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"O Alienista" é uma novela escrita por Machado de Assis, um dos mais renomados escritores

brasileiros. Publicada em 1882, a obra narra a história do Dr. Simão Bacamarte, um médico
que decide construir um hospício na pequena cidade de Itaguaí com o objetivo de estudar a
mente humana. Ao longo da trama, Machado de Assis faz uma crítica à ciência, à sociedade e
à própria natureza humana, explorando os limites entre a razão e a loucura. A obra é uma
sátira que questiona as noções de sanidade e loucura, além de trazer reflexões sobre poder,
conhecimento e a busca pela verdade.

O propósito da releitura da obra é variado. Tem o objetivo de dar uma compreensão mais
profunda da obra original, explorar novas interpretações, contextualizar a obra em um novo
ambiente e para apreciar novos personagens na história.

Sobre o realismo: O realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas
do século XIX na Europa, mais especificamente em França, em reação ao
romantismo.Valorização da objetividade e dos fatos. Impessoalidade, apagamento das ideias
do autor. Descrições de tipos sociais ou situações típicas.Os integrantes desse movimento
repudiaram a artificialidade do neoclassicismo e do romantismo, pois sentiam a necessidade de
retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos
do passado.Esse antirromantismo levou os autores realistas a rejeitarem a subjetividade e o
sentimentalismo, recorrendo também a uma linguagem mais objetiva e analítica.O Realismo no
Brasil teve início no ano de 1881, quando Machado de Assis (1839-1908), que, até então, era
um escritor romântico, publicou a obra realista Memórias póstumas de Brás Cubas. Dessa
forma, o autor mostrava o seu desencanto com a estética romântica e o conservadorismo que
ela representava.esse antirromantismo levou os autores realistas a rejeitarem a subjetividade e
o sentimentalismo, recorrendo também a uma linguagem mais objetiva e analítica.

Personagens:

1 - Jacinto Silva é um senhor trabalhador de 60 anos que desde cedo, aos 15 anos, quis sair de
sua vida no campo e trabalhar na cidade grande. Porém, o baque foi grande para Jacinto, a
correria urbana realmente não era pra ele. Decidiu então ajudar seus pais em sua pequena
fazenda e desde então não quis nem saber em voltar à cidade. Entretanto, descobriu um filho,
com uma bela moça que sumiu de repente anos atrás, perdido que morava no centro urbano e
logo decidiu voltar para lá, encontrando no meio do caminho o Senhor Bacamarte numa praça
e começou a conversar com ele.

2 - Jonh Blacksell é um homem jovem e viril que não tinha a melhor das aparências,
compensando isso com sua personalidade gentil, mas dura quando necessário. Jonh vem de
uma família nobre britânica que tinha uma linhagem forte na compre e venda de escravos. Ele
mesmo já foi um mercador de escravos por um breve momento, mas não levava jeito. Sua
cabeça estava sempre nas nuvens, e, claro, com um motivo -ou melhor vários motivos- :
mulheres. Jonh é um homem chamado por muitos de "galinha". E em uma dessas aventuras
acabou apaixonando-se por uma negra mulata. Por muitos dias se perguntava se o que estava
fazendo era certo, foi então que ouviu falar do renomado Dr. Bacamarte, que internava e
curava pacientes com devaneios. Pôs-se logo a viajar ao Brasil para encontrá-lo.

3 - Fiorentina Cunha, uma mulher tida como louca na cidade que abdicou de sua beleza muito
cedo, aos 17, por ter sido violentada e abusada inúmeras vezes, e o motivo da vinda de Dr.
Bacamarte montar um escritório na cidade. Fiorentina é uma médium que tira seu sustento em
seus encontros com pessoas que buscam suas visitas. Depois de décadas vivendo na cidade,
ela já aceitou que é vista como uma bruxa por todos lá, não só aceita como tira proveito disso.
Sua fama chegou aos ouvidos de Dr. Bacamarte, que já de imediato entrou em contato sobre
pretexto de conduzir uma investigação científica através de uma simples entrevista.

