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INÍCIO

(Médico entra e para no meio do palco e diz) - O recanto psíquico, o exame de patologia
cerebral, o qual quase não se é explorada aqui no reino, é isso que quero fazer. (Fala com
animação)

(Enquanto termina de falar o Boticário entra em cena e chega perto do médico. Médico se vira
para o Boticário e diz:)

Médico - A saúde da alma é a ocupação mais digna de um médico ou melhor, do verdadeiro


médico.

Boticário - E como pretende entrar nessa área?

Médico- Itaguaí não faz nada pelas pessoas com problemas mentais, então cada louco fica
trancafiado em casa. O que quero fazer é abrir um prédio para poder tratar de todos os loucos,
não só de Itaguaí, mas das redondezas.

Boticário - para fazer isso você precisa pedir licença a câmara. Mas sabe, essa ideia de meter
os loucos na mesma casa, vivendo em comum, parece em si um sintoma de loucura.

*Próxima cena*
(quatro pessoas se sentam em uma fileira de cadeiras, a vereadora entra em cena e senta no
meio da fileira, e o médico na frente de todos, ele entrega um papel para a vereadora, ela
pega o papel, mostra as pessoas, todas fazem burburinho e em seguida ela fala:)

Vereadora - Você sabe que mesmo que se nós autorizarmos ainda teria de haver um imposto
destinado a financiar o tratamento e mantimentos dos doidos pobres.

escrivão - Eu poderia rever os cálculos para ver se temos orçamento para isso.

Vereador - os cálculos não são precisos, pois o doutor bacamarte não arranja nada. Quem é
que viu agora meter todos os loucos dentro da mesma casa?
Médico - então eu terei minha licença para construir?

(Todos se olham e a vereadora diz)

- sim!

*Próxima cena*
(Todos saem do palco, menos o médico, ele anda até o centro se perguntando:)

-Mas.. aonde construirei a casa?

(olha em volta e diz novamente:)

- Será aqui, na rua nova, a mais bela rua de Itaguaí, seu nome será, A casa verde!

*Próxima cena*
(Médico pega uma prancheta e começa a ver as folhas, e o padre se aproxima dele, e diz:)

Padre - Olha, eu confesso que não imaginava a existência de tantos doidos no mundo, e menos
ainda alguns casos inexplicáveis.

Médico - Não vou lhe contrariar, mas essa é a verdade. Isso acontece todos os dias

Padre - Pra mim isso se explica pela confusão das línguas nas torres de Babel, de acordo com
as escrituras.

Médico - essa pode ser a explicação divina do fenômeno. Mas não é impossível que também
tenha alguma razão humana e puramente científica, então...

(Padre interrompe)
Padre - que seja, e fico ansioso. Realmente!

(Enquanto conversavam, dois loucos entram em cena, e o padre sai. O médico chega em um
louco e diz)

Médico - o pobre diabo fica narrando toda sua genealogia para as paredes pois não olha para
nenhuma pessoa

Louco 1 - deus fez um ovo, o ovo fez a espada, a espada fez Davi, Davi fez a púrpura, a púrpura
fez o duque, o duque fez o marques, o marques fez o conde, que sou eu!

(Bate na testa e estrala os dedos três vezes e repete a frase mais baixo)

(Médico vai pro outro louco, e o louco diz)

Louco 2 - você quer trezentas cabeças de gado? Não, não, seiscentas , não, não, mil e
duzentas?

Médico - não, obrigado. (Sai de perto dos loucos, vai mais pro meio do palco e diz)

- vou dividir em duas classes principais, os furiosos e os mansos. Mas pra isso, preciso estudar
eles. (Após dizer isso, o médico senta na cadeira e os loucos saem de cena.)

*Próxima cena*
(Dona Evarista entra em cena com cara de tristeza)

Médico - o que houve?

Evarista - nada, só estou me considerando mais viúva que antes. Quem diria que meia dúzia de
lunáticos... (fala a segunda parte com um tom que deixa a frase “no ar”)

Médico - tem meu consentimento para dar um passeio no rio de janeiro.

( Médico se levanta da cadeira e pega as mãos de Evarista)


Evarista - O que?

Médico - não há remédio certo para as dores da alma, você está definha pois lhe parece que
não a amo, então dou-lhe o Rio de Janeiro e se console.

