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APOSTILA 1 - Caps - 1 - 2 - 3 (Material Das Aulas Analise 2,3)
APOSTILA 1 - Caps - 1 - 2 - 3 (Material Das Aulas Analise 2,3)
1.1 INTRODUÇÃO
3
4 1. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA
• sistema de transmissão;
• sistema de subtransmissão;
• sistema de distribuição.
A energia geralmente não é consumida diretamente na forma elétrica. Ela é antes con-
vertida em outro tipo, tal como calor, luz, energia mecânica, entre outros. A vantagem
da forma elétrica é que pode ser transmitida e controlada com elevado grau de eficiên-
cia e confiabilidade. Conseqüentemente, um sistema elétrico adequadamente operado e
controlado deve atender a alguns requisitos fundamentais:
1. O sistema deve ser capaz de suprir continuamente as variações de carga, tanto sob
o ponto de vista de potência ativa quanto de reativa. Diferenetemente de outras for-
mas de energia, a elétrica não pode ser armazenada em grandes quantidades. Então,
uma reserva "girante" deve ser prevista e controlada permanentemente.
2. O sistema deve suprir energia com um baixo custo e com um mínimo impacto
ecológico.
3. A qualidade da energia suprida deve atender alguns critérios mínimos com relação
aos seguintes fatores:
• freqüência constante;
• confiabilidade.
6 1. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA
Vários níveis de controle são verificados a fim de atender aos requisitos enumerados
anteriormente. Por exemplo, deve se ter controladores atuando em elementos individuais.
Em uma estação geradora, ações dessa natureza consistem de controle primário sobre o
sistema de regulação de velocidade (turbina do gerador) e sobre o sistema de excitação
(regulação de tensão). O controle sobre a turbina é responsável pela regulação de ve-
locidade e pela energia suprida. Isto é feito atuando-se em mecanismos associados a
dispositivos que controlam pressões, temperaturas, fluxos de combustível, de água. A
função do sistema de excitação é a de regulação da tensão terminal do gerador e da potên-
cia reativa de saída. Os MWs (potência ativa) de saída de cada gerador são determinados
pelo controle do sistema de geração.
O controle primário do sistema de geração busca o balanço total da potência ge-
rada a fim de atender às cargas e perdas do sistema. Esta ação deve ser efetuada visando
manter-se a freqüência do sistema aproximadamente constante, bem como os intercâm-
bios programados nas interligações.
Os controles do sistema de transmissão incluem dispositivos para o controle de
potência e de tensão, tais como compensadores estáticos de reativo (CERs), compen-
sadores síncronos, capacitores e reatores chaveados, transformadores com comutadores
de tap automático, controles de elos de corrente contínua, entre outros. Esses equipamen-
tos devem ser modelados convenientemente de modo a atender aos requisitos relacionados
a estudos específicos.
Os objetivos das ações de cotrole dependem do ponto de operação do sistema
elétrico de potência. Sob condições normais, o objetivo do controle é manter os sistema
operando o mais eficientemente possível, com valores de tensão e freqüência próximos
aos nominais. Por outro lado, quando condições anormais são verificadas, novos obje-
tivos devem ser buscados visando restabelecer o sistema às suas condições normais de
operação, o mais rápido possível.
A maioria das grandes falhas em um sistema raramente é resultado de um sim-
ples distúrbio catastrófico, causando colapso em um sistema aparentemente seguro. Tais
falhas, em geral, resultam de uma combinação de circunstâncias que estressam a rede
elétrica muito além de sua capacidade. Distúrbios naturais severos (tempestades), fun-
cionamento inadequado de equipamentos, falha humana, projeto inadequado, contribuem
para enfraquecer o sistema elétrico e eventualmente levá-lo a uma situação de colapso.
• geradores;
• linhas de transmissão;
• transformadores de potência;
• reatores em derivação;
• compensadores síncronos.
• transformadores de corrente;
• pára-raios.
• A cada empresa associa-se uma área de concessão onde todos os consumidores são
cativos (monopólio);
• O custo final da energia inclui todos os custos diretos e indiretos da empresa verti-
calizada.
transações comerciais celebradas entre agentes comerciais do sistema nem sempre se re-
alizam fisicamente. A decisão sobre o efetivo despacho de geração, em geral, é atribuída
a uma entidade independente, cujo objetivo é operar o sistema de forma confiável, inde-
pendentemente dos interesses comerciais existentes. Um acerto de contas pós-operação é
realizado para compensar eventuais desvios em relação aos contratos de compra e venda
de energia.
