do tráfego, com DENATRAN - Art. 19 CTB.
CTB. nal de Trânsito.
o objetivo de diminuir a emissão global de poluentes;
Departamento de
Exemplo disso é o rodízio de veículos nos grandes centros. Art. 7º, III -
DETRAN - Art. 22 CTB. Trânsito dos Estados e
XVII. Registrar e licenciar, na forma da legislação, veí- CTB.
do Distrito Federal.
culos de tração e propulsão humana e de tração ani-
mal, fiscalizando, autuando, aplicando penalidades e Conselho de Trânsito
Art. 7º, II - CETRAN/CONTRANDIFE
arrecadando multas decorrentes de infrações; dos Estados e do
CTB. - Art. 14 CTB.
Distrito Federal.
XVIII. Conceder autorização para conduzir veículos de
propulsão humana e de tração animal; Art. 7º , V - Polícia Rodoviária
PRF - Art. 20 CTB.
XIX. Articular-se com os demais órgãos do Sistema CTB. Federal.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
blica, deve se atentar às seguintes regras gerais: circulação obedecerá às seguintes normas:
O proprietário e o condutor serão responsabilizados sem- I. A circulação far-se-á pelo lado direito da via, admi-
pre que legalmente possível, individual ou solidariamente. tindo-se as exceções devidamente sinalizadas;
Vejamos o texto do CTB: ▷ Art. 184, 185 e 186 do CTB; Art. 10, § 1º, da CTVV.
Art. 257, § 2º. Ao proprietário caberá sempre a respon- II. O condutor deverá guardar distância de segurança
sabilidade pela infração referente à prévia regularização lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem
e preenchimento das formalidades e condições exigidas como em relação ao bordo da pista, considerando-se,
para o trânsito do veículo na via terrestre, conservação no momento, a velocidade e as condições do local, da
e inalterabilidade de suas características, componentes, circulação, do veículo e as condições climáticas;
agregados, habilitação legal e compatível de seus condu- ▷ Art. 192 e 201 do CTB; Art. 13, § 3º, da CTVV.
tores, quando esta for exigida, e outras disposições que III. Quando veículos, transitando por fluxos que se
deva observar. cruzem, se aproximarem de local não sinalizado, terá
§ 3º. Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infra- preferência de passagem:
ções decorrentes de atos praticados na direção do veículo. a) No caso de apenas um fluxo ser proveniente de
Observe este quadro de resumo rodovia, aquele que estiver circulando por ela;
b) No caso de rotatória, aquele que estiver circulan-
Responsabilidade Responsabilidade
do por ela;
pela penalidade pela infração
(R$) (Pontos na CNH)
c) Nos demais casos, o que vier pela direita do con-
dutor;
▷ Art. 215, I, do CTB.
Res. nº 109/99 Art. 257 Art. 257
Sempre terá §2º do §3º do Regras para Ultrapassagem
responsabilidade CTB CTB O conceito de ultrapassagem e passagem, anexo I do CTB:
Ultrapassagem: movimento de passar à frente de outro
veículo que se desloca no mesmo sentido, em menor veloci-
dade e na mesma faixa de tráfego, necessitando sair e retornar
PROPRIETÁRIO CONDUTOR
à faixa de origem.
Passagem: movimento de passagem à frente de outro veí-
Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem: culo que se desloca no mesmo sentido, em menor velocidade,
mas em faixas distintas da via.
I. Abster-se de todo ato que possa constituir perigo
ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas IV. Quando uma pista de rolamento comportar várias
ou de animais, ou ainda causar danos a proprieda- faixas de circulação no mesmo sentido, são as da di-
des públicas ou privadas; reita destinadas ao deslocamento dos veículos mais
II. Abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo peri- lentos e de maior porte, quando não houver faixa es-
goso, atirando, depositando ou abandonando na via pecial a eles destinada, e as da esquerda, destinadas
objetos ou substâncias, ou nela criando qualquer ou- à ultrapassagem e ao deslocamento dos veículos de
tro obstáculo, maior velocidade;
▷ Arts. 173 e 245 do CTB. ▷ Art. 185 do CTB.
V. O trânsito de veículos sobre passeios, calçadas c) A faixa de trânsito que vai tomar esteja livre numa
e nos acostamentos, só poderá ocorrer para que se extensão suficiente para que sua manobra não po-
adentre ou se saia dos imóveis ou áreas especiais de nha em perigo ou obstrua o trânsito que venha em
estacionamento; sentido contrário;
▷ VI. Os veículos precedidos de batedores terão priori- ▷ Art. 191 do CTB; Art. 11, § 2º “A” a “C”, da CTVV.
dade de passagem, respeitadas as demais normas de XI. Todo condutor ao efetuar a ultrapassagem deverá:
circulação; a) Indicar com antecedência a manobra pretendida,
acionando a luz indicadora de direção do veículo ou
▷ VII. Os veículos destinados a socorro de incêndio e sal- por meio de gesto convencional de braço;
vamento, os de polícia, os de fiscalização e operação ▷ Art. 196 do CTB.
de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de b) Afastar-se do usuário ou usuários aos quais ul-
trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e trapassa, de tal forma que deixe livre uma distância
parada, quando em serviço de urgência e devidamente lateral de segurança;
identificados por dispositivos regulamentares de alar- ▷ Art. 192 e 201 do CTB; Art. 11, §4º, da CTVV.
me sonoro e iluminação vermelha intermitente, obser- c) Retomar, após a efetivação da manobra, a faixa
vadas as seguintes disposições. de trânsito de origem, acionando a luz indicadora
▷ Arts. 189, 190, 222 e 230, XII e XIII, do CTB. de direção do veículo ou fazendo gesto convencio-
nal de braço, adotando os cuidados necessários
a) Quando os dispositivos estiverem acionados, in-
para não pôr em perigo ou obstruir o trânsito dos
dicando a proximidade dos veículos, todos os con- veículos que ultrapassou;
dutores deverão deixar livre a passagem pela faixa XII. Os veículos que se deslocam sobre trilhos terão
da esquerda, indo para a direita da via e parando, preferência de passagem sobre os demais, respeita-
se necessário; das as normas de circulação.
b) Os pedestres, ao ouvir o alarme sonoro, deverão ▷ Art. 212 do CTB.
aguardar no passeio, só atravessando a via quando o § 1º As normas de ultrapassagem previstas nas alíneas a
veículo já tiver passado pelo local; e b do inciso X e a e b do inciso XI aplicam-se à transpo-
sição de faixas, que pode ser realizada tanto pela faixa da
c) O uso de dispositivos de alarme sonoro e de ilu- esquerda como pela da direita.
minação vermelha intermitente só poderá ocorrer § 2º Respeitadas as normas de circulação e conduta es-
quando da efetiva prestação de serviço de urgência; tabelecidas neste Art., em ordem decrescente, os veículos
de maior porte serão sempre responsáveis pela seguran-
d) A prioridade de passagem na via e no cruzamento ça dos menores, os motorizados pelos não motorizados e,
deverá se dar com velocidade reduzida e com os de- juntos, pela incolumidade dos pedestres.
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vidos cuidados de segurança, obedecidas as demais Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o se-
normas deste Código; gue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:
VIII. Os veículos prestadores de serviços de utilidade I. Se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-
pública, quando em atendimento na via, gozam de li- se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha;
vre parada e estacionamento no local da prestação de II. Se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se
serviço, desde que devidamente sinalizados, devendo naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha.
estar identificados na forma estabelecida pelo CON- ▷ Art. 198 do CTB.
TRAN; Art. 230, XII e XIII, do CTB; Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em
fila, deverão manter distância suficiente entre si para per-
▷ Resolução do CONTRAN nº 268, 15-02-2008: dispõe mitir que veículos que os ultrapassem possam se interca-
sobre o uso de luzes intermitentes ou rotativas em
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
lar na fila com segurança.
veículos. Art. 31. O condutor que tenha o propósito de ultrapassar
IX. A ultrapassagem de outro veículo em movi- um veículo de transporte coletivo que esteja parado, efe-
mento deverá ser feita pela esquerda, obedecida tuando embarque ou desembarque de passageiros, deve-
a sinalização regulamentar e as demais normas es- rá reduzir a velocidade, dirigindo com atenção redobrada
tabelecidas neste Código, exceto quando o veículo ou parar o veículo com vistas à segurança dos pedestres.
a ser ultrapassado estiver sinalizando o propósito ▷ Art. 200 do CTB.
de entrar à esquerda; Art. 32. O condutor não poderá ultrapassar veículos em
▷ Arts. 199, 200 e 202, I, do CTB; Art. 11, § 1º, “A” a “C” vias com duplo sentido de direção e pista única, nos tre-
da CTVV. chos em curvas e em aclives sem visibilidade suficiente,
nas passagens de nível, nas pontes e viadutos e nas tra-
X. Todo condutor deverá, antes de efetuar uma ultra- vessias de pedestres, exceto quando houver sinalização
passagem, certificar-se de que: permitindo a ultrapassagem.
a) Nenhum condutor que venha atrás haja começado ▷ Art. 203 do CTB.
uma manobra para ultrapassá-lo; Art. 33. Nas interseções e suas proximidades, o condutor
b) Quem o precede na mesma faixa de trânsito não não poderá efetuar ultrapassagem. 319
haja indicado o propósito de ultrapassar um terceiro; ▷ Art. 202, II, do CTB.
Regras para Manobras à Art. 39. Nas vias urbanas, a operação de retorno deverá
320 ser feita nos locais para isto determinados, quer por meio
Esquerda, à Direita e Retornos de sinalização, quer pela existência de locais apropriados,
Esse caso é muito encontrado em rodovias, em que se faz ou, ainda, em outros locais que ofereçam condições de
necessária a entrada a lotes lindeiros e quase sempre não exis- segurança e fluidez, observadas as características da via,
do veículo, das condições meteorológicas e da movimen-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo Art. 40. O uso de luzes em veículo obedecerá às seguin-
para os demais usuários da via que o seguem, precedem tes determinações:
ou vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua I. O condutor manterá acesos os faróis do veículo, uti-
direção e sua velocidade. lizando luz baixa, durante a noite e durante o dia nos
Art. 35. Antes de iniciar qualquer manobra que implique túneis providos de iluminação pública e nas rodovias;
um deslocamento lateral, o condutor deverá indicar seu (NR, incluído pela Lei n.º 13.290, de 23 de maio de
propósito de forma clara e com a devida antecedência, 2016).
por meio da luz indicadora de direção de seu veículo, ou Art. 250, I, a e b do CTB.
fazendo gesto convencional de braço. Obs.: 1º com relação ao novo texto, e a 2º com relação a
▷ Art. 196 do CTB. referencia do artigo 250 I “a” e “b” do CTB
Parágrafo único. Entende-se por deslocamento lateral a II. Nas vias não iluminadas o condutor deve usar luz
transposição de faixas, movimentos de conversão à direi- alta, exceto ao cruzar com outro veículo ou ao segui-lo;
ta, à esquerda e retornos. ▷ Art. 223 do CTB.
Art. 36. O condutor que for ingressar numa via, procedente III. A troca de luz baixa e alta, de forma intermiten-
de um lote lindeiro a essa via, deverá dar preferência aos te e por curto período de tempo, com o objetivo de
veículos e pedestres que por ela estejam transitando. advertir outros motoristas, só poderá ser utilizada
▷ Arts. 214, V e 216 do CTB. para indicar a intenção de ultrapassar o veículo que
Art. 37. Nas vias providas de acostamento, a conversão à segue à frente ou para indicar a existência de risco à
esquerda e a operação de retorno deverão ser feitas nos segurança para os veículos que circulam no sentido
locais apropriados e, onde estes não existirem, o condutor contrário;
deverá aguardar no acostamento, à direita, para cruzar a ▷ Art. 251, II, do CTB.
pista com segurança. IV. O condutor manterá acesas pelo menos as luzes de
▷ Art. 204 do CTB. posição do veículo quando sob chuva forte, neblina
Art. 38. Antes de entrar à direita ou à esquerda, em outra ou cerração;
via ou em lotes lindeiros, o condutor deverá: ▷ Art. 250,II, do CTB.
I. Ao sair da via pelo lado direito, aproximar-se o má- V. O condutor utilizará o pisca-alerta nas seguintes
ximo possível do bordo direito da pista e executar sua situações:
manobra no menor espaço possível;
a) Em imobilizações ou situações de emergência;
II. Ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se o
b) Quando a regulamentação da via assim o deter-
máximo possível de seu eixo ou da linha divisória da
minar;
pista, quando houver, caso se trate de uma pista com
circulação nos dois sentidos, ou do bordo esquerdo, ▷ Arts. 179 e 251, I, do CTB.
tratando-se de uma pista de um só sentido, VI. Durante a noite, em circulação, o condutor mante-
▷ Art. 197 do CTB. rá acesa a luz de placa;
Parágrafo único. Durante a manobra de mudança de ▷ Art. 250, III, do CTB.
direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedes- VII. O condutor manterá acesas, à noite, as luzes de
tres e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido posição quando o veículo estiver parado para fins de
contrário pela pista da via da qual vai sair, respeitadas embarque ou desembarque de passageiros e carga ou
as normas de preferência de passagem. descarga de mercadorias.
▷ Art. 249 do CTB.
Parágrafo único. Os veículos de transporte coletivo re-
80
gular de passageiros, quando circularem em faixas pró-
prias a eles destinadas, e os ciclos motorizados deverão
utilizar-se de farol de luz baixa durante o dia e a noite.
▷ Art. 250, I, c e d, do CTB.
▷ Resolução do CONTRAN nº 18, de 21-05-1998: re- km/h
comenda o uso, nas rodovias, de farol baixo aceso
durante o dia, e dá outras providências. Em locais onde não houver sinalização, os condutores de-
O condutor poderá fazer uso da buzina somente por meio vem observar o previsto nos Arts. 60 e 61 do CTB, como vere-
de um breve toque e apenas nos casos previstos no Art. 41 do mos posteriormente.
CTB. Não é admitido, pelo código, o uso prolongado de dispo- VELOCIDADE MÁXIMAS art. 61 do CTB
sitivo sonoro de buzina veicular, assim como não é admitido o
seu uso, mesmo que de forma intermitente, por longo espaço URBANAS - VIAS RURAIS - VEÍCULOS
de tempo.
Art. 41. O condutor de veículo só poderá fazer uso de bu- 80 km/h - rápido AUTOMÓVEIS
zina, desde que em toque breve, nas seguintes situações: 110
CAMINHONETAS
I. Para fazer as advertências necessárias a fim de evi- 60 km/h - arterial kM/H
tar acidentes; MOTOCICLETAS
40 km/h - coletora
II. Fora das áreas urbanas, quando for conveniente
advertir a um condutor que se tem o propósito de RODOVIA 90 ÔNIBUS
ultrapassá-lo. 30 KM/H - LOCAL PAVIMENTADA kM/H MICROÔNIBUS
(asfalto)
▷ Art. 227 do CTB. QUANDO ESTUDA-
▷ Resolução do CONTRAN nº 35 de 21-05-1998: esta- MOS A VELOCIDADE 80 DEMAIS
belece método de ensaio para medição de pressão MÁXIMA NA VIA kM/H VEÍCULOS
sonora por buzina ou equipamento similar. URBANA, CONSIDERA-
MOS A CLASSIFICAÇÃO TODOS OS
Art. 42. Nenhum condutor deverá frear bruscamente seu das VIAS ESTRADAS
60 VEÍCULOS INDE-
veículo, salvo por razões de segurança. SEM PENDENTE DE
kM/H
▷ Situações excepcionais do uso do sistema de ilu- QUANDO VAMOS ESTU- PAVIMENTO SUA CLASSIFI-
DAR A VELOCIDADE EM ASFÁLTICO CAÇÃO
minação:
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ŝ#-ŝŦ
VIAS RURAIS, CONSIDE-
▷ A troca de luz alta e baixa por um curto período só RAMOS A CLASSIFICA-
é permitida para informar outros usuários da via de ÇÃO DOS VEÍCULOS E O
PAVIMENTO.
perigos na via, ou para alertar o veículo que vai à
frente de sua intenção de ultrapassá-lo.
▷ Os condutores de ciclos motorizados (motocicletas, Vale lembrar que, tanto o Art. 218 do CTB quanto a resolu-
motonetas, ciclomotor) deverão manter as luzes de ção nº 396/12 do CONTRAN, levam em conta critérios objeti-
seus conduzidos ligadas com facho baixo em todo o vos, não sendo, portanto, considerada infração a transgressão
deslocamento e mesmo durante o dia. de velocidade média desenvolvida na via, mesmo que essa
seja muito superior à velocidade estabelecida.
▷ Os condutores de veículos regulares de transporte
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
de passageiros, quando circulando em faixas pró- Somente existe punição para o excesso de velocidade ins-
tantânea, e apenas se sinalizada devidamente a via.
prias, devem manter ligado o farol no facho baixo,
Art. 43. Ao regular a velocidade, o condutor deverá ob-
inclusive durante o dia.
servar constantemente as condições físicas da via, do
▷ Resolução do CONTRAN nº 36, de 21-05-1998: esta- veículo e da carga, as condições meteorológicas e a inten-
belece a forma de sinalização de advertência para os sidade do trânsito, obedecendo aos limites máximos de
veículos que, em situação de emergência, estiverem velocidade estabelecidos para a via, além de:
imobilizados no leito viário. I. Não obstruir a marcha normal dos demais veículos
em circulação sem causa justificada, transitando a
Regras de Limites de Velocidades uma velocidade anormalmente reduzida;
II. Sempre que quiser diminuir a velocidade de seu
Máxima e Mínima veículo deverá antes certificar-se de que pode fazê-lo
sem risco nem inconvenientes para os outros condu-
Velocidade Máxima tores, a não ser que haja perigo iminente;
A velocidade máxima da via deve ser estabelecida por III. Indicar, de forma clara, com a antecedência neces-
meio de sinalização vertical. Placas R-19 (Velocidade máxima sária e a sinalização devida, a manobra de redução de 321
permitida) como o exemplo a seguir: velocidade.
Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamen- e junto à guia da calçada (meio-fio), admitidas as exce-
322 to, o condutor do veículo deve demonstrar prudência ções devidamente sinalizadas.
especial, transitando em velocidade moderada, de forma ▷ Arts. 181, IV e 182, IV, do CTB.
que possa deter seu veículo com segurança para dar pas- § 1º Nas vias providas de acostamento, os veículos para-
sagem a pedestre e a veículos que tenham o direito de dos, estacionados ou em operação de carga ou descarga
preferência.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
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ver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não metade da velocidade máxima estabelecida, respeitadas
for possível a utilização destes, nos bordos da pista de as condições operacionais de trânsito e da via.
rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamen- ▷ Art. 219 do CTB.
tado para a via, com preferência sobre os veículos auto- Art. 63. (VETADO)
motores.
Parágrafo único. A autoridade de trânsito com circuns- Regras para o Uso do
crição sobre a via poderá autorizar a circulação de bicicle- Cinto de Segurança
tas no sentido contrário ao fluxo dos veículos automoto-
res, desde que dotado o trecho com ciclofaixa. Art. 64. As crianças com idade inferior a dez anos devem
ser transportadas nos bancos traseiros, salvo exceções re-
Art. 59. Desde que autorizado e devidamente sinaliza- gulamentadas pelo CONTRAN.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Do Cidadão
Este é o capítulo V do CTB trata, principalmente, da res-
ponsabilidade do cidadão para com o trânsito seguro, devendo
todo o cidadão contribuir para melhorias no trânsito, indicando
&ĂŝdžĂĚĞƐƟŶĂĚĂĂƉĞĚĞƐƚƌĞƐ
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circunscrição sobre a via. As indicações serão levadas aos órgãos
&ĂŝdžĂĚĞŵŽďŝůŝĄƌŝŽƵƌďĂŶŽ
Art. 69. Para cruzar a pista de rolamento o pedestre to- Nacional de Trânsito têm o dever de analisar as solicita-
mará precauções de segurança, levando em conta, prin- ções e responder, por escrito, dentro de prazos mínimos,
cipalmente, a visibilidade, a distância e a velocidade dos sobre a possibilidade ou não de atendimento, esclarecen-
veículos, utilizando sempre as faixas ou passagens a ele do ou justificando a análise efetuada, e, se pertinente, in-
destinadas sempre que estas existirem numa distância formando ao solicitante quando tal evento ocorrerá.
de até cinquenta metros dele, observadas as seguintes Parágrafo único. As campanhas de trânsito devem es-
disposições: clarecer quais as atribuições dos órgãos e entidades per-
Esta é a única multa para o pedestre, o qual tem previsão tencentes ao Sistema Nacional de Trânsito e como proce-
legal em toda a legislação. Porém, não é efetivada por diversos der a tais solicitações.
fatores de ordem prática. (Art. 254, V, do CTB).
I. Onde não houver faixa ou passagem, o cruzamento
Da Educação para o Trânsito
da via deverá ser feito em sentido perpendicular ao Segundo o CTB, em seu capítulo VI, constitui direito do cida-
de seu eixo; dão e obrigação do Estado a educação para o trânsito, visando a
II. Para atravessar uma passagem sinalizada para pe- diminuir os acidentes viários e aumentar a segurança dos usuá-
destres ou delimitada por marcas sobre a pista: rios de vias públicas.
a) Onde houver foco de pedestres, obedecer às in- Tal educação deve ser permanente e com ações efetivas 325
dicações das luzes; desenvolvidas por uma coordenação especial, em cada um dos
órgãos executivos de trânsito, nos moldes estabelecidos pelo Art. 76. A educação para o trânsito será promovida na
326 CONTRAN, vale aqui ressaltar que a própria notificação (mul- pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de
ta) tem também caráter educativo, uma vez que é atribuído, planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e en-
além do valor pecuniário, um valor de pontos no prontuário do tidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação,
condutor, que demonstram se o infrator está em condições de da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios, nas respectivas áreas de atuação.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
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reais), cobrada do dobro até o quíntuplo em caso de
reincidência. Nova redação dada pela Lei nº 13.281, de compreensão.
04 de maio de 2016. Precisão e Confiabilidade: deve corresponder à situação
§ 1º As sanções serão aplicadas isolada ou cumulativa- existente.
mente, conforme dispuser o regulamento. Incluído pela Visibilidade e Legibilidade: deve ser vista à distância ne-
Lei nº 12.006, de 2009. cessária para ser interpretada em tempo hábil para a tomada
§ 2º Sem prejuízo do disposto no caput deste Art., qual- de decisão do condutor.
quer infração acarretará a imediata suspensão da veicu- Manutenção e Conservação: estar permanentemente
lação da peça publicitária até que sejam cumpridas as limpa e visível.
exigências fixadas nos Arts. 77-A a 77-D.Incluído pela Lei
nº 12.006, de 2009. Caso não atenda aos princípios supracitados, a sinalização
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Art. 78. Os Ministérios da Saúde, da Educação e do Des- pode ser considerada como inexistente e o órgão responsabi-
porto, do Trabalho, dos Transportes e da Justiça, por in- lizado por sua falta.
termédio do CONTRAN, desenvolverão e implementarão
Para se ter uma padronização em nível nacional, a sinali-
programas destinados à prevenção de acidentes.
zação é definida com base no ANEXO II do CTB (ao final da
Parágrafo único. O percentual de 10% do total dos valo- disciplina), que foi regulamentado pela resolução do CONTRAN
res arrecadados, destinados à Previdência Social, do Prê- nº 160, de 22-04-2004.
mio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais, causados Art. 80. Sempre que necessário, será colocada ao longo da
por Veículos Automotores de Via Terrestre - DPVAT, de via, sinalização prevista neste Código e em legislação com-
que trata a Lei nº 6.194, de 19 de dezembro de 1974, serão plementar, destinada a condutores e pedestres, vedada a
repassados, mensalmente, ao Coordenador do Sistema utilização de qualquer outra.
Nacional de Trânsito para aplicação exclusiva em progra- § 1º A sinalização será colocada em posição e condições que
mas de que trata este artigo.. a tornem perfeitamente visível e legível durante o dia e a
▷ Art. 320, parágrafo único, do CTB; noite, em distância compatível com a segurança do trânsi-
▷ Resolução do CONTRAN nº 143, de 31-3-2003: dis- to, conforme normas e especificações do CONTRAN.
põe sobre a utilização de percentual dos recursos § 2º O CONTRAN poderá autorizar, em caráter experimen-
do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais, Causados tal e por período prefixado, a utilização de sinalização não 327
por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), prevista neste Código.
§ 3º A responsabilidade pela instalação da sinalização nas VI. Gestos do agente de trânsito e do condutor.
328 vias internas pertencentes aos condomínios constituídos Mesmo observando o Art. 87, com seus 6 (seis) incisos, po-
por unidades autônomas e nas vias e áreas de estaciona- demos, doutrinariamente, dividir a sinalização de trânsito em
mento de estabelecimentos privados de uso coletivo é de 7 (sete) subsistemas que são extraídos do CTB. Veja o quadro
seu proprietário. resumo:
▷
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ Educativa. Art. 214, I. Não dar preferência de passagem a pedestre e
a veículo não motorizado que se encontre na faixa a ele
▷ Serviços Auxiliares.
destinada - GRAVÍSSIMA
▷ Atrativos turísticos.
Art. 88. Nenhuma via pavimentada poderá ser entregue Cores
após sua construção, ou reaberta ao trânsito após a reali- Apresentam-se em 5 (cinco) com Resolução:
zação de obras ou de manutenção, enquanto não estiver
▷ Amarela - regula o fluxo de veículos em sentido
devidamente sinalizada, vertical e horizontalmente, de
oposto, bem como os espaços proibidos para ope-
forma a garantir as condições adequadas de segurança
rações de parada e estacionamento e de carga e
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
na circulação.
descarga.
Parágrafo único. Nas vias ou trechos de vias em obras de-
verá ser afixada sinalização específica e adequada. ▷ Branca - regula o fluxo de veículos em mesmo sen-
tido, bem como os espaços permitidos para parada,
Sinalização Horizontal estacionamento e operações de carga e descarga.
São pinturas feitas no pavimento que servem para organi- ▷ Azul - regula os espaços destinados ao estaciona-
zar o fluxo dos veículos e orientar os demais usuários da via. mento de pessoas com necessidades especiais, e
Estas pinturas foram estipuladas pelo CONTRAN, através de também embarque e desembarque.
resoluções. ▷ Vermelha - proporciona contraste com o pavimen-
Neste subsistema, o descumprimento de algumas sinaliza- to, delimita ciclofaixas e ciclovias, linhas de marca-
ções horizontais pode gerar notificação. ção de cruzamento de rodocicloviário e símbolos de
Para facilitar o estudo, vamos relacionar alguns casos: socorro (cruz) no caso de estacionamento de farmá-
Art. 181, VIII. Proíbe o estacionamento do veículo sobre cias e hospitais.
faixas de pedestres, ciclofaixa e marcas de canalização - ▷ Preta - assim como a vermelha, proporciona con- 329
GRAVE; traste entre a pintura e o pavimento.
Classificação Pista dupla
330
Classificação da Sinalização Horizontal
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Contínua e
Continua Mesmo Sentido seccionada
Somente simples
(branca)
Seccionada
Ou nas laterais (bordo da pista) nas cores amarela ou bran-
Continuada /
ca.
parada obrigatória ї Marcas transversais (MT): marcas que atravessam a
Retenção pista. Exemplos: faixas de pedestres, obstáculo transver-
Seccionada/ sal (lombada), faixa de estímulo à redução de velocidade.
dê a preferência
Ş
ŝ#-ŝŦ
Amarela
Transversal
Zebrada Calçada
Travessia de
pedestre
Paralela
Cruzamento Rodocicloviário
Área de Conflito
Continuação da Classificação
Calçada
Separar fluxo de sentidos
opostos (Amarela)
Canalizador
Separa Fluxo de mesmo ї Marcas de canalização (MC): servem para orientar, se-
sentido (Branca) parar, ordenar retorno, acelerar, desacelerar veículos.
DĂƌĐĂĚĞĂůƚĞƌŶąŶĐŝĂĚŽŵŽǀŝŵĞŶƚŽĚĞĨĂŝdžĂƐƉŽƌƐĞŶƟĚŽ
Principais funções
Amarela
Acomodar canteiro central
ônibus
Amarela
ї Marcas de delimitação e controle de estacionamen-
to e/ou parada (MD): marcas que servem para delimi-
tar onde é:
Calçada
Opcional
ônibus
Amarela
Calçada
Calçada
ї Delimitadores - reforçam as marcas viárias. Para melho-
Estacionamento em áreas isoladas rar a percepção dos condutores com ou sem elementos
refletivos.
ůĞŵĞŶƚŽZĞŇĞƟǀŽ
Calçada
“Permitido parar ou estacionar” (marcação branca) ou,
“Proibido parar ou estacionar” (marcação amarela) ou, “Res-
trito parar ou estacionar”, no caso de estacionamento privati- Tartaruga
vo para serviço de saúde, e em casos de ciclofaixa ou ciclovias
(marcação vermelha). Vaga destinada a pessoas com necessi-
Ş
ŝ#-ŝŦ
dades especiais (marcação azul).
ї Inscrição no pavimento (IP): orientam a operacionali-
zação da via, melhorando a visibilidade, para que os con-
Calota
dutores tenham tempo hábil para tomar atitudes seguras.
Tachinha
Retorno à
Siga em frente Vire à esquerda Vire à direita
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
direita
Tachão
Retorno à Siga em frente Siga em frente quebra mola
esquerda ou vire à direita ou vire à esquerda
Da Engenharia de Tráfego
Assim como a sinalização deve atender parâmetros para
garantir a segurança e a padronização, deve também as obras,
que tem impacto direto no fluxo de uma via, ter sua parcela de
ї Proteção - Defensas metálicas ou concreto, podem ser responsabilidade com os efeitos causados com o tempo.
simples ou dupla. Neste capítulo, observar-se á, ainda, que operações e fis-
calização têm de se ater a todo um disposto legal, para que o
830 870
Ş
ŝ#-ŝŦ
dos transversalmente à via pública.
Art. 95. Nenhuma obra ou evento que possa perturbar ou b) carga
interromper a livre circulação de veículos e pedestres, ou b) elétrico b) repre.
colocar em risco sua segurança, será iniciada sem permis- diplom.
são prévia do órgão ou entidade de trânsito com circuns- c) misto
crição sobre a via. c) pro.
humana
▷ Arts. 21, IX, e 24, IX, do CTB; c) particular
▷ Resolução do CONTRAN nº 371, de 10-12-2010: apro- d) competição
va o Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito, d) tração d) aluguel
Volume I - Infrações de competência municipal, in- animal e) tração
cluindo as concorrentes dos órgãos e entidades es-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
da Bicicleta/Carro de Mão/
e) rebo. /semirreboque Ciclo. Existe previsão no CTB de Classificação e Veículos - Art. 96 CTB
regulamentação municipal, logi-
camente desde que o municipio
tenha efetivado sua integração
Espécie - inciso II
ao SNT através de pedido ao
Não de deslocam DENATRAN e seja autorizado
sozinhos necessitando por este a criação daquele órgão
sempre de outros executivo de trânsito municipal. Bicicleta, ciclomotor, motoneta, motocicle-
veículos para tracioná- Art. 24, XVII e XVIII e Art. 129 ta, triciclo, quadriciclo, bonde, semirrebo-
-los; Unidade tratora+ a) passageiro
que/reboque, charrete. Exclusivamente:
reboque engatado = Veí- automóvel/micro-ônibus/ ônibus.
culo conjugado. Unidade No anexo I, temos as seguintes
tratora + Semirreboqure previsões: Carroças - destinados
Apoiado = Veículo a transportar Carga, e Charretes Motoneta, motocicleta, triciclo, quadriciclo
Articulado - destinadas a transportar e reboque /semirreboque. Exclusivamen-
pessoas e bagagens. Seguem b) carga
te: carroça, carro de mão, caminhonete,
a mesma regra com relação caminhão.
a municipalização e devida
regulamentação. Art. 24, XVII e
XVIII e Art. 129.
Caminhoneta (pass.+carga), utilitário (Off
c) misto Road), outros Ex.: Veículos ( Funerária,
Quanto à Espécie Ambulância, Viaturas).
II. Quanto à espécie:
a) De passageiros: Art. 110 CTB - Res. do CONTRAN nº 292
1. Bicicleta; d) competição
veículo que circulavam nas vias e foram al-
terado para competir, e veículos protótipos
2. Ciclomotor; criados para competir( Ex. Fórmula 1).
3. Motoneta;
4. Motocicleta; Caminhão trator, trator Art. 144 CTB e
5. Triciclo; e) tração 115 §4º, de rodas de esteiras e misto Res.
CONTRAN nº 281 e 14.
6. Quadriciclo;
7. Automóvel;
8. Micro-ônibus; Lei nº 12.452/11 - Trailer e Motor -
f) especial
casa (automotor).
9. Ônibus;
10. Bonde;
Res. CONTRAN nº 127 de 21/08/01 mais
11. Reboque ou semirreboque; de 30 anos de fabricação - ostenta valor
12. Charrete; g) coleção histórico - conserva características originais
e o pleno funcionamento dos equipamentos
b) De carga: de segurança fabricados.
1. Motoneta;
2. Motocicleta; Quanto à Categoria
3. Triciclo; III. Quanto à categoria:
4. Quadriciclo; a) Oficial;
b) De representação diplomática, de reparti- ▷ Resolução do CONTRAN nº 479, de 20 de março de
ções consulares de carreira ou organismos interna- 2014 altera o Art. 6º da Resolução CONTRAN nº
cionais acreditados junto ao Governo brasileiro; 292, de 09 de agosto de 2008, que dispõe sobre
c) Particular; modificações de veículos previstas nos Arts. 98 e
106 da Lei nº 9503, de 23 de setembro de 1997, que
d) De aluguel; instituiu o Código de Trânsito Brasileiro.
e) De aprendizagem. Art. 98. Nenhum proprietário ou responsável po-
derá, sem prévia autorização da autoridade compe-
Classificação de veículos - tente, fazer ou ordenar que sejam feitas no veículo
Art. 96 CTB
modificações de suas características de fábrica.
Parágrafo único. Os veículos e motores novos ou usa-
dos que sofrerem alterações ou conversões são obri-
Categoria - inciso III
gados a atender aos mesmos limites e exigências de
emissão de poluentes e ruído previstos pelos órgãos
a) oficial ambientais competentes e pelo CONTRAN, cabendo à
entidade executora das modificações e ao proprietário
b) representação Diplomática, de repartição consular do veículo a responsabilidade pelo cumprimento das
de carreiras ou de organismos internacionais acredi- exigências.
tados junto ao Governo brasileiro ▷ Art. 230 do CTB.
Art. 99. Somente poderá transitar pelas vias terrestres
c) particular o veículo cujo peso e dimensões atenderem aos limites
estabelecidos pelo CONTRAN.
▷ Art. 231 do CTB.
d) aluguel
§ 1º O excesso de peso será aferido por equipamento
de pesagem ou pela verificação de documento fiscal,
e) aprendizagem
na forma estabelecida pelo CONTRAN.
§ 2º Será tolerado um percentual sobre os limites de
peso bruto total e peso bruto transmitido por eixo de
Cor veículos à superfície das vias, quando aferido por equi-
Categoria do Veículo Placa e Tarjeta pamento, na forma estabelecida pelo CONTRAN.
Fundo Caracteres § 3º Os equipamentos fixos ou móveis utilizados na
Particular Cinza Preto pesagem de veículos serão aferidos de acordo com a
Aluguel Vermelho Branco metodologia e na periodicidade estabelecidas pelo
Ş
ŝ#-ŝŦ
Experiência/Fabricante Verde Branco CONTRAN, ouvido o órgão ou entidade de metrolo-
Aprendizagem Branco Vermelho gia legal.
Coleção Preto Cinza Art. 100. Nenhum veículo ou combinação de veículos
Oficial Branco Preto poderá transitar com lotação de passageiros, com peso
Missão Diplomática Azul Branco bruto total, ou com peso bruto total combinado com
Corpo Consular Azul Branco peso por eixo, superior ao fixado pelo fabricante, nem
ultrapassar a capacidade máxima de tração da unidade
Organismo Internacional Azul Branco
tratora.
Corpo Diplomático Azul Branco § 1º Os veículos de transporte coletivo de passageiros
Organismo Consular/Internacional Azul Branco poderão ser dotados de pneus extralargos.
Acordo Cooperação Internacional Azul Branco § 2º O Contran regulamentará o uso de pneus extralar-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
com prazo de seis meses, atendidas as medidas de se- para ensaios de cintos de segurança.
gurança consideradas necessárias. II. Para os veículos de transporte e de condução
Art. 102. O veículo de carga deverá estar devidamente escolar, os de transporte de passageiros com mais
equipado quando transitar, de modo a evitar o derra- de dez lugares e os de carga com peso bruto to-
mamento da carga sobre a via. tal superior a quatro mil, quinhentos e trinta e seis
Parágrafo único. O CONTRAN fixará os requisitos míni- quilogramas, equipamento registrador instantâneo
mos e a forma de proteção das cargas de que trata este inalterável de velocidade e tempo;
Art., de acordo com a sua natureza. ▷ Resolução do CONTRAN nº 406, de 12-06-2012: alte-
Art. 103. O veículo só poderá transitar pela via quando ra a Resolução nº 92, de 4 de maio de 1999, que dis-
atendidos os requisitos e condições de segurança es-
tabelecidos neste Código e em normas do CONTRAN. põe sobre requisitos técnicos mínimos do registra-
§ 1º Os fabricantes, os importadores, os montadores e dor instantâneo e inalterável de velocidade e tempo.
os encarroçadores de veículos deverão emitir certificado III. Encosto de cabeça, para todos os tipos de veí-
de segurança, indispensável ao cadastramento no RE- culos automotores, segundo normas estabelecidas
NAVAM, nas condições estabelecidas pelo CONTRAN. pelo CONTRAN;
§ 2º O CONTRAN deverá especificar os procedimentos e a IV. (VETADO)
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
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em veículo de carga ou misto, desde que obedecidas
às condições de segurança estabelecidas neste Código Este é um vasto assunto na legislação. A placa é um ele-
e pelo CONTRAN. mento de identificação externa que, ao mesmo tempo em que
Parágrafo único. A autorização citada no caput não po- individualiza o veículo tem, também, a finalidade de fazer um
derá exceder a doze meses, prazo a partir do qual a au- link entre o proprietário e os órgãos do SNT.
toridade pública responsável deverá implantar o serviço Por este motivo, os concursos públicos têm cobrado este
regular de transporte coletivo de passageiros, em conf conhecimento com bastante frequência.
ormidade com a legislação pertinente e com os dispo- Existem também outros números de identificação interna,
sitivos deste Código. Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998. gravados no chassi ou monobloco, bem como em peças e de-
▷ Art. 109. O transporte de carga em veículos destina- mais agregados. O número do chassi, por sua vez, é subdividido
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
▷
Equipamentos de segurança(2 = ABS
Art. 248 do CTB. e airbags para motorista e passageiros)
Ano de fabricação (X = 2002)
Art. 110. O veículo que tiver alterada qualquer de suas Local de fabricação
(4 = São José dos Pinhais)
características para competição ou finalidade análoga
* 9 B WH E 2 1 J X2 4 0 60 96 0 *
só poderá circular nas vias públicas com licença espe- ŝŐŝƚŽǀĞƌŝĮĐĂĚŽƌ
cial da autoridade de trânsito, em itinerário e horário (Controle interno) Número de série
Modelo ( 1 J = Golf) do carro (060960)
fixados.
Fabricante (W = Volkswagen)
Art. 111. É vedado, nas áreas envidraçadas do veículo: País de Origem (B = Brasil) 337
I. (VETADO) ZĞŐŝĆŽŐĞŽŐƌĄĮĐĂ;ϵсŵĠƌŝĐĂĚŽ^ƵůͿ
ї Vejamos a previsão do texto legal, bem como as reso- cutar trabalhos de construção ou de pavimentação são
338 luções pertinentes: sujeitos ao registro na repartição competente, se tran-
Art. 114. O veículo será identificado obrigatoriamente sitarem em via pública, dispensados o licenciamento e
por caracteres gravados no chassi ou no monobloco, o emplacamento.
reproduzidos em outras partes, conforme dispuser o (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015)
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Ş
ŝ#-ŝŦ
exterior em trânsito no território nacional. ou residência;
III. For alterada qualquer característica do veículo;
Do Registro de Veículos IV. Houver mudança de categoria.
O registro veicular é a forma encontrada pelo legislador para ▷ Art. 233 do CTB.
individualizar a “propriedade do objeto”, dando, assim, um ca- § 1º No caso de transferência de propriedade, o prazo
ráter de responsabilização por quaisquer formas de danos ou para o proprietário adotar as providências necessárias
infrações penais ou administrativas de trânsito destes bens. à efetivação da expedição do novo Certificado de Re-
A competência é do órgão Executivo de Trânsito da União gistro de Veículo é de trinta dias, sendo que nos demais
(DENATRAN) e é realizado por meio de delegação deste órgão casos as providências deverão ser imediatas.
aos Órgãos Executivos de Trânsito dos Estados (DETRAN) e do § 2º No caso de transferência de domicílio ou residên-
cia no mesmo Município, o proprietário comunicará o
Distrito Federal Detran/DF.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
teração das características originais de fábrica; Art. 128. Não será expedido novo Certificado de Re-
▷ Resolução do CONTRAN nº 325, de 17-07-2009: gistro de Veículo enquanto houver débitos fiscais e de
altera o prazo previsto no parágrafo 7º do Art. 1º multas de trânsito e ambientais, vinculadas ao veículo,
da Resolução CONTRAN nº 282/2008, que esta- independentemente da responsabilidade pelas infra-
belece critérios para a regularização de nume- ções cometidas.
ração de motores dos veículos registrados ou a Art. 129. O registro e o licenciamento dos veículos de
serem registrados no país. propulsão humana, dos ciclomotores e dos veículos de
VI. Autorização do Ministério das Relações Exte- tração animal obedecerão à regulamentação estabele-
riores, no caso de veículo da categoria de missões cida em legislação municipal do domicílio ou residên-
diplomáticas, de repartições consulares de carreira, cia de seus proprietários.
de representações de organismos internacionais e
de seus integrantes; Art. 129-A. O registro dos tratores e demais aparelhos
automotores destinados a puxar ou a arrastar maqui-
VII. Certidão negativa de roubo ou furto de veículo,
expedida no Município do registro anterior, que po- naria agrícola ou a executar trabalhos agrícolas será
derá ser substituída por informação do RENAVAM; efetuado, sem ônus, pelo Ministério da Agricultura,
VIII. Comprovante de quitação de débitos relativos Pecuária e Abastecimento, diretamente ou mediante
Ş
ŝ#-ŝŦ
a tributos, encargos e multas de trânsito vincula- convênio. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
dos ao veículo, independentemente da responsa-
bilidade pelas infrações cometidas; Do Licenciamento
IX. Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998. Além do registro, para que os veículos possam trafegar, é
X. Comprovante relativo ao cumprimento do dis- necessária uma licença anual do Governo. Será emitido certi-
posto no Art. 98, quando houver alteração nas ficado ao veículo, depois da quitação dos débitos relativos a
características originais do veículo que afetem a tributos, encargos e multas de trânsito e ambientais, vincula-
emissão de poluentes e ruído; dos ao veículo, independentemente da responsabilidade pelas
XI. Comprovante de aprovação de inspeção veicular infrações cometidas.
e de poluentes e ruído, quando for o caso, conforme
Para otimizar o aprendizado, resumimos a leitura do
regulamentações do CONTRAN e do CONAMA.
▷ Resolução do CONTRAN nº 22 de 17-02-1998: esta- que está tipificado nos seguintes Arts: 115, §5º, 120, §2º e
belece, para efeito da fiscalização, forma para com- 130, § 1º, que nos ensina o seguinte: os veículos bélicos são
provação do exame de inspeção veicular. os únicos veículos automotores que estão isentos do uso
Art. 125. As informações sobre o chassi, o monobloco, de placas de identificação, bem como do referido registro
os agregados e as características originais do veículo e do licenciamento.
deverão ser prestadas ao RENAVAM: Art. 130. Todo veículo automotor, elétrico, articulado,
I. Pelo fabricante ou montadora, antes da comer- reboque ou semirreboque, para transitar na via, deve-
cialização, no caso de veículo nacional; rá ser licenciado anualmente pelo órgão executivo de
II. Pelo órgão alfandegário, no caso de veículo im- trânsito do Estado, ou do Distrito Federal, onde estiver
portado por pessoa física; registrado o veículo.
III. Pelo importador, no caso de veículo importado ▷ Art. 230, V, do CTB.
por pessoa jurídica.
§ 1º O disposto neste Art. não se aplica a veículo de
Parágrafo único. As informações recebidas pelo RE-
NAVAM serão repassadas ao órgão executivo de trân- uso bélico.
sito responsável pelo registro, devendo este comunicar § 2º No caso de transferência de residência ou domi-
ao RENAVAM, tão logo seja o veículo registrado. cílio, é válido, durante o exercício, o licenciamento de
Art. 126. O proprietário de veículo irrecuperável, ou origem.
destinado à desmontagem, deverá requerer a bai- Art. 131. O Certificado de Licenciamento Anual será ex-
xa do registro, no prazo e forma estabelecidos pelo pedido ao veículo licenciado, vinculado ao Certificado
Contran, vedada a remontagem do veículo sobre o de Registro, no modelo e especificações estabelecidos
mesmo chassi de forma a manter o registro anterior. pelo CONTRAN.
(Redação dada pela Lei nº 12.977, de 2014). § 1º O primeiro licenciamento será feito simultanea-
Parágrafo único. A obrigação de que trata este Art. é mente ao registro.
da companhia seguradora ou do adquirente do veículo
destinado à desmontagem, quando estes sucederem § 2º O veículo somente será considerado licenciado
ao proprietário. estando quitados os débitos relativos a tributos, en-
▷ Art. 311 do Decreto-Lei nº 2.848/1940. cargos e multas de trânsito e ambientais, vinculados
▷ Resolução do CONTRAN nº 11, de 23-1-1998: estabe- ao veículo, independentemente da responsabilidade
lece critérios para a baixa de registro de veículos a pelas infrações cometidas.
que se refere bem como os prazos para efetivação. ▷ Súm. nº 127 do STJ.
§ 3º Ao licenciar o veículo, o proprietário deverá com- Da Condução de Escolares
provar sua aprovação nas inspeções de segurança vei-
Para a condução remunerada de escolares, é necessário
cular e de controle de emissões de gases poluentes e que o condutor cumpra alguns requisitos específicos, que são
de ruído, conforme disposto no Art. 104. inerentes à atividade. Por tal motivo, o CTB destina o capítulo
Art. 132. Os veículos novos não estão sujeitos ao licen- XIII especialmente a este assunto. Os condutores e seus veí-
ciamento e terão sua circulação regulada pelo CON- culos devem obedecer a critérios mais rígidos de segurança.
TRAN durante o trajeto entre a fábrica e o Município Art. 136. Os veículos especialmente destinados à con-
de destino. dução coletiva de escolares somente poderão circular
§ 1º O disposto neste Art. aplica-se, igualmente, aos veí- nas vias com autorização emitida pelo órgão ou enti-
culos importados, durante o trajeto entre a alfândega ou dade executivos de trânsito dos Estados e do Distrito
Federal, exigindo-se, para tanto:
entreposto alfandegário e o Município de destino.
▷ Art. 230, XX, e 329 do CTB.
Art. 133. É obrigatório o porte do Certificado de Licen-
I. Registro como veículo de passageiros;
ciamento Anual.
II. Inspeção semestral para verificação dos equipa-
Parágrafo único. O porte será dispensado quando, no mentos obrigatórios e de segurança;
momento da fiscalização, for possível ter acesso ao de-
III. Pintura de faixa horizontal na cor amarela, com
vido sistema informatizado para verificar se o veículo quarenta centímetros de largura, à meia altura, em
está licenciado. toda a extensão das partes laterais e traseira da
▷ Resolução do CONTRAN nº 205, de 20-10-2006: dis- carroçaria, com o dístico ESCOLAR, em preto, sen-
põe sobre os documentos de porte obrigatório e dá do que, em caso de veículo de carroçaria pintada
outras providências. na cor amarela, as cores aqui indicadas devem ser
▷ Art. 232 do CTB. invertidas;
▷ Art. 237 do CTB.
Art. 134. No caso de transferência de propriedade, o
proprietário antigo deverá encaminhar ao órgão exe- IV. Equipamento registrador instantâneo inalterá-
vel de velocidade e tempo;
cutivo de trânsito do Estado dentro de um prazo de
▷ Resolução do CONTRAN nº 406, de 12-6-2012: alte-
30 (trinta dias), cópia autenticada do comprovante de
ra a Resolução nº 92, de 4 de maio de 1999, dispõe
transferência de propriedade, devidamente assinado e sobre requisitos técnicos mínimos do registrador
datado, sob pena de ter que se responsabilizar solidaria- instantâneo e inalterável de velocidade e tempo,
mente pelas penalidades impostas e suas reincidências conforme o Código de Trânsito Brasileiro.
até a data da comunicação. V. Lanternas de luz branca, fosca ou amarela dispos-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Parágrafo único. O comprovante de transferência de tas nas extremidades da parte superior dianteira e
propriedade de que trata o caput poderá ser substituí- lanternas de luz vermelha dispostas na extremidade
do por documento eletrônico, na forma regulamentada superior da parte traseira;
pelo Contran. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015) VI. Cintos de segurança em número igual à lotação;
VII. Outros requisitos e equipamentos obrigatórios
▷ Resolução do CONATRAN nº 476/14 com o seguinte
estabelecidos pelo CONTRAN.
texto: Acrescenta o Art. 3-A à Resolução CONTRAN
Art. 137. A autorização a que se refere o Art. anterior
nº 398, de 13 de dezembro de 2011, que estabelece deverá ser afixada na parte interna do veículo, em local
orientações e procedimentos a serem adotados para visível, com inscrição da lotação permitida, sendo veda-
a comunicação de venda de veículos, no intuito de da a condução de escolares em número superior à capa-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Ş
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do pretender habilitar-se na categoria E;
I. Categoria A - condutor de veículo motorizado de III. Não ter cometido nenhuma infração grave ou
duas ou três rodas, com ou sem carro lateral; gravíssima ou ser reincidente em infrações médias
II. Categoria B - condutor de veículo motorizado, durante os últimos doze meses;
não abrangido pela categoria A, cujo peso bruto
total não exceda a três mil e quinhentos quilogra- IV. Ser aprovado em curso especializado e em curso
mas e cuja lotação não exceda a oito lugares, ex- de treinamento de prática veicular em situação de
cluído o do motorista; risco, nos termos da normatização do CONTRAN.
III. Categoria C - condutor de veículo motorizado ▷ Resolução nº 522 de 25 de março de 2015, que
utilizado em transporte de carga, cujo peso bruto regulamenta o credenciamento de instituições
total exceda a três mil e quinhentos quilogramas; ou entidades públicas ou privadas para o proces-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
III. Escrito, sobre legislação de trânsito; ve ou gravíssima ou seja reincidente em infração média.
IV. De noções de primeiros socorros, conforme re- § 4º A não obtenção da Carteira Nacional de Habilita-
gulamentação do CONTRAN; ção, tendo em vista a incapacidade de atendimento do
V. De direção veicular, realizado na via pública, em veí- disposto no parágrafo anterior, obriga o candidato a rei-
culo da categoria para a qual estiver habilitando-se. niciar todo o processo de habilitação.
§ 1º Os resultados dos exames e a identificação dos res- § 5º O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN po-
pectivos examinadores serão registrados no RENACH. derá dispensar os tripulantes de aeronaves que apre-
sentarem o cartão de saúde expedido pelas Forças
▷ Renumerado do parágrafo único, pela Lei nº
Armadas ou pelo Departamento de Aeronáutica Civil,
9.602, de 1998. respectivamente, da prestação do exame de aptidão
§ 2º O exame de aptidão física e mental será preliminar física e mental.
e renovável a cada cinco anos, ou a cada três anos para Art. 148-A. Os condutores das categorias C, D e E de-
condutores com mais de sessenta e cinco anos de ida- verão submeter-se a exames toxicológicos para a habi-
de, no local de residência ou domicílio do examinado. litação e renovação da Carteira Nacional de Habilitação.
§ 3º O exame previsto no § 2º incluirá avaliação psico- § 1º O exame de que trata este Art. buscará aferir o con-
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lógica preliminar e complementar sempre que a ele se sumo de substâncias psicoativas que, comprovadamen-
submeter o condutor que exerce atividade remunerada te, comprometam a capacidade de direção e deverá ter
ao veículo, incluindo-se esta avaliação para os demais janela de detecção mínima de 90 (noventa) dias, nos
candidatos apenas no exame referente à primeira ha- termos das normas do Contran.
bilitação.
§ 2º Os condutores das categorias C, D e E com Carteira
Redação dada pela Lei nº 10.350,de 2001. Nacional de Habilitação com validade de 5 (cinco) anos
§ 4º Quando houver indícios de deficiência física, deverão fazer o exame previsto no § 1º no prazo de 2
mental, ou de progressividade de doença que possa (dois) anos e 6 (seis) meses a contar da realização do
diminuir a capacidade para conduzir o veículo, o prazo disposto no caput.
previsto no § 2º poderá ser diminuído por proposta do § 3º Os condutores das categorias C, D e E com Carteira
perito examinador. Lei nº 9.602/98. Nacional de Habilitação com validade de 3 (três) anos
§ 5º O condutor que exerce atividade remunerada ao veí- deverão fazer o exame previsto no § 1º no prazo de 1
culo terá essa informação incluída na sua Carteira Nacional (um) ano e 6 (seis) meses a contar da realização do
de Habilitação, conforme especificações do Conselho Na- disposto no caput.
cional de Trânsito - CONTRAN. § 4º É garantido o direito de contraprova e de recur-
Art. 147-A. Ao candidato com deficiência auditiva so administrativo no caso de resultado positivo para o
é assegurada acessibilidade de comunicação, me- exame de que trata o caput, nos termos das normas do
diante emprego de tecnologias assistivas ou de CONTRAN.
ajudas técnicas em todas as etapas do processo de § 5º A reprovação no exame previsto neste artigo.. terá
habilitação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015). como consequência a suspensão do direito de dirigir
§ 1º O material didático audiovisual utilizado em aulas teó- pelo período de 3 (três) meses, condicionado o levan-
ricas dos cursos que precedem os exames previstos no Art. tamento da suspensão ao resultado negativo em novo
147 desta Lei deve ser acessível, por meio de subtitulação exame, e vedada a aplicação de outras penalidades,
com legenda oculta associada à tradução simultânea em ainda que acessórias.
Libras. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015). § 6º O resultado do exame somente será divulgado
§ 2º É assegurado também ao candidato com deficiência para o interessado e não poderá ser utilizado para fins
auditiva requerer, no ato de sua inscrição, os serviços de estranhos ao disposto neste Art. ou no § 6º do Art. 168
intérprete da Libras, para acompanhamento em aulas da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada
práticas e teóricas. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015). pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
Art. 148. Os exames de habilitação, exceto os de direção § 7º O exame será realizado, em regime de livre con-
veicular, poderão ser aplicados por entidades públicas ou corrência, pelos laboratórios credenciados pelo Depar-
privadas credenciadas pelo órgão executivo de trânsito tamento Nacional de Trânsito - DENATRAN, nos termos
dos Estados e do Distrito Federal, de acordo com as nor- das normas do Contran, vedado aos entes públicos:
mas estabelecidas pelo CONTRAN. I. fixar preços para os exames;
§ 1º A formação de condutores deverá incluir, obriga- II. limitar o número de empresas ou o número de
toriamente, curso de direção defensiva e de conceitos locais em que a atividade pode ser exercida; e
básicos de proteção ao meio ambiente relacionados III. estabelecer regras de exclusividade territorial.
com o trânsito. Art. 149. (VETADO)
Art. 150. Ao renovar os exames previstos no Art. ante- Art. 155. A formação de condutor de veículo automotor
rior, o condutor que não tenha curso de direção defen- e elétrico será realizada por instrutor autorizado pelo
siva e primeiros socorros deverá a eles ser submetido, órgão executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito
conforme normatização do CONTRAN. Federal, pertencente ou não à entidade credenciada.
Parágrafo único. A empresa que utiliza condutores Parágrafo único. Ao aprendiz será expedida autoriza-
contratados para operar a sua frota de veículos é obri- ção para aprendizagem, de acordo com a regulamen-
gada a fornecer curso de direção defensiva, primeiros tação do CONTRAN, após aprovação nos exames de
socorros e outros conforme normatização do CON- aptidão física, mental, de primeiros socorros e sobre
TRAN. legislação de trânsito.
Art. 151. No caso de reprovação no exame escrito sobre ▷ O Parágrafo único foi acrescido pela Lei nº 9.602, de
legislação de trânsito ou de direção veicular, o candi- 21-1-1998.
dato só poderá repetir o exame depois de decorridos Art. 156. O CONTRAN regulamentará o credenciamen-
quinze dias da divulgação do resultado. to para prestação de serviço pelas autoescolas e outras
Art. 152. O exame de direção veicular será realizado entidades destinadas à formação de condutores e às
perante comissão integrada por 3 (três) membros de- exigências necessárias para o exercício das atividades
signados pelo dirigente do órgão executivo local de de instrutor e examinador.
trânsito. ▷ Resolução do CONTRAN nº 321, de 17-07-2009: ins-
§ 1º Na comissão de exame de direção veicular, pelo titui exame obrigatório para avaliação de instrutores
menos um membro deverá ser habilitado na categoria e examinadores de trânsito, no exercício da função,
igual ou superior à pretendida pelo candidato. em todo o território nacional.
§ 2º Os militares das Forças Armadas e os policiais e Art. 157. (VETADO)
bombeiros dos órgãos de segurança pública da União, Art. 158. A aprendizagem só poderá realizar-se:
dos Estados e do Distrito Federal que possuírem curso Lei nº 12.217, de 2010. (Que torna obrigatória a apren-
de formação de condutor ministrado em suas corpo- dizagem noturna).
rações serão dispensados, para a concessão do docu- I. Nos termos, horários e locais estabelecidos pelo
mento de habilitação, dos exames aos quais se houve- órgão executivo de trânsito;
rem submetido com aprovação naquele curso, desde II. Acompanhado o aprendiz por instrutor autorizado.
que neles sejam observadas as normas estabelecidas § 1º Além do aprendiz e do instrutor, o veículo utiliza-
pelo Contran. do na aprendizagem poderá conduzir apenas mais um
§ 3º O militar, o policial ou o bombeiro militar inte- acompanhante.
ressado na dispensa de que trata o § 2º instruirá seu § 2º Parte da aprendizagem será obrigatoriamente
requerimento com ofício do comandante, chefe ou di-
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realizada durante a noite, cabendo ao CONTRAN fixar-
retor da unidade administrativa onde prestar serviço, lhe a carga horária mínima correspondente.
do qual constarão o número do registro de identifica- Art. 159. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida
ção, naturalidade, nome, filiação, idade e categoria em em modelo único e de acordo com as especificações do
que se habilitou a conduzir, acompanhado de cópia das CONTRAN, atendidos os pré-requisitos estabelecidos
atas dos exames prestados. neste Código, conterá fotografia, identificação e CPF
Art. 153. O candidato habilitado terá em seu prontuá- do condutor, terá fé pública e equivalerá a documento
rio a identificação de seus instrutores e examinadores, de identidade em todo o território nacional.
que serão passíveis de punição conforme regulamen- ▷ Art. 234 do CTB.
tação a ser estabelecida pelo CONTRAN. ▷ Resolução do CONTRAN, n.º 598 de 24 de maio de
Parágrafo único. As penalidades aplicadas aos instru- 2016, estabelece o seguinte: regulamenta a produ-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
tores e examinadores serão de advertência, suspensão ção e a expedição da Carteira Nacional de Habilita-
e cancelamento da autorização para o exercício da ati- ção, com novo leiaute e requisitos de segurança.
vidade, conforme a falta cometida. § 1º É obrigatório o porte da Permissão para Dirigir ou
▷ Lei nº 12.302 de 02-08-2010, Art. 8º: que regulamen- da Carteira Nacional de Habilitação quando o condutor
ta o exercício da profissão de instrutor de trânsito: estiver à direção do veículo.
Art. 154. Os veículos destinados à formação de con- ▷ Art. 232 do CTB.
dutores serão identificados por uma faixa amarela, de § 2º(VETADO)
vinte centímetros de largura, pintada ao longo da car- § 3 A emissão de nova via da Carteira Nacional de Ha-
roçaria, à meia altura, com a inscrição auto-escola na bilitação será regulamentada pelo CONTRAN
cor preta. § 4º (VETADO)
Parágrafo único. No veículo eventualmente utilizado § 5º A Carteira Nacional de Habilitação e a Permissão
para aprendizagem, quando autorizado para servir a para Dirigir somente terão validade para a condução de
esse fim, deverá ser afixada ao longo de sua carroçaria, veículo quando apresentada em original.
à meia altura, faixa branca removível, de vinte centí- § 6º A identificação da Carteira Nacional de Habilitação
metros de largura, com a inscrição AUTO-ESCOLA na expedida e a da autoridade expedidora serão registra- 345
cor preta. das no RENACH.
§ 7º A cada condutor corresponderá um único registro Quadro resumo
346 no RENACH, agregando-se neste todas as informações. A Lei nº 13.281/2016 alterou os valores das multas de trânsito,
§ 8º A renovação da validade da Carteira Nacional de que entra em vigor dia 01 de novembro de 2016.
Habilitação ou a emissão de uma nova via somente Valor atual-
será realizada após quitação de débitos constantes do Gravidade Pontos Valor atual Infração Exemplo
izado
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
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Medida administrativa - a mesma prevista no inciso III do de segurança, conforme previsto no Art. 65:
Art. 162. Infração - grave;
▷ Art. 263, II, e 310 do CTB: Penalidade - multa;
Devemos, no Art. seguinte, dedicar especial atenção por Medida administrativa - retenção do veículo até colocação
se tratar de matéria que recebeu modificações recentes. O Có- do cinto pelo infrator.
digo de Trânsito ainda mantém a redação da Lei nº 11.705, de ▷ Resolução do CONTRAN nº 278, de 28-05-2008:
2008, porém, temos aqui a modificação da Lei nº 12.760, de proíbe a utilização de dispositivos que travem,
20 de dezembro de 2012, que foi sancionada pela Presidente afrouxem ou modifiquem o funcionamento dos cin-
Dilma Rousseff e já se encontra em vigor. tos de segurança.
As alterações ocorrem no artigo seguinte, além dos Arts Art. 168. Transportar crianças em veículo automotor sem
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
262, 276, 277 e 306, os quais serão tratados de forma indivi- observância das normas de segurança especiais estabele-
dualizada. cidas neste Código:
No Art. 165, a alteração se deu na Penalidade aplicada, Infração - gravíssima;
que passou a ser a maior do Código de Trânsito, indo de multa Penalidade - multa;
agravada de cinco vezes para multa agravada em dez vezes o Medida administrativa - retenção do veículo até que a ir-
valor da Infração gravíssima. regularidade seja sanada.
Temos também as alterações da Lei nº 12.971 de 09 de maio de
▷ Art. 64 do CTB. (Idade inferior a 10 anos)
2014 e da Lei nº 13.103 de 02 de Março de 2015, que foi marcada pelo
movimento grevista dos caminhoneiros. Art. 169. Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indis-
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer pensáveis à segurança:
outra substância psicoativa que determine dependência: Infração - leve;
▷ Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008 (lei seca) Penalidade - multa.
Infração - gravíssima; ▷ Art. 28 CTB.
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de Art. 170. Dirigir ameaçando os pedestres que estejam
dirigir por 12 (doze) meses. atravessando a via pública, ou os demais veículos:
Medida administrativa - recolhimento do documento Infração - gravíssima; 347
de habilitação e retenção do veículo. Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa - retenção do veículo e recolhi- nistrativos na lavratura de auto de Infração, na ex-
348 mento do documento de habilitação. pedição de notificação de autuação e de notificação
▷ Decreto-Lei nº 2.848/1.940 “Perigo para a vida ou de Penalidades por infrações de responsabilidade
saúde de outrem” de pessoas físicas ou jurídicas, sem a utilização de
▷ Este Art. 132 é do Código Penal. veículos, expressamente mencionadas no Código de
Trânsito Brasileiro - CTB, e dá outras providências.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
que aprova o Manual Brasileiro de Fiscalização de ▷ Art. 304 do CTB, Art. 31,§1º, “d”, da CTVV
Trânsito-Volume I – Infrações de competência muni- II. de adotar providências, podendo fazê-lo, no senti-
cipal, incluindo as concorrentes dos órgãos e entida- do de evitar perigo para o trânsito no local;
des estaduais de trânsito e rodoviários. III. de preservar o local, de forma a facilitar os traba-
Infração - média; lhos da polícia e da perícia;
Penalidade - multa. IV. de adotar providências para remover o veículo do
Art. 172. Atirar do veículo ou abandonar na via objetos ou local, quando determinadas por policial ou agente da
substâncias: autoridade de trânsito;
Infração - média; V. de identificar-se ao policial e de lhe prestar infor-
Penalidade - multa. (Art. 26 e 245, do CTB). mações necessárias à confecção do boletim de ocor-
rência:
Art. 173. Disputar corrida por espírito de emulação:
Infração - gravíssima;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de
de dirigir;
dirigir e apreensão do veículo;
Medida administrativa - recolhimento do documento de
Com a Lei nº 12.971 de 09 maio 2014 o fator multiplicativo
habilitação.
foi de 3 para 10 vezes. E em casos de reincidência num prazo
Art. 177. Deixar o condutor de prestar socorro à vítima de
de 12 meses, para o dobro. Ou seja 20 vezes.
acidente de trânsito quando solicitado pela autoridade e
Medida administrativa - recolhimento do documento de seus agentes:
habilitação e remoção do veículo.
Infração - grave;
▷ Art. 67, 263, II e 308 do CTB.
Penalidade - multa.
Art. 174. Promover, na via, competição esportiva, eventos
organizados, exibição e demonstração de perícia em ma- ▷ Art. 135 do Código Penal.
nobra de veículo, ou deles participar, como condutor, sem Art. 178. Deixar o condutor, envolvido em acidente sem
permissão da autoridade de trânsito com circunscrição vítima, de adotar providências para remover o veículo
sobre a via: do local, quando necessária tal medida para assegurar
Infração - gravíssima; a segurança e a fluidez do trânsito:
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de Infração - média;
dirigir e apreensão do veículo; Penalidade - multa.
Medida administrativa - recolhimento do documento de Art. 179. Fazer ou deixar que se faça reparo em veículo
habilitação e remoção do veículo. na via pública, salvo nos casos de impedimento absoluto
§ 1º As penalidades são aplicáveis aos promotores e aos de sua remoção e em que o veículo esteja devidamente
condutores participantes. (Incluído pela Lei nº 12.971, de sinalizado:
2014) ▷ Arts. 40,V, e 46 do CTB.
§ 2º Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em I. Em pista de rolamento de rodovias e vias de trânsito
caso de reincidência no período de 12 (doze) meses da rápido:
infração anterior. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) Infração - grave;
▷ Resolução do CONTRAN nº 390 de 11-08-2011: dis- Penalidade - multa;
põe sobre a padronização dos procedimentos admi- Medida administrativa - remoção do veículo;
II. Nas demais vias: Infração - grave;
Infração - leve; Penalidade - multa;
Penalidade - multa. Medida administrativa - remoção do veículo;
Art. 180. Ter seu veículo imobilizado na via por falta de IX. Onde houver guia de calçada (meio-fio) rebaixada
combustível: destinada à entrada ou saída de veículos:
Infração - média; Infração - média;
Penalidade - multa; Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo. Medida administrativa - remoção do veículo;
▷ Art. 27 e 46 do CTB. X. Impedindo a movimentação de outro veículo:
Art. 181. Estacionar o veículo: Infração - média;
I. Nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo Penalidade - multa;
do alinhamento da via transversal:
Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - média;
XI. Ao lado de outro veículo em fila dupla:
Penalidade - multa;
Infração - grave;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Penalidade - multa;
II. Afastado da guia da calçada (meio-fio) de cinquen-
ta centímetros a um metro: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - leve; XII. Na área de cruzamento de vias, prejudicando a
circulação de veículos e pedestres:
Penalidade - multa;
Infração - grave;
Medida administrativa - remoção do veículo;
III. Afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de Penalidade - multa;
um metro: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - grave; XIII. Onde houver sinalização horizontal delimitadora
Penalidade - multa; de ponto de embarque ou desembarque de passagei-
ros de transporte coletivo ou, na inexistência desta
Medida administrativa - remoção do veículo;
sinalização, no intervalo compreendido entre dez me-
IV. Em desacordo com as posições estabelecidas nes- tros antes e depois do marco do ponto:
te Código:
Infração - média;
Infração - média;
Penalidade - multa;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo;
XIV. Nos viadutos, pontes e túneis:
▷ Art. 48 do CTB.
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V. Na pista de rolamento das estradas, das rodovias, Infração - grave;
das vias de trânsito rápido e das vias dotadas de acos- Penalidade - multa;
tamento: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - gravíssima; XV. Na contramão de direção:
Penalidade - multa; Infração - média;
Medida administrativa - remoção do veículo; Penalidade - multa;
VI. Junto ou sobre hidrantes de incêndio, registro de XVI. Em aclive ou declive, não estando devidamente
água ou tampas de poços de visita de galerias subter- freado e sem calço de segurança, quando se tratar de
râneas, desde que devidamente identificados, confor- veículo com peso bruto total superior a três mil e qui-
me especificação do CONTRAN: nhentos quilogramas:
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Infração - média;
ção do veículo.
Penalidade - multa.
§ 2º No caso previsto no inciso XVI é proibido abandonar
o calço de segurança na via. ▷ Art. 45 do CTB.
▷ Art. 172 do CTB. Art. 184. Transitar com o veículo:
XX - nas vagas reservadas às pessoas com defi- I. Na faixa ou pista da direita, regulamentada como de
ciência ou idosos, sem credencial que comprove tal circulação exclusiva para determinado tipo de veículo,
condição. exceto para acesso a imóveis lindeiros ou conversões
à direita:
Infração - gravíssima;
Infração - leve;
Penalidade - multa;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo.
II. Na faixa ou pista da esquerda regulamentada como
Art. 182. Parar o veículo:
de circulação exclusiva para determinado tipo de veí-
I. Nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo culo:
do alinhamento da via transversal:
Infração - grave;
Infração - média;
Penalidade - multa.
Penalidade - multa;
II. Afastado da guia da calçada (meio-fio) de cinquen- III. na faixa ou via de trânsito exclusivo, regula-
ta centímetros a um metro: mentada com circulação destinada aos veículos de
Infração - leve;
transporte público coletivo de passageiros, salvo
casos de força maior e com autorização do poder
Penalidade - multa;
público competente: (Incluído pela Lei nº 13.154, de
III. Afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de 2015)
um metro:
Infração - gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13.154, de
Infração - média;
2015)
Penalidade - multa;
Penalidade - multa e apreensão do veículo; (Incluído
IV. Em desacordo com as posições estabelecidas nes- pela Lei nº 13.154, de 2015).
te Código:
Medida Administrativa - remoção do veículo. (Incluído
Infração - leve; pela Lei nº 13.154, de 2015)
Penalidade - multa; Art. 185. Quando o veículo estiver em movimento, deixar
▷ Art. 48 do CTB. de conservá-lo:
V. Na pista de rolamento das estradas, das rodovias, I. Na faixa a ele destinada pela sinalização de regu-
das vias de trânsito rápido e das demais vias dotadas lamentação, exceto em situações de emergência;
de acostamento: II. Nas faixas da direita, os veículos lentos e de maior
Infração - grave; porte:
Penalidade - multa; Infração - média;
VI. No passeio ou sobre faixa destinada a pedestres, Penalidade - multa.
nas ilhas, refúgios, canteiros centrais e divisores de ▷ Art. 29, I e IV, e 57 do CTB.
pista de rolamento e marcas de canalização: Art. 186. Transitar pela contramão de direção em:
▷ Art. 29, I, do CTB. Art. 193. Transitar com o veículo em calçadas, passeios,
I. Vias com duplo sentido de circulação, exceto para passarelas, ciclovias, ciclo faixas, ilhas, refúgios, ajardi-
ultrapassar outro veículo e apenas pelo tempo neces- namentos, canteiros centrais e divisores de pista de rola-
mento, acostamentos, marcas de canalização, gramados
sário, respeitada a preferência do veículo que transi- e jardins públicos:
tar em sentido contrário:
Infração - gravíssima;
Infração - grave;
Penalidade - multa (três vezes).
Penalidade - multa;
▷ Art. 29, V do CTB.
II. Vias com sinalização de regulamentação de senti-
Art. 194. Transitar em marcha à ré, salvo na distância ne-
do único de circulação: cessária a pequenas manobras e de forma a não causar
Infração - gravíssima; riscos à segurança:
Penalidade - multa. Infração - grave;
Art. 187. Transitar em locais e horários não permitidos pela Penalidade - multa.
regulamentação estabelecida pela autoridade competen- Art. 195. Desobedecer às ordens emanadas da autoridade
te: competente de trânsito ou de seus agentes:
I. Para todos os tipos de veículos: Infração - grave;
Infração - média; Penalidade - multa.
Penalidade - multa; ▷ Art. 89, I, do CTB. (Sinalização)
II. (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998.) Art. 196. Deixar de indicar com antecedência, mediante
Art. 188. Transitar ao lado de outro veículo, interrompen- gesto regulamentar de braço ou luz indicadora de direção
do ou perturbando o trânsito: do veículo, o início da marcha, a realização da manobra
de parar o veículo, a mudança de direção ou de faixa de
Infração - média;
circulação:
Penalidade - multa. Infração - grave;
Art. 189. Deixar de dar passagem aos veículos precedidos Penalidade - multa.
de batedores, de socorro de incêndio e salvamento, de
polícia, de operação e fiscalização de trânsito e às ambu- ▷ Art. 29, XI, e 35 do CTB.
lâncias, quando em serviço de urgência e devidamente Art. 197. Deixar de deslocar, com antecedência, o veículo
identificados por dispositivos regulamentados de alarme para a faixa mais à esquerda ou mais à direita, dentro da
sonoro e iluminação vermelha intermitentes: respectiva mão de direção, quando for manobrar para um
Infração - gravíssima; desses lados:
Penalidade - multa. Infração - média;
Penalidade - multa.
▷ Art. 29, VI e VII, do CTB.
▷
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Art. 190. Seguir veículo em serviço de urgência, estando Art. 38 do CTB.
este com prioridade de passagem devidamente identifi- Art. 198. Deixar de dar passagem pela esquerda, quando
cada por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e solicitado:
iluminação vermelha intermitentes: Infração - média;
Infração - grave; Penalidade - multa.
Penalidade - multa. ▷ Art. 30 do CTB.
▷ Art. 29, VII, do CTB. Art. 199. Ultrapassar pela direita, salvo quando o veículo
Art. 191. Forçar passagem entre veículos que, transitando da frente estiver colocado na faixa apropriada e der sinal
em sentidos opostos, estejam na iminência de passar um de que vai entrar à esquerda:
pelo outro ao realizar operação de ultrapassagem: Infração - média;
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
gravíssima (10X) Art. 209. Transpor, sem autorização, bloqueio viário com
▷ Art. 33 do CTB. ou sem sinalização ou dispositivos auxiliares, deixar de
adentrar às áreas destinadas à pesagem de veículos ou
Art. 203. Ultrapassar pela contramão outro veículo:
evadir-se para não efetuar o pagamento do pedágio:
I. Nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade su-
Infração - grave;
ficiente;
Penalidade - multa.
II. Nas faixas de pedestre;
III. Nas pontes, viadutos ou túneis; ▷ Art. 278 do CTB.
IV. Parado em fila junto a sinais luminosos, porteiras, Art. 210. Transpor, sem autorização, bloqueio viário po-
cancelas, cruzamentos ou qualquer outro impedi- licial:
mento à livre circulação; Infração - gravíssima;
V. Onde houver marcação viária longitudinal de divi- Penalidade - multa, apreensão do veículo e suspensão do
são de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua ou direito de dirigir;
simples contínua amarela: Medida administrativa - remoção do veículo e recolhi-
Infração - gravíssima; mento do documento de habilitação.
Penalidade - multa. (cinco vezes) ▷ Art. 278 do CTB. Parágrafo Único
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Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no Art. 211. Ultrapassar veículos em fila, parados em razão de
caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze) sinal luminoso, cancela, bloqueio viário parcial ou qual-
meses da infração anterior. quer outro obstáculo, com exceção dos veículos não mo-
▷ (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) torizados:
Art. 204. Deixar de parar o veículo no acostamento à di- Infração - grave;
reita, para aguardar a oportunidade de cruzar a pista ou Penalidade - multa.
entrar à esquerda, onde não houver local apropriado para
operação de retorno: Art. 212. Deixar de parar o veículo antes de transpor linha
férrea:
Infração - grave;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.
Penalidade - multa.
▷ Art. 37 do CTB.
▷ Art. 29, XII, do CTB.
Art. 205. Ultrapassar veículo em movimento que integre
cortejo, préstito, desfile e formações militares, salvo com Art. 213. Deixar de parar o veículo sempre que a respecti-
autorização da autoridade de trânsito ou de seus agentes: va marcha for interceptada:
Infração - leve; I. Por agrupamento de pessoas, como préstitos, pas-
seatas, desfiles e outros:
Penalidade - multa.
Infração - gravíssima;
Art. 206. Executar operação de retorno:
Penalidade - multa.
▷ Art. 39 do CTB.
II. Por agrupamento de veículos, como cortejos, for-
I. Em locais proibidos pela sinalização;
mações militares e outros:
II. Nas curvas, aclives, declives, pontes, viadutos e
Infração - grave;
túneis;
Penalidade - multa.
III. Passando por cima de calçada, passeio, ilhas,
ajardinamento ou canteiros de divisões de pista de Art. 214. Deixar de dar preferência de passagem a pedes-
rolamento, refúgios e faixas de pedestres e nas de tre e a veículo não motorizado:
veículos não motorizados; I. Que se encontre na faixa a ele destinada;
IV. Nas interseções, entrando na contramão de dire- ▷ Art. 70 do CTB.
ção da via transversal; II. Que não haja concluído a travessia mesmo que
V. Com prejuízo da livre circulação ou da segurança, ocorra sinal verde para o veículo;
ainda que em locais permitidos: III. Portadores de deficiência física, crianças, idosos e
Infração - gravíssima; gestantes:
Penalidade - multa. Infração - gravíssima;
Art. 207. Executar operação de conversão à direita ou à Penalidade - multa.
esquerda em locais proibidos pela sinalização: IV. Quando houver iniciado a travessia mesmo que
Infração - grave; não haja sinalização a ele destinada;
Penalidade - multa. V. Que esteja atravessando a via transversal para
Art. 208. Avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de onde se dirige o veículo:
parada obrigatória: Infração - grave;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa.
▷ Art. 36 do CTB. Infração - gravíssima;
Art. 215. Deixar de dar preferência de passagem: Penalidade - multa;
I. Em interseção não sinalizada: II. Nos locais onde o trânsito esteja sendo controlado
a) A veículo que estiver circulando por rodovia ou pelo agente da autoridade de trânsito, mediante si-
rotatória; nais sonoros ou gestos;
b) A veículo que vier da direita; III. Ao aproximar-se da guia da calçada (meio-fio) ou
▷ Art. 29, III, do CTB. acostamento;
II. Nas interseções com sinalização de regulamenta- IV. Ao aproximar-se de ou passar por interseção não
ção de Dê a Preferência: sinalizada;
Infração - grave; V. Nas vias rurais cuja faixa de domínio não esteja
Penalidade - multa. cercada;
Art. 216. Entrar ou sair de áreas lindeira sem estar ade- VI. Nos trechos em curva de pequeno raio;
quadamente posicionado para ingresso na via e sem as VII. Ao aproximar-se de locais sinalizados com adver-
precauções com a segurança de pedestres e de outros tência de obras ou trabalhadores na pista;
veículos: VIII. Sob chuva, neblina, cerração ou ventos fortes;
Infração - média; IX. Quando houver má visibilidade;
Penalidade - multa. X. Quando o pavimento se apresentar escorregadio,
▷ Art. 36 do CTB. defeituoso ou avariado;
Art. 217. Entrar ou sair de fila de veículos estacionados XI. À aproximação de animais na pista;
sem dar preferência de passagem a pedestres e a outros XII. Em declive;
veículos: XIII. Ao ultrapassar ciclista:
Infração - média;
Infração - grave;
Penalidade - multa.
Penalidade - multa;
Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima per-
mitida para o local, medida por instrumento ou equipa- XIV. Nas proximidades de escolas, hospitais, estações
mento hábil, em rodovias, vias de trânsito rápido, vias de embarque e desembarque de passageiros ou onde
Arteriais e demais vias: haja intensa movimentação de pedestres:
▷ Art. 61 do CTB. Infração - gravíssima;
▷ Resolução nº 396 de 13 de Dezembro de 2011, dispõe Penalidade - multa.
sobre requisitos técnicos mínimos para a fiscalização da ▷ Art. 311 do CTB.
velocidade de veículos automotores, reboques e semir- Art. 221. Portar no veículo placas de identificação em de-
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reboques, conforme o Código de Trânsito Brasileiro. sacordo com as especificações e modelos estabelecidos
I. Quando a velocidade for superior à máxima em até pelo CONTRAN:
20% (vinte por cento): Infração - média;
Infração - média; Penalidade - multa;
Penalidade - multa Medida administrativa - retenção do veículo para regula-
II. Quando a velocidade for superior à máxima em rização e apreensão das placas irregula resolução
mais de 20% (vinte por cento) até 50% (cinquenta
Parágrafo único. Incide na mesma Penalidade aquele que
por cento):
confecciona, distribui ou coloca, em veículo próprio ou de
Infração - grave; terceiros, placas de identificação não autorizadas pela re-
Penalidade - multa; gulamentação.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
III. Quando a velocidade for superior à máxima em ▷ Art. 115 do CTB.
mais de 50% (cinquenta por cento):
Art. 222. Deixar de manter ligado, nas situações de atendi-
Infração - gravíssima; mento de emergência, o sistema de iluminação vermelha
Penalidade - multa 3 (três) vezes, suspensão imediata do intermitente dos veículos de polícia, de socorro de incêndio
direito de dirigir e apreensão do documento de habilitação. e salvamento, de fiscalização de trânsito e das ambulâncias,
Art. 219. Transitar com o veículo em velocidade inferior ainda que parados:
à metade da velocidade máxima estabelecida para a via, Infração - média;
retardando ou obstruindo o trânsito, a menos que as con-
dições de tráfego e meteorológicas não o permitam, salvo Penalidade - multa.
se estiver na faixa da direita: ▷ Art. 29 VII do CTB.
Infração - média; Art. 223. Transitar com o farol desregulado ou com o facho
Penalidade - multa. de luz alta de forma a perturbar a visão de outro condutor:
▷ Art. 62 do CTB. Infração - grave;
Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de for- Penalidade - multa;
ma compatível com a segurança do trânsito: Medida administrativa - retenção do veículo para regu-
I. Quando se aproximar de passeatas, aglomerações, larização. 353
cortejos, préstitos e desfiles: ▷ Art. 40, II, do CTB.
Art. 224. Fazer uso do facho de luz alta dos faróis em vias Infração - média;
354 providas de iluminação pública: Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Infração - leve; Medida administrativa - remoção do veículo.
Penalidade - multa. Art. 230. Conduzir o veículo:
Art. 225. Deixar de sinalizar a via, de forma a prevenir os de- I. Com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa ou
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
mais condutores e, à noite, não manter acesas as luzes ex- qualquer outro elemento de identificação do veículo
ternas ou omitir-se quanto a providências necessárias para violado ou falsificado;
tornar visível o local, quando: ▷ Art. 108 do CTB.
I. Tiver de remover o veículo da pista de rolamento ou II. Transportando passageiros em compartimento de
permanecer no acostamento; carga, salvo por motivo de força maior, com permis-
▷ Art. 46 do CTB. são da autoridade competente e na forma estabeleci-
II. A carga for derramada sobre a via e não puder ser da pelo CONTRAN;
retirada imediatamente: III. Com dispositivo antirradar;
Infração - grave; IV. Sem qualquer uma das placas de identificação;
Penalidade - multa. V. Que não esteja registrado e devidamente licencia-
Art. 226. Deixar de retirar todo e qualquer objeto que te- do;
nha sido utilizado para sinalização temporária da via: ▷ Art. 130 do CTB.
Infração - média; VI. Com qualquer uma das placas de identificação
Penalidade - multa. sem condições de legibilidade e visibilidade:
▷ Art. 46 do CTB. Infração - gravíssima;
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XXIV. VETADO VII. Com lotação excedente;
Art. 231. Transitar com o veículo:
▷ Art. 100 do CTB.
I. Danificando a via, suas instalações e equipamentos;
VIII. Efetuando transporte remunerado de pessoas ou
II. Derramando, lançando ou arrastando sobre a via: bens, quando não for licenciado para esse fim, salvo
a) Carga que esteja transportando; casos de força maior ou com permissão da autoridade
▷ Art. 102 do CTB. competente:
b) Combustível ou lubrificante que esteja utilizando; Infração - média;
c) Qualquer objeto que possa acarretar risco de aci- Penalidade - multa;
dente:
Medida administrativa - retenção do veículo;
Infração - gravíssima;
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Infração - gravíssima;
30 de novembro de 2007, do Conselho Nacional de
Trânsito - CONTRAN, que regulamenta os Arts 231 Penalidade - multa e apreensão do veículo;
e 323 do Código de Trânsito Brasileiro, fixa meto- Medida administrativa - remoção do veículo.
dologia de aferição de peso de veículos, estabelece ▷ Art. 133 e 159, §1º, do CTB.
percentuais de tolerância e dá outras providências. Art. 239. Retirar do local veículo legalmente retido para
Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de porte regularização, sem permissão da autoridade competente
obrigatório referidos neste Código: ou de seus agentes:
Infração - leve; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa; Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - retenção do veículo até a apre- Medida administrativa - remoção do veículo.
sentação do documento.
Art. 240. Deixar o responsável de promover a baixa do
▷ Resolução do CONTRAN nº 205, de 20-10-2006: dis- registro de veículo irrecuperável ou definitivamente des-
põe sobre os documentos de porte obrigatório e dá montado:
outras providências.
Infração - grave;
▷ Arts. 133 e 159, § 1º do CTB. LC nº 121 de 09-02-
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b) Transitar em vias de trânsito rápido ou rodovias, Art. 250. Quando o veículo estiver em movimento:
salvo onde houver acostamento ou faixas de rola-
mento próprias; I. Deixar de manter acesa a luz baixa:
c) Transportar crianças que não tenham, nas cir- a) Durante a noite;
cunstâncias, condições de cuidar de sua própria b) De dia, nos túneis providos de iluminação pública;
segurança.
▷ Art. 40, I, CTB.
§ 2º Aplica-se aos ciclomotores o disposto na alínea b do
parágrafo anterior: c) De dia e de noite, tratando-se de veículo de trans-
Infração - média; porte coletivo de passageiros, circulando em faixas
ou pistas a eles destinadas;
Penalidade - multa.
§ 3º A restrição imposta pelo inciso VI do “caput” des- ▷ Art. 40 Parágrafo único do CTB.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
te artigo não se aplica às motocicletas e motonetas que d) De dia e de noite, tratando-se de ciclomotores;
tracionem semirreboques especialmente projetados para
esse fim e devidamente homologados pelo órgão com- II. Deixar de manter acesas pelo menos as luzes de po-
petente. sição sob chuva forte, neblina ou cerração;
▷ Incluído pela Lei nº 10.517, de 2002. ▷ Art. 40, IV, do CTB.
Art. 245. Utilizar a via para depósito de mercadorias, ma-
III. Deixar de manter a placa traseira iluminada, à noi-
teriais ou equipamentos, sem autorização do órgão ou
entidade de trânsito com circunscrição sobre a via: te;
Infração - grave; ▷ Art. 40, VI, do CTB.
Penalidade - multa; Infração - média;
Medida administrativa - remoção da mercadoria ou do Penalidade - multa.
material.
Art. 251. Utilizar as luzes do veículo:
Parágrafo único. A Penalidade e a Medida administrativa
incidirão sobre a pessoa física ou jurídica responsável. I. O pisca-alerta, exceto em imobilizações ou situa-
▷ Art. 26, II, do CTB. ções de emergência;
Art. 246. Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à livre II. Baixa e alta de forma intermitente, exceto nas se- 357
circulação, à segurança de veículo e pedestres, tanto no guintes situações:
a) A curtos intervalos, quando for conveniente ad- Art. 254. É proibido ao pedestre:
358 vertir a outro condutor que se tem o propósito de I. Permanecer ou andar nas pistas de rolamento, ex-
ultrapassá-lo; ceto para cruzá-las onde for permitido;
b) Em imobilizações ou situação de emergência, II. Cruzar pistas de rolamento nos viadutos, pontes,
como advertência, utilizando pisca-alerta; ou túneis, salvo onde exista permissão;
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
c) Quando a sinalização de regulamentação da via III. Atravessar a via dentro das áreas de cruzamento,
salvo quando houver sinalização para esse fim;
determinar o uso do pisca-alerta:
IV. Utilizar-se da via em agrupamentos capazes de per-
Infração - média;
turbar o trânsito, ou para a prática de qualquer folgue-
Penalidade - multa. do, esporte, desfiles e similares, salvo em casos espe-
Art. 252. Dirigir o veículo: ciais e com a devida licença da autoridade competente;
I. Com o braço do lado de fora; V. Andar fora da faixa própria, passarela, passagem
II. Transportando pessoas, animais ou volume à sua aérea ou subterrânea;
esquerda ou entre os braços e pernas; VI. Desobedecer à sinalização de trânsito específica;
III. Com incapacidade física ou mental temporária Infração - leve;
que comprometa a segurança do trânsito; Penalidade - multa, em 50% (cinquenta por cento) do va-
IV. Usando calçado que não se firme nos pés ou que lor da Infração de natureza leve.
comprometa a utilização dos pedais; Art. 255. Conduzir bicicleta em passeios onde não seja
V. Com apenas uma das mãos, exceto quando deva permitida a circulação desta, ou de forma agressiva, em
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fazer sinais regulamentares de braço, mudar a mar- desacordo com o disposto no Parágrafo único do Art. 59:
cha do veículo, ou acionar equipamentos e acessórios
Infração - média;
do veículo;
Penalidade - multa;
VI. Utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a
aparelhagem sonora ou de telefone celular; Medida administrativa - remoção da bicicleta, mediante
recibo para o pagamento da multa.
Infração - média;
Veja o que mudou com a nova lei;
Penalidade - multa.
VII. realizando a cobrança de tarifa com o veículo Lei nº 12.619, de 30 de abril
em movimento: de 2012
Infração - média;
Penalidade - multa. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015) Lei nº 5.452/43 - CLT
Parágrafo único. A hipótese prevista no inciso V ca-
racterizar-se-á como infração gravíssima no caso de
o condutor estar segurando ou manuseando telefone Lei nº 9.503/97 - CTB
celular.
Art. 253. Bloquear a via com veículo:
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Lei nº 10.233/01 - ANTT
Medida administrativa - remoção do veículo
Infração - gravíssima;
Art. 253-A. Usar qualquer veículo para, deliberada- Lei nº 11.079/04 -
mente, interromper, restringir ou perturbar a circula- (Licitações)
ção na via sem autorização do órgão ou entidade de
trânsito com circunscrição sobre ela:
Lei nº 12.023/09 -
Infração - gravíssima; Movimentação de Mercadorias
Penalidade - multa (vinte vezes) e suspensão do direi-
to de dirigir por 12 (doze) meses;
Medida administrativa - remoção do veículo. 3. 6. Das Penalidades
§ 1º Aplica-se a multa agravada em 60 (sessenta) vezes
aos organizadores da conduta prevista no caput. Quando tratamos das penalidades, é preciso lembrar que
§ 2º Aplica-se em dobro a multa em caso de reincidên- estas somente são impostas pela autoridade de trânsito e após
cia no período de 12 (doze) meses. trânsito em julgado, ou seja quando não couber mais recurso.
§ 3º As penalidades são aplicáveis a pessoas físicas ou Nunca confunda penalidade com medida administrativa, esta
jurídicas que incorram na infração, devendo a autorida- pode ser aplicada na hora da ocorrência mesmo.
de com circunscrição sobre a via restabelecer de ime- ▷ Resolução do CONTRAN nº 127, de 06-08-2001:
diato, se possível, as condições de normalidade para a altera o inciso I do Art. 1º da Resolução CONTRAN nº
circulação na via. 56, de 21 de maio de 1998, e substitui o seu anexo.
Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das com- § 5º O transportador é o responsável pela infração re-
petências estabelecidas neste Código e dentro de sua lativa ao transporte de carga com excesso de peso nos
circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previs- eixos ou quando a carga proveniente de mais de um
tas, as seguintes penalidades: embarcador ultrapassar o peso bruto total.
I. Advertência por escrito; § 6º O transportador e o embarcador são solidariamente
II. Multa; responsáveis pela infração relativa ao excesso de peso
▷ Resolução do CONTRAN nº 299, de 04-12-2008: bruto total, se o peso declarado na nota fiscal, fatura ou
dispõe sobre a padronização dos procedimentos manifesto for superior ao limite legal.
para apresentação de defesa de autuação e recur- § 7º Não sendo imediata a identificação do infrator, o
so, em 1ª e 2ª instâncias, contra a imposição de pe- proprietário do veículo terá quinze dias de prazo, após
nalidade de multa de trânsito. a notificação da autuação, para apresentá-lo, na forma
em que dispuser o CONTRAN, ao fim do qual, não o
III. Suspensão do direito de dirigir;
fazendo, será considerado responsável pela infração.
IV. Apreensão do veículo;
▷ Resolução nº 574, de 16 de dezembro de 2015, altera o
V. Cassação da Carteira Nacional de Habilitação; §2º do Art. 12 da Resolução CONTRAN nº 404, de 2012,
VI. Cassação da Permissão para Dirigir; que dispõe sobre a padronização dos procedimentos
VII. Frequência obrigatória em curso de reciclagem. administrativos na lavratura de Auto de Infração, na
§ 1º A aplicação das penalidades previstas neste Código expedição de notificação de autuação e de notificação
não elide as punições originárias de ilícitos penais de- de penalidade de multa e de advertência, por infração
correntes de crimes de trânsito, conforme disposições de responsabilidade de proprietário e de condutor de
de lei. veículo e da identificação de condutor infrator, e dá
§ 2º (VETADO) outras providências.
§ 3º A imposição da penalidade será comunicada aos § 8º Após o prazo previsto no parágrafo anterior, não
órgãos ou entidades executivos de trânsito respon- havendo identificação do infrator e sendo o veículo de
sáveis pelo licenciamento do veículo e habilitação do propriedade de pessoa jurídica, será lavrada nova multa
condutor. ao proprietário do veículo, mantida a originada pela in-
Art. 257. As penalidades serão impostas ao condutor, ao fração, cujo valor é o da multa multiplicada pelo número
proprietário do veículo, ao embarcador e ao transporta- de infrações iguais cometidas no período de doze meses.
dor, salvo os casos de descumprimento de obrigações e § 9º O fato de o infrator ser pessoa jurídica não o exime
deveres impostos a pessoas físicas ou jurídicas expressa- do disposto no § 3º do Art. 258 e no Art. 259.
mente mencionados neste Código. ▷ Resolução do CONTRAN nº 108, de 21-12-1999: dis-
▷ Resolução do CONTRAN nº 351 de 14 de Junho de põe sobre a responsabilidade pelo pagamento de
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2010: estabelece procedimentos para veiculação de multas.
mensagens educativas de trânsito em toda peça pu- Art. 258. As infrações punidas com multa classificam-se,
blicitária destinada à divulgação ou promoção, nos de acordo com sua gravidade, em quatro categorias:
meios de comunicação social, de produtos oriundos I - Infração de natureza gravíssima, punida com
da indústria automobilística ou afins. multa no valor de R$ 293,47 (duzentos e noventa e
§ 1º Aos proprietários e condutores de veículos serão três reais e quarenta e sete centavos);
impostas concomitantemente as penalidades de que II - Infração de natureza grave, punida com multa
trata este Código toda vez que houver responsabilida- no valor de R$ 195,23 (cento e noventa e cinco reais
de solidária em infração dos preceitos que lhes couber e vinte e três centavos);
observar, respondendo cada um de per si pela falta em III - Infração de natureza média, punida com multa
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
comum que lhes for atribuída. no valor de R$ 130,16 (cento e trinta reais e dezes-
§ 2º Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade seis centavos);
pela infração referente à prévia regularização e preen- IV - Infração de natureza leve, punida com multa
chimento das formalidades e condições exigidas para no valor de R$ 88,38 (oitenta e oito reais e trinta e
o trânsito do veículo na via terrestre, conservação e oito centavos).
inalterabilidade de suas características, componentes, ▷ Art. 284, Parágrafo único, do CTB.
agregados, habilitação legal e compatível de seus con-
Considerando o estabelecido no § 1º, do Art. 258, do Códi-
dutores, quando esta for exigida, e outras disposições
que deva observar. go de Trânsito Brasileiro e o disposto na Medida Provisória nº
1.973/67, de 26 de outubro de 2000, que extinguiu a Unidade
§ 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações
de Referência Fiscal - UFIR.
decorrentes de atos praticados na direção do veículo.
Cada UFIR equivale a R$ 1,064, por essa razão as multas
§ 4º O embarcador é responsável pela infração relativa
ficaram em valores “quebrados” por exemplo:
ao transporte de carga com excesso de peso nos eixos
ou no peso bruto total, quando simultaneamente for o ▷ Infração de natureza gravíssima: 180 UFIR.
único remetente da carga e o peso declarado na nota 180 x 1,064 = 191,54
fiscal, fatura ou manifesto for inferior àquele aferido. ▷ Infração de natureza grave: 120 UFIR. 359
120 x 1,064 = 127,69
Art. 1º Medida Provisória nº 1.973: Fixar, para todo o ▷ Resolução do CONTRAN nº 155, de 28-1-2004: es-
360 território nacional, os seguintes valores das multas tabelece as bases para a organização e o funciona-
previstas no Código de Trânsito Brasileiro: mento do Registro Nacional de Infrações de Trânsito
I. Infração de natureza gravíssima, punida com (RENAINF).
multa de valor correspondente a R$ 191,54 (cento e § 2º As multas decorrentes de infração cometida em
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
noventa e um reais e cinquenta e quatro centavos); unidade da Federação diversa daquela do licencia-
II. Infração de natureza grave, punida com multa mento do veículo poderão ser comunicadas ao órgão
de valor correspondente a R$ 127,69 (cento e vinte ou entidade responsável pelo seu licenciamento, que
e sete reais e sessenta e nove centavos); providenciará a notificação.
III. Infração de natureza média, punida com multa § 3º (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998)
de valor correspondente a R$ 85,13 (oitenta e cinco § 4º Quando a infração for cometida com veículo licencia-
reais e treze centavos); e do no exterior, em trânsito no território nacional, a multa
IV. Infração de natureza leve, punida com multa respectiva deverá ser paga antes de sua saída do País, res-
no valor de R$ 53,20 (cinquenta e três reais e vinte peitado o princípio de reciprocidade.
centavos). ▷ Resolução do CONTRAN nº 382, de 2-6-2011: dispõe
Art. 2° Esta Resolução entra em vigor na data de sua sobre notificação e cobrança de multa por infração
publicação. de trânsito praticada com veículo licenciado no ex-
§ 2º Quando se tratar de multa agravada, o fator mul- terior, em trânsito no território nacional.
tiplicador ou índice adicional específico é o previsto Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de di-
neste Código. rigir será imposta nos seguintes casos:
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§ 1º No caso de infração em que seja aplicável a pena- 258, imposta por infração posteriormente cometida.
lidade de apreensão do veículo, o agente de trânsito
§ 2º O disposto neste Art. aplica-se igualmente aos
deverá, desde logo, adotar a medida administrativa de
pedestres, podendo a multa ser transformada na par-
recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual.
ticipação do infrator em cursos de segurança viária, a
§ 2º A restituição dos veículos apreendidos só ocorrerá critério da autoridade de trânsito.
mediante o prévio pagamento das multas impostas, ta-
Art. 268. O infrator será submetido a curso de recicla-
xas e despesas com remoção e estada, além de outros
gem, na forma estabelecida pelo CONTRAN:
encargos previstos na legislação específica.
▷ Resolução do CONTRAN nº 168 de 14-12-2004: esta-
§ 3º A retirada dos veículos apreendidos é condicio- belece normas e procedimentos para a formação de
nada, ainda, ao reparo de qualquer componente ou condutores de veículos automotores e elétricos, a rea-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
equipamento obrigatório que não esteja em perfeito lização dos exames, a expedição de documentos de
estado de funcionamento. habilitação, os cursos de formação, especializados, de
§ 4º Se o reparo referido no parágrafo anterior deman- reciclagem e dá outras providências.
dar providência que não possa ser tomada no depósi- I. Quando, sendo contumaz, for necessário à sua
to, a autoridade responsável pela apreensão liberará o reeducação;
veículo para reparo, mediante autorização, assinando
II. Quando suspenso do direito de dirigir;
prazo para a sua reapresentação e vistoria.
III. Quando se envolver em acidente grave para o
§ 5º O recolhimento ao depósito, bem como a sua
qual haja contribuído, independentemente de pro-
manutenção, ocorrerá por serviço público executado cesso judicial;
diretamente ou contratado por licitação pública pelo
critério de menor preço. ▷ Resolução do CONTRAN nº 300 de 04-12-2008:
estabelece procedimento administrativo para sub-
▷ Incluído pela Lei nº 12.760, de 20-12-2012. missão do condutor a novos exames para que pos-
Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar- sa voltar a dirigir quando condenado por crime de
se-á: trânsito, ou quando envolvido em acidente grave,
I. Quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator regulamentando o Art. 160, do Código de Trânsito 361
conduzir qualquer veículo; Brasileiro.
IV. Quando condenado judicialmente por delito de apresentação de recibo, assinalando-se prazo razoável
362 trânsito; ao condutor para regularizar a situação, para o que se
V. A qualquer tempo, se for constatado que o con- considerará, desde logo, notificado. (Redação dada
dutor está colocando em risco a segurança do trân- pela Lei nº 13.160, de 2015).
sito; § 3º O Certificado de Licenciamento Anual será devolvido
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
VI. Em outras situações a serem definidas pelo ao condutor no órgão ou entidade aplicadores das medi-
CONTRAN. das administrativas, tão logo o veículo seja apresentado à
autoridade devidamente regularizado.
3. 7. Das Medidas Administrativas § 4º Não se apresentando condutor habilitado no local
da infração, o veículo será removido a depósito, apli-
Pode ser imposta pelo agente da autoridade; é realizada cando-se neste caso o disposto no art. 271.
no momento da infração e tem como objetivo sanar uma irre- § 5º A critério do agente, não se dará a retenção imediata,
gularidade ou impedir a continuação de uma infração. quando se tratar de veículo de transporte coletivo trans-
Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes, na portando passageiros ou veículo transportando produto
esfera das competências estabelecidas neste Código e perigoso ou perecível, desde que ofereça condições de
dentro de sua circunscrição, deverá adotar as seguintes segurança para circulação em via pública.
medidas administrativas: § 6º Não efetuada a regularização no prazo a que se
I. Retenção do veículo; refere o § 2º, será feito registro de restrição adminis-
II. Remoção do veículo; trativa no Renavam por órgão ou entidade executivo
III. Recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação; de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, que será
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gos pelo proprietário diretamente ao contratado. de quaisquer outras provas em direito admitidas.
§ 3° A contratação de particulares poderá ser feita por ▷ Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012.
meio de pregão. § 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas admi-
§ 4° O disposto neste artigo não afasta a possibilidade nistrativas estabelecidas no art. 165-A deste Código ao
de o ente da federação respectivo estabelecer a co- condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos
brança por meio de taxa instituída em lei. procedimentos previstos no caput deste artigo.
§ 5° No caso de o proprietário do veículo objeto do recolhi- ▷ Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008.
mento comprovar, administrativamente ou judicialmente, ▷ Art. 165 do CTB.
que o recolhimento foi indevido ou que houve abuso no Art. 278. Ao condutor que se evadir da fiscalização, não
período de retenção em depósito, é da responsabilidade submetendo veículo à pesagem obrigatória nos pontos
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
do ente público a devolução das quantias pagas por força de pesagem, fixos ou móveis, será aplicada a penalidade
deste artigo, segundo os mesmos critério da devolução de prevista no Art. 209, além da obrigação de retornar ao
multas indevidas. ponto de evasão para fim de pesagem obrigatória.
Art. 272. O recolhimento da Carteira Nacional de Habilita- Parágrafo único. No caso de fuga do condutor à ação po-
ção e da Permissão para Dirigir dar-se-á mediante recibo, licial, a apreensão do veículo dar-se-á tão logo seja locali-
além dos casos previstos neste Código, quando houver zado, aplicando-se, além das penalidades em que incorre,
suspeita de sua inautenticidade ou adulteração. as estabelecidas no Art. 210.
Art. 273. O recolhimento do Certificado de Registro dar- Art. 279. Em caso de acidente com vítima, envolvendo
se-á mediante recibo, além dos casos previstos neste Có- veículo equipado com registrador instantâneo de veloci-
digo, quando: dade e tempo, somente o perito oficial encarregado do
I. Houver suspeita de inautenticidade ou adulteração; levantamento pericial poderá retirar o disco ou unidade
II. Se, alienado o veículo, não for transferida sua pro- armazenadora do registro.
priedade no prazo de trinta dias. ▷ Resolução do CONTRAN nº 406, de 12-06-2012: alte-
Art. 274. O recolhimento do Certificado de Licenciamento ra a Resolução nº 92, de 4 de maio de 1999, que dis-
Anual dar-se-á mediante recibo, além dos casos previstos põe sobre requisitos técnicos mínimos do registra-
neste Código, quando: dor instantâneo e inalterável de velocidade e tempo, 363
I. Houver suspeita de inautenticidade ou adulteração; conforme o Código de Trânsito Brasileiro.
364
3. 8. Do Processo Administrativo CONTRAN nº 211, de 13 de novembro de 2006, e da
Resolução CONTRAN nº 258, de 30 de novembro
O processo administrativo pode ser entendido como o proces- de 2007 e revoga a Resolução CONTRAN nº 489 de
so legal ao qual o infrator de trânsito é submetido. Ele se inicia 05 de junho de 2014.
com o agente da autoridade verificando a irregularidade e lavran-
§ 4º O agente da autoridade de trânsito competente
do o auto de infração.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
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e penalidades. b) Nos demais casos, por colegiado especial inte-
grado pelo Coordenador-Geral da JARI, pelo Presi-
§ 4º Encerrada a instância administrativa de julga- dente da Junta que apreciou o recurso e por mais
mento de infrações e penalidades, a multa não paga um Presidente de Junta;
até o vencimento será acrescida de juros de mora
II. Tratando-se de penalidade imposta por órgão ou
equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de entidade de trânsito estadual, municipal ou do Distri-
Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais to Federal, pelos CETRAN E CONTRANDIFE, respecti-
acumulada mensalmente, calculados a partir do mês vamente.
subsequente ao da consolidação até o mês anterior ao
Parágrafo único. No caso da alínea b do inciso I, quando
do pagamento, e de 1% (um por cento) relativamente houver apenas uma JARI, o recurso será julgado por seus
ao mês em que o pagamento estiver sendo efetuado próprios membros.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Na segunda parte, encontraremos os crimes propriamente ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requeri-
ditos, sua tipificação legal e as medidas que devem ser adota- mento do Ministério Público, caberá recurso em senti-
das quando da prática destes. do estrito, sem efeito suspensivo.
