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Administração Pública

Governabilidade, Governança e Accountability

Prof. Douglas Schneider


Administração Pública
Governabilidade, Governança e Accountability

Intermediação de interesses (clientelismo, corporativismo e


neocorporativismo)
Prof. Douglas Schneider
Intermediação de interesses

Clientelismo, corporativismo e neocorporativismo

Objetivos de aprendizagem
1. Definir clientelismo
2. Enumerar as características do corporativismo
3. Explicar neocorporativismo
4. Diferenciar os mecanismos de intermediação de interesses
Intermediação de interesses

Intermediação de interesses
A capacidade de articular-se em alianças políticas e pactos
sociais constitui-se em fator crítico para a viabilização dos
objetivos do Estado. Essa tentativa de articulação é uma
forma de intermediação de interesses, na qual se procura
conciliar interesses, reduzir atritos e aumentar a
governabilidade.
Paludo (2013)
Intermediação de interesses

Clientelismo
Um tipo de relação entre atores políticos que envolve
concessão de benefícios públicos, na forma de empregos,
benefícios fiscais, isenções, em troca de apoio político,
sobretudo na forma de voto.
Carvalho (1997)
Intermediação de interesses

Clientelismo
Implica a constituição de redes de fidelidades pessoais e a
personalização do exercício do poder político, em
diferentes esferas do sistema de autoridade, entre dois
atores: o patrão e o cliente.
Rua (2012)
Intermediação de interesses

Clientelismo
Características
• Não há número fixo ou organizado de
unidades constitutivas
• Unidades são:
• agrupamentos
• pirâmides
• redes hierarquizadas
• Baseadas em
• relações pessoais
• troca generalizada
Intermediação de interesses

Clientelismo
Características
• Unidades disputam o controle do fluxo de recursos dentro de um
território
• Participação não obedece a um regulamento formal
• Arranjos hierárquicos baseados no consentimento individual
• Sem respaldo jurídico
Intermediação de interesses

Clientelismo

Não confunda clientelismo, que


pressupõe duas pessoas as quais
trocam benefícios por apoio
político, com fisiologismo, que se
caracteriza pela ação de grupos
os quais buscam vantagens
pessoais em detrimento do
interesse público.
Intermediação de interesses

Corporativismo (estatal)
Baseia-se na organização vertical da sociedade a partir de
associações representativas de interesses de setores ou
categorias profissionais, criadas e controladas pelo
Estado. É o Estado que escolhe seus interlocutores, em troca
de observância, por estes, de alguns controles na seleção de
líderes e na articulação de demandas e apoios.
Rua (2012)
Intermediação de interesses

Corporativismo (estatal)

O corporativismo é utilizado para remoção ou


neutralização de conflitos: econômicos, relacionados à
concorrência de mercado; sociais, relacionados à luta de
classes; e políticos, relacionados aos conflitos partidários.
O corporativismo é típico de governos autoritários (como o
fascismo).
Intermediação de interesses

Corporativismo (estatal)
O corporativismo pode ser definido como um sistema de
representação de interesses no qual as unidades
constituintes são organizadas em um número limitado de
categorias singulares, compulsórias, não competitivas,
hierarquicamente ordenadas e funcionalmente diferenciadas,
reconhecidas ou licenciadas (quando não criadas) pelo
Estado, às quais é concedido monopólio de representação
dentro de sua respectiva categoria em troca da observância
de certos controles na seleção de seus líderes e na
articulação de demandas e apoio.
Schmitter (1973, pp. 43-44)
Intermediação de interesses

Corporativismo (estatal)
Características
• Associações autorizadas/criadas e
controladas pelo Estado
• Associações dependentes do Estado
formal e materialmente
• Objetivo: impedir a formação do conflito
entre o capital e o trabalho, e assim,
assegurar estabilidade e governabilidade
Intermediação de interesses

Corporativismo (estatal)

No Brasil, o corporativismo estatal foi


instituído no governo Getúlio Vargas, e
algumas das suas instituições como a
unicidade sindical e o imposto sindical
persistem até hoje.
Intermediação de interesses

Corporativismo

Corporativismo
estatal
Intermediação de interesses

Neocorporativismo
Consiste em um arranjo de intermediação política a partir da
organização da sociedade civil em números limitados de
associações baseadas em interesses estruturais, as quais
são reconhecidas pelo Estado como interlocutores
autorizados e são diretamente incorporadas ao processo de
formação e gestão das decisões, especialmente na área
econômica.
Rua (2012)
Intermediação de interesses