Além da separação entre produção e transporte, a nova estrutura apresenta, tam-
bém, a possibilidade de separar os serviços necessários para o bom funcionamento do sis-
tema elétrico, porém não diretamente associados à produção de energia, daqueles direta-
mente associados à produção de energia elétrica. Tais serviços são denominados Serviços
Ancilares. Como exemplo disso, podemos mencionar o controle de tensão e fluxo de
reativos, reserva operativa, controle automático da geração etc. Nessa nova estrutura de
setor elétrico, as empresas de transmissão e de distribuição são obrigadas a permitir o
livre acesso aos seus sistemas, mediante a cobrança de um serviço de uso de suas redes
(pedágio), possibilitando a realização de negócios entre quaisquer empresas de geração,
consumidores livres e comercializadoras de energia, desde que as restrições de operação
assim o permitam. A operação do sistema é delegada a um Operador Independente do
Sistema (OIS), o qual se constitui em uma empresa sem interesse financeiro no negócio
de energia. No caso brasileiro esse órgão é o Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS). O escopo de atuação do OIS, suas atribuições e responsabilidades, variam de um
país para outro ou mesmo dentro de um mesmo país. O OIS poderá ou não ser o pro-
prietário dos sistemas de transmissão. O OIS poderá ou não operar o órgão responsável
pelo mercado de energia elétrica. Em alguns casos, a operação desse mercado é dele-
gada a uma outra entidade denominada Bolsa de Energia (BE). Em muitos casos, o OIS
é o responsável direto pelo provimento dos serviços ancilares; em outros casos, o OIS
coordena um mercado de serviços ancilares aberto a outras empresas. Novos atores que
surgem nesse novo cenário são os Comercializadores de Energia (CE), os quais são em-
presas que servem como intermediários de negócios entre geradoras e consumidores, e
os Provedores de Serviços Ancilares (PSA). Finalmente, para controlar e fiscalizar o fun-
cionamento do mercado de energia e o funcionamento do sistema elétrico, é necessária a
existência de uma Agência Reguladora (AR), órgão governamental responsável pela veri-
ficação do cumprimento do marco regulatório do setor elétrico, pelo controle e supervisão
do funcionamento do mercado de energia e a defesa dos direitos dos consumidores. No
Brasil, essa função é exercida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
A compreensão de como a energia elétrica flui no sistema, desde os centros de
geração, passando pelos sistemas de transmissão, até o consumidor, é um assunto que
depende de estudos envolvendo tanto aspectos estáticos, quanto dinâmicos. Neste sentido,
a avaliação do fluxo de carga no sistema, de preferência de forma ótima, deve ser avaliada,
considerando a segurança dinâmica e parâmetros que possam demonstrar a qualidade do
fornecimento da energia elétrica.
2
MODELAGEM DE EQUIPAMENTOS
2.1 INTRODUÇÃO
Neste livro, a finalidade é voltada para estudos estáticos e dinâmicos em baixas freqüên-
cias. Com tais características, a linha de transmissão é representada por um circuito es-
tático e passivo, invariante com a freqüência, cujo modelo depende do comprimento da
linha.
A linha de transmissão é modelada conhecendo-se os seus parâmetros elétricos por
11
12 2. MODELAGEM DE EQUIPAMENTOS
fase e o seu comprimento. É usual dividi-la em curta (até cerca de 80 km), média (entre 80
e 200 km) e longa (acima de 200 km). A representação é feito por um circuito monofásico
equivalente, por fase. Supõe-se que a linha opere em regime permanente, a uma freqüên-
cia, que no Brasil é igual a 60 Hz. A linha tem quatro parâmetros característicos: uma
condutância, G; uma resistência, R; uma reatância, X = ω L, sendo L a indutância da linha;
e uma susceptância, Y = ωC, onde C é a capacitância da linha. O primeiro dos parâmet-
ros é desprezível para a faixa usual de freqüência dos estudos em regime permanente e de
análise de estabilidade em baixas freqüências. Assim, considerar-se-á G = 0 para fins de
modelagem.
As linhas curtas são representadas por um circuito no qual a resistência equivalente
dos condutores, R, é conectada em série com a reatância indutiva, X. A Figura 2.1 mostra
um circuito equivalente para essa situação.
Ze = Zc senh(γ l) (2.1)
2.2. LINHA DE TRANSMISSÃO 13
∆ √
Nas expressões (2.2) e (2.3), j = −1, ω = 2π f e f é a freqüência industrial.
Dessas equações, caso as perdas não são consideradas, Zc é uma resistência e γ é um
número puramente imaginário.
q Nessas condições, a impedância Zc é denominada impedân-
L
cia de surto e Zc = C.
