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Maputo 06/23
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Índice
Introdução ....................................................................................................................................... 3
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Introdução
O presente trabalho pretende abordar o tema do Índice de Preço ao Consumidor em Moçambique
(IPC) de forma objectiva e esclarecedora. O objetivo é retratar o historial do Índice de preços ao
consumidor em Moçambique, a mensuração da inflação e mostrar a sua evolução, dando destaque
aos principais aspetos que estão na maioria, por detrás do crescimento dos preços em Moçambique.
Índice de preços no consumidor (IPC) é usado para observar tendências de inflação e tem como
objetivo medir as alterações no custo de vida dos consumidores, ou seja, o valor que estes têm de
gastar ao longo do tempo para manter um determinado nível de vida. É calculado com base no
preço médio necessário para comprar um conjunto de bens de consumo e serviços em um país,
comparando com períodos anteriores. O índice, calculado por institutos nacionais de estatística,
tem em conta a variação percentual dos preços de certos bens em um determinado período,
comparado com o período anterior, e é um dos índices económicos mais utilizados.
O IPC é um indicador de curto prazo sobre o comportamento dos preços com utilização para
diversos fins dos quais podemos destacar: é uma das bases para a orientação da política monetária;
é utilizado na indexação de contratos comerciais, salários, prestações de protecção social ou
instrumentos financeiros; serve de deflactor no âmbito da compilação das 4 contas nacionais e
ainda para calcular modificações no consumo nacional ou no nível de vida das famílias.
Embora um grande número de pessoas considere o índice de preços ao consumidor como um índice
que expressa globalmente a inflação, cabe aqui esclarecer que este índice apenas representa um
indicador da variação média global dos preços de determinados bens e serviços comercializados
ao nível do consumidor final (famílias); contrariamente ao sentido real da inflação, que expressa a
variação média global dos preços de todos e bens e serviços transacionados em um mercado por
diferentes agentes econômicos (famílias, empresas e governo).
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História do Índice de Preços ao Consumidor em Moçambique
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) foi introduzido em Moçambique em 1989 como uma
primeira tentativa para estimar a inflação no país. O seu cálculo era produzido pela Direção
Nacional de Estatística da Comissão Nacional do Plano (DNE/ CNP) e era baseado numa
pesquisa de despesas familiares da cidade de Maputo, capital administrativa e económica do país.
Cobria inicialmente cerca de 1060 produtos, cujos preços no IPC tinham sido definidos por uma
pesquisa de despesas familiares realizada em agosto de 1984. Assim, o índice cobria somente bens
e serviços oferecidos na cidade de Maputo e era altamente dependente do preço de alguns poucos
produtos alimentares básicos, especialmente pelos preços do tomate e repolho, que juntos
correspondiam a cerca de 10% do IPC (UBIDE, 1997). A Tabela 3.1 apresenta os componentes e
os seus respectivos pesos da cesta de produtos deste IPC. Pode-se observar nesta Tabela que os
produtos alimentares dominavam o IPC, representando cerca de 74% da cesta de consumo deste
índice; com frutas, verduras e vegetais representando aproximadamente 22%. Consequentemente
as variações neste IPC eram determinadas por fatores que afetassem os preços dos produtos
alimentares como o nível da produção doméstica, condições climáticas no país e pela importação
de preços praticados na República da África do Sul. Dada a importância de importações de
produtos sul-africanos na oferta de produtos alimentares no mercado moçambicano, a evolução da
taxa de câmbio dos dois países determinava importantes variações no IPC. As condições climáticas
do país desempenhavam um importante papel na determinação deste IPC uma vez que a agricultura
era dependente das condições naturais do clima. O nível da produção doméstica indicava a
abundância ou escassez de produtos alimentares no mercado, o que levava a grandes oscilações
nos seus preços e, consequentemente, grandes variações no IPC. Este IPC foi o indicador oficial
da inflação em Moçambique até dezembro de 1996.
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Inicialmente este índice foi produzido considerando o mês de dezembro de 1994 como seu período
base. Os valores anteriores ao período base foram obtidos usando as taxas de crescimento do
anterior IPC. Em fevereiro de 2000, o INE começou a produzir um novo IPC com dezembro de
1998 como seu período base. Neste novo IPC foram atualizados os ponderadores das classes de
bens e a cesta de produtos componentes do índice como resultado do Inquérito aos Agregados
Familiares (IAF) realizado entre 1996 e 1997. Similarmente, os valores deste novo IPC anteriores
a dezembro de 1998 foram obtidos através das taxas de crescimento do anterior IPC. O Índice de
Preços ao Consumidor calculado pelo INE abrangeu numa primeira fase a cidade de Maputo e era
tomado como o indicador da inflação no país. Posteriormente, no ano 2000, o cálculo do IPC foi
alargado aos dois maiores centros urbanos do país após a cidade de Maputo, nomeadamente, Beira
e Nampula. A partir deste ano, o IPC passou a representar variações de preços praticados ao nível
de consumidores dos três maiores centros urbanos do país; Maputo, Beira e Nampula. A seleção
destas cidades seguiu o critério de representarem o maior pólo econômico e populacional da região
Sul (cidade de Maputo), da região Centro (cidade da Beira) e da região Norte (cidade de Nampula).