Evarista - não vou se você não for. Eu não tenho que sair sozinha pelas estradas!

(médico põe a mão do ombro da Evarista em forma de consolo e diz:)

Médico - ira com sua tia.

Evarista - mas e o dinheiro que preciso gastar?

Médico - e o que isso importa? Eu ganho muito, ainda ontem o escriturário me prestou contas.
Queres ver?

Evarista - ( sorri e diz) deus sabe o que faz.

(abraça o médico, diz adeus e sai de cena, logo depois o médico sai também)

*Próxima cena*
(Costa entra e logo depois dois personagens o arrastam para o outro lado do palco enquanto
costa se esperneia para não ir. Personagem X e Y entram em cena após isso)

X - ouviu a notícia?

Y- qual?

X - uma certa Costa foi recolhida a casa verde.


Y - impossível! (Diz surpreso)

X - impossível não é, pois foi recolhida de manhã.

Y - mas na verdade ela não merecia, ainda mais depois de tudo que ela fez.

X - pois é, ela foi uma das cidadãs mais estimadas de Itaguaí. Pois era herdeira de um dinheiro
cuja renda bastava para viver até o fim do mundo.

(prima da Costa e Médico entram em cena enquanto X e Y conversam)

Y - Ela recolheu a herança tão rápido quanto começou a se endividar de empréstimos, e


chegou a tal ponto que no fim de cinco anos, estava sem nada.

(X e Y saem de cena)

Prima - mas por favor doutor, ela não tem nada

(Eles vão indo em direção a costa)

Médico - desculpa minha senhora, mas essa digna mulher não está em seu perfeito equilíbrio
da mente.

Prima - mas não foi pelo dinheiro, se ela gastou tão depressa o que recebeu, a culpa não é
dela.

Médico - não?
Prima - Não, senhor, eu lhe conto a historia. Bom, meu falecido tio não era um homem mau,
mas era muito estressado; antes de morrer, depois que descobriu que um homem escravo o
roubou um boi, depois de um tempo um homem pobre chegou perto dele e o pediu água, e
ele respondeu que fosse beber ao rio ou ao inferno, então o homem o lançou a praga, "todo o
seu dinheiro não há de durar mais de 7 anos e um dia, tão certo como isso ser o sino
Salomão!". Foi isso meu senhor, essa foi a praga daquele maldito.

(Médico encara a prima e pergunta:)

Médico - tem certeza disso?

Prima – absoluta!

Médico – e você acredita nisso?

Prima – sim, sim, claro!

(Médico encara a prima, pega na sua mão e a leva até a Costa)

Médico - vamos ir falar com seu primo e te internar em algum quarto aqui, pois acreditar em
pragas é um dos sintomas da loucura.

*Próxima cena*
(Boticário entra e personagem K entra atrás dele)

K- ei você, que é próximo do alienista, não nos podia dizer o que há, o que houve, que
motivo...

Boticário - olha, eu juro que não sei de nada, mas há alguma coisa aí

(Todos os personagens saem de cena)


*Próxima cena*

( entra em cena a Dona Evarista com uma mala na mão e fala:)

Evarista - Finalmente!! Estou de volta do rio de janeiro depois de 3 meses, que saudade que
senti da vila de Itaguaí.

(entra o médico, padre, boticário e o vereador, e quando entram em cena dona Evarista larga a
mala e abraça o médico, e depois de uns segundos ele abraça ela e solta, Evarista
cumprimenta os outros, médico, vereador e boticário sentam na mesa de jantar)

Padre- como foi o rio de janeiro?

Evarista - é a coisa mais bela que posso ver no mundo!

Padre- sim , sim, deve estar mais bonito agora, não me admira, maior que Itaguaí e sede do
governo. Em Itaguaí também temos casas bonitas, tipo a casa verde. Aliás falando dela, a
senhora não acha que tem muita gente lá??

Evarista- Sim?

Padre- é verdade, lá está o Matheus também.

Evarista- o albardeiro?

Padre - o albardeiro, está a Costa, a prima da costa, fulano, siclano..

Evarista - tudo isso de doido? (Diz interrompendo)

Padre- ou quase doido.


Evarista- mas então?

