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e Medicina do Trabalho
Autor
1.ª edição
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© 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos
direitos autorais.
ISBN: 978-85-7638-843-2
CDD 363.11
Toxicologia ocupacional | 27
Princípios gerais de Toxicologia | 27
Metais pesados | 35
Chumbo | 36
Mercúrio | 38
Níquel | 40
Cromo | 40
Arsênio | 40
Normas regulamentadoras | 61
Riscos ambientais | 77
Riscos ambientais | 77
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (cipa) | 79
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Acidentes de trabalho e riscos físicos | 87
Riscos físicos | 88
Radiações | 92
Epidemiologia – fatores de risco de natureza ocupacional conhecidos | 93
Doenças ocupacionais | 99
Conceito | 100
Epidemiologia | 101
LER/DORT | 102
Gabarito | 121
Referências | 123
Anotações | 125
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Ao longo da história do mundo, o homem sempre enfrentou os mais
diversos tipos de risco. O trabalho é, talvez, a maior fonte desses riscos,
até porque o homem passa a maior parte de sua vida dentro de seu am-
biente laboral, afastando-se de sua família. Desde o caçador mais primi-
tivo, passando pelo artesão da Idade Média, com “escala” nos primeiros
trabalhadores fabris da Revolução Industrial, até chegar no trabalhador
moderno, o homem constantemente passou por diversos riscos de aci-
dentes, de aquisição de doenças e, mesmo, de perder seu maior bem:
a própria vida. Concomitante a esse processo, o homem foi, também,
aprendendo a se cuidar de uma maneira mais adequada, prevenindo-
se, ainda que de maneira empírica, contra os males que pudessem afe-
tar seu bem-estar. Não é exagero, portanto, afirmar que os Serviços de
Saúde e Segurança do Trabalho tiveram origem nos primórdios da hu-
manidade, junto com os processos de trabalho mais remotos, e foram se
adaptando às novas descobertas e aquisições de conhecimentos na bus-
ca eterna de se atingir uma excelência na arte da prevenção e promoção
da saúde, especificamente no ambiente laboral.
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Noções fundamentais sobre o funcionamento da Previdência Social tam-
bém são apresentadas, ficando por conta dos Acidentes de Trabalhos,
seus riscos e prevenções o encerramento desta obra.
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Introdução à Segurança,
Saúde, Higiene e Medicina
do Trabalho
Rui Bocchino Macedo*
Saúde do trabalhador
O trabalho das sociedades atuais é realizado dentro de padrões determinados historicamente. A
metalurgia, por exemplo, descende do trabalho em metais da Idade Média, onde o artesão medieval
realizava todas as etapas do trabalho com o metal, desde a fundição até o acabamento final, por vezes
também atuando em sua revenda. O metalúrgico atual, por sua vez, representa apenas uma pequena
parcela em toda a cadeia de transformação do metal, pois seu trabalho limita-se a estar à frente de má-
quinas, realizando passos da produção, sendo o ritmo de trabalho elevado com estímulos salariais para
o aumento da produtividade e com controle constante sobre a produção.
Ao artesão medieval, que concentrava todo o processo de produção a sua pessoa, cabia a função
de imaginar, criar como seria a peça a ser produzida antes de lidar com o metal. Havia a liberdade para
introduzir mudanças durante a produção, que era baixa, devido ao fato de as técnicas serem extrema-
mente rudimentares naquela época. Quanto ao trabalhador moderno, a execução de tarefa monótona,
repetitiva e desprovida de conteúdo mais intelectualizado, associado à alta produtividade e compe-
titividade da empresa no mercado, pode levar o trabalhador a permanente sofrimento psíquico, com
repercussões na esfera intelecto-emocional e somático, conhecido como estresse.
* Especialista em Medicina do Trabalho pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Médico pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra).
Responsável Técnico pelo Serviço de Engenharia e Saúde Ocupacional (SESAO) da UFPR. Professor.
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8 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
No Brasil, há queixas de trabalhadores e sindicatos de um certo descaso nas condições dos am-
bientes de trabalho, especialmente no que diz respeito à exposição do trabalhador a produtos químicos,
ruídos e trepidações; jornadas de trabalho muito extensas com a realização de horas extras; submissão
do trabalhador frente ao autoritarismo na organização do trabalho sem a participação dos trabalhado-
res nas decisões; demissão imotivada, decorrentes da inviabilização de reivindicações por melhorias;
baixos salários; problemas sociais relacionados a condições inadequadas de transporte urbano, mora-
dia, alimentação, lazer, acesso a serviços de saúde e medicamentos.
