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Arraial de São Vicente

Beatriz Sofia Abreu Gouveia (20200043)


Beatriz Jarimba Baptista (20200012)
Licenciatura em Turismo, Instituto Superior de Administração e Línguas – ISAL,
Funchal – Região Autónoma da Madeira, Portugal.

RESUMO
Este trabalho tem como finalidade a demonstração da importância que o
Arraial de São Vicente tem no turismo na Região Autónoma da Madeira.
No decorrer deste estudo, salientamos o impacto que uma festa desta
dimensão traz para a nossa Pérola do Atlântico, que se realiza no final do
mês de agosto. Para melhorar o nosso conhecimento, realizamos uma
entrevista ao Presidente da Câmara de São Vicente, que tornou o nosso
trabalho mais rico a nível de informação e mais esclarecedor, no que toca à
concretização da mesma e aos benefícios que este tipo de festa consegue
presentear a todas as pessoas, como também de superar as expetativas ano
após ano tanto para residentes ou turistas, público sénior e juvenil. Como
tal, a pesquisa teve como ponto de partida, a entrevista, já mencionada no
segundo parágrafo. As principais fontes utilizadas foram as notícias,
informações retiradas do Google e a utilização de um artigo referente às
«De romarias e arraiais no mundo insular», por parte de Alberto Vieira.
Como resultado da elaboração deste artigo, infere-se que a freguesia de
São Vicente tem capacidade de atrair milhares de pessoas por um só
motivo, quer isto dizer, para o divertimento de todos aqueles que lá vão.
Assim sendo, esta pesquisa possibilitou reforçar a ideia do protótipo
festivaleiro que São Vicente conquistou ao longo de vários anos.

Palavras-chave: Arraial; São Vicente; turismo; Ilha da Madeira; agosto;


protótipo festivaleiro; economia.

ABSTRACT
This work highlights the demonstration of the importance that Arraial de
São Vicente has in tourism in the Autonomous Region of Madeira. During
the study, highlight the impact that a party of this dimension has for our
Pearl of the Atlantic, which takes place at the end of August. To improve
our knowledge, we conducted an interview with the Mayor of São
Vicente, which made our work richer in terms of information and more
enlightening, regarding the realization of the same and the benefits that
this type of party can present to all people. people, and exceed
expectations year after year for both residents and tourists, senior and
youth audiences. As such, a research had as its starting point, the
interview, already mentioned in the second paragraph. The main sources
used were news, information taken from Google and the use of an article
referring to «De romarias e arraiais no mundo insular», by Alberto Vieira.
As a result of the elaboration of this article, it appears that the parish of
São Vicente has the capacity to attract people for a single reason for the
enjoyment of all those who go there. Therefore, this research made it
possible to reinforce the idea of the festival prototype that São Vicente has
conquered over several years.

Keywords: Arraial; São Vicente; tourism; Madeira Island; august; festival


prototype, economy.

