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DIREITO TRIBUTÁRIO
Pontos atualizados: nº 06 (Info 654); nº 13 (Info 656); nº 18 (Info 656); nº 06 (Info 657); nº 08
(Info 657); nº 11 (Info 657); nº 02 (Info 658); nº 27 (Info 658); nº 14 (Info 659); nº 19 (Info 660); nº
02 (Info 676 – 2 julgados)
1. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
1.1. Apresentação anual de relatório das atividades exercidas pela entidade beneficente não
era requisito para o gozo da imunidade tributária – (Info 619)
1.2. Mesmo que a entidade remetente dos valores para o exterior seja imune, ainda assim terá
que pagar o IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte) previsto no art. 11 do DL 401/1968 – (Info
618) – Atenção! Concursos Federais!
O art. 11 do Decreto-Lei 401/68 prevê que “está sujeito ao desconto do imposto de renda na
fonte o valor dos juros remetidos para o exterior devidos em razão da compra de bens a prazo.”
Vale ressaltar que o contribuinte do imposto de renda previsto neste art. 11 é o vendedor
(beneficiário dos valores residente no exterior).
Como o fato gerador do imposto sobre a renda é a aquisição de disponibilidade econômica ou
jurídica de renda e de proventos de qualquer natureza (art. 43 do CTN), o contribuinte em tal
hipótese é o beneficiário residente no exterior, por ser aquele que possui relação pessoal e
direta com o fato gerador (art. 121, parágrafo único, I, do CTN); afinal, é ele quem teve um
acréscimo patrimonial.
O remetente dos juros (e que deve pagar o imposto de renda retido na fonte - IRRF) é o sujeito
passivo responsável por substituição, enquadrando-se nos conceitos previstos nos arts. 121,
parágrafo único, II, e 128 do CTN.
Segundo o STJ, houve um erro de técnica legislativa na redação deste art. 11, parágrafo único.
Isso porque não se pode considerar como contribuinte do imposto de renda alguém que não
está auferindo a renda, tendo apenas e tão somente remetido valores para o exterior.
O comprador de mercadoria do exterior, que remete as quantias referentes aos juros, pelo
pagamento a prazo, à empresa estrangeira vendedora, certamente não pratica o fato gerador do
Imposto de Renda, porquanto não adquire qualquer disponibilidade econômica ou jurídica de
renda ou de proventos de qualquer natureza. Assim, essa previsão de que o remetente é
contribuinte do imposto de renda viola o art. 45 do CTN (que possui status de lei
complementar).
Nas palavras do Min. Herman Benjamin: “A utilização do conceito contribuinte para
caracterizar o remetente dos juros constitui erro de técnica legislativa, passível de correção
interpretativa, na medida em que lei ordinária não poderia modificar conceito estabelecido no
CTN.”
Desse modo, a entidade beneficente que comprou o bem e que está remetendo os juros para o
exterior é considerada como “responsável por substituição” pelo recolhimento exigido pelo art.
11 do Decreto-Lei 401/1968.
Importante esclarecer que, se o adquirente do bem (e que está remetendo o dinheiro para o
exterior) for uma entidade imune, mesmo assim terá que fazer o recolhimento do IRRF.
Vejamos o exemplo analisado: entidade beneficente de assistência social adquire, a prazo, uma
máquina de uma empresa do exterior; ao remeter os valores para essa empresa, deverá reter, na
fonte, o imposto de renda sobre os juros; mesmo esta entidade sendo imune, ela deverá pagar o
imposto de renda retido na fonte na condição de responsável por substituição.
A imunidade tributária não afeta relação de responsabilidade tributária ou de substituição e
não exonera o responsável tributário ou o substituto.
Assim, em suma: a imunidade tributária de entidade beneficente de assistência social não a
exonera do dever de, na condição de responsável por substituição, reter o imposto de renda
sobre juros remetidos ao exterior na compra de bens a prazo, na forma do art. 11 do Decreto-Lei
nº 401/1968.
STJ. 2ª T. REsp 1480918-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Acd. Min. Herman
Benjamin, j. 19/09/17 (Info 618).
OBS:
A imunidade tributária abrange a responsabilidade por substituição? A entidade imune está
dispensada de fazer o recolhimento do imposto como responsável tributária? NÃO. “A
imunidade tributária não afeta, tão-somente por si, a relação de responsabilidade tributária ou de
substituição e não exonera o responsável tributário ou o substituto” (STF. 2ª Turma. RE 202.987,
Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe de 25/9/2009).
Se a entidade imune ficasse dispensada de reter o imposto de renda sobre os valores remetidos
ao exterior, na prática, quem seria beneficiada com a imunidade seria a empresa estrangeira,
considerando que é ela que ostenta a figura de contribuinte.
Determinada entidade de assistência social sem fins lucrativos que atende pessoas com
deficiência explora uma agência franqueada dos Correios. Em outras palavras, ela é proprietária
de uma agência franqueada dos Correios. A renda obtida com essa atividade é revertida
integralmente aos fins institucionais dessa entidade.
A venda das mercadorias nessa agência franqueada NÃO será imune de ICMS. Isso porque a
atividade econômica fraqueada dos Correios não está relacionada com as finalidades
institucionais da entidade de assistência social, ou seja, o serviço prestado não possui relação
com seus trabalhos na área de assistência social, ainda que o resultado das vendas seja
revertido em prol das suas atividades essenciais. Logo, não se pode conceder a imunidade
porque não está preenchido o requisito exposto no ar. 150, § 4º da CF/88 e art. 14, § 2º do CTN.
STJ. 2ª T. RMS 46.170-MS, Rel. Min. Humberto Martins, j. 23/10/2014 (Info 551).
1.4. Instituição de assistência social que conseguiu, por meio de uma perícia, provar que
atende os requisitos do art. 14 do CTN terá direito à imunidade tributária – (Info 535)
Se a instituição de assistência social conseguiu, por meio de uma perícia contábil, provar que
atende os requisitos do art. 150, VI, “c”, da CF/88 e do art. 14, do CTN, ela terá direito à
imunidade tributária, mesmo que não apresente certificado de entidade de assistência social,
documento emitido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Não é possível condicionar a concessão de imunidade tributária prevista para as instituições de
educação e de assistência social sem fins lucrativos à apresentação de certificado de entidade de
assistência social na hipótese em que prova pericial tenha demonstrado o preenchimento dos
requisitos para a incidência da norma imunizante.
STJ. 1ª T. AgRg no AREsp 187.172-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 18/2/14 (Info
535).
2. IMPOSTOS FEDERAIS
2.1. IMPOSTO DE RENDA: Não é possível estender, pela via judicial, a isenção prevista no
art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88 aos trabalhadores em atividade – (Info 676) – IMPORTANTE!!!
Recurso Repetitivo!!!
O art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88 prevê que as pessoas portadoras de neoplasia maligna ou
outras doenças graves e que estejam na inatividade não pagarão imposto de renda sobre os
rendimentos recebidos a título de aposentadoria, pensão ou reforma.
Essa isenção é devida apenas às pessoas que recebem aposentadoria, pensão ou reforma e não é
possível que o Poder Judiciário estenda o benefício aos trabalhadores que estão em atividade.
Os juízes e Tribunais não podem, mesmo a pretexto de estabelecer tratamento isonômico,
conceder isenção tributária em favor daqueles não contemplados pelo favor legal, porque isso
equivaleria, em última análise, a converter o Poder Judiciário em inadmissível legislador
positivo.
A legislação optou por critérios cumulativos absolutamente razoáveis à concessão do benefício
tributário, quais sejam, inatividade e enfermidade grave, ainda que contraída após a
aposentadoria ou reforma.
STF. Plenário. ADI 6025, Rel. Alexandre de Moraes, j. 20/04/20 (Info 983 – clipping).
Não se aplica a isenção do imposto de renda prevista no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº
7.713/88 (seja na redação da Lei nº 11.052/2004 ou nas versões anteriores) aos rendimentos de
portador de moléstia grave que se encontre no exercício de atividade laboral.
STJ. 1ª S. REsp 1814919-DF, Rel. Min. Og Fernandes, j. 24/06/20 (Recurso Repetitivo – Tema
1037) (Info 676).
2.2. IMPOSTO DE RENDA: O teto de 30% para compensação de prejuízos fiscais do IRPJ e da
base de cálculo negativa da CSLL se aplica às empresas incorporadoras – (Info 676)
Não é direito subjetivo do contribuinte compensar seus prejuízos fiscais do IRPJ e da base de
cálculo negativa da CSLL sem observância do limite de 30% a que se referem os arts. 15 e 16 da
Lei nº 9.065/95 quando ocorre o desaparecimento da empresa por incorporação.
STJ. 1ª T. REsp 1805925-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria,
j. 23/06/20 (Info 676).
STJ. 2 T. AgInt-EDcl-REsp 1725911/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 12/02/19.
2.3. Incide o IRPF sobre o valor do abono de permanência e esse entendimento não está
sujeito à modulação de efeitos – (Info 658) – IMPORTANTE!!! Atualize Info 589!!!
O STJ acolheu essa tese de modulação? No início foram proferidos alguns julgados do STJ
acolhendo essa tese da modulação. Se você relembrar, o Informativo 589 trouxe um exemplo de
decisão adotando essa eficácia ex nunc. Veja:
Incide o IRPF sobre o valor do abono de permanência, mas somente a partir de 2010,
data do julgamento do REsp. 1.192.556/PE, não valendo este entendimento para
fatos geradores anteriores a este acórdão. STJ. 1ª T. REsp 1.596.978-RJ, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, j. 7/6/2016 (Info 589).
Ocorre que havia outros julgados do STJ em sentido diverso e o tema foi levado à apreciação da 1ª
Seção.
O que ficou decidido, afinal? O entendimento manifestado no REsp 1192556/PE deve ter eficácia
ex nunc? É necessária a modulação dos efeitos? NÃO. É o que foi decidido no Info 658 do STJ. No
julgamento do Recurso Especial repetitivo 1.192.556/PE não se entendeu necessária a modulação
dos efeitos da decisão, razão pela qual não se pode, posteriormente, querer imprimir efeitos ex
nunc ao acórdão.
2.4. Valor recebido pelo jogador a título de “direito de arena” sujeita-se ao IRPF – (Info 626) –
IMPORTANTE!!!
Obs: esse percentual poderá ser alterado por meio de convenção coletiva.
Exceção ao direito de imagem: “O direito de imagem é amplo e pertence por inteiro ao seu titular.
Abre-se, no entanto, uma exceção para o atleta que participa de um espetáculo, reservando-se
um percentual maior para a remuneração das entidades esportivas, que afinal são as que
organizam, investem e remuneram para garantir o êxito do empreendimento.” (Min. Ruy Rosado
de Aguiar, no REsp 46.420/SP).
Os atletas profissionais devem pagar imposto de renda com relação ao valor que recebem a título
de direito de arena? SIM. É o que foi decidido no Info 626 do STJ.
2.5. Ganho de capital obtido com a venda de imóvel residencial é isento de IR se ele for
utilizado para pagamento de parcelas de outro imóvel residencial comprado anteriormente –
(Infos 594 e 622)
A isenção prevista no art. 39, § 2º, da Lei nº 11.196/2005, alcança as hipóteses nas quais o
produto da venda de imóvel por pessoa física seja destinado, total ou parcialmente, à quitação
ou amortização de financiamento de outro imóvel residencial que o alienante já possui.
STJ. 1ª Turma. REsp 1668268-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 13/03/18 (Info 622).
A isenção do Imposto de Renda sobre o ganho de capital nas operações de alienação de imóvel
prevista no art. 39, da Lei 11.196/05 se aplica à hipótese de venda de imóvel residencial com o
objetivo de quitar, total ou parcialmente, débito remanescente de aquisição a prazo ou à
prestação de imóvel residencial já possuído pelo alienante.
A restrição estabelecida no art. 2º, §11, I, da Instrução Normativa-SRF 599/05 é ilegal.
STJ. 2ª T. REsp 1.469.478-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell
Marques, j. 25/10/16 (Info 594).
OBS:
Art. 39 da Lei nº 11.196/2005: O art. 39 da Lei nº 11.196/2005 prevê uma hipótese de isenção de
imposto de renda:
Art. 39. Fica isento do imposto de renda o ganho auferido por pessoa física residente
no País na venda de imóveis residenciais, desde que o alienante, no prazo de 180
(cento e oitenta) dias contado da celebração do contrato, aplique o produto da venda
na aquisição de imóveis residenciais localizados no País.
Ex: João comprou seu apartamento por R$ 3 milhões; dois anos depois, vendeu este imóvel por R$
4 milhões, tendo “lucrado” R$ 1 milhão com o negócio. Diz-se que seu ganho de capital foi de R$ 1
milhão. Em princípio, João teria que pagar imposto de renda sobre esse ganho de capital. Ocorre
que o art. 39 acima transcrito garante uma isenção do imposto caso ele utilize este valor recebido
para adquirir outro imóvel residencial.
Feitos estes esclarecimentos, imagine a seguinte situação hipotética: Em janeiro de 2016, Pedro
comprou uma casa por R$ 3 milhões. Em julho de 2017, Pedro vendeu a casa por R$ 4 milhões.