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos ▷ Art. 581, CPP.
automotores, previstos neste Código, aplicam-se as Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou
normas gerais do Código Penal e do Código de Pro- a proibição de se obter a permissão ou a habilitação será
cesso Penal, se este Capítulo não dispuser de modo sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Con-
diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro selho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de
de 1995. trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domici-
▷ No que couber (Lei dos juizados especiais) em seu liado ou residente.
Art. 61. Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime
§ 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de
culposa o disposto nos Arts. 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099, suspensão da permissão ou habilitação para dirigir
de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções
I. Sob a influência de álcool ou qualquer outra subs- penais cabíveis.
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tância psicoativa que determine dependência; ▷ Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008.
▷ Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008. Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste
II. Participando, em via pública, de corrida, dispu- no pagamento, mediante depósito judicial em favor da
ta ou competição automobilística, de exibição ou vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada com
demonstração de perícia em manobra de veículo base no disposto no § 1º do Art. 49 do Código Penal,
automotor, não autorizada pela autoridade com- sempre que houver prejuízo material resultante do cri-
petente; me.
▷ Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008. ▷ Art. 49, § 1º, do CP. Decreto-Lei nº 2.848/40
III. Transitando em velocidade superior à máxima § 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao va-
permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilô- lor do prejuízo demonstrado no processo.
metros por hora). § 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos Arts.
§ 2º Nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deve- 50 a 52 do Código Penal.
rá ser instaurado inquérito policial para a investigação § 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa re-
da infração penal. paratória será descontado.
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permis- Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as
são ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do
ser imposta como penalidade principal, isolada ou cumu- veículo cometido a infração:
lativamente com outras penalidades. I. Com dano potencial para duas ou mais pessoas
▷ (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) ou com grande risco de grave dano patrimonial a
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição terceiros;
de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir II. Utilizando o veículo sem placas, com placas fal-
veículo automotor, tem a duração de dois meses a cin- sas ou adulteradas;
co anos. III. Sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira
§ 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o de Habilitação;
réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, IV. Com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habi-
em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a litação de categoria diferente da do veículo;
Carteira de Habilitação. V. Quando a sua profissão ou atividade exigir cui-
▷ Art. 307, parágrafo único, do CTB. dados especiais com o transporte de passageiros
§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se ou de carga;
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo VI. Utilizando veículo em que tenham sido adulte-
automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por rados equipamentos ou características que afetem
efeito de condenação penal, estiver recolhido a esta- a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo
belecimento prisional. com os limites de velocidade prescritos nas especi-
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação ficações do fabricante;
penal, havendo necessidade para a garantia da ordem VII. Sobre faixa de trânsito temporária ou permanen-
pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, temente destinada a pedestre
ou a requerimento do Ministério Público ou ainda me- Art. 299. (VETADO)
Art. 300. (VETADO) Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de aciden- acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não
tes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar de solicitar auxílio da autoridade pública:
pronto e integral socorro àquela. Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o
fato não constituir elemento de crime mais grave.
Dos Crimes em Espécie ▷ Arts. 176, I e 177 do CTB.
Depois de estudar as disposições gerais, podemos ver al- ▷ Art. 135 do CP.
gumas diferenças nos crimes de trânsito e nos crimes comuns. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste Art.
Podemos notar, por exemplo, que não há prisão em flagrante o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja su-
nos crimes de trânsito, exceto para a condução sob o efeito de prida por terceiros ou que se trate de vítima com morte
álcool e para a disputa não autorizada em via pública (rachas). instantânea ou com ferimentos leves.
Notamos, ainda, que a suspensão da habilitação tem uma Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do
duração de dois meses a cinco anos, enquanto no administrativo acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil
esta pena é de um a doze meses. que lhe possa ser atribuída:
Agora iniciaremos a abordagem dos crimes em espécie. Tra- Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
temos dos dois primeiros crimes que são o homicídio e a lesão Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade
corporal. Temos em sua tipificação a modalidade culposa, sem psicomotora alterada em razão da influência de álcool
a intenção, logo, se qualquer um destes crimes for cometido na ou de outra substância psicoativa que determine de-
direção de veículo automotor e tiver modalidade dolosa, ele pas- pendência:
sa imediatamente a ser um crime comum, devendo ser tipificado ▷ Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012
pela legislação penal em vigor e passando a ser o veículo apenas Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e
o meio para o cometimento do crime. suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veí- habilitação para dirigir veículo automotor.
culo automotor: ▷ Arts. 34 e 62, do Decreto -Lei nº 3.688/41 (Lei das
§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de veí- Contravenções Penais).
culo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) § 1º As condutas previstas no caput serão constatadas
à metade, se o agente: por:
I. não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de ▷ Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012
Habilitação; I. Concentração igual ou superior a 6 decigramas
II. praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a
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III. deixar de prestar socorro, quando possível fazê- 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; II. Sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo
IV. no exercício de sua profissão ou atividade, estiver CONTRAN, alteração da capacidade psicomotora.
conduzindo veículo de transporte de passageiros § 2º A verificação do disposto neste artigo poderá ser
V. (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008) obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico,
§ 2º Se o agente conduz veículo automotor com capa- exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou ou-
cidade psicomotora alterada em razão da influência de tros meios de prova em direito admitidos, observado o
álcool ou de outra substância psicoativa que determine direito à contraprova.
dependência ou participa, em via, de corrida, disputa ▷ (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
ou competição automobilística ou ainda de exibição ou § 3º O CONTRAN disporá sobre a equivalência entre os
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
demonstração de perícia em manobra de veículo au- distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efei-
tomotor, não autorizada pela autoridade competente: to de caracterização do crime tipificado neste artigo.
Penas - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e sus- Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a
pensão ou proibição de se obter a permissão ou a ha- permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
bilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído dada imposta com fundamento neste Código:
pela Lei nº 12.971, de 2014) Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa,
com nova imposição adicional de idêntico prazo de
▷ Art. 121, § 3º, do CP.
suspensão ou de proibição.
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o conde-
veículo automotor: nado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspen- § 1º do Art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira
são ou proibição de se obter a permissão ou a habilita- de Habilitação.
ção para dirigir veículo automotor. Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor,
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um terço à em via pública, de corrida, disputa ou competição au-
metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do parágra- tomobilística não autorizada pela autoridade compe-
fo único do Art. anterior. tente, desde que resulte dano potencial à incolumida- 367
▷ Art. 129, § 6º, do CP. de pública ou privada:
Penas - detenção, de seis meses a dois anos, multa e Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
368 suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a ▷ Art. 347, CP. (Código Penal)
habilitação para dirigir veículo automotor. Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo,
§ 1º Se da prática do crime previsto no caput resultar ainda que não iniciados, quando da inovação, o pro-
lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias cedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas
de dano: na recuperação de acidentados de trânsito;
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. IV - outras atividades relacionadas ao resgate,
Art. 263, do CTB atendimento e recuperação de vítimas de aciden-
▷ Súmula nº 720 do STF. tes de trânsito.
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de ▷ Art. 176, III, do CTB.
veículo automotor a pessoa não habilitada, com habi- ▷ Art. 347 do CP.
litação cassada ou com o direito de dirigir suspenso,
ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou 3. 10. Disposições Finais e Transitórias
mental, ou por embriaguez, não esteja em condições Lei nº 13.103, de 02 de Março de 2015. Art. 19. Fica instituí-
de conduzi-lo com segurança:
do o Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Transporte de
▷ Súmula nº 575 do STJ. Cargas Nacional - PROCARGAS, cujo objetivo principal é esti-
▷ Arts. 163, 164 e 166 do CTB. mular o desenvolvimento da atividade de transporte terrestre
▷ Resolução do CONTRAN nº 432, de 23-01-2013: nacional de cargas. O Procargas tem como finalidade o desen-
dispõe sobre os procedimentos a serem adotados volvimento de programas visando à melhoria do meio ambiente
pelas autoridades de trânsito e seus agentes na fis- de trabalho no setor de transporte de cargas, especialmente as
calização do consumo de álcool ou de outra subs- ações de medicina ocupacional para o trabalhador.
tância psicoativa, que determine dependência, para
Art. 313. O Poder Executivo promoverá a nomeação dos
aplicação do disposto nos Arts. 165, 276, 277 e 306
da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 - Código membros do CONTRAN no prazo de sessenta dias da pu-
de Trânsito Brasileiro (CTB). blicação deste Código.
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Art. 314. O CONTRAN tem o prazo de duzentos e quarenta
dias a partir da publicação deste Código para expedir as
Art. 310-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.619, de resoluções necessárias à sua melhor execução, bem como
2012). revisar todas as resoluções anteriores à sua publicação,
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com dando prioridade àquelas que visam a diminuir o número
a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, de acidentes e a assegurar a proteção de pedestres.
estações de embarque e desembarque de passagei- Parágrafo único. As resoluções do CONTRAN, existentes
ros, logradouros estreitos, ou onde haja grande mo- até a data de publicação deste Código, continuam em vi-
vimentação ou concentração de pessoas, gerando gor naquilo em que não conflitem com ele.
perigo de dano: Art. 315. O Ministério da Educação e do Desporto, me-
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. diante proposta do CONTRAN, deverá, no prazo de du-
▷ Art. 220, XIV, do CTB. zentos e quarenta dias contado da publicação, estabe-
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente lecer o currículo com conteúdo programático relativo à
automobilístico com vítima, na pendência do respec- segurança e à educação de trânsito, a fim de atender o
tivo procedimento policial preparatório, inquérito po- disposto neste Código.
licial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou Art. 316. O prazo de notificação previsto no inciso II do
de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o parágrafo único do Art. 281 só entrará em vigor após du-
perito, ou juiz: zentos e quarenta dias contados da publicação desta Lei.
Art. 317. Os órgãos e entidades de trânsito concederão Resolução do CONTRAN nº 258, de 30-11-2007:
prazo de até um ano para a adaptação dos veículos de Art. 324. (VETADO)
condução de escolares e de aprendizagem às normas do
Art. 325. As repartições de trânsito conservarão por,
inciso III do Art. 136 e Art. 154, respectivamente.
no mínimo, 5 (cinco) anos os documentos relativos à
Art. 318. (VETADO) habilitação de condutores, ao registro e ao licencia-
Art. 319. Enquanto não forem baixadas novas normas pelo mento de veículos e aos autos de infração de trânsito.
CONTRAN, continua em vigor o disposto no Art. 92 do Re-
§ 1º Os documentos previstos no caput poderão ser
gulamento do Código Nacional de Trânsito - Decreto nº
62.127, de 16 de janeiro de 1968. gerados e tramitados eletronicamente, bem como ar-
quivados e armazenados em meio digital, desde que
Art. 319-A. Os valores de multas constantes deste Código assegurada a autenticidade, a fidedignidade, a confia-
poderão ser corrigidos monetariamente pelo Contran, res- bilidade e a segurança das informações, e serão válidos
peitado o limite da variação do Índice Nacional de Preços para todos os efeitos legais, sendo dispensada, nesse
ao Consumidor Amplo (IPCA) no exercício anterior. caso, a sua guarda física.
Parágrafo único. Os novos valores decorrentes do § 2º O Contran regulamentará a geração, a tramitação, o
disposto no caput serão divulgados pelo Contran com, arquivamento, o armazenamento e a eliminação de do-
no mínimo, 90 (noventa) dias de antecedência de sua cumentos eletrônicos e físicos gerados em decorrência da
aplicação. aplicação das disposições deste Código.
Art. 320-A. Os órgãos e as entidades do Sistema Nacio- § 3º Na hipótese prevista nos §§ 1º e 2º, o sistema de-
nal de Trânsito poderão integrar-se para a ampliação e o verá ser certificado digitalmente, atendidos os requi-
aprimoramento da fiscalização de trânsito, inclusive por sitos de autenticidade, integridade, validade jurídica e
meio do compartilhamento da receita arrecadada com a interoperabilidade da Infraestrutura de Chaves Públi-
cobrança das multas de trânsito. cas Brasileira (ICP-Brasil).
§ 1º O percentual de cinco por cento do valor das multas Art. 326. A Semana Nacional de Trânsito será comemo-
de trânsito arrecadadas será depositado, mensalmente, rada anualmente no período compreendido entre 18 e 25
na conta de fundo de âmbito nacional destinado à segu- de setembro.
rança e educação de trânsito.
Art. 327. A partir da publicação deste Código, somente
§ 2º O órgão responsável deverá publicar, anualmente, na poderão ser fabricados e licenciados veículos que obede-
rede mundial de computadores (internet), dados sobre a çam aos limites de peso e dimensões fixados na forma
receita arrecadada com a cobrança de multas de trânsito desta Lei, ressalvados os que vierem a ser regulamenta-
e sua destinação. dos pelo CONTRAN.
Art. 320-A. Os órgãos e entidades do Sistema Nacional de
Parágrafo único. (VETADO)
Trânsito poderão integrar-se para a ampliação e aprimo-
ramento da fiscalização de trânsito, inclusive por meio do Art. 328. O veículo apreendido ou removido a qualquer
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compartilhamento da receita arrecadada com a cobrança título e não reclamado por seu proprietário dentro do
das multas de trânsito. (Incluído pela Medida Provisória nº prazo de sessenta dias, contado da data de recolhimen-
699, de 2015) to, será avaliado e levado a leilão, a ser realizado prefe-
Art. 19, XII, do CTB. rencialmente por meio eletrônico.
Art. 3º da Resolução do CONTRAN nº 289, de 29-08- ▷ (Redação dada pela Lei nº 13.160, de 2015)
2008, dispõe sobre normas de atuação a serem ado- § 1º Publicado o edital do leilão, a preparação poderá
tadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura ser iniciada após trinta dias, contados da data de reco-
de Transportes - DNIT e o Departamento de Polícia lhimento do veículo, o qual será classificado em duas
Rodoviária Federal - DPRF na fiscalização do trânsito categorias:
nas rodovias federais. I. conservado, quando apresenta condições de se-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
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ficará a cargo dos órgãos ora existentes.
reais), em favor do ministério ou órgão a que couber a
Art. 332. Os órgãos e entidades integrantes do Sistema
Nacional de Trânsito proporcionarão aos membros do coordenação máxima do Sistema Nacional de Trânsito,
CONTRAN, CETRAN e CONTRANDIFE, em serviço, todas para atender as despesas decorrentes da implanta-
as facilidades para o cumprimento de sua missão, for- ção deste Código.
necendo-lhes as informações que solicitarem, permitin- Art. 340. Este Código entra em vigor cento e vinte dias
do-lhes inspecionar a execução de quaisquer serviços e após a data de sua publicação.
deverão atender prontamente suas requisições. Art. 341. Ficam revogadas as Leis de números:
Art. 333. O CONTRAN estabelecerá, em até cento e vinte
Leis nº 5.108, de 21 de setembro de 1966,
dias após a nomeação de seus membros, as disposições
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
previstas nos Arts. 91 e 92, que terão de ser atendidas 6.575, de 30 de setembro de 1978,
pelos órgãos e entidades executivos de trânsito e exe- 5.693, de 16 de agosto de 1971,
cutivos rodoviários para exercerem suas competências. 5.820, de 10 de novembro de 1972,
▷ Resolução do CONTRAN nº 296, de 28-10-2008: dis- 6.124, de 25 de outubro de 1974,
põe sobre a integração dos órgãos e entidades execu-
6.308, de 15 de dezembro de 1975,
tivos de trânsito e rodoviários municipais ao Sistema
Nacional de Trânsito. 6.369, de 27 de outubro de 1976,
§ 1º Os órgãos e entidades de trânsito já existentes te- 6.731, de 4 de dezembro de 1979,
rão prazo de um ano, após a edição das normas, para 7.031, de 20 de setembro de 1982,
se adequarem às novas disposições estabelecidas pelo 7.052, de 02 de dezembro de 1982,
CONTRAN, conforme disposto neste artigo.
8.102, de 10 de dezembro de 1990,
§ 2º Os órgãos e entidades de trânsito a serem criados
exercerão as competências previstas neste Código em Os Arts. 1º a 6º e 11 do Decreto-Lei nº 237, de 28 de fe-
cumprimento às exigências estabelecidas pelo CON- vereiro de 1967, e os Decretos-Leis nº 584, de 16 de maio de
TRAN, conforme disposto neste artigo, acompanhados 1969, 912, de 2 de outubro de 1969, e 2.448, de 21 de julho 371
pelo respectivo CETRAN, se órgão ou entidade muni- de 1988.
▷
372
4. Decreto nº 6.061/2007 Estrutura Assistência jurídica, judicial e extrajudicial, inte-
gral e gratuita, aos necessitados, assim considera-
Regimental do Ministério da Justiça dos em lei.
▷ Defesa dos bens e dos próprios da União e das
Disposições Gerais entidades integrantes da administração pública fe-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
deral indireta.
Esse Decreto trata da Estrutura Regimental e o Quadro De-
▷ Articulação, coordenação, supervisão, integração e
monstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções Gratifica-
proposição das ações do Governo e do Sistema
das, no âmbito do Ministério da Justiça.
Nacional de Políticas sobre Drogas, nos aspectos
Ficam aprovados a Estrutura Regimental e o Quadro relacionados com as atividades de prevenção, re-
Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções pressão ao tráfico ilícito e à produção não autorizada
Gratificadas do Ministério da Justiça, na forma dos Anexos I de drogas, bem como aquelas relacionadas com o
e II do Decreto 6.601/2007 tratamento, a recuperação e a reinserção social de
Em decorrência do disposto no art. 1o, ficam remanejados, usuários e dependentes e ao Plano Integrado de En-
na forma do Anexo III, da Secretaria de Gestão, do Ministério frentamento ao Crack e outras Drogas.
do Planejamento, Orçamento e Gestão, para o Ministério da ▷ Coordenação e implementação dos trabalhos de
Justiça, os seguintes cargos em comissão do Grupo-Direção consolidação dos atos normativos no âmbito do
e Assessoramento Superiores - DAS: um DAS 101.5; três DAS Poder Executivo.
101.4; e cinco DAS 101.3.
▷ Prevenção e repressão à lavagem de dinheiro e
Os apostilamentos decorrentes da aprovação dessa Estrutu-
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» Diretoria de Operações. competência do Ministério.
» Diretoria de Inteligência.
À SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO
» Diretoria de Logística. E ADMINISTRAÇÃO compete:
» Diretoria de Projetos Especiais. ▷ Planejar, coordenar e supervisionar a execução das
Órgãos Colegiados: atividades relativas à organização e modernização
a) Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. administrativa, assim como as relacionadas com os
b) Conselho Nacional de Segurança Pública. sistemas federais de planejamento e de orçamento,
de contabilidade e de administração financeira, de
c) Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa dos Di-
administração de recursos de informação e informá-
reitos Difusos. tica, de recursos humanos e de serviços gerais, no
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
d) Conselho Nacional de Combate a Pirataria e Delitos âmbito do Ministério.
contra a Propriedade Intelectual. ▷ Promover a articulação com os órgãos centrais dos
e) Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas - CO- sistemas federais, referidos no inciso I, e informar e
NAD. orientar os órgãos do Ministério quanto ao cumpri-
f) Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ. mento das normas administrativas estabelecidas.
Entidades Vinculadas: ▷ Elaborar e consolidar os planos e programas das ati-
vidades de sua área de competência e submetê-los
a) Autarquia: conselho Administrativo de Defesa Eco-
a decisão superior.
nômica.
▷ Acompanhar e promover a avaliação de projetos e
b) Fundação pública: Fundação Nacional do Índio. atividades.
Das Competências dos Órgãos ▷ Desenvolver as atividades de execução orçamentá-
ria, financeira e contábil no âmbito do Ministério.
Dos órgãos de assistência direta e imediata ao Ministro de
▷ Realizar tomadas de contas dos ordenadores de
Estado
despesa e demais responsáveis por bens e valores
Ao GABINETE compete: públicos e de todo aquele que der causa a perda,
▷ Assistir ao Ministro de Estado em sua represen- o extravio ou outra irregularidade que resulte em 373
tação política e social, ocupar-se das relações pú- dano ao erário.
À CONSULTORIA JURÍDICA (órgão setorial da Advoca- destinadas a fins de interesse coletivo, como as as-
374 cia-Geral da União) compete: sociações e fundações, no território nacional, na área
▷ Assessorar o Ministro de Estado em assuntos de na- de sua competência.
tureza jurídica. ▷ Registrar e fiscalizar as entidades que executam
▷ Exercer a coordenação dos órgãos jurídicos, dos serviços de microfilmagem.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
órgãos autônomos e das entidades vinculadas ao ▷ Qualificar as pessoas jurídicas de direito privado,
Ministério. sem fins lucrativos, como Organizações da Socie-
▷ Fixar a interpretação da Constituição, das leis, dos dade Civil de Interesse Público (OSCIP) e, quando
tratados e dos demais atos normativos, a ser unifor- for o caso, declarar a perda da qualificação.
memente seguida pelos órgãos e entidades sob sua ▷ Dirigir, negociar e coordenar os estudos relativos ao
coordenação, quando não houver orientação nor- direito da integração e as atividades de cooperação ju-
mativa do Advogado-Geral da União. risdicional, nos acordos internacionais em que o Brasil
▷ Elaborar notas, informações e pareceres referentes seja parte.
a casos concretos, bem como a estudos jurídicos, ▷ Coordenar a política nacional sobre refugiados.
dentro das áreas de sua competência, por solicitação ▷ Representar o Ministério no Conselho Nacional de
do Ministro de Estado. Imigração.
▷ Assistir o Ministro de Estado no controle interno da ▷ Orientar e coordenar as ações com vistas ao com-
legalidade dos atos administrativos por ele pratica- bate à lavagem de dinheiro e à recuperação de
dos e daqueles originários de órgãos ou de entida- ativos.
des sob sua coordenação jurídica.
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nejadas dirigidas à diminuição da violência e da
▷ Promover a integração dos órgãos de segurança criminalidade em áreas estratégicas e de interesse
pública. governamental.
▷ Estimular a modernização e o reaparelhamento ▷ Integrar as atividades de inteligência de segurança
dos órgãos de segurança pública. pública, em âmbito nacional, em consonância com
▷ Promover a interface de ações com organismos go- os órgãos de inteligência federais e estaduais, que
vernamentais e não-governamentais, de âmbito na- compõem o Subsistema de Inteligência de Seguran-
cional e internacional. ça Pública - SISP.
▷ Realizar e fomentar estudos e pesquisas voltados Ao DEPARTAMENTO DE PESQUISA, ANÁLISE DE INFOR-
para a redução da criminalidade e da violência. MAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAL EM SEGURANÇA
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
nais da área de segurança do cidadão nos Estados, dos bens sob sua guarda.
Municípios e Distrito Federal. ▷ Manter o controle e a segurança dos armamentos,
▷ Identificar e propor novas metodologias e técnicas munições, equipamentos e materiais sob sua res-
de ensino, voltadas ao aprimoramento da ativida- ponsabilidade.
de policial. ▷ Desenvolver atividades de inteligência e gestão das
Ao DEPARTAMENTO DE EXECUÇÃO E DE AVALIAÇÃO DO informações produzidas pelos órgãos de segurança
PLANO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA compete: pública.
▷ Acompanhar a implementação técnica e financei- À secretaria nacional do consumidor cabe exercer as
ra dos programas estratégicos do Governo Federal competências estabelecidas na Lei no 8.078, de 11 de se-
nos Estados, Municípios e Distrito Federal, tendo tembro de 1990, e especificamente:
por base o Plano Nacional de Segurança Pública e ▷ Formular, promover, supervisionar e coordenar a
os fundos federais de segurança pública destinados Política Nacional de Proteção e Defesa do Consu-
a tal fim. midor.
▷ Elaborar propostas de padronização e de normati- ▷ Integrar, articular e coordenar o Sistema Nacional de
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▷ Proceder ao levantamento de atos normativos cone- ▷ Dirigir, negociar e coordenar os estudos relativos à
xos com vistas a consolidar seus textos. implementação das ações da política de reforma
Ao DEPARTAMENTO DE ELABORAÇÃO NORMATIVA com- judiciária.
pete: ▷ Coordenar e desenvolver as atividades concernen-
▷ Elaborar e sistematizar projetos de atos normativos tes à relação do Ministério com o Poder Judiciário,
de interesse do Ministério, bem como as respectivas especialmente no acompanhamento de projetos de
exposições de motivos. interesse do Ministério relacionados com a moderni-
zação da administração da Justiça brasileira.
▷ Examinar, em conjunto com a Consultoria Jurídica,
a constitucionalidade, juridicidade, os fundamen- ▷ Assistir ao Ministro de Estado na supervisão e coor-
denação das atividades de fomento à modernização
tos e a forma dos projetos de atos normativos sub-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
da administração da Justiça.
metidos à apreciação do Ministério.
▷ Instruir os processos de provimento e vacância de
▷ Zelar pela boa técnica de redação normativa dos
atos que examinar. cargos de magistrados de competência da Presi-
dência da República.
▷ Prestar apoio às comissões de juristas e grupos de
trabalho constituídos no âmbito do Ministério para ela- Ao DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL cabe
boração de proposições legislativas ou de outros atos exercer as competências estabelecidas nos arts. 71 e 72 da
normativos. Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984, e, especificamente:
▷ Coordenar, no âmbito do Ministério, e promover, jun- ▷ Planejar e coordenar a política penitenciária nacional.
to aos demais órgãos do Poder Executivo, os traba- ▷ Acompanhar a fiel aplicação das normas de execu-
lhos de consolidação de atos normativos. ção penal em todo o território nacional.
Ao DEPARTAMENTO DE PROCESSO LEGISLATIVO compete: ▷ Inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabe-
▷ Examinar os projetos de lei em tramitação no Con- lecimentos e serviços penais.
gresso Nacional, em especial quanto à adequação ▷ Assistir tecnicamente às unidades federativas na
e proporcionalidade entre a proposição e sua fina- implementação dos princípios e regras da execu-
377
lidade. ção penal.
▷ Colaborar com as unidades federativas, mediante ▷ Coordenar e fiscalizar os estabelecimentos penais
378 convênios, na implantação de estabelecimentos e federais.
serviços penais. ▷ Custodiar presos, condenados ou provisórios, de
▷ Colaborar com as unidades federativas na realização alta periculosidade, submetidos a regime fechado,
de cursos de formação de pessoal penitenciário e zelando pela correta e efetiva aplicação das disposi-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
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d) Contra a ordem econômica e o sistema financeiro na- trolar e avaliar as atividades de:
cional. a) Orçamento e finanças.
e) Contra a ordem política e social. b) Modernização da infraestrutura e logística policial.
f) De tráfico ilícito de drogas e de armas. c) Gestão administrativa de bens e serviços.
g) De contrabando e descaminho de bens. ▷ Propor ao Diretor-Geral a aprovação de normas e o
h) De lavagem de ativos. estabelecimento de parcerias com outras institui-
i) De repercussão interestadual ou internacional e que ções na sua área de competência.
exija repressão uniforme. Ao DEPARTAMENTO DE POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL
j) Em detrimento de bens, serviços e interesses da cabe exercer as competências estabelecidas no art. 20 da Lei
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
União ou de suas entidades autárquicas e empresas no 9.503, de 23 de setembro de 1997, e no Decreto no 1.655, de
públicas. 3 de outubro de 1995.
▷ Propor ao Diretor-Geral a aprovação de normas e o À DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO cabe exercer as
estabelecimento de parcerias com outras institui- competências estabelecidas na Lei Complementar no 80, de
ções na sua área de competência. 12 de janeiro de 1994, e, especificamente:
À CORREGEDORIA-GERAL DE POLÍCIA FEDERAL compete: ▷ Promover, extrajudicialmente, a conciliação entre as
▷ Dirigir, planejar, coordenar, controlar e avaliar as partes em conflito de interesses.
atividades correicional e disciplinar no âmbito da ▷ Patrocinar:
Polícia Federal.
a) Ação penal privada e a subsidiária da pública.
▷ Orientar, no âmbito da Polícia Federal, na interpre-
tação e no cumprimento da legislação pertinente às b) Ação civil.
atividades de polícia judiciária e disciplinar. c) Defesa em ação penal.
▷ Apurar as infrações cometidas por servidores da Po- d) Defesa em ação civil e reconvir.
lícia Federal. ▷ Atuar como Curador Especial, nos casos previstos
▷ Propor ao Diretor-Geral a aprovação de normas e o em lei.
estabelecimento de parcerias com outras institui- ▷ Exercer a defesa da criança e do adolescente. 379
ções na sua área de competência.
▷ Atuar junto aos estabelecimentos policiais e peni- 15. Executar as ações relativas ao Plano Integrado de
380 tenciários, visando assegurar à pessoa, sob quais- Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, bem como
quer circunstâncias, o exercício dos direitos e garan- coordenar, prover apoio técnico-administrativo e pro-
tias individuais. porcionar os meios necessários à execução dos traba-
▷ Assegurar aos seus assistidos, em processo judicial lhos do Comitê Gestor do referido Plano.
16. Realizar outras atividades determinadas pelo Ministro
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
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Drogas, interagindo com os demais setores da Se- mento técnico, da preservação e da divulgação do patrimônio
cretaria, do Ministério da Justiça e outros órgãos da documental do Governo Federal, garantindo pleno acesso à
administração pública, na área de sua competência. informação, visando a apoiar as decisões governamentais de
▷ Participar da atualização e acompanhar a execução caráter político-administrativo, ao cidadão, na defesa de seus
da PNAD, no âmbito de sua competência. direitos, bem como de incentivar a produção de conhecimento
▷ Propor ações, projetos, atividades e respectivos ob- científico e cultural.
jetivos, na esfera de sua competência, contribuindo À SECRETARIA EXTRAORDINÁRIA DE SEGURANÇA PARA
para o detalhamento e a implementação do Pro- GRANDES EVENTOS compete:
grama de Gestão da Política Nacional sobre Drogas, ▷ Assessorar o Ministro de Estado da Justiça, no âmbi-
bem como dos planos de trabalho decorrentes. to de suas competências.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
▷ Analisar e emitir parecer sobre projetos desenvolvi- ▷ Planejar, definir, coordenar, implementar, acompa-
dos com recursos parciais ou totais do FUNAD, na nhar e avaliar as ações de segurança para os Gran-
esfera de sua competência. des Eventos.
▷ Coordenar, acompanhar e avaliar a execução de ▷ Elaborar propostas de legislação e regulamentação
ações, projetos e atividades constantes dos planos nos assuntos de sua competência.
de trabalho do Programa de Gestão da Política Na- ▷ Promover a integração entre os órgãos de seguran-
cional sobre Drogas, mantendo atualizadas as infor- ça pública federais, estaduais, distritais e municipais
mações gerenciais decorrentes. envolvidos com a segurança dos Grandes Eventos.
▷ Exercer outras atividades que lhe forem determi- ▷ Articular-se com os órgãos e as entidades, gover-
nadas pelo Secretário Nacional de Políticas sobre namentais e não governamentais, envolvidos com a
Drogas. segurança dos Grandes Eventos, visando a coorde-
À DIRETORIA DE PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO DE nação e supervisão das atividades.
POLÍTICAS SOBRE DROGAS compete: ▷ Estimular a modernização e o reaparelhamento dos
▷ Planejar e avaliar os planos, programas e procedi- órgãos e entidades, governamentais e não governa-
mentos para alcançar as metas propostas pela Po- mentais envolvidos com a segurança dos Grandes 381
lítica Nacional sobre Drogas no âmbito do SISNAD. Eventos.
▷ Promover a interface de ações com organismos, go- ▷ Articular-se com as demais Diretorias para o desen-
382 vernamentais e não governamentais, de âmbito na- volvimento do planejamento e da gestão orçamen-
cional e internacional, na área de sua competência. tária e financeira da Secretaria Extraordinária de
▷ Realizar e fomentar estudos e pesquisas voltados Segurança para Grandes Eventos.
para a redução da criminalidade e da violência nos ▷ Realizar a gestão documental da Secretaria Extraor-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
ações de segurança pública dos Grandes Eventos ▷ Articular-se com os órgãos governamentais e não
nos níveis estratégico, tático e operacional. governamentais, além de organizações multilate-
▷ Coordenar as atividades de treinamento dos servi- rais, para a celebração de convênios e termos de
dores envolvidos nos Grandes Eventos, em sua área cooperação, visando à otimização das aquisições de
de atribuições, em conjunto com a Diretoria de Pro- material e tecnologia necessários à segurança dos
jetos Especiais. Grandes Eventos.
▷ Coordenar as atividades dos Centros de Comando À DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS compete:
e Controle Nacional, Regionais, Locais e Móveis e o ▷ Articular-se com as instâncias de Governo Fede-
Centro de Comando e Controle Internacional, acom- ral, Estadual, Distrital e Municipal das áreas dos
panhando, em conjunto com a Diretoria de Logística, Grandes Eventos, bem como com organizações
sua implementação. multilaterais e entidades privadas de interesse
À DIRETORIA DE INTELIGÊNCIA compete: dos projetos, de forma a estabelecer canais de re-
▷ Coordenar o desenvolvimento das atividades de In- lacionamento, comunicação e ação que garantam o
teligência, nos níveis estratégico, tático e operacio- alcance dos objetivos dos projetos sociais estabele-
nal, em proveito das operações de segurança para os cidos pela Diretoria.
Grandes Eventos. ▷ Desenvolver programas e ações de segurança,
▷ Promover, com os órgãos componentes do Sistema principalmente de caráter educativo e cidadão,
Brasileiro de Inteligência - SISBIN, o intercâmbio de com foco nas comunidades de maior vulnerabilida-
dados, informações e conhecimentos, necessários à de social nas áreas dos Grandes Eventos, inclusive
tomada de decisões administrativas e operacionais por meio do fomento financeiro a programas go-
por parte da Secretaria Extraordinária de Segurança vernamentais e não governamentais, respeitando
para Grandes Eventos. as peculiaridades de cada comunidade.
▷ Supervisionar o processo de credenciamento das ▷ Apoiar a reconstituição de espaços urbanos das
pessoas envolvidas nos Grandes Eventos. áreas de Grandes Eventos, mediante a implantação
▷ Promover ações de capacitação dos servidores que de ações voltadas para locais considerados de
irão atuar nos Grandes Eventos na área de inteligên- alto risco em termos de violência, criminalidade
cia, em parceria com a Diretoria de Projetos Espe- e desastres.
ciais e órgãos do SISBIN. ▷ Elaborar minutas de editais, termos de referências e
▷ Coordenar as atividades de produção e proteção de outros documentos inerentes à contratação de es-
conhecimentos dos centros de integração de inteli- pecialistas consultores para os diferentes projetos,
gência relacionados aos Grandes Eventos, acompa- em conjunto com a Diretoria de Logística, subme-
nhando, em conjunto com a Diretoria de Logística, tendo-os ao Secretário da Secretaria Extraordinária
seu planejamento, implementação e funcionamento. de Segurança para Grandes Eventos, para análise e
À DIRETORIA DE LOGÍSTICA compete: aprovação.
▷ Coordenar e prover meios para o desempenho das ▷ Articular-se com os órgãos governamentais, enti-
atividades inerentes ao funcionamento da estrutura dades não governamentais e organizações multila-
organizacional da Secretaria Extraordinária de Se- terais, visando ao planejamento, implementação e
gurança para Grandes Eventos. acompanhamento dos projetos de capacitação nos
Grandes Eventos, em conjunto com as Diretorias de Ao CONAD cabe exercer as competências estabeleci-
Operações e de Inteligência, de acordo com a natu- das no Decreto nº 5.912, de 27 de setembro de 2006.
reza da capacitação.
▷ Fomentar financeiramente instituições governa- Ao CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS - CONARQ -
mentais e não governamentais nas áreas dos Gran- cabe exercer as competências estabelecidas no Decre-
des Eventos, por meio de convênios e editais de to nº 4.073, de 3 de janeiro de 2002.
seleção, a partir de levantamento situacional da
criminalidade que indique a necessidade premente
Das Atribuições Dos Dirigentes
de cada local, visando à redução da criminalidade e Do Secretário-Executivo
da violência.
Ao Secretário-Executivo incumbe:
▷ Disseminar o conceito de segurança cidadã e as
novas ações e metodologias desenvolvidas na área ▷ Coordenar, consolidar e submeter ao Ministro de Es-
de segurança de Grandes Eventos, em particular tado o Plano de Ação Global do Ministério.
quanto ao legado social, junto a instituições gover- ▷ Supervisionar e avaliar a execução dos projetos e
namentais e não governamentais e às comunidades atividades do Ministério.
envolvidas. ▷ Supervisionar e coordenar a articulação dos órgãos
ї . DOS ÓRGÃOS COLEGIADOS do Ministério com os órgãos centrais dos sistemas
Ao CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E afetos à área de competência da Secretaria-Execu-
PENITENCIÁRIA compete: tiva.
▷ Propor diretrizes da política criminal quanto à ▷ Exercer outras atribuições que lhe forem cometidas
prevenção do delito, administração da Justiça Cri- pelo Ministro de Estado.
minal e execução das penas e das medidas de se-
Do Defensor Público-Geral
gurança.
▷ Contribuir na elaboração de planos nacionais de
Ao Defensor Público-Geral incumbe:
desenvolvimento, sugerindo as metas e priorida- ▷ Dirigir a Defensoria Pública da União, superin-
des da política criminal e penitenciária. tender e coordenar suas atividades e orientar-lhe a
▷ Promover a avaliação periódica do sistema cri- atuação.
minal para a sua adequação às necessidades do ▷ Representar a Defensoria Pública da União judicial
País. e extrajudicialmente.
▷ Estimular e promover a pesquisa no campo da cri- ▷ Velar o cumprimento das finalidades da Instituição.
minologia.
▷ Integrar, como membro nato, e presidir o Conselho
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▷ Elaborar programa nacional penitenciário de forma-
ção e aperfeiçoamento do servidor. Superior da Defensoria Pública da União.
▷ Estabelecer regras sobre a arquitetura e construção ▷ Baixar o regimento interno da Defensoria Pública
de estabelecimentos penais e casas de albergados. da União.
▷ Estabelecer os critérios para a elaboração da esta- ▷ Autorizar os afastamentos dos membros da Defen-
tística criminal. soria Pública da União.
▷ Inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos penais, ▷ Estabelecer a lotação e a distribuição dos membros
bem assim informar-se, mediante relatórios do Con- e dos servidores da Defensoria Pública da União.
selho Penitenciário, requisições, visitas ou outros
meios, acerca do desenvolvimento da execução pe- ▷ Dirimir conflitos de atribuições entre membros da
Defensoria Pública da União, com recurso para seu
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
ANOTAÇÕES
ITL - Instituição Técnica Licenciada;
5. Anexos JARI - Junta Administrativa de Recursos de Infração;
LADV - Licença para Aprendizagem de Direção Veicular;
Lista de Abreviaturas/Significados MJ - Ministério da Justiça;
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas; MRPR - Manual de Redação Oficial da Presidência da
ACC - Autorização para Condutores Ciclomotor; República;
ANTP - Associação Nacional de Transporte Público; PICTOGRAMA ou pictógrafo[1] (do latim pictu - pin-
ANTT - Agência Nacional de Transporte Terrestres; tado + grego ɶʌɳʅʅɲ - carácter, letra) é um símbolo
APEX - Autorização Provisória Experimental; que representa um objeto ou conceito por meio de de-
Art. Artigo.; senhos figurativos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Pic-
Arts. Artigos; tograma
Bafômetro vide anexo I – Etilômetro RENACH - Registro Nacional de Condutores Habilitados;
BINCO - Base de Índice Nacional de Condutores RENACOM - Registro Nacional de Cobrança de Multas;
CAT - Certificado de Adequação à legislação de Trânsito; RENAIF - Registro Nacional de Infrações de Trânsito;
CETRAN - Conselho Estadual de Trânsito; RENAEST – Registro Nacional de Estatística de Acidente
CF - Constituição Federal; de Trânsito;
CFC - Centro de Formação de Condutores; RENAVAM - Registro Nacional de Veículos Automotores;
CIRETRAN - Circunscrição Regional de Trânsito; RENFOR - Rede Nacional de Formação e Habilitação de
Condutores;
CNH - Carteira Nacional de Habilitação;
SAMU - Serviço Ambulatorial Médico de Urgência.
CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente;
SIATE - Sistema Integrado de Atendimento a Traumas e
CONMETRO - Conselho Nacional de Metrologia, Norma- Emergência;
tização e Qualidade Industrial;
SINET - Sistema Nacional de Estatística de Trânsito;
CONTRADIFE - Conselho de Trânsito de Distrito Federal;
SINIAV- Sistema Nacional de Identificação Automá-
CONTRAN - Conselho Nacional de Trânsito; tica de Veículo.
CP - Código Penal; SIR - Símbolo Indicativo de Rota de Bicicleta (Ciclor-
CPP - Código de Processo Penal; rota)
CRLV - Certificado De Registro e Licenciamento do Veí- SNT - Sistema Nacional de Trânsito;
culo; Súm. - Súmula;
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CRV - Certificado de Registro de Veículos; TACÓGRAFO – aparelho registrador instantâneo
CSV - Certificado de Segurança Veicular; inalterável de velocidade e tempo.
CTB - Código de Trânsito Brasileiro; UFIR. - Unidade Fiscal de Referência. (1991 a 2000)
CTVV - Convenção de Trânsito Viário de Viena (1968);
CTV - Combinação de Transporte e Veículos; Anexo I
CTVP - Combinação de Transporte de Veículos e Cargas
Paletizadas;
Dos Conceitos e Definições
CVC - Combinação de Veículo e Carga; Para efeito deste Código, adotam-se as seguintes
definições:
Dec. - Decreto ;
Acostamento - parte da via diferenciada da pista de rola-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Dec. Fed. – Decreto Federal; mento, destinada à parada ou ao estacionamento de veículos,
DENATRAN - Departamento Nacional de Trânsito; em caso de emergência, e à circulação de pedestres e bicicle-
DETRAN - Departamento de Trânsito; tas, quando não houver local apropriado para esse fim.
DNER - Departamento Nacional de Estradas de Roda- Agente da Autoridade de Trânsito - pessoa, civil ou poli-
gem; (órgão extinto Lei nº 10.233/2001) cial militar, credenciada pela autoridade de trânsito, para o ex-
DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de ercício das atividades de fiscalização, operação, policiamento
Transporte; ostensivo de trânsito ou patrulhamento.
DPVAT - Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Ar Alveolar - ar expirado pela boca de um indivíduo, orig-
Veículos Automotores de Via Terrestre, ou por sua Carga, a Pes- inário dos alvéolos pulmonares. (Incluído pela Lei nº 12.760,
de 2012)
soas Transportadas ou não;
Automóvel - veículo automotor destinado ao transporte
FUNSET - Fundo Nacional de Segurança e Educação de
de passageiros, com capacidade para até oito pessoas, exclu-
Trânsito; sive o condutor.
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normal- Autoridade de Trânsito - dirigente máximo de órgão ou
ização e Qualidade Industrial; entidade executiva/integrante do Sistema Nacional de Trânsi- 385
IPVA - Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automor; to ou pessoa por ele expressamente credenciada.
Balanço Traseiro - distância entre o plano vertical, passan- Dispositivo de Segurança - qualquer elemento que tenha a
386 do pelos centros das rodas traseiras extremas e o ponto mais função específica de proporcionar maior segurança ao usuário
recuado do veículo, considerando-se todos os elementos rigi- da via, alertando-o sobre situações de perigo, que possam co-
damente fixados ao mesmo. locar em risco sua integridade física e dos demais usuários da
Bicicleta - veículo de propulsão humana, dotado de duas via, ou danificar seriamente o veículo.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
rodas, não sendo, para efeito deste Código, similar à motoci- Estacionamento - imobilização de veículos por tempo
cleta, motoneta e ciclomotor. superior ao necessário para embarque ou desembarque de
Bicicletário - local, na via ou fora dela, destinado ao esta- passageiros.
cionamento de bicicletas. Estrada - via rural não pavimentada.
Bonde - veículo de propulsão elétrica que se move sobre Etilômetro - aparelho destinado à medição do teor alcoóli-
trilhos. co no ar alveolar. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
Bordo da Pista - margem da pista, podendo ser demarcada Faixas de Domínio - superfície lindeira às vias rurais, de-
por linhas longitudinais de bordo que delineiam a parte da via limitada por lei específica e sob responsabilidade do órgão ou
destinada à circulação de veículos. entidade de trânsito competente, com circunscrição sobre a
Calçada - parte da via, normalmente segregada e em nível via.
diferente, não destinada à circulação de veículos, reservada Faixas de Trânsito - qualquer uma das áreas longitudinais
ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação de em que a pista pode ser subdividida, sinalizada ou não por
mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins. marcas viárias longitudinais, que tenham uma largura sufici-
Caminhão-Trator - veículo automotor destinado a tracio- ente para permitir a circulação de veículos automotores.
nar ou arrastar outro. Fiscalização - ato de controlar o cumprimento das normas
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Caminhonete - veículo destinado ao transporte de carga estabelecidas na Legislação de Trânsito, por meio do poder de
com peso bruto total de até três mil e quinhentos quilogramas. polícia administrativa de trânsito, no âmbito de circunscrição
Camioneta - veículo misto, destinado ao transporte de pas- dos órgãos e entidades executivos de trânsito e de acordo com
sageiros e carga, no mesmo compartimento. as competências definidas neste Código.
Canteiro Central - obstáculo físico construído como sepa- Foco de Pedestres - indicação luminosa de permissão ou
rador de duas pistas de rolamento, eventualmente substituído impedimento de locomoção na faixa apropriada.
por marcas viárias (canteiro fictício). Freio de Estacionamento - dispositivo destinado a man-
Capacidade Máxima de Tração - máximo peso que a uni- ter o veículo imóvel, na ausência do condutor ou, no caso de
dade de tração é capaz de tracionar, indicado pelo fabricante, um reboque, se este se encontra desengatado.
baseado em condições sobre suas limitações de geração e de Freio de Segurança Ou Motor - dispositivo destinado
multiplicação de momento, de força e resistência dos elemen- a diminuir a marcha do veículo, no caso de falha do freio de
tos que compõem a transmissão. serviço.
Carreata - deslocamento, em fila, na via de veículos au- Freio de Serviço - dispositivo destinado a provocar a di-
tomotores em sinal de regozijo, de reivindicação, de protesto minuição da marcha do veículo ou pará-lo.
cívico ou de uma classe. Gestos de Agentes - movimentos convencionais de braço,
Carro de Mão - veículo de propulsão humana, utilizado no adotados exclusivamente pelos agentes de autoridades de
transporte de pequenas cargas. trânsito nas vias, para orientar, indicar o direito de passagem
Carroça - veículo de tração animal, destinado ao trans- dos veículos ou pedestres ou emitir ordens, sobrepondo-se
porte de carga. ou completando outra sinalização ou norma constante deste
Catadióptrico - dispositivo de reflexão e refração da luz, Código.
utilizado na sinalização de vias e veículos (olho-de-gato). Gestos de Condutores - movimentos convencionais de
Charrete - veículo de tração animal, destinado ao trans- braço, adotados exclusivamente pelos condutores, para orien-
porte de pessoas. tar ou indicar que vão efetuar uma manobra de mudança de
direção, redução brusca de velocidade ou parada.
Ciclo - veículo de, pelo menos, duas rodas, movido a pro-
pulsão humana. Ilha - obstáculo físico, colocado na pista de rolamento, des-
tinado à ordenação dos fluxos de trânsito em uma interseção.
Ciclofaixa - parte da pista de rolamento destinada à circu-
lação exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização específica. Infração - inobservância a qualquer preceito da legislação
de trânsito, às normas emanadas do Código de Trânsito, do
Ciclomotor - veículo de duas ou três rodas, provido de um mo-
Conselho Nacional de Trânsito e a regulamentação estabeleci-
tor de combustão interna, cuja cilindrada não exceda a cinquenta
da pelo órgão ou entidade executiva do trânsito.
centímetros cúbicos (3,05 polegadas cúbicas) e cuja velocidade
máxima de fabricação não exceda a cinquenta quilômetros por Interseção - todo cruzamento em nível, entroncamento ou
hora. bifurcação, incluindo as áreas formadas por tais cruzamentos, en-
troncamentos ou bifurcações.
Ciclovia - pista própria destinada à circulação de ciclos,
separada fisicamente do tráfego comum. Interrupção de Marcha - imobilização do veículo para
atender circunstância momentânea do trânsito.
Conversão - movimento em ângulo, à esquerda ou à direita,
de mudança da direção original do veículo. Licenciamento - procedimento anual, relativo a obrigações
do proprietário de veículo, comprovado por meio de docu-
Cruzamento - interseção de duas vias em nível.
mento específico (Certificado de Licenciamento Anual).
Logradouro Público - espaço livre, destinado pela munic- Operação de Trânsito - monitoramento técnico, baseado
ipalidade à circulação, parada ou estacionamento de veículos, nos conceitos de Engenharia de Tráfego, das condições de flu-
ou à circulação de pedestres, tais como calçada, parques, áreas idez, de estacionamento e parada na via, de forma a reduzir
de lazer, calçadões. as interferências, tais como veículos quebrados, acidentados,
Lotação - carga útil máxima, incluindo condutor e pas- estacionados irregularmente atrapalhando o trânsito, de modo
sageiros, que o veículo transporta, expressa em quilogramas a prestar socorros imediatos e informações aos pedestres e
para os veículos de carga, ou número de pessoas, para os condutores.
veículos de passageiros. Parada - imobilização do veículo com a finalidade e pelo
Lote Lindeiro - aquele situado ao longo das vias urbanas tempo estritamente necessário para efetuar embarque ou de-
ou rurais e que com elas se limita. sembarque de passageiros.
Luz Alta - facho de luz do veículo, destinado a iluminar a Passagem de Nível - todo cruzamento de nível entre uma
via até uma grande distância do veículo. via e uma linha férrea ou trilho de bonde com pista própria.
Luz Baixa - facho de luz do veículo, destinado a iluminar a Passagem por Outro Veículo - movimento de passagem à
via diante do veículo, sem ocasionar ofuscamento ou incômo- frente de outro veículo que se desloca no mesmo sentido, em
do injustificáveis aos condutores e outros usuários da via que menor velocidade, mas em faixas distintas da via.
venham em sentido contrário. Passagem Subterrânea - obra de construção civil destina-
Luz de Freio - luz do veículo destinada a indicar aos demais da à transposição de vias, em desnível subterrâneo, e ao uso
usuários da via, que se encontram atrás do veículo, que o condutor de pedestres ou veículos.
está aplicando o freio de serviço. Passarela - obra de construção civil destinada à trans-
Luz Indicadora de Direção (pisca-pisca) - luz do veículo posição de vias, em desnível aéreo, e ao uso de pedestres.
destinada a indicar aos demais usuários da via que o condutor Passeio - parte da calçada ou da pista de rolamento, neste
tem o propósito de mudar de direção para a direita ou para a último caso, separada por pintura ou elemento físico separa-
esquerda. dor, livre de interferências, destinada à circulação exclusiva de
Luz de Marcha à Ré - luz do veículo destinada a iluminar pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas.
atrás do veículo e advertir aos demais usuários da via que o Patrulhamento - função exercida pela Polícia Rodoviária
veículo está efetuando (ou a ponto de efetuar) uma manobra Federal, com o objetivo de garantir obediência às normas de
de marcha à ré. trânsito, assegurando a livre circulação e evitando acidentes.
Luz de Neblina - luz do veículo destinada a aumentar a Perímetro Urbano - limite entre área urbana e área rural.
iluminação da via em caso de neblina, chuva forte ou nuvens
de pó. Peso Bruto Total - peso máximo que o veículo transmite
ao pavimento, constituído da soma da tara mais a lotação.
Luz de Posição (lanterna) - luz do veículo destinada a indi-
car a presença e a largura do veículo. Peso Bruto Total Combinado - peso máximo transmitido
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Manobra - movimento executado pelo condutor para alterar ao pavimento pela combinação de um caminhão-trator mais
a posição em que o veículo está, no momento, em relação à via. seu semirreboque, ou do caminhão mais o seu reboque ou re-
boques.
Marcas Viárias - conjunto de sinais constituídos de linhas,
marcações, símbolos ou legendas, em tipos e cores diversas, Pisca-Alerta - luz intermitente do veículo, utilizada em
apostos ao pavimento da via. caráter de advertência, destinada a indicar aos demais usuári-
Micro-Ônibus - veículo automotor de transporte coletivo, os da via que o veículo está imobilizado ou em situação de
com capacidade para até vinte passageiros. emergência.
Motocicleta - veículo automotor de duas rodas, com ou Pista - parte da via normalmente utilizada para a circu-
sem side-car, dirigido por condutor em posição montada. lação de veículos, identificada por elementos separadores ou
por diferença de nível em relação às calçadas, ilhas ou aos can-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Motoneta - veículo automotor de duas rodas, dirigido por
condutor em posição sentada. teiros centrais.
Motor-Casa (Motor-Home) - veículo automotor cuja Placas - elementos colocados na posição vertical, fixados
carroçaria seja fechada e destinada a alojamento, escritório, ao lado ou suspensos sobre a pista, transmitindo mensagens
comércio ou finalidades análogas. de caráter permanente e, eventualmente, variáveis, mediante
Noite - período do dia compreendido entre o pôr-do-sol e símbolo ou legendas pré-reconhecidas e legalmente instituí-
o nascer do sol. das como sinais de trânsito.
Ônibus - veículo automotor de transporte coletivo, Policiamento Ostensivo de Trânsito - função exercida pe-
com capacidade para mais de vinte passageiros, ainda que, las Polícias Militares, com o objetivo de prevenir e reprimir atos
em virtude de adaptações com vista à maior comodidade relacionados com a segurança pública e de garantir obediên-
destes, transporte número menor. cia às normas relativas à segurança de trânsito, assegurando a
Operação de Carga e Descarga - imobilização do veícu- livre circulação e evitando acidentes.
lo, pelo tempo estritamente necessário ao carregamento ou Ponte - obra de construção civil destinada a ligar margens
descarregamento de animais ou carga, na forma disciplinada opostas de uma superfície líquida qualquer.
pelo órgão ou entidade executiva de trânsito competente, com Reboque - veículo destinado a ser engatado atrás de um
circunscrição sobre a via. 387
veículo automotor.
Regulamentação da Via - implantação de sinalização de transporte viário de pessoas e de coisas, ou para a tração viária
388 regulamentação pelo órgão ou entidade competente com de veículos utilizados para o transporte de pessoas e de coisas. O
circunscrição sobre a via, definindo, entre outros, sentido de termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e
direção, tipo de estacionamento, horários e dias. que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico).
Refúgio - parte da via, devidamente sinalizada e protegida, Veículo de Carga - veículo destinado ao transporte de car-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
R-6B R-6B
R-5B R-6A R-5B R-6A Estacionamento
Estacionamento
Proibido retornar à direita Proibido estacionar regulamentado Proibido retornar à direita Proibido estacionar regulamentado
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R-11 R-12 R13 R-11 R-12 R13
Proibido trânsito de Proibido trânsito Proibido trânsito de Proibido trânsito de Proibido trânsito Proibido trânsito de
veículos de tração de bicicletas tratores e máquinas veículos de tração de bicicletas tratores e máquinas
animal de obras animal de obras
A-1a Curva acentuada A-1b Curva acentuada A-2a Curva à esquerda A-21a Estreitamento A-21b Estreitamento A-21c Estreitamento
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
A·2b Curva à direita A-3a Pista sinuosa A-3b Pista sinuosa A-21d Alargamento A-21e Alargamento A-22 Ponte estreita
à esquerda à direita de pista à esquerda de pista à direita
ͲϮϲĂ^ĞŶƟĚŽƷŶŝĐŽ ͲϮϲď^ĞŶƟĚŽĚƵƉůŽ
A-27 Área com
desmoronamento
A·Sb Curva em A-7a Via lateral
A-6 Cruzamento de vias
"S" à direita à esquerda
A-46 Peso bruto A-47 Peso limitado por eixo A-48 Comprimento WůĂĐĂĚƵĐĂƟǀĂ WůĂĐĂĚƵĐĂƟǀĂ
total limitado limitado
S-1 - Área de
estacionamento
^ͲϮͲ^ĞƌǀŝĕŽ
^ͲϯͲ^ĞƌǀŝĕŽŵĞĐąŶŝĐŽ S-4 - Abastecimento
Estância hidromineral Arquitetura religiosa Arquitetura histórica telefônico
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ƐƉŽƌƚĞƐŶĄƵƟĐŽƐ Praça
Marina
Zoológico Planetário
Exposição agropecuária
Rodeio Pavilhão de
feiras e exposições
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reção e Assessoramento Superiores. DAS a que se ref- organizacional:
ere o Anexo II, indicando, inclusive, o número de cargos
I. Órgãos de assistência direta e imediata ao min-
vagos, sua denominação e respectivo nível.
istro de estado:
Art. 4º. O regimento interno do Ministério da Justiça será
a) Gabinete;
aprovado pelo Ministro de Estado e publicado no Diário
Oficial da União, no prazo de noventa dias, contado da b) Secretaria Executiva: Subsecretaria de Planeja-
data de publicação deste Decreto. mento, Orçamento e Administração;
Art. 5º. Este Decreto entra em vigor na data de sua c) Consultoria Jurídica; e
publicação. d) Comissão de Anistia;
II. Órgãos específicos singulares:
Anexo I. Estrutura Regimental
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
a) Secretaria Nacional de Justiça:
do Ministério da Justiça 1. Departamento de Estrangeiros;
2. Departamento de Justiça, Classificação,
Capítulo I. Da Natureza e Competência Títulos e Qualificação; e
Art. 1º. O Ministério da Justiça, órgão da administração 3. Departamento de Recuperação de Ativos
federal direta, tem como área de competência os se- e Cooperação Jurídica Internacional;
guintes assuntos: b) Secretaria Nacional de Segurança Pública:
I. Defesa da ordem jurídica, dos direitos políticos e 1. Departamento de Políticas, Programas e
das garantias constitucionais; Projetos;
II. Política judiciária; 2. Departamento de Pesquisa, Análise de
III. Direitos dos índios; Informação e Desenvolvimento de Pessoal
IV. Entorpecentes, segurança pública, Polícias Fed- em Segurança Pública;
eral, Rodoviária Federal e Ferroviária Federal e do 3. Departamento de Execução e Avaliação
Distrito Federal; do Plano Nacional de Segurança Pública; e
V. Defesa da ordem econômica nacional e dos dire- 4. Departamento da Força Nacional de Se- 393
itos do consumidor; gurança Pública;
c) Secretaria Nacional do Consumidor: Departa- Capítulo III. Das Competências
394 mento de Proteção e Defesa do Consumidor;
d) Secretaria de Assuntos Legislativos:
dos Órgãos
1. Departamento de Elaboração Normativa; e Dos Órgãos de Assistência Direta e
2. Departamento de Processo Legislativo; Imediata Ao Ministro De Estado
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
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e daqueles originários de órgãos ou entidades sob sua XI. Orientar e coordenar as ações com vistas ao
coordenação jurídica; combate à lavagem de dinheiro e à recuperação de
VI. Examinar, prévia e conclusivamente, no âmbito ativos.
do Ministério da Justiça: Art. 9º Ao Departamento de Estrangeiros compete:
a) Textos de editais de licitação, bem como os re-
I. Processar, opinar e encaminhar os assuntos rela-
spectivos contratos ou instrumentos congêneres cionados com a nacionalidade, a naturalização e o
a serem publicados e celebrados; regime jurídico dos estrangeiros;
b) Atos pelos quais se vá reconhecer a inexigibili-
II. Processar, opinar e encaminhar os assuntos rel-
dade ou decidir a dispensa de licitação; e acionados com as medidas compulsórias de ex-
c) Convênios, acordos e instrumentos congê- pulsão, extradição e deportação;
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
neres;
III. Instruir os processos relativos à transferência
VII. Acompanhar o andamento dos processos judi- de presos para cumprimento de pena no país de
ciais nos quais o Ministério tenha interesse, suple- origem, a partir de acordos dos quais o Brasil seja
tivamente às procuradorias contenciosas da Advo- parte;
cacia-Geral da União; e
IV. Instruir processos de reconhecimento da
VIII. Pronunciar-se sobre a legalidade dos proced- condição de refugiado e de asilo político; e
imentos administrativos disciplinares, dos recur-
V. Fornecer apoio administrativo ao Comitê Nacio-
sos hierárquicos e de outros atos administrativos
nal para os Refugiados. CONARE.
submetidos à decisão do Ministro de Estado.
Art. 10. Ao Departamento de Justiça, Classificação,
Art. 7º. À Comissão de Anistia cabe exercer as com-
Títulos e Qualificação compete:
petências estabelecidas na Lei nº 10.559, de 13 de no-
vembro de 2002. I. Registrar as entidades que executam serviços de
microfilmagem;
Dos Órgãos Específicos Singulares II. Instruir e analisar pedidos relacionados à classifi-
Art. 8º. À Secretaria Nacional de Justiça compete: cação indicativa de programas de rádio e televisão,
I. Coordenar a política de justiça, por intermédio da produtos audiovisuais considerados diversões públi- 395
articulação com os demais órgãos federais, Poder cas e RPG (jogos de interpretação);
III. Monitorar programas de televisão e recomendar VIII. Estimular e propor aos órgãos estaduais e
396 as faixas etárias e os seus horários; municipais a elaboração de planos e programas
IV. Fiscalizar as entidades registradas no Ministério; e integrados de segurança pública, objetivando con-
V. Instruir a qualificação das pessoas jurídicas de di- trolar ações de organizações criminosas ou fatores
reito privado sem fins lucrativos como Organizações específicos geradores de criminalidade e violência,
bem como estimular ações sociais de prevenção da
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
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ceira dos programas estratégicos do Governo de setembro de 1990, e especificamente:
Federal nos Estados, Municípios e Distrito Feder- I. Formular, promover, supervisionar e coordenar
al, tendo por base o Plano Nacional de Segurança a Política Nacional de Proteção e Defesa do Con-
Pública e os fundos federais de segurança pública sumidor;
destinados a tal fim; II. Integrar, articular e coordenar o Sistema Nacion-
II. Elaborar propostas de padronização e norma- al de Defesa do Consumidor. SNDC;
tização dos procedimentos operacionais policiais, III. Articular-se com órgãos da administração fed-
dos sistemas e infraestrutura física (edificações, eral com atribuições relacionadas à proteção e def-
arquitetura e construção) e dos equipamentos uti- esa do consumidor;
lizados pelas organizações policiais; IV. Orientar e coordenar ações para proteção e def-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
e programas especiais, a criação de órgãos públi- fundamentos e a forma dos projetos de atos nor-
cos estaduais, distrital, e municipais de defesa do mativos submetidos à apreciação do Ministério;
consumidor e a formação, pelos cidadãos, de enti- III. Zelar pela boa técnica de redação normativa dos
dades com esse objetivo; atos que examinar;
XII. Celebrar compromissos de ajustamento de con- IV. Prestar apoio às comissões de juristas e grupos
duta; de trabalho constituídos no âmbito do Ministério
XIII. Elaborar e divulgar o elenco complementar para elaboração de proposições legislativas ou de
de cláusulas contratuais e práticas abusivas nos outros atos normativos; e
termos do Código de Defesa do Consumidor; V. Coordenar, no âmbito do Ministério, e promover,
junto aos demais órgãos do Poder Executivo, os
XIV. Dirigir, orientar e avaliar ações para capaci-
trabalhos de consolidação de atos normativos.
tação em defesa do consumidor destinadas aos
integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Con- Art. 22. Ao Departamento de Processo Legislativo
sumidor; compete:
I. Examinar os projetos de lei em tramitação no
XV. Determinar ações de monitoramento de mer-
Congresso Nacional, em especial quanto à ade-
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VII. Coordenar e supervisionar os estabelecimentos
com os Juízos Federais e as Varas de Execução Pe-
penais e de internamento federais; nal do País;
VIII. Processar, estudar e encaminhar, na forma pre-
V. Elaborar normas sobre direitos e deveres dos
vista em lei, os pedidos de indultos individuais; internos, segurança das instalações, diretrizes op-
IX. Gerir os recursos do Fundo Penitenciário Nacio- eracionais e rotinas administrativas e de funciona-
nal. FUNPEN; e mento das unidades penais federais;
X. Apoiar administrativa e financeiramente o Con- VI. Promover a articulação e a integração do Siste-
selho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. ma Penitenciário Federal com os demais órgãos e
Art. 26. À Diretoria-Executiva compete: entidades componentes do Sistema Nacional de
I. Coordenar e supervisionar as atividades de Segurança Pública, promovendo o intercâmbio de
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
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ministração pública federal e estadual para a con-
quaisquer circunstâncias, o exercício dos direitos e secução desse objetivo;
garantias individuais;
XIII. Gerir o Observatório Brasileiro de Informações
VI. Assegurar aos seus assistidos, em processo judi- sobre Drogas. OBID;
cial ou administrativo, e aos acusados em geral, o
XIV. Desempenhar as atividades de Secretaria-Executi-
contraditório e a ampla defesa, com recurso e mei-
va do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas;
os a ela inerentes;
XV. Executar as ações relativas ao Plano Integrado de
VII. Atuar junto aos Juizados Especiais; e
Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, bem como
VIII. Patrocinar os interesses do consumidor lesado. coordenar, prover apoio técnico-administrativo e
Art. 38-A. À Secretaria Nacional de Políticas sobre proporcionar os meios necessários à execução dos
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
e subvenção social do SISNAD, aí incluídas as de vos objetivos, na esfera de sua competência, con-
pesquisa e de socialização do conhecimento; tribuindo para o detalhamento e a implementação
II. Gerir e controlar o fluxo das informações técni- do Programa de Gestão da Política Nacional sobre
cas e científicas entre os órgãos do SISNAD, na es- Drogas, bem como dos planos de trabalho decor-
fera de sua competência; rentes;
III. Participar da atualização e acompanhar a ex- VIII. Analisar e emitir parecer sobre projetos desen-
ecução da PNAD, no âmbito de sua competência; volvidos com recursos parciais ou totais do FUN-
IV. Propor ações, projetos, atividades e respectivos AD, na esfera de sua competência;
objetivos, na esfera de sua competência, contribu- IX. Coordenar, acompanhar e avaliar a execução de
indo para o detalhamento e a implementação do ações, projetos e atividades constantes dos planos
Programa de Gestão da Política Nacional sobre de trabalho do Programa de Gestão da Política
Drogas, bem como dos planos de trabalho decor- Nacional sobre Drogas, mantendo atualizadas as
rentes; informações gerenciais decorrentes; e
V. Coordenar, acompanhar e avaliar a execução X. Exercer outras atividades que lhe forem deter-
de ações, projetos e atividades constantes dos minadas pelo Secretário Nacional de Políticas so-
planos de trabalho do Programa de Gestão da bre Drogas.
Política Nacional sobre Drogas, mantendo atual- Art. 38-E. À Diretoria de Planejamento e Avaliação de
izadas as informações gerenciais decorrentes; Políticas sobre Drogas compete:
VI. Estabelecer critérios, condições e procedimen- I. Planejar e avaliar os planos, programas e procedi-
tos para a análise e concessão de subvenções soci- mentos para alcançar as metas propostas pela Políti-
ais com recursos do FUNAD; ca Nacional sobre Drogas no âmbito do SISNAD;
VII. Analisar e emitir parecer sobre projetos desen- II. Orientar e coordenar o acompanhamento es-
volvidos com recursos parciais ou totais do FUN- tatístico e a avaliação do SISNAD;
AD, na esfera de sua competência; e III. Prover o apoio técnico-administrativo e for-
VIII. Exercer outras atividades que lhe forem de- necer os meios necessários à execução dos tra-
terminadas pelo Secretário Nacional de Políticas balhos do Comitê Gestor do Plano Integrado de
sobre Drogas. Enfrentamento ao Crack e outras Drogas;
Art. 38-D. À Diretoria de Contencioso e Gestão do IV. Assessorar o Comitê Gestor do Plano Integrado de
Fundo Nacional Antidrogas compete: Enfrentamento ao Crack e outras Drogas nas tarefas
I. Administrar os recursos oriundos de apreensão diretamente relacionadas à sua coordenação;
ou de perdimento, em favor da União, de bens, di- V. Manter o efetivo controle sobre as ações ex-
reitos e valores, objeto do crime de tráfico ilícito ecutadas pelos órgãos que compõem o Comitê
de drogas e outros recursos destinados ao Fundo Gestor do Plano Integrado de Enfrentamento ao
Nacional Antidrogas; Crack e outras Drogas, especificamente na área de
II. Realizar e promover a regularização e a alienação prevenção do uso, tratamento e à reinserção so-
de bens com definitivo perdimento, decretado em cial de usuários do crack e outras drogas, inclusive,
favor da União, bem como a apropriação de valores tratando estatisticamente o atingimento de metas
destinados à capitalização do FUNAD; propostas;
VI. Executar e coordenar as ações imediatas e es- X. Apresentar ao Conselho Gestor do Fundo Nacional
truturantes de competência do Ministério, previs- de Segurança Pública projetos relacionados à segu-
tas no Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack rança dos Grandes Eventos a serem financiados com
e outras Drogas, determinadas pelo seu Comitê recursos do respectivo Fundo; e
Gestor; XI. Adotar as providências necessárias à execução
VII. Contribuir para o desenvolvimento de met- do orçamento aprovado para os projetos relaciona-
odologias de planejamento, acompanhamento e dos à segurança dos Grandes Eventos.
avaliação das atividades desempenhadas pela Sec- Art. 38-H. À Diretoria de Operações compete:
retaria Nacional de Políticas sobre Drogas; I. Coordenar o desenvolvimento do planejamento
VIII. Exercer outras atividades que lhe forem de- das ações de segurança pública dos Grandes Even-
terminadas pelo Secretário Nacional de Políticas tos nos níveis estratégico, tático e operacional;
sobre Drogas. II. Coordenar as atividades de treinamento dos ser-
Art. 38-F. Ao Arquivo Nacional, órgão central do Sistema vidores envolvidos nos Grandes Eventos, em sua
de Gestão de Documentos de Arquivo. SIGA, da admin- área de atribuições, em conjunto com a Diretoria
istração pública federal, compete implementar a política de Projetos Especiais; e
nacional de arquivos, definida pelo Conselho Nacional de
Arquivos. CONARQ, órgão central do Sistema Nacional de III. Coordenar as atividades dos Centros de Coman-
Arquivos. SINAR, por meio da gestão, do recolhimento, do do e Controle Nacional, Regionais, Locais e Móveis
tratamento técnico, da preservação e da divulgação do e o Centro de Comando e Controle Internacional,
patrimônio documental do Governo Federal, garantindo acompanhando, em conjunto com a Diretoria de
pleno acesso à informação, visando apoiar as decisões Logística, sua implementação.
governamentais de caráter político-administrativo, o Art. 38-I. À Diretoria de Inteligência compete:
cidadão na defesa de seus direitos e de incentivar a pro-
I. Coordenar o desenvolvimento das atividades de
dução de conhecimento científico e cultural.
Inteligência, nos níveis estratégico, tático e opera-
Art. 38-G. À Secretaria Extraordinária de Segurança cional, em proveito das operações de segurança
para Grandes Eventos compete: para os Grandes Eventos;
I. Assessorar o Ministro de Estado da Justiça, no II. Promover, com os órgãos componentes do
âmbito de suas competências; Sistema Brasileiro de Inteligência. SISBIN, o inter-
II. Planejar, definir, coordenar, implementar, acom- câmbio de dados, informações e conhecimentos,
panhar e avaliar as ações de segurança para os necessários à tomada de decisões administrativas
Grandes Eventos; e operacionais por parte da Secretaria Extraor-
III. Elaborar propostas de legislação e regulamen- dinária de Segurança para Grandes Eventos;
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tação nos assuntos de sua competência; III. Supervisionar o processo de credenciamento
IV. Promover a integração entre os órgãos de segu- das pessoas envolvidas nos Grandes Eventos;
rança pública federais, estaduais, distritais e mu- IV. Promover ações de capacitação dos servidores
nicipais envolvidos com a segurança dos Grandes que irão atuar nos Grandes Eventos na área de in-
Eventos; teligência, em parceria com a Diretoria de Projetos
V. Articular-se com os órgãos e as entidades, gover- Especiais e órgãos do SISBIN; e
namentais e não governamentais, envolvidos com a V. Coordenar as atividades de produção e proteção
segurança dos Grandes Eventos, visando à coorde- de conhecimentos dos centros de integração de
nação e supervisão das atividades; inteligência relacionados aos Grandes Eventos,
VI. Estimular a modernização e o reaparelhamen- acompanhando, em conjunto com a Diretoria de
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
to dos órgãos e entidades, governamentais e não Logística, seu planejamento, implementação e fun-
governamentais envolvidos com a segurança dos cionamento.
Grandes Eventos; Art. 38-J. À Diretoria de Logística compete:
VII. Promover a interface de ações com organismos, I. Coordenar e prover meios para o desempenho
governamentais e não governamentais, de âmbito das atividades inerentes ao funcionamento da
nacional e internacional, na área de sua competên- estrutura organizacional da Secretaria Extraor-
cia; dinária de Segurança para Grandes Eventos;
VIII. Realizar e fomentar estudos e pesquisas volta- II. Articular-se com as demais Diretorias para o
dos para a redução da criminalidade e da violência desenvolvimento do planejamento e da gestão
nos Grandes Eventos; orçamentária e financeira da Secretaria Extraor-
IX. Etimular e propor aos órgãos federais, estadu- dinária de Segurança para Grandes Eventos;
ais, distritais e municipais, a elaboração de planos III. Realizar a gestão documental da Secretaria Ex-
e programas integrados de segurança pública, ob- traordinária de Segurança para Grandes Eventos;
jetivando a prevenção e a repressão da violência e IV. Planejar e executar atos de natureza orça-
da criminalidade durante a realização dos Grandes mentária e financeira da Secretaria Extraordinária 403
Eventos; de Segurança para os Grandes Eventos;
V. Promover a aquisição de bens e serviços mente de cada local, visando à redução da crimi-
404 necessários às ações de segurança dos Grandes nalidade e da violência; e
Eventos; VII. Disseminar o conceito de segurança cidadã e
VI. Definir a estrutura e infraestrutura de tecno- as novas ações e metodologias desenvolvidas na
logia da informação e comunicações necessárias área de segurança de Grandes Eventos, em partic-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
para as ações de segurança dos Grandes Eventos; ular quanto ao legado social, junto a instituições
VII. Articular-se para integrar as bases de da- governamentais e não governamentais e às comu-
dos e sistemas automatizados e de comunicação nidades envolvidas.
necessários à segurança dos Grandes Eventos;
Dos Órgãos Colegiados
VIII. Definir os perfis dos recursos humanos
Art. 39. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e
necessários ao adequado funcionamento das es-
Penitenciária compete:
truturas de tecnologia da informação e comuni-
cação dos Grandes Eventos; e I. Propor diretrizes da política criminal quanto à
IX. Articular-se com os órgãos governamentais
prevenção do delito, administração da Justiça
e não governamentais, além de organizações Criminal e execução das penas e das medidas de
multilaterais, para a celebração de convênios e segurança;
termos de cooperação, visando à otimização das II. Contribuir na elaboração de planos nacionais
aquisições de material e tecnologia necessários à de desenvolvimento, sugerindo as metas e pri-
segurança dos Grandes Eventos. oridades da política criminal e penitenciária;
Art. 38-K. À Diretoria de Projetos Especiais compete: III. Promover a avaliação periódica do sistema crim-
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I. Articular-se com as instâncias de Governo Fed- inal para a sua adequação às necessidades do País;
eral, Estadual, Distrital e Municipal das áreas dos IV. Estimular e promover a pesquisa no campo da
Grandes Eventos, bem como com organizações criminologia;
multilaterais e entidades privadas de interesse dos V. Elaborar programa nacional penitenciário de
projetos, de forma a estabelecer canais de rela- formação e aperfeiçoamento do servidor;
cionamento, comunicação e ação que garantam o VI. Estabelecer regras sobre a arquitetura e con-
alcance dos objetivos dos projetos sociais estabe- strução de estabelecimentos penais e casas de
lecidos pela Diretoria; albergados;
II. Desenvolver programas e ações de segurança, VII. Estabelecer os critérios para a elaboração da
principalmente de caráter educativo e cidadão, estatística criminal;
com foco nas comunidades de maior vulnerabili- VIII. Inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos
dade social nas áreas dos Grandes Eventos, inclu- penais, bem assim informar-se, mediante relatóri-
sive por meio do fomento financeiro a programas os do Conselho Penitenciário, requisições, visitas
governamentais e não governamentais, respeitan- ou outros meios, acerca do desenvolvimento da
do as peculiaridades de cada comunidade; execução penal nos Estados e Distrito Federal, pro-
III. Apoiar a reconstituição de espaços urbanos das pondo às autoridades dela incumbida as medidas
áreas de Grandes Eventos, mediante a implan- necessárias ao seu aprimoramento;
tação de ações voltadas para locais considerados IX. Representar ao Juiz da Execução ou à autoridade
de alto risco em termos de violência, criminalidade administrativa para instauração de sindicância ou
e desastres; procedimento administrativo, em caso de violação
IV. Elaborar minutas de editais, termos de referên- das normas referentes à execução penal; e
cias e outros documentos inerentes à contratação X. Representar à autoridade competente para a in-
de especialistas consultores para os diferentes terdição, no todo ou em parte, de estabelecimento
projetos, em conjunto com a Diretoria de Logística, penal.
submetendo-os ao Secretário da Secretaria Ex-
traordinária de Segurança para Grandes Eventos, Art. 40. REVOGADO
para análise e aprovação; Art. 41. Ao Conselho Federal Gestor do Fundo de Def-
V. Articular-se com os órgãos governamentais, en- esa dos Direitos Difusos cabe exercer as competências
tidades não governamentais e organizações multi- estabelecidas na Lei nº 9.008, de 1995.
laterais, visando ao planejamento, implementação Art. 42. Ao Conselho Nacional de Combate à Pirataria
e acompanhamento dos projetos de capacitação e Delitos contra a Propriedade Intelectual cabe exercer
nos Grandes Eventos, em conjunto com as Direto- as competências estabelecidas no Decreto nº 5.244, de
rias de Operações e de Inteligência, de acordo com 14 de outubro de 2004.
a natureza da capacitação; Art. 42-A. Ao CONAD cabe exercer as competências
VI. Fomentar financeiramente instituições gover- estabelecidas no Decreto nº 5.912, de 27 de setembro
namentais e não governamentais nas áreas dos de 2006.
Grandes Eventos, por meio de convênios e editais Art. 42-B. Ao Conselho Nacional de Arquivos.
de seleção, a partir de levantamento situacional CONARQ. cabe exercer as competências estabelecidas
da criminalidade que indique a necessidade pre- no Decreto nº 4.073, de 3 de janeiro de 2002.
Capítulo IV. Das Atribuições diligências, processos, documentos, informações,
esclarecimentos e demais providências necessárias
dos Dirigentes à atuação da Defensoria Pública da União;
Do Secretário-Executivo XVII. Aplicar a pena da remoção compulsória,
Art. 43. Ao Secretário-Executivo incumbe: aprovada pelo voto de dois terços do Conselho Su-
perior da Defensoria Pública da União, assegurada
I. Coordenar, consolidar e submeter ao Ministro de
Estado o plano de ação global do Ministério; ampla defesa; e
XVIII. Delegar atribuições à autoridade que lhe seja
II. Supervisionar e avaliar a execução dos projetos e
atividades do Ministério; subordinada, na forma da lei.
III. Supervisionar e coordenar a articulação dos Dos Secretários e dos Diretores-Gerais
órgãos do Ministério com os órgãos centrais dos Art. 45. Aos Secretários e aos Diretores-Gerais incum-
sistemas afetos à área de competência da Secre- be planejar, dirigir, coordenar, orientar, acompanhar e
taria Executiva; avaliar a execução das atividades dos órgãos das suas
IV. Exercer outras atribuições que lhe forem com- respectivas Secretarias ou Departamentos e exercer
etidas pelo Ministro de Estado. outras atribuições que lhes forem cometidas em reg-
Do Defensor Público-Geral imento interno.
Art. 44. Ao Defensor Público-Geral incumbe: Dos demais Dirigentes
I. Dirigir a Defensoria Pública da União, superin- Art. 46. Ao Chefe de Gabinete, ao Consultor Jurídi-
tender e coordenar suas atividades e orientar-lhe co, ao Subsecretário, aos Diretores, aos Correge-
a atuação; dores-Gerais, aos Presidentes dos Conselhos, aos Coor-
II. Representar a Defensoria Pública da União judi- denadores-Gerais, aos Superintendentes e aos demais
cial e extrajudicialmente; dirigentes incumbe planejar, dirigir, coordenar e orien-
III. Velar o cumprimento das finalidades da Insti- tar a execução das atividades das respectivas unidades
tuição; e exercer outras atribuições que lhes forem cometidas,
IV. Integrar, como membro nato, e presidir o Con- em suas respectivas áreas de competência.
selho Superior da Defensoria Pública da União; Das Disposições Gerais
V. Baixar o regimento interno da Defensoria Pública Art. 47. Os regimentos internos definirão o detalha-
da União; mento dos órgãos integrantes da estrutura regimen-
VI. Autorizar os afastamentos dos membros da De- tal, as competências das respectivas unidades e as
fensoria Pública da União; atribuições de seus dirigentes.
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VII. Estabelecer a lotação e a distribuição dos
membros e dos servidores da Defensoria Pública ANOTAÇÕES
da União;
VIII. Dirimir conflitos de atribuições entre membros
da Defensoria Pública da União, com recurso para
seu Conselho Superior;
IX. Proferir decisões nas sindicâncias e processos
administrativos disciplinares promovidos pela Cor-
regedoria-Geral da Defensoria Pública da União;
X. Instaurar processo disciplinar contra membros
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
ÍNDICE
1. Teorias Administrativas............................................................................................ 407
2. Processo Administrativo (Organizacional) ................................................................ 417
3. Cultura Organizacional ............................................................................................ 445
4. Administração Pública ............................................................................................. 450
5. Gestão da Qualidade................................................................................................ 462
6. Gestão de Projetos ...................................................................................................479
7. Planejamento Estratégico ........................................................................................ 486
8. Trabalho em Equipe................................................................................................. 496
9. Comunicação Organizacional ................................................................................... 499
10. Processo Decisório ..................................................................................................502
11. Gestão de Processos ................................................................................................505
12. Balanced Scorecard .................................................................................................. 511
13. Conceitos Introdutórios ........................................................................................... 514
14. Orçamento Público ................................................................................................. 519
15. Sistema de Planejamento e Orçamento Brasileiro .....................................................523
16. Instrumentos de Planejamento PPA, LDO e LOA .......................................................528
17. Mecanismos de Ajustes Orçamentários.................................................................... 544
18. Ciclo Orçamentário - Processo Orçamentário .......................................................... 549
19. Sistemas de Informações de Planejamento e Orçamento .......................................... 551
20. Princípios Orçamentários........................................................................................562
21. Conta Única do Tesouro Nacional .............................................................................574
22. Receita Pública .......................................................................................................576
23. Despesa Pública .....................................................................................................592
24. Restos a Pagar........................................................................................................ 610
25. Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) ................................................................ 613
26. Suprimento de Fundos (Regime de Adiantamento) ................................................. 614
27. Dívida Ativa............................................................................................................ 619
28. Programação e Execução Orçamentária e Financeira ............................................... 621
29. Listas de Siglas e Abreviações .................................................................................628
30. Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal ..................................................628
31. Conceitos Orçamentários........................................................................................ 630
32. Receita .................................................................................................................. 630
33. Despesa .................................................................................................................637
1. Teorias Administrativas E quem eram os operários? A indústria na época contrata-
va, em grande parte, os moradores do campo, que eram atraí-
dos por melhores salários. Assim, estes trabalhadores chega-
Conceito de Administração vam às indústrias sem qualificação específica e efetuavam um
A Administração (do latim: administratione) é o conjun- trabalho basicamente manual (ou “braçal”).
to de atividades voltadas à direção de uma organização. Tais
Então, procuremos imaginar a situação: a empresa precis-
atividades devem fazer uso de técnicas de gestão para que
seus objetivos sejam alcançados de forma eficaz e eficiente, ava de produtividade, mas os funcionários não tinham a ca-
com responsabilidade social e ambiental. pacitação necessária; era um caos total.
Lacombe (2003, p.4) afirma que a essência do trabalho do Com isso, existia um ambiente de grande desperdício e
administrador é obter resultados por meio das pessoas que ele baixa eficiência nas indústrias. O primeiro teórico a buscar mu-
coordena. A partir desse raciocínio de Lacombe, temos o papel dar esta realidade foi Frederick Taylor, por isso que a Teoria
do “Gestor Administrativo” que, com sua capacidade de gestão Científica pode ser chamada também de Taylorismo.
com as pessoas, consegue obter os resultados esperados. Nas fábricas, os funcionários faziam seu trabalho de forma
Drucker (1998, p. 2) conceitua que administrar é manter as organizações
coesas, fazendo-as funcionar.
empírica, ou seja, na base da tentativa e do erro. Os gerentes
Administrar como processo significa planejar, organizar, não estudavam as melhores formas de se trabalhar. Os fun-
dirigir (coordenar e liderar), e controlar organizações e/ou cionários não se comprometiam com os objetivos (de acordo
tarefas, tendo como objetivo maior produtividade e/ou lucra- com Taylor, ficavam “vadiando”) e cada um fazia o trabalho
tividade. Para se chegar a isso, o administrador avalia os obje- como “achava melhor” – não existia, assim, uma padronização
tivos organizacionais e desenvolve as estratégias necessárias dos processos de trabalho. Os funcionários utilizavam técnicas
para alcançá-los. Este profissional, no entanto, não tem apenas diferentes para realizar o mesmo trabalho e eram propensos a
função teórica, ele é responsável pela implantação de tudo que
“pegar leve”.
planejou e, portanto, vai ser aquele que define os programas e
métodos de trabalho, avaliando os resultados e corrigindo os Taylor acreditava que o trabalho poderia ser feito de modo
setores e procedimentos que estiverem com problemas. Como muito mais produtivo. A Administração Científica buscou, en-
é função do administrador que a produtividade e/ou lucros se- tão, a melhoria da eficiência e da produtividade.
jam altos, ele também terá a função de fiscalizar a produção Frederick Taylor era engenheiro mecânico e constante-
e, para isso, é necessário que fiscalize cada etapa do processo,
controlando inclusive os equipamentos e materiais (recursos) mente se irritava com a ineficiência e incompetência dos fun-
envolvidos na produção, para evitar desperdícios e prejuízos cionários.
para a organização. Texto retirado e adaptado de:
A Administração é uma ciência como qualquer outra e, (CHIAVENATO, História da Administração: entendendo a
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como ocorre com todas as ciências, foi necessário o desen- Administração e sua poderosa influência no mundo moderno,
volvimento de teorias que explicassem e orientassem as or- 2009)
ganizações. De vez em quando essa evolução é abordada em
(Andrade &Amboni, 2011)
concursos, e quando isso acontece, o conteúdo está especifi-
cado como Teorias Administrativas ou Teoria Científica, Clássi- (CHIAVENATO, Introdução à teoria geral da Administração,
ca, Burocrática, Relações Humanas, Estruturalista, Sistêmica e 2011)
Contingencial. Taylorismo: é sinônimo de Administração Científica. Muitos
autores se referem a esta teoria fazendo alusão ao nome de seu
Teorias Administrativas - principal autor: Frederick Taylor.
Principais Escolas - Características Ele passou a estudar então a “melhor maneira” de se
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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como a empresa está organizada de uma maneira geral. Economicus”.
Foi, portanto, um dos pioneiros no que se chamou de Além disso, também se preocupava mais com os aspec-
teóricos fisiologistas da Administração. Assim, o escopo do tos internos das organizações, sem analisar as inter-relações
trabalho do administrador foi bastante ampliado dentro da e trocas entre a organização e o seu ambiente externo. Assim,
visão de Fayol. também era uma teoria de sistema fechado.
Fayol é considerado o “pai da teoria administrativa”, pois Fayol estabeleceu quatorze princípios gerais da Adminis-
buscou instituir princípios gerais do trabalho de um admin- tração, que orientariam a gestão das organizações para buscar
istrador. Seu trabalho ainda é (após um século) considerado maior eficiência e produtividade:
como relevante para que possamos entender o trabalho de um ▷ Divisão do trabalho: consiste na especialização das
gestor atual. Ele foi capaz de definir funções empresariais, as tarefas e das pessoas para aumentar a eficiência.
▷ Autoridade e responsabilidade: autoridade é o
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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como a raiva, o ódio, o amor, ou seja, as emoções e as irra-
ciência e lentidão, pois conhecemos os defeitos do modelo (que
cionalidades. As pessoas devem ser promovidas por mérito,
chamamos de disfunções da Burocracia), mas ele foi um passo
e não por ligações afetivas. O poder é ligado não às pessoas,
mas aos cargos – só se tem o poder em decorrência de estar adiante na sua época. A Burocracia veio para modernizar o Estado
ocupando um cargo. e a sua gestão.
Profissionalização – as organizações são comandadas por Na Burocracia, existe uma desconfiança extrema em
especialistas, remunerados em dinheiro e não em honrarias, relação às pessoas. Portanto, são desenvolvidos controles dos
títulos de nobreza, sinecuras (cargos rendosos), prebendas (de processos e dos procedimentos, de forma a evitar os desvios.
pouco trabalho), etc., contratados pelo seu mérito e seu conhec- Acreditava-se que, com o controle rigoroso, eliminar-se-iam a
imento (e não por alguma relação afetiva ou emocional). corrupção e o nepotismo, e a eficiência seria alcançada.
O modelo burocrático, que se caracterizou pela meritocracia Ou seja, os funcionários tinham pouca discricionariedade,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
na forma de ingresso nas carreiras públicas, mediante concursos ou liberdade de escolha da melhor estratégia para resolver um
públicos, buscou eliminar o hábito arraigado do modelo patri- problema ou atender seus clientes. Tudo era padronizado, man-
monialista de ocupar espaço no aparelho do Estado por meio ualizado. Com isso, os servidores passaram a se preocupar mais
de trocas de cargos públicos por favores pessoais ao soberano. em seguir regulamentos do que em atingir bons resultados.
Neste modelo, as pessoas seriam nomeadas por seus con- Devemos entender que nenhum modelo existiu isolada-
hecimentos e habilidades, não por seus laços familiares ou de mente, mas que todos conviveram e convivem juntos. O modelo
amizade. Prebendas e sinecuras, características do modelo de gestão pública almejado no presente momento é o gerencial,
patrimonialista, ou seja, aquelas situações em que pessoas mas ainda é muito forte a presença do modelo burocrático e, in-
ocupam funções no governo ganhando uma remuneração felizmente, do próprio modelo patrimonialista na Administração
em troca de pouco ou nenhum trabalho, são substituídas pelo Pública brasileira. Ou seja, nunca aplicamos o modelo “puro”
concurso público e pela noção de carreira. da Burocracia Weberiana. Atenção: as bancas costumam co-
Desta forma, o que se busca é a profissionalização do brar muito isso.
funcionário, sua especialização. De acordo com Weber, cada A Burocracia foi implementada, mas nunca consolidada no
funcionário deve ser um especialista no seu cargo. Assim, deve Brasil. Atualmente, com o modelo Gerencial, busca-se a quali-
ser contratado com base em sua competência técnica e ter um dade e a eficiência, mas isso já é outro assunto - é Administração 411
plano de carreira, sendo promovido devido à sua capacidade. Pública - e nós estamos focando na Administração Geral.
As principais disfunções da Burocracia são: empregados. Ele ficou sem compreender, aperfeiçoou o estu-
412 Dificuldade de resposta às mudanças no meio exter- do e percebeu que a motivação interferia na produtividade.
no – visão voltada excessivamente para as questões internas As funcionárias que estavam sendo observadas se sentiram
(sistema fechado, ou seja, autorreferente, com a preocupação especiais, e isso foi, na verdade, o que as motivou, e não a ilu-
não nas necessidades dos clientes, mas nas necessidades in- minação em si.
ternas da própria Burocracia). Essas trabalhadoras passaram a se sentir importantes.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Rigidez e apreço extremo às regras – o controle é sobre Passaram a perceber que seu trabalho estava sendo observado
procedimentos e não sobre resultados, levando à falta de cria- e medido por pesquisadores. Com isso, esforçavam-se mais. A
tividade e ineficiências. iluminação em si era um aspecto menor. Já o sentimento de
orgulho por fazer um trabalho bem feito era fundamental para
Perda da visão global da organização – a divisão de
o aumento da produtividade.
trabalho pode levar a que os funcionários não tenham mais a
compreensão da importância de seu trabalho nem quais são as Com essas descobertas, todo o enfoque da Administração
necessidades dos clientes. foi alterado. O foco de um gestor não deveria ser voltado aos
aspectos fisiológicos do trabalhador, mas aos aspectos emo-
Lentidão no processo decisório – hierarquia, formalidade
cionais e psicológicos. Com esse aparecimento da noção de
e falta de confiança nos funcionários levam a uma demora na
que a produtividade está ligada ao relacionamento entre as
tomada de decisões importantes.
pessoas e o funcionamento dos grupos dentro de uma empre-
Excessiva formalização – em um ambiente de mudanças sa, nasceu essa nova teoria. O conceito que se firmou, então,
rápidas, não é possível padronizar e formalizar todos os pro- foi o de homem social.
cedimentos e tarefas, gerando uma dificuldade da organização
De acordo com Sobral, as conclusões da pesquisa de Haw-
de se adaptar a novas demandas. A formalização também difi-
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thorne foram:
culta o fluxo de informações dentro da empresa.
▷ A integração social afeta a produtividade – as-
sim, não é capacidade individual de cada funcionário
Teoria das Relações Humanas o que define sua produtividade, e sim a sua capaci-
dade social, sua integração no grupo.
O crescimento das ciências sociais, como a Psicologia, levou
a diversos estudos dentro do contexto do homem no trabalho. ▷ O comportamento é determinado pelas regras
Além disso, no início da década de 1930, a economia passou do grupo – os funcionários não agem isoladamente
por uma grande depressão em todo o mundo. Com a crise, o ou “no vácuo”, mas como membros de um grupo.
desemprego cresceu muito. As más condições de trabalho pre- ▷ As organizações são formadas por grupos infor-
dominavam na indústria, e os conflitos entre trabalhadores e mais e formais – volta-se o foco para os grupos que
patrões estavam aumentando. Nessa época ocorreram muitas existem de modo informal na empresa e que não são
greves e conflitos nas fábricas por todo o mundo. relacionados aos cargos e funções.
A ideia de que o homem deveria ser uma engrenagem de ▷ A supervisão mais cooperativa aumenta produ-
uma “máquina” passou a não ser mais aceita. O Taylorismo tividade – o supervisor mais eficaz é aquele que tem
começou a ser criticado por não se preocupar com o aspecto habilidade e capacidade de motivar e liderar seus fun-
humano. Além disso, a produtividade prometida, muitas vez- cionários em torno dos objetivos da empresa.
es, não se concretizou. Neste cenário, a Teoria das Relações ▷ A autoridade do gerente deve se basear em
Humanas começou a tomar forma. competências sociais – o gerente deve ser capaz
Assim, a Teoria das Relações Humanas buscou o aumento de interagir, motivar e comandar seus funcionários.
da produtividade por meio de uma atenção especial às pes- Apenas o fato de ter conhecimento técnico dos mét-
soas. De acordo com seus teóricos, se os gestores entendes- odos de produção não é mais visto como o bastante.
sem melhor seus funcionários e se “adaptassem” a eles, as Desta maneira, a Teoria das Relações Humanas trouxe
suas organizações teriam um maior sucesso. para o debate a necessidade de se criar um ambiente de tra-
Dentre os estudos que impulsionaram esta teoria, de- balho mais desafiador e de se compreender a influência da
stacou-se o trabalho de um pesquisador de Harvard: Elton motivação e dos aspectos de liderança na produtividade das
Mayo. organizações.
Este autor desenvolveu uma pesquisa dentro de uma in- Além disso, as recompensas não poderiam ficar reduzidas
dústria da empresa Western Electric, em Hawthorne. Seu in- aos aspectos materiais. O reconhecimento social é uma força
tuito inicial foi o de entender o efeito da iluminação no desem- motivadora, e um ambiente de trabalho saudável também influ-
penho humano. encia na produtividade.
Ele iniciou os estudos em um grupo de mulheres operárias Apesar disso, a Teoria das Relações Humanas recebeu mui-
de uma fábrica. Dividiu o grupo em duas partes: uma ele deix- tas críticas. A primeira delas é a de que permaneceu a análise
ou da mesma forma de antes, serviria como grupo de controle; da organização como se ela existisse “no vácuo”, sem se rel-
e o outro grupo seria cuidadosamente estudado e observado. acionar com o “mundo exterior”. Ou seja, a abordagem de
A Teoria de Relações Humanas utilizou métodos científicos sistema fechado se manteve.
de pesquisa. A segunda é a de que nem sempre funcionários “feliz-
A surpresa de Mayo foi descobrir que a mudança na ilu- es” e satisfeitos são produtivos. Ou seja, apenas os aspectos
minação - seja ela qual fosse – aumentava a motivação dos psicológicos e sociais não explicam de todo o fator produ-
tividade. Outra crítica é a de que existiu uma “negação” do planejamento do trabalho, estresse no trabalho, entre outros
conflito inerente entre os funcionários e a empresa. Os obje- que compõem os fatores que influenciam o comportamento
tivos individuais são muitas vezes diferentes dos objetivos das pessoas.
organizacionais. Este conflito deve ser administrado, e não
“negado”. Principais Teorias sobre Motivação
Assim, podemos dizer que a Teoria das Relações Humanas Para explicar o comportamento organizacional, a teoria
se “esqueceu” dos aspectos técnicos envolvidos na produ-
comportamental fundamenta-se no comportamento individ-
tividade. O aspecto humano é importante, mas não é a única
variável da produtividade e do sucesso de uma organização. ual das pessoas. Para explicar como as pessoas se comportam,
estuda-se a motivação humana. O administrador precisa con-
Abordagem Comportamental hecer as necessidades humanas para melhor compreender o
da Administração comportamento humano e utilizar a motivação humana como
A teoria Comportamental da Administração, também con- poderoso meio para melhorar a qualidade de vida, dentro das
hecida como Comportamentalista ou Behaviorismo (do inglês organizações.
behavior, comportamento), trouxe uma nova concepção e
Motivação é o motivo que a pessoa tem para agir.
um novo enfoque dentro da Teoria Administrativa: a abord-
agem da ciência do comportamento (Behavioral Sciences Ap- Motivo é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de de-
proach), é um movimento de oposição às Teorias Clássica e terminada forma ou, pelo menos, que dá origem a um compor-
de Administração Científica, que, respectivamente, focaram a tamento específico. Porém, os motivos variam de acordo com
estrutura e a produção (o processo). Essa abordagem é uma valores, expectativas e anseios de cada pessoa, pois estas re-
evolução da teoria das relações humanas, a qual se preocupa
com o indivíduo e como ele funciona - como age e reage aos alizam atividades, trabalhos por interesses distintos e possuem
estímulos externos, o que deu início aos estudos sobre o com- atitudes diferentes, e consequentemente, comportam-se de
portamento organizacional. maneira específica. O impulso à ação pode ser provocado por
Portanto, os comportamentalistas foram estudiosos um estímulo externo (extrínseco - provindo do ambiente) e
preocupados com o indivíduo, sua importância e seu impacto pode também ser gerado internamente (intrínseco) nos proces-
nas organizações, tendo contribuição tanto da Teoria Clássica, sos mentais do indivíduo.
como da Escola das Relações Humanas. Tal teoria surgiu nos
Estados Unidos em 1947, com a contribuição principalmente Abordagem Neoclássica
de McGregor, Maslow e Herzberg, entre outros.
A Abordagem Comportamental enfatiza as Ciências do da Administração
Comportamento na Teoria da Administrativa e a busca de saí- No início da década de 1950, na Teoria Administrativa,
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das democráticas e flexíveis para os problemas organizacio- ocorreu um período de intensa remodelação. A Segunda
nais. É por meio dessa abordagem que a ansiedade com a
estrutura se arrasta para a preocupação com os processos e Guerra Mundial havia terminado e o mundo passou a con-
com o comportamento das pessoas na organização. Além dis- hecer um extraordinário surto de desenvolvimento industrial
so, predomina a ênfase nas pessoas, inaugurada com a Teoria e econômico sem antecedentes. Em outras palavras, o mun-
das Relações Humanas, mas dentro de um contexto organi- do das organizações introduziu-se em uma etapa de grandes
zacional. mudanças e transformações. Criada por Peter Drucker, Harold
A ciência comportamental é, portanto, o produto da ex- Koontz e Cyril O’Donnell, a qualificação de Teoria Neoclássica
pansão das fronteiras da ciência para incluir o comportamento
humano e a mentalidade, processo grupal, e todos os pro- é, na verdade, um tanto exagerada, já que seus criadores não
cessos peculiares e intrincados de que a mente do homem é desenvolvem exatamente uma escola, mas um movimento
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
na direção dos objetivos a serem alcançados e, por último, o táticos e de planos operacionais, com ênfase na mensuração e
Controle que visa a assegurar se o que foi planejado, organi- no controle a partir dos objetivos departamentais traçados. O ex-
zado e dirigido realmente cumpriu os objetivos pretendidos. ecutivo e o seu superior (ou somente o executivo que, posterior-
Administração por Objetivos mente, obtém a aprovação de seu superior) elaboram os Planos
Táticos adequados para alcançá-los da melhor maneira. Assim, os
A Teoria Neoclássica deslocou progressivamente a atenção planos táticos constituirão os meios capazes de alcançar aqueles
antes colocada nas chamadas atividades-meio para os obje- objetivos departamentais. Na sequência, os planos táticos serão
tivos ou finalidades da organização. O enfoque baseado no desdobrados e melhor detalhados em planos operacionais. Em
processo e a preocupação maior com as atividades (meios) todos esses planos, a APO enfatiza a quantificação, a mensuração
passaram a ser substituídos por enfoque nos resultados e ob- e o controle. Torna-se necessário mensurar os resultados obtidos
jetivos alcançados (fins).
e compará-los com os resultados planejados. São exatamente a
A preocupação de “como” administrar passou à preocu- mensuração e o controle que causam as maiores dificuldades de
pação de “por que” ou “para que” administrar. A ênfase em implantação da APO, pois, se o resultado não pode ser medido, é
fazer corretamente o trabalho (The Best Way, de Taylor), para melhor esquecer o assunto.
alcançar a eficiência, passou a dar ênfase em fazer o trabalho
Contínua avaliação, revisão e reciclagem dos planos. Prati-
mais relevante aos objetivos da organização para alcançar a
camente todos os sistemas de APO possuem alguma forma de
eficácia. O trabalho passou de um fim em si mesmo a um meio
avaliação e de revisão regular do processo efetuado, por meio
de obter resultados.
dos objetivos já alcançados e dos objetivos a serem alcançados,
A APO (Administração por Objetivos), também conheci- permitindo que algumas providências sejam tomadas e que no-
da por Administração por Resultados, constitui um modelo vos objetivos sejam fixados para o período seguinte.
administrativo bastante difundido e plenamente identificado
Participação atuante da chefia; há grande participação do
com o espírito pragmático e democrático da Teoria Neoclássi-
superior. A maior parte dos sistemas de APO envolve mais o su-
ca. Seu aparecimento deu-se em 1954.
perior do que o subordinado. Há casos em que o superior esta-
Peter F. Drucker publicou um livro (Prática de Adminis- belece os objetivos, mensura-os e avalia o progresso. Esse pro-
tração de Empresas), no qual caracterizava pela primeira vez a gresso, frequentemente usado, é muito mais característico do
APO, sendo considerado seu criador. controle por objetivos do que da Administração por Objetivos.
• Características da APO A APO, sem dúvida alguma, representa uma evolução
A APO é uma técnica de direção de esforços por meio do na TGA, apresentando uma nova metodologia de trabalho,
planejamento e do controle administrativo, fundamentados no reconhecendo o potencial dos funcionários das empresas, am-
princípio de que, para atingir resultados, a organização preci- pliando o seu campo de atuação para outros tipos de orga-
sa, antes, definir em que negócio está atuando e que objetivos nizações (e não somente indústrias), permitindo estilos mais
pretende alcançar. democráticos de Administração.
A Administração por Objetivos é um processo pelo qual Essa Teoria já existe há várias décadas e predomina ainda
os gerentes, superior e subordinado, de uma organização hoje em algumas organizações.
identificam objetivos comuns, definem as áreas de respons-
abilidade de cada um, em termos de resultados esperados, Teoria Estruturalista
e usam esses objetivos como guias para a operação dos A Teoria Estruturalista veio como uma crítica tanto às te-
negócios. Obtêm-se objetivos comuns e firmes que elimi- orias clássicas quanto à Teoria das Relações Humanas. Um de
nam qualquer hesitação do gerente, ao lado de uma coesão seus mais importantes teóricos, Amitai Etzione, considerava a
organização como “um complexo de grupos sociais cujos in- ▷ Caixa preta – se relaciona com um sistema em que
teresses podem ou não ser conflitantes”. Dessa maneira, tal te- o “interior” não é facilmente acessível (como o corpo
oria buscou “complementar” ou sintetizar as teorias anteriores humano, por exemplo). Assim, só temos acesso aos
(clássicas e humanas), pois acreditava que estas focavam ape- elementos de entrada e saída para sabermos como
nas em partes do todo. Assim, a ideia principal foi considerar ele funciona.
a organização em todos os aspectos como uma só estrutura Vejamos outros conceitos importantes a seguir, os quais são
– integrando todas as “visões” anteriores. muito abordados em concursos públicos:
Assim, um aspecto importante foi a busca de uma análise ▷ Organizações são sistemas abertos, que influenciam
tanto da organização formal (abordada na teoria clássica) o ambiente e são influenciados por ele.
quanto da informal (abordada na teoria das relações humanas). ▷ Organização é um sistema complexo, com partes in-
Dessa maneira, deveria existir um equilíbrio destas duas visões. ter-relacionadas e interdependentes.
