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Faculdade ViaSapiens

Formação em PSICANÁLISE

SÍNTESE – TEORIA PSICANALÍTICA I

Marcela de Sousa Araújo Paiva

Itapipoca - 2018

Marcela de Sousa Araújo Paiva – (88) 9.9940-3889 / aluna de Psicanálise - Sobral


5º módulo: Teoria Psicanalítica (Professor: Ramos de Oliveira Data: 25/05/2018)
Instancias do aparelho psíquico
A teoria psicanalítica de Freud é hoje utilizada em inúmeras áreas do conhecimento
humano.

A sua teoria foi sendo configurada com a sua própria trajetória de vida.

A relação da teoria psicanalítica de Freud com o seu autor se deve pelo fato de que
ela foi concebida em grande parte mediante as experiências pessoais de vida deste.

A expressão “Psicanálise” se refere tanto à teoria psicanalítica de Freud quanto


também à sua prática e método de investigação.

A teoria psicanalítica de Freud se caracteriza por ser um conjunto de conhecimentos


sistematizados da psique e de seu funcionamento. Esse conjunto pode ser:

*Teoria *Método de investigação *Prática

A Psicanálise como método de investigação se caracteriza pelo seu método


interpretativo em que o propósito é sempre de buscar o significado que está subjaz, oculto
em relação ao que é manifestado pelas palavras e por produções do inconsciente como os
sonhos, os atos falhos, os delírios e as associações livres. 2

A parte prática da Psicanálise se refere à forma de tratamento ou “Análise”.

A análise é o processo de busca de autoconhecimento ou da cura, ressaltando que a cura


também ocorre através do autoconhecimento.

A prática da Psicanálise pode ser utilizada em psicoterapias, orientações, trabalho


com grupos, aconselhamentos, bem como, ser utilizada para análise e entendimento dos
fenômenos socioculturais.

A teoria psicanalítica de Freud foi elaborada a partir de uma descoberta: o


inconsciente.

Freud, em 1900, em sua obra: A interpretação dos sonhos, apresentou pela primeira
vez uma concepção da estrutura e do funcionamento da personalidade.

Esta teoria é denominada de “Primeira Tópica” e se refere à existência de três


sistemas ou instâncias psíquicas:

• Inconsciente
• Pré-consciente
• Consciente

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Freud remodelou sua teoria do aparelho psíquico entre 1920 e 1923, quando
elaborou os conceitos de:

• Id
• Ego
• Superego

Freud utilizou estes conceitos para se referir aos três sistemas da personalidade. E
esta teoria do aparelho psíquico recebeu o nome de “Segunda Tópica”.

Estas duas teorias do aparelho psíquico são as bases da teoria psicanalítica de Freud
e a partir delas o conjunto teórico foi sendo elaborado com temas como: complexo de
Édipo, pulsões, mecanismo de defesa, desenvolvimento psicossexual, etc.

A natureza sexual da teoria psicanalítica de Freud é polêmica ainda hoje e foi


imensamente mais em sua época!

Freud ao colocar a sexualidade no centro da vida psíquica e concebendo a existência


de uma sexualidade infantil escandalizou a sociedade da época.

Atualmente a teoria psicanalítica de Freud é uma ferramenta utilizada por inúmeras


pessoas nas mais diferentes áreas do conhecimento humano como: a psicologia, psiquiatria,
arte, sociologia, antropologia, direito e outras mais.
3
Freud fez do escândalo de ontem o conhecimento de hoje.

Acredita que os conflitos fazem parte do desenvolvimento humano, portanto


procura descrever as causas dos transtornos mentais. O sistema freudiano trouxe o conceito
de inconsciente em uma teoria da sexualidade. Estruturou o aparelho psíquico como um
iceberg, onde o submerso – inconsciente – não é voluntariamente controlado.
A consciência do ser humano é descrita por Freud em três níveis:

*O consciente: abarca todos os fenômenos que em determinado momento podem ser


percebidos de maneira conscientes pelo indivíduo;

*O pré-consciente: refere-se aos fenômenos que não estão conscientes em determinado


momento, mas podem tornar-se, se o indivíduo desejar se ocupar com eles;

*O inconsciente: diz respeito aos fenômenos e conteúdos que não são conscientes e
somente sob circunstâncias muito especiais podem tornar-se.

Os sonhos são vistos como expressão simbólica dos conteúdos inconscientes.


Muitos desejos, sentimentos e motivações são inconscientes, mas podem influenciar e
guiar o comportamento consciente.

O aparelho psíquico, na teoria freudiana, é composto por três níveis estruturais que
compõe a personalidade:

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*Id: O id é a fonte da energia psíquica (libido). O id é formado pelas pulsões - instintos,
impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Ele funciona segundo o princípio do prazer,
ou seja, busca sempre o que produz prazer e evita o que é aversivo. O id desconhece juízo,
lógica, valores, ética ou moral, é completamente inconsciente.

*Ego: O ego desenvolve-se a partir do id com o objetivo de permitir que seus impulsos
sejam eficientes, ou seja, o ego permite o id levando em conta o mundo externo. É o
chamado princípio da realidade. Esse princípio introduz a razão, o planejamento e a espera
ao comportamento humano. A satisfação das pulsões é retardada até o momento em que a
realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um mínimo de consequências
negativas. A principal função do ego é buscar uma harmonização, inicialmente entre os
desejos do id e a realidade e, posteriormente, entre os desejos do id e as exigências do
superego.

Superego: É a parte moral da mente humana e representa os valores da sociedade. O


superego tem três objetivos: (1) inibir (através de punição ou sentimento de culpa) qualquer
impulso contrário às regras e ideais; (2) forçar o ego a se comportar de maneira moral
(mesmo que irracional) e (3) conduzir o indivíduo à perfeição - em gestos, pensamentos e
palavras. O superego forma-se após o ego, durante o esforço da criança de apreender os
valores recebidos dos pais e da sociedade. Ele pode funcionar de uma maneira bastante
primitiva, punindo o indivíduo não apenas por ações praticadas, mas também por
pensamentos.