Dessa forma, ele teve um ganho de capital de R$ 1 milhão (4-3). Em agosto de 2017, Pedro utilizou
R$ 400 mil (ou seja, parte do produto obtido com a venda) para quitar o financiamento
habitacional de um apartamento que estava pagando parceladamente há 5 anos. Pedro, na
declaração de imposto de renda, informou que os R$ 400 mil que recebeu de ganho de capital com
a venda da casa seriam isentos do IR. Diante disso, recolheu o imposto de renda apenas sobre R$
600 mil, isto é, sobre o montante não utilizado para quitar o financiamento. A Receita Federal,
contudo, não concordou e afirmou que, para ter direito à isenção do IR, Pedro deveria ter
utilizado todo o dinheiro (R$ 1 milhão) para a compra do imóvel residencial (apartamento). Além
disso, a compra do imóvel residencial deveria ter sido posterior à data do ganho de capital. No
caso de Pedro, foi o contrário, pois primeiro ele já estava pagando o apartamento e depois teve o
ganho de capital com a venda da casa, utilizando o dinheiro para terminar de pagar o
financiamento. O Fisco sustentou que existe expressa vedação à pretensão de Pedro no art. 2º, § 11,
I, da Instrução Normativa-SRF n. 599/05, que regulamentou a isenção legal. Veja o texto da IN
599/2005:
Art. 2º Fica isento do imposto de renda o ganho auferido por pessoa física residente
no País na venda de imóveis residenciais, desde que o alienante, no prazo de 180
(cento e oitenta) dias contado da celebração do contrato, aplique o produto da venda
na aquisição, em seu nome, de imóveis residenciais localizados no País. (...)
§ 11. O disposto neste artigo não se aplica, dentre outros:
I - à hipótese de venda de imóvel residencial com o objetivo de quitar, total ou
parcialmente, débito remanescente de aquisição a prazo ou à prestação de imóvel
residencial já possuído pelo alienante;
Afinal, Pedro tem direito à isenção neste caso? SIM. Da leitura do art. 39 da Lei 11.196/05, podem
ser extraídos os requisitos necessários para a concessão da isenção:
a) tratar-se de pessoa física residente no País;
b) alienação de imóveis residenciais situados em território nacional; e
c) aplicação do produto da venda no prazo de 180 dias na aquisição de outro
imóvel residencial no País
O STJ entende que o art. 2º, §11, I, da Instrução Normativa-SRF nº 599/05 é ilegal e que a isenção
do art. 39 da Lei nº 11.196/2005 se aplica mesmo que o dinheiro obtido seja utilizado para pagar as
prestações de um imóvel residencial que o contribuinte já possuía e que estava quitando
parceladamente. Nesse sentido:
A isenção do Imposto de Renda sobre o ganho de capital nas operações de
alienação de imóvel prevista no art. 39, da Lei 11.196/05 se aplica à hipótese de
venda de imóvel residencial com o objetivo de quitar, total ou parcialmente,
débito remanescente de aquisição a prazo ou à prestação de imóvel residencial já
possuído pelo alienante. STJ. 2ª T. REsp 1469478/SC, Rel. Min. Herman Benjamin,
Rel. p/ Acórdão Ministro Mauro Campbell Marques, julgado em 25/10/2016 (Info
594).
A isenção prevista no art. 39, § 2º, da Lei 11.196/05, alcança as hipóteses nas quais
o produto da venda de imóvel por pessoa física seja destinado, total ou
parcialmente, à quitação ou amortização de financiamento de outro imóvel
residencial que o alienante já possui. STJ. 1ª T. REsp 1.668.268-SP, Rel. Min. Regina
Helena Costa, julgado em 13/03/2018 (Info 622).
A restrição imposta pela instrução normativa da Receita Federal torna a aplicação do art. 39 da Lei
11.196/05 quase que impossível. A grande maioria das aquisições imobiliárias das pessoas físicas
é feita mediante contratos de financiamento de longo prazo (até trinta anos). O mais comum é que
as pessoas não tenham liquidez para adquirir um imóvel à vista. Além disso, pessoa física
geralmente adquire o "segundo imóvel" ainda "na planta" (em construção), o que dificulta a
alienação anterior do "primeiro imóvel", já que é necessário ter onde morar. A regra então é que a
aquisição do "segundo imóvel" se dê antes da alienação do "primeiro imóvel".
Sendo assim, a finalidade do art. 39 da Lei 11.196/05 é mais bem alcançada quando se permite
que o produto da venda do imóvel residencial anterior seja empregado, dentro do prazo de 180
(cento e oitenta dias), na aquisição de outro imóvel residencial, compreendendo dentro deste
conceito de aquisição também a quitação do débito remanescente do imóvel já adquirido ou de
parcelas do financiamento em curso firmado anteriormente.
Ademais, se observarmos a redação do art. 39, veremos que ele exige apenas a aplicação do
"produto da venda na aquisição de imóveis residenciais localizados no País" . Não existe uma
exigência do momento em que deve ocorrer esta aquisição. Não há qualquer registro na Lei de que
as aquisições de que ela fala sejam somente aquelas cujos contratos ocorreram depois da venda do
primeiro imóvel residencial.
Em outras palavras, a Lei 11.196/2005 não faz qualquer exigência cronológica quanto à
aquisição do imóvel residencial nem exclui da isenção a quitação ou amortização de
financiamento, desde que seja respeitado o prazo de 180 dias e seja recolhido o IR sobre o valor
não utilizado na aquisição.
Desse modo, conforme já explicado, o art. 2º, § 11, inciso I, da Instrução Normativa SRF 599/05, ao
restringir a fruição do incentivo fiscal com exigência de requisito não previsto em lei, afronta o art.
39, § 2º, da Lei 11.196/05, padecendo, portanto, de ilegalidade.
2.6. A cessão do precatório a terceiro não modifica a relação jurídica tributária existente entre
o titular originário e o Fisco, para fins de incidência do IR – (Info 612)
A cessão de crédito de precatório não tem o condão de alterar a base de cálculo e a alíquota do
Imposto de Renda, que deve considerar a origem do crédito e o próprio sujeito passivo
originariamente favorecido pelo precatório.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.405.296-AL, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 19/9/17 (Info 612).
STJ. 2ª Turma. RMS 42.409/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 6/10/15.
OBS:
Cessão do precatório não altera a tributação: A cessão de crédito desse precatório não tem o
condão de alterar a tributação do Imposto de Renda, que deve considerar a origem do crédito e o
próprio sujeito passivo originariamente favorecido pelo precatório, ou seja, o cedente. Não
importa, para fins de IR, a ocorrência de cessão do precatório e a condição pessoal do
cessionário.
A natureza jurídica da renda que o originou não sofre alteração, sendo incabível se opor ao Fisco
as convenções e acordos particulares decorrentes da cessão de crédito, de caráter nitidamente
privado, a fim de interferir na definição do sujeito passivo, da base de cálculo ou da alíquota do
IR, diante da expressa vedação do art. 123 do CTN:
Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas
à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda
Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações
tributárias correspondentes.
Assim, o negócio jurídico firmado entre o titular originário do precatório e terceiros não
desnatura a relação jurídica tributária existente entre aquele e o Fisco, para fins de incidência do
Imposto de Renda.
2.8. Incide imposto de renda sobre o adicional de 1/3 (um terço) de férias gozadas – (Info 573)
– IMPORTANTE!!!
Incide imposto de renda sobre o adicional de 1/3 (um terço) de férias gozadas.
Essa verba tem natureza remuneratória (e não indenizatória) e configura acréscimo patrimonial.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.459.779-MA, Rel. para acórdão Min. Benedito Gonçalves, julgado em
22/04/2015 (recurso repetitivo) (Info 573).
2.9. Cessão de precatório e alíquota aplicável do IR devido por ocasião de seu pagamento –
(Info 571) – IMPORTANTE!!!
Se pessoa jurídica adquire, por meio de cessão de direito, precatório cujo beneficiário seja
pessoa física, o cálculo do imposto de renda (IR) retido na fonte (art. 46 da Lei 8.541/92) na
ocasião do pagamento da carta precatória deverá ser realizado com base na alíquota que seria
aplicável à pessoa física cedente, ainda que a alíquota aplicável a pessoa física seja maior do
que a imposta a pessoa jurídica.
STJ. 2ª T. RMS 42.409-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 6/10/2015 (Info 571).
Segundo o art. 950 do CC, se uma pessoa for vítima de dano físico que cause a diminuição de
sua capacidade de trabalho, ela deverá receber do causador do dano pensão correspondente à
importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ela sofreu.
Tais valores estão sujeitos ao pagamento de Imposto de Renda (IR).
Assim, decidiu o STJ que os valores percebidos a título de pensionamento por redução da
capacidade laborativa decorrente de dano físico causado por terceiro, em cumprimento de
decisão judicial, são tributáveis pelo imposto de renda e sujeitam a fonte pagadora à retenção
do imposto por ocasião do pagamento.
Danos morais e danos emergentes: NÃO incide IR.
Lucros cessantes: INCIDE IR.
STJ. 2ª T. REsp 1.464.786-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 25/8/2015 (Info 568).
3. IPVA
3.1. Termo inicial do prazo prescricional para cobrança de IPVA – (Info 588)
Regramento legal: As normas gerais sobre o IPVA (fato gerador, base de cálculo, sujeito passivo
etc.) deverão ser previstas em uma lei complementar nacional a ser editada pelo Congresso
Nacional (art. 146, III, "a", da CF/88). Ocorre que esta lei ainda não existe. Em razão disso, os
Estados-membros podem legislar sobre o tema, conforme autorizado pelo art. 24, § 3º da CF/88,
desde que respeitadas as demais regras constitucionais.
Importante: o art. 150, § 1º da CF/88 prevê que a fixação da base de cálculo do IPVA não está
sujeita ao princípio da anterioridade nonagesimal. Isso significa que é possível que o Estado, nos
últimos dias do ano, altere a tabela de valor venal dos veículos e essa mudança já valha a partir de
1º de janeiro do ano seguinte.
Alíquotas: As alíquotas serão fixadas por meio de lei de cada Estado-membro. A CF/88, no
entanto, determina que o Senado, mediante Resolução, defina alíquotas mínimas do IPVA a fim
de evitar a guerra fiscal (art. 155, § 6º, II, da CF/88). Logo, a lei estadual não poderá estipular
alíquotas menores que aquelas fixadas pelo Senado. Isso com o objetivo de evitar que os Estados
começassem a colocar valores muito baixos de IPVA para "incentivar" os proprietários de carros a
emplacarem seus veículos nesses locais. A Constituição autoriza que as leis estaduais prevejam
alíquotas do IPVA diferenciadas segundo o tipo e a utilização do veículo.
Exemplo quanto ao tipo: a lei poderá prever que veículos utilitários poderão pagar
alíquotas menores que veículos de passeio.
Exemplo quanto à utilização: táxis poderão pagar alíquotas menores que veículos
particulares.
Notificação do lançamento: Após o Fisco realizar o lançamento, ele precisa comunicar que fez isso
ao sujeito passivo para que este possa pagar o tributo ou impugná-lo, caso não concorde com o
que está sendo cobrado. "É a notificação que confere efeitos ao lançamento realizado, pois antes
daquela não se conta prazo para pagamento ou impugnação." (ALEXANDRE, Ricardo. Direito
tributário esquematizado. 10ª ed., São Paulo: Método, 2016, p. 377).
Forma de notificação do contribuinte: O CTN não prevê a forma como o contribuinte deverá ser
notificado de que houve o lançamento de ofício e de que ele deverá pagar o tributo. Diante dessa
lacuna, a jurisprudência entende que a legislação que rege cada tributo poderá disciplinar o meio
idôneo para essa notificação. No caso do IPTU, a maioria das leis municipais prevê que a
notificação ocorre mediante o envio de uma correspondência ao sujeito passivo. Esse
procedimento é considerado legítimo:
Súmula 397-STJ: O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do
carnê ao seu endereço.
Caso o contribuinte, mesmo depois de notificado, não pague o IPVA, o Fisco poderá ajuizar
execução fiscal cobrando este imposto. A partir de quando é contado o prazo para o ajuizamento
desta ação? O prazo prescricional para a execução fiscal inicia-se no dia seguinte à data estipulada
para o vencimento do imposto. Isso porque, antes dessa data, o pagamento não é exigível do
contribuinte. Assim, por exemplo, se o proprietário recebeu um carnê com data de vencimento
para o dia 03/03, o prazo prescricional para o Estado-membro ajuizar execução fiscal iniciará no
dia 04/03, caso o contribuinte não pague na data.
Qual é o prazo que o Fisco estadual possui para cobrar judicialmente o imposto? O prazo
prescricional é de 5 anos (art. 174 do CTN).
Releitura do art. 174 do CTN pelo STJ: O art. 174 do CTN estabelece o seguinte:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos,
contados da data da sua constituição definitiva.
Para o STJ, a constituição definitiva do IPVA ocorre com a notificação do contribuinte para
pagamento.
Desse modo, se fossemos utilizar a redação literal do art. 174, o prazo prescricional teria início na
data da notificação do sujeito passivo (constituição definitiva). Ex: no dia em que ele recebeu o
carnê de pagamento ou na data em que foi divulgado o calendário de pagamentos.
Ocorre que o STJ fez uma releitura dessa parte final do dispositivo e decidiu que o prazo
prescricional deverá ser contado a partir do dia seguinte à data estipulada como vencimento do
imposto.
O STJ deicidiu assim porque antes de passar a data do vencimento do tributo, o Fisco ainda não
poderá executar o contribuinte, que ainda nem pode ser considerado devedor.
Até o último dia estabelecido para o vencimento, é assegurado ao contribuinte realizar o
recolhimento voluntário, sem qualquer outro ônus, por meio das agências bancárias autorizadas
ou até mesmo pela internet, ficando em mora tão somente a partir do dia seguinte.
Desse modo, tem-se que a pretensão executória da Fazenda Pública (actio nata) somente surge no
dia seguinte à data estipulada para o vencimento do tributo.
Assim, o STJ "corrige" a parte final do art. 174, que deve ser lido da seguinte forma: a ação para a
cobrança do crédito tributário decorrente de IPVA prescreve em cinco anos, contados do dia
seguinte à data estipulada para o vencimento da exação.
Em concursos, se for cobrada a redação literal do art. 174 em provas objetivas, essa alternativa está
correta. No entanto, é possível que o entendimento do STJ seja exigido, especialmente em provas
discursivas ou orais.