Para os estruturalistas, a sociedade moderna seria uma ▷ Organização está em constante interação com meio
sociedade de organizações. O homem dependeria dessas or- ambiente.
ganizações para tudo, e nelas cumpriria uma série de “papéis”
diferentes. Assim, apareceu o conceito de homem organi- ▷ Feedback – retroalimentação, controle dos resulta-
zacional. Seria o homem que desempenha diversos papéis nas dos, retroinformação.
diversas organizações. Outro conceito foi trazido por Gouldner: ▷ Sinergia – o trabalho em sinergia mostra que o todo
as diferentes concepções das organizações. Para este autor, tem um resultado maior do que a soma das partes.
existiria o modelo racional e o modelo natural de organização. ▷ Holismo – o sistema é um todo. Mudança em uma
O modelo racional seria baseado no controle e no plane- parte afeta as outras partes.
jamento. A ideia era a de um sistema fechado, com pouca ▷ Homeostase – o sistema busca o equilíbrio; é a ca-
incerteza e preocupação para com o “mundo externo” à or- pacidade de a organização fazer mudanças internas
ganização. para se adaptar às mudanças externas.
O outro modelo era o natural. Nele, existiria a noção de que ▷ Equifinalidade – objetivos podem ser alcançados
a realidade é incerta e de que a organização é um conjunto de de várias maneiras; não existe um único modo; é
órgãos inter-relacionados e que são interdependentes. Assim, é possível partir de vários pontos e chegar ao mesmo
um modelo que se preocupa com as “trocas” com o ambiente objetivo.
externo, ou seja, trata-se de um modelo de sistema aberto. ▷ Entropia – tendência de qualquer sistema de se
desintegrar, entrar em desordem, ficar obsoleto, en-
Teoria dos Sistemas trar em desuso e morrer; é necessário evitar a entro-
A Teoria dos Sistemas na Administração - TGS foi derivada pia e buscar a entropia negativa.
do trabalho do biólogo Ludwig Von Bertalanffy. Este teórico ▷ Entropia Negativa – recarga de “energia” e recursos
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criou então a TGS, que buscou ser uma teoria que integrasse no sistema, de maneira a evitar a desintegração, por
todas as áreas do conhecimento. meio de inovação, melhoria, crescimento, desen-
Um sistema, de acordo com Bertalanffy, é um conjunto volvimento e treinamento.
de unidades reciprocamente relacionadas para alcançar um
propósito ou objetivo. Assim, a Teoria dos Sistemas acolheu Teoria Contingencial
o conceito no qual as organizações são sistemas abertos, ou Antigamente, só existiam fábricas e indústrias e esta-
seja, que trocam continuamente energia (ou matéria-prima, belecer regras e normas para um gerenciamento poderia traz-
informações etc.) com o meio ambiente. Portanto, não po- er bons resultados. Mas atualmente existem organizações de
demos entender uma organização sem saber o contexto em diferentes tipos, inclusive virtuais, que oferecem produtos ou
que ela opera. Do mesmo modo, uma organização é a soma serviços. Ou seja, já não podemos afirmar que há uma única e
de suas partes (gerência de marketing, gerência de finanças correta maneira de administrar.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
etc.), e uma área depende da outra – o conceito de interde- Para a Teoria da Contingência, que pode ser chamada de
pendência. Ou seja, é inútil uma área da empresa se sair muito Situacional também, não existe uma “fórmula mágica” para se
bem (área de vendas, por exemplo) se outra área está tendo resolver os problemas das organizações. Cada situação pede
dificuldades (produção, por exemplo). uma resposta diferente. Assim, tudo é relativo. Tudo depende.
No caso citado, a empresa perderia os clientes por não Ou seja, antes que um administrador possa determinar
conseguir cumprir as vendas efetuadas. Dessa forma, o ad- qual é o “caminho” correto para uma empresa, é necessária
ministrador deve ter uma visão do todo. De como as áreas da uma análise ambiental. Assim, dependendo da situação da
organização interagem e quais são as interdependências. empresa, sua estratégia ou a tecnologia envolvida, o “camin-
Os principais conceitos da Teoria dos Sistemas são: ho” será de uma maneira ou de outra.
▷ Entrada – relaciona-se com tudo o que o sistema Estes fatores principais - como o tamanho da empresa e
recebe do ambiente externo para poder funcio- seu ambiente - são considerados contingências, que devem ser
nar: recursos, insumos, dados, etc. analisadas antes de se determinar um curso de ação. Portanto,
▷ Saída – é o que o sistema produz. Uma saída pode não existe mais a “melhor maneira” de se administrar uma or-
ser: uma informação, um produto, um serviço etc. ganização.
▷ Feedback – é o retorno sobre o que foi produzido, de Do mesmo modo, esta teoria postula que existem várias 415
modo que o sistema possa se corrigir ou se modificar. maneiras de se alcançar um objetivo. O que um gestor deve
buscar é um ajuste constante entre a organização e seu meio, Ambiente de Tarefa - é o ambiente mais próximo e ime-
416 suas contingências. diato da organização. É o segmento do ambiente geral do
Dentre estas contingências importantes, Sobral cita: o am- qual uma determinada organização extrai as suas entradas e
deposita as suas saídas. É o ambiente de operações de cada
biente interno e externo, a tecnologia, o tamanho e o tipo de
organização. O ambiente de tarefa é constituído por: fornece-
tarefa. dores de entradas, clientes ou usuários, concorrentes e enti-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
tão sempre em contato, seus membros recebem uma pressão Ambiente Estável: é o ambiente que se caracteriza por
ou influência que é derivada deste contato. pouca ou nenhuma mudança. É o ambiente em que quase não
Nas organizações em rede, em vez da empresa “verti- ocorrem mudanças, ou que, se houver, são mudanças lentas
calizar” sua produção e “fazer tudo sozinha” - como comprar e perfeitamente previsíveis. É um ambiente tranquilo e pre-
uma indústria e contratar funcionários - faz um contrato com visível.
um parceiro que passa a cumprir esta função. Ambiente Instável: é o ambiente dinâmico, que se carac-
teriza por muitas mudanças. É o ambiente em que os agentes
Entretanto, apesar desta teoria acertar ao identificar a re- estão constantemente provocando mudanças e influências
alidade e a complexidade da atuação das organizações atual- recíprocas, formando um campo dinâmico de forças. A in-
mente, acaba “caindo” em um relativismo exagerado. Ou seja, stabilidade provocada pelas mudanças gera incerteza para
para a Teoria da Contingência tudo depende. Desta maneira, a organização. Sendo assim, a análise ambiental é feita pela
não existem prescrições que possam ser generalizadas. Cada análise das variáveis do ambiente de tarefa e do ambiente ger-
caso será sempre um caso específico e que deve ser analisado al e também pela identificação da dinâmica e da diferenciação
dentro de seu contexto. ambiental.
De uma forma geral, a abordagem contingencial coloca a
Além disso, as contingências que influenciam a situação sua maior ênfase no ambiente, de onde se identificam amea-
de uma organização são, muitas vezes, inúmeras. Ou seja, a ças e oportunidades que condicionam as estratégias de ação.
definição do “caminho” a ser seguido por uma empresa pode Também existe forte ênfase na tecnologia, que constitui tanto
ser um trabalho bastante complexo. uma variável interna da organização, como externa (ambien-
tal). Ela também concilia as abordagens de sistemas abertos e
O Ambiente fechados e cria novas tendências para as organizações.
Como na Teoria Contingencial é preciso levar em conta o
ambiente, é necessário também entender o que é o “ambiente”. ANOTAÇÕES
Ele pode ser compreendido como o contexto que envolve exter-
namente a organização. É a situação dentro da qual uma organi-
zação está inserida. Pode ser multivariado e complexo. Torna-se
necessário dividi-lo para poder analisá-lo de acordo com o seu
conteúdo. Sendo assim, é necessário entender o ambiente como
o ambiente geral, e o ambiente de tarefa, conforme a exposição
a seguir:
Ambiente Geral - é o macroambiente, ou seja, ambiente
genérico e comum a todas as organizações. Tudo o que acon-
tece no ambiente geral afeta direta ou indiretamente todas as
organizações. O ambiente geral é constituído de um conjunto
de condições comuns para todas as organizações. As princi-
pais condições são: condições tecnológicas, legais, políticas,
econômicas, demográficas, ecológicas e culturais.
▷
2. Processo Administrativo Organizar e alocar recursos (financeiros, materiais,
ambientais, humanos e tecnológicos).
(Organizacional) ▷ Comunicar, dirigir e motivar as pessoas (liderar).
▷ Negociar.
A Administração (do latim: administratione) é o conjunto ▷ Tomar as decisões.
de atividades voltadas à direção de uma organização. Tais
▷ Mensurar e avaliar (controlar).
atividades devem fazer uso de técnicas de gestão para que
seus objetivos sejam alcançados de forma eficaz e eficiente, Esse conjunto de funções administrativas: Planejar, Organi-
zar, Dirigir e Controlar corresponde ao Processo Organizacional,
com responsabilidade social e ambiental. E o que são as or-
que pode ser chamado também de Processo Administrativo.
ganizações?
Segundo a banca CESPE, “uma organização é o produto Planejamento
da combinação de esforços individuais, visando à realização de O trabalho do administrador não se restringe ao presente,
propósitos coletivos. Por meio de uma organização, é possível ao atual, ao corrente. Ele precisa extrapolar o imediato e se
perseguir ou alcançar objetivos que seriam inatingíveis para projetar para frente. O administrador precisa tomar decisões
uma pessoa”. estratégicas e planejar o futuro de sua organização. Ao tomar
Organizações são, portanto, empreendimentos coletivos, decisões, o administrador configura e reconfigura continua-
com um fim comum. No sentido clássico da Administração mente a sua organização ou a unidade organizacional que ad-
Geral, podem ser analisados como organizações: as empresas ministra. Ele precisa saber em qual rumo deseja que sua orga-
(uma padaria ou o Google), os órgãos públicos, os partidos nização vá em frente, tomar as decisões necessárias e elaborar
políticos, as igrejas, as associações de bairro e outros agrupa- os planos para que isso realmente aconteça. O planejamento
mentos humanos. está voltado para o futuro. E o futuro requer uma atenção es-
Uma característica essencial das organizações é que elas pecial. É para ele que a organização deve estar preparada a
são sistemas sociais, com divisão de tarefas. todo instante.
Lacombe (2003, p.4) diz que a essência do trabalho do Planejamento é a função administrativa que define ob-
administrador é obter resultados por meio das pessoas que jetivos e decide sobre os recursos e tarefas necessários para
ele coordena. A partir desse raciocínio de Lacombe, temos o alcançá-los adequadamente. Como principal decorrência do
papel do “Gestor Administrativo” que, com sua capacidade de planejamento, estão os planos. Os planos facilitam a organi-
gestão com as pessoas, consegue obter os resultados espe- zação no alcance de suas metas e objetivos. Além disso, os
rados. Drucker (1998, p. 2) diz que administrar é manter as planos funcionam como guias ou balizamentos para assegurar
organizações coesas, fazendo-as funcionar. os seguintes aspectos:
Administrar como processo significa planejar, organizar, 1. Os planos definem os recursos necessários para alca-
nçar os objetivos organizacionais.
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dirigir e controlar organizações e/ou tarefas, tendo como ob-
2. Os planos servem para integrar os vários objetivos a
jetivo maior produtividade e/ou lucratividade. Para se chegar
serem alcançados em um esquema organizacional que
a isso, o administrador avalia os objetivos organizacionais e
proporciona coordenação e integração.
desenvolve as estratégias necessárias para alcançá-los. Este 3. Os planos permitem que as pessoas trabalhem em
profissional, no entanto, não tem apenas função teórica, ele diferentes atividades consistentes com os objetivos
é responsável pela implantação de tudo que planejou e, por- definidos; eles dão racionalidade ao processo; são
tanto, será aquele que definirá os programas e métodos de racionais, porque servem de meios para alcançar ad-
trabalho, avaliando os resultados e corrigindo os setores e equadamente os objetivos traçados.
procedimentos que estiverem com problemas. Como é função 4. Os planos permitem que o alcance dos objetivos possa
do administrador que a produtividade e/ou lucros sejam altos, ser continuamente monitorado e avaliado em relação
ele também terá a função de fiscalizar a produção e, para isso, a certos padrões ou indicadores, a fim de permitir a
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
é necessário que fiscalize cada etapa do processo, controlan- ação corretiva necessária quando o progresso não seja
do, inclusive, os equipamentos e materiais envolvidos na pro- satisfatório.
dução, para evitar desperdícios e prejuízos para a organização. O primeiro passo do planejamento consiste na definição dos
A realidade das empresas de hoje é muito diferente das objetivos para a organização. Objetivos são resultados específi-
empresas administradas no passado. Com o surgimento de cos que se pretende atingir. Os objetivos são estabelecidos para
várias inovações tecnológicas e com o próprio desenvolvi- cada uma das subunidades da organização, como suas divisões
mento intelectual do homem, é necessário muito mais do que ou departamentos etc. Uma vez definidos, os programas são es-
intuição e percepção das oportunidades. A administração ne- tabelecidos para alcançar os objetivos de maneira sistemática
cessita de um amplo conhecimento e a aplicação correta dos e racional. Ao selecionar objetivos e desenvolver programas, o
princípios técnicos até agora formulados, a necessidade de administrador deve considerar sua viabilidade e aceitação pelos
combinar os meios e objetivos com eficiência e eficácia. gerentes e funcionários da organização.
Principais Funções Administrativas Objetivos e Metas
▷ Fixar objetivos. Objetivo é um resultado desejado que se pretende alcançar
▷ Analisar: conhecer os problemas. dentro de um determinado período de tempo. Os objetivos 417
▷ Solucionar problemas. organizacionais podem ser rotineiros, inovadores e de aper-
feiçoamento. A partir dos objetivos se estabelece a estratégia do que em explorar oportunidades ambientais futuras.
418 adequada para alcançá-los. Enquanto os objetivos são qualitati- Sua base é predominantemente retrospectiva no sen-
vos, as metas são quantitativas. Ex.: uma determinada empresa tido de aproveitar a experiência passada e projetá-la
estabeleceu como objetivo aumentar as vendas, e a meta é de para o futuro.
R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais); os objetivos só serão al- 2. Planejamento otimizante (retrospectivo): É o planeja-
cançados se as vendas chegarem às metas estabelecidas. mento voltado para a adaptabilidade e inovação den-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
▷ É projetada em longo prazo e define o futuro e des- de compatibilizar os diferentes interesses envolvidos,
tino da organização. elaborando uma composição capaz de levar a resul-
▷ Envolve a empresa na sua totalidade. tados para o desenvolvimento natural da empresa
e ajustá-la às contingências que surgem no meio do
▷ É um mecanismo de aprendizagem organizacional. caminho. O planejamento adaptativo procura reduzir
Planejar significa olhar para frente, visualizar o futuro e o o planejamento retrospectivo voltado para a elimi-
que deverá ser feito; elaborar bons planos é ajudar as pessoas nação das deficiências localizadas no passado da or-
a fazer hoje as ações necessárias para melhor enfrentar os de- ganização. Sua base é predominantemente aderente
safios do amanhã. Em outros termos, o planejamento, consti- no sentido de ajustar-se às demandas ambientais e
tui hoje uma responsabilidade essencial em qualquer tipo de preparar-se para as futuras contingências.
organização ou de atividade. Em todos os casos, o planejamento consiste na tomada
O planejamento constitui a função inicial da administração. antecipada de decisões. Trata-se de decidir , no momento pre-
Antes que qualquer função administrativa seja executada, a sente, o que fazer antes da ocorrência da ação necessária. Não
administração precisa planejar, ou seja, determinar os objeti- se trata simplesmente da previsão das decisões que deverão
vos e os meios necessários para alcançá-los adequadamente. ser tomadas no futuro, mas da tomada de decisões que pro-
O Planejamento como uma duzirão efeitos e consequências futuras.
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seguir através do que foi planejado e tomar as ações mento parte do princípio de que nenhuma empresa é a mel-
corretivas à medida que se tornarem necessárias. hor em tudo, o que implica reconhecer que existe no mercado
Nem sempre o planejamento é feito por administradores quem faz melhor do que nós. Habitualmente, um processo de
ou por especialistas trancados em salas e em apenas algumas benchmarking arranca quando se constata que a empresa
épocas predeterminadas. Embora seja uma atividade voltada está diminuindo a sua rentabilidade. Quando a aprendizagem
para o futuro, o planejamento deve ser contínuo e permanente resultante de um processo de benchmarking é aplicada de
e, se possível, abrangendo o maior número de pessoas na sua forma correta, facilita a melhoria do desempenho em situ-
elaboração e implementação. Em outras palavras, o planeja- ações críticas no seio de uma empresa.
mento deve ser constante e participativo. A descentralização Em outras palavras, benchmarking é a técnica por meio da
proporciona a participação e o envolvimento das pessoas em qual a organização compara o seu desempenho com o de
todos os aspectos do seu processo. É o chamado planejamento
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
O planejamento oferece inúmeras vantagens nessas 1. O planejamento é orientado para mudanças. Ajuda
situações, inclusive melhora a capacidade da empresa de se a antecipar problemas que certamente aparecerão e
adaptar às mudanças (flexibilidade organizacional), ajuda na a aproveitar oportunidades à medida que se defronta
coordenação e na administração do tempo. com novas situações.”
Vejamos algumas vantagens:
▷ permite utilizar os recursos de forma eficaz (alcance
Tipos de Planejamento
de resultados) e eficiente (economia); O planejamento é feito através de planos. O administrador
▷ aumenta o conhecimento sobre o negócio/projeto e deve saber lidar com diferentes tipos de planos. Estes podem
seu potencial de mercado; incluir períodos de longo, médio e curto prazo, como podem en-
▷ facilita a percepção de novas oportunidades ou riscos volver a organização inteira, uma divisão ou departamento ou
e aumenta a sensibilidade do empresário/executivo ainda uma tarefa. O planejamento é uma função administrativa
frente a problemas futuros; que se distribui entre, todos os níveis organizacionais. Embora
o seu conceito seja exatamente o mesmo, em cada nível orga-
▷ cria um “espírito de negócio” e comprometimento
nizacional, o planejamento apresenta características diferentes.
com o negócio/projeto, tanto em relação ao “dono”
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ou responsável pelo negócio, como também junto O planejamento envolve uma volumosa parcela da atividade
aos funcionários/parceiros envolvidos; organizacional. Com isso, queremos dizer que toda organização
▷ determina tarefas e prazos com responsabilidade está sempre planejando: o nível institucional elabora generica-
definida, viabilizando o controle do processo e do mente o planejamento estratégico, o nível intermediário seg-
andamento do negócio; ue-o com planos táticos e o nível operacional traça detalhada-
mente os planos operacionais. Cada qual dentro de sua área de
▷ deixa claro para o empresário/executivo qual é o dif-
competência e em consonância com os objetivos globais da or-
erencial competitivo de seu negócio;
ganização. O planejamento impõe racionalidade e proporciona
▷ pode ser utilizado como suporte para conseguir o rumo às ações da organização. Além disso, estabelece coorde-
credibilidade e apoio financeiro interno e/ou no nação e integração de suas várias unidades, que proporcionam a
mercado; harmonia e sinergia da organização no caminho em direção aos
▷ maior flexibilidade; seus objetivos principais.
▷ agilidade nas tomadas de decisões; Os planos podem abranger diferentes horizontes de tem-
▷ melhor conhecimento dos seus concorrentes; po. Os planos de curto prazo cobrem um ano ou menos; os pla-
▷ melhor comunicação entre os funcionários; nos intermediários, um a dois anos; e os planos de longo prazo
▷ maior capacitação gerencial, até dos funcionários de abrangem cinco ou mais anos. Os objetivos do planejamento
níveis inferiores; devem ser mais específicos, no curto prazo, e mais abertos, no
▷ orientação maior nos comportamentos de fun- longo prazo. As organizações precisam de planos para todas
cionários; as extensões de tempo. O administrador do nível institucional
▷ maior capacitação, motivação e comprometimento está mais voltado para planos de longo prazo que atinjam a
dos envolvidos; organização inteira para proporcionar aos demais administra-
▷ consciência coletiva; dores um senso de direção para o futuro.
▷ melhor conhecimento do ambiente em que os fun- Uma pesquisa desenvolvida por Elliot Jaques mostra como
cionários trabalham; as pessoas variam em sua capacidade de pensar, organizar e
trabalhar com eventos situados em diferentes horizontes de
▷ melhor relacionamento entre empresa-ambiente;
tempo. Muitas pessoas trabalham confortavelmente com am-
▷ maior capacidade e rapidez de adaptação dentro da plitudes de apenas três meses; um pequeno grupo trabalha
empresa;
melhor com uma amplitude de tempo de um ano; e somente
▷ visão de conjunto; poucas pessoas podem enfrentar o desafio de 20 anos pela
▷ aumenta o foco (concentração de esforços) e a flexi- frente. Como o administrador pode trabalhar em vários níveis
bilidade (facilidade de se adaptar e ajustar); de autoridade, ele deve planejar em função de diferentes
▷ melhora a coordenação e o controle. períodos de tempo. Enquanto o planejamento de um super-
De acordo com Chiavenato: “O planejamento ajuda o ad- visor desafia o espaço de três meses, um gerente pode lidar
ministrador em todos os tipos de organização a alcançar o com períodos de um ano, enquanto um diretor lida com uma
melhor desempenho, porque: amplitude que pode ir de três, cinco, dez anos ou mais. O pro-
1. O planejamento é orientado para resultados. Cria um gresso nos níveis mais elevados da hierarquia administrativa
senso de direção, de desempenho orientado para me- pressupõe habilidades conceituais a serem trabalhadas, bem
tas e resultados a serem alcançados. como uma visão projetada em longo prazo de tempo.
Planejamento Estratégico gias necessárias para as pessoas em seu trabalho arranjo
físico do trabalho e equipamentos como suportes para
O planejamento estratégico apresenta cinco características
as atividades e tarefas.
fundamentais.
2. Planos financeiros. Envolvendo captação e aplicação
1. O planejamento estratégico está relacionado com a do dinheiro necessário para suportar as várias oper-
adaptação da organização a um ambiente mutável. ações da organização.
Está voltado para as relações entre a organização e seu
3. Planos de marketing. Envolvendo os requisitos de
ambiente de tarefa. Portanto, sujeito à incerteza a re-
vender e distribuir bens e serviços no mercado e
speito dos eventos ambientais. Por se defrontar com a
atender o cliente.
incerteza, tem suas decisões baseadas em julgamen-
4. Planos de recursos humanos. Envolvendo recruta-
tos e não em dados concretos. Reflete uma orientação
mento, seleção e treinamento das pessoas nas várias
externa que focaliza as respostas adequadas às forças
atividades dentro da organização. Recentemente, as
e pressões que estão situadas do lado de fora da or-
organizações estão também se preocupando com a
ganização.
aquisição de competências essenciais para o negócio
2. O planejamento estratégico é orientado para o fu- por meio da gestão do conhecimento corporativo.
turo. Seu horizonte de tempo é o longo prazo. Durante Contudo, os planos táticos podem também se referir à tec-
o curso do planejamento, a consideração dos prob-
nologia utilizada pela organização (tecnologia da informação,
lemas atuais é dada apenas em função dos obstáculos
tecnologia de produção etc.), investimentos, obtenção de re-
e barreiras que eles possam provocar para um deseja-
cursos etc.
do lugar no futuro. É mais voltado para os problemas
do futuro do que daqueles de hoje. Políticas
3. O planejamento estratégico é compreensivo. Ele As políticas constituem exemplos de planos táticos que
envolve a organização como uma totalidade, abar- funcionam como guias gerais de ação. Elas funcionam como
cando todos os seus recursos, no sentido de obter orientações para a tomada de decisão. Geralmente, refletem
efeitos sinergísticos de todas as capacidades e poten- um objetivo e orienta as pessoas em direção a esses objetivos
cialidades da organização. A resposta estratégica da em situações que requeiram algum julgamento. As políticas
organização envolve um comportamento global, com- servem para que as pessoas façam escolhas semelhantes ao se
preensivo e sistêmico. defrontarem com situações similares. As políticas constituem
4. O planejamento estratégico é um processo de afirmações genéricas baseadas nos objetivos organizacionais e
construção de consenso. Dada a diversidade dos visam oferecer rumos para as pessoas dentro da organização.
interesses e necessidades dos parceiros envolvidos, o
planejamento oferece um meio de atender todos eles Planejamento Operacional
na direção futura que melhor convenha a todos. O planejamento operacional é focalizado para o curto
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5. O planejamento estratégico é uma forma de prazo e abrange cada uma das tarefas ou operações individ-
aprendizagem organizacional. Como está orientado ualmente. Preocupa-se com “o que fazer” e com o “como
para a adaptação da organização ao contexto ambien- fazer” as atividades quotidianas da organização. Refere-se
tal, o planejamento constitui uma tentativa constante especificamente às tarefas e operações realizadas no nível op-
de aprender a ajustar-se a um ambiente complexo, eracional. Como está inserido na lógica de sistema fechado,
competitivo e mutável. o planejamento operacional está voltado para a otimização e
O planejamento estratégico se assenta sobre três parâmetros: maximização de resultados, enquanto o planejamento tático
a visão do futuro, os fatores ambientais externos e os fatores orga- está voltado para a busca de resultados satisfatórios.
nizacionais internos. Começa com a construção do consenso sobre O planejamento operacional é constituído de uma infini-
o futuro que se deseja: é a visão que descreve o mundo em um dade de planos operacionais que proliferam nas diversas áreas
estado ideal. A partir daí, examinam-se as condições externas do e funções dentro da organização. Cada plano pode consistir
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
ambiente e as condições internas da organização. em muitos subplanos com diferentes graus de detalhamento.
No fundo, os planos operacionais cuidam da administração da
Planejamento Tático rotina para assegurar que todos executem as tarefas e oper-
O planejamento tático é o planejamento focado no mé- ações de acordo com os procedimentos estabelecidos pela or-
dio prazo e que enfatiza as atividades correntes das várias ganização, a fim de que esta possa alcançar os seus objetivos.
unidades ou departamentos da organização. O administrador Os planos operacionais estão voltados para a eficiência (ênfase
utiliza o planejamento tático para delinear o que as várias par- nos meios), pois a eficácia (ênfase nos fins) é problema dos
tes da organização, como departamentos ou divisões, devem níveis institucional e intermediário da organização.
fazer para que a organização alcance sucesso. Os planos táti- Apesar de serem heterogêneos e diversificados, os planos
cos geralmente são desenvolvidos para as áreas de produção, operacionais podem ser classificados em quatro tipos, a saber:
marketing, pessoal, finanças e contabilidade. Para ajustar-se 1. Procedimentos. São os planos operacionais relaciona-
ao planejamento tático, o exercício contábil da organização dos com métodos.
e os planos de produção, de vendas, de investimentos etc., 2. Orçamentos. São os planos operacionais relacionados
abrangem geralmente o período anual. com dinheiro.
Os planos táticos geralmente envolvem: 3. Programas (ou programações). São os planos opera- 421
1. Planos de produção. Envolvendo métodos e tecnolo- cionais relacionados com tempo.
4. Regulamentos. São os planos operacionais relaciona- Elementos da Estrutura Organizacional
422 dos com comportamentos das pessoas.
Especialização
Organização Consequência da divisão do trabalho: cada unidade ou car-
Definição de Organização go passa a ter funções e tarefas específicas e especializadas.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
“Organização da empresa é a ordenação e o agrupamento A especialização pode dar-se em dois sentidos: vertical e
de atividades e recursos, visando ao alcance de objetivos e re- horizontal.
sultados estabelecidos”. (Djalma, 2002, p. 84). A horizontal representa a tendência de criar departamen-
Segundo Maximiano, uma organização é um sistema de tos especializados no mesmo nível hierárquico, cada qual
recursos que procura alcançar objetivos. Em outras palavras,
com suas funções e tarefas. Exemplo: gerência de Marketing,
Organizar é desenhar/montar a estrutura da empresa/institu-
ição de modo a facilitar o alcance dos resultados. gerência de Produção, gerência de Recursos Humanos.
Os níveis da organização são: A vertical caracteriza-se pelos níveis hierárquicos (chefia),
Tipo de
pois, na medida em que ocorre a especialização horizontal do
Abrangência Conteúdo Resultado
Desenho trabalho, é necessário coordenar essas diferentes atividades e
A instituição funções. Ex.: Presidência, Diretoria-Geral, Gerências, Coorde-
Nível Insti- Desenho orga- Tipo de organi-
como uma
tucional nizacional zação nadorias, Seções.
totalidade
Ş
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Caso de-
Nível inter-
partamento
Desenho de- Tipo de departa- Centralização/Descentralização/
mediário partamental mentalização
isoladamente
Desenho
Delegação
Nível opera- Cada tarefa ou Análise e de-
de cargos e
cional operação
tarefas
scrição de cargos Centralização
CENTRALIZAÇÃO significa que a autoridade para decidir
Estrutura Organizacional
está localizada no topo da organização, ou seja, a maioria das
VASCONCELOS (1989) entende estrutura como o resultado
decisões relativas ao trabalho que está sendo executado não é
de um processo no qual a autoridade é distribuída, as ativi-
dades são especificadas (desde os níveis mais baixos até a alta tomada por aqueles que o executam, mas em um ponto mais
administração) e um sistema de comunicação é delineado, alto da organização. DIAG: ALINHAR O TEXTO DO QUADRO
permitindo que as pessoas realizem as atividades e exerçam ABAIXO À ESQUERDA
a autoridade que lhes compete para o alcance dos objetivos
da organização. Vantagens Desvantagens
Estrutura organizacional: forma pela qual as atividades de ▷ decisões mais consistentes ▷ decisões e administrado-
uma organização são divididas, organizadas e coordenadas. com os objetivos gerais; res distanciados dos fatos
(Stoner, 1992, p.230). ▷ maior uniformidade de locais;
procedimentos; ▷ dependência dos subor-
Estrutura Formal e Informal ▷ aproveitamento da capacida- dinados;
Estrutura Formal: é aquela representada pelo organo- de dos líderes generalistas; ▷ diminuição da motiva-
grama. Todas as relações são formais. Não se pode descartá-la ▷ redução dos riscos de erros ção, criatividade;
e deixar funcionários se relacionarem quando eles não devem por parte dos subordinados; ▷ maior demora na imple-
ter relações diretas. Na Estrutura Formal (Organização For- ▷ maior controle global do mentação das decisões
desempenho da organização. ▷ maior custo operacional.
mal), conseguimos identificar os departamentos, os cargos, a
definição das linhas de autoridade e de comunicação entre os
departamentos e cargos envolvidos. Descentralização
Já a Estrutura Informal (Organização Informal) é a rede de Por outro lado, podemos dizer que DESCENTRALIZAÇÃO
relações sociais e pessoais que não é representada ou requerida significa que a maioria das decisões relativas ao trabalho que está
pela estrutura formal. Surge da interação social das pessoas, o sendo executado é tomada pelos que o executam, ou com sua
que significa que se desenvolve, espontaneamente, quando as participação. A autoridade para decidir está dispersa nos níveis
pessoas se reúnem. Portanto, apresenta relações que, usual-
organizacionais mais baixos. A tendência moderna ocorre no in-
mente, não são formalizadas e não aparecem no organograma
da empresa. A organização informal envolve as emoções, ati- tuito de descentralizar para proporcionar melhor uso dos recursos
tudes e ações das pessoas em termos de suas necessidades, e humanos. DIAG: ALINHAR O TEXTO DO QUADRO ABAIXO À ES-
não de procedimentos ou regras. QUERDA
Vantagens Desvantagens ▷ Divisão do trabalho: quadros (retângulos) represen-
tam cargos ou unidades de trabalho (departamen-
▷ maior agilidade e flexibili- ▷ perda de uniformidade das tos). Eles indicam o critério de divisão e de especial-
dade nas decisões; decisões;
ização das áreas, ou seja, como as responsabilidades
▷ decisões mais adaptadas ▷ maiores desperdícios e
estão divididas dentro da organização.
aos fatos locais; duplicação de recursos;
▷
▷ Autoridade e Hierarquia: a quantidade de níveis
▷ maior motivação, autono- canais de comunicação mais
mia e disponibilidade dos dispersos; verticais em que os retângulos estão agrupados
líderes; ▷ dificuldade de encontrar mostra a cadeia de comando, ou seja, como a au-
▷ maior facilidade do responsáveis e controlar o toridade está distribuída, do diretor que tem mais
controle específico do desempenho da organiza- autoridade, no topo da estrutura, até o funcionário
desempenho de unidades ção como um todo; que tem menos autoridade, na base da estrutura.
e gerentes. ▷ mais cara. ▷ Canais de comunicação: as linhas que verticais e
horizontais que ligam os retângulos mostram as
Delegação
relações/comunicações entre as unidades de tra-
Segundo Oliveira (2010, p. 189), delegação é o processo de balho.
transferência de determinado nível de autoridade de um chefe
para seu subordinado, criando o correspondente compromisso Formalização
pela execução da tarefa delegada. Grau de controle da organização sobre o indivíduo, defini-
Em outras palavras, delegação é o processo de transmitir do pelas normas e procedimentos, limitando a atuação e o
certas tarefas e obrigações de uma pessoa para outra, em ger- comportamento.
al, de um superior para um colaborador. Aquele que recebe
o poder delegado tem autoridade suficiente para concluir o Responsabilidade
trabalho, mas aquele que delega fica com a total responsabili- Dever de desempenhar a tarefa ou atividade, ou cumprir
dade pelo seu êxito ou fracasso. um dever para o qual se foi designado. Nada mais é do que
executar a tarefa adequadamente, de acordo com a confiança
depositada.
Cadeia de Comando/Escalar
O grau de responsabilidade é, geralmente, diretamente
ou Linha de Comando proporcional ao grau de autoridade da pessoa. Dessa forma,
A cadeia de comando de uma organização mostra, basica- os cargos de alto escalão possuem maior autoridade e maior
mente, quem “manda em quem”. Ou seja, descreve as linhas responsabilidade que os cargos mais baixos.
de autoridade, desde a cúpula da empresa até o seu nível Extensão de Auto Escalão
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mais baixo. A cadeia de comando mostra, portanto, a relação autoridade e
de subordinação dentro da estrutura e mostra como funcio- responsabilidade
na a hierarquia funcional. Esta “estrutura hierárquica” é o que
chamamos de “cadeia de comando”. Escalão mais baixo
Organograma
É uma representação gráfica da estrutura da uma empresa/in- Gerência Gerência Gerência
Gerência Gerência
de de de 423
stituição, a divisão do trabalho em suas unidades/departamentos, a Produção Marketing Financeira
de RH de TI
hierarquia e os canais de comunicação.
Vantagens Desvantagens
Diretoria de Produção
424 ▷ agrupa vários especialistas em ▷ reduz a cooperação
uma mesma unidade; interdepartamental
Departamento de Departamento de Departamento de
▷ simplifica o treinamento e (ênfase nas especiali-
Motores Eletrodomésticos Geladeiras
orienta as pessoas para uma dades);
função específica, concen- ▷ é inadequada para
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
do com o local onde o trabalho será desempenhado, ou então a ção e comunicação funcional;
área de mercado a ser servida pela empresa. É utilizada geral-
dos vários grupos ▷ pode enfatizar a coordenação
que contribuem para em detrimento da especiali-
mente por empresas que cobrem grandes áreas geográficas e gerar o produto. zação.
cujos mercados são extensos e diversificados, ou seja, quando as
circunstâncias externas indicam que o sucesso da organização • Departamentalização por Cliente
depende particularmente do seu ajustamento às condições e às Envolve a diferenciação e o agrupamento das atividades
necessidades locais e regionais. de acordo com o tipo de pessoa/grupo/empresa para quem
o trabalho é executado. Divide as unidades organizacionais
Diretoria Geral para que cada uma possa servir a um grupo de clientes, sen-
do indicada quando as características dos clientes – idade,
Superin- Superin- Superin- Superin- Superin- sexo, nível socioeconômico – são determinantes para o
tendência tendência tendência tendência tendência sucesso do negócio e requerem diferentes abordagens para
Região Região Região Região Cen- Região
as vendas, os produtos, os serviços adicionais.
Norte Sul Sudeste tro-Oeste Nordeste
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ŝ#-ŝŦ
cação pura de um único tipo de departamentalização em
sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros predefini- toda uma empresa. Geralmente, encontra-se uma reunião de
dos de tempo, custo, recursos e qualidade. diversos tipos de departamentalização em todos os níveis hi-
A departamentalização por projetos, portanto, é utilizada erárquicos, a qual se denomina Departamentalização Mista ou
em empresas cujos produtos envolvem grandes concentrações Combinada.
de recursos por um determinado tempo (navios, fábricas, usi-
Diretoria
nas hidrelétricas, pontes, estradas), que exigem tecnologia
sofisticada e pessoal especializado. Como o produto é de
grande porte, exige planejamento individual e detalhado e um
extenso período de tempo para execução; cada produto é trat- TI Marketing Finanças Produção Funcional
ado como um projeto.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Vantagens Desvantagens
▷ o formalismo das relações
▷ estrutura simples e de fácil pode levar à rigidez e à
compreensão e implantação; inflexibilidade, dificultan-
▷ clara delimitação das res- do a inovação e adaptação
ponsabilidades dos órgãos a novas circunstâncias;
– nenhum órgão ou cargo ▷ a autoridade linear baseada
Desenho/Estrutura Horizontal (Modelo Orgânico) interfere em área alheia; no comando único e direto
As estruturas são mais achatadas e flexíveis, denotando a ▷ estabilidade e disciplina pode tornar-se autocrática,
descentralização de decisões. Downsizing – estratégia adminis- garantidas pela centralização dificultando o aproveita-
trativa para reduzir número de níveis e aspectos burocráticos da do controle e da decisão. mento de boas ideias;
empresa. Adhocráticos, adaptativos, mais horizontais, com poucas ▷ evita a ambiguidade; ▷ chefes tornam-se genera-
regras e procedimentos, pouca divisão de trabalho, amplitudes ▷ unidade de comando, cada listas e ficam sobrecarre-
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administrativas maiores e mais meios pessoais de coordenação. subordinado recebe ordens gados em suas atribuições
de um único chefe; na medida em que tudo
▷ ideal para ambientes tem que passar por eles;
estáveis; ▷ com o crescimento da
▷ aproveita o conhecimento organização, as linhas
das chefias generalistas; formais de comunicação
▷ geralmente só é vantajoso se congestionam e ficam
Variáveis Condicionantes da em empresas pequenas. lentas, pois tudo deve
Estrutura Organizacional passar por elas.
1. Ambiente: instável, estável, homogêneo, heterogêneo Estrutura Funcional
(estrutura se adapta ao ambiente). É o tipo de organização em que se aplica o princípio fun-
2. Estratégia: estabilidade ou crescimento (estrutura cional ou princípio da especialização. Cada área é especializa-
segue a estratégia), a mudança da estrutura em função da em um determinado assunto; é a autoridade em um tema.
da estratégia se chama covariação estrutural. Dessa forma, ela presta seus serviços às demais áreas de acor-
3. Tecnologia: em massa, por processo, unitária; sequencial, do com sua especialidade.
mediadora, intensiva (estrutura depende da tecnologia).
4. Ciclo de vida e tamanho: nascimento, crescimento, ju- Gerência de Produção
ventude, maturidade (estrutura se ajusta ao tamanho).
5. Pessoas: conhecimento x reposição.
Manutenção Qualidade Suprimentos Produção
Tipos de Estruturas Organizacionais
Cada estrutura deverá se adequar a um modelo, ora mais Operário
mecanicista, ora mais orgânico, a depender das variáveis
condicionantes. Vantagens Desvantagens
Os diferentes tipos de organização são decorrência da es- ▷ proporciona especializa- ▷ não há unidade de mando,
trutura organizacional, ou seja, da arquitetura ou formato or- ção e aperfeiçoamento; o que dificulta o controle
ganizacional que assegura a divisão e a coordenação das ativ- ▷ permite a melhor supervi- das ações e a disciplina;
idades dos membros da instituição. A estrutura é o esqueleto são técnica possível; ▷ subordinação múltipla
que sustenta e articula as partes integrantes. Cada subdivisão ▷ comunicações diretas, pode gerar tensão e confli-
recebe o nome de unidade, departamento, divisão, seção, sem intermediação, mais tos dentro da organização;
equipe, grupo de trabalho. rápidas e menos sujeitas a ▷ concorrência entre os espe-
distorções; cialistas, cada um impondo
Estrutura Linear ▷ separa as funções de pla- seu ponto de vista de
É a forma mais simples e antiga, originada dos exércitos e nejamento e de controle acordo com sua área de
organizações eclesiásticas. O nome “linear” se dá em função das das funções de execução: atuação;
linhas diretas e únicas de autoridade e responsabilidade entre há uma especialização ▷ coordenação e comunica-
superiores e subordinados, resultando em um formato piramidal do planejamento e do ção entre os departamen-
de organização. Cada gerente recebe e transmite tudo o que se controle, bem como da tos é péssima;
passa na sua área de competência, pois as linhas de comuni- execução, permitindo ▷ pode gerar ambiguidade;
cação são rigidamente estabelecidas. plena concentração de ▷ responsabilidade parcial de
cada atividade. cada departamento.
Estrutura Linear-Staff
Nela coexistem os órgãos de linha (de execução) e de as- Vantagens Desvantagens
sessoria (de apoio e consultoria), mantendo relações entre si. ▷ foco no resultado; ▷ custos elevados, duplicida-
As atividades de linha são aquelas intimamente ligadas aos ▷ coordenação em razão do de de órgãos;
objetivos da organização (áreas-fim). As atividades de staff produto e serviço; ▷ dificuldade de integração
são as áreas-meio, ou seja, prestam serviços especializados ▷ favorece a inovação e o entre unidades;
que servem de suporte às atividades-fim. crescimento; ▷ a comunicação e a coor-
A autoridade para decidir e executar é do órgão de linha. ▷ comunicação e coordena- denação entre as divisões
A área de staff apenas assessora, sugere, dá apoio e presta ção intradepartamentais são péssimas.
serviços especializados. A relação deve ser sinérgica, pois boas.
a linha necessita do staff para poder desenvolver suas ativi-
dades, enquanto o staff necessita da linha para poder atuar. Estrutura Matricial
Estas estruturas são um modelo híbrido, que conjuga duas
Diretoria
estruturas em uma só. Normalmente, é um somatório de uma
Assessoria Jurídica Assessoria de Planejamento estrutura funcional com outra estrutura horizontal, temporária,
focada em projetos.
Gerência de Gerência Gerência de As empresas que atuam com esta estrutura buscam asso-
Produção Comercial Pessoal ciar as vantagens das duas estruturas, juntando os especial-
istas funcionais nos projetos mais estratégicos, sempre que
Controle de
Compras Vendas
necessário.
Qualidade
Ela é chamada de matricial porque seu aspecto é pare-
Linha de Produção cido com o de uma matriz. Sua criação foi uma tentativa de
Vantagens Desvantagens
conciliar, em uma estrutura rígida e hierárquica, a flexibili-
dade de uma estrutura temporária.
▷ melhor embasamento técnico e ▷ conflitos entre órgãos de
operacional para as decisões; linha e staff: experiências Presidência
▷ agregar conhecimento novo e profissionais diversas,
especializado à organização; visões de trabalho distin-
Departamento Departamento Departamento
▷ facilita a utilização de especialistas; tas, diferentes níveis de Projetos
de Pesquisa de Venda Financeiro
▷ possibilita a concentração de formação;
problemas específicos nos órgãos ▷ dificuldade de manuten-
de staff, enquanto os órgãos de ção do equilíbrio entre Projeto A Grupo Grupo Grupo
linha ficam livres para executar as linha e staff.
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Projeto B Grupo Grupo Grupo
atividades-fim.
no mercado. Se em um segundo momento esses produtos e do estímulo como da escolha do comportamento empregado.
serviços não forem mais demandados, poderá cancelar o con- Outra característica encontrada é que não podemos medir
trato e trocar de fornecedor, sem precisar demitir funcionários, a motivação diretamente. Medimos o comportamento motiva-
vender maquinários, dentre outros custos e problemas. do, a ação e as forças internas e externas que influenciam na
Unidade de Marketing Unidade de escolha de ação, pois a motivação não é passível de obser-
e Serviços Propaganda vação.
FIQUE LIGADO: A motivação é a força propulsora do compor-
Unidade de Centro Unidade de Franquia tamento; oferece direção, intensidade, sentido e persistência.
Distribuição Virtual e Franqueados
Ciclo Motivacional
Em todo estado de motivação existe um ciclo motivacio-
Unidade de Controle Unidade de Apoio e
nal. Ele começa com o surgimento de uma necessidade; por-
de Qualidade Suporte Logístico
tanto, sem essa necessidade, não há ciclo. A necessidade traz
um estado psicológico no indivíduo causando um desconforto
Vantagens Desvantagens levando a um motivo para sair de determinada situação. Quan-
do as pessoas estão em estado estável, sem essa necessidade,
▷ negócios virtuais ou unidades ▷ controle global difícil, elas tendem a ficar estáticas, acomodando-se nos lugares que
de negócios; riscos e incertezas; ocupam. Por um lado, isso é bom, mas por outro, seres estáti-
▷ baixo custo operacional e ▷ dificuldade de cultura cos se acomodam com a situação atual e acabam ficando para
administrativo; corporativa e lealda- trás. Por isso, este incômodo pode ser visto como algo positi-
▷ competitividade global; des fracas. vo, pois é ele que faz as pessoas se moverem e conseguirem
▷ flexibilidade e adaptabilidade a grandes realizações e avanços como seres humanos ou para
ambientes complexos. qualquer outra coisa.
▷ rapidez de respostas às deman-
das ambientais.
No ciclo motivacional nem sempre a necessidade pode ser
satisfeita. Nesses casos ela é liberada na forma de frustrações,
Direção causando desconfortos psicológicos como apatia, depressão,
A direção é a função administrativa que se refere ao relacio- entre outros. Porém, quando não é liberada em aspectos psi-
namento interpessoal do administrador com seus subordinados. cológicos, pode ser levada para vias fisiológicas, causando
Para que o planejamento e a organização possam ser eficazes, problemas no organismo. A necessidade pode também ser
eles precisam ser complementados pela orientação e pelo apo- transferida para outro lugar, como, por exemplo, a não conquista
io às pessoas, por meio de adequada comunicação, liderança de uma necessidade é compensada por algum outro benefício.
e motivação, características estas que um administrador deve Equilíbrio Estímulo ou Necessi-
Tensão
Comportamen- Satis-
possuir para conseguir dirigir pessoas com eficiência. Enquanto interno incentivo dade to ou ação fação
as outras funções administrativas – planejamento, organização
e controle – são impessoais, a direção constitui um processo in- As etapas do ciclo motivacional, envolvendo a satisfação de uma necessidade
terpessoal que define as relações entre os indivíduos. Tipos de Motivação
A direção está relacionada diretamente com a atuação so- Observamos uma divisão no tipo de motivação sabendo
bre as pessoas da organização. Por essa razão, constitui uma que são diversas as causas motivacionais do indivíduo, suas
das mais complexas funções da administração. Alguns autores necessidades e expectativas.
Chamamos a motivação de INTRÍNSECA quando ela está Alguns aspectos sobre a Hierarquia de Necessidades de
relacionada com recompensas psicológicas: reconhecimento, re- Maslow
speito, status. Esse tipo motivacional está intimamente ligado às ▷ Para alcançar uma nova etapa, a anterior deve estar
ações individuais dos gerentes em relação aos seus subordinados. satisfeita. Isso se dá uma vez que, quando uma eta-
Por outro lado, fala-se de motivação EXTRÍNSECA quando pa está satisfeita, ela deixa de ser o elemento mo-
as causas estão baseadas em recompensas tangíveis: salários, tivador do comportamento do ser, fazendo com que
benefícios, promoções, sendo que estas causas independem outra necessidade tenha destaque como motivação.
da gerência intermediária, pois geralmente são determinadas ▷ Os 4 primeiros níveis dessas necessidades podem
pela alta administração, pelos gerentes gerais. ser satisfeitos por aspectos extrínsecos (externos)
ao ser humano, e não apenas por sua vontade.
Principais Teorias Motivacionais ▷ Importante! A necessidade de autorrealização nun-
Algumas provas, por exemplo, podem buscar a classificação ca é saciada, ou seja, quanto mais se sacia, mais a
das teorias em teorias de conteúdo e teorias de processo: necessidade aumenta.
▷ As teorias de conteúdo são aquelas que se referem ▷ Acredita-se que as necessidades fisiológicas já na-
ao conteúdo da motivação, ou seja, o que leva o in- scem com o indivíduo. As outras mostradas no es-
divíduo a se motivar. quema acima se adquirem com o tempo.
▷ As teorias de processos são aquelas que se referem ▷ As necessidades primárias, ou básicas, satis-
ao processo motivacional e ao seu funcionamento. fazem-se mais rapidamente que as necessidades
secundárias, ou superiores.
Teorias de conteúdo Teorias de processo
▷ O indivíduo será sempre motivado pelas necessidades
1. Teoria da Hierarquia 1. Teoria da Expectativa que se apresentarem mais importantes para ele.
das Necessidades de Maslow. ou da Expectância de Vroom.
▷ De acordo com Maslow, há uma hierarquia na satis-
2. Teoria ERC de Alderf- 2. Teoria do Reforço –
er. Skinner.
fação das necessidades, indo da base para o topo.
3. Teoria dos dois 3. Teoria da Equidade - ▷ De acordo com os teóricos atuais, não há hierarquia
fatores de Herzberg. Stacy Adams. entre as necessidades; tudo depende da prioridade
4. Teoria X e Y de 4. Teoria da Autoeficá- de cada indivíduo. (BOLD)
McGregor. cia – Bandura. Essa teoria está perdendo cada vez mais força, mas ainda é
5. Teoria das Necessi- 5. Teoria da Definição considerada importante pela excelente divisão das necessi-
dades adquiridas de McClelland. de Objetivos – Edwin Locke. dades.
Teorias de Conteúdo • Teoria ERC ou ERG de Clayton Alderfer
As teorias de conteúdo partem do princípio de que os Basicamente, é uma adaptação da teoria da hierarquia das
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motivos do comportamento humano residem no próprio in- necessidades de Maslow.
divíduo. A motivação para agir e se comportar é originada das Alderfer procurou adequar os estudos de Maslow para que
forças existentes no indivíduo. Assim, cada pessoa reage de a teoria pudesse refletir os dados de suas pesquisas.
forma diferente a estímulos recebidos. A primeira diferença é o fato de que Alderfer reduziu os
• Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow níveis hierárquicos para três: de existência, de relacionamento
É a teoria mais conhecida sobre motivação , foi proposta e de crescimento (em inglês: grow).
pelo psicólogo americano Abraham H. Maslow, baseia-se na 1. Necessidades de existência (existence): incluem as ne-
ideia de que cada ser humano esforça-se muito para satisfazer cessidades de bem-estar físico: existência, preservação
suas necessidades pessoais e profissionais. É um esquema que e sobrevivência. Abarcam as necessidades básicas de
apresenta uma divisão hierárquica em que as necessidades Maslow, ou seja, as fisiológicas e as de segurança.
consideradas de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes 2. Necessidades de relacionamento (relatedness): são as
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
das necessidades de nível mais alto. Segundo esta teoria, cada necessidades de relacionamentos interpessoais, ou seja,
indivíduo tem de realizar uma “escalada” hierárquica de ne- de sociabilidade e relacionamento social. Podem ser as-
cessidades para atingir a sua plena autorrealização. sociadas às necessidades sociais e de estima de Maslow.
3. Necessidades de crescimento (grow): são as necessi-
Para tanto, Maslow definiu uma série de cinco necessi-
dades que o ser humano tem de desenvolver seu po-
dades do ser, que são explicadas uma a uma a seguir:
tencial e crescer. Relacionam-se com as necessidades
▷ Desejo da pessoa de se tornar “tudo o que é de realização de Maslow.
Autorrealização
capaz”, crescimento profissional, etc. Outra diferença está no fato de que na teoria ERC não ex-
▷ Necessidade de respeito próprio, reconheci- iste uma hierarquia tão rígida. Vários níveis de necessidades
Estima
mento, status, etc. podem ser estimulados ao mesmo tempo – a satisfação de um
▷ Necessidade de pertencimento: ter amigos, nível anterior não seria um pré-requisito para a satisfação do
Sociais
ter um bom ambiente de trabalho, etc. nível seguinte.
▷ Ausência de ameaças e perigos: trabalho se- Além disso, se um nível de necessidade superior não for
Segurança
guro, sem poluição, tranquilidade financeira atendido, isso pode levar a pessoa a aumentar a necessidade
▷ Necessidades mais básicas de todo ser-hu- de nível inferior. Exemplo: a falta de reconhecimento no tra- 429
Fisiológicas
mano: ar, comida, água, etc. balho poderia aumentar a demanda por melhores salários.
▷ Fatores Higiênicos: referentes ao AMBIENTE DE
Crescimento TRABALHO, também chamados de fatores extrínse-
430
Frus- cos ou profiláticos. Eles evitam a insatisfação caso
Satisfação tração
estejam presentes. Incluem aspectos como quali-
Relacionamento dade da supervisão, remuneração, políticas da em-
Progresso Re- presa, condições físicas de trabalho, relacionamento
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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cionário; uma organização que concede um prêmio
• Teoria da Expectativa ou da Expectância de Vroom financeiro a um funcionário por uma boa sugestão.
A Teoria da Expectativa (também chamada de Expectân- ▷ Reforço negativo: para aumentar a frequência ou in-
cia), de Victor Vroom, é uma das teorias da motivação mais tensidade do comportamento desejável pelo fato de
amplamente aceitas para o contexto organizacional atual. evitar uma consequência desagradável e contingen-
Sua ideia central é a seguinte: os funcionários ficarão mo- te à sua ocorrência. Um gerente deixa de repreender
tivados para um trabalho quando acreditarem que seu esforço o funcionário faltoso ou deixa de exigir que não mais
gerará o desempenho esperado pela organização e que esse cometa determinada falta.
desempenho fará com que ele receba recompensas da organi- ▷ Punição: para diminuir a frequência ou eliminar um
zação, que servirão para a satisfação de suas metas pessoais. comportamento indesejável pela aplicação da con-
Parece complexo, mas vamos desdobrar o que foi dito acima sequência desagradável e contingente à sua ocor-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
em três aspectos centrais. Assim, as relações que influenciam a rência. Um administrador repreende o funcionário
motivação do funcionário na organização são as seguintes: ou suspende o pagamento de bônus ao funcionário
1. Relação esforço-desempenho (Expectância): trata-se que atrasa indevidamente o seu trabalho.
da crença do funcionário de que seu esforço gerará o ▷ Extinção: para diminuir a frequência ou eliminar um
desempenho esperado e que esse resultado será per- comportamento indesejável pela remoção de uma
cebido pela organização em sua avaliação de desem- consequência agradável e contingente à sua ocor-
penho. rência. Um administrador observa que um emprega-
2. Relação desempenho-recompensa (Instrumentalida- do faltoso recebe aprovação social de seus colegas
de): trata-se da crença de que ao atingir os objetivos e aconselha os colegas a não praticarem mais tal
fixados para si, o funcionário receberá recompensas da aprovação. A extinção não encoraja nem recompensa.
organização, como remuneração variável, bônus, fol-
gas, etc. • Teoria da Equidade - Stacy Adams
3. Relação recompensa-metas pessoais (Valência): Para Stacy Adams, todos fazem uma comparação entre o
trata-se do grau em que as recompensas que o fun- que “entrega” e o que “recebe” em troca (pela empresa e cole-
cionário recebe da organização servem para que ele gas). Assim, a noção de que a relação é justa teria um impacto 431
possa atingir as próprias metas pessoais. significativo na motivação.
Equidade, neste caso, é a relação entre a contribuição que o • Teoria da Definição de Objetivos – Edwin Locke
432 indivíduo dá em seu trabalho e as recompensas que recebe, com- A Teoria da Definição de Objetivos desenvolvida por Edwin
paradas com as recompensas que os outros recebem em troca dos Locke preconiza que a motivação das pessoas está intrinse-
esforços empregados. É uma relação de comparação social. camente ligada à busca de alcance de objetivos. O objetivo
A Teoria da Equidade focaliza a relação dos resultados sinaliza às pessoas o que precisa ser feito e quanto esforço elas
para os esforços empreendidos em relação à razão percebi- terão de despender para o seu alcance.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
da pelos demais, existindo assim a EQUIDADE. Porém, quan- É uma abordagem cognitiva que sustenta que o comporta-
do essa relação resulta em um sentimento de desigualdade, mento de uma pessoa é orientado por seus propósitos.
ocorre a INEQUIDADE, podendo esta ser negativa, quando o Está fundamentada em alguns pressupostos:
trabalhador recebe menos que os outros, e positiva, quando o
trabalhador recebe mais que os outros. 1. Objetivos bem definidos e mais difíceis de serem al-
cançados levam a melhores resultados do que metas
Se alguma dessas duas condições acontece, o indivíduo
genéricas e abrangentes.
poderá se comportar da seguinte forma:
2. Objetivos difíceis, para pessoas capacitadas, elevam o
▷ Apresentará uma redução ou um aumento em nível desempenho.
de esforço. 3. A retroação a respeito do desempenho provoca melhor
▷ Poderá fazer tentativas para alterar os resultados. desempenho. Quando a retroação é autogerenciada, é
▷ Poderá distorcer recursos e resultados. mais poderosa que a retroação externa.
▷ Poderá mudar de setor ou até de emprego. 4. Objetivos construídos com a participação dos fun-
▷ Poderá provocar mudanças nos outros. cionários, que terão que atingi-los para que surtam
▷ E, por fim, poderá trocar o grupo ao qual está se mais resultados.
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desde que essas decisões sejam repetitivas e operacionais e
sujeitas à confirmação da cúpula. As restrições à liberdade são nizacionais e as variáveis humanas, focalizando o ambiente e,
menores do que no Sistema l; oferece-se alguma informação, já mais especificamente, o cliente. De um lado, as variáveis organi-
que o fluxo vertical de informações traz ordens e comandos de zacionais, como missão, objetivos, estrutura, tecnologia, tarefas
cima para baixo e informações de baixo para cima a fim de abas- etc.; e de outro, as variáveis humanas, como habilidades, ati-
tecer o processo decisório. Existe ainda uma grande desconfi- tudes, competências, valores, necessidades individuais etc., que
ança das pessoas, mas permite-se algum relacionamento entre devem ser devidamente articuladas e balanceadas. As ações de
elas, como certa condescendência da organização. O sistema planejar, organizar, controlar e, principalmente, dirigir servem
utiliza punições e castigos, mas já se preocupa com recompen- exatamente para proporcionar essa integração e articulação.
sas, que são estritamente materiais e salariais, frias e calculistas. Para alcançar uma adequada integração e articulação entre
• Sistema 3: Consultivo as variáveis organizacionais e as variáveis humanas, o admin-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
O Sistema 3 já é mais aberto do que os anteriores. Deixa de istrador deve utilizar vários mecanismos, como as variáveis
ser autocrático e impositivo para dar alguma margem de con- comportamentais estudadas por Likert: o processo decisório,
tribuição das pessoas. Daí a sua denominação do sistema con- os sistemas de comunicação, o relacionamento interpessoal dos
sultivo. Proporciona descentralização e delegação das decisões, membros e o sistema de punições e recompensas.
permitindo que as pessoas possam envolver-se no processo Por meio desses mecanismos de integração, o papel do
decisorial da organização. O sistema se apoia em boa dose de administrador se estende por uma ampla variedade de alterna-
confiança nas pessoas, permitindo que elas trabalhem oca- tivas, que vão desde o Sistema l até o Sistema 4 de Likert. O ad-
sionalmente em grupos ou em equipes. As comunicações são ministrador exerce direção, toma decisões e influencia e motiva
intensas e o seu fluxo é vertical - acentuadamente ascendente as pessoas. Ele comunica e estrutura as organizações e desenha
e descendente - com algumas repercussões laterais ou horizon- cargos e tarefas que repercutem no relacionamento interpessoal
tais. O sistema utiliza mais recompensas - que são predominan- dos membros. Ele incentiva as pessoas sob diferentes aspectos.
temente materiais e ocasionalmente sociais - e poucas punições. Em cada uma dessas áreas, o papel do administrador pode vari-
ar entre comportamentos ou abordagens alternativos.
• Sistema 4: Participativo
No extremo direito do continuum está o Sistema 4, que A Direção e as Pessoas
constitui o sistema mais aberto e democrático de todos. É de- As mais recentes abordagens administrativas enfatizam 433
nominado sistema participativo, pois incentiva total descen- que são as pessoas que fazem a diferença nas organizações.
Em outras palavras, em um mundo onde a informação é rapi- Um grupo pode ser definido como um conjunto de dois ou
434 damente disponibilizada e compartilhada pelas organizações, mais indivíduos que estabelecem contatos pessoais, significa-
sobressaem aquelas que são capazes de transformá-la rapi- tivos e propositais, uns com os outros, em uma base de con-
tinuidade, para alcançar um ou mais objetivos comuns. Nesse
damente em oportunidades em termos de novos produtos
sentido, um grupo é muito mais do que um simples conjunto
e serviços antes que outras organizações o façam. E isso de pessoas, pois seus membros se consideram mutuamente
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
somente pode ser conseguido com a ajuda das pessoas que dependentes para alcançar os objetivos e interagem uns
sabem utilizá-la adequadamente, e não apenas com a tecno- com os outros regularmente para o alcance desses objetivos
logia que pode ser adquirida no mercado. São as pessoas - e no decorrer do tempo. Todas as pessoas pertencem a vários
não apenas a tecnologia - que fazem a diferença. A tecnologia grupos, dentro e fora de organizações. Por outro lado, os ad-
ministradores estão participando e liderando as atividades de
pode ser adquirida por qualquer organização com relativa fa-
muitos e diferentes grupos em suas organizações.
cilidade nos balcões do mercado. Bons funcionários requerem
Existem grupos formais e informais. Um grupo formal é
um investimento muito mais longo em termos de capacitação um grupo oficialmente designado para atender a um específ-
quanto a habilidades e conhecimentos e, sobretudo, de confi- ico propósito dentro de uma organização. Algumas unidades
ança e comprometimento pessoal. de grupo são permanentes e até podem aparecer nos organ-
Ouchi deu o nome de Teoria Z para descrever o esquema ogramas de muitas organizações na figura de departamentos
de administração adotado pelos japoneses, cujos princípios (como departamentos de pesquisa de mercado), divisões (como
divisão de produtos de consumo) ou de equipes (como equipe
são: de montagem de produtos). Um grupo permanente pode vari-
▷ Filosofia de emprego em longo prazo.
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do trabalho, que passa a ser constantemente avaliado, anal- com as outras, por meio da missão e dos objetivos comuns e
isado e revisado. Os objetivos, quando imediatos, têm maior da abordagem de trabalho bem definida. Existe confiança en-
significado para a equipe. Devem servir como passos inter- tre os membros do grupo, assumindo responsabilidade plena
mediários para os objetivos principais. sobre o desempenho.
• Tipos de Equipes Equipe de elevado desempenho: equipe com membros
PARKER (1995) divide as equipes em três tipos específicos, profundamente comprometidos com o crescimento pessoal
cada qual com as suas características. de cada indivíduo e com o sucesso deles mesmos e dos outros.
A equipe funcional é formada por um chefe e seus sub- Possuem resultados muito além das expectativas. Na análise de
ordinados diretos e tem sido a marca da empresa moderna. MANZ e SIMS (1996), com coautores de Empresas sem chefes,
Questões como autoridade, relações, tomada de decisão, lid- instalando equipes de elevado desempenho, tem-se:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
aprendendo a lidar umas com as outras; pouco tra- decisão responsabilidade tomadas por ele mesmo. A
balho é feito; do supervisor. autonomia acelera os processos
e aumenta a produtividade.
b) tormenta: tem-se uma época de difícil negociação
das condições sob as quais a equipe vai trabalhar; Remuner- Baseada em cargos, Baseada nas habilidades que agre-
c) aquiescência: é a época na qual os papéis são aceitos ação fixa tempo de serviço e gam valor aos produtos da empresa
formação.
(posse do problema) e as informações circulam livre-
mente; Remu- Não há participação Participação nos resultados
d) realização: quando a execução do trabalho atinge neração nos resultados. proporcional às metas alca-
níveis ótimos (não há mais problema). variável nçadas variável pelo time ou
pelo cumprimento de projetos
• Habilidades para o Trabalho em Equipe individuais.
As competências para um bom desempenho no trabalho Comuni- A comunicação Estímulo à comunicação aberta
em equipe diferem das competências necessárias ao trabalho cação é truncada, pois entre todos os níveis. A internet
individual. A seguir, estão explicitadas essas competências: há dificuldade de tem sido o veículo mais utilizado
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suiria características marcantes de personalidade que o quali- pos mostrou forte tensão, frustração e, sobretudo,
ficariam para a função. Essas características eram: agressividade, de um lado; e, de outro, nenhuma
▷ habilidade de interpretar objetivos e missões; espontaneidade nem iniciativa, nem formação de
▷ facilidade em solucionar problemas e conflitos; grupos de amizade. Embora aparentemente gostas-
sem das tarefas, não demonstraram satisfação com
▷ habilidade de delegar responsabilidade aos outros;
relação à situação. O trabalho somente se desenvolvia
▷ facilidade em supervisionar e orientar pessoas; com a presença física do líder. Quando este se ausen-
▷ habilidade de estabelecer prioridades; tava, as atividades paravam e os grupos expandiam
▷ habilidade de planejar e programar atividades em seus sentimentos reprimidos, chegando a explosões
equipe. de indisciplina e de agressividade.
De acordo com vários autores, somente seriam líderes po- ▷ Liderança Liberal. Embora a atividade dos grupos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
tenciais aqueles que possuíssem essas qualidades. fosse intensa, a produção foi simplesmente medío-
2ª. Estilos de Liderança? cre. As tarefas se desenvolviam ao acaso, com
Esta teoria aponta três estilos de liderança: autocrática, muitas oscilações, perdendo-se muito tempo com
democrática e liberal. Ela está concentrada mais especifica- discussões mais voltadas para motivos pessoais do
mente no modo como os líderes tomavam decisões, e o efeito que relacionadas com o trabalho em si. Notou-se
que isso produzia nos índices de produtividade e na satisfação forte individualismo agressivo e pouco respeito com
geral dos subordinados. DIAG: ALINHAR O TEXTO DO QUADRO relação ao líder.
ABAIXO À ESQUERDA ▷ Liderança Democrática. Houve formação de gru-
AUTOCRÁTICA DEMOCRÁTICA LIBERAL pos de amizade e de relacionamentos cordiais entre
os participantes. Líder e subordinados passaram a
Apenas o líder As diretrizes são Há liberdade
fixa as diretrizes, debatidas pelo grupo, completa para as desenvolver comunicações espontâneas, francas
sem qualquer estimulado e assistido decisões grupais e cordiais. O trabalho mostrou um ritmo suave e
participação do pelo líder. ou individuais, com seguro sem alterações, mesmo quando o líder se
grupo. participação mínima ausentava. Houve um nítido sentido de responsab- 437
do líder. ilidade e comprometimento pessoal.
• Grid Gerencial 9.1 Preocupação Não há participação Hostilidade
438 Robert R. Blake e Jane S. Mouton (1989) procuraram rep- máxima com das pessoas. intergrupal.
a produção e Suspeita e
resentar os vários modos de usar autoridade ao exercer a lid- mínima com as desconfiança
erança por meio do Grid Gerencial. Esta representação possui pessoas. mútuas. Atitude
duas dimensões: preocupação com a produção e preocupação de ganhar/
perder.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
com as pessoas.
5.5 Estilo meio-ter- Meio caminho Trégua inquieta.
A preocupação com a produção refere-se ao enfoque mo. Atitude de e acomodação Transigência,
dado pelo líder aos resultados, ao desempenho, à conquis- conseguir alguns que deixa todos rateios e aco-
ta dos objetivos. O líder com este tipo de preocupação em- resultados sem descontentes. modação para
muito esforço. manter a paz.
penha-se na mensuração da quantidade e da qualidade do
trabalho de seus subordinados. 9.9 Estilo de excelên- Elevada partici- Comunica-
cia. Ênfase na pação e envolvi- ções abertas
A preocupação com as pessoas diz respeito aos pres- produção e nas mento. Compro- e francas.
supostos e atitudes do líder para com seus subordinados. Este pessoas. metimento das Flexibilidade
pessoas. e atitude para
tipo de preocupação revela-se de diversas formas, desde o o tratamento
esforço em assegurar a estima dos subordinados e em obter construtivo dos
a sua confiança e respeito, até o empenho em garantir boas problemas.
condições de trabalho, benefícios sociais e outras vantagens. Vejamos essa mesma grade, de modo mais detalhado, e
como é a maneira pela qual cada líder pensa e atua:
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validade. Julgo importante expressar minhas preocupações e c) sua segurança na incerteza;
convicções. Reajo a ideias melhores do que as minhas, mu- d) seu interesse pelo problema ou pelo trabalho;
dando meu modo de pensar. Quando o conflito surge, procuro
e) sua compreensão e identificação do problema;
saber seus motivos, a fim de solucionar as causas subjacentes.
Dou grande valor à tomada de decisões certas. Procuro o en- f) seus conhecimentos e experiência para resolver o
tendimento e o acordo. Encorajo o ‘feedback’ de mão-dupla a problema;
fim de fortalecer a operacionalidade”. g) sua expectativa de participação nas decisões.
Blake e Mouton caracterizaram este último estilo como o 3. Forças na situação, como:
mais apropriado para conseguir os objetivos das organizações. a) o tipo de empresa, seus valores e tradições, suas
Os treinamentos realizados por eles em programas de Desen- políticas e diretrizes;
volvimento Organizacional visavam a fazer com que os líderes
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
adotassem o estilo (9,9). Entretanto, pesquisas empíricas têm b) a eficiência do grupo de subordinados;
revelado que nem sempre este tipo de estilo de liderança é o c) o problema a ser resolvido ou a complexidade do
mais indicado para a eficiência e a eficácia dos resultados. trabalho;
3ª. Teoria Situacional de Liderança d) a premência de tempo.
Nesta teoria, o líder pode assumir diferentes padrões de Da abordagem situacional, podem-se
liderança de acordo com a situação e para cada um dos mem- inferir as seguintes proposições:
bros da sua equipe.
a) Quando as tarefas são rotineiras e respectivas, a lid-
A Teoria Situacional surgiu diante da necessidade de um erança é geralmente limitada e sujeita a controles
modelo significativo na área de liderança, em que é definida pelo chefe, que passa a se situar em um padrão de
a maturidade como a capacidade e a disposição das pessoas
liderança próximo ao extremo esquerdo do gráfico.
de assumir a responsabilidade de dirigir o próprio compor-
tamento. Portanto, entende-se como Liderança Situacional o b) Um líder pode assumir diferentes padrões de lider-
líder que se comporta de um determinado modo ao tratar in- ança para cada um de seus subordinados, de acordo
dividualmente os membros do seu grupo e, de outro, quando com as forças acima.
se dirigir a este como um todo, dependendo do nível de matu- c) Para um mesmo subordinado, o líder também pode 439
ridade das pessoas que tal líder deseja influenciar. assumir diferentes padrões de liderança, conforme a
situação envolvida. Em situações em que o subordi- tamento de tarefa (ou foco nas tarefas/produção), conforme
440 nado apresenta alto nível de eficiência, o líder pode apresentado a seguir:
dar-lhe maior liberdade nas decisões; mas se o sub- ▷ Estilo 1: Narrar/Determinar/Dirigir (alto compor-
ordinado apresenta erros seguidos e imperdoáveis, tamento de tarefa e baixo comportamento de rel-
o líder pode impor-lhe maior autoridade pessoal e acionamento): é o estilo para grupos com a menor
menor liberdade de trabalho. maturidade (M1). Nesse caso, o líder orienta clara-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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e dos modos pelos quais interagem. A liderança transacional izonte de tempo, tanto mais complexo será o controle. Quase
está baseada em um processo de troca, no qual o líder provê todos os esquemas de planejamento trazem em seu bojo o seu
recompensas em troca do esforço de seguidores e desempen- próprio sistema de controle. Por meio da função de controle, o
ho (Bass & Avolio, 1993). Bass (1995) claramente identifica a administrador assegura que a organização e seus planos este-
liderança transacional como sendo baseada em troca material jam na trilha certa.
ou econômica. O desempenho de uma organização e das pessoas que
Teoria da Liderança Transformacional a compõem depende da maneira como cada pessoa e cada
Em essência, a liderança transformacional é o processo unidade organizacional desempenha seu papel e se move no
de construção do comprometimento organizacional por meio sentido de alcançar os objetivos e metas comuns. O controle é
do empowerment dos seguidores para acompanhar esses o processo pelo qual são fornecidas as informações e retroação
objetivos. Ocorre quando os líderes elevam os interesses de para manter as funções dentro de suas respectivas trilhas. É
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
seus empregados garantindo a aceitação dos propósitos e da a atividade integrada e monitorada que aumenta a probab-
missão do grupo e estimulam seus empregados a pensar além ilidade de que os resultados planejados sejam atingidos da
de seus interesses em prol dos interesses da organização. melhor maneira.
Considerando os líderes transacionais, segundo Bass
(1997), esse tipo de liderança ocorre quando o líder utiliza au- Conceito de Controle
toridade burocrática, foco na realização da tarefa, e recompen- A palavra “controle” pode assumir vários e diferentes sig-
sas ou punições. nificados. Quando se fala em controle, pensa-se em significados
Os líderes transformacionais preocupam-se com o pro- como frear, regular, conferir ou verificar, exercer autoridade so-
gresso e o desenvolvimento de seus seguidores. Eles se bre alguém, comparar com um padrão ou critério. No fundo, to-
preocupam em transformar os valores dos seguidores para su- das essas conotações constituem meias verdades a respeito do
portar a visão e os objetivos da organização. Isso cria um clima que seja o controle. Contudo, sob um ponto de vista mais amplo,
de confiança no qual a visão pode ser compartilhada. os três significados mais comuns de controle são:
Bass (1997) afirma que a liderança transformacional, assim ▷ Controle como função restritiva e coercitiva. Uti-
como o carisma, tornou-se um tópico popular na literatura re- lizada no sentido de coibir ou restringir certos tipos
cente sobre liderança nas organizações; alguns autores usam de desvios indesejáveis ou de comportamentos não 441
os dois termos indistintamente, enquanto outros fazem dis- aceitos pela comunidade. Nesse sentido, o controle
assume um caráter negativo e restritivo, sendo mui- 03. Comparação do desempenho atual com os objetivos
442 tas vezes interpretado como coerção, delimitação, ou padrões estabelecidos.
inibição e manipulação. É o chamado controle social 04. Tomada de ação corretiva para corrigir possíveis desvi-
aplicado nas organizações e nas sociedades para ini- os ou anormalidades.
bir o individualismo e a liberdade das pessoas. O processo de controle se caracteriza pelo seu aspecto cí-
▷ Controle como um sistema automático de regu- clico e repetitivo. Na verdade, o controle deve ser visualizado
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
lação. Utilizado no sentido de manter automatica- como um processo sistêmico em que cada etapa influencia e é
mente um grau constante no fluxo ou funcionamen- influenciada pelas demais.
to de um sistema. É o caso do processo de controle
automático das refinarias de petróleo, de indústrias
Estabelecimento de Objetivos ou Padrões
químicas de processamento contínuo e automático. O primeiro passo do processo de controle é estabelecer
O mecanismo de controle detecta possíveis desvios previamente os objetivos ou padrões que se deseja alcançar
ou irregularidades e proporciona automaticamente ou manter. Os objetivos já foram estudados anteriormente
a regulação necessária para se voltar à normalidade. e servem como pontos de referência para o desempenho ou
É o chamado controle cibernético que é inteiramente os resultados de uma organização, unidade organizacional
autossuficiente na monitoração do desempenho e ou atividade individual. O padrão é um nível de atividade es-
na correção dos possíveis desvios. Quando algo está tabelecido para servir como um modelo para a avaliação do
sob controle significa que está dentro do normal ou desempenho organizacional. Um padrão significa um nível de
da expectativa. realização ou de desempenho que se pretende tomar como
▷ Controle como função administrativa. É o con- referência. Os padrões funcionam como marcos que determi-
nam se a atividade organizacional é adequada ou inadequada
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• Balanço e Relatórios Financeiros Falamos de orçamento quando estudamos os tipos de pla-
É um tipo de controle do desempenho global que per- nos relacionados com dinheiro. O orçamento é um plano de re-
mite medir e avaliar o esforço total da organização, em vez de sultados esperados expressos em termos numéricos. Por meio
medir simplesmente algumas partes dela. O tipo mais utilizado do orçamento, a atividade da organização é traduzida em
de controle global são os balanços contábeis e relatórios finan- resultados esperados, tendo o dinheiro como denominador
ceiros, ressaltando aspectos como o volume de vendas, volume comum. Quase sempre se fala em planejamento orçamentário,
de produção, volume de despesas em geral, custos, lucros, uti- relegando o controle orçamentário a um segundo plano. O
lização do capital, retorno sobre o investimento aplicado e outras controle orçamentário é um processo de monitorar e controlar
informações numéricas dentro de um inter-relacionamento que despesas programadas das várias unidades organizacionais,
varia de uma organização para outra. Geralmente, é um controle
no decorrer de um exercício anual, apontando possíveis des-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
na elaboração do produto) e custos de mão de obra direta Deve ser esperada. A ação disciplinar deve ser prevista em
(salários e encargos sociais do pessoal que realiza as tarefas regras e procedimentos e previamente estabelecida. Não deve
de produção do produto). ser improvisada, mas planejada. A sanção negativa é imposta
Com base nos custos fixos e variáveis, pode-se calcular a fim de desencorajar a infração.
o ponto de equilíbrio (break-even point), também chamado Deve ser impessoal. A ação disciplinar não deve simples-
ponto de paridade. É possível traçar um gráfico que permite mente buscar punir uma determinada pessoa ou grupos, mas
mostrar a relação entre a renda total de vendas e os custos de apenas corrigir a situação. Ela deve basear-se em fatos, e não
produção. O ponto de equilíbrio é o ponto de intersecção entre em opiniões ou em pessoas. Não deve visar à pessoa, mas à
a linha de vendas e a linha de custos totais. É o ponto em que discrepância, ao fato, ao comportamento em si. Ela deve fun-
não há lucro nem prejuízo. Ou em outros termos, é o ponto em damentar-se em regras e procedimentos.
que o lucro é zero e o prejuízo também. Deve ser imediata. A ação disciplinar deve ser aplicada tão
O gráfico do ponto de equilíbrio é uma técnica de planeja- logo seja detectado o desvio, para que o infrator associe clara-
mento e de controle que procura mostrar como os diferentes mente a sua aplicação com o desvio que provocou.
níveis de venda ou de receita afetam os lucros da organização. Deve ser consistente. As regras e os regulamentos devem
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O ponto de equilíbrio é o ponto em que os custos e as vendas ser feitos para todas nas pessoas, sem exceções. Devem ser
se equiparam. No seu lado esquerdo, está a área de prejuízo e, justos e equitativos, sem favoritismo ou tendenciosidade.
no seu lado direito, a área de lucro. Deve ser limitada ao propósito. Depois de aplicada a ação
Controles Operacionais disciplinar, o administrador deve reassumir sua atitude normal
em relação ao funcionário faltoso. Tratar o funcionário sempre
Os controles operacionais são feitos no nível operacional como faltoso é puni-lo permanentemente, encorajando hos-
da organização e são projetados em curto prazo. tilidade e autodepreciação, quando o certo seria adotar uma
• Disciplina atitude positiva e construtiva.
Nas organizações bem-sucedidas, o autocontrole e a autodis- Deve ser informativa. Isto é, deve proporcionar orientação
ciplina das pessoas são sempre preferidos ao controle externo ou sobre o que se deve fazer e o que não se pode fazer.
disciplina imposta pela força. Para muitos autores, a disciplina é As técnicas de reforço positivo ou negativo que vimos an-
o ato de influenciar o comportamento das pessoas por meio de teriormente constituem um excelente ponto de partida para as
reprimendas. Preferimos conceituar a disciplina como o proces- situações disciplinares do dia a dia.
so de preparar uma pessoa de modo que ela possa desenvolver
o autocontrole e tomar-se mais eficaz em fazer seu trabalho. O ANOTAÇÕES
propósito do processo disciplinar desenvolvido pelo adminis-
trador é a manutenção de um desempenho humano de acordo
com os objetivos organizacionais. O termo “disciplina” apresenta
quase sempre uma conotação simplista de dar recompensas ou
aplicar punições após o fato, quando, na realidade, a disciplina,
em seu próprio contexto, deve ser visualizada como o desenvolvi-
mento da habilidade ou capacidade de analisar situações, deter-
minar qual é o comportamento adequado e decidir a agir favora-
velmente no sentido de proporcionar contribuições à organização
e receber suas recompensas.
Boa parte das ações corretivas de controle no nível opera-
cional é realizada sobre as pessoas ou sobre o seu desempen-
ho. É a chamada ação disciplinar: a ação disciplinar é a ação
corretiva realizada sobre o comportamento de pessoas para
orientar e/ou corrigir desvios ou discrepâncias. Seu propósito
é reduzir a discrepância entre os resultados atuais e os resul-
tados esperados. A ação disciplinar pode ser positiva ou neg-
ativa, dependendo do desvio ou da discrepância ocorridos. A
ação positiva toma a forma de encorajamento, recompensas,
elogios, treinamento adicional ou orientação pessoal. A ação
negativa inclui o uso de advertências, admoestações, pe-
nalidades, castigos e até mesmo a demissão do funcionário.
Quando é necessária a ação disciplinar negativa, ela deve ser
adotada em etapas crescentes. A primeira, dependendo da in-
▷
3. Cultura Organizacional Psicossocial: manifestações afetivas dos indivídu-
os. Está relacionado às percepções e sentimentos
De acordo com Schein, cultura: positivos ou negativos, e como relacionamento e
“É um modelo de pressupostos básicos, que determinado interação entre os membros.
grupo tem inventado, descoberto ou desenvolvido no proces- As três dimensões formadoras da cultura organizacional –
so de aprendizagem para lidar com problemas de adaptação ideológica, material e psicossocial – não são necessariamente
externa e integração interna. Uma vez que os pressupostos equivalentes. Uma ou outra pode predominar na vida organi-
tenham funcionado bem o suficiente para serem consid- zacional, pode ter maior expressão, atuar com mais força. Há
erados válidos, são ensinados aos demais membros como organizações eminentemente voltadas para as questões ma-
maneira correta para se proceder, se pensar e sentir-se em teriais, outras mais ideológicas, outras ainda em que são mais
intensas as relações psicossociais.
relação àqueles problemas. ”
Segundo Nassar (2000): Funções da Cultura
“(...) cultura organizacional é o conjunto de valores, ▷ Papel de definidora de fronteiras, ou seja, cria dis-
crenças e tecnologias que mantém unidos os mais diferentes tinções entre uma organização e as outras.
membros, de todos os escalões hierárquicos, perante as difi-
▷ Gera senso de identidade aos membros da organi-
culdades, operações do cotidiano, metas e objetivos. Pode-
zação.
se afirmar ainda que é a cultura organizacional que produz
junto aos mais diferentes públicos, diante da sociedade e ▷ Facilita o comprometimento com algo maior do que
mercados o conjunto de percepções, ícones, índices e símbo- os interesses de cada um.
los que chamamos de imagem corporativa. ” ▷ Estimula a estabilidade do sistema social.
Para Chiavenato, ▷ Gera uma “argamassa social” que ajuda a manter
“A cultura organizacional consiste em padrões explícitos a organização coesa, fornecendo os padrões ade-
e implícitos de comportamentos adquiridos e transmitidos ao quados para aquilo que os funcionários vão fazer ou
longo do tempo que constituem uma característica própria de dizer.
cada empresa. ” Para esse autor, a cultura organizacional pode ▷ Serve de mecanismo de controle que orienta e dá for-
ser dividida em um nível visível e outro invisível. “No nível ma às atitudes e comportamentos dos funcionários.
visível, estão os padrões e estilos de comportamento dos em- ▷ Favorece a integração interna e adaptação externa.
pregados. No nível como um iceberg, invisível estão os valores ▷ Ajuda na estabilidade social.
compartilhados e crenças que permanecem durante um longo
período de tempo. Este nível é mais difícil de mudar. ” Como os Funcionários
Assim, a cultura organizacional representa o modo insti- Aprendem a Cultura
tucionalizado de pensar e agir da organização, sendo per-
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ceptível na forma que seus funcionários se comportam, na Segundo Maximiano (2007) a cultura é transmitida aos
forma de realizar negócios, na lealdade dos funcionários, etc. funcionários de diversas maneiras, e as mais poderosas são as
Trata-se das normas informais e não escritas que orientam o histórias, os rituais, os símbolos e a linguagem.
comportamento dos membros da organização, direcionando Histórias: referem-se a eventos ocorridos com fundadores
suas ações para os objetivos organizacionais. Deste modo, os de empresas, quebras de regras, sucesso estrondosos, re-
padrões culturais agem como um mecanismo de controle or- duções da força de trabalho, recolocações de funcionários,
ganizacional mais sutil do que os tradicionais. reações a antigos erros, lutas organizacionais. Essas narrativas
A cultura é um fator que diferencia uma empresa da out- vinculam o presente como passado e oferecem explicações e
ra. Existem culturas inovadoras, que incentivam a tomada de legitimidade para as práticas vigentes.
riscos e de novas ideias. Também existem culturas conser- Rituais: são sequências repetitivas de atividades que ex-
pressam e reforçam os valores fundamentais da organização,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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▷ Uma cultura adaptativa permite uma melhor adap- compartilhados por todos os membros, mas apenas alguns.
tação da organização ao meio. Ou seja, podem existir outras culturas “dentro” da mesma or-
▷ Uma cultura forte favorece o comprometimento dos ganização. Muitas empresas possuem uma cultura dominante
colaboradores com a organização. e algumas subculturas espalhadas por suas diversas divisões
e setores.
Desvantagens Subculturas: coexistência de diversas culturas na mesma
Uma cultura forte pode dificultar os processos de mudança organização.
e adaptação da organização, fazendo com que as pessoas não Contracultura: peculiar de um grupo que se opõe à cultu-
aceitem bem os processos de mudança. ra mais ampla, contestando seus padrões.
Uma cultura forte pode dificultar a aceitação da diversi- Se as organizações não possuíssem nenhuma cultura dom-
dade na organização. inante e fossem constituídas apenas de diversas subculturas,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
sistência. Uma cultura forte pode fazer o mesmo sem necessi- idade da organização, e os que devem ser moldados à reali-
dade de documentação escrita. dade globalizada”.
(Ulrich apud Rocha-Pinto, p.109)
Socialização A gestão da cultura organizacional consiste basicamente
Para Maximiano (2007),a socialização de um novo fun- em fortalecer a cultura quando ela já está consolidada nos
cionário é uma maneira de passar a cultura organizacional. padrões desejados pela alta administração, ou promover mu-
danças na cultura, quando esta não está favorecendo o bom
Gestão da Cultura Organizacional desempenho organizacional.
Outro aspecto relacionado à cultura organizacional e que
costuma ser cobrado em concursos refere-se à sua dinâmica Clima Organizacional
de transformação. Refere-se a um conjunto de percepções, opiniões e sen-
Conforme vimos, a cultura se transforma espontaneamente, timentos que se expressam no comportamento de um grupo
no longo prazo, conforme ingressam novas pessoas na organi- ou uma organização, em determinado momento ou situação,
zação, conforme há transformações no ambiente e de acordo sendo, portanto, passageiro e superficial. Caracteriza-se como
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com acontecimentos internos. Estas transformações colocam um fenômeno geralmente de caráter menos profundo e que
alguns desafios à empresa. Por exemplo, na hora de realizar a pode mudar em menor tempo. Diferente da cultura, o clima
seleção de novas pessoas que irão ingressar na organização, é avaliativo e descritivo, uma vez que, além de poder ser de-
deve-se observar se elas serão capazes de se alinhar à cultura scrito, pode ser avaliado quanto ao grau de intensidade dos
existente. Além disso, devem ser realizados processos de social- itens que o compõem, por meio da pesquisa de clima orga-
ização capazes de ensinar a cultura às novas pessoas, para que nizacional.
elas sejam capazes de agir de acordo com o que é esperado. O clima organizacional pode ser definido como o grau da
Uma pergunta que surge, e a respeito da qual há grande satisfação dos agentes da organização com os vários aspectos
debate teórico, é: a cultura pode ser gerenciada, ou delibera- da cultura organizacional.
damente modificada pela organização? É um conceito que se refere ao ambiente interno da orga-
A maioria dos autores entende que sim, a cultura é ge- nização. Trata-se da manifestação de um conjunto de valores,
renciável. Mas não é uma tarefa fácil! A cultura é duradoura atitudes e padrões de comportamento, formais e informais,
e tende a ser estável, razão pela qual a mudança da cultura existentes em uma organização.
exige grandes esforços dos líderes. Inclusive, uma das tarefas Enquanto a cultura trata da essência da organização e é
do líder moderno é exatamente influenciar para a criação ou relativamente estável, o clima organizacional é a síntese das
consolidação de uma cultura organizacional positiva, que con- percepções dos funcionários sobre a organização e o am-
tribua para a consecução dos objetivos organizacionais. biente de trabalho, sendo algo mais temporário. Assim, as
Conforme afirma Ulrich, “A cultura, quando gerenciada, mudanças de cultura tendem a ser mais difíceis e demoradas
pode contribuir para o sucesso da organização. Entretanto, do que a mudança do clima organizacional, que podem ser im-
o agente de mudanças encontrará resistências às transfor- plementadas em um prazo mais curto.
mações necessárias”. Segundo George Litwin (apud, ROBBINS,2007) clima or-
Se uma empresa precisa ter um estilo de gestão democráti- ganizacional: “É a qualidade ou propriedade do ambiente or-
co, aberto e participativo para atingir os seus resultados, os ganizacional que é percebida ou experimentada pelos mem-
líderes dessa empresa precisam trabalhar para que essas car- bros da organização e influencia o seu comportamento”.
acterísticas passem a fazer parte do “espírito” da empresa, O clima organizacional é uma decorrência da cultura orga-
passem a ser um valor natural e compartilhado por todos. O nizacional, tanto de seus aspectos “positivos” e motivadores
importante é que as intervenções na cultura sejam feitas de quanto de seus aspectos “negativos” e geradores de conflitos,
maneira planejada e ética. sendo mais facilmente perceptível e manejável pela organi-
Uma das maneiras de se modificar a cultura é a admin- zação do que a sua cultura.
istração simbólica. “Nesse caso, as pessoas investidas em Chiavenato (2007) nos informa que o clima organizacional
posições estratégicas de mando procuram influenciar valores “está intimamente relacionado com o grau de motivação de
culturais arraigados e normas organizacionais, modelan- seus participantes. O clima organizacional é a qualidade ou
do elementos culturais de superfície, tais como símbolos, propriedade do ambiente organizacional, percebida ou ex-
histórias e cerimônias com o intuito de explicitar acordos cul- perimentada pelos participantes da empresa e que influencia
turais desejados”. o seu comportamento”.
Outro ponto de destaque na gestão da cultura é a dificul- Percebe-se, deste modo, que o clima organizacional está
dade encontrada por empresas multinacionais na adaptação muito relacionado à motivação e comportamentos dos fun-
à cultura local de países onde instalam suas filiais. A global- cionários. Um clima positivo influencia positivamente o tra-
ização traz a necessidade de as empresas fornecerem os mes- balho das pessoas, enquanto um clima negativo pode “pesar”
e fazer com que os funcionários passem a se sentir menos É importante observar que, principalmente em grandes
motivados. Além disso, funcionários desmotivados tendem corporações, há a possibilidade de que haja localização de
a gerar um clima organizacional negativo, gerando um ciclo focos problemáticos em alguns setores, enquanto em outros
negativo na organização. os indicadores são satisfatórios. Cabe, portanto, uma análise
Nesse sentido, o clima organizacional pode ser classificado cuidadosa neste sentido, a fim de evitar generalizar questões
como favorável (ou bom) ou não favorável (ou ruim) ao bom que na verdade são locais.
desempenho do trabalho. O clima favorável proporciona as
condições para um maior comprometimento por parte dos fun- Gestão do Clima Organizacional
cionários enquanto um clima desfavorável pode fazer com que Para gerir o clima organizacional, é necessário fazer pri-
os funcionários se desagreguem no trabalho. De forma diversa, meiramente um diagnóstico, a partir de uma pesquisa de cli-
as pessoas dentro da organização podem classificar o clima de ma, para saber qual a situação atual em relação às diversas di-
várias formas qualitativas, como: bom, ruim, neutro, frio, calo- mensões do clima. O diagnóstico identificará os pontos fortes
roso, desafiador, “pegando fogo”, depressivo, ameaçador, etc. e fracos do clima organizacional, e, como consequência, deve-
É preciso ter em conta também que o clima dependerá da se ter um plano de ação para tentar elevar a qualidade do cli-
cultura como um todo, mas dependerá, na prática, de várias ma, especialmente em relação aos pontos mais críticos. Após
características do dia a dia organizacional, como: o estilo de a implementação dessas ações, teremos uma nova pesquisa
liderança, as características do líder e dos liderados, a estrutura para avaliar o clima, reiniciando, assim, o ciclo de gestão do
organizacional, as políticas e valores postos em prática, o ramo clima organizacional.
de atividade da organização, o momento vivido pela organi- A opção pela gestão do clima mostra que a empresa está
zação etc., que poderão ser avaliadas em pesquisas de clima preocupada com o lado pessoal dos funcionários. Só o fato de
organizacional para serem geridas com eficácia. fazer uma pesquisa já deixa a mensagem “Queremos ouvir
você, queremos saber a sua opinião”. Esse tipo de postura da
Tipos de Clima Organizacional empresa tende a motivar os empregados.
O clima organizacional poderá ser classificado de duas Por outro lado, essas iniciativas criam expectativas nas
formas, segundo as respostas dos indivíduos aos estímulos pessoas, que esperam ações concretas para sanar as insatis-
organizacionais. fações levantadas.
Podemos dizer que o clima é bom quando há um baixo Caso a empresa faça o diagnóstico, mas não promova
turnover, alto tempo de permanência dos funcionários na em- ações de melhoria, o resultado pode ser catastrófico, com uma
presa, bem como quando estes possuem orgulho em partici- piora no clima e uma sensação de frustração dos funcionários.
par da organização.
Em um clima prejudicado ou ruim, há um turnover el- ANOTAÇÕES
evado, conflitos interpessoais, desinteresse pelo cumprimento
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das tarefas, resistências internas, competição exacerbada, ver-
gonha de trabalhar na empresa. Em um clima prejudicado ou
ruim, predomina a falta de motivação.
do príncipe ou do soberano). Em consequência, a corrupção e Voltado cada vez mais para si mesmo, o modelo burocrático
o nepotismo são inerentes a esse tipo de Administração. No tradicional vinha caminhando para um sentido contrário aos an-
momento em que o capitalismo e a democracia se tornam seios dos cidadãos. A incapacidade de responder às demandas
dominantes, o mercado e a sociedade civil passam a se distin- destes, a baixa eficiência de suas estruturas, aliadas à captura
guir do Estado, tornando-se a Administração patrimonialista do Estado por interesses privados e ao processo de globalização
abominável. e de transformações tecnológicas, desencadearam a CRISE DO
Burocrática: surge na segunda metade do século XIX, ESTADO, cujas manifestações mais evidentes foram:
na época do Estado liberal, como forma de combater a cor- CRISE FISCAL: perda em maior grau de crédito públi-
rupção e o nepotismo patrimonialista. Baseada nos princípios co e incapacidade crescente do Estado de realizar uma
de Administração do exército prussiano, constituía-se em uma poupança pública que lhe permitisse financiar políticas
alternativa muito superior à Administração patrimonialista do públicas, devido principalmente à grave crise econômica
Estado. Tal modelo foi adotado inicialmente nas empresas, mundial dos anos 70 e 80.
principalmente em organizações industriais, em decorrência ESGOTAMENTO DAS FORMAS DE INTERVENÇÃO DO
da necessidade de ordem e exatidão e das reivindicações dos ESTADO: crise do “Estado de Bem-Estar Social” ou “Welfare
trabalhadores por um tratamento justo e imparcial. State” no Primeiro Mundo, o esgotamento da industrialização
A autoridade não mais tem origem no soberano, e sim por substituição de importações nos países em desenvolvi-
no cargo que a pessoa ocupa na organização, e a obediência mento e o colapso do estatismo nos países comunistas.
é devida às leis e aos regulamentos, formalmente definidos. OBSOLESCÊNCIA NA FORMA BUROCRÁTICA DE ADMIN-
Qualquer organização ou grupo que se baseie em leis racionais ISTRAR O ESTADO: serviços sociais prestados com baixa qual-
é uma burocracia. idade, ineficientes e com custos crescentes. Era preciso urgen-
O tipo ideal de burocracia, segundo Weber, apresenta temente aumentar a eficiência governamental. Este cenário
como características principais: impulsionou o surgimento de um novo modelo de Adminis-
O caráter racional-legal das normas e regulamentos, caráter tração Pública, mais preocupado com os resultados e não com
formal das comunicações, profissionalização, ideia de carreira, procedimentos e que levava em consideração, sobretudo, a
hierarquia funcional e disciplina, impessoalidade, formalismo, eficiência: produzir mais aproveitando ao máximo os recursos
divisão do trabalho, competência técnica e meritocracia, rotinas disponíveis, com a maior produtividade possível. O Estado te-
e procedimentos padronizados, separação da propriedade. ria que inovar, ser criativo, e se aproximar mais dos princípios
Weber distinguiu três tipos de autoridade ou dominação: que regem a Administração de Empresas Privadas, reduzindo
custos e maximizando resultados.
▷ tradicional – transmitida por herança, conservadora;
Disfunções da Burocracia
▷ carismática – baseada na devoção afetiva e pessoal Perrow afirmava que o tipo ideal de Weber nunca é alca-
e no arrebatamento emocional dos seguidores em nçado, porque as organizações são essencialmente sistemas
relação à pessoa do líder; sociais, feitas de pessoas, e as pessoas não existem apenas
▷ racional legal ou burocrática – baseada em normas para as organizações. Estas têm interesses independentes e
legais racionalmente definidas e impostas a todos. levam para dentro das organizações em que trabalham toda
Para Weber, a burocracia é a organização eficiente por a sua vida externa. Além disso, a organização burocrática que
excelência e para conseguir essa eficiência, precisa detalhar Weber idealizou parece servir melhor para lidar com tarefas
antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas de- estáveis e rotinizadas. Não trata das organizações dinâmicas,
verão ser feitas. para as quais a mudança é constante; somente as organizações
mecanicistas, orientadas basicamente para as atividades pa- No começo da década de 80, o modelo gerencial puro,
dronizadas e repetitivas. Perrow apontou quatro disfunções da denominado managerialism ou gerencialismo, sugeriu três
burocracia: providências básicas:
PARTICULARISMO: as pessoas levam para dentro das or- CORTE DE GASTOS: inclusive de pessoal;
ganizações os interesses do grupo de que participam fora dela.
AUMENTO DA EFICIÊNCIA: com a introdução da lógica
SATISFAÇÃO DE INTERESSES PESSOAIS: utilização da
da produtividade existente no setor privado;
organização para fins pessoais do funcionário.
EXCESSO DE REGRAS: as burocracias exageram na ten- ATUAÇÃO MAIS FLEXÍVEL DO APARATO BUROCRÁTICO.
tativa de regulamentar tudo o que for possível a respeito do A reforma do aparelho do Estado passa a ser orientada
comportamento humano, criando regras em excesso, e muitos predominantemente pelos valores da eficiência e qualidade
funcionários ficam encarregados de fiscalizar o cumprimento na prestação de serviços públicos e pelo desenvolvimento de
de tais regras. uma cultura gerencial nas organizações. A forma de controle
HIERARQUIA: para Perrow seria a negação da autonomia, deixa de basear-se nos processos (meios) para concentrar-se
liberdade, iniciativa, criatividade, dignidade e independência. nos resultados (fins).
Seria a maior responsável pela resistência às mudanças, as quais
atrapalham o comodismo dos que estão no topo da hierarquia. A Administração Pública Gerencial constitui um avanço e,
até certo ponto, um rompimento com a Administração Pública
Merton também critica o modelo weberiano que, em sua
opinião, negligencia o peso do fator humano e não é racional, Burocrática. Isto não significa, entretanto, que negue todos os
como ele retrata. Para ele, as principais disfunções da buroc- seus princípios. Pelo contrário, a Administração Pública Geren-
racia são: cial está apoiada na anterior, da qual conserva, embora flex-
EXAGERADO APEGO AOS REGULAMENTOS E SU- ibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a
PERCONFORMIDADE ÀS ROTINAS E PROCEDIMENTOS: admissão segundo rígidos critérios de mérito, a existência de
as regras passam a se transformar de meios em objetivos. O um sistema estruturado e universal de remuneração, as car-
funcionário esquece que a flexibilidade é uma das principais reiras, a avaliação constante de desempenho, o treinamento
características de qualquer atividade racional. Trabalha em sistemático. A diferença fundamental está na forma de con-
função do regulamento e não em função dos objetivos orga- trole, que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se
nizacionais.
nos resultados, e não na rigorosa profissionalização da Admin-
EXCESSO DE FORMALISMO E PAPELÓRIO: devido à istração Pública, que continua um princípio fundamental.
necessidade de se documentar por escrito todas as comuni-
cações e procedimentos. O modelo gerencial busca a inserção e o aperfeiçoamen-
RESISTÊNCIA ÀS MUDANÇAS: o funcionário, por se tor- to da máquina administrativa voltada para a gestão e a aval-
iação a posteriori de resultados em detrimento ao controle
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nar um mero executor de rotinas e procedimentos definidos,
passa a dominar seu trabalho com segurança e tranquilidade. burocrático e a priori de processos. Enquanto a Administração
Qualquer possibilidade de mudança que surja no horizonte Burocrática pressupõe uma racionalidade absoluta, a Admin-
passa a ser interpretada como ameaça à sua posição e, por- istração Gerencial pensa na sociedade como um campo de
tanto, é altamente indesejável. Tal resistência pode ser mani- conflito, cooperação e incerteza. Seu marco inicial surgiu na
festada de forma velada e discreta ou ativa e agressiva. década de 60 com a publicação do Decreto-Lei nº 200/67.
DESPERSONALIZAÇÃO DO RELACIONAMENTO: o chefe Na Administração Pública Gerencial, a estratégia volta-se
não considera mais os funcionários como indivíduos, mas sim
como ocupantes de cargos, sendo conhecidos pelo título do para a definição precisa dos objetivos que o administrador
cargo e até mesmo pelo número interno que a organização público deverá atingir em sua unidade, para a garantia de au-
lhes fornece. tonomia do administrador na gestão dos recursos humanos,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
CATEGORIZAÇÃO COMO BASE DO PROCESSO DECI- materiais e financeiros que lhe forem colocados à disposição
SORIAL: a burocracia se assenta em uma rígida hierarquização para que possa atingir os objetivos contratados, e para o con-
da autoridade. Ou seja, na burocracia quem toma as decisões trole ou cobrança a posteriori dos resultados.
são as pessoas que estão no mais alto nível da hierarquia, mes- No plano da estrutura organizacional, a descentralização
mo que não saibam nada do assunto, visto que são os únicos e a redução dos níveis hierárquicos tornam-se essenciais. Em
com real poder de decisão.
suma, afirma-se que a Administração Pública deve ser per-
UTILIZAÇÃO INTENSIVA DE SINAIS DE STATUS: identi- meável à maior participação dos agentes privados e/ou das
fica os que estão no topo da hierarquia, tais como broches, ta-
organizações da sociedade civil e deslocar a ênfase dos pro-
manho de sala ou de mesa; pode ser interpretada como exces-
siva, prejudicial, visto que os funcionários que não as dispõem cedimentos (meios) para os resultados (fins).
podem se sentir desprestigiados, em situação inferior aos A Administração Pública Gerencial vê o cidadão como
demais, perdendo motivação e diminuindo sua produtividade. contribuinte de impostos e como cliente dos seus serviços.
Gerencial: emerge na segunda metade do século XX, O paradigma gerencial contemporâneo, fundamentado nos
como resposta, de um lado, à expansão das funções econômi- princípios da confiança e da descentralização da decisão, ex-
cas e sociais dos Estados e, de outro ao desenvolvimento tec- ige formas flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas, 451
nológico e à globalização da economia mundial. descentralização de funções, incentivos à criatividade.
O Paradigma Pós-Burocrático O paradigma gerencial da época, compatível com o
452 monopólio estatal na área produtiva de bens e serviços, orien-
O paradigma gerencial contemporâneo, fundamentado tou a expansão da Administração indireta, em uma tentativa
nos princípios da confiança e da descentralização da decisão, de “flexibilizar a Administração” com o objetivo de atribuir
exige formas flexíveis de gestão, horizontalização de estru- maior operacionalidade às atividades econômicas do Estado.
turas, descentralização de funções, incentivos à criatividade. Entretanto, as reformas operadas pelo Decreto-Lei no
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Contrapõe-se à ideologia do formalismo e do rigor técnico da 200/67 não desencadearam mudanças no âmbito da Adminis-
burocracia tradicional. À avaliação sistemática, a recompensa tração Burocrática central, permitindo a coexistência de núcleos
pelo desempenho e a capacitação permanente, que já eram de eficiência e competência na Administração indireta e formas
características da boa Administração Burocrática, acrescen- arcaicas e ineficientes no plano da Administração direta ou cen-
tam-se os princípios da orientação para o cidadão-cliente; do tral. O núcleo burocrático foi, na verdade, enfraquecido indev-
controle por resultados, e da competição administrada. idamente por meio de uma, estratégia oportunista do regime
No presente momento, uma visão realista da reconstrução militar, que não desenvolveu carreiras de administradores públi-
do aparelho do Estado em bases gerenciais deve levar em con- cos de alto nível, preferindo, ao invés disso, contratar os escalões
ta a necessidade de equacionar as assimetrias de correntes da superiores da Administração por meio das empresas estatais.
persistência de aspectos patrimonialistas na Administração Em meados dos anos 1970, uma nova iniciativa modern-
contemporânea, bem como dos excessos formais e anacro- izadora da Administração Pública teve início, com a criação da
nismos do modelo burocrático tradicional. Para isso, é funda- SEMOR - Secretaria da Modernização. Reuniu-se em torno
mental ter clara a dinâmica da Administração Racional-Legal dela um grupo de jovens administradores públicos, muitos de-
ou Burocrática. Não se trata simplesmente de descartá-la, les com formação em nível de pós-graduação no exterior, que
mas sim de considerar os aspectos em que está superada e as
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processo, a instituição de uma série de privilégios, que não se ▷ busca da excelência.
coadunam com a própria Administração Pública Burocrática. Assim, o modelo gerencial (puro, inicial), buscou respond-
Como exemplos, temos a estabilidade rígida para todos os er com maior agilidade e eficiência aos anseios da sociedade,
servidores civis, diretamente relacionada à generalização do insatisfeita com os serviços recebidos do setor público.
regime estatutário na Administração direta e nas fundações A preocupação primeira do modelo gerencial foi o incre-
e autarquias, a aposentadoria com proventos integrais sem mento da eficiência, tendo em vista as disfunções do modelo
correlação com o tempo de serviço ou com a contribuição do burocrático. Nessa fase, o usuário do serviço público é visto tão
servidor. somente como o financiador do sistema.
