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Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe-
ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos
de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto
contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de
material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A
seguir, apresentamos cada seção:

incidência do tema nas principais provas vivenciando

De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas
o território nacional. para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para
evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida
a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma
preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre
aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em
teoria seu dia a dia.

Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção


tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas aplicação do conteúdo
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua-
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados,
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta-
dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com-
preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos
do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer
momento, as explicações dadas em sala de aula.
multimídia
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa
seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório
do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com áreas de conhecimento do Enem
indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en-
contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
o conhecimento do nosso aluno. Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-
conexão entre disciplinas -las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos diagrama de ideias
conteúdos de cada área, de cada disciplina.
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los
conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio-
em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque-
logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre
les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio
outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade
de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas
de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan- Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos
cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza-
grande engrenagem no mundo em que ele vive. ção dos estudos e até a resolução dos exercícios.

Herlan Fellini

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Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020
Todos os direitos reservados.

Autores
Emily Cristina dos Ouros
Murilo de Almeida Gonçalves

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Imagens
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Shutterstock (https://www.shutterstock.com)

ISBN: 978-65-88825-03-7

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo
o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos
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sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.

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SUMÁRIO
ENTRE FRASES
Aula 1: Dissertação argumentativa 4
Aula 2: Especificidades do Enem 10
Aula 3: Planejamento de texto I 16
Aula 4: Planejamento de texto II 22
Aula 5: Introdução 26
Aula 6: Especificidades da Fuvest e da Vunesp 35
Aula 7: Parágrafo padrão e tópico frasal 43
Aula 8: Estratégias argumentativas 47
Aula extra: Pratique mais 51

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AULA Dissertação argumentativa
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1. Dissertação argumentativa
A dissertação é um gênero textual que se caracteriza por apresentar, analisar e explicar um determinado assunto.
Ou seja, ela propõe a discussão de um tema a partir da análise e do questionamento dos elementos de um todo. A
dissertação argumentativa segue a mesma linha; contudo, além da exposição, ela exige a defesa um ponto de
vista claro e coerente, sustentado por argumentos convincentes.
Trata-se do modelo de texto exigido na maior parte dos vestibulares do país. Ainda que muitos alunos tenham dificuldade
para encará-lo – pois há pouco tempo na prova para reflexão, planejamento e escrita –, é preciso lembrar que a base de sua
composição está presente o tempo todo no dia a dia. Nas redes sociais, no encontro com amigos ou nos jantares em família,
as pessoas passam boa parte do tempo tentando defender seus pontos de vista sobre diferentes temas e buscando convencer
os interlocutores a respeito de suas ideias.
A grande diferença entre essas discussões e a prova de redação está no modo e no cuidado com que são defendidas as pers-
pectivas. No vestibular, é preciso expor ideias ancoradas em argumentos realmente sólidos, capazes de convencer qualquer leitor
genérico interessado no assunto. Tudo com uma boa dose de reflexão crítica e de clareza; e com um pouquinho de criatividade.
Nesta aula, serão apresentados os principais elementos da dissertação argumentativa esperada nos vestibulares. Conhecer as carac-
terísticas de cada um deles auxilia a tornar a escrita da redação um processo mais fácil, menos doloroso e muito mais estimulante.

1.1. Elementos básicos


1.1.1. Tese
É a formulação da ideia principal a ser defendida no texto. Em outras palavras, trata-se do posicionamento do
autor a respeito do tema abordado. A função da tese é resumir em um período a visão que o autor pretende desenvolver
ao longo do texto. Por isso, seu desenvolvimento pressupõe a escrita de um período argumentativo, ou seja, composto pela
opinião do autor do texto.
No exemplo, o primeiro parágrafo é encerrado pela tese:
A igreja diz: “O vício e o luxo são capazes de arruinar uma vida”. A sociedade contemporânea entrou em um momento em
que o consumo tornou-se vício e luxo. Ascende socialmente aquele que aumenta a renda e o consumismo. Diante dessa ideia,
contudo, a sociologia interpõe: o vício e o luxo são consequências de uma vida arruinada e frustrada na qual a
insatisfação é curada por curta duração pelo consumo. (Trecho extraído de redação modelo de exame FUVEST 2013).
ATENÇÃO: Mais adiante, você será apresentado a algumas técnicas de desenvolvimento de tese. Contudo, é importante co-
meçar a reconhecer desde já a forma como esses períodos argumentativos são elaborados. Note a diferença entre os períodos
abaixo e procure identificar como os argumentativos trabalham com a opinião do autor.

PERÍODOS EXPOSITIVOS PERÍODOS ARGUMENTATIVOS

O Brasil é uma país que não aprendeu a lidar com o passado


O Brasil é um país que viveu quase 400 anos de escravidão.
de quase 400 anos de escravidão.
A televisão brasileira é conivente com o padrão atual de
A televisão brasileira é composta predominantemente por
beleza, ao compor seu elenco predominantemente por pes-
pessoas que se enquadram nos padrões atuais de beleza.
soas que o representem.

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O Brasil é um dos países onde mais se realizam cirurgias O Brasil é um país onde a aparência se tornou uma questão
plásticas. de primeira ordem na vida em sociedade.
Uma parte da classe médica recebe novos medicamentos Há uma relação promíscua entre parte da classe médica e
de laboratórios farmacêuticos. grandes laboratórios farmacêuticos.
O governo brasileiro aumentou os impostos da população O governo brasileiro cometeu um erro ao aumentar os im-
mais pobre. postos da população mais pobre.
Os baixos índices de leitura no Brasil comprometem o desen-
44% da população brasileira não possui hábitos de leitura.
volvimento social no país.

1.1.2. Argumento
Argumentos são elementos que servem para comprovar e sustentar a tese ou o desdobramento de tese e devem ser reco-
nhecidos como verdadeiros na discussão do tema. O desenvolvimento da argumentação estará comprometido se os argu-
mentos forem falsos ou pouco prováveis.
Os argumentos costumam apresentar exemplos, comparações, relações de causa e consequência, analogias
e argumentos de autoridade destinados a comprovar a ideia a ser defendida. Observe o exemplo de argumento no
parágrafo abaixo:
A priori, é imperioso destacar que a manipulação da conduta dos usuários, pelo controle dos seus dados nas plataformas
virtuais, é fruto do despreparo civil para lidar com a influência das tecnologias. Isso porque, mediante a ausência de uma
orientação adequada, os indivíduos são expostos, cotidianamente, a conteúdos selecionados por algoritmos que direcionam os
materiais, segundo os gostos pessoais. Esse panorama se evidencia, por exemplo, quando se observa a elaboração superficial
de um “ranking“ diário de informações em plataformas digitais como “Twitter”, em que o grau de relevância da disposição de
conteúdos já é pré-determinado. Logo, é substancial a alteração desse quadro que vai de encontro à possibilidade de escolha
inerente ao homem.
Extraído de redação nota mil do Enem de 2018.

1.1.3. Reflexão crítica


A elaboração da redação exige um momento de reflexão especial do candidato. Na maior parte dos casos, é mais produtivo
dedicar um tempo maior para a análise do tema e para a seleção dos argumentos que para a própria escrita, uma vez que a
construção de um ponto de vista claro e objetivo é a principal finalidade do texto.
Uma das maneiras de refletir criticamente sobre um assunto é separar o “joio do trigo”. No caso das dissertações-argu-
mentativas, a reflexão pode ser iniciada separando o senso comum do senso crítico. O senso crítico se encarrega de analisar
a fundo as problemáticas discutidas observando seu surgimento, suas causas e seus principais agentes; o senso comum,
por sua vez, apenas reflete uma opinião superficial ou limitada, usualmente baseada em hábitos, crenças e preconceitos ou

SENSO COMUM
Clichês, chavões, frases feitas. Generalizações e visões limitadas.
Ex.: A educação é o principal pilar da formação do indivíduo.

SENSO CRÍTICO
Ex.: Embora muitos considerem a educação o principal pilar forma-
§ Compreensão dos agentes causadores do problema. dor dos cidadãos, a realidade das escolas brasileiras nem sempre
segue essa premissa. Em muitas delas, os professores possuem
§ Análise de razões históricas do problema.
baixos salários e, por conta disso, precisam atribuir um número ele-
§ Confronto entre a imagem do problema na teoria e na vida real. vado de aulas, o que prejudica seu desempenho em sala de aula
§ Apresentação de dados, exemplos da vida real e fundamentos e, consequentemente, a formação do aluno. Além disso, a escola
teóricos. também reproduz formas de preconceito e discriminação capazes
de afetar diretamente a vida social e afetiva dos alunos.

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numa visão menos esclarecida sobre determinada situação. O esquema abaixo pode ajudar a compreender essa diferença:

1.1.4. Linguagem
A linguagem utilizada na redação deve respeitar a norma padrão da língua portuguesa e prezar pela clareza e pela objetividade.
Os termos que atribuem incerteza e imprecisão às afirmações devem ser deixados de lado. Além disso, é importante evitar palavras
pouco usadas na língua e com nível muito alto de erudição. Às vezes, empregar uma palavra rebuscada para “impressionar” o
corretor pode ser um grande equívoco.
É importante lembrar que a linguagem do texto dissertativo-argumentativo é basicamente denotativa, e, portanto, não pode
estar recheada de clichês, ironias, frases de efeito ou recursos de estilo. Em princípio, as figuras de linguagem são ferramentas
que exploram os sentidos das palavras em textos literários, quadrinhos ou canções e, consequentemente, atrapalham a ob-
jetividade da redação. A criatividade é bem-vinda quando é aplicada no título do texto ou na apresentação de alguma ideia,
mas, para empregá-la, é preciso ter um domínio considerável dos elementos básicos do texto dissertativo.

ERRADO CORRETO
Eu penso que a globalização prejudicou a concepção de A globalização prejudicou a concepção de cultura.
cultura. É necessário criar um novo sistema de avaliação educa-
Acho necessário criar um novo sistema de avaliação edu- cional.
cacional. Considerando o atual cenário, as novas políticas ambien-
Considerando o atual cenário, estou convicto de que as tais serão certamente positivas.
novas políticas ambientais serão positivas.

A lista abaixo é composta pelos principais critérios de redação exigidos nos exames. É importante sempre ter essas infor-
mações em mente: elas podem ajudar a elaborar um texto de melhor qualidade.

Existe um detalhe fundamental: é necessário que o autor empregue a 3.ª pessoa do singular para manifestar suas ideias e
opiniões. É importante identificar algumas diferenças no trato dos períodos. Veja:

Aspectos exigidos nas redações (principais critérios)


§ Adequação entre o tema proposto e o texto do candidato.
§ Adequação ao tipo de texto solicitado (dissertação, carta, artigo de opinião).
§ Coesão textual – emprego correto de conjunções, pronomes e preposições entre os períodos.
§ Coerência dos argumentos.
§ Correção gramatical e seleção vocabular adequada.

Aspectos INDESEJADOS na dissertação


§ Emprego de vocabulário rebuscado ou excessivamente expressivo.
§ Composição de parágrafos isolados.
§ Ausência de posicionamento crítico diante do tema proposto (textos argumentativos).
§ Desconexão entre exemplos, citações e análises críticas.
§ Repetição meramente descritiva das problemáticas apresentadas na coletânea (paráfrase).
§ Conclusão contraditória em relação aos argumentos e posicionamentos apresentados.

2. Exercícios
EXERCÍCIO 1: A redação abaixo recebeu nota máxima na prova do ENEM de 2017. Leia-a com atenção e ob-

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serve como se articulam a tese e os argumentos que a sustentam. Além disso, observe como objetividade e
impessoalidade estão presentes no texto.
Na antiga Esparta, crianças com deficiência eram assassinadas, pois não poderiam ser guerreiras, profissão mais valorizada na
época. Na contemporaneidade, tal barbárie não ocorre mais, porém há grandes dificuldades para garantir aos deficientes – em
especial os surdos – o acesso à educação, devido ao preconceito ainda existente na sociedade e à falta de atenção do Estado
à questão.
Inicialmente, um entrave é a mentalidade retrógrada de parte da população, que age como se os deficientes auditivos fossem
incapazes de estudar e, posteriormente, exercer uma profissão. De fato, tal atitude se relaciona ao conceito de banalidade
do mal, trazido pela socióloga Hannah Arendt: quando uma atitude agressiva ocorre constantemente, as pessoas param de
vê-la como errada. Um exemplo disso é a discriminação contra os surdos nas escolas e faculdades – seja por olhares maldo-
sos ou pela falta de recursos para garantir seu aprendizado. Nessa situação, o medo do preconceito, que pode ser praticado
mesmo pelos educadores, possivelmente leva à desistência do estudo, mantendo o deficiente à margem dos seus direitos
– fato que é tão grave e excludente quanto os homicídios praticados em Esparta, apenas mais dissimulado.
Outro desafio enfrentado pelos portadores de deficiência auditiva é a inobservância estatal, uma vez que o governo nem
sempre cobra das instituições de ensino a existência de aulas especializadas para esse grupo – ministradas em Libras – além
da avaliação do português escrito como segunda língua. De acordo com Habermas, incluir não é só trazer para perto, mas
também respeitar e crescer junto com o outro. A frase do filósofo alemão mostra que, enquanto o Estado e a escola não
garantirem direitos iguais na educação dos surdos – com respeito por parte dos professores e colegas – tal minoria ainda
estará sofrendo práticas discriminatórias.
Destarte, para que as pessoas com deficiência na audição consigam o acesso pleno ao sistema educacional, é preciso que o
Ministério da Educação, em parceria com as instituições de ensino, promova cursos de Libras para os professores, por meio
de oficinas de especialização à noite – horário livre para a maioria dos profissionais – de maneira a garantir que as escolas e
universidades possam ter turmas para surdos, facilitando o acesso desse grupo ao estudo. Em adição, o Estado deve divulgar
propagandas institucionais ratificando a importância do respeito aos deficientes auditivos, com postagens nas redes sociais,
para que a discriminação dessa minoria seja reduzida, levando à maior inclusão.

TESE: Essa é a ideia central que o autor defenderá ao longo do texto


ARGUMENTO 1: É uma das ideias que sustenta a tese.
COMPROVAÇÃO DO ARGUMENTO 1: Trata-se da comprovação da ideia apresentada. Nesse caso, ao tratar da discrimina-
ção nas escolas brasileiras, o autor comprova sua ideia de que há uma mentalidade retrógrada.
ARGUMENTO 2: É a segunda ideia que sustenta a tese.
COMPROVAÇÃO DO ARGUMENTO 2: O autor apresenta a visão de um importante filósofo para ressaltar sua ideia de que
a inclusão a ser feita pelo Estado precisa ser realizada de outra maneira, de modo a garantir efetivamente a inserção desses
indivíduos na sociedade.

Mais adiante, serão estudados detalhadamente os procedimentos necessários para a composição eficaz de um argumento e de
suas comprovações. Será observado que esses elementos recebem outros nomes e possuem algumas características específicas.
EXERCÍCIO 2: Os períodos abaixo foram escritos na 1.ª pessoa do singular e alguns deles apresentam marcas
referentes à 2.ª pessoa. Por esses motivos, eles não são adequados para a composição da dissertação-ar-
gumentativa. Identifique essas marcas de pessoalidade e, em seguida, reescreva os trechos tornando-os
impessoais.
a. Em primeiro lugar, não acredito que a tecnologia tenha dominado o homem. Ao contrário, penso que a humanidade está vivendo
uma fase positiva em relação à ciência e à técnica.

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b. Não vejo como negativas as cotas para deficientes físicos.

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c. Diante de tantas polêmicas, acho que boa parte da população não está apta a manifestar-se politicamente pela internet.
Vejo frequentemente pessoas destruírem suas relações em razão de conflitos políticos disseminados na rede, que estão
repletos de incompreensão e egoísmo.

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d. Por mais que pareça estranho, hoje você tem conhecimento mais rápido dos acontecimentos europeus que dos brasileiros.

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e. Quantos anos nós brasileiros passamos sem conhecer a verdadeira história de nosso país?

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EXERCÍCIO 3: Os trechos abaixo apresentam algumas máximas disseminadas na sociedade brasileira que
não possuem embasamento. Em outras palavras, trata-se de exemplos do senso comum que são repercuti-
dos – muitas vezes – quando determinado assunto está sendo debatido.

Leia os trechos e, de acordo com seus conhecimentos, elabore um parágrafo apontando os problemas e os
equívocos da visão apresentada.
a. A democracia só funciona em países ricos.

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b. Não há nada de positivo no sistema de saúde brasileiro.
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c. Todo político é corrupto.

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d. A doação de órgãos desfigura o indivíduo.

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e. Crianças adotadas sempre são problemáticas.

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f. A depressão não é doença, é frescura.

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g. Favela é sinônimo de criminalidade.

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h. Arte é algo para ricos. Os mais pobres não sabem prestigiá-la.

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AULA Especificidades do Enem
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1. Especificidades do ENEM
Como ponto de partida para iniciarmos a produção das reda-
ções, trataremos agora das especificidades da prova do ENEM.
Embora ela seja um pouco diferente dos demais vestibulares,
já que exige uma proposta de intervenção para um problema
apresentado, sua estrutura é muito similar a dos outros ves-
tibulares. Tese, argumento e reflexão crítica – como vimos –
são itens INDISPENSÁVEIS para a realização do exame.
Com o objetivo de esclarecer os principais pontos exigidos
na prova, realizamos uma apresentação dos principais cri-
térios de correção do ENEM baseada no “Cartilha do parti-
multimídia: site
cipante 2019”, que pode ser acessada no endereço abaixo. http://download.inep.gov.br/educacao_basica/
enem/downloads/2019/redacao_enem2019_
Nessa página, o aluno pode encontrar outros detalhes a cartilha_participante.pdf
respeito das competências de avaliação.
De modo geral, o ENEM exige que o aluno produza um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, a res-
peito de um tema de ordem social, científica, cultural ou política. Por isso, é importante estar sempre antenado com
as principais discussões de cada uma dessas naturezas no país e no mundo.
A cartilha do ENEM também propõe que o aluno defenda uma tese apoiada em argumentos consistentes, estrutura-
dos com coerência e coesão. Além disso, o aluno deve apresentar proposta de intervenção social para o problema
apresentado no desenvolvimento do texto. Isso significa que o aluno precisa: expor seu posicionamento sobre
a problemática adotada, apresentar argumentos que comprovem sua visão sobre o tema e sugerir uma
intervenção social para o problema abordado, lembrando que tal ação deve respeitar os direitos humanos.

1.1. Entendendo as competências ENEM


Competência 1 - Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa
A primeira competência do ENEM verifica se o aluno é capaz de compor um texto sem problemas de construção sintá-
tica e sem desvios (gramaticais, de convenções da escrita, de escolha de registro e de escolha vocabular). Em
outras palavras, é preciso cuidar tanto dos aspectos fonológicos e morfossintáticos da escrita – como acentuação, ortografia,
pontuação, concordância e regência – como dos aspectos de adequação vocabular à norma padrão da língua portuguesa,
o que significa evitar gírias, marcas da oralidade, vocabulário impreciso, entre outros.
Demonstra excelente domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de resgistro. Desvios gramaticais ou de
200 pontos
convenções da escrita serão aceitos somente como excepcionalidade e quando não caracterizarem reincidência.
Demonstra bom domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro, com poucos desvios gramaticais
160 pontos
e de convenções da escrita.
Demonstra domínio mediano da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro, com alguns desvios gramati-
120 pontos
cais e de convenções da escrita.
Demonstra domínio insuficiente da modalidade escrita formal da língua portuguesa, com muitos desvios gramaticais, de escolha de registro
80 pontos
e de convenções da escrita.
Demonstra domínio precário da modalidade escrita formal da língua portuguesa, de forma sistemática, com diversificados e frequentes
40 pontos
desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções da escrita.
0 ponto Demonstra desconhecimento da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

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Competência 2 - Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos
das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos
limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa
Essa competência avalia se o aluno é capaz de construir um texto dissertativo-argumentativo, isto é, um texto com intro-
dução, desenvolvimento e conclusão. Além disso, a competência avalia se a redação do aluno está adequada ao recorte
temático proposto, observando se há tangenciamento do tema. Por último, avalia-se a capacidade do aluno em relacionar
repertório sociocultural de outras de áreas do conhecimento aos argumentos desenvolvidos ao longo do texto.
Nesse sentido, a cartilha do ENEM recomenda que aluno reflita sobre o tema apresentado pela coletânea e apresente um
ponto de vista baseado nessa reflexão. É importante não se prender às ideias desenvolvidas nos textos apresentados, e muito
menos copiar trechos desses textos.
Para sair desse ponto inicial, o aluno deve buscar informações de várias áreas do conhecimento na composição de sua
dissertação. Isso demonstra que ele possui repertório e que sabe interpretar corretamente um problema apresentado
pela proposta. Entretanto, é preciso ter cuidado: todas as informações devem estar ligadas à construção do ponto de
vista. Qualquer dado desconectado da argumentação, ainda que seja importante, não tem relevância nenhuma para a dissertação,
pois não ajuda a convencer o leitor a respeito do posicionamento do autor.
Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um repertório sociocultural produtivo e apresenta excelente
200 pontos
domínio do texto dissertativo-argumentativo.
Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente e apresenta bom domínio do texto dissertativo-argumentativo, como propo-
160 pontos
sição, argumentação e conclusão.
Desenvolve o tema por meio de argumentação previsível e apresenta domínio mediano do texto dissertativo-argumentativo, com pro-
120 pontos
posição, argumentação e conclusão.
Desenvolve o tema recorrendo à cópia de trechos dos textos motivadores ou apresenta domínio insuficiente do texto dissertativo-argumen-
80 pontos
tativo, não atendendo à estrutura com proposição, argumentação e conclusão.
Apresenta o assunto, tangenciando o tema, ou demonstra domínio precário do texto dissertativo-argumentativo, com traços constantes
40 pontos
de outros tipos textuais.
0 ponto Fuga ao tema/não atendimento à estrutura dissertativo-argumentativa. Nestes casos a redação recebe nota 0 (zero) e é anulada.

Competência 3 - Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações,


fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista
De modo geral, a terceira competência do ENEM avalia o projeto de texto do aluno, observando se os argumentos apresentados
realmente comprovam a tese defendida. Segunda a cartilha, trata-se da “forma como você, em seu texto, seleciona, rela-
ciona, organiza e interpreta informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa do ponto de vista escolhido
como tese.”
Muitas vezes, no projeto de redação, os alunos possuem um posicionamento e também argumentos correspondentes ao seu
ponto de vista. No entanto, na hora de compor o texto, muitos deles têm dificuldade de organizar os parágrafos e de explicar as
informações que sustentam a tese. Nesse caso, a má seleção, explicação e distribuição dessas informações entre os parágrafos – e
também dentro deles – prejudica a compreensão geral da dissertação, ou seja, o corretor não consegue entender o raciocínio que
o aluno desejou apresentar.
Para atender plenamente às expectativas em relação à Competência 3, a cartilha do ENEM apresenta as seguintes recomendações:
§ Reúna todas as ideias que lhe ocorrerem sobre o tema e depois selecione as que forem pertinentes para a defesa do
seu ponto de vista, procurando organizá-las em uma estrutura coerente para usá-las no desenvolvimento do seu texto.
§ Verifique se informações, fatos, opiniões e argumentos selecionados são pertinentes para a defesa do seu ponto de vista.
§ Na organização das ideias selecionadas para serem abordadas em seu texto, procure definir uma ordem que possibilite
ao leitor acompanhar o seu raciocínio facilmente, o que significa que a progressão textual deve ser fluente e articulada
com o projeto do texto.
§ Examine, com atenção, a introdução e a conclusão para ver se há coerência entre o início e o fim. Também observe se o
desenvolvimento de seu texto apresenta argumentos que convergem para o ponto de vista que você está defendendo.
§ Evite apresentar informações, fatos e opiniões soltos no texto, sem desenvolvimento e sem articulação com as outras
ideias apresentadas.