As populações das cidades de Maputo, Beira e Nampula representam agregadamente 11% da
população total do país e 37% da população urbana do país.
Outra novidade de relevo desta série foi a adopção da Classificação de Consumo Individual por
Objectivo (CCIO), COICOP em inglês que compreendeu 12 divisões de agregação a seguir ao
índice total.
Para a agregação do IPC Nacional adoptou-se a média ponderada dos índices das três cidades cujos
factores de ponderação eram as despesas monetárias da região em que cada cidade se localizava.
Este índice era produzido e difundido apenas a nível de divisão.
Por uma questão de disponibilidade de uma série histórica de variações no IPC, o presente trabalho
considerará somente variações do IPC-Maputo como o indicador da inflação no país durante todo
o período em análise.
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Tabela 3.1 – Classes de Bens e Ponderadores da Cesta de Produtos do IPC
(Valores Percentuais)
Em 2004 houve uma revisão do cabaz e ponderadores do IPC a partir do IAF 2002/03 que deu
origem a uma nova série que tinha como período base o mês de Dezembro de 2004. Esta série teve
como grande inovação a adoção de um esquema de agregação do IPC Nacional a partir dos índices
elementares de cada cidade.
Em 2010 houve uma revisão do cabaz e ponderadores do IPC a partir do Inquérito sobre o
Orçamento Familiar (IOF) realizado entre 2008 e 2009, que deu origem a uma nova série que tinha
como período base o mês de Dezembro de 2010. Esta série adoptou o esquema de agregação do
IPC Nacional a partir dos índices elementares de cada cidade.
Entre os anos 2014 e 2015, houve o IOF2014/15 que trouxe uma nova série de índices com base
no ano 2016=100, que no início de 2017, na semelhança das séries anteriores, também adoptou o
esquema de agregação do IPC Nacional a partir dos índices elementares de cada cidade. As séries
anteriores, usavam como base o mês de Dezembro. A vantagem de usar o ano como base, reside
no facto do ano todo conseguir captar os efeitos sazonais ocorridos enquanto o mês de Dezembro
somente capta os efeitos de Dezembro. De lembrar que, o mês de Dezembro tem sido polêmico
devido ao comportamento dos preços associados a quadra festiva. A metodologia de cálculo do
IPC obedece os princípios internacionalmente recomendados. Sendo assim, quando há revisão dos
princípios internacionais, a metodologia de cálculo também muda.
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IPC Moçambique – Série Ano de 2016=100
A nova série é resultado de uma revisão do Indicador IPC para ajustá-lo às modificações que
ocorrem numa economia de mercado, seja do lado da oferta de bens e serviços, seja do lado da
procura por modificação dos hábitos de consumo. Trata-se de uma prática que em Moçambique
ocorre regularmente de 5 em 5 anos e compreende alterações que visam incrementar a sua
qualidade (adopção de novos métodos de cálculo, alargamento da cobertura de produtos e de
estabelecimentos de recolha de preços e o ajustamento da estrutura de consumo usada como
ponderação).
A actual série do IPC com base no ano 2016 (2016=100) mantém os aspectos essenciais da série
anterior cuja fonte de referência metodológica principal é o Manual das Nações Unidas (NU), de
compilação de índices), obedecendo aos princípios internacionalmente recomendados.
A nova série tem início em Janeiro de 2016 e é baseada numa nova estrutura de consumo derivada
das despesas do IOF 2014/15 e tem a particularidade de ser calculada com base nos preços médios
do um ano de 2016, contrariamente à prática adoptada na série anterior em que os preços de
referência eram de um único mês (exemplo: Dezembro 2010=100).
A nova série, mantém no geral, a metodologia da série IPC 2010, não obstante possibilitou os
seguintes ganhos:
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➢ A continuidade da adopção da média geométrica no cálculo dos índices elementares, que
tem a vantagem de reduzir o impacto de valores extremos na média;
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Conceitos do Índice de preços ao Consumidor (IPC)
Ponderadores
Importância relativa do item ou grupo de itens no valor total das despesas. Expressa a estrutura da
despesa monetária de consumo final das famílias em percentagem.
Período a que se referem os preços (preços base) utilizados no denominador para o cálculo do
índice. Este geralmente difere do período de referência dos dados utilizados para estimar os
ponderadores pelo que deverão ser ajustados ao período base do índice, assumindo quantidades
constantes, através da actualização dos valores a preços do período base.