Todos estes fatos contribuíram para o desprestígio da No Consumerism, que foi uma corrente, há o incremento
Administração Pública brasileira, não obstante o fato de que na busca pela qualidade, decorrente da mudança do modo de
os administradores públicos brasileiros são majoritariamente ver o usuário do serviço, de mero contribuinte para cliente con-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
competentes, honestos e dotados de espírito público. Es- sumidor de serviços públicos. Nesse momento, há uma alter-
tas qualidades, que eles demonstraram desde os anos 1930, ação no foco da organização. A burocracia, que normalmente
quando a Administração Pública profissional foi implantada no é autorreferenciada, ou seja, voltada para si mesma, passa a
Brasil, foram um fator decisivo para o papel, estratégico que o observar com maior cuidado a razão de sua existência: a sat-
Estado jogou no desenvolvimento econômico brasileiro. isfação de seu consumidor. Com isso, buscar-se-á conhecê-lo
As distorções provocadas pela nova Constituição logo se por meio, dentre outras coisas, de pesquisas de opinião e
fizeram sentir. No governo Collor, entretanto, a resposta a elas procurar-se-á proporcionar um atendimento diferenciado com
foi equivocada e apenas agravou os problemas existentes, na vistas no atendimento de necessidades individualizadas.
medida em que se preocupava em destruir ao invés de con- Na fase mais recente, o entendimento de que o usuário do
struir. O governo Itamar Franco buscou essencialmente recom- serviço deve ser visto como cliente-consumidor perdeu força,
por os salários dos servidores, que haviam sido violentamente principalmente porque a ideia de consumidor poderia levar a
reduzidos no governo anterior. O discurso de reforma admin- um atendimento melhor para alguns e pior para outros, em
istrativa assume uma nova dimensão a partir de 1994, quando um universo em que todos têm os mesmos direitos. É possível
a campanha presidencial introduz a perspectiva da mudança perceber isso quando levamos em consideração que clientes
organizacional e cultural da Administração Pública no sentido mais bem organizados e estruturados teriam mais poder para 453
de uma Administração Gerencial. pleitear mais ou melhores serviços, culminando em prejuízo
para os menos estruturados. Por isso, nesta abordagem é índices de inflação. Após várias tentativas de explicação, ficou
454 preferível o uso de conceito de cidadão, que ao invés de bus- claro, afinal, que a causa da desaceleração econômica nos
car a sua satisfação, estaria voltado para a consecução do bem países desenvolvidos e dos graves desequilíbrios na América
comum. Com isso, o que se busca é a equidade, ou seja, o Latina e no Leste Europeu era a crise do Estado, que não sou-
tratamento igual a todos os que se encontram em situações bera processar de forma adequada a sobrecarga de demandas
equivalentes. a ele dirigidas. A desordem econômica expressava agora a di-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Os cidadãos teriam, além de direitos, obrigações perante ficuldade do Estado em continuar a administrar as crescentes
a sociedade, tais como a fiscalização da república, vindo a co- expectativas em relação à política de bem-estar aplicada com
brar, inclusive, que os maus gestores sejam responsabilizados relativo sucesso no pós-guerra.
(accountability) por atos praticados com inobservância da A Primeira Grande Guerra Mundial e a Grande Depressão
Legislação ou do interesse público. foram o marco da crise do mercado e do Estado liberal. Surge
A fim de aprimorar o aprendizado e complementar os es- em seu lugar um novo formato de Estado, que assume um pa-
tudos para a prova, a partir de agora este material reproduzirá pel decisivo na promoção do desenvolvimento econômico e
extratos do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Esta- social. A partir desse momento, o Estado passa a desempen-
do. har um papel estratégico na coordenação da economia capi-
Estado e sociedade formam, em uma democracia, um talista, promovendo poupança forçada alavancando o desen-
todo indivisível: a competência e os limites de atuação do Es- volvimento econômico, corrigindo as distorções do mercado e
tado estão definidos precipuamente na Constituição. Deriva seu garantindo uma distribuição de renda mais igualitária.
poder de legislar e de tributar a população, da legitimidade que Não obstante, nos últimos 20 anos, esse modelo mos-
lhe outorga a cidadania, via processo eleitoral. A sociedade, por trou-se superado, vítima de distorções decorrentes da tendên-
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seu turno, manifesta seus anseios e demandas por canais for- cia observada em grupos de empresários e de funcionários,
mais ou informais de contato com as autoridades constituídas. que buscam utilizar o Estado em seu próprio benefício, e
É pelo diálogo democrático entre o Estado e a sociedade que vítima também da aceleração do desenvolvimento tecnológi-
se definem as prioridades a que o Governo deve ater-se para a co e da globalização da economia mundial, que tornaram
construção de um país mais próspero e justo. a competição entre as nações muito mais aguda. A crise do
Nos últimos anos, assistimos em todo o mundo a um de- Estado define-se, então, como uma crise fiscal, caracterizada
bate acalorado - ainda longe de concluído - sobre o papel que pela crescente perda do crédito por parte do Estado e pela
o Estado deve desempenhar na vida contemporânea e o grau poupança pública que se torna negativa; como o esgotamen-
de intervenção que deve ter na economia. No Brasil, o tema to da estratégia estatizante de intervenção do Estado, a qual
adquire relevância particular, tendo em vista que o Estado, em se reveste de várias formas: o Estado do bem-estar social nos
razão do modelo de desenvolvimento adotado, desviou-se países desenvolvidos, a estratégia de substituição de impor-
de suas funções precípuas para atuar com grande ênfase na tações no terceiro mundo e o estatismo nos países comunistas;
esfera produtiva. Essa maciça interferência do Estado no mer- e como a superação da forma de administrar o Estado, isto é, a
cado acarretou distorções crescentes neste último, que passou superação da Administração Pública Burocrática.
a conviver com artificialismos que se tornaram insustentáveis No Brasil, embora esteja presente desde os anos 1970, a
na década de 1990. Sem dúvida, em um sistema capitalista, crise do Estado somente se tornará clara a partir da segunda
Estado e mercado, direta ou indiretamente, são as duas in- metade dos anos 1980. Suas manifestações mais evidentes são
stituições centrais que operam na coordenação dos sistemas a própria crise fiscal e o esgotamento da estratégia de substi-
econômicos. Dessa forma, se uma delas apresenta funciona- tuição de importações, que se inserem em um contexto mais
mento irregular, é inevitável que nos depararemos com uma amplo de superação das formas de intervenção econômica e
crise. Foi assim nos anos 1920 e 1930, em que claramente foi o social do Estado. Adicionalmente, o aparelho do Estado con-
mau funcionamento do mercado que trouxe em seu bojo uma centra e centraliza funções, e se caracteriza pela rigidez dos
crise econômica de grandes proporções. Já nos anos 1980, é a procedimentos e pelo excesso de normas e regulamentos.
crise do Estado que põe em cheque o modelo econômico em A reação imediata à crise - ainda nos anos 1980, logo após
vigência. a transição democrática - foi ignorá-la. Uma segunda respos-
É importante ressaltar que a redefinição do papel do Estado ta igualmente inadequada foi a neoliberal, caracterizada pela
é um tema de alcance universal nos anos 1990. No Brasil, esta ideologia do Estado mínimo. Ambas revelaram-se irrealistas:
questão adquiriu importância decisiva, tendo em vista o peso a primeira, porque subestimou tal desequilíbrio; a segunda,
da presença do Estado na economia nacional. Tornou-se, con- porque foi utópica. Só em meados dos anos 1990 surge uma
sequentemente, inadiável equacionar a questão da reforma ou resposta consistente com o desafio de superação da crise: a
da reconstrução do Estado, que já não consegue atender com ideia da reforma ou reconstrução do Estado, de forma a resga-
eficiência à sobrecarga de demandas a ele dirigidas, sobretu- tar sua autonomia financeira e sua capacidade de implementar
do na área social. A reforma do Estado não é, assim, um tema políticas públicas.
abstrato: ao contrário, é algo cobrado pela cidadania, que vê Neste sentido, são inadiáveis: o ajustamento fiscal dura-
frustradas suas demandas e expectativas. douro; as reformas econômicas orientadas para o mercado,
A crise do Estado teve início nos anos 1970, mas só nos anos que, acompanhadas de uma política industrial e tecnológica,
1980 se tornou evidente. Paralelamente ao descontrole fiscal, garantam a concorrência interna e criem as condições para
diversos países passaram a apresentar redução nas taxas de o enfrentamento da competição internacional; a reforma da
crescimento econômico, aumento do desemprego e elevados previdência social; a inovação dos instrumentos de política so-
cial, proporcionando maior abrangência e promovendo melhor tomadas. Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciário,
qualidade para os serviços sociais; e a reforma do aparelho ao Ministério Público e, no Poder Executivo, ao Presidente da
do Estado, com vistas a aumentar sua “governança”, ou seja, República, aos ministros e aos seus auxiliares e assessores di-
sua capacidade de implementar de forma eficiente políticas retos, responsáveis pelo planejamento e formulação das políti-
públicas. cas públicas.
Cabe aos ministérios da área econômica, particularmente
aos da Fazenda e do Planejamento, proporem alternativas Atividades Exclusivas
com vistas à solução da crise fiscal. Aos ministérios setoriais, É o setor em que são prestados serviços que só o Estado
compete rever as políticas públicas, em consonância com os pode realizar. São serviços em que se exerce o poder extrover-
novos princípios do desenvolvimento econômico e social. A so do Estado - o poder de regulamentar, fiscalizar, fomentar.
atribuição do Ministério da Administração Federal e Reforma Como exemplos, temos: a cobrança e fiscalização dos impos-
do Estado é estabelecer as condições para que o governo pos- tos, a polícia, a previdência social básica, o serviço de desem-
sa aumentar sua governança. prego, a fiscalização do cumprimento de normas sanitárias, o
Para isso, sua missão específica é a de orientar e instru- serviço de trânsito, a compra de serviços de saúde pelo Estado,
mentalizar a reforma do aparelho do Estado, nos termos o controle do meio ambiente, o subsídio à educação básica, o
definidos pela Presidência por meio desse Plano Diretor. serviço de emissão de passaportes etc.
O Aparelho do Estado e as Serviços Não Exclusivos
Formas de Propriedade Corresponde ao setor onde o Estado atua simultaneamente
Para enfrentar os principais problemas que representam com outras organizações públicas não estatais e privadas. As
obstáculos à implementação de um aparelho do Estado mod- instituições desse setor não possuem o poder de Estado. Este,
erno e eficiente, torna-se necessário definir um modelo con- entretanto, está presente porque os serviços envolvem direitos
ceitual, que distinga os segmentos fundamentais característi- humanos fundamentais, como os da educação e da saúde, ou
cos da ação do Estado. A opção pela construção deste modelo porque possuem “economias externas” relevantes, na medida
tem como principal vantagem permitir a identificação de es- em que produzem ganhos que não podem ser apropriados por
tratégias específicas para cada segmento de atuação do Esta- esses serviços por meio do mercado. As economias produzidas
do, evitando a alternativa simplista de proposição de soluções imediatamente se espalham para o resto da sociedade, não
genéricas a problemas que são peculiares dependendo do podendo ser transformadas em lucros. São exemplos deste
setor. Entretanto, tem a desvantagem da imperfeição intrínse- setor: as universidades, os hospitais, os centros de pesquisa
ca dos modelos, que sempre representam uma simplificação e os museus.
da realidade. Estas imperfeições, caracterizadas por eventuais
Produção de Bens e Serviços
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omissões e dificuldades de estabelecimento de limites entre as
fronteiras de cada segmento, serão aperfeiçoadas na medida Para o Mercado
do aprofundamento do debate.
Corresponde à área de atuação das quatro empresas. É car-
O Estado é a organização burocrática que possui o poder acterizado pelas atividades econômicas voltadas para o lucro
de legislar e tributar sobre a população de um determinado que ainda permanecem no aparelho do Estado como, por exem-
território. O Estado é, portanto, a única estrutura organizacio-
plo, as do setor de infraestrutura. Estão no Estado, seja porque
nal que possui o “poder extroverso”, ou seja, o poder de con-
faltou capital ao setor privado para realizar o investimento, seja
stituir unilateralmente obrigações para terceiros, com extrav-
porque são atividades naturalmente monopolistas, nas quais o
asamento dos seus próprios limites.
controle via mercado não é possível, tornando-se necessária no
O aparelho do Estado ou Administração Pública lato senso,
caso de privatização, a regulamentação rígida.
compreende um núcleo estratégico ou governo, constituído
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
pela cúpula dos três Poderes, um corpo de funcionários e uma Setores do Estado e Tipos de Gestão
força militar e policial.
O aparelho do Estado é regido basicamente pelo Direito Cada um destes quatro setores referidos apresenta carac-
Constitucional e pelo Direito Administrativo, enquanto que o Es- terísticas peculiares, tanto no que se refere às suas prioridades,
tado é fonte ou sancionador e garantidor desses e de todos os quanto aos princípios administrativos adotados.
demais direitos. Quando somamos ao aparelho do Estado todo No núcleo estratégico, o fundamental é que as decisões
o sistema institucional-legal, que regula não apenas o próprio sejam as melhores, e, em seguida, que sejam efetivamente
aparelho do Estado, mas toda a sociedade, temos o Estado. cumpridas. A efetividade é mais importante que a eficiência. O
que importa saber é, primeiramente, se as decisões que estão
Os Setores do Estado sendo tomadas pelo governo atendem eficazmente ao inter-
No aparelho do Estado, é possível distinguir quatro setores: esse nacional, se correspondem aos objetivos mais gerais, aos
quais a sociedade brasileira está voltada, ou não. Em segundo
Núcleo Estratégico lugar, se, uma vez tomadas as decisões, estas são de fato cum-
Corresponde ao governo, em sentido lato. É o setor que pridas. Já no campo das atividades exclusivas de Estado, o que
define as leis e as políticas públicas, e cobra o seu cumpri- importa é atender milhões de cidadãos com boa qualidade a 455
mento. É, portanto, o setor onde as decisões estratégicas são um custo baixo.
Como já vimos, existem ainda hoje duas formas de Ad- “Entende-se por aparelho do Estado a Administração
456 ministração Pública relevantes: a Administração Pública Bu- Pública em sentido amplo, ou seja, a estrutura organizacio-
rocrática e a Administração Pública Gerencial. A primeira, nal do Estado, em seus três Poderes (Executivo, Legislativo
embora sofrendo do excesso de formalismo e da ênfase no e Judiciário) e três níveis (União, Estados-Membros e Mu-
controle dos processos, tem como vantagens a segurança e a nicípios). O aparelho do Estado é constituído pelo governo,
efetividade das decisões. Já a Administração Pública Gerencial isto é, pela cúpula dirigente nos três Poderes, por um corpo
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
caracteriza-se fundamentalmente pela eficiência dos serviços de funcionários, e pela força militar. O Estado, por sua vez, é
prestados a milhares, senão milhões, de cidadãos. Nestes ter- mais abrangente que o aparelho, porque compreende adicio-
mos, no núcleo estratégico, em que o essencial é a correção nalmente o sistema constitucional legal, que regula a popu-
das decisões tomadas e o princípio administrativo fundamen- lação nos limites de um território. O Estado é a organização
tal é o da efetividade, entendido como a capacidade de ver burocrática que tem o monopólio da violência legal, é o apa-
obedecidas e implementadas com segurança as decisões tom- relho que tem o poder de legislar e tributar a população de
adas; é mais adequado que haja um misto de Administração um determinado território”.
Pública Burocrática e Gerencial.
Estes conceitos permitem distinguir a reforma do Estado
No setor das atividades exclusivas e de serviços competi-
da reforma do aparelho do Estado. A reforma do Estado é um
tivos ou não exclusivos, o importante é a qualidade e o custo
dos serviços prestados aos cidadãos. O princípio correspon- projeto amplo que diz respeito às áreas do governo e, ainda, ao
dente é o da eficiência, ou seja, a busca de uma relação ótima conjunto da Sociedade Brasileira, enquanto que a reforma do
entre qualidade e custo dos serviços colocados à disposição do aparelho do Estado tem um escopo mais restrito: está orienta-
público. Logo, a Administração deve ser necessariamente Ger- da para tornar a Administração Pública mais eficiente e mais
encial. O mesmo se diga, obviamente, do setor das empresas, voltada para a cidadania.
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que, enquanto estiverem com o Estado, deverão obedecer aos Este Plano Diretor focaliza sua atenção na Administração.
princípios gerenciais de Administração. A reforma do aparelho do Estado tem um escopo mais pú-
blico federal, mas muitas das suas diretrizes e propostas po-
Experiências de Reformas dem também ser aplicadas em nível estadual e municipal. “A
reforma do Estado deve ser entendida dentro do contexto da
Administrativas definição do papel do Estado, que deixa de ser o responsável
A Administração Pública Gerencial direto pelo desenvolvimento econômico e social pela via da
produção de bens e serviços, para fortalecer-se na função de
no Brasil (O Governo FHC) promotor e regulador desse desenvolvimento”.
Em termos de Administração Pública, o marco de referên- “Nesse sentido, são inadiáveis:
cia da era FHC foi a implantação do Plano Diretor da Reforma ▷ o ajustamento fiscal duradouro;
do Aparelho do Estado (1995), fundamentado em princípios ▷ reformas econômicas orientadas para o mercado,
da Administração Pública Gerencial.
que, acompanhadas de uma política industrial e
Com a finalidade de colaborar com o trabalho que a socie- tecnológica, garantam a concorrência interna criem
dade e o governo estão tentando fazer para mudar o Brasil, as condições para o enfrentamento da competição
o então Presidente da República, Fernando Henrique Cardo- internacional;
so, determinou a elaboração do “Plano Diretor da Reforma
do Aparelho do Estado” definindo objetivos e estabelecendo ▷ a reforma da previdência social;
diretrizes para a “futura” reforma da Administração Pública ▷ a inovação dos instrumentos de política social, pro-
brasileira a ser aprovada pelo Poder Legislativo. porcionando maior abrangência e promovendo mel-
A seguir, transcrevemos alguns trechos desse documento hor qualidade para os serviços; e
para análise dos candidatos, no que tange aos rumos da Ad- ▷ a reforma do aparelho do Estado, com vista a au-
ministração Pública em nosso país. mentar sua ‘governança’, ou seja, sua capacidade de
Este “Plano Diretor” procura criar condições para a con- implementar de forma eficiente políticas públicas,”
strução pública em bases modernas e racionais. No passado,
constituiu grande avanço à implementação de uma Adminis- Governabilidade / Governança
tração Pública formal, baseada em princípios racionais e bu- / Accountability
rocráticos, os quais se contrapunham ao patrimonialismo, ao
clientelismo, ao nepotismo, vícios estes que ainda persistem Governança e Governabilidade
e que precisam ser extirpados. Mas o sistema introduzido, ao
limitar-se a padrões hierárquicos rígidos e ao concentrar-se A reforma do Estado envolve múltiplos aspectos. O
no controle dos processos e não dos resultados, revelou-se ajuste fiscal devolve ao Estado a capacidade de definir e
lento e ineficiente para a magnitude e a complexidade dos implementar políticas públicas. Por meio da liberalização
desafios que o País passou a enfrentar diante da globalização comercial, o Estado abandona a estratégia protecionista da
econômica. A situação agravou-se a partir do início da década substituição de importações. O programa de privatizações
de 90, como resultado de reformas administrativas apressa- reflete a conscientização da gravidade da crise fiscal e da
das, as quais desorganizaram centros decisórios importantes, correlata limitação da capacidade do Estado de promover
afetaram a “memória administrativa”, a par de desmantelarem poupança forçada por meio das empresas estatais. Por meio
sistemas de produção de informações vitais para o processo desse programa, transfere-se para o setor privado a tarefa
decisório governamental. da produção que, em princípio, este realiza de forma mais
eficiente. Finalmente, por meio de um programa de publi- quanto aos resultados de suas ações em termos de prestação
cização, transfere-se para o setor público não estatal a pro- de serviços de interesse coletivo foi o lançamento do bestseller
dução dos serviços competitivos ou não exclusivos de Esta- “Reinventando o Governo”, de autoria de David Osborne e Ted
do, estabelecendo-se um sistema de parceria entre Estado e Gaebler, nos EUA, em 1994. Os autores propõem um recei-
sociedade para seu financiamento e controle. tuário estratégico, organizado em torno de dez princípios bási-
Desse modo, o Estado reduz seu papel de executor ou cos, voltado para a reinvenção do governo, ou seja, um novo
prestador direto de serviços, mantendo-se, entretanto, no paradigma de Estado. Resumiremos os dez princípios:
papel de regulador e provedor ou promotor destes, princi- ▷ Governo catalisador: aquele que escolhe “navegar
palmente dos serviços sociais, como educação e saúde, que em vez de remar”; o que, em outras palavras, signifi-
são essenciais, para o desenvolvimento, na medida em que ca um governo que é forte porque se limita a decidir
envolvem investimento em capital humano: para a democ- e a dirigir, deixando a execução para outrem.
racia, na medida em que promovem cidadãos; e para uma ▷ Participação da população no governo: medi-
distribuição de renda mais justa, na medida em que o mer- ante a transferência do poder decisório da buroc-
cado é incapaz de garantir, dada a oferta muito superior racia para as comunidades, de tal maneira que elas
à demanda de mão de obra não especializada. Como pro- possam ser corresponsáveis com o governo pelo
motor desses serviços, o Estado continuará a subsidiá-los, controle dos serviços públicos.
buscando, ao mesmo tempo, o controle social direto e a ▷ Competição nos serviços públicos: a competição
participação da sociedade. não deve ocorrer apenas entre os setores público e
Nesta nova perspectiva, busca-se o fortalecimento das privado, mas também entre os próprios órgãos pú-
funções de regulação e de coordenação do Estado, particular- blicos, pois a competição sadia estimula a inovação
mente no nível federal, e a progressiva descentralização verti- e o aumento da eficiência.
cal, para os níveis estadual e municipal, das funções executivas ▷ Governo orientado por missões: em con-
no campo da prestação de serviços sociais e de infraestrutura. traposição às organizações públicas rigidamente di-
Considerando esta tendência, pretende-se reforçar a gov- rigidas por normas e regulamentos, as organizações
ernança - a capacidade de governo do Estado - por meio da orientadas por missões são mais racionais, eficazes,
transição programada de um tipo de Administração Pública criativas, têm maior flexibilidade operativa e moral
Burocrática, rígida e ineficiente, voltada para si própria e para mais elevado.
o controle interno, para uma Administração Pública Gerencial, ▷ Governo de resultados: no qual se privilegiam os
flexível e eficiente, voltada para o atendimento do cidadão. O resultados a atingir e não simplesmente os recursos.
governo brasileiro não carece de “governabilidade”, ou seja,
▷ Ênfase no cliente: consiste em aproximar os órgãos
de poder para governar, dada sua legitimidade democrática
governamentais dos usuários de serviços públicos,
e o apoio com que conta na sociedade civil. Enfrenta, entre-
de modo a identificar os seus anseios e incorporar
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tanto, um problema de governança, na medida em que sua
as críticas, a fim de moldar a prestação de serviços
capacidade de implementar as políticas é limitada pela rigidez
conforme as suas reais necessidades.
e ineficiência da máquina administrativa.
▷ Governo empreendedor: é aquele que gera re-
Accountability ceitas (extratributárias) ao invés de simplesmente
É um termo abrangente que vai além da prestação de con- incorrer em gastos.
tas, pura e simples, pelos gestores da coisa pública. Account- ▷ Papel preventivo: preocupação com a prevenção de
ability diz respeito à sensibilidade das autoridades públicas problemas evitáveis e com a previsão (antecipação)
em relação ao que os cidadãos pensam, à existência de me- de dificuldades futuras.
canismos institucionais efetivos, que permitam chamá-los à ▷ Descentralização: para responder com maior rapi-
fala quando não cumprirem suas responsabilidades básicas. dez a mudanças nas circunstâncias ou nas necessi-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
No âmbito da Secretaria Federal de Controle, o termo account- dades de seus clientes; o governo descentralizado é
ability é traduzido, por alguns, como “responsabilidade”. mais eficiente, inovador, produtivo e mais compro-
A busca da accountability passa também pela reforma da metido com os resultados.
sociedade; ela precisa saber e querer cobrar; precisa interes- ▷ Governo orientado para o mercado: é uma forma
sar-se pela gestão pública, deve entender a relação da boa de usar o poder de alavancagem do setor público
Administração com a qualidade de vida; em suma, deve ser para orientar as decisões dos agentes privados, de
mais cidadã. modo a alcançar mais eficientemente as metas co-
É importante o papel do cidadão no processo, consideran- letivas.
do que o verdadeiro controle do Governo, o controle efetivo, Uma primeira mudança de comportamento, produzida
é consequência da cidadania organizada, já que a sociedade pela introdução da Administração flexível, ocasionou uma
desmobilizada não será capaz de garantir a accountability. transformação na visão de mundo da Administração Pública:
a sociedade não é composta por súditos ou concorrentes, mas
Qualidade do Governo sim por clientes e cidadãos. O gestor público deverá dar uma
O marco de referência para essa reestruturação de qual- atenção especial ao cliente, entendendo que:
idade do Estado, de modo a torná-lo mais eficiente e trans- ▷ o público é o elemento mais importante em qualquer 457
parente quanto ao uso dos recursos públicos, e mais eficaz atividade governamental;
▷ o público é a razão da existência do governo; Vejamos os problemas/críticas da primeira fase do geren-
458 ▷ a autoridade, no setor público, deriva de um consen- cialismo.
timento e fundamenta-se em uma delegação; Ausência de mensuração da efetividade (impacto) dos serviços
▷ o público não interrompe o trabalho do funcionalis- prestados.
mo; ele é o propósito desse trabalho; Preocupação excessiva com a relação custo e produção, na questão
▷ o público é parte essencial da atividade do Estado;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
financeira.
não é descartável;
O cidadão é visto como um mero contribuinte.
▷ o público é quem paga o salário de todos, desde o
dirigente ao do faxineiro dos órgãos governamentais; Consumerism
No Consumerism, a preocupação estende-se para a quali-
▷ pesquisar a vontade pública e procurar entender as
dade (efetividade). O usuário do serviço público agora é visto
aspirações e queixas da sociedade é função de todo
como um cliente/consumidor, em alusão aos termos utilizados
governo moderno e democrático;
nas empresas. A satisfação do cliente vira o foco, e a qualidade
▷ a cortesia não é apenas uma atitude pessoal, mas do serviço é a ferramenta principal. A ideia era fazer com que
uma obrigação; o setor público ficasse mais ágil e competitivo, descentralizan-
▷ o público não é apenas quem paga a conta, mas a do serviços, implantando inovações para o atendimento ao
razão das atividades do governo; público, incentivando a competição entre os órgãos públicos.
▷ a ideia de que o governo não tem concorrente como Sobre a descentralização, convém demonstrarmos como ela é
as empresas, é falsa. O governo é uma opção livre realizada na Administração Pública brasileira.
pelo menos de eleição em eleição. Manter o público O controle no gerencialismo, como vimos, enfatiza os re-
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satisfeito para que se lembre do seu partido na próx- sultados, ao invés de destacar os gastos, como fazia a buro-
ima eleição é função dos dirigentes. cracia weberiana implantada por Getúlio Vargas em meados
de 1930. Passando o resultado a ser o centro das atenções, é
Evolução da Administração Gerencial preciso demonstrar meios para se trabalhar com resultados,
Dentro de um contexto de governos neoliberais da déca- modernizando o serviço público.
da de 80 do século passado, com Ronald Regan, nos Estados
Unidos, e Margaret Thatcher, na Inglaterra, começam a ser Public Service Oriented – PSO
implantados os ideários do gerencialismo. Embora o contexto O Public Service Oriented é uma evolução do modelo ge-
inicial fosse neoliberal, logo se percebeu que o Estado Mínimo rencial: parte para a equidade/justiça, relacionada com a ac-
era inviável para o gerencialismo. As razões disso são as de- countability (responsabilização). O usuário é visto como um
mandas cada vez maiores dos cidadãos por melhores e mais cidadão. Essa mudança de cliente para cidadão é fundamental.
diversificados serviços, ou seja, as pessoas não querem um O tratamento de um cliente é proporcional ao que ele gasta.
Estado que apenas cuida da educação e da saúde. Com o cidadão, isso não acontece. O cidadão tem, além de di-
Ao invés de um Estado Mínimo, a ideia passa a ser a de reitos, obrigações perante a sociedade, como a fiscalização da
um Estado Menor, reduzir ao efetivamente necessário, não ao “coisa pública”, devendo cobrar os maus gestores (respons-
mínimo. Nesse formato, grande parte dos investimentos em abilizando-os – accountability).
infraestrutura e das prestações de serviços é realizada por par- A descentralização promovida pela PSO não visa somente
te da iniciativa privada. Ao Estado cabe regular as atividades à eficiência do serviço ou à qualidade do atendimento. Na
para garantir o bom funcionamento. Public Service Oriented, a descentralização é uma forma de
promover a participação política dos cidadãos.
Gerencialismo Puro Aos poucos, foram-se delineando os contornos da nova
Em um primeiro momento, o gerencialismo focou na efi- Administração Pública:
ciência, a qualquer preço, considerando o cidadão como um ▷ descentralização do ponto de vista político, transfer-
contribuinte (tax payer), ou seja, é aquele que banca o gov- indo recursos e atribuições para os níveis políticos
erno. regionais e locais;
A Emenda Constitucional 19/98 é a marca legal da intro- ▷ descentralização administrativa, por meio da dele-
dução da Administração Gerencial no Brasil. O grande foco gação de autoridade para os administradores pú-
dessa fase era corrigir os problemas que vieram da burocracia, blicos transformados em gerentes crescentemente
por meio da redução de gastos públicos e do aumento da pro- autônomos;
dutividade do setor público, ou seja, buscava-se a eficiência
governamental. ▷ organizações com poucos níveis hierárquicos ao in-
vés de piramidal;
Características do Gerencialismo Puro ▷ pressuposto da confiança limitada e não da descon-
▷ aplicação de conhecimentos/teorias oriundas da ini- fiança total;
ciativa privada; ▷ controle por resultados, a posteriori, ao invés do
▷ foco na Administração voltada para a mudança de controle rígido, passo a passo, dos processos admin-
cultura no setor público; istrativos; e
▷ corte de custos, redução salarial, demissões, racio- ▷ Administração voltada para o atendimento do ci-
nalização de processos etc. dadão, ao invés de autorreferida.
Governo Eletrônico e Transparência A política de governo eletrônico do governo brasileiro
abandona a visão que vinha sendo adotada, que apresentava
Infovia Brasil o cidadão-usuário, antes de tudo, como “cliente” dos serviços
O projeto Infovia Brasil consiste na obtenção de uma rede públicos, em uma perspectiva de provisão de inspiração neo-
de comunicação de voz, dados e imagens de alta velocidade, liberal. O deslocamento não é somente semântico. Significa
com abrangência nacional, o que irá permitir a integração de que o governo eletrônico tem como referência os direitos
todos os órgãos da Administração Pública federal no País. coletivos e uma visão de cidadania que não se restringe à
somatória dos direitos dos indivíduos. Assim, forçosamente
Benefícios da Infovia incorpora a promoção da participação e do controle social e
O primeiro ponto a ser levado em conta para a implemen- a indissociabilidade entre a prestação de serviços e sua afir-
tação do projeto é a redução e um melhor controle de gastos, mação como direito dos indivíduos e da sociedade. Essa visão,
além de contribuir para a padronização e aumentar a confiança evidentemente, não abandona a preocupação em atender às
e a segurança das informações governamentais que trafegam necessidades e demandas dos cidadãos individualmente, mas
nas redes. a vincula aos princípios da universalidade, da igualdade per-
Padrões de Interoperabilidade de ante a lei e da equidade na oferta de serviços e informações.
02. A inclusão digital é indissociável do governo
Governo Eletrônico (e-PING) eletrônico.
A arquitetura e-PING define um conjunto mínimo de prem- A inclusão digital deve ser tratada como um elemento con-
issas, políticas e padrões que regulamentam a utilização da Tec- stituinte da política de governo eletrônico, para que esta possa
nologia de Informação e Comunicação (TIC) no Governo Federal, configurar-se como política universal. Esta visão funda-se no
estabelecendo as condições de interação com os demais Pode- entendimento da inclusão digital como direito de cidadania
res e esferas de governo e com a sociedade em geral. Em outras e, portanto, objeto de políticas públicas para sua promoção.
palavras, significa fazer com que os diferentes sistemas de infor-
Entretanto, a articulação à política de governo eletrônico não
mação existentes nas diferentes esferas de governo consigam
pode levar a uma visão instrumental da inclusão digital. Esta
“falar entre si”, o que não acontece atualmente.
deve ser vista como estratégia para construção e afirmação
Alguns dos benefícios que a arquitetura e-PING pode traz-
de novos direitos e consolidação de outros pela facilitação de
er ao governo e à sociedade em geral são a unificação dos
acesso a eles. Não se trata, portanto, de contar com iniciati-
cadastros sociais, a unificação dos sistemas de segurança, a
unificação dos DETRANs, entre outros. vas de inclusão digital somente como recurso para ampliar
a base de usuários (e, portanto, justificar os investimentos
Para que se estabeleçam os objetivos da e-PING, é fun-
em governo eletrônico), nem de reduzi-la a elemento de au-
damental que se defina claramente o que se entende por in-
teroperabilidade. A seguir, apresentamos alguns conceitos: mento da empregabilidade de indivíduos ou de formação de
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consumidores para novos tipos ou canais de distribuição de
▷ habilidade de transferir e utilizar informações de ma-
bens e serviços. Além disso, enquanto a inclusão digital con-
neira uniforme e eficiente entre várias organizações
e sistemas de informações (governo da Austrália); centra-se apenas em indivíduos, ela cria benefícios individuais,
mas não transforma as práticas políticas. Não é possível falar
▷ intercâmbio coerente de informações entre serviços
destas sem que se fale também da utilização da Tecnologia
e sistemas. Deve possibilitar a substituição de
da Informação pelas organizações da sociedade civil em suas
qualquer componente ou produto usado nos pontos
de interligação por outro de especificação similar, interações com os governos, o que evidencia o papel relevante
sem comprometer as funcionalidades do sistema da transformação dessas mesmas organizações pelo uso de
(governo do Reino Unido); recursos tecnológicos.
▷ habilidade de dois ou mais sistemas (computadores, 03. O software livre é um recurso estratégico para a im-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
de assegurar a habilidade de criar, coletar, organizar, transferir merado de 29 de outubro de 2003 para atuar nos seguintes
e compartilhar conhecimentos estratégicos que podem servir segmentos:
para a tomada de decisões, para a gestão de políticas públicas ▷ implementação do software livre;
e para inclusão do cidadão como produtor de conhecimento ▷ inclusão digital;
coletivo.
▷ integração de sistemas;
05. O governo eletrônico deve racionalizar o uso de re-
cursos. ▷ sistemas legados e licenças de software;
O governo eletrônico não deve significar aumento dos ▷ gestão de sítios e serviços on-line;
dispêndios do Governo Federal na prestação de serviços e em ▷ infraestrutura de rede;
Tecnologia da Informação. Ainda que seus benefícios não pos- ▷ governo para governo; e
sam ficar restritos a este aspecto, é inegável que deve produzir ▷ gestão de conhecimentos e informação estratégica.
redução de custos unitários e racionalização do uso de recur-
sos. Grande parte das iniciativas de governo eletrônico pode Empreendedorismo Governamental
ser realizada por meio do compartilhamento de recursos entre
e Novas Lideranças no Setor Público
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sucesso adotado, mas as mudanças e as evoluções na base da
Se uma organização não avalia os resultados e é incapaz Teoria da Administração e seus principais enfoques, seguidas
de identificar o que dá certo no momento em que o fenôme- por mudanças nos negócios e exigências dos clientes incumbi-
no acontece, não poderá aprender com a experiência. Sem o ram de expurgar do mercado essa antiga visão.
devido feedback em termos de resultados, qualquer iniciativa
A qualidade traz ganhos substanciais para toda a empresa,
renovadora já nasce morta. apesar de a maior garantia de resultados convergir para o am-
A Gestão para Resultados é uma estratégia de gestão cen- biente interno/externo, a visão, o clima e/ou cultura empresar-
trada no desempenho para o desenvolvimento e na melhora ial, refletindo enormemente e positivamente sobre as pessoas/
da Administração Pública. Proporciona um marco coerente colaboradores, tornando a empresa sólida, apta ao crescimen-
para a eficácia do desenvolvimento na qual a informação sobre to, podendo afiançar um desempenho irrepreensível, mas isso,
o desempenho é usada para melhorar a tomada de decisão, por si só não garante os melhores resultados financeiros
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
de interpretação, dada por diversos autores, que procuram dar mento, envolvendo todos os funcionários, de todos os
uma definição simples para que seja assimilável a todos os níveis hierárquicos, além de fornecedores e clientes. A
níveis das organizações: precisa, para não gerar interpretações ideia é manter e aperfeiçoar as técnicas clássicas da
duvidosas; e abrangente, para mostrar sua importância em to- qualidade.
das as suas atividades produtivas. 04. Gestão estratégica da qualidade (gestão da Qual-
O conceito de qualidade apresentado pelas principais idade Total): nas últimas duas décadas, a qualidade
autoridades da área são as seguintes: passa a ser uma preocupação estratégica da organi-
(JURAN, 1992:9) Qualidade é ausência de deficiências, ou zação, incorporando e ampliando as propostas que
seja, quanto menos defeitos, melhor a qualidade. surgiram nos anos 50. Contudo, nesse momento, a
(FEIGENBAUM, 1994:8) Qualidade é a correção dos prob- preocupação com a qualidade envolve todos os pontos
lemas e de suas causas ao longo de toda a série de fatores do negócio, sendo fator elementar na manutenção das
relacionados com marketing, projetos, engenharia, produção
atividades da empresa.
e manutenção, que exercem influência sobre a satisfação do
usuário. EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE QUALIDADE
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números e metas numéricas. Joseph M. Juran
Remover barreiras que despojem as pessoas de orgulho no trabalho. Conforme apresentamos acima, a qualidade, conforme o
A atenção dos supervisores deve voltar-se para a qualidade e não conceito proposto por Joseph Moses Juran, é a adequação à
para os números. Remover as barreiras que usurpam dos colabora-
dores das áreas administrativas e de planejamento/engenharia o finalidade e ao uso. Essa definição está alinhada à perspec-
justo direito de orgulhar-se do produto de seu trabalho. Isso significa tiva da qualidade baseada no usuário em que um produto de
a abolição das avaliações de desempenho ou mérito e da administra qualidade é aquele que atende aos padrões e às preferências
por objetivos ou por números. do usuário.
Estabelecer um programa rigoroso de educação e autoaperfeiçoa- Juran foi o primeiro a aplicar os conceitos de qualidade
mento para todo o pessoal. à estratégia empresarial, em vez de meramente associá-la à
Colocar todos da empresa para trabalhar de modo a realizar a trans- estatística ou aos métodos de controle total da qualidade. Jun-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
formação. A transformação é tarefa de todos. tamente com Deming, foi um dos principais responsáveis pelo
movimento da qualidade no Japão.
Método PDCA Nessa linha, propôs uma trilogia que compõe os pontos
▷ Método de controle de processos desenvolvido pelo fundamentais para a gestão da qualidade: planejamento, con-
trole e melhoria.
americano Shewhart, na década de 30 e divulgado
▷ Planejamento: é a preparação para encontrar as
por Deming no Japão, como uma das ferramentas metas de qualidade em que serão identificados os
da qualidade, que visa à melhoria contínua (Kaizen) consumidores e suas necessidades;
▷ Controle: é usado para evitar ou corrigir eventos in-
dos processos de trabalho.
desejáveis ou inesperados, conferindo estabilidade
▷ O método PDCA é utilizado nas organizações para e consistência. É o processo de encontro das metas
gerenciar os processos internos de forma a garantir de qualidade estabelecidas durante as operações; e
▷ Melhoria: processo de melhoria contínua da quali-
o alcance das metas estabelecidas, usando as infor- dade por meio de mudanças planejadas, previstas e 463
mações como fator de direcionamento das decisões. controladas.
▷ Kaoru Ishikawa, é conhecido como o “Pai do Con-
464 trole ou Gestão da Qualidade Total” (TQC) japonês,
Planeja- desenvolveu o diagrama de causa e efeito (diagrama
Controle mento de Espinha de Peixe ou diagrama de Ishikawa) e os
círculos de qualidade – formados por pequenos gru-
Melhoria
pos de funcionários responsáveis por conduzir e de-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Qualidade Total
Após passarmos por toda essa evolução da qualidade, po-
Trilogia da gestão da qualidade de
demos falar da qualidade nos dias atuais. Chiavenato (2011, p.
Juran
549) faz um importante resumo das definições de importantes
cientistas do mundo da qualidade. Vejamos:
Armand Vallin Feigenbaun A Qualidade Total é uma decorrência da aplicação da melho-
Feigenbaun é o pioneiro no uso da expressão Qualidade ria contínua. A palavra qualidade tem vários significados. Quali-
Total, por meio de seus estudos realizados na General Eletric dade é o atendimento das exigências do cliente. Para Deming, a
(GE). Em sua abordagem, a qualidade deveria ser vista como qualidade deve ter como objetivo as necessidades dos usuários,
instrumento estratégico pelo qual todos os trabalhadores de- presentes e futuras. Para Juran, representa a adequação à finali-
vem ser responsáveis. A qualidade é uma filosofia de gestão e dade e ao uso. Para Crosby, é a conformidade com as exigências.
um compromisso de excelência. Este autor enumerou quatro Feigenbaum diz que ela é o total das características de um pro-
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características essenciais em um sistema organizacional provi- duto ou serviço referentes a marketing, engenharia, manufatura
do de Qualidade Total: e manutenção, pelas quais o produto ou serviço, quando em
01. Os processos de aperfeiçoamento da qualidade são uso, atenderá às expectativas do cliente.
contínuos. Ainda nesse sentido, a norma ISO 9000 define qualidade
02. Todo o esforço é documentado, de sorte que as pes- como a totalidade de características de um ente (organi-
soas da organização possam visualizar onde, como, zação, produto, processos etc.) que lhe confere a capacidade
por que e quando suas atividades afetam a qualidade. de satisfazer às necessidades implícitas dos cidadãos.
03. Tanto a gerência como as demais pessoas abraçam a ideia Percebe-se que o conceito de Qualidade Total implica o
de desempenharem suas atividades com qualidade. e atendimento às necessidades do cliente. Contudo, vai além,
04. Aperfeiçoamento técnico e planejamento para ofere- pois com a incorporação de práticas de qualidade, a organi-
cer inovações que sustentem positivamente a relação zação deverá diminuir os custos de produção, fruto da elimi-
cliente/organização. nação do desperdício. Com isso, aumenta-se a eficiência e, por
Por fim, destaca-se que Feigenbaun foi a primeira pessoa a fim, os lucros da empresa.
realizar estudos sobre os custos da qualidade, demonstrando Ademais, a gestão da Qualidade Total (Total Quality
os custos envolvidos na garantia ou na falta de qualidade nas Management –TQM) atribui às pessoas, e não somente aos
organizações (custos da prevenção, da avaliação, de falhas in- gerentes e dirigentes, a responsabilidade pelo alcance dos
ternas e de falhas externas). padrões de qualidade. Nessa linha, cada pessoa da instituição
deve exercer o controle de qualidade do produto. Com isso, as
Philip B. Crosby práticas de controle de qualidade ocorrem de maneira descen-
Para Crosby a qualidade significa a conformidade com as tralizada e coletiva, ao contrário do controle burocrático que é
especificações, de acordo com as necessidades dos clientes. rígido, unitário e centralizador.
Seus estudos relacionam-se com os conceitos de zero de- Devemos destacar que, na Qualidade Total, deve ocorrer
feito e de fazer certo desde a primeira vez. uma preocupação não somente com a satisfação dos clientes
Este autor afirma que a insatisfação com o serviço ou externos, mas também dos clientes internos. Para explicar
produto final de uma organização constitui um problema melhor esse conceito, devemos entender os clientes externos
de qualidade. Esse problema, porém, é apenas um sintoma como os clientes finais de um processo, ou seja, as pessoas ou
do que está ocorrendo no interior da organização. Assim, ele organizações que devem ser atendidas ao final do processo.
traçou o perfil da organização problema. Os clientes internos, por sua vez, são aquelas pessoas que
Para ele, a prevenção é muito mais eficaz do que as técni- participam do processo produtivo e dependem de um insumo
cas não preventivas, como inspeção, teste e controle da qual- realizado por outro servidor.
idade. Além disso, traçou, assim como fez Deming, 14 passos Dessa forma, a Qualidade Total, além de envolver a partic-
para a melhoria da qualidade, que devem ser encarados como ipação de todos na gestão da qualidade, preocupa-se com o
um processo perseguido continuamente. atendimento das demandas dos clientes internos e externos.
Podemos mencionar, também, os mandamentos da
Outros “Gurus da Qualidade” melhoria contínua:
Além dos autores mencionados acima, podemos destacar: 01. total satisfação dos clientes;
▷ Walter Shewart, que inseriu as técnicas de controle es- 02. gerência participativa;
tatístico da qualidade e criou algumas ferramentas de 03. constância de propósitos;
qualidade como o ciclo PDCA e o gráfico de controle; e 04. aperfeiçoamento contínuo;
05. desenvolvimento de recursos humanos; participação das pessoas. Trata-se de uma abordagem incre-
06. delegação; mental e participativa para obter excelência na qualidade dos
07. garantia da qualidade; produtos e serviços a partir das pessoas.
08. não aceitação de erros; Por meio dessa filosofia, as mudanças não ocorrem de
09. gerência de processos; e forma abrupta, mas aos poucos, de forma incremental, pre-
10. disseminação de informações. vendo que os funcionários melhorem suas atividades dia após
Convém lembrar, é claro, que a satisfação dos clientes é dia. Nesse contexto, o aprimoramento organizacional deve ser
considerada como princípio central da gestão da Qualidade contínuo e gradual. Com efeito, a consequência desse aprimo-
Total. ramento poderá ser vista pelo aumento da qualidade dos pro-
Para encerrar o assunto, apresentaremos os princípios da dutos e serviços oferecidos, aumento da eficiência, eliminação
gestão da qualidade constantes da NBR ISO 9004:200, que de custos, aumento da satisfação dos clientes etc. Ademais, a
foram desenvolvidos para serem utilizados pela Alta Direção a filosofia do kaizen foi pioneira ao destacar a importância das
fim de dirigir a organização à melhoria de desempenho. pessoas e das equipes com sua participação e conhecimentos.
foco no cliente: organizações dependem de seus clientes
e, portanto, convém que entendam as necessidades atuais e Qualidade na Administração Pública
futuras do cliente, atendam aos requisitos e procurem exceder » Em 1991: Collor lançou o Programa Brasileiro
as suas expectativas; da Qualidade e Produtividade (PBQP), para
liderança: líderes estabelecem a unidade de propósitos dinamizar a indústria brasileira diante da aber-
e o rumo da organização. Convém que eles criem e manten- tura comercial. Lançou o Subprograma Qual-
ham um ambiente interno no qual as pessoas possam estar idade e Produtividade do Serviço Público –
totalmente envolvidas no propósito de atingir os objetivos da PQSP, voltado para o cidadão e para a melhoria
organização; da qualidade dos serviços públicos. Tinha foco
envolvimento de pessoas: pessoas de todos os níveis são interno, voltado para Técnicas e Ferramentas.
a essência de uma organização, e seu total envolvimento pos- » Em 1996: FHC lançou o Programa de Qualidade
sibilita que as suas habilidades sejam usadas para o benefício e Participação da Administração Pública – QPAP
da organização; - que visava à satisfação do cliente com o envolvi-
abordagem de processo: um resultado desejado é alca- mento de todos os servidores. O foco era interno e
nçado mais eficientemente quando as atividades e os recursos externo, voltado para a Gestão e Resultados.
relacionados são gerenciados como um processo; » Em 1999: com a formulação do PPA 2000-2003,
abordagem sistêmica para a gestão: identificar, entender houve a transformação em Programa de Quali-
e gerenciar os processos inter-relacionados, como um sistema, dade no Serviço Público – PQSP, com o objetivo
contribui para a eficácia e eficiência da organização no sentido
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de trazer satisfação ao cidadão. Tinha o foco ex-
desta atingir seus objetivos; terno, voltado para a satisfação do cidadão.
melhoria contínua: convém que a melhoria contínua do de- » Em 2005: foi instituído o Programa Nacion-
sempenho global da organização seja seu objetivo permanente; al de Gestão Pública e Desburocratização –
abordagem factual para tomada de decisões: decisões GesPública, por meio do Decreto nº 5.378, re-
eficazes são baseadas na análise de dados e de informações; e sultado da fusão do programa de Qualidade no
benefícios mútuos nas relações com os fornecedores: Serviço Público e o Programa Nacional de Des-
uma organização e seus fornecedores são interdependentes, burocratização, sob a coordenação do MPOG.
e uma relação de benefícios mútuos aumenta a capacidade de
ambos em agregar valor. 1990... 1996... 2000... 2005...
Sub Programa QPAP Programa PQSP Pro- GESPÚBLICA
Segundo a NBR, o uso com sucesso dos oito princípios de da Qualidade e da Qualidade e grama da Programa
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
gestão por uma organização resultará em benefícios para as Produtividade na Participação na Qualidade no Nacional de
partes interessadas, tais como melhoria no retorno financeiro, Administração Administração Serviço Público Gestão Pública
criação de valores aumento de estabilidade. Publica Pública Qualidade do e Desbutocra-
Gestão de pro- Gestão e resul- atendimento tização
Melhoria Contínua cessos tados ao Cidadão Gestão por
resultados para
A melhoria contínua deriva da filosofia japonesa do kaizen o cidadão
(kai–mudança; zen – bom), significando um aprimoramento
contínuo e gradual na maneira como as coisas são feitas na »
organização, envolvendo a participação de todos os mem-
bros. Nesse contexto, vejamos os ensinamentos de Chiavenato Modelo do GesPública
(2012, p. 272): O Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocra-
A melhoria contínua é uma técnica de mudança organi- tização (GesPública) foi instituído em 2005, por meio do De-
zacional suave e ininterrupta centrada nas atividades em gru- creto nº 5.378/2005. Este programa tem como principais car-
po das pessoas. Visa à qualidade dos produtos e serviços den- acterísticas: ser essencialmente público, ser contemporâneo,
tro de programas em longo prazo, que privilegiam a melhoria estar voltado para a disposição de resultados para a sociedade 465
gradual e o passo a passo por meio da intensiva colaboração e e ser federativo.
A missão do Programa é promover a excelência em gestão Modelo de Excelência em
466 pública. O Art. 1º do Decreto nº 5.378/2005 prevê que a finali-
dade do GesPública é contribuir para a melhoria da qualidade Gestão Pública (MEGP)
dos serviços públicos prestados aos cidadãos e para o aumento O Modelo de Excelência em Gestão Pública (MEGP) foi
da competitividade do País. Já o Art. 3º traz os seus objetivos: concebido a partir da premissa de que a Administração Pública
I. eliminar o déficit institucional, visando ao inte-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
O quadro a seguir resume a missão, finalidade e objeti- sustentam o MEGP, indicam os valores e diretrizes estruturais
vos do Programa: que devem balizar o funcionamento do sistema de gestão das
MISSÃO Promover a excelência em gestão pública organizações públicas e definem o que se entende, hoje, por
Melhorar a qualidade dos serviços públicos ao excelência em gestão pública.
FINALIDADE cidadão
Aumentar a competitividade do país Os princípios constitucionais são apresentados no Art. 37
Eliminar o déficit Institucional da Constituição Federal de 1988. Juntos eles formam o famoso
GESPÚBLICA Melhorar a governança
Aumentar a eficiência
LIMPE (Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e
Assegurar a eficácia e a efetividade da ação Eficiência). No contexto do MEGP, para a gestão pública ser ex-
governamental celente, ela deve ser legal, impessoal, moral, pública e eficiente.
Promover uma gestão democrática
▷ Legalidade: estrita obediência à lei; nenhum resultado
Gespública: missão, finalidades e objetivos. (Fonte: Paludo, 2013, p.207) poderá ser considerado bom, nenhuma gestão poderá
ser reconhecida como de excelência à revelia da lei.
Com efeito, Augustinho Paludo resume de forma brilhante ▷ Impessoalidade: não fazer acepção de pessoas. O
as ferramentas disponibilizadas pelo GesPública: tratamento diferenciado restringe-se apenas aos
Autoavaliação: verifica o grau de aderência dos processos casos previstos em lei. A cortesia, a rapidez no aten-
gerenciais de um ente público em relação ao Modelo/Critérios
dimento, a confiabilidade e o conforto são requisit-
de Excelência em Gestão Pública;
os de um serviço público de qualidade e devem ser
Carta de serviço: metodologia utilizada para tornar a or-
ganização mais acessível e transparente para o cidadão, dis- agregados a todos os usuários indistintamente. Em
ponibilizando informações sobre como acessar os serviços se tratando de organização pública, todos os seus
prestados por ela e quais são os compromissos e os padrões usuários são preferenciais, são pessoas muito im-
de atendimento estabelecidos; portantes.
Padrão de pesquisa de satisfação: é uma metodologia de ▷ Moralidade: pautar a gestão pública por um código
pesquisa de opinião padronizada, que investiga o nível de sat-
moral. Não se trata de ética (no sentido de princípios
isfação dos usuários de um serviço público;
individuais, de foro íntimo), mas de princípios mo-
Guia de gestão de processos: é o instrumento que orienta
a modelagem e a gestão de processos voltados ao alcance de rais de aceitação pública.
resultados; e ▷ Publicidade: ser transparente, dar publicidade aos
Guia “d” simplificação: é o instrumento que visa à simpli- fatos e aos dados. Essa é uma forma eficaz de in-
ficação de processos, atividades e normas. dução do controle social.
O modelo do GesPública não se restringe ao Poder Execu- ▷ Eficiência: fazer o que precisa ser feito com o máx-
tivo, nem tampouco ao Governo Federal. A ideia é fomentar a
imo de qualidade ao menor custo possível. Não se
melhoria da gestão pública em todos os Poderes de todos os
entes da federação. Ademais, esse Programa está diretamente trata de redução de custo de qualquer maneira,
relacionado ao uso do Modelo de Excelência em Gestão Públi- mas de buscar a melhor relação entre qualidade do
ca, que será objeto de estudo do nosso tópico seguinte. serviço e qualidade do gasto.
▷ Geração de valor - alcance de resultados consis-
tentes, assegurando o aumento de valor tangível e
intangível de forma sustentada para todas as partes
interessadas.
▷ Comprometimento com as pessoas - estabe-
lecimento de relações com as pessoas, criando
condições de melhoria da qualidade nas relações
de trabalho, para que elas se realizem profissional e
humanamente, maximizando seu desempenho por
meio do comprometimento, de oportunidade para
desenvolver competências e de empreender, com
incentivo e reconhecimento.
▷ Foco no cidadão e na sociedade - direcionamento
O MEGP está alicerçado em fundamentos próprios da das ações públicas para atender e regular, continu-
gestão de excelência contemporânea e condicionado aos amente, as necessidades dos cidadãos e da socie-
princípios constitucionais próprios da natureza pública das dade, na condição de sujeitos de direitos, benefi-
organizações. Esses fundamentos e princípios constituciona- ciários dos serviços públicos e destinatários da ação
is, juntos, definem o que se entende hoje por excelência em decorrente do poder de Estado exercido pelas orga-
gestão pública. Vejamos quais são os fundamentos do Modelo: nizações públicas.
▷ Pensamento sistêmico - entendimento das relações ▷ Desenvolvimento de parcerias - desenvolvimento
de interdependência entre os diversos componentes de atividades conjuntamente com outras organi-
de uma organização, bem como entre a organização zações com objetivos específicos comuns, buscando
e o ambiente externo, com foco na sociedade. o pleno uso das suas competências complementares
▷ Aprendizado organizacional - busca contínua e para desenvolver sinergias.
alcance de novos patamares de conhecimento, indi- ▷ Responsabilidade social - atuação voltada para
viduais e coletivos, por meio da percepção, reflexão, assegurar às pessoas a condição de cidadania com
avaliação e compartilhamento de informações e ex- garantia de acesso aos bens e serviços essenciais,
periências. e ao mesmo tempo tendo também como um dos
princípios gerenciais a preservação da biodiversi-
▷ Cultura da inovação - promoção de um ambiente
dade e dos ecossistemas naturais, potencializando
favorável à criatividade, à experimentação e à im- a capacidade das gerações futuras de atender suas
plementação de novas ideias que possam gerar um próprias necessidades.
diferencial para a atuação da organização.
▷ Controle social - atuação que se define pela par-
▷ Liderança e constância de propósitos - a liderança
Ş
ŝ#-ŝŦ
ticipação das partes interessadas no planejamento,
é o elemento promotor da gestão, responsável pela acompanhamento e avaliação das atividades da
orientação, estímulo e comprometimento para o Administração Pública e na execução das políticas e
alcance e melhoria dos resultados organizacionais dos programas públicos.
e deve atuar de forma aberta, democrática, inspira- ▷ Gestão participativa - estilo de gestão que deter-
dora e motivadora das pessoas, visando ao desen- mina uma atitude gerencial da alta administração
volvimento da cultura da excelência, à promoção que busque o máximo de cooperação das pessoas,
de relações de qualidade e à proteção do interesse reconhecendo a capacidade e o potencial diferencia-
público. É exercida pela alta administração, entendi- do de cada um e harmonizando os interesses indi-
da como o mais alto nível gerencial e assessoria da viduais e coletivos, a fim de conseguir a sinergia das
organização. equipes de trabalho.
▷ Orientação por processos e informações - com-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
às melhorias acumuladas no decorrer do processo de modern- As pesquisas são uma ferramenta poderosa para se iden-
ização, à utilização de ferramentas da qualidade, à situação tificar e reduzir as lacunas entre as expectativas dos usuários
orçamentária financeira do Estado para custeio da prestação com relação aos serviços e sua satisfação com os mesmos
dos serviços e ao padrão de relacionamento entre o Estado e (...) Se as pesquisas fazem as perguntas certas, os resultados
a sociedade. podem informar aos gestores o que eles precisam fazer para
A excelência na prestação de serviços públicos corre- melhorar o serviço aos seus usuários especificamente, e/ou
sponde ao grau máximo/ótimo dos serviços prestados – para os cidadãos em geral.
quase impossível de ser atingido –, no entanto, advoga-se ser Para que os serviços sejam de excelência, é necessário
possível e atribui-se aos programas de qualidade a missão que – ente público e servidor – criem uma cultura de excelên-
de atingir essa excelência. A excelência corresponde a uma cia na prestação de serviços e no atendimento aos cidadãos –
visão existente na Administração Pública, segundo a qual ao o que deixa claro que mudanças continuam sendo necessárias
utilizar ferramentas e técnicas da qualidade para promover para readequar a atuação pública direcionada ao atendimento
melhorias contínuas relacionadas aos serviços oferecidos ao do usuário-cidadão. Isso representa um desafio que abrange:
cidadão – o que inclui o treinamento e a motivação dos servi- ▷ A gestão pública – novos modelos de gestão base-
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ŝ#-ŝŦ
dores – estar-se-á caminhando rumo à excelência. ados na inovação, no incentivo e na flexibilidade (re-
Não são leis, normas ou técnicas que caracterizam uma organizar a administração e os recursos disponíveis,
gestão pública como de excelência; são valores essenciais, otimizando-os).
que precisam ser internalizados por todas as pessoas das or- ▷ As condições de trabalho – os dirigentes públicos
ganizações públicas, que definirão a gestão de uma organi- devem propiciar um ambiente de trabalho adequa-
zação como excelente. do, que contribua para motivar os servidores a pre-
A qualidade é uma filosofia de gestão e um compromisso starem serviços e atendimentos de excelência.
com a excelência (...) baseada na orientação para o cliente ▷ Os recursos humanos – além de capacitação con-
(Valéria Moreira, 2008). tínua, deve ser criada uma nova cultura de atendi-
A Excelência em uma organização depende fundamental- mento ao cidadão e de comprometimento com a
mente de sua capacidade de perseguir seus propósitos em prestação dos serviços públicos de excelência.
completa harmonia com seu ecossistema (PNQ, 2011). ▷ As novas tecnologias – devem ser amplamente uti-
A cultura organizacional deve ser de inovação, de apren- lizadas para a melhoria dos processos de trabalho
dizado e de comprometimento com o atendimento eficiente e de comunicação – para fazer mais e melhor, com
(e de qualidade) das necessidades e demandas dos cidadãos. menor custo –, sem comprometer a excelência.
Incorporar as necessidades dos cidadãos como sendo as da ▷ Os conceitos e ferramentas da qualidade – a im-
própria organização e disseminar isso dentro da organização plantação de conceitos e ferramentas da qualidade
como meta contínua a ser alcançada pode levar as entidades para melhorar o atendimento e a prestação dos
públicas a um grau muito próximo da excelência pretendida. serviços, com vistas a alcançar a excelência.
Pode-se afirmar que a conquista da excelência nos serviços ▷ A comunicação com o usuário-cidadão – criação
públicos decorre de um amplo conjunto de fatores, muitos de novos canais que possibilitem a troca de infor-
dos quais associados à incorporação de novas filosofias ger- mações e o conhecimento das expectativas, rec-
enciais, de novas tecnologias, de princípios e ferramentas da lamações e necessidades dos clientes-usuários.
qualidade, do desempenho dos recursos humanos, com mu- ▷ Controle por resultados – necessariamente, aval-
dança cultural e amplo engajamento dos servidores públicos, iar a atuação administrativa em face dos resultados
e com a efetiva participação e controle da sociedade – direcio- alcançados, e do nível de satisfação dos usuários
nando tudo isso para o atendimento das necessidades dos quanto aos serviços prestados.
cidadãos. A avaliação dos serviços trará para a administração o feed-
De acordo com Philip Kotler (2000), existem fatores de- back necessário à manutenção ou ao aperfeiçoamento dos
terminantes da qualidade/excelência dos serviços: confiab- serviços. Alguns requisitos foram identificados para avaliar se
ilidade: prestar o serviço exatamente como foi prometido; os serviços têm qualidade: facilidade de acesso ao serviço; ut-
capacidade de resposta: prontidão para ajudar os clientes e ilidade das visitas aos locais de atendimento – quanto menor
prestar os serviços dentro do prazo estabelecido; segurança: o número de visitas para obter o serviço, maior o nível de
transmitir confiança aos clientes, além de conhecimento, cor- qualidade; tempo utilizado para o atendimento completo do
tesia e capacidade; empatia: compreender o cliente e dar-lhe serviço: horas, dias ou meses; a correspondência entre o pro-
atenção individualizada; itens tangíveis: referem-se à boa duto final do serviço e a satisfação da necessidade do cliente;
aparência que devem ter as instalações físicas, equipamentos a divulgação de informações sobre os serviços; e a atenção às
e servidores. reclamações dos usuários.
Destaque-se ainda que a excelência em serviços no con- forma sustentada para todas as partes interessadas.
ceito de Qualidade Total é mais ampla, pois inclui também ▷ Valorização das pessoas. Estabelecimento de
os clientes internos, como funcionários e administradores. relações com as pessoas, criando condições para
Para Karl Albrecht (1992), a Qualidade Total na prestação de que elas se realizem profissional e humanamente,
serviços é uma situação na qual uma organização fornece maximizando seu desempenho por meio de com-
qualidade e serviços superiores a seus clientes, proprietários prometimento, desenvolvimento de competências e
e funcionários. espaço para empreender.
Em síntese, para que os serviços prestados sejam ex- ▷ Conhecimento sobre o cliente e o mercado. Con-
celentes, toda a gestão deve estar orientada para a busca da hecimento e entendimento do cliente e do mercado,
excelência – tanto no discurso, quanto nas ações. visando à criação de valor de forma sustentada para
O Modelo de Excelência da FNQ o cliente e, consequentemente, gerando mais com-
petitividade nos mercados.
O modelo de excelência em gestão da FNQ – Fundação
Nacional da Qualidade – consiste na representação de um ▷ Desenvolvimento de parcerias. Desenvolvimento
sistema gerencial constituído por diversos fundamentos e de atividades em conjunto com outras organizações,
critérios, que orientam a adoção de práticas de gestão nas a partir da plena utilização das competências es-
organizações públicas e privadas, com a finalidade de levar as senciais de cada uma, objetivando benefícios para
organizações brasileiras a padrões de desempenho reconheci- ambas as partes.
dos pela sociedade e à excelência em sua gestão. ▷ Responsabilidade social. Atuação que se define
A FNQ definiu os fundamentos e os critérios de excelência pela relação ética e transparente da organização
em gestão, tendo como referência organizações de excelên- com todos os públicos com os quais se relaciona,
cia em nível mundial. Esses critérios incorporam conceitos e estando voltada para o desenvolvimento suste-
técnicas utilizados na administração das atuais organizações ntável da sociedade, preservando recursos ambien-
de sucesso: organizações de classe mundial, líderes em seus tais e culturais para gerações futuras; respeitando a
segmentos. diversidade e promovendo a redução das desigual-
Os fundamentos de excelência, segundo o Caderno FNQ dades sociais como parte integrante da estratégia da
(2011), são os seguintes: organização.
▷ Pensamento sistêmico. Entendimento das relações A partir dos fundamentos, foram constituídos oito
de interdependência entre os diversos componentes critérios de excelência, que permitem às organizações medi-
de uma organização, bem como entre a organização rem seus esforços no sentido de avaliar se estão ou não sendo
e o ambiente externo. excelentes, ou, ao menos, caminhando rumo à excelência. O
Caderno da FNQ (2011) apresenta os seguintes critérios de
▷ Aprendizado organizacional. Busca o alcance de
excelência:
Ş
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um novo patamar de conhecimento para a organi-
zação por meio de percepção, reflexão, avaliação e ▷ Liderança. Examina o sistema de liderança da orga-
compartilhamento de experiências. nização e o comprometimento pessoal dos membros
da Direção no estabelecimento, disseminação e atu-
▷ Cultura de inovação. Promoção de um ambiente
alização de valores e princípios organizacionais que
favorável à criatividade, experimentação e imple-
promovam a cultura da excelência, considerando as
mentação de novas ideias que possam gerar um
necessidades de todas as partes interessadas. Também
diferencial competitivo para a organização.
examina como é implementada a governança, como é
▷ Liderança e constância de propósitos. Atuação de analisado o desempenho da organização e como são
forma aberta, democrática, inspiradora e motivadora implementadas as práticas voltadas para assegurar a
das pessoas, visando ao desenvolvimento da cultura consolidação do aprendizado organizacional.
da excelência, à promoção de relações de qualidade
▷ Estratégias e planos. Examina, em detalhe, o pro-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Processos. Examina como a organização identifica missão institucional, formula suas estratégias, des-
os processos de agregação de valor; e identifica, ge- dobra-as em planos de ação de curto e longo pra-
rencia, analisa e melhora os processos principais do zos e acompanha a sua implementação, visando ao
negócio e os processos de apoio. Também examina atendimento de sua missão e à satisfação das partes
como a organização gerencia o relacionamento com interessadas.
os fornecedores e conduz a sua gestão financeira, ▷ Cidadãos: este critério examina como a organi-
visando à sustentabilidade econômica do negócio. zação, no cumprimento das suas competências
▷ Resultados. Examina os resultados da organização, institucionais, identifica os cidadãos usuários dos
abrangendo os aspectos econômico-financeiros e os seus serviços e produtos, conhece suas necessi-
relativos aos clientes e mercados, sociedade, pes- dades e avalia a sua capacidade de atendê-las, an-
soas, processos principais do negócio e de apoio, tecipando-se a elas. Aborda também como ocorre
assim como os relativos ao relacionamento com os a divulgação de seus serviços, produtos e ações
fornecedores. para fortalecer sua imagem institucional e como a
organização estreita o relacionamento com seus ci-
Modelo de Excelência em Gestão Pública (MEGP) dadãos-usuários, medindo a sua satisfação e imple-
Com efeito, o Modelo de Excelência em Gestão Pública é mentando e promovendo ações de melhoria.
a representação de um sistema gerencial constituído de oito ▷ Sociedade: este critério examina como a organização
partes integradas, que orientam a adoção de práticas de ex- aborda suas responsabilidades perante a sociedade
celência em gestão com a finalidade de levar as organizações e as comunidades diretamente afetadas pelos seus
processos, serviços e produtos e como estimula a ci-
públicas brasileiras a padrões elevados de desempenho e de
dadania. Examina, também, como a organização atua
excelência em gestão. A figura a seguir representa grafica- em relação às políticas públicas do seu setor e como
mente o MEGP, destacando a relação entre as suas partes. estimula o controle social de suas atividades pela So-
Representação do Modelo de ciedade e o comportamento ético.
Excelência em Gestão Pública O segundo bloco - Pessoas e Processos - representa a
execução do planejamento. Nesse espaço, concretizam-se as
3 6 ações que transformam objetivos e metas em resultados. São
Cidadãos Pessoas as pessoas, capacitadas e motivadas, que operam esses pro-
60 90
cessos e fazem com que cada um deles produza os resultados
esperados.
1 2 Estratégia 8 ▷ Pessoas: este critério examina os sistemas de
Liderança e Planos Resultados
110 60 450 trabalho da organização, incluindo a organização
do trabalho, a estrutura de cargos, os processos
4 7 relativos à seleção e contratação de pessoas, as-
Sociedade Processos sim como a gestão do desempenho de pessoas e
60 110 equipes. Também examina os processos relativos
à capacitação e ao desenvolvimento das pessoas
e como a organização promove a qualidade de
vida das pessoas, interna e externamente ao am-
5 Informações e Conhecimentos 60 biente de trabalho.
▷ Processos: este critério examina como a organi- Critério e Itens de Avaliação
zação gerencia, analisa e melhora os processos
finalísticos e os processos de apoio. Também ex-
amina como a organização gerencia o processo de
Critérios e Itens Pontos
suprimento, destacando o desenvolvimento da sua
1 Liderança 110
cadeia de suprimento. O critério aborda como a or-
ganização gerencia os seus processos orçamentários 1.1 Governança pública e governabilidade 40
e financeiros, visando o seu suporte. 1.2 Sistema de Liderança 40
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5.3 Gestão do Conhecimento 20
e avaliados os dados e os fatos da organização (internos) e
aqueles provenientes do ambiente (externos), que não estão 6 Pessoas 90
sob seu controle direto, mas, de alguma forma, influenciam o 6.1 Sistema de Trabalho 30
seu desempenho. Esse bloco dá à organização a capacidade 6.2 Capacitação e Desenvolvimento 30
de corrigir ou melhorar suas práticas de gestão e, consequen- 6.3 Qualidade de Vida 30
temente, seu desempenho.
7 Precessos 110
▷ Informações e Conhecimento: este critério examina
7.1 Processos finalisticos e processos de 50
a gestão das informações, incluindo a obtenção de in- apoio
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
30
formações comparativas pertinentes. Também exam- 7.2 Processos de suprimento
30
ina como a organização identifica, desenvolve, man- 7.3 Processos orçamentário e financeiros
tém e protege os seus conhecimentos. Assim, para
8 Resultados 450
efeito de avaliação da gestão pública, as oito partes
do Modelo de Excelência em Gestão Pública foram 8.1 Resultado relativo aos cidadão-usuarios 100
transformadas em Critérios para Avaliação da Gestão 8.2 Resultado relativos à sociedade 100
Pública; a esses critérios foram incorporados referen- 8.3 Resultados orçamentários e financeiros 60
ciais de excelência (requisitos) a partir dos quais a or- 8.4 Resultados relativos às pessoas 60
ganização pública pode implementar ciclos contínuos 8.5 Resultados relativos aos processos de 30
suprimento
de avaliação e melhoria de sua gestão.Apenas para
8.6 Resultado dos processos finalísticos e 100
ilustração, observaremos a figura a seguir com as re-
dos processos de apoio
spectivas pontuações máximas do MEGP, destacando 471
Total de Pontos 100
os critérios e itens de avaliação.
QUADRO RESUMO Para manter os processos estáveis e com um nível de
472 variação mínimo, usam-se duas estratégias:
MEGP (GESPÚBLICA) FNQ a) Padronização dos processos da empresa.
Princípios Cpon- b) Controlar a variabilidade dos processos envolvendo
Fundamentos Fundamentos as ferramentas adequadas, visando à sua redução.
stitucionais
Os objetivos das ferramentas da qualidade, segundo Ol-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Ş
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natureza e no comportamento humanos, podendo assim ser uma forma decisiva na identificação dos dados. Eles descre-
uma poderosa ferramenta para focalizar esforços pessoais em vem a frequência com que variam os processos e a forma de
problemas, e tem maior potencial de retorno. distribuição dos dados como um todo. PALADINI (1994).
Frequência 7
100 6
100% 5
4
80 3
75% 2
60 1
50% 0
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
40
25%
51,5 54,5 57,5 60,5 63,5 66,5 69,5 72,5 75,5 78,5
20
0
5. Estratificação
A estratificação é o método usado para separar (ou estrat-
ificar) um conjunto de dados de modo a perceber que existe
um padrão. Quando esse padrão é descoberto, fica fácil detec-
tar o problema e identificar suas causas. A estratificação ajuda
a b c d e f a verificar o impacto de uma determinada causa sobre o efeito
estudado e ajuda a detectar um problema.
3. Diagrama de Causa e Efeito (Diagrama de Es-
A estratificação começa pela coleta de dados com per-
pinha de Peixe ou Diagrama de Ishikawa) guntas do tipo: os turnos de trabalho diferentes podem ser re-
É uma representação gráfica que permite a organização sponsáveis por diferenças nos resultados?; os erros cometidos
das informações possibilitando a identificação das possíveis por empregados novos são diferentes dos erros cometidos por
causas de um determinado problema ou efeito. OLIVEIRA ( empregados mais experientes?; a produção às segundas-fei- 473
1995: 29). ras é muito diferente da dos outros dias da semana? etc.
Quando a coleta de dados termina, devem-se procurar, Idade Peso Altura Idade Peso Altura
474 primeiramente, padrões relacionados com o tempo ou a se-
17 50 1,50 37 52 1,55
quência, verificando se há diferenças sistemáticas entre os da-
dos coletados. No caso de perguntas como as exemplificadas, 18 55 1,58 41 95 1,90
devem-se analisar as diferenças entre dias da semana, turnos, 20 72 1,62 28 62 1,65
operadores etc.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
25 62 1,65 19 79 1,82
Um exemplo comum de estratificação é o das pesquisas
17 70 1,71 46 85 1,82
realizadas por institutos de pesquisa que aparecem nos jornais
diariamente. Em época de eleições, por exemplo, os dados da 38 83 1,72 74 79 1,90
pesquisa podem ser estratificados por região de origem, sexo, 54 80 1,78 58 85 1,90
faixa etária, escolaridade ou classe socioeconômica do eleitor. 64 72 1,80 60 89 2,00
6. Gráfico de Controle 8.Enxugamento (downsizing)
Os gráficos de controle servem para medirmos a variabi-
A Qualidade Total representa uma revolução na gestão
lidade de um processo. Por meio da determinação de limites da entidade, porque os antigos Departamentos de Controle
mínimos e máximos de “tolerância”, podemos analisar o com- de Qualidade (DCQ) e os sistemas formais de controle é que
portamento de um processo específico. detinham e centralizavam totalmente essa responsabilidade.
No caso a seguir, teríamos o número de defeitos em um A Qualidade Total provocou o enxugamento (downsizing) dos
processo Y em cada mês. Sempre que o processo mostrar um DCQs e sua descentralização para o nível operacional. O down-
comportamento atípico, como nos meses de fevereiro e se- sizing promove redução de níveis hierárquicos e enxugamento
Ş
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tembro, por exemplo, devemos analisar o funcionamento do organizacional para reduzir as operações ao essencial (core
processo com mais rigor. business) do negócio e transferir o acidental para terceiros que
Defeitos no processo Y saibam fazê-lo melhor e mais barato (terceirização). O enx-
100 ugamento substitui a antiga cultura baseada na desconfiança
800 - que alimentava um contingente excessivo de comandos e de
600 controles - para uma nova cultura que incentiva a iniciativa das
400 pessoas. O policiamento externo é substituído pelo compro-
200 metimento e autonomia das pessoas, além do investimento
0 em treinamento para melhorar a produtividade.
9.Terceirização (outsourcing)
eiro eiro A terceirização ocorre quando uma operação interna da
Jan Fever Março Abril aio nho o organização é transferida para outra organização que consiga
M Ju ulh osto bro bro mbro mbro
J Ag tem utu ve eze fazê-la melhor e de forma mais barata. As organizações trans-
Se O No D
ferem para outras organizações atividades como malotes,
Defeitos no processo Y limpeza e manutenção de escritórios e fábricas, serviços de
Portanto, esse gráfico nos mostra se existe algum fator in- expedição, guarda e vigilância, refeitórios etc. Por essa razão,
empresas de consultoria em contabilidade, auditoria, advo-
fluenciando de modo especial a qualidade. Quando os valores cacia, engenharia, relações públicas, propaganda etc., repre-
estiverem dentro da faixa entre o limite inferior e o limite su- sentam antigos departamentos ou unidades organizacionais
perior, poderíamos dizer que o processo está “sob controle”. terceirizados para reduzir a estrutura organizacional e dotar a
7. Gráfico de dispersão organização de maior agilidade e flexibilidade. A terceirização
representa uma transformação de custos fixos em custos
Os Diagramas de dispersão ou Gráficos de Dispersão são variáveis. Na prática, uma simplificação da estrutura e do pro-
representações de duas ou mais variáveis que são organiza- cesso decisório das organizações e uma focalização maior no
das em um gráfico, uma em função da outra. core business e nos aspectos essenciais do negócio.
O diagrama de dispersão é também utilizado como fer- 10.Redução do tempo do ciclo de produção
ramenta de qualidade. Um método gráfico de análise que
permite verificar a existência ou não de relação entre duas O tempo de ciclo refere-se às etapas seguidas para com-
pletar um processo, como ensinar o programa a uma classe,
variáveis de natureza quantitativa, ou seja, variáveis que po-
fabricar um carro ou atender um cliente. A simplificação de
dem ser medidas ou contadas, tais como: sinergia, horas de
ciclos de trabalho, a queda de barreiras entre as etapas do
treinamento, intenções, número de horas em ação, jornada,
trabalho e entre departamentos envolvidos e a remoção de
intensidades, velocidade, tamanho do lote, pressão, tempera- etapas improdutivas no processo permite que a Qualidade
tura etc. Total seja bem-sucedida. O ciclo operacional da organização
Nesta forma, o diagrama de dispersão é usado para se ver- torna-se mais rápido e o giro do capital mais ainda. A redução
ificar uma possível relação de causa e efeito. Isto não prova do ciclo operacional permite a competição pelo tempo, o
que uma variável afeta a outra, mas torna claro se a relação atendimento mais rápido do cliente, etapas de produção mais
existe e em que intensidade. Na prática, muitas vezes, temos encadeadas entre si, queda de barreiras e obstáculos inter-
a necessidade de estudar a relação de correspondência entre mediários. Os conceitos de fábrica enxuta e just in time (JIT)
duas variáveis. são baseados no ciclo de tempo reduzido.
11.Reengenharia grama de cabeça para baixo. Ou jogá-lo fora. A reengenharia
A reengenharia foi uma reação ao colossal abismo ex- trata de processos.
istente entre as mudanças ambientais velozes e intensas e a A reengenharia de processos direciona as características
total inabilidade das organizações em ajustar-se a essas mu- organizacionais para os processos. Suas consequências para a
danças. Para reduzir a enorme distância entre a velocidade organização são:
das mudanças ambientais e a permanência das organizações 1. Os departamentos tendem a desaparecer e ceder lugar
tratou-se de aplicar um remédio forte e amargo. Reengenha- a equipes orientadas para os processos e para os cli-
ria significa fazer uma nova engenharia da estrutura organi- entes. A tradicional departamentalização por funções
zacional. Representa uma reconstrução, e não simplesmente é substituída por redes de equipes de processos. A
uma reforma total ou parcial da empresa. Não se trata de fazer orientação interna para funções especializadas dos
reparos rápidos ou mudanças cosméticas na engenharia atual, órgãos cede lugar para uma orientação voltada para
mas de fazer um desenho organizacional totalmente novo e os processos e clientes.
diferente. A reengenharia se baseia nos processos empresar- 2. A estrutura organizacional hierarquizada, alta e alon-
iais e considera que eles é que devem fundamentar o forma- gada passa a ser nivelada, achatada e horizontalizada.
to organizacional. Não se pretende melhorar os processos já É o enxugamento (downsizing) da organização para
existentes, mas a sua total substituição por processos inteira- transformá-la de centralizadora e rígida em flexível,
mente novos. Nem se pretende automatizar os processos já maleável e descentralizadora.
existentes. Isso seria o mesmo que sofisticar aquilo que é ine- 3. A atividade também muda: as tarefas simples, repet-
ficiente ou buscar uma forma ineficiente de fazer as coisas er- itivas, rotineiras, fragmentadas e especializadas, com
radas. Nada de pavimentar estradas tortuosas, que continuam ênfase no isolamento individual passam a basear-se
tortas apesar de aparentemente novas, mas construir novas em equipes com trabalhos multidimensionais e com
estradas modernas e totalmente remodeladas. A reengenha- ênfase na responsabilidade grupal, solidária e coletiva.
ria não se confunde com a melhoria contínua: pretende criar 4. Os papéis das pessoas deixam de ser moldados por re-
um processo inteiramente novo e baseado na TI, e não o aper- gras e regulamentos internos para a plena autonomia,
feiçoamento gradativo e lento do processo atual. liberdade e responsabilidade.
Para alguns autores, a reengenharia é o reprojeto dos 5. A preparação e o desenvolvimento das pessoas deix-
processos de trabalho e a implementação de novos projetos, am de ser feitos por meio do treinamento específico,
enquanto para outros é o repensar fundamental e a reestru- com ênfase na posição e no cargo ocupado, para se
turação radical dos processos empresariais visando alcançar constituir em uma educação integral e com ênfase na
enormes melhorias no desempenho de custos, qualidade, formação da pessoa e nas suas habilidades pessoais.
atendimento e velocidade. A reengenharia se fundamenta em 6. As medidas de avaliação do desempenho humano
quatro palavras-chave: deixam de se concentrar na atividade passada e pas-
Ş
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01. Fundamental. Busca reduzir a organização ao essen- sam a avaliar os resultados alcançados, a contribuição
cial e fundamental. As questões: por que fazemos o efetiva e o valor criado à organização e ao cliente.
que fazemos? E por que fazemos dessa maneira? 7. Os valores sociais, antes protetores e visando à subor-
02. Radical. Impõe uma renovação radical, desconsideran- dinação das pessoas às suas chefias, agora passam a
do as estruturas e os procedimentos atuais para inven- ser produtivos, visando à orientação das pessoas para
tar novas maneiras de fazer o trabalho. o cliente, seja ele interno ou externo.
03. Drástica. A reengenharia joga fora tudo o que existe 8. Os gestores, antes controladores de resultados e dis-
atualmente na empresa. Destrói o antigo e busca sua tantes das operações cotidianas, tornam-se líderes e
substituição por algo inteiramente novo. Não aproveita impulsionadores ficando mais próximos das operações
nada do que existe! e das pessoas.
04. Processos. A reengenharia reorienta o foco para os 9. Os gestores deixam de ser supervisores dotados de
processos, e não mais para as tarefas ou serviços nem
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
as organizações a pesquisar os fatores-chave que influenciam a maneira prática e viável para a adequação permanente do
a produtividade e a qualidade. Essa visualização pode ser apli- cargo ao crescimento profissional do ocupante. Consiste em
cada a qualquer função como produção, vendas, recursos hu- aumentar de maneira deliberada e gradativa os objetivos, re-
manos, engenharia, pesquisa e desenvolvimento, distribuição sponsabilidades e desafios das tarefas do cargo para ajustá-los
etc., o que produz melhores resultados quando implementado às características progressivas do ocupante. O enriquecimento
na empresa como um todo. do cargo pode ser lateral ou horizontal (carga lateral com a
O benchmarking visa desenvolver a habilidade dos admin- adição de novas responsabilidades do mesmo nível) ou ver-
istradores de visualizar no mercado as melhores práticas ad- tical (carga vertical com adição de novas responsabilidades
ministrativas das empresas consideradas excelentes (bench- mais elevadas).
marks) em certos aspectos, comparar as mesmas práticas A adequação do cargo ao ocupante melhora o relacio-
vigentes na empresa focalizada, avaliar a situação e identificar namento entre as pessoas e o seu trabalho, incluindo novas
as oportunidades de mudanças dentro da organização. A meta oportunidades de iniciar outras mudanças na organização e
é definir objetivos de gestão e legitimá-los por meio de com-
na cultura organizacional e de melhorar a qualidade de vida
parações externas. A comparação costuma ser um saudável
no trabalho. O que se espera do enriquecimento de cargos é
método didático, pois desperta para as ações que as empre-
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15.Histogramas um deles, é necessário somar os valores de cada um dos as-
Histograma é uma representação gráfica da distribuição pectos: Gravidade, Urgência e Tendência, para então obtermos
de frequências de massa de medições; é normalmente um
aqueles problemas que serão nossas prioridades. Aqueles que
gráfico de barras verticais.
apresentarem um valor maior de prioridade serão os que de-
16.Fluxograma veremos enfrentar primeiro, uma vez que serão os mais graves,
Fluxograma é um tipo de diagrama, e pode ser entendi- urgentes e com maior tendência a se tornarem piores.
do como uma representação esquemática de um processo,
muitas vezes feito por meio de gráficos que ilustram de forma 18.5W2H
descomplicada a transição de informações entre os elemen- O 5W2H, basicamente, é um checklist de determinadas
tos que o compõem. Podemos entendê-lo, na prática, como a
atividades que precisam ser desenvolvidas com o máximo de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Por
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
O que será feito Onde será Quando será Por quem será feito Como será feito Quanto custará fazer
(etapas) que será feito feito (local) feito (tempo) (responsabilidade) (método) (custo)
(justificativa)
ANOTAÇÕES
6. Gestão de Projetos desenvolve um entendimento mais completo dos objetivos e
das entregas. A elaboração progressiva não deve ser confun-
De início, temos que entender o conceito do termo “Pro- dida com aumento do escopo. Ainda neste capítulo veremos
jeto” no contexto da Administração e da Gestão Pública, já em detalhes o significado de escopo e como é feito seu ger-
que esse termo também é utilizado em outras áreas do conhe- enciamento.
cimento (projeto de lei, por exemplo). INTERDISCIPLINARIEDADE: o desenvolvimento de pro-
O guia do PMBOK (publicação oficial do Instituto Interna- jetos requer uma gama de conhecimentos diferenciados. A
cional que define as regras de gerenciamento de Projetos, o metodologia de gestão de projeto compreende, além de técni-
PMI – Project Management Institute) oferece uma definição cas específicas da área de projetos, ferramentas e conceitos de
bastante simples, projeto é “um esforço temporário em- outras disciplinas tais como administração em geral, planeja-
preendido para criar um produto, serviço ou resultado ex- mento, controle de qualidade, informática, estatística, custos e
clusivo”. orçamento, entre outras.
Vejamos, então, as principais características de um pro-
jeto:
Projetos X Operações
FINITUDE: possui início, meio e fim. Atenção, pois o fim de ▷ Semelhanças:
um projeto não é apenas atingido quando os objetivos são al- » realizado por pessoas;
cançados. Um projeto também pode ser finalizado quando se » recursos limitados;
chega à conclusão de que não será possível atingir os objetivos » planejado, executado e controlado.
estabelecidos ou quando se percebe que o projeto não é mais ▷ diferenças:
necessário. Além disso, a característica de temporalidade não » operações são contínuas e repetidas; projetos
quer dizer que os projetos têm curta duração. Pelo contrário, são temporários e exclusivos;
muitos projetos duram anos. O que é importante fixar é que,
» projetos atingem seus objetivos e terminam;
em todos os casos, a duração de um projeto é finita. Projetos
operações adotam um novo conjunto de obje-
não são esforços contínuos.
tivos e continuam.
Uma observação importante a fazer é que “geralmente o
termo ‘temporário’ não se aplica ao produto, serviço ou re- Gerenciamento de Projetos
sultado criado pelo projeto. A maioria dos projetos é realiza-
da para criar um resultado duradouro”. O PMI e o PMBOK
FOCO: tem um objetivo claro e definido. Para minimizar as Conheceremos agora a instituição que é a maior referência
incertezas de um projeto, a definição clara do que se espera é em gestão de projetos atualmente e a referência bibliográfica
essencial. Todo o planejamento do projeto será estrutu- mais famosa e mais cobrada em concursos nessa área.
rado com base no objetivo a ser atingido. E só é possível
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O PMI - Project Management Institute - foi criado em 1969
dizer se o projeto foi um sucesso ou não se os objetivos foram na Pensilvânia, Estados Unidos, com o objetivo de ser uma in-
definidos e divulgados de maneira clara a todas as partes en- stituição que padronizasse termos e conceitos e divulgasse os
volvidas, para que a comparação do resultado alcançado com conhecimentos em gerência de projetos.
o resultado esperado seja real. Em 1990, o PMI publicou o “A Guide to the Project Man-
SINGULARIDADE: visa à criação de um produto, ser- agement Body of Knowledge (PMBOK Guide)”, um guia que
viço ou resultado ÚNICO, com características exclusivas, abrange as áreas do conhecimento que regem as regras do
mesmo que haja similares, ou que projetos parecidos gerenciamento de projetos. Este guia se tornou a publicação
se repitam de tempos em tempos. Por exemplo, digamos central do PMI, sendo aceita, desde 1999, como padrão de ge-
que uma associação médica promova um congresso anual, renciamento de projetos pelo ANSI (American National Stan-
cada vez em uma cidade diferente. Apesar de todos os anos o darts Institute).
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
congresso acontecer, cada evento será um projeto diferente e Atualmente, o PMI compartilha seus padrões técnicos com
único, com resultados exclusivos. a comunidade internacional de Gerência de Projetos por meio
LIMITES: possui parâmetros de custo, recursos, quali- de mais de 200.000 associados em 125 países, praticando e
dade e tempo. Todo projeto possui restrições, sejam elas de estudando o Gerenciamento de Projetos nas mais diferentes
ordem orçamentária, de pessoal, de critérios específicos de atividades, incluindo a indústria aeroespacial, automotiva, ge-
aceitação do produto etc. renciamento de negócios, engenharia de construções, serviços
INCERTEZA: como um projeto visa ao desenvolvi- financeiros, Tecnologia da Informação, farmacêutica e teleco-
mento de algo único e novo, sempre há um componente municações.
de incerteza, em menor ou maior grau, na sua execução. O principal objetivo do Guia PMBOK é identificar o sub-
Para buscar minimizar tais incertezas, o planejamento e o con- conjunto do Conjunto de conhecimentos em gerenciamento
de projetos que é amplamente reconhecido como boa prática.
trole devem ser realizados de maneira muito cuidadosa, com “Amplamente reconhecido” significa que o conhecimento e
análises de risco e viabilidade, de acordo com o tipo de projeto. as práticas descritas são aplicáveis à maioria dos projetos na
ELABORAÇÃO PROGRESSIVA: significa desenvolver em maior parte do tempo, e que existe um consenso geral em re-
etapas e continuar por incrementos. Por exemplo, o escopo do lação ao seu valor e sua utilidade. “Boa prática” significa que
projeto será descrito de maneira geral no seu início e se tor- existe acordo geral de que a aplicação correta dessas habilida- 479
nará mais explícito e detalhado conforme a equipe do projeto des, ferramentas e técnicas podem aumentar as chances de
sucesso em uma ampla série de projetos diferentes. ▷ quando as entregas devem ser geradas em cada fase
480 Segundo Maximiano, o Guia PMBOK é o documento que sis- e como cada entrega é revisada, verificada e validada;
tematiza o campo da administração de projetos, identificando e
definindo os principais conceitos e técnicas que as pessoas en- ▷ quem está envolvido em cada fase;
volvidas e interessadas nesse campo devem dominar. ▷ como controlar e aprovar cada fase.
Ainda de acordo com Maximiano, os outros objetivos do
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
PMBOK contribuem para a criação de uma linguagem comum Fases do Ciclo de Vida do Projeto
para a área e fornecem as bases para programas de trein-
amento e educação em administração de projetos. Fases de Preparação ou Iniciação: identificação da de-
Os projetos são constituídos de Portfólios, Programas, Pro- manda e a necessidade do projeto, com a definição do objetivo
jetos, Subprojetos. e a elaboração de planos preliminares.
▷ Portfólio: conjunto de programas ou projetos
agrupados, não necessariamente interdependentes Fases de Estruturação (Planejamento): detalhamento
ou relacionados. do que será realizado, com cronogramas, interdependências
▷ Programa: conjunto de projetos (um projeto pode entre atividades, recursos envolvidos, custos.
ou não fazer parte de um programa).
Fases de Desenvolvimento e Implementação: as ativi-
▷ Os subprojetos podem ser chamados de projetos e
gerenciados como tal. dades previstas são efetivamente executadas.
Fases de Controle e monitoramento: podem ocorrer em
Ciclo de Vida do Projeto
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Partes Interessadas no
Custo das mudanças Projeto - Stakeholders
Partes interessadas no projeto ou Stakeholders são pes-
soas e organizações ativamente envolvidas no projeto ou cujos
interesses podem ser afetados como resultado da execução ou
do término do projeto. Eles podem também exercer influência
Baixo(a)
sobre os objetivos e resultados do projeto. A equipe de geren-
Tempo do projeto o ciamento de projetos precisa identificar as partes interessadas,
determinar suas necessidades e expectativas e, na medida do
PMO – Escritório de Projetos possível, gerenciar sua influência em relação aos requisitos
O escritório de projetos é uma unidade central que co- para garantir um projeto bem-sucedido.
ordena, apoia e gerencia os projetos, podendo executá-los As principais partes interessadas em todos os projetos
diretamente. incluem:
O Escritório de Projetos (Project Management Office – Gerente de projetos: a pessoa responsável pelo gerenci-
PMO) é uma unidade formal criada para tornar a gestão de amento do projeto.
projetos mais profissional na organização, padronizando Cliente/usuário: a pessoa ou organização que utilizará o
procedimentos, orientando os gerentes de projetos técnica produto do projeto.
e metodologicamente e dando suporte à alta administração. Organização executora: a empresa cujos funcionários
O PMO é um pequeno grupo de pessoas que têm rela- estão mais diretamente envolvidos na execução do trabalho
cionamento direto com todos os projetos da empresa, seja do projeto.
prestando consultoria e treinamento, seja efetuando audi-
Membros da equipe do projeto: o grupo que está exe-
toria e acompanhamento de desempenho. É importante sa-
cutando o trabalho do projeto.
ber que a configuração de um escritório de projetos é muito
variável entre as organizações. Equipe de gerenciamento de projetos: os membros da
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
jeto, mas que, devido à posição de uma pessoa na organização para garantir que o projeto termine dentro do prazo estipula-
do cliente ou na organização executora, podem influenciar, do. Envolve definição, sequência e estimativa de duração das
positiva ou negativamente, o andamento do projeto. atividades, assim como elaboração e controle do cronograma.
PMO: se existir na organização executora, o PMO poderá
Gerência do Custo: estabelece os processos que garan-
ser uma parte interessada se tiver responsabilidade direta ou
indireta pelo resultado do projeto. tem que o projeto seja finalizado dentro do orçamento calcula-
Os Stakeholders podem ser divididos em: do. Engloba planejamento de recursos, estimativa, orçamento
Stakeholders Primários: possuem obrigação contratu- e controle de custos.
al ou legal com o projeto. Ex: gerentes funcionais, diretores, Gerência da Qualidade: incorpora os processos que bus-
gerente de projeto, equipe, clientes, empregados, credores, cam garantir que as necessidades que originaram o desen-
acionistas.
volvimento do projeto sejam atendidas.
Stakeholders Secundários: não têm nenhuma relação
formal com o projeto, mas podem exercer poder, como ações Gerência dos Recursos Humanos: busca utilizar, da mel-
legais, pressões políticas e sociais, apoio da mídia. Ex.: Organi- hor forma, as habilidades das pessoas envolvidas no projeto.
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zações sociais, políticas, ambientalistas, concorrentes, comu- Está relacionada à montagem e ao desenvolvimento da equipe.
nidade local, mídia, escolas, hospitais.
Gerência das Comunicações: objetiva a geração, a cap-
O gerente do projeto deve conhecer e se comunicar com
tura, a distribuição, o armazenamento e a apresentação das
todos os Stakeholders; conhecer suas expectativas e requisitos
e gerenciar suas influências. informações do projeto sejam feitas de forma adequada e no
tempo correto. Inclui o planejamento das comunicações e rela-
Áreas de Conhecimento em to de desempenho, dentre outros processos.
Gerenciamento de Projetos Gerência dos Riscos: engloba a identificação, análise e
O PMI organiza os processos da gerência de projetos em respostas aos riscos do projeto. É composta por identificação,
dez áreas de conhecimento, também chamadas de “dez quantificação e análise de riscos, além do desenvolvimento e
gerências” por alguns autores.
controle das respostas aos riscos.
Essa é uma divisão que considera o conteúdo do que se
está gerenciando, a temática dos processos. As DEZ áreas de O PMBOK traz um modelo de EAR-Estrutura Analítica
conhecimento (ATUALIZADA PELO PMBOK 5ªedição) são: de Riscos, que corresponde a uma representação dos riscos
Gerência da Integração: envolve os processos necessários identificados, organizada hierarquicamente, em que os ris-
para assegurar que os diversos elementos do projeto sejam cos são ordenados por categoria e subcategoria, com iden-
adequadamente coordenados. No contexto do gerenciamento
de projetos, a integração inclui características de unificação, tificação das diversas áreas e causas de riscos potenciais. Os
consolidação, articulação e ações integradoras que são essen- objetivos da análise de riscos são: reduzir a probabilidade
ciais para o término do projeto, para atender com sucesso às e o impacto de eventos negativos e aumentar a de eventos
necessidades do cliente e de outras partes interessadas e para positivos.Trata-se de uma atividade recente (que vem ga-
gerenciar as expectativas.
nhando destaque) e parte significativa dos projetos ainda
Gerência do Escopo: inclui os processos que asseguram
que o projeto deverá abranger todo o trabalho necessário, não inclui o gerenciamento de riscos – embora muitos au-
e somente o trabalho necessário, para completar o projeto tores afirmem que “gerenciar projetos é gerenciar riscos”.
com sucesso. O foco dessa área é a abrangência do projeto, a Técnica Delphi: é uma técnica usada no gerenciamento
definição exata do que deve ser realizado, para que a equipe
de riscos que serve para se buscar um consenso entre espe-
não gaste esforços com atividades não contempladas oficial-
mente no projeto. cialistas em uma determinada área. Ela é especialmente útil
Estrutura Analítica de Projetos - A EAP é uma decom- para que especialistas gerem ideias sobre os riscos enfrenta-
posição hierárquica orientada à entrega do trabalho a ser dos, no processo de identificação de riscos. Eles participam
executado pela equipe do projeto, para atingir os objetivos de maneira anônima, respondendo questões a sobre alguns
do projeto e criar as entregas necessárias. A EAP organiza e aspectos do projeto. Essas respostas são resumidas e redis-
define o escopo total do projeto. A EAP subdivide o trabalho
tribuídas para que os especialistas façam novos comentários.
do projeto em partes menores e mais facilmente gerenciá-
veis, em que cada nível descendente da EAP representa uma Este processo é repetido por algumas rodadas até que seja al-
definição cada vez mais detalhada do trabalho do projeto. cançado um consenso, reduzindo a parcialidade que decorre
É possível agendar, estimar custos, monitorar e controlar o da influência indevida de algum dos especialistas.
Gerência das aquisições: envolve os processos utiliza- ▷ Grupos de Processos Monitoramento e controle:
dos para aquisições de mercadorias, serviços e resultados verificar o progresso e o desempenho, áreas de mu-
necessários ao desenvolvimento do projeto, como o planeja- dança no plano e iniciar mudanças.
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mento das aquisições, obtenção de propostas, seleção de for- ▷ Grupos de Processos Encerramento: para finalizar
necedores e administração de contratos. todas as atividades, para encerrar o projeto.
Gerência das Partes Interessadas: são indivíduos ou or-
ganizações que estejam ativamente envolvidos no projeto de Execução
forma positiva e também negativa e que possuem seus inter-
esses próprios relacionados ao projeto. São eles: clientes, for-
necedores, gerente e equipe de projeto, usuários do produto Iniciação Planejamento Encerramento
do projeto, organizações governamentais e não governamen-
tais, meio ambiente, etc.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
O PMBOK define que existem cinco grupos de processos Esses 5 grupos de processos abrangem 10 áreas de
de gerência de projetos que descrevem a natureza dos pro- conhecimento. A partir desta combinação de grupos de pro-
cessos. Os grupos de processos não são fases do projeto. DAG: cessos com áreas de conhecimento, o Guia PMBOK® 5ª edição
VERIFIQUE O TAMANHO DO SUBLINHADO ABAIXO ESTÃO apresenta 47 processos que são sugeridos como necessários
DIFERENTES e aplicáveis para se gerenciar um projeto, desde o seu início
▷ Grupos de Processos Iniciação: definir o projeto ou até a sua entrega.
uma nova fase do projeto por meio da obtenção de Curiosidades Sobre o Assunto
autorização.
CPM – Critical Path Method (ou Método do Caminho Críti-
▷ Grupos de Processos Planejamento: definir escopo,
co) – é uma metodologia utilizada no planejamento de proje-
refinar objetivos, desenvolver curso de ação para tos: ele está diretamente relacionado com o planejamento do
alcançar objetivos. tempo do projeto, no sentido de minimizar o tempo total de
▷ Grupos de Processos Execução: executar o trabalho sua duração; é elaborado para otimizar/minimizar o tempo de
definido no plano de gerenciamento do projeto con- realização do projeto. No entanto, uma vez definidas as ativi- 483
forme especificações. dades críticas e estabelecido o período total de tempo – esse
tempo representa o prazo máximo de duração do projeto:
484 o caminho crítico passa a representar o prazo máximo aceito ANOTAÇÕES
para a realização do projeto.
O caminho crítico identifica as atividades principais/críti-
cas/gargalo; aquelas que não podem atrasar, visto que com-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
485
ANOTAÇÕES
486
7. Planejamento Estratégico nativa e se abandona as demais. A alternativa escolhida
se transforma em um plano para alcance dos objetivos.
Processo de Planejamento 06. Implementar o plano e avaliar os resultados: fazer
aquilo que o plano determina e avaliar cuidadosa-
Maximiano descreve o planejamento como o processo de
tomar decisões para o futuro. De forma mais completa, Chiav- mente os resultados para assegurar o alcance dos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
enato diz que planejar é definir os objetivos e escolher anteci- objetivos, seguir por meio do que foi planejado e em-
padamente o melhor curso de ação para alcançá-los. preender as ações corretivas à medida que se tornarem
Para Felipe Sobral e Alketa Peci, o planejamento tem a du- necessárias.
pla atribuição de definir o que deve ser feito – objetivos – e
como deve ser feito – planos: Níveis de Planejamento
Amplo e genérico - menor grau de detalhamento.
Resultados, Impacta em toda a organização. Determina objeti-
propósitos, in- vos e diretrizes institucionais. Longo Prazo - maior
Definição dos tenções ou estados Estratégico
objetivos nível de incerteza.
futuros que as orga- Desdobramento das estratégias em cada unidade.
nizações preteden Aproxima/intrega o estratégico com o operacional.
alcaçar Tático Grau de detalhamento um pouco maior - diminui
Planejamento
incertezas. Médio Prazo
Desdobramento dos planos táticos em atividades.
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soas é fundamental nesse aspecto, pois o planeja- Fase III – Instrumentos prescritivos e quantitativos –
mento estratégico não deve ficar apenas no papel, nessa fase, deve-se estabelecer “de onde se quer chegar” e
mas na cabeça e no coração de todos os envolvidos. de “como chegar à situação que se deseja”. Assim, pode-se
São eles que o realizam e o fazem acontecer. dividi-la em dois instrumentos perfeitamente interligados: (a)
▷ O planejamento estratégico é um processo de con- instrumentos prescritivos (explicitação do que deve ser feito
strução de consenso: devido à diversidade dos in- pela empresa); e (b) instrumentos quantitativos (projeções
teresses e necessidades dos parceiros envolvidos, o econômico-financeiras do planejamento orçamentário).
planejamento deve oferecer um meio de atender a to- Fase IV – Controle e avaliação – deve verificar “como a
dos na direção futura que melhor convenha para que a empresa está indo” para a situação desejada.
organização possa alcançar seus objetivos. Para isso, é
preciso aceitação ampla e irrestrita para que o planeja- Missão, Visão, Valores,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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roestratégia, macro-objetivos e objetivos funcionais. elas estão:
Segundo Andrade, et al. (2008), ▷ Auxiliar a empresa a identificar o que a torna mais
efetiva (forças), aumentando a confiança nas ações
“A sigla S.W.O.T., deriva da língua inglesa e traduz-se: a serem tomadas, indicando um caminho mais se-
sthreats (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities guro para sua ação no mercado.