A potência transmitida pela linha quando essa é terminada por sua impedância de
surto é conhecida como carga natural ou carga da impedância de surto - surge impedance
load (SIL), dada por:
VN2
SIL = , em W, (2.4)
Zc
Ye 1 cosh(γ l) − 1
= (2.5)
2 Zc senh(γ l)
EXEMPLO 2.1
Uma linha que opera com freqüência industrial igual a 60 Hz e com tensão nominal
de linha igual a 500 kV apresenta os seguintes parâmetros: L = 8, 84 × 10−4 H/km, C =
13, 12 nF/km e R = 0, 0222 Ω/km. Calcule a impedância de surto, bem como o SIL dessa
linha.
SOLUÇÃO
A impedância de surto e o SIL não dependem do comprimento da linha. Assim,
s
8, 84 × 10−4
Zc = = 259, 6 Ω
13, 12 × 10−9
5002 × 106
SIL = = 963, 1 MW
259, 6
EXEMPLO 2.2 Considere que a linha no Exemplo 2.2 tenha 350 km de compri-
mento. Suponha que uma tensão fase-neutro igual a 288,67 kV seja aplicada ao terminal
2.2. LINHA DE TRANSMISSÃO 15
SOLUÇÃO
a) O módulo da tensão na entrada da linha é igual a 288,67 kV . Considere a fase da
tensão na entrada da linha como a referência angular. Assim, faz-se Vi = 288, 67∠0o kV .
Inicialmente, é necessário calcular os parâmetros do circuito equivalente, conforme Figura
2.3.
A reatância total da linha é X = 2π L × l = 0, 333 × 350 = 116, 35 Ω. Por sua vez, a
susceptância total da linha é Y = 2π C × l = 4, 95 × 10−6 × 350 = 0, 0017 S. A resistência
total da linha é R = 0, 0222 × 350 = 7, 77 Ω.
Por conveniência, deve-se converter a susceptância capacitiva Y em reatância capac-
itiva para que seja calculada a corrente que circula por esse elemento do circuito equiv-
alente. Lembrar que XCap = 1/Y . Porém, na forma de impedância ZCap = jY1 = −Y j . A
corrente Io , em kA, no circuito equivalente da Figura 2.3 é:
288, 67∠0o
Io = = 0, 2781∠89, 6o.
7, 77 + j115, 35 − j(2/0, 0017)
√
Vo = 321, 1 × 3 = 556, 1 kV.
Esse resultado está coerente, porque a linha é longa e está descarregada. Portanto,
há uma elevada parcela de potência reativa gerada pela linha, fazendo com que a tensão
fique acima da nominal no terminal de saída, quando o terminal de entrada é alimentado
com tensão nominal.
b) Considerar-se-á agora a situação em que a linha é modelada por circuito equiva-
lente para linha longa. O procedimento de cálculo a ser realizado é semelhante ao apre-
sentado no item a). É necessário calcular os parâmetros Z e e Y e . Os parâmetros são os
seguintes para ω = 2π 60 = 377 rad/s:
16 2. MODELAGEM DE EQUIPAMENTOS
q
γ= (0, 0222 + j377 × 8, 84 × 10−4) j377 × 13, 12 × 10−9 = j0, 0013
s
(0, 0222 + j377 × 8, 84 × 10−4)
Zc = = 259, 7 − j1135, 8 Ω.
j377 × 13, 12 × 10−9
Então
Vi
Io = = 0, 282∠89, 5o kA
Z e + 2/Y e
Observa-se, deste modo, que embora a linha seja longa, a utilização de um modelo
a parâmetros concentrado para realização dos cálculos gera desvios pouco significativos
em relação aos resultados em que se considerou modelo a parâmetros distribuídos. Evi-
dentemente, para comprimentos superiores, os resultados poderão ser bastante diferentes.
2.3. DISTRIBUIÇÃO DOS FLUXOS DE POTÊNCIA EM UMA LINHA 17
Para ilustrar como ocorre a distribuição do fluxo de carga em uma linha de transmissão,
considere o modelo de linha a parãmetros concentrados mostrado na Figura 2.4. Neste
modelo, a impedância série da linha é Z km = Rkm + jXkm , onde Rkm é a resistência e Xkm
é a reatância série; Y sh é a admitância resultante em cada terminal da linha, enquanto Y
é a susceptância total. I km é por convenção a corrente que sai da barra k para a barra m,
ao passo que I mk é a corrente que sai da barra m para a barra k. Essa convenção para o
sentido da corrente, bem como para fluxo de potência será adotada ao longo de todo o
texto.
Supõe-se aqui que as tensões nas barras k e m são conhecidas para que seja pos-
sível calcular os fluxos de potência. Mais adiante, mostrar-se-á como obter essas tensões
mediante formulação e solução do problema de fluxo de carga.