4. ICMS
4.1. Viola o art. 20, § 6º da LC 87/96 a disposição contida em norma infralegal estadual que
restrinja seu âmbito de aplicação a produtos agropecuários da mesma espécie – (Info 650)
O creditamento pelo adquirente em relação ao ICMS destacado nas notas fiscais de compra de
mercadorias de contribuinte devedor contumaz, incluído no regime especial de fiscalização,
pode ser condicionado à comprovação da arrecadação do imposto.
STJ. 2ª T. AREsp 1241527-RS, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 19/03/2019 (Info 645).
4.3. Não se aplica o art. 166 do CTN para o caso de empresa que está pedindo o ICMS cobrado
indevidamente quando ela apenas transferiu as mercadorias para outra filial – (Info 641)
4.4. O adquirente de boa-fé não pode ser responsabilizado pelo tributo que deixou de ser
pago pela empresa vendedora – (Info 640)
O adquirente de boa-fé não pode ser responsabilizado pelo tributo que deixou de ser
oportunamente recolhido pela empresa vendedora que realizou a operação mediante indevida
emissão de nota fiscal.
STJ. 1ª Turma. AREsp 1198146-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 4/12/18 (Info 640).
4.6. Não incidência de ICMS sobre operações financeiras realizadas no Mercado de Curto
Prazo da CCEE – (Info 623)
Não incide ICMS sobre as operações financeiras realizadas no Mercado de Curto Prazo da
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
STJ. 1ª Turma. REsp 1615790-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 20/2/2018 (Info 623).
4.9. Crédito presumido de ICMS não integra a base de cálculo do IRPJ e da CSLL – (Info 618)
CSLL: CSLL é a sigla para Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Segundo a Lei que rege a
CSLL, a base de cálculo dessa contribuição “é o valor do resultado do exercício, antes da
provisão para o imposto de renda” (art. 2º da Lei nº 7.689/88). Desse modo, a base de cálculo da
CSLL também é o lucro, mas apurado antes da provisão para o IRPJ.
Crédito presumido de ICMS: Trata-se de um incentivo concedido pela legislação por meio do que
se concede um crédito ao contribuinte para que ele pague menos ICMS . Assim, se a empresa
contribuinte cumprir determinados requisitos previstos na legislação, ela poderá ter direito a esse
“crédito”, pagando menos ICMS. Desse modo, pode-se concluir que a concessão de crédito
presumido de ICMS possui natureza jurídica de incentivo fiscal.
O crédito presumido de ICMS, por representar, indiretamente, um lucro para a pessoa jurídica,
deverá ser incluído na base de cálculo do IRPJ e da CSLL? NÃO. Crédito presumido de ICMS não
integra a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.517.492-PR, Rel. Min. Og
Fernandes, Rel. Acd. Min. Regina Helena Costa, julgado em 08/11/2017 (Info 618).
A Constituição Federal possui diversos dispositivos que preveem medidas de incentivo fiscal com
o objetivo de reduzir desigualdades regionais, alavancar o desenvolvimento social e econômico do
país, inclusive mediante desoneração ou diminuição da carga tributária. A outorga de crédito
presumido de ICMS insere-se nesse contexto, devendo ser instituída por legislação local específica
do ente federativo tributante.
Não se pode considerar o crédito presumido como lucro da empresa, para fins de tributação do
IRPJ e da CSLL, sob pena de admitirmos a possibilidade de a União retirar, por via oblíqua, o
incentivo fiscal que o Estado-membro, no exercício de sua competência tributária, outorgou.
Essa interpretação faria com que houvesse o esvaziamento ou a redução do incentivo fiscal que foi
legitimamente outorgado pelo Estado-membro. Isso porque se, por um lado, a empresa pagaria
menos ICMS, por outro, teria que pagar mais IRPJ e CSLL.
O art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88, atribuiu aos Estados-membros e ao Distrito Federal a
competência para instituir o ICMS - e, por consequência, outorgar isenções, benefícios e
incentivos fiscais, atendidos os pressupostos de lei complementar:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações
e as prestações se iniciem no exterior; (...)
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...)
XII - cabe à lei complementar: (...)
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal,
isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
Por fim, cumpre registrar, dada à semelhança com o presente caso, que o STF, ao julgar, em
regime de repercussão geral, o RE n. 574.706/PR, assentou a inconstitucionalidade da inclusão
do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Entendeu o Plenário da Corte que o valor de
ICMS não se incorpora ao patrimônio do contribuinte, constituindo mero ingresso de caixa, cujo
destino final são os cofres públicos.
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não compõe a base de
cálculo para a incidência da contribuição para o PIS e da COFINS. STF. Plenário. RE
574706/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 15/3/2017 (repercussão geral) (Info 857).
4.11. Mesmo que o contratante tenha se tornado inadimplente, a empresa prestadora do serviço
de comunicação não terá direito de receber de volta o ICMS pago – (Info 597)
O que acontece com o ICMS se o consumidor final do serviço fica inadimplente e não paga a
mensalidade? Neste caso, a empresa prestadora do serviço poderá pedir de volta o valor que
recolheu a título de ICMS alegando que o preço do serviço não foi pago? NÃO.
Dessa forma, quando a empresa presta o serviço de forma onerosa (ou seja, impondo um preço
por isso), ela pratica o fato gerador do imposto. O fato de o consumidor não ter pago o preço não
muda nada o fato gerador, que já aconteceu.
Vale ressaltar que, mesmo o consumidor tendo se tornado inadimplente, isso não significa que a
prestação do serviço tenha sido “gratuita”. O contrato celebrado entre a companhia e o cliente foi
do tipo oneroso, considerando que havia previsão de vantagens para ambos os contratantes. O
fato de, durante a execução, o contratante ter se tornado inadimplente não transforma a natureza
do contrato celebrado. Ele continua sendo oneroso.
Nas palavras do Min. Napoleão Nunes Maia Filho:
“15. No caso dos contratos onerosos, a relação jurídica material estabelecida será marcada
pela imposição de um ônus para todas as partes do contrato; o que no caso em análise é
identificado pela obrigação da concessionária em disponibilizar o serviço de comunicação
contratado, bem como pela obrigação do consumidor final retribuir o serviço com o preço
estabelecido. Nesse aspecto, para o direito privado, o inadimplemento do consumidor final é
desinfluente para o reconhecimento, ou não, da onerosidade do contrato. 16. O mesmo
ocorrendo para o direito tributário. O inadimplemento da obrigação civil assumida pelo
contratante (Consumidor-final) não interfere no reconhecimento da ocorrência do fato
gerador que enseja a exação.”
4.12. Base de cálculo de ICMS/ST no caso de venda de medicamentos de uso restrito a hospitais
e clínicas – (Info 588)
Fatos geradores: Eduardo Sabbag afirma que, resumidamente, o ICMS pode ter os seguintes fatos
geradores (Manual de Direito Tributário. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1061):
circulação de mercadorias;
prestação de serviços de transporte intermunicipal;
prestação de serviços de transporte interestadual;
prestação de serviços de comunicação.
Exemplo dado por Ricardo Alexandre: “A” é uma refinaria de combustíveis que vende a gasolina
para os distribuidores (“B”), que revendem para os postos de gasolina (“C”), que, por fim,
vendem ao consumidor final (“D”). Para o Estado é mais fácil cobrar de “A” todo o tributo que irá
incidir sobre a cadeia produtiva. Assim, “A” pagará o imposto por ele devido como contribuinte e
também os impostos que irão incidir sobre as vendas futuras (nesse caso, pagará como substituto
tributário/responsável tributário). (ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. 10ª
ed. São Paulo: Método, 2016, p. 317-319).
Assim, todo o tributo é pago de uma só vez por “A”, sendo calculado sobre o valor pelo qual se
presume que a mercadoria será vendida ao consumidor. (ALEXANDRE, Ricardo, p. 319).
Regime de valor agregado: Esse cálculo do valor que se supõe que a mercadoria será vendida é
feito mediante a aplicação do regime de valor agregado estabelecido no art. 8º da LC 87/96:
Art. 8º A base de cálculo, para fins de substituição tributária, será:
I - em relação às operações ou prestações antecedentes ou concomitantes, o valor da
operação ou prestação praticado pelo contribuinte substituído;
II - em relação às operações ou prestações subsequentes, obtida pelo somatório das
parcelas seguintes:
a) o valor da operação ou prestação própria realizada pelo substituto tributário ou
pelo substituído intermediário;
b) o montante dos valores de seguro, de frete e de outros encargos cobrados ou
transferíveis aos adquirentes ou tomadores de serviço;
c) a margem de valor agregado, inclusive lucro, relativa às operações ou prestações
subsequentes.
Feitas estas considerações, imagine a seguinte situação hipotética: A "Bioremédios" é uma
distribuidora de medicamentos que vende remédios para hospitais e clínicas. A referida empresa
vendeu centenas de remédios "Dorsem" para os hospitais e recolheu ICMS-ST, calculando o valor
de cada medicamento por R$ 300,00. A empresa justificou que encontrou este valor pegando o
preço que ela vende o remédio para os hospitais e adicionando a margem de valor agregado
(MVA), nos termos do art. 8º, II, "c", da LC 87/96. Ocorre que o Fisco estadual não concordou e
afirmou que a empresa, na condição de substituto tributário, deveria ter recolhido o imposto sobre
R$ 500,00 por cada remédio, já este é o Preço Máximo de venda a Consumidor (PCM) sugerido
pelo fabricante. Para o Fisco, a empresa violou a Cláusula Segunda do Convênio 76/94 e o art. 8º,
§ 2º da LC 87/96, que preconizam:
Cláusula Segunda - A base de cálculo do imposto para fins de substituição
tributária será o valor correspondente ao preço constante da tabela sugerido pelo
órgão competente para a venda a consumidor, e, na falta deste preço, o valor
correspondente ao preço máximo de venda a consumidor sugerido ao público pelo
estabelecimento industrial.
Art. 8º (...)
§ 3º Existindo preço final a consumidor sugerido pelo fabricante ou importador,
poderá a lei estabelecer como base de cálculo este preço.
A questão chegou até o STJ. A posição defendida pelo Fisco foi acolhida pelo Tribunal? NÃO.
PCM é legítima, no entanto, quando o medicamento será vendido para clientes em drogarias:
Mostra-se legítima a estipulação da base de cálculo do ICMS, com fundamento no Preço Máximo
ao Consumidor (chamado de PMC) sugerido pelo fabricante de medicamentos e divulgado por
revista especializada de grande circulação. No entanto, a fixação do PMC dirige-se ao comércio
varejista, ou seja, farmácias e drogarias, hipótese diversa da presente situação, na qual os
medicamentos destinavam-se exclusivamente ao uso hospitalar restrito, endereçados a clínicas,
casas de saúde, hospitais e assemelhados, acondicionados em embalagens especiais, para
atendimento dos pacientes, sem possibilidade de comercialização no comércio varejista, dirigido
aos consumidores finais, em balcão. O preço praticado para os hospitais e clínicas é notadamente
inferior àquele que é utilizado na venda em drogarias para os clientes, já que a quantidade
comprada pelos hospitais faz com que o preço seja inferior.
4.13. Cálculo do ICMS por dentro aplica-se também nos casos de substituição tributária – (Info
585)
O ICMS integra a sua própria base de cálculo, sendo isso chamado de ICMS "por dentro" ou
"cálculo por dentro".
O ICMS por dentro está previsto no art. 13, § 1º, I, da LC 87/96, sendo considerado
constitucional pelo STF.
Essa mesma regra aplica-se para o ICMS substituição tributária, considerando que se trata do
mesmo tributo.
Assim, ainda que se adote a substituição tributária como forma de arrecadação de ICMS, é legal
aplicar-se a sistemática do "cálculo por dentro".
STJ. 2ª Turma. REsp 1.454.184-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 5/5/16 (Info 585).
Qual é o valor da operação com energia elétrica? Qual o preço da energia elétrica? O preço da
operação é a retribuição total que a empresa aufere pela energia que está fornecendo.
E qual a retribuição que a empresa obtém? No caso do consumidor de baixa renda, a retribuição
que a empresa recebe, o valor real da operação que ela pratica se compõe de duas partes: o preço
que o consumidor paga a ela mais a complementação do preço dada pela União, ou seja, a
subvenção da Lei nº 10.604/2002. Portanto, se a retribuição total que a empresa recebe pela venda
de energia inclui a subvenção, a base de cálculo do ICMS deve abarcar o valor da subvenção.
Retirar a subvenção da base de cálculo seria conceder isenção de ICMS: Não obstante a louvável
intenção do Governo Federal de não onerar a tarifa de energia elétrica de parcela carente da
população, a concessão de subvenção não implica automática isenção do montante na base de
cálculo de ICMS. Utiliza-se aqui a mesma lógica adotada pelo STJ na elaboração da Súmula n. 95:
"A redução da alíquota do imposto sobre produtos industrializados ou do imposto de importação
não implica redução do ICMS".
Não há razoabilidade em diminuir a base de cálculo do imposto estadual em razão da concessão
de subvenção econômica pela União. A exigibilidade do imposto é anterior à concessão da
subvenção econômica. Exigir a redução da base de cálculo do imposto estadual, no caso, é
implementar isenção heterônoma em hipótese não permitida pelo art. 151, III, da CF/88:
Art. 151. É vedado à União:
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Municípios.
Desse modo, a subvenção econômica faz parte do preço final da mercadoria, não havendo razão
para não incluir na base de cálculo do ICMS a subvenção em operações com energia elétrica.
A única forma de isentar as concessionárias de energia elétrica de pagar o ICMS sobre o valor
da subvenção é mediante convênio, na forma da LC 24/1975, a qual "dispõe sobre os convênios
para a concessão de isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias, e
dá outras providências".