A função do ego é tentar harmonizar a ação do id, do mundo exterior e do superego. 4


Para isso, pode fazer uso dos mecanismos de defesa. Esses conceitos foram melhor
desenvolvidos pela filha de Freud, Ana. Os principais mecanismos de defesa são:

 Repressão: processo pelo qual se afastam da consciência conflitos e frustrações


demasiadamente dolorosos para serem experimentados ou lembrados, reprimindo-os para
o inconsciente;
 Formação reativa: consiste em ostentar um procedimento e externar sentimentos
opostos aos impulsos verdadeiros, indesejados.
 Projeção: consiste em atribuir a outros as ideias e tendências que o sujeito não pode
admitir como suas.
 Regressão: consiste em a pessoa retornar a comportamentos imaturos, característicos
de fase de desenvolvimento que a pessoa já passou.
 Fixação: congelamento no desenvolvimento, que é impedido de continuar. Uma parte
da libido permanece ligada a um determinado estágio do desenvolvimento e não permite
que a criança passe completamente para o próximo estágio. A fixação está relacionada com

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a regressão, uma vez que a probabilidade de uma regressão a um determinado estádio do
desenvolvimento aumenta se a pessoa desenvolveu uma fixação nesse estádio.
 Sublimação: a satisfação de um impulso inaceitável através de um comportamento
socialmente aceito.

 Identificação: processo pelo qual um indivíduo assimila um aspecto, uma


característica de outro. Uma forma especial de identificação é a identificação com o
agressor.
 Deslocamento: processo pelo qual agressões ou outros impulsos indesejáveis, não
podendo ser direcionados à(s) pessoa(s) a que se referem, são direcionadas a terceiros.

A teoria psicanalítica defende que o desenvolvimento psicossocial do indivíduo


inicia desde os primeiros anos de vida, em fases ou estágios psico-sexuais definidas por
regiões do corpo, nos quais surgem necessidades que exigem ser satisfeitas. A maneira
como essas necessidades são satisfeitas determina como a criança se relaciona com outras
pessoas e quais sentimentos ela tem para consigo mesma. As fases se seguem umas às
outras em uma ordem fixa e, apesar de uma fase se desenvolver a partir da anterior, os
processos desencadeados em uma fase nunca estão plenamente completos e continuam
agindo durante toda a vida da pessoa. 5

1. Fase oral (do nascimento até aproximadamente um ano de vida)

Nessa fase a criança vivencia prazer e dor através da satisfação ou frustação de


pulsões orais, ou seja, pela boca. Essa satisfação se dá independente da satisfação da fome.
Para a criança, sugar, mastigar, comer, morder, cuspir etc. têm uma função ligada ao prazer,
além de servirem à alimentação. A fase oral se divide em duas fases menores, definidas
pelo nascimento dos dentes. Antes, passiva-receptiva; com os primeiros dentes a criança
passa a uma fase sádica-ativa através da possibilidade de morder.

2. Fase anal (aproximadamente do primeiro ao terceiro ano de vida)

Nessa fase a satisfação das pulsões se dirige ao ânus, ao controle da tensão intestinal.
A criança tem de aprender a controlar sua defecação e, dessa forma, deve aprender a lidar
com a frustração do desejo de satisfazer suas necessidades imediatamente.

3. Fase fálica (dos três aos cinco anos de vida)

Essa fase se caracteriza pela importância da presença (ou, nas meninas, da ausência)
do falo ou pênis. Prazer e desprazer estão centrados na região genital. As dificuldades dessa
fase estão ligadas ao direcionamento da pulsão sexual ao genitor do sexo oposto e aos
problemas resultantes. A resolução desse conflito está relacionada ao complexo de Édipo
e à identificação com o genitor de mesmo sexo.

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O complexo de Édipo é caracterizado por sentimentos de amor e hostilidade, quando
ocorre a diferenciação do sujeito em relação aos pais. A criança começa a perceber que os
pais pertencem a uma realidade cultural e que não podem dedicar-se apenas a ela porque
possuem outros compromissos.

Nessas fases, ao ser confrontada com frustações, a criança é obrigada a desenvolver


mecanismos para lidar com tais frustações. A maneira como a criança atravessa essas fases
e as reações dos familiares perante suas ações constituem mecanismos que são a base da
futura personalidade da pessoa.

4. Período de latência (até a puberdade)

Trata-se de uma fase mais tranquila, onde as fantasias e os impulsos sexuais são
reprimidos, tornando-se secundários, e o desenvolvimento cognitivo e a assimilação de
valores e normas sociais se tornam a atividade principal da criança, continuando o
desenvolvimento do ego e do superego.

5. Fase genital (durante a adolescência, estendendo-se até a vida adulta)

Nessa última fase as pulsões sexuais, acompanhando a maturação biológica,


despertam-se novamente e são dirigidas a uma pessoa do sexo oposto. A escolha do
parceiro não se dá independente dos processos de desenvolvimento anteriores, mas é
influenciada pela vivência nas fases antecedentes. Além disso, apesar de continuarem
agindo durante toda a vida do indivíduo, os conflitos internos típicos das fases anteriores 6
atingem na fase genital uma relativa estabilidade conduzindo a pessoa a uma estrutura do
ego que lhe permite enfrentar os desafios da idade adulta.

NEUROSE

Ser neurótico não significa estar preocupado com algo o tempo inteiro. A pessoa
que tem este transtorno reage de forma incontrolável quando submetida a
determinadas situações. Apesar de não perder o vínculo com a realidade, ou seja, ela sabe
exatamente o que está acontecendo, não consegue controlar a intensidade de seus atos, nem
atuar dentro do padrão da "normalidade".

Quem tem esse distúrbio sofre uma intensa angústia e ansiedade. É marcado por
uma perturbação mental, com manifestações nas esferas física, mental e fisiológica. O
comportamento neurótico é relativamente comum e se manifesta em quadros de depressão,
fobias, desordens de personalidade e tendências obsessivas-compulsivas.

