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Rio de Janeiro
Maio de 2016
COMPARAÇÃO DE SOBRETENSÕES EM LINHA DE TRANSMISSÃO COM
DIFERENTES REPRESENTAÇÕES DA CORRENTE DE DESCARGA
Examinado por:
iii
Dedico este trabalho aos meus
pais João e Noémia
iv
Agradecimentos
Primeiro quero agradecer a Deus por ter me guiado a esse mundo fantástico, que
é a Engenharia Elétrica, e por ter me dado forças ao longo desses anos, tornando
possı́vel chegar na fase final.
Ao Brasil e Cabo Verde que me deram a oportunidade de fazer a graduação aqui
no Brasil, pelo convênio PEC-G.
Aos meus pais João e Noémia, pelo carinho, compreensão e pela educação que
me deram, e mesmo não estando presentes durante todos esses anos, sempre me
apoiaram. Aos meus irmãos Ângela, Edmilson, Gilson, Indira e Jandira, pelo apoio.
Um agradecimento especial ao meu irmão Admilson, pelos conselhos, orientações e
por ter me mostrado a vida de uma forma diferente.
Um grande agradecimento aos meus orientadores João Pedro Lopes Salvador
e Antonio Carlos Siqueira de Lima, pela orientação e sobretudo a paciência que
tiveram comigo. Ao professor Antonio Lopes de Souza, pela sua força de querer
ensinar, mesmo enfrentando problemas de saúde, e pelo apoio que sempre demostrou
por mim. Aos demais professores da DEE que contribuı́ram para a minha formação,
e a secretária Kátia, pelo apoio.
A todos os amigos que fiz na faculdade, em especial o Daniel Hauser, Diodotce
Lima, Guilherme Moreira, Gustavo Gontijo, Hyrllann Almeida, Leandro Marinho,
Maurı́cio Dias e Sersan Dias. Obrigado Daniel Hauser por ter me apresentado a
ferramenta LATEX.
Finalmente, não poderia esquecer das pessoas que me ajudaram no momento que
mais precisei durante o desenvolvimento desse trabalho. Obrigado Armindo (Toge),
Evânia e Adilson pela hospedagem. Sem vocês seria muito mais difı́cil finalizar esse
trabalho.
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como
parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista
Maio/2016
vi
Abstract of Graduation Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Electrical Engineer
May/2016
vii
Sumário
Lista de Figuras x
1 Introdução 1
1.1 Contextualização e Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Organização do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2 Modelagem do Sistema 4
2.1 Linha de Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Torres e Aterramentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3 Formas de Onda da Corrente de Descarga Adotadas . . . . . . . . . . 9
2.3.1 Double-Peaked ou Duplo Pico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3.2 Single-Peaked ou Pico Único . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3.3 Dupla Exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.4 Berger Aproximado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3.5 Comparação das Formas de Onda da Corrente de Descarga . . 16
3 Resultados e Simulações 21
3.1 Verificação da Modelagem do Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.1.1 Modelagem no EMTP/ATP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.1.2 Resultados da Modelagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.2 Análise das Sobretensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2.1 Sobretensões Tipo I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2.2 Sobretensões Tipo II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2.3 Sobretensões Tipo III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2.4 Sobretensões Tipo IV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2.5 Sobretensões Tipo V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.2.6 Taxa de Crescimento das Sobretensões Tipo I . . . . . . . . . 34
3.2.7 Taxa de Crescimento das Sobretensões Tipo II . . . . . . . . . 36
3.2.8 Taxa de Crescimento das Sobretensões Tipo III . . . . . . . . 38
viii
3.2.9 Taxa de Crescimento das Sobretensões Tipo IV . . . . . . . . 40
3.2.10 Taxa de Crescimento das Sobretensões Tipo V . . . . . . . . . 41
3.3 Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4 Conclusões 45
4.1 Conclusões Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.2 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Referências Bibliográficas 48
ix
Lista de Figuras
x
3.6 Sobretensões tipo I, para correntes duplo pico e pico único. . . . . . . 26
3.7 Sobretensões tipo I, para correntes duplo pico e dupla exponencial. . 26
3.8 Sobretensões tipo I, para correntes duplo pico e Berger aproximado. 26
3.9 Sobretensões tipo II, para correntes duplo pico e pico único. . . . . . 28
3.10 Sobretensões tipo II, para correntes duplo pico e dupla exponencial. . 28
3.11 Sobretensões tipo II, para correntes duplo pico e Berger aproximado. 28
3.12 Sobretensões tipo III, para correntes duplo pico e pico único. . . . . . 30
3.13 Sobretensões tipo III, para correntes duplo pico e dupla exponencial. . 30
3.14 Sobretensões tipo III, para correntes duplo pico e Berger aproximado. 30
3.15 Sobretensões tipo IV, para correntes duplo pico e pico único. . . . . . 31
3.16 Sobretensões tipo IV, para correntes duplo pico e dupla exponencial. . 32
3.17 Sobretensões tipo IV, para correntes duplo pico e Berger aproximado. 32
3.18 Sobretensões tipo V, para correntes duplo pico e pico único. . . . . . 33
3.19 Sobretensões tipo V, para correntes duplo pico e dupla exponencial. . 33
3.20 Sobretensões tipo V, para correntes duplo pico e Berger aproximado. 34
3.21 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo I, para correntes
duplo pico e pico único. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.22 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo I, para correntes
duplo pico e dupla exponencial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.23 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo I, para correntes
duplo pico e Berger aproximado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.24 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo II, para correntes
duplo pico e pico único. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.25 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo II, para correntes
duplo pico e dupla exponencial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.26 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo II, para correntes
duplo pico e Berger aproximado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.27 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo III, para corren-
tes duplo pico e pico único. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.28 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo III, para corren-
tes duplo pico e dupla exponencial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.29 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo III, para corren-
tes duplo pico e Berger aproximado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.30 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo IV, para corren-
tes duplo pico e pico único. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.31 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo IV, para corren-
tes duplo pico e dupla exponencial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.32 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo IV, para corren-
tes duplo pico e Berger aproximado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
xi
3.33 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo V, para correntes
duplo pico e pico único. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.34 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo V, para correntes
duplo pico e dupla exponencial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.35 Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo V, para correntes
duplo pico e Berger aproximado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
C.1 Modelo do sistema para incidência na torre, com a rotina TACS para
calcular as derivadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
C.2 Modelo do sistema para incidência no cabo pararraios no meio do
vão, com a rotina TACS para calcular as derivadas. . . . . . . . . . . 63
xii
Lista de Tabelas
xiii
Capı́tulo 1
Introdução
1
1.1 Contextualização e Motivação
Descarga atmosférica é um fenômeno natural, cujos parâmetros provêm da
análise de medições, que já há várias décadas são feitas em todo mundo. Nos
estudos de desempenho de linhas de transmissão, há um interesse particular nas
descargas descendentes [2]. Essas descargas podem ser de polaridade positiva ou
negativa, sendo que essa última pode ser de múltiplas descargas (descargas sub-
sequentes à primeira). As positivas são caracterizadas por possuı́rem amplitudes
maiores e frentes de onda mais lentas que as negativas, sendo que as negativas sub-
sequentes apresentam tempos bem menores para atingirem o pico máximo do que
as primeiras descargas negativas [3]. No entanto, as primeiras descargas negativas
possuem amplitudes maiores que as subsequentes, e por serem mais frequentes que
as demais, há um interesse maior quando se trata de proteção contra descargas
atmosféricas [4].