OBS:
Vejamos a ementa original do julgado:
Não viola o princípio da não cumulatividade a vedação, prevista em legislação
estadual, de aproveitamento de crédito de ICMS decorrente de operação de
exportação quando o contribuinte possuir débito superior ao crédito. Por esse
entendimento, não se nega o direito ao crédito do contribuinte; o que é obstado, na
verdade, é a livre disposição de tais créditos, ante a vedação prevista em legislação
estadual e a inexistência de saldo credor. Para melhor elucidar a questão, convém
observar o art. 25 da LC n. 87/96 (Lei Kandir): “Art. 25. Para efeito de aplicação do
disposto no art. 24, os débitos e créditos devem ser apurados em cada estabelecimento,
compensando-se os saldos credores e devedores entre os estabelecimentos do mesmo sujeito
passivo localizados no Estado. § 1º Saldos credores acumulados a partir da data de
publicação desta Lei Complementar por estabelecimentos que realizem operações e prestações
de que tratam o inciso II do art. 3º e seu parágrafo único podem ser, na proporção que estas
saídas representem do total das saídas realizadas pelo estabelecimento: I - imputados pelo
sujeito passivo a qualquer estabelecimento seu no Estado; II - havendo saldo remanescente,
transferidos pelo sujeito passivo a outros contribuintes do mesmo Estado, mediante a emissão
pela autoridade competente de documento que reconheça o crédito. § 2º Lei estadual poderá,
nos demais casos de saldos credores acumulados a partir da vigência desta Lei
Complementar, permitir que: I - sejam imputados pelo sujeito passivo a qualquer
estabelecimento seu no Estado; II - sejam transferidos, nas condições que definir, a outros
contribuintes do mesmo Estado”. Salienta-se, nesse contexto, que não se deve
confundir o conceito de crédito e o de saldos credores acumulados. De um lado, o
crédito de ICMS é um direito que advém de preceitos constitucionais e
infraconstitucionais, corolário do princípio da não cumulatividade. Ressalta-se,
inclusive, que o direito de crédito decorrente de operações e prestações de
exportação não pode ser limitado por legislação estadual (art. 25, § 1º, da LC
87/96), conforme entendimento consolidado do STJ (AgRg no AREsp 151.708-RS, 2ª
T, DJe 14/6/12; AgRg no REsp 1.247.425-MA, 2ª T, DJe 16/9/11; e AgRg no AREsp
187.884-RS, 1ª T, DJe 18/6/14). Por outro lado, o saldo de créditos é uma situação
fático-operacional contábil. O procedimento é o seguinte: comparam-se as somas de
débitos com créditos de ICMS em determinado período. Se o total de débitos for
maior que o de créditos, deduz-se o maior do menor, pagando-se a diferença aos
cofres públicos. Caso o total de créditos seja maior, contudo, deduz-se deste o total
de débitos, e o saldo credor é transferido para o período seguinte. Veja-se que, por
determinação legal, a operação de compensação de débitos com créditos ocorre
anteriormente a qualquer outra operação. Havendo, ao final, saldo de créditos de
ICMS, abre-se a possibilidade de apropriação, utilização ou transferência pelo
contribuinte. A apropriação, a utilização e a transferência de créditos de ICMS
pressupõem a existência de saldo credor, o que não ocorre no caso em que o
contribuinte possui débito superior ao crédito. Assim, embora o § 1° do art. 25 da
LC 87/96 seja autoaplicável, não podendo ser condicionado pelo legislador
estadual, o seu pressuposto é a existência de saldos credores. Desta feita, a questão
em análise possui natureza operacional. Nessa conjuntura, os créditos de ICMS,
conquanto decorrentes de operações de exportação, submetem-se à compensação do
caput do art. 25 da Lei Kandir. Desse modo, o que o Fisco não pode fazer é estornar
os créditos decorrentes da exportação (art. 21, § 2º, LC 87/96), caso provada e
suficientemente documentada a ocorrência das operações ou prestações de serviço.
Em tal caso, estar-se-ia aumentando, de forma ilegítima, o débito de ICMS do
contribuinte. Portanto, não fere o princípio da não cumulatividade a lei estadual
que veda a apropriação e a utilização de crédito de ICMS ao contribuinte que tiver
débito do imposto superior ao montante de créditos. STJ. 2ª T. REsp 1.505.296-SP,
Rel. Min. Humberto Martins, j. 15/9/2015 (Info 574)
4.16. ICMS sobre serviços de TV por assinatura via satélite – (Info 569)
O valor pago pelo consumidor final ao comerciante a título de “seguro de garantia estendida”
não integra a base de cálculo do ICMS incidente sobre a operação de compra e venda da
mercadoria.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.346.749-MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 10/2/15 (Info 556).
4.18. Fato gerador do ICMS e obrigações acessórias
5. ISS
5.1. Incide ISS sobre serviço de proteção ao crédito oferecido por sindicato ou CDL aos seus
associados? – (Info 638)
Se uma entidade sem fins lucrativos, como é o caso do sindicato ou da câmara de dirigentes
lojistas, oferece serviço de consulta a cadastros de proteção ao crédito em favor de seus
associados, deverá pagar ISS?
1ª Turma: SIM
O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN - incide sobre os serviços de proteção
ao crédito, ainda que prestados por entidade sindical a seus associados.
STJ. 1ª T. AREsp 654.401-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 4/10/18 (Info 638).
2ª Turma: NÃO
A Câmara de Dirigentes Lojistas é uma associação cujos serviços destinam-se a atender seus
próprios sócios, os diretores de lojas, sem objetivo de lucro, mas visando a realização de seus
objetivos, tal como previsto em seu estatuto.
Assim, como o CDL realiza suas atividades sem fins lucrativos não está sujeito à incidência do
ISS.
STJ. 2ª T. REsp 1338554/RS, Rel. Min. Humberto Martins, j. 07/05/2015.
A Lei 8.032/90 prevê que as “instituições de educação” possuem isenção de II e de IPI caso
importem bens do exterior. A redação literal da lei fala em “instituições de educação”. Apesar
disso, é possível estender essa isenção também para “instituições culturais”?
SIM. As entidades com finalidade eminentemente cultural também fazem jus às isenções de
Imposto de Importação (II) e de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) previstas nos
arts. 2º, I, “b”, e 3º, I, da Lei 8.032/90.
Conquanto a Lei 8.032/90 preveja isenções de II e de IPI para as “instituições de educação” (art.
2º, I, “b”), as entidades com finalidade eminentemente cultural também estão inseridas nessa
expressão legal, considerando que não se pode dissociar cultura de educação.
STJ. 1ª T. REsp 1.100.912-RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 28/4/2015 (Info 561).
5.3. Competência para exigir ISS incidente sobre a prestação de serviço de análise clínica –
(Info 555)
6. IPI
6.1. Incide IPI sobre veículo importado para uso próprio, haja vista que tal cobrança não viola
o princípio da não cumulatividade nem configura bitributação – (Info 657) – IMPORTANTE!!!
Atualizar Info 557!!! - (TJPA-2019)
Incide o IPI em importação de veículos automotores por pessoa natural, ainda que não
desempenhe atividade empresarial, e o faça para uso próprio.
STF. Plenário. RE 723651/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 03/02/2016 (Info 813).
Incide IPI sobre veículo importado para uso próprio, haja vista que tal cobrança não viola o
princípio da não cumulatividade nem configura bitributação.
STJ. 1ª S. REsp 1396488-SC, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 25/09/19 (recurso repetitivo – revisão do
Tema 695) (Info 657).
(TJPA-2019-CESPE): Segundo a assentada jurisprudência do STJ, quando um cidadão
brasileiro importa diretamente um veículo automotor, a incidência de imposto sobre produtos
industrializados (IPI) é imponível, mesmo que o bem se destine a uso próprio. BL: Info 657,
STJ.
6.2. O valor pago a título de IPI por ocasião da aquisição de brindes que serão inseridos em
produtos industrializados não gera direito de creditamento de IPI – (Info 654)
6.3. Crédito presumido de IPI integra a base de cálculo do IRPJ e da CSLL – (Info 652)
O crédito presumido de IPI previsto no art. 1º da Lei nº 9.363/96 integra a base de cálculo do
IRPJ e da CSLL.
STJ. 1ª S. EREsp 1210941-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 22/05/2019 (Info 652).
6.4. Não deve incidir IPI sobre a venda de produtos, na hipótese de roubo ou furto da
mercadoria antes da sua entrega ao comprador – (Info 638)
6.5. Selo para controle de recolhimento de IPI não pode ser cobrado do contribuinte – (Info
637) – Apenas Concursos Federais!
É incompatível com a CF/88 o art. 3º do Decreto-Lei 1.437/75, que autorizava que o Fisco
exigisse do contribuinte o ressarcimento pelo custo dos selos do IPI.
Assim, o selo para controle de recolhimento de IPI não pode ser cobrado do contribuinte, sob
pena de violação ao princípio da legalidade tributária (art. 150, I, da CF/88).
Nas palavras do STF: “Ante o princípio da legalidade estrita, surge inconstitucional o artigo 3º
do Decreto-Lei 1.437/75 no que transferida a agente do Estado – Ministro da Fazenda – a
definição do ressarcimento de custo e demais encargos relativos ao selo especial previsto, sob o
ângulo da gratuidade, no artigo 46 da Lei nº 4.502/64.”
STF. Plenário. RE 662113/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 12/2/2014 (Info 735).
6.6. Quais indústrias podem gozar da suspensão de IPI prevista no art. 29, caput e § 5º da Lei
10.637/02? – (Info 612)
6.7. Exclusão de crédito presumido de IPI da base de cálculo do IRPJ e da CSLL no regime do
lucro presumido – (Info 587)
O crédito presumido de IPI previsto no art. 1º da Lei 9.363/96 que se refira a período no qual o
contribuinte tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro presumido deve ser
excluído das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL apuradas pelo regime do lucro presumido.
STJ. 2ª T. REsp 1.611.110-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 4/8/16 (Info 587).
6.8. Base de cálculo do IPI nas vendas a prazo – (Info 584)
A base de cálculo do IPI na venda a prazo é o preço "normal" da mercadoria (preço de venda à
vista) mais os eventuais acréscimos decorrentes do parcelamento.
A base de cálculo do IPI nas vendas a prazo, sem a intermediação de instituição financeira, é o
valor total da operação.
Situação diferente ocorre na chamada "venda financiada". Nesta, o comprador obtém recursos
de instituição financeira para pagar a aquisição da mercadoria e o IPI incide apenas sobre o
valor efetivamente pago ao vendedor do produto, não englobando os juros pagos ao
financiador, sobre o qual incidirá apenas o IOF.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.586.158-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 3/5/16 (Info 584).
6.10. Produtos importados estão sujeitos à nova incidência de IPI na operação de revenda –
(Info 574) – IMPORTANTE!!! MUDANÇA DE ENTENDIMENTO!!! ATUALIZE INFO 553!!!
Os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando de sua saída do
estabelecimento importador na operação de revenda, mesmo que não tenham sofrido
industrialização no Brasil.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.403.532-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para o
acórdão Min. Mauro Campbell Marques, Corte Especial, j. 14/10/2015 (recurso repetitivo) (Info
574).
OBS: O fato de o nome do tributo ser "Imposto sobre Produtos Industrializados" não significa que
só ocorra o fato gerador do IPI se houver imediata operação de industrialização. Não é isso. O
CTN definiu no art. 46 quais são os fatos geradores do imposto e nele se inclui "a saída do produto
industrializado do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial".
Assim, a saída do produto industrializado da empresa que o importou amolda-se perfeitamente
na hipótese do art. 46, II, do CTN.
6.11. Aquisição de veículo com isenção de IPI por pessoa com necessidades especiais que teve
o seu veículo roubado – (Info 559)
Se uma pessoa que seja portadora de necessidades especiais for adquirir um automóvel, ela não
precisará pagar o IPI sobre o veículo comprado. Isso fará com que o preço por ela pago seja
menor. Essa isenção está prevista no art. 1º da Lei 8.989/95.
Vale ressaltar, no entanto, que essa isenção somente poderá ser utilizada uma vez a cada 2 anos,
conforme determina o art. 2º.
Imagine, no entanto, que uma pessoa portadora de necessidades especiais comprou o carro com
isenção de IPI e, alguns meses depois, ele é roubado. Ela poderá comprar novo veículo com
isenção mesmo não tendo ainda se passado o prazo de 2 anos?
SIM. A isenção de IPI para aquisição de automóvel por pessoa com necessidades especiais
poderá ser novamente concedida antes do término do prazo de 2 anos contado da aquisição se o
veículo vier a ser roubado durante esse período.
STJ. 1ª T. REsp 1.390.345-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 24/3/15 (Info 559).
7. II e IPI
7.1. Isenções de IPI e de II para instituições culturais – (Info 561) – CONCURSOS
FEDERAIS!!!
Incide ISS (e não ICMS) sobre o serviço de montagem de pneus, ainda que a sociedade
empresária também forneça os pneus utilizados na montagem.
STJ. 2ª T. REsp 1.307.824-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 27/10/15 (Info 573).
8. IPTU
8.1. Se um imóvel é incluído dentro da abrangência de uma Estação Ecológica (Unidade de
Conservação de Proteção Integral), deixa de ser devido o pagamento de IPTU – (Info 657)
A qualificação de imóvel como estação ecológica limita o direito de propriedade, o que afasta a
incidência do IPTU.
A inclusão do imóvel do particular em Estação Ecológica representa uma evidente limitação
administrativa imposta pelo Estado, ocasionando o esvaziamento completo dos atributos
inerentes à propriedade, retirando-lhe o domínio útil do imóvel.
Além disso, o art. 49 da Lei 9.985/00 estabelece que a área de uma unidade de conservação de
proteção integral é considerada zona rural para efeitos legais, motivo pelo qual não incide
IPTU, mas sim ITR, sendo este último tributo de competência tributária exclusiva da União.
STJ. 2ª T. REsp 1695340-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 17/09/19 (Info 657).
