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2003 - Maria Lúcia Boarini - Higiene e Raça Como Projetos - Higienismo e Eugenismo No Brasil
2003 - Maria Lúcia Boarini - Higiene e Raça Como Projetos - Higienismo e Eugenismo No Brasil
PROJETOS
higienismo e eugenismo no Brasil
Editora da Universidade Estadual de Maringá
CONSELHO EDITORIAL
Profa Dra Clarice Zamonaro Cortez, Prof. Dr. Eduardo Augusto Tomanik, Prof. Dr. Erico
Sengik, Prof. Dr. José Carlos de Sousa, Prof. Dr. José Luiz Lopes Vieira, Prof. Dr. Luiz
Antonio de Souza, Prof. Dr. Lupércio Antonio Pereira, Profa Dra Maria Iolanda Sachuk,
Prof. Dr. Mauro Antonio da Silva Sá Ravaganani, Prof. Dr. Osvaldo Ferrarese Filho, Profa
Dra Ruth Izumi Setoguti e Prof. Dr. Sezinando Luiz Menezes. Secretária: Maria José de
Melo Vandresen.
MARIA LÚCIA BOARINI
Organizadora
Maringá
2003
Divisão de Editoração Marcos Kazuyoshi Sassaka
Marcos Cipriano da Silva
Paulo Bento da Silva
Cristina Akemi Kamicoga
Luciano Wilian da Silva
Solange Marli Oshima
Revisão de Língua Portuguesa Annie Rose dos Santos
Ilustração da capa The Doctor por Sir Luke Fildes (1844-1927)
Reprodução autorizada por Tate Gallery,
Londres, Inglaterra
Capa – arte final Luciano Wilian da Silva
Marcos Kazuyoshi Sassaka
Projeto gráfico e Editoração Marcos Cipriano da Silva
Normalização Biblioteca Central - UEM
Fonte Book Antiqua
Tiragem 500 exemplares
H638 Higiene e raça como projetos : higienismo e eugenismo no Brasil / Maria Lúcia
Boarini organizadora. -- Maringá : Eduem, 2003.
216p.
Livro indexado em GeoDados.
http://www.geodados.uem.br
ISBN 85-85545-88-7
1. Higienismo. 2. Eugenia. 3. Movimento eugenista - Brasil. 4. Movimento
higienista - Brasil. 5. Psicologia - Brasil. 6. Psicanálise - Brasil. 7. Higiene mental -
Psiquiatria. 8. Kehl, Renato Ferraz, 1889-. I. Boarini, Maria Lúcia, coord. II. Título..
PREFÁCIO ..................................................................................................................... 7
APRESENTAÇÃO
Maria Lúcia Boarini ................................................................................. 11
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REFÁCIO
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IGIENE E RAÇA COMO PROJETOS
Volnei Garrafa
Presidente da Sociedade Brasileira de Bioética
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PRESENTAÇÃO
MARIA LÚCIA BOARINI
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PRESENTAÇÃO
como afirma Volnei Garrafa, “as limitações não são nem técnicas, nem
cientificas. São éticas” (Berlinguer; Garrafa, 1996).
Nesta perspectiva, estamos diante da necessidade de amplo deba-
te sobre temas gerados pelos avanços da ciência. Vale sublinhar que
essa discussão se torna cada vez mais premente a cada nova e extra-
ordinária descoberta científica. Nessa direção, a nosso entender, nada
mais oportuna e imprescindível a recuperação de algumas das idéias e
propostas de encaminhamentos sugeridas pelos eugenistas na transi-
ção dos séculos XIX e XX, as quais tiveram significativa expressão na
dinâmica da formação social.
