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Direito Constitucional II

I Ciclo – 3.ª Turma Teórica – Época Normal


– Versão 1 –
21 de junho de 2021

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO

Grupo I (6 valores)

Qualifique cada uma das seguintes afirmações como “verdadeiras” ou “falsas”, justificando apenas a(s) falsa(s).

1. A afirmação é verdadeira.
2. A afirmação é verdadeira.
3. A afirmação é falsa.

Justificação: Forma de governo mista parlamentar-presidencial; explicação de que, apesar de a nossa forma de
governo ser, de facto, predominantemente parlamentar (p.e. responsabilidade política do Governo perante o
Parlamento), nem por isso deixa de apresentar caraterísticas típicas dos regimes presidencialistas e até do antigo
dualismo monárquico; referência às características da forma de governo presidencial presentes na nossa forma de
governo: eleição direta do Presidente da República (art. 121.º, n.º 1 CRP); Presidente da República goza de poderes
de intervenção política (exemplos); veto político suspensivo (art. 136.º). Menção à influência do dualismo
monárquico na nossa forma de governo.

4. A afirmação é verdadeira.

Grupo II (5 valores)

- Matéria em causa: eleição dos órgãos do poder local (art. 164.º/ primeira parte da alínea l) CRP);
- Leis orgânicas (conceito); são leis com valor reforçado por força do critério da forma e procedimento específicos
(explicação);
- Forma: art. 166.º/2 – forma de “lei orgânica” (princípio da tipicidade), não verificada;
- Procedimento: identificação das especificidades das leis orgânicas em relação ao procedimento legislativo a que estão
sujeitas as demais leis:
(1) a votação na especialidade da maioria das leis orgânicas é feita em Plenário e não em comissões especializadas,
falando-se de uma reserva de Plenário (art. 168.º/4 CRP). Neste caso concreto, porém, a votação na especialidade devia
ter sido realizada em comissões especializadas, o que não se verificou;
(2) a aprovação, na votação final global, é feita por maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções (art.
168.º/5 CRP) e não por maioria simples, o que, no caso concreto, se verificou;
- Análise, enquadramento e caraterização da figura do veto político (art. 136.º CRP); estando em causa uma lei da AR, a
confirmação seria possível; estando em causa uma lei orgânica, a superação do veto político do Presidente da República
faz-se através de confirmação por maioria de 2/3 dos deputados, desde que superior à maioria absoluta dos deputados
em efetividade de funções (art. 136.º/3 CRP);
- Análise de outros traços jurídico-constitucionais caraterizadores das leis orgânicas: princípio da exclusividade ratione
materiae; princípios da competência e da reserva total ou absoluta de normação; as leis orgânicas pressupõem uma
legitimidade processual alargada em sede de fiscalização abstrata preventiva (art. 278.º/4 CRP) (elementos de
valorização).
Grupo III (9 valores)

1.
Processo de fiscalização concreta (artigo 280.º CRP); caracterização; referência sucinta ao incidente de
inconstitucionalidade; decisão positiva de inconstitucionalidade (definição); recurso de decisões que recusem a aplicação
de qualquer norma com fundamento em inconstitucionalidade (artigos 280.º, n.º 1, al. a) da CRP e 70.º, n.º 1, al. a) da
LTC); recurso obrigatório para o MP quando a norma desaplicada conste de ato legislativo – que é o que sucede no caso
- convenção internacional ou decreto regulamentar (artigos 280.º, n.º 3 CRP e 72.º, n.º 3 LTC); fundamento do recurso
obrigatório – princípio do favor legis (significado); recurso direto obrigatório (explicação).

2.
Processo de fiscalização abstrata sucessiva (art. 281.º CRP); breve descrição do controlo aí exercido (concentrado,
abstrato, sucessivo, por via principal); Referência e explicação dos efeitos-regra de uma sentença declarativa de
inconstitucionalidade (art. 282.º CRP): caso julgado, força obrigatória geral, efeitos repristinatórios e, com especial
relevância neste caso, efeitos retroativos (explicitação); Ressalva dos casos julgados (exceção); Exceção à exceção (ou
exceção ao princípio da intangibilidade do caso julgado). Artigo 282.º/3 da CRP - na parte em que este admite que a
declaração de inconstitucionalidade (e os efeitos invalidatórios produzidos pela mesma) se estenda aos casos julgados
verificados que estejam três requisitos cumulativos: (1) decisão do Tribunal Constitucional nesse sentido; (2) a norma
declarada inconstitucional diga respeito a matéria penal (como é o caso), disciplinar ou de ilícito de mera ordenação
social (direito sancionatório); (3) a norma declarada inconstitucional for de conteúdo menos favorável ao arguido (que é
o caso), por outras palavras, da não aplicação da norma declarada inconstitucional nas decisões transitadas em julgado
resultar uma situação mais favorável ao arguido; Razão de ser da exceção à exceção: princípio do tratamento mais
favorável do arguido, que já resulta do artigo 29.º da CRP.