(oportunidades) e Sthreats (ameaças). Esta análise procura
avaliar os pontos fortes e pontos fracos no ambiente interno ▷ Planejar ações de correção e ajuste, identificando os
da organização e as oportunidades e as ameaças no ambiente pontos de melhoria da empresa (fraquezas).
externo.” (Andrade, et al. 2008). ▷ Usufruir das oportunidades identificadas.
▷ S – Sthreats: Pontos fortes (Forças) – Descreve os ▷ Diminuir os riscos referentes às ameaças identificadas.
pontos fortes da empresa que estão sob influência ▷ Alcance de um maior grau de conhecimento diante do
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
fornecidas por meio da visualização de cada um Pontos fortes (Strengths) - são competências, fatores ou car-
acterísticas internas positivas que a organização possui – Ex.:
dos quatro elementos das forças de análise SWOT funcionários capacitados; e
(Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças), de
Pontos fracos (Weaknesses) - são deficiências, fatores ou
forma independente ou em combinação. características internas negativas que prejudicam o desempenho
▷ Integração de Dados: a análise SWOT propõe que as e o cumprimento da missão organizacional – Ex.: funcionários não
informações quantitativas e qualitativas a partir de capacitados.
um número de fontes devem ser combinadas, facil- Ambiente externo (variáveis não controláveis):
itando o acesso a uma gama de dados de múltiplas Oportunidades (Opportunities) - as oportunidades são as forças ex-
fontes, a fim de melhorar a comunicação, o nível de ternas à organização que influenciam positivamente no cumprimento
planejamento e tomada de decisões da empresa, da missão, mas que não temos controle sobre elas – Ex.: mercado
internacional em expansão; e
auxiliando na coordenação de suas operações.
Ameaças (Threats) - são aspectos externos à organização que im-
▷ Simplicidade: esse método de análise não requer pactam negativamente no desempenho e no cumprimento da missão
habilidades técnicas nem treinamento. Sendo as- – Ex.: governo cria um novo imposto.
sim, ela pode ser realizada por qualquer pessoa
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Neste caso, a empresa identifica um ambiente com pre-
dominância de ameaças; entretanto, ela possui uma série de
pontos fortes (disponibilidade financeira, recursos humanos,
tecnologia etc.) acumulados ao longo dos anos, que possibili-
ST (máx. - min.)- WT(min. - min.)- tam ao administrador, além de querer continuar sobrevivendo,
VULNERABILIDADE PROBLEMAS também manter a sua posição conquistada até o momento.
Ameaças (T)
e segue a estratégia do menor risco, executando-se para seus mercados atuais. Este desenvolvimento pode
aquele que é inerente a quem se encontra num só ocorrer por meio de novas características do produto/
segmento. Assim a empresa dedica-se a um único serviço; variações de qualidade; ou diferentes modelos
produto, mercado ou tecnologia, pois não há interes- e tamanhos (proliferação de produtos).
se em desviar os seus recursos para outras atenções. ▷ Desenvolvimento financeiro: união de duas ou
Estratégia de crescimento mais empresas por meio da associação ou fusão,
Nesta situação, o ambiente está proporcionando situações para a formação de uma nova empresa. Isto ocorre
favoráveis que podem transformar-se em oportunidades, quando uma empresa apresenta poucos recursos fi-
nanceiros e muitas oportunidades; enquanto a outra
quando efetivamente é usufruída a situação favorável pela
empresa tem um quadro totalmente ao contrário;
empresa. Normalmente, o executivo procura, nesta situação,
e ambas buscam a união para o fortalecimento em
lançar novos produtos, aumentar o volume de vendas etc. ambos os aspectos.
Algumas das estratégias inerentes à postura de crescimen- ▷ Desenvolvimento de capacidades: ocorre quando
to são: a associação é realizada entre uma empresa com
▷ Estratégia de inovação: a empresa procura ante-
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mercado. Naturalmente, é mais difícil abrir uma nova indústria e operando em mercados com lucratividades baixas.
Novos Entrantes
Avalia a dificuldade de novas empresas entrarem no
mesmo Mercado, observando:
-Necessidade de Capital para iniciar o negócio
-Custos de mudança
-Acesso aos canais de distribuição
-Khow, How, patentes
-Custos e tempo para regulamentação NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Fornecedores Compradores
Avalia o poder de negociação dos Rivalidade entre Concorrentes Avalia o seu poder de negociação
fornecedores, levando em conta sobre os fornecedores, observando:
Avalia a competitividade do mercado, levando em
aspectos como: conta aspectos como: -Volume de compras
-Quantidade de fornecedores -Quantidade de concorrentes -Custo de mudança de fornecedor
-Custo para mudanças de fornecedor -Diferenciação dos produtos -Produtos substitutos
-Diversidade dos concorrentes -Quantidade de fornecedores
-Marketing Share de cada concorrente
-Poder/financeiro dos concorrentes
seu mercado, de modo que tenha vantagem competitiva em volvimento da empresa. Essas estratégias são: o desenvolvi-
relação aos seus concorrentes. Pode-se alcançar isso com: mento do mercado, a penetração no mercado, a diversificação
economias de escala, acesso a matérias-primas mais baratas, e o desenvolvimento do produto.
entre outras. Essa posição de custo mais baixo que seus con- A definição desse quadro mostra em qual mercado sua
correntes permite uma série de vantagens, como operar com organização deseja atuar.
lucratividade quando seus concorrentes estão perdendo din-
heiro, por exemplo. No desenvolvimento de mercado, a empresa
deseja vender seus produtos existentes em um
Diferenciação – Uma empresa também pode ter vanta- mercado novo. Essa estratégia de desenvolvi-
Desenvolvimento do mercado
gens competitivas tendo produtos com características únicas mento de mercado deve analisar os mercados
na percepção de seus clientes, que lhe possibilitem cobrar um parecidos com o seu, e pensar na expansão de
preço mais alto sem perder sua clientela. Um exemplo atual é seus negócios. Essa expansão deve analisar
a Apple. Essa empresa, com seus produtos inovadores, como o alguns fatores como localização geográfica e
iPhone e o iPad, tem conquistado uma maior lealdade de seus idade.
clientes e maior lucratividade. A diferenciação pode ocorrer na Imaginemos uma loja de camisas on-line que
vende apenas em um Estado. Ela pode expandir
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buscou essa estratégia com o foco em carros de alto desem- pretende-se desenvolver uma estratégia para
penho, pois era pequena para concorrer no mercado de au- aumentar sua presença onde ela já atua. Essa
estratégia pode ser feita por meio de liquidações,
tomóveis populares, muito maior, antes de ser comprada pela
fidelização de clientes, promoções, entre outras
Fiat). ações.
A diversificação é uma estratégia que objetiva
criar produtos, para atuar em novos mercados.
Essa estratégia busca a inovação que inevitavel-
Diversificação
Matriz Ansoff
Produtos
Um dos fatores mais importantes para o sucesso de uma
organização ou de qualquer outro negócio é a análise es- Existentes Novos
tratégica do mercado. Igor Ansoff, professor e consultor rus-
Existentes
so, desenvolveu em 1965, uma ferramenta de análise e de Penetração de Mercado Desenvolvimento de produtos
Mercados
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abordagem prospectiva indica que as forças que atuaram no
passado até o presente não necessariamente serão as mesmas
que atuarão até o futuro. Desta forma, não existirá somente
um só cenário.
A figura 2 exemplifica o raciocínio prospectivo:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Para tanto, faz-se necessária a utilização de equipes de que é realizado pela organização enquanto equipe.
trabalho. Isso quer dizer, a reunião de pessoas em um con- Uma vez realizada esta breve apresentação do conceito
junto para a obtenção de um mesmo objetivo. de equipe, podemos agora analisar as características e os
Segundo os ensinamentos de Daft, podemos definir uma tipos possíveis de criação nas empresas.
equipe como uma unidade de duas ou mais pessoas que in-
teragem e coordenam seu trabalho para alcançar uma meta Tipos de equipes
específica. A formação de uma equipe depende do objetivo a ser al-
Não podemos, porém, afirmar que uma equipe tem as cançado, da estrutura da empresa, da cultura organizacional,
mesmas características que um grupo. Isso porque, embora a das habilidades dos colaboradores e de vários outros fatores,
equipe corresponda a um grupo de pessoas, ela implica o con- a serem observados pelo líder/gerente na ocorrência de situ-
ceito de união, missão compartilhada e responsabilidade em ações que exijam um esforço conjunto.
prol de uma única finalidade. Em uma equipe, o que importa Contudo, isso não exige que apenas um grupo seja forma-
é a “química” entre os componentes, como eles trabalham em do, podendo haver a coexistência de várias equipes dentro de
grupo, em detrimento de suas capacidades individuais. uma organização.
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▷ Novas ideias para a solução de problemas: nem sem- da Equipe
pre existe uma concordância sobre qual atitude deve
Após a formação de uma equipe, ela se desenvolve por diver-
ser tomada. Quando tal situação ocorre, a equipe deve
sos estágios. Tal situação é notada inclusive no dia a dia. Quem já
discutir novas ideias e de modo diferencial, buscar uma
foi um iniciante em determinado grupo, irmandade ou comitê
nova solução. Afinal, a diversidade de pensamentos
sabe que as equipes recém-formadas são bem diferentes das
também é um dos motivos para se formar uma equipe.
equipes mais maduras. No início, os componentes precisam se
▷ Avaliação da eficácia: a equipe deve sempre se au- conhecer, estabelecer seus papéis e esclarecer a função de cada
toavaliar e verificar constantemente se as ações escol- pessoa no grupo.
hidas estão surtindo o efeito desejado. Seu desempen-
Nesse âmbito, o desafio de um bom líder é saber gerenciar as
ho deve ser analisado em relação às tarefas e também
diversas fases que uma equipe passa e melhorar o seu funciona-
quanto ao relacionamento entre os componentes.
mento em cada um desses períodos.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
ANOTAÇÕES
9. Comunicação Organizacional Linguagem verbal é uso da escrita ou da fala como meio
de comunicação.
Uma organização funciona a partir dos processos de co- Linguagem não verbal é o uso de imagens, figuras, de-
municação. Esta é fundamental para assegurar a coesão e a senhos, símbolos, dança, tom de voz, postura corporal, pintu-
interligação entre todos os membros da organização. Sem ra, música, mímica, escultura e gestos como meio de comu-
comunicação, as pessoas ficam isoladas e sem contato en- nicação.
tre si. Quando falamos de comportamento humano e cultura
organizacional, a comunicação deve ser a primeira área a ser Processo de Comunicação
enfocada, em face de sua importância para o trabalho nestas O modelo de comunicação mais utilizado é o de Shannon,
outras áreas. Weaver e Schramm. A comunicação neste modelo é fluxo bem
A comunicação é o processo pelo qual as pessoas trans- definido. A interrupção do fluxo é geradora de problemas na
mitem umas às outras informações a respeito de ideias, senti- comunicação. Neste modelo, a comunicação é composta de
mentos e emoções. Ela faz parte de todas as interações sociais. sete partes:
Na interação social, é necessária, além da transferência, 01. Fonte. É o emissor ou comunicador da mensagem.
a compreensão do significado para evitar falhas de comuni- Inicia a comunicação por meio da codificação de uma
cação que podem ter consequências sérias para os envolvidos mensagem. A mensagem é um produto físico: pode
no processo. ser a fala, a escrita, um quadro, uma música, um gesto.
As pessoas transmitem ideias e sentimentos por meio de A mensagem é afetada pelo código ou símbolos que
símbolos, que são formas arbitrárias utilizadas para referirem-se utilizamos.
a intenções ou outro objeto. Os símbolos e os significados deles 02. Codificação. Para ser transmitida, a mensagem pre-
precisam ser socialmente compartilhados, ou seja, para se co- cisa ser codificada adequadamente, isto é, seus sím-
municar com sucesso, é preciso conhecer e dominar as formas bolos precisam ser traduzidos de forma que se
de exprimir ideias e sentimentos aceitos na sociedade. tornem inteligíveis por intermédio do canal que es-
Comunicação é a utilização de algum meio pelo qual a colhemos.
ideia, a informação ou o pensamento são transmitidos de uma 03. Canal. É o veículo ou mídia por meio do qual a
pessoa para outra, representando um grande intercâmbio que mensagem é encaminhada. É um meio existente
conecta duas ou mais pessoas. fora do comunicador e é escolhido por ele. Pode ser
percebido por todos. Pode ser um discurso oral, doc-
Comunicabilidade umentação escrita, comunicação não verbal. Também,
A comunicabilidade pode ser interpretada como a adap- podem-se utilizar as modernas tecnologias como
tação da mensagem ao público-alvo, uma vez que as pessoas veículos: e-mail, telefone, internet. O canal pode ser
devem ser capazes de interpretar corretamente o que está formal quando é determinado pela organização para
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ŝ#-ŝŦ
sendo dito. transmitir informações relativas ao trabalho ou infor-
A comunicabilidade enfatiza a maneira como os indivídu- mal como as redes sociais e pessoais que transmitem
os se comunicam para a comunicação ser compreensível por informações de forma espontânea.
parte do receptor. Sem a comunicabilidade adequada, a com- 04. Decodificação. É o processo de tradução dos sím-
preensão da mensagem não ocorrerá. bolos utilizados na mensagem na mente do recep-
tor. Quando a imagem decodificada corresponde à im-
Funções da Comunicação agem transmitida, houve sucesso na comunicação. O
A comunicação apresenta quatro funções básicas: con- receptor deve ser capaz de poder traduzir a mensagem
trole, motivação, expressão emocional e informação. enviada, ou seja, ele precisa ter capacidade para de-
01. Controle. A comunicação apresenta a função de con- codificar os símbolos transmitidos, do contrário não
trole quando é utilizada para divulgar normas e pro- haverá comunicação eficaz. Quando se transmite uma
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
O processo de comunicação pode ser eficiente e eficaz. A contextos e envolve as pessoas, independentemente de
eficiência se relaciona com o correto uso dos meios utilizados posição hierárquica. É aquela representada pelo contato
para a comunicação. A eficácia está relacionada com o alcance espontâneo entre colegas de trabalho. Apresenta três
dos objetivos desejados com a transmissão da mensagem. características: ela não é controlada pela direção da em-
A comunicação humana, a despeito das modernas tecno- presa; é tida pela maioria dos funcionários como mais
logias, ainda é limitada passível aos mesmos fenômenos que confiável do que os comunicados formais vindos da
perturbavam a comunicação de nossos antepassados. As dif- cúpula da organização; ela é largamente utilizada para
erenças individuais, os traços de personalidade, percepção e servir aos interesses pessoais dos que a integra.
atribuição, motivação e limitações humanas influenciam a ca-
pacidade humana em termos de comunicação. Direção da Comunicação
Vejamos o quadro abaixo com a esquematização do pro- A comunicação interna é de extrema importância para o
cesso de comunicação. sucesso da organização. Em uma empresa, as pessoas con-
vivem, compartilham experiências, criam laços afetivos. A
Ruído
comunicação entre as pessoas facilita a integração e tende a
Mensagem
Mensagem
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codificada pelo receptor da forma como foi enviada. Isto acontece gon
porque, em todo processo de comunicação, existem barreiras Dia
que servem obstáculos ao perfeito entendimento.
01. Barreiras mecânicas ou físicas = Aparelho de transmissão,
como o barulho, ambiente e equipamentos inadequados. Subordinado Lateral Subordinado
A comunicação é bloqueada por fatores físicos.
02. Barreiras fisiológicas = Dizem respeito aos problemas ▷ Ascendente: ocorrerá do subordinado para o supe-
genéticos ou de má-formação dos órgãos vitais da fala. rior/chefia. É utilizada para fornecer feedback aos
03. Barreiras semânticas = São as que decorrem do uso executivos, informá-los sobre os progressos em
inadequado de linguagem não comum ao receptor ou relação às metas e relatar os problemas que estão
a grupos visados. ocorrendo. A comunicação ascendente mantém os
04. Barreiras psicológicas = São os preconceitos e es- dirigentes informados sobre como os funcionários
tereótipos que fazem com que a comunicação fique se sentem em relação ao trabalho, aos colegas e à
prejudicada. organização em geral. Os executivos também con-
05. Barreiras pessoais = As pessoas podem facilitar ou tam com esse tipo de comunicação para obter ideias
dificultar a comunicação. Tudo dependerá da personal- sobre como as coisas podem ser melhoradas.
idade de cada um, do estado de espírito, das emoções, ▷ Descendente: ocorrerá do superior para o subordi-
dos valores etc. nado. Ela é usada pelos líderes para atribuir tarefas,
06. Barreiras administrativas/burocráticas = Decorrem fornecer instruções de trabalho, informar aos subor-
das formas como as organizações atuam e processam dinados sobre políticas e procedimentos, identificar
as informações. problemas que necessitam de atenção e fornecer
feedback sobre desempenho.
Comunicação Organizacional ▷ Lateral: quando a comunicação se dá entre os mem-
A comunicação organizacional pode ser dividida em: bros de um mesmo grupo ou de grupos do mesmo
1. Comunicação formal - É aquela que ocorre “oficial- nível, entre executivos do mesmo nível ou entre
mente” na empresa, ou seja, entre níveis hierárquicos, quaisquer pessoas que estão em um nível horizontal
visando atender a alguma exigência funcional da orga- equivalente dentro da organização, diz-se que essa
nização. É feita por meio de documentos oficiais. Em comunicação é lateral ou horizontal.
▷ Diagonal: esse é o tipo de comunicação que ocorre
envolvendo transferências entre diferentes níveis
hierárquicos e também perpassando fronteiras seto-
riais (entre diferentes seções ou departamentos). Em roda
Percebe-se uma mistura dos efeitos citados para a Em Y Em cadeia
comunicação vertical e horizontal.
É importante ressaltar que as organizações são sistemas
abertos e, como tal, intercambiam com o ambiente externo e
Interligação total Circular
recebem feedback. Portanto, a comunicação organizacional
também afeta o ambiente externo à organização, no qual ela ANOTAÇÕES
está inserida.
Comunicação em Equipes
O trabalho em equipe exige que a informação flua ade-
quadamente para que se solucionem os problemas do dia a
dia. Cada tipo de equipe exige um fluxo diferente de comu-
nicação. Equipes que executam atividades complexas e difí-
ceis precisam de informações circulando continuamente entre
todos os membros, de forma descentralizada. Por outro lado,
quando a equipe executa tarefas rotineiras, a rede de infor-
mações pode ser centralizada.
A vantagem da rede centralizada é que ela proporciona
soluções mais rápidas para problemas mais simples. Produz
poucos erros em relação aos problemas simples e muitos erros
em relação aos problemas complexos.
Na rede descentralizada, os problemas complexos são re-
solvidos de forma mais rápida por que as informações estão
compartilhadas entre todos os membros da rede. As decisões
são mais rápidas e melhores. É muito acurada na resolução de
problemas complexos, e pouco acurada na resolução de prob-
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lemas simples.
Tipos de Comunicação em Equipes
1- Comunicação em roda: neste tipo de comunicação em
roda os membros comunicam por de um único membro, ocu-
pando este a posição central. A comunicação neste tipo de rede
é mais rápida, é centralizada e o rigor é bom, tem emergência de
liderança. A satisfação neste tipo de cadeia é reduzida
2- Comunicação em Y: na rede em Y a comunicação faz-
se nos dois sentidos aos diversos níveis da hierarquia. Tem
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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Armadilhas Custo
Lembrança
decisões se fundamentam na racionalidade limitada e na de- psicológicas irrecuperável
cisão satisfatória.
Por fim, o modelo político é útil para tomar decisões não
programadas, em que as condições são incertas, as infor- Excesso de Evidência
confiança confirmadora
mações são limitadas e os gerentes podem estar em desacor- Formulação
do sobre quais metas perseguir ou qual curso de ação tomar. do problema
Assim, as pessoas formam uma coalização, isto é, uma aliança
informal entre os gerentes que apoiam uma meta específica. ▷ Ancoragem: tendência de ancorar o julgamento em
O modelo político parte do pressuposto segundo o qual as uma informação inicial, dificultando assim o ajuste
organizações são formadas por grupos com diferentes inter- diante de informações posteriores. Lembremo-nos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
ANOTAÇÕES
11. Gestão de Processos integrada para produzir um produto (bem ou serviço) com
vistas a atender a necessidades de clientes – teremos um pro-
cesso – seja ele reconhecido ou não, nominado ou não, com-
Conceitos preendido como tal ou não.
As organizações privadas ou públicas podem ser vistas
como um conjunto de processos. Todo processo deve ter, no mí-
Cadeia de Valor
nimo, entrada, processamento e saída. Os produtos mais típicos Cadeia de Valor, para Michael Porter, é o conjunto de ativi-
da saída são: bens, serviços e informações. É no “processamen- dades tecnológicas e econômicas distintas que uma organização
to” que estão concentradas as atividades do processo. utiliza para entregar produtos e serviços aos seus clientes.
O valor é o cliente quem atribui, reconhecendo sua im- Cada uma dessas atividades (produção, distribuição,
portância e demonstrando disposição em pagar o preço esta- comercialização etc.) deve entregar algum “valor”. Quanto
belecido. Fonte: Agostinho Paludo, Administração Pública, 3ª mais valor agregado, mais competitiva fica a empresa. Este é
edição, Editora Elsevier, 2013, página 339. um conceito relacionado com a vantagem competitiva.
Atividades/ Os processos podem ser assim classificados:
Fornecedor Tarefas Cliente ▷ Processos negócio/principais/primários/chaves/
Entrada Processamento Saída essenciais/finalísticos, que são os processos que
Insumos Transformação Produtos resultam na entrega de algum bem ou serviço ao
Produto Agregação de Bens cliente final – devem satisfazer as necessidades e
Serviço valor Serviços expectativas dos clientes e demais partes interessa-
Informação Informações das. Ex.: produção de um bem/prestação de serviço
Um processo compreende uma série de atividades, ra- direto ao cliente final.
cionalmente sequenciais e inter-relacionadas, que devem ser ▷ Processos secundários/administrativo/de suporte/
executadas para se obter determinado resultado pretendido. É auxiliares/meio, que são os processos internos que
um modo de transformar insumos em produtos para atender à geram apenas bens e serviços internos, mas que,
necessidade de algum cliente. O processo inicia com a identifi- ao mesmo tempo, são indispensáveis para que os
cação de uma necessidade e termina com a entrega do produ- processos principais possam ser executados (dão
to (bem ou serviço) ao cliente. suporte à execução dos processos principais), con-
Na visão de Thomas Davenport o processo é uma orde- tribuindo para o sucesso da organização. Ex.: gestão
nação específica das atividades de trabalho no tempo e no de pessoas, compras, manutenção em geral, contas
espaço, com um começo e um fim, inputs e outputs claramen- a pagar, processos de recursos humanos etc.
te identificados. Segundo o mesmo autor, tais atividades são ▷ Processos gerenciais, ligados às estratégias e uti-
estruturadas com a finalidade de agregar valor às entradas lizados na tomada de decisão, no estabelecimento
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(inputs), resultando em um produto para um cliente. de metas, na coordenação dos demais processos e
Desta maneira, todo tipo de trabalho importante em uma na avaliação dos resultados. Ex.: planejamento es-
organização faz parte de algum processo. Não existe produto tratégico, gestão do conhecimento, avaliação de de-
ou serviço fornecido sem que exista um processo organizacio- sempenho, avaliação da satisfação dos clientes etc.
nal por trás. Resumindo:
Harrington define processo como a utilização de recursos Percebe-se que os processos de negócio são os mais impor-
da empresa para oferecer resultados objetivos aos seus clien- tantes para a organização, constituindo o cerne de sua existência,
tes. Assim sendo, o processo seria um fluxo de trabalho, em pois eles são responsáveis pelo atendimento das necessidades
que existiriam os inputs (materiais, informação, equipamentos dos clientes, diferenciando a organização de suas concorrentes no
etc.) que seriam trabalhados, de forma a agregar valor. Desta mercado.
forma, o fluxo resultaria em uma série de outputs (produtos e
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
plexidade.
Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM) é uma
Quanto mais complexo (mais atividades, entradas ou pro-
abordagem disciplinada para identificar, desenhar, executar,
dutos resultantes), mais provável que tenhamos de “decom-
documentar, medir, monitorar, controlar e melhorar processos
pô-lo” em subprocessos para que seja mais fácil a análise e o
controle. de negócio automatizados ou não para alcançar os resultados
pretendidos consistentes e alinhados com as metas estratégi-
A decomposição de um processo segue a seguinte lógica: cas de uma organização. BPM envolve a definição deliberada,
▷ Macroprocesso: compreende a visão mais geral do colaborativa e cada vez mais assistida por tecnologia, melho-
processo, que, em regra, abrange vários processos ria, inovação e gerenciamento de processos de negócio ponta
principais ou secundários e envolvem mais de uma a ponta que conduzem a resultados de negócios, criam valor
função organizacional; e permitem que uma organização cumpra com seus objetivos
▷ Processo: conjunto de operações (atividades e tare- de negócio com mais agilidade. BPM permite que uma organi-
fas) que recebe um insumo, agrega valor e trans- zação alinhe seus processos de negócio à sua estratégia orga-
forma em um produto (bem/serviço) destinado ao nizacional, conduzindo a um desempenho eficiente em toda a
atendimento de necessidades dos clientes internos organização por meio de melhorias das atividades específicas
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ponta a ponta que o descreva de forma necessária e suficiente ▷ análise da documentação e dos sistemas existentes;
para a tarefa em questão’. Alternativamente chamada de fase ▷ coleta de dados e evidências
de ‘identificação’, a modelagem pode ser também definida Ao mapearmos um processo, este será descrito desde o in-
como ‘fase na qual ocorre a representação do processo pre- ício, deforma a representar cada atividade e decisão envolvida
sente exatamente como o mesmo se apresenta na realidade, nele. Desta forma, a pessoa que estiver fazendo o mapeamen-
buscando-se ao máximo não recorrer à redução ou simplifica- to deverá compreender os elementos: (fornecedores, entra-
ção de qualquer tipo. das, processo, saídas e clientes) de modo a descrever todos os
O Guia CBOK ressalta, no entanto, que a modelagem de aspectos do processo.
processos pode ser executada tanto para o mapeamento Entre os benefícios que uma organização pode ter ao ma-
dos processos atuais como para o mapeamento de propos- pear seus processos, temos:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
com o processo começar. Ela é anterior à construção de um utilizado para criar uma descrição clara e detalhada de um
mapa do processo ou fluxograma, pois identifica os fornece- processo ou um sistema.
dores, a entrada dos insumos da empresa, todo o conjunto de
atividades de processamento (tais como transporte, monta- ▷ IDEF 0 – Modelo de funções (processos)
gem, armazenamento etc.), os produtos finais do processo e ▷ IDEF 1 – Modelo de informações (dados)
a destinação para os clientes. ▷ IDEF 2 – Modelo dinâmico (comportamento)
Discutindo a técnica, Lobato e Lima (2010, p. 350) apre-
▷ IDEF 3 – Modelo de fluxo de trabalho (workflow)
sentam os seguintes conceitos segundo Mello et. al. (2002):
fornecedor é aquele que propicia as entradas necessárias, O IDEF 0, mais utilizado da família na modelagem de
podendo ser interno e externo; entrada é o que será transfor- processo, destina-se a descrever graficamente o processo de
mado na execução do processo; processo é a representação transformação ou produção de um bem ou serviço.
esquemática da sequência de atividades que levam a um re- Cada caixa representa uma Controles
Controles restringem
sultado esperado; saída é o produto ou serviço como solicitado atividade ou sub-processo.
direcionam as atividades.
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pelo cliente; cliente é quem recebe o produto ou serviço. Ex.: Planos, especificações,
normas, regras.
Blueprinting: é uma técnica que permite retratar o pro-
Nome da
cesso de serviço, os pontos de contato e as evidências físicas Entradas Atividade/ Saídas
de um serviço do ponto de vista do cliente. É uma verdadeira subprocesso
“impressão digital” do processo, representando um verdadeiro Cada linha representa uma infor-
mapa das transações em um processo de prestação de serviço. Entradas são utilizadas mação gerada pela atividade.
pela Ativ idade e transfor-
Segundo Frazzon et al. (2014) O uso do Service Blueprint madas em saídas.
Mecanismos Mecanismos são aspectos físicos
surgiu como uma técnica para identificação de pontos de falha usados na atividade. Ex.: Pes-
soas, máquinas, ferramentas.
no processo, porém seu uso foi expandido para a área estraté- ▷ Mapeamento Lean: é o mapeamento realizado com
gica, pois ele também permite identificar as áreas prioritárias
base na técnica do just in time para o processo, seja
para o cumprimento dos objetivos operacionais estratégicas
da organização (GIANESI; CORREA, 1994). Assim como contri- em manufatura, seja em serviço, tentando gerar
bui para decisões referentes ao posicionamento estratégico da economias ao longo do processamento para um
organização de serviços (SHOSTACK, 1987). processo enxuto. Sua base é a redução de desper-
Essa ferramenta possibilita uma visualização de todo o dícios e de custos, eliminando do processo as ativi-
processo de serviço em um diagrama, especialmente dos en- dades que não agregam valor, gerando um fluxo de
contros de serviço com o cliente, também chamados de mo-
valor. Por isso, a técnica também é conhecida como
mentos da verdade, em que as evidências físicas da prestação
de serviço são demonstradas, permitindo ainda a separação mapeamento do fluxo de valor do processo.
dos processos primários dos processos de apoio.
Fluxograma: esta é uma ferramenta muito utilizada para Projeto de Mapeamento e
que se possa visualizar com facilidade o fluxo de ações para Modelagem de Processos
que determinado processo possa ser concluído.
Trata-se de um gráfico que representa o fluxo ou sequen- O BPMN (Business Process Modeling Notation) é o padrão
cia normal de qualquer trabalho, produto, documento, infor- utilizado para o desenho (ou modelagem) dos processos em
mação etc., utilizando-se de diferentes símbolos que esclare- uma organização.
cem o que está acontecendo em cada etapa.
Consiste de um conjunto de notações gráficas, ou seja, um
Mapafluxograma: o mapafluxograma apresenta o fluxo de
movimentação física de um determinado item com base em conjunto de símbolos padronizados que servem para que pos-
uma rotina produtiva preestabelecida. É como um fluxograma samos descrever e redesenhar um processo. Esse diagrama, que
de como o material deverá se movimentar no espaço físico nos permite visualizar um processo, também é conhecido como
para que o processo seja desempenhado de acordo com o que fluxograma.
está previsto no fluxograma.
Assim, essa é a ferramenta utilizada para efetuar o mapea-
Assim, o mapafluxograma permite, em conjunto com o
fluxograma, o estudo do processo como um todo, tanto do mento e a modelagem dos processos. Desta forma, ele é utilizado
ponto de vista do conjunto de atividades desempenhadas para descrever, de modo gráfico, um processo por meio do uso
como da movimentação de material no espaço físico. de símbolos e linhas.
Diferenciando BPM e BPMS
Atividade Processo
O BPM não aceita o conceito de processos da forma trazida
Entrada ou
Pré-definido Saída pelos ERPs ou SIGs – ele tem entendimento próprio e separa-
do. Para o BPM o processo não se restringe à execução no sis-
tema – mas pode ser alterado, adaptado, melhorado, monito-
Início ou rado em tempo real e disponibilizado por toda a organização.
Fim Decisão Documento
Assim, para dar suporte às novas exigências do BPM é que
surgiram os BPMS. Mas o que são os BPMS?
Armazenamento
on-line
▷ Os BPMS – Business Process Management Systems
Conectores Armazenamento – correspondem ao sistema informatizado que dá
de páginas de dados
suporte para a gestão de processos nas organizações/
Grau de Maturidade em Processos instituições; correspondem à tecnologia que suporta o
O grau de maturidade na Gestão de Processos de Negócio conceito e as tarefas de gestão de processos do BPM.
define a maturidade a partir de níveis, que medem a evolução ▷ Os BPMS fazem referência a um sistema computacio-
da organização/instituição quanto às práticas de gestão/ger- nal que suporta a gestão da informação pela organi-
enciamento de processos. zação, com foco no gerenciamento de processos.
O Guia de Gestão de Processos no Governo do GesPública ▷ Os BPMS constituem uma peça de software que dá
(2011) descreve a maturidade do processo em 5 níveis, a par- suporte às atividades como modelagem, análise e
tir de dois modelos. Esses níveis refletem a transformação da aprimoramento de processos de negócio.
organização na medida em que seus processos e capacidades ▷ Os BPMS correspondem à plataforma que dá suporte
são aperfeiçoados. aos processos de negócio.
Na visão do CBOK – Business Process Maturity, os níveis BPM ї Foco no negócio e na gestão
(exceto o primeiro) são compostos por áreas de processos,
BPMS ї Foco em TI-Tecnologia da Informação
estruturadas com vistas a atingir metas de criação, suporte e
sustentação específicas de cada nível. Nessas áreas a ênfase Reengenharia
é nas melhores práticas, indicando o que deve ser feito (mas
não de que forma devem fazer). Na década de 1980 (pode constar em prova também déca-
da de 90), a reengenharia foi um marco para a divulgação da
▷ Nível 1, Inicial: os processos são executados de ma-
administração de processos e do aprimoramento de processos.
neira ad-hoc, o gerenciamento não é consistente e é
O autor desse conceito foi Michael Hammer, que o divulgou no
difícil prever os resultados.
artigo “Promovendo a reengenharia do trabalho: não autom-
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▷ Nível 2, Gerenciado: a gestão equilibra os esforços atize, destrua”. Nesse texto, Hammer usa o verbo “to reengi-
nas unidades de trabalho, garantindo que sejam ex-
neer” (sem equivalente em português; ficaria “reengenheirar”
ecutados de modo que se possa repetir o procedi-
se fosse traduzido literalmente) com o sentido de reformular
mento e satisfazer os compromissos primários dos
a maneira de conduzir os negócios. Hammer afirmava que a
grupos de trabalho. No entanto, outras unidades de
trabalho que executam tarefas similares podem usar tecnologia da informação tinha sido usada de forma incorreta
diferentes procedimentos. pela maioria das empresas. O que elas faziam, geralmente, era
automatizar os processos de trabalho de forma como estavam
▷ Nível 3, Padronizado: os processos padrões são con-
projetados. Elas deveriam, em vez disso, redesenhar os pro-
solidados com base nas melhores práticas identifi-
cessos.
cadas pelos grupos de trabalho, e procedimentos de
adaptação são oferecidos para suportar diferentes Em seu livro de 1993, Reengeneering the corporation, es-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
necessidades do negócio. Os processos padroni- crito em parceria com James Champy, as ideias originais foram
zados propiciam uma economia de escala e base ampliadas e acrescidas de uma metodologia para a implan-
para o aprendizado por meio de meios comuns e tação da reengenharia. Nesse livro, os autores apresentaram
experiências. as bases da administração de processos e do aprimoramento
▷ Nível 4, Previsível: as capacidades habilitadas pelos dos processos.
processos padronizados são exploradas e devolvidas A reengenharia firmou-se como proposta de redesenhar
às unidades de trabalho. O desempenho dos proces- a organização em torno de seus processos, para torná-la mais
sos é gerenciado estatisticamente durante a execução ágil e eficiente. Moreira (1994) apresentou a reengenharia
de todo o workflow, entendendo e controlando a como uma proposição audaciosa:
variação, de forma que os resultados dos processos Fazer a reengenharia é reinventar a empresa, desafian-
sejam previstos ainda em estados intermediários. do suas doutrinas, práticas e atividades existentes, para, em
▷ Nível 5, Otimizado: ações de melhorias proativas e seguida, redesenhar seus recursos de maneira inovadora,
oportunistas buscam inovações que possam fechar em processos que integram as funções departamentais. Esta
os gaps entre a capacidade atual da organização e reinvenção tem como objetivo otimizar a posição competiti-
a capacidade requerida para alcançar seus objetivos va da organização, seu valor para os acionistas e sua contri- 509
de negócio. buição para a sociedade.
Ciclo PDCA
510
O Ciclo PDCA teve origem com Shewhart, nos Estados Uni-
dos, mas tornou-se conhecido como ciclo de Deming a partir
de 1950, no Japão. Para o glossário do GesPública, Ciclo PDCA
é uma ferramenta que busca a lógica para fazer certo desde a
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
primeira vez.
É uma técnica simples para o controle de processos, que
também pode ser utilizada para o gerenciamento contínuo das
atividades de uma organização. É um método usado para con-
trolar e melhorar as atividades de um processo.
O PDCA:
▷ padroniza as informações de controle;
▷ reduz e evita erros lógicos;
▷ facilita o entendimento das informações;
▷ melhora a realização das atividades; e
▷ proporciona resultados mais confiáveis.
Também chamado Ciclo da Melhoria Contínua, o PDCA é
uma “ferramenta oficial da qualidade”, utilizado em processos
de trabalho com vistas a maximizar a eficiência e alcançar a
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Avaliação Planejamento
A P
C D
Controle Execução
ANOTAÇÕES
▷
12. Balanced Scorecard Transformar a estratégia em tarefa de todos: essa
transformação ocorre por meio da comunicação da
O Balanced Scorecard é um Painel Balanceado de Indi- estratégia (de cima para baixo), que deve ser traduz-
cadores, conceito desenvolvido por Robert Kaplan e David ida em linguajar claro para que todos os colabora-
Norton, que detectaram que o controle dos resultados base- dores da organização a entendam e direcionem sua
ados em indicadores financeiros não mais atendia. A geração atuação para ela. São necessários treinamentos para
de valor dependia do acompanhamento do desempenho es- transmitir aos funcionários os conceitos estratégicos
tratégico organizacional por meio da medição de indicadores e demais informações relacionadas à remuneração
de desempenho. por incentivos e ao trabalho em conjunto para a ex-
ecução da estratégia.
Serve como instrumento de alinhamento entre o planeja-
mento estratégico e o operacional. ▷ Converter a estratégia em processo contínuo: na
implementação do processo de gerenciamento da
Compreende a tradução da visão e da estratégia de uma estratégia nas empresas, três passos foram identi-
organização em um conjunto integrado de objetivos e indica- ficados: a conexão da estratégia ao processo orça-
dores de desempenho que formam a base para um sistema de mentário, objetivando conciliar as iniciativas de
gerenciamento estratégico e de comunicação. longo prazo com o desempenho esperado no curto
Atualmente, o BSC passou a ser utilizado como uma met- prazo; a realização de reuniões gerenciais para aval-
odologia de gestão estratégica, servindo, em muitos casos, iação da estratégia; e o aprendizado organizacional,
como instrumento representativo da estrutura dos processos com adaptação da estratégia.
gerenciais das organizações e como ferramenta de gestão. ▷ Mobilizar a mudança por meio da liderança executi-
Nesse contexto, as perspectivas podem ser descritas assim: va: a implementação da estratégia demanda trabalho
Perspectiva financeira: analisa o negócio do ponto de vis- contínuo e em equipe. Caso a alta direção da organi-
ta financeiro. Relaciona-se normalmente com indicadores de zação não se envolva ou atue com pouca dedicação, a
lucratividade, como receita líquida, margem líquida, retorno estratégia não será implementada. Esse princípio con-
sobre o investimento, entre outros. Indica se a estratégia da templa: a mobilização para a mudança organizacional
empresa está se traduzindo em resultados financeiros. (esclarecimento sobre a importância da mudança), e
Perspectiva dos clientes: nesse ponto de vista, busca-se a definição do processo de governança que orientará
identificar os segmentos (de clientes e de mercados) em que a e direcionará as mudanças (há um rompimento da es-
trutura tradicional de poder).
empresa atuará e as medidas de desempenho que serão aceitas.
Geralmente envolve indicadores como: satisfação dos clientes, Três pessoas que desempenham papéis críticos na con-
retenção de clientes, lucro por cliente e participação de merca- strução do BSC foram identificadas por Kaplan e Norton (1997):
o arquiteto, o agente de mudanças e o comunicador. O arquite-
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do. Essa perspectiva possibilita ao gestor as estratégias de mer-
cado que permitirão atingir resultados superiores no futuro. to corresponde a um alto executivo da organização designado
como responsável pela construção do BSC e pela sua inclusão
Perspectiva de processos internos: identifica os proces- ao sistema gerencial – esse executivo deve ter capacidade para
sos críticos que a empresa deve focar para ter sucesso. Ou seja, educar a equipe e orientar o processo de tradução da estraté-
mapeia os processos que causam o maior impacto na satisfação gia em indicadores; o agente de mudanças corresponde a um
dos consumidores e na obtenção dos objetivos financeiros da representante do executivo principal, designado para moldar as
organização. Devem ser melhorados os processos existentes e ações de rotina decorrentes do novo sistema gerencial; e o co-
desenvolvidos os que serão importantes no futuro. municador, que tem a responsabilidade de conquistar o apoio e
Perspectiva do aprendizado e do crescimento: identifica a adesão de todos os membros da organização quanto ao novo
as medidas que a empresa deve tomar de modo a se capacitar sistema gerencial a ser implementado.
para os desafios futuros. As principais variáveis são as pes-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
mento institucional dos profissionais como um grande diferen- mo, equidade no tratamento.
cial para a sustentabilidade da organização ao longo do tempo. A perspectiva fiduciária sugerida por Kaplan e Norton,
Quanto às perspectivas utilizadas, os próprios autores, não é obrigatória, mas, se utilizada, reflete os objetivos dos
Kaplan e Norton (1997), sugerem que as perspectivas do interessados, como os contribuintes ou doadores (que forne-
BSC devem funcionar como modelo, e não como “camisa cem recursos para o custeio da máquina pública). Se forem
de força”. Assim, é possível alterar ou inserir perspectivas de bem atendidos, eles poderão contribuir para o aumento da
acordo com a natureza e função social de cada ente público. arrecadação de recursos. Quanto aos processos internos, os
Mas algumas questões já podem ser definidas. A mudança conceitos são bastante semelhantes.
radical aqui ocorre em relação à perspectiva mais impor- No que concerne à perspectiva de aprendizado e cresci-
tante: no meio público, o cumprimento da missão institucional mento, cabe ressaltar que existe maior dificuldade em se tra-
(prestar serviços à sociedade) é a principal perspectiva, e deve tar com as pessoas/servidores no meio público, haja vista a
estar no topo do BSC. Para os indicadores, os termos mais ad- existência de normas legais específicas que, por um lado, ga-
equados são Orçamentários e Não Orçamentários. rantem estabilidade ao servidor público, e, por outro, acabam
A perspectiva financeira/orçamentária é deslocada para por dificultar a flexibilidade necessária às inovações – além da
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a base do BSC, visto que no meio público ela é condição indis- cultura existente no meio público, que em regra é refratária
pensável, e não resultado final. Mas ao mesmo tempo em que a mudanças. No entanto, são as pessoas que poderão tornar
é deslocada, ela condicionará a atuação pública, pois não se as organizações públicas excelentes ou não. Mariani (2002)
pode realizar nenhuma despesa que não se encontre aprova- considera que a valorização do servidor é condição essencial
da no orçamento anual. Recursos orçamentários adequados nesse processo, e que a qualidade dos servidores e sua mo-
contribuem para o alcance dos objetivos de todas as demais tivação são condições necessárias à realização dos objetivos
perspectivas. Assim, a perspectiva financeira se torna um das demais perspectivas.
Mapa Estratégico
Como vimos acima, o Balanced Scorecard é uma ferramenta utilizada para traduzir a estratégia e a visão em objetivos, metas,
medidas e iniciativas claras e bem definidas. Assim, o BSC envolve um conjunto de indicadores financeiros e não financeiros
para demonstrar como a organização está em relação aos seus objetivos principais.
Dessa forma, Kaplan e Norton desenvolveram uma ferramenta, chamada de mapa estratégico, que serve como referencial geral
para a implementação da estratégia. Segundo os autores, o mapa estratégico é tão importante como os referenciais utilizados pelos
gerentes financeiros.
Mapa Estratégico
Descreve a estratégia da empresa através de ob-
jetivos relacionados entre si e distribuídores nas
quatro dimensões
Objetivo Estratégico Indicador Meta Plano de Ação
O que deve ser Programas de
Como será medi- O nível de de-
alcançado e o ação chave
do e acompan- sempenho ou a
Mapa estratégico que é crítico necessári-
hado o sucesso taxa de melhoria
para o sucesso os para se
do alcance do necessário
Financeira da organização alcançar os
objetivo
Rentabilidade objetivos
Mercado
Preços mais
Voo Pontual Objetivos Indicadores Meta Iniciativa
baixos
-Rápida Prepa- -Tempo de pouso -30 Minutos -Programa de
ração em solo -Partida Pontual -90% otimização da
Processos duração do ciclo
Rapida
Internos preparação
em solo
O BSC permite:
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Aprendizado &
- Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia;
Inovação Alinhamento
- Comunicar a associar objetivos e medidas estratégicas;
do pessoal
de terra -Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas;
-Melhorar o feedback e o aprendizado estratégico.
ANOTAÇÕES
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
513
514
13. Conceitos Introdutórios Esse agrupamento de seres, a partir de agora, passa a go-
zar dos benefícios que a coletividade lhe proporciona, como
Para entender o que é Orçamento Público, é necessária proteção contra inimigos, abrigo, direito de propriedade, den-
tre outros.
uma breve explanação sobre dois conceitos fundamentais:
Porém, com o crescimento desse agrupamento, essas
Sociedade, em um sentido sociológico; e Estado. Ainda temos relações se tornam mais complexas, acompanhadas pela
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
que entender que essas entidades são produtos de um proces- necessidade da divisão do trabalho e posterior surgimen-
so natural (concepção naturalista – Hobbes, Lock e Rousseu) to de um corpo de especialistas, demandando coordenação,
ou histórico (concepção Marxista – Materialismo Histórico), normalmente atribuída a uma pessoa eleita líder, que passa
resultado das interações que a necessidade humana de viver a desempenhar o papel de direção, decidindo os caminhos a
serem trilhados. Também é atribuída a ele e sua classe de es-
em comunidade provoca. pecialistas a função de elaboração, ou pelo menos aprovação,
Esse capítulo não tem por escopo um estudo aprofundado de novas regras de convívio e, ainda, o julgamento nos casos
da História, muito menos da evolução da humanidade. O que concretos de aplicação dessas regras, normalmente em confli-
se pretende é simplesmente mostrar a importância do orça- tos envolvendo membros do grupo.
mento público no contexto do desenvolvimento humano en- Quando esse crescimento torna-se contínuo, surge a ne-
quanto ser gregário, social, base do mundo em que vivemos, cessidade de ter um território definindo, além de crescer
também a complexidade das relações entre os indivíduos e a
sendo o Estado o grande pilar dessa sociedade. relação da comunidade com outros agrupamentos, nem sem-
Mas o que vem a ser sociedade? pre amigáveis. Tudo isso passa a demandar uma estrutura cada
Segundo o dicionário Aurélio, sociedade é: vez maior e mais complexa para administrar e levar tal grupo
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▷ Agrupamento de seres que vivem em estado a um fim comum almejado. Essa estrutura passa a demandar
gregário. recursos dos mais diversos, que deverão ser disponibilizados
▷ Grupo de indivíduos que vivem, por vontade própria, pelos próprios integrantes desse grupo. Esses recursos serão
sob normas comuns; comunidade. entregues a uma estrutura que, a partir de certo momento e
complexidade, passa a ter um aspecto formal e coercitivo, de-
▷ Grupo de pessoas que, submetidas a um regulamen- nominado Estado.
to, exercem atividades comuns ou defendem inter-
Podemos, então, entender Estado como uma instituição
esses comuns; grêmio, associação, agremiação. organizada politicamente, socialmente e juridicamente, ocu-
▷ Meio humano em que o indivíduo está integrado. pando um território definido e dirigida por um governo que
Segundo o Sociólogo Pérsio Santos de Oliveira, sociedade possui soberania reconhecida tanto interna como externa-
é a “Coletividade organizada e estável de pessoas que ocupam mente. Ele é responsável pela organização e pelo controle so-
um mesmo território, falam a mesma língua, compartilham a cial, pois detém, segundo Max Weber, o monopólio legítimo
mesma cultura, são geridas por instituições políticas e sociais do uso da força (coerção, especialmente a legal), sendo, por
aceitas de forma consensual e desenvolvem atividades pro- isso, o guardião da ordem social. O Estado surge como resul-
dutivas e culturais voltadas para a manutenção da estrutura tado de um processo histórico formado por, basicamente, três
que sustenta o todo social. A sociedade apresenta-se geral- elementos: povo, território e poder político (alguns autores
mente dividida em classes sociais ou em camadas sociais nem incluem o elemento finalidade).
sempre harmônicas. Entretanto, mesmo quando há oposição Esse ente de caráter público necessita de recursos para
e conflito entre essas classes ou camadas, verifica-se também desenvolver atividades cada vez mais complexas. Dessa for-
complementaridade entre elas, e é essa complementaridade ma, ele necessita administrar bem as receitas que tem para
que mantém em pé a sociedade como um todo.” que possa maximizar sua aplicação, buscando o máximo de
eficiência. Para tanto, é necessária uma ferramenta que aux-
Assim, entendemos a vida em sociedade como pré- ilie o dirigente no planejamento e no controle das atividades
condição para a sobrevivência da espécie humana, em função relacionadas à captação de recursos e seu dispêndio, a chama-
da necessidade de interação e convívio comum. Concluímos da Atividade Financeira do Estado – AFE. Essa ferramenta é o
que é a necessidade que faz com que as pessoas se agrupem e Orçamento Público.
passem a viver em coletividade. Como não é possível atender
a necessidades de todos os integrantes individualmente con- Origem e Evolução do
siderados, esse agrupamento passa a eleger quais sejam as
necessidades mais importantes para a coletividade, as chama- Orçamento Público
das necessidades públicas. A Relação do Estado com seu povo evoluiu com o tem-
Para que se tenha um mínimo de organização no atendi- po em todos os aspectos. Nesse momento, interessa-nos a
mento dessas necessidades públicas, a coletividade passa a evolução da forma como o Estado desenvolve sua atividade
desenvolver regras de convivência e, consequentemente, sub- financeira, ou seja, a forma como ele obtém recursos para
meter-se a elas. Ao aceitar essas regras como necessárias, pas- manter sua estrutura e a maneira como os despende.
sando a obedecê-las, os indivíduos integrantes desse agrupa- Inicialmente, surgiu um Estado absolutista, em que o so-
mento abrem mão de certa parcela de sua liberdade em prol berano era detentor do poder absoluto e usava esse poder
dos benefícios de ser integrante daquele grupo. A partir de conforme sua vontade. Nesse momento histórico, o Estado era
agora o indivíduo não poderá mais fazer o que quiser, pois terá representado pelo próprio monarca, que encarnava um poder
um conjunto de regras a respeitar, como o direito de proprie- dito divino. Em função de tal distorção, o Estado era intru-
dade do outro, por exemplo. sivo, invadindo e interferindo na vida de todos, em todos os
aspectos e sem nenhum limite, retirando arbitrariamente de do. A partir de então, com inspiração em obras de pensadores
seus cidadãos os recursos de que necessitava, sem nenhum como Keynes, passou a ser visto como necessário o posicio-
critério e sem nenhum compromisso com qualquer tipo de namento do Estado frente à economia como um agente de
contraprestação. Nesse momento, se existesse orçamento, o fomento, controle e promotor da redistribuição de renda, em
povo em nada interferiria na AFE, ao contrário, teria que se busca de uma sociedade mais igualitária, usando como instru-
submeter a ela. mento a disponibilização de serviços sociais, financiados por
É da insatisfação relacionada a essa atuação arbitrária que meio da arrecadação e pela própria atividade empresarial do
surgiam os primeiros conceitos de Orçamento Público quando, Estado. A partir desse momento, buscava-se um modelo de
em 1215, na Inglaterra, sob a regência do Rei João Sem Terra, os Estado que estivesse entre o Liberal e o Comunista.
cidadãos se contrapuseram à cobrança arbitrária de tributos. A Foi particularmente a partir da chamada revolução
Carta Magna da época passou a exigir autorização parlamentar Keynesiana que o Orçamento Público passou a ser concebido
para a instituição e majoração de gravames tributários. Surgiu, como instrumento de política fiscal, com vistas à estabilização,
então, a primeira ideia de Orçamento Público. à expansão ou à retração da atividade econômica, a depender
A partir do século XVII, a intervenção estatal foi fortemente da necessidade e da opção política do governante, papel que
repelida por importantes pensadores, defensores do movi- ocupa até hoje.
mento denominado Liberalismo. Essa corrente de pensamento Antes, já existia a ideia de um Estado Social-Democrático,
defendia a legitimidade de um poder democrático, pautado e seus teóricos acreditavam que a transição para uma socie-
na livre iniciativa, na liberdade de expressão e na concorrên- dade socialista poderia ocorrer sem uma revolução armada,
cia econômica, tendo por base a legalidade firmada em um mas por meio de uma evolução democrática. Com o advento
documento supremo denominado Constituição. Com o ad- da Segunda Grande Guerra e a expansão do Comunismo pelo
vento da Revolução Francesa (1789), esse Estado intrusivo foi mundo, esse movimento ganhou força na reconstrução da Eu-
totalmente rechaçado e o Estado idealizado a partir de então
ropa e do Japão, surgindo como uma concepção de um Estado
foi aquele dito Estado Mínimo, que permitia a maior liberdade
possível ao cidadão, além de ser responsável somente pelas intermediário, alternativo ao Liberal e ao Comunista.
ditas funções essenciais, como a defesa da soberania, provi- Como uma distorção do Estado Social-Democrático, surgiu
mento da justiça, segurança, dentre outras. o Estado do Bem-Estar Social, o Welfare State, no qual todo
Era a vivificação do ditame laissez faire-laissez passer, inspira- cidadão teria direito a um conjunto de benefícios sociais for-
do em autores como Adam Smith e sua obra Riqueza das Nações, necidos pelo Estado.
que pregava o afastamento completo da mão estatal sobre a Os Estados de bem-estar social desenvolveram-se princi-
atividade econômica, devendo o poder dos governos agir apenas palmente na Europa, onde seus princípios foram defendidos
para manter a ordem e a estabilidade sociais, necessárias ao livre pela social-democracia, tendo sido implementado com maior
desempenho das relações comerciais e da exploração da econo- intensidade nos Estados Escandinavos, tais como Suécia, Dina-
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mia pelos particulares. A regulação do mercado ocorreria natu- marca, Noruega e Finlândia.
ralmente, segundo as leis da economia de demanda e oferta, a Entretanto, tal sistema também não pôde se sustentar, isso
denominada “mão invisível do mercado”. em função do alto endividamento do Estado e da crescente
Porém, mesmo sendo mínimo, esse Estado também ne- demanda por cada vez mais benefícios sociais por parte da
cessitaria de um mínimo de recursos que deveriam ser tirados população. Tal crise teve como ápice a década de setenta, em
de seus cidadãos, segundo um sistema baseado na legalidade que o mundo enfrentou grave estagnação econômica e cresci-
e na igualdade. Nesse contexto, o Orçamento Público muito mento reduzido.
pouco intervinha na economia, limitando sua atividade finan-
O Estado do Bem-Estar Social entrou em crise e passou
ceira à obtenção de recursos para manutenção de suas funções
básicas. a recuar, voltando, pelo menos em parte, às bases do Estado
Liberal. Por intermédio de privatizações, passou para o setor
A partir do século XIX, de forma gradativa, o orçamento
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
tindo apenas as necessidades públicas fundamentais à sua grave, célebre economista americano, elencou as três princi-
existência, como justiça, segurança, defesa externa (Adams pais funções econômicas exercidas pelo Governo nos tempos
Smith). Orçamento Público voltado apenas para a manutenção modernos: a função alocativa, a função distributiva e a função
das atividades essenciais do Estado e para suprir as falhas de estabilizadora. Vejamos cada uma delas a seguir:
mercado, com um mínimo de intervenção econômica.
Função Alocativa
Estado Socialista (de 1917 a Com o intuito de minimizar as chamadas, por Adam Smith,
meados da década de 90) Falhas de Mercado, o Governo atua ajustando a alocação dos re-
cursos produtivos na economia, ou seja, utiliza os recursos que
Estado interventor, garantindo todas as necessidades tem à sua disposição, com o fim de estimular a construção de
públicas, regendo e atuando em todos os setores econômicos, obras e a produção de bens e de serviços que o setor privado
sendo, assim, um Estado máximo. Orçamento Público máxi- não tem interesse em produzir ou o faz de forma ineficiente.
mo, envolvendo toda a atividade econômica.
Assim, diante da necessidade de interesse coletivo de se
Estado do Bem-Estar Social ou assumir os riscos e a responsabilidade de se promover o bem
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econômico, o Governo interfere diretamente na economia, por dentre outras coisas, estuda a forma de como a atividade
meio de seus gastos. Comprando mais, expande-se o nível de financeira é desenvolvida com enfoque voltado para o ar-
atividade econômica; comprando menos, provoca-se uma re- cabouço legal que a ampara. No Brasil, a base desse ramo do
dução no nível geral da economia. direito está na Constituição, na Lei 4.320/64, uma lei nacion-
al que determinou Normas Gerais de Direito Financeiro para
Em função dessa importância, a participação do Governo
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União,
no PIB (Produto Interno Bruto) dos principais países do mun-
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal e em outros
do, inclusive do Brasil, tem crescido consideravelmente, princi-
instrumentos normativos. É importante observar que, por ser
palmente após a Segunda Guerra Mundial. de âmbito nacional, essa Lei sujeita aos seus mandamentos
Diante do que vimos, só podemos imaginar o quão com- todos os entes federados.
plexo é o papel do Estado na economia de um país. É nesse
Diante de todo exposto e imaginando a complexidade que
contexto que entra o papel do Orçamento Público. Ele é a
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
ANOTAÇÕES
14. Orçamento Público local, por meio de informações, como: as necessidades sociais
preponderantes, o nível de desenvolvimento sócio-econômi-
A palavra orçamento é de origem italiana orzare, que sig- co, a geração de renda, a dependência externa, a composição
nifica “fazer cálculos”. Assim, orçamento nada mais é que cal- da economia local, etc.
cular receitas e despesas públicas. Com tantas funções, o orçamento representa, portanto,
Apesar de poder ser tão singelamente conceituado, o uma ferramenta fundamental que pode subsidiar o gestor pú-
Orçamento Público tem conotação muito mais ampla, pois, blico no planejamento e elaboração de políticas públicas.
dentro da atividade financeira do Estado, o orçamento se
constitui numa ferramenta governamental, por meio da qual Características do Orçamento
o governante elabora seu plano de trabalho, anunciando à Observando os conceitos anteriores, identificamos as car-
sociedade as suas opções para se alcançar o bem comum, ou acterísticas fundamentais do Orçamento Público:
seja, quais as ações serão realizadas no suprimento das neces-
ї Plano de trabalho no qual o Governo expõe seus planos
sidades públicas. Além do mais, por meio desse documento,
para um determinado período.
é possível ainda controlar a execução dessas ações e avaliar o
grau de sucesso nas suas operações. ї No caso do Brasil, é uma Lei elaborada pelo Poder Exec-
utivo e apreciada pelo Poder Legislativo, que, cumprindo
Conceito certas limitações, pode alterá-la.
Uma vez elaborado o plano, ele deve passar pelo crivo do ї É temporária, normalmente de um ano, com sua vigên-
parlamento. Dessa forma, o Orçamento Público está intima- cia limitada a esse período.
mente ligado à ideia de democracia, em que o governante ї Contém uma previsão das diversas receitas a serem ar-
busca no povo, mesmo que indiretamente, a aprovação para recadadas.
suas realizações. ї Contém uma fixação para as diversas despesas a serem
Vejamos algumas definições já consagradas sobre o Orça- realizadas, na consecução das ações previstas.
mento Público: No Brasil, o Orçamento Público está previsto em diversos
Art. 2º, Lei 4.320/64. A Lei do Orçamento conterá a mandamentos legais, sendo o mais importante a Constituição
discriminação da receita e despesa de forma a eviden- Federal da República, de 1988, no seu artigo 165 que prevê,
ciar a política econômica financeira e o programa de além do orçamento em si, a chamada Lei Orçamentária Anual
trabalho do Governo, obedecidos os princípios de uni- (LOA), mais dois instrumentos de planejamento, o Plano Pluri-
dade, universalidade e anualidade. anual (PPA) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO):
Conforme Pascoal1, “é o ato pelo qual o Poder Executivo Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo esta-
prevê e o Poder Legislativo lhe autoriza, por certo período, e belecerão:
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em pormenor, a execução das despesas destinadas ao fun- I. O plano plurianual.
cionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela II. As diretrizes orçamentárias.
política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação III. Os orçamentos anuais.
das receitas já criadas em Lei”. Juntamente com outros instrumentos, essas Leis formam
Segundo Bastos2, a finalidade última do orçamento “é de um Sistema de Orçamento e Planejamento Governamental.
se tornar um instrumento de exercício da democracia pelo
qual os particulares exercem o direito, por intermédio de seus Tipos de Orçamento
mandatários, de só verem efetivadas as despesas e permitidas
as arrecadações tributárias que estiverem autorizadas na Lei Conforme o Órgão de Elaboração
Orçamentária. O orçamento é, portanto, uma peça jurídica, vis- Segundo Deusvaldo Carvalho4, com base nessa classifi-
to que é aprovado pelo legislativo para vigorar como Lei cujo cação, temos os seguintes tipos de orçamento:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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administração pública e ampliar a visibilidade dos resultados e
benefícios gerados para a sociedade, bem como elevar a trans- OBZ ou por Estratégia
parência na aplicação dos recursos públicos”9. Adotado no ano fiscal de 1973, pelo Estado da Geórgia, Es-
Cada programa contém objetivo, indicador que quantifi- tados Unidos, no governo Jimmy Carter, o Orçamento Base zero
ca a situação que o programa tenha como finalidade modi- teve sua abordagem orçamentária desenvolvida nos Estados
ficar e os produtos (bens e serviços) necessários para atingir Unidos da América, pela Texas Instruments Inc., em 1969.
o objetivo. A partir do programa, são identificadas as ações, Não chega a ser uma espécie orçamentária, como o orça-
especificando os respectivos valores e metas e as unidades mento tradicional ou programa, mas uma técnica utilizada
orçamentárias responsáveis pela realização da ação. para a confecção de orçamento-programa.
O orçamento programa permite a avaliação do resultado A utilização dessa técnica exige que todas as despesas ref-
das ações governamentais, por meio das medidas de eficiên- erentes aos programas, projetos ou ações governamentais dos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
desenvolvem estratégias destinadas a atingir seus objetivos pais coadjuvantes o povo, em muitos casos representado por
de alocação de recursos. associações, sindicatos e ONGs etc. Em função da proximidade
Elaboração da gestão com a população, essa metodologia ganha espaço
na elaboração de orçamentos municipais, nada impedindo que
A elaboração do orçamento em base zero segue as se- seja utilizada pelos outros entes federados.
guintes fases:
Vale ressaltar o grande destaque mundial que o município
ї Análise, revisão e avaliação dos dispêndios propostos em de Porto Alegre alcançou como uma das pioneiras e mais efe-
cada unidade orçamentária, com justificativa detalhada tivas implementações do Orçamento Participativo.
de cada administrador por todos os dispêndios a cada
Seguindo esse diapasão, o OP se mostra como um impor-
novo ciclo.
tante instrumento de controle, participação e conscientização,
ї Preparação por parte do administrador de um pacote de ao trazer a sociedade para dentro da gestão dos recursos pú-
decisão para cada atividade ou operação, contendo: blicos.
▷ uma análise de custo; É bom ressaltar que não é o povo que decide tudo sobre
▷ alternativas; o orçamento, o que ocorre é uma combinação entre a decisão
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Orçamentárias, isso porque, na época de sua elaboração, es-
Já aos municípios cabe exercer a chamada competência ses instrumentos ainda não existiam, pois foram criados pela
suplementar, que é correlativa da concorrente. Isso significa Constituição de 1988.
o poder de formular normas que desdobrem o conteúdo dos ї Lei Complementar 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal
princípios ou normas gerais, ou que supram a ausência ou a
A Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, Lei
omissão destas.
de Responsabilidade Fiscal (LRF), é a norma que estabelece
Vejamos, agora, as principais normas que regulam a ativi- regras de finanças públicas voltadas para a responsabilidade
dade orçamentária no Brasil: na gestão fiscal. Em particular, a LRF vem atender à prescrição
ї Constituição Federal do Art. 163 da Constituição:
Ao longo de praticamente toda Constituição Federal, ex- Art. 163. Lei complementar disporá sobre:
istem dispositivos que disciplinam a matéria orçamentária.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
I. Finanças públicas;
Mesmo assim, a Carta Magna dedicou o Título VI inteiro à trib- II. Dívida pública externa e interna, incluída a das
utação e ao orçamento e, dentro desse título, o capítulo II às autarquias, fundações e demais entidades contro-
Finanças Públicas, que, em sua primeira seção (Art. 163 e 164), ladas pelo Poder Público;
estabelece normas gerais sobre o assunto. III. Concessão de garantias pelas entidades públicas;
A seção II (Art. 165 a 169) foi dedicada aos orçamentos, IV. Emissão e resgate de títulos da dívida pública;
estabelecendo os principais instrumentos orçamentários, além V. Fiscalização financeira da administração pública
de diversos regramentos que estudaremos ao longo desta direta e indireta; (Redação dada pela Emenda Con-
obra. stitucional nº 40, de 2003)
ї Lei 4.320 de 1964 VI. Operações de câmbio realizadas por órgãos e
Escrita sob a égide da carta de 1946, denominada Consti- entidades da União, dos Estados, do Distrito Fed-
tuição “planejamentista”, a Lei 4.320 de 17 de março de 1964, eral e dos Municípios;
assinada pelo então presidente João Goulart, foi muito ousada VII. Compatibilização das funções das instituições
para a época, estatuiu normas gerais de Direito Financeiro para oficiais de crédito da União, resguardadas as car-
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, acterísticas e condições operacionais plenas das 523
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, ou seja, uma voltadas ao desenvolvimento regional.
Regulamentou, ainda, os seguintes dispositivos da Carta Já o Art. 16 previu que, em cada ano, será elaborado um
524 Magna: orçamento-programa, que pormenorizará a etapa do pro-
Art. 169. Determina o estabelecimento de limites para grama plurianual a ser realizada no exercício seguinte e que
as despesas com pessoal ativo e inativo da União a par- servirá de roteiro à execução coordenada do programa anual.
tir de Lei Complementar. Nesse sentido, a LRF revoga O Art. 18 vinculou o planejamento à execução no âmbito
a Lei Complementar nº 96, de 31 de maio de 1999, a federal, pois, segundo ele, toda atividade deverá ajustar-se à
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
No § 1º de seu primeiro artigo, a LRF determinou seus ob- I. Dispor sobre o exercício financeiro, a vigência,
jetivos ao estabelecer que a responsabilidade na gestão fiscal os prazos, a elaboração e a organização do plano
pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previ- plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da
nem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio lei orçamentária anual;
das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de II. Estabelecer normas de gestão financeira e pat-
resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites rimonial da administração direta e indireta bem
e a condições, no que tange à renúncia de receita, geração de como condições para a instituição e funcionamento
despesas com pessoal, da seguridade social e outras dívidas de fundos.
consolidadas e mobiliárias, operações de crédito, inclusive por Essa Lei ainda não existe em função da omissão legisla-
antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em tiva e suas atribuições são desempenhadas, em parte, pela
Restos a Pagar. Lei 4.320/64, e pela própria Constituição por meio do § 2º do
Em relação às Leis Orçamentárias, a LRF praticamente Art. 35 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias
não se refere ao Plano Plurianual, dando total ênfase à Lei de (ADCT), que estabelece prazos para a elaboração das três leis,
Diretrizes Orçamentárias, que ganhou grande importância no tornado mais céleres a tramitação desses instrumentos. Esses
cenário orçamentário. A LRF ainda regulamentou alguns pro- prazos veremos quando estudarmos cada lei especificamente.
cedimentos quanto à Lei Orçamentária Anual. O § 7º do Art. 166 da Constituição determina, ainda, que
ї Decreto 200/67 se aplicam aos projetos de PPA, LDO e LOA, no que não con-
O Decreto 200 de 1967, dispõe sobre a organização da trariar o disposto nesta seção, as demais normas relativas ao
Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma processo legislativo.
Administrativa e dá outras providências. ї A Lei 10.180/01
Em seu Art. 7º, estabelece que a ação governamental Essa Lei teve por função organizar e disciplinar os Sistemas
obedecerá a planejamento que vise a promover o desenvolvi- de Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração
mento econômico-social do País e a segurança nacional, nor- Financeira Federal, de Contabilidade Federal e de Controle In-
teando-se segundo planos e programas elaborados, na forma terno do Poder Executivo Federal.
do Título III, e compreenderá à elaboração e à atualização dos ▷ Em seu Art. 2º, estabelece suas finalidades, quais
seguintes instrumentos básicos: sejam:
▷ Plano geral de governo. » Formular o planejamento estratégico nacional;
▷ Programas gerais, setoriais e regionais, de duração » Formular planos nacionais, setoriais e regionais
plurianual. de desenvolvimento econômico e social;
▷ Orçamento-programa anual. » Formular o plano plurianual, as diretrizes orça-
▷ Programação financeira de desembolso. mentárias e os orçamentos anuais;
Dedicou um título ao planejamento, orçamento-programa » Gerenciar o processo de planejamento e orça-
e programação financeira (Art. 15 ao Art. 18). Em seu Art. 15, mento federal;
estabeleceu que a ação administrativa do Poder Executivo » Promover a articulação com os Estados, o Dis-
obedecerá a programas gerais, setoriais e regionais de duração trito Federal e os Municípios, visando a compat-
plurianual, elaborados, por meio dos órgãos de planejamento, ibilização de normas e tarefas afins aos diversos
sob a orientação e a coordenação superior do Presidente da Sistemas, nos planos federal, estadual, distrital
República. e municipal.
Para tanto, esse sistema compreende as atividades de ecução efetiva do que foi planejado no PPA e estabelecido como
elaboração, acompanhamento e avaliação de planos, pro- meta e prioridade pela LDO, tanto que a doutrina também faz
gramas e orçamentos, e de realização de estudos e de pesqui- outra subdivisão com relação à função de cada um desses in-
sas socioeconômicas. strumentos, no que tange ao planejamento como um todo:
Integram o Sistema de Planejamento ▷ Plano Plurianual: Planejamento estratégico de mé-
dio prazo (para alguns doutrinadores é de longo
e de Orçamento Federal prazo).
▷ O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, ▷ Lei de Diretrizes Orçamentárias: Planejamento tático.
como órgão central. ▷ Lei Orçamentária Anual: Planejamento operacional.
▷ Órgãos setoriais. Dentre os mais importantes instrumentos citados, a LDO é
▷ Órgãos específicos. a maior inovação do nosso ordenamento jurídico, criada pela
Integrarão, então, todos aqueles responsáveis por ativi- Constituição no que se refere a instrumento orçamentário, isso
dades orçamentárias, no âmbito da União. porque, antes da CF/88, não existia nada semelhante a ela.
ї Outros Já o Plano Plurianual também é uma inovação. Porém, já
São Resoluções do Senado federal, Decretos, Decretos-Lei, existiam instrumentos que, pelo menos em alguns aspectos,
Portarias e Instruções Normativas dos órgãos competentes e assemelhavam-se a ele, como o Plano Plurianual de Investi-
relacionados à atividade financeira do Estado, como a Sec- mentos (PPI), e o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND).
retaria do Tesouro Nacional - STN (Ministério da Fazenda), A Constituição Federal também estabeleceu mais um
Secretaria de Orçamento Federal (Ministério do Planejamento, instrumento de planejamento, com os planos e programas
Orçamento e Gestão). nacionais, regionais e setoriais, em consonância com o plano
plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional (Art. 165, §
Instrumentos de Planejamento 4º, da CF), porém, bem menos importante e utilizado que os
Dentre as principais ferramentas estabelecidas para atin- demais.
gir os objetivos anteriormente listados, sem dúvida, os mais Iniciativa
importantes são as Leis que, juntas, compõem um verdadeiro
O texto constitucional afirma que o PPA, a LDO, a LOA e as
sistema de planejamento e orçamento, estabelecidas pela Car-
Leis de Créditos Adicionais são de iniciativa privativa (Art. 84,
ta Política de 1988. inciso XXIII, da CF) e indelegável (Parágrafo Único do Art. 84)
Tal sistema é formado, principalmente, por três Leis prin- do Presidente da República.
cipais que são os pilares do planejamento, elaboração e ex- Porém, para Alexandre de Moraes, a iniciativa das Leis
ecução orçamentária. São elas: Orçamentárias é exclusiva, classificando-a ainda como vincu-
▷ Plano Plurianual lada, uma vez que deverá ser remetida ao Congresso Nacional
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» PPA (Art. 165, I - CF); no tempo estabelecido pela própria Constituição Federal (in
▷ Lei de Diretrizes Orçamentárias Direito Constitucional, 16ª edição, p. 594). Para Estados e Mu-
nicípios, os dispositivos relacionados à iniciativa são normas
» LDO (Art. 165, II – CF); de repetição obrigatória.
▷ Lei Orçamentária Anual Assim, diante de uma questão de concurso sobre a
» LOA (Art. 165, III – CF); competência privativa ou exclusiva para envio das leis orça-
Além dos instrumentos supracitados, a Constituição tam- mentárias ao Legislativo, fique atento para o seguinte:
bém disponibiliza outros instrumentos importantes, como os Caso não seja mencionada a expressão “segundo a doutri-
citados a seguir: na”, e se houver informação de que a competência é privativa
▷ Planos e programas nacionais, regionais e setoriais e indelegável, está correto, posto que se encontra conforme a
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
ca entre aqueles atos que retiram seu fundamento de validade duas Casas do Congresso Nacional.
diretamente da Constituição. Dessa forma, não há hierarquia
entre Lei Complementar, Lei Ordinária, Lei Delegada, Medida O Presidente da República poderá remeter mensagem ao
Provisória. Todas se encontram no mesmo nível no ordena- Congresso Nacional, propondo modificações nos Projetos de
mento jurídico brasileiro, logo abaixo da Constituição. Lei, enquanto não iniciada a votação, na Comissão Mista, da
O que existe é uma hierarquia em matéria orçamentária, parte cuja alteração é proposta. Observe que os parlamentares
em função da necessidade de vinculação entre planejamento e apresentam emendas e o Presidente da República, mensagem
execução, característica vital para a existência de um orçamen- de alteração do Projeto de Lei do PPA.
to-programa, tipo de orçamento adotado, obrigatoriamente, A votação é realizada por senadores e deputados conjun-
no Brasil por todos os entes federativos. tamente, mas com contagem dos votos, em separado e, após
Tal hierarquia é representada pela figura a seguir: a aprovação, a Lei é devolvida ao Chefe do Executivo para
sanção ou veto.
Essa atividade do Poder Legislativo pode ser denominada
PPA de competência, para dispor sobre matéria orçamentária.
ї Cabem, aqui, três importantes observações:
A casa legislativa que apreciará as Leis Orçamentárias é o
LDO Congresso Nacional, que é o resultado da junção entre a Câmara
de Deputados e Senado Federal. Praticamente, toda matéria
orçamentária é discutida e votada no Congresso Nacional.
A CMO é mista, porque é formada por deputados e
LOA
senadores. Nos outros entes federativos, essa comissão não
será mista, pois nos Estados só existem deputados estaduais e
Assim, para obrigar que o administrador respeite o que nos Municípios só existem vereadores.
foi planejado, toda execução orçamentária deve obedecer ao Com relação às emendas, é importante frisar que a Consti-
PPA, haja vista que ele representa o maior nível de planeja- tuição estabelece a necessidade de obedecer a hierarquia do
mento dentre os instrumentos legais citados. planejamento, em que no topo está o PPA, após está a LDO e
Por esse motivo, a elaboração da LOA terá uma dupla depois, a LOA.
subordinação, PPA e LDO, e tem que cumprir à risca o que foi Por esse motivo, assim como as próprias LOA e LDO, uma
estabelecido nesses dois instrumentos. A elaboração da LDO
emenda deverá observar as regras da hierarquia orçamentária.
será subordinada apenas ao PPA que, por sua vez, não estará
subordinado orçamentariamente a nenhuma outra norma em Se for emenda à LOA, ela deverá estar de acordo com o PPA e
sua elaboração. com a LDO. Da mesma forma, uma emenda à LDO deverá estar
Essa subordinação torna o processo orçamentário brasile- de acordo com o que está contido no PPA. O PPA é o maior
iro vinculado, o que não implica em rigidez. Ao contrário, no nível de planejamento, dentre os instrumentos legais citados,
decorrer desse estudo, veremos alguns mecanismos que tor- sendo assim, com relação ao planejamento, não deverá obe-
nam o processo de planejamento orçamentário flexível. diência a nenhum outro mandamento legal.
Natureza Jurídica do
ANOTAÇÕES
Orçamento no Brasil
Para o Supremo Tribunal Federal (STF), o orçamento é uma
lei formal, ou seja, é somente lei em sua forma e não em sua
matéria.
As Leis Orçamentárias (Lei do Plano Plurianual - PPA, Lei
de Diretrizes Orçamentárias – LDO e Lei Orçamentária Anual -
LOA) têm objeto determinado, pois apenas tratam de receitas
e de despesas públicas, conforme os planejamentos realizados.
São direcionadas diretamente aos executores (predominância
do poder executivo) do orçamento, e a modelagem orça-
mentária para a despesa é meramente autorizativa ou não co-
ercitiva, pois não obriga o gestor a realizar o dispêndio fixado,
salvo as determinações legais e constitucionais. Dessa forma,
na Lei constará a fixação do que poderá ser feito e não do que
deverá ser feito. E essa autorização dependerá do implemento
de uma condição, a realização da receita. Tal regra torna essa
Lei verdadeiro ato administrativo do tipo ato-condição.
Assim sendo, em realidade, essas Leis são meros atos ad-
ministrativos e, em sua essência, não criam direitos subjetivos,
não podem ser, em tese, atacados por Mandado de Segurança.
Também não poderão ser atacadas por Ação Direta de Incon-
stitucionalidade, isso por não ter grau de abstração, general-
idade e coercibilidade. Porém, se houver algum vício formal,
ou, mesmo que de forma atípica e excepcional, algum grau de
abstração, essa regra pode ser flexibilizada.
Em função da sua importância, as Leis Orçamentárias pos-
suem processos legislativos com regras próprias e diferencia-
das para permitir que tais instrumentos cumpram seu papel.
Por fim, as Leis Orçamentárias vigoram por um determi-
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nado período de tempo, para permitir ao Legislativo renovar
a autorização para a arrecadação e os gastos, além de se
renovar, também, a cada ciclo, o planejamento, o que propi-
cia adaptações da máquina estatal aos diversos cenários que
surgem em função das mudanças provocadas por diversos fa-
tores, como crises mundiais, catástrofes etc.
Em relação ao que foi apresentado, conforme a natureza
jurídica, o orçamento possui as seguintes características:
▷ É Lei somente sob o aspecto formal.
▷ É uma Lei temporária: as Leis Orçamentárias têm
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
auxiliam o gestor na árdua missão de bem gerir os recursos O mandamento constitucional deixa claro, em seu texto,
públicos na busca do bem comum e do atendimento das que será de quatro anos, isso porque ele será elaborado no
necessidade públicas. Nesse capítulo, veremos os principais primeiro ano de mandato e começará a vigorar no segundo,
instrumentos orçamentários, suas principais características e tendo sua vigência estendida até o primeiro ano de mandato
diferenciações. subsequente. Ou seja, sabendo que o mandato presidencial é
de quatro anos, o PPA vigorara por três anos do mandato em
Plano Plurianual (PPA) que é elaborado, e por mais um ano no subsequente.
Segundo a Constituição Federal, o Plano Plurianual tem Isso significa que a vigência do PPA iniciar-se-á no pri-
por finalidade estabelecer, de forma regionalizada, as Diretriz- meiro dia do segundo ano de mandado do Presidente eleito.
es, objetivos e metas (DOM) da Administração Pública para as Significa ainda que, apesar de o PPA ser elaborado para um
despesas de capital e outras delas decorrentes e para aquelas período de quatro anos, ele não coincide com o mandato pres-
relativas aos programas de duração continuada. É o planeja- idencial. É interessante ficar atento para o fato de a Constitu-
mento estratégico de médio prazo da Administração Pública. ição não estabelecer expressamente o período de quatro anos
Alguns autores, como Valdecir Pascoal (Direito Financeiro e para o PPA. Ela o faz atrelando-o ao mandato (segundo ano do
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Controle Externo, 2010), consideram o PPA como um plano de mandato vigente ao término do primeiro do mandato subse-
quente). Assim, se o mandato for alterado para cinco anos, por
longo prazo.
exemplo, a vigência do PPA estará automaticamente alterada
O PPA é o plano de intenções do governante para um também para cinco anos.
período de quatro anos. Nele, o Chefe do Executivo projeta
Tal mecanismo permite que o Presidente tenha o seu pri-
o que será transformado no ente federativo que governa du-
meiro ano livre para elaborar todo seu planejamento, inclusive
rante esse período, tudo visando ao atendimento das necessi-
o PPA. Preserva ainda a continuidade dos serviços públicos, ao
dades públicas. No PPA, são estabelecidas as prioridades para
não deixar à mercê das conveniências políticas a interrupção
um período considerado. Ele representa a mais abrangente de um programa importante para a população em função da
peça de planejamento governamental, com o estabelecimento troca das facções que se encontram no poder.
de prioridades e o direcionamento das ações do governo, para
Mas, então, nunca haverá a possibilidade de um Chefe do
um período de quatro anos.
Executivo executar os quatro anos do PPA que ele mesmo
Elaboração elaborou?
Como vimos, a iniciativa do PPA é, segundo a Constituição, Pelas regras atuais, essa situação ocorrerá somente diante
privativa e indelegável do chefe do Poder Executivo. Assim de uma possibilidade, quando o chefe do poder Executivo con-
sendo, nenhum outro órgão, poder ou autoridade poderá segue a reeleição. Dessa forma, é ele que executará o último
ano de planejamento do PPA que elaborou, porém, já no novo
encaminhar diretamente ao Poder Legislativo Projeto de Lei
mandato.
referente ao Plano Plurianual, nem mesmo o próprio Poder
Legislativo, sob pena de vício insanável de forma. Por esse Como no Brasil a reeleição só é permitida por uma única
motivo, todos os órgãos e Poderes que desejarem, de alguma vez, essa situação também somente ocorrerá uma vez a cada
forma, participar da elaboração do PPA, deverão encaminhar reeleição.
Elaboração Elaboração
seus pleitos ao poder Executivo para análise e consolidação Vigência Vigência
em um único documento, que será encaminhado ao Congresso
Nacional na forma de um Projeto de Lei e por meio de men-
sagem do Presidente da República.
Vigência e Prazos para Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano
Encaminhamento do PPA ao 1 2 3 4 1 2 3 4
Congresso e Devolução para Sanção
Segundo o inciso I do § 2o do Art. 35 do ADCT, até a entra-
da em vigor da Lei Complementar a que se refere o Art. 165, § Mandato do Chefe Mandato do Chefe
9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas: do Executivo 1 do Executivo 2
O projeto do Plano Plurianual, para vigência até o final do Prazos
primeiro exercício financeiro do mandato presidencial sub- Art. 35, § 2º, I, ADCT. (...) será encaminhado até quatro
sequente, será encaminhado até quatro meses antes do en- meses antes do encerramento do primeiro exercício fi-
cerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para nanceiro e devolvido para sanção até o encerramento
sanção até o encerramento da sessão legislativa. da sessão legislativa;
A Constituição estabelece prazos para a elaboração e o Conteúdo
encaminhamento ao Congresso Nacional por parte do Presi-
Como vimos anteriormente, o PPA é o planejamento es-
dente, e prazo de devolução para sanção ou veto do Presidente
tratégico de médio prazo da Administração Pública. Segundo
por parte do Congresso Nacional. a Constituição Federal, o Plano Plurianual tem por finalidade
ї Tais prazos são: estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e
▷ Elaboração e encaminhamento: metas (DOM) da Administração Pública Federal para as despe-
Quatro meses antes do fim do primeiro exercício financeiro, sas de capital e outras delas decorrentes e para aquelas relati-
que coincide com 31 de agosto, do primeiro ano de mandato. vas aos programas de duração continuada.
Fique atento porque, com relação ao PPA, esse encaminham- Vamos decifrar o que diz o mandamento constitucional.
ento só ocorre no primeiro ano de mandato, diferentemente ▷ De forma regionalizada:
da LDO e LOA em que esse encaminhamento é anual. Em função das imensas desigualdades entre as regiões
Isso quer dizer que o Presidente terá oito meses, a partir da do Brasil, o Presidente deve planejar seu PPA priorizando in-
posse, para elaborar seu PPA. vestimentos que as minimizem. Assim, regiões como Norte e
▷ Devolução: Nordeste, que em função do clima e da localização geográfica
alcançam índices de desenvolvimento menores que o restante
Antes de vermos o prazo para devolução, vejamos algu- do país, devem ter atenção especial e receber investimentos
mas definições que nos ajudarão a entender os prazos das três que propiciem o desenvolvimento mais uniforme para todas
Leis Orçamentárias: as regiões. Tal dispositivo está em harmonia com o que es-
» Legislatura tabelece o inciso III, do Art. 3º da Constituição, em que estão
Composta de quatro sessões legislativas e compreende o calcados os objetivos fundamentais da República Federativa
período de 4 anos (CF, Art. 44, parágrafo único). do Brasil:
» Sessão Legislativa Art. 3º, I. Erradicar a pobreza e marginalidade e reduzir
Composta de dois períodos legislativos e compreende o as desigualdades sociais e regionais.
período de 2 de fevereiro a 22 de dezembro (CF, Art. 57 - EC ▷ Diretrizes:
nº 50). São orientações gerais que nortearão a atividade financei-
» Período Legislativo ra do Estado, por um determinado período, no caso do PPA,
quatro anos. Essas orientações servirão de baliza para a cap-
1º período: de 2 de fevereiro a 17 de julho (CF, Art. 57 - EC tação de recursos financeiros, sua gestão e dispêndio, tudo
nº 50). com vistas a alcançar determinados objetivos.
2º período: de 1º de agosto a 22 de dezembro (CF, Art. 57 ▷ Os objetivos:
- EC nº 50). Consistem na descrição e na discriminação dos resultados
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Agora fica fácil: o término da seção legislativa quer dizer o que a ação governamental, por meio da atividade financeira,
último dia de trabalho no Congresso Nacional, ou seja, 22 de pretende alcançar. Normalmente, parte-se de um problema a
dezembro do primeiro ano de mandato. ser resolvido, sendo o objetivo a resolução desse problema ou
O Congresso Nacional terá, então, pouco menos de quatro a minimização de seus efeitos.
meses - de 31 de agosto a 22 de dezembro para dispor sobre ▷ Metas:
o PPA apresentado. Porém, apesar da determinação, não há São a tradução quantitativa e qualitativa dos objetivos, ou
nenhuma consequência prevista na Constituição, caso esse seja, os números relacionados ao dispêndio público (valores a
prazo não seja cumprido. serem empregados ou quantidade de bens públicos a serem
Estados e Municípios poderão ter prazos distintos, desde disponibilizados) e as mudanças reais que devem ser atingidas
que assinalados em suas Constituições e Leis Orgânicas. e que representarão a resolução dos problemas ou as minimi-
zações desejadas.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
▷ Despesas relativas aos programas de duração con- o que deve ser feito, reflete as situações a serem alteradas
tinuada (PDC): pela implementação de um conjunto de Iniciativas e tem como
São despesas vinculadas a programas com duração supe- atributos:
rior a um ano, como o Fome Zero, Bolsa Escola, FIES, etc. Órgão Responsável
A CF estabelece, em seu Art. 166, § 1º, que nenhum in- Órgão cujas atribuições mais contribuem para a imple-
vestimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro, mentação do Objetivo.
poderá ser iniciado sem prévia inclusão no Plano Plurianual,
ou sem Lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de re- Meta
sponsabilidade. Medida do alcance do Objetivo, podendo ser de natureza
Dessa forma, é permitido o início de execução de investi- quantitativa ou qualitativa.
mento, não incluído no plano plurianual, mesmo que seja para Iniciativa
ocorrer por período de vários anos, desde que uma Lei Especí-
fica tenha autorizado essa execução. Atributo que declara as entregas de bens e de serviços à
sociedade, resultantes da coordenação de ações governamen-
Composição tais, decorrentes ou não do orçamento.
O PPA é composto basicamente por programas de tra- O Indicador é uma referência que permite identificar e
balho do Governo, um instrumento de organização da atuação aferir, periodicamente, aspectos relacionados a um Programa,
governamental que articula um conjunto de ações que concor- auxiliando o seu monitoramento e avaliação.
rem para a concretização de um objetivo comum preestabele- O Valor Global é uma estimativa dos recursos orçamentári-
cido, mensurado por indicadores instituídos no plano, visando
os, necessários à consecução dos Objetivos, segregadas as
à solução de um problema ou o atendimento de determinada
necessidade ou demanda da sociedade, por exemplo: errad- esferas Fiscal e da Seguridade da esfera de Investimento das
icação do analfabetismo, erradicação da pobreza, programa Empresas Estatais, com as respectivas categorias econômicas,
Fome-Zero, Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). e dos recursos de outras fontes.
Todo programa nasce da necessidade de resolução de um O Valor de Referência é um parâmetro financeiro, estabe-
problema pré-existente. Para ser eficiente, o programa deve lecido por Programa Temático, especificado pelas esferas Fiscal
ser capaz de gerar ações suficientes para atacar as causas e da Seguridade e pela esfera de Investimento das Empresas
desses problemas, resolvendo-os ou, pelo menos, amenizan- Estatais, que permitirá identificar, no PPA 2012-2015, empreen-
do seus efeitos negativos. Tais realizações são o produto-final dimento, quando seu custo total superar aquele valor.
oferecido à sociedade. Deve ainda conter um conjunto de in- Integram o PPA 2016-2019 os seguintes anexos:
dicadores que permita a efetiva verificação da sua eficiência,
eficácia e efetividade. Anexo I
Assim, quando a sociedade, os entes públicos ou a con- Programas Temáticos.
juntura exige a resolução de um problema, antes de tudo,
deve-se elaborar um programa visando a sua resolução e, a Anexo II
partir dele, as ações são realizadas de forma coordenada, que Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado.
podem envolver ou não recursos, como é o caso de edição de Anexo III
Leis e outros instrumentos normativos, a alavancagem de re-
Empreendimentos Individualizados como Iniciativas.
cursos orçamentários, incentivos à colaboração ou parceria de
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para sanção até o encerramento do primeiro perío-
do da sessão legislativa.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias é uma completa inovação
da Constituição de 1988. Antes dessa carta política, nada pare- Período de Vigência
cido existia no cenário orçamentário brasileiro. Introduzidas Existe certa controvérsia doutrinária relacionada ao perío-
no ordenamento jurídico pela Constituição Federal de 1988 e do de vigência da LDO pelos motivos que se seguem:
reforçadas em suas atribuições pela Lei de Responsabilidade A Constituição não se refere expressamente à vigência da
Fiscal, as Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO) vêm de- LDO, como faz com a LOA e o PPA.
sempenhando relevante papel na normatização da atividade A Constituição estabelece a elaboração de uma LDO dif-
financeira do Estado, por vezes até preenchendo lacunas na erente a cada exercício financeiro, ou seja, será uma a cada
legislação permanente acerca da matéria. ano. Por esse motivo, alguns doutrinadores afirmam que sua
vigência é anual.
Conforme o § 2º do Art. 165 da Constituição, a Lei de Dire-
Apesar de estabelecer a elaboração de uma LDO, para cada
trizes Orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da exercício financeiro, em nenhum ponto da Constituição existe
Administração Pública, incluindo as despesas de capital para o a limitação temporal da sua vigência como sendo de um ano.
exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da Lei Uma das funções da LDO, se não sua principal, é orientar
Orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação a elaboração da LOA do ano subsequente, que começa a ser
tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências apreciada pelo Congresso Nacional quatro meses antes do
financeiras oficiais de fomento. término do exercício financeiro em que vigorará, tanto que ela
“Giacomoni1 destaque que “significando efetiva in- é enviada para o Congresso Nacional quatro meses e meio an-
ovação no sistema orçamentário brasileiro, a LDO representa tes da LOA, como veremos.
uma colaboração positiva no esforço de tornar o processo A LDO também tem por função orientar a execução orça-
orçamentário mais transparente e, especialmente, contribui mentária durante todo exercício financeiro subsequente ao
para ampliar a participação do Poder Legislativo no disci- que é elaborada.
plinamento das finanças públicas. (...) Afora manter caráter A título de exemplo, vejamos, agora, o que diz os § 3º e 6º
de orientação à elaboração da Lei Orçamentária Anual, a LDO do Art. 127 da Constituição, que versa sobre a execução orça-
mentária do Ministério Público:
progressivamente vem sendo utilizada como veículo de in-
struções e de regras a serem cumpridas na execução do orça- Art. 127. (...)
mento. Essa ampliação das finalidades da LDO tende a suprir § 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta orça-
a incapacidade, em face ao Princípio da Exclusividade, de a Lei mentária dentro dos limites estabelecidos na Lei de Di-
retrizes Orçamentárias.
Orçamentária disciplinar temas que não sejam os definidos
§ 6º - Durante a execução orçamentária do exer-
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pela Constituição Federal”.
cício, não poderá haver a realização de despesas ou
Elaboração a assunção de obrigações que extrapolem os limites
estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias, ex-
Como vimos, a iniciativa da LDO é, segundo a Constitu-
ceto se previamente autorizadas, mediante a abertura
ição, privativa e indelegável do Chefe do Executivo. Assim
de créditos suplementares ou especiais. (Incluído pela
sendo, nenhum outro órgão ou poder poderá dar iniciativa ao
Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
processo legislativo de Projeto de Lei referente às Diretrizes
Orçamentárias, nem mesmo o próprio Poder Legislativo, sob Chegamos à conclusão de que a LDO vigora do momen-
pena de vício insanável de forma. Por esse motivo, todos os to da sua publicação, para auxiliar a elaboração da próxima
órgãos e Poderes, que desejarem, de alguma forma, partici- LOA, e por todo o exercício financeiro subsequente, durante a
par da elaboração da LDO, deverão encaminhar seus pleitos execução orçamentária. Assim, certamente, a LDO vigora por
ao poder Executivo para análise e consolidação em um único mais de um ano, mas alguns autores insistem em sustentar
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
documento, que será encaminhado ao Congresso Nacional, na que sua vigência é anual. Por esse motivo, deve-se ficar atento
forma de um Projeto de Lei e, por meio de mensagem do Pres- à banca para entender o posicionamento.
idente da República. É importante ressaltar que, durante a execução orça-
mentária do exercício seguinte, haverá a aprovação de outra
Vigência e Prazos para LDO, com o fim de orientar a elaboração da LOA do outro ex-
Encaminhamento da LDO ao ercício financeiro. Porém, essa nova LDO aprovada não revoga
a antiga que permanece vigente até o término do exercício
Congresso e Devolução para Sanção financeiro subsequente ao exercício em que ela foi elaborada,
Segundo o inciso II do § 2º do Art. 35 do ADCT, até a entra- por exemplo:
da em vigor da Lei Complementar a que se refere o Art. 165, § ▷ LDO de 2016 (elaborada e aprovada até 17 de julho
9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas: de 2015 para reger o exercício financeiro de 2016).
I. O projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias Essa LDO vai viger durante o restante exercício de 2015,
será encaminhado até oito meses e meio antes do orientando a elaboração da LOA de 2016, e durante todo exer-
encerramento do exercício financeiro e devolvido cício financeiro de 2016, estabelecendo regras para a execução
orçamentária de 2016. 531
1 GIACOMONI (2001), James. Orçamento Público. 10ª edição. São Paulo/SP/Brasil,
Editora Atlas
▷ LDO de 2017 (elaborada e aprovada até 17 de julho Tramitação
532 de 2016 para reger o exercício financeiro de 2017);
Como já vimos, o projeto da LDO será recebido no Congres-
Essa LDO vai viger durante o restante exercício de 2016, ori- so pela CMO, que o examinará e emitirá parecer. Após, os par-
entando a elaboração da LOA de 2017, e durante todo exercício lamentares poderão apresentar emendas. Tais emendas serão
financeiro de 2017, orientando a execução orçamentária de 2017. apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer,
Observe que, em 2016, a partir da elaboração da LDO 2017 e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Ca-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
(17 de junho de 2017), existirão duas LDOs vigendo simultan- sas do Congresso Nacional. Como condição de aprovação, essas
eamente: emendas deverão estar de acordo com o PPA.
▷ A LDO 2016 estabelecendo regras para a execução Depois de apreciadas as emendas dos parlamentares, o
orçamentária de 2016; Projeto de Lei será submetido ao Congresso Nacional, na for-
▷ A LDO 2017 orientando a elaboração da LOA para 2017. ma do Regimento Comum. Para a LDO também vale a obser-
vação de que, apesar da votação ser no Congresso, a apuração
Prazos dos votos de senadores e deputados é em separado.
Segundo o Inciso II do § 2o do Art. 35 do ADCT, até a entra- O Presidente da República poderá remeter mensagem ao
da em vigor da Lei Complementar a que se refere o Art. 165, § Congresso Nacional, propondo modificações no projeto da
9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas. LDO, enquanto não iniciada a votação, na Comissão Mista, da
O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias será encamin- parte cuja alteração é proposta.
hado até oito meses e meio antes do encerramento do exer-
cício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento Conteúdo
do primeiro período da sessão legislativa. Como vimos anteriormente, a Lei de Diretrizes Orça-
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Vamos entender o que diz o mandamento constitucional: mentárias terá as seguintes funções principais, segundo a
Constituição:
Elaboração e Encaminhamento Compreenderá as metas e prioridades (MP) da Adminis-
O prazo para elaboração e encaminhamento da LDO é oito tração Pública Federal.
meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro,
ou seja, 15 de abril em todos os exercícios financeiros. Metas
Isso quer dizer que o Presidente tem os primeiros três É a tradução quantitativa e qualitativa dos objetivos, ou
meses e meio de todos os anos do seu mandato para elaborar seja, os números e as mudanças reais que devem ser atingidos
sua LDO, uma a cada mandato. e que representarão a resolução dos problemas ou as minimi-
A elaboração da LDO deve observar as previsões constan- zações desejadas.
tes no PPA em função da subordinação orçamentária que ela Enquanto no PPA são descritas as metas para quatro anos,
deve ter em relação ao Plano Plurianual. na LDO são estabelecidas as metas para o exercício financeiro
subsequente, ou seja, para um ano.
Devolução Prioridades
O Legislativo deverá devolver a LDO ao Poder Executivo
Prioridade pode ser entendida como o grau de precedên-
para sanção até o encerramento do primeiro período da seção cia ou de preferência de uma ação ou situação sobre as de-
legislativa, ou seja, 17 de julho. mais opções. Em geral, é definida em razão da gravidade da
Segundo o Art. 57, § 2º da CF, a sessão legislativa não será situação ou da importância de certa providência para a elimi-
interrompida sem a aprovação do projeto de Lei de Diretrizes nação de pontos de estrangulamento. Também se considera a
Orçamentárias, o que impedirá os parlamentares de entrarem relevância do empreendimento para a realização de objetivos
em recesso (férias) até que tal Lei seja aprovada. estratégicos de política econômica e social.
É importante frisar que, das Leis Orçamentárias, somente a São as escolhas dentre o que está previsto no PPA que
LDO tem esse poder, isso pela necessidade urgente de aprovação serão realizadas durante o exercício financeiro subsequente.
desse importante instrumento orçamentário, haja vista que dentre No PPA, existe um planejamento de realizações que não pode-
suas principais funções está a de orientar a elaboração do próprio ria ser feito em um só exercício financeiro, afinal, as diretrizes,
orçamento, ou seja, enquanto ela não estiver pronta, não se inicia os objetivos e as metas do PPA são planejados para serem ex-
a elaboração da Lei Orçamentária Anual, o que pode prejudicar ecutados durante quatro anos, uma parte em cada exercício
todo exercício financeiro subsequente. financeiro por intermédio de cada LOA.
Por esse motivo, alguns doutrinadores afirmam que a LDO Por esse motivo, a LDO tem a missão de determinar, ba-
não poderá ser rejeitada pelo Poder Legislativo. Esse posicio- seada nas diretrizes estabelecidas no PPA, quais os objetivos
namento é aceito por algumas bancas, como o CESPE. A título desse plano serão prioritariamente realizados no exercício fi-
de exemplo, segue essa questão dada como incorreta: nanceiro a que a LDO se refere, estabelecendo as metas a ser-
A competência para rejeição do projeto de Lei de Diretrizes em cumpridas naquele exercício.
Orçamentárias é do Congresso Nacional, que pode entrar em Encontramos, então, uma das funções principais da LDO,
recesso por ocasião da sua aprovação ou rejeição. o estabelecimento dos parâmetros necessários à alocação dos
Para Estados e Municípios, esses prazos podem ser difer- recursos no orçamento anual, de forma a garantir, dentro do
enciados, desde que previstos na respectiva Constituição Es- possível, a realização das diretrizes, objetivos e as metas con-
tadual ou na Lei Orgânica. templadas no Plano Plurianual. É certo que não haverá recur-
sos suficientes para se realizar tudo, sendo assim, é necessário Disporá Sobre as Alterações na Legislação Tributária
um mecanismo atual que, diante da realidade, possa indicar ao É importante citar que a LDO não altera legislação tributária,
orçamento o que naquele momento é o mais importante a ser ela dispõe sobre as alterações. Assim, a LDO vai estabelecer re-
realizado, dentre tudo que foi planejado no PPA, adequando o gras para a elaboração de Leis que provoquem a instituição de
planejamento à realidade de caixa do ente público. novos tributos, alteração de tributos já existentes, concessão de
renúncia de despesa ou vinculação de receita etc.
Incluindo as Despesas de Capital para o Ex-
ercício Financeiro Subsequente Estabelecerá a Política de Aplicação das
As atenções sempre estarão sobre as despesas de capital, Agências Financeiras Oficiais de Fomento
já que elas contribuem para a formação do patrimônio do ente Agências oficiais de fomento são instituições pertencentes
público. Isso não quer dizer que as despesas correntes devam ao poder público que têm, entre suas funções, incentivar a
ser deixadas de lado, ao contrário, sobre essas deverá haver economia fomentando recursos financeiros, normalmente por
sempre controle para que não fujam dos limites previstos. As meio de empréstimos e financiamentos.
definições das despesas de capital que constarão do texto da ▷ São exemplos dessas agências:
LDO estão dentre aquela prevista no PPA e que agora serão » Banco Nacional de Desenvolvimento Social
priorizadas para o exercício social subsequente, já que as do (BNDES);
exercício vigente foram previstas na LDO do ano anterior. » Banco do Brasil;
Orientará a Elaboração da Lei Orçamentária Anual » Caixa Econômica Federal;
Essa orientação visa a estabelecer um parâmetro para o » Banco do Nordeste;
orçamento do exercício seguinte, por exemplo, a adequação » Banco da Amazônia.
da LOA ao que foi estabelecido no PPA, ou ainda, o estabelec- Disposições Relativas às Despesas da
imento de limites para as propostas parciais dos outros pode-
res, MPU e TCU.
União com Pessoal e Encargos Sociais
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
administrativa e financeira.
nicípios não poderá exceder os limites estabelecidos
§ 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orça- em lei complementar.
mentárias dentro dos limites estipulados conjuntam-
Esse artigo foi regulamentado pela LRF, que estabeleceu
ente com os demais Poderes na Lei de Diretrizes Orça- limites de endividamento com pessoal para todos os Entes
mentárias. Federados.
Outro dispositivo importante a ser citado, com relação § 1º - A concessão de qualquer vantagem ou aumen-
à responsabilidade da LDO na elaboração da LOA, é o esta-
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to de remuneração, a criação de cargos, empregos
belecimento de prazos para encaminhamento das propostas e funções ou alteração de estrutura de carreiras,
orçamentárias parciais por parte daqueles que têm autonomia bem como a admissão ou contratação de pessoal, a
administrativa e financeira. Isso para que não haja atrasos na qualquer título, pelos órgãos e entidades da admin-
elaboração da LOA e consequente prejuízo à execução orça- istração direta ou indireta, inclusive fundações insti-
mentária do exercício financeiro subsequente, o que poderia tuídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser
provocar descontinuidade dos serviços públicos. feitas: (Renumerado do parágrafo único, pela Emenda
Tal dispositivo contido na Constituição prevê que, em caso Constitucional nº 19, de 1998)
de atraso no encaminhamento das propostas parciais por par- Se houver prévia dotação orçamentária suficiente para
te dos Poderes Legislativo e Judiciário, além do TCU e MPU, atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos
o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação, a dela decorrentes (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
dos resultados dos programas financiados com re- ecução orçamentária. Enquanto o PPA e a LDO se concentram
cursos dos orçamentos. em planejar, a LOA está voltada diretamente para a execução.
▷ Demais condições e exigências para a transferências Isso não quer dizer que não haja planejamento na LOA, ao con-
de recursos a entidades públicas e privadas. trário, porém esse planejamento é de curto prazo e de cunho
operacional, devendo obedecer a uma dupla subordinação: ao
O § 1º do Art. 4º da LRF estabelece que integrará o projeto PPA e à LDO.
de Lei de Diretrizes Orçamentárias o Anexo de Metas Fiscais,
A LOA se caracteriza pela concretização dos objetivos e
em que serão estabelecidas:
metas estabelecidos no Plano Plurianual. É o que poderíamos
▷ Metas anuais, em valores correntes e constantes, rel- chamar de orçamento por excelência ou orçamento propria-
ativas a receitas, despesas. mente dito. É por meio da LOA que o governo realiza ano a ano
▷ Resultados nominal e primário e montante da dívida o que foi planejado para ser executado em quatro anos.
pública, para o exercício a que se referirem e para
os dois seguintes, ou seja, três exercícios financeiros. Elaboração
O § 2º do Art. 4º da LRF menciona que o Anexo de Metas Como vimos, a iniciativa da LOA é, segundo a Constituição,
Fiscais conterá, ainda: privativa e indelegável do chefe do Executivo. Assim sendo, nen-
▷ Avaliação do cumprimento das metas relativas ao hum outro órgão ou poder poderá dar iniciativa a Projeto de Lei
referente aos Orçamentos Anuais, nem mesmo o próprio Poder
ano anterior. Legislativo, sob pena de vício insanável de forma.