Se por uma mera questão de introdução ao assunto vimos até aqui
destacando apenas a eugenia, em uma discussão mais ampla é neces-
sário levar em conta os ideais higienistas e o seu desdobramento mais
importante, a higiene mental. Nos limites da sociedade burguesa, no
Brasil, para o qual dirigimos nosso olhar mais detidamente, os ideais
da eugenia e do higienismo sobrepuseram-se em grande medida. Para
Kehl (1935, p. 46):
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PRESENTAÇÃO
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PRESENTAÇÃO
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da luta pela última palavra, pela hegemonia e, por conta disto, o fortale-
cimento da intolerância com o desvio da norma instituída, são expressões
de uma época, de uma organização social que, mediante o acirramento
das contradições em seu seio geradas, recorre às ciências naturais como
álibi. São essas algumas das questões apresentadas por José Roberto
Franco Reis no capítulo 7, “Degenerando em Barbárie: a hora e a vez do
eugenismo radical”.
As reflexões aqui reunidas, longe de exaurir a temática proposta, jus-
tifica-se caso consega estimular o leitor a pensar na vertiginosa escalada
de conhecimentos da genética que possibilita, entre tantas outras coisas,
discriminar os gens responsáveis por esta ou aquela característica huma-
na. Possibilidade essa que, se absorvida sem a devida discussão e ponde-
ração, incrementa o risco de não haver lugar no mundo para um
Machado de Assis (literato, mulato, humilde e epiléptico), por exemplo.
Referências
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IGIENISMO, EUGENIA E
A NATURALIZAÇÃO
DO SOCIAL
MARIA LÚCIA BOARINI
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IGIENE E RAÇA COMO PROJETOS
O florescer do racismo
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Viver, para ele, é não morrer. Além do pedaço de pão que deve
alimentá-lo e a sua família, além da garrafa de vinho que deve-lhe
tirar a consciência de suas dores por um instante, ele nada
pretende, nada espera [...]. O proletariado entra no quarto
miserável onde o vento assobia através das frestas; e após ter suado
no trabalho depois de uma jornada de catorze horas, ele não
mudava de roupa ao voltar para casa porque não tinha outra
(Nantes, A. G. 1825 apud Beaud, M. , 1987, p. 153).
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A eugenia
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Cuando compráis un potrillo, que vale sólo poco dinero, sois tan
cautos que, aun cuando el animal esté casi en eplos, rehusáis ad-
quirir-lo si no le quitan la silla y todos los arreos, temiendo que
éstos oculten alguna llaga; y cuando de elegir una mujer se trata, es
decir, de lo que pude llenar de placer o de pesar vuestra vida, obr-
áis con tanta negligencia que os conforma ver un palmo de vustra
futura esposa (puesto que casi únicamente puede vérsele el rostro),
cuyo cuerpo se halla enteramente disimulado por los vestidos?
(Morus apud Betzhold, 1941, p. 8).
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IGIENE E RAÇA COMO PROJETOS
Estas ruas são em geral tão estreitas que se pode saltar de uma
janela para a da casa em frente, e os edifícios apresentam, por outro
lado, uma tal acumulação de andares que a luz mal pode penetrar
no pátio na ruela que os separa. Nesta parte da cidade não há nem
esgotos, nem banheiros públicos ou sanitários nas casa, e é por isso
que as imundícies, detritos ou excrementos de, pelo menos, 50. 000
pessoas são lançados todas as noites nas valetas, de tal modo que,
apesar da limpeza das ruas, [...] não só ferem a vista e o olfato,
como, por outro lado, representam um perigo extremo para a
saúde dos habitantes [...]. Nestas regiões a sociedade desceu a um
nível indescritivelmente baixo e miserável. As habitações da classe
pobre são em geral muito sujas e aparentemente nunca são limpas
[...] compõe-se, a maior parte das casas, de uma única sala – onde,
apesar da ventilação ser das piores, faz sempre frio por causa das
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exemplo, até por volta de 1888, era entendida como resultado da ina-
lação de gases dos esgotos infectados que existiam em lugares sujos e
úmidos. Edwin Chadwick (1800-1890), um dos precursores do mo-
derno sanitarismo em sua investigação que gerou o clássico Report on
the sanitary conditions of the labouring population of Great Britain (1842),
alertava que a “imundície é a inimiga da saúde comunitária”. O con-
tágio que ocorria através de sementes ou seminarias também era uma
das temidas formas de se adoecer. Ao alterar os humores e os princí-
pios vitais do corpo, as seminarias produziam as doenças. Essa idéia
veio à lume em 1546, com Girolamo Fracastoro (1478-1533), e perdu-
rou até o final do século XVIII, com a descoberta dos micróbios que, em
sentido moderno, “em nada se iguala às seminarias de Fracastoro”
(Rosen, 1994, p. 89). Nesses termos, as cidades e suas precárias condi-
ções de higiene, o ar fétido que exalava e as pessoas doentes passam a
ser o terror da população e um dos grandes problemas dos países em
processo de industrialização. Nessa nova ordem econômico-social, a
precariedade ou a saúde da população configura-se, sobretudo, em
uma questão econômica. Assim se posicionava John Simon, em 1858:
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Foi nas últimas décadas do século XIX que a ciência, através das
descobertas de Pasteur, revelou a existência de organismos causais ou
micróbios transmissores de infecções e os modos de preveni-los; reve-
lou também que até mesmo pessoas sadias poderiam ser portadoras
desses microorganismos patogênicos. O advento da microbiologia, sem
dúvida, possibilitou uma nova compreensão das relações humanas.
