Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Lesoes Precursoras Do Cancer de Mama 2021 FEBRASGO
Lesoes Precursoras Do Cancer de Mama 2021 FEBRASGO
2020 / 2023
Vice-Presidente
Cynthia Mara Brito Lins Pereira
Secretário
Eduardo Camargo Millen
Membros
Adriana Magalhães de Oliveira Freitas
Andrea Pires Souto Damin
Fabio Bagnoli
Fabricio Palermo Brenelli
Francisco Pimentel Cavalcante
Guilherme Novita Garcia
Hilka do Espirito Santos
Ivo Carelli Filho
Rosemar Macedo Sousa Rahal
Sabas Carlos Vieira
Vilmar Marques de Oliveira
Vinicius Milani Budel
Descritores
Neoplasias da mama/prevenção & controle; Lesões pré-malignas; Lesões marcadoras de risco;
Prevenção primária; Quimioprofilaxia
Como citar?
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Lesões
precursoras do câncer de mama. São Paulo: FEBRASGO; 2021. (Protocolo FEBRASGO-
Ginecologia, n. 54/Comissão Nacional Especializada em Mastologia).
Introdução
As lesões precursoras do câncer de mama compreendem entidades
heterogêneas com padrões variáveis de apresentação, morfologia e
comportamento clínico que podem vir a se tornar câncer de mama.
Há lesões consideradas marcadoras de risco, mas que não possuem
potencial de se transformar em câncer.(1,2) O principal objetivo do re-
conhecimento dessas lesões é que podem estar associadas a carci-
noma ductal in situ (CDIS) ou carcinoma invasor (CI), necessitando
de tratamento complementar, ou relacionadas ao aumento de chan-
ce de desenvolvimento de câncer de mama, que pode ser reduzido
significativamente com a utilização de medidas preventivas, como
quimioprofilaxia.
* Este protocolo foi elaborado pela Comissão Nacional Especializada em Mastologia e validado pela
Diretoria Científica como Documento Oficial da FEBRASGO. Protocolo FEBRASGO de Ginecologia, n.
54. Acesse: https://www.febrasgo.org.br/
Todos os direitos reservados. Publicação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (FEBRASGO).
Fisiopatologia
Algumas lesões proliferativas, mediante proliferação clonal, que ocor-
rem após evento iniciador e com similaridades genéticas e molecula-
res com o carcinoma evoluem para câncer de mama. O estrogênio
é considerado o principal agente carcinogênico estimulador dessa
transformação e sabe-se que nem todas as lesões precursoras se trans-
formarão em câncer, pois, além da lesão precursora, há também ques-
tões inerentes ao microambiente local e à imunologia da paciente.(3,4)
Tratamento cirúrgico
Recomenda-se tratamento da AEP na presença de lesão residual sus-
peita (microcalcificações após biópsia percutânea). Tratamento ci-
rúrgico é baseado na marcação radiológica da área da lesão seguida
de setorectomia ou ressecção segmentar. Na ausência de lesão resi-
dual após biópsia, não se deve realizar cirurgia.(11)
Conduta após diagnóstico: na ausência de lesão residual suspei-
ta, deve-se realizar apenas seguimento clínico usual da paciente.
CONDUTA
WHO - CLASSIFICATION OF TUMORS, 5th edition.
AMERICAN SOCIETY OF BREAST SURGEONS (ASBS)
AEP pura
LESÃO RESIDUAL
SIM NÃO
CIRURGIA OBSERVAÇÃO
Fonte: World Health Organization (WHO). Breast tumors: WHO classification of tumors. 5th
ed. Geneva: WHO; 2018.(5) The American Society of Breast Surgeons. Consensus Guideline on
Concordance Assessment of Image-Guided Breast Biopsies and Management of Borderline or
High-Risk Lesions. American Society of Breast Surgeons; c2018. [cited 2020 Nov 8]. Available
from: https://www.breastsurgeons.org/docs/statements/Consensus-Guideline-on-Concordance-
Assessment-of-Image-Guided-Breast-Biopsies.pdf(11)
Tratamento cirúrgico
A recomendação de tratamento da HDA geralmente é independente
da presença de lesão residual e a conduta é realizar ressecção seg-
mentar da área biopsiada.(11) Em casos selecionados de lesão unifocal
com remoção completa na biópsia percutânea, em pacientes idosas,
o seguimento pode ser realizado com exames clínico e de imagens.
