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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

Curso: Direito
Componente Curricular: Direto Processual Civil III
Professor: Roberto José Santos de Oliveira Junior
Período: 6º

Alunos: Greice Eduarda Rodrigues e Kamila Pereira Ciceri

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 17ª VARA CÍVEL DA


COMARCA DE FORTALEZA

Distribuição por dependência aos autos de nº 0000-0000YYYY

Maria..., nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do Registro


Geral nº ... e inscrito no Cadastro de Pessoa Física nº ..., residente e domiciliado na
Rua ..., nº ..., Bairro ..., Cidade/UF..., CEP..., com endereço eletrônico ... e contato
telefônico ..., através de seu procurador (procuração em anexo) vem à presença de
Vossa Excelência propor

EMBARGOS À EXECUÇÃO C/C PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO, COM


FULCRO NO ART. 914 E 919,§ 1 º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

em face de BANCO DINHEIRO FÁCIL S/A, pessoa jurídica de direito privado,


devidamente inscrita no CNPJ sob o nº ...; situado na Rua.., nº..., Bairro...,
Cidade/UF..., CEP..., com endereço eletrônico ... e contato telefônico ..., pelos motivos
de fato e de direito a seguir aduzidos:

DA TEMPESTIVIDADE
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Consoante aos autos de Execução de nº 0000-0000YYYY, o mandado de


citação cumprido da embargante foi juntado aos autos na data 01/08/2019, em uma
quinta-feira.
Posto isso, de acordo com o art. 915, caput, do Código de Processo Civil, o
prazo para a apresentação de embargos à execução é de 15 dias úteis, a contar da
juntada aos autos do mandado de citação cumprido.

Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias,


contado, conforme o caso, na forma do art. 231

Por conseguinte, deve-se excluir a data de início, e incluir a data final (art. 224
do CPC), ou seja, o prazo expirará em 22/08/2019. Considerando que estes embargos
foram apresentados em data anterior, resta comprovada a tempestividade.

I- DOS FATOS

A Embargante firmou contrato de empréstimo com o BANCO DINHEIRO


FÁCIL S/A, com cláusula de eleição de foro na cidade de Chapecó, por meio do qual
obteve a quantia de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), para o pagamento das
despesas advindas de seus estudos em instituição de ensino superior.
O vencimento das parcelas do empréstimo estava previsto para a data de
25/01/2018, 25/06/2018 e 25/11/2018, ou seja, o montante fora dividido em três vezes.
A primeira parcela, vincenda no dia 25/01/2018, foi quitada pela Embargante.
Não obstante, na data de vencimento da segunda parcela, devido a dificuldades
financeiras, Maria não conseguiu realizar o pagamento. O Embargado então, em julho
de 2018, notificou Maria, informando que o valor da dívida totalizava em R$
250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais), sob a justificava de encargos
remuneratórios e moratórios e outras tarifas, incluindo ainda, o desconto da primeira
parcela paga pela Embargante.
Sem condições financeiras e assustada com o valor exorbitante, Maria não
efetuou o pagamento e, em dezembro de 2018, o Embargado ajuizou ação de
execução em face da Embargante, cobrando o valor atual de R$ 450.000,00
(quatrocentos e cinquenta mil reais), indicando a penhora o único bem imóvel de
Maria, no qual reside com seu esposo.
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Tais alegações realizadas pelo embargado, não merecem prosperar, pois não
condizem com a realidade, conforme se verifica em seguida.

II- DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO

O Código de Processo Civil expõe duas modalidades de incompetência, a


absoluta e relativa. A incompetência Absoluta é aquela que diz respeito a matéria, a
pessoa e a função, ao passo que a incompetência relativa, refere-se ao valor da causa
e território.
Dispõe também que, as partes poderão modificar a competência relativa,
elegendo foro onde será proposto ação para a resolução de conflitos resultantes do
negócio jurídico.
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do
território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e
obrigações.

Logo, ao firmarem contrato de empréstimo, com cláusula de eleição de foro


em CHAPECÓ/SC (conforme contrato em anexo), a ação de Execução deveria ter
sido proposta no foro elegido. Dessa forma, trata-se de competência relativa do juízo,
devendo ser modicava para a Comarca de Chapecó, conforme elencado no art. 63 do
Código de Processo Civil.