Neocorporativismo
Características
• Independência
• Formato mais flexível de representação
• Livre associação dos membros às
organizações privadas de representação
de interesses
• Participação no processo decisório
• Interlocução e parceria
• Cooperação
Intermediação de interesses

Neocorporativismo


Corporativismo
societal
Intermediação de interesses

Inst. Consulplan / PGE-SC / 2022


1. Assinale a única alternativa que versa sobre clientelismo.
A) Inerente ao capitalismo como modo de intermediação de interesses e,
como modelo, visa exatamente à sua manutenção de forma pacífica e
democrática.
B) Não define explicitamente uma situação, mas é um eixo de
desenvolvimento, dependendo do grau em que se atribui status público a
grupos de interesse organizados.
C) Sistema de intermediação de interesses entre Estado e sociedade civil,
constituído através de unidades funcionais, não-competitivas, reconhecidas
ou criadas pelo Estado.
Intermediação de interesses

Inst. Consulplan / PGE-SC / 2022


1. (...) alternativa que versa sobre clientelismo.
D) Propugna um novo contrato entre Estado e sociedade como forma de
resolução dos conflitos. Essas organizações bloqueiam uma excessiva
politização dos conflitos, constituindo, portanto, mais um arranjo.
E) Persistente na sociedade brasileira, mantém-se de maneira bastante forte
como canal de relacionamento entre a sociedade e o Estado. Funciona como
efeito de legitimação nos períodos populistas ou de cooptação nos
autoritários e visa à troca de favores.
Intermediação de interesses

FUNDATEC / SPGG-RS / 2022


2. Edson Nunes, em a Gramática Política do Brasil (2003), afirma que
existem quatro padrões institucionalizados de relações ou “quatro
gramáticas”, que estruturam os laços entre sociedade e Estado no Brasil:
clientelismo, insulamento burocrático, corporativismo e universalismo de
procedimentos. Essas “gramáticas” estão diretamente envolvidas com as
transformações ocorridas na Administração Pública brasileira no século XX.
Sobre elas, analise as assertivas a seguir, assinalando V, se verdadeiro, ou F,
se falso.
Intermediação de interesses

FUNDATEC / SPGG-RS / 2022


2. (...) Sobre elas, analise as assertivas a seguir, assinalando V, se
verdadeiro, ou F, se falso.
( ) Clientelismo é um sistema de controle do fluxo de recursos materiais e de
intermediação de interesses, no qual não há número fixo ou organizado de
unidades constitutivas (são agrupamentos, pirâmides ou redes baseados em
relações pessoais que repousam em troca generalizada). Não está
codificado em nenhum tipo de regulamento formal; os arranjos hierárquicos
no interior das redes estão baseados em consentimento individual e não
gozam de respaldo jurídico.
( ) Insulamento Burocrático é o processo de proteção do núcleo técnico do
Estado contra a interferência oriunda do público ou de outras organizações
intermediárias.
Intermediação de interesses

FUNDATEC / SPGG-RS / 2022


2. (...) Sobre elas, analise as assertivas a seguir, assinalando V, se
verdadeiro, ou F, se falso.
( ) Corporativismo é um sistema de intermediação de interesses em que as
unidades constitutivas estão organizadas em um número limitado de
categorias singulares, compulsórias, não-competitivas, hierarquicamente
ordenadas e funcionalmente diferenciadas, reconhecidas ou permitidas pelo
Estado, e que têm a garantia de um deliberado monopólio de representação
dentro de suas categorias respectivas, em troca da observância de certos
controles na seleção de líderes e na articulação de demandas e apoios.
( ) Universalismo de Procedimentos está associado à noção de cidadania
plena e igualdade perante a lei.
Intermediação de interesses

FUNDATEC / SPGG-RS / 2022


2. (...) A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para
baixo, é:
A) V – V – V – V.
B) F – V – F – V.
C) F – F – V – V.
D) V – V – F – F.
E) V – F – V – F.
Intermediação de interesses

Avança-SP / Pref. Laranjal Paulista (SP) / 2022


3. Coronelismo é o nome dado ao fenômeno político que ocorreu no Brasil,
principalmente após a proclamação da República, durante a chamada
Primeira República. O coronelismo consistiu em uma prática que tinha por
objetivo:
A) o fim das práticas clientelistas.
B) promover valores e práticas democráticas, como o fim do voto de
cabresto.
C) manter o princípio da legalidade, condenar as trocas de favores e as
ações ilegais e violentas.
Intermediação de interesses

Avança-SP / Pref. Laranjal Paulista (SP) / 2022


3. (...) O coronelismo consistiu em uma prática que tinha por objetivo:
D) afastar as elites imperiais do poder, acabar com as trocas de favores e
coagir a ação das milícias.
E) manter as elites imperiais no poder, a partir das trocas de favores e ações
ilegais e violentas.
Intermediação de interesses

CESPE / DPDF/ 2022


4. Quanto aos aspectos de intermediação de interesses, mudanças
institucionais, construção de agendas e políticas públicas, julgue o item
seguinte.