3.
Processo de fiscalização abstrata preventiva – “pronunciar” (artigo 278.º CRP); efeitos de uma decisão de pronúncia no
sentido da inconstitucionalidade (artigo 279.º, n.ºs 1, 2 e 3 CRP); veto por inconstitucionalidade do PR (está em causa
uma lei da AR); reenvio do diploma para o órgão que o aprovou originalmente (AR); possibilidade de desistência,
expurgação, reformulação e confirmação, esta última por maioria de 2/3 dos deputados presentes, desde que superior
à maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções.
Direito Constitucional II
I Ciclo – 3.ª Turma Teórica – Época Normal
– Versão 2 –
21 de junho de 2021

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO

Grupo I (6 valores)
Qualifique cada uma das seguintes afirmações como “verdadeiras” ou “falsas”, justificando apenas a(s) falsa(s).

1. A afirmação é verdadeira.
2. A afirmação é falsa.

Forma de governo mista parlamentar-presidencial (breve caraterização); Explicitação da dupla responsabilidade do


governo face ao Presidente da República e à Assembleia da República.

3. A afirmação é verdadeira.
4. A afirmação é verdadeira.

Grupo II (5 valores)

- Leis de autorização (conceito); Leis com valor reforçado por força do critério da parametricidade específica (explicação).
- As leis de autorização legislativa devem definir: i. o objeto – a matéria que o Governo pode regular através de decreto-
lei autorizado (está subjacente um princípio da especialidade das autorizações legislativas); ii. o sentido – tem de dizer
qual é a orientação que tem de ser observada pelo ato legislativo do Governo; iii. a extensão – os universos subjetivo e
objetivo abrangidos pelo regime jurídico a aprovar pelo Governo; e iv. a duração da autorização – estabelece um prazo
para o Governo legislar, o que pode também ter lugar através da indicação de uma data limite para a aprovação do
decreto-lei. Aplicação ao caso concreto.
- Distinção entre excesso de autorização e defeito de autorização, enquanto vícios do decreto-lei autorizado. Explicitação
de cada uma destas figuras e aplicação ao caso concreto.

Grupo III (9 valores)

1.
- Referência ao facto de, entre nós, inexistir uma ação popular/direta de inconstitucionalidade que confira às associações
ou a outros particulares acesso direto ao Tribunal Constitucional; os particulares não gozam de legitimidade processual
ativa em sede de fiscalização abstrata sucessiva (artigo 281.º, n.º 2 CRP); logo, resta-lhes exercer o seu direito de petição
(artigo 52.º) ou o direito de queixa ao Provedor de Justiça (artigo 23.º); ou ainda, reagir judicialmente e suscitar, durante
o processo e perante o tribunal ordinário, o incidente de inconstitucionalidade.
- Explicação, em especial, do processo de fiscalização concreta da constitucionalidade. Breve descrição do controlo aí
exercido (concreto, por via incidental, difuso). Identificação das fases em que se subdivide (fase necessária; fase
eventual). Primeira fase do processo: intentar ação judicial para contestar o ato através do qual se procedeu à
expropriação e, no âmbito dessa ação, suscitar o incidente de inconstitucionalidade da norma ao abrigo da qual o mesmo
foi praticado. Têm legitimidade para suscitar o incidente as partes, o Ministério Público (se for parte no processo) e o juiz
ex officio. Prazo: a questão tem de ser suscitada durante o processo (em momento em que o juiz ainda pode dela
conhecer). Objeto alargado (qualquer norma jurídica pública).
2.
Processo de fiscalização concreta (artigo 280.º CRP); caracterização; referência sucinta ao incidente de
inconstitucionalidade; decisão negativa de inconstitucionalidade (definição); recurso de decisões que apliquem norma
cuja inconstitucionalidade haja sido suscitada durante o processo (artigos 280.º, n.º 1, al. b) da CRP e 70.º, n.º 1, al. b) da
LTC); podem recorrer a parte que suscitou o incidente de inconstitucionalidade (recurso facultativo) ou o MP, se for parte
no processo e tiver suscitado o incidente de inconstitucionalidade (recurso facultativo). Em ambos os casos, só pode
haver recurso para o TC depois de esgotados todos os recursos ordinário tolerados pela decisão.

3.
Identificação do processo: Controlo misto ou processo de declaração de inconstitucionalidade com base no controlo
concreto (arts. 281.º/3 CRP e 82.º LTC)
Pressuposto objetivo – norma julgada inconstitucional pelo Tribunal Constitucional em pelo menos três casos concretos.
Finalidade do controlo misto.
Características do controlo misto.

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