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Resumindo: na organização do texto dissertativo-argumentativo, você deve procurar atender às seguintes exigências:
§ Apresentação clara da tese e seleção dos argumentos que a sustentam.
§ Encadeamento das ideias, de modo que cada parágrafo apresente informações coerentes com o que foi apresentado
anteriormente, sem repetições ou saltos temáticos.
§ Desenvolvimento dessas ideias por meio da explicitação, explicação ou exemplificação das informações, fatos e opiniões,
de modo a justificar, para o leitor, o ponto de vista escolhido.
Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, de forma consistente e organizada, configurando autoria, em
200 pontos
defesa de um ponto de vista.
Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, de forma organizada, com indícios de autoria, em defesa de um ponto
160 pontos
de vista.
Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, limitados aos argumentos dos textos motivadores e pouco organizados,
120 pontos
em defesa de um ponto de vista.
Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, mas desorganizados ou contraditórios e limitados aos argumentos dos textos
80 pontos
motivadores, em defesa de um ponto de vista.
40 pontos Apresenta informações, fatos e opiniões pouco relacionados ao tema ou incoerentes e sem defesa de um ponto de vista.
0 ponto Apresenta informações, fatos e opiniões não relacionados ao tema e sem defesa de um ponto de vista.

Competência 4 - Demonstrar conhecimento dos mecanismos


linguísticos necessários para a construção da argumentação
A quarta competência do ENEM avalia os mecanismos de coesão do texto. Em outras palavras, trata-se da forma como o aluno
realiza as conexões entre as partes de sua redação a fim de garantir uma sequenciação coerente do seu raciocínio.
Nesse sentido, o aluno é avaliado pela forma como ele realiza o encadeamento de suas ideias, seja por meio do uso conjun-
ções, pronomes, preposições, advérbios e locuções adverbiais; seja pela articulação da própria estrutura textual. O grande
objetivo é observar se o aluno conhece os mecanismos de coesão “que garantem a conexão de ideias tanto entre os
parágrafos quanto dentro deles”.
Para atender plenamente às expectativas em relação à Competência 4, a cartilha do ENEM recomenda evitar:
§ sequência justaposta de palavras e períodos sem articulação;
§ ausência total de parágrafos na construção do texto;
§ emprego de conector (preposição, conjunção, pronome relativo, alguns advérbios e locuções adverbiais) que não estabe-
leça relação lógica entre dois trechos do texto e prejudique a compreensão da mensagem;
§ repetição ou substituição inadequada de palavras, sem se valer dos recursos oferecidos pela língua (pronome, advérbio,
artigo, sinônimo).
200 pontos Articula bem as partes do texto e apresenta repertório diversificado de recursos coesivos.
160 pontos Articula as partes do texto com poucas inadequações e apresenta repertório diversificado de recursos coesivos.
120 pontos Articula as partes do texto, de forma mediana, com inadequações, e apresenta repertório pouco diversificado de recursos coesivos.
80 pontos Articula as partes do texto, de forma insuficiente, com muitas inadequações e apresenta repertório limitado de recursos coesivos.
40 pontos Articula as partes do texto de forma precária.
0 ponto Não articula as informações.

Competência 5 - Elaborar proposta de intervenção para o


problema abordado, respeitando os direitos humanos
A quinta competência do ENEM avalia se o texto do aluno apresenta uma proposta de intervenção para o problema le-
vantado. Por isso, é fundamental que esse problema esteja discutido na tese e nos argumentos, a fim de que a intervenção
a ser proposta esteja coerente com o assunto abordado e realmente apresente uma solução para o problema
exposto no texto.
Além disso, é imprescindível que a proposta de intervenção seja completa. Isso significa dizer que ela deve contemplar quem serão os
atores sociais responsáveis pela solução de acordo com o âmbito que ela demanda: individual, familiar, comunitário, social, político,

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governamental e mundial. Do mesmo modo, é preciso detalhar qual será essa ação e qual será o meio de sua execução, incluindo
também quais são os resultados que ela pode gerar com relação ao problema discutido. Ademais, é fundamental detalhar ao menos
01 desses elementos para que a intervenção seja completa.
Nesse sentido, recomenda-se que o aluno apresente intervenções mais concretas, mais factíveis e mais próximas da
realidade brasileira. As generalizações acerca dos “verdadeiros responsáveis” pelos problemas ou as soluções muito
gerais, como “é preciso investir na educação...” devem ser evitadas.
200 pontos Elabora muito bem proposta de intervenção, detalhada, relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto.
160 pontos Elabora bem a proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto.
120 pontos Elabora, de forma mediana, proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto.
80 pontos Elabora, de forma insuficiente, proposta de intervenção relacionada ao tema, ou não articulada com a discussão desenvolvida no texto.
40 pontos Apresenta proposta de intervenção vaga, precária ou relacionada apenas ao assunto.
0 ponto Não apresenta proposta de intervenção ou apresenta proposta não relacionada ao tema ou ao assunto.

1.2. RECOMENDAÇÕES GERAIS DO INEP


a. ler com bastante atenção o tema proposto e observar a tipologia textual exigida (texto dissertativo-argumentativo);
b. ler os textos motivadores, observando as palavras ou os fragmentos que indicam o posicionamento dos autores;
c. identificar, em cada texto motivador, se for o caso, a tese e os argumentos apresentados pelos autores e utilizá-los para
defender o ponto de vista da redação;
d. refletir sobre o posicionamento dos autores dos textos motivadores e definir com muita clareza qual será o seu posicionamento;
e. ler atentamente as instruções apresentadas após os textos motivadores;
f. definir um projeto de texto em que planeje a organização estratégica da sua redação, a fim de defender o ponto de vista
por você escolhido, e apresentar uma proposta de intervenção ao problema abordado.

2. Exercícios
Os exercícios abaixo foram desenvolvidos buscando apresentar algumas das principais características da avaliação por com-
petência do ENEM. Eles não contemplam todas as avaliações, já que estas pressuporiam a existência de uma coletânea e
uma oração-tema essencial para sua avaliação. De qualquer modo, as questões a seguir conseguem contemplar boa parte
das exigências para a prova do ENEM.

EXERCÍCIO 1: Analise os parágrafos abaixo e identifique as marcas de afastamento da norma escrita for-
mal. (COMPETÊNCIA 1)
a. Diariamente há um bombardeio de notícias de crimes na cidade, por parte de diversos veículos de mídia e muitas vezes, é
passada a ideia de que estes ficam impunes por conta da ineficiência do Estado. À partir da daí, surge o descontentamento e a
insatisfação da população, o que faz com que a sede por vingança acabe falando mais alto. Essa situação tem que acabar, pois
não podemos julgar nem ser julgados por outros., e sim pelos mecanismos de justiça.
b. Com avanço tecnológico, aumentaram-se a quantidade de informações que circulam na internet, tanto pelas redes sociais
como pelos jornais. Nesse cenário, muitas pessoas divulgam informações que não combinam com a realidade que é verdadeira,
criando as chamadas Fake News. Portanto, a criminalização dessas falsas notícias se faz urgente na sociedade brasileira.

EXERCÍCIO 2: Leia os temas propostos abaixo e analise se os parágrafos a eles referentes contemplam ou
não a temática apresentada pela proposta. Justifique sua resposta. (COMPETÊNCIA 2)
a. A entrada dos jovens na criminalidade
É necessário repensar a trajetória do presidiário. Além das péssimas condições de higiene muitos presídios são superlotados,
impedindo que haja dignidade para esses cidadãos. Soma-se a isso a falta de atividades que podem ser oferecidas aos de-
tentos, já que boa parte deles poderia desenvolver outras habilidades e conhecimentos.
b. A importância da valorização das variantes linguísticas no Brasil

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A norma culta sempre foi prestigiada na sociedade brasileira. Embora não seja única, ela se tornou um critério de valor para
que as pessoas hierarquizassem suas posições. Isso pode ser visto no tratamento conferido à população que não frequentou
escola e que, geralmente, possui mais dificuldade em se expressar de modo culto: tais indivíduos são habitualmente vítimas
de preconceito linguístico.

EXERCÍCIO 3: Leia os parágrafos abaixo. Circule os períodos que apresentam um posicionamento do autor e
sublinhe aqueles que apresentam fatos ou informações que comprovem a veracidade e legitimidade desses
posicionamentos. (COMPETÊNCIA 3)
a. Nesse contexto, vale ressaltar que a intolerância religiosa é um problema existente no Brasil desde séculos passados.
Com a chegada das caravelas portuguesas, as quais trouxeram os padres jesuítas, os índios perderam a sua liberdade
de crença e foram obrigados, de maneira violenta, a se converter ao catolicismo, religião a qual era predominante na
Europa. Além disso, os africanos escravizados que aqui se encontravam também foram impedidos de praticar seus cultos
religiosos, sendo punidos de forma desumana caso desrespeitassem essa imposição. Atualmente, constata-se que grande
parcela da população brasileira herdou essa forma de pensar e de agir, tratando pessoas que acreditam em outras religi-
ões de maneira desrespeitosa e, muitas vezes, violenta, levando instituições públicas e privadas à busca de soluções para
reverter isso.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

b. A propaganda é meio eficiente a atingir a venda de produtos, já que, através de artifícios intrigantes, como imagens e até per-
sonalidades famosas, coage os consumidores. As crianças são alvos constantes da publicidade, pois, dotadas de desejo e imagina-
ção, creem no mundo utópico desenvolvido pelos efeitos dos anúncios. Assim, devido a sua efetividade, os publicitários focam na
criação de técnicas persuasivas ao público pueril e lançam suas propagandas em horários convergentes aos que os pequeninos
assistem aos desenhos animados e programas afins. A criatividade dos que são graduados para apelar ao consumidor ganha o
coração das crianças e perpetua os comerciais para essa faixa etária.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2014)

EXERCÍCIO 4: Os períodos abaixo foram escritos com os conectivos suprimidos ou ainda apresentam
repetições de palavras. Procure reescrevê-los utilizando-se de conectivos adequados e de pronomes
ou sinônimos capazes de fazer referência a termos anteriormente mencionados, eliminando as repe-
tições. (COMPETÊNCIA 4)
a. Há uma visão difundida na sociedade de que o suicídio se resume à falta de religiosidade e até mesmo egoísmo. * Essa
visão é problemática, * toma a vítima como culpada e não reconhece o suicídio como um problema de saúde.
b. Além disso, há o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso ocorre, *a ideologia da superioridade do gênero mascu-
lino em detrimento do feminino reflete no cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, as mulheres são objetificadas e vistas apenas
como fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde cedo a se submeterem aos homens e a serem recatadas. * , con-
strói-se uma cultura do medo, na qual o sexo feminino tem medo de se expressar por estar sob a constante ameaça de sofrer
violência física ou psicológica de seu progenitor ou companheiro.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2015)

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EXERCÍCIO 5: As propostas de intervenção discriminadas abaixo foram redigidas de forma indevida ou in-
completa, já que não apresentam todos elementos exigidos pela banca. Identifique quais são o(s) compo-
nente(e) ausentes de cada uma das propostas e, se possível, determine quais poderiam ser esses elementos.

a. É preciso criar oficinas tecnológicas, em que todos possam ter acesso à tecnologia, ensinando os trabalhadores a lidarem com os
mais diferentes tipos máquinas e aparelhos avançados. Tema: O impacto da tecnologia na produção do desemprego

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b. Urge, portanto, uma reformulação no sistema de ensino que garanta maior reflexão crítica e análise de textos desde as séries
iniciais. Tema: Desafios para reduzir o analfabetismo funcional no Brasil

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c. O Ministério da Saúde deve sensibilizar a população a respeito da importância da vacinação, por meio de campanhas de
amplo alcance nas redes sociais e na televisão que ressaltem os riscos do retorno de doenças erradicadas. Tema: Caminhos
para garantir a vacinação da população brasileira

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d. Cabe às Universidades aprimorar a formação de professores a fim de que os docentes possam se atualizar em relação às
novas tecnologias e aprimorar suas metodologias de ensino. Tema: Os conflitos no uso da tecnologia em sala de aula

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AULA Planejamento de texto I
3

Planejamento de texto I
É possível afirmar que o projeto de um texto é um tipo de esquema conceitual no qual o aluno deve inserir os principais
pontos a serem desenvolvidos no texto. Ele tem a função primordial de organizar as ideias e determinar a ordem de apre-
sentação dos argumentos, obedecendo sempre a uma sequência lógica de exposição.
Nesta e na próxima aula, serão apresentados alguns passos importantes para a construção de um projeto de texto bom e
completo. Um planejamento cuidadoso contribui para a clareza das ideias e fornece segurança ao aluno no momento da
escrita. Dessa forma, vale a pena dedicar um tempo maior para tal elaboração.

1. Etapas
1.1 Análise do recorte temático
Pode parecer desnecessário dedicar alguns minutos para refletir sobre a dimensão do recorte temático numa proposta de
redação, dado que a identificação desse fator não se revela tão complicada para muitos alunos. Contudo, é muito comum
que alguns candidatos se percam ao desenvolver seu raciocínio, justamente porque não compreenderam o tema de modo
correto, o que gera prejuízos graves, podendo causar a anulação do texto.
Em vista disso, é fundamental compreender a diferença entre assunto e recorte temático. Embora as palavras possam ser sinô-
nimas em alguns contextos, é necessário diferenciar esses conceitos quando se trata de uma redação de vestibular. O assunto
pertence a uma instância mais ampla de determinada questão, mais genérica, mais aberta e que engloba uma infinidade de
debates diferentes. O recorte temático, por sua vez, pressupõe um direcionamento, uma especificidade e, na maior parte das
vezes, possui uma coletânea de textos que são fundamentais para a compreensão do direcionamento proposto pela banca. As-
sim, é possível afirmar que um mesmo assunto pode abranger diferentes recortes, como ostram os esquemas a seguir:

Assunto: O papel do médico Assunto: O voto


Recorte temático: Recorte temático:
Recorte temático: Médicos Recorte temático: O
e indústria farmacêutica: exercício da medicina: entre O voto nulo é um O voto deveria ser
relação de conflito ético inevitável o conhecimento técnico e a
ou de parceria benéfica? formação humanitária. ato político eficaz? facultativo no Brasil?

Recorte temático: A ética


médica nas redes sociais Recorte temático: O direito de votar: como
fazer dessa conquista um meio para promover as
transformações sociais de que o Brasil necessita?

Tenha cuidado: diversos alunos escrevem textos dentro de alguns temas e, às vezes, desprezam uma leitura atenta da oração-te-
ma e da coletânea, alegando serem conhecedores de determinados assuntos. Eis o perigo: como os direcionamentos são múlti-
plos, é preciso estar muito atento a cada uma das proposições exigidas pelas bancas de correção.

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1.2. Leitura da coletânea
A primeira leitura da coletânea tem como objetivo compreender atentamente o tema abordado no exame. É a partir dessa
primeira leitura que o aluno começa a definir seu posicionamento a respeito do tema e o que pode vir a ser a sua tese
principal. Nesse momento, é importante realizar uma leitura atenta, destacando as informações principais e analisando a
fonte de cada um dos excertos.
Em seguida, é preciso relacionar as informações dadas pela coletânea. Ou seja, o aluno deve avaliar os posicionamentos
dos autores, analisar criticamente os dados de infográficos e verificar como todas essas informações aparecem no meio social
abordado. O aluno pode criar orações que ilustrem a reflexão gerada a partir dessas análises. De todo modo, é fundamen-
tal que os textos sejam avaliados em conjunto, pois eles constituem a base da abordagem temática proposta na prova.
O aluno deve relacionar as informações lidas com a oração-tema orientadora do exame, habitualmente apresentada na maior
parte dos vestibulares do país. Caso essa oração seja uma pergunta, é indispensável que a redação forneça uma resposta.

1.3. Brainstorm
O segundo passo da elaboração consiste na realização de um brainstorm, ou seja, uma tempestade de ideias acerca do
tema, que pode ser feita depois ou durante uma segunda leitura da coletânea. Nesse momento, é necessário anotar tudo
aquilo que vier na cabeça: exemplos, analogias, comparações, citações, definições, ilustrações, etc. Essas ideias podem ser
organizadas em pequenas orações que ajudarão o aluno a construir uma visão mais clara do conjunto.
Tomando como base o tema exigido pelo Enem no exame de 2014, observe um exemplo da organização das ideias surgidas
ao longo do processo:
§ Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil
§ Objetivo/possível posicionamento: Discutir como a publicidade deve poupar a infância
§ Ideias: Crianças não tem maturidade para compreender o funcionamento da publicidade/ Os meios de comunicação
têm poder maior para convencê-las/ A publicidade atribui um juízo de felicidade para a criança portadora do produto e,
consequentemente, exclui aqueles que não podem tê-lo/ Alguns países, como a Inglaterra e a Noruega, já criaram regras
para regular e até mesmo coibir a publicidade infantil/ As escolas podem criar projetos para a valorização da diversão
desconectada da ideia de consumo, como oficinas de confecção de brinquedos.

1.4. Pergunta-catapulta
Às vezes, o aluno tem muita dificuldade para realizar uma tempestade de ideias acerca de determinado tema. Seja porque
não há intimidade com o assunto, seja porque o tema exige um nível de abstração diferente do que ele está habituado,
torna-se difícil sair do lugar.
Para isso, apresentamos abaixo um conjunto de perguntas que podem auxiliar o estudante a refletir criticamente sobre o
tema e, desse modo, alcançar um nível mais elevado de profundidade em sua discussão. Considerando que as propostas de
redação sempre apresentam alguma questão ou algum problema a ser debatido, esses elementos podem ser explorados a
partir das perguntas abaixo:
a. Qual é essa questão?
b. Em que espaços essa questão é observada?
c. Como essa questão está presente na sociedade? Há exemplos dela?
d. Qual é o senso comum a respeito dessa questão?
e. Há razões históricas para o surgimento dessa questão?
f. Essa questão é discutida em algum livro/filme/canção?
g. Como essa questão aparece na mídia? Essa abordagem condiz com a realidade?
h. Quais as principais causas dessa questão? E as principais consequências?

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i. Há um grupo social beneficiado por essa questão? Há algum grupo prejudicado por ela?
j. De que maneira essa questão pode ser resolvida? (Enem)

Na próxima aula, será abordado o modo de organizar o brainstorm. Serão apresentados os critérios de seleção das
informações, bem como a forma de organização dos argumentos.

2. Exercícios
EXERCÍCIO 1: Leia os conjuntos de textos e responda o que se pede:

I.
De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), a utilização de bebidas alcoólicas é
responsável por 30% dos acidentes de trânsito. E metade das mortes, segundo o Ministério da Saúde, está rela-
cionada ao uso do álcool por motoristas. Diante desse cenário preocupante, a Lei 11.705/2008 surgiu com uma
enorme missão: alertar a sociedade para os perigos do álcool associado à direção.
Disponível em: www.dprf.gov.br. Acesso em: 20 jun. 2013.

II.

A partir da leitura dos textos, o que é possível afirmar sobre a consciência da população no que se refere à mistura
entre álcool e direção? Há uma contradição entre a opinião e a prática?

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B
I.
No Brasil, os surdos só começaram a ter acesso à educação durante o Império, no governo de Dom Pedro II, que
criou a primeira escola de educação de meninos surdos, em 26 de setembro de 1857, na antiga capital do país, o
Rio de Janeiro. Hoje, no lugar da escola funciona o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines). Por isso, a data
foi escolhida como Dia do Surdo.
Contudo, foi somente em 2002, por meio da sanção da Lei n.° 10.436, que a Língua Brasileira de Sinais (Libras)
foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão no país. A legislação determinou também que de-
vem ser garantidas, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas
institucionalizadas de apoiar o uso e difusão de Libras como meio de comunicação objetiva.
Disponível em: www.brasil.gov.br

II.

A partir da leitura dos textos, o que é possível afirmar a respeito da situação educacional dos surdos ao longo do
tempo? Houve inclusão efetiva dessa população no ambiente escolar?

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EXERCÍCIO 2: Leia os conjuntos de temas abaixo e faça brainstorms para cada um deles, tendo como
objetivo a construção de uma dissertação argumentativa. Lembre-se de relacionar as informações que
aparecem nos dois textos da coletânea. Se possível, procure delinear qual será seu posicionamento (tese)
e quais serão os argumentos que você empregará para defender o seu ponto de vista.

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TEXTO 1
Câmeras praticamente onipresentes não são, obviamente, exclusividade do Brasil. Em Roterdã, segunda maior cidade
da Holanda, câmeras de monitoramento são utilizadas pela polícia para vigiar e punir comportamentos classificados
como “antissociais” nas ruas da cidade – beber ou estar bêbado em público, envolver-se em brigas ou urinar na
rua. Fatos como esses são bons exemplos de como o Estado pode utilizar a vídeo-vigilância para controlar compor-
tamentos de cidadãos.
(Cristiane Kampf. “Liberdade monitorada: a crescente vigilância eletrônica prejudica
privacidade?”. www.comciencia.br, 10.03.2013. Adaptado.)

TEXTO 2
De acordo com o advogado Edno Damascena de Farias, a instalação de câmeras de vigilância em locais públicos
afronta o direito do cidadão à privacidade, à intimidade e à honra previsto na Constituição Federal. Segundo ele,
a instalação das câmeras servirá para “espionar as pessoas, sem que se saiba se há mecanismos ou garantias de
que essas imagens não virão a ser utilizadas por pessoas sem escrúpulos, para chantagear ou extorquir cidadãos
surpreendidos em situações constrangedoras, mas não necessariamente ilegais”.
(Márcio Sodré. “Advogado entra com ação contra câmeras de vigilância no centro”. www.atribunamt.com.br, 06.01.2010. Adaptado.)

CÂMERAS DE VIGILÂNCIA EM LOCAIS PÚBLICOS: INVASÃO DE PRIVACIDADE OU PROMOÇÃO DA


SEGURANÇA PÚBLICA?

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TEXTO 1
A depredação e o abandono dos monumentos públicos vêm chamando a atenção na paisagem urbana e traz para
a cena uma discussão sobre a cidade, cidadania, a responsabilidade pelo bem público e educação patrimonial. Não
se trata de revolta contra valores, personagens, datas que esses monumentos significam ou representam; as inter-
venções e agressões não passam por nenhuma consciência crítica.
Ao longo do tempo, a cidade constrói histórias e guarda nas ruas, praças e monumentos várias memórias. Esse ter-
ritório simbólico é propriedade de todos. Mas o desconhecimento e o desprezo pela cultura e a memória da cidade
coloca em xeque a noção de cidadania e a responsabilidade pela guarda, vigilância e conservação. Se a cultura está
cada vez mais associada a entretenimento, tudo é diversão.
O vandalismo é um comportamento de uma sociedade individualista, que deu as costas aos valores e princípios da
moral e da ética. Estes foram substituídos por um desejo perverso de deixar na cidade o registro da violência e da im-
punidade. Uma brincadeira que aponta para a falta de compromisso com a coisa pública e com a memória da cidade
e se espalha como um vírus.
Almandrade. "Depredação dos monumentos públicos". Disponível em: <http://culturaemercado.com.br/site/
pontos-de-vista/depredacao-dos-monumentos-publicos/>. Acesso em: 24 de outubro de 2015. Adaptado.