(Padre a encara por alguns segundos)

Evarista- bom...provavelmente esses que foram recolhidos a casa verde, não foram recolhidos
a toa, meu marido não recolheria ninguém sem prova evidente de loucura

Padre- sem dúvidas

(os dois vão a mesa de jantar e Evarista se levanta da cadeira e diz:)

Evarista- fico muito feliz de vocês terem vindo até aqui para me dar boas vindas, em troca
ofereço-os a comida que fiz.

(Evarista senta na cadeira e a Vereadora levanta um copo e diz)

Vereadora- Deus, depois de dar o universo ao homem e a mulher, esse diamante e essa pérola
da coroa divina, ele queria vencer os males, e criou dona Evarista. Um brinde a ela!

(todos brindam e saem de cena, exceto o médico e a vereadora)

Médico - achei muito interessante seu discurso, foi um bom improviso, achei de rasgos
magnífico. Seria sua mesma a ideia relativa ao nascimento da Dona Evarista ou você encontrou
em algum autor?...

Vereadora- não senhor (diz apressado interrompendo o médico) foi minha mesmo. Estávamos
em uma situação que me pareceu adequado para falar uma de minhas frases

Médico- tem certeza disso? (Fala chegando perto)


Vereadora- tudo bem, eu havia escutado essa frase de um cidadão aqui mesmo, um tal de
Martin brito, todas as minhas frases na verdade foram ditas por ele e ele diz ter total autoria
dessas, como essa, por exemplo, que ele fez para a Dona Evarista.

Médico - pobre moço, trata-se de um caso de lesão cerebral, um fenômeno sem gravidade
mas digno de um estudo (ele diz, e logo depois sai, seguido da vereadora)

*Próxima cena*
(Personagem X e Y entram)

Y- não acredito que Martim Brito fora alojado na casa verde

X- um moço que tinha ideias tão bonitas!

Y- provavelmente foi ciúmes da parte do alienista, não pode ser outra coisa.

X- realmente, a declaração do moço foi audaciosa de mais

Y- mas não foi só ele recolhido essa semana, na verdade mais três a cinco pessoas

X- isso já está virando um terror, não sabemos mais quem está são nem quem está doido

Y- Gil Bernardes foi recolhido também?

X- bom, apesar de ser estimado, teve medo quando lhe disseram um dia que o alienista estava
de olho; na madrugada seguinte fugiu da vila, mas logo foi apanhado e conduzido a casa verde

(Personagens X e Y saem da cena)


*Próxima cena*

(Boticário entra em cena , depois o personagem K entra em cena)

K - precisamos fazer uma petição ao governo para que Simão Bacamarte, ou o famoso
alienista, médico dos loucos, seja capturado e deportado

Boticário - o interesse particular deve ceder ao interesse público. Então é preciso derrubar o
tirano

K- Simão Bacamarte fez recolherem um homem, que de acordo com ele era louco, sabe, o
Coelho

Boticário- Não me dirão em que é que é doido?

K- todos sabem que era um homem perfeitamente ajuizado. Um excelente caráter o Coelho,
mas as pessoas diziam que viam ele andar com pressa, mal o viam de longe, dobrava as
esquinas e entrava em lojas.

Boticário - na verdade ele amava uma boa palestra, aonde pessoas sabiam falar, não falavam
apenas duas palavras. Mas o padre Lopes não gostava do coelho, ele até falava uma frase que
alguns compreendiam que era ódio e outros achavam que era apenas uma oração em latim.

(Personagem K sai)
*Próxima cena*

(Vereadora entra)

Boticário- cerca de trinta pessoas estão comigo a favor de derrubar a casa verde.

Vereadora- a câmara não pode deixar. A casa verde é uma instituição pública para fins
científicos. Nada sobre ela pode ser decidida por votação administrativa e menos ainda por
movimentos de rua.

Boticário- O que?? Mas...

(Vereadora interrompe o boticário)

Vereadora- voltai ao trabalho, é o conselho que vos damos.

Boticário- não ligamos se vocês permitem ou não a queda dela, vamos levantar a bandeira da
rebelião e destruir a casa verde. Itaguaí não pode continuar servindo cadáveres aos estudos e
experiências de um homem que se diz médico. O alienista já está virando ganancioso, pois os
loucos não são tratados de graça. É a família que paga, se não elas, a câmara paga a ele...