De um modo geral, nos estudos computacionais de transitórios eletromagnéticos
decorrentes de descargas atmosféricas, é de fundamental interesse uma modelagem
adequada da corrente de descarga para garantir a qualidade nos resultados. Nesse
sentido, é de se esperar que tal modelagem incorpore os principais parâmetros das
formas de onda reais da corrente de descarga, obtidos a partir de medições feitas em
torres instrumentadas [5, 6].
Nos experimentos em laboratórios e estudos computacionais, frenquentemente
são utilizados a dupla exponencial para representar a primeira corrente de descarga
descendente negativa. Isso é justificado pela sua facilidade de implementação a partir
de descarga de capacitores, e facilidade de diferenciação e integração no tempo.
Também outros modelos como as formas de onda Heidler, dupla rampa, CIGRE e
ainda outros propostos por alguns pesquisadores [7, 8], são utilizadas nos estudos
computacionais de transitórios eletromagnéticos. Geralmente, esses modelos levam
em consideração os principais parâmetros das formas de onda reais da corrente de
descarga, como a amplitude máxima, o tempo da frente de onda e o tempo de
meia onda. No entanto, esses modelos são simplificados e não contemplam todas
as caracterı́sticas presentes nas formas de onda reais, e.g., a concavidade na frente
de onda, o aumento acentuado em torno da metade do pico e o segundo pico da
corrente, que são caracterı́sticas obtidas a partir da média dos dados de medições
em torres instrumentadas [5, 6]. Isso pode trazer como consequência resultados de
sobretensões superestimados ou ainda subestimados [4, 9].
Para uma modelagem mais consistente, De Conti e Visacro [10] propuseram uma
expressão analı́tica baseada no somatório de funções de Heidler capaz de representar
a forma de onda real da primeira corrente de descarga descendente negativa (du-
plo pico), com todas as caracterı́sticas anunciadas anteriormente. A partir de sete
2
funções de Heidler foi possı́vel sintetizar as formas de onda das correntes de descarga
medidas nas estações do Monte San Salvatore (MSS) e Morro do Cachimbo (MCS),
incorporando todos os seus parâmetros médios.
1.2 Objetivos
O objectivo desse trabalho é avaliar os efeitos do uso de formas de onda simpli-
ficadas para representar a primeira corrente de descarga descendente negativa, nos
estudos de sobretensões desenvolvidas em uma linha de transmissão. Para isso, essas
sobretensões são comparadas com aquelas associadas à representações realı́sticas da
corrente de descarga, que possuem todos os parâmetros médios da primeira corrente
de descarga descendente negativa, obtidos a partir de medições nas estações MSS e
MCS.
Serão avaliadas as sobretensões causadas pela incidência direta, na torre e no
cabo pararraios no meio do vão. Todo o estudo é feito para um sistema de
transmissão de 138 kV, utilizando o EMTP/ATP (Electromagnetic Transients Pro-
gram/Alternative Transients Program) com a interface gráfica ATPDraw. A mode-
lagem do sistema utilizado se baseia na referência [11].
3
Capı́tulo 2
Modelagem do Sistema
4
Figura 2.2: Incidência no cabo pararraios no meio do vão
5
frequência média de 5 kHz, de acordo com [14]. Detalhes sobre o modelo modal
variante na frequência, utilizado no JMarti podem ser vistos no Apêndice A.
Para descarga atingindo a torre de transmissão, a linha foi modelada com dois
vãos de 300 m. Para o caso da descarga atingindo o cabo pararraios no meio do
vão, a linha foi modelada com um único vão de 300 m, onde a fonte da descarga
será inserida a 150 m das torres. Em ambos os casos foram inseridas nas extre-
midades da linha um vão maior de 3 km para representar os demais vãos. Esse
comprimento foi calculado de forma que as ondas refletidas nas extremidades da
linha retornem à última torre modelada num tempo igual ou superior ao tempo de
simulação. Levando em consideração um tempo de simulação de 20 µs e uma veloci-
dade de propagação das ondas na linha de aproximadamente 300 m/µs, tem-se que
o comprimento mı́nimo desse vão tem que ser igual a (1/2) × 20 µs × 300 m/µs,
ou seja, 3 km, pois, as medições de tensões não serão afetadas.
Na modelagem da linha, o efeito das torres e aterramentos depois da primeira
torre trafegada pelas ondas da descarga foram desprezados. As figuras 2.3 e 2.4
apresentam os dados da linha introduzidos no modelo JMarti.
6
Figura 2.4: Dados geométricos dos condutores de fase e pararraios.
2h
ZB = 60 ln (2.2)
r
7
0,65 m 2,25 m
1 1
2,25 m
2
C 1,20 m C
2
1,90 m 3
B 3 B
1,90 m
4
4 A
A
17,85 m
5 5
4,5 m
(a) (b)
8
1
𝑍𝑇 = 103 Ω
𝑣 = 300 𝑚/𝜇𝑠
𝑙 = 3,45 𝑚
𝑍𝐵 = 163 Ω
2 𝑣 = 300 𝑚/𝜇𝑠 C
𝑙 = 2,25 𝑚
𝑍𝑇 = 67 Ω
𝑣 = 300 𝑚/𝜇𝑠
𝑙 = 1,9 𝑚
𝑍𝐵 = 163 Ω
B 𝑣 = 300 𝑚/𝜇𝑠 3
𝑙 = 2,25 𝑚
𝑍𝑇 = 67 Ω
𝑣 = 300 𝑚/𝜇𝑠
𝑙 = 1,9 𝑚
𝑍𝐵 = 163 Ω
4 𝑣 = 300 𝑚/𝜇𝑠 A
𝑙 = 2,25 𝑚
𝑍𝑇 = 156 Ω
𝑣 = 300 𝑚/𝜇𝑠
𝑙 = 17,85 𝑚
9
de onda simplificadas, comumente utilizadas na literatura. Para essas formas de
onda foram consideradas amplitudes máximas iguais àquelas das formas de onda
realı́sticas (amplitudes médias obtidas nas estações MSS e MCS). Todavia, os de-
mais parâmetros que às caracterizam foram consideradas de acordo com os padrões
encontrados na literatura. Não foi considerada a impedância do canal de descarga
na modelagem. Ressalta-se que, para melhor visualização, todas as formas de onda
utilizadas são apresentadas como positivas, muito embora a corrente de descarga
seja negativa.
Tabela 2.1: Parâmetros usados para produzir as formas de onda duplo pico do
MSS e MCS.
MSS MCS
Curva k
I0k (kA) nk τ1k (µs) τ2k (µs) I0k (kA) nk τ1k (µs) τ2k (µs)
1 3 2 3 76 6 2 3 76
2 4,5 3 3,5 25 5 3 3,5 10
3 3 5 5,2 20 5 5 4,8 30
4 3,8 7 6 60 8 9 6 26
5 13,6 44 6,6 60 16,5 30 7 23,2
6 11 2 100 600 17 2 70 200
7 5,7 15 11,7 48,5 12 14 12 26
10
Inicialmente tentou-se implementar a fonte de corrente duplo pico utilizando
sete fontes de Heidler em paralelo, com os respectivos parâmetros da tabela 2.1.