TEXTO 2

MEUCCI, Artur. "O bem público como exercício ético". http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/88/artigo301153-1.asp>.


Acesso em 24 de outubro de 2015. Adaptado.
DEPREDAÇÃO DOS PATRIMÔNIOS PÚBLICOS NO BRASIL

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AULA Planejamento de texto II
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1. Planejamento de texto II
Na aula passada, foram abordadas três etapas fundamentais da execução do planejamento: a análise do recorte temático, a
leitura da coletânea e o brainstorm. Nesta aula, serão abordados alguns detalhes de como selecionar melhor os argumentos
e também de como organizar o planejamento de texto.

1.1. Critérios de seleção


O aluno dispõe de muitos elementos para determinar seu projeto depois de realizadas as etapas anteriores. Agora, a tarefa
é selecionar apenas aquilo que entrará no corpo do texto e organizar esse conteúdo em parágrafos. Para isso, considere os
critérios abaixo na ordem que seguem:
§ Selecione os argumentos que apresentem uma relação mais direta com a tese a ser desenvolvida e com a temática
abordada nos textos motivadores.
§ Selecione os argumentos que tenham uma melhor sustentação: exemplos, argumentos de autoridade, dados históricos,
comparações, etc.
§ Selecione os argumentos que possam ser embasados por alguma teoria (sociológica, filosófica).
É importante lembrar que deve ser escolhido para o texto o que estiver mais bem sustentado pelos argumentos e/ou o
que for mais fácil e mais seguro de redigir. Caso o aluno não tenha certeza de algum exemplo ou citação, e não esteja
confiante em relação a uma das ideias desenvolvidas, é melhor não arriscar: esses elementos devem ficar de fora. É prefe-
rível prezar pela clareza, objetividade e coerência dos argumentos do que pela ousadia ou pelo risco na hora de escrever.

1.2. A importância da seleção cuidadosa do projeto de texto


A contradição é uma das consequências óbvias de um texto mal planejado. Isso ocorre quando, no mesmo texto, é possível
identificar duas ideias distintas sendo igualmente defendidas. Outra evidência do mal planejamento é a lacuna argumen-
tativa, um problema textual que consiste no mal desenvolvimento de ideias. Por exemplo: iniciar o texto com uma referência
que não terá qualquer relação com o conteúdo abordado nas linhas seguintes.
Para melhor entender o problema da ausência de projeto de texto, leia os parágrafos de introdução e conclusão, reproduzidos
abaixo, retirados da redação um candidato ao ENEM de 2017 (Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil).
A população surda no Brasil tem sido cada vez mais neglicenciada, não há espaços nas escolas e pessoas capacitadas para
atende-los em diversos locais, dificultando a inclusão social.
(...)
Fechar os olhos para a educação das pessoas com deficiência auditiva é ser cúmplice do preconceito é permitir que sejam
excluídas da sociedade. Um caminho para a melhoria desse problema no país é a inclusão obrigatória de LIBRAS nas escolas,
com isso aumentando o número de pessoas aptas à comunicação com os deficientes auditivos e uma legislação que incluísse
uma determinada porcentagem de funcionários surdos em empresas privadas, oferecendo oportunidades de emprego e
proporcionando a eles uma vida melhor.
(Redação amostral. Autoria anônima)

Há diversos problemas que mereceriam discussão a respeito do trecho acima. No entanto, um deles destaca-se mais eviden-
temente: a ausência de projeto de texto. Ao finalizar o parágrafo introdutório, o autor parece abrir caminhos para a discussão

22
sobre a necessidade de “espaços” e de “capacitação” de pessoas para atender à população surda nas escolas. Ao final,
no entanto, vê-se medidas apresentadas para resolver apenas a questão da capacitação, mas não se retoma em qualquer
outro momento a ideia de “espaços”. Esse é um típico exemplo de um texto sem paralelismo entre a introdução e a
conclusão, elemento fundamental para uma boa estruturação da redação dissertativa.

1.3. Estratégias para organizar o planejamento


O projeto pode ser feito com uma lista organizada ou com um mapa mental com o conteúdo por parágrafo a ser
desenvolvido. Para iniciá-lo, é preciso retomar as ideias desenvolvidas ao longo do brainstorm ou ainda recorrer a algu-
mas perguntas básicas para a formação do pensamento crítico.
Para garantir o projeto ideal, é importante definir estratégias para o início do texto que deverão nortear o percurso até
a conclusão.Esse fator preservará o paralelismo introdução-conclusão. A partir das ideias desenvolvidas no brainstorm,
é possível tentar definir qual será a ideia inicial e como ela será retomada ao longo do texto. Também é possível recorrer às
sugestões abaixo de quatro diferentes tipos de paralelismo:
Projeto 1: Refusão Projeto 2: Retomada Projeto 3: Sustentação por Projeto 4: Analogia
do senso comum histórica autoridade

Senso comum Referência histórica Referência para analogia


Alusão a autoridade reconhecida e
legitimada
Refutação: tese
Relação passado-presente Aproximação com o tema
Retomada e
desconstrução Aprofundamento e discussão
Retomada da analogia:
Hipóteses futuras sob a luz do passado explicitação
Relação com a análise da
autoridade

NA AULA QUE VEM, VOCÊ VERÁ COM MAIS DETALHES COMO REDIGIR UMA INTRODUÇÃO PARTINDO DE CADA UMA DESSAS ESTRATÉGIAS.

Com a estratégia definida, é preciso estruturar o projeto ou o mapa de ideias, buscando reservar um destaque central ao tema
em discussão, o qual deve ser desenvolvido ao longo da análise e reflexão, até que se chegue à tese a ser defendida. Como
visto anteriormente, esse processo poderá seguir o fluxo de uma lista organizada ou de um mapa mental.

A. Projeto de texto por lista organizada B. Projeto de texto por mapa mental

Há referências Como ocorre?


• O que dizem sobre violência no Brasil? O que DIZEM sobre a
externas?

Introdução • Há referencias externas? violência no Brasil?


Desde
• Tese: A violência é endêmica no Brasil. Violência no Brasil quando?
Contra quem?
Condições Para quê/para
Desenvolvimento favoráveis? quem?
• Como ocorre? Violência no Brasil
Por que é Consequências?
• Desde quando endêmica?
1: análise no Brasil? Como resolver?

Desenvolvimento • Condições favoráveis?


• Contra quem? Figura 2. Exemplo de projeto de texto por mapa mental, or-
2: reflexão • Consequências? ganizado pela estratégia de refutação do senso comum.

• Como resolver?
Conclusão
• Relações com as referências externas?

Figura 1. Projeto de texto por lista organizada.


Estratégia de refutação do senso comum.

23
Seguindo essas dicas, o texto se tornará mais claro e coerente, características muito valorizadas na avaliação de redações de
vestibular. Agora, mãos à obra!

2. Exercícios
EXERCÍCIO 1: A partir da leitura dos temas abaixo e da realização de um brainstorm, organize seu planejamento.
Se possível, escolha uma das estratégias sugeridas em sala para manter o paralelismo de seu texto.

A
I.

http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/2/471consumo.jpg

II.

Nós somos consumidores agora, consumidores em primeiro lugar e acima de tudo. Para todas as dificuldades com
que nos deparamos no caminho trilhado para nos afastar dos problemas e nos aproximar da satisfação, nós busca-
mos as soluções nas lojas. Do berço ao túmulo, somos educados e treinados a tratar as lojas como farmácias repletas
de remédios para curar ou pelo menos mitigar todas as doenças e aflições de nossas vidas particulares e de nossas
vidas em comum. Comprar por impulso e se livrar de bens que já não são atraentes, substituindo-os por outros mais
vistosos, são nossas emoções mais estimulantes. Completude de consumidor significa completude na vida.
Zygmunt Bauman. A riqueza de poucos beneficia todos nós?, 2015. Adaptado.

OS EFEITOS DO CONSUMISMO EXACERBADO

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24
B
I.
Toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma
imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação. [...]
Considerado em sua totalidade, o espetáculo é ao mesmo tempo o resultado e o projeto do modo de
produção existente. Não é um suplemento do mundo real, uma decoração que lhe é acrescentada. É o âmago do
irrealismo da sociedade real. [...] O espetáculo constitui o modelo atual da vida dominante na sociedade.
Guy Debord. A sociedade do espetáculo.

II.

https://danielapezzini.wordpress.com/2015/07/03/charge-midia-x-prazer/

A HEGEMONIA DO EXIBICIONISMO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

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25
AULA Introdução
5

Introdução
De modo geral, o primeiro parágrafo da redação possui uma tarefa importante: situar o leitor a respeito do assunto e da
problemática a serem tratados, e anunciar o direcionamento a ser desenvolvido ao longo do texto. É a introdução que con-
textualiza o leitor a respeito daquilo que será apresentado ao longo da redação e que determina a posição do autor acerca
da temática analisada.
No entanto, a introdução também é responsável por atrair os olhos do leitor por meio da empatia. Embora não seja uma
exigência específica dos critérios de correção, um parágrafo introdutório mais sedutor ou até mesmo criativo influencia posi-
tivamente a leitura do restante da redação, e ainda, em alguns casos, demonstra personalidade do autor.
Para isso, apresentaremos nessa aula os principais aspectos que compõem a introdução da dissertação argumentativa. Em
primeiro lugar, analisaremos diferentes maneiras de iniciar a redação, acompanhadas de excertos das melhores redações do
ENEM 2016 e da FUVEST 2012 em sua maioria. Para os iniciantes, algumas mais simples, cujo objetivo seja garantir uma
apresentação adequada da abordagem a ser feita. Para os que desejam aprimorar a empatia no parágrafo introdutório,
algumas mais elaboradas, que exigem maior repertório e criatividade. A escolha – a critério do aluno – dependerá de sua
própria segurança em relação ao desenvolvimento de toda a redação.
Em seguida, observaremos as diferentes maneiras de composição da tese e suas principais características.

1.Composição da introdução
Como já abordamos, as funções da introdução se resumem em contextualizar o assunto e apresentar o posicionamento do
autor. Nesse sentido, precisamos reconhecer que essa estrutura pressupõe 2 partes. Uma mais geral, que situa o leitor a res-
peito do assunto; e uma mais específica, responsável por apresentar a perspectiva adotada pelo autor diante daquele tema.
Observe o parágrafo a seguir:
Em sua obra “O cortiço”, publicada em 1890, o escritor Aluísio Azevedo retrata parte da população pobre do Rio de Janeiro
obrigada a viver em espaços aglomerados e a pagar altos aluguéis por essas habitações. No livro, mesmo os personagens que
trabalhavam horas a fio não possuíam situação financeira suficiente para habitar outros espaços com condições mínimas de
dignidade. Na contemporaneidade, de modo análogo, o acesso à moradia digna para as classes baixas nas cidades continua
a ser praticamente inviável, seja em razão da ineficiência do Estado ao negligenciar esse direito, ou da especulação imobiliária
que se apropria ferozmente dos espaços urbanos.
É possível perceber que o parágrafo possui duas partes. A primeira faz referência a um texto da literatura que situa o leitor
em uma temática específica: as condições de moradia da população pobre no cenário carioca de 1890. Em seguida, apre-
senta-se um direcionamento: realiza-se uma comparação com o presente cujo objetivo é demonstrar que a situação não
está muito distante daquela apresentada por Aluísio, evidenciado a tese do autor. Nesse sentido, seria possível dividirmos o
parágrafo em duas partes:

Contextualização

Em sua obra “O cortiço”, publicada em 1890, o escritor Aluísio Azevedo retrata parte da população pobre do Rio de Janeiro obrigada a
viver em espaços aglomerados e a pagar altos aluguéis por essas habitações. No livro, mesmo as personagens que trabalhavam horas
a fio não possuíam situação financeira suficiente para habitar outros espaços com condições mínimas de dignidade.

26
Direcionamento
Na contemporaneidade, de modo análogo, o acesso à moradia digna para as classes baixas nas cidades continua a ser praticamente
inviável, seja em razão da irresponsabilidade do Estado ao negligenciar esse direito, ou da especulação imobiliária que se apropria
ferozmente dos espaços urbanos.
Procure elaborar suas estratégias de introdução tendo em vista essas duas articulações: a contextualização e o direciona-
mento. Lembre-se que apenas uma ou outra dentro do texto não contempla todas as necessidades de um parágrafo intro-
dutório. Por isso, redija-as, obedecendo as especificidades de cada uma delas.

2. Estratégias de introdução
2.1. Apresentação da questão
Esse modelo de introdução, usado por muitos alunos, é um dos mais seguros para os que possuem mais dificuldade de iniciar
a redação. Ele pode ser iniciado por afirmações, declarações gerais e até mesmo exemplos a respeito do assunto, seguidos
de exposição da problemática que envolve o tema e, finalmente, a tese do autor. Observe os exemplos:
(Redação sem título)
”O Brasil é um país com uma das maiores diversidades do mundo. Os colonizadores, escravos e imigrantesforam essenciais na
construção da identidade nacional, e também, trouxeram consigo suas religiões. Porém, a diversidade religiosa que existe hoje
no país entra em conflito com a intolerância de grande parte da população e, para combater esse preconceito, é necessário
identificar suas causas, que estão relacionadas à criação de estereótipos feita pela mídia e à herança do pensamento desenvol-
vido ao longo da história brasileira.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

No meio do caminho tinha uma pedra


No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas que o Brasil foi convidado a administrar, comba-
ter e resolver. Por um lado, o país é laico e defende a liberdade ao culto e à crença religiosa. Por outros, as minorias que se dis-
tanciam do convencional se afundam em abismos cada vez mais profundos, cavados diariamente por opressores intolerantes.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

2.2. Uso de imagens


Esse modelo consiste em apropriar-se de uma imagem/metáfora que, de alguma forma, relacione-se com o assunto em
questão. Trata-se selecionar uma imagem (dentro de um universo simbólico) que conduzirá o raciocínio a ser construído.
Essa imagem pode ser uma história, uma anedota, um dito-popular, isto é: algo que aparentemente não se relaciona com o
tema, mas que é usado como forma de construir uma analogia. Observe os exemplos:
O regresso social reside na alienação política
Certa vez, quando questionado sobre seu posicionamento político, o diplomata e escritor, Guimarães Rosa respondeu ser
apolítico. Tal declaração vinda de um gênio da literatura causou espanto em muitos, eis que desde a Grécia antiga até hodier-
namente a participação política de cidadãos mostrou-se fundamental à constituição de um estado, uma vez que ela acarretará
num plano piloto que designará quais serão os interesses estatais a serem buscados em prol de um dado povo e conforme as
peculiaridades de uma dada nação.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012)

Política: nossa imagem lá fora


Passamos a dar mais valor a algo quando o perdemos. Este conhecimento popular, muitas vezes aplicado a relacionamentos
pessoais, pode certamente também ser aplicado a nossos direitos políticos. Na época da ditadura militar no Brasil, quando a
repressão e a censura reinavam, havia luta armada pela liberdade de expressão e de voto. Hoje, porém, em plena democracia
e com o direito de voto universal, são muito poucos os realmente engajados na política. Será, então, mesmo necessária a
participação do povo na gestão do país? E se sim, como fazer com que as pessoas entendam a real importância da política?
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012)

27
A proposta de redação da FUVEST 2008 propôs a discussão sobre o mundo digital e a circulação de informações nas redes. O
exemplo abaixo, extraído de umas das melhores redações da proposta, usa a metáfora de uma brincadeira para iniciar o texto:
Telefone sem fio
A maioria das pessoas conhecem uma brincadeira chamada “telefone sem fio”, em que uma pessoa diz para outra uma frase,
que vai sendo repassada até chegar ao último participante. Quando comparamos a frase inicial com a final, normalmente
notamos uma grande diferença. Algo parecido com essa brincadeira têm acontecido com as informações. Através da televisão,
da internet e de muitos outros meios, temos acesso às informações finais, no entanto, é difícil sabermos o quão diferente elas
estão em relação às iniciais.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2008)

2.3. Dados históricos


O uso de dados históricos é um dos modelos mais usados na redação, justamente por ser uma forma segura de iniciar o
período. No entanto, é preciso ter cuidado: a informação deve estar diretamente relacionada com o tema e deve ser usada
apenas para introduzir a questão. Muitas vezes, alguns alunos exageram nos detalhes históricos e esquecem o objetivo
principal, deixando a introdução longa e tediosa.
Veja os exemplos:
(Redação sem título)
”O Período Colonial do Brasil, ao longo dos séculos XVi e XIX, foi marcado pela tentativa de converter os índios ao cato-
licismo, em função do pensamento português de soberania. Embora date de séculos atrás, a intolerância religiosa no país,
em pleno século XXI, sugere as mesmas conotações de sua origem: imposições de dogmas e violência. No entanto, a lenta
mudança de mentalidade social e o receio de denunciar dificultam a resolução dessa problemática, o que configura um
grave problema social.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

A participação política na dinâmica pós-moderna: comodismo e descaso


O surgimento da ciência política remonta à época da Antiguidade, ainda quando os gregos se organizavam em torno da pólis
e começavam a definir os primeiros conceitos de cidadania que, posteriormente, difundir-se-iam pelo mundo. É indiscutível a
importância da política para a, então, formação da sociedade tal como ela é conhecida na contemporaneidade. A partir dela,
foram definidos direitos e deveres e, ainda mais relevante, tornou-se possível a participação do povo nas decisões que dizem
respeito à vida em comunidade.

(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012)

2.4. Uso de citações


Esse é um dos modelos de introdução mais presentes nas melhores redações do ENEM. No entanto, a recomendação é a
mesma do uso de dados históricos: a citação só deve entrar se estiver diretamente conectada ao tema. É fundamental evitar
as velhas citações que podem servir aos mais variados assuntos, já que – por serem usadas tantas vezes – não despertam
nenhum interesse no leitor da redação.
No entanto, não é preciso se prender aos maiores nomes da filosofia e da sociologia para garantir o sucesso na introdução.
A citação pode ser de um personagem da literatura, de uma canção popular, de um poema, e até mesmo, de um artigo de
lei. A única restrição é selecionar essas fontes por meio do bom senso.
Veja abaixo os diferentes modelos de introdução a partir de citações:
a) Uso de citações referências da literatura/cinema/poesia
“Orgulho Machadiano”
Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas “Memórias Póstumas” que não teve filhos e não transmitiu a
nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros
frente a intolerância religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Com isso, surge a pro-
blemática do preconceito religioso que persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja
pela lenta mudança de mentalidade social.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

28
A difícil tarefa do ser
Tyler Durden, concretização de uma série de desejos secretos e de frustrações do personagem principal de “O clube da luta”,
abre uma discussão acerca do ser e do sentir numa era em que o consumo é imperativo. O filme, baseado no livro homônimo,
levantou polêmicas ao retratar um indivíduo desconectado de sua identidade que buscou satisfazer no consumo suas faltas.
Esse consumo, no entanto, não evitou a criação de Durden por camadas mais profundas de sua mente, não evitou a criação de
um rapaz plenamente consciente de suas vontades e de seu corpo. O longa metragem aponta a metáfora: vivemos sufocando
Tyler Durden, aquele que sabe quem é e o que quer, já que há uma ideologia circundante pregando que tudo aquilo de que
precisamos ou que queremos está à venda e que, se está à venda, é uma necessidade ou um desejo.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2013)

O cortiço consumista
No livro “O Cortiço”, de Aluísio de Azevedo, retrata-se o grande poderio com que o espaço massifica as pessoas, exercendo
forte influência sobre seus comportamentos e relações. Analogamente, em muitos anúncios publicitários, nota-se a força que a
propaganda tem de estimular os indivíduos a uma determinada mentalidade como se fossem frutos de espaços ideológicos e
físicos, principalmente quando se trata dos templos de consumo, os “shoppings centers”.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2013)

b) Uso de leis
(Redação sem título)
“A Constituição nacional prevê a liberdade de credo e de expressão religiosa, sendo crimes de intolerância considerados graves
e de pena imprescritível. No entanto, é comum ouvir piadas sobre “macumbeiros” e, em alguns casos, violência física contra
praticantes do candomblé. O combate dessas atitudes pressupõe uma análise histórica e educacional.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

(Redação sem título)


Segundo a atual Constituição Federal, o Brasil é um país de Estado laico, ou seja, a sociedade possui o direito de exercer qual-
quer religião, crença ou culto. Entretanto, essa liberdade religiosa encontra-se afetada, uma vez que é notório o crescimento
da taxa de violência com relação à falta de tolerância às diferentes crenças. Assim, diversas medidas precisam ser tomadas
para tentar combater esse problema, incitando uma maior atenção do Poder Público, juntamente com os setores socialmente
engajados, e das instituições formadoras de opinião.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

c) Uso de citações da filosofia e da sociologia


(Redação sem título)
“Se houver duas religiões, cortar-se-ão os preços. Se houver trinta, viverão em paz. Na Idade Moderna, o filósofo iluminista
Voltaire foi um importante defensor da liberdade de culto e da harmonia entre as diversas crenças. Já no Brasil do século XXI
existe um retrocesso: embora haja muita diversidade religiosa, ainda há a necessidade de ser comemorar o Dia Nacional de
Combate à Intolerância Religiosa – a qual é um crime vergonhoso cuja persistência é uma mácula.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

Participação política em prol do bem comum


É notória a transferência de Poder da esfera política para a Econômica como observou Zygmunt Bauman, uma vez que a globa-
lização Econômica ultrapassou Barreiras políticas. Não obstante, em Oposição a Bauman, que defende que há uma crescente
diminuição do papel da política nas questões relevantes e de seu papel na propulsão de doutrinas, a economia não é totalmente
autônoma, mesmo em cenário de liberalismo econômico, o que confere a não dispensabilidade da participação política.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012)

O fim das utopias pede engajamento


“O problema da sociedade é que ela parou de se questionar”, diagnostica o sociólogo polonês Zygmunt Bauman em seu livro
modernidade líquida. Pode-se, a partir do diagnóstico, fazer uma analogia com a situação da questão política no mundo: dado
nível de acomodação das pessoas, elas raramente questionam o modo como a política é feita, ao menos que este dia seja
danoso. Porém, sendo o homem um ser político – criou a política quase que naturalmente – cabe a ele a responsabilidade pela
mesma: é indispensável a sua participação nela.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012)

29
2.5. Desconstrução do senso comum
A redação também pode ser introduzida com a contestação de conceitos generalizantes a respeito do tema. Nesse modelo,
apresenta-se um discurso próprio do senso comum que, em seguida, é invalidado pelos argumentos do autor. Em outros
termos, trata-se de apresentar de uma questão que parece ser coerente, e na sequência, exibir as razões que a tornam equi-
vocada. Observe os exemplos:
(Redação sem título)
É muito comum ouvir da boca de jovens hoje em dia que são apolíticos ou que a política não os diz respeito. Ainda assim, o
Brasil possui um gigante movimento estudantil que participa das mais variadas discussões e lutas. É possível não ser engaja-
do – seja por preguiça ou acomodação – mas apolítico, nunca. A política está presente em toda e qualquer detalhe da vida
econômica e social, ela é indispensável e ser apolítico é uma ilusão.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012)

Política: visão do indivíduo sobre a sociedade


Quando se pensa em participação política, a primeira ideia que se tem em mente é o interesse das pessoas pelo que acontece
na sociedade, as decisões dos governantes e demais autoridades, eleições, partidos políticos e possíveis melhorias que deveriam
ser feitas. Mas, o que muitas vezes não é percebido é que acrescente campanha de reavivamento do interesse pela política
que poderia ser considerada como mais uma artimanha para introduzir e absorver cada vez mais os indivíduos para o senso de
pseudo-coletivismo, uma falsa sensação de estar contribuindo para a ordem e o progresso da sociedade, mascarada pela ideia
ilusória de democracia, resultando em uma consequente perda de sua identidade natural.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012)

3. Elaboração da tese
Como já anunciamos em aulas anteriores, a tese representa o direcionamento da abordagem que será feita ao longo do
texto. Ela funciona como um norte, como o posicionamento central a ser defendido. E para que essa opinião fique muito clara
para o leitor, é fundamental que a frase esteja apresentada – de modo muito claro – no primeiro parágrafo.
Nos exames cuja oração-tema é constituída por uma pergunta, a tese deve ser uma elaboração síntese da resposta a essa
questão. Não se trata de respondê-la de modo escolar, mas é preciso construir um período que apresente um posiciona-
mento claro sobre a pergunta realizada. Nos outros casos, a tese deve resumir a opinião do autor diante da oração-tema
oferecida, podendo inclusive ser elaborada a partir da recombinação das palavras presentes na oração tema.