A neurose nunca deve ser confundida com a psicose, já que nesse último
transtorno o paciente perde o contato com a realidade.

Os sintomas variam de pessoa a pessoa, mas normalmente estão ligados ao


excessivo e incontrolável. Quem tem neurose pode manifestar medo frente a situações
corriqueiras, preocupação constante, alterações de humor, fobias diversas, traços
histéricos, medo de ir a determinados lugares, entre outros.

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Segundo os especialistas, os sintomas aparecem rapidamente e devem ser
tratados com a mesma velocidade, para impedir que a pessoa seja prejudicada em sua
vida afetiva, social e/ou profissional.

Um dos principais assuntos estudados pela psicanálise é a neurose. Entretanto, até


hoje é muito comum a dúvida sobre o que é neurose, principalmente devido à amplitude
do termo. Para uma conceituação geral sobre o que é neurose, ela pode ser considerada, a
priori, como uma doença psíquica.

Neuroses são fenômenos gerados por um conflito psíquico, envolvendo a frustração


de um impulso instintivo. Além disso, podemos entender como neurose o resultado de
nossas experiências. Sejam elas vivências, traumas ou recalques, conforme pontua a
psicanálise. E é entendida como problemas relacionados à fixação da libido e à fixação
problemática.

Freud aprofundou seus estudos sobre o que é neurose, as suas causas e sintomas. E
usou seus estudos para embasar parte de suas teorias psicanalíticas. Assim como as
metodologias terapêuticas por ele criadas. Para Freud, o inconsciente alimentava os
instintos e os impulsos e ele deveria ser trabalhado para se curar as neuroses.

Freud realizou a sua autoanálise consistia em encarar calmamente os seus próprios


fantasmas mentais. E, assim, ele buscou avaliar como o afetavam. A sua autoanálise se
voltou para as memórias da infância, após perpassar assuntos da sua vida adulta. Também
a morte de seu pai, em 1896, conforme ele próprio afirmou, foi determinante para o estudo 7
de si mesmo. A partir dessa análise de si mesmo, ele passou a analisar seus pacientes e a
fundamentar as suas teorias. Inclusive as suas teorias a respeito da neurose.

A neurose é um dos principais pontos da teoria de Freud, assim como ele relaciona
à sexualidade e a sua importância para a vida mental. Ao desenvolver a sua teoria da
sexualidade, ele demonstrou diversas origens que levam o homem ao sofrimento.

Freud pontuou, dentre essas questões, alguns fenômenos relacionados a estados


corporais específicos que seriam de natureza eminentemente somática. Esses fenômenos
ele considerou como característicos do que ficou denominado como “neurose atual”.
Termo esse que inclui a neurastenia, a neurose de angústia e hipocondria.

Dentre os principais sintomas encontrados na neurastenia, de acordo com a teoria


freudiana, estão a brutalidade do fator sexual. Quando ela aparece com um problema para
a vida humana. Também há as cefaleias e as prisões de ventre. Além de outros que podem
surgir devido a uma atividade sexual não satisfatória, como o excesso de masturbação,
segundo Freud.

Já para a neurose de angústia alguns de seus principais sintomas podem ser de


natureza diversa. Dentre eles, diarreias e congestões, distúrbios respiratórios ou cardíacos,
etc.

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A hipocondria não apresenta sintomas somáticos concretos. Porém, ela leva à
nosofobia, que seria o medo de ficar doente. A qual está ligada aos sintomas da neurose de
angustia.

De acordo com Freud, esses fenômenos seriam as “neuroses atuais”. Dessa forma,
Freud confere a eles um caráter contemporâneo dos fatores sexuais envolvidos em sua
sintomatologia. Diferente das psiconeuroses, que possuem um caráter de historicidade da
sexualidade.

Dessa forma, o termo neurose atual seria o oposto à psiconeurose, no que tange à
historicidade subjetiva a esse fenômeno. Assim pode-se entender a amplitude para a
psicanálise sobre o que é neurose. E muitos de seus sintomas estariam ligados à
sexualidade, segundo Freud e suas teorias.

TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE

Os transtornos de personalidade são um grupo de doenças psiquiátricas em que os


traços emocionais e comportamentais de um indivíduo são muito inflexíveis e mal
ajustados. Esses distúrbios comprometem seriamente a qualidade de vida dos pacientes,
que sentem enorme dificuldade em adaptar-se a determinadas situações e que, por isso,
causam sofrimento e incômodo a eles próprios e aos que estão por perto.
8
Os transtornos de personalidade são um grupo de doenças psíquicas em que a pessoa
tem um padrão de pensamento e comportamento bastante rígido e mal ajustado. Sem
tratamento, que envolve psicoterapia e medicamentos, o problema costuma ter longa
duração e causa sofrimento e dificuldade nos relacionamentos pessoais e em outras áreas.

Os transtornos de personalidade são classificados em categorias que têm


características comuns. Embora seja comum reconhecer traços de si mesmo em diferentes
transtornos de personalidade, quem tem o problema possui a maior parte das características
de um transtorno específico.

Os transtornos de personalidade, também referidos como perturbações da


personalidade, formam uma classe de transtorno mental que se caracteriza por padrões de
interação interpessoais tão desviantes da norma, que o desempenho do indivíduo tanto na
área profissional como em sua vida privada pode ficar comprometido. Na maior parte das
vezes, os sintomas são vivenciados pelo indivíduo como "normais" (eu-sintônico), de
forma que a diagnose somente pode ser estabelecida a partir de uma perspectiva exterior.

