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Cláudia L. N. SAITO
Marcio J.L. WINCHUAR
RESUMO
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Introdução
140A Pós-Modernidade é uma linha de pensamento que questiona as noções clássicas de verdade, razão,
identidade e objetividade, a idéia de progresso ou emancipação universal, os sistemas únicos, as grandes
narrativas ou os fundamentos definitivos de explicação. Vê o mundo como instável, sem finalidade,
imprevisível, um conjunto de culturas ou interpretações desarticuladas, gerando um certo grau de descrença em
relação à objetividade da verdade, da história e das normas, em relação à diversidade e a coerência de
identidades. Conforme sustentam alguns autores, essa maneira de ver emerge da mudança histórica ocorrida no
ocidente para uma nova forma de capitalismo – para o mundo efêmero e descentralizado da tecnologia, do
consumismo e da indústria cultural, no qual as indústrias de serviços, finanças e informações triunfam sobre a
produção tradicional, e a política clássica de classes cedendo terreno a uma série difusa de “políticas de
identidade” (EAGLETON, 1998; HALL, 1998).
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mídiuns manipulam desejos, promovem a sedução, criam novas imagens,
eventos como espetáculos, levam a novas formas de interação de acordo
com as necessidades da sociedade, cristalizam valores que influenciam o
imaginário simbólico das pessoas, principalmente, das novas gerações.
141 A expressão “Modernidade Líquida” surgiu a partir da globalização e se caracteriza “pela não
territorialidade das transações político-econômicas, pelas trocas culturais e de saberes locais, pela fluidez das
informações sem barreiras unindo diferentes povos, de diferentes regiões, línguas e etnias, pelo trânsito do
conhecimento” (BAUMAN, 2007).
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Nesse contexto, o sujeito do século XXI caracteriza-se por viver
em busca de seu próprio “eu”, em busca de identificar-se na sociedade em
que vive. Segundo Hall (1998, p.12-13),
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esquema de ação de consumo cultural. Assim, como objeto desta pesquisa
foi escolhido o filme “Homem Aranha II”, considerado um blockbuster
(arrasta quarteirões) por ter como protagonista o super-herói mais querido
das novas gerações, mas principalmente por ter como mote de toda trama
a crise existencial pela qual passava esse herói dos quadrinhos. Essa
película apresentou uma nova proposta, ao invés de trazer muita ação e
pancadaria, a narrativa deu ênfase à problemática da configuração
identitária do alter-ego do Homem Aranha (SAITO, 2007).
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de super-heróis veiculados no cinema com sucesso de bilheteria. A
adaptação, como o nome já indica, é a transposição de uma película
cinematográfica para o suporte impresso gibi.
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Toda tradução, segundo o autor, é por definição criadora, pois
mantém uma íntima relação com o original, bebe e sorve dele, a ele deve
sua existência, mas trilha seu próprio caminho, gerando novas realidades,
novas formas, novas imagens, novos conteúdos o que faz da adaptação
cinematográfica a (re) criação de uma nova realidade, apoiada em uma
forma nova.
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1986, p. 32). Segundo Saito (2007), as primeiras pesquisas com o
discurso visual foram realizadas, em 1968, por Lindekens no domínio da
análise semiótica da imagem fotográfica. Anos mais tarde, em busca de
um mesmo ideal vieram Jean Marie Floch, o Groupe , e outros que
deixaram uma grande contribuição à Semiótica do Visual.
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Por isso, o trabalho analítico com a adaptação impressa implica
na verificação de como os sentidos foram construídos a partir do
imbricamento de vários sistemas que simultaneamente comunicam.
3. Análise do corpus
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Assim, obtivemos as seguintes sequências: na “1ª seqüência”,
que vai da página 3 a 28, nomeada como “crise de identidade”, são
reveladas ao leitor as dificuldades, limitações e frustrações do alter-ego do
Homem Aranha; na “2ª sequência”, que vai da página 29 a 33, nomeada
como o “fim do Homem Aranha”; na “3ª sequência”, que vai da página 34
a 40, nomeada “novo inimigo”, é a seqüência que mostra a origem do
mais novo e poderoso inimigo do Homem-Aranha; na “4ª seqüência”, que
vai da página 41 a 42, nomeada “a revelação”, é a sequência de maior
ação e é nela que é revelada a verdadeira identidade do Homem-Aranha;
na “5ª sequência” da página 43 a 50, nomeada de o “retorno do super-
herói”, é a seqüência que mostra o super - herói derrotando seu inimigo e
assumindo sua “missão”.
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instaurar o discurso, bem como verificar quais os efeitos de sentido
produzidos pelos mecanismos escolhidos.
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expressões de sentimentos ou percepções dele. Por sua vez, a voz é
delegada aos atores do enunciado para instaurar um simulacro de diálogo.
No caso da adaptação do filme, essa delegação é realizada por meio dos
balões, que não só representam que a palavra foi cedida aos
interlocutores, mas também aumentam o efeito de verdade pretendido
pelo enunciador, uma vez que o discurso direto dá ao enunciatário a ilusão
de estar ouvindo o próprio discurso do “outro”, já que são bastante
nítidas, até graficamente, as fronteiras entre o discurso do enunciador e o
discurso do outro, pois uma voz não contamina a outra.
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por se apresentar tão recorrente aponta para o seu modo de existência:
um rapaz “tenso” e “infeliz” (cf. ilustração 3 e 4-anexo).
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Considerações finais
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Não se pode esquecer que na construção da identidade de cada
super-herói tem sempre representada a ideologia americana do seu
tempo. Isso remete à questão do poder emanado das mídias, da sua
responsabilidade na cristalização de significados nos textos e/ou discursos
que vinculam, assim cooperando para o estabelecimento de relações
sociais e identitárias, pois, de acordo com Woodward (2000, p. 8), “as
identidades adquirem sentido por meio da linguagem e dos sistemas
simbólicos pelos quais elas são representadas”.
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Referências
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(Doutorado em filologia e Lingüística Portuguesa) –Universidade Estadual
Paulista -Assis SP, 2007.
Anexos:
Ilustração 1
Ilustração 2
Ilustração 3
Ilustração 4
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