O corporativismo é um mecanismo que se baseia em critérios pessoais e


informais, de modo que iguala a dinâmica relacional a favor da corporação.
Intermediação de interesses

CESPE / TJ-PA / 2020


5. De acordo com a lógica do corporativismo, como instrumento de
intermediação de interesses, o(a)
A) processo de formulação de políticas públicas se reduz a pressão múltipla
e dispersa de grupos de interesses difusos frente ao governo.
B) concertação de interesses se dá também por meio de organizações de
interesse vinculadas ao mundo do trabalho, do capital e das profissões.
C) equilíbrio entre forças e interesses opostos, garantidor da liberdade
social e determinante da agenda pública, obedeceria a lógica de mercado.
Intermediação de interesses

CESPE / TJ-PA / 2020


5. (...) corporativismo, como instrumento de intermediação de interesses,
o(a)
D) fator fundamental da definição da agenda de formulação de políticas
públicas é o aumento do poder de decisão de agentes de decisão, como
burocratas e políticos.
E) agenda de formulação de políticas públicas deriva, essencialmente, da
concertação de relações conflitantes oriundas da luta de classes.
Intermediação de interesses

CESPE / TCE-RO / 2019


6. O clientelismo caracteriza-se por ser, fundamentalmente, um sistema
A) de organização política embasado em códigos pactuados e validados,
assim como em estruturas normativas formais, legalizadas e semiuniversais.
B) formatado horizontalmente em categorias profissionais com estruturação
organizacional feita de forma hierárquica.
C) direcionado para interesses institucionais e objetivos organizacionais de
longo prazo, orientados para resultados.
D) de controle de fluxo de recursos materiais e de intermediação de
interesses com base em relações pessoais de troca generalizada.
E) que se beneficia, de forma complementar e sinérgica, de práticas como o
universalismo de procedimentos e o insulamento burocrático.
Intermediação de interesses

CESPE / TCE-PE / 2017


7. Acerca do orçamento participativo, da transparência na administração
pública, da gestão por resultados e do neocorporativismo, julgue o próximo
item.

O neocorporativismo materializa-se na atuação de sindicatos fortes, com


interesses bem definidos e colocados acima dos interesses dos demais
atores envolvidos nas relações de trabalho.
Intermediação de interesses

CESPE / TRE-PE / 2017


8. Em uma relação colaborativa entre organizações privadas e o Estado, na
qual as organizações participam do processo decisório e recebem uma série
de atribuições referentes às políticas públicas, predomina o
A) neoliberalismo.
B) neocorporativismo.
C) clientelismo.
D) corporativismo privado.
E) corporativismo estatal.
Intermediação de interesses

FGV / CGE-MA / 2014


9. O clientelismo, o corporativismo e o neocorporativismo são meios
utilizados pelos governos para obtenção de apoio, com vistas a aumentar
sua legitimidade.

I. O corporativismo é utilizado para remover ou neutralizar conflitos


econômicos relacionados à concorrência de mercados, conflitos sociais
relacionados à luta de classes e conflitos políticos relacionados a
divergências partidárias.
II. No neocorporativismo ou corporativismo societal as entidades privadas
conquistaram o direito de participar do processo decisório.
Intermediação de interesses

FGV / CGE-MA / 2014


9. (...) com vistas a aumentar sua legitimidade.
III. O clientelismo consiste em uma ação entre desiguais em que um é o
patrão e os demais, clientes. Neste tipo de relação, políticos asseguram os
votos dos setores pobres da população em troca de empregos e serviços.

Assinale:
A) se somente a afirmativa I estiver correta.
B) se somente a afirmativa III estiver correta.
C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
Intermediação de interesses

Gabarito
1-E
2-A
3-E
4-E
5-B
6-D
7-E
8-B
9-E
Intermediação de interesses

Clientelismo, corporativismo e neocorporativismo

Objetivos de aprendizagem
1. Definir clientelismo
2. Enumerar as características do corporativismo
3. Explicar neocorporativismo
4. Diferenciar os mecanismos de intermediação de interesses

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