8.3. Alienante do imóvel continua responsável pelos débitos tributários cujo fato gerador
ocorreram antes da alienação – (Info 610)
O alienante possui legitimidade passiva para figurar em ação de execução fiscal de débitos
constituídos em momento anterior à alienação voluntária de imóvel.
Ex: em 01/01/2015, data do fato gerador do IPTU, João era proprietário de um imóvel; alguns
meses mais tarde ele aliena para terceiro; Município poderá ajuizar execução fiscal contra João
cobrando IPTU do ano de 2015.
STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 942.940-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 15/8/17 (Info 610).
8.4. Incidência de IPTU sobre imóvel parcialmente situado em APP com nota non aedificandi –
(Info 558)
João é dono de um imóvel urbano que foi declarado área de preservação permanente (APP).
Além disso, em 2/3 do seu imóvel foi instituída nota “non edificandi”, ou seja, ele ficou
proibido de construir qualquer coisa em 2/3 desse terreno. Diante disso, João ajuizou ação
contra o Município pedindo que o IPTU fosse cobrado proporcionalmente e incidisse somente
sobre 1/3 da área. O pedido de João pode ser aceito?
NÃO. O IPTU continuará sendo pago sobre a totalidade do imóvel. Segundo decidiu o STJ, o
fato de parte de um imóvel urbano ter sido declarada como Área de Preservação Permanente
(APP) e, além disso, sofrer restrição administrativa consistente na proibição de construir (nota
“non aedificandi”) não impede a incidência de IPTU sobre toda a área do imóvel.
Mesmo com todas essas restrições, o fato gerador do imposto (propriedade de imóvel urbano)
permanece íntegro, de forma que deve incidir o tributo normalmente.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.482.184-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 17/3/2015 (Info 558).
(MPGO-2016): Com base no princípio da isonomia tributária, e tendo como fato gerador a
propriedade de bem imóvel, seria lícita, por exemplo, a cobrança de tributo de proprietário de
bem imóvel localizado ilegalmente em área de preservação ambiental. BL: Info 558, STJ.
9. ITBI
9.1. Para que o Município cobre ITBI de um imóvel de Igreja, é preciso que ele prove que esse
bem está desvinculado de sua destinação institucional – (Info 534)
10.2. Isenção da COFINS nas mensalidades pagas pelos alunos de instituições de ensino sem
fins lucrativos – (Info 574)
11. PIS/COFINS
11.1. A receita derivada da operação denominada back to back não goza de isenção da
contribuição do PIS e da COFINS – (Info 657)
Com o objetivo de incentivar as exportações, a legislação brasileira prevê que não incidirá
PIS/PASEP e COFINS sobre as receitas auferidas pela pessoa jurídica com a exportação de
mercadorias para o exterior.
A receita derivada da operação denominada back to back não goza dessa isenção da
contribuição do PIS e da COFINS. Isso porque a operação back to back não pode ser
considerada como exportação.
A operação back to back é aquela na qual uma empresa brasileira compra um produto de uma
empresa no estrangeiro e revende essa mercadoria para outra pessoa que também está no
estrangeiro. A grande peculiaridade, no entanto, é que esse produto vendido nem entra no
território brasileiro. Assim, a operação back to back ocorre quando uma empresa nacional
compra um produto de outro país, e envia para outro local no exterior, sem que este passe por
território nacional. Como a mercadoria não sai do Brasil para o exterior, essa operação não se
configura, de fato, como uma exportação e, portanto, não está abrangida pela isenção de PIS e
COFINS.
STJ. 1ª T. REsp 1651347-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 5/9/19 (Info 657).
11.2. É ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF 247/2002
e 404/2004 – (Info 624) – Atenção! Concursos Federais! – (TRF3-2018)
É ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/02 e
404/04, porquanto compromete a eficácia do sistema de não-cumulatividade da contribuição ao
PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis ns. 10.637/02 e 10.833/03 e o conceito de insumo
deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância , ou seja, considerando-se a
imprescindibilidade ou a importância de determinado item - bem ou serviço - para o
desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte.
STJ. 1ª S. REsp 1221170-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 22/2/18 (recurso repetitivo)
(Info 624).
OBS:
Creditamento de PIS e COFINS: A legislação autoriza que, ao pagar o PIS e a COFINS, a pessoa
jurídica possa “descontar” alguns créditos que ela vai adquirindo nas hipóteses previstas no art. 3º
da Lei nº 10.637/2002 e art. 3º da Lei nº 10.833/2003. Veja:
Lei nº 10.637/2002 (PIS/PASEP)
Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º (valor da contribuição para o
PIS/PASEP) a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:
I - bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos
referidos:
a) no inciso III do § 3º do art. 1º desta Lei; e
b) nos §§ 1º e 1º-A do art. 2º desta Lei;
II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção
ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e
lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485,
de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela
intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da
TIPI; (...)
Desse modo, a legislação autoriza que a pessoa jurídica abata do valor que irá pagar de PIS e
COFINS algumas despesas que ela realizou com determinadas atividades consideradas essenciais
para a sua atividade empresarial. Isso é chamado de “direito de creditamento de PIS e COFINS”.
Uma dessas despesas que podem ser abatidas são os bens e serviços “utilizados como insumo”.
STJ entendeu ilegal a definição de insumo das instruções normativas: A definição restritiva de
insumo dada pela IN 247/2002 e pela IN 404/2004 violou o art. 3º, II, da Lei nº 10.637/2002 e do
art. 3º, II, da Lei nº 10.833/2003, que contêm rol exemplificativo. A conceituação de insumo
prevista nas referidas leis está atrelada ao critério da essencialidade para a atividade econômica
da empresa, de modo que devem ser considerados todos os bens e serviços que sejam
pertinentes ou que viabilizem o processo produtivo, de forma que, se retirados,
impossibilitariam ou, ao menos, diminuiriam o resultado final do produto.
11.3. O valor pago a título de ICMS não deve ser incluído na base de cálculo do PIS/PASEP e
COFINS – (Info 621)
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não compõe a base de cálculo
para a incidência da contribuição para o PIS e a COFINS.
STF. Plenário. RE 574706/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 15/3/17 (repercussão geral) (Info 857).
STJ. 1ª Turma. REsp 1100739-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 27/2/18 (Info 621).
11.4. Incide PIS e COFINS sobre o percentual repassado pela empresa de transporte à empresa
rodoviária que vende as passagens – (Info 600)
Incide a contribuição ao PIS e COFINS sobre o valor do percentual repassado pelas empresas
de transporte de passageiros às empresas rodoviárias.
Ex: a “Viação Segura Ltda.” é uma empresa que realiza transporte intermunicipal de
passageiros. Ela vende suas passagens por meio da uma empresa rodoviária. Em troca, a
empresa rodoviária retém 10% do valor das passagens para si. Esse valor que a empresa
rodoviária retém continua sendo considerado como faturamento da empresa de transporte e,
por isso, deve ser incluído na base de cálculo do PIS e COFINS.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.441.457-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 16/3/17 (Info 600).
11.5. Valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas
jurídicas integram a base de cálculo do PIS/PASEP e COFINS – (Info 594) VIDE INFO 857 DO
STF
O artigo 3º, § 2º, III, da Lei nº 9.718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o
faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo das contribuições ao
PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para
outra pessoa jurídica.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.144.469-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min.
Mauro Campbell Marques, j. 10/8/16 (recurso repetitivo) (Info 594).
11.6. Não incidência da contribuição ao PIS e à COFINS sobre os atos cooperativos típicos –
(Info 582)
Obs: Incide o PIS e a COFINS sobre atos ou negócios jurídicos praticados por cooperativa
prestadora de serviço com terceiros tomadores de serviço, resguardadas apenas as exclusões e
deduções legalmente previstas (STF. Plenário. RE 599362/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli e RE
598085/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 5 e 6/11/2014. Info 766).
Assim, tem-se a seguinte distinção:
Atos cooperativos típicos: NÃO incide PIS/COFINS.
Atos não-cooperativos: INCIDE PIS/COFINS.
11.7. Inclusão do ISSQN no conceito de receita ou faturamento para fins de incidência de
PIS/COFINS – (Info 581)
O valor suportado (pago) pelo beneficiário do serviço, nele incluindo a quantia referente ao
ISSQN, compõe o conceito de receita ou faturamento para fins de adequação à hipótese de
incidência da Contribuição para o PIS e COFINS.
Assim, o valor do ISSQN integra o conceito de receita bruta, assim entendida como a totalidade
das receitas auferidas com o exercício da atividade econômica, de modo que não pode ser
dedutível da base de cálculo do PIS e da COFINS.
STJ. 1ª S. REsp 1.330.737-SP, Rel. Min. Og Fernandes, j. 10/6/15 (recurso repetitivo) (Info 581).
OBS:
Os chamados PIS e COFINS são duas diferentes “contribuições de seguridade social”, instituídas
pela União, e destinadas a custear os serviços de saúde, previdência e assistência social (art. 194 da
CF/88). Atualmente, o PIS é chamado de PIS/PASEP.
O PIS e o PASEP foram criados separadamente, mas desde 1976 foram unificados e passaram a ser
denominados de PIS/PASEP. Segundo a Lei 10.637/2, a contribuição para o PIS/Pasep incide
sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua
denominação ou classificação contábil.
As Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 estabeleceram como fato gerador da Contribuição para o PIS e
COFINS "o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa
jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil".
O valor correspondente ao ISS suportado faticamente pelo consumidor (contribuinte de fato), mas
recolhido aos cofres públicos pelo prestador de serviço (contribuinte de direito), inclui-se no
conceito de receita ou faturamento para fins de incidência da Contribuição para o PIS e COFINS,
exações cujo sujeito passivo de direito corresponde ao mesmo contribuinte de direito do ISS, qual
seja, o prestador do serviço.
11.8. Incidência de PIS e COFINS em juros sobre capital próprio – (Info 577) – Atenção!
Concursos Federais!
Não são dedutíveis da base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS o valor destinado aos
acionistas a título de juros sobre o capital próprio, na vigência da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº
10.833/2003. Não é possível classificar os juros sobre capital próprio como sendo “lucros e
dividendos” em razão de possuírem diferenças jurídicas.
Logo, não se pode excluir da base de cálculo do PIS e da COFINS os JCP (juros sobre capital
próprio) invocando o art. 1º, §3º, V, "b", da Lei nº 10.637/2002 e o mesmo dispositivo da Lei nº
10.833/2003, considerando que eles tratam apenas de "lucros e dividendos".
STJ. 1ª Seção. REsp 1.200.492-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 14/10/2015 (Info 577).
12. TAXAS
12.1. Isenção da taxa de registro de arma de fogo não se aplica para policiais rodoviários
federais aposentados – (Info 612)
No empréstimo compulsório sobre energia elétrica, são devidos juros remuneratórios sobre a
diferença de correção monetária não paga nem convertida em ações, no percentual de 6% ao
ano, nos termos do art. 2º do Decreto-Lei nº 1.512/76.
STJ. 1ª S. EDv nos EAREsp 790288-PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 12/6/19 (Info 656).
14. CONTRIBUIÇÕES
14.1. PIS/COFINS: Existe direito de creditamento de PIS/PASEP e COFINS em caso de ICMS-
ST? – (Info 659)
14.2. CONTRIBUIÇÕES DIVERSAS: ICMS não integra a base de cálculo da CPRB – (Info 647)
14.3. CIDE-Remessas: A Lei 11.452/2007 foi isentiva, e não meramente interpretativa – (Info
614)
O art. 2º, II, do DL 1.146/70 dispõe expressamente que a cooperativa que exerça atividade de
indústria de laticínios está sujeita à contribuição devida ao INCRA à alíquota de 2,5% sobre a
folha mensal dos salários de contribuição previdenciária de seus empregados.
Assim, em regra, não há permissão para a diferenciação de alíquotas por estabelecimento ou
CNPJ do contribuinte, ou seja, a alíquota e a base de cálculo da contribuição são uma só para
toda a pessoa jurídica, de acordo com a "atividade econômica preponderante" desenvolvida (art.
581, §§1º e 2º, da CLT).
Dito de outro modo, a diferenciação de alíquotas em razão da individualização de
estabelecimentos por CNPJ próprio entre a matriz e a filial da empresa não se aplica, regra
geral, em relação às contribuições devidas a terceiros previstas no art. 3º, da Lei nº 11.457/2007.
O escritório (filial) da indústria, a despeito de possuir CNPJ próprio, dela não se separa. Ao
contrário, o escritório filial existe em função da matriz industrial, consubstanciando com ela
uma única pessoa jurídica e com objetivo único.
STJ. 2 Turma. REsp 1.634.693-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 22/11/16 (Info 594).
14.6. PIS/COFINS: Juiz não pode extinguir execução fiscal de ofício invocando a
inconstitucionalidade do art. 3º, § 1°, da Lei nº 9.718/98 – (Info 591)
A declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/98, pelo STF , não afasta
automaticamente a presunção de certeza e de liquidez da CDA, motivo pelo qual é vedado
extinguir de ofício, por esse motivo, a Execução Fiscal.
Três razões para isso:
1) existem casos em que a base de cálculo apurada do PIS e da Cofins é composta integralmente
por receitas que se enquadram no conceito clássico de faturamento;
2) ainda que haja outras receitas estranhas à atividade operacional da empresa, é possível
expurgá-las do título mediante simples cálculos aritméticos;
3) eventual excesso deve ser alegado como matéria de defesa, não cabendo ao juízo da Execução
inverter a presunção de certeza, de liquidez e de exigibilidade do título executivo.
STJ. 1ª S. REsp 1.386.229-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 10/8/16 (recurso repetitivo) (Info
591).
15. REFIS
15.1. Homologação da opção pelo REFIS e prestação de garantia ou arrolamento – (Info 603)
Mesmo que a pessoa faça a adesão ao REFIS, os seus bens que estavam penhorados na execução
fiscal continuam penhorados.