EXEMPLO 2.3 Considere o diagrama unifilar mostrado na Figura 2.5 como rep-
resentativa de um sistema elétrico equivalente formado pelas barras k e m, as quais são
interligadas por meio de uma linha de transmissão. Ambas as barras são caracterizadas
como de 230 kV de tensão nominal.
18 2. MODELAGEM DE EQUIPAMENTOS
Considerando que as tensões nas duas barras sejam conhecidas, determinar os fluxos
de potência ativo e reativo na interligação e no circuito equivalente. Suponha que a linha
seja representada por seu modelo π -equivalente, para linha média, cujos parâmetros em
pu são os seguintes: R = 0, 017, X = 0, 1224, Y = 0, 22. O valor de Y corresponde à
susceptância total da linha. Ou seja, Y = ωC, onde C é a capacitância da linha. Nesse
sistema, as tensões nas duas barras são: V k = 1, 022∠23, 3o e V m = 1, 037∠11, 8o.
Solução
As correntes nas duas extremidades da linha são, portanto, I km e I mk . Elas serão
calculadas como segue.
1, 022∠23, 3o − 1, 037∠11, 8o 0, 22
I km = + 1, 022∠23, 3o( j ) = 1, 6897∠33, 39o pu.
0, 017 + j0, 1224 2
A Figura 2.6 mostra o procedimento executado no Matlab para o cálculo da corrente I km .
Os demais cálculos podem ser obtidos de modo semelhante.
1, 037∠11, 8o − 1, 022∠23, 3o 0, 22
I mk = + 1, 037∠11, 8o( j ) = 1, 6424∠ − 154, 20o pu.
0, 017 + j0, 1224 2
∗
Skm = V k I km = 1, 022∠23, 3o × 1, 6897∠ − 33, 39o = 1, 7002 − j0, 3025 pu.
2.3. DISTRIBUIÇÃO DOS FLUXOS DE POTÊNCIA EM UMA LINHA 19
∗
Smk = V m I mk = 1, 037∠11, 8o × 1, 6424∠154, 20o = −1, 6526 + j0, 4121 pu.
Com relação ao balanço de potência de reativo nas extremidades da linha, são con-
statadas as seguintes observações:
• Se a barra m recebe 30,3 MVar e ocorre geração de 11,5 MVar devido ao capacitor
da linha nessa extremidade, então, 18,8 MVar são provenientes da linha e que há
excesso de potência reativa sendo gerado na barra m.
2.3. DISTRIBUIÇÃO DOS FLUXOS DE POTÊNCIA EM UMA LINHA 21
• Na barra m, há geração de 41,0 MVar e mais 11,8 MVar por parte do capacitor da
linha. Isto implica dizer que 52,8 MVar estão sendo liberados para a outra extremi-
dade da linha.
EXERCÍCIO
Considere que a um dos terminais de uma linha de transmissão CA é conectado
um gerador síncrono, cuja magnitude da tensão gerada é igual a 10 kV. A linha de
transmissão pode ser representada por seu circuito π -equivalente, cujos parâmetros são:
r = 0, 02 Ω/km, c = 100 nF/km e l = 0, 1 mH/km. A freqüência do sistema é igual a 60
Hz. A partir dessas informações e considerando base de tensão igual a 10 kV, de potência
igual a 100 MVA, e comprimento da linha igual a 100 km, calcule, em pu:
a) para a condição do outro terminal da linha à vazio,
a.1) a corrente que é fornecida pelo gerador e a tensão nos terminais da linha;
a.2) as potências ativa e reativa que são geradas pelo gerador;
a.3) as perdas ativa e reativa na linha.
Respostas
a.1) I ≈ j0, 0038 pu e V o ≈ 1, 008 pu.
a.2) A potência aparente fornecida ou absorvida pelo gerador é exclusivamente
reativa S = − j0, 0038 pu.
a.3) A perda reativa na linha será QL = |I 1 |2 × X = 0, 00192 × 3, 77 = 1, 36 × 10−5
pu, que é um resultado desprezível frente à potência absorvida pelo gerador.
A resolução do item b) pode ser feita de modo semelhante. Mas, neste caso,
considera-se a carga conectada aos terminais da linha, ao invés da linha à vazio.
22 2. MODELAGEM DE EQUIPAMENTOS
Suponha que a carga possa ser representada por uma impedância constante, consti-
tuída pela composição série de um resistor Rc e de uma reatância Xc. Ou seja Z = Rc + jXc .