No entanto, o modelo da fonte Heidler do EMTP/ATP apresenta uma expressão
diferente de (2.4), não possuindo o parâmetro ηk (equação (2.5)), que controla a
amplitude da forma de onda. Com o intuito de contornar esse problema, foi incluı́da
uma amplitude já corregida em cada uma das sete fontes. Porém, obteve-se uma
forma de onda com perfil diferente do duplo pico. Deste modo, optou-se por uma
outra alternativa de implementação, utilizando uma fonte de corrente (TACS sourse)
controlada por um bloco MODELS. As funções de Heidler com os seus respectivos
parâmetros foram inseridas dentro do bloco MODELS utilizando-se a linguagem
MODELS do EMTP/ATP. A figura 2.7 mostra o modelo da fonte de corrente duplo
pico criado no EMTP/ATP e na figura 2.8 são apresentadas as formas de onda da
corrente duplo pico do MSS e MCS, obtidas com esse modelo.
MODEL
heidler
35 50
30
40
25
Corrente (kA)
Corrente (kA)
20 30
15 20
10
10
5
0 0
0 10 20 30 40 0 10 20 30 40
Tempo (µs) Tempo (µs)
11
estações MSS e MCS, respectivamente. Nesse caso as formas de onda são determi-
nadas a partir do somatório de duas funções de Heidler, de acordo com as equações
(2.4) e (2.5). Os parâmetros que sintetizam as formas de onda pico único estão
apresentados na tabela 2.2.
Tabela 2.2: Parâmetros usados para produzir as formas de onda pico único do
MSS e MCS.
MSS[18] MCS[4]
Curva k
I0k (kA) nk τ1k (µs) τ2k (µs) I0k (kA) nk τ1k (µs) τ2k (µs)
1 28 2 1,2 15 25,5 2,1 1,3 25
2 16,8 2 15 1700 19 3,5 2,2 1000
MODEL
heidler
35 50
30
40
25
Corrente (kA)
Corrente (kA)
20 30
15 20
10
10
5
0 0
0 10 20 30 40 0 10 20 30 40
Tempo (µs) Tempo (µs)
12
2.3.3 Dupla Exponencial
A expressão analı́tica da forma de onda tipo dupla exponencial é:
1
a= (2.6)
τ1
1
b=
τ2
sendo:
I0 : amplitude máxima da corrente da descarga;
η: fator de correção para que o valor máximo de i(t) coincida com I0 ;
τ1 e τ2 : constantes de tempo associadas à frente de onda e ao término do sinal,
respectivamente.
Segundo Salari [2], os parâmetros η, τ1 e τ2 são determinados num processo
iterativo de acordo com a forma em que o tempo da frente de onda é definida. Neste
trabalho foi considerado um impulso padronizado 1,2 × 50 µs, onde os parâmetros
η, τ1 e τ2 foram extraı́dos de [2].
A tabela 2.3 apresenta os parâmetros utilizados para produzir as formas de onda
dupla exponencial, sendo I0 igual a 31,1 e 45,3 kA correspondentes a média das am-
plitudes máximas das correntes obtidas nas estações MSS e MCS, respectivamente.
Tabela 2.3: Parâmetros usados para produzir as formas de onda dupla exponencial
do MSS e MCS
13
Figura 2.11: Fonte de corrente dupla exponencial do EMTP/ATP
35 50
30
40
25
Corrente (kA)
Corrente (kA)
20 30
15 20
10
10
5
0 0
0 10 20 30 40 0 10 20 30 40
Tempo (µs) Tempo (µs)
14
Para representar a primeira corrente de descarga descendente negativa, o
parâmetro α tem que ser positivo. A tabela 2.4 apresenta os parâmetros utiliza-
dos para produzir as formas de onda Berger aproximado, sendo I0 igual a 31,1 e a
45,3 kA correspondentes a média das amplitudes máximas das correntes medidas nas
estações MSS e MCS, respectivamente. Os parâmetros tf , α, t1 e t2 foram extraı́dos
de [2].
MODEL
descarga
MODEL
descarga
MODEL
descarga
15
35 35
30 30
25 25
Corrente (kA)
Corrente (kA)
20 20
15 15
10 10
5 5
0 0
0 20 40 60 80 100 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
Tempo (µs) Tempo (µs)
50 50
40 Corrente (kA) 40
Corrente (kA)
30 30
20 20
10 10
0 0
0 20 40 60 80 100 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
Tempo (µs) Tempo (µs)
16
35 50
30
40
25
Corrente (kA)
Corrente (kA)
20 30
15 20
duplo pico duplo pico
10
pico único pico único
10
5
0 0
0 10 20 30 40 0 10 20 30 40
Tempo (µs) Tempo (µs)
35 50
30
40
25
Corrente (kA)
Corrente (kA)
20 30
15 20
duplo pico duplo pico
10
dupla exponencial dupla exponencial
10
5
0 0
0 10 20 30 40 0 10 20 30 40
Tempo (µs) Tempo (µs)
35 50
30
40
25
Corrente (kA)
Corrente (kA)
20 30
15 20
duplo pico duplo pico
10
Berger aproximado Berger aproximado
10
5
0 0
0 10 20 30 40 0 10 20 30 40
Tempo (µs) Tempo (µs)
17
las através do programa Wolfram Mathematica usando uma função de derivada.
Nesse caso, primeiro é preciso fazer um interpolação dos pontos das curvas das cor-
rentes obtidas no EMTP/ATP, para depois calcular as derivadas. Ambos os métodos
apresentaram os mesmos resultados, porém, é mais viável o cálculo diretamente no
EMTP/ATP, por questões de praticidade e rapidez.
30 25
25 20
duplo pico duplo pico
20
pico único 15 pico único
di/dt (kA/µs)
di/dt (kA/µs)
15
10
10
5
5
0 0
-5 -5
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 2.19: Derivada em relação ao tempo das formas de onda duplo pico e pico
único
80 120
100
60
duplo pico duplo pico
80
di/dt (kA/µs)
di/dt (kA/µs)
20 40
20
0
0
-20 -20
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 2.20: Derivada em relação ao tempo das formas de onda duplo pico e dupla
exponencial
18
40 60
50
30
duplo pico duplo pico
40
di/dt (kA/µs)
di/dt(kA/µs)
20 30
10 20
10
0
0
-10 -10
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 2.21: Derivada em relação ao tempo das formas de onda duplo pico e
Berger aproximado
tf (µs)
Forma de onda
MSS MCS
Duplo pico 13,5 13,7
Pico único 3,8 5,3
Dupla exponencial 1,2 1,2
Berger aproximado 2 2
di/dtmax (kA/µs)
Forma de onda
MSS MCS
Duplo pico 24,4 20,2
Pico único 21,1 19,5
Dupla exponencial 77,2 112,4
Berger aproximado 35,6 51,8
A corrente de descarga duplo pico é caracterizada por possuir dois picos, uma
frente de onda côncava e uma inclinação acentuada em torno da metade do segundo
pico. Além disso, a sua taxa de crescimento no instante inicial é igual a zero.
Essas caracterı́sticas foram encontradas em vários registos da corrente de descarga
feitos em pequenas torres instrumentadas [6, 19]. No entanto, as correntes pico
único, dupla exponencial e Berger aproximado, adotadas nesse trabalho, possuem
caracterı́sticas distintas do duplo pico, tanto no caso MSS quanto no MCS. Além de
não possuı́rem o segundo pico, elas apresentam tempos de frente de onda, taxas de
crescimento e perfis da frente de onda diferentes.