3.1. Tipos de tese


3.1.1 Tese analítica
Também conhecida como tese organizadora, esse é o modo de formulação de tese no qual são apresentados os argumentos
a serem defendidos ao longo do texto. Trata-se da formulação de um período que descreva resumidamente a articulação dos
argumentos apresentados no segundo e no terceiro parágrafo. Não é necessário apresentar muitos detalhes de cada um deles,
já que as justificativas serão especificadas nos parágrafos seguintes.
Esse modelo costuma ser comum nas provas do ENEM, já que a tese organizadora parece melhor apresentar o problema
proposto na temática. Essa forma acaba se tornando uma maneira segura de estruturar a tese, porque deixa claro ao leitor o
percurso analítico, o que facilita o acompanhamento do raciocínio lógico desenvolvido. Em contrapartida, quando usada em
outros exames, ela também acaba se tornando um modelo mais previsível, sem grandes atrativos aos olhos dos corretores.
Observe o exemplo retirado de redações nota 1000 do ENEM:
Durante o século XIX, a vinda da Família Real ao Brasil trouxe consigo a modernização do país, com a construção de escolas e
universidades. Também, na época, foi inaugurada a primeira escola voltada para a inclusão social de surdos. Não se vê, entre-
tanto, na sociedade atual, tal valorização educacional relacionada à comunidade surda, posto que os embates que impedem
sua evolução tornam-se cada vez mais evidentes. Desse modo, os entraves para a educação de deficientes auditivos denotam
um país desestruturado e uma sociedade desinformada sobre sua composição bilíngue.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2017. Tema: Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil)

30
A fim de explicar desvalorização da educação oferecida aos surdos, o autor elabora sua tese evidenciando dois argumentos:
a desestruturação do país e a desinformação da sociedade brasileira. Esses argumentos são claramente retomados nos
parágrafos subsequentes, conforme se observa a seguir:
(2º PARÁGRAFO) A princípio, a falta de profissionais qualificados dificulta o contato do portador de surdez
com a base educacional necessária para a evolução social. O Estado e a sociedade hodierna têm negligenciado os
direitos da comunidade surda, pois a falta de intérpretes capacitados para a tradução educativa e a inexistência de vagas em
escolas inclusivas perpetuam a disparidade entre surdos e ouvintes, condenando os detentores da surdez aos menores cargos
da hierarquia social. Vê-se, pois, o paradoxo que, em um Estado Democrático, ainda haja o ferimento de um direito previsto
constitucionalmente: o direito à educação de qualidade.
(3º PARÁGRAFO) Além disso, a ignorância social frente à conjuntura bilíngue do país é uma barreira para a
capacitação pedagógica do surdo. Helen Keller – primeira mulher surdo-cega a se formar e tornar-se escritora – definia a
tolerância como o maior presente de uma boa educação. O pensamento de Helen não tem se aplicado à sociedade brasileira,
haja vista que não se tem utilizado a educação para que se torne comum ao cidadão a proximidade com portadores de deficiên-
cia auditiva, como aulas de LIBRAS, segunda língua oficial do Brasil. Dessa forma, torna-se evidente o distanciamento causado
pela inexperiência dos indivíduos em lidar com a mescla que forma o corpo social a que possuem.

3.1.2. Tese sintética


Esse modelo de formulação também é conhecido como tese sugestiva, uma vez que sua principal característica é anunciar
o posicionamento sem fazer referência aos argumentos a serem desenvolvidos. Baseia-se apenas na construção de um perí-
odo síntese que oferece o direcionamento a ser defendido pelo autor do texto e costuma ser comum entre as redações que
pressupõem uma resposta à pergunta em alguns temas de redação mais reflexivos.
Observe o exemplo abaixo retirado de uma redação nota 10 realizada para a UNIFESP:
O processo eleitoral ocorrido no Brasil em 2016 foi marcado pelo cenário de turbulência vivido pelo país, em que foram des-
cobertos diversos casos de corrupção, envolvendo políticos de renome, potencializado pela grave crise econômica brasileira.
Nesse contexto, muitas correntes de discussão passaram a defender a adoção do voto nulo nas eleições como forma de
demonstrar a insatisfação da população em relação ao sistema político vigente. Contudo, uma análise mais profunda
sobre o tema sugere que esse ato não representa, de fato, uma maneira eficiente de contestação e de
estímulo à mudança política.
(Trecho extraído de redação nota 10 UNIFESP. Fonte: http://www.scielo.br/pdf/tla/v57n2/0103-1813-tla-57-02-1015.pdf
Tema: o voto nulo é um ato político eficaz?

Note que autor apresenta seu posicionamento diante do tema, mas não descreve nem anuncia quais serão os argumentos
a serem utilizados. O mesmo ocorre no exemplo abaixo, extraído de redação FUVEST nota 10 de 2013:
No contexto mundial marcado pelo predomínio quase hegemônico do sistema capitalista financeiro, pela intensificação do
processo de globalização, pelo progresso das mídias de massa e pela revolução técnico científica informacional, nunca a men-
talidade do consumismo exacerbado foi tão intensamente divulgada e aceita. Esse tipo de pensamento, século XXI, foi capaz
de transformar e subordinar a sociedade a valores materialistas e até mesmo superficiais.
(Trecho extraído de redação nota 10 FUVEST 2013)

3.1.3. Recomendações para a elaboração de uma tese


Lembre-se de que a tese é um posicionamento a respeito de um determinado tema e, portanto, pressupõe a explicitação de
julgamentos ou juízos de valor, o que a caracteriza como um período argumentativo. Portanto, lembre-se disto quando for
redigir sua tese: você precisa empregar palavras que não sejam meramente descritivas, mas que carreguem em si um aspecto
parcial acerca do tema desenvolvido.
Para facilitar a composição de sua tese, recomendamos algumas estratégias:
a. Compor definições próprias a partir do uso de verbos de ligação: A rede social passou a ser o novo ópio da
modernidade. / As pautas identitárias também se tornaram mercadorias. / A cultura de massa está morta.
b. Tecer julgamentos positivos ou negativos: As estratégias desenvolvidas pelo Ministério da Saúde não funcionam.
A medida de incluir a leitura nos presídios é um grande acerto.
c. Empregar adjetivos: Esse problema ainda ocorre em razão de políticas públicas ineficazes do uso problemático
das verbas privadas.

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d. Verbos no presente: A questão ambiental permanece à mercê da iniciativa privada e da ausência de políticas
do Estado.

4. Exercícios
EXERCÍCIO 1:Identifique as estratégias de introdução empregadas nos parágrafos abaixo:
a. Com a ascensão de Juscelino Kubitschek ao poder, a política de abertura da economia brasileira entrou em ação mais vigo-
rosamente do que em qualquer outro episódio da história do Brasil . Nesse cenário, a entrada de automóveis no Brasil como
produtos de consumo foi cada vez maior. No entanto, o governo não tomou como prioridade a fiscalização das estradas do país
e uma prática nociva tornou-se comum: beber e dirigir. Recentemente, o governo implantou a Lei Seca, visando diminuir os efei-
tos dessa prática. Nesse contexto, cabe analisar os aspectos positivos da aplicação dessa Lei , e como ela pode ser melhorada.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2013)

b. O progresso roda constantemente sobre duas engrenagens. Faz andar uma coisa esmagando sempre alguém.” A frase,
do escritor e pensador francês Vitor Hugo, exprime a ideia de que o sistema capitalista funciona baseando-se na exploração
constante dos indivíduos. Analisando esse conceito atrelado à conjuntura atual , nota-se que a publicidade direcionada às
crianças, no Brasil , possui um caráter predatório, funcionando como meio de criação de futuros consumistas e explorando a
relativa facilidade de se persuadir uma criança, através do uso de elementos do universo infantil.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2014)

c. A Constituição Federal de 1988 – norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro – assegura a todos a liberdade
de crença. Entretanto, os frequentes casos de intolerância religiosa mostram que os indivíduos ainda não experimentam esse
direito na prática. Com efeito, um diálogo entre sociedade e Estado sobre os caminhos para combater a intolerância religiosa
é medida que se impõe.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

d. Existem, atualmente, diversos conflitos religiosos no mundo, fato que pode ser exemplificado pelas ações do Estado Islâmico,
que utiliza uma visão radical do islamismo sunita. Nesse contexto, percebe-se que tal realidade de intolerância também ocorre
no Brasil, um país com dimensões continentais e grande diversidade religiosa. Assim, tornam-se progressivamente mais comuns
episódios de violência motivados pela religião, o que é contraditório, visto que o Brasil é laico e a Constituição de 1988 garante
a liberdade de crença das diferentes manifestações culturais. Portanto, medidas que alterem essa situação devem ser adotadas.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

e. De acordo com Albert Camus, escritor argelino do século XX, se houver falhas na conciliação entre justiça e liberdade, haverá
intempéries de amplo espectro. Nesse sentido, a intolerância religiosa no Brasil fere não somente preceitos éticos e morais, mas
também constitucionais estabelecidos pela Carta Magna do país. Dessa forma, observa-se que a liberdade de crença nacional
reflete um cenário desafiador seja a partir de reflexo histórico, seja pelo descumprimento de cláusulas pétreas.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

f. O Brasil foi formado pela união de diversas bases étnicas e culturais e, consequentemente, estão presentes em também
várias religiões. Entretanto, nem essa diversidade nem a liberdade religiosa garantida pela Constituição Cidadã faz com que
o país seja respeitoso com as diferentes crenças. Fazendo uma analogia com a filosofia kantiana, a intolerância existente
pode ser vista como o resultado de fatores inatos ao indivíduo com o que foi incorporado a partir das experiências vividas.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2016)

EXERCÍCIO 2: A partir da contextualização e do tema da redação oferecidos, redija um direcionamento para


sua introdução, elaborando uma tese.

I. Tema: Os efeitos do trabalho informal no Brasil (ENEM)


No Brasil, é comum ouvir de boa parte da população que o trabalho informal é uma saída positiva à crise econômica.
Isso porque – de modo geral – ele permite às pessoas se manterem economicamente ativas, podendo zelar pelo seu
bem-estar e pela manutenção de suas necessidades. No entanto,

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II. Tema: A introdução da tecnologia nas salas de aula brasileiras (ENEM)

Durante muitos anos, as metodologias de ensino das escolas brasileiras – de modo geral – empregaram apenas os
suportes didáticos mais tradicionais, como: lousa, cadernos, livros, canetas, entre outros itens bastante conhecidos
de qualquer aluno. Nos dias de hoje, de modo diferente,

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III. Tema: O desaparecimento das atitudes éticas no cotidiano (ENEM)

O dramaturgo alemão Bertold Brecht, em sua peça “A exceção e a regra”, ressaltava a importância de desconfiarmos
daquilo nos parece absolutamente natural, pois, segundo ele, nada deveria ser considerado imutável. Tal assertiva
também é válida para se pensar a respeito da falta de ética no Brasil, uma vez que...

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IV. Tema: O combate à prática do linchamento no Brasil

A Declaração Universal dos Direitos Humanos prevê que todo cidadão acusado de um crime seja julgado

por um tribunal independente e imparcial. Entretanto, na sociedade brasileira, é comum

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EXERCÍCIO 3: Identifique as teses dos parágrafos e também os parágrafos em que elas não estão presentes.
a. A palavra é instrumento irresistível da busca pela liberdade”, afirmou Rui Barbosa em relação ao direito de expressão. No
entanto, a liberdade de imprensa e propaganda, garantida pela constituição brasileira, depara-se com limites no que tange
à persuasão aos pequenos. Esses, vivenciando a fase pueril, não detêm a criticidade desenvolvida e, consequentemente, são
facilmente influenciáveis. Assim, a publicidade infantil brasileira progride apelando às crianças e, dessa maneira, necessita de
reparos que atenuem os tons abusivos e persuasivos.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2014)

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b. Após a Segunda Guerra Mundial, a ONU promulgou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual assegura, em
plano internacional, a igualdade e a dignidade da pessoa humana. Entretanto, no Brasil, há falhas na aplicação do princípio
da isonomia no que tange à inclusão de pessoas com deficiência auditiva. Consequentemente, a formação educacional é
comprometida, o que pressupõe uma análise acerca dos entraves que englobam esta problemática.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2017)

c. Desde o início da expansão da rede dos meios de comunicação no Brasil , em especial o rádio e a televisão, a mídia pu-
blicitária tem veiculado propagandas destinadas ao público infantil , mesmo que os produtos ou serviços anunciados não
sejam destinados a este. Na década de 1970, por exemplo, era transmitida no rádio a propaganda de um banco utilizando
personagens folclóricos, chamando a atenção das crianças que, assim, persuadiam os pais a consumir.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2014)

d. O ser humano é social: necessita viver em comunidade e estabelecer relações interpessoais. Porém, embora intitulado,
sob a perspectiva aristotélica, político e naturalmente sociável, inúmeras de suas antiéticas práticas corroboram o contrário.
No que tange à questão religiosa no país, em contraposição à laicização do Estado, vigora a intolerância no Brasil, a qual é
resultado da consonância de um governo inobservante à Constituição Federal e uma nação alienada ao extremo.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2017)

e. Se houver duas religiões, cortar-se-ão os preços. Se houver trinta, viverão em paz. Na Idade Moderna, o filósofo iluminista
Voltaire foi um importante defensor da liberdade de culto e da harmonia entre as diversas crenças. Já no Brasil do século XXI
existe um retrocesso: embora haja muita diversidade religiosa, ainda há a necessidade de ser comemorar o Dia Nacional de
Combate à Intolerância Religiosa – a qual é um crime vergonhoso cuja persistência é uma mácula.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2017)

f. Caracterizada pela evidente degradação do “ser” em “ter”, a atual estrutura socioeconômica, embasada no que é efêmero
e aparente, acarreta na vida uma devastadora inversão de valores. Os indivíduos, influenciados pela vivência em meio a um
mercado de consumo marcado pela competição, passaram a enxergar o outro como um inimigo em potencial. Diante disso,
entre relacionamentos superficiais, valores egocêntricos e atitudes que priorizam o imediato, o altruísmo vai se desfalecendo
e se tornando uma raridade no mundo contemporâneo.
(Trecho extraído de redação nota 10 FUVEST 2011)

g. A Lei Seca foi implantada no Brasil no ano de 2008, com a finalidade de reduzir o número de acidentes de trânsito, tendo
em vista que 30% destes são causados por condutores alcoolizados. A lei determina que, se comprovada a ingestão de
álcool através do teste do “bafômetro” ou exame de sangue, o motorista poderia perder sua habilitação e até cumprir pena,
além de pagar uma multa.
(Trecho extraído de redação com nota 1.000 do ENEM 2013)

h. No mundo contemporâneo, o espaço para o altruísmo e o pensamento a longo prazo se restringem a escassas ações
individuais, porquanto o “status quo” direcionam as instituições humanas para a crise total de valores. A otimização e a
reificação do homem superficializam as relações interpessoais. A economia teocientífica e a ditadura do consumo consomem
cada vez mais os recursos do planeta. Portanto, a humanidade vive em um período em que não há garantias para o futuro,
somente incertezas e descrenças.
(Trecho extraído de redação nota 10 FUVEST 2011)

EXERCÍCIO 4: Leia os períodos abaixo e identifique quais deles são argumentativos e, portanto, contém o
posicionamento do autor.
a. Nota-se um aumento no número dos casos de febre amarela nas regiões rurais.
b. No Brasil, a democracia tornou-se uma forma de poder ilusória.
c. A criminalidade em São Paulo tem crescido nos últimos anos.
d. Não se pode atribuir às mulheres a responsabilidade pela violência que vivenciam.
e. Ao invés de desconstruir os preconceitos, muitas práticas educacionais acabam reforçando-o.
f. Muitas pessoas procuram exposições na cidade de São Paulo.
g. A valorização de um padrão de beleza na sociedade apaga e invalida outras identidades.

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AULA Especificidades da Fuvest e da Vunesp
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1. Especificidades Fuvest
De acordo com último manual do candidato da FUVEST, a prova de redação exigia “uma dissertação de caráter argumen-
tativo, na qual se espera que o candidato, visando sustentar um ponto de vista sobre o tema, demonstre capacidade de
mobilizar conhecimentos e opiniões; argumentar de forma coerente e pertinente; de articular eficientemente as partes
do texto e expressar-se de modo claro, correto e adequado.”
Como essas exigências são comuns a qualquer vestibular cuja proposta seja a composição de um texto dissertativo-argumen-
tativo, nenhuma dessas características é novidade. De modo geral, a ideia de refletir sobre dados e conceitos, tecer um ponto de
vista e defendê-lo a partir de argumentos convincentes segue a mesma base dos elementos vistos nas aulas anteriores.
A grande diferença entre outras provas e a FUVEST está no modo como parte dessas competências são cobradas. No esque-
ma abaixo, você encontrará algumas das especificidades e suas formas de avaliação na proposta da FUVEST.

1.1. O conceito de autoria


A FUVEST, assim como o ENEM, valoriza a elaboração de textos em que a noção de autoria possa ser reconhecida. Isto é, o
aluno deve fugir de estruturas pré-fabricadas e deve mostrar que possui competência para elaborar um texto argumentativo
a partir de suas próprias reflexões e dos textos abordados na coletânea. Nesse sentido, é importante descartar fórmulas
prontas para construir as partes do texto, como: “Desde a antiguidade, o homem...”, “Atualmente, todos sabem que...,”,
“Podemos concluir que...” Tais artimanhas são contraproducentes, porque podem ser utilizadas em quaisquer contextos, e
também porque são repetidas todos os anos no vestibular, fatores que influenciam negativamente na correção.
Além disso, o conceito de autoria também se estende à noção de “repertório”. A FUVEST determina que o candidato não se
prenda apenas aos textos da coletânea, mas que consiga articular o texto com um repertório pessoal de exemplos e de reflexões.
Nesse ponto, não é exigida uma total erudição dos conceitos abordados – nenhum vestibular obriga o candidato a citar exclu-
sivamente Aristóteles, Platão, Rousseau ou Foucault: as teorias, sem dúvida são sempre bem-vindas, mas o mais importante é a
capacidade de relacionar o tema abordado com elementos mais abstratos, sejam eles um filme hollywoodiano ou mesmo uma
letra de rap. A única recomendação é que eles sejam pertinentes ao assunto e que a reflexão seja bem construída.

1.2. Filosofia e vida em sociedade


Em alguns dos últimos vestibulares, a redação da FUVEST pediu que os alunos relacionassem conceitos filosóficos com abor-
dagens do cotidiano e da vida social como um todo. Diante disso, muitos alunos se equivocaram ao tratar o tema da prova
como “absolutamente filosófico”, como se ele não estabelecesse muita correspondência com o plano material, e, portanto,
fosse ainda mais complexo de ser abordado.
No entanto, é importante ressaltar que a introdução da filosofia nas propostas de redação não representa uma limitação, ou
uma abordagem ampla desconectada de exemplos concretos. Ao contrário disso, o desafio proposto pela FUVEST é de que
o candidato encontre exemplos e conceitos reais que permitam compreender determinado princípio filosófico.

1.3. Posicionamento
Assim como o ENEM, a FUVEST exige que o candidato elabore um posicionamento a respeito do tema abordado e discuta
tais reflexões a partir de argumentos. Para tanto, convém ressaltar que esses argumentos não devem ser meramente exposi-
tivos: eles só fazem sentido se estiverem alinhados ao ponto de vista adotado. Como a presença de informações aleatórias

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e desconectadas da elaboração de um raciocínio lógico implica na penalização da nota, é interessante caprichar no projeto
de texto e segui-lo rigidamente, evitando a inclusão de informações desnecessárias.

1.4. Formato do recorte temático


O último recorte temático proposto pela FUVEST, no vestibular de 2020, foi “O papel da ciência no mundo contemporâneo”.
Nesse caso, a banca optou por apresentar um tema em formato de afirmação, e, portanto, cabia ao candidato argumentar
a respeito desse papel da ciência. No entanto, em exames passados, o recorte temático foi composto por meio de seguintes
perguntas “As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas (2016)”, “O homem já saiu de sua menoridade?” (2017), “Deve
haver limites para a arte?” (2018) e “De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente” (2019).
Caso a prova seja composta por esses questionamentos, é fundamental que o texto do aluno procure elaborar reflexões respon-
dendo à indagação, ainda que para isso seja necessário tecer hipóteses e fazer ressalvas – isto é, expor a legitimidade de posicio-
namentos contrários. Só não vale “ficar em cima do muro”, nem levar a discussão para longe, abandonando a pergunta inicial.
De modo geral, é importante sempre estar atento ao modo como a banca da FUVEST elabora seu recorte temático e procurar
ao máximo compreender qual é a proposta solicitada.

1.5. Valorização da reflexão


De modo geral, o vestibular da FUVEST valoriza muito a capacidade de reflexão do aluno, já que poucas de suas propostas
contemplaram temas polêmicos ou aguardados nos grandes vestibulares. Além disso, não se costuma adotar um modelo padrão
de apresentação da coletânea: ela pode ser composta de excertos de gêneros diferentes – texto jornalístico, texto filosófico,
texto literário, verbetes, entre outros; pode ser feita com apenas um texto filosófico – como na proposta de 2017, cujo único
fragmento era um texto de Immanuel Kant; ou pode ser projetada a partir de textos não-verbais – como na prova de 2013, na
qual constava somente a imagem de um Shopping center e de uma publicidade de cartão de crédito. Felizmente, nos últimos
dois exames (2018 e 2019), a proposta de redação não se distanciava muito de outros modelos, oferecendo pergunta-tema,
acompanhada de diferentes textos na coletânea. No entanto, é importante que o candidato à FUVEST esteja preparado para
lidar com qualquer modelo de proposta de redação.
Tendo em vista esse cenário, a solução mais adequada é treinar bastante a reflexão a partir dos textos e também caprichar
na construção de um repertório pessoal, já que o candidato pode encontrar um tema sobre o qual nunca se debruçou, e,
portanto, não possui um posicionamento definido.