Considere que essa impedância seja calculada considerando-se o valor de tensão nominal
da linha. Logo, sendo a tensão nominal igual a 1 pu, a potência da carga, em pu, será
10 3 ∗
S = 100 + j 100 = 0, 1 + j0, 03 pu. Isto significa que S = 1, 0 × I L = 0, 1 + j0, 03 pu. A
corrente nominal nesse caso será I L = 0,1+1j0,03 = 0, 9991 − j0, 03 pu. Então a impedância
da carga será Z = VI o = 0, 1 + j0, 03 pu.
L
2.4. TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA 23
A dedução das equações do transformador com tap é baseada nas equações do trans-
formador ideal e no cálculo das correntes que fluem no equipamento. O objetivo é se de-
terminar um circuito elétrico equivalente semelhante ao que foi apresentado para o caso
da linha de transmissão CA. isto é possível se for possível calcular as constantes A B e
C do circuito elétrico mostrado na Figura 2.10. O circuito forma um quadripolo, no qual
2.4. TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA 25
I km = (A + B)V k − BV m (2.6)
I mk = −BV k + (A +C)V m (2.7)
∗ ∗
Skm + Smk = 0 ⇒ V k I km +V p I mk = 0 (2.8)
I km = −aI mk (2.9)
I mk = (V m − aV k )ykm (2.10)
EXEMPLO 2.3
Considere que o diagrama unifilar de um transformador com tap em fase seja o
mesmo indicado na Figura 2.8. Os valores nominais de tensão do lado das barras k e
m são 13,8 kV e 230 kV , respectivamente (tensões equivalentes a 1 pu em cada lado do
transformador). Na condição nominal, a reatância do transformador é igual a 0,1 pu.
2.4. TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA 27
Solução:
1 −j
A admitância nominal do transformador é ykm = jXt = Xt = − j10 pu.
Os parâmetros do modelo equivalente são: A = aykm = 1, 1 × (− j10) = − j11 pu,
B será B = a(a − 1)ykm = 1, 1(1, 1 − 1) × (− j10) = − j1, 1 pu. Por fim, C = (1 − a)ykm =
(1 − 1, 1) × (− j10) = j1, 0 pu.
Observa-se que do lado do tap, sendo este ajustado para valor maior que o nominal,
a admitância é capacitiva, conforme previsto anteriormente. Ao contrário, no lado oposto,
a admitância é indutiva.
EXEMPLO 2.4
Considere que seja aplicada uma tensão de 13 kV no lado de baixa tensão do trans-
formador descrito no exemplo 2.3. Calcule a tensão no lado de alta tensão, em kV , bem
como as correntes nos enrolamentos de baixa e alta tensão, em A. Sabe-se o transformador
tem tap apenas do lado de alta tensão (lado da barra m na Figura 2.8 e está operando a
vazio.
Solução
13
A magnitude da tensão aplicada ao lado de baixa tensão (barra k) é Vk = 13,8 =
0, 942 pu. De acordo com o circuito elétrico da Figura 2.10, a tensão na barra m pode
ser calculada utilizando-se a regra do divisor de potencial, bem conhecida em circuitos
elétricos. Ou seja:
1 1
C j1
Vm = 1
×Vk = × 0, 942 = 1, 036 pu
A + C1 1
− j10 + 1
j1
O transformador com tap é útil nas situações nas quais podem ocorrer conflito de
base de tensão, quando se deseja transformar o circuito em uma representação de uma
determinada base. Para ilustrar esse fato, considere o exemplo que subseqüente.
EXEMPLO 2.5
A Figura 2.10 mostra a conexão de dois circuitos fictícios que operam em paralelo,
conectados entre as barras 1 e 2. Calcule o circuito equivalente em pu desses circuitos,
entre as barras 1 e 2, sabendo-se que a base de potência é igual a 100 MVA e as bases de
tensão, no lado de alta e de baixa são iguais a 230 kV e 13,8 kV , respectivamente. Ambas
as linhas de transmissão são representadas por um modelo de linha curta, em que R = 0
e X = 0, 1 pu, na base fornecida. Cada transformador tem potência nominal igual a 200
MVA e reatância igual a 10%. No entanto, suas relações de transformação de tensão são
13 kV /230 kV , para T1, e 13, 8 kV /230 kV , para T2.
Solução
Em função dos dados das linhas, a base de tensão no lado de baixa é definida em
13,8 kV . Ao se refletir essa base, utilizando-se a relação de transformação do transfor-
mador T2, a base no lado de alta será 230 kV. Agora, refletindo-se a base tendo a relação
de T1, no lado de alta, ter-se-ía uma base de 13, 8 × 23013 = 244, 15 6= 230 kV . Assim
ocorre o que se denomina conflito de base, porque uma base no lado de baixa tensão leva
a duas bases distintas no lado de alta tensão. Para corrigir esse problema, os dois trans-
2.4. TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA 29
formadores devem ser ajustados para uma mesma relação de transformação. Isto pode ser
obtido, por exemplo, supondo-se que o transformador T1 possui tap no lado de baixa. Ex-
plorando esse fato, ajusta-se então esse tap fictício para a tensão 13, 8 kV , igual à tensão
base do lado de baixa.
