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XII CONGRESSO DE DIREITO CIVIL E CRIMINAL

Tema: ‘Da pedofilia à pornografia de vingança. Aspectos penais.’

Professora: Angélica Glioche – RJ. Promotora de justiça, mestre em Direito, professora do curso Glioche,
AMPERJ, EMERJ, FEMPERJ, CERS, UERJ.

Em 2008, houve uma modificação na legislação. Lei n° 11.829, de 25 de novembro de 2008, altera a Lei
8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente, para aprimorar o combate à
produção, venda e distribuição de pornografia infantil, bem como criminalizar a aquisição e posse de tal
material e outras condutas relacionadas à pedofilia na internet. Artigo bem mais moderno que legisla
que publicar, divulgar em qualquer meio de comunicação – incluindo a internet– cenas de sexo infantil é
crime. É considerada criança a pessoa entre 0 e 12 anos incompletos, e adolescente a pessoa entre 12 e
18 anos.

Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990

Legislação direta: Artigo 241A da Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990. Art. 241-A: Oferecer, trocar,
disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de
sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 1 o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que trata
o caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas ou imagens
de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2 o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste artigo são puníveis quando o responsável
legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito
de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Legislação direta: Artigo 241B da Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990. Art. 241-B: Adquirir, possuir ou
armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 1 o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material a que se
refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2 o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades
competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a
comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o
recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por
meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade
policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 3 o As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito referido.
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Legislação direta: Artigo 241C da Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990. Art. 241-C: Simular a participação
de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração,
montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual:
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Parágrafo
único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, pública ou divulga
por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste artigo.
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Legislação direta: Artigo 241D da Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990. Art. 241-D: Aliciar, assediar,
instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato
libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com
o fim de com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma
pornográfica ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Legislação direta: Artigo 241E da Lei n° 8.069, de 13 de Julho de 1990. Art. 241-E: Para efeito dos crimes
previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação
que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos
órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008).

Lei nº 13.718 de 24 de Setembro de 2018

Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para tipificar os crimes de
importunação sexual e de divulgação de cena de estupro, tornar pública incondicionada a natureza da
ação penal dos crimes contra a liberdade sexual e dos crimes sexuais contra vulnerável, estabelecer
causas de aumento de pena para esses crimes e definir como causas de aumento de pena o estupro
coletivo e o estupro corretivo; e revoga dispositivo do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941
(Lei das Contravenções Penais).

Legislação direta: Artigo 218 do Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940. Art. 218 - Corromper
ou facilitar a corrupção de pessoa maior de quatorze e menor de dezoito anos, com ela praticando ato
de libidinagem, ou induzindo-a a praticá-lo ou presenciá-lo: Art. 218. Induzir alguém menor de 14
(catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. (VETADO) . (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)

Legislação direta: Artigo 218A do Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940. Art. 218-A: Praticar,
na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro
ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de
vulnerável. (Redação dada pela Lei nº 12.978, de 2014)

Legislação direta: Artigo 218C do Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940. Art. 218-C: Oferecer,
trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer
meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -,
fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de
vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de
sexo, nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº
13.718, de 2018)
Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que
mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou
humilhação. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação
de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a
identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Tema: ‘O Direito Constitucional em tempos de pandemia.’

Professor: Flávia Bahia – BA. Advogada. Professora de Direito Constitucional e Direitos Humanos do
Complexo de Ensino Renato Saraiva. Mestre em Teoria do Estado e Direito Constitucional pela PUC-RJ.
Professora e coordenadora da pós-graduação do Instituto Imadec.

Com o COVID-19, surge o decreto que reconhece o estado de ‘calamidade pública’ (uma situação
anormal, provocada por desastres, causando danos e prejuízos que impliquem o comprometimento
substancial da capacidade de resposta do poder público do ente atingido). Além disso, diversos decretos
e medidas provisórias. A pandemia trouxe muitas mudanças no âmbito federativo. Estados e municípios
tomando as rédeas.

