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ACIDENTE COM ATLETA LAÍS SOUZA – 27/01/2014 – Treinamento para os Jogos

Olímpicos de Inverno - Rússia

O ACIDENTE

Laís Souza se acidentou no dia 27 de janeiro, quando se preparava para competir nos Jogos
Olímpicos de Inverno de 2014, que foram disputados na cidade de Sochi, na Rússia. A ex-
ginasta competia no esqui aéreo, com a companhia de Josi Santos, também antiga amiga dos
tempos de ginástica.

O acidente ocorreu fora dos treinamentos específicos da modalidade. Laís Souza esquiava em
Salt Lake City, onde finalizava a preparação para a Olimpíada, quando se chocou com uma
árvore - portanto, não foi durante as acrobacias costumeiras do esqui aéreo.

A brasileira foi socorrida instantaneamente pela amiga Josi Santos e pelo treinador Ryan Snow,
que acompanhavam Laís na atividade. A ex-ginasta foi, então, levada a um hospital, onde
tomou noção do seu caso: grave e bastante sério.
A LESÃO

Laís Souza sofreu uma lesão na terceira vértebra (C3) da coluna cervical. Além de se quebrar, a
vértebra também teve um deslocamento e comprimiu as outras abaixo, principal problema de
acordo com o Dr. Vinicius Benites, neurocirurgião especialista em lesões da coluna. O choque
na coluna, acima do pescoço e quase na cabeça, causa três problemas imediatos: um é relativo à
função motora, que impossibilita a movimentação do pescoço para baixo, outra é a função
sensitiva (perda de sensibilidade da região abaixo do pescoço) e a última é a perda de funções
autonômicas, da qual não temos controle, como a defecação e a urina.

A fratura-luxação de Laís afetou gravemente a medula. Para Benites, a atleta nacional deveria
ter recuperado as principais funções corporais logo nos dias seguintes ao do acidente, caso
tivesse sofrido apenas um choque medular. Sendo assim, a esquiadora teve uma lesão medular
definitiva, com chances grandes de ter sido uma lesão completa da medula.

Alguns fatores indicam que Laís sofreu uma lesão completa na medula, segundo os
especialistas. O primeiro é o fato de não terem sido notados movimentos em dedos ou mãos nos
primeiros dias após o acidente- as notícias vindas de Salt Lake City reiteravam apenas melhoras
na fala e na respiração da ex-ginasta.

Outro diz respeito aos procedimentos adotados pelo hospital: os médicos fizeram duas cirurgias
(traqueostomia e gastrostomia) com a atleta internada somente há dois dias, o que sugere que a
equipe percebeu que o estado dela era bastante grave e não poderia ser revertido -
normalmente, são esperados sete ou oito dias para a realização de ambas as cirurgias.
PRIMEIROS PROCEDIMENTOS

Ainda no local do acidente, Laís Souza recebeu o amparo da companheira de treinos Josi
Santos e do treinador Ryan Snow e logo foi encaminhada para o centro médico da estação de
esqui, onde tentaram recolocar a coluna da brasileira no lugar. Encaminhada para o Hospital
Universitário de Utah, os médicos perceberam que a lesão da esquiadora era grave e realizaram
uma intervenção cirúrgica imediata para reparo na coluna.

O passo seguinte dos responsáveis pela saúde de Laís foi esperar 24 horas, até o choque
medular passar, para terem noção da gravidade dos problemas - por isso, o primeiro boletim
médico só foi divulgado no dia seguinte ao acidente. A resposta da brasileira não foi
animadora: passado um dia da lesão, Laís conseguiu apenas mexer e sustentar os ombros, sem
ter qualquer reação dos membros do corpo abaixo do tronco.

Notando que o caso era grave, os médicos da Universidade de Utah, em Salt Lake City,
apressaram duas intervenções cirúrgicas, que foram realizadas logo na quinta-feira, dois dias
após a internação da atleta. Entenda abaixo o que é cada uma:

Gastrostomia: instalação de um tubo no estômago para alimentação remota (sonda alimentar)

Traqueostomia: procedimento que realiza uma abertura na traqueia para ajudar a respiração e
prevenir possíveis infecções respiratórias

SITUAÇÃO ATUAL

Laís Souza ficou internada no Jackson Memorial Hospital, em Miami, até o dia 16 de junho do
ano passado, quando recebeu alta. A ginasta seguiu em Miami, em um apartamento custeado
pelo COB, até 13 de dezembro, data em que enfim retornou ao Brasil. Neste período, ela fez
tratamento com células-tronco inédito nos EUA – e relatou que a sensibilidade em algumas
partes do corpo aumentou.

Assim que desembarcou em seu país-natal após 11 meses, Laís se mostrou confiante,
brincalhona, sorridente e inspiradora. "Sou muito positiva. Acho que foi mais uma forma de
aceitar a situação que me encontro hoje e encarar. Sou privilegiada por estar nesse tratamento
(com células-tronco). É inexplicável o quanto isso me motiva. Fico orgulhosa por isso", disse a
ex-atleta, na ocasião. "Eu estava na hora errada no momento errado no acidente. Mas não
poderia ter acontecido coisas melhores após o acidente", acrescentou.

"A força de vontade, determinação, caráter e motivação são incríveis. Ela tem um carisma
muito grande. Isso motivava a Laís e a equipe dos médicos. Conseguimos intervir junto ao
governo americano para o tratamento de células tronco. Hoje, tenho o prazer de informar que,
dez meses após a lesão, ela converteu de lesão completa para incompleta", explicou o médico
do Comitê Olímpico do Brasil, Antônio Marttos.

Agora, a ex-atleta mantém seus sonhos de antigamente, além de brincar um pouco com seu
futuro. "Muitos sonhos... continuo com o mesmo objetivo. Claro, alguns mudaram. Mas hoje
um deles é voltar a andar, trazer novidades para o Brasil. Mas eu continuo a mesma Laís de
sempre. Quero estar bem. Vivendo um dia após o outro. Sempre pensando no presente", disse,
ainda deixando um espaço para deixar um sonho mais às claras. "Me imagino bem próxima à
ginástica. Eu quero estar na próxima (Olimpíada), sim. Até brinco com eles (médicos) que
quero chegar andando na Olimpíada (Rio-2016)", decretou.

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