Mais do que outros transtornos mentais, os transtornos da personalidade apresentam


o perigo de uma estigmatização do paciente. Isso se deve sobretudo à terminologia, que
sugere um transtorno de toda a personalidade do indivíduo e, muitas vezes, está ligada a
juízos morais com relação ao paciente. Os atuais sistemas de classificação (DSM-V e CID-
10) - que utilizam o método descritivo e não etiológico - permitiram o desenvolvimento de

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novas abordagens, que procuram descrever tais transtornos como transtornos da interação
interpessoal e levaram ao desenvolvimento de novos tratamentos psicoterapêuticos.[1]

O diagnóstico de um transtorno de personalidade deve satisfazer os critérios abaixo,


juntamente com os critérios específicos do transtorno em consideração.

A. Comportamento e experiências que se desviam consideravelmente do que a cultura


vigente espera. Esse padrão é manifestado em duas (ou mais) áreas seguintes:

1. cognição (percepção de si mesmo, dos outros ou de eventos)


2. afeto (o alcance, a intensidade, a maleabilidade e a conveniência das respostas
emocionais)
3. funcionamento interpessoal
4. controle do impulso

B. O comportamento é inflexível e invasivo, com alcance em ampla gama de situações


pessoais e sociais.

C. O comportamento leva clinicamente a um significante desconforto e prejuízo nas áreas


de funcionamento social e ocupacional, ou outra área importante de funcionamento.

D. O padrão é estável, de longa duração e deve iniciar, pelo menos, na adolescência ou


início da idade adulta.
9
E. O comportamento não pode ser identificado como uma manifestação ou consequência
de outra doença mental.

F. O comportamento não pode ser identificado como uma manifestação ou consequência


de causas fisiológicas como abuso de substâncias ou uma condição médica geral tal como
dano cerebral.

Importante: Pessoas menores de idade que alcancem o critério de um transtorno de


personalidade não são, usualmente, diagnosticadas como tendo tal transtorno, ainda, elas
podem receber um diagnóstico correlacionado. Para se diagnosticar um indivíduo menor
de idade com um transtorno de personalidade, os sintomas devem estar presentes por, pelo
menos, um ano. O transtorno de personalidade antissocial não pode, por definição, ser
diagnosticado em pessoas menores de 18 anos.

Existe uma lista de transtornos de personalidade definidos no DSM-IV conhecidos


como transtornos excêntricos ou estranhos. Os indivíduos que estão neste grupo,
costumam ser apelidados como esquisitos, isolados socialmente, frios emocionalmente,
inexpressivos, distantes e muito desconfiados. Este grupo está mais propenso a desenvolver
sintomas psicóticos.

 Transtorno de personalidade esquizoide — Indivíduos isolados socialmente, não


expressam ou vivenciam emoções como alegria ou raiva, frios emocionalmente,
indiferentes e não fazem questão de manter laços afetivos com outras pessoas, sendo

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assim, vistos como independentes emocionalmente. São muito introspectivos, e muitas
vezes não têm amizades. Não anseiam por tais relacionamentos e geralmente preferem
viver sozinhos e isolados. (Não confundir com depressão nervosa grave.)
 Transtorno de personalidade esquizotípica — Pessoas com as mesmas características
ao esquizoide, contudo, estão mais próximas à esquizofrenia. Desconfiados, alguns
podem acreditar que têm poderes especiais, outros podem ser supersticiosos e cheios de
"manias", sendo que geralmente possuem crença excessiva ou fanatismo religioso.
Frequentemente participam de seitas excêntricas, ou acabam por se apegar
excessivamente a alguma forma de "ocultismo" ou religiosidade, muitas vezes tornam-se
fanáticos religiosos que passam a vida a "pregar" seus conceitos de forma exagerada,
acreditando serem escolhidos por alguma entidade divina ou, ocasionalmente, acreditam
sentir presença ocultas, ouvir vozes e chamados do além, entre outros comportamentos
próximos às psicoses. (Não confundir com esquizofrenia.)
 Transtorno de personalidade paranoide — São pessoas demasiadamente desconfiadas
e paranoicas. Não conseguem confiar em outros, sempre alegam que vão ser passados
para trás ou que estão tramando e conspirando algo contra ele. Em momentos de estresse,
essas características tendem a piorar e são essencialmente rancorosos, com dificuldade
em perdoar os erros e fracassos das outras pessoas. Atribuem isso sempre às supostas
tramoias, conspirações, perseguições etc. São frios emocionalmente e podem se manter
distantes às outras pessoas porque acreditam estar sempre sendo enganados, às vezes
reagindo com hostilidade por motivos incompreensíveis aos olhos de outros. (Não
confundir com esquizofrenia ou delírio.)

Existe também um outro grupo. O grupo B de transtornos dramáticos, imprevisíveis 10


ou irregulares. Pessoas que convivem intimamente costumam perceber um quê de anormal
no comportamento dos indivíduos que compõem este grupo, frequentemente sendo
apelidados como "problemáticos". Nele, estão presentes os indivíduos que são vistos aos
olhos de outros como manipuladores, rebeldes, com tendência a quebrar regras e rotinas,
irritantes, "maus", inconstantes, impulsivos, dramáticos, sedutores, imprevisíveis, egoístas
e muito intolerante às decepções. Neste grupo, os sintomas inflexíveis dos distúrbios
afetam muito mais as pessoas em sua volta, do que o próprio indivíduo.

 Transtorno de personalidade antissocial — São sociopatas, indivíduos egocêntricos


desde a adolescência e que mesmo na idade adulta mantêm comportamentos persistentes
de desrespeito as normas, regras ou leis sociais. Causam prejuízos e transtornos
significativos as pessoas próximas em seu círculo social. Frequentemente surgem
ocorrências de transtorno de conduta e histórico de problemas em relação conjugal devido
sua propensão para adultério e infidelidade. Não desenvolvem empatia e tendem a ser
insensíveis, cínicos e a desprezar os sentimentos, direitos e sofrimentos alheios. Impera o
egoísmo. Enganam, seduzem e manipulam as pessoas a fim de obter vantagens pessoais
ou prazer. São capazes de fingir um comportamento exemplar e se fazer passar por vitima
com maestria. Distorcem fatos e acontecimentos verídicos a fim de convencer quem lhes
dá atenção. (O diagnóstico de antissocial não está relacionado a evitar socializações, algo
mais provável no transtorno de personalidade esquiva.)
 Transtorno de personalidade histriônica — São pessoas muito emotivas,
hipersensíveis, exageradas, superficiais, emocionalmente instáveis, dramáticas, muito