19
As derivadas em relação ao tempo das correntes duplo pico apresentam uma
caracterı́stica oscilatória, em função dos seus dois picos. As taxas de crescimento
máximas dessas correntes ocorrem em 6,59 e 6,96 µs (próxima a metade do segundo
pico), para MSS e MCS, respectivamente. Para as correntes pico único essas taxas
ocorrem nos instantes 0,66 e 0,98 µs (próxima a metade do pico), para MSS e MCS,
respectivamente. Já as correntes dupla exponencial têm um crescimento máximo
justamente no instante inicial. No caso das correntes Berger aproximado, as mai-
ores taxas de crescimento acorrem nos instantes em que atingem suas amplitudes
máximas, ou seja, em tf , que nesse caso é igual a 2 µs, para MSS e MCS. Observa-se
que essas duas ultimas correntes apresentam taxas de crescimento máximas maiores
do que aquelas verificadas nas correntes duplo pico. Já para as correntes pico único
essas taxas são menores.
A dupla exponencial apresenta uma descontinuidade na sua derivada em t = 0.
O Berger aproximado, apesar de possuir uma frente de onda com perfil côncavo,
que é uma caracterı́stica do duplo pico, apresenta a desvantagem de ser definida
por três funções (analı́tica ascendente, constante e rampa descendente). Essa sua
caracterı́stica faz com que haja descontinuidade na sua derivada em t = tf e t = t1 ,
nesse caso, em 2 e 20 µs, além da descontinuidade em t = 0.
20
Capı́tulo 3
Resultados e Simulações
Neste capı́tulo são apresentados os resultados das sobretensões associadas às três
formas de onda simplificadas da corrente de descarga (pico único, dupla exponencial
e Berger aproximado, respectivamente), onde são comparadas com as sobretensões
associadas às formas de onda reais da corrente de descarga (duplo pico), do MSS e
MCS.
Foram analisadas as sobretensões desenvolvidas nas cadeias de isoladores, e entre
o cabo pararraios e os cabos de fase no meio do vão. Também foram analisadas o
comportamento das sobretensões desenvolvidas no pé-da-torre. Para facilitar na
descrição e citação de cada sobretensão, elas foram diferenciadas por um nome,
conforme mostrado na tabela 3.1. No final do capı́tulo é feita uma discussão acerca
dos resultados obtidos na simulação no EMTP/ATP.
21
3.1 Verificação da Modelagem do Sistema
3.1.1 Modelagem no EMTP/ATP
As cadeias de isoladores foram representadas como interruptores simples sem
tensão de abertura. Para comparar os resultados da modelagem com [11], foi consi-
derada a mesma forma de onda da corrente de descarga, no caso, o Berger aproxi-
mado (2.3.4) com a amplitude I0 igual a 30 kA. Foi considerado um tempo total de
simulação de 20 µs e um tempo de passo igual a 0,633 ns, de acordo com o motivo
mencionado na seção 2.2. Foram analisadas as sobretensões tipo I, II e III, descritas
na tabela 3.1.
Nas figuras 3.1 e 3.2 são apresentadas as modelagens do sistema, para incidência
na torre e no cabo pararraios no meio do vão, respectivamente.
MODEL
descarga
MODEL
descarga
MODEL
descarga
I
3 km 300 m 300 m 3 km
+ Vf - + Vf - + Vf -
+
-
v
- Vf + - Vf + - Vf +
v
+
-
+ Vf - + Vf - + Vf -
+
-
v
22
MODEL
descarga
MODEL
descarga
MODEL
descarga
I
+ + +
v v v
- - -
3 km 150 m 150 m 3 km
+ Vf - + Vf -
+
-
v
- Vf + - Vf +
v
+
-
+ Vf - + Vf -
+
-
v
23
1.0
0.4
0.2
0.0
0 5 10 15 20
Tempo (µs)
0.8
0.6
Tensão (MV)
0.4
0.2
Tomasevich [11]
0.0
Verificação
-0.2
0 5 10 15 20
Tempo (µs)
24
4
2
Tensão (MV)
1
-1 Tomasevich [11]
-2 Verificação
-3
0 5 10 15 20
Tempo (µs)
Ressalta-se que neste trabalho foi empregada uma modelagem das torres diferente
de [11], o que justifica as discrepâncias obtidas em relação à [11]. Nota-se que
essas discrepâncias são maiores nas sobretensões dos tipos I e II (figura 3.3 e 3.4,
respectivamente). Já no caso da sobretensão tipo III (figura 3.5) os resultados são
bem próximos. Isso pode ser facilmente entendido, já que a sobretensão tipo III
é uma sobretensão resultante no meio do vão, tendo pouca influência da torre em
função da distancia entre a torre e o meio do vão. Apesar das discrepâncias obtidas,
verifica-se que as amplitudes máximas das sobretensões são próximas às do [11].
Levando-se em consideração as diferenças na modelagem das torres, por conta
das impedâncias caracterı́sticas dos segmentos que foram estimados neste trabalho,
através das equações 2.1 e 2.2, considera-se que os resultados obtidos são satisfatórios
para o estudo de interesse.
25
0.8 1.0
A A
duplo pico
B 0.8 B
0.6
C C
Tensão (MV)
Tensão (MV)
0.6
0.4
0.4
0.2
0.2
pico único duplo pico
pico único
0.0 0.0
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.6: Sobretensões tipo I, para correntes duplo pico e pico único.
1.0 1.4
A A
dupla exponencial duplo pico 1.2 dupla exponencial
0.8 B duplo pico B
C 1.0 C
Tensão (MV)
Tensão (MV)
0.6 0.8
0.4 0.6
0.4
0.2
0.2
0.0 0.0
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.7: Sobretensões tipo I, para correntes duplo pico e dupla exponencial.
1.0 1.4
A A
duplo pico 1.2
0.8 B duplo pico B
C 1.0 C
Tensão (MV)
Tensão (MV)
0.6 0.8
0.4 0.6
0.4
0.2
0.2
Berger aproximado Berger aproximado
0.0 0.0
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.8: Sobretensões tipo I, para correntes duplo pico e Berger aproximado.
26
linha é próxima à da luz, as reflexões nas torres e aterramentos adjacentes retornam
ao ponto de incidência (torre central) após 2 µs. Esse tempo corresponde a duas vezes
o tempo de propagação da onda de uma torre para a outra. Portanto, as atenuações
e distorções nas sobretensões acontecem a cada 2 µs, como verificado nas figuras
3.6, 3.7, 3.8. A tabela 3.2 mostra as amplitudes máximas das sobretensões tipo I
obtidas para cada modelo da corrente de descarga.
Vmax (MV)
Forma de onda MSS MCS
A B C A B C
Duplo pico 0,6125 0,6027 0,5925 0,7887 0,7720 0,7552
Pico único 0,6553 0,6392 0,6230 0,8166 0,7983 0,7799
Dupla exponencial 0,8052 0,8036 0,7979 1,1729 1,1705 1,1623
Berger aproximado 0,9316 0,9128 0,8918 1,3570 1,3295 1,2851
As amplitudes máximas das sobretensões associadas às correntes pico único, du-
pla exponencial e Berger aproximado foram maiores que aquelas associadas às cor-
rentes duplo pico. Isso é justificado pelo fato das três correntes possuı́rem tempos
de frente de onda menores (tabela 2.5). Quanto maior é esse tempo, maior é a ate-
nuação nas amplitudes máximas, em função das reflexões nas torres e aterramentos
adjacentes. Nos casos das correntes dupla exponencial e Berger aproximado, essas
reflexões chegam a torre central após o pico máximo nas sobretensões, o que faz com
que as amplitudes máximas sejam bem maiores. Isso está relacionado ao fato dos
tempos de frente de onda dessas duas correntes serem menores do que o tempo de
chegada da onda refletida. Portanto as amplitudes máximas não são afetadas por
essas reflexões. Além disso, as taxas de crescimento máximas dessas correntes são
maiores. Consequentemente, houve um crescimento rápido das sobretensões.