Vereadora - (fala interrompendo) é falso!

Boticário - falso?

Vereadora- a cerca de duas semanas recebemos um ofício do ilustre médico em que nos
declara que, mesmo que faça experiências de alto valor psicológico não aceitará pagamento
oferecido pela câmara, e nem da família dos enfermos

(Boticário fica surpreso)


Boticário- mesmo assim, estou investindo um mandato público e não vou crer que haverá paz
em Itaguaí sem a casa verde por terra.

(Boticário e vereador se encaram)

Boticário- verde, essa bastilha da razão humana. Eu não tenho que ver com a ciência, mas, se
tantos homens em que supomos são considerados loucos quem nos afirma que o alienado não
é o alienista?

Vereadora- tudo bem, podemos suspender qualquer ação, se reservando o direito de pedir,
por meios legais, a redução da casa verde.

Boticário – certo!

(Boticário e vereadora saem de cena)

*Próxima cena*
(Entra Evarista e Personagem K)

Evarista - deve ser uma patuscada

K- não é patuscada não senhora, eles estão gritando "morra o doutor Bacamarte, o tirano!".

Evarista- Cale a boca, tolo!

(o Boticário e mais três pessoas entram em cena)

K- morra o doutor Bacamarte! Morra o tirano! (Esse junta ao grupo em que o Boticário está)
(Evarista fica paralisada no lugar, e depois vai em direção ao médico, e o pergunta)

Evarista- você não ouve esses gritos? (Diz indignada)

Médico- (levanta fecha o livro e se dirige a rebelião)

Rebelião - abaixo a casa verde! Morra! Morra!

Médico - (interrompe a rebelião) direi pouco, ou até não direi nada se for preciso. Desejo
primeiro saber o que pedes.

Boticário - não pedimos nada, ordenamos que a casa verde seja demolida ou pelo menos
despojada dos infelizes que estão lá.

Médico- não entendo.

Boticário- você entende bem, tirano. Queremos a liberdade das vítimas do vosso ódio,
capricho, ganância...

(Médico sorri e diz)

Médico- meus senhores, a ciência é coisa séria, e deve ser tratada como tal. Não dou razão a
ninguém sobre os meus atos de alienista, se quer opinar sobre a casa verde, estou aqui para
ouvir. Adeus. (Se vira e vai embora da cena)

(Boticário se vira para a rebelião e diz)

Boticário- meus amigos, lutaremos até o fim! A salvação de Itaguaí está em vossas mãos dignas
e heroicas!
(Todos saem de cena, menos o boticário)

*Próxima cena*

(Vereadora entra e se senta a sua frente, e boticário pega uma folha e a entrega)

Boticário- trago aqui outro mandato para derrubar a casa verde, e dessa vez a câmara não
pode negar

Vereadora- Olhe senhor...

(Boticário interrompe a vereadora)

Boticário – isto que aquele médico está fazendo já é um crime!

Vereadora – sim, mas...

Boticário – (diz interrompendo ela novamente) onde se viu, colocar pessoas inocentes e
completamente normais alegando que são doidos?

Vereadora – senhor, por favor, lhe peço mais respeito aqui na câmara

Boticário – e isso que a senhora está fazendo também é crime, sendo cúmplice daquele
maldito, a próxima alegação que vou fazer vai ser contra você, sua corrupta

( personagem Y entra e se direciona a vereadora)

Y – senhora, temos um mandato de prisão contra você por corrupção.


Vereadora – mas o que?

(Vereadora olha para o Boticário, olha para o Y, olha para o Boticário de novo e volta para o Y.
Ela acena com a cabeça e sai de cena, Y sai atrás dela)

(Personagem K entra)

K – o senhor deveria assumir o controle daqui, essa câmara é corrupta e violenta, além de ser
contra os interesses do povo.

Boticário – tem razão, então a partir de agora, sou o presidente dessa câmara.

(personagem X entra e K sai de cena)

X – senhor, o alienista metera na Casa Verde mais uma sete ou oito pessoas.

Boticário – não se preocupe, dentro de vinte e quatro horas vou fazer com que ele esteja em
ferros , destruído no terrível cárcere.