Repartição de competências federativas acerca dos principais aspectos da crise: a classificação das
competências e o princípio da predominância de interesses

- Competência política

- Competência legislativa

- Competência tributária

O Brasil tem como forma de Estado o federalismo, que consiste a distribuição interna em entes
autônomos, mas não independentes, sendo regidos pela constituição pátria. Entre a União, os Estados e
Municípios existem separação de competências, tanto administrativas quanto legislativas.

Quanto ao legibus moderati,  os constituintes criaram técnicas para separar as funções de cada ente
federado, havendo, não rara às vezes, confusão acerca dos assuntos que cabem a cada membro da
República Federativa do Brasil. Isto faz com que inúmeras ações cheguem, ao guardião da constituição
visando à declaração de inconstitucionalidade de determinadas leis.
2. O FEDERALISMO E SEUS PRINCÍPIOS NORTEADORES

Os entes federados têm, como princípios básicos, o princípio da autonomia e o princípio do equilíbrio
entre as pessoas políticas de Direito Público Interno. O art.18 da Constituição Federal prega que “A
organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos,  nos termos desta Constituição”. Esse princípio é
resultado da forma de Estado adotada no Brasil, o chamado Federalismo, princípio esse que promove a
descentralização política por meio da repartição de competências previstas na Constituição. Deste modo
temos um poder central (União) dotado de poderes, os entes federativos típicos (Estados-membros) de
igual modo com suas atribuições e os entes federativos atípicos (Municípios e Distrito Federal) com
outras competências.

O Pacto federativo pode ser definido como a união dos entes federados dotados de autonomia e
submetidos ao poder central e soberano. Assim, há uma clara cooperação entre os entes formadores do
Estado, visto que a união promove, dentro da autonomia de cada ente federativo, o desenvolvimento
através da descentralização.

Existem, ainda, alguns outros princípios que servem de norte para tal modelo, como: o princípio da
indissolubilidade do pacto federativo e o princípio da simetria.

3. AUTONOMIA ENTRE OS ENTES FEDERATIVOS

A Constituição de 88 traz liberdade para criação normativa, porém, desde que se enquadrem nas
matérias elencadas do próprio texto constitucional e é claro, não vão contra a própria Carta Magna,
respeitando a hierarquia legal. A autonomia entre tais entes é baseada na não invasão entre as
competências, evitando assim que interesses locais possam ser justificativos para legislar assuntos de
interesse geral.

Em síntese cada ente possui suas competências, não podendo um invadir a alçada do outro, para que
não haja assim a inconstitucionalidade dos atos de cada um destes entes, lembrando que todos devem
se submeter ao que reza a Constituição, que resguarda a separação de competências. Mostrando dessa
maneira um claro respeito ao princípio supracitado do equilíbrio entre as pessoas políticas de Direito
Público Interno.

Competências federativas são parcelas atribuídas, pela soberania do Estado Federal, aos entes políticos,
permitindo-lhes tomar decisões, no exercício regular de suas atividades, dentro do círculo pré-traçado
pela Constituição da República. O exercício harmônico dessas atribuições é responsável pela
manutenção do pacto federativo, pois entidade não pode adentrar o campo reservado à outra,
praticando invasão de competências.

4. O FEDERALISMO BRASILEIRO

No Brasil a federação originou-se da determinação do governo central, oriundo das exigências das elites
locais, a muito cerceadas pela concentração de forças do regime monárquico. A formação implantada
de cima para baixo, modelo de desfragmentação, dotou-se de estrutura organizacional já conhecida
pela classe política: estados dotados de poderes Executivo, Legislativo e Judiciário próprios;
Constituições estaduais e poder de regulamentação própria. Ocorreu uma verdadeira descentralização,
devido à dificuldade em se governar unitariamente, dividiu-se o país, fato distinto do que ocorreu na
América do Norte, onde houve uma agregação entre os Estados, visando compor uma nação.