Introdução
O atual trabalho foi realizado no âmbito da unidade curricular Organização e Gestão de
Eventos, lecionado pelo professor Rui Pedro Mendonça na Licenciatura em Turismo.
Esta composição tem como principal objetivo, abordar o estudo da dimensão dos
Arraiais, na Região Autónoma da Madeira.
Em primeiro lugar, designa-se festas e arraiais pela sua formação de carácter
sagrado, de devoção ao patrono da cidade ou freguesia. Inevitavelmente, quando se
junta muitas pessoas nessas ocasiões o espírito da festa e do profano está intimamente
ligado. O sagrado e o profano andam lado a lado nestas vertentes festivas.
Igualmente, os arraiais constituem festas populares, normalmente de carácter
religioso, adornadas por diversas luzes e flores e compostas por grupos folclóricos,
bandas filarmónicas e por grupos musicais locais ou continentais, que enchem as festas
de júbilo com a sua melodia. Efetivamente, nestas comemorações são comuns «os
despiques (cantos populares improvisados), e também a presença em massa da
gastronomia tradicional madeirense, como por exemplo, da espetada em pau-de-louro,
acompanhada por bolo-do-caco e vinho seco ou cerveja com laranjada.
Por um lado, o Arraial de São Vicente é sinônimo de loucura, alegria, convívio e
divertimento até cair para o lado!
Este evento ocorre na última semana de agosto, e é um dos arraiais mais
conhecidos e frequentados por vários grupos etários, mas mais pelos jovens que têm a
tendência em se alojar neste município para esta semana de festa.
Por conseguinte, as ruas em volta da Igreja de São Vicente fecham ao trânsito,
para receberem milhares de visitantes de todo o lado, sejam eles locais, residentes ou
turistas. Neste arraial é frequente a presença de diversas barracas de «comes e bebes», e
música durante toda a noite, desde os tradicionais despiques, aos concertos populares e
festas com música eletrónica.
Porém, o arraial de São Vicente à conta da evolução da pandemia na Ilha da
Madeira, foi cancelado em 2020 e também será em 2021, o que trouxe e trará prejuízo
não só para os negociantes locais como também para o comércio madeirense, pois esta
festividade é um dos motores mais importantes para manter equilibrada a balança
comercial da Região Autónoma da Madeira.
«Para uma ilha tão pequena, o Festival Cultural da Madeira é inigualável.
Originalmente utilizado para celebrar festivais religiosos e festas, hoje a Madeira gosta
de celebrar a sua herança cultural ao lado da sua tradição musical e culinária. A Festa de
São Vicente não é exceção! Especialmente, como carinhosamente considerado como
uma das melhores festas da ilha; todos os anos milhares de foliões de todas as idades
acorrem a São Vicente para assistir e ouvir bandas e artistas locais, nacionais e
internacionais, dançar a noite toda com os DJs locais e desfrute os ritmos e melodias
assombrosos dos grupos folclóricos locais. É um evento imperdível.» (Madeira Web,
2021)

Apresentação do tema
Neste labor, iremos apresentar um «festival de verão» denominado por Arraial, que
acontece nas imediações do concelho de São Vicente no final do mês de agosto, e que
junta milhares de festivaleiros para viverem uma semana inesquecível.
Identificação e âmbito do estudo
Este trabalho é no âmbito da unidade curricular Organização e Gestão de Eventos,
orientado pelo docente Rui Pedro Mendonça.

Objetivos do estudo
O objetivo deste artigo é dar a conhecer que o Arraial de São Vicente é muito mais do
que uma festa, como a forma da sua organização e evolução ao passar dos anos.
A Ilha da Madeira é o único arquipélago que realiza arraiais.
Estes eventos incluem inicialmente uma vertente religiosa, comemorada nas
paróquias através de missas e procissões. Mas, o autêntico «festejo» acontece nas
proximidades das igrejas, com muita música, folclore e gastronomia típica.
Em consonância com estas ideias, esta tradição é um momento de convivência
entre amigos e famílias.

Objetivos gerais
Com a realização deste trabalho, viemos dar a conhecer de como é feita a composição
de um Arraial, podendo ser aplicado de uma forma geral.
Primeiramente, para compreendermos o significado do que consiste um
«Arraial» é fundamental vivenciar e entender que não são equiparados a outras
festividades, dado que possuem géneros musicais e nos presenteia com sensações que
muitas das vezes não encontramos em outros espetáculos, nomeadamente em Portugal
Continental. Na realidade, podemos distinguir um Arraial de um Festival, visto que um
Arraial como é denominado na Ilha da Madeira é gratuito para todas as pessoas, sejam
elas crianças ou adultos, enquanto um Festival habitualmente é pago, e por vezes tem
regras como é o caso de não levarmos certos objetos para dentro do recinto, como
também há um limite de idade para entrar.
Contudo, podemos dizer que há indivíduos que não têm o conhecimento certo
de como realizar um arraial desta categoria, e porventura desvalorizam também o
trabalho que os outros realizam, pois, para atingir o sucesso que se programa de um
evento deste tipo, é necessário determinar e pensar tudo à mais ênfase pormenor para
que corra tudo devidamente.
Na verdade, os seus pensamentos deviam mudar, pois estes espetáculos não são
uma mera festa, aliás é muito mais do que «se divertir», acabando por ser o nosso dever
como estudantes e futuros labutadores da área, projetar uma visão e um conhecimento
diferente daquele já adquirido.

