— Ela é doce, calma, dedicada...
(A
ELA
Ela é a pessoa no feminino.
As transformações profundas que
nela se operam durante a puberdade
fazem-na tornar-se, pouco a pouco, numa
mulher. Uma mulher cujo encanto e graça
compensarão a reduzida força muscular
relativamente ao outro sexo; uma mulher
cujo corpo vai preparar, também pouco a
pouco, a tornar-se sedutora e maternal.
O carácter cíclico da ovulação, que
mês a mês se produz em si, ritma a vida
sexual da mulher e repercute-se sobre o
seu humor, sobre a sua sensibilidade e
sobre a sua vida intelectual. Duas
hormonas acompanham este ciclo que se
instaura na puberdade: a foliculina
(hormona da feminilidade) que é segregada
durante toda a duração do ciclo e a
progesterona (hormona da maternidade)
que é segregada apenas durante a
ovulação. Como todas as hormonas, a
foliculina e a progesterona escoam-se
directamente no sangue e actuam sobre
todo o organismo; mas a sua quantidade e
a sua proporção podem variar. Estas
variações hormonais, ligadas ao carácter
cíclico da ovulação, fazem com que o
equilíbrio da mulher seja constantemente
posto em causa. Por isso, ela tem que
adaptar-se constantemente às mudanças
que acontecem em si e ecoam em toda a
sua personalidade.
Atribuem-se-lhe voluntariamente um
certo número de qualidades e de defeitos:
— Ela é pequena, delgada, frágil... (É
fraca!)
— Ela é inconstante, fantasista,
contraditória... (Nunca se sabe o que ela
quer!)
— Ela é sentimental, sensível, emotiva...
(Está sempre pronta a chorar!)
educação das crianças é, de facto, o seu
afazer!)
— Ela é coquette, passiva... (Compraz-se na
dependência!)
— Ela tem cabeça de passarinho... (Ou
então é uma mulher excepcional!)
— E se ela é desportiva e tem
personalidade, então é certamente um
“rapaz falhado”!
O problema é que este tipo de
julgamentos prematuros, mas muitas vezes
definitivos, é quase sempre formulado
pelos homens! E as qualidades
“tipicamente femininas” que a maior parte
das sociedades reconhece tradicionalmente
na mulher (a submissão, a dependência, a
abnegação, a obediência) estão ligadas a
uma situação em que os homens detêm os
papéis de poder, de direcção e de criação,
no domínio político, económico e
intelectual.
Saindo então daqueles “chavões”, o
que é que se poderá dizer da mulher; quais
são efectivamente as características que a
diferenciam do homem?
O ciclo da sua ovulação e a
fragilidade do seu equilíbrio hormonal
ressoam profundamente sobre todo o ser
da mulher; ela não se sente sempre segura
de si mesma e muitas vezes tem
necessidade, para se afirmar, de uma
segurança que lhe venha de fora.
Como as estações do ano, o seu
humor é inconstante e por vezes até
destrutivo e irritante; mas estas mudanças
de humor não atingem os seus sentimentos
nem os seus afectos.
Ainda que o seu coração bata um
pouco mais rápido que o do homem, ela é
mais lenta a exprimir os seus sentimentos
e as suas emoções. E se há muitas vezes
um desfasamento entre as suas reacções
amorosas e as do homem, é porque nela, o
coração tem necessidade de tempo para
assimilar e saborear as impressões, para
situar as emoções e os sentimentos. Se os
detalhes insignificantes para o homem têm
para ela grande importância, é porque a
mulher os vê carregados de emoção e de
afectividade.
 Se ela passa com um à-vontade
desconcertante do presente ao passado e
do passado ao futuro, é porque ultrapassa
o estabelecimento de correspondências
entre os seres, as coisas e os
acontecimentos.
Apesar da sua aparência frágil, ela
experimenta muitas vezes a grande
resistência que tem nas provações e nas
dificuldades.
Contrariamente ao que muitas vezes
se pensa, ela tem tanto sucesso como o
homem na maior parte das profissões, e é
tão capaz como ele de criar e de assumir
responsabilidades.
É uma mulher: a sua feminilidade é
sedutora; e o seu corpo, feito para acolher
em si a criança, é um apelo à vida, ao
amor, à ternura.