Cenário: Praça pública da cidade de Itaguaí

Como inspiração para o personagem de Jacinto, utilizamos o quadro: Caipira picando fumo,
óleo sobre tela - 1893 do autor Almeida Júnior. Trazendo o personagem da tela a vida, com sua
história e sua personalidade

Roteiro
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Ato I

É um dia nublado na cidade de Itaguaí, as ruas movimentadas não paravam de transportar


pessoas para o lado e para o outro. Dr. Bacamarte havia acabado de sentar num banco,
ansioso esperando sua convidada chegar enquanto era seguido por seus dois guardas-costa

[Dr. Bacamarte senta no banco visivelmente ansioso]

— Dr. Bacamarte: Onde aquela bruxa está? Ela está 3 minutos atrasada e nem sinal dela.

— Dr. Bacamarte: Se eu soubesse que pagaria esse vexame, nem aqui eu estaria.

[Um homem velho chega rapidamente e pede direções a Bacamarte estranhando ele e seus
seguranças]

— Jacinto: Boa tarde senhor, sabe pra que lado fica a rua Gilberto Guimarães?

— Dr. Bacamarte: Bem, eu não sei se seria de grande ajuda já que acabei de me mudar pra cá.

— Jacinto: entendi..

— Jacinto: É por que.. Eu tenho um filho sabe? Um filho que tive antes de casar, e nunca vi ele.

[Jacinto esboça um sorriso confuso em seu rosto]


— Jacinto: Eu descobri esses dias que ele existia.

[Dr. Bacamarte ignora a fala do senhor]

— Jacinto: escqueci de falar, mas meu nome é Jacinto, Jacinto Silva. bom te ver senhor..?

[Jacinto estende sua mão ao Dr. Bacamarte mas ele não lhe dá nenhuma atenção]

— Dr. Bacamarte: Doutor. Doutor Bacamarte.

— Dr. Bacamarte: Bem senhor Jacinto, poderia me contar mais sobre esse seu filho bastardo?

[Jacinto se incomoda com a palavra mas continua]

— Jacinto: Bem, eu nem sabia desse menino até que ele mesmo me procurou. Nem sei como
ele me achou sabe? Eu moro na quase na roça.

— Dr. Bacamarte: Ah é? Onde o senhor mora?

— Jacinto: Eu moro numa fazenda lá pro sul, eu herdei dos meus pais e moro lá a vida toda.

— Dr. Bacamarte: Mas você nunca pensou em se mudar? A vida no campo deve ser bem
difícil.

— Jacinto: já pensei, mas faz muito tempo. Tanto tempo que eu posso até enlouquecer se
pensar de novo nisso hahaha.

[Dr. Bacamarte diz entãoem sussurros]

— Dr. Bacamarte: Enlouquecer, ahm?

— Dr. Bacamarte: Mas bem, você prefere se isolar em uma fazenda que encarar a vida na
cidade?

— Jacinto: É, quase isso. Eu acho melhor estar só eu e meus bixos lá, sem precisar de toda a
ladainha da cidade. até por que não tem nada melhor que minha própria companhia, né isso?
Hahahaha.

[Dr. Bacamarte diz novamente em sussurrando]

— Dr. Bacamarte: Então ele é preguiçoso e tem episódios de esquizofrenia, ahm. É, acho que
já tenho provas o suficiente.
[Dr. Bacamarte aumentao tom de voz e se dirige aos dois seguranças atrás dele]

— Dr. Bacamarte: Podem levar esse aqui, preciso de mais tempo para definir seu problema
mental.

[Os dois seguranças logo agarram Jacinto pelos braços, um de cada lado, para a clínica verde
em sua frente]

— Jacinto: o quê!? O que tá acontecendo! Me solta! ME SOLTA!!

[ Dr. Bacamarte faz uma cara de coitado]

— Dr. Bacamarte: pobre senhor, já dando surtos. Seu problema está evoluindo rapidamente.

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Ato II

[Um tempo se passa na praça até um homem bem vestido se depara com alguém que lhe
parce familiar]

- Jonh: Excuse me, are you Dr. Bacamarte?

[O homem pergunta, se aproximando]

— Narrador: Dr. Bacamarte inicialmente se surpreendeu ao perceber que alguém estava se


dirigindo a ele em outra língua, mas logo se adapta.