1.6. Apresentação direta da problemática


Não é recomendável, na FUVEST, que o candidato perca tempo apresentando ideias gerais sobre o assunto e, portanto,
demore para iniciar a discussão da problemática apresentada e mostrar seu ponto de vista. Muito pelo contrário, as reda-
ções que já trazem na introdução a posição do autor costumam ser bem avaliadas. Quanto mais cedo as contradições são
expostas e o senso crítico aparece, mais linhas o candidato tem para argumentar a favor de seu ponto de vista.

1.7. Não exigência de proposta de intervenção


A FUVEST não exige uma proposta de intervenção para as discussões apresentadas na prova de redação, até mesmo porque
seus temas não se vinculam necessariamente a um problema cuja resolução esteja ao alcance de diferentes setores, como
esperado no ENEM. Caso seja pertinente e esteja em consonância com a argumentação construída, em alguns temas espe-
cíficos, o candidato pode sugerir intervenções em diferentes níveis.

2.Critérios
Desenvolvimento do tema e organização do texto dissertativo-argumentativo
Verifica-se inicialmente se o texto configura-se como uma dissertação argumentativa e se atende ao tema proposto. Pressu-
põe-se, então, que o candidato demonstre habilidade de compreender a proposta de redação e, quando esta contiver uma
coletânea, que se revele capaz de ler e de relacionar adequadamente as ideias e informações dos textos que a integram. No que

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diz respeito ao desenvolvimento do tema, verifica-se, além da pertinência das informações e da efetiva progressão temática, a
capacidade crítico-argumentativa que a redação venha a revelar. A paráfrase de elementos que compõem a proposta de redação
não é um recurso recomendável para o desenvolvimento adequado do tema. Não se recomenda, também, que o texto produ-
zido se configure como uma dissertação meramente expositiva, isto é, que se limite a expor dados ou informações relativos ao
tema, sem que se explicite um ponto de vista devidamente sustentado por uma argumentação consistente.
Coerência dos argumentos e articulação das partes do texto
Avaliam-se, conjuntamente, a coerência dos argumentos e das opiniões e a coesão textual, ou seja, a correta articulação das
palavras, frases e parágrafos. A coerência reflete a capacidade do candidato de relacionar os argumentos e organizá-los de
forma a deles extrair conclusões apropriadas e, também, sua habilidade para o planejamento e a construção significativa do
texto. Devem-se evitar contradições entre frases ou parágrafos, falta de encadeamento das ideias, circularidade ou quebra
da progressão argumentativa, uso de argumentação baseada apenas no senso comum e falta de conclusão ou conclusões
que não decorram do que foi previamente exposto. Quanto à coesão, serão verificados, entre outros, o estabelecimento de
relações semânticas entre partes do texto e o uso adequado de conectivos.
Correção gramatical e adequação vocabular
Avaliam-se o domínio da norma-padrão escrita da língua portuguesa e a clareza na expressão das ideias. Serão examinados
aspectos gramaticais como ortografia, morfologia, sintaxe e pontuação, e o emprego adequado e expressivo do vocabulá-
rio. Espera-se que o candidato revele competência para expor com precisão e concisão os argumentos selecionados para
a defesa do ponto de vista adotado, evitando o uso de clichês ou frases feitas. Avalia-se, também, a seleção adequada do
vocabulário, tendo em vista as peculiaridades do tipo de texto exigido.

3. Especificidades Vunesp
A fundação VUNESP é a responsável por elaborar a prova de diferentes vestibulares de medicina. Entre as universidades
públicas estão: UNESP, UNIFESP, FAMERP FAMEMA, SANTA CASA, UEA e UFTM. Na rede privada, a fundação cuida dos
ingressos nas instituições ANHEMBI MORUMBI, BARRETOS, UNICID, FAM, FAMECA, SÃO CAETANO, JUNDIAÍ, SÃO CAMILO,
UNINOVE, UNIFAE, FACEF. Desse modo, é importante conhecer de perto como funciona a prova de redação, já que sua forma
de aplicação e avaliação é – em geral – a mesma em todas essas universidades. As diferenças ficam por conta da pontuação
atribuída à redação na nota final.
A redação da VUNESP, de acordo com o Manual do candidato UNESP 2019, exige “dissertação em prosa na norma-padrão
da língua portuguesa, a partir da leitura de textos auxiliares, que servem como um referencial para ampliar os argumentos
produzidos pelo próprio candidato. Ele deverá demonstrar domínio dos mecanismos de coesão e coerência textual, conside-
rando a importância de apresentar um texto bem articulado.” Novamente, vemos a solicitação de um texto dissertativo-ar-
gumentativo que exige reflexão, repertório e boa articulação na escrita. Nesse sentido, é interessante conhecer, a partir de
agora, quais são as particularidades que esse tipo de proposta requer.

3.1. Padrão de coletânia


Diferentemente da FUVEST, a VUNESP possui um modelo padronizado de apresentação da proposta. Ele consiste na seleção
de 2 a 5 textos que servem de auxílio para a compreensão do tema e para a elaboração dos argumentos pelo candidato.
Como a maior parte desses excertos é proveniente do meio jornalístico, entende-se que as propostas da VUNESP dialogam
com temas em constante debate na mídia, o que facilita a construção dos argumentos. No entanto, é importante saber
interpretar todos os gêneros textuais: quadrinhos, charges, textos filosóficos, poemas, etc, pois – eventualmente – algumas
coletâneas são compostas de diferentes tipos de texto.

3.2. Análise de diferentes pontos de vista


Os excertos escolhidos pela VUNESP costumam apresentar pontos de vista divergentes sobre o assunto em questão. Essa
escolha não é aleatória: ela induz o candidato a criar argumentos que sejam capazes de corroborar ou contestar os posicio-
namentos apresentados na coletânea, fazendo – sobretudo – o uso de ressalvas. Sendo assim, é importante observar se os
argumentos escolhidos para sustentar a tese já não estão “invalidados” por um desses excertos da coletânea.

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3.3. Pergunta-tema
Boa parte das propostas de redação são compostas por uma pergunta-tema que deve ser respondida ao longo da discussão.
No entanto, isso não é uma regra: a proposta da SANTA CASA de 2018, porexemplo, exigia apenas a discussão acerca dos
“Desafios do jornalismo na era da pós-verdade”.

3.4. O conceito de autoria


A VUNESP também valoriza a ideia de autoria e condena a utilização de formas pré-fabricadas. De acordo com o “Blog da
Unesp”, ligado à fundação VUNESP, o melhor caminho é investir na capacidade de criar sozinho:
A pergunta que se impõe, nesse caso, é o que permite que o sistema de redações pré-fabricadas esteja dando certo? Muito
simples a resposta: não está dando certo nos vestibulares que têm por princípio variar não apenas as propostas, mas as áreas
de conhecimento ou de experiência donde são extraídos os temas. Nestes, não há como prever esquemas para as redações:
os candidatos têm de criar um desenvolvimento de texto original.(...) O melhor caminho é e sempre foi aprender a redigir
adequadamente. Quem o segue, nunca vai precisar de se socorrer a artimanhas. E levará a capacidade de bem redigir por toda
a sua vida. Pense bem nisso!
(http://blogunesp.vunesp.com.br/?p=1343. Acessado em 04.03.2018)

3.5. Não exigência de proposta de intervenção


Assim como a FUVEST, a UNESP não exige uma proposta de intervenção para as discussões apresentadas na prova de reda-
ção. Entretanto, a recomendação é a mesma: se pertinente e consoante com a argumentação construída, o candidato pode
sugerir intervenções em alguns temas.

3.6. Abordagem contemporânea


As propostas da VUNESP costumam trabalhar com temas de diferentes áreas do conhecimento – social, econômica, política,
comportamental, entre outros. Entretanto, esses temas sempre se referem a discussões de caráter atual. Por isso, uma boa
dica para é estar antenado aos assuntos que permeiam o debate contemporâneo no Brasil e no mundo, conhecendo – in-
clusive – as fontes de onde os excertos costumam ser extraídos. Na lista abaixo, foram apresentados algumas das fontes de
diferentes coletâneas VUNESP para o vestibular de 2018:
§ http://exame.abril.com.br,
§ www.cartacapital.com.br,
§ www.cartaeducacao.com.br,
§ Folha de São Paulo (impresso),
§ https://noticias.uol.com.br,
§ www2.camara.leg.br,
§ www.em.com.br (Jornal do Estado de Minas)
§ http://oglobo.globo.com.

4. Critérios
Tema
Considera-se se o texto do candidato atende ao tema proposto. A fuga completa ao tema proposto é motivo suficiente para
que a redação não seja corrigida em qualquer outro de seus aspectos, recebendo nota 0 (zero) total.
Estrutura (gênero/tipo de texto e coerência)
Consideram-se aqui, conjuntamente, os aspectos referentes ao gênero/tipo de texto proposto e à coerência das ideias. A fuga
completa ao gênero/ tipo de texto é motivo suficiente para que a redação não seja corrigida em qualquer outro de seus as-
pectos, recebendo nota 0 (zero) total. Avalia-se aqui como o candidato sustenta sua tese em termos argumentativos e como

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essa argumentação está organizada, considerando-se a macroestrutura do texto dissertativo (introdução, desenvolvimento
e conclusão). No gênero/tipo de texto, avalia-se também o tipo de interlocução construída: por se tratar de uma dissertação,
deve-se prezar pela objetividade, sendo assim, o uso de primeira pessoa do singular e de segunda pessoa (singular e plu-
ral) poderá ser penalizado. Será considerada aspecto negativo a referência direta à situação imediata de produção textual
(ex.: como afirma o autor do primeiro texto/da coletânea/do texto I; como solicitado nesta prova/proposta de redação). Na
coerência, será observada, além da pertinência dos argumentos mobilizados para a defesa do ponto de vista, a capacidade
do candidato de encadear as ideias de forma lógica e coerente (progressão textual). Serão consideradas aspectos negativos
a presença de contradições entre as ideias, a falta de partes damacroestrutura dissertativa, a falta de desenvolvimento das
ideias, a falta de autonomia do texto, ou a presença de conclusões não decorrentes do que foi previamente exposto.
Expressão (coesão e modalidade)
Consideram-se nesse item os aspectos referentes à coesão textual e ao domínio da norma-padrão da língua portuguesa. Na
coesão, avalia-se a utilização dos recursos coesivos da língua (anáforas, catáforas, substituições, conjunções etc.) de modo
a tornar a relação entre frases e períodos e entre os parágrafos do texto mais clara e precisa. Serão considerados aspectos
negativos as quebras entre frases ou parágrafos e o emprego inadequado de recursos coesivos. Na modalidade, serão exa-
minados os aspectos gramaticais como ortografia, morfologia, sintaxe e pontuação, bem como a escolha lexical (precisão
vocabular) e o grau de formalidade/ informalidade expressa em palavras e expressões.

5. Exercícios
EXERCÍCIO 1: LEIA OS TEXTOS E FAÇA O QUE SE PEDE:

TEXTO 1

Caulos. Só dói quando respiro.

TEXTO 2
Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
“Elegia 1938”. Carlos Drummond de Andrade

Redija um parágrafo no qual você descreva semelhanças entre a imagem e o poema.

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A

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TEXTO 1

Cao Guimarães entende a gambiarra de modo mais amplo,

como algo que extravasa a ideia de objeto ou simples enge-

nhoca, manifestando-se em “gestos, ações, costumes, pensa-

mentos, culminando na própria ideia de existência”

“O acaso na obra de Cao Guimarães: Gambiarras


expandidas”. Cassia Takahashi Hosni.

Cao Guimaraes. Gambiarra.(2000-2014)

TEXTO 2
O jeitinho é a regra não escrita, sem existência legal, mas seguida ao pé da letra nas relações micro e macrossociais.
Está tão estabelecido, é tão natural que estranhá-lo (hoje menos do que ontem, reconheça- se) pode ser entendido
como pedantismo, arrogância ou ignorância.
Jeitinho e jeitão” – Francisco de Oliveira, sociólogo brasileiro. Revista Piauí, 2016.

Redija um parágrafo no qual você descreva semelhanças entre a obra de arte e o excerto.

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EXERCÍCIO 2: LEIA E COMPARE OS TEXTOS ABAIXO, IDENTIFICANDO OS POSICIONAMENTOS APRESENTA-


DOS. EM SEGUIDA, REDIJA UMA PARÁGRAFO EM QUE VOCÊ DEFENDA APENAS UMA DAS PERSPECTIVAS,
INVALIDANDO O POSICIONAMENTO APRESENTADO NO OUTRO EXCERTO.

40
A

TEXTO 1
O suicídio assistido por médicos é antitético a uma cultura da vida por uma série de razões.
Em primeiro lugar, o suicídio assistido por médicos estabelece diretrizes arbitrárias sobre quem recebe a prevenção
do suicídio e quem recebe a assistência ao suicídio.
Os pacientes de uma certa idade ou com uma determinada condição de qualificação são instruídos a encerrar suas
vidas com ajuda profissional, enquanto outros recebem apoio para continuarem vivendo. Essas circunstâncias são
completamente arbitrárias e sujeitas a mudanças por capricho.
Em última análise, as diretrizes de suicídio assistidas por médicos passam a mensagem de que algumas vidas são
simplesmente mais valiosas do que outras. Uma mentalidade que privilegia algumas vidas em detrimento de outras
infecta a cultura em múltiplos níveis.
Ao contrário do mito prevalente de que o suicídio assistido por médicos é principalmente uma opção para aqueles
que sofrem de dores excruciantes, estudos sugerem que a principal causa de suicídio assistido por médico não é a
dor, mas o sofrimento existencial.
www.gazetadopovo.com.br/ideias/legalizar-o-suicidio-assistido-criaria-uma-triste-cultura-3nf3m0vrgztet6ajt48ym5tt1/ (05.10.2018)

TEXTO 2
A tecnologia e os recursos terapêuticos à disposição da medicina moderna criaram os meios para que os limites da
vida sejam alargados muito além do razoável. Quantas vezes me deparei com a dúvida: o que acabo de prescrever
vai prolongar a vida ou o calvário dessa pessoa?
Na realidade, nem a sociedade nem nós, profissionais, estamos preparados para nos rendermos ao fato de que o
corpo pode se tornar um fardo irreversivelmente insuportável, incapaz de oferecer o prazer mais insignificante, even-
tualidade em que a morte deveria ser entendida como desenlace natural.
Nessas circunstâncias, seria preciso colocar os doentes a par da gravidade e da irreversibilidade da doença, de modo
que pudessem tomar a decisão informada de abreviar ou não a duração dos dias finais. Faltam as leis, mas não os
meios necessários para lhes proporcionar o final digno que todos desejamos para nós mesmos
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/drauziovarella/2018/11/suicidio-assistido.shtml (25.11.2018).

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TEXTO 1
O professor de psicologia da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, Keith Campbell, sugere que um dos
motivos que nos fazem amar selfies é porque elas são uma forma de expressão criativa. Ele afirma que a selfie é uma

41
B
variação moderna dos autorretratos dos artistas. Graças às câmeras dos celulares localizadas na frente, podemos
tirar inúmeras fotos de nós mesmos até conseguir a imagem que nos mostra exatamente como queremos - uma
imagem a qual nos sentimos felizes de compartilhar como mundo online. Curioso notar que uma pesquisa sugere
que essa “auto representação seletiva” pode na verdade aumentar nossa autoestima e confiança.
https://www.shutterstock.com/pt/blog/o-que-o-seu-selfie-diz-sobre-voce-a-ciencia-por-tras-da-nossa-obsessao(Adaptado )

TEXTO 2
O que é muito discutido atualmente é se toda essa exposição e busca revela um sintoma da sociedade, cada vez
menos interessada nas relações de fato e reais, à medida que apenas investe na proliferação de imagens, que não
necessariamente traduzem o sentido real, ou seja, se o indivíduo de fato está feliz e bem. Mas essa busca por ser
admirado e amado, de modo tão instantâneo, traduz os reais sentimentos? E, ao final, o indivíduo que terá muitas
curtidas e elogios realmente se sentirá melhor? Dessa forma, cada vez mais as relações se tornam superficiais, ou
seja, quando o indivíduo está realmente em contato com o outro, pouco expõe o que deseja, sente, pensa,já que
está tão voltado para sua selfie.
http://lounge.obviousmag.org/psicologia_na_contemporaneidade/2014/09/o-narcisismo-

-na-contemporaneidade-o-mal-estar-da-era-das-selfies.html

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42
AULA Parágrafo padrão e tópico frasal
7

1. Parágrafo padrão
Na dissertação argumentativa, parágrafo padrão é a unidade composta por vários períodos na qual se desenvolve uma ideia
central. Ele deve conter apenas um assunto, pois é justamente a centralidade da ideia que garante sua unidade. A maior par-
te dos parágrafos confusos são aqueles que se propõem a discutir – num mesmo espaço – dois ou três assuntos diferentes,
prejudicando compreensão geral do texto, sobretudo por apresentarem grandes saltos temáticos.
O parágrafo-padrão também possui uma estrutura fixa que deve ser respeitada, com uma espécie de introdução, desenvol-
vimento e conclusão, conforme o parágrafo abaixo.
A priori, é imperioso destacar que a manipulação da conduta dos usuários, pelo controle dos seus dados nas plataformas virtu-
ais, é fruto do despreparo civil para lidar com a influência das tecnologias. Isso porque, mediante a ausência de uma orientação
adequada, os indivíduos são expostos, cotidianamente, a conteúdos selecionados por algoritmos que direcionam os mate-
riais, segundo os gostos pessoais. Esse panorama se evidencia, por exemplo, quando se observa a elaboração superficial de
um “ranking“ diário de informações em plataformas digitais como “Twitter”, em que o grau de relevância da disposição de
conteúdos já é pré-determinado. Logo, é substancial a alteração desse quadro que vai de encontro à possibilidade de escolha
inerente ao homem.
(Trecho extraído de redação modelo do exame ENEM 2018)

No exemplo, podemos perceber que que o primeiro período configura a abertura de uma ideia (vermelho); os seguintes, o
desenvolvimento (azul); e o último, a conclusão (verde), apresentada como uma consequência do problema discutido. De
modo geral, a organização escolhida deixou o trecho perfeitamente compreensível.
Assim, é importante que o parágrafo padrão preze sempre por uma lógica sequencial, isto é, as informações precisam estar apre-
sentadas de acordo com o raciocínio que o autor deseja mostrar. Muitas vezes, seja pelo nervosismo ou pela falta de experiência
com a escrita, muitos alunos acumulam informações no parágrafo, tornando-o incoerente e até mesmo incompreensível. Nesses
casos, uma boa dica é escrever períodos curtos e realizar uma leitura atenta do parágrafo após terminar de redigi-lo.
A forma mais segura para a construção do parágrafo padrão chama-se tópico frasal. Ela é utilizada com frequência por
garantir organização e unidade na redação. No entanto, ela não é a única forma de estruturá-lo: alguns temas mais filosófi-
cos ou sociológicos, como os da FUVEST, podem ser estruturados de outro modo.

2. Tópico frasal
Chama-se tópico frasal o período-síntese que anuncia a ideia a ser desenvolvida no parágrafo. Ele deve ser curto e conciso,
e deve sempre pressupor explicações. Outro detalhe importante: em boa parte dos empregos eles estão acompanhados de
conjunções que fazem a conexão com o parágrafo anterior. Abaixo seguem alguns exemplos extraídos das melhores reda-
ções do ENEM e da FUVEST.
O uso da afirmação/declaração é o principal modo de empregar tópico frasal. Trata-se de uma ideia do autor que orienta-
rá o parágrafo. Por se tratar de uma declaração geral, deve ser redigida por períodos argumentativos, isto é, períodos
que contenham julgamentos, avaliações, ou definições do próprio autor que, obrigatoriamente, exijam explicações.
Ex1: As habilidades publicitárias são poderosas. O uso de ídolos infantis, desenhos animados e trilhas sonoras in-
duzem a criança a relacionar seus gostos a vários produtos. Dessa maneira, as indústrias acabam compartilhando
seus espaços; como exemplo as bonecas Monster High fazendo propaganda para o fast food Mc Donalds. A falta
de discussão sobre o assunto é evidenciada pelas opiniões distintas dos países. Conforme a OMS, no Reino Unido

43
há leis que limitam a publicidade para crianças como a que proíbe parcialmente – em que comerciais são proibidos
em certos horários -, e a que personagens famosos não podem aparecer em propagandas de alimentos infantis.
Já no Brasil há a auto-regulamentação, na qual o setor publicitário cria normas e as acorda com o governo, sem
legislação específica.
(Trecho extraído de redação modelo do exame ENEM 2014)

No exemplo abaixo, há dois parágrafos extraídos da mesma redação. Além de cada um deles desenvolver uma ideia diferente
– reforçando a opinião da autora – eles estão muito bem conectados por uma conjunção.
Ex2: Os indivíduos com idade pouco avançada, em sua maioria, ainda não possuem condições emocionais para
avaliar a necessidade de compra ou não de determinado brinquedo ou jogo. Isso porque eles não desenvolveram
o senso crítico que possibilita uma escolha consciente e não impulsiva por um produto, como já observou Freud
em seus estudos sobre os desejos e impulsos do homem. Consequentemente, os pais, principais responsáveis pela
educação dos filhos, devem ter o controle sobre o que é divulgado para eles, pois possuem maior capacidade para
enxergar vantagens e desvantagens do que é anunciado.

