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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE CIENCIAS

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E
INFORMÁTICA

LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DE
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA A natureza do espaço geográfico

FUNDAMENTOS DE GEOGRÁFIA

marcio.mathe@uem.mz

Ano Lectivo de 2011


Introdução

• Qualquer que seja a perspectiva geografica que se adopte, ha dois elementos


fundamentais que estao sempre presentes nas analises: o espaço e o tempo. Parecem ser
dois termos banais mas o certo e que cada um de nos tem destes conceitos percepcoes e
significados diferentes e que devem ser discutidos numa perspectiva da geografia
humana;

• O espaco em geografia deve ser visto como um produto resultante das actividades
humanas e por isso esta, e sempre esteve, no centro das politicas da sociedade, sendo
uma das suas principais constantes. Por isso, a preocupacao central da geografia sao os
aspectos espaciais da vida da sociedade, isto e, o conhecimento do espaco e das praticas
espaciais. Sendo assim, o conceito de espaco e central e e o fundamento da ciencia
geográfica.
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Introdução (cont)

• Os geografos utilizam muito o conceito de espaco mas a maior parte das vezes são pouco
claros no seu conteudo e significado. Na sua obra “Explanation in geography”, Harvey
constata esta fraqueza quando diz “ha pouco debate metodologico sobre a natureza do
espaco como conceito organizador”;

• Mesmo os dicionarios geograficos mais antigos como os de Toukhouse (1365) e George


(1370) nao referem o significado desta palavra. O mesmo sucede com a palavra lugar
(“lieu”em frances e “place” em ingles);

• No entanto, George definiu a geografia como “ciencia total do espaco humanizado”.


Hartsorne (1953) define-a como o estudo da diferenciacao espacial da superficie da terra.
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Espaços em geografia

• Mas a que espaco se referem? Sera que o espaco e a superficie do globo terrestre? Foi
apenas em finais de decada de 60 do seculo XX que alguns geografos conscientes que “o
conceito geografico de espaco e particular da geografia (Harvey, 1969, p228), puseram
em debate este conceito e que os dicionarios o passaram a definir (Johnston, 1983;
Cabanne, 1984; Clark, 1985; Bailly et al, 1998);

• Desde as origens da geografia prevalecia a concepcao dum espaco considerado


“absoluto”. Este espaco cartografico e cosmografico, e concebido como um quadro de
referencia no qual o geografo localiza os objectos que estuda. A superficie terrestre e
dividida em quadriculas resultantes do tracado dos paralelos e meridianos, o que torna
possivel a localizacao precisa de qualquer ponto do globo;

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Espaços em geografia (cont)/Espaço absoluto

• Desde as origens da geografia prevalecia a concepcao dum espaco considerado


“absoluto”. Este espaco cartografico e cosmografico, e concebido como um quadro de
referencia no qual o geografo localiza os objectos que estuda. A superficie terrestre e
dividida em quadriculas resultantes do tracado dos paralelos e meridianos, o que torna
possivel a localizacao precisa de qualquer ponto do globo;

• O lugar e assim considerado como um ponto da superficie terrestre definido pela sua
latitude e longitude. Tambem se pode acrescentar que a altitude se for necessario um
estudo tridimensional. Igualmente pode ser usada uma quarta dimensao, o tempo, caso
seja precisa uma “localizacao”no espaco-tempo.

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Espaços em geografia (cont)/Espaço absoluto

• Esta maneira de ver ajusta-se facilmente a uma concepção geométrica do espaco. De


acordo com ela, o espaco e feito de pontos definidos pelas suas coordenadas. Isto
permite, facilmente, calcular a distancia entre pontos assim como a delimitacao de
superficies. A cartografia faz um uso pleno destas caracteristicas do espaco absoluto;

• Kant aceitava este conceito de espaco absoluto, porque podia ser considerad
independentemente da materia. Entao o espaco e uma categoria sem substancia: o
espaco contém e a materia e contida.

• Em geografia, isto significa distinguir a localizacao (definida por uma linguagem de


coordenadas) das propriedades do conteudo (definidas por uma linguagem de
substancia); de acordo com esta concepcao, Maputo e um lugar localizado no espaco pela
sua latitude, longitude, altitude e proximidade do mar. 5
Espaços em geografia (cont)/Espaço absoluto

• Este conceito de espaco, feito de pontos e de distancias, formado de superficies responde


a omnipresente questao geografica “onde?”. Por isso foi, durante muito tempo
considerado como um conceito privilegiado. Mas nao responde a questoes geograficas
igualmente importantes, como: “porque?”; “como?”; “que relacoes entre os conteudos e
os lugares?”.