- Dr. Bacamarte: Good afternoon. Yes, I am he.

[Jonh então diz aliviado]

- Jonh: I finally found you, doctor, you can't imagine how much I've been looking for you.

- Dr. Bacamarte: Calm down, young man. First of all, what's your name?

- Jonh: Jonh Blacksell.

- Dr. Bacamarte: Nice to meet you, Jonh. As you already know, I am Simão Bacamarte, Dr.
Bacamarte. I couldn't help but notice your enthusiasm in finding me, but why are you looking for
me?

- Jonh: Doctor, I have been going through a rather unpleasant situation lately. And what put me
in this situation? A woman, a single woman. And then I started to believe that I might even be
crazy; this woman made me consider ruining my family's business.
[O doutor demonstra interesse no que Jonh Blacksell diz, enquanto Jonh fica mais e mais
apreensivo]

- Jonh: So, doctor, when talking to people from where I come from, I found out about you, heard
many praises about you, and I believe you can help me solve this momentary madness I
considered.

[Dr. Bacamarte enxerga nessa situação, uma oportunidade de atrair mais alguém para seu
hospício, e então já começa arquitetar seu plano antes mesmo de john terminar sua história]

- Dr. Bacamarte: Very well, young man, I believe I can help you better understand the situation,
and maybe we can find out if this is indeed madness!

- Jonh: Thank you very much, doctor, for your kindness!

- Dr. Bacamarte: We can start now, but you'll have to come with me to my office!

- Jonh: No problem!

[Eles vão até o hospício e caminham em direção ao escritório do doutor]

- Dr. Bacamarte: Please sit down; I just need to grab something to take notes and analyze your
situation thoroughly so that maybe I can help you. While I search for it, you can start explaining.

[Dr. Bacamarte procura por seu bloco de anotações enquanto Jonh começa a falar]

- Jonh: Doctor, it all started when I got into the family business of slave trading. I was always
known as a womanizer by everyone where I live, and so truthfully, I was also attracted to the
slaves we traded, but nothing ever happened because I always refused to believe in it.
However, lately one came to me who was different from all the others; I don't know what
happened.

- Jonh: This woman, she has something different about her, and I don't understand why she
wanted to get involved with me because we are extremes and I work with something that goes
against everything she thinks and stands for. But after what happened, I've been feeling bad
about continuing in this business; if I were to quit it, my family's business would go bankrupt.
There's no one else in the family who can take my place; I have no siblings, and my father is
unfit; he's an elderly man. But if I give up everything for her, what would happen to my family?
How would I live? Without the income that came from this trade.

— Narrador: Dr. Bacamarte pôs-se a pensar: como um homem desse porte e vindo de tamanha
riqueza se apaixonou por uma escrava e cogitou abandonar tudo por ela ?, ele realmente acha
que blacksell deve ser internado
- Dr. Bacamarte: Well, Mr. Blacksell, it seems that you have a serious disorder. I will need more
time to analyze it. Would you mind accompanying my security guard to a room?

- Jonh: Of course not Doctor!

— Narrador: Jonh vai feliz para sua sala pensando que seria "curado" enquanto o Dr.
Bacamarte vai novamente esperar a bruxa.
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Ato III

[Fiorentina chega 1 hora atrasada na praça para seu encontro com o Dr. Bacamarte e se senta
no banco]

— Fiorentina: Boa tarde, Doutor. Perdoe meu atraso, estava em uma sessão de clarividência
com a minha finada irmã. Disse a mulher para o homem barbudo sentado.

[Dr. Bacamarte olha com desdém para a mulher]

— Dr. Bacamarte: Claro que estava...Então, você é a "bruxa" que é tão falada pela cidade.
Prazer, senhora... Fiorentina.

— Fiorentina: Não diria que sou bruxa, apenas sou espírita, uma médium para ser mais
específica. Fiorentina Cunha, prazer senhor Bacamarte.

[Disse Fiorentina com olhar suspeito]

— Dr. Bacamarte: Gostaria de convidá-la para minha casa, assim poderemos ficar mais
confortáveis.