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preocupadas com a aparência física (vaidosos e provocativos) e com notável tendência a
exigir excessiva atenção para si a todo momento. Caso contrário, sentem-se
profundamente incomodados, podendo expressar suas emoções de forma exagerada,
como rompantes de choro ou raiva por coisa mínima. Geralmente vestem-se de maneira
chamativa, sobretudo sexualmente provocante e costumam estar sempre à caça de elogios
a respeito de sua aparência física. Tendem a infidelidade contumaz, são muito
manipuladores, sedutores, controlando pessoas e circunstâncias para conseguir atenção.
Fazem uso da manipulação emocional e sedutora, frequentemente vestindo-se de maneira
chamativa, provocando, encantando e seduzindo outras pessoas. (Não confundir com
Transtorno Afetivo Bipolar.)
 Transtorno de personalidade borderline — Distúrbio comparável a uma "doença do
amor", uma vez que seus sintomas se tornam muito exacerbados quando se apaixonam.
São indivíduos muito inconstantes, exagerados, constantemente insatisfeitos, intolerante
às decepções e frustrações, com pensamento extremista 8-80 (totalmente bom ou
totalmente mau: não conseguem ver lado bom e ruim numa mesma pessoa ou situação),
não conseguindo relacionar-se de maneira saudável com seus familiares e pessoas
íntimas, tratando-as frequentemente de maneira estúpida, agressiva ou rebelde. Quando
se apaixonam por uma pessoa, tratam-na como um deus, entretanto, à menor
contrariedade ou sinal de rejeição percebida, acreditam erroneamente estar sendo
ignorados e abandonados, tornando-se irritantes, insuportáveis e autodestrutivos
passando drasticamente do amor idealizado para o ódio, tratando cruelmente o parceiro
como um verdadeiro demônio, sendo assim, com notável tendência a terminar
relacionamentos de forma raivosa. Essas relações íntimas são frequentemente intensas,
mas caóticas e instáveis, terminando sempre em chantagens, manipulações, ameaças 11
suicidas ou autodestrutivas. Essas pessoas têm profundos sentimentos de raiva e vazio
crônico, são emocionalmente instáveis, com surtos de carência afetiva, mostrando-se
também controladoras e muito ciumentas. Além disso, têm tendência suicida e, a fim de
se libertar do sentimento de vazio e rejeição, podem engajar-se em comportamentos
compulsivos como automutilação, comer compulsivamente, gastos em excesso etc. São
irritadiças quando estão com pessoas muito íntimas e se sentem merecedoras de cuidados
e atenção especial a todo momento. Muitas vezes não conseguem controlar fortes
emoções como a raiva. Sentem-se sempre mal-amados, rejeitados e ignorados por
motivos banais, o que causa um gatilho para agressividade e manipulações. São pessoas
manipuladoras, uma vez que temem ser rejeitados em seus relacionamentos amorosos,
fazendo esforços totalmente desproporcionais para evitar o abandono. (Não confundir
com Transtorno Afetivo Bipolar.)
 Transtorno de personalidade narcisista — Pessoas arrogantes, orgulhosas e que se
acham superiores e mais especiais que os outros. De primeira, esses indivíduos passam
uma grande impressão de que são metidos, egoístas ou antipáticos, demonstram pouca
empatia para com os outros, não se importam com sentimentos alheios e podem ser frios
emocionalmente. Quase sempre se acham "os melhores", "os mais lindos", "os mais ricos"
etc. e exigem ser atendidos pelos melhores médicos, pelos melhores professores e outros
"melhores" profissionais por causa de seu sentimento de superioridade. Diferentemente
do histriônico, narcisistas podem se cuidar em excesso (vaidosos) para mostrar às outras
pessoas o quanto são mais "bonitos" e anseiam por elogios não para receber atenção, mas

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apenas para mostrar que são supostamente superiores às outras pessoas. (Não confundir
com megalomania.)

E ainda tem o grupo C. Que são os transtornos ansiosos ou receosos. Os indivíduos


que compõem este grupo são vistos como medrosos, ansiosos, frágeis, dependentes,
fóbicos e com tendência a serem submissos, organizados, obedientes e, ao contrário do
grupo B, evitam quebrar regras ou rotinas. Neste grupo, frequentemente os traços
inflexíveis dos transtornos prejudicam muito mais o próprio indivíduo, do que as pessoas
à sua volta. Este grupo está mais propenso aos transtornos de ansiedade.