Embora as descobertas de Pasteur tenham jogado por terra a idéia de
que as doenças eram transmitidas através dos miasmas advindos pelo ar,
demonstrando, inclusive, que alguns microorganismos só sobrevivem na
ausência do ar (os anaeróbios), tal fato não desqualificou a necessidade da
higiene no combate às doenças; pelo contrário, delimitou com mais clareza
as causas de grande parte dos males que atacavam a população. E nesse
rol, a insalubridade do ambiente, da moradia, dos alimentos e o esgota-
mento físico estavam entre os principais vilões da saúde. Entretanto, se
levarmos em conta o espetacular desenvolvimento da ciência, da tecnolo-
gia, da indústria, da abundância de riqueza e, sobretudo, a prometida i-
gualdade civil, essas questões já deveriam fazer parte do passado. A título
de ilustração, podemos citar a riqueza nacional dos Estados Unidos que,
“estimada em cerca de 16 bilhões de dólares em 1860, subiu para 65 bilhões
em 1890, e para mais de 300 bilhões em 1921” (Rosen, 1994, p. 254).
Apesar desse fato, em uma evidente contradição social, a maioria da
população trabalhadora continuava convivendo com a miséria, com as
más condições de habitação, de saúde, com a alta incidência de mortali-
dade infantil. Há que se reconhecer que algumas conquistas na área da
saúde aconteceram a partir da revolução de 1848, mas, no cômputo geral,
apesar da espetacular prosperidade dos países industrializados, a grande
maioria da população continuava convivendo com a falta de moradia ou
com péssimas condições de habitação, com as longas jornadas de traba-
lho, com a exploração do trabalho da criança e da mulher, com a grande
freqüência de acidentes e insalubridade no trabalho. Em síntese, a popu-
lação, em sua maioria faminta, tinha na degradação e na miséria sua
principal característica. Ora, nessas condições não era incomum a saúde
precária caminhar pari passu com a pobreza. Não era incomum as doen-
ças brotarem, com mais freqüência, do segmento mais paupérrimo da
população. E a combinação doença-pobreza vai se constituindo em terre-
no fértil para o surgimento do mito: a pobreza e a falta de higiene daí
decorrente passa a ser a causa da doença. Nesse caso, a educação higiêni-
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Higiene da moral
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“Os homens não são naturalmente nem reis [...] todos nascem nus
e pobres”. Ao fazer essa afirmação, Rousseau (1978) estava opondo-se
ao secular domínio da Igreja, justificado pela determinação divina.
Disto podemos estar seguros, pois o beneficio do tempo transcorrido
permite-nos essa certeza. No estado de natureza, Rousseau (1978)
encontra seu mais forte argumento.