Para ter direito de aderir ao REFIS, a pessoa deverá oferecer uma garantia à União, salvo se o
crédito já estiver garantido em medida cautelar fiscal ou execução fiscal.
Diante da conjugação dessas duas regras acima, conclui-se que:
Excetuadas as hipóteses em que o crédito está garantido em medida cautelar fiscal ou execução
fiscal, a homologação da opção pelo REFIS está sujeita à prestação de garantia ou arrolamento.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.349.584-MG, Rel. Min. Og Fernandes, j. 26/4/2017 (Info 603).
15.2. Prescrição da cobrança de créditos tributários devidos por contribuinte excluído do REFIS
- (Info 570)
É possível excluir o contribuinte do REFIS, com fulcro no art. 5º, II, da Lei n. 9.964/2000
(inadimplência) caso ele esteja pagando prestações mensais ínfimas se comparadas ao valor
total do débito. Isso porque, nesse caso, fica demonstrada a ineficácia do parcelamento para a
quitação da dívida.
Desse modo, o STJ entende que é válida a “tese da parcela ínfima” para excluir o contribuinte
do REFIS.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.447.131-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 20/5/14 (Info 542).
O depósito judicial integral do débito tributário e dos respectivos juros de mora, mesmo antes
de qualquer procedimento do Fisco tendente à sua exigência, não configura denúncia
espontânea (art. 138 do CTN).
O depósito judicial integral não trouxe qualquer vantagem ou redução de custos para a
Administração Tributária. Não houve a chamada "relação de troca entre custo de conformidade
e custo administrativo" a atrair caracterização da denúncia espontânea (art. 138 do CTN).
Obs: para que a denúncia espontânea seja eficaz e afaste a incidência da multa, é necessário o
preenchimento de três requisitos:
a) "denúncia" (confissão) da infração;
b) pagamento integral do tributo devido com os respectivos juros moratórios; e
c) espontaneidade (confissão e pagamento devem ocorrer antes do início de qualquer
procedimento fiscalizatório por parte do Fisco relacionado com aquela determinada infração).
STJ. 1ª S. EREsp 1.131.090-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 28/10/2015 (Info 576).
OBS:
Denúncia espontânea: A denúncia espontânea é um instituto previsto no CTN por meio do qual o
devedor, antes que o Fisco instaure contra ele qualquer procedimento administrativo ou medida
de fiscalização, confessa para a Fazenda que praticou uma infração tributária e paga os tributos
em atraso e os juros de mora. Como "recompensa", ele ficará dispensado de pagar a multa. É
também chamada de "confissão espontânea" ou "autodenúncia", estando prevista no art. 138 do
CTN.
Exclui tanto as multas punitivas (de ofício) como as moratórias: A denúncia espontânea exclui
tanto as multas punitivas, como também as moratórias. As multas punitivas, também
denominadas de multas de ofício, são aquelas impostas pelo descumprimento de uma obrigação
acessória do contribuinte. O exemplo típico está no art. 44 da Lei nº 9.430/96. As multas
moratórias, também chamadas de multas administrativas, são aquelas impostas ao contribuinte
pelo fato de ele ter atrasado o pagamento do tributo.
É como se fosse o seguinte: a multa cobrada pelo Fisco serve para punir o infrator e também para
cobrir os custos decorrentes do fato de a Administração Tributária ter tido que instaurar um
procedimento para apurar o ocorrido. Se este procedimento não foi necessário porque o
contribuinte confessou e pagou antes da sua instauração, a multa não será devida porque não
houve este custo por parte do Fisco.
Por conta disso, o STJ, apoiado nas lições de Christiano Mendes Wolney Valennte (Denúncia
espontânea: uma análise econômica da jurisprudência do STJ. Revista Fórum de Direito
Tributário: RFDT, Belo Horizonte, v. 13, n. 74, p.81-100, mar. 2015) entende que somente deve ser
admitida a denúncia espontânea quando o Fisco é preservado dos custos administrativos de
lançamento. Daí ter surgido a Súmula 360, que será analisada mais abaixo, tendo em vista que,
nesse caso, já se parte do pressuposto de que não haverá custo administrativo porque o tributo já
se encontra em condições de cobrança, haja vista ter sido constituído pelo contribuinte via
declaração.
Requisitos: Para que a denúncia espontânea seja eficaz e afaste a incidência da multa, é
necessário o preenchimento de três requisitos cumulativos: a) "denúncia" (confissão) da infração;
b) pagamento integral do tributo devido com os respectivos juros moratórios; c) espontaneidade
(confissão e pagamento devem ocorrer antes do início de qualquer procedimento fiscalizatório por
parte do Fisco relacionado com aquela determinada infração).
Na denúncia espontânea o pagamento deve ser feito à vista; não vale parcelar: Para ter direito ao
benefício da denúncia espontânea, o devedor deverá efetuar o pagamento integral de uma só vez.
Se o contribuinte parcelar o pagamento, isso não configura denúncia espontânea e ele não estará
isento da multa. Essa previsão encontra-se insculpida no § 1º do art. 155 do CTN: “Art. 155-A. O
parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. § 1º Salvo disposição de lei
em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas”.
Termo final para que haja a denúncia espontânea: Um dos requisitos para que haja denúncia
espontânea está no fato de que o devedor deverá confessar e pagar o débito ANTES que o Fisco
instaure contra ele "qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização,
relacionados com a infração". Tem que confessar antes de ser "descoberto". Se for depois, não
adiantará nada. Segundo a doutrina (SABBAG, p. 668), o documento que demonstra que o Fisco
instaurou procedimento administrativo para apurar a infração é o "Termo de Início de
Fiscalização", previsto no art. 196 do CTN.
OBS: Se a confissão foi feita antes da assinatura do termo, haverá denúncia espontânea; se
depois, não. Imagine que determinado contribuinte praticou duas infrações tributárias: "X"
(quanto ao imposto de renda de 2010) e "Y" (relacionada com IOF de 2010). Se a Receita Federal
instaurar um procedimento para apurar a infração "X", o contribuinte continuará tendo direito à
denúncia espontânea quanto à infração "Y".
Obrigações acessórias: Segundo o art. 113 do CTN, a obrigação tributária pode ser: a) principal;
b) acessória. A obrigação tributária principal representa o ato de pagar o tributo ou a multa.
Trata-se de uma obrigação de dar dinheiro. Ex: pagamento do IPTU. A obrigação tributária
acessória representa os deveres burocráticos que devem ser observados pelo contribuinte. São
também chamados de “deveres instrumentais do contribuinte”. Trata-se de uma obrigação de
fazer ou não fazer. Ex: obrigação das empresas de manterem a escrituração de suas receitas e
despesas em livros próprios. Normalmente, a legislação prevê que o contribuinte que deixar de
cumprir a obrigação tributária acessória terá que pagar uma multa. Ex: quem deixar de apresentar
determinada declaração para o Fisco terá que pagar uma multa. O benefício concedido pela
"denúncia espontânea" (art. 138 do CTN) não vale para o caso de confissão de descumprimento
de obrigações acessórias. Assim, se o contribuinte tinha até o dia XX para apresentar a declaração
e não o fez, ele terá que pagar a multa mesmo que vá até o Fisco e "confesse" que atrasou a
declaração, apresentando a destempo.
OBS: O STJ entende dessa forma porque o benefício da denúncia espontânea tem como um dos
objetivos "facilitar" o trabalho de fiscalização e arrecadação do Fisco, reduzindo os custos da
Fazenda. Se o contribuinte fez a declaração de débito, mas não pagou nada, o crédito tributário já
estará constituído (já houve confissão de dívida). Logo, a nova confissão posterior do contribuinte
não irá ajudar em nada o Fisco. Por essa razão, o contribuinte não terá direito aos benefícios da
denúncia espontânea.
A tese invocada pela empresa foi aceita pelo STJ? É possível o reconhecimento da denúncia
espontânea caso o contribuinte faça, em juízo, o depósito integral da dívida para fins de
questioná-la judicialmente? NÃO. O depósito judicial integral do débito tributário e dos
respectivos juros de mora, mesmo antes de qualquer procedimento do Fisco tendente à sua
exigência, não configura denúncia espontânea (art. 138, CTN). O depósito judicial integral não
trouxe qualquer vantagem ou redução de custos para a Administração Tributária. Não houve a
chamada "relação de troca entre custo de conformidade e custo administrativo" a atrair
caracterização da denúncia espontânea (art. 138 do CTN). STJ. 1ª S. EREsp 1.131.090-RJ, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, j. 28/10/15 (Info 576).
Os Correios gozam de imunidade tributária recíproca, razão pela qual os Municípios não
podem cobrar ISS sobre a prestação dos serviços postais.
Ocorre que, durante muitos anos, alguns Municípios cobravam o imposto porque ainda não se
tinha uma certeza, na jurisprudência, acerca da imunidade dos Correios.
A ECT pode pleitear à repetição do indébito relativo ao ISS cobrado sobre os serviços postais .
Para isso, os Correios não precisam provar que assumiram o encargo pelo tributo nem precisam
estar expressamente autorizados pelos tomadores dos serviços.
Presume-se que os Correios não repassaram o custo do ISS nas tarifas postais cobradas dos
tomadores dos serviços. Isso porque a empresa pública sempre entendeu e defendeu que não
estava sujeita ao pagamento desse imposto.
Não havendo repasse do custo do ISS ao consumidor final, os Correios podem pleitear a
restituição sem necessidade de autorização do tomador dos serviços.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.642.250-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 16/3/17 (Info 602).
OBS:
O ISS é um tributo direto ou indireto?
Depende. O ISS é espécie tributária que pode se caracterizar como tributo direto ou
indireto, sendo necessário avaliar, no caso concreto, se seu valor é repassado ou não
ao preço cobrado pelo serviço. Isso é chamado de dicotomização do ISS. Nesse
sentido: STJ. 1ª Seção. REsp 1.131.476/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
09/12/2009.
Nos casos em que o valor foi repassado ao consumidor (a base de cálculo do ISS é o preço
do serviço), este imposto será considerado indireto, permitindo transferir o ônus
financeiro ao contribuinte de fato. Essa é a regra geral.
Nos casos em que não houver esse repasse, o imposto será considerado direto. Apesar de
não ser comum, pode acontecer também.
Se o ISS se caracterizar como tributo indireto, então, nesta hipótese, a legitimidade para pleitear a
repetição do indébito dependerá de prova de que o sujeito passivo tributário assumiu o encargo
financeiro ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, de que se encontra por este expressamente
autorizado a recebê-la (art. 166 do CTN). Nesse sentido: STJ. 2ª Turma. REsp 1.661.530/SP, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 18/04/2017.
Presunção de que os Correios não repassaram esse custo aos tomadores de serviço : O STJ
entendeu que, no caso de ISS pago pelos Correios aos Municípios, existe uma presunção de que a
empresa pública não repassou esse custo aos tomadores de serviço. Por quê? Porque os Correios,
mesmo antes da jurisprudência se pacificar no sentido da sua imunidade, sempre consideraram
que não tinham obrigação de pagar ISS por força do art. 12 do Decreto-lei 509/69, que diz o
seguinte:
Art. 12. A ECT gozará de isenção de direitos de importação de materiais e
equipamentos destinados aos seus serviços, dos privilégios concedidos à Fazenda
Pública, quer em relação a imunidade tributária, direta ou indireta,
impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, quer no concernente a foro,
prazos e custas processuais.
Embora contestada por diversas Fazendas Municipais e Estaduais, a validade desse dispositivo
sempre foi sustentada pelos Correios e pela Administração Federal, razão pela qual não tem
razoabilidade presumir que, na composição das tarifas postais, o Ministério da Fazenda levasse
em conta um ISS ou um ICMS que seriam repassados aos tomadores dos serviços, pois o seu
entendimento sempre foi o de que a ECT não se sujeita ao pagamento destes impostos.
Assim, presume-se que os Correios nunca repassaram o custo do ISS ao consumidor final.
18.3. Parcelamento de ofício não interfere no curso do prazo prescricional – (Info 638)
18.5. Revogada a medida liminar que suspendia a exigibilidade do crédito tributário, volta a
correr o prazo prescricional – (Info 605) – IMPORTANTE!!!
Caso a empresa não pague este crédito tributário constituído, qual é o prazo para que a Fazenda
Pública ajuíze execução fiscal contra o devedor? 5 anos, conforme o art. 174 do CTN:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos,
contados da data da sua constituição definitiva.
Obs: prescrição é a perda o direito de a Fazenda Pública ajuizar a execução fiscal contra o
contribuinte cobrando o crédito tributário.
Voltando ao exemplo: Suponhamos que a empresa não concordou com a autuação do Fisco e
ingressou com ação questionando a incidência do imposto naquele caso concreto. O juiz concedeu
a medida liminar determinando que a exigibilidade do crédito tributário ficasse suspensa até a
decisão final sobre o tema. Existe expressa previsão sobre isso no CTN:
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: (...)
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
V - a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de
ação judicial; (...)
Sendo suspensa a exigibilidade do crédito tributário neste caso, o que acontece com a prescrição?
O prazo prescricional fica também suspenso. Constituído o crédito tributário, mas suspensa a
exigibilidade da exação por decisão liminar, o curso do prazo prescricional fica também suspenso.
Ora, se a exigibilidade está suspensa, isso significa que a Fazenda Pública não pode adotar
qualquer medida de cobrança. Logo, não seria correto que o prazo prescricional continuasse
correndo.
O que acontece com o prazo prescricional neste caso? 1ª opção: continuará suspenso até que haja
o trânsito em julgado da decisão contrária ao contribuinte (até que sejam julgados os recursos
especial e extraordinário); 2ª opção: voltará a correr imediatamente. Qual das duas alternativas
foi acolhida pelo STJ? O STJ adotou a 2ª opção, ou seja, o prazo prescricional voltará a correr
imediatamente.