Objetivos específicos
Os objetivos que temos com esta pesquisa, é conhecer melhor como é composta a
organização de um arraial como o de São Vicente, que foi o qual que nos focamos.
Além de adquirir um conhecimento aprofundado sobre a história desde as
romarias até ao conceito «Arraiais», pretendemos também transmitir esses
conhecimentos para os nossos colegas e docente da unidade curricular e não só, como
partilhar com outro público que esteja interessado em conhecer um pouco da evolução
que estas festividades tiveram ao longo de muitos anos.
Por um lado, para preparar uma festa desta categoria são necessários 8 meses
antes apalavrar com os artistas escolhidos, e depois a organização e controlo do Arraial
começa a ser trabalhada 2 meses antes do evento com reuniões. De facto, para um bom
planeamento e gestão de um evento desta espécie são essenciais 300 colaboradores,
desde a PSP, Bombeiros, Segurança Privada e pessoal ligado à Câmara.
Assim, através da realização da entrevista com um dos membros mais
importantes da organização, conseguimos obter uma boa perceção da importância e do
impacto que uma festa desta dimensão traz para o turismo na Ilha da Madeira.

Revisão da literatura
Esta seção visa encetar com a contextualização, iniciando pela origem das Festas do
Concelho de São Vicente na Ilha da Madeira, destacando a sua história e localização.
Posteriormente, realizamos uma entrevista a uma das pessoas mais solenes da entidade
de São Vicente.
Para acrescentar à temática principal, iremos abordar a evolução das romarias a
festas deste âmbito e também os impactos diretos que este arraial tem na economia
madeirense.