Nessa breve passagem pela linha do tempo das idéias, podemos
notar que a busca deste recurso não se deu apenas no caso desse clás-
sico da literatura mundial e nem sempre teve o caráter revolucionário
reconhecido em Rousseau (1978). Temos como ilustração o recente e
trágico episódio ocorrido durante a II Grande Guerra mundial pro-
movido pelo nazi-facismo alemão, cuja justificativa era de ordem na-
tural: a limpeza da raça. Apesar de que o nazismo alemão representa
um dos exemplos mais emblemáticos registrados pela história do
século XX, não foi o único; não foi resultado do delírio de um único
indivíduo, tampouco aconteceu isoladamente. Quando a medicina,
nas últimas décadas do século XIX e início do século XX, apregoa a
necessidade da higiene individual, ambiental e do saneamento básico,
não o faz motivada por caprichos de alguns médicos, mas como ne-
cessidade básica produzida em virtude dos crescentes aglomerados
urbanos e da alta incidência de doenças e mortalidade infantil. A par-
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Referências
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Esse suporte financeiro, no entanto, não era contínuo, fato que exigia
a participação ativa de seus membros com subsídios próprios, o que, de
certa forma, não parecia ser tão problemático, visto a condição social que
ocupavam. Mais importante, talvez, do que o aspecto financeiro, fosse a
liberdade de expressão e de ação de que gozavam, especialmente se
comparadas com outras entidades representativas e seus respectivos
meios de comunicação, como o movimento e a imprensa proletária que,
além de enfrentar dificuldades financeiras ainda maiores, sofriam tam-
bém a “perseguição por parte da ordem estabelecida” (RUBIM, 1980, p.
53), especialmente em momentos de maior inquietação política.
De igual importância aos periódicos, foram ainda publicados muitos
livros, tanto por profissionais da área médica quanto por políticos, edu-
cadores, literatos entre outros. Kehl (1929a, p. 58-61) faz referência a um
índice bibliográfico das publicações nacionais sobre eugenia e questões
afins, de 1897 a 1929, totalizando 74 trabalhos. Na literatura, encontramos
um bom exemplo em Monteiro Lobato, com as obras O presidente negro
(Lobato, 1951b) e Mr. Lang e o Brasil e Problema Vital (Lobato, 1951a). A
primeira caracteriza-se essencialmente como uma ficção de fundo euge-
nista, e a segunda foi organizada a partir de uma coletânea de artigos
escritos por Lobato, em 1918, no jornal O Estado de São Paulo, denunci-
ando a incúria governamental para com a saúde brasileira.
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a maioria dos nossos paredros sabe que eles não seriam coisa
nenhuma se lhes não emprestasse força a aliança do ancilóstomo e
do barbeiro. A ação das anofelinas é o pedestal de muito sumo
pontífice republicano; sem elas, ai deles e da sua República
(Lobato, 1951a, p. 263).
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A lei da vacina obrigatória é uma lei morta. [...] Assim como o direito
veda ao poder humano invadir-nos a consciência, assim lhe veda
transpor-nos a epiderme. [...] Logo não tem nome, na categoria dos
crimes do poder, a temeridade, a violência, a tirania, a que ele se
aventura, expondo-se, voluntariamente, obstinadamente, a me
envenenar, com a introdução, no meu sangue, de um vírus, em cuja
influência existem os mais fundados receios de que seja condutor da
moléstia, ou da morte (Todos..., 1980, p. 38).
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Referências
BOTA abaixo! Bota abaixo! Este prefeito fugiu do hospício? Nosso século. São
Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 34.
CAMPOS, C. de M. Palestra realizada na “Rádio Educadora Paulista”, no dia
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GUERNER, F. Educação do povo: meios de divulgação das medidas tendentes
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KEHL, R. A esterilização dos grandes degenerados e criminosos. Archivos
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KEHL, R. A Eugenia no Brasil: esboço histórico e bibliográfico). I
CONGRESSO BRASILEIRO DE EUGENIA, 1. , 1929, Rio de Janeiro. Atas e
trabalhos...Rio de Janeiro, 1929a. v. 1, p. 45-61.