 Transtorno de personalidade dependente — Pessoas muito dependentes


emocionalmente e fisicamente, sempre dependendo de outras pessoas para fazer
qualquer coisa. Notavelmente carentes, elas não conseguem viver só e estão sempre à
procura de um relacionamento íntimo para se manter dependente. Com frequência, são
submissos às pessoas por quais mantêm um laço afetivo, podendo demonstrar muita
empatia ou altruísmo por outras pessoas e pouca preocupação consigo mesmo. Não
costumam contrariar as outras pessoas e emoções como raiva e desgosto
frequentemente são reprimidas e disfarçadas, pois têm medo excessivo em magoar o
outro. Com medo da perda e abandono, esses indivíduos pensam muito mais nas outras
pessoas do que em si, deixando de fazer coisas que gostam, para satisfazer aos outros.
Eles são propensos a envolverem-se em relacionamentos perturbadores, com
tendências sadomasoquistas, muitas vezes aceitando atitudes abusivas contra si. Por
isso, a insatisfação é constante e o sentimento crônico de tristeza é comum nessas
pessoas, uma vez que se tornam pessoas excessivamente submissas aos outros, muitas 12
vezes deixando-se ser vítimas de maus tratos por parte de outras pessoas por quais
mantêm dependência. Geralmente, possuem medo de machucar o outro e têm
dificuldade em romper tais relacionamentos. Quando terminam, sentem-se culpados e
frequentemente partem desesperadamente em busca de um novo relacionamento. (Não
confundir com distimia.)
 Transtorno de personalidade esquiva — Indivíduos que são excessivamente
tímidos, com grande ansiedade na vida social, sendo que frequentemente carregam um
sentimento de inferioridade em relação às outras pessoas. Via de regra, têm uma baixa
autoestima e temem serem ridicularizados ou criticados em público. Na realidade,
anseiam contato íntimo entre as pessoas, mas com medo de serem ridicularizados,
envergonham-se e se isolam socialmente. Eles podem evitar festas, lugares cheios de
pessoas e outras ocasiões sociais que poderão ser o centro das atenções, sendo que
muitas vezes não têm amigos. Por vezes, carregam grande sofrimento pois têm uma
grande vontade de se relacionar com outros, mas não conseguem por conta da vergonha
e timidez excessiva que enfrentam ao deparar-se com outras pessoas. (Não confundir
com depressão nervosa grave, fobia social e transtorno de ansiedade generalizada.)
 Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva — São pessoas teimosas e
inflexíveis, excessivamente organizadas, temendo descuidos, desorganizações, sujeira
ou qualquer outra forma de "bagunça". Elas priorizam o correto e organizado, podendo
gastar muito tempo trabalhando, estudando ou limpando, deixando de lado
relacionamentos, diversão e lazer. Além disso, elas tendem a fazer seus deveres a sós
porque temem que outras pessoas não irão fazer corretamente. Nos seus

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relacionamentos, eles podem ser um pouco distantes ou isolados e aparentar frieza
emocional. Com frequência têm dificuldade em desfazer-se de velharias e coleções,
podendo acumular muitos utensílios, móveis e objetos antigos. Via de regra, se
sobrecarregam em suas atividades, algumas vezes desenvolvem compulsão
desenfreada para o trabalho. Não confundir com Transtorno obsessivo-compulsivo
[TOC].

EPISÓDIO DEPRESSIVO

O traço depressivo está presente em todas as pessoas e é importante para “evitar


danos”, principalmente em situações potencialmente perigosas. Ter momentos de reflexão
e repensar atitudes em situações que foram emocionalmente dolorosas geram traços
depressivos que são importantes para conseguir alcançar mudanças e não repetirmos os
mesmos erros. Se não ficássemos um pouco tristes ou emocionalmente abalados às chances
de repetir o mesmo “erro” seriam muito maiores. O traço depressivo pontual, presente por
um curto período, sem provocar significativas alterações funcionais na nossa rotina, é
importante para o nosso bem-estar e para enfrentar as situações no dia a dia.

Enfrentar dificuldades da vida é uma condição de todos, mas que está ligado
diretamente à forma como percebemos e interpretamos as situações. Muitas vezes, no
quadro depressivo, a pessoa tende a apresentar uma visão negativa sobre si mesmo, sobre
o mundo e sobre o que os outros pensam sobre ela. O quadro depressivo pode ocorrer de
forma mais insidiosa, como em situações após transtornos do estresse pós-traumático
(TEPT), doenças crônicas ou também de forma gradativa. Essa gradação, muitas vezes, vai 13
estar associada a uma dificuldade de a pessoa conseguir “reunir forças” para enfrentar as
situações diárias. A pessoa, com frequência, começa a desistir de lutar contra as situações
percebidas como negativas, as quais, muitas vezes estão associadas a pensamentos do tipo:
“já não consigo resolver meus problemas como antes”; “já não tenho a mesma força e
habilidades para lidar com as situações”. Os sentimentos associados a esses pensamentos
são de impotência, impossibilidade de mudança e/ou melhora da situação.

As causas são difíceis de definir, mas, em geral, estão associadas a fatores de risco,
como: episódios anteriores de depressão; histórico familiar; tentativas anteriores de
suicídio, idade de início precoce (antes dos 40 anos), pessoas que são divorciadas ou vivem
sozinhos, falta de suporte social, eventos de vida estressantes, abuso de álcool ou de
substância psicoativas e doenças crônicas.

O “surto depressivo”, tão comentado nas últimas semanas, não é muito popular entre
os profissionais de saúde e também não apresenta tal classificação nos principais manuais
de classificação diagnóstica. Talvez possamos estar nos referindo a um chamado episódio
depressivo. A nomenclatura, inclusive, de “surto”, conforme foi bastante comentada nas
últimas semanas, não seria a mais correta. A ideia de “surto” que é um termo da saúde
coletiva, está ligado a grandes grupos de pessoas acometido por alguma enfermidade como
“surto da dengue”. Nesse caso, como foi abordado, não se encaixaria o termo “surto
depressivo”, talvez crise depressiva ou episódio depressivo.

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Os sintomas e indícios da depressão, em geral, começam a ser identificados quando
a pessoa percebe que está “perdendo o controle” das situações na sua vida e que já não tem
recursos pessoais para enfrentá-los. Muitas vezes, aparece um sentimento de desmotivação,
pensamentos de incapacidade e um comportamento de fuga e esquiva de diversas situações.
Outras vezes, tem alterações fisiológicas como diminuição ou excesso de sono, diminuição
ou excesso de apetite com mudanças no peso.

Já a ansiedade é uma sensação desagradável, induzida por uma preocupação


excessiva incitada pela antecipação de um perigo ou frustação, sendo, em alguns casos,
que os perigos não condizem com a situação real. A pessoa ansiosa, quase sempre busca o
controle em várias situações, como: querem antecipar o que “acontecerá no futuro” e, em
geral, prevê um futuro mais negativo, se responsabiliza por muitas situações, parece que
existe sempre algo a ser feito, entre outras coisas.

