Professora: Tatiana Cristina Leite de Aguiar / Turma: DIR5BN-MCC
ATIVIDADE DE PRÁTICA TRIBUTÁRIA – CONSIGNAÇÃO EM
PAGAMENTO
LUIZ ALFREDO MACIEL DA SILVA / RA: 81727882
MAURICIO SOARES DOS ANJOS / RA: 817124445
NICOLE NAVES CARA / RA: 817123655
THIAGO DOS SANTOS SILVANO / RA: 81717261
Excelentíssimo Senhor Doutor Juízo de Direito da ... Vara Fazenda Pública da Comarca de ... do Estado ...
Xisto da Silva, brasileiro, administrador, solteiro, inscrito e CPF nº xxx e
da carteira de identidade nº xxx, endereço eletrônico: xxxxx@xxx, residente e domiciliado na Rua X, nº xxx, bairro Z, Município Y, Estado F, vem, por meio de seu advogado (procuração em anexo) este estabelecido... local onde receberá intimações, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, nos termos dos artigos 539, CPC, bem como arts. 156, VIII e X, e 164, I, §§ 1º e 2º, CTN, ajuizar a presente
Ação de Consignação em Pagamento
Em face da Fazenda Pública e do Município..., ambas pessoas jurídicas de
direito público, diante dos fatos e fundamentos a seguir expostos:
I – DOS FATOS
É sabido a existência de débito referente ao IPTU do imóvel que está em
nome do autor, que foi recebido constando uma tributação além do previsto, tendo em vista a necessidade e a possibilidade do autor em satisfazer somente o tributo que de fato é devido, torna-se necessário o ajuizamento da presente consignação em pagamento, com fulcro no artigo 164, I, do CTN. Contudo possui intenção de liquidar a cobrança de IPTU, o qual está dentro do prazo de pagamento, mas a guia de pagamento é única e possui a soma dos dois tributos. Ao tentar liquidar o valor parcial, houve a rejeição por parte do Banco. Nos termos do artigo mencionado anteriormente, o autor requer autorização para proceder com o deposito em dinheiro na quantia de R$ XXX, referente ao valor apenas do IPTU. O presente ajuizamento é decorrente de uma situação de inconstitucionalidade, onde juntamente como IPTU cobrado, veio mencionado uma taxa referente a Conservação das Vias e Logradouros Públicos (TCVLP). O autor é proprietário de imóvel na zona urbana do Município XXX e recebeu concomitante cobranças de IPTU e TCVLP referente ao imóvel no exercício do ano XXX.
II - DA TUTELA ANTECIPADA
Pede-se o deferimento da tutela de urgência levando-se em conta a
probabilidade do direito e o perigo de dano, conforme o art. 300 do Código de Processo Civil. No que tange ao perigo demora, resta comprovado que o pagamento que a quitação tardia do boleto que agrupou as cobranças relativas ao IPTU e a Taxa de Conservação de Vias e Logradouros Públicos (TCVLP) gerará juros, assim, ainda poderão ocorrer mais cobranças, gerando prejuízos significativos ao Consignante.
III – DO DIREITO
Com efeito, o Código Processo Civil preconiza que o devedor ou terceiro
poderá requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia devida. O consignante realizou tentativas para que fosse emitido um novo boleto do IPTU porém não obteve sucesso. Assim, diante da impossibilidade de realizar o pagamento, é possível a presente demanda conforme arts. 539, caput, do CPC e art. 335, incisos I e III, do CC. Vejamos os artigos 334 e 539 § 1º do Código Civil: Art. 539. § 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa.
Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a
obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.
Face o exposto, entende que o pagamento consignado deve ser liberado
em favor da Fazenda Pública, invalidando a cobrança do TCVLP e, nesses termos, formaliza os pedidos a seguir expostos. Apresentamos a doutrina do professor Leandro Paulsen para corroborar a tese apresentada.