A tendência das ondas refletidas é de reduzir as amplitudes das sobretensões, já
que possuem polaridade inversa motivada pelo coeficiente de reflexão negativo (a
impedância de aterramento é menor que a impedância caracterı́stica da torre, neste
caso).
27
1.2 1.2
A A
1.0 pico único duplo pico 1.0 pico único duplo pico
B B
0.8 C 0.8 C
Tensão (MV)
Tensão (MV)
0.6 0.6
0.4 0.4
0.2 0.2
0.0 0.0
-0.2 -0.2
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.9: Sobretensões tipo II, para correntes duplo pico e pico único.
1.5 2.0
dupla exponencial A dupla exponencial duplo pico A
B 1.5 B
1.0
C C
Tensão (MV)
Tensão (MV)
1.0
0.5
0.5
0.0
0.0
duplo pico
-0.5 -0.5
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.10: Sobretensões tipo II, para correntes duplo pico e dupla exponencial.
1.2 1.5
Berger aproximado A Berger aproximado A
1.0
B B
1.0
0.8 C C
Tensão (MV)
Tensão (MV)
0.6
0.5
0.4
0.2
0.0
0.0 duplo pico duplo pico
-0.2 -0.5
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.11: Sobretensões tipo II, para correntes duplo pico e Berger aproximado.
28
Neste caso, as sobretensões começam a evoluir após o instante de 0,5 µs, que
corresponde ao tempo de chegada da frente de onda nas torres. A tabela 3.3 apre-
senta as amplitudes máximas das sobretensões tipo II obtidas para cada modelo da
corrente de descarga.
Vmax (MV)
Forma de onda MSS MCS
A B C A B C
Duplo pico 0,6599 0,6443 0,6294 0,7336 0,7152 0,6974
Pico único 0,6426 0,6257 0,6099 0,6224 0,6061 0,5900
Dupla exponencial 1,0471 1,0287 1,0118 1,5252 1,4984 1,4738
Berger aproximado 0,7869 0,7695 0,7533 1,1462 1,1208 1,0972
Neste caso as sobretensões geradas pelas correntes pico único atingiram ampli-
tudes máximas menores, quando comparadas com aquelas geradas pelas correntes
duplo pico. Em relação às sobretensões obtidas com as correntes dupla exponencial
e Berger aproximado, mesmo com as atenuações, em função da diminuição do tempo
de chegada das ondas refletidas, elas demonstraram amplitudes máximas muito mai-
ores, quando comparadas à aquelas geradas pelas correntes duplo pico. Isso ainda
é justificado pelo fato dessas correntes possuı́rem tempos de frente de onda me-
nores. Portanto, as atenuações nas amplitudes máximas são menores. A taxa de
crescimento elevada dessas duas correntes também é responsável pelas elevadas am-
plitudes.
29
6 6
pico único A pico único A
4 B 4 B
C C
Tensão (MV)
Tensão (MV)
2 2
0 0
-2 -2
duplo pico
duplo pico
-4 -4
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.12: Sobretensões tipo III, para correntes duplo pico e pico único.
10 15
dupla exponencial A A
dupla exponencial
B 10 B
5
C duplo pico C
Tensão (MV)
Tensão (MV)
5
0
0
-5
duplo pico -5
-10 -10
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.13: Sobretensões tipo III, para correntes duplo pico e dupla exponencial.
6 10
Berger aproximado A Berger aproximado A
8
4 B B
C 6 duplo pico C
Tensão (MV)
Tensão (MV)
2 4
0 2
0
-2
duplo pico -2
-4 -4
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.14: Sobretensões tipo III, para correntes duplo pico e Berger aproximado.
30
Neste caso, o efeito das reflexões nas torres e aterramentos adjacentes são sentidas
após 1 µs, que corresponde a duas vezes o tempo de propagação das ondas do meio
do vão até as torres adjacentes. A tabela 3.4 mostra as amplitudes das sobretensões
tipo III para cada modelo da corrente de descarga.
Vmax (MV)
Forma de onda MSS MCS
A B C A B C
Duplo pico 3,3112 3,2304 3,1394 3,3804 3,2897 3,1984
Pico único 4,3473 4,2278 4,1084 4,1577 4,0445 3,9311
Dupla exponencial 6,9872 6,7995 6,6059 10,1870 9,9042 9,6221
Berger aproximado 4,2126 4,1008 3,9879 6,1361 5,9732 5,8087
1.0 1.2
0.8 1.0
0.8
0.6
Tensão (MV)
Tensão (MV)
0.6
0.4
0.4
0.2
duplo pico 0.2 duplo pico
0.0 pico único 0.0 pico único
-0.2 -0.2
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.15: Sobretensões tipo IV, para correntes duplo pico e pico único.
31
1.0 1.4
1.2
0.8
1.0
0.6
Tensão (MV)
Tensão (MV)
0.8
0.4 0.6
0.4
0.2
duplo pico 0.2 duplo pico
0.0 dupla exponencial dupla exponencial
0.0
-0.2 -0.2
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.16: Sobretensões tipo IV, para correntes duplo pico e dupla exponencial.
1.0 1.4
1.2
0.8
1.0
0.6
Tensão (MV)
Tensão (MV)
0.8
0.4 0.6
0.4
0.2
duplo pico 0.2 duplo pico
0.0 Berger aproximado Berger aproximado
0.0
-0.2 -0.2
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.17: Sobretensões tipo IV, para correntes duplo pico e Berger aproximado.
Vmax (MV)
Forma de onda
MSS MCS
Duplo pico 0,6916 0,9777
Pico único 0,7821 1,0722
Dupla exponencial 0,8640 1,2585
Berger aproximado 0,9003 1,3114
32
3.2.5 Sobretensões Tipo V
As figuras 3.18, 3.19 e 3.20 mostram as comparações das sobretensões tipo V
associadas às três correntes de descarga (pico único, duplo pico e Berger aproximado,
respectivamente), com as sobretensões associadas às correntes de descarga duplo pico
do MSS e MCS. Essas sobretensões foram medidas na resistência de aterramento,
para a descarga atingindo o cabo pararraios no meio do vão.
0.6 0.8
0.6
0.4
Tensão (MV)
Tensão (MV)
0.4
0.2
0.2
-0.2 -0.2
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.18: Sobretensões tipo V, para correntes duplo pico e pico único.
1.0 1.5
0.8
1.0
0.6
Tensão (MV)
Tensão (MV)
0.4 0.5
0.2
duplo pico 0.0 duplo pico
0.0 dupla exponencial dupla exponencial
-0.2 -0.5
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.19: Sobretensões tipo V, para correntes duplo pico e dupla exponencial.
33
0.8 1.2
1.0
0.6
0.8
Tensão (MV)
Tensão (MV)
0.4 0.6
0.2 0.4
-0.2 -0.2
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.20: Sobretensões tipo V, para correntes duplo pico e Berger aproximado.
Vmax (MV)
Forma de onda
MSS MCS
Duplo pico 0,5591 0,7272
Pico único 0,5384 0,6993
Dupla exponencial 0,7937 1,1561
Berger aproximado 0,6796 0,9898
34
A B C A B C A B C A B C
1.5 1.0
pico único pico único
0.8
duplo pico
1.0 duplo pico 0.6
dv/dt (MV/µs)
dv/dt (MV/µs)
0.4
0.5 0.2
0.0
0.0
-0.2
-0.4
-0.5
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.21: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo I, para correntes
duplo pico e pico único.