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CRIANÇA BRASILEIRA
NAS PRIMEIRAS DÉCADAS
DO SÉCULO XX: a ação da
higiene mental na psiquiatria,
na psicologia e na educação
PAULO RENNES MARÇAL RIBEIRO
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Outra de suas idéias que vale destacar é que: “ao nível da organi-
zação escolar, Arthur Ramos reconhece nas diferentes técnicas do
ensino individualizado (Decroly, Montessori, Desconedres etc.) uma
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Em Faça seu filho feliz, de 1949, com re-edição em 1951 e 1958, Go-
mes e Antipoff (1958, p. 179) dirigem-se aos pais e falam sobre os cui-
dados com a criança, puericultura, alimentação da lactente, cuidados
com o recém-nascido, a criança pré-escolar, doenças infantis e sobre a
psicologia da criança; higiene mental, causas de desajustamento da
personalidade, castigos, conduta infantil, hábitos, a infância excepcio-
nal e a ‘alma da criança’. Os autores reúnem as principais característi-
cas psicológicas da infância, representados pelas manifestações de
egoísmo, prazer e dor, medo, cólera, amor, simpatia, agressividade,
curiosidade, sociabilidade, sexualidade e intuição. Sobre os alimentos
da alma, os autores irão dizer que
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Referências
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OCIMAR APARECIDO DACOME
Introdução
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A psicanálise no Brasil
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- HIGIENISMO E PSICANÁLISE
Honradíssimo senhor!
Infelizmente não domino o seu idioma, mas graças aos meus
conhecimentos da língua espanhola pude deduzir de sua carta e do
seu livro que é sua intenção aproveitar os conhecimentos
adquiridos em Psicanálise nas belas-letras, e, de um modo geral,
despertar o interesse de seus compatriotas por nossa ciência. Fico
sinceramente grato pelos seus esforços, desejo muito sucesso e
posso assegurar-lhe que achará rica e recompensadora em
revelações a sua continuada associação.
Cordiais Saudações
Seu Freud.
18 de novembro de 1926 (Freud apud Tognolli, 1994, p. 6-5).
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Mas a Psicanálise tem outro mérito mais importante: Ela veio nos
mostrar as leis psicodinâmicas da nossa vida psíquica e da produção
dos sintomas neuróticos. Independente de sua aplicação direta como
método de tratamento que é muito custoso, que é só para alguns, ela
veio nos ensinar as leis que determinaram a produção dos distúrbios
mentais (Marcondes apud Sagawa, 1992, p. 91).
Então, eu, naquela época, pensei assim: eu estou aprendendo tudo isso
aqui no meu consultório. Essa gente que está fazendo o tratamento
psicanalítico está, sem o saber, me ensinando muita coisa útil. E eu me
vejo na obrigação de aproveitar esses conhecimentos em benefício
daquelas crianças de escolas públicas que possivelmente serão
neuróticas na idade adulta. Então, eu resolvi criar o serviço de higiene
mental escolar que ficou concretizado na Seção de Higiene Mental do
Serviço de Saúde Escolar de São Paulo [...]. Eu procurei seguir os
modelos das clínicas de orientação infantil americanas (Marcondes
apud Sagawa, 1992, p. 92-91).
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dizer é que a Psicanálise não esteja, na sua forma original, isenta das
influências das ciências naturais, muito pelo contrário, encontra nelas
sua base, mas que representa, ao mesmo tempo, um afastamento des-
ses conceitos.
Nessa linha de raciocínio, esperamos continuar nossa análise, ob-
servando que os preceitos teóricos piscanalíticos expostos na obra de
Arthur Ramos não dizem respeito simplesmente a um erro de inter-
pretação, mas em uma maneira reduzida, no sentido de adequá-la as
suas necessidades, qual seja, a legitimidade de suas idéias com o aval
de outros saberes.
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Os contrapontos
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Pobres mães....