Além disso, pela pouca maturidade, as crianças são facilmente manipuláveis pela mídia. Isso ocorre por uma crença
inocente em imagens meramente ilustrativas, que despertam a imaginação e promovem o deslocamento da reali-
dade, deixando a sensação de admiração pelo produto. Como consequência, empresas interessadas na venda em
larga escala e no lucro aproveitam esse quadro para divulgar propagandas enganosas, em muitos casos.
(Trecho extraído de redação modelo do exame ENEM 2014)

Ex 3: Além disso, a maioria das escolas brasileiras não incluem os surdos, assim como os demais portadores de
necessidades especiais, em seus programas, estimulando a diferença e o preconceito. Por mais que a legislação
brasileira garanta o ensino inclusivo, a maioria das escolas brasileiras não possuem estrutura para atender aos
deficientes auditivos, principalmente por conta da falta de profissionais qualificados. A pouca inclusão dos jovens
deficientes e não-deficientes valoriza a diferença entre eles, gerando discriminação e uma sociedade dividida. O
renomado geógrafo Milton Santos dizia que uma sociedade alienada é aquela que enxerga o que separa, mas não
o que une seus membros, algo que se evidencia na exclusão de surdos em todos os níveis de ensino.
(Trecho extraído de redação modelo do exame ENEM 2016)

Às vezes, o tópico frasal pode estar acompanhado de referências:


Ex 4: A crescente valorização do consumo é preocupante se uma economia de mercado transforma-se em uma
sociedade de mercado, como define Michael Sandel. Nesse tipo de sociedade, tudo pode ser comprado e tem
um preço. São exemplos dessa possível transformação a venda da virgindade pela jovem brasileira em 2012 e a
compra de votos no chamado Mensalão. Nesses casos, a virgindade e o deve cívico do voto, a princípio sem preço,
foram vendidos como simples mercadorias. Desvirtua-se, portanto, os valores da sociedade e, de fato, cartões de
credito e dinheiro poderão comprar felicidade e tudo o que o mundo oferece.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2013)

Ex 5: Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução da casa colonial, como disserta
Gilberto Freyre em “Casa-Grande Senzala”. O autor ensina que a realidade do Brasil até o século XIX estava com-
pactada no interior da casa-grande, cuja religião era católica, e as demais crenças – sobretudo africanas – eram
marginalizadas e se mantiveram vivas porque os negros lhe deram aparência cristã, conhecida hoje por sincretismo
religioso. No entanto, não é razoável que ainda haja uma religião que subjugue as outras, o que deve, pois, ser
repudiado em um estado laico, a fim de que se combata a intolerância de crença.
(Trecho extraído de redação modelo do exame ENEM 2016)

Em alguns casos, o tópico pode estar estruturado com uma oração concessiva. Ela serve para conduzir um raciocínio por meio
de ressalvas e é introduzida pelas conjunções embora, ainda que, mesmo que, por mais que.
Ex 6: Em uma primeira abordagem, é importante sinalizar que, ainda que leis como a “Maria da Penha” tenham
contribuído bastante para o crescimento do número de denúncias relacionadas à violência – física, moral, psico-
lógica, sexual – contra a mulher, ainda se faz presente uma limitação. A questão emocional, ou seja, o medo, é

44
uma causa que desencoraja inúmeras denúncias. Muitas vezes, a suposta submissão econômica da figura feminina
agrava o desconforto. Em outros casos, fora do âmbito familiar, são instrumentos da perpetuação da violência o
medo de uma retaliação do agressor e a “vergonha social”, o que desestimula a busca por justiça e por direitos,
peças-chave na manutenção de qualquer democracia.
(Trecho extraído de redação modelo do exame ENEM 2015)

3. Exercícios
EXERCÍCIO 1: Redija um parágrafo de um texto dissertativo-argumentativo a partir dos tópicos frasais abaixo.
Procure reunir informações, exemplos, dados ou citações de seu repertório pessoal, que reafirmem a ideia
proposta no período.

a. As residências, nos grandes centros urbanos, transformaram-se em fortalezas repletas de segurança......................................

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b. Muitas empresas se valem do desconhecimento e ignorância dos consumidores para impor a necessidade de novos produ-
tos...........................................................................................................................................................................................
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c. A falta de estrutura nas escolas e o baixo incentivo em formação continuada prejudica o desempenho dos professores da
educação básica......................................................................................................................................................................
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d. As questões ambientais, no Brasil, são frequentemente atravessadas por conflitos entre ambientalistas e empresas
privadas..................................................................................................................................................................................
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EXERCÍCIO 2: Agora, redija o parágrafo considerando as ressalvas realizadas no tópico frasal.
a. Embora a lei de imigração, de 2016, tenha facilitado a permanência legal dos estrangeiros no Brasil, a xenofobia existente
em relação a algumas nacionalidades continua a torturar parte da população imigrante que vive no país.............................

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b. Por mais que haja problemas graves na rede de atendimento do SUS, sua cobertura contempla diversos programas de exce-
lência na saúde pública...........................................................................................................................................................
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c. Apesar da possibilidade de desenvolver efeitos colaterais a longo prazo, é fundamental que a vacinação seja defendida e
valorizada................................................................................................................................................................................
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AULA Estratégias argumentativas I
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1. Explicação / Exemplificação / Dados estatísticos


/ Narração / Contra-Argumentação
O objetivo principal deste e do próximo capítulo é oferecer um conjunto organizado de estratégias e técnicas que facilitem a
composição de um parágrafo de argumentação, levando em conta a existência de um tópico frasal. É importante lembrarmos
que, como foi dito na aula anterior, o tópico frasal não é a único modelo de introdução de parágrafos, mas ainda assim é
um modelo cujos recursos precisam ser praticados para que, em momento posterior, o estudante possa fazer uso de técnicas
mais elaboradas.

1.1. Explicação
A explicação é uma estratégia argumentativa articulada em duas etapas sequenciais. A primeira vale-se do tópico frasal para
fazer uma declaração do posicionamento do autor. Em seguida, no desenvolvimento, é necessário complementar a informação,
explicando o motivo dos fatos anteriormente apresentados. Em outros termos, trata-se de uma elucidação mais ampla das cau-
sas do que se afirma no tópico frasal. É importante destacar também que a explicação do tópico frasal geralmente vem acom-
panhada de outras estratégias que contemplem um repertório do aluno, como exemplificações ou citações. Veja o exemplo:
Ademais, é preciso compreender tal fenômeno patológico (manipulação) como um atentado às
instituições democráticas. Isso porque a perspectiva de mundo dos indivíduos coordena suas escolhas em
eleições e plebiscitos públicos. Dessa maneira, o povo tende a agir segundo o conceito de menoridade, do filósofo
iluminista Immanuel Kant, no qual as decisões pessoais são tomadas pelo intelecto e influência de outro. Eviden-
cia-se, assim, que o domínio da seletividade de informações nas redes sociais, como Facebook e Twitter, pode
representar uma sabotagem ao Estado Democrático.
(Trecho de redação nota 1000 do ENEM 2018)

O tópico frasal apresentado pelo candidato considera a manipulação um fenômeno patológico que atenta contra democracia. A
sequência do período (explicação) delineia os porquês. Em seguida, o candidato continua o desenvolvimento de seu raciocínio
se valendo de um conceito filosófico para embasar seu argumento.

1.2. Exemplificação
Outra estratégia interessante de desenvolvimento do tópico frasal é a exemplificação. O movimento consiste em apresentar
uma afirmação geral mais simples para, na sequência, realizar uma prova dessa afirmação por meio de exemplos que sus-
tentem o tópico.

Exemplo:
Em primeiro lugar, é notória a dificuldade que há no homem em aceitar o diferente, principalmente ao se tratar
de algo tão pessoal como a religião. Prova disso é a presença da não aceitação das crenças alheias em diferentes
regiões e momentos históricos, como no Império Romano antigo, com as perseguições aos cristãos, na Europa
medieval, com as Cruzadas e no atual Oriente Médio, com os conflitos envolvendo o Estado Islâmico.
(Trecho de redação nota 1000 do ENEM 2016)

Podemos perceber que o trecho destacado apresenta um tópico frasal bastante claro (é notória a dificuldade que há no homem
em aceitar o diferente, principalmente ao se tratar de algo tão pessoal como a religião). Na 50 sequência, o candidato se vale

47
do recurso de exemplificação (o trecho em destaque) para elencar alguns casos que ratifiquem a informação contida no tópico.

1.3. Dados estatísticos / científicos


O desenvolvimento do tópico frasal também pode ser realizado por meio de dados estatísticos / científicos. Essa
estratégia requer um pouco de cautela, pois não se recomenda que o estudante forneça dados estatísticos de
sua memória, principalmente se não há certeza sobre as fontes de obtenção. A principal recomendação é que o
texto replique dados fornecidos pela própria coletânea de textos que acompanha a proposta de redação.

Exemplo
Além dessa visão segregacionista, a lentidão e a burocracia do sistema punitivo colaboram com a permanência das
inúmeras formas de agressão. No país, os processos são demorados e as medidas coercitivas acabam não sendo
tomadas no devido momento. Isso ocorre também com a Lei Maria da Penha, que entre 2006 e 2011 teve apenas
33,4% dos casos julgados. Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa ineficiência continuam violentando
as mulheres e não são punidos. Assim, essas são alvos de torturas psicológicas e abusos sexuais em diversos locais,
como em casa e no trabalho.
(Trecho da redação nota 1000 do ENEM 2015)

O trecho destacado evidencia que a candidata recorre a dados numéricos presentes na coletânea oferecida pelo ENEM para
ratificar o tópico frasal de seu parágrafo. E também a partir desses dados, são encadeados argumentos conclusivos que
estabelecem relação com o tema.

1.4. Narração
Os processos argumentativos também podem ser encadeados por meio da construção de uma narrativa. Em termos mais
claros, ocorre quando recuperamos uma história / um caso, com seus personagens, localidades e vínculos temporais. Para
que não haja confusões entre o entendimento do que é uma narração e, por exemplo, uma descrição ou exemplificação, é
necessário lembrar desses três pontos:
I. O processo narrativo configura um conjunto de alterações de situações referentes a personagens determinadas. Essas
personagens podem ser unitárias ou coletivas (podemos ter um indivíduo sobre o qual se conta algo, como o prefeito de
São Paulo, ou podemos ter uma personagem coletiva, como a sociedade ou os jovens da geração 2000).
II. Não podemos nos esquecer de que a história dessa(s) personagem(ns) precisa(m) estar vinculada(s) a uma temporalidade
precisa, e a também a um espaço bem configurado. A narrativa é um texto figurativo que irá compor um argumento concreto
de seu texto.
III. Toda história possui uma progressão temporal (temos eventos anteriores, concomitantes e posteriores). Aqui, é essencial
saber manipular os elementos verbais, inclusive para que possamos organizar a disposição desses eventos em ordens varia-
das, de acordo com a necessidade imposta pelo tema.

Exemplo
O contexto histórico brasileiro indubitavelmente influencia essa questão. A colonização portuguesa buscou cate-
quizar os nativos de acordo com a religião europeia da época: a católica. Com a chegada dos negros africanos,
décadas depois, houve repressão cultural e, consequentemente, religiosa que, infelizmente, perpetua até os dias de
hoje. Prova disso é o caso de uma menina carioca praticante do candomblé que, em junho de 2015, foi ferida com
pedradas, e seus acompanhantes, alvos de provocações e xingamentos. Ainda que a violência verbal, assim como
a física, vá contra a Constituição Federal, os agressores fugiram e, como em outras ocorrências, não foram punidos.
(Trecho de redação nota 1000 do ENEM 2016)

Para ratificar a ideia central de seu argumento, a candidata complementa o parágrafo com a narrativa de um fato con-
creto que está vinculado ao tema. As personagens dessa narrativa foram uma menina carioca, seus acompanhantes e os
agressores. Os fatos foram devidamente encadeados a partir de um dado de temporalidade (em junho de 2015) que exigia
colocações verbais em pretérito perfeito.

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1.5. Contra-argumentação
A contra-argumentação é uma estratégia argumentativa que consiste em apresentar um argumento oposto ao seu, para
depois questioná-lo, desconstruí-lo ou condená-lo.
Além disso, é cabível enfatizar que, de acordo com Paulo Freire, um seu livro “Pedagogia do Oprimido”, é neces-
sário buscar uma “cultura de paz”. De maneira análoga, muitos religiosos, a fim de evitar conflitos, hesitam em
denunciar casos de intolerância, sobretudo quando envolvem violência. Entretanto, omitir crimes, ao contrário do
que se pensa, significa colaborar com a insistência da discriminação, o que funciona como um forte empecilho para
resolução dessa problemática.
(Trecho de redação nota 1000 do ENEM 2016)

No excerto, o candidato apresenta uma postura e a respectiva justificativa e, em seguida, condena comargumentos o posi-
cionamento anteriormente apresentado.

2. Exercícios
EXERCÍCIO 1: Determine as estratégias argumentativas utilizadas nos parágrafos abaixo.
a. Em consequência disso, os deficientes auditivos encontram inúmeras dificuldades em variados âmbitos de suas vidas. Um
exemplo disso é a difícil inserção dos surdos no mercado de trabalho, devido à precária educação recebida por eles e ao
preconceito intrínseco à sociedade brasileira.
b. A formação educacional de surdos encontra, no Brasil, uma série de empecilhos. Essa tese pode ser comprovada por meio
de dados divulgados pelo Inep, os quais apontam que o número de surdos matriculados em instituições de educação básica
tem diminuído ao longo dos últimos anos.
c. O sistema de segurança no Brasil é falho. Como a violência é alta e existe uma enorme burocracia, os casos denunciados
e julgados são pequenos. Além do mais, muitas mulheres têm medo de seus companheiros ou dependem financeiramente
deles, não contando as agressões que sofrem. Dessa forma, mais criminosos ficam livres e mais mulheres se tornam vítimas.
d. Além disso, há a violência moral, ainda muito frequente no mercado de trabalho. Pesquisas comprovam que, no Brasil,
o salário dado a homens e mulheres é diferente, mesmo com ambos exercendo a mesma função. Ademais, empresas
preferem contratar funcionários do sexo masculino para não se preocuparem com uma possível licença maternidade.
e. Ao focar no público infantil, os meios publicitários elencam os códigos e as características do cotidiano da criança, isto
é, assumem o habitus – conceito de Pierre Bourdieu, definido como ‘princípios geradores de práticas distintas e distinti-
vas’ – típico dessa faixa etária: o desenho animado da moda, o jogo eletrônico socialmente compartilhado, o brinquedo
de um famoso personagem da mídia, etc. Por outro lado, a criança necessita de um espaço que a permita crescer de modo
saudável, ou seja, com qualidade de vida. Os abusos publicitários afetam essa prerrogativa: ao promoverem o consumo
exarcebado, causam dependência material, submetendo crianças a um círculo vicioso de compras, no qual, muitas vezes,
os pais não podem sustentar. A felicidade é orientada para um produto, em detrimento de um convívio social saudável
e menos materialista.
EXERCÍCIO 2: Com base na estratégia argumentativa determinada e nas informações disponibilizadas, com-
plete os parágrafos iniciados abaixo.

I. EXEMPLIFICAÇÃO
No Brasil existem 6.103 bibliotecas públicas - quantidade considerada baixa em relação ao número da população
brasileira. E pensando nessa necessidade, em 2016, foi criado o projeto Cantos de Leitura. Muito mais do que biblio-
tecas, os Cantos de Leitura são espaços de convivência onde o livro é o ponto chave. Desde então, já são 30 unidades
inauguradas em todo país e mais de 36 mil livros doados, de diferentes
https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2019/02/21/internas_educacao,1032598/pro-
jeto-leva-espaco-de-cultura-e-convivencia-para-locais-de-vulnerabil.shtml

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a. Embora o nível de leitura da população brasileira ainda seja baixo, existem alternativas positivas que fomentam a
leitura em todo o país................................................................................................................................................
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II. DADOS ESTATÍSTICOS

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noti-
cias/20995-desemprego-volta-a-crescer-no-primeiro-trimestre-de-2018

Na situação atual, é fundamental criar medidas para a geração de novos empregos formais no país, já que..............
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III. CONTRA-ARGUMENTAÇÃO
A geração de 16 a 25 anos poderá assumir na vida pública um bonde que representantes da faixa dos 40 anos
acreditam ter perdido.
Pesquisa Datafolha feita em agosto mostra que os jovens são o grupo com maior interesse em participar da política,
seja disputando eleição ou assumindo cargo de governo.
Entre os entrevistados, 29% dos que têm entre 16 e 25 anos responderam ter muito interesse ou um pouco de
interesse em encarar as urnas.
Conforme a idade sobe, diminui a disposição. De 26 a 40 anos, 19% das pessoas respondem dessa forma. Na faixa
acima de 41 anos, a taxa é de 15%.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/jovens-tem-mais-interesse-em-atuar-na-politica-mostra-pesquisa.shtml

Parte da população brasileira afirma que os jovens não têm nenhum interesse na política. No entan-
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50
AULA Pratique mais
extra

1.Propostas extras ENEM


1.1. Proposta 1
TEXTO 1
NÚMERO DE ADOLESCENTES APREENDIDOS CRESCE SEIS VEZES NO BRASIL EM 12 ANOS
Entre 1996 e 2014, o número de jovens entre 12 e 17 anos que foram apreendidos no Brasil pela prática de crimes aumen-
tou em quase seis vezes. De acordo com o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta segunda-feira
(30), há uma crescente no encarceramento de adolescentes no país: passou de 4.245 para 24.628.
Os dados foram compilados pelo anuário através de índices do ministério dos Direitos Humanos e do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística). Entre os jovens apreendidos, 22,5% está em detenção provisória. E cerca de 9%
está em semi liberdade.

Ainda de acordo com o levantamento anual, o principal


crime praticado por menores de idade no Brasil é o roubo
(45%), seguido do tráfico de drogas (24%). Em terceiro,
está o crime de homicídio (9,5%) seguido do furto (3,3%).
Em 2014, o maior número de crimes praticados por meno-
res de idade foi registrado em São Paulo (10.211 casos).
Na sequência, vêm Pernambuco (1.892), Minas Gerais
(1.853) e Rio de Janeiro (1.655). O Estado com menos atos
infracionais cometidos por menores é o de Roraima (37).
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/10/30/numero-de-adolescentes-apreendidos-cresce-seis-vezes-no-brasil-em-12-anos.html

TEXTO 2

51
TEXTO 3
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
(...)
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela
entre doze e dezoito anos de idade.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade,
a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
(...)
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas
que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm

PROPOSTA: A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: O aumento da
criminalidade entre os jovens no Brasil. Apresente proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

1.2. Proposta 2
TEXTO 1
De acordo com o balanço de denúncias colhidas pelo Disque 100, canal para relatar casos de violação de direitos humanos,
o Brasil somou pelo menos 175 mil casos de exploração sexual de crianças e adolescentes entre 2012 e 2016, o que re-
presenta quatro casos por hora. Apenas entre 2015 e 2016, 37 mil casos de violência sexual na faixa etária de 0 a 18 anos
foram denunciados.
Ao todo, 67,7% das crianças e jovens que sofrem abuso e exploração sexuais são meninas, contra 16,52% dos meninos. Os
casos em que o sexo da criança não foi informado totalizaram 15,79%. A maioria dos casos (40%) ocorrem com crianças
entre 0 a 11 anos, seguidas por 12 a 14 anos (30,3%) e de 15 a 17 (20,09%), levando em conta as denúncias do Disque
100. A maioria dos agressores são homens (62,5%) e adultos de 18 a 40 anos (42%).
Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2017/05/com-quatro-casos-de-exploracao-sexual-de-criancas-por-hora-brasil-debate-prevencao

TEXTO 2

http://liberta.org.br/nossas-campanhas/fase-2-campanha-escolhas/

52
TEXTO 3

https://www.humorpolitico.com.br/admin/dia-nacional-contra-exploracao-sexual-de-criancas-e-adolescentes/

TEXTO 4

PROPOSTA: A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: Os entraves
no combate à violência sexual infantil no Brasil. Apresente proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

1.3. Proposta 3
TEXTO 1
Mohamed Ali, refugiado sírio residente no Brasil há três anos, foi hostilizado e agredido verbalmente em Copacabana, região
nobre do Rio de Janeiro, onde trabalha vendendo esfihas e doces típicos. Em vídeo publicado nas redes sociais é possível
ver um homem exaltado que grita repetidas vezes “sai do meu País!”, ostentando dois pedaços de madeira nas mãos e
ameaçando o refugiado. “O nosso país tá sendo invadido por esses homens bombas, que matam crianças”, diz, em discurso
xenofóbico. […] Ali manifestou-se nos comentários do vídeo. “Eu, Mohamed, sou este rapaz que foi humilhado. Estou aqui
faz três anos. Vim pro Brasil porque eles abriram as portas para todos os refugiados. Todos os meus amigos estão traba-
lhando. Estamos trabalhando arduamente. Estou muito sentido porque nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo”,
afirmou, no comentário que já recebeu 2,2 mil likes.
Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/politica/saia-do-meu-pais-agressao-a-refugia-
do-no-rio-expoe-a-xenofobia-no-brasil Acesso em 11 agosto 2017

53
TEXTO 2
O Ministério da Justiça lançou, nesta terça-feira (13), a segunda etapa da campanha de sensibilização e informação contra
a xenofobia, o preconceito e a intolerância a imigrantes. A iniciativa é parte do esforço do governo para o acolhimento a
estrangeiros que vivem no País e sofrem preconceito. A campanha é exclusiva para as redes sociais e será feita por meio das
hashtags #EuTambémSouImigrante e #XenofobiaNãoCombina.
Disponível em: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/10/campanha-vai-combater-xe-
nofobia-e-intolerancia-a-imigrantes-nobrasil Acesso em 11 agosto 2017

TEXTO 3

TEXTO 4
Art. 3º A política migratória brasileira rege-se pelos seguintes princípios e diretrizes:
I - universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos;
II - repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a quaisquer formas de discriminação;
III - não criminalização da migração;
IV - não discriminação em razão dos critérios ou dos procedimentos pelos quais a pessoa foi admitida em território nacional;
V - promoção de entrada regular e de regularização documental;
VI - acolhida humanitária;
Art. 4º Ao migrante é garantida no território nacional, em condição de igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, bem como são assegurados:
I - direitos e liberdades civis, sociais, culturais e econômicos;
II - direito à liberdade de circulação em território nacional;
(...)
VIII - acesso a serviços públicos de saúde e de assistência social e à previdência social, nos termos da lei, sem discriminação
em razão da nacionalidade e da condição migratória;
IX - amplo acesso à justiça e à assistência jurídica integral gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
X - direito à educação pública, vedada a discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória;
XI - garantia de cumprimento de obrigações legais e contratuais trabalhistas e de aplicação das normas de proteção ao
trabalhador, sem discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória;
XII - isenção das taxas de que trata esta Lei, mediante declaração de hipossuficiência econômica, na forma de regulamento;
(...)
Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017. http://www.planalto.gov.br

54
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto
dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema: persistência da xenofobia
no Brasil apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

1.4. Proposta 4
TEXTO 1
O desperdício de alimentos é usualmente classificado por parlamentares, estudiosos e líderes de opinião como crime, mas
sempre em sentido metafórico. Afinal, não é ato tipificado em código legal, embora signifique a deterioração de nutrientes,
quando ainda há pessoas passando fome, e a dilapidação de insumos agrícolas e recursos ambientais.
Desperdiçar alimentos, portanto, não gera multa e tampouco leva à prisão. A culpa é de quem, em particular, se, de praxe,
decorre do encadeamento de ações compartilhado por toda a sociedade?
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alerta: 30% de tudo o que é produzido no mundo
perdem-se em alguma parte do caminho entre as mãos de quem planta e as bocas de quem come (ou quer comer). Isso cor-
responde a 1,3 bilhão de toneladas. Só no Brasil, 26 milhões de toneladas ficam no meio do caminho em vez de chegarem
ao prato dos mais de 7 milhões de famintos (veja infográfico na página 24).
O conhecimento técnico para minimizar essas perdas ao longo do processo de plantio, colheita, encaixotamento, transporte,
armazenamento e venda já existe. De modo idêntico, estão claras as principais mudanças de hábitos exigidas dos moradores
das cidades: planejamento de compras, maior cuidado na escolha e manuseio de frutas e hortaliças e incremento da disci-
plina na conservação dos produtos. O problema, conforme o consultor do Senado Marcus Peixoto, é a falta de informação e
capacitação das pessoas envolvidas.
https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/regulacao-economica/desperdicio-de-alimentos (Acesso em 14.04.2019)

TEXTO 2

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/07/brasileiros-jogam-fora-comida-boa-e-nao-enxergam-o-desperdicio.shtml (julho/2018)

TEXTO 3
As perdas no início da cadeia de alimento são mais comuns em países subdesenvolvidos, que lidam com baixo aporte tecno-
lógico no manejo das lavouras, carência de estrutura para estocagem da produção e infraestrutura inadequada para escoa-
mento das safras. Já em países de média e alta renda, a maior contribuição para o desperdício parte do consumidor. Porém,
mesmo no contexto da classe média baixa, o desperdício pode ocorrer por fatores culturais, como o gosto pela abundância
à mesa, compras excessivas, armazenamento inadequado do alimento ou mesmo desinteresse pelo consumo das sobras.
Na primeira etapa, as perdas derivam de colheita inapropriada, entre outras causas, como ataque de pragas, doenças e de-
sastres naturais. Após a colheita, o produto que estraga rapidamente é geralmente manuseado de forma rudimentar, o que
vai acarretar danos físicos e deteriorações fisiológicas e patológicas.
Nas etapas após a colheita, as perdas são oriundas do uso de embalagens inadequadas, transporte impróprio, não uso de

55
refrigeração, desconhecimento de técnicas de manuseio, disponibilização inadequada nas gôndolas e excesso de toque nos
produtos pelos consumidores. As perdas pós-colheita podem ser classificadas como fisiológicas (ex.: amadurecimento), por
injúria mecânica (ex.: armazenamento em caixas inadequadas) ou fitopatológicas (ex.: ataque por microrganismos).
https://www.embrapa.br/tema-perdas-e-desperdicio-de-alimentos/sobre-o-tema (Acesso em 14.04.2019)

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema OS EN-
TRAVES NO COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção que
respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de
seu ponto de vista.