A abordagem quanto à saúde do trabalhador é feita através, inicialmente, de uma anamnese clí-
nica/ocupacional, de um exame clínico e de uma investigação laboratorial. Esse contato é fundamental
para se poder conhecer o trabalhador, bem como seu ambiente de trabalho como um todo, para conse-
guir relacionar ou não os sintomas dos quais se queixa com o seu respectivo trabalho.
Anamnese ocupacional
A maioria das doenças relacionadas ao trabalho e ao meio ambiente manifestam-se como queixas
comuns, sem sinais e sintomas específicos. Assim, a história de exposição a um agente ou situação no traba-
lho capaz de produzir doença é fundamental para o diagnóstico correto e a adoção dos procedimentos dele
decorrentes, como o tratamento, a prevenção e os possíveis encaminhamentos previdenciários.
O profissional de atenção primária à saúde tem um importante papel na detecção, tratamento e
prevenção das doenças decorrentes das exposições tóxicas e/ou situações particulares de trabalho, que
podem ser reconhecidas ou suspeitadas a partir da história do paciente.
Na anamnese ocupacional são levantadas questões com a descrição dos trabalhos atual e pas-
sados. Também são levantados os riscos a que o trabalhador está ou esteve exposto, como o contato
com poeiras, fumaças, metais, líquidos ou outras substâncias químicas, ou ainda fatores como calor ou
ruídos excessivos. Ainda na anamnese ocupacional, devem ser levados em consideração a jornada de
trabalho, o turno (diurno, noturno ou rodízio), além da opinião pessoal do trabalhador, que é questio-
nado sobre as suas condições de trabalho.
Deve conter, na anamnese, a descrição da atividade específica realizada, do ritmo e dos turnos
de trabalho e da matéria-prima ou substância que possa interferir no risco. Essas informações são im-
portantes para que seja feita a diferenciação entre as categorias. Por exemplo, o metalúrgico, que pode
estar lotado num setor administrativo ou na linha de produção, o que pode diferenciar a exposição a
riscos. Trabalhadores de mesma função em empresas distintas também podem apresentar diferentes
formas de organização e ritmos de trabalho.
Fatores como o turno de trabalho podem interferir no diagnóstico e no tratamento de qualquer
doença, sendo, por conseguinte, extremamente importante a anamnese ocupacional. Isso fica eviden-
ciado na realização de exames ou na determinação de horários fixos para o uso de medicações em
funcionários de turnos alternados, além da investigação de riscos percebidos pelo próprio trabalhador.
A grande maioria das pessoas que procuram os serviços de saúde são atendidas por profissionais
não-especialistas em questões de saúde ocupacional ou ambiental. Com o crescimento do setor infor-
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Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho | 9
mal de trabalho, um número cada vez maior de trabalhadores estará descoberto das ações de serviços
especializado das empresas e de planos de saúde complementares, tendo como única alternativa a
rede pública de serviços de saúde. É interessante destacar que o momento da entrevista e a escuta do
paciente falando sobre seu trabalho pode representar uma oportunidade de estreitamento da relação
médico–paciente e constituir um processo pedagógico de identificação, no trabalho, de fatores adoe-
cedores que necessitam ser evitados ou corrigidos.
Podemos dividir a anamnese ocupacional quanto à investigação: do perfil ocupacional, da expo-
sição ocupacional e contaminação ambiental.
Perfil ocupacional
Nele devem estar contidas as atividades atuais e passadas. Ele descreve o ritmo de trabalho, rit-
mo das atividades, conteúdo das tarefas, matérias-primas utilizadas, posto de trabalho, riscos ambien-
tais, medidas de proteção, efeitos verificados com a exposição. Investiga também fatores que podem
aumentar, predispor ou modificar os riscos ocupacionais, como idade, sexo, hábitos de fumar ou se
alimentar no trabalho, avalia se os sintomas são exacerbados ou atenuados pela exposição aos riscos
ocupacionais, avalia a modificação dos riscos aos finais de semana, férias, final do turno de trabalho ou
ainda em que dia da semana os sintomas são mais intensos.