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última análise, ‘é ver para crer’. Uma análise mais crítica quanto aos re-
sultados apresentados, seja nas ciências naturais e mais explicitamente
nas ciências humanas, nos obrigaria a assumir uma outra postura, a de
‘crer para poder ver’. Não estamos nos referindo, aqui, aos pesquisadores
de determinada área que, comprometidos com o seu trabalho, detêm
conhecimento suficiente para poder conceber determinado fato como
plausível e razoável, ou mesmo como verdade consumada. Por exemplo,
conceber a água como composta por elementos químicos ligados entre si,
nomeados e estudados suficientemente, a ponto de não subsistir mais
dúvidas quanto a sua estrutura molecular. E mais, tal concepção parece
ter sido suficientemente veiculada, e não é necessário ser nenhum reno-
mado cientista para saber que a água é composta por duas moléculas de
hidrogênio e uma de oxigênio; muito pelo contrário, qualquer criança do
ensino fundamental poderia representá-la sem maiores dificuldades. No
entanto, como podemos, aprioristicamente, tomar um conhecimento
extremamente complexo como o exemplo acima, como sendo uma ver-
dade banal? Ora, é nesse ponto que podemos refletir sobre a força susten-
tada na crença sobre a ciência, que nos desautoriza o direito de dúvida.
Por outro lado, é difícil admitir que possa haver desenvolvimento, e che-
gar até onde chegamos, se cada indivíduo, por si só, tenha que descobrir
a fórmula da água.
Tal qual uma religião, a ciência necessita, para impor o fato como
verdadeiro, de um referencial simbólico, suficientemente forte e ade-
quado, passível de ser introjetado como elemento constituinte da sub-
jetividade do indivíduo. Os símbolos representados apresentam-se
como elementos poderosos, capazes de mediar a realidade por uma
representação, expressada, ainda que de maneira diferente, por uma
simbologia já conhecida.
O que estamos nos propondo, a partir desses comentários, é pro-
curar subsídios para entender como Psicanálise e Higienismo pude-
ram proporcionar um encontro histórico capaz de influenciar, até os
dias atuais, a conduta de muitos profissionais engajados direta ou
indiretamente na assistência à saúde mental.
O deslocamento do objeto de interesse, da alma para o corpo, foi
imprescindível para que a ciência pudesse se “libertar” do domínio do
pensamento religioso e doravante desenvolver livremente os seus
saberes, ou seja, a ciência parece ter reivindicado para si o direito de
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Referências
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CONTRIBUIÇÃO DA
HIGIENE MENTAL PARA
O DESENVOLVIMENTO DA
PSICOLOGIA NO BRASIL
LUCIA CECILIA DA SILVA
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-A CONTRIBUIÇÃO DA HIGIENE MENTAL ...
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-A CONTRIBUIÇÃO DA HIGIENE MENTAL ...
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quiatras, entre eles William James, que prefaciou seu livro, e Adolf Me-
yer, se interessassem pela idéia de que era necessária uma mudança na
maneira de se olhar o doente mental e de que era urgente uma assistência
que primasse pela prevenção das doenças mentais.
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tual, pois não seria possível submeter ao mesmo plano de aula alu-
nos de capacidade mental diversa.
Estava também a Psicologia acercando-se do processo de desen-
volvimento psíquico, da aprendizagem, das motivações. Como os
higienistas julgavam que o progresso e a riqueza de uma nação de-
pendiam do equilíbrio mental de seu povo, questionavam se valiam
os esforços se esses fossem despendidos somente na alfabetização de
uma grande massa de débeis mentais e desequilibrados.
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la, atuou Helena Antipoff (1930, p. 227), que assim descreveu os cur-
sos lá desenvolvidos em um artigo publicado pelos Archivos Brasileiros
de Hygiene Mental:
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NTROPOLOGIA E
SEGREGAÇÃO EUGÊNICA:
Uma leitura das lições de
eugenia de Renato Kehl
MARCOS ALEXANDRE GOMES NALLI
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Ora, o que essa citação denota condiz mais logicamente (não es-
tamos aqui julgando seu grau de verdade) ao racismo a-cromático de
Kehl do que seu racismo cromático, pautado em linhagens de cor. No
entanto, logo após, ao admitir a importância clínica e racial da questão
da constituição, Kehl se detém em apresentar as constituições típicas
predominantes de alguns países e regiões, sem caracterizá-las; mas
quando se refere à raça negra e aos mulatos, “a raça negra apresenta
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EGENERANDO EM
BARBÁRIE: A hora e a
vez do eugenismo radical
JOSÉ ROBERTO FRANCO REIS
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tornava claro essa intenção eugênica, afirmando que o seu objetivo era
“fornecer à [...] população os benefícios da divulgação e propagação
das noções exatas da eugenia mental, num plano uniforme de defeza
da mentalidade da raça” (Archivos..., 1941, p. 92).