Conduta após diagnóstico: inúmeros estudos demonstram a
eficácia da utilização de terapia com moduladores seletivos dos
receptores de estrogênio (SERMs) ou inibidores da aromatase
Protocolos Febrasgo | Nº54 | 2021
7
Lesões precursoras do câncer de mama
CONDUTA
WHO - CLASSIFICATION OF TUMORS, 5th edition.
AMERICAN SOCIETY OF BREAST SURGEONS (ASBS)
HDA
CIRURGIA
Fonte: World Health Organization (WHO). Breast tumors: WHO classification of tumors. 5th
ed. Geneva: WHO; 2018.(5) The American Society of Breast Surgeons. Consensus Guideline on
Concordance Assessment of Image-Guided Breast Biopsies and Management of Borderline or
High-Risk Lesions. American Society of Breast Surgeons; c2018. [cited 2020 Nov 8]. Available
from: https://www.breastsurgeons.org/docs/statements/Consensus-Guideline-on-Concordance-
Assessment-of-Image-Guided-Breast-Biopsies.pdf(11)
Tratamento cirúrgico
A necessidade de ressecção cirúrgica após resultados de biópsias
percutâneas assistidas a vácuo com resultado de HLA e CLIS com
retirada completa da lesão (ausência de lesão residual ao exame de
imagem) é controversa.
Resultados de estudos têm demonstrado que parte de HLA e CLIS
podem ser acompanhados clinicamente e por exames de imagem
em vez de serem submetidos a tratamento cirúrgico quando não há
lesão residual, principalmente naqueles resultados de achados inci-
dentais ou com comprometimentos focais (menos de três unidades
ducto-tubulolobulares) em razão das baixas taxas de subestimação
e evolução para carcinoma.(18,19,22) Já nos casos de presença de lesão
residual, torna-se mandatória ressecção cirúrgica.(11,23-25)
Conduta após diagnóstico: como descrito anteriormente, CLIS
é uma lesão marcadora de risco importante. Um estudo do MSKCC
que comparou o uso de quimioprevenção em pacientes que apre-
sentaram CLIS em biópsia versus o grupo que apenas acompanhou
clinicamente demonstrou redução de 70% no risco de câncer: 7% de
casos no grupo quimioprevenção versus 21% de casos no grupo se-
guimento após dez anos de diagnóstico.(21)
Mastectomia bilateral redutora de risco pode ser considerada
em casos muito específicos, levando em consideração fatores de his-
tórias pessoal e familiar de câncer. Neste estudo, todas as pacientes
que realizaram esse procedimento não desenvolveram doença no se-
CONDUTA
WHO - CLASSIFICATION OF TUMORS, 5th edition.
AMERICAN SOCIETY OF BREAST SURGEONS (ASBS)
HLA/CLIS clássico
LESÃO RESIDUAL
SIM NÃO
CIRURGIA OBSERVAÇÃO*
(Casos selecionados)
Fonte: World Health Organization (WHO). Breast tumors: WHO classification of tumors. 5th
ed. Geneva: WHO; 2018.(5) The American Society of Breast Surgeons. Consensus Guideline on
Concordance Assessment of Image-Guided Breast Biopsies and Management of Borderline or
High-Risk Lesions. American Society of Breast Surgeons; c2018. [cited 2020 Nov 8]. Available
from: https://www.breastsurgeons.org/docs/statements/Consensus-Guideline-on-Concordance-
Assessment-of-Image-Guided-Breast-Biopsies.pdf(11)
CONDUTA
WHO - CLASSIFICATION OF TUMORS, 5th edition.
AMERICAN SOCIETY OF BREAST SURGEONS (ASBS)
CLIS P/F
CIRURGIA
RADIOTERAPIA???