1.5. Proposta 5
TEXTO 1
Como é a prevenção das IST*
O uso da camisinha (masculina ou feminina) em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais) é o método mais eficaz
para evitar a transmissão das IST, do HIV/aids e das hepatites virais B e C. Serve também para evitar a gravidez. A camisinha
masculina ou feminina pode ser retirada gratuitamente nas unidades de saúde.
Quem tem relação sexual desprotegida pode contrair uma IST. Não importa idade, estado civil, classe social, identidade de gê-
nero, orientação sexual, credo ou religião. A pessoa pode estar aparentemente saudável, mas pode estar infectada por uma IST.
A prevenção combinada abrange o uso da camisinha masculina ou feminina, ações de prevenção, diagnóstico e tratamento
das IST, testagem para HIV, sífilis e hepatites virais B e C, profilaxia pós-exposição ao HIV, imunização para HPV e hepatite
B, prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatite B, tratamento antirretroviral para todas as PVHA, redução de
danos, entre outros.
*Segundo o Ministério da Saúde, A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) passa a ser adotada em substi-
tuição à expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir
uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas.
http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-sao-ist/como-e-prevencao-das-ist (Acessado em 14.2019)

TEXTO 2
Apesar das informações sobre as DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) circularem livremente, especialmente hoje em
dia por causa das redes sociais, o jovem brasileiro não se preocupa em se prevenir. Seja por não ter tido contato com alguém
doente ou por acreditar que “isso nunca vai acontecer” com ele. Só de HIV, uma das mais graves DSTs, houve aumento
principalmente entre os mais jovens. Na faixa etária dos 20 aos 24 anos, a taxa de detecção subiu de 16,2 casos por 100 mil
habitantes, em 2005, para 33,1 casos em 2015, informou o Ministério da Saúde.
https://noticias.r7.com/saude/sem-medo-de-doencas-jovens-nao-se-protegem-na-hora-do-
-sexo-e-casos-de-dsts-disparam-no-brasil-28042017 (28.04.2017)

TEXTO 3

https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2017/02/13/por-que-os-jovens-nao-usam-camisinha.htm (13.02.2017)

56
TEXTO 4

https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2017/02/13/por-que-os-jovens-nao-usam-camisinha.htm (13.02.2017)

TEXTO 5

http://ceagespoficial.blogspot.com/2017/12/tire-suas-duvidas-sobre-hiv-e-aids.html (Acessado em 14.2019)

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto
dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema O AUMENTO DOS CASOS
DSTS ENTRE OS JOVENS NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecio-
ne, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

1.6. Proposta 6
TEXTO 1
Definida como a incapacidade que uma pessoa demonstra ao não compreender textos simples, muitos brasileiros, mesmo
se achando “capacitados” por possuírem um diploma de determinado nível de escolaridade, só conseguem decodificar,
minimamente, letras, frases isoladas, algumas sentenças e textos curtos, demonstrando uma absoluta dificuldade de inter-
pretação de textos.
Segundo matéria exibida em 10 de novembro de 2016, no Jornal da Record, o percentual desfavorável ao nível de alfabe-
tização do brasileiro é alarmante. Quase metade da população brasileira entre 15 e 64 anos sabe ler e escrever, mas tem

57
imensa dificuldade de interpretar textos, bem como organizar as ideias no papel na argumentação sobre uma tese a se
defender. […]
No Brasil, menos de 70% daqueles que possuem diploma de nível superior conseguem ser proficientes na leitura e escrita,
ou seja, demonstrar habilidade e competência na leitura e na produção de textos. E Somente 8 em cada 100 pessoas têm
um perfeito domínio da leitura e produção de qualquer tipo de texto.
Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/academico/analfabetismo-funcional-no-brasil/103313/ Acesso em 15 agosto 2017.

TEXTO 2
Taxa de analfabetismo funcional.

FONTE: IBGE (Censo Demográfico) ANO: 2010

TEXTO 3
Meta 9 – Alfabetização e Analfabetismo Funcional
Elevar a taxa de alfabetização da população de 15 (quinze) anos ou mais para 97,5% até o 5º (quinto) ano de vigência
do PEE e, até o final da vigência, superar o analfabetismo absoluto e reduzir em pelo menos 50% a taxa de analfabetismo
funcional no Estado.
http://www2.camara.leg.br/a-camara/documentos-e-pesquisa/estudos-e-notas-tecnicas/areas-da-conle/tema11/a-meta-9-

-do-pne-e-a-alfabetizacao-de-jovens-e-adultos-a-persistencia-do-passado-o-olhar-para-o-presente-o-desa!o-futuro-1

TEXTO 4

(Disponível em: http://3.bp.blogspot.com/-o5APVAYBCUs/UCWxbhTuyaI/AAAAAAAAAQk/8C8VDqx9HqQ/


s1600/313066_473361359355177_1594481690_n.jpg - Acesso em: 8 jun. 2017).

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema DESAFIOS PARA
REDUZIR O ANALFABETISMO FUNCIONAL NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

58
1.7. Proposta 7
TEXTO 1
Ato de adquirir, de maneira ilegal, vegetais, animais, entre outros recursos naturais, destinados à pesquisas ou desenvolvi-
mento de produtos. A região da Amazônia é um grande alvo da biopirataria, geralmente são as grandes empresas multina-
cionais que praticam essa ilegalidade.
https://www.dicionarioinformal.com.br/biopirataria/ (Acessado em 14.04.2019)

TEXTO 2
O juiz federal Jucélio Fleury Neto aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) do Amapá contra a Samba-
zon e o diretor-presidente da empresa, que acusa o empreendimento de biopirataria. A empresa teria explorado o patrimônio
genético do açaí sem autorização do Brasil e não teria beneficiado comunidade ribeirinha de onde houve a exploração.
Em nota enviada quando a empresa foi denunciada à Justiça Federal, a Sambazon negou que houve acesso ao patrimônio
genético do açaí e declarou que vem trabalhando junto às autoridades reguladoras para alinhar os entendimentos. A empre-
sa ressaltou ainda que segue com o compromisso de trabalhar no desenvolvimento da Floresta amazônica.
O MPF, que investiga a Sambazon há 12 anos, quer que a empresa deixe de usar o açaí brasileiro em seus produtos até que
obtenha o cadastro regular no conselho.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também avaliou a conduta da empresa
americana por 5 anos e concluiu que ocorreu, ilegalmente, acesso ao material genético. Na época foi aplicada multa no valor
de aproximadamente R$ 75 mil.
https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2018/10/08/justica-federal-aceita-denuncia-contra-empresa-acusada-de-biopirataria-do-acai.ghtml (08.10.2018)

TEXTO 3

http://www.arionaurocartuns.com.br/2018/11/charge-biopirataria.html (Novembro de 2018)

TEXTO 4
O Brasil é considerado um país biodiverso, com cerca de 22% das espécies nativas mundiais. Nós somos o país com maior
diversidade biológica (biodiversidade) do planeta. Devido à vasta riqueza vegetal e animal, o país é alvo constante de
biopiratas. Ao contrário de outras formas de contrabando ou reprodução ilegal de conhecimentos sem autorização de seus
proprietários ou detentores, a biopirataria não é tipificada como um ato criminal, mas apenas administrativo. Isso quer dizer
que infratores sofrem aplicação de multas.
Contudo, a biopirataria não é algo recente. Essa prática é observada desde a época do Brasil Colônia.Lembre-se da explora-
ção predatória do pau-brasil pelos portugueses. Ou ainda, do envio de mudas de seringueira da região norte brasileira para a
Ásia, no final do século XIX. No entanto, o termo ficou mais conhecido a partir de denúncias que foram veiculadas na mídia

59
sobre produtos tipicamente brasileiros, mas que tiveram seus nomes registrados e patenteados em outros países. Além do
cupuaçu, o açaí, a copaíba e a andiroba também estão na lista de produtos biopirateados.
De maneira simplificada, a biopirataria consiste na exploração, manipulação, exportação de recursos biológicos, com fins
comerciais. Para você entender melhor, a biopirataria poderia ser retratada como uma espécie de contrabando de organismos
vegetais e animais, com apropriação de seus princípios ativos e monopolização desse conhecimento por meio do sistema
de patentes. Um exemplo é o cupuaçu, típico do nosso país, mas que teve seu nome popular registrado como marca por
diversos países. Isso obrigou o Brasil a pagar royalties ao exportar produtos à base desse fruto.
http://eurekabrasil.com/biopirataria-crime-ou-nao/ (24.05.2018)

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema AS DIFICUL-
DADES EM COMBATER A BIOPIRATARIA NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

2. Propostas Extras - Outros Vestibulares


2.1. Proposta 1
TEXTO 1

TEXTO 2
Tensão econômica gera sobrecarga de trabalho
Redução de 17% na criação de postos de trabalho e tensão no cenário econômico. A instabilidade que ronda o mercado
hoje tem um efeito direto na agenda de executivos: jornadas mais extensas, segundo especialistas consultados pela Folha.
Em tempos de turbulência, as tarefas invadem os fins de semana e os profissionais ficam até mais tarde no escritório, diz
Betania Tanure, professora da PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica).
Para o professor da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas) Roberto Heloani, o medo de demissão e o corte de pessoal explicam
a ampliação dos horários. “É lógica aritmética: cortam-se postos, mas o trabalho não diminui.” (...)
Felipe Gutierrez, Folha de S. Paulo, 07/07/2012.

TEXTO 3
Alunos tomam estimulantes para melhorar seu desempenho nas provas
Nas escolas de segundo grau dos EUA, a pressão por boas notas e a concorrência por vagas em universidades estão incentivan-
do estudantes a abusar de estimulantes vendidos com receita médica. Os adolescentes dizem que obtêm os estimulantes de
amigos, os compram de traficantes, também estudantes, ou falsificam sintomas para que médicos lhes deem receitas médicas.
“Isso acontece em todos os colégios particulares daqui”, comentou a psicóloga nova-iorquina DeAnsin Parker, que atende
adolescentes de bairros de alto padrão como o Upper East Side de Manhattan. “Não é como se houvesse apenas um colégio
com esse problema. Esse é o padrão.” (...)
Alan Schwarz, The New York Times / Folha de S. Paulo, 25/06/2012

60
TEXTO 4
Uma estranha loucura apossa-se das classes operárias das nações onde impera a civilização capitalista. Esta loucura tem
como consequência as misérias individuais e sociais que, há dois séculos, torturam a triste humanidade. Esta loucura é o
amor pelo trabalho, a paixão moribunda pelo trabalho, levada até o esgotamento das forças vitais do indivíduo e sua prole.
Em vez de reagir contra essa aberração mental, os padres, economistas, moralistas sacrossantificaram o trabalho.
Paul Lafargue, O direito à preguiça, 1880.

A partir da leitura dos fragmentos de textos acima e do planejamento de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’, com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema
A EXIGÊNCIA DE DESEMPENHO FEITA, HOJE, AOS INDIVÍDUOS

2.2. Proposta 2
TEXTO 1
“Eram artistas de rua, faziam malabarismo, tocavam alguma música [...]
A quem pergunta por que eles não trabalham, a resposta vem rápida: ‘Como não trabalhamos? Passamos de 8 a 12 horas
nas ruas fazendo os outros rirem’.”
MEDEIROS, Martha. Um lugar na janela 2: relatos de viagem. Porto Alegre L&PM, 2016 pp. 64 e 65.

TEXTO 2
Os artistas de rua têm uma função muito importante na sociedade, eles quebram e queimam todas as catracas físicas e
imaginárias entre a arte/artista e o público.
Disponível em: http://www.revistacapitolina.com.br/profissao-artistas-de-rua-por-que-devemos-valoriza-los, acessado

TEXTO 3

Com base na leitura dos textos motivadores, redija um texto dissertativo, enfocando o tema:
ARTISTAS DE RUA: MENDICANTES OU TRABALHADORES?

2.3. Proposta 3
TEXTO 1
A SUSIPE (Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará) desenvolve 20 Projetos sociais.
São projetos desenvolvidos por vários órgãos do Governo do Estado do Pará, para atender às necessidades humanas,

61
agroindustriais do Sistema Penitenciário; reinserir internos na sociedade por meio de serviços de reparos de escolas e
logradouros públicos; por meio do trabalho; da atividade de auxiliar de serviços gerais e gradeamento de madeira; ca-
pacitação profissional, qualificação para o trabalho e geração de emprego e renda; auxiliar de cozinha e serviços gerais,
dentre tantas outras:
O Projeto Nascente - 210 internos; Conquistando a Liberdade - 961 internos; Puxirum - 50 internos; Florescer - 15 inter-
nos: Papo di Rocha - 300 internos; F1 - 13 internas; Sementes - 50 internos; Olimpo - 40 internos; Alvorecer - 10 internos;
Transformando Vidas - 6 internos; João de Barro - 30 internos; Projeto Ipê - 25 internos; Cantina Livre - 16 internos;
Lavoro - 10 internos; Esperançar - 09 Internos; Projeto Primavera - 15 Internos; Projeto Vianda - 24 internos; Projeto Arte
de Recomeçar - 01 interno; Projeto LibertAção - 30 internos; Projeto ReplantaAÇÃO - 30 internos.
(Texto adaptado) FONTE: http://www.susipe.pa.gov.br/content/projetos-sociais. Acesso em 14/05/2017.

TEXTO 2
Pró-Egresso - Programas - Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania
O Programa Estadual de Apoio ao Egresso do Sistema Penitenciário - PRÓ-EGRESSO, do Estado de São Paulo, é resultado da
conjunção de esforços entre a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), por meio da Coordenadoria de Reintegração
Social e Cidadania (CRSC), a Secretaria do Emprego e Relações de Trabalho (SERT) e a Secretaria de Desenvolvimento Eco-
nômico, Ciência e Tecnologia (SDECT).
O Pró-Egresso oferece os serviços desenvolvidos pela SERT, pela SDECT e pela SAP, potencializando os efeitos do Programa
“Emprega São Paulo” (intermediação de mão de obra), do “Via Rápida Emprego” (qualificação profissional) e dos progra-
mas de Reintegração Social, realizado nas Unidades Prisionais e nas Unidades de Atendimento de Reintegração Social no
Estado de São Paulo. Podem ser cadastrados egressos do sistema penitenciário (o liberado definitivo); os liberados definitivos
lato sensu (cumpriram pena e estão em liberdade há mais de um ano); em situação especial de cumprimento de pena (casos
como os de detentos que cumprem pena em regime semiaberto ou aberto, foram beneficiados pela suspensão condicional
da pena e foram condenados a penas alternativas; anistiados, agraciados, indultados, perdoados judicialmente; adolescentes
que estejam cumprindo ou já cumpriram medida socioeducativa na Fundação Casa.
(Texto adaptado) FONTE: http://www.reintegracaosocial.sp.gov.br/pro_egresso.php. Acesso em 13/05/17.

TEXTO 3

Fonte: http://www.nanihumor.com/2015/05/no-brasil-70-dos-ex-presidiarios-voltam.html?m=1. Acesso em 14/05/2017.

Fonte: http://rodrigodilvadoo.blogspot.com/2017/03/criminologia-critica-ecritica-doo.html?m=1. Acesso em 14/05/2017.

A partir da leitura dos fragmentos de textos acima e do planejamento de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’, com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema
A REINTEGRAÇÃO SOCIAL DO PRESO NO BRASIL

62
2.4. Proposta 4
TEXTO 1
Em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou o uso de um medicamento não testado em humanos para tratar
pessoas infectadas com o ebola, cujo surto já tinha matado mais de mil pessoas. Devido à escala da epidemia e ao número
de mortos, um painel do órgão considerou ético combater a doença com remédios e vacinas cujos efeitos colaterais e eficácia
eram ainda desconhecidos.
“Devido às circunstâncias particulares do ebola, e com o cumprimento de certas condições, o painel chegou ao consenso de
que é ético oferecer intervenções não comprovadas como potenciais tratamentos ou prevenção”, disse um comunicado da
OMS. O anúncio foi feito após a Libéria ter comunicado que usaria um medicamento que só tinha sido testado em macacos
eainda não tinha sido avaliado com segurança em seres humanos no tratamento contra o ebola. A substância foi adminis-
trada em dois funcionários humanitários nos EUA, que apresentaram sinais de melhora. Mas um padre espanhol infectado
na Libéria e que estava sendo tratado em Madri com o remédio morreu.
O governo liberiano disse estar ciente dos riscos associados ao medicamento, mas ressaltou que a alternativa seria permitir
a morte de mais pacientes. “A alternativa de não testar este tratamento é a morte, uma morte certa”, disse à BBC o ministro
da Informação do país, Lewis Brown.
“Achamos que os infectados devem ter a chance de ter acesso a esse tratamento, caso eles queiram”, disse.“Sabemos que
pode haver riscos, mas entre escolher um risco e escolher a morte, tenho certeza de que muitos preferem o risco.”
(“OMS aprova uso de remédio não testado em humanos para tratar ebola”. http://bbc.com, 14.08.2014. Adaptado.)

TEXTO 2
No Brasil, uma recente polêmica envolve o uso da Fosfoetanolamina, uma nova substância contra o câncer – aparentemente
bastante promissora, porém não completamente testada. A Fosfo, como é conhecida, foi desenvolvida em 1990 por Gilberto
Orivaldo Chierice, professor de Química da USP de São Carlos, e se tornou centro de uma discussão quando o seu uso foi
liberado como medicamento experimental, antes de passar por todos os testes, inclusive em humanos. Debate-se sobre os
riscos enfrentados por pacientes, sobretudo aqueles mais vulneráveis, os doentes terminais.
Cientistas da área médica são contundentes em afirmar que é uma irresponsabilidade autorizar acesso público a drogas que
não foram testadas em seres humanos. “Não há segurança para o paciente. Não sabemos como a droga se comporta no ser
humano, quanto tempo leva para ser eliminada pelo organismo, os efeitos colaterais, as interações medicamentosas.”, diz
Volnei Garrafa, coordenador da Cátedra Unesco de Bioética da Universidade de Brasília (UnB).
A dosagem dos remédios, lembram os especialistas, também é determinada pelos testes. Muitas vezes uma dosagem baixa
pode ser totalmente ineficaz, enquanto uma dose alta é tóxica. A dose exata de cada remédio é crucial para o seu melhor
aproveitamento. O período durante o qual a substância é consumida também é importante.
“Como médico, não posso prescrever drogas que não tenham passado por todos os testes. Não é porque um paciente está à
morte que podemos deixar de lado todos esses critérios e indicar uma substância não testada, sobre a qual não conhecemos
nada”, afirma o doutor Victor Cravo, coordenador das Unidades de Terapia Intensiva do complexo hospitalar Américas, no
Rio. “Até porque isso poderia abreviar o tempo de vida do paciente ou fazer com que ele tenha uma morte em agonia, não
tem como saber o que pode acontecer”.
“Existem protocolos para o tratamento do câncer, mesmo para pacientes terminais, para alívio da dor, por exemplo. Uma
substância não testada pode ser tóxica e fazer com que esse paciente perca qualidade de vida.”, diz Amílcar Tanuri, pesqui-
sador do laboratório de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
(R. Machado. “Pílula da USP: Conheça a polêmica sobre o uso de remédios não testados”. http://g1.globo.com, 30.11.2015. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão
da língua portuguesa, sobre o tema:
MEDICAMENTOS NÃO TESTADOS EM HUMANOS DEVEM SER LIBERADOS EM CASOS DE DOENÇAS GRAVES?

63
2.5. Proposta 5
TEXTO 1
As crianças deveriam ter lição de casa? Não é incomum pais responderem sim a essa pergunta, afinal, fazer o dever, pelo
menos para o senso comum, seria um dos caminhos para um bom desempenho escolar. Mas um movimento que já assumiu
relevância nos Estados Unidos e em países da Europa contraria a ideia da lição de casa e quer a sua extinção. Especialistas
sustentam que a prática desestimula os alunos e causa conflito dentro das famílias. Pais que se mostram exaustos após um
dia de trabalho e crianças cansadas teriam mais uma tarefa a cumprir na lista de obrigações. “Os professores teriam de revi-
sar suas abordagens educativas se não dessem mais lição. E os pais teriam de aprender que não podem contar com o dever
de casa como se fosse uma babá”, comenta a autora do livro The end of homework (O fim da lição de casa, em tradução
para o português), Etta Kralovec. Em pesquisa feita pela Universidade de Stanford em 2014, apenas 1% dos alunos de Ensi-
no Médio consultados disseram que a tarefa de casa não era um fator de estresse. Em comunidades em que o desempenho
acadêmico é valorizado, os alunos, em média, recebiam mais de três horas de tarefa por dia.
Segundo os pesquisadores que comandaram o estudo, mais de duas horas já causariam impactos negativos no comporta-
mento e no bem-estar. “Minha filha tem tarefa todos os dias e mais o reforço escolar. Tive de tirá-la da ginástica. Ela fica
nervosa para completar tudo, eles precisam de tempo para serem crianças”, desabafa Leticia Hartmann, 32 anos, mãe de
Giovanna, nove anos. Etta argumenta que estudos mostram que a lição não melhora o desempenho escolar e que o trabalho
em aula, se bem aproveitado, seria o suficiente para uma boa aprendizagem.
(Paula Minozzo. “Crianças deveriam receber lição de casa? Talvez não, dizem especialistas”. http://zh.clicrbs.com.br, 05.09.2016. Adaptado.)