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Espaços em geografia (cont)/ Espaço relativo

• Pelo que acaba de ser dito acima, o espaço absoluto é para a geografia é um conceito
insuficiente. Os geografos sentem a necessidade nao de o rejeitar por completo, mas de
pelo menos o enriquecer e transformar porque considera apenas um quadro de
referencia, algo que apenas contem, e um conceito vazio;

• Os fenomenos que o geografo analisa devem ser considerados como fazendo parte do
espaco e necessarios a sua caracterização.

• Nesta óptica, o espaço (e o seu elemento de lugar) não é apenas definível por
coordenadas mas igualmente pelas propriedades ligadas ao conteúdo (a substância).
Assim, o espaço não apenas aquilo que contém (o continente) mas também o conteúdo,
e o que se convencionou designar por espaço relativo.

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Espaços em geografia (cont)/Espaço relativo

• Assim, Maputo e um espaço que para além da sua longitude, latitude, etc., ainda tem que ser
definido por atributos diversos como a sua população, as suas actividades, o seu clima, etc. Bunge
(1966, p.16) dizia que um lugar e mais do que uma simples localização definida por linhas e pontos.

• Da mesma forma Sack (1973, p.13) afirmava que “um termo espacial que não esteja referido a uma
substância específica, está insuficientemente definido para ser considerado um conceito
significativo”; isto quer dizer que, para ser útil em geografia, o conceito de espaço teve que
beneficiar dum suporte material. A não ser assim, não passa de pura geometria;

• Esta reflexão da ao geógrafo motivos mais que evidentes para alargar o conceito de espaço
absoluto, incluindo nele os atributos do conteúdo criando a noção de espaço relativo, sem que isso
signifique negar o valor do anterior e mantendo a unidade do conceito.

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Espaços em geografia (cont)/Espaço relativo

• Mas os espaços relativos são, por vezes, mais complexos do que podem parecer
inicialmente. Isto sucede porque as relações tempo-distancia não apresentam sempre as
mesmas dinâmicas; por exemplo o avião “reduziu”a distancia-tempo entre Maputo e
Beira mas não o fez entre Maputo e Chibuto. Isto introduz distorções irregulares que
tornam difícil a passagem do espaço absoluto para o relativo, levando quase sempre, a
analises distorcidas das dinâmicas espaciais e das relações entre diferentes espaços;

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Espaço percebido, espaço vivido

• A relativização do espaço e um tema que desde há muito interessa os geógrafos. Já na


década de 20 do século XX o conhecido geógrafo Demangeon insistia nas crenças e nos
sentimentos de pertença locais para abordar a geografia regional;

• Um lugar, qualquer que seja, não e nada só por si mesmo; ele apenas adquire sentido
através das relações com outros lugares, outras pessoas, outras actividades. Os eixos de
leitura do mundo regional são seleccionados através das nossas representações que
reenviam para praticas socais e espaciais são estas ultimas que mais interessam a
geografia;

• A imagem de uma região ou de um lugar corresponde a um espaço percebido; por isso, o


estudo das representações e fundamental para a compreensão dos comportamentos
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Espaço percebido, espaço vivido(cont)

• Entre os instrumentos a disposição dos geógrafos para abordar estas formas de representações dos
espaços relativos encontram-se os mapas mentais. Estes dão-nos informação do imaginário
individual e colectivo e representam as nossas concepções do mundo (André et al, 1990).

• Em geral, os mapas mentais são organizadas segundo as principais propriedades e componentes que
facilitam a representação do espaço: Eixos estruturantes, relações entre estes eixos (corredores),
referencias e volumes marcantes; coordenadas de orientação; limites culturais e administrativos;
territórios conhecidos; propriedades simbólicas; tipo de actividades dominantes (funções). São
todos estes elementos que tornam compreensível cada espaço.

• O espaço e, por isso, considerado como um território no qual grupos com representações diferentes
actuam para fazer valer as suas praticas sociais e espaciais; nestas condições, o espaço deve ser
considerado com a sua carga simbólica alimentada por arquétipos culturais locais e universais.

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Espaço percebido, espaço vivido(cont)

• Entre os instrumentos a disposição dos geógrafos para abordar estas formas de representações dos
espaços relativos encontram-se os mapas mentais. Estes dão-nos informação do imaginário
individual e colectivo e representam as nossas concepções do mundo (André et al, 1990).

• Em geral, os mapas mentais são organizadas segundo as principais propriedades e componentes que
facilitam a representação do espaço: Eixos estruturantes, relações entre estes eixos (corredores),
referencias e volumes marcantes; coordenadas de orientação; limites culturais e administrativos;
territórios conhecidos; propriedades simbólicas; tipo de actividades dominantes (funções). São
todos estes elementos que tornam compreensível cada espaço.

• O espaço e, por isso, considerado como um território no qual grupos com representações diferentes
actuam para fazer valer as suas praticas sociais e espaciais; nestas condições, o espaço deve ser
considerado com a sua carga simbólica alimentada por arquétipos culturais locais e universais.

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FIM

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