Exposição ocupacional
Exposição de característica específica, relata fatores que podem modificar os efeitos das exposi-
ções aos riscos ocupacionais, como alergias, patologias no trabalho atual ou passado, além de sua pre-
disposição a adquirir determinadas doenças. Também deve citar fatores que podem alterar as respostas
aos riscos ocupacionais quando eles existem, tais como história de doença respiratória ou cardíaca,
patologia renal, insuficiência hepática, alterações neurológicas, estado de nutrição, erro metabólico,
hipovitaminose. Além disso, busca problemas de saúde similar em colegas de trabalho.
A adoção rotineira da coleta da história ocupacional e a existência de uma rede de referência para
as ações no cuidado primário desempenham um importante papel na detecção, prevenção e tratamen-
to de doenças relacionadas ao trabalho.
Contaminação ambiental
Investiga a ocorrência de exposição não-profissional a substâncias potencialmente patogênicas,
como a casa do trabalhador próxima a alguma indústria ou a contaminação com substâncias tóxicas ou
pesticidas nos momentos de lazer, ou mesmo resíduos tóxicos trazidos do ambiente de trabalho para
casa por outros membros da família.
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10 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
Investigação laboratorial
Com esse procedimento busca-se, além das confirmações diagnósticas, observar medidas de ex-
posição que estão ocorrendo no período subclínico, obter um diagnóstico precoce e avaliar as medidas
de controle de riscos, na fonte e no meio ambiente, que forem instituídas. Pode ser usada como medida de
exposição, como indicador biológico de exposição, além de ser parte fundamental de um programa de
vigilância epidemiológica.
Realiza-se, normalmente, no sangue ou na urina. Outros testes podem ser realizados em labora-
tórios especializados em Toxicologia, utilizando unhas, cabelos, tecidos e outros fluídos corporais. Os
parâmetros clínicos obtidos devem ser admitidos como padrão para acompanhamento da evolução no
quadro de exposição a determinado agente, mas não como um valor absolutamente seguro.
Serve, também, como parâmetro para a busca de um ambiente de trabalho seguro e sem riscos
ou, ao menos, com todos os riscos controlados. O valor determinado como limite de tolerância pode ser
reduzido até drasticamente, de acordo com novos estudos e acompanhamentos de trabalhadores por
longos períodos ou descobertas de novos feitos.
Muitas das doenças relacionadas ao trabalho ou a uma exposição ambiental manifestam-se como
um problema médico comum e não apresentam sintomatologia específica. Assim, a história de uma
exposição prévia significativa a um agente ou condição de trabalho adoecedora é que vai permitir que
se suspeite da relação da doença com o trabalho ou com uma exposição ambiental. Se esses aspectos
não forem adequadamente explorados pelo médico que atende o paciente, o diagnóstico etiológico
fica prejudicado, o tratamento pode vir a ser inadequado e ficam perdidas as chances de uma atuação
preventiva sobre o paciente e o conjunto dos demais expostos à mesma situação.
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Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho | 11
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12 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
Surdez ocupacional
A exposição a ruídos de duração prolongada ou de grande intensidade pode acarretar danos à
audição e, conseqüentemente, levar à surdez profissional. Essa doença é comum em caldeireiros, ferrei-
ros, prenseiros, maquinistas, tecelões, entre outros.
O grau da lesão produzida pelo ruído está relacionado com diversos fatores. Um dos principais
fatores é a intensidade. Ruídos superiores a 80dB poderão levar a trauma auditivo. O tipo de ruído tam-
bém é importante. O ruído intermitente, ou de impacto, parece produzir danos maiores. O período de
exposição também deve ser levado em consideração, assim como a duração do trabalho, uma vez que
o efeito é cumulativo. Também são fatores importantes a susceptibilidade individual, a idade, as patolo-
gias auditivas prévias e outras patologias, como hipertensão arterial, diabetes e hipertireoidismo.
Trauma acústico e surdez por exposição ao ruído são os tipos de transtornos auditivos que podem
acometer o profissional. O trauma acústico é uma lesão produzida no ouvido médio ou interno por impac-
to sonoro ou ruído intenso. O diagnóstico é feito através da história ocupacional, na qual se busca estímulo
e associação com o início da sintomatologia (surdez, vertigens, zumbidos, dor); do exame físico, a partir do
qual se busca evidência de congestão vascular ou até ruptura timpânica com lesão na cadeia ossicular; e
da audiometria, em que há ou não falha na discriminação vocal, além de queda em 4KHz.