Fonte: World Health Organization (WHO). Breast tumors: WHO classification of tumors. 5th
ed. Geneva: WHO; 2018.(5) The American Society of Breast Surgeons. Consensus Guideline on
Concordance Assessment of Image-Guided Breast Biopsies and Management of Borderline or
High-Risk Lesions. American Society of Breast Surgeons; c2018. [cited 2020 Nov 8]. Available
from: https://www.breastsurgeons.org/docs/statements/Consensus-Guideline-on-Concordance-
Assessment-of-Image-Guided-Breast-Biopsies.pdf (11)
Quimioprevenção
Define-se como quimioprevenção ou quimioprofilaxia a administra-
ção de medicamentos a pacientes com alto risco de desenvolvimento
de câncer de mama com o intuito de reduzir o risco. Os medicamen-
tos utilizados incluem SERMs ou fármacos inibidores da aromatase
(IA). A maioria dos estudos levava em conta o risco pessoal de câncer
Referências
1. Dupont WD, Page DL. Risk factors for breast cancer in women with proliferative
breast disease. N Engl J Med. 1985;312(3):146–51.
2. Hartmann LC, Radisky DC, Frost MH, Santen RJ, Vierkant RA, Benetti LL, et al.
Understanding the premalignant potential of atypical hyperplasia through
its natural history: a longitudinal cohort study. Cancer Prev Res (Phila).
2014;7(2):211–7.
3. Hartmann LC, Sellers TA, Frost MH, Lingle WL, Degnim AC, Ghosh K, et al. Benign
breast disease and the risk of breast cancer. N Engl J Med. 2005;353(3):229–37.
4. Sinn HP, Elsawaf Z, Helmchen B, Aulmann S. Early breast cancer precursor
lesions: lessons learned from molecular and clinical studies. Breast Care (Basel).
2010;5(4):218–26.
5. World Health Organization (WHO). Breast tumors: WHO classification of tumors.
5th ed. Geneva: WHO; 2018.
6. Boulos FI, Dupont WD, Simpson JF, Schuyler PA, Sanders ME, Freudenthal ME,
et al. Histologic associations and long-term cancer risk in columnar cell lesions
of the breast: a retrospective cohort and a nested case-control study. Cancer.
2008;113(9):2415–21.
7. Verschuur-Maes AH, van Deurzen CH, Monninkhof EM, van Diest PJ. Columnar cell
lesions on breast needle biopsies: is surgical excision necessary? A systematic
review. Ann Surg. 2012;255(2):259–65.
8. Said SM, Visscher DW, Nassar A, Frank RD, Vierkant RA, Frost MH, et al. Flat
epithelial atypia and risk of breast cancer: A Mayo cohort study. Cancer.
2015;121(10):1548–55.
9. Uzoaru I, Morgan BR, Liu ZG, Bellafiore FJ, Gaudier FS, Lo JV, et al. Flat epithelial
atypia with and without atypical ductal hyperplasia: to re-excise or not. Results of
a 5-year prospective study. Virchows Arch. 2012;461(4):419–23.
10. Gobbi H. Classificação dos tumores da mama: atualização baseada na nova
classificação da Organização Mundial da Saúde de 2012. J Bras Patol Med Lab.
2012;48(6):463-74.
11. The American Society of Breast Surgeons. Consensus Guideline on Concordance
Assessment of Image-Guided Breast Biopsies and Management of Borderline
or High-Risk Lesions. American Society of Breast Surgeons; c2018. [cited 2020
Nov 8]. Available from: https://www.breastsurgeons.org/docs/statements/
Consensus-Guideline-on-Concordance-Assessment-of-Image-Guided-Breast-
Biopsies.pdf
12. Page DL, Dupont WD, Rogers LW, Rados MS. Atypical hyperplastic lesions of the
female breast. A long-term follow-up study. Cancer. 1985;55(11):2698–708.
13. Page DL, Rogers LW. Combined histologic and cytologic criteria for the diagnosis
of mammary atypical ductal hyperplasia. Hum Pathol. 1992;23(10):1095–7.
14. Youn I, Kim MJ, Moon HJ, Kim EK. Absence of Residual Microcalcifications in
Atypical Ductal Hyperplasia Diagnosed via Stereotactic Vacuum-Assisted Breast
Biopsy: Is Surgical Excision Obviated? J Breast Cancer. 2014;17(3):265–9.
15. Mesurolle B, Perez JC, Azzumea F, Lemercier E, Xie X, Aldis A, Omeroglu A,
Meterissian S. Atypical ductal hyperplasia diagnosed at sonographically guided
core needle biopsy: frequency, final surgical outcome, and factors associated with
underestimation. AJR Am J Roentgenol. 2014;202(6):1389-94.
