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OS limites da narrativa

HISTORICAMENTE O Gênero da ficção dedicada ao público infanto-juvenil buscou sua principal


fonte de inspiração nos contos de fadas , muitos deles coletados pelo irmãos Grimm, na
Alemanha, e por Charles Perrault, na França, bem como em escritores como o dinamarquês
Christian Andersen e o italiano Carlo Lorenzini (pseudônimo Carlo Collodi), criadores de
histórias muitos conhecidas, como O Soldadinho de Chumbo e Pinóquio. Um dos aspectos
estruturais mais evidentes nessas histórias é o fato de possuírem enredos muitos lineares que
seguem, geralmente à risca, o sistema quinário clássico, no qual há uma situação inicial que é,
desestruturada por algum perturbação. Em seguida, vão sendo narrados episódios que seguem
em direção a um desfecho, geralmente positivo. A situação de extrema tensão que antecede o
desfecho caracteriza o clímax da obra e, após o desfecho, encontra-se com frequência uma
situação final. No que tange ao foco narrativo, geralmente predomina uma focalização
onisciente.

Esse tipo de enredo linear vem sendo sistematicamente abandonado pela literatura produzida
para o universo adulto desde as vanguardas do século passado e, principalmente, a partir do
modernismo e do pós-modernismo, cedendo espaço para diversos tipos de experimentação
com a forma literária e com diferentes possibilidades de ponto de vista. Segundo ZIlberman
(2005), uma das tendências mais significativas da literatura infanto-juvenil contemporâneo-
desde a década 1960, mas principalmente as obras produzidas mais recentemente-segue
exatamente nessa trilha experimentalista. Neste contexto, inicialmente, podemos chamar a
atenção para duas principais características estético-literárias altamente apreciadas: a
metaficção e a intertextualidade .

UM livro que pode exemplificar o processo metaficcional é UM homem no sótão(1982), de


Ricardo Azevedo, em que o próprio procedimento da escrita é tematizado, primeiro

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