A surdez por exposição ao ruído decorre de uma exposição crônica, em que traumatismos suces-
sivos levam a um deslocamento assimétrico da membrana basilar. Os sintomas são causados devido à
cronicidade da evolução do quadro, como zumbido noturno ou em locais silenciosos. A audiometria
aponta, inicialmente, queda em 4KHz. Com a evolução do quadro, ocorre aprofundamento da queda e
propagação para 3, 6 e 8KHz, com cada vez mais dificuldade de discriminação vocal.
Além da perda auditiva característica, o ruído pode ser o fator causador de outras doenças. Essas
patologias podem afetar o trabalhador psicologicamente, causando depressão, estresse, entre outras
doenças, chegando a gerar danos inclusive no sistema cardiovascular, podendo ser fator causador de
hipertensão arterial e taquicardia.
Dores na coluna
Uma das maiores queixas no mundo moderno é a de dor na coluna. Dentro de um ambiente laboral,
essa patologia acomete vários trabalhadores, devido a diversos fatores, os quais serão abordados a seguir.
Para melhor entender o mecanismo da dor na coluna, é necessário conhecer a estrutura anatômi-
ca da coluna vertebral humana. Ela é dividida em 33 vértebras, sendo 7 formadoras da coluna cervical,
12 da coluna torácica, 5 da coluna lombar, 5 vértebras fundidas formadoras da região sacral e 4 vérte-
bras da região coccígea. Seu limite superior é o osso occipital, sendo o osso ilíaco o limite inferior.
A coluna vertebral possui uma região denominada canal vertebral, que segue as diferentes cur-
vas da coluna vertebral. Grande e triangular nas regiões cervical e lombar, onde a coluna possui maior
mobilidade, o canal vertebral é pequeno e redondo na região onde não há muita mobilidade, a região
torácica. Esse canal possui algumas características gerais, cada qual com sua função, sendo que cada re-
gião da coluna possui suas próprias características, assim como cada vértebra se difere uma da outra.
Além das vértebras, outras estruturas podem ser responsáveis pelas dores na coluna. Os discos
intervertebrais, músculos e ligamentos são algumas dessas estruturas. Também se destacam outras do-
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Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho | 13
enças presentes em outras estruturas que podem resultar em dores na coluna, tais como aneurisma de
aorta, úlcera duodenal, inflamação na próstata, doença inflamatória pélvica, entre outras.
Algumas são as doenças e situações diretamente relacionadas com as dores na coluna. Dentre
elas, destacam-se a osteoporose, hérnias discais, tumores, postura viciosa, obesidade, fibromialgia, ar-
trose, artrite reumatóide – com inflamação nas articulações e outros tecidos, gravidez e encurtamento
dos músculos das pernas. Além disso, existem fatores de risco que influenciam no aparecimento do
quadro álgico na coluna vertebral. Dentre eles, podem-se citar a obesidade, a tensão emocional, os
esforços excessivos, a idade, o sexo e a atividade profissional.
Algumas doenças da coluna vertebral podem estar relacionadas ao trabalho. As dores musculares
são um exemplo, especialmente as dores em coluna lombar, denominadas lombalgias. Também pro-
blemas posturais, que podem gerar desvios no eixo, ou aumento na curvatura preexistente da coluna
vertebral. Esses desvios são denominados cifose, lordose e escoliose. Osteofitose e hérnias discais também
são causas comuns de dores na coluna.
A lombalgia é uma doença cuja incidência mundial é de aproximadamente 5% de novos casos ao
ano, sendo que em alguma fase da vida, estima-se que 80% dos indivíduos terão dor lombar. Ela pode
ser diagnosticada em três fases. A fase subaguda é quando ela se iniciou há menos de um mês. A fase
aguda ocorre quando o início do quadro ocorreu entre um e seis meses. A fase crônica é quando a dor
já vem há mais de seis meses. Suas causas são as mais diversas. Podem ser decorrentes de problemas
mecânicos – posturais, devido a posturas viciosas, obesidade, gravidez, esforços repetitivos, ergonomia
inadequada; degenerativos, como estenose do canal vertebral, artrose articular; psicológicas, como dor
miofascial; tumorais, por metástase óssea; mistas, como fibromialgia, entre outras.