O estresse é qualquer estímulo que influencia na homeostase (equilíbrio) do


organismo. É claro que isso está ligado à forma como a pessoa interpreta a situação em que
está vivendo. Outra importante questão relacionada a esse tema é o estresse em uma
condição aguda o qual, em certo grau, pode ser benéfico para a execução de atividades,
pois provoca uma excitação fisiológica que, às vezes, é importante. No entanto, o maior
problema é o estresse crônico que ocorre quando o sistema de “luta ou fuga” que é ativado
em situações de estresse fica ativado por um período muito longo. Nesses casos, o
indivíduo pode apresentar problemas somáticos como gastrite nervosa, dificuldades na
memória, pensamento acelerado, insônia, entre outras coisas.
14
O esgotamento, muitas vezes, é associado aos diferentes sintomas apresentados,
acima, que podem variar no tempo e conforme a gravidade. É difícil diferenciar os quatro
(depressão, ansiedade, estresse ou esgotamento), pois, muitas vezes, podem estar
associados e, por isso, seria necessária uma análise mais cuidadosa do caso. Outra questão
é que podem estar presentes como comorbidos (juntos), mas, do ponto de vista de
classificação nosológica serem apresentados com diferentes classificações. Por exemplo,
uma pessoa ansiosa que fica excessivamente preocupada, prevê cenários negativos, pode
gerar situações em que evite fazer atividades do trabalho ou com seus amigos, o que,
também, já pode gerar alguns traços depressivos, isolamento, sensação de incapacidade
que vão provocar alterações fisiológicas por conta das alterações emocionais e, então,
apresentar um quadro de estresse.

O tratamento, muitas vezes, pode estar associado com psicofármacos para uma
regularização bioquímica e fisiológica e psicoterapia para promover mudanças do ponto
de vista perceptivo/ambiental. Outros dois pontos importantes são a melhora na
alimentação e inserção de exercícios físicos na rotina. A ideia da cura é complicada, pois
traços depressivos todos vamos apresentar, no entanto, se fala em remissão de sintomas,
adaptação funcional e diminuição dos traços depressivos.

MECANISMOS DE DEFESA

Mecanismos de defesa são uma parte de nossa vida cotidiana, de acordo com a
psicanálise.
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Primeiro, foi Freud, mas não Sigmund, que definiu os mecanismos de defesa. Anna
Freud definiu em detalhes os mecanismos de defesa esboçados por seu pai em seu livro,
“O Ego e os Mecanismos de Defesa”. Em segundo lugar, os mecanismos de defesa não
são apenas uma medida de proteção inconsciente para impedi-lo de se conectar com seus
desejos instintivos vorazes. Eles também vão protegê-lo da ansiedade de enfrentar suas
fraquezas.

1. NEGAÇÃO.

Podemos considerar este o mecanismo de


defesa “genérico”, porque aparece por trás de muitos
dos outros. Quando você usa a negação, você
simplesmente se recusa a aceitar a verdade ou a
realidade de um fato ou experiência. “Não, eu sou
apenas um fumante social,” é um bom exemplo;

Da mesma forma as pessoas podem aplicar o


mecanismo de defesa da negação a qualquer mau
hábito que desejam se distanciar incluindo uso
excessivo de álcool ou uso de drogas, compras
compulsivas ou jogos de azar, e similares. “Apenas
diga não”, neste caso, significa que você vai proteger
a sua autoestima ao não reconhecer o seu próprio
comportamento. 15

A negação também pode ser utilizada por vítimas de traumatismo ou desastres e


pode mesmo ser uma resposta protetora inicial benéfica. No longo prazo, porém, a negação
pode impedi-lo de incorporar informações desagradáveis sobre você e sua vida e ter
consequências potencialmente destrutivas.

2. REPRESSÃO
Um passo acima da negação no
esquema de classificação genérica, a
repressão envolve simplesmente esquecer
de algo ruim. Você pode esquecer uma
experiência desagradável, no passado,
como um acidente de carro no qual você foi
culpado.

Você também pode usar a repressão


quando você “esquecer” de fazer algo
desagradável, como ir ao dentista ou ao
encontro com um conhecido que você
realmente não gosta. A repressão, como a negação, pode ser temporariamente benéfica,
especialmente se você se esqueceu de algo ruim que aconteceu com você, mas como
acontece com a negação, se você não vir a enfrentar a experiência ela pode voltar para
assombrá-lo.
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3. REGRESSÃO.

Da repressão à regressão o “g” faz toda a


diferença. Na regressão, você volta a um estado
emocional infantil em que seus medos
inconscientes, ansiedades, e “angústia” geral
reaparecem.

Na teoria do desenvolvimento
psicossexual de Freud, as pessoas se
desenvolvem através de estágios, como o estágio
oral, anal e fálico, e as estruturas básicas
da personalidade são estabelecidas. No entanto,
de vez em quando, uma pessoa quer reverter-se
para um estado infantil de desenvolvimento. em
particular em condições de tensão.

Essa raiva da estrada que você vê quando


os condutores estão presos no trânsito é um
grande exemplo de regressão. As pessoas
também podem mostrar regressão quando
retornam a um estado infantil de dependência. Se
encolher sob os cobertores quando você teve um dia ruim é uma instância possível.
16
O problema com a regressão é que você pode se arrepender de deixar o seu
espetáculo infantil de uma forma autodestrutiva. Recusar-se a falar com as pessoas que
fizeram você se sentir mal ou triste pode eventualmente chegar em problemas piores do
que os que você tinha quando começou.

4. DESLOCAMENTO.

No deslocamento você
transfere seus sentimentos originais
perigosos (geralmente raiva)
para longe da pessoa que é o alvo e
para uma vítima mais infeliz e
inofensiva.

Aqui está o exemplo


clássico de deslocamento: Você
teve uma interação muito
desagradável com seu chefe ou
professor, mas você não pode
mostrar a sua raiva em relação a ele ou ela. Em vez disso, você chega em casa e, por assim
dizer, “chuta o gato” (ou cão).