TEXTO 2
Lição de casa é um assunto sempre controverso, pois escolas diferentes seguem procedimentos distintos. O importante é
que tanto alunos quanto pais saibam que a rotina de estudos não acaba na porta da escola, após quatro ou cinco horas
diárias de aula. Em casa, o estudo deve continuar, sob a forma da lição de casa – também chamado de dever de casa ou
tarefa de casa. “As funções da lição de casa são sistematizar o aprendizado da sala de aula, preparar para novos conteúdos
e aprofundar os conhecimentos”, explica Luciana Fevorini, coordenadora do Colégio Equipe, em São Paulo.
“Analisando os exercícios que os alunos resolvem sozinhos em casa, o professor pode descobrir quais são as dúvidas de cada
um e trabalhar novamente os pontos em que eles apresentam mais dificuldades. O grande desafio do professor é fazer com
que o aluno consiga atribuir significado à lição de casa”, diz Eliane Palermo Romano, coordenadora pedagógica da Escola
Comunitária de Campinas.
A lição de casa é importante para pais, alunos e professores. Para o aluno, é fundamental porque faz com que ele enfrente
desafios pedagógicos fora do contexto escolar, além de ajudá-lo a construir autonomia, a estabelecer uma rotina e a melho-
rar a capacidade de organização. Para o professor, é uma atividade útil porque lhe permite verificar quais são as dificuldades
e deficiências dos alunos e, consequentemente, tentar saná-las com atividades de reforço. Para os pais, é uma maneira de
acompanhar o que está sendo ensinado na escola do filho.
(Marina Azaredo. “Lição de casa: um dever para todo dia”. http://educarparacrescer.abril.com.br, 24.02.2015. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-pa-
drão da língua portuguesa, sobre o tema:
EXCLUIR A LIÇÃO DE CASA DAS ATIVIDADES ESCOLARES É BENÉFICO PARA OS ALUNOS?

2.6. Proposta 6
TEXTO 1
A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH) aprovou, no dia 21.06.2017, o requerimento
de audiência pública para debater a criminalização do funk, segundo uma proposta de Sugestão Legislativa apresentada
pelo cidadão Marcelo Alonso.
Na CDH, a matéria vai ser relatada pelo senador Romário, que solicitou audiência pública para discutir a questão. Romário

64
quer trazer para o debate no Senado o autor da proposta, compositores e cantores de funk, além de antropólogos que
estudam o gênero musical. Entre os artistas listados para opinar sobre o assunto estão Anitta, Nego do Borel e Valesca
Popozuda –expoentes do estilo musical.
Para Romário, é preciso avaliar em que medida os crimes ocorridos durante ou após os bailes podem ser coibidos pelo
Estado, sem que seja necessária uma medida tão drástica como transformar o funk em crime. “Como carioca nato e eterno-
funkeiro, faço questão de defender essa bandeira” – disse o senador.
Para virar projeto de lei, a sugestão ainda precisa ser aprovada na CDH. Qualquer brasileiro pode apresentar ideias legis-
lativas para modificar ou criar novas leis. Se em um período de 4 meses essas ideias receberem mais de 20 mil apoios, são
encaminhadas para a CDH e formalizadas. A ideia legislativa de Marcelo Alonso teve quase 22 mil apoios. A comissão ainda
vai divulgar a data para a realização da audiência.
(Pedro França. “CDH fará audiência para debater se o funk pode ser criminalizado”. www12.senado.leg.br, 23.06.2017. Adaptado.)

TEXTO 2
Diante da Sugestão Legislativa 17/2017 apresentada pelo cidadão Marcelo Alonso, a Comissão de Direitos Humanos e
Legislação Participativa do Senado acatou requerimento de audiência pública para debate acerca da criminalização do funk,
cuja relatoria foi incumbida ao senador Romário. A descrição da ideia legislativa no 65.513 expressa: “É fato e de conheci-
mento dos brasileiros, difundido inclusive por diversos veículos de comunicação de mídia e internet com conteúdos podres,
alertando a população e o poder público sobre o crime contra a criança, o menor adolescente e a família. Crime de saúde
pública desta ‘falsa cultura’ denominada ‘funk’. Os chamados bailes de ‘pancadões’ são somente um recrutamento organi-
zado nas redes sociais por e para atender criminosos, estupradores e pedófilos para a prática de crime contra a criança e o
adolescente, incentivando o uso, a venda e o consumo de álcool e drogas, agenciamento, orgia e exploração sexual, estupro
e sexo grupal entre crianças e adolescentes, pornografia, pedofilia, arruaça, sequestro, roubo etc.” A sugestão recebeu apoio
de quase 22 mil pessoas e, em pesquisa de opinião no sítio do Senado, recebeu mais de 54% de votos favoráveis.
(Adriane Célia de Souza Porto e Júlia Pupin de Castro. “O funk estigmatizado e criminalizado: inconcebível num Es-
tado Democrático de Direito”. justi!cando.cartacapital.com.br, 27.07.2017. Adaptado.)

TEXTO 3
“No momento em que não se sabe lidar com uma série de assuntos complexos como violência, tráfico de drogas, sexo,
educação e juventude, cria-se a ideia de que todos os males da sociedade que não têm uma solução fácil são provenientes
de um gênero musical, de uma festa que, se acabasse, acabariam-se os problemas. É muito cômodo e simplista acreditar que
a proibição do baile funk acabaria com o abuso de drogas, com a gravidez na adolescência e com outros problemas. Estou
falando de coisas que acontecem independentemente do funk”, afirma Danilo Cymrot, mestre em criminologia pela USP e
autor da dissertação “A criminalização do funk sob a perspectiva da teoria crítica”.
Segundo MC Leonardo, funkeiro carioca e fundador da Apafunk, associação que luta “pela Cultura Funk, contra o precon-
ceito e a criminalização”, os bailes cariocas já estão criminalizados “informalmente”, por meio de ações administrativas e
da Polícia Militar. Eles deixaram de existir, “viraram folclore”, argumenta. O gênero ainda atinge milhares de reproduções
no YouTube, mas a proibição dos bailes, diz o funkeiro, impede a cadeia produtiva de se formar: o surgimento de DJs, MCs,
fotógrafos e outros profissionais do funk se dava nos bailes.
Em entrevista de março de 2017, a funkeira de Niterói MC Carol já havia anunciado o fim dos bailes nas comunidades.“Não
tem mais bailes nas comunidades do Rio de Janeiro. A UPP acabou com os bailes. Só com eles, porque droga e arma ainda
tem, o tráfico ainda existe, não mudou. Não tem mais baile funk há uns três anos. Se tivesse um baile organizado, estaria ge-
rando mais empregos. Se o baile rolasse numa quadra, com horário para começar e terminar seria legal. Acho que as pessoas
deviam ver que o funk gerou muitos empregos: DJs, dançarinos, MCs, gente que faz passinho e vai para os Estados Unidos”.
(Juliana Domingos de Lima. “Um projeto de lei quer criminalizar o funk. De onde vem essa vontade”. www.nexojornal.com.br, 03.06.2017. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-pa-
drão da língua portuguesa, sobre o tema:
A CRIMINALIZAÇÃO DO FUNK DIMINUIRIA A PRÁTICA DE DELITOS?

65
2.7. Proposta 7
TEXTO 1
Em 2015, o estopim foi o penteado com dreadlocks¹, tradicionalmente associado à cultura negra, usado pelas celebridades
americanas Miley Cyrus e Kylie Jenner, ambas brancas. Em 2016, foi um baile de Carnaval, em São Paulo, em homenagem à
África. Em 2017, foi uma estudante paranaense branca que disfarçou sua queda de cabelos, consequência de um tratamento
contra leucemia, com um turbante, acessório também tradicionalmente associado à cultura negra. A discussão sobre apro-
priação cultural tornou-se tão recorrente quanto in$amada. Afinal, quando uma manifestação cultural pode ser considerada
própria de um grupo? Quando usar elementos tradicionais de outro grupo é um desrespeito?
Para a cantora Leci Brandão, a apropriação cultural é desrespeitosa por se apropriar de símbolos da cultura negra, sem levar
junto suas mensagens. Já para o antropólogo Antonio Risério, o debate no Brasil é descabido porque pressupõe que, aqui,
a divisão entre brancos e negros é profunda como é, por exemplo, a divisão que ocorre nos Estados Unidos. “Nada doque
chegou ao Brasil permaneceu ‘puro’”, afirma. “Falar em apropriação cultural é coisa de quem quer implantar apartheids² em
nossos trópicos, em vez de se lançar às marés das misturas.”
(Marcelo Moura. “Apropriação cultural é racismo?”. http://epoca.globo.com, 10.03.2017. Adaptado.) 1 dreadlocks: for-
ma de se manter os cabelos, que consiste em fazer bolos cilíndricos de cabelo que aparentam “cordas” pendendo do topo da cabe-
ça. 2 apartheid: regime segregacionista que negava aos negros da África do Sul os direitos sociais, econômicos e políticos.

TEXTO 2
Apropriação cultural acontece quando não se incorpora, em sua difusão, o grupo social que a gerou. Ou seja, o mercado quer
aquele bem cultural, mas, antes de transformá-lo em um produto de consumo, ele o transforma, pasteuriza e impede que o
grupo que o gerou participe dessa difusão. Sendo assim, o problema não está na difusão do produto cultural tradicional, em
si, mas na eliminação da população negra, que criou a tradição, desse processo.
Um exemplo que se aplica bem a isso está nos desfiles das escolas de samba. Com o passar dos anos, o protagonismodo
Carnaval mudou. As Tias Baianas e as meninas das comunidades passaram a ser desprezadas para dar lugar a pessoas
famosas ou em busca da fama. É aí que falamos de apropriação. Ela ocorre quando aqueles que de fato fizeram o desfile
são substituídos por pessoas que nada têm a ver com a produção simbólica da agremiação, por mera questão estética,
midiáticaou propriamente comercial.
Nesse momento da discussão, normalmente ouvimos o seguinte argumento: “Ah, mas como brasileiro tenho muito da cultu-
ra negra”. A troca cultural entre grupos sociais não é e nunca foi um problema. O problema está no fato de que os elementos
simbólicos da cultura negra sempre são esvaziados de sua negritude. Essa é a questão! Nesse sentido, a apropriação cultural
da identidade negra está na tentativa cruel de relativizar e diminuir, insistentemente, aquilo que proporciona à própria comu-
nidade a noção de pertencimento e identidade. Por isso, a apropriação cultural é uma forma de dizer que isso ou aquilo não
pode ser negro, mas é brasileiro ou multicultural.
(Leci Brandão. “Apropriação cultural é uma pasteurização da cultura negra”. http://epoca.globo.com, 10.03.2017. Adaptado.)

TEXTO 3
A cultura é a expressão de um conjunto de relações sociais que são dinâmicas e que tornam a própria cultura também
dinâmica. Isso não quer dizer que determinado grupo perde a identidade ao longo do tempo, mas sim que a sua cultura
modifica-se, mantendo sua identidade.
Não somos os mesmos que nossos ancestrais. A nossa cultura não é a dos nossos antepassados, apesar de mantermos um
laço de identidade com eles. Vivemos em uma sociedade com diversos grupos sociais e identitários em constante interação,
ou seja, uma sociedade onde negros, brancos, índios e um sem fim de miscigenados convivem entre si, formando diferentes
laços. Então é possível falar de apropriação cultural se entendemos que o indivíduo está inserido em uma série de relações
sociais com grupos identitários diferentes?
Falar sobre apropriação cultural é sinal de que parte de nós, negros, entendemos a nossa cultura atual através de um es-
sencialismo imutável ao longo do tempo. Existem diversos riscos nessa postura, sendo o mais importante o isolamento das

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relações sociais da sociedade. Apropriação cultural tenta dar conta de uma invisibilização da cultura, surgida da própria di-
nâmica social, em um contexto de opressão. Uma pessoa usando turbante não é apropriação. O próprio dinamismo cultural
e as relações sociais que o produzem atingem brancos que podem dar significações próprias, devido ao seu pertencimento a
outros grupos identitários, a traços culturais aprendidos do contato com grupos identitários negros. É assim que as culturas
se modificam, não apenas por processos internos, mas por contato externo com outras culturas.
(Lucas Cabral. “Sobre apropriação cultural e brancos usando turbantes”. https://amulherdopiolho.com.br, 12.02.2017. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-pa-
drão da língua portuguesa, sobre o tema:
OS LIMITES ENTRE O DINAMISMO CULTURAL E A APROPRIAÇÃO DA CULTURA NEGRA

2.8. Proposta 8
TEXTO 1
Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no Brasil há 5 624 crianças aptas a serem adotadas. Para cada uma
delas há seis adotantes (casais ou pessoas sozinhas) que poderiam ser seus pais (33 633), mas não são. De acordo com o juiz
Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, da Vara da Infância e Juventude do Foro Regional da Lapa, São Paulo, o motivo do des-
compasso é claro: “os futuros pais têm um sonho adotivo com a criança que irá constituir a família, e a maioria dos pais deseja
recém-nascidos de pele clara”. Outros pais desejam especificamente um bebê, e não querem crianças com mais de um ano.
Ocorre que apenas 6% das crianças aptas a serem adotadas têm menos de um ano de idade, enquanto 87,42% têm mais
de cinco anos, faixa etária aceita por apenas 11% dos pretendentes. A questão racial também pesa: 67,8% das crianças não
são brancas, mas 26,33% dos futuros pais adotivos só aceitam crianças brancas. O perfil das crianças na fila da adoção pode
ser explicado por sua origem. A maior parte delas vem de setores vulneráveis da sociedade. Segundo Carvalho, os principais
motivos que levam famílias a perderem seus menores são a negligência, o abandono e a violência física e sexual.
(Ingrid Matuoka. “Para cada criança na !la de adoção há seis famílias interessadas”. www.cartacapital.com.br, 08.06.2015. Adaptado.)

TEXTO 2
A raça ainda é um fator essencial na hora de uma família escolher uma criança. Segundo a juíza Andréa Pachá, titular da 1a
Vara de Família de Petrópolis (RJ), “Ainda é forte a fantasia de que a adoção deve obedecer aos critérios da família biológica.
Família é muito mais um núcleo de afeto do que herança biológica. Criança é criança, não tem cor. O discurso que se tem é
o de que a criança não pode se sentir diferente. Mas isso é uma forma de preconceito”, analisa.
Há ainda outras dissonâncias entre o perfil desejado pelos pais e as crianças disponíveis para a adoção, como a idade, os
eventuais problemas de saúde e o fato de haver irmãos (nesses casos, não é recomendada a separação deles). Essas exigên-
cias têm impedido milhares de adoções no país.
(Carolina Brígido. “Quase metade dos adultos que querem adotar faz questão de esco-
lher a cor da criança”.http://oglobo.globo.com, 24.01.2011. Adaptado.)

TEXTO 3
Receber uma criança de origem, muitas vezes, desconhecida, é um ato de amor e abnegação. As crianças nos abrigos vêm,
muitas vezes, de um passado de violência, abusos e privações severas em todos os sentidos. Algumas, inclusive, precisarão
reaprender a confiar e a amar as figuras materna e paterna. Os pais podem optar por restringir-se a um tipo de criança para
adotar ou estar abertos a qualquer perfil. Para a supervisora da Vara da Infância do Distrito Federal, Niva Campos, a opção
por crianças da mesma cor de pele na hora da adoção não caracteriza preconceito. “Eu diria que é um desejo que tem a
ver com o narcisismo de cada um, com a história de vida de cada um. Para uns, isso vai ser muito importante, para outros
adotantes não têm muita importância”.
Na opinião de Wagner Yamuto, administrador do site Adoção Brasil, é compreensível o fato de que quanto mais nova a
criança, maiores as suas chances de ser adotada. “Podemos afirmar que a maior parte dos pretendentes adotam porque
não podem gerar filhos da forma tradicional. Com isso, entra o desejo de ver a criança dar seus primeiros passos, [dizer] as

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primeiras palavras, [dar] o primeiro sorriso. Isso acontece nos primeiros meses de vida e não há como dizer que épreconceito
e sim um desejo”.
(Marcelo Brandão. “Adotar signi!ca abrir-se para uma nova aventura, no melhor sentido da palavra”. www.ebc.com.br, 12.05.2013. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-pa-
drão da língua portuguesa, sobre o tema:
RESTRINGIR O PERFIL DA CRIANÇA PARA ADOÇÃO É UM ATO PRECONCEITUOSO?

2.9. Proposta 9
TEXTO 1
“O AR DA CIDADE liberta”, diz um conhecido provérbio alemão do fim da Idade Média. Depois, no início do século 20,
pensadores como Georg Simmel e Walter Benjamin mostraram como a grande cidade, lugar impessoal da massa, é, parado-
xalmente, o lugar da individualidade. Pois, no contexto de comunidades pequenas, a liberdade individual está sempre tolhida
pelo olhar e o julgamento do vizinho. Já na cidade grande, ao contrário, o sujeito é anônimo na multidão, por isso está livre
para ser ele mesmo, isto é, ser outro, aquilo que não se esperaria dele.
A mistura de classes sociais, culturas, línguas, etnias e religiões que se dá na cidade é o melhor antídoto que inventamos
até hoje contra a intolerância e os fundamentalismos. Filha e irmã da imigração, a cidade quebra os laços estamentais e
a mentalidade paroquial dos clãs, colocando as pessoas em relação imanente e horizontal: moeda, comércio, indivíduo,
democracia. O mercado, porém, não coincide com a política. Enquanto o consumo é balizado pelo poder aquisitivo e tende
à desigualdade, a política existe para garantir certa equalização na multiplicidade, regulando a expansão do consumo e da
desigualdade, assim como uma praça deveria ser lugar que não fosse ocupado pela “casa” ou “nome” de ninguém.
Toda a graça da cidade, por isso, repousa no fato de que ela existe para dar espaço à individualidade, não ao individualismo.
Lugar da coletividade, ela se funda sobre as noções de comum e de público.
Folha de S. Paulo. 24/04/2015. Adaptado.

TEXTO 2
Uma grande cidade, onde se pode viajar horas a fio sem se chegar sequer ao início do fim, é algo realmente singular. Essa
concentração colossal, esse amontoado de milhões de seres humanos num único ponto centuplicou a força desses milhões...
Mas os sacrifícios que isso custou, só mais tarde se descobre. Depois de se vagar durante dias pelas calçadas das ruas
principais, descobre-se que esses habitantes tiveram de sacrificar a melhor parte de sua humanidade para realizar todos os
prodígios da civilização, com que fervilha sua cidade; que centenas de forças, neles adormecidas permaneceram inativas e
foram reprimidas... O próprio tumulto das ruas tem algo de repugnante, algo que revolta a natureza humana. Essas centenas
de milhares de pessoas de todas as classes e situações, que se empurram umas às outras, não são todas seres humanos pre-
sumidamente semelhantes?... E, no entanto, passam correndo uns pelos outros, como se não tivessem nada em comum; não
ocorre a ninguém conceder ao outro um olhar sequer. Essa indiferença brutal, esse isolamento insensível de cada indivíduo
é tanto mais repugnante e ofensivo quanto mais esses indivíduos se comprimirem em espaço exíguo.
F. Engels. Adaptado.

A partir da leitura dos fragmentos de textos acima e do planejamento de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’, com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema
A VIDA NAS CIDADES: OPRESSÃO OU LIBERTAÇÃO?

2.10. Proposta 10
TEXTO 1
Vivemos numa época em que quase tudo pode ser comprado e vendido. Nas três últimas décadas, os mercados – e os va-
lores do mercado – passaram a governar nossa vida como nunca. Não chegamos a essa situação por escolha deliberada. É

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quase como se a coisa tivesse se abatido sobre nós.
Quando a guerra fria acabou, os mercados e o pensamento pautado pelo mercado passaram a desfrutar de um prestígio
sem igual, e muito compreensivelmente. Nenhum outro mecanismo de organização de produção e distribuição de bens tinha
se revelado tão bem-sucedido na geração de a$uência e prioridade. Mas, enquanto um número cada vez maior de países
em todo o mundo adotava mecanismos de mercado na gestão da economia, algo mais também acontecia. Os valores de
mercado passavam a desempenhar um papel cada vez maior na vida social. A economia se tornava um domínio imperial.
Hoje, a lógica de compra e venda não se aplica apenas a bens materiais: governa crescentemente a vida como um todo. Está
na hora de nos perguntarmos se queremos viver assim. (...) Essa chegada do mercado e do pensamento centrado nela a as-
pectos da vida tradicionalmente governados por outras normas é um dos acontecimentos mais significativos de nossa época.
Michel J. Sandel, !lósofo, Professor na Universidade Harvard. O que o dinheiro não compra. Os li-
mites morais do mercado. RJ, Civilização Brasilleira, 2012 (Adaptado).

TEXTO 2
Reduzir o valor da vida ao dinheiro mata toda possibilidade de idealizar um mundo melhor. Somente o saber pode fazer
frente ao domínio do dinheiro, pelo menos por três razões. A primeira: com o dinheiro pode-se comprar tudo (dos juízes aos
parlamentares, do poder ao sucesso), menos o conhecimento. Sócrates lembra a Agatão que o saber não pode ser transferido
mecanicamente de uma pessoa a outra. O conhecimento não se adquire, mas se conquista com grande empenho interior.
A segunda razão diz respeito à total reversão da lógica do mercado. Em qualquer troca econômica há sempre uma perda e
um ganho. Se compro um relógio, por exemplo, “perco” o dinheiro e fico com o relógio; e quem me vende o relógio “perde”
o relógio e recebe o dinheiro. Mas, no âmbito do conhecimento, um professor pode ensinar um teorema sem perdê-lo. No
círculo virtuoso do ensinar, enriquece quem recebe (o estudante), enriquece quem dá (quantas vezes o professor aprende
com seus estudantes?). Trata-se de um pequeno milagre. Um milagre - e essa é a terceira razão - que o dramaturgo irlandês
George Bernard Shaw sintetiza num exemplo: se dois indivíduos têm uma maçã cada um e fazem uma troca, ao voltar para
casa cada um deles terá uma maçã. Mas, se esses indivíduos possuem cada um uma ideia e a trocam, ao voltarem para casa
cada um deles terá duas ideias.(...)
A ditadura do lucro e do utilitarismo infectou todos os aspectos da nossa vida, chegando a contaminar esferas nas quais
o dinheiro não deveria ter peso, como a educação. Transformar escolas e universidades em empresas que devem produzir
unicamente diplomados para o mundo do trabalho é destruir o valor universal do ensino. Os estudantes adquirem créditos
e pagam débitos com a esperança de conquistar uma profissão que possa dar a eles o máximo de riqueza. A escola e a
universidade, ao contrário, devem formar os heréticos capazes de rejeitar o lugar-comum, de repelir a ideologia dominante
de que a dignidade pode ser medida com base no dinheiro que possuímos ou com base no poder que possamos gerenciar.
A felicidade, como nos recorda Montaigne, não consiste em possuir, mas em saber viver.
Professor E. Ordine. Sociólogo italiano – Universidade da Calábria, em entrevista a João Marcos Coelho. O Estado de S. Paulo, 15/2/2014.

A partir da leitura dos fragmentos de textos acima e do planejamento de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’, com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema
É DESEJÁVEL E POSSÍVEL LIMITAR O PODER DO DINHEIRO?

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