A cifose caracteriza-se por ser um aumento anormal da concavidade posterior da coluna verte-
bral. As causas mais importantes dessa deformidade são a má postura e o condicionamento físico ina-
dequado. Outras doenças também podem causar essa deformidade, como a espondilite anquilosante
e a osteoporose senil.
A lordose é um aumento anormal da curva lombar, levando a uma acentuação da lordose lombar
anatômica. A essa situação, dá-se o nome de hiperlordose. A dor ocorre especialmente em atividades
que envolvam a extensão da coluna lombar, tal como permanecer em postura ortostática por muito
tempo, o que tende a acentuar o quadro. A flexão do tronco usualmente atenua a dor, o que faz com
que, normalmente, a pessoa prefira permanecer em posição sentada ou deitada.
A escoliose é a curvatura lateral da coluna vertebral. Sua progressão depende muito da idade em
que ela se inicia, bem como da magnitude do ângulo da curvatura durante o período de crescimento
na adolescência. Para a melhora do quadro, são essenciais o tratamento fisioterápico, com uso de alon-
gamentos e melhora na respiração.
A osteofitose, popularmente conhecida como bico de papagaio, é decorrente da protusão pro-
gressiva do anel fibroso do disco intervertebral, dando origem à formação de osteófitos, cujos efeitos
são agravados pela desidratação gradual do disco intervertebral. Ela causa a aproximação das vértebras
e pode comprimir a raiz nervosa, gerando fortes dores.
As hérnias de disco são resultados de diversos pequenos traumas da coluna, que vão, gradativa-
mente, lesando as estruturas do disco intervertebral. Também podem ser decorrentes de um trauma
severo sobre a coluna. Elas surgem quando o núcleo do disco intervertebral migra do seu local, no cen-
tro do disco, para a sua periferia, em direção ao canal medular ou nos espaços por onde saem as raízes
nervosas, levando à compressão das raízes nervosas.
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14 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
texto complementar
Desenvolvimento
A relação entre o trabalho e a saúde/ doença surgiu na Antigüidade, mas tornou-se um foco de
atenção a partir da Revolução Industrial. Afinal, no trabalho escravo ou no regime servil, inexistia a
preocupação em preservar a saúde dos que eram submetidos ao trabalho. Os trabalhadores eram
equiparados a animais e ferramentas.
Com a Revolução Industrial, o trabalhador passou a vender sua força de trabalho tornando-se presa
da máquina e da produção rápida para acumulação de capital. As jornadas eram excessivas, em ambien-
tes extremamente desfavoráveis à saúde, aos quais se submetiam também mulheres e crianças. Esses
ambientes inadequados propiciavam a acelerada proliferação de doenças infecto-contagiosas, ao mes-
mo tempo em que a periculosidade das máquinas era responsável por mutilações e mortes.
Através dos tempos, o Estado passou a intervir no espaço do trabalho baseando-se no estudo
da causalidade das doenças. Assim, toma figura o médico do Trabalho que vai refletir na propensão
a isolar riscos específicos e, dessa forma, atuar sobre suas conseqüências, medicando em função de
sintomas e sinais ou, quando muito, associando-os a uma doença legalmente reconhecida. A partir
daí houve uma crescente difusão da matéria de Segurança e Medicina do Trabalho.
No Brasil, a legislação trabalhista compõe-se de normas regulamentadoras, normas regula-
mentadoras rurais e outras leis complementares, como portarias, decretos e convenções interna-
cionais da Organização Internacional do Trabalho.
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Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho | 15
Devido ao fato de ter surgido e se mantido a sombra da legislação, muitos de nós não demos
a devida importância a Segurança do Trabalho. Limitamos a mera leitura da legislação sem preo-
cuparmos com a interpretação e a cultura prevencionista. Ainda existe uma gama de instituições
empresariais que só implantam os programas exigidos por lei para terem os documentos e papéis
em seus arquivos com o objetivo de apresentar aos fiscais do Trabalho, em caso de fiscalização.
Felizmente um maior número de pessoas já compreende que as doenças profissionais são aquelas
decorrentes da exposição dos trabalhadores aos riscos ambientais, ergonômicos ou de acidentes.