Neste sentido, o contexto histórico:

“O federalismo como forma de Estado foi criado em 1891, após a proclamação da República, por um
decreto que colocou fim ao Estado unitário e centralizado e permitiu a criação dos Estados Federados. A
partir de 1980 iniciaram-se reivindicações no sentido de começar um movimento de descentralização,
de modo que na década de 80, mesmo antes da nova Constituição, já ocorrem modificações na
estrutura fiscal que ampliam a autonomia dos estados e municípios.” (ANTUNES, Henrique Ribeiro da
Glória, 2014).

A Constituição brasileira estabeleceu a forma de governo e de Estado, in verbis: “Art. 1º A República


Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito [...]”, assim, destaca-se a impossibilidade de secessão,
em virtude da integração e indissolubilidade do vínculo federativo. Outro dado de importante relevância
é a forma de governo brasileiro, não fazendo parte do rol de cláusulas pétreas, assim como a forma de
Estado. Tal opção foi devida ao interesse em tornar o Brasil novamente uma monarquia, através de um
plebiscito que ocorreu em 1993, naturalmente rejeitado.

4.1 A REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS ENTRE UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS À LUZ DA CONSTITUIÇÃO


DE 1988.

O que define a extensão da autonomia entre os entes federados é a repartição feita pelo constituinte
acerca das competências. Cabe um adendo à competência administrativa, que leva em conta a
distribuição fiscal dos entes, repartição esta de elevada polêmica por permitir que a situação financeira
de cada ente seja diferente dependendo da aliança política entre União, Estados e Municípios.

Tratando-se das competências legislativas, a Constituição brasileira limitou bastante a atuação dos
Estados e Municípios, hoje, há uma verdadeira dependência normativa, onde a União detém certo
monopólio ao tratar de assuntos de “interesse geral”, que muitas das vezes, representam assuntos
também de “interesse local ou regional”. Acerca da suplantação da União sobre os demais entes da
federação, já acentuou Rodrigo Kaufmann:

“A concretização e a realização desse requisito elementar da Federação são a existência e manutenção


de um poder legislativo estadual e até municipal que tenha certa liberdade de produção normativa. Essa
certa liberdade de poder criar as normas de conduta e de organização nas questões específicas e locais
do Estado e do Município é que determina a efetiva autonomia desses entes descentralizados da
Federação. Na medida em que se permite à União legislar em todos os ramos de forma discriminada
inclusive em matérias especiais do Estado, estará ocorrendo não a autonomia, mas sim a subordinação
desses Estados, vislumbrando-se assim uma Federação simplesmente formal e não aplicável.” (Revista
dos Estudantes de Direito da UnB, pág. 4)

Isto demonstra certa maquiagem dos poderes constituídos e distribuídos entre os entes da Federação.
Assuntos de interesse local ou regional são cerceados por supostos interesses gerais, onde os Estados-
membros são cerceados da produção normativa, fato que gera desconforto, pois, aguardar que certa
norma, regulamentando determinado assunto de maneira geral, seja criado, para só depois, baseado na
competência suplementar, pode gerar um desconforto a estes Estados-membros.

Tem-se assim, devido ao contexto histórico e modelo adotado no Brasil para a divisão em entes
federados, que o Governo Central mantém, hoje, uma posição de cômoda hegemonia na atividade
legislativa em todos os níveis. É demonstrada a superioridade da União e clara submissão dos demais
entes federados, mesmo em se tratando de normas de puro interesse local.

A descentralização político-administrativa, tido como característica das federações, é mitigada, baseada


em constatações, onde vereadores se encontram num verdadeiro ócio, não por improbidade, mas sim
por ausência de matérias de interesse coletivo a serem legisladas. Surgem então projetos de lei como a
Lei municipal 3306/97 (Pouso Alegre, MG), que prevê multa de R$500,00 aos donos de outdoor que
exporem propagandas contendo erros de ortografia e gramática.