Na verdade, a eugenia despertou grande interesse não apenas no
meio psiquiátrico e médico brasileiro, mas nos meios intelectuais em
geral, obcecados que se encontravam pela construção de uma autênti-
ca nacionalidade, no qual a questão racial aparecia como um ponto
chave a ser equacionado. Conforme aponta Nancy Stepan,
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modelo eugênico alemão no Brasil. Com efeito, desde o final dos anos
20 que a eugenia vem refazendo seu percurso na Alemanha, chegando
a dimensões paroxísticas no período nazista, e que, de certa forma,
vem lançando suas luzes no cenário brasileiro por intermédio de par-
cela expressiva de psiquiatras patrícios que se deixam seduzir por esse
modelo (Costa, 1978, p. 40; Roll-Hansen, 1988, p. 318-323). Jurandir
Freire Costa, em estudo sobre o tema, chega a considerar essa influên-
cia a “razão fundamental da transformação do ideal eugênico da
LBHM” (1978, p. 40). Observando atentamente a questão é possível,
contudo, sem propriamente negar a assertiva de Costa, propor uma
outra leitura dessa presença, de resto inegável. Sugerir um outro lugar
hierárquico à influência eugênica alemã na economia explicativa dessa
transformação. Um dos temas através do qual é possível discutir de
forma pontual o significado dessa repercussão no Brasil é o referente à
adoção de práticas de esterilização compulsória. Com efeito, um acon-
tecimento que bem demonstra os novos contornos radicais da eugenia
no Brasil e que, simultaneamente, ilumina os desdobramentos políti-
cos dessa transformação é o entusiasmo com que foi recebida a entra-
da em vigor da “lei alemã dos doentes transmissores de taras” de 1933
(entrou em vigor em janeiro de 1934). Saudada como “nova e grande
lei” mereceu tradução imediata e integral nos Archivos (1934).
Cegos, surdos, epiléticos, alcoólatras graves, esquizofrênicos etc. ,
ou seja, qualquer um que, “a partir das experiências da ciência médi-
ca”, possa-se esperar, “com uma forte probabilidade”, que seus “des-
cendentes sejam portadores de alguma tara hereditária física ou
mental grave”, estavam na mira dessa lei, cuja decisão ficava a cargo
de um “tribunal de saúde hereditário”. Decidida a esterilização esta
deve ser executada mesmo contra a vontade da pessoa interessada”.
Como afirmava Cunha Lopes (1934), essa era uma lei elaborada
por um governo que “lança apelo a todas as suas forças vitais para
arrancar-se da miséria e da opressão”. Uma lei com “sólida base
científica redigida pelas maiores autoridades mundiais em heredo-
patologia” (Cunha Lopes, 1934, p. 256). Ora, isto não foi feito assim
de uma hora para outra, de forma imprevidente. Representava tra-
balho persistente, “realizado metodicamente em todo o Reich desde
antes da grande guerra até a ousada ascenção de Hitler”. Assim, o
modelo liberal, na contramão dos avanços da ciência, era denuncia-
do como muito condescendente com certos caprichos individualis-
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cura e alta, por exemplo), cujos argumentos centrais ele irá sistema-
tizar em outro artigo sobre o mesmo tema, de 1934 (Archivos...,
1934). Não obstante, causa verdadeiro assombro a avaliação que o
psiquiatra faz dessa sua pregação pela “alta tardia” ou retirada de
circulação dos “heredo-psicopathas”, sempre por nobres motivos
de ordem eugênica:
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Referências
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