▷ Das metas anuais, instruído com memória e met- Levando em consideração o critério do órgão que elabora e
odologia de cálculo, que justifiquem os resultados executa o orçamento, o modelo adotado pelo Brasil é o misto,
pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três visto que existe uma divisão de responsabilidades entre todos
exercícios anteriores, e evidenciando a consistência os poderes, com predominância do Executivo na execução.
delas com as premissas e os objetivos da política Assim, além do Poder Executivo, os outros Poderes, o
econômica nacional. Ministério Público e o Tribunal de Contas da União também
▷ Evolução do patrimônio líquido, também nos últimos têm garantida pela Constituição a prerrogativa de elaborar
o próprio orçamento, isso porque, no Brasil, esses entes têm
três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos
autonomia administrativa e financeira, instrumento que serve
recursos obtidos com a alienação de Ativos. como um dos pilares do Princípio da Separação dos Poderes.
▷ Avaliação da situação financeira e atuarial: Por esse motivo, todos os citados têm direito de elaborar
» Dos regimes geral de previdência social e seu próprio orçamento na forma de propostas parciais, que
próprio dos servidores públicos e do Fundo de serão enviadas ao Poder Executivo para consolidação do Pro-
Amparo ao Trabalhador. jeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA).
» Dos demais fundos públicos e programas es- Porém, é válido ressaltar que, ressalvado o Poder Execu-
tivo, todos os demais elaboram seu orçamento visando, pre-
tatais de natureza atuarial.
cipuamente, à manutenção de suas atividades e às realizações
» Demonstrativo da estimativa e compensação voltadas para suas áreas de atuação.
da renúncia de receita e da margem de ex- Ao contrário do Poder Executivo, que tem a árdua missão
pansão das despesas obrigatórias de caráter de executar a maior parte do orçamento, principalmente no
continuado. que diz respeito à satisfação das chamadas necessidades
públicas, como educação, saúde, segurança, redução das O Poder Executivo, por intermédio de seu órgão central,
desigualdades, infraestrutura etc. recebe as propostas parciais de todos aqueles que detêm au-
tonomia administrativa e financeira, verifica a regularidade
Entretanto, Surge a Dúvida dessas propostas (se se encontram dentro dos limites fixados
Em função do Princípio do Equilíbrio Orçamentário e na LDO e de acordo com o PPA) e consolida, juntamente com
diante do Princípio da Separação dos Poderes, pode o Pod- a própria proposta, em uma única proposta de Projeto de Lei
er Executivo alterar para menos os valores contestantes das Orçamentária Anual. Depois de consolidada, essa proposta é
propostas parciais enviadas pelos outros poderes citados, sob encaminhada à Casa Civil para chancela do Chefe do Poder
o argumento do desequilíbrio, sem que haja ofensa à Sepa- Executivo. O Chefe do Poder Executivo recebe a proposta e,
ração dos Poderes? concordando com ela, a encaminha, na forma de Projeto de
A própria Constituição traz a resposta para essa pergunta Lei Orçamentária Anual (PLOA), ao Poder Legislativo com uma
ao prever entre os Arts. 99 a 127 várias regras com relação à mensagem.
elaboração e à execução orçamentária, dentre elas a de que Vigência e Prazos para
todos devam elaborar seus orçamentos, respeitando os limites
estabelecidos na LDO, ou seja, o Poder Executivo poderá fazer Encaminhamento da LDA ao Congresso
os devidos ajustes para que as propostas parciais enviadas a e Devolução para Sanção
ele sejam adequadas aos limites estabelecidos pela Lei de Di-
retrizes Orçamentárias. Período de Vigência
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia A LOA tem vigência anual, e efetivamente anual, inclusive
administrativa e financeira. com sua vigência coincidindo com o ano civil, ou seja, de 01
§ 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orça- de janeiro a 31 de dezembro, isso em função dos dispositivos
normativos listados a seguir:
mentárias dentro dos limites estipulados conjuntam-
ente com os demais Poderes na Lei de Diretrizes Orça- Constituição Federal
mentárias. Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo esta-
Diante do que vimos, podemos inferir que o Poder Ex- belecerão: (...)
ecutivo (Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e I. Os orçamentos anuais.
Gestão - MPDG - Secretaria de Orçamento Federal - SOF) é o Lei 4.320/64
responsável pela elaboração do orçamento e desenvolve essa Art. 2°. A Lei do Orçamento conterá a discriminação
atividade em duas frentes: da receita e despesa de forma a evidenciar a política
econômica financeira e o programa de trabalho do
▷ Elaboração da parte do orçamento que cabe ao
Governo, obedecidos os princípios de unidade univer-
próprio Poder Executivo
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salidade e anualidade.
A elaboração dos orçamentos dos órgãos e entidades liga- Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.
das ao Poder Executivo é de responsabilidade conjunta dos
órgãos central (Ministério do Planejamento, Desenvolvimento Prazos
e Gestão - MPDG - Secretaria de Orçamento Federal - SOF), Como as outras duas Leis Orçamentárias, a Constituição
setoriais, dentro de cada Ministério (coordenação de orçamen- também estabelece prazos para elaboração e encaminhamen-
to e finanças - COF/ seção de auditoria de gestão - SAG), e das to da LOA, assim como para a devolução para sanção presi-
unidades gestoras -UG (unidade orçamentárias - UO/unidade dencial.
administrativa-UA). Segundo o Inciso III, do § 2o, do Art. 35, do ADCT, até a
A elaboração orçamentária inicia-se com o levantamento entrada em vigor da Lei Complementar a que se refere o Art.
165, § 9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas.
de informações para definição do rol de programas, ações e
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
localização dos gastos a serem realizados por cada unidade O Projeto de Lei Orçamentária da União será encaminhado
até quatro meses antes do encerramento do exercício finan-
gestora (propostas parciais). Essas unidades enviam suas
ceiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão
necessidades aos órgãos setoriais (normalmente Ministério) legislativa.
às quais são vinculados. Os Ministérios então avaliam, ade-
quam (consolidação setorial) e encaminham esses pedidos ao Encaminhamento
órgão central (Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Como determina o texto constitucional, esse prazo será
Gestão - MPDG - Secretaria de Orçamento Federal - SOF), para de até quatro meses antes do encerramento de todos os exer-
que passe por nova avaliação e adequação (consolidação ger- cícios financeiros, ou seja, 31 de agosto.
al) e então seja concluída a parte que cabe ao Poder Executivo. Se houver omissão por parte do Chefe do Poder Executivo,
restará caracterizado crime de responsabilidade, segundo o
Consolidação inciso VI, do Art. 85 da Constituição Federal, restando ao Par-
Os outros Poderes, o MPU e o TCU, tratados no orçamento lamento, segundo Art. 32, da Lei 4.320/64, considerar como
como órgão, realizam o mesmo trabalho no âmbito de suas es- proposta orçamentária a LOA vigente, fazendo as alterações
truturas e consolidam suas propostas parciais, em nível setori- pertinentes, dispondo sobre seu texto e aprovando-a como 535
al, encaminhando ao Poder Executivo. uma nova LOA.
Constituição Federal ▷ Indiquem os recursos necessários, admitidos apenas
536 Art. 85 - São crimes de responsabilidade os atos do os provenientes de anulação de despesa, excluídas
Presidente da República que atentem contra a Consti- as que incidam sobre:
tuição Federal e, especialmente, contra » dotações para pessoal e seus encargos.
VI. A lei orçamentária; » serviço da dívida.
Lei 4.320/64 » transferências tributárias constitucionais para
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no Estados, Municípios e Distrito Federal.
prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas ▷ Sejam relacionadas:
dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como » com a correção de erros ou omissões; ou
proposta a Lei de Orçamento vigente. » com relação à correção de erros, cabe ressaltar
Esse mecanismo permitirá que a continuidade do serviçxo que se o erro estiver relacionado à estimativa
público não seja prejudicada pela inércia administrativa. de receita e se essa reestimativa for para mais,
esse valor a mais poderá servir de fonte de re-
Devolução cursos de despesa constante de emenda par-
Até o encerramento da sessão legislativa, ou seja, 22 de lamentar. Assim, o parlamentar poderá apre-
dezembro, não havendo qualquer consequência prevista na sentar emenda prevendo despesa, tendo como
Constituição para o Congresso Nacional, se tal prazo não for fonte de receita o valor encontrado a maior
respeitado. na reestimativa, desde que seja efetivamente
É importante frisar que, apesar do mandamento consti- comprovado erro ou omissão de ordem técnica
tucional ser claro em relação aos prazos, tem-se observado, no ou legal. Sobre esse assunto, versa a Lei de Re-
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tidades da administração direta e indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público.
que Versam sobre o Conteúdo da LOA
O Orçamento Fiscal abrange os três poderes, seus fundos, Com relação ainda ao conteúdo da LOA, determina o § 6º,
órgãos, autarquias, inclusive as fundações instituídas e man- do Art. 165, da CF que o Projeto da Lei Orçamentária Anual de-
tidas pelo Poder Público. Compreende também as empresas verá conter um demonstrativo regionalizado do impacto sobre
públicas, sociedades de economia mista e demais controladas receitas e despesas de todas as isenções, anistias, remissões,
que recebam quaisquer recursos do Tesouro Nacional, exce- subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e cred-
to as que percebam unicamente sob a forma de participação
itícia. É tudo aquilo que produz um sacrifício orçamentário do
acionária, pagamento de serviços prestados, ou fornecimento
de bens, pagamento de empréstimo e financiamento concedi- Estado que poderá fazê-lo, desde que atenda aos critérios es-
dos e transferências para aplicação em programa de financia- tabelecidos na Constituição e no restante da legislação, para
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
terão entre suas funções a de reduzir desigualdades in- A execução orçamentária e a programação financeira da
ter-regionais, segundo critério populacional. despesa autorizada na Lei Orçamentária Anual serão defini-
das em Decreto, anualmente. O decreto anual anteriormente
Tal mandamento vale para todos os entes federativos que referido deverá ser publicado até trinta dias após a publicação
deverão combater essas desigualdades, dentro de seus limites da Lei de Meios - LOA (Art. 8º da LRF).
territoriais. Se todas as etapas ocorrerem dentro dos prazos legais pre-
Ainda, seguindo esse mandamento, a Constituição deter- vistos, a Lei Orçamentária começará a ser executada no início
mina em seu Art. 43 que, para efeitos administrativos, a União do exercício financeiro, após o detalhamento da despesa, feito
poderá articular sua ação em um mesmo complexo geoeco- por meio do QDD (quadro de detalhamento da despesa).
nômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução O QDD é um instrumento que detalha, operacionalmente,
das desigualdades regionais. Essas ações serão operacional- os projetos, as atividades e as operações especiais constantes
izadas por intermédio do Orçamento Anual. da Lei Orçamentária Anual (LOA). Especifica os elementos de
despesa e respectivos desdobramentos e é o ponto de partida
Conteúdo da Proposta Orçamentária para a execução orçamentária.
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Conselho de Administração ou órgão decisório
Não se enquadram nesse exemplo os precatórios que de-
equivalente, conforme regimentos internos dos
órgãos do Poder Judiciário; verão constar na LOA, todos devidamente especificados.
IV. Chefe do Ministério Público, da União e dos Es-
Classificação dos Riscos Fiscais:
tados.
Parágrafo único - O relatório também será assinado Os riscos fiscais são classificados em dois grupos:
pelas autoridades responsáveis pela administração ї Riscos orçamentários
financeira e pelo controle interno, bem como por out-
Referem-se à possibilidade de não se concretizar aquilo
ras definidas por ato próprio de cada Poder ou órgão
referido no Art. 20. que foi planejado, ou seja, receitas não serem arrecadas ou
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
LOA Programação
Financeira RREO Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais são
(Bimestral) instrumentos previstos na Constituição que integram, junta-
Execução
Programação mente com os planos plurianuais, a função de planejamento,
Orçamentária tendo, por fim, o desenvolvimento econômico e social. A sua
RGF
elaboração e supervisão compete às unidades responsáveis
Divulgação
(Quadrimestral)
Entes da Feder- pelas atividades de planejamento que os elaborarão em con-
ação sonância com o Plano Plurianual. Tais planos devem ser envia-
Prestação de dos ao Congresso Nacional para apreciação e disposição que,
contas (Anual) por intermédio da Comissão Mista, examiná-los-á e emitirá
parecer, além de exercer o devido acompanhamento.
Rel. Aval. PPA Os planos regionais de desenvolvimento também de-
(Anual) vem ser elaborados em consonância com o Plano Plurianual,
devendo, ainda, integrar os planos nacionais e ser com eles
aprovados.
O fluxo a seguir representa a tramitação do projeto LOA:
Por fim, visando, mais uma vez, a atender à parte final do
Até 31/08 Inciso III de seu Art. 3º, a Constituição determina em seu Art. 43:
Chefe do Poder Congresso Na-
Executivo Até 22/12 cional Comissão Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá
Mista (Dis- articular sua ação em um mesmo complexo geoeco-
cussão, Votação nômico e social, visando a seu desenvolvimento e à
e Aprovação)
Proposta redução das desigualdades regionais.
Projeto
Orçamentária
de Lei LOA
Ou
Os Instrumentos de
Consoli- Lei de Meios Planejamento e o Mandato
dação MPOG/SOF
Publicação É importante entender como o governante utiliza os in-
Geral
da strumentos de planejamento e orçamento durante seu man-
LOU no DOU dato, pois a correta utilização desses instrumentos propiciará
Consoli-
dação COF/SAG mais eficiência e legalidade ao processo orçamentário.
Setorial Ministério/Órgão Assim, imaginemos o seguinte:
Ex.: Ao assumir o mandato, o Chefe do Poder Executivo
UO MF/STN/ MPOG/ terá quatro anos de mandato a cumprir e, para tanto, terá que
COFIN SOF Pub- se planejar.
Propostas UG Dec. de licação de
Parciais ї Primeiro ano
Exerc. Portaria
UA
O Chefe do Poder Executivo inicia o seu primeiro ano con-
hecendo o ente público que irá administrar: suas receitas, des-
Execução pesas, o que há de bom e de ruim. Baseando-se nesse primeiro
diagnóstico, ele passa a elaborar o seu planejamento de gastos,
ou seja, determinar como será sua política fiscal, como se desen- do primeiro exercício financeiro e deverá ser devolvido para
volverá a atividade financeira do Estado durante seu mandato, sanção até 22 de dezembro do mesmo ano.
para que possa imprimir a marca da sua administração e o estilo Resumindo, temos no primeiro ano de mandato a seguinte
de governo da corrente política que ele representa. Para tanto, situação:
ele estabelece o que pretende executar, em termos de obras e
serviços, a exemplo de investimentos em segurança pública, ▷ PPA vigente elaborado pelo antecessor, podendo ser
saúde, educação, reajuste dos servidores, novos concursos etc. ajustado por lei que o emende.
Vimos que, por determinação constitucional, existem ba- ▷ LDO vigente elaborada no ano anterior e basea-
sicamente três leis que devem ser elaboradas como instru- da no PPA do mandato anterior, orientando a ex-
mentos de planejamento, o PPA, a LDO e a LOA. Enquanto o ecução da LOA vigente, podendo ser ajustada por
Governo elabora seu planejamento no formato dessas leis, a lei que a emende.
máquina pública não pode ficar parada, afinal, as necessidades ▷ LDO elaborada pelo Chefe do Poder Executivo atual e
públicas permanecem existindo já no primeiro dia do novo baseada no PPA do mandato anterior, vigente a par-
mandato. Haja vista a vedação constitucional, não é possível tir de sua publicação (após 17 de julho), orientando a
realizar gastos sem planejamento e autorização legislativa, ou elaboração da LOA do segundo ano de mandato.
seja, sem LOA, e não pode haver LOA sem LDO e PPA. Como ▷ LOA vigente elaborada pelo antecessor e baseada
fará o novo Governo para começar a atender imediatamente as na LDO e no PPA do mandato anterior, podendo se
necessidades públicas? ajustada por créditos adicionais.
Simples, o novo governante passará o seu primeiro ano de ї Segundo ano
mandato administrando o que foi planejado pelo seu anteces-
sor, tendo como instrumentos o PPA, a LDO e a LOA aprovados No segundo ano, o Chefe do Poder Executivo passará exe-
no mandato passado. Assim, a LOA vigente, no primeiro ano cutando a LOA que foi elaborada por ele, com metas e priori-
de mandato, é aquela aprovada por seu antecessor, que teve dade estabelecidas pela LDO também elaborada por ele, mas
sua elaboração orientada pela LDO elaborada pelo seu ante- segundo diretrizes, objetivos e metas do PPA elaborado no
cessor, que, por sua vez, estabeleceu as metas e prioridades mandato anterior.
do PPA também elaborado por seu antecessor. A partir de então, o Chefe do Poder Executivo passa a elab-
Em tese, em seu primeiro ano de mandato, o Chefe do Pod- orar a LDO do terceiro exercício financeiro, tendo por base as
er Executivo é um mero executor. Mas, e se o antecessor fizer diretrizes, objetivos e metas do PPA elaborado em seu mandato.
parte de uma corrente política com escolhas diversas daquelas Publicada a LDO, ela passará a orientar a elaboração da
estabelecidas por quem venceu a eleição, este deverá executar o LOA para o terceiro mandato que somente agora terá por base
orçamento exatamente como planejou seu antecessor?
o PPA elaborado pelo atual Chefe do Poder Executivo e será
Claro que não, dissemos aqui que o planejamento deve ser
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devolvida a ele pelo Poder Legislativo até 22 de dezembro.
flexível e aceitar alterações para melhor se adaptar e cumprir
Resumindo, temos no segundo ano de mandato a seguinte
suas funções. Assim, basta o chefe do Poder Executivo elabo-
situação:
rar Leis específicas que emendem o PPA e a LDO, alterando-os
para comportar as mudanças na execução orçamentária que ▷ PPA vigente elaborado pelo Chefe do Poder Executivo
necessitam serem feitas. Alterando o PPA e LDO, o chefe do atual, podendo ser ajustado por lei que o emende.
Executivo poderá ajustar a Execução orçamentária por meio ▷ LDO vigente elaborada no ano anterior pelo Chefe
dos créditos adicionais, conforme cada situação específica. do Poder Executivo atual e baseada no PPA do man-
Ajustado o orçamento do primeiro mandato, o chefe do dato anterior, orientando a execução da LOA vigen-
Executivo tem que se preocupar com os próprios instrumentos te, podendo ser ajustada por Lei que a emende.
orçamentários, elaborando, em primeiro lugar, a LDO para o ▷ LDO elaborada pelo Chefe do Poder Executivo atual
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
segundo exercício financeiro. Essa LDO, do segundo exercício e baseada no seu PPA, vigente a partir de sua publi-
financeiro, terá por Base o PPA elaborado no mandato ante- cação (após 17 de julho), orientando a elaboração da
rior, já que a vigência do PPA não coincide com o mandato, LOA do terceiro ano de mandato.
avançando sempre um ano do mandato subsequente, mas que ▷ LOA vigente elaborada pelo Chefe do Poder Ex-
poderá ser devidamente ajustado à nova realidade, por meio ecutivo atual e baseada em sua LDO e no PPA do
de emendas. mandato anterior, podendo ser ajustada por créditos
Elaborada a LDO até 17 de julho do primeiro mandato, ela adicionais.
passa a viger imediatamente após sua publicação para poder ї Terceiro ano de mandato
orientar a elaboração da LOA do segundo exercício financeiro,
que deverá ser devolvida ao Chefe do Poder Executivo para No terceiro ano de mandato, tudo ocorre conforme o
sanção até 22 de dezembro, para que este possa iniciar seu planejamento do Chefe do Poder Executivo atual.
segundo ano de mandato com a LOA elaborada por ele. Resumindo, temos no terceiro ano de mandato a seguinte
Durante todo esse primeiro exercício, o Chefe do Poder situação:
Executivo também estará elaborando o seu PPA para os próx- ▷ PPA vigente elaborado pelo Chefe do Poder Ex-
imos quatro anos, a contar de seu segundo ano de mandato, ecutivo atual, podendo ser ajustado por Lei que o 541
que será encaminhado ao Poder Legislativo até 31 de agosto emende.
▷ LDO vigente elaborada no ano anterior pelo Chefe Vedações Constitucionais Relacionadas
542 do Poder Executivo atual e baseada em seu PPA,
orientando a execução da LOA vigente, podendo ser às Práticas Orçamentárias
ajustada por Lei que a emende. Todos os dispositivos aqui tratados são comentados. Porém,
▷ LDO elaborada pelo Chefe do Poder Executivo atual em função da cobrança reiterada em concursos e, na maioria das
e baseada no seu PPA, vigente a partir de sua publi- vezes, de forma literal, seguem tais dispositivos, conforme tran-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
cação (após 17 de julho), orientando a elaboração da scrição do texto constitucional. Segundo o artigo:
LOA do quarto ano de mandato.
Art. 167 da Constituição são vedado:
▷ LOA vigente elaborada pelo Chefe do Poder Execu- I. O início de programas ou projetos não incluídos
tivo atual e baseada em sua LDO e no seu PPA, po- na lei orçamentária anual (princípio da Legalidade
dendo ser ajustada por créditos adicionais. e da programação).
ї Quarto ano de mandato II. A realização de despesas ou a assunção de
No quarto ano de mandato, o Chefe do Poder Executivo obrigações diretas que excedam os créditos orça-
executa o que planejou e planeja o que será executado pelo mentários ou adicionais (princípio equilíbrio orça-
próximo Chefe do Poder Executivo, que poderá ser ele mesmo mentário).
se for reeleito. III. A realização de operações de créditos que
Resumindo, temos no quarto ano de mandato a seguinte excedam o montante das despesas de capital,
situação: ressalvadas as autorizadas mediante créditos
suplementares ou especiais com finalidade preci-
▷ PPA vigente elaborado pelo Chefe do Poder Executi- sa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria
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vo atual, podendo ser ajustado por lei que o emende. absoluta (regra de ouro).
▷ LDO vigente elaborada no ano anterior pelo Chefe IV. A vinculação de receita de impostos a órgão, fun-
do Poder Executivo atual e baseada em seu PPA, do ou despesa, ressalvadas a repartição do produto
orientando a execução da LOA vigente, podendo ser da arrecadação dos impostos a que se referem os
ajustada por lei que a emende. arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações
▷ LDO elaborada pelo Chefe do Poder Executivo atual e serviços públicos de saúde, para manutenção e
e baseada no seu PPA, vigente a partir de sua pub- desenvolvimento do ensino e para realização de
licação (após 17 de julho), orientando a elaboração atividades da administração tributária, como deter-
da LOA do primeiro ano do mandato subsequente. minado, respectivamente, pelos Arts. 198, § 2º, 212 e
Essa LDO também orientará a execução da LOA no 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de
primeiro ano do mandato subsequente. crédito por antecipação de receita, previstas no Art.
▷ LOA vigente elaborada pelo Chefe do Poder Execu- 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;
tivo atual e baseada em sua LDO e no seu PPA, po- (Redação dada pela Emenda
dendo se ajustada por créditos adicionais. Constitucional nº 42, de 19.12.2003) (princípio da
PPA Vigente Mandato Anterior 2008-2011 nãonovinculação
PPA Vigente de impostos)
Mandato Atual 2012-2015
Vigência LDO 2010 Vigência LDO 2011 Vigência da LDO Vigência da LDO VIgência da LDO VIgência da LDO
Orientando a Ex- (Elab. Mad. Anterior) 2012 Orientando a 2013 Orientando a 2014 Orientando a 2015 Orientando a
ecução da LOA 2010 Orientando a Ex- Execução da LOA 2012 Execução da LOA 2013 Execução da LOA 2014 Execução da LOA 2015
ecução da LOA 2011
Elabo- Vigência Elabo- Vigência Elabo- Vigência Elabo- Vigência Elabo- Vigência Elabo- Vigência
ração da da LDO ração da da LDO ração da da LDO ração da da LDO ração da da LDO ração da da LDO
LDO 2011 2011 LDO 2012 2012 LDO 2013 2013 Ori- LDO 2014 2014 Ori- LDO 2015 2015 LDO 2016 2016
Orient. Orient. ent. Elab. ent. Elab. Orient. Orient.
Elab.da Elab. da da LOA da LOA Elab. da Elab. da
LOA 2011 LOA 2012 2014 2014 LOA 2015 LOA 2016
Vigência da LOA 2010 Vigência da LOA 2011 Vigência da LOA 2012 Vigência da LOA 2013 Vigência da LOA 2014 Vigência da LOA 2015
(Elab. Mand. Anterior)
Elabo- Elabo- Elabo- Elabo- Elabo- Elabo-
ração da ração da ração da ração da ração da ração da
LOA 2011 LOA 2012 LOA 2013 LOA 2014 LOA 2015 LOA 2016
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Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
§ 1º - Nenhum investimento, cuja execução ultrapasse
um exercício financeiro, poderá ser iniciado sem prévia
inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize
a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade
(princípio da anualidade ou periodicidade e princípio
da programação).
§ 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão
vigência no exercício financeiro em que forem autor-
izados, salvo se o ato de autorização for promulgado
nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
em despesas que não tenham sido devidamente planejadas dos instrumentos que pretendam emendar como:
e para as quais exista autorização legal. Vimos, também, que ▷ Iniciativa privativa e indelegável do Chefe do Poder
a administração utiliza como instrumentos de planejamento o Executivo.
PPA, a LDO e a LOA. Isso faz com que o gestor público fique ▷ Que se sujeite à subordinação do PPA, no caso da LDO.
preso à execução daquilo que foi planejado e esteja nesses ▷ Que sejam apreciados pelo Congresso Nacional com
instrumentos orçamentários. Tal vinculação é um dos fatores parecer da Comissão Mista (CMO).
que caracterizam o orçamento-programa, concepção orça- ▷ Outros.
mentária adotada no Brasil por força de Lei.
Porém, afirmamos também que o orçamento-programa Créditos Adicionais - Ajustes à LOA
tem como característica ser uma concepção gerencial de orça- Com relação à necessidade de ajustes da Lei Orçamentária
mento, o que lhe confere continuidade, dinamismo e flexibil- Anual, os créditos adicionais surgem como solução a esse prob-
idade para que possa se adaptar a novas situações e conjun- lema, pois são instrumentos orçamentários destinados ao ajuste
turas. do orçamento e são autorizações para despesa não computadas
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Assim, se uma das Secretarias dessa Prefeitura, que havia
virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusiva- sido dotada inicialmente na LOA, com o valor de 1.000
mente na ordem cronológica de apresentação dos pre-
para custear despesa com combustível, necessitar de
catórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a
mais 200, em função de reajuste de preços, o Prefeito
designação de casos ou de pessoas nas dotações orça-
mentárias e nos créditos adicionais abertos para este discricionariamente pode, por meio de decreto executi-
fim. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, vo, abrir esse crédito no valor solicitado, sem necessitar
de 2009). pedir autorização à câmara de vereadores, pois essa já foi
dada na LOA.
Lei 4.320/64
Esses 200 serão abatidos do limite especificado na LOA
Art. 67. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública,
(um milhão). Isso ocorrerá todas as vezes em que houver
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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importância dos créditos extraordinários abertos no
salvo se o ato de autorização for promulgado nos últi- exercício.(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
mos quatro meses daquele exercício, caso em que, rea-
bertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao Fontes Segundo a Constituição
orçamento do exercício financeiro subsequente. Para que sejam considerados como fonte de recursos para
Assim como nos créditos especiais, a prorrogação, segun- créditos suplementares e especiais, os recursos deverão cum-
do parte da doutrina, não é obrigatória, mas, se reaberto, será prir alguns requisitos:
incorporado por decreto executivo ao orçamento em que for ї Existirem em decorrência de veto, emenda ou rejeição do
reaberto, sendo considerado receita extra-orçamentária. projeto de Lei Orçamentária Anual.
Indicação de Fonte de Recursos Isso quer dizer que o orçamento foi aprovado em dese-
Não é necessária. quilíbrio, pois, em algum momento, a inocorrência de algu-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
▷ O superávit é financeiro.
▷ O balanço é patrimonial.
▷ E o exercício é o anterior.
Isso porque algumas questões não cobram conhecimen-
to sobre o que é essa fonte de recursos e fazem trocadilhos
com essas palavras, afirmando que o superávit é patrimonial,
ou que o balanço é financeiro ou que o exercício é o atual.
Qualquer dessas expressões torna a questão errada.
Os Provenientes de Excesso de Arrecadação
Entende-se por excesso de arrecadação o saldo positivo
das diferenças acumuladas mês a mês entre a arrecadação
prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do
exercício.
Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, provenientes
de excesso de arrecadação, deduzir-se-á a importância dos
créditos extraordinários abertos no exercício.
Valem aqui duas observações:
▷ O excesso de arrecadação e receita orçamentária.
▷ Pode-se considerar como fonte de crédito uma re-
ceita que ainda não foi sequer arrecadada, levando
em consideração somente a tendência crescente.
Os Resultantes de Anulação Parcial ou To-
tal de Dotações Orçamentárias ou de Crédi-
tos Adicionais, Autorizados em Lei
Essa anulação de dotação configura-se numa fonte per-
mutativa, porque não aumenta o volume geral de dotação,
ocorre uma mera permutação entre dotações aumentando
uma na mesma medida em que se reduz outra. Essa anulação
poderá ocorrer em créditos previstos na própria LOA ou em leis
de créditos suplementar ou especial.
Vale destacar, dentre essas anulações, a resultante da
reserva de contingência, uma dotação global (exceção ao
princípio da discriminação) com o fim de atender a ocorrên-
cia de Passivos contingentes, fatos que, se ocorrerem, podem
comprometer a execução orçamentária.
18. Ciclo Orçamentário - Processo Planejamento: elaboração do Plano Plurianual (PPA), da
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária
Orçamentário Anual (LOA), que fica a cargo, no âmbito federal, da Secre-
taria de Planejamento e Investimento Estratégico (SPI) do
Como estamos podendo observar, o Orçamento Público é Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
uma peça complexa, que passa por diversas fases do plane- Programação: momento em que os órgãos (Poder Execu-
jamento até o término de sua execução que é controlada e
tivo, outros Poderes, MPU, TCU, ministérios) programam suas
avaliada.
ações, com base nos objetivos dos programas de governo de
A esse conjunto de fases encadeadas, articuladas e interde- maneira a contemplar a solução de problemas identificados no
pendentes dá-se o nome de Ciclo Orçamentário, que irá desde
planejamento, integrando o planejamento e o orçamento.
planejamento até o controle e avaliação. Ciclo Orçamentário,
então, não se confunde com exercício social, pois é mais amplo Orçamentação: operacionalização da elaboração do orça-
e abrangente. mento, cuja responsabilidade, no Governo Federal, é da Sec-
Para reger uma atividade tão complexa e sensível, a Con- retaria de Orçamento Federal (SOF), órgão do Ministério do
stituição Federal, leis, decretos e portarias estabeleceram vári- Planejamento, Orçamento e Gestão.
os mecanismos que obrigam o gestor público a se planejar, a Execução: etapa em que atos e fatos são praticados na Ad-
tornar a execução obrigatoriamente vinculada a esse planeja- ministração Pública para implementação da ação governamen-
mento, dando ênfase à transparência e à responsabilidade na tal, na qual ocorre o processo de operacionalização objetiva e
execução dessas atividades, tudo isso sem perder de vista um concreta de uma política pública. Os órgãos que atuam nessa
mínimo de flexibilidade para tornar a execução orçamentária fase são os próprios Ministérios, no âmbito do Poder Executivo,
eficiente. além dos outros Poderes, do TCU e MPU (órgãos), sendo que o
O ciclo orçamentário pode ser visto de diversos pontos de gerenciamento da execução financeira é feito pela Secretaria do
vista, levando em consideração vários fatores, concebido segun- Tesouro Nacional (STN) do Ministério da Fazenda.
do um sentido estrito ou amplo. Segundo o Art. 8º, da LRF, a execução se inicia após o es-
tabelecimento da programação financeira e do cronograma de
Ciclo Orçamentário em Sentido Estrito execução mensal de desembolso, que ocorrerá por meio de
De forma restrita, o ciclo orçamentário inicia-se com um decreto executivo.
propostas que se transformarão em projeto de Lei Orça- Art. 8º. Até trinta dias após a publicação dos orça-
mentária, que será apreciado, emendado, aprovado, sanciona- mentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes
do e publicado. O orçamento, na figura da LOA, passará pela orçamentárias e observado o disposto na alínea c do
execução, momento em que ocorre a arrecadação da receita e inciso I do Art. 4º, o Poder Executivo estabelecerá a
a realização da despesa, dentro do exercício financeiro, até o
programação financeira e o cronograma de execução
acompanhamento e a avaliação da execução, realizada pelos
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controles internos e externos. mensal de desembolso.
Assim, sob essa ótica, o Ciclo Orçamentário levará em con- Controle: é a verificação da execução física e financeira
sideração o encadeamento das ações somente a partir da elabo- das ações, que objetiva preservar a probidade do gestor e a
ração da LOA. Ramos (2004, p. 28)1 afirma que “identificam-se, eficiência da gestão. Existe o controle interno administrativo,
basicamente, quatro etapas no Ciclo ou Processo Orçamentário: a cargo do gestor, o Sistema de Controle Interno, de respons-
elaboração da proposta orçamentária; discussão e aprovação da abilidade da Controladoria Geral da União, da Presidência
Lei de Orçamento; Execução Orçamentária e Financeira; e Con- da República, por meio da Secretaria Federal de Controle
trole”, conforme abaixo: Interno, e o controle externo, função do Congresso Nacion-
al diretamente por meio da CMO ou com auxílio do Tribunal
Elaboração da proposta Discussão, votação e
aprovação da Lei Orça-
de Contas da União (TCU). É importante citar que, apesar de
orçamentária ser normalmente citado como uma das últimas fases do ciclo
mentária
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
utivo.
Lei de Diretrizes
Plano Plurianual
Orçamentárias - ▷ Apreciação e adequação do plano, pelo Legislativo.
- PPA
LDO ▷ Proposição de metas e prioridades para a admin-
istração e da política de alocação de recursos pelo
Executivo.
Planos nacionais, re- ▷ Apreciação e adequação da LDO, pelo Legislativo.
gionais e setoriais
▷ Elaboração da proposta de orçamento, pelo Execu-
tivo.
Controle e avaliação da
Elaboração da proposta ▷ Apreciação, adequação e autorização legislativa.
execução orçamentária e ▷ Execução dos orçamentos aprovados.
orçamentária anual - LOA
financeira
▷ Avaliação da execução e julgamento das contas.
Para o autor, tais fases são insuscetíveis de aglutinação,
dado que cada uma possui ritmo próprio, finalidade distinta e
periodicidade definida.
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Execução orçamentária e
Discussão, votação e ANOTAÇÕES
aprovação da Lei Orça-
financeira
mentária Anual
Planos nacionais,
Plano Plurianual - PPA
regionais e setoriais
Controle e avaliação da
Lei de Diretrizes
execução orçamentária
Orçamentárias - LDO
e financeira
Discussão, votação
e aprovação da Lei
Orçamentaria Anual
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União, em que era utilizado, em um primeiro momento, pelas eral, cuja função era extrair informações relativas à execução
Unidades Orçamentárias nos processos de análise e inserção física, apresentando informações orçamentárias e financeiras
desses dados. As unidades orçamentárias cadastravam no dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal num
SIDOR as suas ações orçamentárias, seus programas de tra- formato gerencial), com a elaboração do Orçamento da União
balho e os valores referentes que formavam a sua proposta (SIDOR), a Secretaria de Orçamento Federal, em parceria com
parcial. a Secretaria de Planejamento e Investimento (SPI) e o Depar-
tamento de Empresas Estatais (DEST), desenvolveram e co-
Depois disso, tudo era enviado por meio do SIDOR para as locaram em operação, em 2009 o novo Sistema Integrado de
setoriais que consolidavam os dados das suas unidades orça- Planejamento e Orçamento - SIOP.
mentárias e enviava tais dados para a SOF que, mais tarde,
Fiquem atentos porque que o SIOP também vem para sub-
compunham a Proposta do Orçamento Geral da União.
stituir o SIEST, Sistema de Informações das Estatais, porém, o
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Ao Poder Legislativo, Judiciário, Ministério Público da material didático disponível até o momento não deixa isso
União, Tribunal de Contas da União cabia remeter, obrigatori- claro.
amente, até as datas estipuladas na LDO, por meio do SIDOR, O SIOP é o resultado da iniciativa de integração dos siste-
os dados, já consolidados, da proposta parcial orçamentária do mas e processos de planejamento e orçamento federais, que
respectivo poder ao Ministério de Planejamento, Orçamento e visa a otimizar procedimentos, reduzir custos, integrando e
Gestão (Secretaria de Orçamento Federal), órgão central do oferecendo informações para a gestão pública. Com o SIOP, os
Sistema de Planejamento Federal e Orçamento. Deviam man- órgãos setoriais e as unidades orçamentárias do Governo Fed-
dar, ainda, as solicitações de crédito adicional direcionando. eral passam a ter um único sistema para alimentar o cadastro
Essa atribuição era desenvolvida pelas setoriais orçamentárias. de programas e ações. O SIOP integrar-se-á a outros sistemas
Recebidos, analisados e consolidados, os dados, após a de informação governamentais para subsidiar e ser subsidiado
chancela do Chefe do Poder Executivo, por meio do SIDOR, com dados que sejam pertinentes à gestão pública.
eram disponibilizados para a comissão mista pertencente do O novo sistema começou a operar para as setoriais no dia 7
Congresso Nacional para examinarem e emitirem parecer. de maio de 2009, sendo posteriormente disponibilizado para
Com relação aos papéis dos envolvidos no processo orça- os usuários da Secretaria de Orçamento Federal (SOF), da SPI
mentário, não houve mudanças, o que mudou foi a ferramenta e do Departamento de Coordenação e Governança das Empre- 551
utilizada no processo que agora é o SIOP. sas Estatais (DEST).
A substituição está sendo gradual e quando estiver com-
552 pleta, serão disponibilizados módulos para acesso pelo ci- Integração com outros Sistemas
dadão e outros órgãos, como o Congresso Nacional e o Tri-
bunal de Contas da União. Já para a elaboração da proposta
orçamentária para 2012, o sistema de informação utilizado foi
Informações Gerenciais e Relatórios
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
o SIOP.
Ofertamento de Serviços
Objetivo Geral do desenvolvimento do SIOP é integrar e
substituir os sistemas de suporte ao Planejamento e Orçamen- Subsistemas
Subsistemas Subsistemas
to Federais evoluindo em: de Orça- de Planeja-
de Acompan-
hamento das
ї Confiabilidade nos dados. mento mento
Estatais
ї Simplicidade na utilização.
ї Integração e transparência.
ї Visões diferenciadas da informação para níveis Estratégi-
cos e Tático/Operacional. Núcleo Básico
Até a presente data, não existe material didático disponível Até maio de 2010, já haviam sido desenvolvidos os se-
sobre o SIOP, mas já é possível saber que ele foi desenvolvido guintes módulos:
totalmente em software livre, destacando-se a linguagem Java ї Módulos de Cadastros de
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âmbito da sua estrutura, coordenando o processo decisório no
A UO desempenha o papel de coordenação do processo
nível subsetorial (UO). Sua atuação no processo orçamentário de elaboração da proposta orçamentária no seu âmbito de at-
envolve: uação, integrando e articulando o trabalho das suas unidades
▷ Estabelecimento de diretrizes setoriais para elabo- administrativas, tendo em vista a consistência da programação
ração e alterações orçamentárias. do órgão.
As UOs são responsáveis pela apresentação da pro-
▷ Definição e divulgação de instruções, normas e pro-
gramação orçamentária detalhada da despesa por programa,
cedimentos a serem observados no âmbito do órgão ação e subtítulo. Sua atuação no processo orçamentário com-
durante o processo de elaboração e alteração orça- preende:
mentária. ▷ Estabelecimento de diretrizes no âmbito da UO para
▷ Avaliação da adequação da estrutura programática elaboração da proposta e alterações orçamentárias.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
aos seus respectivos órgãos setoriais para análise, Como Fazer (Ações)
Cadastro de
revisão e ajustes. Tanto no momento das UOs, quan- Ações Onde Fazer (Local-
to no dos órgãos setoriais, a proposta é elaborada ização)
por tipo de detalhamento orçamentário. +
▷ As fontes/destinações de recursos serão indicadas
na fase da elaboração da proposta. Fase Detalhamento Quanto Fazer
de Proposta
▷ O encaminhamento das propostas dos órgãos seto- Qualitativa Setorial Quanto Custa
riais à SOF será feito para o conjunto das UOs e por
tipo de detalhamento.
▷ Será realizada uma verificação, pelo SIOP, da com- Sistema Integrado de Administração
patibilidade das propostas encaminhadas pelos Financeira do Governo Federal – SIAFI
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Agilização da programação financeira, otimizando a uti-
oferecidos como suporte aos órgãos centrais, setoriais e exec- lização dos recursos do Tesouro Nacional, por meio da unifi-
utores, da gestão pública, tornando segura a Contabilidade da cação dos recursos de caixa do Governo Federal na Conta Úni-
União sob supervisão do Tesouro Nacional. ca no Banco Central.
Objetivos ї Orçamento:
O SIAFI é o principal instrumento utilizado para registro, A execução orçamentária passou a ser realizada tempes-
acompanhamento e controle da execução orçamentária, finan- tivamente e com transparência, completamente integrada à
ceira e patrimonial do Governo Federal. Desde sua criação, o execução patrimonial e financeira.
SIAFI tem alcançado satisfatoriamente seus principais objeti- ї Visão clara de quantos e quais são os gestores que ex-
vos: ecutam o orçamento:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
01. Prover mecanismos adequados ao controle diário da Os números da época da implantação do SIAFI indicavam
execução orçamentária, financeira e patrimonial aos a existência de aproximadamente 1.800 gestores que, na ver-
órgãos da Administração Pública. dade, eram mais de 4.000.
02. Fornecer meios para agilizar a programação financeira, ї Desconto na fonte de impostos:
otimizando a utilização dos recursos do Tesouro Na- Hoje, no momento do pagamento, já é recolhido o imposto
cional, por meio da unificação dos recursos de caixa do devido.
Governo Federal. ї Auditoria:
03. Permitir que a Contabilidade pública seja fonte segura Facilidade na apuração de irregularidades com o dinheiro
e tempestiva de informações gerenciais destinadas a público.
todos os níveis da Administração Pública Federal. ї Transparência:
04. Padronizar métodos e rotinas de trabalho relativas à Poucas pessoas tinham acesso às informações sobre as
gestão dos recursos públicos, sem implicar rigidez ou despesas do Governo Federal antes do advento do SIAFI. A
restrição a essa atividade, uma vez que ele permanece prática da época era tratar essas despesas como “assunto
sob total controle do ordenador de despesa de cada sigiloso”. Hoje é diferente, pois, na democracia, o cidadão é o 555
unidade gestora. grande acionista do Estado.
ї Fim da multiplicidade de contas bancárias: ї Elaboração das Demonstrações Contábeis, consolidadas
556 Os números da época indicavam 3.700 contas bancárias no Balanço Geral da União.
e o registro de aproximadamente 9.000 documentos por dia. Assim, o SIAFI abrange desde o registro do orçamento ini-
Com a implantação do SIAFI, constatou-se que existiam em cial da receita e das despesas em todas as unidades gestoras,
torno de 12.000 contas bancárias e se registravam, em média,
até a emissão das demonstrações contábeis mensais e anuais,
33.000 documentos diariamente. Hoje, 98% dos pagamentos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
são identificados de modo instantâneo na Conta Única e 2% além dos procedimentos específicos de encerramento e aber-
deles com uma defasagem de, no máximo, cinco dias. tura de exercício.
Além de tudo isso, o SIAFI apresenta inúmeras outras car- Estrutura
acterísticas que se apresentam também como vantagem:
▷ Sistema disponível 100% do tempo e on-line. O SIAFI é um sistema de informações centralizado em
Brasília, ligado por teleprocessamento aos Órgãos do Gover-
▷ Sistema centralizado, o que permite a padronização
de métodos e rotinas de trabalho. no Federal, distribuídos no país e no exterior. Essa ligação é
▷ Interligação em todo o território nacional. feita pela rede de telecomunicações do SERPRO e também
▷ Utilização por todos os órgãos da Administração pela conexão a outras inúmeras redes externas, o que garante,
Direta (poderes Executivo, Legislativo e Judiciário). por meio de terminais em cada unidade, o acesso ao sistema
▷ Utilização por grande parte da Administração Indi- às mais de 29.000 Unidades Gestoras ativas no SIAFI, aquela
reta. unidade orçamentária ou administrativa investida do poder
▷ Integração periódica dos saldos contábeis das enti- de gerir recursos orçamentários e financeiros, próprios ou sob
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ї Administração do Sistema: idas pela SOF relacionadas aos créditos previstos no Orçamento
Geral da União (OGU) e as alterações por créditos adicionais.
▷ Administração do Sistema – ADMINISTRA ▷ Nota de Empenho (NE):
▷ Auditoria – AUDITORIA Registro de eventos vinculados ao comprometimento
▷ Centro de Informação - CI da despesa, na base do empenho. É o documento que rep-
▷ Conformidade – CONFORM resenta o registro das operações que envolvem despesas
orçamentárias, a sua emissão relaciona-se à primeira fase da
▷ Manual - MANUALMF execução da despesa pública. É utilizado também no reforço
ї Execução Orçamentária e Financeira: de empenho e no estorno e anulação, contendo nele todos os
▷ Contábil – CONTÁBIL dados referentes à operação, como o nome do credor, a es-
pecificação e o valor da despesa, bem como a dedução desse
▷ Documentos do SIAFI – DOCUMENTO
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
inclusive os relativos a entidades supervisionadas. A utilização Federal é iniciada nas unidades gestoras, com o registro, no
desse documento está associada a eventos não vinculados a SIAFI, das Propostas de Programação Financeira.
documentos específicos. ▷ Ordem Bancária (OB):
▷ Nota de Sistema (NS): Destina-se ao pagamento de compromissos, bem como
a transferência de recursos entre as Unidades Gestoras, tais
A Nota de Sistema (NS) e a Nota de Lançamento (NL)
como liberação de recursos para fins de adiantamento, supri-
serão utilizadas para registro no SIAFI dos movimentos finan-
mento de fundos, cota, repasse, sub-repasse e afins. A Ordem
ceiros efetuados pelo Banco Central do Brasil na Conta Única,
Bancária é, portanto, o único documento de transferência de
mediante autorização da Secretaria do Tesouro Nacional. recursos financeiros.
▷ Nota de Movimentação de Crédito (NC): Segundo o Art. 4º da Instrução Normativa STN Nº 4, de
Registro dos eventos vinculados à transferência de créditos 31 de julho de 1998, existem diversas modalidades de Ordem
entre Unidades Gestoras dentro da mesma esfera de governo, Bancária.
tais como destaque (descentralizações externas), provisão Art. 4º. A Ordem Bancária - OB, poderá ser emitida nas
(descentralizações internas), anulação de provisão e anulação seguintes modalidades:
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quantidade de documentos na modalidade on-line, ou seja, que SIAFI está indisponível para o usuário (batch).
geram documentos utilizando as transações OB, NL, NE etc. Apresenta, portanto, informações atualizadas até um dia
Para o uso desse processo, é necessária habilitação especí- útil anterior à data da consulta sintética. São justificadas pelas
fica pelo cadastrador do órgão. Uma vez habilitado, o usuário grandes consolidações executadas pelo sistema, em que são
deve consultar o layout do arquivo a ser enviado ao SERPRO “lidos” milhares de registros. Assim, nos momentos em que
utilizando a transação CONARQBT. Para cada documento, há o sistema não está disponível, são executados processos que
um layout específico. Uma vez gerado o arquivo, conforme o consolidam e armazenam esses dados já totalizados em arqui-
layout, o mesmo deve receber um nome de acordo com as se- vos sintéticos.
guintes regras: Segurança
ї XXUUUUUU.AAV,
O SIAFI apresenta uma série de métodos e procedimentos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
sulta ao Sistema enquanto o nível de acesso determina o grau danosas ou fraudulentas executadas utilizando-se o sistema.
de inclusão de dados e a abrangência das consultas feitas pelo Da mesma forma, a inclusão ou modificação de dados no siste-
usuário no sistema SIAFI. Cabe sempre lembrar que o usuário ma também é registrada com a identificação do CPF, a hora e o
responde integralmente pelo uso do sistema sob a sua senha e nome do autor da operação.
obriga-se a cumprir os requisitos de segurança instituídos pela ї Integridade e Fidedignidade dos Dados:
STN, sujeitando-se às consequências das sanções penais ou ad-
ministrativas cabíveis em decorrência do mau uso. Uma vez registrado um documento no sistema, não é
permitida a sua alteração. A imutabilidade dos documentos
Essas Habilitações são regidas pelos seguintes instrumen-
permite que sejam acompanhadas todas as modificações nos
tos legais:
dados do sistema. Para a correção ou anulação de um docu-
01. Norma de Execução Nº 01, de 13 de Junho de 2001.
mento já registrado, é necessário que seja incluído um novo
02. Instrução Normativa Nº 03, de 23 de Maio de 2001.
documento de forma a retificar o anterior.
03. Instrução Normativa Nº 06, de 31 de Outubro de 2007.
ї Conformidade Contábil: Formas de Conexão
A Conformidade Contábil é a conferência efetuada, no
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Permite o acesso direto ao Sistema por via teleprocessa- Acessa dados da unidade na qual está cadastrado, e da UG
mento para execução das operações diárias, tanto de entrada “off-line” pelas quais realize entrada de dados.
quanto a consulta de dados. Nessa situação, todos os doc- ▷ Nível 3
umentos são emitidos pelo sistema e os seus saldos orça- Acessa dados de qualquer UG que pertença ao mesmo
mentários compõem a Conta Única do Tesouro Nacional. Ministério, Órgão ou Entidade daquela em que está cadastra-
Off-line do.
▷ Nível 4
É o acesso indireto ao Sistema por UGs que não possuem
ligação com o SIAF. Essa unidade tem seus registros efetuados Acessa dados de qualquer UG das quais a UG do operador
por outras UG on-line às quais, somente nesse aspecto, são seja setorial de Contabilidade, auditoria ou orçamento.
subordinadas, chamadas UG Polo de Digitação. Nessa situ- ▷ Nível 5
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
ação, a unidade gestora emite todos os documentos antes da Acessa dados de qualquer UG que pertença ao mesmo
inserção dos dados no sistema e seus saldos não compõem a Ministério, acessa ainda os dados de qualquer UG que pertença
Conta Única do Tesouro Nacional, sendo individualizados em às Entidades vinculadas a este Ministério.
contas bancárias distintas. ▷ Nível 6
As UG Polo SIAFI (de Digitação) são unidades ON-LINE Acessa dados de qualquer UG que pertença à mesma UF
responsáveis pelo processamento e fornecimento das infor- da UG do usuário.
mações enviadas pelas UG OFF-LINE de sua jurisdição, deven- ▷ Nível 7
do, portanto, disponibilizar todos os procedimentos no que se Acessa dados das UG que estão na tabela de vinculação da
refere a: UG do usuário.
▷ Formulários ▷ Nível 8
As UGs Polo de Digitação deverão encaminhar as UG off- Acessa dados de um determinado Estado da Federação.
line, de sua jurisdição, todos os formulários utilizados por es- ▷ Nível 9
sas unidades na forma impressa, contendo todas as instruções Acessa dados de qualquer UG, Ministério, Órgão ou Enti- 561
de preenchimento, campo a campo. dade.
562
20. Princípios Orçamentários derivação específica do princípio da legalidade genérica pre-
vista na Constituição.
Princípios orçamentários são imperativos, premissas, nor- O que diferencia a legalidade orçamentária da legalidade
teadores a serem observados na concepção e execução da prevista no inciso II do Art. 5º da Constituição é que:
Lei Orçamentária. Segundo SANCHES (1997), princípios orça- O princípio da legalidade para Administração Pública é
mentários são “um conjunto de proposições orientadoras que mais restritivo, pois ao administrador só é permitido fazer o
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
balizam os processos e as práticas orçamentárias, com vistas a que está autorizado em Lei, enquanto que para o cidadão co-
dar-lhe estabilidade e consistência, sobretudo ao que se refere
mum só é proibido fazer o que a lei não permite.
à sua transparência e ao seu controle pelo Poder Legislativo e
demais instituições da sociedade”. Assim, a despeito de alguns Em relação ao planejamento e execução orçamentária,
princípios se sobressaírem em relação aos outros quanto à apli- a “Lei” a que se refere o princípio da legalidade orçamentária
cabilidade e observância, não existe hierarquia entre eles. deverá ser “Lei” em sentido estrito (reserva legal), ou seja, os
Porém, tais norteadores não têm caráter absoluto, pois, instrumentos normativos que instituem os planos plurianuais, as
em função da rápida evolução das técnicas orçamentárias que diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicio-
geram a necessidade de constantes adaptações, os princípios nais, devem ser mandamentos que sigam o processo legislativo
sempre sofrem mutilações na forma de exceções à sua ob- determinado para uma Lei (que nesse caso deve seguir algumas
servância. regras próprias), com exceção do caso previsto para abertura de
São diversos os princípios orçamentários, havendo di- crédito extraordinário que poderá ser por Medida Provisória ou
vergência doutrinária quanto à quantidade, estrutura e con- por Decreto Executivo, a depender do caso.
ceitos. Tais princípios derivam da Constituição Federal, de Especificamente em relação aos instrumentos orça-
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a arrecadação de receitas, é importante ressaltar que, no Brasil, Mas a autorização contida na LOA é para cumprir a Lei
não vige o princípio da anterioridade orçamentária no que diz Tributária vigente. Dessa forma o órgão fazendário deve “ol-
respeito à receita. Isso porque os valores referentes a um tributo har” para a legislação tributária vigente e, se verificar a ex-
novo ou à majoração de um antigo que não tenha sido previsto istência de um tributo novo ou de uma majoração não com-
na LOA poderão ser arrecadados. O entendimento é de que a putada, deverá fazer aquilo que lhe foi autorizado na LOA, ou
autorização dada na Lei Orçamentária é para uma arrecadação seja, arrecadar o que está previsto no regramento tributário. A
de forma genérica, baseada na Lei Tributária vigente na época existência de um novo tributo ou a majoração não computada
dessa arrecadação, não sendo causa de invalidação a não pre- nada mais é que uma desconformidade entre aquilo que foi
visão na Lei Orçamentária. Isso não quer dizer que não exista objeto de mera previsão e aquilo que efetivamente ocorreu.
a anterioridade tributária e que a arrecadação de tributos seja Essas desconformidades são da natureza da previsão e serão
tão menores quanto forem as mudanças conjunturais e melhor
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Unidade de Caixa, posto que as disponibilidades de caixa da Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste
União devam ser acolhidas em um único caixa, ou seja, no Ban- artigo as operações de crédito por antecipação da re-
co Central do Brasil (Art. 164, § 3º, da CF). ceita, as emissões de papel-moeda e outras entradas
Lei nº 4.320/64 assim estabelece: compensatórias, no ativo e passivo financeiros. (Veto
rejeitado no D.O. 05/05/1964)
Art. 2º. A Lei de Orçamento conterá a discriminação
Art. 4º. A Lei de Orçamento compreenderá todas as
da receita e despesa, de forma a evidenciar a políti- despesas próprias dos órgãos do Governo e da admin-
ca econômico-financeira e o programa de trabalho do istração centralizada, ou que, por intermédio deles se
Governo, obedecidos os princípios da unidade, univer- devam realizar, observado o disposto no artigo 2°.
salidade e anualidade. O Art. 6º também pertencente à Lei 4.320/64 corrobora
Em conformidade com esse princípio, não deve haver com esse princípio, ao estabelecer que todas as receitas e des-
orçamentos paralelos. As propostas orçamentárias de todos pesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, veda-
das quaisquer deduções (princípio do orçamento bruto).
os órgãos e Poderes devem estar contidas numa só Lei Orça-
Em outras palavras, todas as receitas previstas para serem
mentária, mesmo considerando a independência e a autono- arrecadadas no ano seguinte e também as despesas públicas
mia administrativa e financeira dos Poderes. Corrobora com fixadas para o exercício subsequente devem estar inseridas na
essa afirmação o mandamento constitucional que estabelece Lei orçamentária anual.
a iniciativa privativa e indelegável do Presidente da República A referência “ano seguinte” ocorre em função de que o
com relação às Leis Orçamentárias, pois mais ninguém poderá orçamento é elaborado em um ano e executado em outro, ou
iniciar o processo legislativo dessas Leis. seja, o orçamento elaborado em 2011 será executado em 2012.
A parte final do Art. 6º, da Lei 4.320/64, ao mencionar “pe-
Princípio da unidade e os los seus totais, vedadas quaisquer deduções”, é denominado
de princípio do orçamento bruto, no qual todas as receitas e
orçamentos previstos na CF despesas devem constar na LOA pelos seus totais, vedando-
O § 5º do Art. 165 da CF prevê que a Lei Orçamentária Anual se qualquer dedução. Esse princípio, que veremos em breve, é
que dá suporte ao Princípio da Universalidade.
compreenderá os seguintes orçamentos:
Ainda em decorrência desse princípio, a Constituição Fed-
O orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus eral determina no § 6º, do seu Art. 165, que o projeto da lei
fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, orçamentária deve estar acompanhado do demonstrativo re-
inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. gionalizado dos efeitos sobre as receitas e as despesas, decor-
O orçamento de investimento das empresas em que a rentes de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios
de natureza financeira, tributária e creditícia.
União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital
A despeito dos textos dos mandamentos vistos serem pe-
social com direito a voto.
remptórios, existem exceções aos princípios da universalidade,
O orçamento da seguridade social, abrangendo todas são elas:
as entidades e órgãos a ela vinculados, da Administração ї Receitas extra orçamentários:
direta ou indireta, bem como os fundos e fundações insti- São receitas não previstas no orçamento, contidas no Art.
tuídos e mantidos pelo Poder Público. 3º, da Lei 4.320/64, são elas:
▷ Operações de crédito por antecipação da receita. A CF/88 determina que nenhum investimento cuja ex-
▷ Emissões de papel-moeda. ecução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado
▷ Outras entradas compensatórias no Ativo e Passivo sem prévia inclusão no plano plurianual ou sem Lei que autor-
financeiros. ize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade. Essa
Art. 3º. A Lei de Orçamentos compreenderá todas as re-
determinação consagra o princípio da anualidade e determina
ceitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas que, em princípio, a LOA deverá conter os investimentos cuja
em lei. duração seja de até um ano, exceto quando estiverem previs-
tos no PPA.
Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste ar-
tigo as operações de crédito por antecipação da receita, Princípio da Exclusividade
as emissões de papel-moeda e outras entradas compen-
satórias, no ativo e passivo financeiros. É oriundo da própria Constituição, estabelecido no § 8º
do Art. 165, e estabelece que a Lei Orçamentária Anual não
“Receitas e despesas operacionais das empresas públi-
poderá conter dispositivos estranhos à fixação das despesas
cas e sociedades de economia mista independentes (Pascoal,
e previsão das receitas, ressalvada a autorização para a aber-
2010).”
tura de créditos suplementares e contratação de operações de
Receitas originadas de tributos novos ou majorações de crédito, ainda que por antecipação da receita.
tributos já existentes, mas não computadas, além do excesso
A importância desse princípio está preservada na Lei Orça-
de arrecadação.
mentária das chamadas caldas orçamentárias, que era uma
Princípio da Anualidade prática corriqueira no Brasil. Tal prática consistia em manobras
políticas que incluíam na LOA matérias que nada tinham a ver
ou Periodicidade com orçamento, no intuito de se aproveitar o rito célere que
Já sabemos que a LOA é uma Lei temporária e seus efeitos esse tipo de Lei tem.
jurídicos vinculam somente o exercício financeiro em que vigora, Assim, os políticos ganhavam tempo na aprovação de
isso em função desse princípio, que estabelece que o orçamento matérias que eram de seu interesse, na maioria das vezes em det-
deva ter vigência limitada no tempo, nesse caso, um ano. Em rimento do interesse da sociedade. Essa prática foi extremamente
conformidade com esse princípio, a autorização legislativa do criticada por Rui Barbosa que a batizou de “calda orçamentária”,
gasto deve ser renovada a cada exercício financeiro. “rabilongos”.
Previsão Legal do Princípio Previsão do Princípio
Lei 4.320/64: Constituição Federal:
Art. 2º. A Lei do Orçamento conterá a discriminação Art. 165, § 8º. A lei orçamentária anual não conterá dis-
da receita e despesa de forma a evidenciar a política positivo estranho à previsão da receita e à fixação da
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econômica financeira e o programa de trabalho do despesa, não se incluindo na proibição a autorização
Governo, obedecidos os princípios de unidade univer- para abertura de créditos suplementares e contratação
salidade e anualidade. de operações de crédito, ainda que por antecipação de
Está explícito também no Art. 34, da Lei nº 4.320/64, que receita, nos termos da lei.
exercício financeiro coincida com o ano civil. Dessa forma, as
dotações orçamentárias constantes na LOA somente poderão Exceções ao Princípio da Exclusividade
ser executadas de 1º de janeiro a 31 de dezembro do exercício Tais exceções existem para flexibilizar a execução orça-
financeiro a que se refere, não podendo, em regra, haver des- mentária, desburocratizando operações que, se dependes-
pesas previstas dessa LOA realizadas fora desse período. Por ser sem de autorização específica do Poder Legislativo, pode-
uma regra legal, essa coincidência do exercício financeiro com o riam travar a máquina pública. Assim, a Constituição, além
ano civil poderá ser alterada, desde que por lei complementar. de consagrar esse princípio também estabelece exceções ao
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
A regra da anualidade se refere aos créditos previstos ini- prever que a Lei de Orçamento poderá conter autorização
cialmente no PLOA, além dos créditos adicionais suplementa- dada ao Poder Executivo para:
res. Já com relação aos créditos adicionais especiais e extraor- Autorização para Abertura de Crédito Adicional
dinários, existe a possibilidade de reabertura (prorrogação)
no exercício subsequente, desde que cumprindo os requisitos Suplementar até Determinada Importância, Obede-
(promulgação do ato que autorizou a abertura nos últimos cidas as Disposições do Art. 43, da Lei 4.320/64
quatro meses do exercício financeiro e haver saldo), regra con- Crédito adicional é o gênero e suas espécies são: suple-
tida no Art. 167, § 2º da CF/88. Tais créditos são denominados mentar, especial e extraordinário. A CF/88 autoriza que seja
plurianuais. incluído na LOA (autorizado pelo Legislativo) somente a aber-
Assim, se essa reabertura ocorrer, existirá uma exceção ao tura de crédito adicional suplementar.
princípio da anualidade, pois esse crédito transferido deverá
ser incorporado ao exercício subsequente como uma receita Normalmente, a autorização para abertura de crédito suple-
extraorçamentária. mentar na LOA estará limitada a determinado percentual da re-
O período de um ano para a LOA também está previsto ceita, que pode ser a corrente ou ainda a líquida. Esse percentual
na Constituição Federal, na qual se menciona o termo “anual”. será fruto de pedido do Poder executivo, que poderá ser alter- 565
(Art. 166, Art. 165, §§ 5º e 8º e o Art. 167, inciso I). ado ou até mesmo ser totalmente recusado pelo Legislativo.
Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e es- A Lei de Responsabilidade Fiscal – LC n° 101/00 – ampliou
566 peciais depende da existência de recursos disponíveis o conceito da dívida fundada, também incluindo algumas op-
para ocorrer a despesa e será precedida de exposição erações de curto prazo (inferiores a doze meses):
justificativa. As operações de crédito de prazo inferior a doze meses
§ 1º. Consideram-se recursos para o fim deste artigo, cujas receitas tenham constado do orçamento. (§ 3°, Art. 29,
desde que não comprometidos: LC 101/00).
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
I. O superávit financeiro apurado em balanço patri- Os precatórios judiciais emitidos a partir de 5 de maio de
monial do exercício anterior; 2000 e não pagos durante a execução do orçamento em que
II. Os provenientes de excesso de arrecadação; tiverem sido incluídos. (§7°, Art. 30, LC 101/00).
III. Os resultantes de anulação parcial ou total de Dispositivos legais importantes trazem a Constituição e a
dotações orçamentárias ou de créditos adicionais, Lei 4.320/64 que vedam a designação de casos ou de pessoas
autorizados em Lei; nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos
IV. O produto de operações de credito autorizadas, para esse fim.
em forma que juridicamente possibilite ao poder Constituição Federal 88:
executivo realiza-las. Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públi-
§ 2º. Entende-se por superávit financeiro a diferença cas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude
positiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na or-
conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais dem cronológica de apresentação dos precatórios e à
transferidos e as operações de crédito a eles vincula- conta dos créditos respectivos, proibida a designação de
das. casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
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§ 3º. Entende-se por excesso de arrecadação, para créditos adicionais abertos para este fim. (Redação dada
os fins deste artigo, o saldo positivo das diferenças pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
acumuladas mês a mês entre a arrecadação prevista Lei 4.320/64:
e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência Art. 67. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública,
do exercício. em virtude de sentença judiciária, far-se-ão na ordem
§ 4º. Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, pro- de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
venientes de excesso de arrecadação, deduzir-se-á a respectivos, sendo proibida a designação de casos ou de
importância dos créditos extraordinários abertos no pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adi-
exercício. cionais abertos para esse fim.
O Poder Legislativo pode autorizar, na Lei Orçamentária
Autorização para Contratação de Operações de Anual, o Executivo a realizar operações de crédito. Cabe a este
Crédito (Empréstimos ou Financiamentos), Ainda Poder (Executivo) optar por qualquer uma de suas espécies.
que por Antecipação de Receita, nos Termos da Lei Contratação de Operações de Crédito por
São empréstimos e financiamentos autorizados na
própria LOA, destinados a cobrir desequilíbrio orçamentário.
Antecipação da Receita Orçamentária – ARO
É a denominada autorização “genérica” para abertura de Realizar em qualquer mês do exercício financeiro, oper-
crédito, isso porque poderá haver uma autorização específica, ações de crédito por antecipação da receita, para atender a
em Lei específica, como fonte de recurso de um crédito adicional insuficiências de caixa. É uma receita extraorçamentária.
suplementar ou especial. Esse tipo de empréstimo é uma espécie do gênero “op-
erações de crédito”. Essa operação é, em realidade, um adi-
Assim sendo, a autorização “genérica” é realizada na
antamento de receitas a ser captada em instituições financei-
própria LOA e a autorização específica, em lei específica.
ras e que pode ser prevista na Lei Orçamentária. Realizam-se
A autorização genérica prevista na LOA poderá ser para: geralmente quando o Governo não possui dinheiro em caixa
Autorização para Contratação de suficiente para pagamento de determinadas despesas, ou seja,
Qualquer Operação de Crédito objetiva cobrir momentaneamente a insuficiência de caixa du-
rante o exercício financeiro, os chamados “débitos de tesou-
É a contratação de empréstimos, interno ou externo, raria”.
geralmente de longo prazo, e irá compor a dívida fundada
ou consolidada. É uma receita orçamentária de capital. ї Estará proibida:
Considera-se dívida fundada ou consolidada aquela que ▷ Enquanto existir operação anterior da mesma natureza
compreende os compromissos de exigibilidade superior a não integralmente resgatada.
12 (doze) meses, contraídos mediante emissão de títulos ou ▷ No último ano de mandato do Presidente, Governa-
celebração de contratos para atender a desequilíbrio orça- dor ou Prefeito Municipal.
mentário, ou a financiamento de obras e de serviços públicos,
que dependam de autorização legislativa para amortização ou O Banco Central é o responsável por manter o sistema de
resgate. (§ 2º, Art. 115, Dec. 93.872/86). acompanhamento e controle do saldo dos créditos abertos
Esse dispositivo considera operação de crédito as dívidas e aplicará as sanções cabíveis à instituição credora, quando
de longo prazos, ou seja, com prazo para pagamento maior houver infringência das regras por ele estabelecidas, princi-
que doze meses. palmente no que tange a limites.
É regrada pelo Art. 38, da LRF, que limitou sua utilização com Princípio da Não Afetação ou
o estabelecimento de diversos requisitos.
Art. 38. A operação de crédito por antecipação de re- Não Vinculação da Receita
ceita destina-se a atender insuficiência de caixa durante A receita orçamentária de impostos não pode ser vinculada a
o exercício financeiro e cumprirá as exigências mencio- órgãos, fundos ou despesas, ressalvados os casos permitidos pela
nadas no Art. 32 e mais as seguintes: própria Constituição Federal.
I. Realizar-se-á somente a partir do décimo dia do O Princípio da Não Afetação de Receitas determina que,
início do exercício; dentre as receitas, as que forem oriundas dos impostos não
II. Deverá ser liquidada, com juros e outros en- sejam previamente vinculadas a determinadas despesas, a fim
cargos incidentes, até o dia dez de dezembro de de que estejam livres para sua alocação racional, no momento
cada ano; oportuno, conforme as prioridades públicas.
III. Não será autorizada se forem cobrados outros A CF/88 previu:
encargos que não a taxa de juros da operação, Art. 167. São vedados:
obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa IV. A vinculação de receita de impostos a órgão,
básica financeira, ou à que vier a esta substituir; fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do pro-
IV. Estará proibida: duto da arrecadação dos impostos a que se refer-
a) Enquanto existir operação anterior da mesma na-
em os Arts. 158 e 159, a destinação de recursos para
tureza não integralmente resgatada; as ações e serviços públicos de saúde, para ma-
nutenção e desenvolvimento do ensino e para re-
b) No último ano de mandato do Presidente, Gov- alização de atividades da administração tributária,
ernador ou Prefeito Municipal. como determinado, respectivamente, pelos Arts.
§ 1º. As operações de que trata este artigo não serão 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias
computadas para efeito do que dispõe o inciso III do às operações de crédito por antecipação de receita,
Art. 167 da Constituição, desde que liquidadas no prazo previstas no Art. 165, § 8º, bem como o disposto
definido no inciso II do caput. no § 4º deste artigo; (Redação dada pela Emenda
§ 2º. As operações de crédito por antecipação de receita Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
realizadas por Estados ou Municípios serão efetuadas me- A CF de 1988 restringiu a aplicação do Princípio da Não
diante abertura de crédito junto à instituição financeira Afetação ou Não Vinculação da Receita aos Impostos, obser-
vencedora em processo competitivo eletrônico promovi- vadas as ressalvas indicadas na Constituição. Vale lembrar que
do pelo Banco Central do Brasil. a relação de vinculações é taxativa, não admitindo exceções que
§ 3º. O Banco Central do Brasil manterá sistema de não estejam previstas na Constituição. Dessa forma, somente
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acompanhamento e controle do saldo do crédito aber- por meio de emenda constitucional será possível a inserção de
to e, no caso de inobservância dos limites, aplicará as uma nova vinculação de receita de impostos.
sanções cabíveis à instituição credora. Dentre as ressalvas a esse princípio, previstas na própria
Assim, o Princípio da Exclusividade admite somente as CF, estão:
exceções anteriormente abordadas e essas são excepcionadas
▷ Fundo de participação dos municípios – FPM – Art.
pela própria Constituição Federal.
159, inciso I, b.
Princípio da Publicidade ▷ Fundo de participação dos estados - FPE - Art. 159,
inciso I, a.
É a aplicação do Princípio da Publicidade da Administração
▷ Recursos destinados para as ações e serviços públi-
Pública, previsto no Art. 37, da CF. Esse princípio é bastante di- cos de saúde – Art. 198, § 2º, incisos I, II e III.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
tributária líquida (Art. 204, parágrafo único – EC 42/03). cionais e respectivos acréscimos legais. (Redação dada
Recursos destinados ao Fundo Estadual de Fomento à Cul- pela Emenda Constitucional nº 68, de 2011).
tura, para o financiamento de programas e projetos culturais, § 1º - O disposto no caput não reduzirá a base de cálcu-
extensivos somente a Estados e o Distrito Federal – até cinco lo das transferências a Estados, Distrito Federal e Mu-
décimos por cento de sua receita tributária líquida (Art. 216, § nicípios, na forma do § 5º do Art. 153, do inciso I do Art.
6º, CF – EC 42/03). 157, dos incisos I e II do Art. 158 e das alíneas a, b e d do
Recursos destinados à seguridade social – contribuições inciso I e do inciso II do Art. 159 da Constituição Federal,
sociais. Art.195, I, “a” e II da CF. nem a base de cálculo das destinações a que se refere a
alínea c do inciso I do Art. 159 da Constituição Federal.
ї Exemplos específicos de vinculações orçamentárias: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 68, de
Quarenta e oito por cento (48%) da arrecadação do 2011).
imposto de renda e proventos de qualquer natureza e do
§ 2º - Excetua-se da desvinculação de que trata o caput
imposto sobre produtos industrializados serão destinados:
a arrecadação da contribuição social do salário-edu-
21,5% ao Fundo de Participação dos Estados - FPE.
cação a que se refere o § 5º do Art. 212 da Constituição
22,5% ao Fundo de Participação dos Municípios - FPM.
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se refere ao controle de um tipo de receita de capital, as op-
▷ Equilíbrio = Receita = Despesa.
erações de crédito. Como veremos em breve, a classificação
▷ Déficit = Receita < Despesa. econômica da receita e da despesa as difere em operações
Diante da situação expressa no início do tópico, é fácil con- correntes ou de capital, objetivando propiciar elementos para
cluir que o orçamento tenderá quase sempre a estar em déficit. uma avaliação do efeito econômico das transações do setor
Assim, como ocorre com uma família ou empresa, para que o público. Vejamos o conceito de cada uma:
Estado possa honrar seus compromissos, o déficit público de- Receitas Correntes: são receitas que, quando auferidas, não
verá ser financiado de alguma forma, e a mais comum são a têm como contrapartida o registro de uma obrigação ou uma
operações de crédito. A questão é que esse financiamento gera baixa patrimonial. Dessa forma, não geram para o Estado nem
mais despesas (parte principal da dívida somada a encargos di- aumento do seu endividamento nem redução de seus bens e
versos, como os juros) e essas despesas aumentam o déficit que, direitos. Compreendem as receitas tributárias, patrimoniais, in-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
por sua vez, deverá ser novamente financiado a custo de novas dustriais e outras de natureza semelhante, bem como as prove-
despesas com encargos e de assim por diante, como uma bola nientes de transferências correntes.
de neve. Receitas de Capital: são receitas que, quando auferidas,
São vários os efeitos provocados pelo déficit público, den- tem como contrapartida o registro de uma obrigação ou uma
baixa patrimonial. Dessa forma, geram para o Estado ou um au-
tre eles, podemos citar a alta dos juros, inflação, e, quando esse mento do seu endividamento ou uma redução de seus bens e
déficit fica insustentável, medidas extremas para que se possa re- direitos (exceção é a transferência de capital). Compreendem,
tomar o equilíbrio, como corte de benefícios sociais, demissão de assim, a constituição de dívidas, a conversão em espécie de bens
parte do funcionalismo público, calote em credores etc. e direitos, reservas, bem como as transferências de capital.
Nessa situação, as finanças públicas entram em colapso Despesas Correntes: são despesas realizadas para a ma-
e quem paga a maior parte do preço é a população, como nutenção da máquina pública e se repetem a cada exercício fi-
já ocorreu no Brasil e ocorre agora na Europa. nanceiro. Compreendem as despesas com pessoal, consumo de
bens e serviços, pagamentos de salários, água, energia elétrica,
Do Ponto de Vista Econômico (Real) telefone, transferências correntes, dentre outros.
Do ponto de vista econômico, real, o total de despesas públi- Despesas de Capital: são despesas relacionadas à criação 569
cas é igual ao total de receitas próprias, geradas pelo Estado, ou ou expansão do patrimônio público, com o propósito de for-
mar e/ou adquirir Ativos reais, ou ainda, o pagamento de par- Mas seria bom para o Estado financiar despesas de capital
570 celas do principal de empréstimos, abrangendo, entre outras com receitas correntes?
ações, o planejamento e a execução de obras, a aquisição de Seria a situação ideal, pois, desconsiderando outras im-
instalações, equipamentos, material permanente, títulos rep- plicações, o patrimônio seria ampliado, melhorado, sem ter
resentativos do capital de empresas ou entidades de qualquer que se desfazer de um outro bem ou direito ou ainda ter que
natureza, bem como as amortizações de dívida e concessões assumir obrigações. É como adquirir o apartamento com os
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
de empréstimos.
recursos que você conseguiu economizar.
Agora que já conhecemos os quatro conceitos que envolvem
Resumindo a regra de ouro, temos o seguinte:
a regra de ouro, vamos trazer essa regra para o cotidiano, a fim de
que possamos entendê-la melhor. Receita Corrente
Suponha que você é o responsável pelo sustento do lar Financiam despesa corrente e pode financiar despesas de
onde vive. Para cumprir essa atribuição, você passa pelas se- capital.
guintes situações:
Para sustentar a si e àqueles com quem mora, você precisa Operações de Crédito
de uma fonte de receita que seja constante, que se renove. Essa Financia somente despesa de capital.
receita você vai obter passando em um concurso e recebendo Porém, no mesmo dispositivo em que a Constituição traz a
salário pelo seu trabalho. Ao receber o salário, você não teve que regra, também traz a exceção, ao estabelecer que poderá ha-
assumir obrigações de devolvê-lo no futuro, nem teve que se ver operações de crédito que excedam as despesas de capital,
desfazer de seus bens, assim, o salário é uma receita corrente. desde que sejam autorizadas mediante créditos suplementa-
Você usa seu salário para pagar contas de água, de luz, de res ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder
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alimentação, de aluguel. Como essas contas, depois de pagas, Legislativo por maioria absoluta. Essa exceção, além de rela-
voltarão nos meses subsequentes, e assim será eternamente, tivizar a regra de ouro, traz uma exceção ao quorum necessário
configuram-se em despesas de manutenção correntes.
para se aprovar Leis Orçamentárias, a maioria absoluta.
Você quer parar de pagar aluguel, não tem dinheiro para
Além da Constituição, a LRF foi um verdadeiro marco na
aquisição de um imóvel, e vai, ao banco para fazer um emprés-
timo. Quando você recebe um valor por ter conseguido um busca pelo equilíbrio real, tendo, em diversos dispositivos, in-
empréstimo, concomitantemente ao valor depositado em sua strumentos que versam sobre o equilíbrio orçamentário real.
conta ocorrerá, em seu patrimônio, o surgimento da obrigação Para tanto, estabeleceu a LDO como instrumento nessa busca,
de pagar esse empréstimo, e essa obrigação ainda será acres- ao determinar que ela disporá sobre o equilíbrio entre receita
cida de juros. A entrada do valor do empréstimo na sua conta e despesa (Art. 4º, inciso I, alínea “a’).
representará uma receita de capital. Outro dispositivo importante na busca pelo equilíbrio real está
Com o valor depositado em sua conta, você adquirirá no Art. 9º, em que a LRF determina que se verificado, ao final de
o imóvel. Tal operação provocará concomitantemente dois um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar
efeitos em seu patrimônio: fará surgir um bem duradouro e o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal es-
reduzirá o saldo de sua conta com a saída do valor. A aquisição tabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério
do imóvel representou, então, uma despesa de capital e você Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários,
agora tem um empréstimo para pagar acrescido de juros, mas, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimen-
em compensação, tem um imóvel que vai lhe trazer benefícios. tação financeira, segundo os critérios fixados pela Lei de Diretrizes
Dessa maneira, do ponto de vista patrimonial, qual a mel- orçamentárias.
hor receita e qual a melhor despesa? Art. 9º. Se verificado, ao final de um bimestre, que a
A melhor receita é a corrente, pois quando se recebe, não realização da receita poderá não comportar o cumpri-
desaparece nenhum bem ou direito e nem surge nenhuma mento das metas de resultado primário ou nominal
obrigação.
estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e
A melhor despesa é a de capital, pois faz surgir um o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos
patrimônio duradouro, com a aquisição do imóvel, ou a ex- montantes necessários, nos trinta dias subsequentes,
pansão de um já existente, como em uma ampliação, por
limitação de empenho e movimentação financeira, se-
exemplo, ou ainda faz desaparecer uma obrigação.
gundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orça-
Considere a hipótese de se fazer um empréstimo para pa-
mentárias.
gar uma despesa corrente, aluguel, por exemplo. No mês se-
guinte, haverá outro aluguel para pagar e o empréstimo feito No § 3º do mesmo artigo, houve uma tentativa por parte
no mês anterior acrescido de juros, além do mais, não haverá da LRF de estabelecer condições para o Executivo garantir essa
nenhum bem durável relacionado a essas operações. limitação de empenho em caso de omissão dos outros Poderes
É exatamente isso que a regra de ouro quer evitar, que o e do Ministério Público.
Estado financie despesas correntes com operações de crédito. § 3º - No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o
Dessa forma, é aceitável que o Estado se endivide para Ministério Público não promoverem a limitação no prazo
realizar uma despesa de capital, pois será um sacrifício que estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a
valerá a pena, por exemplo, a construção de uma escola, a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados
aquisição de automóveis, equipamentos, etc. pela lei de diretrizes orçamentárias.
Porém, o Egrégio STF suspendeu a eficácia do § 3º do alu- II. A realização de despesas ou a assunção de
dido Art. 9º da LC 101/2000 (Medida Cautelar na Adin 2.238-5, obrigações diretas que excedam os créditos
decisão de 22.2.2001), por entender que o comando represen- orçamentários ou adicionais (princípio equilíbrio
ta interferência indevida do Executivo nos outros Poderes. orçamentário);
Com efeito, o Poder Executivo pode apenas sinalizar aos VI. A transposição, o remanejamento ou a transferên-
demais Poderes a necessidade de limitação, cabendo a esses cia de recursos de uma categoria de programação
adotar as medidas cabíveis para restrição dos valores corre- para outra ou de um órgão para outro, sem prévia
spondentes na sua execução orçamentária. autorização legislativa (princípio da legalidade);
A LRF também tentou regulamentar o inciso III, do Art. 167 A Constituição Federal também impõe regra pautada
da Constituição (regra de ouro), e no § 2º do Art. 12 previu. nesse princípio, ao estabelecer que é vedada a concessão
§ 2º. O montante previsto para as receitas de operações ou utilização de créditos ilimitados (Art. 167, inciso VII).
de crédito não poderá ser superior ao das despesas Os recursos (dotação orçamentária) sem destinação espe-
de capital constantes do projeto de lei orçamentária. cífica, excepcionados pela CF, serão utilizados para abertura de
(Vide ADIN 2.238-5) créditos adicionais, destinados à realização de determinados
Porém, tal dispositivo também está com eficácia suspensa gastos.
pelo STF, em virtude da ADIN 2.238-5. A suspensão da aplicab- Exceções ao Princípio da Especificação
ilidade dessa regra se deu com o fundamento de que essa nor-
ma, ao repetir a regra constitucional, foi mais restritiva do que A reserva de contingência, está prevista no Art. 91, do
a CF, já que Carta Magna prevê que “ressalvadas as autorizadas Decreto-Lei nº 200/67 e no Art. 5º, inciso III da LRF. Tal
mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade dotação é global e será determinada segundo um percen-
precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absolu- tual da Receita Corrente Líquida estabelecida pela LDO,
ta”, as operações de crédito poderão ultrapassar o montante além de determinar sua forma de utilização.
das despesas de capital. A LRF não previu essa exceção, sendo, Art. 5º. O projeto de lei orçamentária anual, elaborado
assim, mais restritiva. de forma compatível com o plano plurianual, com a lei
Entretanto, a aplicabilidade da regra de ouro ainda é de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei
obrigatória, haja vista que essa regra encontra-se também in- Complementar:
serida na Constituição Federal. I. Conterá reserva de contingência, cuja forma de
utilização e montante, definido com base na receita
Princípio da Especificação, corrente líquida, serão estabelecidos na lei de dire-
Especificidade ou Especialização trizes orçamentárias, destinada ao:
a) (VETADO)
(Discriminação da Despesa) b) Atendimento de passivos contingentes e out-
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Esse princípio impõe a classificação e designação dos itens ros riscos e eventos fiscais imprevistos.
que devem constar na LOA. Tal princípio é infraconstitucional Dotações para programas especiais de trabalho, estabele-
e está previsto na Lei 4.320/64, nos Arts. 5º, 20 caput e § 1º cido no Art. 20 da Lei nº 4.320/64.
do Art. 15.
Art. 20. ...
Art. 5º. A Lei de Orçamento não consignará dotações
globais destinadas a atender indiferentemente a des- Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho
pesas de pessoal, material, serviços de terceiros, trans- que, por sua natureza, não possam cumprir-se subor-
ferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no dinadamente às normas gerais de execução da despe-
artigo 20 e seu parágrafo único. sa poderão ser custeadas por dotações globais, classi-
Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da des- ficadas entre as Despesas de Capital.
pesa, far-se-á no mínimo por elementos. O princípio da especialização abrange tanto os aspectos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
§ 1º. Entende-se por elementos o desdobramento da qualitativos quanto os quantitativos dos créditos orçamentári-
despesa com pessoal, material, serviços, obras e out- os, vedando, assim, a concessão de créditos ilimitados.
ros meios de que se serve a administração pública para Outros Dispositivos que Corroboram esse Princípio
consecução dos seus fins.
O Art. 23 da Lei nº 4.320/64 determina que o Poder Ex-
Art. 20. Os investimentos serão discriminados na Lei ecutivo deverá estabelecer um quadro de detalhamento das
de Orçamento segundo os projetos de obras e de out- receitas e das despesas de capital.
ras aplicações.
O Art. 8º da LRF estabelece que até trinta dias após a pub-
Esse princípio opõe-se à inclusão de valores globais de for- licação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a Lei de
ma genérica, ilimitados e sem discriminação e ainda ao início Diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea “c” do
de programas ou projetos não incluídos na LOA ou créditos inciso I do Art. 4º, o Poder Executivo estabelecerá a programação
adicionais, mandamentos contidos no Art. 167, incisos I, II e VI. financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.
Art. 167. Da Constituição, são vedados: Esse instrumento se insere dentro da sistemática de pro-
I. O início de programas ou projetos não incluídos gramação e controle de recursos orçamentários e financeiros,
na lei orçamentária anual (princípio da Legalidade como instrumento de controle de tesouraria ou caixa, em que 571
e da programação); serão previstas as receitas e os pagamentos das obrigações.
Princípio da Programação Isso não quer dizer que o orçamento não seja elaborado de
572 forma técnica, ao contrário, nem é possível fazer orçamento se não
ou Planejamento for assim. Dessa forma, tal princípio deve ser entendido como uma
Com o surgimento do Plano Plurianual na Constituição suavização do processo técnico, tornando-o inteligível ao cidadão.
Federal de 1988 e ainda com a Lei de Responsabilidade Fis-
cal, ganhou força o Princípio da Programação. A programação Princípio da Continuidade
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
determina que todos os projetos de gastos devem estar pro- dos Serviços Públicos
gramados na LOA ou em leis de créditos adicionais, ou seja, A observância a esse princípio pela administração pública
para que haja um gasto, é necessária a definição de um obje- visa a não prejudicar o atendimento à população, uma vez que
tivo a ser alcançado. os serviços públicos são essenciais ao exercício da cidadania e não
No que diz respeito ao orçamento público, programar sig- podem ser interrompidos.
nifica planejar, que consiste na formulação de objetivos e es- Em atendimento ao Princípio da Continuidade dos serviços
tudos das possibilidades para ações futuras, que tenham por públicos, a Constituição e a Lei 4.320/64 disciplinaram as
fim alcançar os resultados esperados da atividade governa- ações em caso de situações que possam comprometer o ciclo
mental. Diante das várias possibilidades que possam surgir, é orçamentário.
necessária, então, a redução dessas alternativas e, finalmente, Primeiramente, com o intuito de evitar que os outros po-
decidir o curso da ação adotada. deres atrasem a elaboração da LOA, cuja responsabilidade é
Enfatizando esse princípio, existe previsão na LRF que a do Chefe do Poder Executivo, o Art. 98 da Constituição deter-
responsabilidade na gestão fiscal pressupõe ação planejada e minou que a LDO estabelecerá prazos para encaminhamento
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transparente e, ainda há previsão de que até trinta dias após das propostas orçamentárias parciais por parte daqueles que
a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a têm autonomia administrativa e financeira. Isso para que não
LDO, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira haja atrasos na elaboração da LOA e consequente prejuízo à
e o cronograma de execução mensal de desembolso (Art, 1º, § execução orçamentária do exercício financeiro subsequente
1º e Art. 8º da LRF). que poderia provocar descontinuidade dos serviços públicos.
Ação planejada significa administrar a coisa pública base- Tal dispositivo contido na Constituição prevê que, em caso
ada em planos previamente traçados e sujeitos à apreciação e de atraso no encaminhamento das propostas parciais, por par-
aprovação da instância legislativa, garantindo-lhes a necessária te dos Poderes Legislativo e Judiciário, além do MPU, o Poder
legitimidade, característica do nosso regime democrático de Executivo considerará, para fins de consolidação, a proposta
governo. vigente como se nova fosse, atualizando-a, com base nos lim-
O princípio do planejamento na LRF está originariamente ites estabelecidos na LDO.
traçado no § 1º do Art. 1º, ao estabelecer que: CF, Art. 98, § 3º. Se os órgãos referidos no § 2º não
A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação encaminharem as respectivas propostas orçamentárias
planejada e transparente, em que se previnem riscos e dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orça-
corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas mentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de
públicas, mediante o cumprimento de metas de resulta- consolidação da proposta orçamentária anual, os va-
dos entre receitas e despesas e a obediência a limites e lores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados
a condições no que tange à renúncia de receita; geração de acordo com os limites estipulados na forma do § 1º
de despesas com pessoal, da seguridade social e outras; deste artigo.
dívidas consolidada e mobiliária; operações de crédito, in- Em segundo lugar, se houver omissão por parte do Chefe
clusive por antecipação de receita, concessão de garantia do Poder Executivo no encaminhamento da LOA ao Poder
e inscrição em Restos a Pagar. Legislativo, estará caracterizado crime de responsabilidade,
Basicamente, os instrumentos de planejamento para o segundo o inciso VI, do Art. 85, da Constituição federal, restan-
gasto público preconizados pela LRF são os mesmos previstos do ao Parlamento, segundo Art. 32, da Lei 4.320/64, consider-
na Constituição Federal: ar como proposta orçamentária a LOA vigente, fazendo as al-
▷ O Plano Plurianual - PPA, a Lei de Diretrizes Orça- terações pertinentes, dispondo sobre seu texto e aprovando-a
mentárias - LDO e a Lei Orçamentária Anual - LOA. como uma nova LOA.
Exemplos de observância a esse princípio pela LRF é a adoção Constituição Federal
de mecanismos capazes de neutralizar o impacto de situações Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do
contingentes. Tais eventualidades serão atendidas com a dotação Presidente da República que atentem contra a Consti-
orçamentária denominada Reserva de Contingência. tuição Federal e, especialmente, contra.
VI. A lei orçamentária;
Princípio da Clareza ou Inteligibilidade
É um princípio doutrinário e determina que o orçamento Lei 4.320/64
deve ser expresso de forma clara, ordenada e completa. O Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no
seu entendimento, sempre que possível, deve ser acessível prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas
à sociedade e não só aos técnicos que o elaboram. Está rel- dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como
acionado ao princípio da publicidade. proposta a Lei de Orçamento vigente.
Por fim, em caso de atrasos na aprovação e conse- Lei 4.320./64
quente devolução da LOA ao Poder Executivo, as LDOs têm Art. 56. O recolhimento de todas as receitas
regulamentado as situações em que o exercício financeiro é far-se-á em estrita observância ao princípio de uni-
encerrado sem que a LOA esteja aprovada. dade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação
Outro instrumento que pode ser utilizado, desde que tam- para criação de caixas especiais.
bém haja previsão na LDO, é o duodécimo, que consiste na di- Constituição Federal
visão em 12 partes dos recursos previstos a determinado órgão Art. 165. (...)
e utilizados mês a mês. § 3º - As disponibilidades de caixa da União serão de-
Princípio do Estorno de Verbas positadas no Banco Central; as dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do
(Proibição do Estorno de Verbas) Poder Público e das empresas por ele controladas, em
Visando a proteger o interesse público, esse princípio pres- instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos
tigia a função parlamentar no ciclo orçamentário, ao determi- previstos em lei.
nar que não poderá haver transposição, remanejamento ou A obediência a tal princípio facilita o controle dos recursos,
transferência de recursos de uma categoria de programação tornando possível o gerenciamento das receitas recolhidas à
para outra, sem prévia autorização legislativa. conta Única do Tesouro Nacional. No caso da União, tal con-
ta é mantida no Banco Central e operacionalizada pelo Banco
Tal princípio está contido na Constituição nos seguintes
do Brasil. Suas movimentações, por parte das unidades orça-
dispositivos: mentárias, são registradas e controladas pelo Sistema Integrado
Art. 167. São vedados (...) de Administração Financeira (SIAFI).
VI. A transposição, o remanejamento ou a trans- Tal princípio não é absoluto, existindo exceções à sua ob-
ferência de recursos de uma categoria de pro- servância como:
gramação para outra ou de um órgão para outro,
▷ Empresas estatais independentes.
sem prévia autorização legislativa;
VIII. A utilização, sem autorização legislativa espe-
▷ Unidades gestoras off-line.
cífica, de recursos dos orçamentos fiscal e da se- ▷ Contas em moeda estrangeira.
guridade social para suprir necessidade ou cobrir
déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive ANOTAÇÕES
dos mencionados no Art. 165, § 5º.
Princípio da Precedência
Esse princípio determina que, em matéria orçamentária, o
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exercício de elaboração dos instrumentos orçamentários deve
preceder o da execução.
De acordo com esse princípio está o § 2º, do Art. 35 do
ADCT da Constituição Federal. Nele se encontram os prazos
para a elaboração das leis Orçamentárias e em suas previsões
as determinações são no sentido de sempre a elaboração pre-
ceder o exercício de execução.
No Brasil, não raro, esse princípio é desrespeitado, pois
os entes federativos em todas as esferas acabam por se at-
rasar na aprovação da Lei Orçamentária Anual, o que preju-
dica também a execução orçamentária.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
recursos financeiros, agilizando os processos de transferência zenda, devendo o seu produto ser obrigatoriamente
e descentralização de recursos e os pagamentos a terceiros. recolhido à conta do Tesouro Nacional no Banco do
Tal conta é mantida no Banco Central e operacionalizada Brasil S.A. (Decreto-lei nº 1.755/79, art. 1º).
pelo Banco do Brasil, no qual são recebidas todas as disponib- Com a Constituição de 1988, todas as disponibilidades do
ilidades financeiras da União, inclusive fundos de suas au- Tesouro Nacional, existentes nos diversos agentes financeiros,
tarquias e fundações, além de empresas estatais dependentes. foram transferidas para o Banco Central do Brasil, em Conta
Os recursos do tesouro são, então, geridos de forma central- Única centralizada, exercendo o Banco do Brasil a função de
izada pelo Poder Executivo, que detém a responsabilidade e o agente financeiro do Tesouro.
controle sobre as disponibilidades financeiras.
Art. 164 - A competência da União para emitir moeda
Tais vantagens são possíveis graças ao acesso on-line ao será exercida exclusivamente pelo banco central.
sistema por intermédio do SIAFI, que permite a descentral-
ização da execução orçamentária, mantendo o controle cen- § 3º - As disponibilidades de caixa da União serão de-
tralizado, sem tornar o processo rígido. positadas no Banco Central; as dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do
É o Mecanismo destinado à centralização dos recursos
Poder Público e das empresas por ele controladas, em
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§ 2º A comprovação de utilização das receitas vincula-
das do Tesouro Nacional, nas finalidades para as quais
foram instituídas, será demonstrada mediante relatório
anual da execução da despesa orçamentária.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica às trans-
ferências constitucionais a que se refere o art. 159 da
Constituição.
Art. 4º O disposto nesta Medida Provisória não se apli-
ca aos recursos:
I. Do Banco Central do Brasil;
XXVII. De que trata o § 2º do art. 192 da Constituição.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
bens e serviços públicos (despesas). Em função da escassez em sentido estrito os “recursos recebidos sem reservas ou re-
de recursos, o Estado geralmente não consegue obter receitas duções no Ativo e que não serão devolvidos”
próprias (fonte primária) em montante suficiente para realizar Receita pública, em sentido estrito, será somente a entrada
tudo aquilo que pretende e, em função disso, recorre ao crédi- de recursos financeiros nos cofres públicos de forma definiti-
to público (fonte secundária), que consiste em obter receitas va. Incluem-se, nesse conceito, as receitas oriundas de oper-
junto a terceiros sob o compromisso de honrá-las a posteriori. ações de crédito, com exceção das antecipações de receitas,
e alienação de Ativos. Em outras palavras, é o ingresso de
Conceito de Receita Pública dinheiro nos cofres públicos, efetivado de modo permanente,
A depender do ponto de vista, a receita pública pode ser não devolutivo. Esse conceito se confunde com o conceito de
vista sob dois aspectos: receita orçamentária, dado pela Lei 4.320, em seu Art. 3º, que
ї Receita em sentido amplo exclui somente aquelas receitas com caráter devolutivo, ditas
Em sentido amplo, receita pública é qualquer recurso fi- extraorçamentárias, chamadas por ela de entradas compen-
nanceiro que entre nos cofres públicos, independente de satórias, como calções e consignações.
qualquer condição. Art. 3º. A Lei de Orçamentos compreenderá todas as
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Nesse diapasão, receita pública, em sentido amplo, repre- receitas, inclusive as de operações de crédito autoriza-
senta o somatório de todos os recursos arrecadados, ou seja, das em lei.
todos os fluxos financeiros, abrangendo o campo das receitas Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste
correntes e de capital, bem como receitas orçamentárias e ex- artigo as operações de credito por antecipação da re-
traorçamentárias. É qualquer entrada de numerários na Conta ceita, as emissões de papel-moeda e outras entradas
Única do Tesouro Nacional (CUTN). compensatórias, no ativo e passivo financeiros. (Veto
Segundo o Manual Técnico de Orçamento de 2012, em rejeitado no D.O. 05/05/1964)
sentido amplo, receitas públicas são ingressos de recursos fi- Segundo o Manual Técnico de Orçamento de 2012, em sen-
nanceiros nos cofres do Estado, que se desdobram em receit- tido estrito, são públicas apenas as receitas orçamentárias.
as orçamentárias, quando representam disponibilidades de O Manual de Procedimentos das Receitas Públicas do
recursos financeiros para o erário, e em ingressos extraorça- Ministério da Fazenda (2006) também conceitua receita públi-
mentários, quando representam apenas entradas compen- ca:
satórias. “Receita Pública é uma derivação do conceito contábil de
ї Receita em sentido estrito Receita agregando outros conceitos utilizados pela adminis-
Não existe consenso com relação ao conceito de receita tração pública em virtude de suas peculiaridades.
pública em sentido estrito, isso pelo fato de existir divergência No entanto, essas peculiaridades não interferem nos re-
em incluir dentre essas receitas aquelas provenientes de op- sultados contábeis regulamentados pelo Conselho Federal de
erações de crédito e alienação de bens. Assim, teríamos duas Contabilidade – CFC, por meio dos Princípios Fundamentais,
composições para receitas em sentido estrito: até porque a macro missão da Contabilidade é atender a todos
Receita pública em sentido estrito será somente a entrada os usuários da informação contábil, harmonizando conceitos,
de recursos financeiros nos cofres públicos de forma definitiva princípios, normas e procedimentos às particularidades de
e que não gere impacto no patrimônio com a baixa de um bem cada entidade”.
ou direito ou assunção de uma obrigação. Em outras palavras, “Receitas Públicas são todos os ingressos de caráter não
é o ingresso de dinheiro nos cofres públicos efetivado de modo devolutivo auferidas pelo poder público, em qualquer esfera
permanente, não devolutivo, sem registro de obrigações ou governamental, para alocação e cobertura das despesas públi-
baixa de bens e direitos. cas. Dessa forma, todo o ingresso orçamentário constitui uma
Dessa forma, excluem-se desse conceito aquelas receitas receita pública, pois tem como finalidade atender às despesas
com caráter devolutivo, ditas extraorçamentárias, e as origi- públicas”.
nadas de operações de crédito e alienação de bens. Com essa Pode-se observar que esse manual também adotou o con-
visão conceitual, os ingressos provenientes de caução, fiança, ceito legal para definir receita pública, excluindo somente as
empréstimo e alienação de bens não seriam considerados entradas de recursos de caráter devolutivo, incluindo ainda
como receita pública em sentido estrito, uma vez que repre- como elemento definidor a finalidade para a qual será empre-
sentam apenas movimentação de fundos, já que não alteram a gado o recurso arrecadado, qual seja, “atender às despesas
situação do patrimônio líquido do ente público. Esse é o mais públicas”.
restritivo dos conceitos. ї Ingressos extraorçamentários
Aliomar Baleeiro, por exemplo, exclui as receitas provenien- Ingressos extraorçamentários, são todos os ingressos com
tes de operações de crédito ao entender receita pública como caráter devolutivo, que não se destinam à cobertura das des-
“a entrada que, integrando-se ao patrimônio público sem quais- pesas públicas, como cauções, consignações etc. É interes-
sante citar que para alguns doutrinadores, para a STN e para custear a produção de seus serviços e executar as
a SOF, as receitas extraorçamentárias nem são consideradas tarefas políticas dominantes em cada comunidade.
Receitas Públicas. Em sentido restrito, receitas são as entradas que se
Segundo a SOF, ingressos extraorçamentários são recur- incorporam ao patrimônio como elemento novo e
sos financeiros de caráter temporário e não integram a LOA positivo; em sentido lato, são todas as quantias re-
ou créditos adicionais. O Estado é mero depositário desses re- cebidas pelos cofres públicos, denominando-se en-
cursos, que constituem Passivos exigíveis e cujas restituições tradas ou ingressos. Nem todo ingresso constitui re-
não se sujeitam à autorização legislativa. Exemplos: Depósitos ceita pública; o produto de uma operação de crédito,
em Caução, Fianças, Operações de Crédito por ARO, emissão por exemplo, é um ingresso, mas não é receita nessa
de moeda. concepção porque, em contraposição à entrada de
ї Receitas orçamentárias recursos financeiros, cria uma obrigação no passivo
O conceito de receita orçamentária se confunde com con- da entidade pública.
ceito de Receita Pública estabelecido no Manual de Procedi- ▷ No sentido de regime contábil de caixa, são receitas
mentos da Receita Pública, que, por sua vez, se confunde com públicas todas e quaisquer entradas de fundos nos
o conceito de receita pública em sentido estrito menos restriti- cofres do Estado, independentemente de sua ori-
vo visto acima, sendo todos os ingressos de caráter não devo- gem ou fim.
lutivo auferidos pelo poder público, em qualquer esfera gov- ▷ No sentido financeiro ou próprio, são receitas públi-
ernamental, para alocação e cobertura das despesas públicas. cas apenas as entradas de fundos nos cofres do
Para a SOF, receitas orçamentárias são disponibilidades de Estado que representem um aumento do seu pat-
recursos financeiros que ingressam durante o exercício e con- rimônio. Outra maneira de definir a receita pública
stituem elemento novo para o patrimônio público. Instrumento é considerar que, para que exista uma receita públi-
por meio do qual se viabiliza a execução das políticas públicas, ca, é necessário que a soma de dinheiro arrecadada
a receita orçamentária é fonte de recursos utilizada pelo Estado seja efetivamente disponível, isto é, que possa, em
em programas e ações, cuja finalidade precípua é atender às ne- qualquer momento, ser objeto, dentro das regras
cessidades públicas e às demandas da sociedade. políticas e jurídicas de gestão financeira, de uma
Essas receitas pertencem ao Estado, integram o patrimô- alocação e cobertura de despesas públicas.
nio do Poder Público, aumentam-lhe o saldo financeiro e, via
▷ De acordo com o Regulamento Geral de Contab-
de regra, por força do princípio da universalidade, estão pre-
ilidade Pública, a receita pública engloba todos os
vistas na LOA.
créditos de qualquer natureza que o Governo tem
Nesse contexto, embora haja obrigatoriedade de a LOA direito de arrecadar, em virtude de leis gerais e es-
registrar a previsão de arrecadação das receitas, a mera ausên- peciais de contrato e de quaisquer títulos de que
cia formal desse registro não lhes retira o caráter orçamentário,
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derivem direitos a favor do Estado.
haja vista o Art. 57, da Lei nº 4.320, de 1964, classificar como
receita orçamentária toda receita arrecadada que represente Estágios da Receita Pública
ingresso financeiro orçamentário, inclusive a proveniente de
operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento. Orçamentária
A obtenção de receita orçamentária por parte do Estado
Ingressos é um processo complexo que pode ser dividido. Segundo o
Extraorçamentários
Manual Técnico de Orçamento de 2017, essas etapas seguem a
Ingressos de Valores ordem de ocorrência dos fenômenos econômicos, levando-se
nos
em consideração o modelo de orçamento existente no país e a
Cofres Públicos Receitas tecnologia utilizada.
Orçamentárias
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
parâmetro, isso em função de não viger no Brasil o Princípio da (arrecadação total dos últimos doze meses divi-
Anterioridade Orçamentária. dido por doze).
Porém, mesmo entendendo que é da natureza da previsão ▷ A média trimestral de arrecadação ao longo de cada
existirem desconformidades, essa previsão deve ser feita com trimestre do ano anterior.
total responsabilidade, utilizando-se de métodos eficientes e ▷ A média de arrecadação dos últimos meses do exercício.
eficazes de projeção e observando as disposições constantes A Lei cita um número mínimo de exercícios anteriores, que
na Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, afinal, a previsão ser- devem ter seus valores inseridos nessa série histórica para o
virá de parâmetro para a fixação da despesa. cálculo do valor, que servirá como base dessa previsão. Porém,
É importante ressaltar que nem toda receita pública é nada impede que sejam utilizados os valores de mais exer-
prevista, como a receita advinda de um tributo criado após a cícios, desde que essa inserção efetivamente contribua para
elaboração da LOA, ou ainda, uma doação em dinheiro. Porém, que a previsão se aproxime o máximo possível do que efetiva-
mesmo não constando da LOA, tais receitas são consideradas mente será arrecadado.
orçamentárias. “...bem como as circunstâncias de ordem conjuntural e
outras, que possam afetar a produtividade de cada fonte de
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tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação lançamento da receita, não ocorrerá o seu lançamento con-
correspondente, a determinar a matéria tributável, a calcular tábil, este só ocorrerá no estágio da arrecadação. Diferente do
o montante do tributo devido, a identificar o sujeito Passivo e, lançamento enquanto estágio da receita, o lançamento con-
sendo caso, a propor a aplicação da penalidade cabível. tábil sempre ocorrerá com todas as receitas.