O art. 175 do CTN trata das causas de exclusão do crédito
tributário: a isenção e a anistia. Tanto uma como outra dependem de lei específica, o que decorre direta e expressamente do art. 150, § 6o, da Constituição Federal. Como o CTN artificialmente aparta o surgimento da obrigação tributária (art. 114) da constituição do crédito tributário (art. 142), estabelecendo momentos distintos para cada qual, pode-se concluir que a exclusão do crédito se dá pressupondo o prévio surgimento da obrigação respectiva. A isenção e a anistia, ao excluírem o crédito, dispensam o contribuinte de apurar e de cumprir a obrigação tributária principal. De outro lado, impedem o Fisco de constituir o crédito pelo lançamento e de exigi-lo, seja administrativa ou judicialmente. Mas a exclusão do crédito não dispensa o sujeito passivo de cumprir as obrigações tributárias acessórias (art. 175, parágrafo único, do CTN). Mesmo as pessoas isentas continuam sujeitas aos deveres de colaboração com a administração e à fiscalização tributária. (PAULSEN, 2019, p. 339)
Apresentamos também uma jurisprudência do Tribunal de Justiça de
Minas Gerais declarando a inconstitucionalidade da cobrança do TCVLP combinada com o IPTU.
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - EMBARGOS À
EXECUÇÃO FISCAL - IPTU - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DO PROPRIETÁRIO - ART. 32 DO CTN - EXISTÊNCIA DE CONTRATOS DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA QUANDO DO FATO GERADOR - IRRELEVÂNCIA - INOCORRÊNCIA DA TRANSFERÊNCIA DE PROPRIEDADE - TRANSFERÊNCIA DA POSSE NÃO DEMONSTRADA - QUITAÇÃO DE PARTE DO DÉBITO - COMPROVADA - COBRANÇA CONJUNTA DE IPTU E CONTRIBUIÇÃO DE CUSTEIO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA - POSSIBILIDADE - INADIMPLÊNCIA INJUSTIFICADA - INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS E CORREÇÃO MONETÁRIA - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. - O art. 32 do Código Tributário Nacional dispõe que o IPTU tem como fato gerador "a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município", de modo que o proprietário é responsável tributário, mesmo diante da existência de contratos de promessa de compra e venda. - Há que se excluir da execução as CDA's, cujo pagamento e quitação já foram reconhecidos pelo exequente. - Correta a incidência de juros moratórios e correção monetária sobre o valor da Contribuição de Custeio de Iluminação Pública (CCSIP), diante do inadimplência do contribuinte, por discordar da forma de cobrança (conjunta com o IPTU). (TJMG - Apelação Cível 1.0000.15.076632-7/002, Relator(a): Des.(a) Luís Carlos Gambogi , 5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 14/03/2019, publicação da súmula em 20/03/2019)
IV – DA SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE
O consignante encontra-se totalmente respaldado no que tange a
possibilidade de consignar o valor que de fato é devido, na forma do art. 164, I, do CTN. Considerando que, caso não ocorra a suspensão da exigibilidade do crédito, poderá o requerente sofrer execução fiscal, vindo a lhe prejudicar sua vida pessoal. Deseja o requerente, com fundamento no art. 151, II, do CTN, que seja deferida a suspensão da exigibilidade de ambos os lançamentos, ficando os dois créditos suspensos até o final do processo.
V – DOS PEDIDOS:
Ante o exposto, requer:
a) Que seja deferida por Vossa Excelência a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, na forma do art. 151, II, do CTN, sobre as duas cobranças até o final do processo. b) Seja ambas as partes contrárias citada para que, caso queira, no prazo hábil, venha oferecer contestação da presente demanda, na forma do artigo 542, II, CPC. d) Que seja julgada procedente a presente demanda, com a consequente extinção do crédito tributário de ambas as cobranças, nos termos do art. 156, VIII, c/c art. 164 § 2º, e conforme o artigo 156, X, homologando-se o pagamento consignado em favor da Fazendo Pública e convertendo em seu favor o depósito em renda, declarando indevida a cobrança do TCVLP invalidando-a e extinguindo o crédito com a decisão judicial transitada em julgado. e) O levantamento da diferença entre a quantia depositada e o valor efetivamente devido de TCVLP, de forma atualizada, nos termos da lei. f) Seja possível a produção de todas as provas admitidas em direito, principalmente: documental, testemunhal e pericial, na forma do artigo 319, VI, do CPC; g) A parte não deseja que seja designada audiência de conciliação ou mediação, nos termos do artigo 319, VII, CPC. h) Que seja condenada a parte requerida nos ônus sucumbenciais, notadamente as custas processuais, na forma do artigo 82, § 2º do CPC e dos honorários advocatícios, na forma do artigo 85, § 3º do CPC.