4.2 TÉCNICAS DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS FEDERATIVAS E CLASSIFICAÇÃO

É adotada nas constituições ao redor do mundo uma técnica pela qual o constituinte distribui, com base
na natureza e no tipo histórico de federação, os encargos de cada unidade federativa, preservando-lhes
a autonomia política no âmbito do Estado Federal. Aplica-se, então, o princípio da predominância do
interesse. O princípio da predominância do interesse objetiva nortear a repartição de competências das
entidades políticas, tomando como base a natureza do interesse afeto a cada uma delas.

À União competem as matérias de interesse geral ou nacional (CF, ART. 21); aos Estados-membros
competem os temas de interesse regional (CF, art. 25, §1º); aos Municípios competem os assuntos de
interesse local (CF, art. 30, I); ao Distrito Federal compete a temática de interesse regional e local (CF,
art. 32, § 1º).

Porém, há casos em que este princípio não limita as competências entre os entes federados. Isto ocorre
porque há assuntos que tanto são pertinentes ao interesse local, como do país inteiro, é o caso da
transposição do rio São Francisco, devastação da floresta Amazônica, seca do Nordeste, etc.

O constituinte dividiu as competências em dois grandes grupos, Competência Administrativa e


Competência Legislativa. Segue a classificação feita por Uadi Bulos (Curso de Direito Constitucional, p.
979) daquela que é de interesse deste corrente trabalho:

Competência legislativa: é a capacidade de o ente político estabelecer normas imperativas, gerais e


abstratas, com base nos limites estatuídos na Constituição Federal.

a) Competência Privativa – Por seu intermédio, o ente político que a titulariza transfere, no todo ou em
parte, determinada parcela de poder para execução de tarefas de outra entidade federativa. Aceita a
suplementação e delegação, permitindo transferência de poder de um ente par a outro.

b) Competência concorrente – mais de um ente federativo exerce o poder de legislar sobre certa
matéria.

c) Competência suplementar – os Estados e Distrito Federal suprem vazios. Adicional, esclarecem e


aperfeiçoam, legislativamente, matérias de interesse regional. O desempenho dessa especial atribuição
de natureza federativa adstringe-se ao esquema traçado pelas normas gerais, oriundas da União.

d) Competência residual – é aquela que sobra depois de o constituinte distribuir todas as competências
para os entes federativos.

e) Competência delegada – se transfere de uma entidade para outra.

f) Competência originária – é criada a favor de determinado ente federativo.

5. CRÍTICAS À DIVISÃO

Vista estas divisões adotadas pela Constituição de 1988, entra-se no mérito das invasões de
competência entre os entes federados. Isto ocorre porque muitas das vezes a classificação abre portas
para diferentes interpretações, onde certas matérias são legisladas tendo como escopo as normas
constitucionais, mas há indeterminação quanto ao conteúdo a ser legislado.

Nesse sentido, pairamos sobre duas situações muito controvertidas. São elas: a dúvida quanto à
participação ou não dos Municípios na repartição de competências concorrentes, já que não há
referência expressa no art. 24 da CF88 e a vaguidade do termo “normas gerais”, presentes no § 1º do
mesmo dispositivo.

Cabe então ao Guardião da Constituição declarar ou não a inconstitucionalidade de certa lei e


determinar o conteúdo a ser legislado que cabe a cada ente da federação.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O sistema brasileiro de repartições de competências, como demonstrado no presente estudo, não pode
ser algo que se limita às academias e aos órgãos dos Poderes, uma vez que é de suma importância na
vida de qualquer cidadão. Isso porque, ao entendermos o tema, falando como cidadãos que somos,
podemos buscar junto aos órgãos dirigentes melhorias, através de cobranças encaminhadas
corretamente, uma vez que, não raro, vemos petições sendo protocoladas e indeferidas, pois fora feita
em órgãos que não detêm a competência para o pedido pleiteado.

O entendimento do presente estudo, portanto, faz-se de suma importância, pois se torna um


instrumento de controle e de exercício dos próprios direitos dos indivíduos pertencentes à sociedade
brasileira para com seus representantes políticos.