(Todos os personagens saem de cena)

*Próxima cena*
(personagens Y e K entram em cena)

Y- fiquei sabendo que a casa verde tinha sido fechada

K – sim foi por ordem do Boticário, que até então era o presidente da câmara

Y- mas ele não é mais presidente?


K- não, pois logo depois seus próprios apoiadores forma contra ele, então o tiraram da
presidência

Y- e quem assumiu?

K- um dos seguidores do Boticário, depois que ele assumiu a casa verde abriu de novo

Y - sério?

K – sim, aliás , a própria esposa do alienista foi levada pra lá

Y- o que?

K- o padres Lopes até o interrogou e ele disse que já desconfiava dela.

Y – Minha Nossa!

K- mas eu soube que os loucos da Casa Verde vão ser todos postos na rua

Y- todos?

K- todos.

Y- é impossível, alguns sim, mas todos..

K- o próprio alienista que disse no ofício que mandou hoje de manhã para a Câmara.

( Personagens K e Y saem de cena)


*Última Cena*

( Todos os personagens entram e sentam em forma de júri, o médico fica no meio e a Evarista
fica no canto perto do médico)

K – tem certeza que não irá se separar dele Dona Evarista?

Evarista- absoluta!

K – tudo bem.

X- Bom, vimos que o senhor, por conta das manifestações, havia desistido do seu sonho para o
bem de nossa cidade, obrigado.

Médico – (acena com a cabeça e diz) ainda não me arrependo de os ter devolvido a liberdade

X- Nós da câmara legislamos seu ofício, como dizia, permitindo que o senhor cuidasse na Casa
Verde aqueles que “acharem” que estão em perfeitas condições mentais, mas essa permissão
foi provisória e estava limitada a um ano, para apenas experimentar sua nova teoria
psicológica, então nós ainda podíamos fechar a casa verde dentro desse um ano.

Médico – certo, pela cláusula, não iria recolher ninguém à Casa Verde sem um longo exame.

X- Depois de longos meses o senhor havia recolhidos devidamente os doentes e tratado deles,
fazendo com que no fim de cinco meses e meio a Casa Verde ficou vazia, com todos curados,
então, porquê dessa reunião?

Médica – A última paciente que saiu foi a senhora do Boticário. Eu poderia ter ficado feliz, mas
na verdade fiquei preocupado, e então, eu tinha uma nova teoria.
Vereadora- e qual essa teoria?

Médico – Deveras estariam eles doidos, e foram curados por mim, ou o que pareceu cura não
foi mais do que a descoberta do perfeito equilíbrio do cérebro?

Padre – o que isso quer dizer?

Médico – os cérebros bem organizados que eu curei, eram desequilibrados como os outros. E
no fim, depois de tantas lutas que eu passe, eu descobri. Não havia loucos em Itaguaí. E então
eu me analisei e cogitei que eu tivesse as características que no fim, formam os defeitos um
louco, então, o que acham disso?

Evarista – você não tem nenhum defeito.

Médico – nenhum defeito?

Todos respondem em coro – nenhum.

Médico – nenhum vício?

Vereadora – nada

Médico – tudo perfeito?

Padre – tudo.

Médico – Não, Impossível! É a simpatia que vos faz falar. Estudo – me e nada acho que
justifique o excesso de vossa bondade.
K – mas você não tem nada

Médico – é claro que tenho ( diz aumentando o tom de voz)

Padre – sabe a razão por que não vê as suas elevadas qualidades, que aliás todos nós
admiramos? É porque tem ainda uma qualidade que realça as outras, a modéstia.

( o Médico curva a cabeça por alguns segundos e depois diz:)

Médico – Desculpem –me, mas eu ainda não acredito em vocês, portanto, irei me recolher à
Casa Verde.

X- Não, não, fique, você está completamente normal e equilibrado!

Médico – a questão é científica, trata-se de uma doutrina nova, cujo primeiro exemplo sou eu.
Reúno em mim mesmo a teoria e a prática.

(médico se levanta e vai pro outro lado do palco e senta em uma mesa e começa a escrever)

( Evarista vai perto do alienista como se tivesse uma parede os separando )

Evarista – Simão! Simão! Meu amor (diz chorando)

(ela se ajoelha no chão e o Padre coloca e mão no ombro dela, ela olha pra ele, se levanta, e
ele a guia para perto do grupo e o personagem K a abraça).

FIM

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