O tap do transformador T1 deve ser ajustado para a = 13/13, 8 = 0, 942 pu.
As reatâncias de cada transformador devem ser convertidas para a base 100 MVA.
100
Logo, na nova base, XT = 0, 1 × 200 = 0, 05 pu. Isto significa dizer que a admitância é
ykm = − j20 pu. Os parâmetros do circuito π -equivalente para o transformador T1 são:
A = 0, 942 × (− j20) = − j18, 84 pu; B = 0, 942(0, 942 − 1) × (− j20) = j1, 029 pu; e
C = (1 − 0, 942) × (− j20) = − j1, 093 pu.
O transformador T2 opera com tap nominal. Assim, para esse transformador, existe
apenas o ramo série do circuito π -equivalente. Esse ramo tem admitância igual à − j20 pu.
O circuito elétrico equivalente para as interligações em paralelo é mostrado na
Figura 2.11. Os dados dos elementos passivos de circuito foram convertidos para impedân-
cia.
No exemplo a seguir, uma aplicação na qual uma linha está conectada a um trans-
formador, que por sua vez supre uma carga.
EXEMPLO 2.6
A Figura 2.12 mostra o a conexão de uma carga a um gerador, o qual está conectado
30 2. MODELAGEM DE EQUIPAMENTOS
à extremidade de uma linha de transmissão. Essa linha conecta-se ao lado de baixa tensão
de um transformador, cujo lado de alta supre a carga. O transformador apresenta tap
no lado de baixa, estando esse ajustado em +1 kV acima do valor da tensão nominal do
enrolamento. O transformador tem potência nominal igual à 50 MVA, reatância igual
à 5% e relação de transformação 10 kV /100 kV . A linha de transmissão apresenta os
seguintes parâmetros: tensão nominal de 10 kV , R = 0, 05 Ω, X = 0, 1 Ω e carregamento
de 4 MVar. A carga é composta por uma parcela ativa de 10 MW e outra reativa de 3
MVar. Adote base de potência de 100 MVA e de tensão igual a 10 kV no lado de baixa do
transformador. Considerando que a carga está funcionando sob tensão de 97 kV , calcule:
Solução
Inicialmente, deve-se montar o circuito elétrico equivalente referente ao sistema
elétrico.
Sendo a base de potência do sistema 100 MVA e de tensão 10 kV no lado de baixa, a
reatância do transformador é alterada na nova base para XT = 0, 05 × 100
50 = 0, 1 pu. Como
o transformador está operando com tap fora do nominal, torna-se necessário calcular os
parâmetros levando-se em conta esse tap. O valor ajustado corresponde a a = 11/10 =
2.4. TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA 31
1, 1 pu. Então os parâmetros são: ykm = − j10 pu, A = 1, 1(− j10) = − j11 pu; B =
− j1, 21 pu; C = j1, 1 pu (esse valor de C deve ser atribuído à admitância que fica do lado
do tap no circuito).
2
A base de impedância no lado da linha de transmissão é ZB = 100 10
= 1 Ω. Então
R = 0, 05/1 = 0, 05 pu; X = 0, 1/1 = 0, 1 pu. Por meio do carregamento da linha, Qsh ,
que corresponde à potência reativa gerada pela linha, através dos capacitores, calcula-se
a admitância shunt, Y . Sabe-se que, em pu, Qsh = YVk , onde Vk é a magnitude da tensão
na extremidade da linha. Supõe-se que essa tensão seja igual à nominal da linha. Logo,
em pu, Qsh = Y . Então, Y = Qsh = 4/100 = 0, 04 pu.
A magnitude da tensão na carga é V3 = 97/100 = 0, 97 pu. Adotando-se a barra 3
como a referência de fase, faz-se V 3 = 0, 97∠0o. A potência da carga, em pu, é S = 0, 1 +
∗
j0, 03. Então a corrente que circula pela carga é I 3 = VS ∗ = 0,1− j0,03
0,97 = 0, 1076∠ − 16, 7o.
3
Figura 2.13 Circuito elétrico equivalente ddo sistema formado por linha, transformador e carga
0, 05 × 0, 09272 ≈ 0, 0004 pu. O valor dessa perda somada à parte ativa da carga é igual a
0,1004 pu, que é exatamente igual à potência gerada.