ї Arrecadação
É um estágio meramente administrativo e ocorrerá prin-
É o estágio em que as pessoas físicas ou jurídicas entre-
cipalmente em relação às receitas tributárias, ou seja, àquelas gam os recursos financeiros aos agentes arrecadadores, como
relativas à arrecadação de tributos. bancos, lotéricas etc.
É exatamente isso que diz a Lei 4.320/64, em seu Art. 53, Nesse momento, os valores ainda não foram disponibi-
referindo-se, especificamente, ao lançamento do crédito fiscal. lizados para o ente público, pois estão em posse do agente
Art. 53. O lançamento da receita, o ato da repartição arrecadador, porém, é nesse momento que se deve processar
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
competente, que verifica a procedência do crédito fiscal o lançamento contábil dessa receita.
e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta. ї Recolhimento
Porém, a Lei só se refere a um tipo de lançamento, o lança- É o estágio da receita em que o agente arrecadador trans-
mento direto ou de ofício, existindo ainda outros dois. Para fere os recursos arrecadados para a conta única do tesouro, no
que se possa verificar essa diferenciação, basta entender que caso da União à CUTN. Podemos concluir que a diferença entre
o lançamento é um estágio de levantamento de informações, esse estágio com o da arrecadação é a posse do recurso que,
e a forma como essa informação é obtida é determinada pelas após o recolhimento, será efetivamente do ente público.
características do tipo de receita que, por sua vez, determina o Tal procedimento é de observância obrigatória em função
tipo de lançamento: do que prevê o § 3º do Art. 165, da Constituição Federal e o
ї Lançamento de Ofício ou Direto Art. 56 da Lei 4.320/64, que determinam a observância ao
É o chamado lançamento fiscal, tipo previsto na Lei 4.320 princípio da unidade de caixa.
descrito acima. Nesse tipo de lançamento, a iniciativa compete Lei 4.320/64
ao Fisco, que tomará todas as medidas cabíveis para fazer com Art. 56 - O recolhimento de todas as receitas far-se-á
que o contribuinte faça o pagamento devido, como a identifi- em estrita observância ao princípio de unidade de te-
cação do sujeito passivo da relação tributária, a verificação do souraria, vedada qualquer fragmentação para criação 579
fato gerador, a apuração do valor etc. de caixas especiais.
Constituição Federal Classificação da Receita
580 Art. 165. (...)
A classificação da receita busca apresentar aspectos que
§ 3º - As disponibilidades de caixa da União serão de-
possam melhor demonstrar as características dos recursos ar-
positadas no Banco Central; as dos Estados, do Distrito
recadados, com o fim de expor detalhes que venham a auxiliar,
Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do
Poder Público e das empresas por ele controladas, em com informações, todos aqueles interessados no processo de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos obtenção de receita e sua posterior aplicação na forma de des-
previstos em lei. pesa pública.
Para tanto, escolhem-se como parâmetro os critérios que
Dependendo da sistematização dos processos dos es-
sejam mais relevantes, ou seja, aqueles que exponham as
tágios da arrecadação e do recolhimento, no momento da
características que efetivamente contribuam para o gerenci-
classificação da receita, deverão ser compatibilizadas as ar- amento e controle adequados desse processo.
recadações classificadas com o recolhimento efetivado. A depender do critério sub escolhido, pode-se definir a
ї As Etapas da Receita Pública, Segundo o Manual de receita:
Contabilidade Aplicada ao Setor Publico ї Quanto à Competência do:
Publicado por intermédio da Portaria Conjunta STN/SOF ▷ Ente da federação - Valdecir Pascoal (Direito Finan-
nº 3, de 2008, esse manual dividiu o processo de obtenção de ceiro e Controle Externo, 2010) diferencia receitas
receitas, por parte do Estado, de forma diferenciada em três públicas quanto à competência em:
fases: planejamento, execução e controle e avaliação.
» Federal: Receitas pertencentes ao Governo Fed-
É importante não confundir as etapas previstas no Man- eral.
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depositário desses recursos, que se constituem em Passivos Como desdobramento dessa relação jurídica, podem ocor-
exigíveis e cujas restituições não se sujeitam à autorização leg- rer duas situações distintas em relação ao destino desse re-
islativa. Exemplos: Depósitos em Caução, Fianças, Operações curso:
de Crédito por ARO, emissão de moeda e outras entradas com- 01. Devolução do recurso aos licitantes em função de não
pensatórias no Ativo e no Passivo financeiros. Dessa forma, os ter havido nenhum problema no processo licitatório ou
no cumprimento do contrato. Nesse caso, essa saída de
recursos orçamentários poderão ou não estar na LOA ou em
recursos terá natureza extraorçamentária.
Créditos Adicionais, mas os extraorçamentários nunca estarão. 02. Conversão do valor prestado como garantia em mul-
Com relação ao entendimento das Secretarias de Orça- ta em função de ter havido problema no processo
mento Federal e do Tesouro Nacional, SOF e STN, é importante licitatório ou no cumprimento do contrato. Essa con-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
frisar que, ao tratar da matéria por meio de manuais citados versão se configura uma receita orçamentária.
nessa obra, tais órgãos não consideram a entrada de recursos • Operações de Crédito por Antecipação de Receita
extraorçamentários, como receitas, nomeando-os de ingressos Orçamentária (ARO)
extraorçamentários. Assim, temos ingressos públicos como É a entrada de recursos referente à antecipação de re-
gênero (receita pública em sentido amplo), cujas espécies são ceita orçamentária. Essa antecipação deve ter uma finalidade
especificada, a destinação para a cobertura momentânea de
os ingressos extraorçamentários e receitas orçamentárias, esta
insuficiência de caixa, seja, débitos de tesouraria. Nesse caso,
última tratada como sinônimo de receita pública, como na fig- o ente federativo, normalmente Município, antecipa, junto à
ura abaixo. instituições financeiras, parte de suas receitas orçamentárias
Ingressos previstas para serem arrecadas naquele exercício financeiro.
Extraorçamentários Embora possa haver autorização para abertura desse tipo
Ingressos de Valores de crédito na LOA, essa entrada de recurso será sempre uma
nos receita extraorçamentária, isso porque não passa de uma mera
Cofres Públicos Receitas Orça- antecipação de recursos que já são orçamentários, assim, se
mentárias (Receitas 581
Públicas) esse aporte também fosse considerado orçamentário, haveria
uma dupla contagem.
É importante citar que somente essa modalidade de oper- superávit do Orçamento Corrente (Redação dada pelo
582 ação de crédito se configura receita extraorçamentária, sendo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982) (grifo nosso).
as demais orçamentárias. Assim, tal previsão, combinada com a interpretação dada à
• Retenções em Folha de Pagamento. parte final do § 3º supracitado, “não constituirá item de receita
orçamentária”, leva alguns doutrinadores, como Deuswaldo
• Inscrição em Restos a Pagar. Carvalho, e algumas bancas, mais especificamente a ESAF
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Os restos a pagar decorrem do Princípio Contábil da Com- (2006 - prova de Analista de Controle Externo), a classificar
petência, pois o Art. 35, inciso II, da Lei nº 4.320/64, estabelece esse saldo como uma receita de capital extraorçamentária, af-
que pertencem ao exercício financeiro “as despesas nele legal- inal, já que não se constitui item da receita orçamentária, só
mente empenhadas”. pode se constituir item da receita extraorçamentária.
A execução da despesa percorre, basicamente, três fases: Porém, como dito, tal entendimento não é unânime, para
empenho, liquidação e pagamento. Assim, em certos casos, alguns doutrinadores, o fato de não ser orçamentária não tor-
as despesas legalmente empenhadas em um exercício e não na o SOC extraorçamentário, para parte da doutrina, o SOC
pagas deverão, em determinadas situações, ser inscritas em não se classifica nem como receita orçamentária nem como
restos a pagar. Esses restos a pagar serão incluídos entre as receita extraorçamentária, sendo um mero saldo orçamentário
despesas orçamentárias e, de forma compensatória, deve-se positivo que será utilizado para financiar despesas de capital.
registrar o mesmo valor como receita extraorçamentária no Outra razão apontada é a inexistência de uma classificação
balanço financeiro. É uma operação meramente contábil, não que comporte uma receita de capital extraorçamentária, afinal,
havendo entrada efetiva de recursos. Tal procedimento é de- segundo entendimento sobre dispositivos da Lei 4.320/64, as
terminado pelo Art. 103, Parágrafo único, da Lei 4.320/64. receitas de capital são sempre orçamentárias.
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Art. 103. O Balanço Financeiro demonstrará a receita Assim, deve-se ficar atento à questão de concursos, pois,
e a despesa orçamentárias bem como os recebimen- se a mesma afirmar que o SOC não é receita orçamentária, não
tos e os pagamentos de natureza extraorçamentária, há dúvida, questão correta, afinal, está previsto na Lei e esse
conjugados com os saldos em espécie provenientes do tem sido o posicionamento do CESPE, por exemplo. Essa ban-
exercício anterior, e os que se transferem para o exer- ca não deixa claro se considera o SOC como receita extraorça-
cício seguinte. mentária, mas como orçamentária certamente não considera.
Parágrafo único. Os Restos a Pagar do exercício serão Por outro lado, se vier expresso que o SOC é uma receita
computados na receita extraorçamentária para com- extraorçamentária, deve-se ficar atento ao posicionamento da
pensar sua inclusão na despesa orçamentária. banca, pois para a ESAF, essa afirmação é correta.
• Superávit do Orçamento Corrente Ex.: (CESPE) No que concerne à receita e à despesa
É controversa a inclusão do superávit do orçamento pública, julgue os itens subsequentes.
corrente (SOC) entre as receitas extraorçamentárias, isso O superávit do orçamento corrente, definido como a dif-
em função da interpretação dada ao § 3º, do Art. 11 da Lei erença positiva entre receitas e despesas correntes, con-
4.320/64, abaixo transcrito. stitui item da receita orçamentária.
§ 3º. O superávit do Orçamento Corrente resultante Como dito anteriormente, a questão está errada por con-
do balanceamento dos totais das receitas e despesas trariar o texto legal, porém, isso não quer dizer que essa
correntes, apurado na demonstração a que se refere Banca aceita o SOC como receita extraorçamentária.
o Anexo nº 1, não constituirá item de receita orça-
mentária. Classificação das Receitas
Segundo tal mandamento, o SOC não poderá ser con- Orçamentárias do poder
siderado receita orçamentária, afinal, por ocasião de sua ar-
recadação, ele já foi assim considerado, e um novo reconheci- coercitivo do Estado
mento implicaria em dupla contagem.
Porém, para alguns doutrinadores, não ser orçamentária
Quanto à Coercitividade / Origem
não significa ser extraorçamentária. Para eles, esse superávit Essa classificação visa a identificar de onde derivou a re-
nada mais é que um saldo financeiro gerado pelo resultado ceita, se do esforço do próprio Estado ou se do esforço da so-
positivo do balanceamento entre receitas e despesas cor- ciedade que transfere seus recursos em função. Diante desse
rentes, ou seja, o resultado positivo do orçamento corrente. critério, podemos dividir as receitas públicas em dois grupos:
A questão está no § 2º do mesmo artigo que classifica esse Receita pública originária e Receita pública derivada.
mero saldo orçamentário como uma receita, isso para permitir • Receita Pública Originária, de Economia Privada ou
que tal saldo possa financiar, no orçamento de capital, as des- de Direito Privado
pesas de capital. São os recursos obtidos pelo Estado em função do desen-
§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da re- volvimento de atividades características de economia privada.
alização de recursos financeiros oriundos de constitu- Para obter tais recursos, o Estado explora seu patrimônio e
ição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e atua como empresário, seja no âmbito comercial, industrial ou
direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de de prestação de serviço, cobrando tarifas, preços públicos.
direito público ou privado, destinados a atender des- As receitas originárias também são denominadas de re-
pesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o ceitas de direito privado e podem ser assim divididas:
▷ Patrimoniais: São as receitas oriundas da exploração Do ponto de vista da receita, e é o que nos interessa por en-
do patrimônio estatal mobiliário e imobiliário, tais quanto, essa classificação visa, dentre outras coisas, a demon-
como aluguéis, dividendos, foros, laudêmios etc. strar as fontes de recursos que financiarão essas variáveis.
▷ Empresariais: São receitas oriundas de atividades O confronto entre receitas e despesas, conforme sua cat-
empresariais desenvolvidas pelo Estado, como re- egoria econômica, possibilita a elaboração dos orçamentos
ceitas agropecuárias, receitas comerciais, receitas correntes e de capital que, por sua vez, propiciam a análise
de serviço, dentre outras. econômica do resultado das transações do setor público, das
Cabe, aqui, ressaltar uma observação feita por Valdecir Pas- contas públicas. Assim, de regra:
coal, em sua obra Direito Financeiro e Controle Externo. O emi- • Receita Corrente
nente professor lembra que a doutrina divide o preço público em: São recursos destinados a financiar as despesas correntes.
▷ Preço quase-privado: são valores cobrados, tendo Segundo o site do Tesouro Nacional:
com base a concorrência do mercado e visando ao
lucro, quando o Estado se equipara a um particular. “Receitas Correntes – Receitas que apenas aumentam o
patrimônio não duradouro do Estado, isto é, que se esgotam
▷ Preço público: valores cobrados pelo Estado que vis-
dentro do período anual. São os casos, por exemplo, das re-
am ao custeamento total do serviço prestado.
ceitas dos impostos que, por se extinguirem no decurso da
▷ Preço político: valores cobrados abaixo do preço de execução orçamentária, têm, por isso, de ser elaboradas todos
custo, haja vista, precipuamente, o desenvolvimento os anos. Compreendem as receitas tributárias, patrimoniais,
de atividades sociais. industriais e outras de natureza semelhante, bem como as
• Receita Pública Derivada de Economia Pública ou provenientes de transferências correntes.”
de Direito Público (http://www.tesouro.fazenda.gov.br servicos/glossario/glossario_r.asp -
São receitas que derivam do patrimônio da sociedade. O acessado em 22/11/2011).
Governo obtém tais receitas exercendo seu poder de tributar • Receita de Capital
os rendimentos, atividades ou o patrimônio da população. São recursos destinados a financiar as despesas de capital.
Em outras palavras, são aquelas receitas obtidas pelo Es- Segundo o site do Tesouro Nacional, Receitas de Capital
tado, mediante seu poder coercitivo. Assim sendo, o Estado são aquelas que alteram o patrimônio duradouro do Estado,
exige que o particular entregue uma determinada quantia na por exemplo, aquelas provenientes da observância de um
forma de tributos ou de multas. período ou do produto de um empréstimo contraído pelo Es-
São exemplos de receitas derivadas as Receita Tributária, tado a longo prazo. Compreendem, assim, a constituição de
de Contribuições, Taxas, Multas etc. dívidas, a conversão em espécie de bens e direitos, reservas,
bem como as transferências de capital.
Quanto à Categoria Econômica Vale aqui uma observação interessante referente a um tipo
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(Econômico-Legal) muito especial de receita de capital, o Superávit do Orçamento
Legal e economicamente, as receitas orçamentárias são Corrente.
classificadas em dois grandes grupos ou categorias econômi- Apesar de ter se originado como uma receita corrente,
cas: Receitas Correntes e Receitas de Capital (Art. 11, da Lei nº como veremos em breve, esses recursos serão classificados
4.320/64). como receita de capital. Tal procedimento ocorre com o ob-
Como veremos em breve, essa classificação também ocorrerá jetivo de propiciar ao orçamento corrente a possibilidade de
com a despesa, também dividindo-a em corrente e de capital. financiar as despesas de capital.
São várias as diferenças entre receita corrente e receita de Dessa forma, havendo diferença positiva entre receitas e
capital, e as mais importantes estão relacionadas a: despesas correntes, esse valor a maior comporá o Orçamento
de Capital como Receita de Capital, o que reflete a preocu-
Destinação pação em não se financiar despesas correntes com receita de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Veremos em breve que a despesa também é classificada capital, pelo efeito negativo que tal prática provoca no pat-
conforme sua categoria econômica em corrente e de capital. rimônio público.
Essa classificação propicia evidenciar duas variáveis econômi- É como vender um automóvel ou fazer um empréstimo
cas diretamente relacionadas ao orçamento público; o con- para pagar o aluguel: chegado um novo mês, surge novamente
sumo, relacionado às despesas correntes, e o investimento em o aluguel a pagar; também, ou não existe mais o automóvel, se
sentido amplo, relacionado às despesas de capital. a opção foi vender um bem, ou existirá, além do novo aluguel,
Segundo esse entendimento, despesas correntes ocorrem mais uma obrigação a pagar, o empréstimo. Porém, vender
para mera manutenção dos serviços e do patrimônio público, um automóvel ou fazer um empréstimo para comprar outro
não provocando acréscimos no patrimônio duradouro do Esta- automóvel ou ainda comprar um apartamento para deixar de
do, como pagamento de salários, água, energia elétrica, juros pagar aluguel é totalmente aceitável e, melhor ainda, se for
de operações de crédito, consumo de combustível etc. possível pagar todas as despesas correntes com o salário e
Já as despesas de capital ocorrem para expansão e apri- ainda economizar para adquirir esse novo bem (superávit do
moramento dos serviços e do patrimônio público, provocando orçamento corrente).
acréscimos no patrimônio duradouro do Estado, como a con- Para limitar a prática de se financiar despesas correntes
strução ou ampliação de escolas, hospitais, estradas, paga- com receitas de capital, no ordenamento jurídico brasileiro, 583
mento da parte principal de uma operação de crédito etc. existem alguns dispositivos, como a regra de ouro, prevista
no inciso III, do Art. 137, da CF/88 e vista em tópico sobre o Por Fonte de Recursos (Classificação Econômi-
584 Princípio do Equilíbrio. Tal regra visa a limitar o financiamento ca da Receita Orçamentária por Fonte de Re-
de despesas correntes com operações de crédito. Mesmo ten- curso ou por Subcategoria Econômica)
do um impacto muito negativo no Patrimônio estatal, existem ї Receitas correntes
exceções à vedação de se financiar despesas correntes com
A classificação por fonte de recurso detalha as categorias
receitas de capital. Uma delas é a quebra da própria regra de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
to de despesas correntes, se a alienação do bem for destinada considera somente as três espécies tributárias constantes do
por Lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos Código Tributário Nacional, ou seja, impostos, taxas e con-
servidores públicos. tribuições de melhoria.
Art. 5º. Os tributos são impostos, taxas e contribuições
Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital
de melhoria.
derivada da alienação de bens e direitos que integram
ї Impostos
o patrimônio público para o financiamento de despe-
Conforme Art. 16, do Código Tributário Nacional, imposto
sa corrente, salvo se destinada por Lei aos regimes de
é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
previdência social, geral e próprio dos servidores pú- independente de qualquer atividade estatal específica, relati-
blicos. va ao contribuinte.
Quanto à Divisão Legal ї Taxas
Esse critério observa a Lei 4.320/64 que, em seu Art. 11, De acordo com o Art. 77, do Código Tributário Nacional,
expressamente divide as receitas em corrente e de capital, as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
isso porque não existe um critério que seja absoluto, sendo
atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do pod-
a previsão legal de certa receita em determinada categoria o er de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço
principal referencial. público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou pos-
Art. 11. A receita classificar-se-á nas seguintes cate- to à sua disposição.
gorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Segundo o Art. 78, do Código Tributário Nacional, consid-
Capital. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de era-se poder de polícia a atividade da administração pública
que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade,
20.5.1982)
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de in-
• Receitas Correntes teresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem,
Segundo o § 1º, do Art. 11, são Receitas Correntes as re- aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao ex-
ercício de atividades econômicas dependentes de concessão
ceitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, ou autorização do poder público, à tranquilidade pública ou
industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de ao respeito à propriedade e aos direitos individuais e coletivos.
recursos financeiros recebidos de outras pessoas de Direito Interpretando o texto legal, chega-se a conclusão que a
público ou privado, quando destinadas a atender despesas taxa, sob a ótica orçamentária, classifica-se em: Taxa de Fis-
classificáveis em despesas correntes. calização e Taxa de Serviço.
Segundo o Manual Técnico de Orçamento 2017, taxas são
• Receitas de Capital compulsórias (decorrem de Lei) e o que legitima o Estado a
De acordo com o § 2º, do Art. 11, da Lei nº 4.320/64, são cobrá-las é a prestação de serviços públicos específicos e di-
Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos visíveis ou o regular exercício do Poder de Polícia. A relação
financeiros, oriundos de constituição de dívidas; da conversão, decorre de Lei, sendo regida por normas de Direito público.
em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras Já o Preço Público, sinônimo de tarifa, decorre da utilização
pessoas de direito público ou privado, destinados a atender às de serviços facultativos que a Administração Pública, de forma
despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda. direta ou por delegação (concessão ou permissão), coloca à
disposição da população, que poderá escolher se os contrata ї Contribuição para o custeio de serviço de iluminação
ou não. São serviços prestados em decorrência de uma relação pública
contratual, regida pelo Direito privado. Contribuição criada em 2002 com a finalidade específica
ї Contribuições de Melhoria de custear o serviço de iluminação pública. A competência
para instituição é dos Municípios e do Distrito Federal.
De acordo com o Art. 81, a contribuição de melhoria co-
Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão
brada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
instituir contribuição, na forma das respectivas leis,
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é insti- para o custeio do serviço de iluminação pública, obser-
tuída para fazer face ao custo de obras públicas de que decor- vado o disposto no Art. 150, I e III. 32
ra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa Parágrafo único. É facultada a cobrança da con-
realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da tribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo
obra resultar para cada imóvel beneficiado. de energia elétrica.
Faz-se necessário citar que, para que seja legítima a co- • Receita Patrimonial
brança desse tributo, deve haver nexo causal entre a obra São as receitas oriundas da exploração do Ativo Perma-
pública e a valorização do imóvel. nente, ou seja, recursos financeiros que entram nos cofres
• Contribuições públicos em função da exploração de bens pertencentes ao
Estado. Podem ser divididas em Receitas Imobiliárias, como
Segundo o Manual Técnico de Orçamento de 2017, reú- as receitas de aluguel, foros laudêmios, e Receitas Mobiliárias,
nem-se nessa origem as contribuições não classificadas pela como dividendos, juros decorrentes das aplicações de dis-
Lei Orçamentária como tributos. Apesar de haver controvér- ponibilidades em opções de mercado, e outros rendimentos
sia doutrinária sobre o tema, suas espécies podem ser assim oriundos de renda de ativos permanentes.
definidas:
• Receita Agropecuária
ї Contribuições Sociais
São receitas provenientes de atividades relacionadas à
São receitas destinadas ao custeio da previdência social, agropecuária. São exemplos desse tipo de receita as advindas
saúde, educação etc. Enquadram-se nessa categoria as con- da agricultura, da pecuária, além das atividades de beneficia-
tribuições que visam ao custeio dos serviços sociais autôno- mento ou transformação de produtos agropecuários em insta-
mos: Serviço Social da Indústria - SESI, Serviço Social do lações existentes nas próprias propriedades.
Comércio - SESC e Serviço Nacional de Aprendizagem Indus- • Receita Industrial
trial - SENAI. São receitas provenientes da atividade industrial, defini-
É importante ficar atento que tais receitas não se referem das como tal pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
somente à Seguridade Social. Referem-se a todas as áreas e Estatística – IBGE. São exemplos de atividade industrial a da
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consideradas sociais. construção, transformação, produtos alimentícios etc.
ї Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico • Receita de Serviços
Receitas que derivam da contraprestação à atuação es- São receitas provenientes da atividade de prestação de
tatal exercida em favor de determinado grupo ou coletividade, serviços por parte do Estado. São exemplos desse tipo de re-
como a CIDE - Combustíveis. ceitas os recursos advindos do desenvolvimento pelo Estado
A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico de serviços, como os financeiros, de transporte, saúde, comu-
(CIDE) é contribuição que visa a um determinado setor da nicação, portuário, armazenagem, de inspeção e fiscalização,
economia, com finalidade específica e determinada. juros decorrentes da concessão de empréstimos, processa-
Essa intervenção se dá pela fiscalização e por atividades mento de dados, vendas de mercadorias e produtos inerentes
de fomento, por exemplo, desenvolvimento de pesquisas para à atividade da entidade, outros serviços.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
crescimento do setor e oferecimento de linhas de crédito para Dentre as receitas de serviços, merece destaque uma de
expansão da produção. Um exemplo de CIDE é o Adicional so- suas formas de remuneração, tarifa, para uns, e preço público,
bre Tarifas de Passagens Aéreas Domésticas, voltado à suple- para outros.
mentação tarifária de linhas aéreas regionais de passageiros, • Transferência Corrente
de baixo e médio potencial de tráfego. São recursos financeiros recebidos de outras pessoas de
ї Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais Direito público ou privado, quando destinadas a atender des-
ou Econômicas pesas classificáveis em Despesas Correntes.
Receitas destinadas a atender determinadas categorias Servem de exemplo a cota portadora os fundos consti-
profissionais ou econômicas, vinculando sua arrecadação às tucionais, que, para o ente que recebe, representa uma receita
entidades que as instituíram. Por esse motivo, esses valores corrente cuja fonte é uma transferência corrente. Já para a
não transitam pelo orçamento da União. União, essa transferência será considerada em seu Orçamento
São exemplos de entidades representativas de categori- como uma despesa corrente.
as profissionais contempladas com esse tipo de contribuição: • Outras Receitas Correntes
Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – CREA, Con- São os ingressos provenientes de outras origens não clas- 585
selho Regional de Medicina – CRM, entre outros. sificáveis nas subcategorias econômicas anteriores, como re-
cebimento de dívida ativa, receitas de doações, receitas de As operações de crédito dependem de autorização legisla-
586 restituições, receitas de juros de mora. tiva, que pode ser dada tanto em Lei específica quanto na Lei
Observação: os juros recebidos merecem um cuidado es- Orçamentária Anual.
pecial no momento de classificá-los dentre as fontes de receit- Art. 7º. A Lei de Orçamento poderá conter autorização
as correntes. É certo que eles sempre serão receita corrente, ao Executivo para:
mas a depender de sua natureza, poderão ser de fontes dis- I. Abrir créditos suplementares até determinada
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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do Ativo permanente, como a venda de bens, privatizações, tais valores em Despesas de Capital.
etc.
• Outras Receitas de Capital
Sendo uma receita de capital, em regra, o produto da
São os ingressos provenientes de outras origens não clas-
alienação de bens e direitos não deveria financiar despesas
sificáveis nas subcategorias econômicas anteriores, como o
correntes. Porém, o Art. 43 da LRF admite alienação de bens e resultado do Banco Central do Brasil, apurado, após a consti-
de direitos para o financiamento de despesas correntes, desde tuição ou reversão de reservas (Art. 7º da LRF), o superávit do
que a alienação do bem seja destinada por Lei aos regimes orçamento corrente, dentre outros.
de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.
Lembremos que, apesar dessas classificações se referirem a
Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital receitas orçamentárias e a Lei determinar que o superávit do orça-
derivada da alienação de bens e direitos que integram mento corrente não seja classificado com tal, a própria Lei inclui o
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
o patrimônio público para o financiamento de despesa superávit do orçamento corrente entre as receitas de capital.
corrente, salvo se destinada por Lei aos regimes de prev-
idência social, geral e próprio dos servidores públicos. Impacto no Patrimônio Líquido
Amortização de Empréstimos (Enfoque Patrimonial)
Esse critério diferencia as receitas orçamentárias conforme
São recursos que entram nos cofres públicos em função o impacto no Patrimônio Líquido do ente público que as rece-
de amortizações de empréstimos feitos para outras pessoas, be. Tudo dentro de uma visão contábil, dentro de um enfoque
ou seja, são as pessoas que devem ao ente público pagando patrimonial segundo um regime de competência.
a parte principal do que lhes foi emprestado. São parcelas de Para quem não entende a visão contábil, patrimonial, Pat-
empréstimos concedidos, seja qual forma tenham. rimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma
Importante ficar atento em questões de prova com os ter- pessoa, com o somatório de bens e direitos representando o
Patrimônio Bruto (Ativo). Por sua vez, Patrimônio Líquido é a
mos utilizados para que se possa identificar se a dívida que está
riqueza da pessoa a que pertence um patrimônio, é o resultado
sendo amortizada é referente a empréstimos concedidos. Nesse da subtração entre a soma dos bens e direitos, o Ativo (ele-
caso, é receita de capital. Se refere a empréstimos capitados, é mentos positivos do patrimônio), com a soma das obrigações, 587
despesa de capital. Assim, temos as seguintes situações: o Passivo exigível (elementos negativos do patrimônio).
Assim, PL = A – PE. Pelo enfoque patrimonial, receita é tenha duas características: não ter caráter devolutivo e estar
588 a variação positiva no Patrimônio Líquido, não importando o disponível para ser utilizado no financiamento de despesas
motivo pelo qual ocorra, ou seja, mesmo não havendo entrada públicas. Por esse motivo, o enfoque orçamentário da receita
de recurso financeiro, um fato pode gerar uma receita, desde pública realiza-se conforme o regime de caixa, pois, segundo o
que faça variar o Patrimônio líquido positivamente, por exem-
plo, receber o perdão de uma dívida. inciso I, do Art. 35, da Lei 4.320, pertencem ao exercício finan-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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sultado primário do Governo no conceito acima da linha. Essa
do Estado. Porém, de forma diversa das Receitas Correntes, classificação é de indicativo, e tem como finalidade auxiliar a
as Receitas de Capital, em regra, não provocam efeito sobre apuração do resultado primário previsto para o exercício. Para
o Patrimônio Líquido, ou seja, apesar de serem considerados tanto, essa classificação divide as receitas em Receita Primária
como receitas sob o enfoque orçamentário do regime de caixa, e Não Primária ou Financeira. Costuma-se atribuir a essa clas-
não o são sob o enfoque patrimonial do regime de competên-
sificação os códigos (P) ou (F).
cia, isso porque, concomitantemente à entrada de recursos no
Ativo, ocorre uma contrapartida que acaba por anular o efeito Vejamos cada uma delas:
positivo que ocorreria no Patrimônio Líquido. Ocorre uma ї Receita Primária (P)
permuta patrimonial. Por esse motivo, são classificadas como As receitas são consideradas Primárias quando seus valores
fatos permutativos. são incluídos na apuração do resultado primário (diferença
Por esse motivo, é importante estar atento ao efeito que uma entre as receitas primárias e as despesas primárias). Segun-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
receita de capital provoca no Patrimônio Líquido do ente. Tais re- do manual técnico de orçamento de 2012, receita primária é o
ceitas, em sua maioria, são fatos permutativos, já que os recursos somatório das receitas fiscais líquidas (aquelas que não geram
financeiros obtidos entram para fazer parte do Ativo em função obrigatoriedade de contraprestação financeira, como ônus,
do aumento das disponibilidades financeiras, ou seja, aumento encargos e devolução). O cálculo da Receita Primária é efet-
no valor de um dos elementos do Ativo, os recursos financeiros. uado somando-se as Receitas Correntes com as de Capital e,
Como visto, essa entrada geralmente provoca contrapartida no depois, excluindo da conta as receitas: de operações de crédito
Ativo, reduzindo-o, ou no Passivo, aumentando-o.
e seus retornos (juros e amortizações), de aplicações financei-
Quando ocorre a transferência desse recurso, o ente que o ras, de empréstimos concedidos e do superávit financeiro.
recebe terá seu Patrimônio Líquido alterado para mais, afinal,
concomitante à entrada do recurso financeiro, não ocorrerá As receitas primárias referem-se, predominantemente, às
nenhum dos dois efeitos descritos acima, com essa entrada receitas correntes que advêm dos tributos, das contribuições
refletindo integralmente, de forma positiva, no Patrimônio sociais, das concessões, dos dividendos recebidos pela União,
Líquido do ente que a recebe. Porém, apesar de refletir positi- da cota-parte das compensações financeiras, das decor-
vamente no Patrimônio Líquido do ente público que recebe o rentes do próprio esforço de arrecadação das Unidades Orça-
recurso, por força de determinação legal, tal receita é consid- mentárias, das provenientes de doações e convênios e outras 589
erada uma Receita de Capital. também consideradas primárias.
ї Não primárias ou financeiras (F) Giacomoni (2010), atento a essa dificuldade, denomina
590 As receitas são consideradas Não Primárias ou Financeiras a classificação vista anteriormente como “fonte de receita”
(F) quando não são incluídas na apuração do resultado primário. e essa de “fonte de recursos”. Porém, mais que saber uma
As receitas não primárias ou financeiras são aquelas que não mera nomenclatura, segundo o mesmo autor, o diferenciador
contribuem para o resultado primário ou não alteram o endivi- importante é entender a função das duas classificações. En-
damento líquido do Governo (setor público não financeiro) no quanto uma traz a estimativa de arrecadação por fonte de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
exercício financeiro correspondente, uma vez que criam uma receita ou a arrecadação efetiva de determinado imposto ou
obrigação ou extinguem um direito, ambos de natureza finan- contribuição, por exemplo (fonte vista anteriormente), a outra
ceira, junto ao setor privado interno e/ou externo. São adquiri- traz a parcela de receita que se vincula à determinada despesa
das junto ao mercado financeiro, decorrentes da emissão de (por fonte de recursos).
títulos, da contratação de operações de crédito por organismos Segundo Manual de Receita Nacional, a despeito de tan-
oficiais, das receitas de aplicações financeiras da União (juros tas classificações, existe ainda a necessidade de identificar a
recebidos, por exemplo), das privatizações e outras. destinação dos recursos arrecadados. Para tanto, foi instituído
Assim, as receitas financeiras são basicamente as proveni- o mecanismo denominado Destinação de Recursos ou Fonte
entes de operações de crédito (endividamento), de aplicações de Recursos.
financeiras e de juros, em consonância com o Manual de Es-
Destinação de Recursos é o processo pelo qual os recursos
tatísticas de Finanças Públicas do Fundo Monetário Internacio-
públicos são correlacionados a uma aplicação, desde a pre-
nal – FMI, de 1986.
visão da receita até a efetiva utilização dos recursos. A desti-
Classificação Institucional nação pode ser classificada em:
ї Destinação Vinculada
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spondente (disponibilidade a utilizar), bem como o registro » Fonte 250 – Recursos de Outras Fontes – Exer-
da realização da receita por destinação. Também, na execução cício Corrente (2).
orçamentária da despesa, no momento do empenho, deve ha- » Recursos Próprios Não Financeiros (50).
ver a baixa do crédito disponível de acordo com a destinação.
» Fonte 300 – Recursos do Tesouro – Exercícios
Na liquidação da despesa, deverá ser registrada a trans- Anteriores (3).
ferência da disponibilidade a utilizar para a comprometida, e
» Recursos Ordinários (00).
na saída desse recurso, deve ser adotado procedimento sem-
elhante, com o registro de baixa do saldo da conta de desti-
nação comprometida e lançamento na de destinação utilizada. ANOTAÇÕES
Atualmente, a classificação de fontes de recursos consiste
de um código de três dígitos:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
deve seguir regras estabelecidas para que haja eficiência no ao agente arrecadador, ou seja, ter passado pelo estágio de
gasto e no controle dos recursos. Daí a necessidade de se estu- arrecadação.
dar a despesa pública. Já para a despesa, o reconhecimento de sua incorrência se
dá conforme o regime de competência, pois, segundo a letra
Conceito de Despesa Pública da Lei, não é necessária a saída efetiva de recursos para que
Antes de definirmos despesa pública, temos que entender ela seja reconhecida, bastando, para isso, que a mesma tenha
o que vem a ser despesa. percorrido o estágio do empenho (seu primeiro estágio de ex-
De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Con- ecução).
tabilidade (CFC), nº 1.121, de 28 de março de 2008, as despesas
são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período Estágios da Despesa Orçamentária
contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de Ati- Assim como a receita, a despesa pública poderá ser clas-
vos ou incremento em Passivos, que resultem em decréscimo sificada, segundo sua natureza, em orçamentária e extraorça-
do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de dis- mentária, sendo objeto de estudo somente as fases da despe-
tribuição aos proprietários da entidade. sa orçamentária.
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A depender da natureza jurídica da pessoa que sofre o Assim como a Receita Pública orçamentária, a Despesa
impacto negativo no patrimônio, se pública ou privada, a des- Pública orçamentária ocorre por meio de um processo com-
pesa também terá essa denominação, sendo chamada de des-
plexo, que pode ser dividido em estágios, fases. Não há con-
pesa pública ou privada.
senso doutrinário sobre quantos e quais são esses estágios,
Despesa Pública, objeto desse estudo, corresponde ao to- pois o que é considerado estágio para uns é desconsiderado
tal dos dispêndios realizados pelo Estado na obtenção de bens por outros, cada qual com as próprias razões.
e de serviços com vistas à realização dos objetivos a cargo do
governo. Para a doutrina dominante, os estágios da despesa são
quatro: fixação, que alguns autores também chamam de pre-
Tem-se, antes de mais nada, o conceito de despesa pública
visão, empenho, liquidação e pagamento, sendo estes últimos
em sentido amplo, que seria toda e qualquer saída de recursos
dos cofres públicos, ou seja, engloba a receita orçamentária e chamados de estágios da execução. Já Valdecir Pascoal, por
extraorçamentária. exemplo, insere entre a fixação e o empenho a “realização do
procedimento licitatório” (Direito Financeiro e Controle Exter-
Já em sentido estrito, o conceito de despesa pública se
no, 2010), outros inserem, ainda, a programação antes do em-
confunde com o de despesa orçamentária. De acordo com
Aliomar Baleeiro apud Valdecir Pascoal (2010), a despesa penho e a ordem de pagamento, antes do pagamento.
pública é a aplicação de certa quantia, por parte da autoridade Vejamos as principais fases da despesa:
ou do agente público competente, dentro de uma autorização Fixação (Previsão)
legislativa, para a execução de um fim a cargo do Governo. Em
outra definição desse autor, despesa pública é o conjunto dos Corresponde à parte do processo de elaboração da LOA ou
de Leis de Crédito Adicionais, em que se definem as despesas
dispêndios do Estado, ou de outra pessoa de direito público,
que serão realizadas no exercício financeiro subsequente e o
para o funcionamento dos serviços públicos (1996, p. 65).
montante a ser despendido com elas. É a decisão sobre quais
Observando o inciso II do Art. 35, da Lei 4.320/64, che- despesas serão realizadas e a inserção dessa decisão no PLOA
ga-se à conclusão de que a despesa pública representa um ou em Projetos de Lei de Créditos Adicionais. Esses valores
dispêndio de recursos do patrimônio público, representado são os chamados créditos orçamentários que terão por limite
por uma saída de recursos financeiros imediata, com redução suas respectivas dotações em valor suficiente e determinado.
de disponibilidades, ou mediata, por meio do reconhecimento Fixação, então, se refere à soma das dotações orçamentárias
da obrigação (PISCITELLI; TIMBÓ; ROSA, 1999). fixadas para cada crédito orçamentário.
Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: Assim, a fixação é necessária para que se possa autorizar o
I. As receitas nele arrecadadas; administrador público a realizar a despesa, cumprindo o pre-
II. As despesas nele legalmente empenhadas. visto no caput do Art 2º e no Art. 3º, da Lei 4.320/64, princípios
Para que a despesa seja considerada legalmente empen- da legalidade e universalidade, combinados com o inciso III, do
hada, ela deve ser: Art. 167, da Constituição, princípio da discriminação. A fixação
da despesa na LOA ou em Leis de créditos adicionais cria o
ї Previamente autorizada no orçamento. crédito orçamentário.
ї Submetida ao processo licitatório, ou que tenha sido dis- Já a dotação é necessária para que se possa estabelecer
pensada dessa obrigação. o limite do crédito dado ao gestor público para que ele possa
ї Que o empenho à despesa tenha sido ordenado por despender recursos com a despesa previamente determinada,
agente legalmente investido no poder de autorizar des- cumprindo, então, o mandamento constitucional previsto no
pesa, o ordenador de despesa. inciso VII do Art. 167.
Lei 4.320/64 recebimento por parte do prestador de serviço ou fornecedor
Art. 2°. A Lei do Orçamento conterá a discriminação do bem.
da receita e despesa de forma a evidenciar a política Na realidade, não é assim que tal artigo deve ser interpreta-
econômica financeira e o programa de trabalho do do. O empenho efetivamente é um compromisso, porém, é um
Governo, obedecidos os princípios de unidade, univer- compromisso de que, uma vez prestado o serviço ou entregue
salidade e anualidade. o bem que a Administração tenha interesse, conforme espe-
Art. 3º. A Lei de Orçamentos compreenderá todas as cificação, normalmente estabelecida em processo licitatório, o
receitas, inclusive as de operações de crédito autoriza- recurso para o pagamento estará garantido. A verificação da
das em Lei. efetiva prestação do serviço ou entrega do bem em conformi-
Constituição Federal dade com o contrato é a próxima fase da despesa, a chamada
Art. 167. São vedados: (...) liquidação. Dessa forma, mesmo a despesa tendo sido empen-
I. O início de programas ou projetos não incluídos hada, se não houver a prestação do serviço ou a entrega do bem,
na Lei Orçamentária Anual; ou ainda, se o forem fora das especificações contratuais, não es-
II. A realização de despesas ou a assunção de tará o Estado obrigado a realizar o pagamento.
obrigações diretas que excedam os créditos orça- Portanto, fique atento. Se uma questão afirmar o texto
mentários ou adicionais; da Lei exatamente como está escrito, (Art. 58. O empenho de
VII. A concessão ou utilização de créditos ilimitados; despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria
Além do limite individual estabelecido para cada crédito, a para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de
fixação do montante total de despesa deve obedecer ao lim- implemento de condição), a questão estará certa. Porém, se
ite previsto para a receita, atendendo, assim, ao Princípio do a questão fizer qualquer outra referência ao fato gerador ou
Equilíbrio Orçamentário. outros elementos, a questão poderá afirmar que o empenho
Aprovada a LOA ou Lei de Crédito Adicional, o registro não gera obrigação de pagamento.
dessas dotações será feita no SIAFI por meio de ND, nota de Assim, desconsiderando parte do texto legal, o empenho
dotação.
da despesa não cria obrigação para o Estado, mas reserva
Empenho dotação orçamentária para garantir o pagamento estabelecido
Aprovada a LOA ou a Lei de Créditos Adicionais, termina o em relação contratual existente.
estágio da fixação e inicia-se a execução. O segundo estágio Ter o empenho como gerador de obrigação é o enfoque
da despesa e primeira fase da execução é o empenho. meramente orçamentário, um enfoque de controle, em função
Tecnicamente, pode-se definir o empenho como uma res- do que reza o inciso II do Art. 35 da Lei 4.320/64, pois, no bal-
erva de dotação prevista no Orçamento para fazer frente a uma
anço orçamentário, considerar-se-á executada a despesa em-
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despesa específica. É o comprometimento de valores refer-
entes a uma determinada dotação orçamentária, como forma penhada. Porém, o ato de empenhar não traz impacto direto
de garantia de futuro pagamento ao credor da Administração ao patrimônio, sob o enfoque contábil, pelo menos na grande
Pública. É em realidade um instrumento de programação fi- maioria das situações, ou seja, quando a despesa é liquidada
nanceira que permite ao Estado ter o controle do montante dentro do exercício financeiro em que foi empenhada.
referente aos compromissos já assumidos e, por consequência, Nesse caso, o fato gerador da despesa, geralmente, co-
o montante das dotações ainda não utilizadas, pois, segundo
incide com a liquidação, pois é ela que efetivamente provoca
o Art. 60, da Lei 4.320/64, “é vedada a realização de despesa
sem prévio empenho.” impacto no patrimônio.
Porém, há uma exceção à regra da determinação para que Corrobora com esse entendimento o Art. 62 da mesma Lei,
o empenho seja prévio. O Decreto 93.872/86, em seu Art. 24, no qual está previsto que “o pagamento da despesa só será
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
assim como a Lei 4.320/64, estabelece que é vedada a real- efetuado quando ordenado após sua regular liquidação”. Mas,
ização de despesa sem prévio empenho. Mas, no parágrafo se uma questão de prova cobrar a literalidade do Art. 58, ela
único desse artigo, existe a previsão de que, em caso de urgên- estará correta, pois, contra a letra da Lei, não há controvérsia.
cia caracterizada na legislação em vigor, admitir-se-á que o
ato do empenho seja contemporâneo à realização da despesa. Porém, quando a despesa é empenhada em um exercício
Legalmente, nos termos do Art. 58, da Lei 4.320/64, “em- e liquidada em outro, o tratamento é diverso, como veremos
penho é o ato emanado de autoridade competente que cria quando estudarmos o tópico sobre restos a pagar.
para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de Em termos de execução orçamentária, o empenho tem por
implemento de condição”. efeito reduzir as dotações disponíveis (valor autorizado para
A letra da Lei pode trazer confusão sobre o que representa gasto), pois o recurso a qual ele se refere fica reservado para o
o empenho em termos de compromisso para a Administração, pagamento daquela despesa, não podendo ser utilizado para
afinal, ela afirma que o empenho “cria para o Estado obrigação
outro fim. Vale lembrar que o valor do empenho respeitará o
de pagamento pendente ou não de implemento de condição”.
Tal afirmação pode levar o leitor a entender que, uma vez em- limite do crédito orçamentário a que se referir, podendo ser
penhada, a despesa deve ser paga, independente de qualquer feito em valor menor, mas nunca podendo ultrapassá-lo, se- 593
coisa, ou seja, o empenho garantiria direito líquido e certo de gundo o Princípio do Equilíbrio.
Assim, segundo o manual SIAFI1, as despesas só podem ser cas do bem ou dos termos do contrato, a entrega será feita de
594 empenhadas até o limite dos créditos orçamentários iniciais e forma parcelada, com o pagamento ocorrendo a cada etapa
créditos orçamentários adicionais, e de acordo com o crono- de cumprimento do contrato, na proporção entre o montante
grama de desembolso da UG, devidamente aprovado. pactuado e o volume entregue, como no caso de obras, quan-
do o pagamento se dá em função do andamento delas, sendo
A materialização documental do empenho ocorre com a
este atestado por uma comissão de servidores públicos.
emissão de um documento chamado Nota de Empenho, NE.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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penho original. Normalmente, a emissão desse tipo de empen- cífica será dispensada a emissão da nota de empenho.
ho ocorrerá para reforçar um empenho estimativo, quando a § 2º - Será feito por estimativa o empenho da despesa
estimativa que serviu de base para determinar o valor do em- cujo montante não se possa determinar.
penho original não alcançou o valor que efetivamente deveria, § 3º É permitido o empenho global de despesas con-
necessitando de mais recursos para fazer frente à despesa à tratuais e outras sujeitas a parcelamento.
qual se referia. Art. 61. Para cada empenho, será extraído um docu-
Vedações específicas aos Municípios relacionadas ao ato mento denominado “nota de empenho” que indicará
de empenhar despesas. o nome do credor, a representação e a importância
Antes mesmo da vigência da LRF, o legislador já se da despesa, bem como a dedução desta do saldo da
preocupava com as transferências de encargos na transição de dotação própria.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
mandatos, tanto que os §§ 1º, 2º, 3º e 4º, do Art. 58, da Lei Pré-empenho
4.320/64, trazem dispositivos diretamente direcionados para Para fechar o entendimento sobre o empenho, é impor-
o Chefe do Poder Executivo Municipal, limitando a emissão de
empenho, com vista a manter o equilíbrio da contas públicas tante citar que, atualmente, antecedendo o empenho, encon-
e evitar que os mesmos passassem endividamentos de forma tra-se em aplicação a sistemática do pré-empenho. Isso ocorre
irresponsável aos seus sucessores. em função da necessidade de se assegurar o crédito previsto
Tais dispositivos vedam aos Municípios empenhar, no úl- no orçamento, já que, após o recebimento do crédito orça-
timo mês do mandato do Prefeito, mais do que o duodécimo mentário e antes do seu comprometimento para a realização
da despesa prevista no orçamento vigente. Veda também a da despesa, existe uma fase geralmente demorada de licitação
assunção, no mesmo período, por qualquer forma, de compro- obrigatória junto a fornecedores de bens e de serviços.
missos financeiros para execução depois do término do man- Diante dessa situação, o pré-empenho visa, justamente, a
dato do Prefeito. A única exceção prevista a essas regras é a
ocorrência comprovada de calamidade pública. resguardar e a garantir a existência dos recursos orçamentári-
E se, mesmo diante de tais vedações, houver a insistên- os e financeiros para a realização de certa despesa, pois evita
cia em manter tais condutas, a Lei determina a nulidade dos a utilização do mesmo recurso para a realização de despesas
empenhos e dos atos praticados, sem prejuízo de responsabi- diversas daquela para o qual foi precipuamente planejada a 595
lização do Prefeito. sua utilização.
Segundo o manual SIAFI, essa ferramenta permite regis- Pagamento
596 trar créditos orçamentários pré-compromissados para atender O pagamento é a quarta e última fase da despesa e a ter-
objetivos específicos nos casos em que a despesa a ser real- ceira e última fase da execução da despesa. Essa fase ocorrerá
izada, por suas características, cumpre etapas com intervalos após o efetivo processamento (liquidação) da despesa, ou
de tempo desde a decisão administrativa até a efetivação da seja, verificação do efetivo direito do credor a receber o valor
referente àquela despesa.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
emissão da NE.
Assim, processada a despesa, é feita a transferência para
Como se pode observar, apesar de não ser uma fase for- a conta do fornecedor do valor apurado na liquidação. Atual-
mal da despesa, a emissão do pré-empenho também reduz a mente, é cada vez mais comum o pagamento por meio de Or-
dotação correspondente. Entretanto, ao contrário do empen- dens Bancárias de Pagamento – OBP.
ho, essa emissão não vincula ao exercício correspondente, pois O Art. 65 da Lei 4.320/64 determina que o pagamento da
a lei determina que pertencem ao exercício financeiro as re- despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria regular-
ceitas nele arrecadadas e as despesas nele legalmente empen- mente instituídos por estabelecimentos bancários credencia-
dos e, em casos excepcionais, por meio de adiantamento.
hadas, não se referindo às despesas pré-empenhadas. Como
Por fim, é importante citar que o Art. 64, da Lei 4.320/64,
veremos em tópico próprio, ao contrário do pré-empenho, o
cita a ordem de pagamento, descrevendo-a como sendo o
empenho, ao final do exercício, pode ser inscrito em restos a despacho exarado por autoridade competente, determinan-
pagar. Caso a despesa vinculada ao pré-empenho não seja re- do que a despesa seja paga e que a ordem de pagamento só
alizada, verte-se a dotação referente àquele exercício. poderá ser exarada em documentos processados pelos serviços
Liquidação de contabilidade. Tal citação faz com que alguns autores insiram
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A liquidação representa a terceira fase da despesa e a se- a ordem de pagamento como fase da despesa, porém, tal enten-
gunda fase da execução da despesa, consistindo na verificação dimento não é acompanhado pela maioria da doutrina.
do direito adquirido pelo credor, etapa necessária para a real- Dessa forma, as fases da despesa, de forma mais abrangen-
ização do pagamento. te, seriam representadas pelas seguintes fases:
Nos termos do Art. 63, da Lei 4.320/64, a liquidação da Fixação, Programação, Licitação, Empenho, Liquidação,
despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo cre- Ordem de Pagamento e Pagamento.
dor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios
do respectivo crédito.
Etapas da Despesa Orçamentária
Visando a uma melhor compreensão do processo orça-
Essa verificação tem por fim apurar:
mentário, o Manual de Despesa Nacional divide a despesa
▷ A origem e o objeto do que se deve pagar. orçamentária em três etapas:
▷ A importância exata a pagar. ▷ Planejamento.
▷ A quem se deve pagar a importância, para extinguir ▷ Execução.
a obrigação. ▷ Controle e avaliação.
A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou ї Planejamento:
serviços prestados terá por base: A etapa do planejamento e contratação abrange, de modo
▷ O contrato, ajuste ou acordo respectivo. geral, a fixação da despesa orçamentária, a descentralização/
▷ A nota de empenho. movimentação de créditos, a programação orçamentária e fi-
▷ Os comprovantes da entrega de material ou da nanceira e o processo de licitação.
prestação efetiva do serviço. Fixação da Despesa
É a verificação física e documental por parte da adminis- A fixação da despesa orçamentária insere-se no processo
tração pública da efetiva entrega do bem, conclusão da obra de planejamento e compreende a adoção de medidas em di-
ou, ainda, da prestação do serviço dentro do estabelecido em reção a uma situação idealizada, tendo em vista os recursos
processo licitatório, se for o caso. disponíveis e observando as diretrizes e prioridades traçadas
pelo Governo.
É a conferência por parte da administração pública, que at-
estará a despesa após verificar a adequação das mercadorias Conforme Art. 165, da Constituição Federal de 1988, os in-
entregues ou dos serviços prestados e o processamento pela strumentos de planejamento compreendem o Plano Plurianual,
contabilidade que, de posse de toda a documentação, viabi- a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual.
lizará o pagamento. Sob o aspecto contábil e patrimonial do A Lei de Responsabilidade fiscal dispõe sobre a criação da
regime de competência, na maioria das vezes, o momento despesa pública e o relacionamento entre os instrumentos de
do fato gerador coincide com a liquidação da despesa orça- planejamento, conforme transcrito a seguir:
mentária, por exemplo, na entrega de bens de consumo imedi- Art 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de
ato ou de serviços contratados, que constituem despesas efe- ação governamental que acarrete aumento da despesa
tivas. Nesse caso, o reconhecimento da despesa orçamentária será acompanhado de:
coincidirá com a apropriação da despesa pelo enfoque patri- I. Estimativa do impacto orçamentário – financeiro
monial, visto que ocorrerá uma redução na situação líquida no exercício em que deva entrar em vigor e nos
patrimonial. dois subseqüentes;
II. Declaração do ordenador da despesa de que o a consecução do objetivo colimado e as relações e obrigações
aumento tem adequação orçamentária e financei- das partes.
ra com a lei orçamentária anual e compatibilidade Programação Orçamentária e Financeira
com o plano plurianual e com a lei de diretrizes A programação orçamentária e financeira consiste na
orçamentárias. compatibilização do fluxo dos pagamentos com o fluxo dos
§ 1º - Para os fins desta Lei Complementar, conside- recebimentos, visando ao ajuste da despesa fixada às novas
ra-se: projeções de resultados e da arrecadação.
I. Adequada com a lei orçamentária anual, a despe- Se houver frustração da receita estimada no orçamento,
sa objeto de dotação específica e suficiente, ou que deverá ser estabelecida limitação de empenho e movimen-
esteja abrangida por crédito genérico, de forma tação financeira, com objetivo de atingir os resultados previs-
que somadas todas as despesas da mesma espé- tos na LDO e impedir a assunção de compromissos sem re-
cie, realizadas e a realizar, previstas no programa spaldo financeiro, o que acarretaria uma busca de socorro no
de trabalho, não sejam ultrapassados os limites mercado financeiro, situação que implica encargos elevados.
estabelecidos para o exercício; A LRF definiu procedimentos para auxiliar a programação
II. Compatível com o plano plurianual e a lei de orçamentária e financeira nos Arts. 8º e 9º:
diretrizes orçamentárias, a despesa que se con- Art. 8º. Até trinta dias após a publicação dos orça-
forme com as diretrizes, objetivos, prioridades e mentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes
metas previstos nesses instrumentos e não infrinja
orçamentárias e observado o disposto na alínea c do
qualquer de suas disposições.
inciso I do Art. 4º, o Poder Executivo estabelecerá a
Portanto, a criação ou expansão da despesa requer ade- programação financeira e o cronograma de execução
quação orçamentária e compatibilidade com a LDO e o PPA. O mensal de desembolso.
artigo supracitado vem reforçar o planejamento, mencionado
Art. 9º. Se verificado, ao final de um bimestre, que a
no Art. 1º da LRF e é um dos pilares da responsabilidade na
realização da receita poderá não comportar o cumpri-
gestão fiscal.
mento das metas de resultado primário ou nominal
Despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e
de guerra, comoção interna ou calamidade pública não estão o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos
sujeitas ao comando do Art. 16, da LRF. montantes necessários, nos trinta dias subsequentes,
O processo da fixação da despesa orçamentária é concluí- limitação de empenho e movimentação financeira, se-
do com a autorização dada pelo Poder legislativo por meio da gundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orça-
lei orçamentária anual. mentárias.
Descentralizações de Créditos Orçamentários Processo de Licitação
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As descentralizações de créditos orçamentários ocorrem Processo de licitação compreende um conjunto de pro-
quando for efetuada movimentação de parte do orçamento, cedimentos administrativos que objetivam adquirir materiais,
mantidas as classificações institucional, funcional, programáti- contratar obras e serviços, alienar ou ceder bens a terceiros,
ca e econômica, para que outras unidades administrativas pos- bem como fazer concessões de serviços públicos com as mel-
sam executar a despesa orçamentária. hores condições para o Estado, observando os Princípios da
As descentralizações de créditos orçamentários não se Legalidade, da Impessoalidade, da Moralidade, da Igualdade,
confundem com transferências e transposição, pois não: da Publicidade, da Probidade Administrativa, da Vinculação ao
▷ modificam o valor da programação ou de suas Instrumento Convocatório, do Julgamento Objetivo e de out-
dotações orçamentárias (créditos adicionais); ros que lhe são correlatos.
▷ alteram a unidade orçamentária (classificação insti- A Constituição Federal de 1988 estabelece a observância
tucional) detentora do crédito orçamentário aprova- do processo de licitação pela União, Estados, Distrito Federal e
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
do na lei orçamentária ou em créditos adicionais Municípios, conforme disposto no Art. 37, inciso XXI:
(transferência/transposição). Art. 37. A administração pública direta e indireta de
Quando a descentralização envolver unidades gestoras de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
um mesmo órgão, tem-se a descentralização interna, também trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
chamada de provisão. Se, porventura, ocorrer entre unidades de legalidade, impessoalidade, moralidade, publici-
gestoras de órgãos ou entidades de estrutura diferente, ter- dade e eficiência e, também, ao seguinte:
se-á uma descentralização externa, também denominada de XXI. Ressalvados os casos especificados na leg-
destaque. islação, as obras, serviços, compras e alienações
Na descentralização, as dotações serão empregadas serão contratados mediante processo de licitação
obrigatória e integralmente na consecução do objetivo previs- pública que assegure igualdade de condições a
to pelo programa de trabalho pertinente, respeitada fielmente todos os concorrentes, com cláusulas que esta-
a classificação funcional e a estrutura programática. Portanto, beleçam obrigações de pagamento, mantidas as
a única diferença é que a execução da despesa orçamentária condições efetivas da proposta, nos termos da lei,
será realizada por outro órgão ou entidade. a qual somente permitirá as exigências de qualifi-
A descentralização de crédito externa dependerá de cele- cação técnica e econômica indispensáveis à garan- 597
bração de convênio ou instrumento congênere, disciplinando tia do cumprimento das obrigações.
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o Art. Segundo o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor
598 37, inciso XXI, da Constituição Federal, estabelecendo normas Público da Secretaria do Tesouro Nacional, as despesas de
gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes caráter orçamentário necessitam de recurso público para sua
a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações realização e constituem instrumento para alcançar os fins dos
e locações. programas governamentais. É exemplo de despesa de nature-
Execução: za orçamentária a contratação de bens e de serviços para a
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Os estágios da despesa orçamentária pública, na forma realização de determinada ação, como serviços de terceiros,
prevista na Lei nº 4.320/1964, são: empenho, liquidação e pa- pois se faz necessária a emissão de empenho para suportar
gamento, vistos anteriormente. esse contrato.
Controle e Avaliação: Extraorçamentária
Esta fase compreende a fiscalização realizada pelos órgãos São os desembolsos de recursos que se revestem de mera
de controle e pela sociedade. transitoriedade e, em algum momento, constituíram receitas
O Sistema de Controle visa à avaliação da ação governa- extraorçamentárias. São as devoluções relacionadas aos in-
mental, da gestão dos administradores públicos e da aplicação gressos provenientes de receitas extraorçamentárias, como:
de recursos públicos por entidades de Direito Privado, por ▷ Retenções em folha de pagamento.
intermédio da fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, com finalidade de: ▷ Pagamento de em restos a pagar.
▷ Avaliar o cumprimento das metas previstas no Plano ▷ Obtenção de operação de crédito por antecipação
Plurianual, a execução dos programas de governo e de receita orçamentária.
dos orçamentos da União. ▷ Consignações em folha de pagamento.
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Valdecir Pascoal divide as despesas conforme o ente fed- participação do Estado na renda nacional, suas variações ao
erado responsável por realizá-la; esse é um critério que rela- longo do tempo e qual a sua forma de contribuição para a
ciona as despesas às competências, atividades ou patrimônio formação do Produto Interno Bruto (PIB). Outra perspectiva
diretamente ligados ao ente federado, como o pagamento de importante está relacionada a quanto o orçamento está con-
seu pessoal, manutenção de seu patrimônio, despesas relacio- tribuindo para a formação do patrimônio bruto do ente ao qual
nadas às suas competências constitucionais etc. se refere.
Segundo à competência, podemos classificar a despesa em: Correntes
Federal São despesas relacionadas diretamente ao consumo de
Despesas de responsabilidade da União, como as despesas bens e de serviços, pois estão ligadas às atividades operacio-
com a defesa da nação, manutenção de seus poderes, paga- nais do ente público, e se destinam à sua manutenção, não
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
mento de seu pessoal, sua parte das despesas relacionadas à contribuindo, em regra, para a formação do patrimônio estatal.
saúde, educação, dentre outros. Segundo a Portaria interministerial 163/01, classificam-se, nes-
sa categoria, todas as despesas que não contribuem, direta-
Estadual mente, para a formação ou aquisição de um bem de capital.
Despesas de responsabilidade dos Estados e do Distrito Tais despesas podem ser divididas em duas subcategorias
Federal, como as despesas com segurança pública em sua econômicas, segundo a Lei 4.320/64:
esfera de atuação, manutenção de seus poderes, pagamento ї Despesas de Custeio
de seu pessoal, sua parte das despesas relacionadas à saúde, Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações
educação, dentre outros. para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive
Municipal as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação
Despesas de responsabilidade dos Municípios e do Distrito de bens imóveis.
Federal, como as despesas com a formação e a manutenção É importante ressaltar a expressão “obras”, isso porque,
de seu patrimônio, manutenção de seus poderes, pagamento quando vermos as despesas de capital, observaremos que
de seu pessoal, sua parte das despesas relacionadas à saúde, dentre elas também se encaixará a “obra”. A diferença estará 599
educação, dentre outros. na finalidade de cada uma, pois, enquanto a obra que se classi-
fica como despesa corrente, mais precisamente como despesa Para diferenciar o Investimento da próxima subcategoria
600 de custeio, é destinada à conservação e adaptação, ou seja, não econômica, inversões financeiras, faz-se necessário citar que,
expande serviço público, a de capital será destinada à ampliação apesar de serem muito parecidas, somente os Investimentos, de
ou à inovação, por exemplo, a construção de um hospital. regra, têm um impacto positivo no Produto Interno Bruto (PIB).
A Lei 4.320/64 traz, como sendo despesas de custeio: Isso porque o investimento representa, de regra, a inserção
de elemento novo na economia e a distribuição dos rendimen-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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porar ao patrimônio das empresas privadas de fins lucrativos,
inclusive transferências de capital à conta de fundos especiais uam coexistindo e podem ser cobrados tanto de forma isolada,
ou dotações sob regime excepcional de aplicação. conforme a divisão das despesas em um ou em outro manda-
mento, ou de forma conjunta, com comparações entre um e
Classificação Segundo a Natureza outro ou afirmações sobre o relacionamento entre eles.
da Despesa (Codificação) Para essa Portaria, a classificação da despesa, segundo a
Em função da necessidade de consolidação das Contas sua natureza, compõe-se de:
Públicas Nacionais, em obediência ao disposto no Art. 51, da ▷ Categoria econômica.
Lei Complementar nº 101, de 2000 (Lei de Responsabilidade ▷ Grupo de natureza da despesa.
Fiscal), a Portaria Interministerial nº 163, de 4 de maio de 2001, ▷ Elemento de despesa.
dos Secretários do Tesouro Nacional e de Orçamento Federal, A natureza da despesa será complementada pela infor-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
▷ “c” representa a categoria econômica; tativos do capital de empresas ou entidades de qualquer es-
▷ “g” o grupo de natureza da despesa; pécie, já constituídas, quando a operação não importe aumen-
▷ “mm” a modalidade de aplicação; to do capital; e com a constituição ou aumento do capital de
▷ “ee” o elemento de despesa; e empresas, além de outras despesas classificáveis neste grupo.
▷ “dd” o desdobramento, facultativo, do elemento de ї Amortização da Dívida (Despesa de Capital).
despesa. Despesas orçamentárias com o pagamento e/ou refinan-
ciamento do principal e da atualização monetária ou cambial
Categoria Econômica Grupo Modalidade Elementos
da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária.
X X XX XX
▷ Regime de previdência Social do Servidor Público.
ї Conceitos ▷ Reserva de contingência.
Seguem os conceitos, segundo a portaria 163/01, para cada
Modalidade de Aplicação
um desses desdobramentos.
Como visto anteriormente, essa informação não visa a iden-
Categoria Econômica tificar o tipo de despesa que está sendo realizada, mas sim in-
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É a primeira e grande divisão que segregará as despesas dicar se os recursos são aplicados diretamente por órgãos ou
em “correntes” e “de capital”, valendo as mesmas obser- entidades, no âmbito da mesma esfera de Governo ou por outro
vações feitas anteriormente. ente da Federação e suas respectivas entidades, e objetiva, pre-
Para essa portaria, classificam-se como despesa corrente cipuamente, possibilitar a eliminação da dupla contagem dos
todas as despesas que não contribuem, diretamente, para a recursos transferidos ou descentralizados. Seguem as modali-
formação ou aquisição de um bem de capital, e como Despe- dades de aplicação com seus respectivos códigos.
sas de Capital aquelas despesas que contribuem, diretamente, ї Transferências à União.
para a formação ou aquisição de um bem de capital. Despesas orçamentárias realizadas pelos Estados, Mu-
Grupo de Natureza da Despesa nicípios ou pelo Distrito Federal, mediante transferência de
recursos financeiros à União, inclusive para suas entidades da
Entende-se por grupos de natureza de despesa a agre-
Administração Indireta.
gação de elementos de despesa que apresentam as mesmas
características quanto ao objeto de gasto. Divide-se nos se- ї Execução Orçamentária Delegada à União.
guintes grupos, com seus respectivos códigos: Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência
ї Pessoal e Encargos Sociais (despesa corrente). de recursos financeiros, decorrentes de delegação ou descen-
tralização à União para execução de ações de responsabilidade
Despesas orçamentárias com pessoal ativo, inativo e pen-
exclusiva do delegante.
sionistas, relativas a mandatos eletivos, cargos, funções ou
empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quais- ї Transferências a Estados e ao Distrito Federal.
quer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vanta- Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência
gens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, de recursos financeiros da União ou dos Municípios aos Esta-
reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas dos e ao Distrito Federal, inclusive para suas entidades da Ad-
extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como ministração Indireta.
encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às enti- ї Transferências a Estados e ao Distrito Federal - Fundo a
dades de previdência, conforme estabelece o caput do Art. 18, Fundo.
da Lei Complementar 101, de 2000. Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência
ї Juros e Encargos da Dívida (despesa corrente). de recursos financeiros da União ou dos Municípios aos Esta-
Despesas orçamentárias com o pagamento de juros, dos e ao Distrito Federal, por intermédio da modalidade fundo
comissões e outros encargos de operações de crédito internas a fundo.
e externas contratadas, bem como da dívida pública mobiliária. ї Execução Orçamentária Delegada a Estados e ao Distrito
ї Outras Despesas Correntes. Federal.
Despesas orçamentárias com aquisição de material de Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência
consumo, pagamento de diárias, contribuições, subvenções, de recursos financeiros, decorrentes de delegação ou descen-
auxílio-alimentação, auxílio-transporte, além de outras despe- tralização a Estados e ao Distrito Federal, para execução de
sas da categoria econômica “Despesas Correntes” não classi- ações de responsabilidade exclusiva do delegante.
ficáveis nos demais grupos de natureza de despesa. ї Transferências a Municípios.
ї Investimentos (Despesa de Capital). Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência
Despesas orçamentárias com softwares e com o plane- de recursos financeiros da União ou dos Estados aos Municípios,
jamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de inclusive para suas entidades da Administração Indireta.
ї Transferências a Municípios - Fundo a Fundo. ї A Definir.
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência Modalidade de utilização exclusiva do Poder Legislativo ou
de recursos financeiros da União, dos Estados ou do Distrito para classificação orçamentária da Reserva de Contingência
Federal aos Municípios, por intermédio da modalidade fundo e da Reserva do RPPS, vedada a execução orçamentária en-
a fundo. quanto não houver sua definição.
ї Execução Orçamentária Delegada a Municípios. Elemento de Despesa
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência
O elemento de despesa tem por finalidade identificar os
de recursos financeiros, decorrentes de delegação ou descen-
objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fix-
tralização a Municípios para execução de ações de responsab-
as, juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros
ilidade exclusiva do delegante.
prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e
ї Transferências a Instituições Privadas sem Fins Lucrativos. instalações, equipamentos e material permanente, auxílios,
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência amortização e outros de que a Administração Pública se serve
de recursos financeiros a entidades sem fins lucrativos, que para a consecução de seus fins.
não tenham vínculo com a Administração Pública. Na portaria 163, consta a relação de todos os elementos
ї Transferências a Instituições Privadas com Fins Lucrativos. com seus respectivos códigos que são, ao todo, 99.
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência » Desdobramento facultativo do Elemento de
de recursos financeiros a entidades com fins lucrativos, que despesa (sub-elemento).
não tenham vínculo com a Administração Pública.
Tal desdobramento, também chamado por alguns autores
ї Transferências a Instituições Multigovernamentais.
de sub-elemento, visa simplesmente a detalhar o elemento da
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên-
cia de recursos financeiros a entidades criadas e mantidas por despesa, quando necessário for, para atendimento das neces-
dois ou mais entes da Federação ou por dois ou mais países, sidades de escrituração contábil e controle da execução orça-
inclusive o Brasil. mentária.
ї Transferências a Consórcios Públicos.
Classificação Institucional (quem?)
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên-
cia de recursos financeiros a entidades criadas sob a forma de Também chamada por alguns autores de departamental
consórcios públicos, nos termos da Lei no 11.107, de 6 de abril ou organizacional, essa classificação tem por finalidade evi-
de 2005, objetivando a execução dos programas e ações dos denciar o responsável pelo consumo dos recursos públicos, ou
respectivos entes consorciados. seja, ela busca o controle do quanto de recursos são alocados
ї Execução Orçamentária Delegada a Consórcios Públicos. às diversas unidades orçamentárias.
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência Assim, esse critério visa a evidenciar a distribuição dos re-
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de recursos financeiros, decorrentes de delegação ou descen- cursos orçamentários pelos órgãos e unidades orçamentárias
tralização a consórcios públicos para a execução de ações de responsáveis pela execução, a unidade administrativa sob a
responsabilidade exclusiva do delegante. qual pesa a responsabilidade de executar determinado gasto
público. Essa classificação busca quem realiza a despesa.
ї Transferências ao Exterior.
A classificação institucional reflete a estrutura organizacio-
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência
nal de alocação dos créditos orçamentários e está estruturada
de recursos financeiros a órgãos e entidades governamentais,
em dois níveis hierárquicos: órgão orçamentário e unidade
pertencentes a outros países, a organismos internacionais e a
fundos instituídos por diversos países, inclusive aqueles que orçamentária.
tenham sede ou recebam os recursos no Brasil. Segundo o Art. 14, da Lei 4.320/64, constitui unidade
ї Aplicações Diretas. orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao
mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas dotações
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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03-Essencial à Justiça 092-Representação Judicial e Extracon- O eixo principal dessas modificações foi a interligação en-
jugal tre o Planejamento (Plano Plurianual - PPA) e o Orçamento,
por intermédio da criação de Programas para todas as ações
121-Planejamento e Orçamento de governo, com um gerente responsável por metas e resulta-
04-Administração dos concretos para a sociedade.
122-Administração Geral
Nesse contexto, com a reforma da classificação funcion-
301-Atenção Básica al-programática procurou-se, sobretudo, privilegiar o aspec-
302-Assistência Hospitalar e Ambula- to gerencial dos planos e orçamentos, mediante a adoção de
torial práticas simplificadoras e descentralizadoras. Mais especifica-
10-Saúde 303-Suporte Profilático e Terapêutico mente, foi retirado da sua estrutura o conteúdo classificador,
304-Vigiância Sanitária representado pelo rol das funções, que, juntamente com as
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Estrutura de elaboração do programa no PPA de três tipos: atividade, projeto e operações especiais.
Na base do sistema, a ação é identificada por um código
Demanda Diretrizes Objetivo
alfanumérico de oito dígitos:
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º
numérico alfanumérico numéricos
Medida de
Desempenho Meta AÇÃO SUBTÍTULO
Resultado O primeiro dígito do código identifica o tipo de ação: se
1,3,5,7 refere-se ao projeto; se 2,4,6,8, refere-se à atividade; se
Produto Final 0 (zero) refere-se a operações especiais.
Programa 1º Dígito Tipo de Ação
Custo 1,3,5 ou 7 Projeto
2,4,6 ou 8 Atividade
Porém, quanto à padronização em âmbito nacional dos
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0 Operação Especial
programas, cada nível de governo passará a ter a sua estru-
tura própria, adequada à solução dos seus problemas, e orig- No PPA, ainda constará uma ação que será identificada
inária do Plano Plurianual. Assim, em função de não mais ha- pelo dígito 9, que corresponderá a uma ação não orçamentária.
ver uniformidade entre os entes federados, para o Ministério Vejamos a definição de cada uma delas:
do Planejamento Orçamento e Gestão, não há mais sentido
Atividade
falar-se em classificação programática, mas sim em estruturas
programáticas diferenciadas, de acordo com as peculiaridades Instrumento de programação utilizado para alcançar o ob-
locais de cada ente federativo. jetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações
A Portaria 42/99 do Ministério de Orçamento e Gestão que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais re-
estabeleceu os conceitos de programa e das ações (projeto, sulta um produto ou serviço necessário à manutenção da ação
atividade, operações especiais). Vejamos cada um deles. de Governo. Exemplo: ação 4339 Qualificação da Regulação e
Fiscalização da Saúde Suplementar.
Programa
Programa, instrumento de organização da ação governa- Projeto
mental visando à concretização dos objetivos pretendidos, Instrumento de programação utilizado para alcançar o
sendo mensurado por indicadores estabelecidos no Plano objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de op-
Plurianual, é o elemento de que se compõe o PPA. erações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto
O PPA 2016–2019 está constituído de dois tipos de pro- que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação
gramas, denominados Programas Temáticos e os Programas de governo. Exemplo: ação 7M64 Construção de Trecho Ro-
de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado. doviário – Entroncamento BR-472 – Fronteira Brasil/Argentina
ї Programas Temáticos: retratam no PPA a agenda de – na BR-468 – no Estado do Rio Grande do Sul.
governo organizada pelos Temas das Políticas Públicas
e orienta a ação governamental. Sua abrangência deve Operação Especial
ser a necessária para representar os desafios e organizar Despesas que não contribuem para a manutenção, ex-
a gestão, o monitoramento, a avaliação, as transversali- pansão ou aperfeiçoamento das ações de governo, das quais
dades, as multissetorialidades e a territorialidade. O Pro- não resulta um produto e não geram contraprestação direta
grama Temático se desdobra em objetivos e iniciativas. sob a forma de bens ou serviços. Exemplos:
ї Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado: » Amortização, juros, encargos e rolagem da dívi-
são instrumentos do Plano que classificam um conjunto da contratual e mobiliária.
de ações destinadas ao apoio, à gestão e à manutenção » Pagamento de aposentadorias e pensões.
da atuação governamental, bem como às ações não
» Transferências constitucionais ou legais por
tratadas nos Programas Temáticos por meio de suas ini-
repartição de receita (FPM, FPE, salário-edu-
ciativas.
cação, compensação de tributos ou participações
Na base de dados do SIOP, o campo que identifica o pro- aos Estados, Distrito Federal e Municípios, trans-
grama contém quatro dígitos: ferências ao Governo do Distrito Federal).
1º 2º 3º 4º
» Pagamento de indenizações, ressarcimentos,
Ação abonos, seguros, auxílios, benefícios previ-
denciários, benefícios de assistência social. Sul), por Estado ou Município ou, excepcionalmente, por um
» Reserva de contingência, inclusive as decor- critério específico, quando necessário. As LDOs vêm vedando,
rentes de receitas próprias ou vinculadas. na especificação do subtítulo, a referência a mais de uma locali-
» Cumprimento de sentenças judiciais (precatóri- dade, área geográfica ou beneficiário, se determinados.
os, sentenças de pequeno valor, sentenças con- Na União, o subtítulo representa o menor nível de catego-
tra empresas, débitos vincendos etc). ria de programação e será detalhado por esfera orçamentária,
» Operações de financiamento e encargos delas por Grupo de Natureza de Despesa, por modalidade de apli-
decorrentes (empréstimos, financiamentos cação, IDUSO e por fonte/destinação de recursos, sendo o pro-
diretos, concessão de créditos, equalizações,
duto e a unidade de medida os mesmos da ação.
subvenções, subsídios, coberturas de garan-
tias, coberturas de resultados, honras de aval, Classificação da Despesa
assistência financeira), reembolsáveis ou não.
» Ações de reservas técnicas (centralização de
Segundo Impacto no Pl
recursos para atender concursos, provimentos, Assim como ocorre para a receita, esse critério visa à
nomeações, reestruturação de carreiras etc). identificação da despesa que provoca impacto no Patrimônio
» Complementação ou compensação financeira Líquido do ente federativo. Refere-se a um enfoque contábil e
da união. patrimonial da despesa e as divide em:
» Contraprestação da União nos contratos de par- Despesas Efetivas
cerias público-privadas. Despesas que provocam impacto negativo no PL do ente
» Contribuição a organismos e/ou entidades na- federativo, sendo classificadas como fatos modificativos
cionais ou internacionais. diminutivos.
» Integralização e/ou recomposição de cotas de São todas as despesas correntes, exceto a aquisição de
capital junto a entidades internacionais. material de consumo para estoque, além da transferência de
» Contribuição à Previdência Privada. capital.
» Contribuição patronal da União ao regime de Despesas por Mutação (não efetivas)
Previdência dos servidores públicos.
Despesas que não provocam impacto negativo no PL do
» Desapropriação de ações, dissolução ou liq- ente em função de uma compensação no Ativo ou no Passivo.
uidação de empresas. São classificadas como fatos permutativos.
» Encargos financeiros (decorrentes da aquisição de São todas as despesas de capital, exceto a transferência de
Ativos, questões previdenciárias ou outras situações capital, além da despesa corrente de aquisição de material de
em que a União assuma garantia de operação). consumo para estoques.
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» Operações relativas à subscrição de ações.
» Indenizações financeiras (anistiados políticos, Classificação da Despesa por
programas de garantias de preços etc). Esfera Orçamentária
» Participação da União no capital de empresas O § 5º, do Art. 165, da Constituição Federal divide a Lei
nacionais ou internacionais. Orçamentária anual em três orçamentos, o Fiscal, o da Segu-
Toda ação do Governo está estruturada em programas ori- ridade Social e o de Investimentos da Empresas Estatais. São
entados para a realização dos objetivos estratégicos definidos partes de um mesmo orçamento que segregam as despesas
para o período do PPA, ou seja, quatro anos. conforme pertençam a uma delas.
Ação Não Orçamentária Art. 165, § 5º - A Lei Orçamentária Anual compreenderá:
Corresponde a uma ação sem dotação nos orçamentos da I. O orçamento fiscal referente aos Poderes da
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
União, mas que participa dos programas do PPA. União, seus fundos, órgãos e entidades da admin-
istração direta e indireta, inclusive fundações insti-
Subtítulo tuídas e mantidas pelo Poder Público;
As atividades, os projetos e as operações especiais serão II. O orçamento de investimento das empresas em
detalhados em subtítulos, utilizados especialmente para iden- que a União, direta ou indiretamente, detenha a
tificar a localização física da ação, não podendo haver, por maioria do capital social com direito a voto;
conseguinte, alteração da finalidade da ação, do produto e III. O orçamento da seguridade social, abrangendo
das metas estabelecidas. Vale ressaltar que o critério para a todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da
priorização da localização física da ação, no território, é o da administração direta ou indireta, bem como os fun-
localização dos respectivos beneficiados. dos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder
A adequada localização do gasto permite maior controle Público.
governamental e social sobre a implantação das políticas Dessa forma, a classificação denominada “esfera orça-
públicas adotadas, além de evidenciar a focalização, os custos mentária” tem por finalidade identificar se a despesa pertence
e os impactos da ação governamental. ao Orçamento Fiscal (F), da Seguridade Social (S) ou de Inves-
A localização do gasto poderá ser de abrangência nacional, timento das Empresas Estatais (I), conforme disposto consti- 607
no exterior, por Região (Norte, Nordeste, Centro Oeste, Sudeste, tucional citado.
Segundo o Manual Técnico de Orçamento 2012, na base ▷ não implique necessariamente modificação dos
608 de dados do SIOP, o campo destinado à esfera orçamentária critérios estabelecidos no âmbito de cada ente da
é composto de dois dígitos e será associado à ação orça- federação para elaboração das estatísticas fiscais
mentária, conforme tabela: e apuração dos resultados fiscais de que trata a lei
Código Esfera Orçamentária complementar 101, de 2000;
▷ não constitua mecanismo de viabilização de ex-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
10 Orçamento Fiscal
20 Orçamento da Seguridade Social
ecução de despesa pública para a qual não tenha
havido a devida fixação orçamentária.
30 Orçamento de Investimento
O Manual de Receita Nacional, aprovado pela portaria su-
Regime Contábil e Orçamentário pramencionada trás o posicionamento técnico das Secretarias
do Tesouro Nacional e de Orçamento Federal sobre o tema e
Até pouco tempo atrás, era quase um consenso entre
doutrinadores e bancas organizadoras de concursos que o re- afirma que a Contabilidade Aplicada ao Setor Público, assim
gime contábil afeto à Contabilidade Pública, no Brasil, era o como qualquer outro ramo da ciência contábil, obedece aos
misto. Isso em função da interpretação dada ao Art. 35, da Lei Princípios Fundamentais de Contabilidade. Dessa forma, apli-
4.320/64, no qual está expresso que pertencem ao exercício ca-se o Princípio da Competência em sua integralidade, ou
financeiro as receitas nele arrecadadas e as despesas nele le- seja, tanto na receita quanto na despesa.
galmente empenhadas. O referido manual explicita, então, que, na verdade, o Art.
Dessa forma, afirmava-se que havia um regime contábil 35, da Lei 4.320/64, ao estabelecer que pertencem ao exer-
de caixa para a receita e um regime contábil de competência cício financeiro as receitas nele arrecadadas e as despesas nele
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para a despesa, por isso, a denominação regime misto para a legalmente empenhadas, referiu-se ao regime orçamentário
Contabilidade Pública, afinal, nela havia a conjugação das car- e não ao regime contábil, pois a Contabilidade é tratada em
acterísticas dos dois regimes contábeis. título específico (do Art. 85 ao 104), no qual determina-se que
Porém, com o advento da Norma Brasileira de Contabili- as variações patrimoniais devem ser evidenciadas, sejam elas
dade, NBC T 16.5, que versa sobre Registro Contábil, aprovada independentes ou resultantes da execução orçamentária.
pela Resolução 1.132/08, o Conselho Federal de Contabilidade
apresentou um posicionamento diverso do que até então Observa-se que, além do registro dos fatos ligados à ex-
parecia ser um consenso. ecução orçamentária, exige-se a evidenciação dos fatos liga-
Segundo tal norma, as transações no setor público devem dos à administração financeira e patrimonial, exigindo que os
ser reconhecidas e registradas integralmente no momento em fatos modificativos sejam levados à conta de resultado e que
que ocorrerem. Os registros da entidade, desde que estimáveis as informações contábeis permitam o conhecimento da com-
tecnicamente, devem ser efetuados, mesmo na hipótese de posição patrimonial e dos resultados econômicos e financeiros
existir razoável certeza de sua ocorrência. de determinado exercício.
Os registros contábeis devem ser realizados e os seus A contabilidade deve evidenciar, tempestivamente, os fa-
efeitos evidenciados nas demonstrações contábeis do perío- tos ligados à administração orçamentária, financeira e patri-
do com os quais se relacionam, reconhecidos, portanto, pelos monial, gerando informações que permitam o conhecimento
respectivos fatos geradores, independentemente do momento da composição patrimonial e dos resultados econômicos e
da execução orçamentária. Assim, numa visão patrimonial, a financeiros. Portanto, com o objetivo de evidenciar o impacto
execução orçamentária passou a ser irrelevante. no Patrimônio, deve haver o registro da receita em função do
Os registros contábeis das transações das entidades do fato gerador, observando-se os Princípios da Competência e
setor público devem ser efetuados, considerando as relações da Oportunidade.
jurídicas, econômicas e patrimoniais, prevalecendo nos confli-
tos entre elas a essência sobre a forma. A entidade do setor O reconhecimento da receita, sob o enfoque patrimonial,
público deve aplicar métodos de mensuração ou avaliação dos apresenta como principal dificuldade a determinação do mo-
Ativos e dos Passivos que possibilitem o reconhecimento dos mento de ocorrência do fato gerador.
ganhos e das perdas patrimoniais. Para a receita tributária, pode-se utilizar o momento do
Em 14 de outubro de 2008, a Portaria Conjunta STN/SOF lançamento como referência para o reconhecimento, pois
nº 3 estabeleceu em seu Art. 6º que a despesa e a receita serão nesse estágio da execução da receita orçamentária é que:
reconhecidas por critério de competência patrimonial, visando a ▷ verifica-se a ocorrência do fato gerador da obrigação
conduzir a Contabilidade do setor público brasileiro aos padrões correspondente;
internacionais e ampliar a transparência sobre as contas públicas. ▷ determina-se a matéria tributável;
Porém, mesmo com esse posicionamento, segundo o
▷ calcula-se o montante do tributo devido;
parágrafo único do artigo supracitado, são mantidos os procedi-
mentos usuais de reconhecimento e registro da receita e da des- ▷ identifica-se o sujeito passivo.
pesa orçamentárias, de tal forma que a apropriação patrimonial: Ocorrido o fato gerador, pode-se proceder ao registro
▷ não modifique os procedimentos legais estabeleci- contábil do direito em contrapartida a uma variação ativa, em
dos para o registro das receitas e das despesas orça- contas do sistema patrimonial, o que representa o registro da
mentárias; receita por competência.
Resumindo, segundo o Manual de Contabilidade Aplicada Assim, é possível compatibilizar e evidenciar, de manei-
ao Setor público, deve-se levar em consideração dois enfoques ra harmônica, as variações patrimoniais e a execução orça-
no momento de se determinar o regime adotado na Contab- mentária ocorridas na entidade.
ilidade Pública, pois além dos Princípios de Contabilidade, a
Contabilidade Aplicada ao Setor Público deve seguir o dis- Ordenador de Despesas
posto nas normas de Direito Financeiro, em especial na Lei nº Ordenador de despesas é o servidor público investido de
4.320/64, que instituiu um regime orçamentário misto, no seu autoridade e competência para emitir empenho e autorizar
Art. 35. pagamentos.
Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: A rigor, não é o título de um cargo, pois pode ser exercido
I. As receitas nele arrecadadas; por um Diretor Geral, Secretário Geral, Diretor Executivo, Pres-
II. As despesas nele legalmente empenhadas.
idente de órgão ou entidade ou ainda um servidor designado.
Contudo, pela natureza da função, é inscrito com esse títu-
Ao mesmo tempo, no Art. 89, a referida Lei estabelece que:
lo junto aos órgãos que gerenciam o sistema financeiro da en-
Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados tidade e, também, junto aos Tribunais de Contas, no chamado
à administração orçamentária, financeira, patrimonial rol de responsáveis.
e industrial.
De acordo com o Decreto-Lei no 200/67:
Portanto, observa-se que, além do registro dos fatos liga-
Art. 80, § 1º. O ordenador de despesa é toda e qualquer
dos à execução orçamentária, exige-se a evidenciação dos
autoridade de cujos atos resultem emissão de empenho,
fatos ligados à execução financeira e patrimonial, de maneira
autorização de pagamento, suprimento ou dispêndio de
que os fatos modificativos sejam levados à conta de resultado recursos da União ou pela qual esta responda.
e que as informações contábeis permitam o conhecimento da
Como regra, o ordenador de despesas é o agente responsável
composição patrimonial e dos resultados econômicos e finan-
pelo recebimento, verificação, guarda ou aplicação de dinheiro,
ceiros de determinado exercício:
valores e outros bens públicos e responde pelos prejuízos que
Art. 100. As alterações da situação líquida patrimonial, acarreta à Fazenda, salvo se o prejuízo decorreu de ato praticado
que abrangem os resultados da execução orçamentária, por agente subordinado, que exorbitar das ordens recebidas, con-
bem como as variações independentes dessa execução forme dispõe o próprio Decreto-Lei no 200/67.
e as 12 superveniências e insubsistências ativas e passi- Por esse motivo, compete-lhes zelar pela boa e regular
vas, constituirão elementos da conta patrimonial. aplicação de recursos públicos, tanto nos atos que praticam
Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais como naqueles realizados no âmbito das repartições públicas.
evidenciará as alterações verificadas no patrimônio, re- Na forma do mesmo Decreto-Lei nº 200/67, o ordenador de
sultantes ou independentes da execução orçamentária, despesa está sujeito à tomada de contas, que será realizada
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e indicará o resultado patrimonial do exercício.” (Lei nº pelo órgão de contabilidade e verificada pelo órgão de audi-
4.320/64) toria interna, antes de ser encaminhada ao Tribunal de Contas,
Assim, com o objetivo de evidenciar o impacto dos fatos incumbido do julgamento das contas.
modificativos no patrimônio, deve haver o registro da receita Por fim, versa o Art. 39, do Decreto 93.872/86, que re-
sob o enfoque patrimonial (variação patrimonial aumentati- sponderão pelos prejuízos que acarretarem à Fazenda Na-
va) em função do fato gerador, em obediência aos princípios cional, o ordenador de despesas e o agente responsável pelo
da competência e da oportunidade. Ainda, no momento da recebimento e verificação, guarda ou aplicação de dinheiro,
arrecadação, deve haver o registro em contas específicas, valores e outros bens públicos. O ordenador de despesa, salvo
demonstrando a visão orçamentária, exigida no Art. 35 da Lei conivência, não é responsável por prejuízos causados à Fazen-
nº 4.320/64. Assim, é possível compatibilizar e evidenciar, de da Nacional, decorrentes de atos praticados por agente subor-
maneira harmônica, as variações patrimoniais e a execução dinado que exorbitar das ordens recebidas.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
tos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o São as despesas que atingiram o estágio da liquidação, ou
dia 31 de dezembro, distinguindo-se as processadas das não seja, empenhadas e liquidadas, restando pendente, apenas, o
processadas. estágio do pagamento.
Do texto legal, extrai-se: A liquidação consiste a confirmação da prestação do
serviço ou entrega do bem por parte do fornecedor. Por esse
▷ Que Restos a Pagar são dívidas empenhadas e pa-
gas em exercício financeiro seguinte ao que foram motivo, os Restos a Pagar Processados não podem ser can-
empenhadas; celados, tendo em vista que, se a própria Administração se
certificou que o fornecedor cumpriu com a obrigação, resta a
▷ Que deve haver distinção entre despesas processadas ela efetuar o pagamento devido, ou, do contrário, estará incor-
(liquidadas) e não processadas (não liquidadas). rendo em enriquecimento ilícito e, assim, deixando de cumprir
Definição com um dos Princípios que regem a Administração Pública,
mais especificamente o da Moralidade.
Inscrição de Restos a Pagar
Lei 4.320/64
Art. 36 Inscrevem-se em restos a pagar as despesas empenhadas e Inscrição (Registro)
não pagas até 31 de dezembro. (Princípio de Anualidade) A norma legal estabeleceu que, no encerramento do exer-
- Não Processados cício, a parcela da despesa orçamentária que se encontrar em
- Processados
RP
qualquer fase de execução posterior à emissão do Empenho e
Liquidado anterior ao Pagamento será considerada Restos a Pagar. Porém,
Processado
os empenhos que correm à conta de créditos com vigência pluri-
Não existe condição para anual, que não tenham sido liquidados, só serão computados
inscrever em restos a como Restos a Pagar, no último ano de vigência do crédito.
Empenho pagar processado, pois já
existe a dívida (serviço já Porém, não basta que uma despesa seja empenhada para
foi prestado). que seja inscrita em Restos a Pagar. Para tanto, é necessário,
ainda, que tal despesa cumpra os requisitos do Art. 35, do
RP Não Decreto 93.872/86, no qual está determinado que empenho
Não Liquidado
Processado de despesa não liquidada será considerado anulado em 31 de
Condições para a inscri-
dezembro, para todos os fins, salvo quando:
ção do RP não processado I. Vigente o prazo para cumprimento da obrigação
- Disponibilidade de caixa assumida pelo credor, nele estabelecida;
Pode-se definir Restos a Pagar como as despesas em- II. Vencido o prazo de que trata o item anterior, mas
penhadas, pendentes de pagamento na data de encerra- esteja em cursos a liquidação da despesa, ou seja,
mento do exercício financeiro, inscritas contabilmente como
de interesse da Administração exigir o cumprimen-
obrigações a pagar no exercício subsequente, constituin-
do-se em Dívida Flutuante. to da obrigação assumida pelo credor;
Também denominados de resíduos passivos, restos a pa- III. Se destinar a atender transferências a institu-
gar consistem em despesas empenhadas, mas não pagas até ições públicas ou privadas;
o dia 31 de dezembro, que não tenham sido canceladas pelo IV. Corresponder a compromissos assumidos no
processo de análise e depuração e que atendam aos requis- exterior.
▷ A Inscrição dos Restos a Pagar gera uma Despesa c) Do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC
Orçamentária: d) Do Ministério da Saúde; ou
Com o objetivo de evitar demonstrar um superávit fi- e) Do Ministério da Educação financiadas com
nanceiro inexistente, que pode ser utilizado para abertura de recursos da Manutenção e Desenvolvimento do
créditos adicionais sem lastro, comprometendo a situação fi- Ensino.
nanceira do ente, é recomendável que se proceda a execução
da despesa orçamentária, mesmo faltando o cumprimento do
Cancelamento
implemento de condição, a liquidação. O § 5º, do Art. 68, profundamente alterado pelo Decreto
7.654, de 23 de dezembro de 2011, estabelece que, para fins de
Tal procedimento é concebido mediante o registro da
cumprimento da validade supracitada, a Secretaria do Tesouro
despesa orçamentária, em contrapartida com uma conta de
Nacional do Ministério da Fazenda efetuará, em 30 de junho do
Passivo (obrigação) no sistema financeiro. Observa-se que tal
segundo ano subsequente ao de sua inscrição, o bloqueio dos
registro criou um Passivo “fictício” e, portanto, deve-se regis-
saldos dos Restos a Pagar não processados e não liquidados,
trar, simultaneamente, uma conta redutora desse Passivo no
em conta contábil específica, no Sistema Integrado de Admin-
sistema patrimonial.
istração Financeira do Governo Federal – SIAFI.
Esse procedimento encontra amparo no inciso II, do Art.
No § 6º, do mesmo artigo, o Decreto determina que as
35; da Lei 4.320/64 em que está determinado que pertencem
unidades gestoras executoras responsáveis pelos empenhos
ao exercício financeiro as despesas nele empenhadas.
bloqueados providenciarão os referidos desbloqueios dos em-
▷ O empenho gera uma Receita Extraorçamentária: penhos referentes a despesas executadas diretamente pelos
O Art. 103, da Lei 4320/64 determina que o Balanço Fi- órgãos e entidades da União ou mediante transferência ou de-
nanceiro demonstrará a receita e a despesa orçamentárias, scentralização aos Estados, Distrito Federal e Municípios, com
bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza execução iniciada até a data do bloqueio, devendo a Secretaria
extraorçamentária, conjugados com os saldos em espécie do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda providenciar o
provenientes do exercício anterior, e os que se transferem posterior cancelamento no SIAFI dos saldos que permanecer-
para o exercício seguinte. Seu parágrafo único determina que em bloqueados.
os Restos a Pagar do exercício serão computados na receita Essas foram uma das principais alterações trazidas pelo
extraorçamentária para compensar sua inclusão na despesa Decreto 7.654, de 23 de dezembro de 2011, em relação à norma
orçamentária. anterior. Portanto, fique atento.
No balanço orçamentário, os restos a pagar são computa- O pagamento que vier a ser reclamado em decorrência
dos como despesa orçamentária, mas, no balanço financeiro, dos cancelamentos efetuados poderá ser atendido a conta de
são incluídos como receita extraorçamentária. dotação de exercícios anteriores, no exercício que ocorrer o
reconhecimento da dívida. Prescreve em cinco anos a dívida
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Pagamento passiva relativa aos Restos a Pagar.
O pagamento dos Restos a Pagar ocorrerá no exercício fi- Os Ministros de Estado, os titulares de órgãos da Presidên-
nanceiro seguinte ao da sua inscrição, dependendo dos Não cia da República, os dirigentes de órgãos setoriais dos Sistemas
Processados de liquidação. Federais de Planejamento, de Orçamento e de Administração
Sob o aspecto orçamentário, o pagamento dos Restos a Financeira e os ordenadores de despesas são responsáveis, no
Pagar, sejam liquidados ou não, cofigurar-se-á em despesa que lhes couber, pelo cumprimento do que foi aqui exposto.
extraorçamentária. Mas qual o efeito do cancelamento de um Resto a Pagar?
O registro do cancelamento de Restos a Pagar Não Pro-
Vigência cessados é feito em contrapartida de uma Variação Ativa. Pelo
Dispõe o Art. 68, do Decreto 93.872/86 que os Restos a fato desse cancelamento fazer desaparecer uma obrigação, ele
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Pagar, inscritos na condição de não processados e não liquida- configurar-se-á um aumento no Patrimônio Líquido, ou seja,
dos, posteriormente terão validade até 30 de junho do segun- uma variação positiva, ativa, sendo, sob o enfoque exclusiva-
do ano subsequente ao de sua inscrição, ressalvado os que: mente patrimonial, uma receita.
I. Refiram-se às despesas executadas diretamente Com relação ao efeito provocado pelo cancelamento de
pelos órgãos e entidades da União ou mediante um Resto a Pagar, sob o enfoque orçamentário, existem dois
transferência ou descentralização aos Estados, Dis- posicionamentos: o estritamente legal e o do Manual de Con-
trito Federal e Municípios, com execução iniciada até tabilidade Aplicada ao Setor Público da Secretaria do Tesouro
30 de junho do segundo ano subsequente ao de sua Nacional.
inscrição, sendo consideradas como iniciadas: ї Art. 38 da Lei 4.320/64
a) Nos casos de aquisição de bens, a despesa Reza esse artigo que reverte à dotação a importância de
verificada pela quantidade parcial entregue, at- despesa anulada no exercício. Quando a anulação ocorrer após
estada e aferida; e o encerramento deste, considerar-se-á receita do ano em que
b) Nos casos de realização de serviços e obras, a se efetivar.
despesa verificada pela realização parcial com a Assim, pelo ponto de vista legal, a anulação de Restos a
medição correspondente atestada e aferida. Pagar caracteriza uma receita orçamentária do ano em que se 611
II. Sejam relativos às despesas: efetiva, pois, segundo o Art. 38, da Lei 4.320/64, “reverte à
dotação a importância de despesa anulada no exercício. Quan-
612 do a anulação ocorrer após o encerramento deste, consider-
ar-se-á receita do ano em que se efetivar”.
ї Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público
O cancelamento de despesas inscritas em Restos a Pagar
consiste na baixa da obrigação constituída em exercícios an-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Prazo Prescricional
Segundo o Art. 70, do Decreto 93.872/86, prescreve em
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Casos Específicos
O Manual da Despesa Nacional traz algumas situações es-
pecíficas e o tratamento que deve ser dado a cada uma delas.
ї Contratos e Convênios
Observando-se o Princípio da Anualidade Orçamentária, as
parcelas dos contratos e convênios somente deverão ser em-
penhadas e contabilizadas no exercício financeiro, se a execução
for realizada até 31 de dezembro ou se o prazo para cumprimen-
to da obrigação assumida pelo credor estiver vigente.
As parcelas remanescentes deverão ser registradas nas
Contas de Compensação e incluídas na previsão orçamentária
para o exercício financeiro em que estiver prevista a com-
petência da despesa.
ї Valor da despesa diverso do empenhado
No momento do pagamento de Restos a Pagar, referente à
despesa empenhada pelo valor estimado, verifica-se se existe
diferença entre o valor da despesa inscrita e o valor real a ser
pago; se existir diferença, procede-se da seguinte forma:
▷ Se o valor real a ser pago for superior ao valor in-
scrito, a diferença deverá ser empenhada à conta de
despesas de exercícios anteriores;
▷ Se o valor real for inferior ao valor inscrito, o saldo
existente deverá ser cancelado.
ANOTAÇÕES
25. Despesas de Exercícios Anteriores será empenhada e paga à conta de Despesa de Exercícios An-
teriores.
(DEA) É importante ficar atento para a expressão “processada”.
Isso porque essa expressão não tem o mesmo significado da
Como visto ao longo desta obra, a atividade orçamentária expressão usada em Restos a pagar “processados”. Aqui ela
pública é extremamente complexa e envolve vários interesses tem um sentido mais amplo e abrange também o empenho,
em diversos aspectos de uma sociedade. Na relação da Adminis- pois se a despesa fosse pelo menos empenhada, ela poderia
tração com terceiros, o desenvolvimento dessa atividade acaba ser registrada como Resto a Pagar.
por criar situações que geram direitos e obrigações de cunho ▷ Restos a Pagar com prescrição interrompida:
patrimonial, tanto para o particular quanto para a Adminis-
tração. Haverá situações em que a obrigação será criada e que Tal situação ocorre com os restos a pagar que, ao final de
não poderá ser honrada no decorrer do exercício em que surgiu seu prazo de vigência, não foram liquidados e, por esse moti-
e que, por motivos diversos, também não poderá ser honrada vo, tenham sido cancelados, mesmo ainda vigente o direito do
fora do exercício pelo mecanismo denominado Resto a Pagar. credor. Nessa situação, essa despesa poderá ser paga medi-
ante Despesas de Exercícios Anteriores.
Surge, então, a figura da Despesa de Exercícios Anteriores
– DEA, que estudaremos agora. ▷ Compromissos reconhecidos após o encerramento
do exercício correspondente:
Definição Segundo o Manual de Despesa Nacional, os compromissos
Segundo o Manual da Despesa Nacional, despesa de exer- reconhecidos após o encerramento do exercício são aqueles
cícios anteriores são despesas fixadas, no orçamento vigente, cuja obrigação de pagamento foi criada em virtude de lei, mas
decorrentes de compromissos surgidos em exercícios anteri- somente reconhecido o direito do reclamante após o encerra-
ores àquele em que deva ocorrer o pagamento. São despesas mento do exercício correspondente.
orçamentárias e não se confundem com restos a pagar, tendo Serve de exemplo o pagamento de auxílio maternidade
em vista que sequer foram empenhadas ou, se foram, tiveram a um servidor cujo filho tenha nascido no exercício anterior
seus empenhos anulados ou cancelados antes do final do exer- e que o mesmo só tenha reclamado seu direito agora. Nes-
cício financeiro. Assim, sendo uma despesa orçamentária, para sa situação, a Administração nem sabia da existência dessa
que possa ser paga, deve ser previamente empenhada. obrigação que surgiu em função de previsão legal.
O reconhecimento da obrigação de pagamento das despe- Assim, nesse caso, a despesa não fora empenhada, mas
sas com exercícios anteriores cabe à autoridade competente permanece o direito por parte do servidor, tendo como saída
para empenhar essas despesas, (ordenador de despesas) que o pagamento na forma de Despesas de Exercícios Anteriores.
poderão ser pagas à conta de dotação específica consignada Para finalizar, segue a transcrição do Decreto 93.872/86,
no orçamento, desde que discriminada por elementos, obede- que versa sobre despesas de exercícios anteriores.
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cida, sempre que possível, a ordem cronológica. A viabilização Art. 22. As despesas de exercícios encerrados, para
do pagamento desse tipo de despesa ocorrerá com um proces- as quais o orçamento respectivo consignava crédito
so administrativo, no qual será apurado o direito do credor e o próprio com saldo suficiente para atendê-las, que não
valor correspondente. se tenham processado na época própria, bem como
os Restos a Pagar com prescrição interrompida, e os
Espécies de DEA compromissos reconhecidos após o encerramento do
Segundo o Art. 37 da Lei nº 4.320/64, três são as hipóteses exercício correspondente, poderão ser pagos à conta
para despesas de exercícios anteriores: de dotação destinada a atender despesas de exercícios
▷ Despesas com saldo suficiente para atendê-las e anteriores, respeitada a categoria econômica própria
não processadas no mesmo exercício financeiro: (Lei nº 4.320/64, Art. 37).
São muitas as situações que ocorrem durante um exercício § 1º - O reconhecimento da obrigação de pagamento,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
financeiro e que podem levar a desconformidades na execução de que trata este artigo, cabe à autoridade competente
das despesas. Assim, pode acontecer que uma despesa tenha para empenhar a despesa.
sido regularmente fixada e empenhada em um determinado § 2º - Para os efeitos deste artigo, considera-se:
exercício, mas, por motivos diversos, tenha seu empenho can- a) Despesas que não se tenham processado na época
celado antes do fim do exercício, não havendo então o pro- própria, aquelas cujo empenho tenha sido consid-
cessamento dessa despesa em época própria, mesmo tendo erado insubsistente e anulado no encerramento do
havido a entrega do bem ou prestação do serviço. exercício correspondente, mas que, dentro do prazo
Assim, as despesas que não se tenham processado na épo- estabelecido, o credor tenha cumprido sua obrigação;
ca própria são aquelas cujo empenho tenha sido considerado b) Restos a pagar com prescrição interrompida, a
insubsistente e anulado no encerramento do exercício corre- despesa cuja inscrição como restos a pagar tenha sido
spondente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o credor cancelada, mas ainda vigente o direito do credor;
tenha cumprido sua obrigação. c) Compromissos reconhecidos após o encerra-
Nessa hipótese, permanece o direito do fornecedor e, por mento do exercício, a obrigação de pagamento
não ter havido a possibilidade de regularizar a situação des- criada em virtude de lei, mas somente reconheci-
sa despesa no exercício em que ocorreu, vindo o fornecedor do o direito do reclamante após o encerramento 613
a reclamar tal direito em exercícios posteriores, essa despesa do exercício correspondente.