● A evolução das romarias a festas deste âmbito


«O que era Romaria? Um caminhar, muitas vezes penoso, doloroso até, em condições
voluntariamente precárias, por isso demorado, mas cheio de encantos – imersão na
natureza selvagem e encontros lúdicos no caminho – até a concretização da
apresentação e presença do peregrino a um “Santo”: santuário próximo ou longínquo,
Sagrado feito gente, com quem se conversa, se troca bens, energia e saúde (promessas),
perto de quem se vive uma pequena porção de tempo, o tempo feito Festa: comida,
bebida, encontros, dança; até a volta para um quotidiano transfigurado, já na espera de
outra romaria. Um ritmo de vida – e na vida. Uma relação constituinte com o além-vida
fonte da vida, o Sagrado. Mas uma relação tradicionalmente pouco regulada pela
instituição (a Igreja) em princípio investida da missão de apresentar, representar,
concretizar e distribuir este Sagrado à sociedade profana em que os homens instauram o
quotidiano de suas vidas. Por isso, esta procura ativa de “refontalização”, a partir de
iniciativas repetidamente administradas por cada um, no quadro de uma tradição que
dificilmente aceitava para isso regulações autoritárias, aparecia com frequência às
autoridades eclesiásticas (e políticas) como descambando para manifestações de
“paganismo”: promessas sangrentas em atitudes penitenciais excessivas, que criavam
um foco de devoção autônomo, popular e não-oficial, cantos e espetáculos “profanos”,
“arraiais noturnos”, bebedeiras, eventualmente sexo e violência.… As “romarias” são
caso típico de encontro e fricção (criativa) entre a religião do “povo” e a do “clero”. As
multidões peregrinas são em princípio “leigas”, dirá Dupront, o grande especialista das
peregrinações...»
(Sanchis, P. (2006). Peregrinação e romaria: um lugar para o turismo religioso.
Ciencias Sociales y Religión/Ciências Sociais e Religião, 8(8), p. 86 e 88)
Além disso, uma das caraterísticas das festas populares é a forma como a
população usurpa o espaço à volta do santuário, enfeitando o adro da igreja e vias
públicas com bandeiras, anéis de verduras, flores e cordões de iluminação multicolor,
para a celebração da festa.
A par das luzes, o som também é uma componente muito importante, na
preparação das festas e romarias e é comumente o primeiro elemento a ser montado. Por
esta razão, antigamente era utilizado apenas para os atos religiosos, como as novenas, o
som era disseminado por enormes altifalantes, como é o caso do que mencionamos, os
mesmos eram colocados, geralmente, na torre das igrejas. Ao longo das épocas, passou
a ser utilizado como som ambiente, na preparação e no decorrer das festas, e as firmas
usaram diferentes mecanismos para armazenar a música, sendo os mais antigos as
bobinas e atualmente os instrumentos de música eletrônica.
Anos mais tarde, muitos destes hábitos foram-se perdendo. As flores de papel
deram lugar a flores de plástico, as bobinas de som tornaram-se arcaicas, as lâmpadas
tradicionais foram substituídas pelas modernas lâmpadas LED, que são mais pequenas e
têm uma maior duração e, gradualmente, o trabalho foi entregue a empresas privadas,
que foram responsáveis pela iluminação da festa, embora algumas empresas procuram
manter viva a tradição, empregando ainda alguns antigos artefactos, nomeadamente os
da iluminação.
Concluindo, as festas e romarias vão muito mais além da diversão e das
oportunidades económicas que proporcionam, tópicos muito importantes, mas que
ficam aquém quando equiparados com o alimento que oferecem ao espírito de cada ser
humano na sua integração comunitária tão essencial para o equilíbrio que inclui com
certeza todo o ambiente que nos rodeia.

● Contextualização do Arraial de São Vicente


O município de São Vicente situa-se na região norte do Arquipélago da Madeira e é
composto por três freguesias que são, a Freguesia de São Vicente, Freguesia da Ponta
Delgada e Freguesia da Boaventura, sendo que tem sede na freguesia homónima.
Primeiramente, esta localidade tem dois feriados, sendo o primeiro ligado ao seu
santo padroeiro «São Vicente» no dia 22 de janeiro, e o segundo que está relacionado a
elevação a vila e sede de concelho, pelo alvará suntuoso de 25 de agosto de 1774.
Por outras palavras, a razão pela qual se comemora a elevação do concelho e a
realização do arraial de São Vicente, deve-se por causa da elevação do aniversário do
concelho ser em agosto.
O Arraial de São Vicente é apelidado como o maior Arraial da Pérola do
Atlântico, devido a oferecer uma semana inteira de festa, pois também presenteia com
uma diversidade de estilos de música o que os diferencia de outras festas de outros
concelhos e freguesias.
De facto, todos anos são chamados vários artistas não só regionais, nacionais,
como também de outros países, que trazem normalmente uma certa juvenilidade à festa,
no sentido de atrair muitos jovens com os artistas de momento, como também de
assegurar as músicas populares, podendo oferecer um pouco de tudo para todas as
gerações.
Por fim, podemos destacar que a festa é complementada por um espetáculo
pirotécnico que enche de vida e cor as tradicionais festas do concelho de São Vicente.
● A influência socioeconómica do Arraial na Madeira
A ilha da Madeira é conhecida unicamente por realizar arraiais, destacando-se entre elas
o arraial de São Vicente.
Em primeira instância, o arraial de São Vicente é considerado não apenas como
uma festa, mas sim como um festival, em que inúmeras pessoas lucravam com a sua
realização.
Deste modo, quando há promoção de uma festa destas, existe por consequência a
própria promoção do turismo, o turismo de lazer, e a própria promoção da região
Autónoma da Madeira o que acarreta a sua influência.
É evidente, quando se fala numa festa, ou seja, num arraial na Madeira, o mais
notório é o arraial de São Vicente.
Além do mais, há quem já marque férias nesta semana em que inicia o arraial,
porque por coincidência num ano estavam aqui e gostaram daquilo que o arraial lhes
proporcionou, mas por vezes não conseguem ficar hospedados dentro dos alojamentos
que este município detém, por causa da elevada demanda que esta comemoração
provoca.
Esta festividade com a durabilidade de 7 dias, traz em média 35 mil pessoas
ao concelho, muitas delas são turistas, quando se fala de turistas, não só de outros
países, mas também de Portugal continental, o que é rentável para o comércio, pois com
a vinda das pessoas do exterior como as de cá, o seu consumo é bastante elevado o que
traz proveito para muitas empresas locais.
Contrariamente ao que estávamos habituados, o surgimento do SARS-Cov-2, no
ano de 2020, e a sua continuidade no ano 2021, não será favorável mais uma vez à
economia, uma vez que não se irá suceder este festival, o que gera um enorme
descalabro para as pequenas, médias e grandes empresas conseguirem suportar as
despesas que têm durante o ano, mas mais concretamente no verão, porque ansiavam
chegar a este evento para poderem equilibrar a sua balança comercial.