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Toda vez que você mudar seus verdadeiros sentimentos de sua fonte provocadora
de ansiedade original para quem você percebe como menos provável de causar-lhe mal,
você está muito possivelmente usando deslocamento como mecanismo de defesa do ego.
Infelizmente, o deslocamento pode protegê-lo de ser demitido ou expulso da sala de aula,
mas não irá proteger sua mão se você decidir deslocar a sua raiva do verdadeiro alvo
em uma janela ou parede.

5. PROJEÇÃO.

Os quatro primeiros mecanismos de


defesa eram relativamente fáceis de entender.
A projeção é mais desafiadora. Primeiro, você
tem que começar com a suposição de que o
reconhecimento de uma qualidade particular
em si mesmo poderia causar-lhe dor psíquica.

Vamos dar um exemplo bobo. Você


sente que uma roupa na qual você gastou
demais parece realmente ruim em
você. Vestindo a roupa, você entra na sala
onde seus amigos olham para você, talvez, por
um momento muito longo (em sua opinião).
Eles não dizem nada e não fazem nada que na
realidade poderia ser interpretado como 17
crítica. No entanto, sua insegurança sobre a
roupa (e angústia por ter pago demais nela) te leva a “projetar” seus sentimentos em seus
amigos, e você deixa escapar “Por que você está me olhando assim? Você não gosta dessa
roupa?”

Em um caso menos bobo, você pode projetar seus sentimentos mais gerais de culpa
ou insegurança em seus amigos, ou pior, pessoas que você não sabe que te amam com todas
as suas falhas projetadas.

Vamos dizer que você está


preocupado que você não seja realmente
muito inteligente. Você comete um erro
bobo que ninguém diz nada sobre, e acusa
os outros de dizer que você é burro, inferior,
ou simplesmente estúpido. O ponto é que
ninguém disse nada que na realidade poderia
ser interpretado como crítica. Você está
“projetando” suas inseguranças sobre os
outros e, no processo, alienando-os (e, provavelmente, parecendo um pouco
bobo também).

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6. FORMAÇÃO DE REAÇÃO.

Agora estamos
entrando em território
avançado dos mecanismos de
defesa. A maioria das
pessoas têm dificuldade em
compreender a formação
reativa, mas é realmente
muito simples.

Vamos dizer que você


secretamente abriga
sentimentos lascivos em
relação a alguém que você
provavelmente deve ficar
longe. Você não quer admitir
esses sentimentos, e
sim expressar o oposto
desses sentimentos. Este objeto de sua cobiça agora torna-se o objeto de seu ódio amargo.
Este mecanismo de defesa poderia ser exemplificado como a obsessão com a pornografia
se revertendo em desprezo extremo para todas as coisas sexuais.

Em suma, formação de reação significa expressar o oposto de seus sentimentos 18


internos em seu comportamento exterior.

7. INTELECTUALIZAÇÃO.

Você também pode neutralizar seus


sentimentos de ansiedade, raiva, insegurança
ou de uma forma que é menos provável de
levar a momentos embaraçosos do que alguns
dos mecanismos de defesa acima.

Na intelectualização, você se acha


afastado de uma reação de emoção ou
sentimento que você não gosta. Por exemplo,
em vez de enfrentar o intenso sofrimento e
rejeição que se sente depois que sua
esposa decide se mudar, você realiza uma
análise financeira detalhada de quanto você pode gastar, agora que você mora sozinho.
Embora você não esteja negando que o evento ocorreu, você não está pensando sobre suas
consequências emocionais.

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8. RACIONALIZAÇÃO.

Quando você racionaliza algo, você tenta explicá-lo. Como um mecanismo de


defesa, a racionalização é um pouco como intelectualização, mas envolve lidar com um
mau comportamento de sua parte em vez de converter uma emoção dolorosa ou negativa
em um conjunto mais neutro de pensamentos. As pessoas freqüentemente usam
racionalização para escorar suas inseguranças ou remorso depois de fazer algo que eles se
arrependem.

É mais fácil culpar alguém do que tomar a culpa para si mesmo, especialmente se
você se sentir envergonhado ou embaraçado. Por exemplo, digamos que você perde a
paciência na frente de pessoas que você gosta e respeita. Agora, para ajudar a se sentir 19
melhor, você atribui mentalmente sua explosão a uma situação fora de seu controle, e as
coisas fluindo de modo que você pode culpar alguém por provocar você.

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9. SUBLIMAÇÃO.

Intelectualização
tende a ocorrer no curto
prazo, mas a
sublimação se
desenvolve durante um
longo período de tempo,
talvez até mesmo
durante todo o curso da
vida.

Um clássico exemplo de
sublimação é o de um
cirurgião que leva
impulsos hostis e os
converte em “cortes” em
outras pessoas de uma
forma que é
perfeitamente aceitável
na sociedade. Este é,
talvez, um exemplo que coloca as coisas em termos muito extremos.

Mais realisticamente, sublimação ocorre quando as pessoas transformam suas 20


emoções conflitantes em estabelecimentos produtivos. Eles dizem que os psicólogos são
inerentemente intrometidos (o que é mentira haha), mas é possível que as pessoas que vão
para áreas de serviços humanos para ajudar os outros estão tentando compensar
dificuldades experimentadas no início de suas vidas.

Considerações finais

Em suma, os mecanismos de defesa são uma das maneiras mais comuns de lidar
com emoções desagradáveis. Embora Freud e muitos de seus seguidores acreditavam que
podemos usá-los para combater sentimentos sexuais ou agressivos, mecanismos de defesa
se aplicam a uma vasta gama de reações de ansiedade para a insegurança.

Não se sabe qual mecanismo de defesa é mais adaptável. Em geral, os mecanismos


de defesa mais “maduros” incluem intelectualização, sublimação, e racionalização. De
acordo com pesquisa realizada pela George Vaillant, as pessoas que usam esses
mecanismos de defesa com mais frequência do que os outros tendem a experimentar
melhores relações familiares e vida profissional. Você nunca pode se livrar de todos os
seus mecanismos de defesa, mas pelo menos você pode crescer a partir de entender o que
eles podem e não podem fazer por você.

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