2.5. DISPOSITIVOS FACTS 33
Pode-se dizer que o fluxo de potência em uma rede de transmissão está limitado por
uma combinação dos seguintes fatores principais, entre outros:
• estabilidade;
• limites de tensão;
∗ ∗ ∗ ∗
V −V o V iV i −V iV o j|V i |2 − |V i ||V o |∠(90o + θi − θo )
Sio = V i i =j = (2.12)
− jX X X
2V 2
PS = sen(δ /2) (2.14)
XL
36 2. MODELAGEM DE EQUIPAMENTOS
V2
PS = sen(δ ) (2.15)
XL
Comparando (2.14) e (2.15), observa-se que a compensação reativa aumenta a ca-
pacidade de transmissão de potência ativa da linha.
Da Figura 2.15 é possível concluir que, como a corrente de compensação IM está em
quadratura com a tensão VM , não existe potência ativa fluindo através do compensador.
Ou seja, apenas potência reativa flui pela fonte VM .
A Figura 2.16 mostra um modelo ideal de um compensador série, representado por uma
fonte VC conectada ao ponto médio de uma linha de transmissão CA curta.
A corrente que circula pela linha é
V S −V R −V C
I= (2.16)
jXL
2.5. DISPOSITIVOS FACTS 37
V2
PS = sen(δ ) (2.17)
(1 − s)XL
onde |s| < 1 é a taxa de compensação série da linha.
A Figura 2.17 mostra o diagrama fasorial para o compensador série ideal, assumindo-
se que a corrente no compensador seja capacitiva (avançada em relação à tensão). Então,
a fonte funciona como se fosse um capacitor
Outros dispositivos FACTS poderiam ser concebidos utilizando as duas abordagens
anteriores. Um deles é o compensador de ângulo de fase. Este compensador tem como
função controlar a diferença entre os ângulos de fase entre dois sistemas CA, podendo
atuar assim diretamente sobre o fluxo de potência ativa trocado entre esses dois sistemas.
Isto significa que esse compensador pode ter que fornecer ou absorver potência ativa,
bem como potência reativa. Esta é uma característica importante para ser considerada na
38 2. MODELAGEM DE EQUIPAMENTOS
Figura 2.18 dispositivos FACTS baseados em tiristores: (a) RCT, (b) CCT
A Figura 2.20 mostra o diagrama do capacitor série chaveado a tiristor. Neste sistema,
para conectar os capacitores em série com a linha, os tiristores são mantidos cortados. Se
os tiristores conectados em paralelo com os capacitores são disparados, estes capacitores
são curto-circuitados. O disparo dos tiristores, como no caso do capacitor em derivação
chaveado a tiristor, deve ser feito, idealmente, com tensão nula sobre as chaves semicon-
dutoras (ZVS - Zero Voltage Switching). Este sistema de compensação tem a vantagem
de ser muito simples, entretanto não permite um controle contínuo da reatância série.
Observe-se que, se a conexão e desconexão dos bancos capacitivos for feita de maneira
esporádica, possivelmente não ocorrerão problemas devidos aos harmônicos de chavea-
mento. Entretanto, dependendo da freqüência em que os tiristores são chaveados, tensões
subharmônicas (harmônicos com freqüência menor que a da rede) podem ser geradas.
42 2. MODELAGEM DE EQUIPAMENTOS
Figura 2.21 Capacitor série controlado a tiristor (TCSC): módulo de controle contínuo
2.6 CARGAS
P(V ) = Po a + bV + cV 2
(2.18)
Q(V ) = Qo d + eV + fV 2
(2.19)
EXEMPLO 2.7
Estabeleça os polinômios que representam uma carga em pu, a qual absorve 40 MW
e 20 MVar. A composição da carga é a descrita como segue. potência ativa: 30% de Z
constante e 20 % de potência constante; potência reativa: 100 % de Z constante. Utilize
base igual a 100 MVA.
SOLUÇÃO
As cargas, em pu, apresentam os seguintes valores em condições nominais: Po =
40/100 = 0, 4 pu e Qo = 20/100 = 0, 2 pu. Então, a composição de potência absorvida
pela carga varia com a tensão de acordo com as expressões.
P(V ) = 0, 4 0, 2 + 0, 5V + 0, 3V 2
Q(V ) = 0, 2V 2
EXEMPLO 2.8
Um banco trifásico de capacitores, ligação shunt, de 50 MVA, com tensão nominal
de 230 kV é conectado a uma barra cuja tensão nominal também é 230 kV . Determinar a
potência e a reatância por fase do banco, em pu. Considere base de 100 MVA.
SOLUÇÃO
Tratando-se de capacitor ou reator a potência ativa é nula. Além disso, a composição
da parte reativa da carga desses elementos pode ser considerada como 100% Z constante.
A potência reativa QCo em pu é QCo = 50/100 = 0, 5 pu. Portanto, QC (V ) = 0, 5V 2 .