Inflação
Deflação
Tanto a inflação assim como a deflação, os dois indicadores correspondem à variação relativa do
IPC.
Variação
Comparação entre dois níveis de uma variável: um nível que é comparado com outro que é tomado
como referência. A variação pode ser calculada em termos absolutos (diferença de níveis entre o
período em comparação e o de referência), ou em termos relativos (rácio de níveis entre o período
em comparação e o de referência).
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As variações descritas abaixo correspondem à noção de variação relativa.
Variação Mensal
Comparação relativa do nível do índice entre dois meses consecutivos, ou seja, é o rácio entre o
índice do período corrente e o do período anterior, multiplicado por 100 e subtraído 100. Este
indicador é influenciado por efeitos de natureza sazonal e outros mais específicos localizados num
(ou em ambos) dos meses em comparação.
Variação Acumulada
Comparação relativa entre o nível do índice de determinado mês e o de dezembro do ano anterior.
Em termos práticos corresponde ao rácio entre o índice do período corrente e o de dezembro do
ano anterior, multiplicado por 100 e subtraído 100.
Variação Homóloga
Comparação entre o nível do índice de determinado mês e o homólogo do ano anterior. O mesmo
obtém-se dividindo o índice do mês corrente pelo índice do mesmo mês do ano anterior,
multiplicado por 100 e subtraído 100. Perante um padrão estável de sazonalidade este indicador
não é afectado por oscilações desta natureza, podendo, porém, ser influenciado por efeitos
localizados no mês específico.
Compara o índice médio dos últimos doze meses com os doze meses imediatamente anteriores,
em percentagem, ou seja, corresponde à divisão do índice médio dos últimos 12 meses com a
média dos índices dos 12 meses homólogos, multiplicado por 100 e subtraído 100. Por ser uma
média móvel, esta variação é menos sensível a alterações esporádicas nos preços.
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2. Calcula-se a quantidade desses produtos que cada família consome desses produtos, por ano;
4. Determina-se quanto custa o Valor do Cabaz no ano que estamos a considerar, VCt;
Imagine-se que em 2010 determinado conjunto de bens custava 5.000 euros. E que em 2011 era
possível adquirir o mesmo conjunto de bens por 5.150 euros. Então o IPC de 2011, tomando 2010
como ano base é:
Isto é, com 103 euros em 2011 adquirimos o mesmo conjunto de bens que em 2010 com 100 euros.
Portanto, a taxa de inflação, crescimento médio dos preços em 2011 foi de 3,0%.
= (103,0 - 100)/100*100
= 3,0%
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de Alimentação e bebidas não alcoólicas, foi a de maior destaque, ao contribuir no total da variação
mensal com cerca de 0,34 pontos percentuais (pp) negativos.
No entanto, quanto a variação mensal por produto, importa destacar a queda dos preços do tomate
(10,3%), do coco (10,9%), do peixe fresco (1,6%), da couve (7,7%), do repolho (10,4%), da alface
(6,2%) e de motorizadas (2,3%). Estes contribuíram no total da variação mensal com cerca de
0,51pp negativos. Contudo, alguns produtos com destaque para as refeições completas em
restaurantes (1,3%), o pão de trigo (2,3%), a cebola (3,4%), o peixe seco (1,0%), a farinha de
mandioca (13,3%), o arroz em grão (0,6%) e a galinha viva (0,8%), contrariaram a tendência de
queda, ao contribuírem com cerca de 0,25pp positivos.
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Contribuição acumulada por divisão (pp)
Desagregando a variação acumulada por produto, importa destacar o aumento dos preços do
tomate, do carvão vegetal, do óleo alimentar, de refeições completas em restaurantes, da cebola,
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do peixe seco e de capulanas. Estes comparticiparam com cerca de 1,60pp positivos no total da
variação acumulada.
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• Variação por cidade
Analisando a variação mensal pelos três centros de recolha, que servem de referência para a
variação de preços do País, nota-se que todas cidades em maio último, registaram uma deflação
mensal, com a Cidade da Beira a registar cerca de 0,79%, seguida da Cidade de Maputo com 0,20%
e por fim a Cidade de Nampula com uma queda de preços na ordem de 0,16%. Relativamente a
variação acumulada, a Cidade da Beira, teve a maior subida do nível geral de preços com cerca de
3,55%, seguida das Cidades de Maputo com 3,04% e de Nampula com 2,79%. Analogamente a
variação homóloga, a Cidade da Beira liderou a tendência de aumento do nível geral de preços
com aproximadamente 7,18%, seguida da Cidade de Nampula com cerca de 5,19% e por último a
Cidade de Maputo com 5,05%
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Referências Bibliográficas
CARSANE, F. R. (s.d.). A INFLAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: Contribuições Teóricas e Práticas.
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