O setor de segurança e saúde tornou-se multidisciplinar e busca incessantemente prevenir os
riscos ocupacionais. Essa é a forma mais eficiente de promover e preservar a saúde e a integridade
física dos trabalhadores. Nesse aspecto se destaca os profissionais da área, composto por técnico de
Segurança do Trabalho, engenheiro de Segurança do Trabalho, médico do Trabalho e enfermeiro
do Trabalho. Estes, por sua vez, atuam na eliminação ou neutralização dos riscos, prevenindo uma
doença ou impedindo o seu agravamento. Para tanto, é necessária a antecipação dos riscos que
envolvem a análise de projetos de novas instalações, métodos ou processos de trabalho, ou de mo-
dificação dos já existentes, visando identificar os riscos potenciais e introduzir medidas de proteção
para sua redução ou eliminação. Outra etapa do processo de prevenção é a de reconhecimento dos
riscos. Nesse caso, o risco já está presente e será preciso intervir no ambiente de trabalho. Reconhe-
cer os riscos é uma tarefa que exige observação cuidadosa das condições ambientais, caracteriza-
ção das atividades, entrevistas e pesquisas. A adoção das medidas de controle, também se torna
necessária para a etapa da prevenção. Nesse caso o engenheiro de Segurança deverá especificar e
propor equipamentos, alterações no arranjo físico, obras e serviços nas instalações, procedimentos
adequados, enfim, uma série de recomendações técnicas pertinentes a projetos e serviços de en-
genharia.
Além dessas etapas, por parte do empregador, é de fundamental importância o treinamento
dos empregados para a correta utilização dos equipamentos de proteção individual ou coletiva. A
empresa deve treinar o trabalhador com recursos próprios, ou por meio dos fabricantes de EPIs que
já fazem esse trabalho gratuitamente, através de palestras ou mini-cursos. Portanto, a inspeção no
local de trabalho é procedimento essencial de antecipação intempéries em relação à segurança e
Medicina do Trabalho.
Eliminando-se as condições inseguras e os atos inseguros é possível reduzir os acidentes e as
doenças ocupacionais. Esse é o papel da Medicina e Segurança do Trabalho Preventiva.
Conclusão
Qualquer empresa que queira realmente melhorar a qualidade de vida dos seus colaboradores
deve estar disposta a ouvir sua equipe, dar possibilidade do indivíduo expor suas súplicas, fortale-
cendo desta forma uma relação de trabalho confiável e saudável. Após abrir este importante canal
de comunicação, a empresa deverá fazer um levantamento criterioso dos problemas que acome-
tem a equipe como um todo, visualizando sua real existência e verificando suas incidências. Uma
vez realizado este reconhecimento da saúde geral dos trabalhadores, devem-se levantar os proble-
mas mais comuns e fazer um estudo individualizado para descobrir de que forma estão ou não rela-
cionados às rotinas de trabalho de cada um, sendo importante nesta fase o auxílio de profissionais
preparados para esta compreensão.
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16 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
Uma vez realizado todo este levantamento e análise, deve-se agir tentando eliminar os fatores
de risco e caso isso não tenha sido possível, deve-se proteger os colaboradores dos riscos, muitas
vezes adotando uso de EPIs mais adequados, orientações de forma de trabalho e fomentando este
indivíduo de recursos de proteção direcionada, e por último, após todas estas ações deve-se investir
num mecanismo de defesa e preparo para a função, adaptando todo o posto e o indivíduo.
Portanto, a maneira mais eficaz de impedir o acidente é conhecer e controlar os riscos. Isso se
faz com uma política de segurança e saúde dos trabalhadores que tenha por base a ação de profissio-
nais especializados, antecipando, reconhecendo, avaliando e controlando todo o risco existente.
Atividades
1. Um funcionário chega com queixa de dor intensa em região lombar. Não há ambulatório médico
na empresa, sendo você o único responsável pela Segurança do Trabalho na ocasião. Qual é a sua
conduta?
a) Daria um antiinflamatório com miorelaxante e analgésico ao funcionário.
b) Trocaria imediatamente o seu posto de trabalho, evitando agravamento da lesão.
c) Faria bolsa de água quente na região afetada e encaminharia o funcionário ao serviço médico
mais próximo ou conveniado.
d) Manteria o paciente no trabalho e o orientaria a buscar um médico após o serviço.
e) Orientaria os colegas de trabalho a dobrarem a jornada para compensar a falta do trabalhador
com problemas.
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Gabarito
Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
1. B
2. C
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