7. REFERÊNCIAS:

BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 8. Ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito
constitucional. São Paulo: Saraiva, 2014.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 29. Ed. São Paulo: Malheiros, 2007.

ANTUNES, Henrique Ribeiro da Glória; XAVIER, Gabriela Costa. O princípio da subsidiariedade e as


distorções do modelo federativo fiscal adotado no Brasil. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVII, n. 120,
jan 2014. Disponível em:. Acesso em dez 2014.

KAUFMANN, Rodrigo. A repartição de competências e o princípio federativo na Constituição de 1988. In:


Revista dos Estudantes de Direito da UnB. 2 ed, 1997.

Tema: ‘Ativismo judicial e segurança pública.’

Professor: Rogério Greco – RJ. Foi Procurador de Justiça, exercendo suas funções junto à Procuradoria
Especializada em Crimes contra a Vida, tendo ingressado no MPMG em 1989. É Professor do Curso de
Pós-Graduação de Direito Penal da Fundação Escola Superior do MPMG, pós-doutorando pela Universitá
Degli Studi di Messina (Itália), doutor pela Universidad de Burgos (Espanha), mestre em Ciências Penais
pela Faculdade de Direito da UFMG, especialista em Direito Penal (Teoria do Delito) pela Universidad de
Salamanca (Espanha), especialista em Direito Penal Econômico pela Universidad Castilla La Mancha
(Espanha), especialista em Crime organizado, corrupção e terrorismo pela Universidade de Salamanca
(Espanha), formado pela National Defense University (William F. Perry Center for Hemispherie Defense
Studies) em combate ao crime organizado transnacional e redes ilícitas nas Américas.

Início do Comando Vermelho – Ilha Grande (final dos anos 70)

- Partidos de esquerda e as guerrilhas;

- Em 1979, surge o Comando Vermelho, inicialmente ‘Falange Vermelha’, com William da Silva Lima (o
‘professor’) e José Carlos dos Reis Encina (o ‘escadinha’);

- Governo Leonel Brizola (1983-1987) proíbe a polícia de entrar nas comunidades. Isso colabora para a
expansão das facções;

- Pablo Escobar e o cartel de Medellin, RJ passa a ser um dos maiores consumidores de cocaína do Brasil;

- Luiz Fernando da Costa, mais conhecido como Fernandinho Beira-Mar, um criminoso brasileiro, líder


da organização criminosa Comando Vermelho e considerado pelos órgãos federais um dos maiores
traficantes de armas e drogas da América Latina,  se aliou com as FARC na Colômbia para estudar como
unir facções, mas foi preso pelo exército colombiano e deportado ao Brasil (está preso desde 2002).

- Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo , também conhecidas pelo


acrônimo FARC ou FARC-EP, foi uma organização paramilitar de inspiração comunista, autoproclamada
guerrilha revolucionária marxista-leninista, que operava mediante táticas de guerrilha. Lutaram pela
implantação do socialismo na Colômbia e defendiam o direito dos presos colombianos. Existia uma
intensa cooperação entre a ELN e as FARC.
Início do PCC – Taubaté (1993)

- Massacre do Carandiru (1992): foi uma chacina (assassínio em massa) que ocorreu no Brasil, em 2 de
outubro de 1992, quando uma intervenção da Polícia Militar do Estado de São Paulo, para conter uma
rebelião na Casa de Detenção de São Paulo, causou a morte de 111 detentos.

- Surge com José Márcio Felício (‘geleião’) e Cesar Augusto Roris da Silva

- Ligação entre o PCC e Hezbollah

CNJ manda soltar presos por conta do COVID.

Tema: ‘Tutelas provisórias em tempos de pandemia.’

Professor: Maurício Cunha – SP. Juiz de Direito (TJMG). Coordenador dos Juizados Especiais de Poços de
Caldas. Coordenador do Núcleo Regional da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (TJMG).
Mestre em Direito Processual Civil pela PUC-CAMP. Doutor em Direito Processual pela PUC-MG.
Professor de cursos de graduação (provimento) e pós-graduação (PUC-MG). Membro do IDILP (Instituto
do Direito de Língua Portuguesa). Membro do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Processual). Membro
do CEAPRO (Centro de Estudos Avançados de Processo). Membro da ABDPro (Associação Brasileira de
Direito Processual). Professor da pós-graduação do Instituto Imadec.