A B C A B C A B C A B C
8 15
dv/dt (MV/µs)
2 5
0
0
-2
-4 -5
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.22: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo I, para correntes
duplo pico e dupla exponencial.
A B C A B C A B C A B C
2 4
Berger aproximado
Berger aproximado
1 duplo pico 2 duplo pico
dv/dt (MV/µs)
dv/dt (MV/µs)
0
0
-1
-2
-2
-3 -4
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.23: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo I, para correntes
duplo pico e Berger aproximado.
35
Quanto mais rápido for o crescimento da corrente de descarga, mais rápido será o
crescimento da sobretensão. Portanto, a maior taxa de crescimento na frente de onda
de cada sobretensão ocorre próximo ao instante onde há um máximo crescimento
da corrente de descarga.
Na figura 3.23 observa-se que após o instante de tempo de 2 µs, ocorre um decres-
cimento muito elevado nas sobretensões associadas às correntes Berger aproximado.
Isso acontece em função da descontinuidade na derivada dessas correntes, nesse ins-
tante. Na tabela 3.7 são apresentadas as taxas de crescimento máximas nas frentes
de onda das sobretensões tipo I associadas a cada corrente de descarga.
Tabela 3.7: Taxas de crescimento máximas (dv/dtmax ) nas frentes de onda das
sobretensões tipo I
dv/dtmax (MV/µs)
Forma de onda MSS MCS
A B C A B C
Duplo pico 0,8965 0,8877 0,8763 0,5632 0,5555 0,5471
Pico único 0,7277 0,7244 0,7248 0,5122 0,5103 0,5074
Dupla exponencial 7,4323 6,4880 5,8662 10,826 9,4504 8,5447
Berger aproximado 1,3693 1,4148 1,4568 1,9944 2,0608 2,1220
36
A B C A B C
A B C A B C
2
1.5
duplo pico duplo pico
1.0
1
dv/dt (MV/µs)
dv/dt (MV/µs)
0.5
0 0.0
-0.5
-1
-1.0
pico único pico único
-2 -1.5
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.24: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo II, para correntes
duplo pico e pico único.
A B C A B C A B C A B C
8 10
dupla exponencial dupla exponencial
6
duplo pico 5 duplo pico
4
dv/dt (MV/µs)
dv/dt (MV/µs)
2
0
0
-2
-5
-4
-6 -10
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.25: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo II, para correntes
duplo pico e dupla exponencial.
A B C A B C A B C A B C
3 4
Berger aproximado
Berger aproximado
2
duplo pico duplo pico
2
1
dv/dt (MV/µs)
dv/dt (MV/µs)
0 0
-1
-2
-2
-3 -4
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.26: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo II, para correntes
duplo pico e Berger aproximado.
37
Neste caso, as sobretensões começam a crescer após 0,5 µs aproximadamente,
que é o tempo em que as frentes de onda levam para percorrer a distância do ponto
de incidência (meio do vão) até chegarem às torres. Portanto, há um retardo no
instante em que ocorre a taxa de crescimento máxima na frente de onda de cada
sobretensão.
A tabela 3.8 mostra as taxas de crescimento máximas nas frentes de onda das
sobretensões tipo II. Com as correntes dupla exponencial atingiu-se taxas de cresci-
mento bem maiores, comparadas com aquelas obtidas com as correntes duplo pico.
Para correntes Berger aproximado, foram menores para MSS e maiores para MCS.
Já com as correntes pico único foram menores, tanto para MSS como para MCS.
Tabela 3.8: Taxas de crescimento máximas (dv/dtmax ) nas frentes de onda das
sobretensões tipo II
dv/dtmax (MV/µs)
Forma de onda MSS MCS
A B C A B C
Duplo pico 1,1656 1,1403 1,1154 0,7071 0,6903 0,6743
Pico único 0,9592 0,9401 0,9239 0,6988 0,6837 0,6704
Dupla exponencial 6,0032 5,6458 5,2828 8,7443 8,2237 7,6948
Berger aproximado 0,9917 0,9600 0,9345 1,4444 1,3984 1,3612
A B C A B C A B C A B C
15 10
pico único pico único
10 duplo pico duplo pico
5
dv/dt (MV/µs)
dv/dt (MV/µs)
0 0
-5
-5
-10
-15 -10
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.27: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo III, para
correntes duplo pico e pico único.
38
A B C A B C A B C A B C
30 40
dupla exponencial dupla exponencial
20 duplo pico
duplo pico
20
dv/dt (MV/µs)
dv/dt (MV/µs)
10
0 0
-10
-20
-20
-30 -40
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.28: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo III, para
correntes duplo pico e dupla exponencial.
A B C A B C A B C A B C
15 15
Berger aproximado Berger aproximado
10 duplo pico 10 duplo pico
dv/dt (MV/µs)
dv/dt (MV/µs)
5 5
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.29: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo III, para
correntes duplo pico e Berger aproximado.
39
Tabela 3.9: Taxas de crescimento máximas (dv/dtmax ) nas frentes de onda das
sobretensões tipo III
dv/dtmax (MV/µs)
Forma de onda MSS MCS
A B C A B C
Duplo pico 5,3563 5,2057 5,0560 3,6571 3,5550 3,4533
Pico único 5,1064 4,9637 4,8216 4,7120 4,5812 4,4507
Dupla exponencial 18,450 18,307 17,774 25,450 26,666 25,890
Berger aproximado 3,6360 3,5387 3,4404 5,2962 5,1545 5,0113
0.8 0.8
dv/dt (MV/µs)
0.4 0.4
0.2 0.2
0.0 0.0
-0.2 -0.2
-0.4 -0.4
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.30: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo IV, para
correntes duplo pico e pico único.
3 4
dv/dt (MV/µs)
2
1
1
0
0
-1 -1
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.31: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo IV, para
correntes duplo pico e dupla exponencial.
40
1.5 1.5
duplo pico duplo pico
1.0 Berger aproximado 1.0 Berger aproximado
dv/dt (MV/µs)
dv/dt (MV/µs)
0.5 0.5
0.0 0.0
-0.5 -0.5
-1.0 -1.0
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.32: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo IV, para
correntes duplo pico e Berger aproximado.
A tabela 3.10 apresenta as taxas de crescimento máximas nas frentes de onda das
sobretensões tipo IV. Neste caso verifica-se que tanto as correntes dupla exponencial
quanto Berger aproximado geraram sobretensões com taxas de crescimento maiores
que aquelas obtidas com as correntes duplo pico. Já no caso das correntes pico único
foram menores, para MSS e MCS.
Tabela 3.10: Taxas de crescimento máximas (dv/dtmax ) nas frentes de onda das
sobretensões tipo IV
dv/dtmax (MV/µs)
Forma de onda
MSS MCS
Duplo pico 0,7240 0,5497
Pico único 0,5924 0,5444
Dupla exponencial 2,6854 3,9115
Berger aproximado 1,0056 1,4648
41
1.0 1.0
dv/dt (MV/µs)
0.0 0.0
-0.5 -0.5
-1.0 -1.0
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.33: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo V, para correntes
duplo pico e pico único.
3 4
dv/dt (MV/µs)
1
1
0
0
-1
-1
-2 -2
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.34: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo V, para correntes
duplo pico e dupla exponencial.
1.0 1.5
duplo pico
Taxa de variação (MV/µs)
duplo pico
Berger aproximado 1.0
0.5 Berger aproximado
dv/dt (MV/µs)
0.5
0.0
0.0
-0.5
-0.5
-1.0 -1.0
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.35: Derivada em relação ao tempo das sobretensões tipo V, para correntes
duplo pico e Berger aproximado.