614
26. Suprimento de Fundos (Regime de Finalidade
A finalidade do suprimento de fundo é poder viabilizar a
Adiantamento) realização de despesas que são necessárias, mas que, por suas
O ideal para a realização da despesa é que ela percorra os características, não possam subordinar-se ao processo normal
caminhos naturais, vistos anteriormente, quando estudamos de aplicação.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
os estágios da Despesa. Porém, em função de características Mas o que seria o processo normal de aplicação?
específicas, é impossível subordinar a realização de certas des- Vimos que a despesa percorre um longo caminho, desde a
pesas a esse processo “normal” de aplicação. previsão até a sua efetiva execução, tendo como um dos seus es-
tágios mais demorados o processo licitatório. Existem despesas
Para tanto, existe o mecanismo denominado “suprimento que teriam a sua realização inviabilizada se tivessem que, obriga-
de fundos”. toriamente, passar integralmente por tais processos, em razão de
suas características ou da urgência. Para realização desse tipo de
Definição despesa é que existe o suprimento de fundos.
O regime de adiantamentos ou suprimento de fundos é uma O Decreto 93.972/86 traz, nos incisos de seu art. 45, situ-
forma diferenciada de realizar despesas públicas orçamentárias. ações que justificam a aplicação do regime de adiantamento.
Tem por principal característica ser a disponibilização de valores a São elas:
um servidor público, denominado suprido, com o fim de que este ▷ Para atender despesas eventuais, inclusive em via-
realize despesas públicas com características especiais. gens e com serviços especiais, que exijam pronto
A parte final do Art. 65, os Art. 68 e 69, da Lei nº 4.320/1964, pagamento.
▷ Quando a despesa deva ser feita em caráter sigi-
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a emissão do empenho ou fará referência ao empenho esti- vedada a abertura de conta bancária destinada à movimentação
mativo, solicitando a anexação de uma cópia da NE - Nota de de suprimentos de fundos.
Empenho - à proposta de concessão de suprimento. Art. 45 § 5º. As despesas com suprimento de fundos
Em se tratando de suprimento de fundos para contratação de serão efetivadas por meio do Cartão de Pagamento do
serviços prestados por pessoa física, deve ser emitida nota de em- Governo Federal - CPGF.
penho, na natureza de despesa 33.91.47 – Obrigações Tributárias e Art. 45, A. É vedada a abertura de conta bancária des-
de Contribuições, visando a atender às despesas com contribuição tinada à movimentação de suprimentos de fundos. (In-
previdenciária patronal, observando o subitem. cluído pelo Decreto nº 6.370, de 2008)
Do ato de concessão de suprimento de fundos constará, O Cartão de Pagamentos do Governo Federal é um in-
obrigatoriamente: strumento moderno que visa a agilizar a gestão de recursos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
▷ Prazo máximo para utilização dos recursos. públicos destinados a despesas em regime de adiantamento,
▷ Prazo para prestação de contas. além de proporcionar controle e eficiência na sua utilização.
Seu funcionamento é muito parecido com o de um cartão de
▷ Sistemática de pagamento, se somente fatura, ou
crédito comum, podendo ser utilizado na modalidade de fa-
também saque, quando for movimentado por meio
tura e saque, permitindo inclusive, segundo Cartilha da Con-
do Cartão de Pagamento do Governo Federal. troladoria Geral da União, a utilização com afiliado, por meio
A cada concessão de suprimento de fundos, seja qual de Correio, Internet, Telefone ou outro meio de comunicação,
for o meio de pagamento, deverá haver a identificação da desde que sejam tomados os devidos cuidados.
motivação do ato, esclarecendo as demandas da unidade, e Esse cartão é emitido em nome da Unidade Gestora, com
a definição de valores compatíveis com a demanda, vincu- a identificação de seu portador. A ele é estabelecido um lim-
lando o gasto com o suprimento de fundos. ite, sendo o agente suprido o portador do CPGF e responsável
Por sua vez, o Art. 47 abre a possibilidade de determina- por sua utilização, respondendo pela guarda e por todas as
das instituições e Ministérios regulamentarem a concessão e despesas realizadas, prestando contas ao final do período de
aplicação de suprimento de fundos, ou adiantamentos, para utilização. Problemas como perda, furto ou extravio devem ser
atender às peculiaridades dos seus órgãos essenciais, obe- imediatamente informados ao Banco do Brasil e ao Ordenador 615
decendo ao Regime Especial de Execução, estabelecido em de Despesas.
O § 6º do Art. 45 veda, ainda, a utilização do CPGF na modali- Segundo o inciso II, do art. 21 desse instrumento norma-
616 dade de saque, exceto no tocante às despesas: tivo, os órgãos e entidades da Administração Pública Federal
▷ Referentes às situações destinadas a atender às pe- poderão movimentar recursos financeiros em contas bancárias
culiaridades dos órgãos essenciais dos ministérios e junto ao Banco do Brasil S.A. As classificadas como tipo “B”
órgãos vistos acima com competência para estabelecer são as destinadas a acolher recursos de suprimento de fun-
seus Regimes Especiais de Execução em instruções dos e de adiantamentos, movimentadas pelo Agente Pagador
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
aprovadas pelos respectivos Ministros de Estado. beneficiário e vinculadas à Unidade Gestora responsável.
▷ Decorrentes de situações específicas do órgão ou enti- O Art. 23 determinou, para as contas do tipo “B”, as se-
dade, nos termos do autorizado em Portaria pelo Minis- guintes disposições:
tro de Estado competente e nunca superior a trinta por ▷ Serão abertas mediante autorização do ordenador de
cento do total da despesa anual do órgão ou entidade despesas, as quais serão encaminhadas ao agente fi-
efetuada com suprimento de fundos. nanceiro, contendo os dados dos responsáveis por sua
movimentação.
▷ Decorrentes de situações específicas da Agência
Reguladora, nos termos do autorizado em Portaria ▷ Serão movimentadas por cheques e guias de de-
pelo seu dirigente máximo e nunca superior a trinta pósito do agente financeiro.
por cento do total da despesa anual da Agência efet- ▷ Serão obrigatoriamente encerradas pelo titular, ime-
uada com suprimento de fundos. diatamente após o período de aplicação dos recursos,
quando o titular deixar de ser movimentador de recur-
A Secretaria do Tesouro Nacional, que estabelece as re-
sos de suprimento de fundos e/ou de adiantamento da
gras desse processo, determinou que o limite de utilização do
unidade.
cartão será concedido de acordo com o valor constante no ato
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de concessão de suprimento de fundos e revogado tão logo o ▷ Os saldos não movimentados por mais de 60 dias
serão encerrados pela unidade gestora, por deter-
prazo de utilização seja expirado. Na concessão, serão estabe-
minação da área de controle interno do respectivo
lecidos os valores de gasto para a modalidade de fatura e de
Ministério/órgão.
saque, necessitando de justificativa se autorizado algum valor
na modalidade de saque. ▷ Quando se tratar de unidades gestoras que utili-
zam o SIAFI na modalidade “off-line”, - serão mov-
Todo o procedimento de concessão de suprimento de fun- imentadas apenas através de Ordens Bancárias.
dos, por meio de limite de utilização do cartão, deve ser repetido
A Secretaria do Tesouro Nacional determinou que quando,
a cada nova concessão, bem como a revogação do limite de uti-
em caráter excepcional, o suprimento de fundos for concedido
lização do cartão, após expiração do prazo de utilização.
na modalidade de depósito em conta corrente, o valor da Ordem
ї Conta Corrente: Bancária para crédito na conta corrente de suprimento de fundos
Existe ainda outro mecanismo para operacionalização do será concedido com fundamento na autorização da solicitação de
regime de adiantamento, são as chamadas contas tipo “B”. concessão de suprimento de fundos, devendo o saldo residual ser
Apesar do tom peremptório da afirmação contida no art. devolvido pelo suprido, por meio de GRU, tão logo o prazo de uti-
45-A visto anteriormente, fazer parecer com que essa regra lização seja expirado.
não comporte exceções, elas existem, pois o mesmo norma- Todo o procedimento de concessão de suprimento de fun-
tivo que criou a regra, o Decreto 6.370, previu as exceções dos, por meio de depósito em conta corrente, deve ser repeti-
transcritas a seguir: do a cada nova concessão, bem como a devolução do saldo
Art. 3º. A Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério residual existente na conta corrente de suprimento de fundos,
da Fazenda encerrará as contas bancárias destinadas após expiração do prazo de utilização.
à movimentação de suprimentos de fundos até 2 de
junho de 2008. Prazo para Aplicação
§ 1º. O prazo previsto no caput não se aplica aos órgãos O prazo máximo para aplicação do suprimento de fundos
dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Pú- será de até 90 (noventa) dias, a contar da data do ato de
blico da União e dos Comandos Militares. (Incluído pelo concessão e não ultrapassará o término do exercício finan-
Decreto nº 6.467, de 2008) ceiro. É importante estar atento que esse prazo é máximo,
§ 2º. Para os órgãos citados no § 1º, poderão ser ab- podendo ser menor, desde que determinado pelo Ordenador
ertas novas contas bancárias destinadas à movimen- de Despesa, no ato de concessão.
tação de suprimento de fundos. (Incluído pelo Decreto ї Limites:
nº 6.467, de 2008) Segundo inciso III, do Art. 45, do Decreto 93.972/6, no
Dessa forma, para os poderes Legislativo e Judiciário, o âmbito do Governo Federal, a competência para determinação
Ministério Público da União, além dos Comandos Militares, dos valores-limites para a concessão de suprimento de fun-
poderão ser abertas novas contas bancárias, destinadas à dos, bem como valor máximo para definição de despesas de
movimentação de suprimento de fundos. pequeno vulto, recai sobre o Ministro da Fazenda, que deve
A Instrução Normativa STN Nº 4, de 31 de Julho de 1998, dis- fazê-lo por portaria. Atualmente, tal matéria está disciplinada
ciplinou a utilização de contas bancárias para movimentação de pela Portaria 95, de 19 de abril de 2002.
recursos financeiros por parte dos órgãos e entidades da Admin- Quando se fala em limite no regime de adiantamento, deve-se
istração Pública Federal. levar em consideração dois parâmetros, limite total do suprimento
e limite máximo por tipo de despesa, nas duas modalidades de Compras e Serviços
Obras e Serviços de Engenharia
concessão, cartão de pagamentos e conta corrente. Deve-se levar em Geral
ainda em conta o limite individual por objeto da despesa. Objeto
Suprimen- Objeto de Suprimen-
Segundo o parágrafo 4º, do Art. 45, do Decreto 93.872/86, de Des-
to Despesa to
pesas
os valores limites para concessão de suprimento de fundos, bem
como o limite máximo para despesas de pequeno vulto visto aci- Conta Bancária R$ R$ R$ R$
Conta tipo B 7.500,00 375,00 4.000,00 200,00
ma, serão fixados em Portaria do Ministro de Estado da Fazenda.
Cartão de
A determinação desses valores tem por base a Lei Pagamento R$ R$ R$ R$
8.666/93, como vemos no texto da Portaria transcrito a seguir: do Governo 15.000,00 1.500,00 8.000,00 800,00
Art. 1º. A concessão de Suprimento de Fundos, que so- Federal-CPGF
mente ocorrerá para realização de despesas de caráter Os limites supracitados correspondem ao de cada suprimento
excepcional, conforme disciplinado pelos arts. 45 e 47 do ou despesa, vedado o fracionamento de despesa ou do documen-
Decreto no 93.872/86, fica limitada a: to comprobatório para adequação a esse valor. Assim, uma obra
I. 5% (cinco por cento ) do valor estabelecido no valor de 150.000, que não tem recursos disponíveis por não
na alínea “a” do inciso “I” do art. 23, da Lei no haver previsão orçamentária, não poderá ser realizada com dez
8.666/93, para execução de obras e serviços de suprimentos de fundo de 15.000, mesmo que seja necessária a
engenharia. sua realização. A mesma observação vale para o limite individual
por objeto da despesa.
II. 5% (cinco por cento ) do valor estabelecido na
alínea “a” do inciso “II” do art. 23, da Lei acima cita- A Portaria estabelece ainda que, excepcionalmente, a
da, para outros serviços e compras em geral. critério da autoridade de nível ministerial, desde que caracter-
izada a necessidade em despacho fundamentado, poderão ser
§ 1º. Quando a movimentação do suprimento de fun- concedidos suprimentos de fundos em valores superiores aos
dos for realizada por meio do Cartão de Crédito Corpo- fixados.
rativo do Governo Federal, os percentuais estabeleci-
dos nos incisos I e II deste artigo ficam alterados para Prestação de Contas
10% (dez por cento). Estabelece o § 2º, do Art. 45 que o servidor que receber
§ 2º. O ato legal de concessão de suprimento de fun- suprimento de fundos, conforme foi visto na regra geral, é
dos deverá indicar o uso da sistemática de pagamento, obrigado a prestar contas de sua aplicação, procedendo-se,
quando este for movimentado por meio do Cartão de automaticamente, à tomada de contas se não o fizer no pra-
Crédito Corporativo do Governo Federal. zo assinalado pelo ordenador da despesa, sem prejuízo das
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§ 3º. Excepcionalmente, a critério da autoridade de providências administrativas para a apuração das responsab-
nível ministerial, desde que caracterizada a necessi- ilidades e imposição das penalidades cabíveis. O prazo para
dade em despacho fundamentado, poderão ser con- prestação de contas é de 30 dias após o término do prazo de
cedidos suprimentos de fundos em valores superiores aplicação, nada impedindo que ocorra em prazo menor.
aos fixados neste artigo. Caso o suprimento de fundos tenha sido concedido em data
Art. 2º. Fica estabelecido o percentual de 0,25% do próxima ao final do ano e não ocorra a aplicação dos recursos até
valor constante na alínea “a” do inciso II do art. 23 da o término do exercício financeiro, o art. 46 determina que cabe
Lei no 8.666/93 como limite máximo de despesa de aos detentores de suprimentos de fundos fornecer indicação pre-
pequeno vulto, no caso de compras e outros serviços, e cisa dos saldos em seu poder, em 31 de dezembro, para efeito de
de 0,25% do valor constante na alínea “a” do inciso I do contabilização e re-inscrição da respectiva responsabilidade pela
sua aplicação em data posterior, observados os prazos assinala-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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Segundo o Manual de Procedimentos da Dívida Ativa, a Composição
Dívida Ativa, regulamentada a partir da legislação pertinente,
abrange os créditos a favor da Fazenda Pública, cuja certeza e Segundo o Art. 2º, § 2º, da Lei 6.830/80, a Dívida Ati-
liquidez foram apuradas, por não terem sido efetivamente re- va da Fazenda Pública, compreendendo a tributária e a não
cebidas nas datas aprazadas. É, portanto, uma fonte potencial tributária, abrange atualização monetária, juros e multa de
de fluxos de caixa, com impacto positivo pela recuperação de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato. Segundo
valores, espelhando créditos a receber, sendo contabilmente o Manual de Procedimentos da Dívida Ativa, o pagamento de
alocada no Ativo. custas e emolumentos foi dispensado para os atos judiciais da
Fazenda Pública.
A base legal da Dívida Ativa está em diversos regramentos,
sendo um dos principais a Lei 4.320/64, que dá sua definição. Classificação Segundo a Composição
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Enfoques na Inscrição e
no Recebimento
Com relação aos efeitos provocados pela Dívida Ativa,
tem-se que levar em conta dois enfoques, o patrimonial e o
orçamentário, em dois momentos distintos, a inscrição e o re-
cebimento.
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▷ Enfoque patrimonial
» Inscrição
A inscrição representa uma receita, pois faz aumentar o
Ativo sem uma contrapartida negativa correspondente e rel-
acionada no próprio Ativo ou no Passivo. Assim, esse aumento
refletir-se-á positivamente no Patrimônio Líquido do bem. Por
esse motivo, sob esse enfoque, a mera inscrição da Dívida Ati-
va já caracteriza uma receita.
A inscrição de créditos na Dívida Ativa representa con-
tabilmente um fato modificativo, que tem como resultado um
acréscimo patrimonial no órgão ou unidade competente para
inscrição em Dívida Ativa e um decréscimo patrimonial no
órgão ou entidade originadora do crédito.
» Recebimento
Sob o enfoque patrimonial, a entrada de recursos decorrentes
do recebimento da Dívida Ativa é um mero fato permutativo e não
gera receita, pois, apesar da entrada de recursos que faz aumentar o
Ativo, essa entrada ocorre de maneira concomitante, relacionada e
proporcional a uma redução dentro do próprio Ativo, com o desapa-
recimento do direito de receber os créditos anteriormente inscritos e
que agora foram recebidos.
▷ Enfoque orçamentário
» Inscrição
Como visto, esse enfoque leva em consideração a ar-
recadação dos recursos que não tenham caráter devolutivo
e que possam ser empregados em despesas públicas. A in-
scrição em Dívida Ativa não gera receita sob esse enfoque,
porque não houve ainda nenhuma arrecadação, nenhuma
entrada de recursos.
» Recebimento
Esse regime leva em consideração a arrecadação dos re-
cursos que não tenham caráter devolutivo e que possam ser
empregados em despesas públicas. Assim, o recebimento da
Dívida Ativa gera receita sob esse enfoque, mais precisamente
no sub-grupo “outras receitas correntes ou capital”, porque
agora houve arrecadação.
▷ Unidade Administrativa:
28. Programação e Execução Segmento da administração direta ao qual a Lei Orça-
Orçamentária e Financeira mentária Anual não consigna recursos e que depende de de-
Aprovado o orçamento, é necessário que se inicie a sua ex- scentralização de créditos orçamentários, destaques ou pro-
ecução. Porém, em função da complexidade, da necessidade visões, para executar seus programas de trabalho.
e de se otimizar a utilização os recursos existentes, faz-se im- ▷ Unidade Gestora Responsável
perioso que se estabeleçam mecanismos que permitam essa Unidade gestora que responde pela realização de parte do
execução, de forma eficiente, efetiva e eficaz. Esses mecanis- programa de trabalho contida num crédito.
mos terão por fim organizar a execução tanto financeira quan-
to orçamentária, começando com uma programação, afinal o ▷ Unidade Gestora Executora
fluxo de saída “recursos” deve ser compatível com o fluxo de Segundo a Instrução Normativa IN/DTN nº 10/91, É a “Uni-
entrada, evitando ou, pelo menos, minimizando a ocorrência dade gestora que utiliza o crédito recebido da unidade gestora
insuficiência de caixa. responsável”.
Mas existe diferença entre financeiro e orçamentário? É importante estar atento ao fato de a unidade gestora que
Sim, existe. Apesar de ocorrerem, quando da efetivação utiliza os próprios créditos passa a ser, ao mesmo tempo, uni-
da despesa, de forma concomitante, no momento em que se dade gestora executora e unidade gestora responsável.
fala em orçamentário, refere-se àquilo que foi anteriormente
planejado para ser realizado, ao crédito orçamentário, ou seja, Movimentação de Créditos
à autorização para o gasto contida na LOA. Nenhum órgão ou
entidade pública poderá realizar despesas orçamentárias se Orçamentários (Descentralização
não tiver essa autorização, se não for contemplada com crédi- de Créditos)
tos orçamentários. A Elaboração e Execução Orçamentária
compreende as fases de compilação, organização, consoli- O órgão central de planejamento e orçamento é o
dação, destinação e aplicação dos créditos estabelecidos pela Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG).
programação orçamentária para um determinado período. Dentro do MPOG, a Secretaria de Orçamento Federal (SOF),
Já, quando se fala em financeiro, refere-se aos recursos é responsável por coordenar a elaboração e consolidação do
financeiros para fazer frente à despesa autorizada no crédito orçamento anual. No orçamento, são aprovados créditos orça-
orçamentário. mentários e a eles são consignadas dotações.
Assim, de nada adianta ter créditos orçamentários, disponibil- Mas o que vem a ser crédito orçamentário?
idade orçamentária, se não houver recursos financeiros para fazer Toda despesa orçamentária, para que ocorra, deverá estar
frente a eles. Do mesmo modo, de nada adianta ter recursos fi- autorizada na LOA ou em uma lei de crédito adicional por meio
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nanceiros se não houver orçamento disponível, ou seja, créditos de um crédito orçamentário. Crédito orçamentário nada mais
orçamentários, autorizando a realização da despesa. é que a autorização para o gasto contida na LOA ou em uma
Observando o ciclo de gestão do Governo Federal, planeja- lei de crédito adicional. Cada crédito terá uma dotação, que é
mento, programação, orçamentação, execução, controle e aval- o limite desse crédito.
iação, entendemos que é na etapa da Execução que atos e fatos Assim, com a publicação da Lei Orçamentária Anual
são praticados na Administração Pública para implementação (LOA), o seu consequente lançamento no SIAFI, Sistema In-
da ação governamental e na qual ocorre o processo de operacio- tegrado de Administração Financeira do Governo Federal, e o
nalização objetiva e concreta de uma política pública. Os órgãos detalhamento dos créditos autorizados, inicia-se a movimen-
que atuam nessa fase são os próprios Ministérios, sendo que o tação entre as Unidades Orçamentárias para que se viabilize
gerenciamento da execução financeira é feito pela Secretaria do
a execução orçamentária propriamente dita, já que só após o
Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda - STN/MF.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade programas de trabalho, ou seja, seus créditos orçamentários
social para suprir necessidade ou cobrir déficit de são recebidos por descentralização orçamentária.
empresas, fundações e fundos, inclusive dos men-
cionados no Art. 165, § 5º. Mecanismos de Descentralização
Art. 165, § 5º - A Lei Orçamentária Anual com- de Crédito
preenderá:
ї Voltando à descentralização, Segundo Art. 2º, do De-
I. O orçamento fiscal referente aos Poderes da creto 825/93, a execução orçamentária poderá pro-
União, seus fundos, órgãos e entidades da admin- cessar-se:
istração direta e indireta, inclusive fundações insti-
tuídas e mantidas pelo Poder Público; Internamente: mediante a descentralização de créditos
entre Unidades Gestoras de um mesmo Órgão/Ministério ou
II. O orçamento de investimento das empresas em
entidade integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade
que a União, direta ou indiretamente, detenha a
maioria do capital social com direito a voto; social, designando-se este procedimento de descentralização
interna.
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Art. 8º. Até trinta dias após a publicação dos orça-
Nota de Movimentação de Crédito (NC): registro dos mentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes
eventos vinculados à transferência de créditos entre Unidades orçamentárias e observado o disposto na alínea c do
Gestoras dentro da mesma esfera de Governo, tais como de- inciso I do Art. 4º, o Poder Executivo estabelecerá a
staque (descentralizações externas), provisão (descentral- programação financeira e o cronograma de execução
izações Internas), anulação de provisão e anulação de des- mensal de desembolso.
taque. Os decretos de programação financeira constituem ins-
trumento do processo de execução financeira e têm por fina-
Encerrada a descentralização orçamentária, é importante
lidade a formulação de diretrizes para:
citar, por fim, o tratamento diferenciado que recebem as em-
▷ Elaboração das propostas de cronogramas de des-
presas públicas federais que não integrarem os orçamentos
embolso.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
▷ Assegurar às unidades gestoras, nos limites da pro- 02. Em relação ao órgão cuja estrutura administrativa
gramação financeira aprovada, disponibilidade de re- integre:
cursos para execução de seus programas de trabalho. a) Estabelecer sua programação financeira e a
▷ Manter o equilíbrio entre a receita arrecadada e a dos demais órgãos e entidades a ele vinculados.
despesa realizada. b) Coordenar, orientar e acompanhar suas ativi-
Para tanto, segundo o Art. 20, do Decreto 825/93, os dades de programação e execução orçamentária
limites de saque de recursos do Tesouro Nacional restrin- e financeira, bem como dos demais órgãos e enti-
gir-se-ão aos cronogramas aprovados pelo órgão central de dades a ele vinculados.
programação financeira. 03. Prestar informações demandadas pelo órgão cen-
tral do Sistema.
Segundo os Arts. 17 e 18, do Decreto 825/93, serão objeto
04. Apoiar o órgão central do Sistema na gestão do SIAFI.
de programação financeira, as fontes cujos recursos transitem
pelo órgão central de programação financeira. A programação Caberá aos órgãos setoriais de programação financeira
fixar os limites supracitados, referentes às suas unidades sub-
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Órgão Central de Pro-
gramação Financeira
Ministério Ministério
“A” OSPF “B” OSPF
(Descentralização
Externa Repasse $)
Ministério Ministério
“A” Unidade “B” Unidade
Ministério “A” Destaque Ministério “B” Nível de Órgão Ministério “A” Repasse Ministério “A”
Unidade Unidade Setorial Unidade Unidade
Orçamentária Orçamentária Orçamentária Orçamentária
Ministério “A” Destaque Ministério “B” Ministério “A” Repasse Ministério “B”
Unidade Unidade Nível de Unidade Unidade Unidade
Administrativa Administrativa Executora Administrativa Administrativa
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Processo 2
Descentralização Descentralização
Orçamentária Financeira
Nível de Órgão
SOF/MP Central STN/MF
Dotação Dotação
Cota (NS) Cota (NS)
(ND) (ND)
MIN. “A” U.O MIN. “B” U.O Nível de Órgão MIN. “A” U.O MIN. “B”O
Setorial
Sub-Repasse Sub-Repasse
Provisão (NC) Provisão (NC) (NS) Repasse (NS)
Destaque
(NS)
(NC)
Nível de Unidade
MIN. “A” U.A MIN. “B” U.A Executora MIN. “A” U.A MIN. “B” U.A
Da análise da figura, chega-se à conclusão de que a Após a aprovação e a publicação da Lei Orçamentária An-
dotação orçamentária está para a cota financeira e destaque ual (LOA), a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), por meio de
orçamentário está para repasse financeiro, assim como pro- fita magnética elaborada pela Secretaria de Orçamento Fed-
visão orçamentária está para sub-repasse financeiro, sendo, eral (SOF), registra no SIAFI os créditos orçamentárias iniciais
cada uma, faces da mesma moeda. em contas do sistema orçamentário e financeiro dos órgãos
integrantes do sistema de programação financeira.
Operacionalização da
Também são registrados no SIAFI, pelo órgão central do
Programação Financeira sistema de programação financeira, os subtetos estabelecidos
Conforme trabalho elaborado por ocasião da V Semana aos valores da Lei Orçamentária Anual e fixados pelo Decreto
de Administração Orçamentária, Financeira e de Contratações de Programação Financeira do exercício.
Públicas do Governo Federal, organizado por Paulo Henrique
Feijó, após a aprovação e a publicação da Lei Orçamentária A Proposta de Programação Financeira (PPF), constitui o
Anual (LOA), a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), por meio registro pelo qual as Unidades Gestoras, mediante o seu regis-
de fita magnética elaborada pela Secretaria de Orçamento tro no SIAFI, solicitam os correspondentes recursos financeiros
Federal (SOF), registra no SIAFI os créditos orçamentárias para o pagamento de suas despesas aos respectivos órgãos
iniciais em contas do sistema orçamentário e financeiro dos setoriais e estes ao órgão central do sistema de programação
órgãos integrantes do sistema de programação financeira. financeira.
ї As PPF são apresentadas com as seguintes infor- a Pagar e a Receber), transferindo para os OSPF, os recursos
mações: financeiros cuja liberação anteriormente tinha sido aprovada.
▷ Categorias de Gasto. 6º PASSO: os OSPF, finalizando todo o processo de pro-
▷ Tipo de Despesa (do Exercício ou Restos a Pagar). gramação financeira e depois de receberem os recursos finan-
▷ Código de Vinculação de Pagamento. ceiros da STN/MF, fazem nova transferência dos mesmos, des-
▷ Fonte de Recursos. tinando a cada uma de suas Unidades Executoras o valor antes
▷ Mês de referência. aprovado pelo próprio OSPF. Com isso, o dinheiro necessário
▷ Valor. ao pagamento da despesa chega até as Unidades Executoras,
Atualmente, a totalização dos valores apresentados nas encerrando o processo de execução da despesa, que começou
PPF não pode exceder as dotações aprovadas no Orçamento com a autorização dada na Lei Orçamentária.
Geral da União (OGU), sendo o controle realizado por meio
do SIAFI, em conta contábil específica.
Fluxo de Etapas da Programação Financeira
ї A Coordenação-Geral de Programação Financeira da
Secretaria do Tesouro Nacional – COFIN/STN, de posse
das PPF dos órgãos setoriais, elabora a Proposta de Órgão Central
Programação Financeira, com observância dos critéri- (STN/MF)
2º 5º 3º
os indicados a seguir, por ordem de prioridade:
▷ Volume de arrecadação dos recursos, de forma que
o montante a ser liberado fique imitado ao efetivo Ministério Ministério
ingresso dos recursos no caixa do Tesouro Nacional. (Órgão Setorial) (Órgão Setorial)
4º 6º 6
▷ Existência de dotação orçamentária nas categorias
de gasto, para utilização dos recursos nos órgãos 1º 1º 4º
setoriais. Unidade Unidade Unidade Unidade
Executora Executora Executora Executora
▷ Vinculações constitucionais e legais das receitas ar-
recadadas, bem como os respectivos prazos legais
de repasse dos recursos. A Unidade Orçamentária que recebe créditos orçamentá-
rios sob a forma de dotação (fixação) receberá, sob a forma de
▷ Prioridades de gasto, previamente estabelecidas por
cota, os recursos financeiros.
Decreto do Presidente da República.
A Unidade Administrativa que recebe créditos orçamentá-
▷ Demanda apresentada pelos órgãos. rios por descentralização de uma U.O., sob a forma de desta-
▷ Sazonalidades específicas de alguns gastos. que, receberá os recursos financeiros sob a forma de repasse.
▷ Política fiscal estabelecida para o período (déficit ou A Unidade Administrativa que recebe créditos orçamentá-
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superávit fiscal). rios por descentralização de uma U.O., sob a forma de provisão,
A STN, após as considerações e os ajustes necessários, reg- receberá os recursos financeiros sob a forma de sub-repasse.
istra a Programação Financeira Aprovada (PFA). Os OSPF, em
função do teto fixado na PFA, estabelecerão os limites para ANOTAÇÕES
suas unidades gestoras.
Segue a representação do fluxo da programação financei-
ra, elaborado por Paulo Henrique Feijó.
1º PASSO: as unidades executoras elaboram a PPF, solic-
itando ao OSPF o montante de recursos financeiros de que
necessitam para atender seus gastos.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
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nº 10.180, de 2001, assim relacionadas: orçamentárias de suas UOs.
Art. 17. À Secretaria de Orçamento Federal compete: ▷ Consolidação e formalização da proposta e das al-
I. coordenar, consolidar e supervisionar a elab- terações orçamentárias do órgão.
oração da lei de diretrizes orçamentárias e da
proposta orçamentária da União, compreendendo Unidade Orçamentária
os orçamentos fiscal e da seguridade social; A UO desempenha o papel de coordenação do processo
II. estabelecer as normas necessárias à elaboração de elaboração da proposta orçamentária no seu âmbito de at-
e à implementação dos orçamentos federais sob uação, integrando e articulando o trabalho das suas unidades
sua responsabilidade; administrativas, tendo em vista a consistência da programação
do órgão.
III. proceder, sem prejuízo da competência atribuí-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
mentária. dessa Lei, o exercício financeiro coincidirá com o ano civil (1º de
janeiro a 31 de dezembro).
31. Conceitos Orçamentários Exclusividade
Direito Financeiro e Direito Tributário O Princípio da Exclusividade, previsto no § 8º, do Art. 165
O Direito Financeiro tem por objeto a disciplina jurídica de da CF, estabelece que a LOA não conterá dispositivo estran-
toda a atividade financeira do Estado e abrange receitas, des- ho à previsão da receita e à fixação da despesa. Ressalvam-se
pesas e créditos públicos. O Direito Tributário tem por objeto dessa proibição a autorização para abertura de créditos suple-
específico a disciplina jurídica de uma das origens da receita mentares e a contratação de operações de crédito, ainda que
pública: o tributo. por Antecipação de Receitas Orçamentárias - ARO, nos termos
da Lei.
As normas básicas referentes ao Direito Financeiro e ao
Tributário encontram-se na CF; na Lei nº 4.320, de 17 de março Orçamento Bruto
de 1964; na Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - CTN; na O Princípio do Orçamento Bruto, previsto no Art. 6º, da Lei
Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 - LRF; e no nº 4.320, de 1964, preconiza o registro das receitas e despesas
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Decreto nº 93.872, de 24 de dezembro de 1986. na LOA pelo valor total e bruto, vedadas quaisquer deduções.
Os incisos I e II do Art. 24 da CF, a seguir, estabelecem com-
petência concorrente para legislar sobre o assunto: Não Vinculação da Receita de Impostos
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Estabelecido pelo inciso IV, do Art. 167, da CF, este Princípio
Federal legislar concorrentemente sobre: veda a vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou
I. direito tributário, financeiro, penitenciário, despesa, salvo exceções estabelecidas pela própria CF:
econômico e urbanístico; Art. 167. São vedados: [...]
II. orçamento. IV. a vinculação de receita de impostos a órgão,
fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do pro-
Princípios orçamentários duto da arrecadação dos impostos a que se refer-
Os princípios orçamentários visam a estabelecer regras bási- em os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para
cas, a fim de conferir racionalidade, eficiência e transparência as ações e serviços públicos de saúde, para ma-
aos processos de elaboração, execução e controle do orçamen- nutenção e desenvolvimento do ensino e para re-
to público. Válidos para todos os Poderes e para todos os entes alização de atividades da administração tributária,
federativos - União, Estados, Distrito Federal e Municípios -, são como determinado, respectivamente, pelos arts.
estabelecidos e disciplinados tanto por normas constitucionais e 198, §2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias
infraconstitucionais, quanto pela doutrina. às operações de crédito por antecipação de receita,
Nesse sentido, integram este Manual Técnico de Orçamen- previstas no art. 165, §8º, bem como o disposto no
to Princípios Orçamentários cuja existência e aplicação decor- §4º deste artigo; (Redação dada pela Emenda Con-
rem de normas jurídicas. stitucional nº 42, de 19.12.2003);
§4º É permitida a vinculação de receitas próprias gera-
Unidade ou Totalidade das pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156,
De acordo com este Princípio, o orçamento deve ser uno, e dos recursos de que tratam os arts. 157,158 e 159, I, a
ou seja, cada ente governamental deve elaborar um único e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia
orçamento. Este Princípio é mencionado no caput do Art. 2º, à União e para pagamento de débitos para com esta.
da Lei nº 4.320, de 1964, e visa a evitar múltiplos orçamen- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993).
tos dentro da mesma pessoa política. Dessa forma, todas as
receitas previstas e despesas fixadas, em cada exercício finan-
ceiro, devem integrar um único documento legal dentro de
32. Receita
cada nível federativo: LOA.
Introdução
Universalidade O orçamento é instrumento de planejamento de qualquer
Segundo este Princípio, a LOA de cada ente federado de- entidade, seja pública ou privada, e representa o fluxo previsto
verá conter todas as receitas e as despesas de todos os Po- dos ingressos e das aplicações de recursos em determinado
deres, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e
mantidas pelo poder público. Este Princípio é mencionado no período.
caput do Art. 2º da Lei nº 4.320, de 1964, recepcionado e nor- A matéria pertinente à receita é disciplinada, em linhas
matizado pelo § 5º do Art. 165 da CF. gerais, pelos Arts. 3º, 9º, 11, 35 e 57, da Lei nº 4.320, de 1964.
Em sentido amplo, receitas públicas são ingressos de re- tização da classificação válida para Estados e Municípios é feita
cursos financeiros nos cofres do Estado, que se desdobram em por meio de portaria interministerial (SOF e STN).
receitas orçamentárias, quando representam disponibilidades As receitas orçamentárias são classificadas segundo os se-
de recursos financeiros para o erário, e ingressos extraorça- guintes critérios:
mentários, quando representam apenas entradas compen- 01. natureza.
satórias. 02. indicador de resultado primário.
Em sentido estrito, são públicas apenas as receitas orça- 03. fonte/destinação de recursos.
mentárias2. Classificação por Natureza da Receita
Ingressos Extraorçamentários O § 1º, do Art. 8º, da Lei nº 4.320, de 1964, define que os
Ingressos
itens da discriminação da receita, mencionados no Art. 11 dessa
de Valores nos
Cofres Públicos Receitas Orçamentárias Lei, serão identificados por números de código decimal. Con-
(Receitas Públicas) vencionou-se denominar esse código de natureza da receita.
É importante destacar que a classificação da receita por
Ingressos Extraorçamentários natureza é utilizada por todos os entes da Federação e visa a
São recursos financeiros de caráter temporário e não in- identificar a origem do recurso segundo o fato gerador: acon-
tegram a LOA. O Estado é mero depositário desses recursos, tecimento real que ocasionou o ingresso da receita nos cofres
que constituem Passivos exigíveis e cujas restituições não se públicos.
sujeitam à autorização legislativa. Exemplos: Depósitos em
Caução, Fianças, Operações de Crédito por ARO3, emissão de Assim, a natureza da receita representa o menor nível de
moeda e outras entradas compensatórias no Ativo e Passivo detalhamento das informações orçamentárias sobre as receit-
financeiros. as públicas; por isso, contém as informações necessárias para
as devidas alocações no orçamento.
Receitas Orçamentárias A fim de possibilitar a identificação detalhada dos recursos
Disponibilidades de recursos financeiros que ingressam que ingressam nos cofres públicos, esta classificação é forma-
durante o exercício e constituem elemento novo para o pat- da por um código numérico de 8 dígitos, que se subdivide em
rimônio público. Instrumento por meio do qual se viabiliza a seis níveis: categoria econômica (1º dígito), origem (2º dígito),
execução das políticas públicas, a receita orçamentária é fonte espécie (3º dígito), rubrica (4º dígito), alínea (5º e 6º dígitos) e
subalínea (7º e 8º dígitos).
de recursos utilizada pelo Estado em programas e ações, cuja
finalidade precípua é atender às necessidades públicas e de- 1º 2º 3º 4º 5º e 6 º 7º e 8º
Categoria
Ş
ŝ#-ŝŦ
mandas da sociedade. Origem Espécie Rubrica Alínea Subalínea
Econômica
Essas receitas pertencem ao Estado, integram o patrimô-
nio do Poder Público, aumentam-lhe o saldo financeiro e, via Quando, por exemplo, o Imposto de Renda Pessoa Física é
recolhido dos trabalhadores, aloca-se a receita pública corre-
de regra, por força do Princípio da Universalidade, estão pre-
spondente na natureza da receita código “1112.04.10”, segundo
vistas na LOA. o esquema abaixo:
Nesse contexto, embora haja obrigatoriedade de a LOA Categoria Econômica
registrar a previsão de arrecadação das receitas, a mera ausên- Origem
Espécie
cia formal desse registro não lhes retira o caráter orçamentário, Rubrica
haja vista o Art. 57 da Lei nº 4.320, de 1964, classificar como Alínea
receita orçamentária toda receita arrecadada que represente Subalínea
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Ş
ŝ#-ŝŦ
tureza tributária ou não tributária, exigíveis em virtude
do transcurso do prazo para pagamento. O crédito é co- A subalínea constitui o nível mais analítico da receita,
brado por meio da emissão de certidão de dívida ativa utilizado quando há necessidade de se detalhar a alínea com
da Fazenda Pública da União, inscrita na forma da Lei, maior especificidade. Por exemplo, a subalínea Pessoas Físicas
com validade de título executivo. Isso confere à certidão corresponde ao detalhamento da alínea Imposto sobre a Ren-
da dívida ativa caráter líquido e certo, embora se admita da e Proventos de Qualquer Natureza.
prova em contrário.
ї Origens que compõem as Receitas de Capital: Classificação da Receita por Iden-
Operações de Crédito: recursos financeiros oriundos da tificador de Resultado
colocação de títulos públicos ou da contratação de emprés- Conforme esta classificação, as receitas do Governo Fed-
timos junto a entidades públicas ou privadas, internas ou ex- eral podem ser divididas em: a) primárias (P), quando seus
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
ternas.
valores são incluídos no cálculo do resultado primário; e b) fi-
Alienação de Bens: ingressos financeiros provenientes da
alienação de bens móveis ou imóveis de propriedade do ente nanceiras (F), quando não são incluídas no citado cálculo.
público. O art. 44 da LRF veda a aplicação da receita de capital As receitas primárias referem-se, predominantemente, às
decorrente da alienação de bens e de direitos que integrem o pat- receitas correntes que advêm dos tributos, das contribuições
rimônio público para financiar despesas correntes, salvo as desti- sociais, das concessões, dos dividendos recebidos pela União,
nadas por lei ao RGPS ou ao regime próprio do servidor público. da cota- parte das compensações financeiras, das decorrentes
Amortização de Empréstimos: ingressos financeiros pro- do próprio esforço de arrecadação das UOs, das provenientes de
venientes da amortização de financiamentos ou de emprés- doações e convênios e outras também consideradas primárias.
timos que o ente público haja previamente concedido. Em-
bora a amortização do empréstimo seja origem da categoria As receitas financeiras são aquelas que não contribuem
econômica Receitas de Capital, os juros recebidos associados para o resultado primário ou não alteram o endividamento
ao empréstimo são classificados em Receitas Correntes/ de líquido do Governo (setor público não financeiro) no exercício
Serviços/ Serviços Financeiros, pois os juros representam a financeiro correspondente, uma vez que criam uma obrigação
remuneração do capital. ou extinguem um direito, ambos de natureza financeira, junto
ao setor privado interno e/ou externo. São adquiridas junto ao 633
mercado financeiro, decorrentes da emissão de títulos, da con-
tratação de operações de crédito por organismos oficiais, das 1º DÍGITO 2º e 3º DÍGITOS
634 receitas de aplicações financeiras da União (juros recebidos, Grupo da Fonte de Recurso Especificação da Fonte de Recurso
por exemplo), das privatizações e outras.
O Anexo IV da Portaria SOF nº 1, de 19 de fevereiro de 2001
Classificação por Fonte / Destinação de Recursos lista os grupos de fontes e as respectivas especificações das
Instrumento criado para assegurar que receitas vincula- fontes de recursos vigentes:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
das por lei, a uma finalidade específica, sejam exclusivamente Cód. GRUPO da Fonte de Recurso (1º Dígito)
aplicadas em programas e ações que visem à consecução de
1 Recursos do Tesouro - Exercício Corrente
despesas ou políticas públicas associadas a esse objetivo le-
2 Recursos de Outras Fontes - Exercício Corrente
gal. As fontes/destinações de recursos agrupam determinadas
naturezas de receita, conforme haja necessidade de mapea- 3 Recursos do Tesouro - Exercícios Anteriores
mento dessas aplicações de recursos no orçamento público, Recursos de Outras Fontes - Exercícios Anteri-
6
segundo diretrizes estabelecidas pela SOF. ores
Como mecanismo integrador entre a receita e a despesa, o 9 Recursos Condicionados
código de fonte/destinação de recursos exerce duplo papel no Exemplos de fontes/destinação de recursos:
processo orçamentário: na receita, indica o destino de recursos 1º Dígito (Grupo da 2º e 3º Dígitos (Especificação
para o financiamento de determinadas despesas; na despesa, Fonte
Fonte) da Fonte)
identifica a origem dos recursos que estão sendo utilizados. 12 - Recursos Destinados à
Assim, o mesmo código utilizado para controle das desti- 1 - Recursos do Tesouro -
Manutenção e Desenvolvimento 112
Exercício Corrente
nações da receita também é utilizado na despesa, para con- do Ensino
trole das fontes financiadoras. Dessa forma, esse mecanismo 2 - Recursos de Outras 93 - Produto da Aplicação dos
Ş
ŝ#-ŝŦ
contribui para o atendimento do Parágrafo Único, do Art. 8º, Fontes - Exercício Recursos à Conta do Salário-Ed- 293
Parágrafo Único, e do Art. 50, inciso I, da LRF: Corrente ucação
Art. 8º, Parágrafo único, LC 101/2000. Os recursos le- 12 - Recursos Destinados à Ma-
3 - Recursos do Tesouro
galmente vinculados a finalidade específica serão uti- nutenção e ao Desenvolvimento 312
- Exercícios Anteriores
do Ensino
lizados exclusivamente para atender ao objeto de sua
vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em 6 - Recursos de Outras 93 - Produto da Aplicação dos
Fontes - Exercícios Recursos à Conta do Salário-Ed- 693
que ocorrer o ingresso. Anteriores ucação
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de con- 9 - Recursos Condicio-
tabilidade pública, a escrituração das contas públicas 00 - Recursos Ordinários 900
nados
observará as seguintes:
I. a disponibilidade de caixa constará de registro O Ementário de Classificação das Receitas Orçamentárias
próprio, de modo que os recursos vinculados a da União evidencia as fontes e respectivas naturezas de receita
órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem iden- e pode ser obtido em:
http://www.orcamentofederal.gov.br/ informacoes-orcamentarias/
tificados e escriturados de forma individualizada.
arquivos-receitas-publicas/receitas-publicas.
Enquanto a natureza da receita orçamentária busca iden-
tificar a origem do recurso segundo seu fato gerador, a fonte/ Etapas da Receita Orçamentária
destinação de recursos possui a finalidade precípua de iden- As etapas da receita seguem a ordem de ocorrência dos
tificar o destino dos recursos arrecadados. Em linhas gerais, fenômenos econômicos, levando-se em consideração o mod-
pode-se dizer que há destinações vinculadas e não vinculadas: elo de orçamento existente no País. Dessa forma, a ordem
Destinação vinculada6: processo de vinculação entre a sistemática inicia-se com a etapa de previsão e termina com
origem e a aplicação de recursos, em atendimento às finali- a de recolhimento.
dades específicas estabelecidas pela norma. Etapas da Receita Orçamentária
Destinação não vinculada (ou ordinária): é o processo de Lançamento Arrecadação Recolhimento
Previsão
alocação livre entre a origem e a aplicação de recursos, para
Planejamento (Execução)
atender a quaisquer finalidades, desde que dentro do âmbito
das competências de atuação do órgão ou entidade.
Exceção às Etapas da Receita
A vinculação de receitas deve ser pautada em mandamen-
Nem todas as etapas citadas ocorrem para todos os tipos
tos legais que regulamentam a aplicação de recursos e os di-
de receitas orçamentárias. Pode ocorrer arrecadação de receitas
recionam para despesas, entes, órgãos, entidades ou fundos. não previstas e também das que não foram lançadas, como é o
A classificação de fonte/destinação consiste em um código caso de uma doação em espécie, recebida pelos entes públicos.
de três dígitos. O 1º dígito representa o grupo de fonte, en-
quanto o 2º e o 3º representam a especificação da fonte. Previsão
Efetuar a previsão implica planejar e estimar a arrecadação
das receitas que constarão na proposta orçamentária. Isso de-
6 Há ingressos de recursos em decorrência de convênios ou de contratos de verá ser realizado em conformidade com as normas técnicas e
empréstimos e de financiamentos. Esses recursos também são vinculados, pois
foram obtidos com finalidade específica - e à realização dessa finalidade de-
legais correlatas e, em especial, com as disposições constantes
verão ser direcionados. na LRF. Sobre o assunto, vale citar o Art. 12 da referida norma:
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas Noções Básicas Sobre Tributos
técnicas e legais, considerarão os efeitos das alter-
ações na legislação, da variação do índice de preços, Principal fonte de recursos do Governo Federal, tributos
são origens de receita orçamentária corrente. Embora, atual-
do crescimento econômico ou de qualquer outro fator
mente, os tributos englobem as contribuições, a classificação
relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de
orçamentária por Natureza da Receita, exposta no Capítulo 4.3.,
sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os faz uma distinção entre as receitas de origem Tributária e as de
dois seguintes àquele a que se referirem, e da metod- Contribuições, atendendo ao disposto na Lei nº 4.320, de 1964.
ologia de cálculo e premissas utilizadas. Trata-se de receita derivada, cuja finalidade é obter recur-
No âmbito federal, a metodologia de projeção de receitas sos financeiros para o Estado custear as atividades que lhe são
busca assimilar o comportamento da arrecadação de deter- correlatas. Sujeita-se aos princípios da reserva legal e da ante-
minada receita em exercícios anteriores, a fim de projetá-la rioridade da Lei, salvo exceções.
para o período seguinte, com o auxílio de modelos estatísticos O art. 3º do CTN define tributo da seguinte forma:
e matemáticos. O modelo dependerá do comportamento da Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em
série histórica de arrecadação e de informações fornecidas pe- moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
los órgãos orçamentários ou unidades arrecadadoras envolvi- constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e co-
dos no processo. brada mediante atividade administrativa plenamente
A previsão de receitas é a etapa que antecede à fixação do vinculada.
montante de despesas que irá constar nas leis de orçamento, O Art. 4º do CTN preceitua que a natureza específica do trib-
além de ser base para se estimar as necessidades de financia- uto, ao contrário de outros tipos de receita, é determinada pelo
mento do Governo. fato gerador da obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
I. a sua denominação; e
Lançamento
II. a destinação legal do produto de sua arrecadação.
O Art. 53, da Lei nº 4.320, de 1964, define o lançamento
como ato da repartição competente, que verifica a procedên- Impostos
cia do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o Os impostos, segundo o Art. 16, do CTN, são espécies
débito desta. Por sua vez, conforme o Art. 142, do CTN, lança- tributárias cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
mento é o procedimento administrativo que verifica a ocorrên- independente de qualquer atividade estatal específica, relati-
cia do fato gerador da obrigação correspondente, determina a va ao contribuinte, o qual não recebe contraprestação direta
matéria tributável, calcula o montante do tributo devido, iden- ou imediata pelo pagamento.
tifica o sujeito passivo e, sendo o caso, propõe a aplicação da O Art. 167, da CF proíbe, ressalvadas algumas exceções, a
penalidade cabível. vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa.
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Observa-se que, segundo o disposto nos Arts. 142 a 150, do Os impostos estão enumerados na CF, ressalvando-se unica-
CTN, a etapa de lançamento situa-se no contexto de constitu- mente a possibilidade de utilização, pela União, da competên-
ição do crédito tributário, ou seja, aplica-se a impostos, taxas e cia residual prevista no Art. 154, inciso I, e da competência ex-
contribuições de melhoria. traordinária, no caso dos impostos extraordinários de guerra
externa, prevista no inciso II do mesmo Artigo.
Arrecadação Taxas
Corresponde à entrega dos recursos devidos ao Tesou- De acordo com o:
ro Nacional pelos contribuintes ou devedores, por meio dos
Art. 77, do CTN, As taxas cobradas pela União, pelos
agentes arrecadadores ou instituições financeiras autorizadas
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no
pelo ente. âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Vale destacar que, segundo o Art. 35, da Lei nº 4.320, de gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a
1964, pertencem ao exercício financeiro as receitas nele ar- utilização, efetiva ou potencial, de serviço público es-
recadadas, o que representa a adoção do regime de caixa para pecífico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto
o ingresso das receitas públicas. à sua disposição.
A taxa está sujeita ao Princípio Constitucional da Reserva
Recolhimento Legal e, sob a ótica orçamentária, classifica-se em: Taxas de
Consiste na transferência dos valores arrecadados à conta Fiscalização7 e Taxas de Serviço.
específica do Tesouro Nacional, responsável pela Adminis- ▷ Taxas de Fiscalização ou de Poder de Polícia
tração e controle da arrecadação e pela programação financei- As taxas de fiscalização ou de poder de polícia são defin-
ra, observando-se o Princípio da Unidade de Tesouraria ou de idas em lei e têm como fato gerador o exercício do poder de
Caixa, conforme determina o Art. 56, da Lei nº 4.320, de 1964, polícia, poder disciplinador, por meio do qual o Estado inter-
a seguir transcrito: vém em determinadas atividades, com a finalidade de garantir
Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far-se-á a ordem e a segurança. A definição de poder de polícia é es-
em estrita observância ao princípio de unidade de te- tabelecida pelo:
souraria, vedada qualquer fragmentação para criação 635
de caixas especiais. 7 Taxas de Fiscalização também são chamadas de Taxas de Poder de Polícia.
Art. 78, do CTN: Considera-se poder de polícia ativi- Contribuições de Intervenção
636 dade da administração pública que, limitando ou disci-
plinando direito, interesse ou liberdade, regula a práti- no Domínio Econômico
ca de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico -
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, CIDE é tributo classificado no orçamento público como uma
aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, espécie de contribuição que atinge um determinado setor da
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
ao exercício de atividades econômicas dependentes de economia, com finalidade qualificada em sede constitucional,
concessão ou autorização do poder público, à tranqui- instituída mediante um motivo específico.
lidade pública ou ao respeito à propriedade e aos dire- Essa intervenção se dá pela fiscalização e por atividades de
itos individuais e coletivos. fomento, como, por exemplo, desenvolvimento de pesquisas
▷ Taxas de Serviço Público para crescimento de setor e oferecimento de linhas de crédito
para expansão da produção. Um exemplo de CIDE é o Adicio-
As taxas de serviço público são as que têm como fato ger-
nal sobre Tarifas de Passagens Aéreas Domésticas, voltado
ador a utilização de determinados serviços públicos, sob os
à suplementação tarifária de linhas aéreas regionais de pas-
pontos de vista material e formal. Nesse contexto, o serviço é sageiros, de baixo e médio potencial de tráfego.
público quando estabelecido em lei e prestado pela Adminis-
tração Pública, sob regime de direito público, de forma direta Contribuição de Interesse das Categorias
ou indireta.
Profissionais ou Econômicas
A relação jurídica, nesse tipo de serviço, é de verticalidade,
ou seja, o Estado atua com supremacia sobre o particular. É re- Esta espécie de contribuição se caracteriza por atender a
ceita derivada e os serviços têm que ser específicos e divisíveis. determinadas categorias profissionais ou econômicas, vincu-
Ş
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Ş
ŝ#-ŝŦ
conforme detalhado a seguir:
Pergunta a ser Respon-
Blocos da Estrutura Item da Estrutura
dida
Classificação por Esfera Orça-
Em qual Orçamento?
Esfera mentária
Classificação Órgão Unidade Quem é o responsável por
Institucional Orçamentária fazer?
Em que áreas de despesa
Classificação Fun-
Função Subfunção a ação governamental será
cional
realizada?
Estrutura Programáti- Qual o tema da Política
Programa
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
ca Pública?
O que se pretende alcançar
Objetivo com a implementação da
Informações Principais
Política Pública?
do Programa
O que será entregue pela
Iniciativa
Política Pública?
O que será desenvolvido
Ação para alcançar o objetivo do
programa?
O que é feito? Para que é
Descrição
feito?
Forma de Imple-
Informações Principais Como é feito?
mentação
da Ação O que será produzido ou
Produto
prestado?
Unidade de Medida Como é mensurado?
Onde é feito?
Subtítulo Onde está o beneficiário 637
do gasto?
Código-Exemplo da Estrutura Completa da Programação
638 Código Completo* 10. 39. 252. 26. 782. 2075. 7M64. 0043. 9999. 0. 100. 4490. 2
Esfera: Orçamento Fiscal 10
Órgão: Ministério dos Transportes 39
Classificação Unidade Orçamentária:
Institucional
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Ş
ŝ#-ŝŦ
Função bem como exemplos constantes no documento de orientação
para elaboração da programação poderão ser encontrados no
A função pode ser traduzida como o maior nível de agre-
gação das diversas áreas de atuação do setor público. Reflete endereço:
http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/spi/pub-
a competência institucional do órgão, como, por exemplo,
licacoes/Orientacoes_para_El aboracao_do_PPA_2012-2015.pdf
cultura, educação, saúde, defesa, que guarda relação com os
respectivos Ministérios. Há situações em que o órgão pode ter A Lei do PPA 2012-2015 foi elaborada com base em dire-
trizes oriundas do Programa de Governo. Dentre essas dire-
mais de uma função típica, considerando-se que suas com-
trizes, destaca-se a Visão Estratégica, que indica, em termos
petências institucionais podem envolver mais de uma área de
gerais, o País almejado em um horizonte de longo prazo e es-
despesa. Nesses casos, deve ser selecionada, entre as com-
tabelece, ainda, os Macrodesafios para o alcance dessa nova
petências institucionais, aquela que está mais relacionada com
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
realidade de País.
a ação.
Com base nessas diretrizes, o PPA 2012-2015 contempla os
A função Encargos Especiais engloba as despesas que não Programas Temáticos e os Programas de Gestão, Manutenção
podem ser associadas a um bem ou serviço a ser gerado no e Serviços ao Estado (art. 5º, da Lei):
processo produtivo corrente, tais como dívidas, ressarcimen-
Programa Temático: aquele que expressa e orienta a ação
tos, indenizações e outras afins, representando, portanto, uma
governamental para a entrega de bens e serviços à sociedade.
agregação neutra. A utilização dessa função irá requerer o uso
das suas subfunções típicas, conforme tabela a seguir: Programa de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado:
aquele que expressa e orienta as ações destinadas ao apoio, à
841 - Refinanciamento da Dívida Interna gestão e à manutenção da atuação governamental.
842 - Refinanciamento da Dívida Externa
Na base de dados do SIOP, o campo que identifica o pro-
843 - Serviço da Dívida Interna
grama contém quatro dígitos.
844 - Serviço da Dívida Externa
28 - Encargos Especiais
845 - Outras Transferências 1º 2º 3º 4º 5º
846 - Outros Encargos Especiais
847 - Transferências para a Educação 639
Básica
A integração das ações orçamentárias com o PPA é retrata-
640 da na figura a seguir:
Estrutura do LOA Estrutura do PPA Conteúdo
Dimensão
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
A Ação, que era uma das categorias compartilhadas entre Ações Orçamentárias
PPA e LOA, passa a integrar exclusivamente a LOA. Os pro-
Operação da qual resultam produtos (bens ou serviços)
gramas, que constam em ambos os instrumentos, são subdi- que contribuem para atender ao objetivo de um programa.
vididos em Programas Temáticos e Programas de Gestão. To- Incluem-se também no conceito de ação as transferências
davia, na LOA, há alguns programas que não constam no PPA obrigatórias ou voluntárias a outros entes da Federação e a
– os Programas compostos, exclusivamente, por Operações pessoas físicas e jurídicas, na forma de subsídios, subvenções,
Especiais. Com essas mudanças, a integração Plano-Orçamen- auxílios, contribuições, entre outros, e os financiamentos.
to dar-se-á da seguinte forma: Na base do sistema, a ação é identificada por um código
Vínculo Plano-Orça-
alfanumérico de oito dígitos:
Tipo de Programa Exemplo
mento 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º
Cada Ação do Orçamento
está vinculada a uma Numérico Alfanuméricos Numéricos
única Iniciativa do PPA Ação Subtítulo
Temático Agricultura Familiar (e, em decorrência, ao
Objetivo e ao Programa Ao observar o 1º dígito do código, pode-se identificar :
aos quais está ligada essa 1º Digito Tipo de Ação
Iniciativa)
1,3,5 ou 7 Projeto
Programa de Gestão
Gestão, 2, 4, 6 ou 8 Atividade
e Manutenção
Manutenção
do Ministério da Programa 0 Operação Especial
e Serviços ao
Agricultura, Pecuária
Estado Atividade
e Abastecimento
Operações Especiais: Instrumento de programação utilizado para alcançar o ob-
Sem vínculo. Estes
Operações Serviço da Dívida jetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações
programas integram
Especiais Externa (Juros e
Amortizações)
somente o Orçamento. que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais re-
sulta um produto ou serviço necessário à manutenção da ação
Dessa forma, a Iniciativa será um elo entre o Plano e o de Governo. Exemplo: ação 4339 - Qualificação da Regulação
Orçamento, quando se tratar de Programas Temáticos. e Fiscalização da Saúde Suplementar.
Considerando que as metas regionalizadas para a Adminis-
tração Pública estão retratadas no PPA 2012-2015 na categoria Projeto
Objetivos, essa categoria deverá servir de referencial para a Instrumento de programação utilizado para alcançar o
avaliação das ações. Feita essa primeira validação com os Ob- objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de op-
jetivos, é necessário, também, que se verifique a pertinência erações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto
das ações com as iniciativas. Caso seja necessária a criação que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação
de novas ações que não possam ser vinculadas a Iniciativas ou de governo. Exemplo: ação 7M64 Construção de Trecho Ro-
a Objetivos existentes, o órgão setorial deverá solicitar à SPI a doviário - Entroncamento BR-472 - Fronteira Brasil/Argentina
criação dessas novas categorias. - na BR-468.
Subtipos de Operações Especiais Mensuração
Operação Especial 1. Amortização, refinanciamento e encargos de finan-
ciamento da dívida contratual e mobiliária interna e Não
Despesas que não contribuem para a manutenção, ex- externa
pansão ou aperfeiçoamento das ações de governo, das quais 2. Transferência ao Governo do Distrito Federal e
não resulta um produto e não geram contraprestação direta antigos Territórios para o pagamento de assistência
Opcional
sob a forma de bens ou de serviços. médica e pré-escolar, auxílio-alimentação e aux-
ílio-transporte
Em grande medida, as operações especiais estão associa-
3. Coberturas de garantia, complementação e
das aos programas do tipo Operações Especiais, os quais con- compensação financeira, remuneração à instituição Opcional
starão apenas do orçamento, não integrando o PPA. financeira e contraprestação da União com as PPP
Nesses programas, a classificação funcional a ser adota- 4. Operações de financiamento e encargos delas
da será a função 28 - Encargos Especiais com suas respecti- decorrentes (empréstimos, financiamentos diretos,
vas subfunções, não havendo possibilidade de matricialidade concessão de créditos, equalizações, coberturas de Opcional
garantias, coberturas de resultados, honras de aval e
nesses casos. assistência financeira), reembolsáveis ou não
Atributos das Ações Orçamentárias 5. Contribuição a organismos e/ou entidades nacio-
Não
nais e internacionais
• Título 6. Contribuição à previdência privada Não
Forma de identificação da ação orçamentária pela socie- 7. Contribuição patronal da União para o custeio
dade nas LOAs. Expressa, em linguagem clara, o objeto da ação. do Regime de Previdência dos Servidores Públicos Não
Ex.: 7M64 Construção de Trecho Rodoviário - Entronca- Federais
mento BR-472 - Fronteira Brasil/Argentina - na BR-468. 8. Ações de reservas técnicas (centralização de
recursos para atender concursos, provimentos, Não
• Descrição nomeações, reestruturação de carreiras, etc.)
Para o exercício de 2014, o campo “descrição” deverá ex- 9. Cumprimento de sentenças judiciais (precatórios,
sentenças de pequeno valor, Não
pressar, de forma sucinta, o que é e para que, efetivamente, é sentenças contra empresas, débitos vincendos, etc.)
feito no âmbito da ação, seu escopo, suas delimitações e o seu 10. Integralização de cotas junto a entidades naciona-
Opcional
objetivo. Exemplo: para a ação 7M64, a descrição é: is, internacionais e Fundos
11. Pagamento de aposentadorias e pensões Não
O que é feito?
12. Pagamento de indenizações, abonos, seguros,
Continuação da pavimentação dos 6 últimos km ainda não auxílios, benefícios previdenciários e de assistência Opcional
social
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pavimentados da BR-468, que envolve serviços de terraplen-
13. Participação da União no capital de empresas
agem, pavimentação, drenagem, sinalização e obras comple- nacionais ou internacionais e operações relativas à Não
mentares. Envolve também a implementação da Gestão Am- subscrição de ações
14. Encargos financeiros (decorrentes da aquisição de
biental do empreendimento, englobando, entre outras, ações ativos, questões previdenciárias ou outras situações Não
mitigadoras e compensatórias das áreas de influência direta e em que a União assuma garantia de operação)
indireta, e o atendimento das licenças ambientais. 15. Ressarcimentos Opcional
16. Subvenções econômicas e subsídios Opcional
Para que é feito (objetivo)?
17. Transferências constitucionais, legais e voluntárias Não
Promover eficiência e efetividade no fluxo de transporte 18. Outros temas Opcional
na BR-468 no Estado do Rio Grande do Sul. • Base Legal
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Visa a detalhar o volume de operação, carga de trabalho, nessa classificação os casos de empréstimos concedidos por es-
produtos ou serviços gerados a partir das transferências. Para tabelecimento oficial de crédito a Estados e Distrito Federal, Mu-
a ação 0920 Concessão de Bolsa para Equipes de Alfabet- nicípios e ao Setor Privado. Exemplo: ação 0A81 - Financiamento
ização, a especificação é “Bolsas concedidas a alfabetizadores para a Agricultura Familiar - PRONAF (Lei nº 10.186, de 2001).
voluntários, tradutores intérpretes de LIBRAS e coordenadores
de turmas que atuam no processo de alfabetização de jovens • Detalhamento da Implementação
e adultos”. Modo como a ação orçamentária será executada, podendo
• Unidade de Medida conter dados técnicos e detalhes sobre os procedimentos que
Padrão selecionado para mensurar a produção do bem ou fazem parte da respectiva execução.
serviço. Para a ação 7M64 Para a ação 7M64 Construção de Trecho Rodoviário - En-
Construção de Trecho Rodoviário - Entroncamento BR-472 troncamento BR-472 - Fronteira
- Fronteira Brasil/Argentina - na BR- Brasil/Argentina - na BR-468, o detalhamento da imple-
468, a unidade de medida é “km”. mentação é:
Identificada a necessidade de intervenção pelos especial-
• Especificação do Produto
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Programa 1 Programa 2
Nível
Legal (LOA Ação 1.1 (com POs) Ação 2.1 (sem POs)
Ş
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Subtítulo Subtítulo Subtítulo Subtítulo
A.1.1.1 A.1.1.2 A.1.1.1 A.1.1.2
POs
Gerencial
(SIOP & A.1.1.1 + 0002 A.1.1.2 + 0002
0002
SIAFI) = PTRES 2 = PTRES 5
A.1.1.1 + 0003
Não se aplica 0003
= PTRES 3
Informação
características:
2D08 - Gestão Compartilhada da
Educação Ambiental PO utilizado
Produto do PO
como...
Ação: 20VY - Apoio à Implemetação da Política Nacional de Edu- Obrigatório, podendo ser diferente do produto
cação Ambiental da ação, nos casos de ações de produtos inter-
PO 01: Gestão Compartilhada da Educação Ambiental mediários, que foram incorporadas por ações
PO 02: Formação de Educadores Ambientais de produtos finais.
PO 03: Produção e Difusão de Informação Ambiental de Caráter Excepcionalmente dispensável nas seguintes
Educativo Produção pública situações:
intermediária 1) Quando a ação não tiver produto (por exemplo,
Exceção: ações sem relação direta “produto intermediário a ação 2000 - Administração da Unidade).
x produto final” 2) Quando se tratar de POs (reservados) destina-
dos à aglutinação de despesas administrativas,
Ações da LOA 2012 Ação da LOA 2013 os quais não possam ser apropriados nos demais
12EB - Modernização da Estrutura POs da ação1.
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ações que têm em comum:
A padronização consiste em adotar um modelo único,
▷ A subfunção à qual está associada. padrão, para alguns atributos das operações. Assim, uma vez
▷ A descrição (o que será feito no âmbito da operação alterados tais atributos, a mudança é replicada automatica-
e o objetivo a ser alcançado). mente para todas as operações. A partir de 2013, a padroni-
▷ O produto9 (bens e serviços) entregue à sociedade, zação será dos seguintes atributos:
bem como sua unidade de medida.
Atributo Setorial Multissetorial Da União
▷ O tipo de ação orçamentária.
A padronização se faz necessária para organizar a atuação Código Padronizado Padronizado Padronizado
governamental e facilitar seu acompanhamento. Ademais, a Título Padronizado Padronizado Padronizado
existência da padronização vem permitindo o cumprimento de
Descrição Padronizado Padronizado Padronizado
previsão constante da LDO, segundo a qual: “As atividades que
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
possuem a mesma finalidade devem ser classificadas sob um Esfera Modificável Modificável Modificável
único código, independentemente da unidade executora”10 . Tipo Padronizado Padronizado Padronizado
Tipologia Função Modificável Modificável Modificável
Componentes da Programação
3 1 90 11 00
Física e Financeira
Programação Física
Meta Física Vencimentos e Vantagens fixas - Pessoal Civil
A meta física é a quantidade de produto a ser ofertado por Aplicação Direta
Pessoal e Encargos Sociais
ação, de forma regionalizada, se for o caso, num determinado Despesa Corrente
período, e instituída para cada ano. As metas físicas são indica- • Categoria Econômica da Despesa
das em nível de subtítulo e agregadas segundo os respectivos A despesa, assim como a receita, é classificada em duas
projetos, atividades ou operações especiais. categorias econômicas, com os seguintes códigos:
Ş
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Ressalte-se que a territorialização das metas físicas é ex- Código Categoria Econômica
pressa nos localizadores de gasto previamente definidos para 3 Despesas Correntes
a ação. Ex.: no caso da vacinação de crianças, a meta será 4 Despesas de Capital
regionalizada pela quantidade de crianças a serem vacinadas
Despesas Correntes: as que não contribuem, diretamente,
ou de vacinas empregadas, em cada Estado (localizadores
para a formação ou aquisição de um bem de capital.
de gasto), ainda que a campanha seja de âmbito nacional e
Despesas de Capital: as que contribuem, diretamente,
a despesa paga de forma centralizada. O mesmo ocorre com a para a formação ou aquisição de um bem de capital.
distribuição de livros didáticos.
• Grupo de Natureza da Despesa
Componentes da Programação Financeira O GND é um agregador de elemento de despesa com as
mesmas características quanto ao objeto de gasto, conforme
Natureza da Despesa discriminado a seguir:
Os arts. 12 e 13 da Lei nº 4.320, de 1964, tratam da classi- Código Grupos De Natureza Da Despesa
ficação da despesa por categoria econômica e elementos. As- 1 Pessoal e Encargos Sociais
sim como no caso da receita, o art. 8º dessa lei estabelece que 2 Juros e Encargos da Dívida
os itens da discriminação da despesa serão identificados por 3 Outras Despesas Correntes
números de código decimal, na forma do respectivo Anexo IV, 4 Investimentos
atualmente consubstanciados no Anexo II da Portaria Intermin- 5 Inversões financeiras
isterial STN/SOF nº 163, de 2001. O conjunto de informações que 6 Amortização da Dívida
formam o código é conhecido como classificação por natureza ї Código 1 - Pessoal e Encargos Sociais
da despesa e informa a categoria econômica da despesa, o gru-
Despesas orçamentárias com pessoal ativo, inativo e pen-
po a que ela pertence, a modalidade de aplicação e o elemento. sionistas, relativas a mandatos eletivos, cargos, funções ou
Na base de dados do sistema de orçamento, o campo que empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quais-
se refere à natureza da despesa contém um código composto quer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vanta-
por oito algarismos, sendo que o 1º dígito representa a categoria gens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria,
econômica, o 2º o grupo de natureza da despesa, o 3º e o 4º reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas
dígitos representam a modalidade de aplicação, o 5º e o 6º o extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como
elemento de despesa e o 7º e o 8º dígitos representam o desdo- encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às enti-
bramento facultativo do elemento de despesa (subelemento): dades de previdência, conforme estabelece o caput do art. 18,
da Lei Complementar 101, de 2000.
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º
Grupo de ї Código 2 - Juros e Encargos da Dívida
Categoria Modalidade de Elemento
Econômica
Natureza da
Aplicação de Despesa
Subelemento Despesas orçamentárias com o pagamento de juros,
Despesa comissões e outros encargos de operações de crédito internas
Ex.: código “3.1.90.11.00”, segundo o esquema a seguir: e externas contratadas, bem como da dívida pública mobiliária.
ї Código 3 - Outras Despesas Correntes ї Código 22 - Execução Orçamentária Delegada à União
Despesas orçamentárias com aquisição de material de Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência
consumo, pagamento de diárias, contribuições, subvenções, de recursos financeiros, decorrentes de delegação ou descen-
auxílio-alimentação, auxílio-transporte, além de outras despe- tralização à União para execução de ações de responsabilidade
sas da categoria econômica “Despesas Correntes” não classi- exclusiva do delegante.
ficáveis nos demais grupos de natureza de despesa. ї Código 30 - Transferências a Estados e ao Distrito Fed-
ї Código 4 - Investimentos eral
Despesas orçamentárias com softwares e com o plane- Despesas orçamentárias, realizadas mediante transferên-
jamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de cia de recursos financeiros da União ou dos Municípios aos
imóveis considerados necessários à realização destas últimas, Estados e ao Distrito Federal, inclusive para suas entidades da
e com a aquisição de instalações, equipamentos e material administração indireta.
permanente. ї Código 31 - Transferências a Estados e ao Distrito Fed-
eral - Fundo a Fundo
ї Código 5 - Inversões Financeiras
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência
Despesas orçamentárias com a aquisição de imóveis ou de recursos financeiros da União ou dos Municípios aos Esta-
bens de capital já em utilização; aquisição de títulos represen- dos e ao Distrito Federal por intermédio da modalidade fundo
tativos do capital de empresas ou entidades de qualquer es- a fundo.
pécie, já constituídas, quando a operação não implica aumen- ї Código 32 - Execução Orçamentária Delegada a Esta-
to do capital; e com a constituição ou aumento do capital de dos e ao Distrito Federal
empresas, além de outras despesas classificáveis neste grupo.
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência
ї Código 6 - Amortização da Dívida de recursos financeiros, decorrentes de delegação ou descen-
Despesas orçamentárias com o pagamento e/ou refinan- tralização a Estados e ao Distrito Federal para execução de
ciamento do principal e da atualização monetária ou cambial ações de responsabilidade exclusiva do delegante.
da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária. ї Código 35 - Transferências Fundo a Fundo aos Estados e
• Modalidade de Aplicação ao Distrito Federal à conta de recursos de que tratam os
A modalidade de aplicação indica se os recursos serão §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012
aplicados mediante transferência financeira, inclusive a decor- Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência
rente de descentralização orçamentária para outros níveis de recursos financeiros da União ou dos Municípios aos Esta-
de Governo, seus órgãos ou entidades, ou diretamente para dos e ao Distrito Federal por intermédio da modalidade fundo
entidades privadas, sem fins lucrativos e outras instituições; a fundo, à conta de recursos referentes aos restos a pagar, con-
ou, então, diretamente pela unidade detentora do crédito siderados para fins da aplicação mínima em ações e serviços
orçamentário, ou por outro órgão ou entidade, no âmbito do públicos de saúde e posteriormente cancelados ou prescritos,
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mesmo nível de Governo. de que tratam os §§ 1º e 2º, do Art. 24, da Lei Complementar
A modalidade de aplicação tem por objetivo, principal- nº 141, de 2012.
mente, eliminar a dupla contagem dos recursos transferidos Código Modalidades de Aplicação 2
ou descentralizados, conforme discriminado a seguir: Transferências Fundo a Fundo aos Estados e ao Distrito
Código Modalidades De Aplicação 2 36 Federal à conta de recursos de que trata o art. 25, da Lei
Complementar nº 141, de 2012
20 Transferências à União
40 Transferências a Municípios
22 Execução Orçamentária Delegada à União
41 Transferências a Municípios - Fundo a Fundo
30 Transferências a Estados e ao Distrito Federal
42 Execução Orçamentária Delegada a Municípios
Transferências a Estados e ao Distrito Federal -
31 Transferências Fundo a Fundo aos Municípios à conta de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Fundo a Fundo
45 recursos de que tratam os §§ 1º e 2º, do art. 24, da Lei
Execução Orçamentária Delegada a Estados e ao
32 Complementar nº 141, de 2012
Distrito Federal
Transferências Fundo a Fundo aos Estados e ao Distrito
Transferências Fundo a Fundo aos Estados e ao
46 Federal à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º,
Distrito Federal à conta de recursos de que tratam
35 do art. 24, da Lei Complementar nº 141, de 2012
os §§ 1º e 2º, do art. 24, da Lei Complementar nº
141, de 2012 50 Transferências a Instituições Privadas sem Fins Lucrativos
2 - O conteúdo e a forma das descrições das modalidades de 60 Transferências a Instituições Privadas com Fins Lucrativos
aplicação foram mantidos tal como constam do texto da Portaria 70 Transferências a Instituições Multigovernamentais
Interministerial STN/SOF nº 163, de 4 de maio de 2001.
Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato
ї Código 20 - Transferências à União 71
de rateio
Despesas orçamentárias realizadas pelos Estados, Mu- 72 Execução Orçamentária Delegada a Consórcios Públicos
nicípios ou pelo Distrito Federal, mediante transferência de
Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato
recursos financeiros à União, inclusive para suas entidades da 73 de rateio à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º,
administração indireta. do art. 24, da Lei Complementar nº 141, de 2012
647
Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência
648 74 de rateio à conta de recursos de que trata o art. 25, da Lei de recursos financeiros da União, dos Estados ou do Distrito
Complementar nº 141, de 2012 Federal aos Municípios por intermédio da modalidade fundo a
Transferências a Instituições Multigovernamentais à conta fundo, à conta de recursos referentes aos restos a pagar con-
75 de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º, do art. 24, da Lei siderados para fins da aplicação mínima em ações e serviços
Complementar nº 141, de 2012 públicos de saúde e, posteriormente, cancelados ou prescritos,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Transferências a Instituições Multigovernamentais à conta de que tratam os §§ 1º e 2º, do art. 24, da Lei Complementar
76 de recursos de que trata o art. 25, da Lei Complementar nº 141, de 2012.
nº 141, de 2012
ї Código 46 - Transferências Fundo a Fundo aos Mu-
80 Transferências ao Exterior
nicípios à conta de recursos de que trata o Art. 25 da
90 Aplicações Diretas Lei Complementar nº 141, de 2012.
Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência
91 Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e
de recursos financeiros da União, dos Estados ou do Distrito
da Seguridade Social
Federal aos Municípios por intermédio da modalidade fundo a
Aplicação Direta Decorrente de Operação de Órgãos,
Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal
fundo, à conta de recursos referentes à diferença da aplicação
93 mínima em ações e serviços públicos de saúde que deixou de
e da Seguridade Social com Consórcio Público do qual o
ente participa. ser aplicada em exercícios anteriores de que trata o art. 25 da
Aplicação Direta Decorrente de Operação de Órgãos, Lei Complementar nº 141, de 2012.
94
Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal ї Código 50 - Transferências a Instituições Privadas sem
e da Seguridade Social com Consórcio Público do qual o Fins Lucrativos
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de que tratam os §§ 1º e 2º, do Art. 24, da Lei Complementar de outras operações, exceto no caso de transferências, dele-
nº 141, de 2012. gações ou descentralizações, quando o recebedor dos recursos
ї Código 76 - Transferências a Instituições Multigover- for consórcio público do qual o ente da Federação não partici-
namentais à conta de recursos de que trata o Art. 25 da pe, nos termos da Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005.
Lei Complementar nº 141, de 2012 ї Código 95 - Aplicação Direta à conta de recursos de
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên- que tratam os §§ 1º e 2º, do Art. 24, da Lei Comple-
cia de recursos financeiros a entidades criadas e mantidas por mentar nº 141, de 2012
dois ou mais entes da Federação ou por dois ou mais países, Aplicação direta, pela unidade orçamentária, dos crédi-
inclusive o Brasil, com exclusão das transferências relativas à tos a ela alocados ou oriundos de descentralização de outras
modalidade de aplicação 74 (Transferências a Consórcios Pú- entidades integrantes ou não dos Orçamentos Fiscal ou da
blicos mediante contrato de rateio à conta de recursos de que Seguridade Social, no âmbito da mesma esfera de Governo,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
trata o Art. 25, da Lei Complementar nº 141, de 2012), à conta à conta de recursos referentes aos restos a pagar considerados
de recursos referentes à diferença da aplicação mínima em para fins da aplicação mínima em ações e serviços públicos
ações e serviços públicos de saúde que deixou de ser aplicada de saúde e posteriormente cancelados ou prescritos, de que
em exercícios anteriores, de que trata o Art. 25, da Lei Comple- tratam os §§ 1º e 2º, do Art. 24, da Lei Complementar nº 141,
mentar nº 141, de 2012. de 2012.
ї Código 80 - Transferências ao Exterior ї Código 96 - Aplicação Direta à conta de recursos de que
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência trata o Art. 25, da Lei Complementar nº 141, de 2012
de recursos financeiros a órgãos e entidades governamentais
Aplicação direta, pela unidade orçamentária, dos créditos
pertencentes a outros países, a organismos internacionais e a
a ela alocados ou oriundos de descentralização de outras enti-
fundos instituídos por diversos países, inclusive aqueles que
dades integrantes ou não dos Orçamentos Fiscal ou da Segu-
tenham sede ou recebam os recursos no Brasil.
ridade Social, no âmbito da mesma esfera de Governo, à conta
ї Código 90 - Aplicações Diretas de recursos referentes à diferença da aplicação mínima em
Aplicação direta, pela unidade orçamentária, dos créditos ações e serviços públicos de saúde que deixou de ser aplicada
a ela alocados ou oriundos de descentralização de outras enti- em exercícios anteriores, de que trata o Art. 25, da Lei Comple-
dades integrantes ou não dos Orçamentos Fiscal ou da Seguri- mentar nº 141, de 2012. 649
dade Social, no âmbito da mesma esfera de governo.
ї Código 96 - A Definir Distribuição de Resultado de Empresas Estatais
29
650 Modalidade de utilização exclusiva do Poder Legislativo ou Dependentes
para classificação orçamentária da Reserva de Contingência 30 Material de Consumo
e da Reserva do RPPS, vedada a execução orçamentária en- Premiações Culturais, Artísticas, Científicas,
quanto não houver sua definição. 31
Desportivas e Outras
• Elemento de Despesa 32 Material, Bem ou Serviço para Distribuição Gratuita
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
O elemento de despesa tem por finalidade identificar os 33 Passagens e Despesas com Locomoção
objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fix- Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contra-
34
as, juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros tos de Terceirização
prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e 35 Serviços de Consultoria
instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, 36 Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física
amortização e outros que a Administração Pública utiliza para
a consecução de seus fins. 37 Locação de Mão-de-Obra
Os códigos dos elementos de despesa estão definidos no 38 Arrendamento Mercantil
Anexo II da Portaria Interministerial STN/SOF nº 163, de 2001. 39 Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica
A descrição dos elementos pode não contemplar todas as 41 Contribuições
despesas a eles inerentes, sendo, em alguns casos, exempli-
ficativa. A relação dos elementos de despesa é apresentada 42 Auxílios
a seguir: 43 Subvenções Sociais
45 Subvenções Econômicas
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Elemento De Despesa 3
46 Auxílio-Alimentação
Aposentadorias do RPPS, Reserva Remunerada e
1
Reformas dos Militares 47 Obrigações Tributárias e Contributivas
3 Pensões do RPPS e do militar 48 Outros Auxílios Financeiros a Pessoas Físicas
4 Contratação por Tempo Determinado 49 Auxílio-Transporte
Outros Benefícios Previdenciários 51 Obras e Instalações
5
do servidor ou do militar
52 Equipamentos e Material Permanente
6 Benefício Mensal ao Deficiente e ao Idoso
7 Contribuição a Entidades Fechadas de Previdência 53 Aposentadorias do RGPS - Área Rural
Outros Benefícios Assistenciais do servidor e do 54 Aposentadorias do RGPS - Área Urbana
8
militar 55 Pensões do RGPS - Área Rural
9 Salário-Família 4 56 Pensões do RGPS - Área Urbana
10 Seguro Desemprego e Abono Salarial
57 Outros Benefícios do RGPS - Área Rural
11 Vencimentos e Vantagens Fixas - Pessoal Civil5
58 Outros Benefícios do RGPS - Área Urbana
12 Vencimentos e Vantagens Fixas - Pessoal Militar
59 Pensões Especiais
13 Obrigações Patronais
61 Aquisição de Imóveis
14 Diárias - Civil
62 Aquisição de Produtos para Revenda
15 Diárias - Militar
63 Aquisição de Títulos de Crédito
16 Outras Despesas Variáveis - Pessoal Civil
Aquisição de Títulos Representativos de Capital já
17 Outras Despesas Variáveis - Pessoal Militar 64
Integralizado
18 Auxílio Financeiro a Estudantes 65 Constituição ou Aumento de Capital de Empresas
19 Auxílio-Fardamento 66 Concessão de Empréstimos e Financiamentos
20 Auxílio Financeiro a Pesquisadores 67 Depósitos Compulsórios
21 Juros sobre a Dívida por Contrato 70 Rateio pela Participação em Consórcio Público
22 Outros Encargos sobre a Dívida por Contrato 71 Principal da Dívida Contratual Resgatado
23 Juros, Deságios e Descontos da Dívida Mobiliária 72 Principal da Dívida Mobiliária Resgatado
24 Outros Encargos sobre a Dívida Mobiliária Correção Monetária ou Cambial da Dívida Contratual
73
Encargos sobre Operações de Crédito por Anteci- Resgatada
25
pação da Receita Correção Monetária ou Cambial da Dívida Mobiliária
74
26 Obrigações decorrentes de Política Monetária Resgatada
Encargos pela Honra de Avais, Garantias, Seguros e Correção Monetária da Dívida de Operações de
27 75
Similares Crédito por Antecipação de Receita
28 Remuneração de Cotas de Fundos Autárquicos Principal Corrigido da Dívida Mobiliária Refinan-
76
ciado
Principal Corrigido da Dívida Contratual Refinan- ї Código 7 - Contribuição a Entidades Fechadas de Prev-
77 idência
ciado
81 Distribuição Constitucional ou Legal de Receitas Despesas orçamentárias com os encargos da entidade pa-
trocinadora no regime de previdência fechada, para comple-
91 Sentenças Judiciais
mentação de aposentadoria.
92 Despesas de Exercícios Anteriores ї Código 08 - Outros Benefícios Assistenciais do servi-
93 Indenizações e Restituições dor e do militar
94 Indenizações e Restituições Trabalhistas Despesas orçamentárias com benefícios assistenciais,
inclusive auxílio-funeral, devido à família do servidor ou do
95 Indenização pela Execução de Trabalhos de Campo militar falecido na atividade, ou do aposentado, ou a terceiro
96 Ressarcimento de Despesas de Pessoal Requisitado que custear, comprovadamente, as despesas com o funeral do
97 Aporte para Cobertura do Déficit Atuarial do RPPS ex-servidor ou do ex-militar; auxílio-natalidade devido à ser-
vidora ou militar, por motivo de nascimento de filho, ou a côn-
98 Compensações ao RGPS juge ou companheiro de servidora pública ou militar, quando
99 A Classificar a parturiente não for servidora; auxílio-creche ou assistência
pré-escolar devido a dependente do servidor ou militar, con-
3- O conteúdo e a forma das descrições dos elementos de despesa forme regulamento; e auxílio-doença.
foram mantidos tal como constam do texto da Portaria Interministe-
rial STN/SOF nº 163, de 4 de maio de 2001. ї Código 09 - Salário-Família11
4- Portaria Conjunta STN/SOF nº 1, de 13/07/2012 - DOU de 16/07/2012;
(válida a partir de 2013, exceto em relação aos arts. 3º ao 6º, que podem ser Despesas orçamentárias com benefício pecuniário devido
utilizados em 2012). aos dependentes econômicos do militar ou do servidor, exclu-
5- No âmbito da União, a Gratificação por Encargo de Curso ou de sive os regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, os
Concurso deverá ser paga como “Outras Despesas Correntes” no quais são pagos à conta do plano de benefícios da previdência
elemento 36 - Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física. social.
ї Código 1 - Aposentadorias do RPPS, Reserva Remu-
ї Código 10 - Seguro Desemprego e Abono Salarial
nerada e Reformas dos Militares
Despesas orçamentárias com pagamento do Seguro-De-
Despesas orçamentárias com pagamento de aposenta- semprego e do Abono de que tratam o inciso II do Art. 7º e
dorias dos servidores inativos do Regime Próprio de Previdên- o § 3º, do Art. 239, da Constituição Federal, respectivamente.
cia do Servidor - RPPS, e de reserva remunerada e reformas
dos militares. ї Código 11 - Vencimentos e Vantagens Fixas - Pessoal Civil
ї Código 03 - Pensões do RPPS e do militar Despesas orçamentárias com: Vencimento; Salário Pes-
soal Permanente; Vencimento ou Salário de Cargos de Con-
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Despesas orçamentárias com pagamento de pensões civis
do RPPS e dos militares. fiança; Subsídios; Vencimento do Pessoal em Disponibilidade
Remunerada; Gratificações, tais como: Gratificação Adicional
ї Código 04 - Contratação por Tempo Determinado Pessoal Disponível; Gratificação de Interiorização; Gratificação
Despesas orçamentárias com a contratação de pessoal por de Dedicação Exclusiva; Gratificação de Regência de Classe;
tempo determinado para atender à necessidade temporária Gratificação pela Chefia ou Coordenação de Curso de Área ou
de excepcional interesse público, de acordo com legislação Equivalente; Gratificação por Produção Suplementar; Grati-
específica de cada ente da Federação, inclusive obrigações pa- ficação por Trabalho de Raios X ou Substâncias Radioativas;
tronais e outras despesas variáveis, quando for o caso. Gratificação pela Chefia de Departamento, Divisão ou Equiva-
ї Código 05 - Outros Benefícios Previdenciários do ser- lente; Gratificação de Direção Geral ou Direção (Magistério de lº
vidor ou do militar e 2º Graus); Gratificação de Função-Magistério Superior; Grat-
ificação de Atendimento e Habilitação Previdenciários; Grati-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
itação Policial; Adiantamento do 13º Salário; 13º Salário Pro- condição de estudante, no desenvolvimento de pesquisas
porcional; Incentivo Funcional - Sanitarista; Abono Provisório; científicas e tecnológicas, nas suas mais diversas modalidades,
“Pró-labore” de Procuradores; e outras despesas correlatas de observado o disposto no Art. 26, da Lei Complementar nº
101/2000.
caráter permanente.
ї Código 21 - Juros sobre a Dívida por Contrato
ї Código 12 - Vencimentos e Vantagens Fixas - Pessoal
Militar Despesas orçamentárias com juros referentes a operações
de crédito efetivamente contratadas.
Despesas orçamentárias com: Soldo; Gratificação de Lo-
calidade Especial; Gratificação de Representação; Adicional de ї Código 22 - Outros Encargos sobre a Dívida por Con-
Tempo de Serviço; Adicional de Habilitação; Adicional de Com- trato
pensação Orgânica; Adicional Militar; Adicional de Permanên- Despesas orçamentárias com outros encargos da dívida
cia; Adicional de Férias; Adicional Natalino; e outras despesas pública contratada, tais como: taxas, comissões bancárias,
correlatas, de caráter permanente, previstas na estrutura re- prêmios, imposto de renda e outros encargos.
muneratória dos militares. ї Código 23 - Juros, Deságios e Descontos da Dívida Mo-
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cas, desportivas e outras. e móvel celular; e outros congêneres, bem como os encargos
ї Código 33 - Passagens e Despesas com Locomoção resultantes do pagamento com atraso de obrigações não
Despesas orçamentárias, realizadas diretamente ou por tributárias.
meio de empresa contratada, com aquisição de passagens ї Código 41 - Contribuições
(aéreas, terrestres, fluviais ou marítimas), taxas de embarque, Despesas orçamentárias às quais não correspondam con-
seguros, fretamento, pedágios, locação ou uso de veículos traprestação direta em bens e em serviços e não sejam reem-
para transporte de pessoas e suas respectivas bagagens, in- bolsáveis pelo recebedor, inclusive as destinadas a atender a
clusive quando decorrentes de mudanças de domicílio no in-
despesas de manutenção de outras entidades de direito pú-
teresse da Administração.
blico ou privado, observado o disposto na legislação vigente.
ї Código 34 - Outras Despesas de Pessoal decorrentes
ї Código 42 - Auxílios
de Contratos de Terceirização
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
de encargos de empréstimos e financiamentos e dos custos movimentação de carga; mobiliário em geral; obras de arte e
de aquisição, de produção, de escoamento, de distribuição, de peças para museu; semoventes; veículos diversos; veículos fer-
venda e de manutenção de bens, produtos e serviços em geral;
roviários; veículos rodoviários; outros materiais permanentes.
e, ainda, outras operações com características semelhantes.
ї Código 53 - Aposentadorias do RGPS - Área Rural
ї Código 46 - Auxílio-Alimentação
Despesas orçamentárias com pagamento de aposenta-
Despesas orçamentárias com auxílio-alimentação, pagas
em forma de pecúnia, de bilhete ou de cartão magnético, dire- dorias dos segurados do plano de benefícios do Regime Geral
tamente aos militares, servidores, estagiários ou empregados de Previdência Social - RGPS, relativos à área rural.
da Administração Pública direta e indireta. ї Código 54 - Aposentadorias do RGPS - Área Urbana
ї Código 47 - Obrigações Tributárias e Contributivas Despesas orçamentárias com pagamento de aposenta-
Despesas orçamentárias decorrentes do pagamento de dorias dos segurados do plano de benefícios do Regime Geral
tributos e contribuições sociais e econômicas (Imposto de de Previdência Social - RGPS, relativos à área urbana.
Renda, ICMS, IPVA, IPTU, Taxa de Limpeza Pública, COFINS, ї Código 55 - Pensões do RGPS - Área Rural
PIS/PASEP, etc.), exceto as incidentes sobre a folha de salários, Despesas orçamentárias com pagamento de pensionistas
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classificadas como obrigações patronais, bem como os encar- do plano de benefícios do Regime Geral de Previdência So-
gos resultantes do pagamento com atraso das obrigações de cial - RGPS, inclusive decorrentes de sentenças judiciais, todas
que trata este elemento de despesa. relativas à área rural.
ї Código 48 - Outros Auxílios Financeiros a Pessoas Físi- ї Código 56 - Pensões do RGPS - Área Urbana
cas Despesas orçamentárias com pagamento de pensionistas
Despesas orçamentárias com a concessão de auxílio fi- do plano de benefícios do Regime Geral de Previdência So-
nanceiro diretamente a pessoas físicas, sob as mais diversas cial - RGPS, inclusive decorrentes de sentenças judiciais, todas
modalidades, tais como ajuda ou apoio financeiro e subsídio
relativas à área urbana.
ou complementação na aquisição de bens, não classificados
explícita ou implicitamente em outros elementos de despe- ї Código 57 - Outros Benefícios do RGPS - Área Rural
sa, observado o disposto no Art. 26, da Lei Complementar nº Despesas orçamentárias com benefícios do Regime Geral
101/2000. de Previdência Social - RGPS relativas à área rural, não incluin-
ї Código 49 - Auxílio-Transporte do aposentadoria e pensões.
Despesas orçamentárias com auxílio-transporte pagas em ї Código 58 - Outros Benefícios do RGPS - Área Urbana
forma de pecúnia, de bilhete ou de cartão magnético, direta- Despesas orçamentárias com benefícios do Regime Geral
mente aos militares, servidores, estagiários ou empregados da de Previdência Social - RGPS relativas à área urbana, não inclu-
Administração Pública direta e indireta, destinado ao custeio indo aposentadoria e pensões.
parcial das despesas realizadas com transporte coletivo mu- ї Código 59 - Pensões Especiais
nicipal, intermunicipal ou interestadual nos deslocamentos Despesas orçamentárias com pagamento de pensões es-
de suas residências para os locais de trabalho e vice-versa, ou peciais, inclusive as de caráter indenizatório, concedidas por
trabalho-trabalho, nos casos de acumulação lícita de cargos ou legislação específica, não vinculadas a cargos públicos.
empregos. ї Código 61 - Aquisição de Imóveis
ї Código 51 - Obras e Instalações Despesas orçamentárias com a aquisição de imóveis con-
Despesas com estudos e projetos; início, prosseguimento siderados necessários à realização de obras ou para sua pronta
e conclusão de obras; pagamento de pessoal temporário não utilização.
pertencente ao quadro da entidade e necessário à realização ї Código 62 - Aquisição de Produtos para Revenda
das mesmas; pagamento de obras contratadas; instalações
Despesas orçamentárias com a aquisição de bens destina-
que sejam incorporáveis ou inerentes ao imóvel, tais como: el-
dos à venda futura.
evadores, aparelhagem para ar condicionado central, etc.
ї Código 63 - Aquisição de Títulos de Crédito
ї Código 52 - Equipamentos e Material Permanente
Despesas orçamentárias com aquisição de aeronaves; apa- Despesas orçamentárias com a aquisição de títulos de
relhos de medição; aparelhos e equipamentos de comunicação; crédito não representativos de quotas de capital de empresas.
aparelhos, equipamentos e utensílios médicos, odontológicos, ї Código 64 - Aquisição de Títulos Representativos de
laboratoriais e hospitalares; aparelhos e equipamentos para Capital já Integralizado
esporte e diversões; aparelhos e utensílios domésticos; ar- Despesas orçamentárias com a aquisição de ações ou quo-
mamentos; coleções e materiais bibliográficos; embarcações, tas de qualquer tipo de sociedade, desde que tais títulos não
equipamentos de manobra e patrulhamento; equipamentos representem constituição ou aumento de capital.
ї Código 65 - Constituição ou Aumento de Capital de ї Código 81 - Distribuição Constitucional ou Legal de
Empresas Receitas
Despesas orçamentárias com a constituição ou aumento Despesas orçamentárias decorrentes da transferência
de capital de empresas industriais, agrícolas, comerciais ou a outras esferas de governo de receitas tributárias, de con-
financeiras, mediante subscrição de ações representativas do tribuições e de outras receitas vinculadas, previstas na Consti-
seu capital social. tuição ou em leis específicas, cuja competência de arrecadação
ї Código 66 - Concessão de Empréstimos e Financia- é do órgão transferidor.
mentos ї Código 91- Sentenças Judiciais
Despesas orçamentárias resultantes de:
Despesas orçamentárias com a concessão de qualquer Pagamento de precatórios, em cumprimento ao disposto
empréstimo ou financiamento, inclusive bolsas de estudo re- no art. 100 e seus parágrafos da Constituição, e no art. 78, do
embolsáveis. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT.
ї Código 67 - Depósitos Compulsórios Cumprimento de sentenças judiciais, transitadas em jul-
Despesas orçamentárias com depósitos compulsórios ex- gado, de empresas públicas e sociedades de economia mista,
igidos por legislação específica, ou determinados por decisão integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social.
judicial. Cumprimento de sentenças judiciais, transitadas em julga-
ї Código 70 - Rateio pela Participação em Consórcio do, de pequeno valor, na forma definida em lei, nos termos do
Público § 3º, do art. 100, da Constituição.
Despesa orçamentária relativa ao rateio das despesas Cumprimento de decisões judiciais, proferidas em Manda-
dos de Segurança e Medidas Cautelares.
decorrentes da participação do ente Federativo em Consór-
Cumprimento de outras decisões judiciais.
cio Público, instituído nos termos da Lei nº 11.107, de 6 de ї Código 92 - Despesas de Exercícios Anteriores
abril de 2005. Despesas orçamentárias com o cumprimento do disposto
ї Código 71 - Principal da Dívida Contratual Resgatado no Art. 37, da Lei nº 4.320/1964, que assim estabelece:
Despesas orçamentárias com a amortização efetiva do Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para
principal da dívida pública contratual, interna e externa. as quais o orçamento respectivo consignava crédito
próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não
ї Código 72 - Principal da Dívida Mobiliária Resgatado se tenham processado na época própria, bem como os
Despesas orçamentárias com a amortização efetiva do Restos a Pagar com prescrição interrompida e os com-
valo r nominal do título da dívida pública mobiliária, interna promissos reconhecidos após o encerramento do ex-
e externa. ercício correspondente, poderão ser pagas à conta de
ї Código 73 - Correção Monetária ou Cambial da Dívida dotação específica consignada no orçamento, discrimi-
nada por elemento, obedecida, sempre que possível, a
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Contratual Resgatada
ordem cronológica.
Despesas orçamentárias decorrentes da atualização do ї Código 93 - Indenizações e Restituições
valor do principal da dívida contratual, interna e externa, efe- Despesas orçamentárias com indenizações, não incluindo
tivamente amortizado. as trabalhistas, e restituições, devidas por órgãos e entidades
ї Código 74 - Correção Monetária ou Cambial da Dívida a qualquer título, inclusive devolução de receitas quando não
Mobiliária Resgatada for possível efetuar essa devolução mediante a compensação
Despesas orçamentárias decorrentes da atualização do com a receita correspondente, bem como outras despesas de
valor nominal do título da dívida pública mobiliária, efetiva- natureza indenizatória não classificadas em elementos de des-
mente amortizado. pesas específicos.
ї Código 75 - Correção Monetária da Dívida de Oper- ї Código 94 - Indenizações e Restituições Trabalhistas
Despesas orçamentárias resultantes do pagamento efet-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
ações de Crédito por Antecipação de Receita uado a servidores públicos civis e empregados de entidades
Despesas orçamentárias com correção monetária da dívida integrantes da administração pública, inclusive férias e aviso
decorrente de operação de crédito por antecipação de receita. prévio indenizados, multas e contribuições incidentes sobre os
ї Código 76 - Principal Corrigido da Dívida Mobiliária depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, etc.,
Refinanciado em função da perda da condição de servidor ou empregado,
Despesas orçamentárias com o refinanciamento do prin- podendo ser em decorrência da participação em programa de
cipal da dívida pública mobiliária, interna e externa, inclusive desligamento voluntário, bem como a restituição de valores
correção monetária ou cambial, com recursos provenientes da descontados indevidamente, quando não for possível efetuar
emissão de novos títulos da dívida pública mobiliária. essa restituição mediante compensação com a receita corre-
spondente.
ї Código 77 - Principal Corrigido da Dívida Contratual
ї Código 95 - Indenização pela Execução de Trabalhos
Refinanciado de Campo
Despesas orçamentárias com o refinanciamento do prin- Despesas orçamentárias com indenizações devidas aos
cipal da dívida pública contratual, interna e externa, inclusive servidores que se afastarem de seu local de trabalho, sem di-
correção monetária ou cambial, com recursos provenientes da reito à percepção de diárias, para execução de trabalhos de 655
emissão de títulos da dívida pública mobiliária. (38)(A) campo, tais como os de campanha de combate e controle de
endemias; marcação, inspeção e manutenção de marcos de- O número do IDOC também pode ser usado nas ações de
656 cisórios; topografia, pesquisa, saneamento básico, inspeção e pagamento de amortização, juros e encargos para identificar a
fiscalização de fronteiras internacionais. operação de crédito a que se referem os pagamentos.
ї Código 96 - Ressarcimento de Despesas de Pessoal Quando os recursos não se destinarem à contrapartida
Requisitado nem se referirem a doações internacionais ou operações de
Despesas orçamentárias com ressarcimento das despesas crédito, o IDOC será “9999”. Nesse sentido, para as doações
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
realizadas pelo órgão ou entidade de origem quando o ser- de pessoas, de entidades privadas nacionais e às destinadas
vidor pertencer a outras esferas de governo ou a empresas ao combate à fome, deverá ser utilizado o IDOC “9999”.
estatais não-dependentes e optar pela remuneração do cargo Classificação da Despesa por Identi-
efetivo, nos termos das normas vigentes. ficador de Resultado Primário
ї Código 97 - Aporte para Cobertura do Déficit Atuarial O identificador de resultado primário, de caráter indica-
do RPPS tivo, tem como finalidade auxiliar na apuração do resultado
Despesas orçamentárias com aportes periódicos, desti- primário previsto na LDO, devendo constar no PLOA e na re-
nados à cobertura do déficit atuarial do Regime Próprio de
spectiva Lei em todos os GNDs, identificando, de acordo com
Previdência Social - RPPS, conforme plano de amortização
estabelecido em lei do respectivo ente Federativo, exceto as a metodologia de cálculo das necessidades de financiamento,
decorrentes de alíquota de contribuição suplementar. cujo demonstrativo constará em anexo à LOA. De acordo com o
ї Código 98 - Compensações ao RGPS estabelecido no § 4º, do Art. 7º, nenhuma ação poderá conter,
Despesas orçamentárias com compensação ao Fundo do simultaneamente, dotações destinadas a despesas financeiras
Regime Geral de Previdência Social, em virtude de desoner- e primárias, ressalvada a reserva de contingência.
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ações, como a prevista no inciso IV do Art. 9º, da Lei nº 12.546, O quadro a seguir evidencia a mudança em relação à LDO
de 14 de dezembro de 2011, que estabelece a necessidade de 2012:
a União compensar o valor correspondente à estimativa de
Código Pldo 2014 Código Descrição da Despesa
renúncia previdenciária decorrente dessa Lei.
ї Código 99 - A Classificar 0 Financeira
Elemento transitório que deverá ser utilizado enquanto se Primária e considerada na apuração do resulta-
aguarda a classificação em elemento específico, vedada a sua 1 do primário para cumprimento da meta, sendo
obrigatória quando constar do Anexo V.
utilização na execução orçamentária.
Primária e considerada na apuração do resulta-
Identificador de Uso - Iduso 2 do primário para cumprimento da meta, sendo
Esse código vem completar a informação concernente à discricionária e não abrangida pelo PAC.
aplicação dos recursos e destina-se a indicar se os recursos Primária e considerada na apuração do resulta-
compõem contrapartida nacional de empréstimos ou de do- 3 do primário para cumprimento da meta, sendo
ações ou destinam-se a outras aplicações, constando da LOA e discricionária e abrangida pelo PAC.
de seus créditos adicionais. Conforme § 11, do Art. 7º), a espe- Primária, constante do Orçamento de Inves-
cificação é a seguinte: timento, e não considerada na apuração do
4
resultado primário para cumprimento da meta,
Código Descrição sendo discricionária e não abrangida pelo PAC.
0 Recursos não destinados à contrapartida Primária, constante do Orçamento de Inves-
1 Contrapartida de empréstimos do BIRD timento, e não considerada na apuração do
5
resultado primário para cumprimento da meta,
2 Contrapartida de empréstimos do BID sendo discricionária e abrangida pelo PAC.
Contrapartida de empréstimos por desempenho
3
ou com enfoque setorial amplo
4 Contrapartida de outros empréstimos
5 Contrapartida de doações
Recursos não destinados à contrapartida,
para identificação dos recursos destinados à
6
aplicação mínima em ações e serviços públicos
de saúde
Identificador de Doação e de
Operação de Crédito - Idoc
O IDOC identifica as doações de entidades internacionais
ou operações de crédito contratuais alocadas nas ações orça-
mentárias, com ou sem contrapartida de recursos da União.
Os gastos referentes à contrapartida de empréstimos serão
programados com o IDUSO igual a “1”, “2”, “3” ou “4” e o IDOC
com o número da respectiva operação de crédito, enquanto
que, para as contrapartidas de doações, serão utilizados o IDU-
SO “5” e respectivo IDOC.