Mediação, arbitragem e estímulo de acordos extrajudiciais: presente e futuro do judiciário. O judiciário


não tem estrutura material nem humana para a resolução de todas as questões existentes;

Recomendação 63, CNJ:

Art. 1º Recomendar a todos os Juízos com competência para o julgamento de ações de recuperação
empresarial e falência que deem prioridade na análise e decisão sobre questões relativas ao
levantamento de valores em favor de credores ou empresas recuperandas, com a correspondente
expedição de Mandado de Levantamento Eletrônico, considerando a importância econômica e social
que tais medidas possuem para ajudar a manter o regular funcionamento da economia brasileira e para
a sobrevivência das famílias notadamente em momento de pandemia de Covid-19.

Art. 2º Recomendar a todos os Juízos com competência para o julgamento de ações de recuperação
empresarial e falência que suspendam a realização de Assembleias Gerais de Credores presenciais, em
cumprimento às determinações das autoridades sanitárias enquanto durar a situação de pandemia de
Covid-19.

Parágrafo único. Verificada a urgência da realização da Assembleia Geral de Credores para a


manutenção das atividades empresariais da devedora e para o início dos necessários pagamentos aos
credores, recomenda-se aos Juízos que autorizem a realização de Assembleia Geral de Credores virtual,
cabendo aos administradores judiciais providenciarem sua realização, se possível.

Art. 3º Recomendar a todos os Juízos com competência para o julgamento de ações de recuperação
empresarial e falência que prorroguem o prazo de duração da suspensão (stay period) estabelecida no
art. 6o da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, nos casos em que houver necessidade de adiamento
da realização da Assembleia Geral de Credores e até o momento em que seja possível a decisão sobre a
homologação ou não do resultado da referida Assembleia Geral de Credores.

Art. 4º Recomendar a todos os Juízos com competência para o julgamento de ações de recuperação
empresarial e falência que podem autorizar a devedora que esteja em fase de cumprimento do plano
aprovado pelos credores a apresentar plano modificativo a ser submetido novamente à Assembleia
Geral de Credores, em prazo razoável, desde que comprove que sua capacidade de cumprimento das
obrigações foi diminuída pela crise decorrente da pandemia de Covid-19 e desde que estivesse
adimplindo com as obrigações assumidas no plano vigente até 20 de março de 2020.

Parágrafo único. Considerando que o descumprimento pela devedora das obrigações assumidas no
plano de recuperação pode ser decorrente das medidas de distanciamento social e de quarentena
impostas pelas autoridades públicas para o combate à pandemia de Covid-19, recomenda-se aos Juízos
que considerem a ocorrência de força maior ou de caso fortuito para relativizar a aplicação do art. 73,
inc. IV, da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005.

Art. 5º Recomendar a todos os Juízos com competência para o julgamento de ações de recuperação
empresarial e falência que determinem aos administradores judiciais que continuem a realizar a
fiscalização das atividades das empresas recuperandas, nos termos da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro
de 2005, de forma virtual ou remota, e que continuem a apresentar os Relatórios Mensais de Atividades
(RMA), divulgando-os em suas respectivas páginas na Internet.

Art. 6º Recomendar, como medida de prevenção à crise econômica decorrente das medidas de
distanciamento social implementadas em todo o território nacional, que os Juízos avaliem com especial
cautela o deferimento de medidas de urgência, decretação de despejo por falta de pagamento e a
realização de atos executivos de natureza patrimonial em desfavor de empresas e demais agentes
econômicos em ações judiciais que demandem obrigações inadimplidas durante o período de vigência
do Decreto Legislativo nº 6 de 20 de março de 2020, que declara a existência de estado de calamidade
pública no Brasil em razão da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

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