A tabela 3.11 apresenta os valores das taxas de crescimento máximas nas frentes
de onda das sobretensões tipo V. Neste caso as correntes pico único geraram sobre-
42
tensões com taxas de crescimento menores para MSS e maiores para MCS, quando
comparadas com aquelas obtidas com as correntes duplo pico. Já para as correntes
dupla exponencial e Berger aproximado foram maiores, tanto para MSS quanto para
MCS.
Tabela 3.11: Taxas de crescimento máximas (dv/dtmax ) nas frentes de onda das
sobretensões tipo V
dv/dtmax (MV/µs)
Forma de onda
MSS MCS
Duplo pico 0,6803 0,5005
Pico único 0,5790 0,5349
Dupla exponencial 2,1754 3,1686
Berger aproximado 0,6715 0,9781
3.3 Discussão
Apesar das correntes pico único, dupla exponencial e Berger aproximado ado-
tadas neste trabalho possuı́rem as mesmas amplitudes que as correntes duplo pico,
elas apresentam tempos de frente de onda, tempos de decaimento e taxas de cresci-
mento máximas diferentes. Além disso, o perfil da frente de onda de cada uma delas
é diferente. Consequentemente, foram obtidas sobretensões com diferentes perfis,
amplitudes e taxas de crescimento. O perfil de cada sobretensão está intimamente
relacionado ao perfil da corrente de descarga, sobretudo na frente de onda.
As sobretensões associadas às correntes dupla exponencial e Berger aproximado
mostraram ser bem superiores àquelas associadas às correntes duplo pico, o que
é justificado pelas rápidas frentes de onda e pelas elevadas taxas de crescimento.
Para o caso das correntes pico único, somente as sobretensões tipo I, III e IV foram
superiores. Já as sobretensões tipo II e V foram menores.
Diferentes taxas de crescimento máximas nas frentes de onda das sobretensões
foram observadas, sendo que, as mais elevadas estão relacionadas às correntes dupla
exponencial e Berger aproximado. Quanto mais rápido for o crescimento da corrente
de descarga, mais rápido é o crescimento da sobretensão e consequentemente maiores
amplitudes são obtidas.
Resultados mostram que as sobretensões relacionadas à fase inferior (fase A) são
maiores que aquelas relacionadas às fases superiores (fases B e C). Isso é justificado
pelo acoplamento eletromagnético entre a fase inferior e o cabo pararraios, que é
menor que nos outros dois casos, para esse sistema de transmissão.
As distorções causadas pelas reflexões nas torres e aterramentos adjacentes foram
verificadas em todas as sobretensões analisadas. Essas reflexões são responsáveis
43
pela redução das amplitudes das sobretensões. Isso acontece quando a impedância de
aterramento é menor que a impedância caracterı́stica da torre, ocasionando reflexões
negativas no sistema. Portanto, é importante a consideração das torres adjacentes
na modelagem do sistema.
Em todos os casos analisados, as amplitudes máximas das sobretensões associ-
adas às correntes duplo pico ocorrem antes dessas correntes atingirem o segundo
pico. Portanto, o segundo pico não contribui para as amplitudes máximas das so-
bretensões.
44
Capı́tulo 4
Conclusões
45
são responsáveis pela ocorrência de backflashover em linhas de transmissão. Por-
tanto, uma boa acurácia nos resultados é necessária. Também foram analisados o
comportamento das sobretensões na impedância de aterramento das torres (tipo IV
e V), para os dois locais de incidência da descarga.
O perfil da frente de onda de cada sobretensão segue rigorosamente o perfil da
frente de onda da corrente de descarga. Logo, a forma de onda da sobretensão está
intimamente relacionada à forma de onda da corrente de descarga. Os parâmetros
que mais influenciaram as amplitudes das sobretensões foram o tempo de frente de
onda e a taxa de crescimento da corrente de descarga.
Os resultados indicam uma superestimação das amplitudes máximas das sobre-
tensões quando se usa as formas de onda dupla exponencial e Berger aproximado.
No entanto, o uso da forma de onda pico único, mostrou tanto superestimação (na
sobretensão tipo III) quanto subestimação (na sobretensão tipo II). Sobretensões
superestimadas fazem com que a linha de transmissão seja projetada com um nı́vel
maior de suportabilidade de isolamento. No entanto, quanto maior o nı́vel de su-
portabilidade da linha, maior será o seu custo. Portanto, do ponto de vista de
desempenho da linha de transmissão, o uso das formas de onda dupla exponencial
e Berger aproximado é melhor, mas do ponto de vista do custo, o uso da forma de
onda real (duplo pico) é mais adequada. No caso de valores de sobretensões subesti-
mados, como consequência, a linha será projetada com uma suportabilidade abaixo
do que deveria ter, o que aumentaria a probabilidade de ocorrência de ruptura de
isolamento, em função da incidência de descargas atmosféricas na linha.
Embora o segundo pico do duplo pico seja maior do que o primeiro pico, a sua
presença não influência a amplitude máxima das sobretensões. Portanto, a omissão
do segundo pico na modelagem da corrente de descarga nos estudos de desempenho
de linhas de transmissão não traz prejuı́zos para a suportabilidade de isolamento.
Diante dessas diferenças obtidas e levando em consideração a enorme de-
pendência da forma de onda da corrente de descarga na suportabilidade de iso-
lamento da linha, acredita-se que o uso de uma forma de onda mais elaborada pode
representar com maior precisão a primeira corrente de descarga descendente nega-
tiva.
Deve-se levar em consideração a limitação do modelo do sistema utilizado, dado
que o sistema de aterramento foi representado de uma forma simplificada através de
uma resistência elétrica. Portanto, não foi considerada a variação dos parâmetros
do solo (resistividade e permissividade elétrica) com a frequência. Além disso, o
modelo de linha utilizado (JMarti) considera que os condutores estão a uma altura
média, portanto, não leva em conta a catenária.
46
4.2 Trabalhos Futuros
Do ponto de vista da modelagem do sistema e do local da incidência da descarga,
aqui se destacam algumas sugestões de trabalhos futuros:
47
Referências Bibliográficas
48
[9] SILVEIRA, F. H., CONTI, A. D., VISACRO, S. “Effect of a Realistic Lightning
Current Wave Representation for Evaluations of Overvoltages in Electrical
Systems: Direct Strikes and Induced Voltages”. In: Proceedings of the X
International Symposium on Lightning Protection, pp. 563–568, Curitiba,
PR, Brasil, nov. 2009.
49
[19] BERGER, K., ANDERSON, R. B., KRONINGER, H. “Parameters of Light-
ning Flashes”, Electra, , n. 41, pp. 23–37, jun. 1975.
50
Apêndice A
∂2
V̄abc (x, s) = Zabc (s)Yabc (s)V̄abc (x, s) (A.1)
∂x2
∂2 ¯
Iabc (x, s) = Yabc (s)Zabc (s)I¯abc (x, s) (A.2)
∂x2
sendo,
V̄abc (x, s): vetor de tensões em coordenadas de fase
I¯abc (x, s): vetor de correntes em coordenadas de fase
Zabc (s): matriz de impedância série em coordenadas de fase
Yabc (s): matriz de admitância shunt em coordenadas de fase
Para passar de coordenadas de fase para coordenadas modais usam-se matrizes de
transformações modais de tensão e corrente, TV (s) e TI (s), respectivamente. Essas
matrizes são definidas de forma a diagonalizar as equações diferenciais A.1 e A.2.