V 2 V2
Sabe-se que, em pu, a reatância do banco, por fase é XC = Q C
. Desse modo, QC =
1/0, 5 = 2 pu. Então, XC = 2 pu. A impedância será ZC = − j2 pu.
Outras composições para a carga, como parcela devido a motores de indução, são
consideradas. Porém, esse conteúdo não será tratado aqui, havendo excelente material
sobre o assunto em referências específicas.
3
MATRIZES DE REDE
3.1 INTRODUÇÃO
Em muitos problemas em sistemas elétricos de potência é usual se lidar com cálculo en-
volvendo matrizes de ordem elevada. É importante saber como lidar com o problema a fim
de se explorar com eficiência tanto a armazenagem de dados quanto dos procedimentos
de cálculo propriamente dito.
Felizmente, é possível se explorar eficientemente as topologias do sistema e a partir
de algoritmos bem estruturados se formular os problemas de interesse.
Uma matriz importante em análise de redes é a que permite relacionar tensões
nodais (tensões de barra) a injeções de corrente. O interesse aqui é o cálculo dos estados
do sistema em regime permanente ou em baixas freqüências. Diante dessas caracterís-
ticas, é suficiente considerar a rede de interligação como caracterizada por parâmetros
constantes.
Em se tratando de operação em regime senoidal permanente, a rede pode ser con-
siderada como composta de impedâncias à freqüência industrial, fontes independentes
de corrente e de potência. Levando-se em conta as impedâncias, é possível montar uma
matriz de admitância nodal para a rede como um todo.
O objetivo desse capítulo é fornecer as informações, ilustradas com exemplos, de
como montar a matriz de admitância de rede.
45
46 3. MATRIZES DE REDE
V 1 −V 2 V 1 V 1 −V 3
I1 = + + (3.1)
z12 z1 z13
V 2 −V 1 V 2 V 2 −V 3
I2 = + + (3.2)
z12 z2 z23
V 3 −V 1 V 3 V 3 −V 2
I3 = + + (3.3)
z31 z3 z23
1 1 1
Y 11 = + + = y12 + y1 + y13
z12 z1 z13
1 1 1
Y 22 = + + = y12 + y2 + y23
z12 z2 z23
1 1 1
Y 33 = + + = y31 + y3 + y32
z31 z3 z32
1 1 1
Y12 = − = −y12 Y 13 = − = −y13 Y 23 = − = −y23
z12 z13 z23
Diante do exposto, é possível colocar o conjunto de equações de (3.4) a (3.6) na
forma matricial
I = Yb V (3.7)
L NB
∑ yik + ∑ yk
se i = j
Yij = k=1 k=1 (3.8)
−yi j se i 6= j
EXEMPLO 3.1
48 3. MATRIZES DE REDE
SOLUÇÃO
As admitâncias do circuito equivalente do transformador são: A = 1, 1(− j10) =
− j11 pu; B = 1, 1(1, 1 − 1)(− j10) = − j1, 1 pu; e C = (1 − 1, 1)(− j10) = j1 pu.
A Figura 3.1 mostra o circuito elétrico equivalente, com os elementos de cicuitos
dados em forma de admitâncias.
Figura 3.2 Circuito elétrico equivalente para rede elétrica de três barras
V = Y−1
b I (3.9)
EXEMPLO 3.2
No exemplo 3.1, calcule a matriz de impedância de barra associada ao sistema e a
corrente que flui da barra 2 para 3 , quando uma corrente de 3 pu é injetada somente na
barra 1 .
50 3. MATRIZES DE REDE
SOLUÇÃO
A matriz Zbus é a inversa da Ybus. Assim
0, 0104 − j4, 0288 0, 0115 − j4, 5226 −0, 0115 − j4, 5683
Zb = Y−1
b =
0, 0115 − j4, 5226 0, 0126 − j4, 9749 −0, 0126 − j5, 0251
−0, 0115 − j4, 5683 −0, 0126 − j5, 0251 0, 0126 − j4, 9749
V1 0, 0104 − j4, 0288 0, 0115 − j4, 5226 −0, 0115 − j4, 5683 1
V 2 = 0, 0115 − j4, 5226 0, 0126 − j4, 9749 −0, 0126 − j5, 0251 0
V3 −0, 0115 − j4, 5683 −0, 0126 − j5, 0251 0, 0126 − j4, 9749 0
O resultado encontrado é V 1 = 0, 0104 − j4, 0288 pu; V 2 = 0, 0115 − j4, 5226 pu;
e V 3 = −0, 0115 − j4, 5683 pu. Então a corrente fluindo nessas condições da barra 2
para 3 é