16. Kohr JR, Eby PR, Allison KH, DeMartini WB, Gutierrez RL, Peacock S, et al. Risk
of upgrade of atypical ductal hyperplasia after stereotactic breast biopsy:
effects of number of foci and complete removal of calcifications. Radiology.
2010;255(3):723–30.
17. Hartmann LC, Degnim AC, Santen RJ, Dupont WD, Ghosh K. Atypical hyperplasia
of the breast—risk assessment and management options. N Engl J Med.
2015;372(1):78–89.
18. Arpino G, Allred DC, Mohsin SK, Weiss HL, Conrow D, Elledge RM. Lobular neoplasia
on core-needle biopsy—clinical significance. Cancer. 2004;101(2):242–50.
19. Amin MB, Edge SB, Greene FL, Byrd DR, Brookland RK, Washington K, et al. AJCC
Cancer Staging Manual. 8th ed. New York: Springer; 2017.
20. Bodian CA, Perzin KH, Lattes R. Lobular neoplasia. Long term risk of breast cancer
and relation to other factors. Cancer. 1996;78(5):1024–34.
21. King TA, Pilewskie M, Muhsen S, Patil S, Mautner SK, Park A, et al. Lobular
Carcinoma in Situ: A 29-Year Longitudinal Experience Evaluating Clinicopathologic
Features and Breast Cancer Risk. J Clin Oncol. 2015;33(33):3945–52.
22. Mazzola E, Coopey SB, Griffin M, Polubriaginof F, Buckley JM, Parmigiani G, et
al. Reassessing risk models for atypical hyperplasia: age may not matter. Breast
Cancer Res Treat. 2017;165(2):285–91.
23. Middleton LP, Sneige N, Coyne R, Shen Y, Dong W, Dempsey P, et al. Most lobular
carcinoma in situ and atypical lobular hyperplasia diagnosed on core needle
biopsy can be managed clinically with radiologic follow-up in a multidisciplinary
setting. Cancer Med. 2014;3(3):492–9.
24. Shah-Khan MG, Geiger XJ, Reynolds C, Jakub JW, Deperi ER, Glazebrook KN. Long-
term follow-up of lobular neoplasia (atypical lobular hyperplasia/lobular carcinoma
in situ) diagnosed on core needle biopsy. Ann Surg Oncol. 2012;19(10):3131–8.
25. Rendi MH, Dintzis SM, Lehman CD, Calhoun KE, Allison KH. Lobular in-situ
neoplasia on breast core needle biopsy: imaging indication and pathologic
extent can identify which patients require excisional biopsy. Ann Surg Oncol.
2012;19(3):914–21.
26. Flanagan MR, Rendi MH, Calhoun KE, Anderson BO, Javid SH. Pleomorphic Lobular
Carcinoma In Situ: Radiologic-Pathologic Features and Clinical Management. Ann
Surg Oncol. 2015;22(13):4263–9.
27. Wazir U, Wazir A, Wells C, Mokbel K. Pleomorphic lobular carcinoma in situ: current
evidence and a systemic review. Oncol Lett. 2016;12(6):4863–8.
28. 28. National Comprehensive Cancer Network (NCCN). NCCN Practical Guidelines
in Oncology: Breast cancer. Risk reduction Version 1.2020, May 29 , 2020. NCCN;
2020. [cited 2020 Nov 8]. Available from: https://www.nccn.org/professionals/
physician_gls/pdf/breast_risk.pdf
29. Cuzick J, Sestak I, Cawthorn S, Hamed H, Holli K, Howell A, et al.; IBIS-I Investigators.
Tamoxifen for prevention of breast cancer: extended long-term follow-up of the
IBIS-I breast cancer prevention trial. Lancet Oncol. 2015;16(1):67–75.
30. DeCensi A, Puntoni M, Guerrieri-Gonzaga A, Caviglia S, Avino F, Cortesi L, et
al. Randomized placebo controlled trial of low-dose tamoxifen to prevent local
and contralateral recurrence in breast intraepithelial neoplasia. J Clin Oncol.
2019;37(19):1629–37.