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GRELHA DE CORRECÇÃO
I. Afirmações verdadeiras:
1.
b) O direito pretório (ius praetorium) era o direito criado pelo pretor urbano, com a finalidade
de interpretar, integrar e corrigir o direito civil (ius civile).
Escolha e transcrição da afirmação correcta: 1,0 val. (sem transcrição: 0,5 val.).
2.
c) A lex rogata era uma lei aprovada pelos comícios sob proposta de certos magistrados
(detentores do poder de imperium).
Escolha e transcrição da afirmação correcta: 1,0 val. (sem transcrição: 0,5 val.).
2.
b) No contrato de sociedade, os sócios visavam alcançar um fim patrimonial comum, não
sendo admitida a denominada societas leonina (sociedade leonina – «pacto leonino», na
terminologia actual).
Resposta:
Noção: o depósito era o contrato pelo qual uma pessoa (o depositante) entregava uma
coisa móvel a outra (o depositário), para que esta a guardasse e a restituísse decorrido o
prazo convencionado ou quando o depositante exigisse a restituição.
Caracterização: o depósito era um contrato real (quanto à constituição), uma vez que a sua
perfeição não se bastava com o acordo de vontades das partes (a conventio), sendo ainda
necessário um acto material, que nesse caso era a entrega da coisa (objecto do contrato) ao
depositário (traditio rei); quanto às obrigações que originava, era um contrato bilateral
imperfeito (de início havia obrigações apenas para uma das partes, o depositário, mas
podiam nascer obrigações para o depositante no decurso da relação obrigacional); era,
também, um contrato de boa fé, uma vez que as partes deviam observar a conduta
própria das pessoas leais e honestas (a apreciar nas acções de boa fé que lhes eram
concedidas); e era um contrato gratuito, em virtude de o depositário não receber qualquer
retribuição (atribuição patrimonial feita pelo depositante) pela guarda da coisa.
Obrigações das partes: o depositário (única parte obrigada desde a celebração do contrato,
como se disse) tinha a obrigação de guardar a coisa, sem a usar (cometendo furto de uso
se, porventura, a usasse), e a obrigação de a restituir ao depositante nas condições em que
a tinha recebido (sem a ter deteriorado), com todos os frutos e acessões; as obrigações que
podiam surgir para o depositante eram a de reembolsar as despesas que o depositário
tivesse feito com a conservação da coisa depositada e a de ressarcir os prejuízos por ela
provocados (ou pelo próprio depositante).
Meios de tutela dos contraentes: o depositante tinha a seu favor a actio depositi (directa), no
caso de o depositário não cumprir a obrigação de restituir a coisa depositada (ou de a ter
deteriorado); o depositário era tutelado com a actio depositi contraria, na hipótese de o
depositante não cumprir qualquer das obrigações eventuais acima referidas, e gozava
ainda do direito de retenção (ius retentionis) da coisa depositada enquanto não fosse
reembolsado ou ressarcido.
Resposta:
Referência à locação de coisa (locatio-conductio rei) como uma das modalidades do contrato
de locação (sendo as outras a locação de trabalho e a locação de obra – locatio-conductio
operarum e locatio-conductio operis).
Noção: a locação de coisa era o contrato pelo qual uma pessoa se obrigava a proporcionar
a outra o gozo temporário de uma coisa (uso ou uso e fruição desta), mediante o
pagamento de uma retribuição (merces ou pensio, contraprestação que o locatário se
obrigava a pagar).
Caracterização: era um contrato consensual (porque bastava o acordo das partes,
manifestado de qualquer modo, para se tornar perfeito), bilateral perfeito (em virtude de
originar obrigações para ambas as partes, logo no momento da realização do contrato), de
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boa fé (uma vez que as partes deviam adoptar a conduta própria das pessoas leais e
honestas) e oneroso (porque a concessão do gozo da coisa era feita mediante retribuição –
merces, pensio).
Elementos essenciais: consensus (acordo de vontades das partes, manifestado de qualquer
modo, que era necessário e suficiente para perfeição do contrato); objecto (res cujo gozo o
locador se obrigava a proporcionar ao locatário, da qual este podia usar ou usar e fruir
durante certo tempo, nos termos acordados); merces (contraprestação devida pelo uso ou
pelo uso e fruição da res, que devia ser certa, verdadeira e, em regra, consistir em
determinada quantia de dinheiro); tempo (a utilização da res devia ser feita durante o
prazo acordado).
Obrigações das partes: o locador (locator) tinha a obrigação de proporcionar ao locatário
(conductor) o gozo livre da coisa locada, durante o tempo e nas condições acordadas, a
obrigação de fazer as reparações necessárias para evitar a deterioração ou destruição da
coisa e a obrigação de reembolsar ao locatário o valor das despesas porventura feitas com
tais reparações; o locatário tinha a obrigação de pagar a merces (ou pensio) convencionada,
a obrigação de restituir a coisa, findo o prazo estabelecido no contrato, e a obrigação de
ressarcir o locador dos danos causados na coisa locada.
Tutela: o locador tinha a seu favor a actio locati (ou ex locato) e o locatário dispunha da actio
conducti (ou ex conducto), que eram acções de boa fé.
Resposta:
(2 x 3,5 valores)
IV. Em 4 de Janeiro do ano 100, Titius, paterfamilias romano de 45 anos de idade, celebrou
com Sempronius, igualmente paterfamilias romano, da mesma idade, um contrato pelo qual se
obrigou a entregar a este o escravo Stichus, enquanto Sempronius se obrigou a dar-lhe, como
contrapartida, a quantia de 10.000 sestércios.
Sabendo que Sempronius deu a referida quantia de dinheiro a Titius, mas este não lhe
entregou o escravo Stichus…
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a) Identifique e caracterize o contrato celebrado entre Titius e Sempronius.
b) Diga por que meio e com que fundamento poderia Sempronius agir contra Titius.
c) Suponha, agora, que Sempronius não pagara o preço e que o escravo tinha morrido, ao
ser fulminado por um raio, quando Titius ia a caminho da casa de Sempronius para o
entregar a este. Em virtude disso, Sempronius recusou-se a dar os 10.000 sestércios a
Titius. Quid iuris?
Na hipótese de o escravo Stichus ter sido fulminado por um raio e ter morrido, quando
Titius ia a caminho da casa de Sempronius para o entregar a este, ter-se-ia verificado o
perecimento fortuito da coisa vendida. Como o risco de perda ou deterioração fortuita
(quanto às coisas não fungíveis) estava a cargo do comprador desde que a compra e
venda se tornava perfeita (o que se verificava com o consenso das partes) – «emptio
perfecta periculum est emptoris» –, mesmo antes, portanto, de ser efectuada a entrega da
res ao comprador, este (Sempronius) continuava obrigado a pagar o preço. O vendedor
(Titius) poderia solicitar ao pretor a concessão da actio venditi (ou ex vendito), que era
igualmente uma acção pessoal (actio in personam) e de boa fé, para responsabilizar o
comprador pela falta de cumprimento da obrigação de pagar o preço (pretium); o
comprador seria condenado a pagar a quantia correspondente ao preço (bem como os
juros, segundo o ofício do juiz).
(3 x 2 valores)
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