Nesse sentido:
(...) 1. É cabível a impetração do mandado de segurança visando a declaração ao
direito à compensação tributária (Súmula 213/STJ). Todavia, essa ação não tem o
condão de convalidar o procedimento compensatório efetuado pelo contribuinte,
tendo em vista a necessidade de dilação probatória e por ser essa tarefa reservada à
Autoridade Administrativa competente. 2. Na espécie, há pedido expresso na ação
mandamental no sentido de que se reconheça válida a compensação efetuada pela
contribuinte, por sua conta e risco, providência que não se coaduna com a via eleita,
que não comporta a dilação probatória necessária para o reconhecimento do pleito.
(...) STJ. 2ª T. AgRg no REsp 728.686/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j.
28/10/08.
Conforme já explicou o Min. Luiz Fux:
(...) verifica-se dos autos que a compensação já foi efetuada pela contribuinte sponte
propria, ressoando inconcebível que o Judiciário venha a obstaculizar o Fisco de
fiscalizar a existência ou não de créditos a serem compensados, o procedimento e os
valores a compensar, e a conformidade do procedimento adotado com os termos da
legislação pertinente, sendo inadmissível provimento jurisdicional substitutivo da
homologação da autoridade administrativa, que atribua eficácia extintiva, desde
logo, à compensação efetuada. (...) (STJ. 1ª Seção. REsp 1124537/SP, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 25/11/2009).
Em suma:
Súmula 212-STJ Súmula 213-STJ Súmula 460-STJ
A compensação de créditos O mandado de segurança É incabível o mandado de
tributários não pode ser constitui ação adequada para a segurança para convalidar a
deferida em ação cautelar ou declaração do direito à compensação tributária realizada
por medida liminar cautelar compensação tributária. pelo contribuinte.
ou antecipatória.
DOCUMENTOS QUE DEVEM SER JUNTADOS PELO AUTOR DO MS QUE PLEITEIA A
DECLARAÇÃO DA COMPENSAÇÃO
Como se sabe, no mandado de segurança não existe dilação probatória. Desse modo, o impetrante
deve apresentar, já na petição inicial, todos as provas pré-constituídas (documentos) que
possam comprovar o seu direito líquido e certo.
Quais documentos deverão ser juntados pelo impetrante no caso de MS no qual se busca a
declaração do direito à compensação tributária? Depende da extensão do pedido. É possível
identificarmos duas hipóteses:
1) O impetrante se limita a pedir para que seja reconhecido o direito à
compensação, mas sem fazer considerações sobre os elementos concretos da
compensação.
2) O impetrante, além da própria compensação, pede:
a) um juízo sobre os elementos da própria compensação (exs:
reconhecimento do indébito tributário que serve de base para a operação de
compensação, acréscimos de juros e correção monetária sobre ele incidente,
inexistência de prescrição do direito de compensar); ou
b) outra medida executiva que tem como pressuposto a efetiva realização da
compensação (exs: expedição de certidão negativa, suspensão da
exigibilidade dos créditos tributários contra os quais se opera a
compensação).
Documentos exigidos na hipótese 1: Na primeira situação, que tem amparo na súmula 213 do
STJ, a jurisprudência do STJ não exige que o impetrante traga prova pré-constituída dos
elementos concretos da operação de compensação (ex: prova do valor do crédito que dá suporte à
operação de compensação contra o Fisco), até porque o objeto da impetração não abrange juízo
específico a respeito. A liquidez e certeza da compensação somente serão apuradas no futuro
por meio do processo administrativo conduzido pela autoridade fazendária. Assim, se a
pretensão é apenas a de ver reconhecido o direito de compensar, sem abranger juízo específico
dos elementos da compensação ou se apurar o efetivo quantum dos recolhimentos realizados
indevidamente, não cabe exigir do impetrante, credor tributário, a juntada das guias que
comprovam a existência do indébito, pois essa providência somente será levada a termo no
âmbito administrativo, quando será assegurada à autoridade fazendária a fiscalização e controle
do procedimento compensatório. O que se exige do impetrante é apenas que prove a sua
condição de credor tributário.
Documentos exigidos nas situações expostas na hipótese 2: Nas situações em que a concessão da
ordem envolve juízo específico sobre as parcelas a serem compensadas, ou em que os efeitos da
sentença supõem a efetiva realização da compensação -, nesse caso, o reconhecimento da
liquidez e certeza do direito afirmado depende necessariamente da comprovação dos elementos
concretos da operação realizada ou que o impetrante pretende realizar. Assim, a prova dos
recolhimentos indevidos será pressuposto indispensável à impetração, quando se postular juízo
específico sobre as parcelas a serem compensadas, com efetiva investigação da liquidez e
certeza dos créditos, ou, ainda, na hipótese em que os efeitos da sentença supõem a efetiva
homologação da compensação a ser realizada. Foi o que já havia decidido o STJ no REsp
1.111.164-BA:
(...) 1. No que se refere a mandado de segurança sobre compensação tributária, a
extensão do âmbito probatório está intimamente relacionada com os limites da
pretensão nele deduzida. Tratando-se de impetração que se limita, com base na
súmula 213/STJ, a ver reconhecido o direito de compensar (que tem como
pressuposto um ato da autoridade de negar a compensabilidade), mas sem fazer
juízo específico sobre os elementos concretos da própria compensação, a prova
exigida é a da “condição de credora tributária” (ERESP 116.183/SP, 1ª Seção, Min.
Adhemar Maciel, DJ de 27.04.1998).
2. Todavia, será indispensável prova pré-constituída específica quando, à
declaração de compensabilidade, a impetração agrega (a) pedido de juízo sobre os
elementos da própria compensação (v.g.: reconhecimento do indébito tributário que
serve de base para a operação de compensação, acréscimos de juros e correção
monetária sobre ele incidente, inexistência de prescrição do direito de compensar),
ou (b) pedido de outra medida executiva que tem como pressuposto a efetiva
realização da compensação (v.g.: expedição de certidão negativa, suspensão da
exigibilidade dos créditos tributários contra os quais se opera a compensação).
Nesse caso, o reconhecimento da liquidez e certeza do direito afirmado depende
necessariamente da comprovação dos elementos concretos da operação realizada
ou que o impetrante pretende realizar. Precedentes da 1ª Seção (EREsp 903.367/SP,
Min. Denise Arruda, DJe de 22.09.08) e das Turmas que a compõem. (...) STJ. 1ª
Seção. REsp 1111164/BA, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, j. 13/05/09 (recurso
repetitivo) (Tese 118).
Portanto, o STJ decidiu reiterar o entendimento exposto no REsp 1111164/BA, mas explicando melhor
a tese fixada, tal como veiculado no Info 643 do STJ (no início – quadro amarelo).
Mandado de segurança para obter a declaração do direito à compensação
Autor impetra o MS apenas para declarar o Será suficiente a comprovação de que o
direito à compensação tributária, em virtude impetrante ocupa a posição de credor tributário.
do reconhecimento da ilegalidade ou Não se exige os comprovantes de recolhimento
inconstitucionalidade da exigência da exação. indevido porque estes deverão ser apresentados
Não se está pedindo a apuração dos apenas depois, na esfera administrativa, quando o
respectivos valores. procedimento de compensação for submetido à
verificação pelo Fisco.
Autor impetra o MS com objetivo de obter
juízo específico sobre as parcelas a serem
O autor terá que demonstrar também os valores
compensadas, com efetiva investigação da
indevidamente recolhidos.
liquidez e certeza dos créditos.
A inexistência de comprovação cabal dos valores
Autor impetra MS para reconhecer o direito à
indevidamente recolhidos representa a ausência
compensação, mas os efeitos da sentença
de prova pré-constituída indispensável à
supõem a efetiva homologação da
propositura da ação.
compensação a ser realizada (o crédito do
contribuinte depende de quantificação).
20. CERTIDÃO NEGATIVA
20.1. Impossibilidade de expedir certidão positiva com efeitos de negativa caso a penhora
tenha sido insuficiente – (Info 550)
A penhora de bem de valor inferior ao débito não autoriza a expedição de certidão positiva com
efeitos de negativa. Isso porque a expedição da referida certidão está condicionada à existência
de penhora suficiente ou à suspensão da exigibilidade do crédito tributário, nos termos dos
arts. 151 e 206 do CTN. Assim, se em uma execução fiscal o débito era de 100 mil reais, tendo
sido penhorado apenas uma parte desse valor, não será possível a emissão da certidão positiva
com efeitos de negativa.
Por outro lado, vale esclarecer que, mesmo tendo sido a penhora insuficiente, o devedor poderá
apresentar embargos à execução. Segundo o STJ, uma vez efetuada a penhora, ainda que
insuficiente, encontra-se presente a condição de admissibilidade dos embargos à execução, haja
vista a possibilidade posterior da integral garantia do juízo, mediante reforço da penhora.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.479.276-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 16/10/14 (Info 550).
Não é possível a expedição de certidão positiva com efeito de negativa em favor de sócio que
tenha figurado como fiador em Termo de Confissão de Dívida Tributária na hipótese em que o
parcelamento dele decorrente não tenha sido adimplido.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.444.692-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 13/5/14 (Info 543).
Desse modo, a fim de cumprir o mandamento constitucional previsto no art. 146, III, "d", foi
editada a LC 123/06, que estabelece tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas
e para as empresas de pequeno porte, além de instituir um regime único de arrecadação dos
impostos e contribuições para essas empresas.
Feita esta breve revisão, imagine a seguinte situação hipotética: "ABC Comércio Ltda - EPP"
pediu para ser incluída no regime do Simples Nacional, tendo o requerimento sido negado em
virtude de ela não ter alvará de localização e funcionamento. Para o Fisco, esta situação se
enquadra na vedação contida no art. 17, XVI, da LC 123/06:
Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples
Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: (...)
XVI - com ausência de inscrição ou com irregularidade em cadastro fiscal federal,
municipal ou estadual, quando exigível.
A empresa ingressou com ação judicial questionando o indeferimento e alegou que está
devidamente inscrita nos cadastros fiscais que lhe são obrigatórios e que não possui débitos
tributários pendentes, sendo o alvará de localização e funcionamento o único documento que se
encontra pendente na hipótese. Argumentou que a ausência deste alvará é mera irregularidade
administrativa sem caráter fiscal, não configurando, portanto, óbice para o regime do Simples
Nacional.
Os argumentos da empresa foram acolhidos pelo STJ? Ela poderá ingressar e permanecer no
Simples mesmo não tendo alvará de localização e funcionamento? SIM.
Irregularidade em cadastro fiscal federal, municipal ou estadual: A LC 123/06 traz, em seu art. 17,
as hipóteses nas quais é vedado o ingresso no Simples Nacional. O inciso XVI prevê que não
poderá aderir ao regime as empresas que não tiverem inscrição em cadastro fiscal federal,
municipal ou estadual ou, então, se possuírem irregularidade em algum desses cadastros. A
expressão "irregularidade em cadastro fiscal federal, municipal ou estadual" utilizada pela lei é
muito elástica e, em tese, poderia significar uma infinidade de situações. Justamente por isso, o
STJ entendeu que não é razoável interpretar esse dispositivo de forma tão ampla a ponto de
impedir que a empresa seja afastada do Simples por qualquer irregularidade cadastral. Não há
que se confundir cadastro fiscal com qualquer outro tipo de cadastro ou exigência administrativa
imposto pelos entes públicos, tais como o alvará de funcionamento e localização do município. No
caso em análise, a empresa foi proibida de ingressar e se manter no regime em razão da ausência
de alvará de localização e funcionamento. Este argumento não é razoável, especialmente porque a
empresa se encontra devidamente inscrita e adimplente com os tributos que lhe são devidos, de
forma que sua exclusão do Simples Nacional por ausência do referido alvará vai contra o objetivo
da CF/88 e da lei que foi o de dar tratamento jurídico diferenciado para as microempresas e
empresas de pequeno porte.
Cadastros fiscais = Cadin federal (ou similar estadual ou municipal): No âmbito federal, a
expressão "cadastro fiscal federal" prevista no inciso XVI do art. 17 da LC 123/06 significa o
Cadin, instituído pela Lei 10.522/02. O Cadin é um banco de dados que contém os nomes:
de pessoas físicas e jurídicas com obrigações pecuniárias vencidas e não pagas para com
órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta e indireta;
de pessoas físicas que estejam com a inscrição no CPF cancelada e de pessoas jurídicas
que sejam declaradas inaptas perante o CNPJ.
A sigla Cadin significa “Cadastro Informativo de créditos não quitados do setor público federal”.
Para o STJ, a aplicação do inciso XVI do art. 17 da LC 123/06, no que tange à irregularidade em
cadastro fiscal, só se aplica às empresas inscritas no Cadin, ou nas versões estaduais e municipais
similares do referido cadastro (nos Estados e Municípios onde houver).
Portanto, como a pendência da empresa era apenas relacionada com alvará de localização e
funcionamento, não havendo nenhum registro de crédito não quitado no âmbito municipal ou
registro da suspensão/cancelamento/inaptidão do CPF/CGC/CNPJ não se pode falar que esta
empresa tenha irregularidade em cadastro fiscal.