Assim, cada modo pode ser estudado separadamente como um circuito monofásico.
Para simplificar o cálculo, essas matrizes são calculadas com uma frequência média.
51
Y012 (s) = TV (s)−1 Yabc (s)TI (s) (A.6)
A partir das equações A.1, A.2, A.3, A.4, A.5 e A.6 e fazendo-se algumas mani-
pulações algébricas, resulta nas seguintes equações diferenciais definidas em coorde-
nadas modais:
∂2
V̄012 (x, s) = Z012 (s)Y012 (s)V̄012 (x, s) (A.7)
∂x2
∂2 ¯
I012 (x, s) = Y012 (s)Z012 (s)I¯012 (x, s) (A.8)
∂x2
onde,
V̄012 (x, s): vetor de tensões em coordenadas modais
I¯012 (x, s): vetor de correntes em coordenadas modais
Z012 (s): matriz de impedância série em coordenadas modais
Y012 (s): matriz de admitância shunt em coordenadas modais
Uma solução para A.7 pode ser dada por:
Vk (x, s) = e−γk (s)x Vk+ (0, s) + eγk (s)x Vk− (0, s) (A.9)
Ik (x, s) = e−γk (s)x Ik+ (0, s) + eγk (s)x Ik− (0, s) (A.10)
onde,
k: corresponde aos modos 0, 1 e 2. Caso a linha possua n condutores serão n
modos.
p
γk (s): constante de propagação de cada modo k, definida por Zk (s)Yk (s), sendo
Zk (s) e Yk (s) os elementos das matrizes modais da impedância série e admitância
shunt, respectivamente.
Vk+ (0, s) e Vk− (0, s): componente progressiva e regressiva de tensão de cada modo
k em x = 0, respectivamente.
Ik+ (0, s) e Ik− (0, s): componente progressiva e regressiva de corrente de cada modo
k em x = 0, respectivamente.
52
Apêndice B
53
Duplo Pico: Caso MSS
MODEL DP MSS
OUTPUT Itotal
VAR Itotal,I0[1..7],n[1..7],t1[1..7],t2[1..7],Eta[1..7],I[1..7],k
INIT
I0[1..7]:=[3,4.5,3,3.8,13.6,11,5.7]1E3
n[1..7]:=[2,3,5,7,44,2,15]
t1[1..7]:=[3,3.5,5.2,6,6.6,100,11.7]*1E-6
t2[1..7]:=[76,25,20,60,60,600,48.5]*1E-6
ENDINIT
EXEC
k:=1
WHILE k<=7 DO
Eta[k]:=exp(-(t1[k]/t2[k])*(n[k]*t2[k]/t1[k])**(1/n[k]))
I[k]:=(I0[k]/Eta[k])*((t/t1[k])**n[k])*exp(-t/t2[k])/(1+(t/t1[k])**n[k])
k:=k+1
ENDWHILE
Itotal:=I[1]+I[2]+I[3]+I[4]+I[5]+I[6]+I[7]
ENDEXEC
ENDMODEL
54
Duplo Pico: Caso MCS
MODEL DP MCS
OUTPUT Itotal
VAR Itotal, I0[1..7],n[1..7],t1[1..7],t2[1..7],Eta[1..7],I[1..7],k
INIT
I0[1..7]:=[6,5,5,8,16.5,17,12]*1E3
n[1..7]:=[2,3,5,9,30,2,14]
t1[1..7]:=[3,3.5,4.8,6,7,70,12]*1E-6
t2[1..7]:=[76,10,30,26,23.2,200,26]*1E-6
ENDINIT
EXEC
k:=1
WHILE k<=7 DO
Eta[k]:=exp(-(t1[k]/t2[k])*(n[k]*t2[k]/t1[k])**(1/n[k]))
I[k]:=(I0[k]/Eta[k])*((t/t1[k])**n[k])*exp(-t/t2[k])/(1+(t/t1[k])**n[k])
k:=k+1
ENDWHILE
Itotal:=I[1]+I[2]+I[3]+I[4]+I[5]+I[6]+I[7]
ENDEXEC
ENDMODEL
55
Pico Único: Caso MSS
MODEL PU MSS
OUTPUT Itotal
VAR Itotal,I0[1..2],n[1..2],t1[1..2],t2[1..2],Eta[1..2],I[1..2],k
INIT
I0[1..2]:=[28,16.8]*1E3
n[1..2]:=[2,2]
t1[1..2]:=[1.2,15]*1E-6
t2[1..2]:=[15,1700]*1E-6
ENDINIT
EXEC
k:=1
WHILE k<=2 DO
Eta[k]:=exp(-(t1[k]/t2[k])*(n[k]*t2[k]/t1[k])**(1/n[k]))
I[k]:=(I0[k]/Eta[k])*((t/t1[k])**n[k])*exp(-t/t2[k])/(1+(t/t1[k])**n[k])
k:=k+1
ENDWHILE
Itotal:=I[1]+I[2]
ENDEXEC
ENDMODEL
56
Pico Único: Caso MCS
MODEL PU MCS
OUTPUT Itotal
VAR Itotal,I0[1..2],n[1..2],t1[1..2],t2[1..2],Eta[1..2],I[1..2],k
INIT
I0[1..2]:=[25.5,19]*1E3
n[1..2]:=[2.1,3.5]
t1[1..2]:=[1.3,2.2]*1E-6
t2[1..2]:=[25,1000]*1E-6
ENDINIT
EXEC
k:=1
WHILE k<=2 DO
Eta[k]:=exp(-(t1[k]/t2[k])*(n[k]*t2[k]/t1[k])**(1/n[k]))
I[k]:=(I0[k]/Eta[k])*((t/t1[k])**n[k])*exp(-t/t2[k])/(1+(t/t1[k])**n[k])
k:=k+1
ENDWHILE
Itotal:=I[1]+I[2]
ENDEXEC
ENDMODEL
57
Berger Aproximado: Caso MSS
Expressão 1
Expressão 2
58
Expressão 3
59
Expressão 2
Expressão 3
60
Apêndice C
61
T
du
T
MODEL F G
dt
heidler
59
I
cálculo da derivada
da
corrente de descarga
3 km 300 m 300 m 3 km
T T
+ Vf - + Vf - + Vf -
+
-
v
- Vf + - Vf + ISOLC - Vf +
T T
v
+
-
T T
+ Vf - + Vf - + Vf -
ISOLB V
+
-
v
T
ISOLA
T
du
F G
dt ISOLC
59
T T
resistência
du ISOLB du de
F G
dt F G
dt
aterramento
59 59
F G
du ISOLA
dt
59
Figura C.1: Modelo do sistema para incidência na torre, com a rotina TACS para
calcular as derivadas.
62
T
du
T
MODEL F G
dt
heidler
59
I
cálculo da derivada
da
corrente de descarga
+ + +
3 km 150 m v v v 150 m 3 km
- - -
T T T
+ Vf - + Vf -
+
-
v
T T
- Vf + - Vf +
v
+
-
T T
+ Vf - + Vf -
+
-
v
V
T T
T
T T
du du
F G
dt ISOLC F G
dt MEIOC
59 59
T resistência
T T du
F G de
F G
du
ISOLB F G
du MEIOB dt
dt dt 59 aterramento
59 59
T T
F G
du
ISOLA F G
du MEIOA
dt dt
59 59
Figura C.2: Modelo do sistema para incidência no cabo pararraios no meio do vão,
com a rotina TACS para calcular as derivadas.
63