Metodologia
No presente trabalho utilizamos a investigação qualitativa como fonte principal, com o
objetivo de desenvolver a temática sobre o Arraial de São Vicente.
As fontes utilizadas para a realização deste trabalho foram um caderno de
divulgação, designado por Projeto "MEMÓRIA-Nona Ilha" de Alberto Vieira sobre
«De romarias e arraiais no mundo insular.».
Seguidamente, elaboramos e realizamos uma entrevista, que enriqueceu o nosso
trabalho, uma vez que são perguntas diretamente, sobre a evolução que houve ao longo
dos anos das romarias à nova essência «Arraiais», e também saber o que é o Arraial de
São Vicente e a sua história, e os impactos diretos que este tem no turismo e na
economia da Região. Em consequência desta ação, recorremos à cópia de todas as
respostas do entrevistado para o computador em formato Microsoft Office Word.
Assim, para que se tenha uma visão aplicada do estudo de conteúdo, optou-se
por abordar este evento dentro desta temática, pois entendemos que seja crucial para
haver ainda mais convívio entre as diversas comunidades, que coabitam na Região
Autónoma da Madeira.
Por outro lado, retiramos algumas informações da Internet sobre o que consiste
propriamente a evolução de romarias a arraias, como referido acima, e no que diz
respeito ao Arraial de São Vicente.
Posto isto, a realização deste trabalho deteve algumas dificuldades, uma vez que
foi moroso encontrar informação sobre a história das festividades e a sua evolução, ano
após ano.

