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Resenha do livro “O Alienista” – Victor Nunes, Caio Mário e Luís Eduardo – Turma 23

O livro “O Alienista”, escrito originalmente em 1882, é uma obra literária do período


Realista que conta a história do médico Simão Bacamarte na pequena cidade de Itaguaí. O
protagonista, com o objetivo de estudar a loucura e a insanidade humana, inaugura um asilo
chamado de Casa Verde, por conta da cor de suas janelas, e interna lá qualquer tipo de pessoa
que possa estar fora de suas faculdades mentais, o que o leva a tornar-se o alienista. Ao longo
da narrativa, são abordadas as constatações de Simão sobre a loucura, os problemas pessoais
dos personagens, o recolhimento da população à Casa Verde e os desdobramentos disso em
Itaguaí.
Esse livro foi escrito pelo autor brasileiro Machado de Assis, que nasceu no dia 21 de
junho de 1839, em uma região marginalizada do Rio de Janeiro, e morreu em 29 de setembro de
1908, aos 69 anos. Descendente de escravos, pobre, gago e epilético, Machado publicou seu
primeiro romance em 1872, chamado de “Ressurreição” e, a partir desse momento, começou a
ganhar muito destaque na literatura brasileira. As obras do escritor são muito características pela
presença de ironia, críticas sociais, metalinguagem e conversas diretas com o leitor, o que
também é possível de se perceber em “O Alienista”.
Durante a obra, Simão Bacamarte realiza diversos estudos sobre qual seria a definição de
loucura, através do recolhimento de pessoas à Casa Verde, de experimentos com seus
pacientes e da observação do comportamento das pessoas. Em alguns capítulos do livro, o
doutor expõe seus pensamentos e conclusões sobre a temática, por meio da narração ou de
conversas com outros personagens. Além disso, suas ideias mudam conforme a narrativa
avança, o que é um modo interessante de entender o ponto de vista do protagonista e
compreender o motivo dele realizar algumas decisões durante a história.
Um exemplo disso é o capítulo 4 “Uma Teoria Nova”, no qual Simão, enquanto conversa
com o boticário Crispim Soares, afirma que a razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades
mentais, enquanto qualquer estado fora disso é apenas insanidade. Porém, no capítulo 12 o
protagonista muda de perspectiva e libera todos os internados da Casa Verde, que eram a
maioria da população de Itaguaí, por acreditar que a loucura significava o perfeito equilíbrio
mental, enquanto o que antes era considerado insanidade passa a ser normal.
Ao longo da narrativa, os personagens passam por diversos problemas pessoais, e esses
acontecimentos possuem relação direta com as internações na Casa Verde, por revelarem
algum tipo de desequilíbrio mental. A esposa de Simão Bacamarte, D. Evarista, passou a ficar
magra, melancólica, e definhava por conta que o doutor não lhe dava mais atenção por estar
focado nos estudos sobre a loucura. Com isso, o doutor organiza uma comissão para a mulher
passear no Rio de Janeiro e ficar mais alegre. Entretanto, após retornar à Itaguaí, D. Evarista
passa a conversar profundamente sobre os objetos, roupas e joias das pessoas, e por conta
dessa vaidade, Simão interna sua própria esposa na Casa Verde.
O recolhimento da população no hospício de Bacamarte também é muito bem
aprofundado e explicado com base na perspectiva do doutor. Conforme Bacamarte observa as
pessoas da cidade, seus comportamentos, ações e ideologias, ele constrói sua ideia de definição
de loucura e recolhe qualquer pessoa que possua um desequilíbrio das faculdades mentais. Por
acreditar que aqueles em perfeito equilíbrio detém a razão, o protagonista interna a esmagadora
maioria da população na Casa Verde, incluindo sua esposa, membros da Câmara Municipal e
alguns de seus próprios amigos, com a convicção de que está realizando seu trabalho
corretamente. Como Machado de Assis ironiza no livro, o alienista acreditava que era
“Hipócrates forrado de Catão”, ou seja, um gênio da medicina com a dignidade de um homem
honesto.
Contudo, esse recolhimento em massa de pessoas para o asilo de janelas verdes causa
diversos desdobramentos e consequências na cidade ao longo da história, que são
excepcionalmente bem exploradas pelo escritor. Primeiramente, as atitudes de Simão
Bacamarte geram grande revolta popular e insatisfação por enviarem à Casa Verde pessoas que
eram consideradas racionais pelo resto da população, o que leva a questionamentos acerca da
sanidade mental do próprio doutor. Além disso, a revolta popular se transformou em um grande
movimento de protesto em frente ao hospício, com diversas pessoas seguidoras do barbeiro
Porfírio, motivadas a derrubar a Casa Verde e retirar de dentro todas as pessoas internadas.
Esse movimento de revolta também possibilitou que o barbeiro fosse proclamado como
“Protetor de Itaguaí”. Ele tornou-se o novo governante da Câmara dos Vereadores, jurou
restaurar a paz da cidade e derrubar a Casa Verde. Mas após essas declarações, o barbeiro
passou a conversar mais com o alienista e permitiu que o asilo de loucos continuasse ativo, o
que foi amplamente questionado pela população, que considerou o novo governo do barbeiro
como corrupto e “vendido ao ouro de Simão Bacamarte”.
Para concluir, “O Alienista” é um livro que trata profundamente bem sobre as definições de
loucura e razão, diversos problemas sociais como corrupção, hipocrisia e egocentrismo, e as
consequências em Itaguaí devido à internação da população. Porém, por ser um livro muito
antigo, a linguagem da obra não é de fácil entendimento para os padrões atuais, tornando-se
necessário o uso recorrente de um dicionário e vocabulários para um bom entendimento do
texto.
Dessa forma, a obra literária de Machado de Assis revela grandes perspectivas sobre
esse tema, traz contribuições para a atualidade por tratar de problemas sociais, assim como
diversos outros livros desse autor, e é um clássico da literatura brasileira escrito por um dos
grandes escritores do Brasil.

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