III- DO EXECESSO EXECUÇÃO

A presunção do embargado no recebimento da obrigação cumulado com juros


de mora e demais encargos estabelecidos, se evidencia claramente pelo EXCESSO
DE EXECUÇÃO.
In Casu, verifica-se nitidamente a existência do excesso, ante a ilegalidade
dos encargos fixados no principal, de modo que como restou provado, NÃO FOI EM
MOMENTO ALGUM A EMBARGANTE RESPONSÁVEL PELA MORA.
Fato é que, a incidência exorbitante de valores no montante executado,
alegados pelo Embargado, totalizam em 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais),
possuindo ¼ (um quarto) a mais do valor financiado pela Embargante. Dessa forma,
podemos observar a jurisprudência abaixo que versa sobre o tema:
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Conforme verificado, a Embargante em momento algum se opôs ao


pagamento do débito, em virtude de estar com dificuldades financeiras, todavia não
pode simplesmente aceitar que do valor financiado, o Embargado fizesse a somatória
que bem entendesse, motivo pelo qual apresenta atualização monetária, acrescidos
de juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês, conforme o disposto em contrato
(anexo):

Resultado do Cálculo de Atualização Monetária


Valor R$ 133.333,33
Data inicial 25/06/2018
Data final 22/08/2019
Valor atualizado R$ 138.742,16
Juros mensal Juros de 1% de 25/06/2018 até
22/08/2019.
Valor dos juros R$ 19.294,66
SELIC R$ 0,00
Subtotal R$ 158.036,81
Honorários advocatícios (0,00%) R$ 0,00
Total R$ 158.036,81
Multa (10,00%) R$ 0,00
Total geral R$ 158.036,81
Cálculo efetuado em 22/08/2019 09:30

Indubitavelmente, o real valor devido pela Embargada, totalizam em R$


158.063,81 (cento e cinquenta e oito mil, sessenta e três reais com oitenta centavos),
e não o alegado pelo o Embargado na ação executória. Logo, resta comprovada a
existência do Excesso de execução (art. 917, § 2º, inciso I).
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IV- DA IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA

O Embargado, com o intuito de garantir a execução, indicou à penhora o único


bem que Maria possui, um imóvel o qual reside com seu esposo.
Contudo, de acordo a Lei nº 8.009/1990, o bem de família, que abrange o
imóvel sobre o qual está a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer
natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que
guarnecem a casa, desde que quitados, é IMPENHORÁVEL, não respondendo em
qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária ou de outra natureza.

Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é


impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial,
fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos
pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas
hipóteses previstas nesta lei.

Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se


assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza
e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que
guarnecem a casa, desde que quitados.

Consequentemente, ao indicar a casa para a realização da penhora, o


Embargado comete erro de penhora, ou seja, a penhora é incorreta (art. 917, II), bem
como, fere o princípio Constitucional da dignidade humana, atingindo direitos básicos
como o direito à moradia e a vida digna.

V- DA SUSPENSÃO DO PROCESSO

Em que pese o art. 919, do Código de Processo Civil, expresse que as


ações de Embargos à execução não terão efeito suspensivo, o § 1º, do referido
artigo, salvaguarda os casos em que há o deferimento da concessão de tutela
provisória, mediante comprovação dos requisitos necessários pelo Embargante:
Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo.

§ 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo


aos embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela
provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito
ou caução suficientes.

Dessa forma, para que seja concedida a tutela provisória de urgência, é


necessário o preenchimento de alguns elementos, estes elencados no art. 300 do
Código de Processo Civil:
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Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

À vista disso, ao analisamos o caso concreto e os autos de execução, é


possível constatar a existência dessas elementares quando verificamos o excesso de
execução claramente existente, e a penhora do bem de família.
Quanto a garantia da execução exigida, a Embargante pleiteia pela
substituição da penhora, por outra modalidade, para assim assegurar o pagamento
da dívida, com fulcro no art. 848, do Código de Processo Civil.

VI- DOS PEDIDOS

Ex positis, requer o recebimento dos presentes autos de Embargos à


execução, promovendo:

a) A intimação do Embargado para, querendo, manifeste-se dentro do prazo


estabelecido pela norma legal;
b) O acolhimento da arguição de incompetência de foro, determinando que a
ação seja transferida para Chapecó, local elegido pelas partes em
contrato;
c) A adequação do valor devido, conforme demonstrado no item III, da
presente petição;
d) A concessão do efeito suspensivo, nos moldes do art. 919, § 1º, do Código
de Processo Civil, considerando a comprovação dos elementos
necessários (item V);
e) A condenação do Embargado nas custas e honorários advocatícios;
f) A produção de provas pelo direito permitidas (documentais, testemunhas,
pericial...)

VII- VALOR DA CUASA


Dá-se a causa o valor de R$ 158.063,81 (cento e cinquenta e oito mil,
sessenta e três reais com oitenta centavos).
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Termos em que, pede o DEFERIMENTO.

Cidade..., data...

Advogado...
OAB...

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