22.3. Indeferimento da inclusão pela existência de débitos com a Fazenda Pública – (Info 545)
Alguns advogados passaram a defender a tese de que essa vedação do inciso V do art. 17 da LC
123/2006 é inconstitucional, considerando que a CF/88 não exigiu que as microempresas e
empresas de pequeno estivessem quites com a Fazenda Pública. Além disso, isso seria uma forma
de “coação” para exigir o pagamento dos tributos. O STF concordou com isso? NÃO. O Plenário
do STF decidiu que é CONSTITUCIONAL a exigência contida no art. 17, V da LC 123/06. O STF
afirmou que é possível que sejam estabelecidas exclusões do regime simplificado com base em
critérios subjetivos. Dessa forma, não há óbice para que o legislador crie restrições de ordem
subjetiva para a adesão ao Simples. Afirmou-se que não seria razoável favorecer aqueles em
débito com o Fisco, que participariam do mercado com vantagem competitiva em relação aos
adimplentes. Ponderou-se que admitir o ingresso no programa daquele que não possui
regularidade fiscal, e nem que sequer pretende parcelar o débito ou suspender seu pagamento,
significaria comunicar ao adimplente que o dever de pagar seus tributos seria inconveniente, pois
receberia o mesmo tratamento dado ao inadimplente. Assim, o art. 17, V não viola o princípio da
isonomia, mas ao contrário, confirma-o, pois o adimplente e o inadimplente não estão na mesma
situação jurídica. STF. Plenário. RE 627543/RS, rel. Min. Dias Toffoli, j. 30/10/13 (Info 726).
A Delegacia da Receita Federal deve enviar ao MPF os autos das representações fiscais para fins
penais relativas aos crimes contra a ordem tributária previstos na Lei 8.137/90 e aos crimes
contra a previdência social (arts. 168-A e 337-A do CP) após proferida a decisão final, na esfera
administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente, mesmo quando
houver afastamento de multa agravada.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.569.429-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 5/5/16 (Info 584).
OBS:
Crimes envolvendo o não pagamento de tributos: Normalmente, a prática de crimes tributários é
descoberta pelo Fisco quando este está apurando se o contribuinte pagou ou não os tributos
devidos. Vale ressaltar que no caso dos crimes tributários materiais (art. 1º, I a IV, da Lei
8.137/90), eles só se consumam depois que o Fisco realiza a constituição definitiva do crédito
tributário (Súmula Vinculante 24). Dessa forma, o processo administrativo-fiscal realizado pela
Receita é fundamental para que se comprove a ocorrência ou não dos crimes tributários. Sem ele,
o MP dificilmente teria elementos para oferecer denúncia contra os autores dos delitos. Pensando
nisso, o legislador previu que, após ser encerrado o procedimento administrativo-fiscal no âmbito
da Receita Federal, se ficar provado que o contribuinte não pagou realmente o tributo, o Auditor-
Fiscal tem o dever de encaminhar cópia dos autos ao MPF a fim de que este analise se houve ou
não a prática de crime contra a ordem tributária. Esse envio, que está previsto no art. 83 da Lei
9430/96, é chamado de "representação fiscal para fins penais", sendo uma espécie de noticia
criminis. Veja o texto da Lei 9.430/96:
Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem
tributária previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos
crimes contra a Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), será encaminhada ao Ministério
Público depois de proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a
exigência fiscal do crédito tributário correspondente.
§ 1º Na hipótese de concessão de parcelamento do crédito tributário, a representação
fiscal para fins penais somente será encaminhada ao Ministério Público após a
exclusão da pessoa física ou jurídica do parcelamento.
Na grande maioria dos casos, o MPF oferece a denúncia pelos crimes contra a ordem tributária
utilizando-se das informações enviadas pela Receita Federal na representação fiscal.
Decreto nº 2.730/98: O art. 83 da Lei 9.430/96 foi regulamentado pelo Decreto 2.730/98. Veja o que
preveem os arts. 1º e 2º do Decreto:
Art. 1º O Auditor-Fiscal do Tesouro Nacional formalizará representação fiscal, para
os fins do art. 83 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em autos separados e
protocolizada na mesma data da lavratura do auto de infração, sempre que, no
curso de ação fiscal de que resulte lavratura de auto de infração de exigência de
crédito de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal
do Ministério da Fazenda ou decorrente de apreensão de bens sujeitos à pena de
perdimento, constatar fato que configure, em tese:
I - crime contra a ordem tributária tipificado nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de
dezembro de 1990;
II - crime de contrabando ou descaminho.
ACP contra o art. 2º, I, do Decreto 2.730/98: O MPF ajuizou ação civil pública contra o art. 2º, I, do
Decreto 2.730/98 alegando que ele é ilegal porque teria extrapolado a sua função meramente
regulamentar, já que restringiu indevidamente o art. 83 da Lei nº 9.430/96. Explico. O art. 83 da
Lei 9.430/96 prevê que a representação fiscal deverá ser encaminhada ao MPF sempre que o
processo administrativo que tramitou na Receita constatar "a exigência fiscal do crédito tributário
correspondente". O art. 2º, I, do Decreto 2.730/98, por sua vez, determina que o Auditor-Fiscal só
deverá encaminhar a representação fiscal se houver crédito tributário constituído e multa
agravada. Assim, de acordo com o Decreto, se a multa agravada for afastada durante o processo
administrativo, o Auditor estaria desobrigado de enviar a representação fiscal.
A tese defendida na ACP foi aceita pelo STJ? O art. 2º, I, do Decreto 2.730/98 é ilegal por
contrariar o art. 83 da Lei 9.430/96? A Receita Federal deverá encaminhar a representação fiscal
mesmo que a multa agravada seja afastada? SIM. Segundo o STJ, pela leitura dos citados
dispositivos, conclui-se que o ato normativo secundário (isto é, o Decreto 2730/98) inovou no
mundo jurídico, criando mais um obstáculo para o envio das representações fiscais ao MP, como
se fosse preceito normativo originário. Dessa forma, exorbitou da função meramente regulamentar
dos Decretos expedidos pelo Poder Executivo, conforme expresso no art. 84, IV, da CF/88.
25.2. Possibilidade de majoração das contribuições para plano de previdência privada – (Info
561)
A contribuição dos integrantes de plano de previdência complementar pode ser majorada sem
ofender direito adquirido.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.364.013-SE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 28/4/15 (Info 561).
26. ARROLAMENTO FISCAL
26.1. Alienação de bens objeto de arrolamento fiscal não depende de prévia notificação ao
Fisco – (Info 594)
A alienação de bens que foram objeto de arrolamento fiscal não depende de prévia notificação
ao órgão fazendário.
A Lei 9.532/97 não exige que a notificação ao órgão fazendário seja prévia à alienação, mas
simplesmente que exista a comunicação.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.217.129-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 27/10/16 (Info 594).
Em regra, a empresa que aluga veículos não pode sofrer a pena de perdimento em razão de
contrabando ou descaminho praticado pelo condutor-locatário, salvo se tiver participação no
ato ilícito para internalização de mercadoria própria.
O fato de a locadora não ter investigado os “antecedentes” do cliente não pode ser usado como
argumento para se concluir pela responsabilidade da empresa.
STJ. 1ª T. REsp 1817179-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 17/09/19 (Info 658).
CUIDADO. Existem julgados do STJ afirmando que a pena de perdimento pode ser aplicada a
veículos sujeitos a leasing ou alienação fiduciária:
A jurisprudência do STJ é dominante no sentido de permitir a aplicação da sanção de
perdimento de veículo automotor objeto de alienação fiduciária ou arrendamento mercantil
(leasing), independentemente da valoração sobre a boa-fé do credor fiduciário ou arrendante.
A aplicação da aludida sanção administrativa não possui o condão de anular os respectivos
contratos de alienação fiduciária em garantia ou arrendamento mercantil efetuados entre credor
e devedor, os quais possuem o direito de discutir, posteriormente, os efeitos dessa perda na
esfera civil.
STJ. 1ª T. REsp 1268210-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 21/2/13 (Info 517).
STJ. 2ª T. REsp 1628038/SP, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 05/11/19.
STJ. 2ª Turma. REsp 1827362/MS, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 03/13/2020.
27.3. Mesmo tendo sido pagos os tributos, poderá ser decretado o perdimento caso não tenha
sido cumprida a legislação alfandegária – (Info 592)
A pena de perdimento não constitui sanção cujo fato gerador tenha por base a inadimplência de
tributo. Portanto, o fato de a empresa ter pago todos os tributos relacionados com a importação
da mercadoria não a exime de observar a legislação alfandegária.
Em outras palavras, a quitação do tributo devido não significa que a importadora tenha direito
de descumprir as normas que disciplinam o direito alfandegário.
Mesmo tendo pago todos os tributos, poderá ser decretado o perdimento das mercadorias caso
não tenha sido cumprida a legislação alfandegária.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.385.366-ES, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 22/9/16 (Info 592).
No regime especial Drawback-suspensão, o termo inicial para fins de multa e juros moratórios
será o 31º dia do inadimplemento do compromisso de exportar, ou seja, quando escoado o
prazo da suspensão.
Antes disso, o contribuinte não está em mora, em razão do seu prazo de graça.
Assim, somente a partir do 31º dia ocorre a mora do contribuinte em razão do descumprimento
da norma tributária a qual determina o pagamento do tributo no regime especial até 30 dias da
imposição de exportar.
Ex: empresa importou peças e tinha 1 ano para exportar as máquinas fabricadas com essa
matéria-prima. Depois que esgotado o prazo de 1 ano, se a empresa não tiver exportado as
máquinas, terá 30 dias para pagar o imposto de importação que estava suspenso. Enquanto não
esgotado esse prazo, não há mora (não são devidos juros nem multa).
STJ. 1ª T. REsp 1310141-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 26/02/19 (Info 643).
OBS:
Drawback: É uma palavra de origem inglesa, cuja tradução literal seria algo como "arrastar de
volta". Trata-se de uma operação pela qual o contribuinte se compromete a importar a
mercadoria, beneficiá-la e, depois, mandá-la de volta ao exterior (exportá-la). Nas palavras do
Min. João Otávio de Noronha, "drawback" é a operação mediante a qual o contribuinte, para fazer
jus a incentivos fiscais, importa mercadoria com o compromisso de exportá-la após o
beneficiamento. (STJ REsp 385634/BA).
Com a maestria de quem conhece muito sobre o assunto, a Min. Regina Helena Costa explica, de
forma mais técnica, em que consiste o drawback:
"O drawback constitui um regime aduaneiro especial, que pode apresentar-se em
três modalidades - isenção, suspensão e restituição de tributos - e é classificado
como incentivo à exportação, nos termos dos arts. 1º, I, da Lei 8.402/92 e 383, caput,
do Decreto 6.759/09. O incentivo consubstancia-se na desoneração do processo de
produção o que acaba tornando a subsequente mercadoria nacional mais
competitiva no mercado global." (STJ REsp 1313705/PR).
28.4. Possibilidade de desembaraço aduaneiro de bagagem por meio de ordem de frete – (Info
587)
A Fazenda Pública possui interesse e pode efetivar o protesto da CDA, documento de dívida,
na forma do art. 1º, § único, da Lei 9.492/97, com a redação dada pela Lei 12.767/12.
STJ. 1ª S. REsp 1686659-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 28/11/18 (recurso repetitivo) (Info
643).
OBS:
A Lei 12.767/12 incluiu um parágrafo único ao art. 1º da Lei 9.492/97 prevendo expressamente a
possibilidade de haver protesto de CDA. A mudança, contudo, não agradou a todos. A
Confederação Nacional da Indústria (CNI) ajuizou ação direta de inconstitucionalidade contra
este dispositivo. O STF, contudo, julgou improcedente a ADI decidindo que:
O protesto das certidões de dívida ativa constitui mecanismo constitucional e
legítimo por não restringir de forma desproporcional quaisquer direitos
fundamentais garantidos aos contribuintes e, assim, não constituir sanção política.
STF. Plenário. ADI 5135/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 3 e 9/11/2016 (Info 846).
O Estado não pode adotar sanções políticas para constranger o contribuinte ao pagamento de
tributos em atraso.
STJ. 1ª Turma. RMS 53.989-SE, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 17/4/2018 (Info 626).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: A sociedade empresária Cenco Comércio Ltda. possui
débitos de ICMS inscritos em dívida ativa. Por força desses débitos, a Secretaria de Fazenda do
Estado de Sergipe alterou a situação cadastral da empresa para “inapta”. Como consequência por
estar classificada como “inapta”, a empresa passou a receber um tratamento tributário
diferenciado por parte do Estado, com obrigações tributárias mais rigorosas e regras mais difíceis
para a utilização da sistemática da substituição tributária.
Essa conduta do Estado-membro foi lícita? NÃO.
Cobrança do tributo por vias oblíquas (sanções políticas): A Fazenda Pública deverá cobrar os
tributos em débito mediante os meios judiciais (execução fiscal) ou extrajudiciais (lançamento
tributário, protesto de CDA) legalmente previstos. O Fisco possui, portanto, instrumentos legais
para satisfazer seus créditos. Justamente por isso, a Administração Pública não pode proceder à
cobrança do tributo por meios indiretos, impedindo, cerceando ou dificultando a atividade
econômica desenvolvida pelo contribuinte devedor. Quando isso ocorre, a jurisprudência afirma
que o Poder Público aplicou “sanções políticas”, ou seja, formas “enviesadas de constranger o
contribuinte, por vias oblíquas, ao recolhimento do crédito tributário” (STF ADI 173). Exs.:
apreensão de mercadorias, não liberação de documentos, interdição de estabelecimentos. A
cobrança do tributo por vias oblíquas (sanções políticas) é rechaçada por quatro súmulas do STF
e STJ:
Súmula 70-STF: É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio
coercitivo para cobrança de tributo.
Súmula 323-STF: É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo
para pagamento de tributos.
Súmula 547-STF: Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito
adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades
profissionais.
Súmula 127-STJ: É ilegal condicionar a renovação da licença de veículo ao
pagamento de multa, da qual o infrator não foi notificado.
Desse modo, a orientação jurisprudencial do STF e do STJ é a de que o Estado não pode adotar
sanções políticas, que se caracterizam pela utilização de meios de coerção indireta que impeçam
ou dificultem o exercício da atividade econômica, para constranger o contribuinte ao pagamento
de tributos em atraso, estando o ente público vinculado ao procedimento de execução fiscal para a
cobrança de seus créditos, no qual é assegurado ao devedor o devido processo legal.