— Fiorentina: O senhor não pretende me internar, certo? Ouvi alguns boatos pela cidade...

— Dr. Bacamarte: Ah não se preocupe...quero apenas fazer uma avaliação, já que venho
recebendo algumas reclamações. Além disso, só interno pessoas loucas.

[Os dois entram na enorme casa e clínica verde que fica em frente a praça]

[Dr. Bacamarte abre a porta para Fiorentina, que se senta na cadeira logo a frente do doutor]

— Dr. Bacamarte: Podemos iniciar a avaliação, senhora Fiorentina? Disse o doutor pegando
papel, caneta e tinteiro.

[Fiorentina assentiu de maneira insegura]


—Dr. Bacamarte: Poderia me responder desde quando a senhorita é...bem...uma médium?

— Fiorentina: Eu diria que comecei a me interessar aos meus 17 anos, quando minha irmã,
Bernadete, morreu por febre tifóide. Nessa mesma época eu havia sofrido abusos, e como
perdi meus pais desde nova, a perda da minha irmã me afetou muito. Por isso comecei a tentar
encontrar maneiras de poder voltar a conversar com ela. Disse Fiorentina com semblante triste
e sombrio.

[Dr. Bacamarte começa a escrever]

— Dr. Bacamarte: Compreendo, com que frequência a senhorita costuma falar com sua irmã?

— Fiorentina: Ah Doutor, constantemente converso com ela, diria que toda semana. Só não
tento contato com ela todo dia pois demanda muita energia...

[Doutor não responde e continua escrevendo]

— Dr. Bacamarte: Gostaria de tomar uma água, senhorita?

— Fiorentina: Sim, se não for incômodo.

— Dr. Bacamarte: Jamais! Por favor Estevão, pegue um copo d'água para a nossa convidada.

[Gritou Dr. Bacamarte, e logo em seguida chega um dos seguranças com um copo d'água]

— Fiorentina: Muito obrigada. Disse e logo após bebeu.

[O doutor espera ansiosamente por algo enquanto Fiorentina bebe água]

— Dr. Bacamarte: Por favor, Estevão, leve-a para um dos quartos.

[Segurança leva a já desmaiada Fiorentina para um dos quartos do hospício]


-Dr. Bacamarte:Bom, acho que meu trabalho por hoje já está terminado. Completamente louca
esta pobre mulher.

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Ato IV

— Dr. Bacamarte:Que dia longo...porém produtivo.

[Disse o doutor suspirando com ar de orgulhoso]

- Passam-se 5 semanas desde que o Doutor começou a diagnosticar pessoas como loucas
[ O doutor caminha lentamente em direção a varanda de seu grande prédio e para observar as
pessoas em sua querida cidade ]

[ Bacamarte estranha o sutil silêncio onde a cidade é banhada ]

—Doutor Bacamarte:É... Nas últimas semanas a cidade esteve se tornando mais silenciosa a
cada dia desde quando cheguei...

[ Ele se vira calmalmente para trás, em direção do corredor, onde tem várias pessoas
confinadas em seus quartos. Clamando por liberdade. ]

—Doutor Bacamarte: E o meu enorme prédio, acabou ganhando loucos conforme o tempo...

Um momento de clareza o atinge, logo ele percebe que o verdadeiro "louco" é ele mesmo.
Com um suspiro profundo, ele lentamente solta os pacientes que estavam aprisionados em
seus quartos

—Doutor Bacamarte: Vocês estão livres... O problema nunca esteve em vocês.

[ Logo sua expressão muda para algo totalmente sem esperança e repleto de tristeza ]

— Doutor Bacamarte: Bom, irei internar o meu último e pior paciente...Eu mesmo.

[As cortinas se fecham diante da plateia]

Ficha técnica

Ana Clara:
Roteirista

Ana Júlia:
Roteirista

Caio José:
Cenógrafo

Gabriel Gonçalves:
Diretor

Iasmin Da Rocha:
Roteirista

Renan Almeida:
Roteirista

Roberta Oliveira:
Roteirista

Vinicius Ferraz:
Cenógrafo

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