Resultados e discussão
Resultado da entrevista
Consoante os dados apresentados no questionário, concluímos que o Arraial de São
Vicente é uma mais-valia para a atividade económica do concelho e da Ilha da Madeira.
O arraial de São Vicente nos anos 1997 e 1998 (não existe uma data concreta),
era realizado num polidesportivo, decorado com rede, e um palco presente nesta festa.
Nessa época chamava-se conjunto o que agora é denominado de banda musical que
tocava depois da missa, em que ao pé da igreja, tinha o correto, e a banda filarmónica.
Com o evoluir dos tempos, foi requalificada a praça, com o jardim de plantas
indígenas, houve uma mudança de paradigma em que os arraiais tradicionais que se
ocorriam naquela praça passaram a ser designadas por festas.
Com o crescimento do próprio arraial, sentiu-se uma necessidade de alargar o
número de dias da própria festa, que antes era praticamente o fim-de-semana.
Entre os anos de 2002 e 2009, houve um crescimento exponencial a nível
musical, com a contratação de bandas nacionais e internacionais, oferecendo todo o tipo
de estilo musical, criando um impacto nas próprias pessoas, daí a designação “Todos os
caminhos vão dar a São Vicente.”
Ao longo dos anos, os investimentos tanto do setor público como do setor
privado, permitiram equilibrar a balança comercial do próprio Arraial, tendo em conta
que nos últimos tempos o investimento privado tem vindo a crescer devido ao aumento
de marcas a quererem patrocinar este grande evento.
Para a elaboração de um evento deste género são necessários diversos
elementos, tais como, uma boa equipa de organização de eventos que é equiparada à
organização de espetáculos.
Por um lado, em relação às fases de planeamento da organização do evento que
começa oito meses antes da realização do festival, é a questão da contratação dos
próprios artistas e do escalonamento deles durante a própria festa, depois as reuniões da
própria organização do evento com todas as identidades que vão estar presentes a todos
os níveis, por exemplo, a nível dos espetáculos, a nível da fiscalização, e posteriormente
durante o evento todas estas pessoas que estão a trabalhar no seu setor, onde há uma
coordenação que interliga todos os membros da organização, informando uns ao outros
se as coisas estão a correr dentro do expectável.
Igualmente, é necessário investir na segurança, tal como a PSP, GNR,
Bombeiros, Cruz Vermelha, os funcionários da Câmara do exterior, Proteção Civil e etc,
em que dois meses antes a praça onde se realiza o evento começa a ser devidamente
preparada.
Além deste arraial viabilizar o concelho, incrementa do mesmo modo, toda a
região, uma vez que não são só os habitantes da Ilha que desfrutam desta semana de
puro entretenimento musical e cultural. Deste modo, há quem se desloque,
nomeadamente, turistas e continentais com o intuito de naquele momento que se
encontram de férias, coincidir com esta festividade.
Infelizmente com o aparecimento do Covid-19, houve um grande prejuízo
econômico, para todos aqueles que colaboravam nesta festividade. Como consequência,
a autarquia de São Vicente, disponibilizou 440 mil euros para distribuir e ajudar os
negócios locais, de maneira que pudessem sobreviver e a manter os mesmos números de
trabalhadores, ao contrário de que se houvesse a festa só iriam ter de disponibilizar no
máximo 200 mil euros do erário público.
Concluindo, para haver futuramente a concretização das Festas do Concelho de
São Vicente, tem haver com a questão do comportamento humano, pois vai haver
pessoas com medo de sair da sua casa por causa da pandemia, afirmando que isto ainda
não está resolvido, como também pode haver aquele «boom», ou seja, um grande desejo
de libertação por parte das próprias pessoas, a proclamar «finalmente posso sair de casa,
e vou ao maior Arraial da Região Autónoma da Madeira».

Conclusão
A elaboração deste trabalho permitiu abordar conteúdos relevantes sobre a grandeza das
Festas do Concelho de São Vicente, para a economia regional.
Para começar, o trabalho está totalmente direcionado para que possamos
esclarecer a dimensão que este Arraial tem na Ilha, podendo relatar um pouco da sua
crónica e as mudanças de que foram alvo ao longo dos anos, como também sobre os
impactos diretos deste festival.
Efetivamente, esta festividade trata-se de um verdadeiro «Hallmark event» que
atrai ao concelho de São Vicente, anualmente milhares de novos festivaleiros, e cuja
marca está inerente associada à zona única em que se realiza. O festival traz em si a
«identidade» do conceito «Arraial» e do município de São Vicente, pois esta localidade
e a Ilha da Madeira ganharam notoriedade, divulgação e mediatismo através deste
evento.
Por um lado, o entrevistado destaca que o festival/Arraial teve um passado
essencialmente distinto do seu presente. Por conseguinte, as mudanças que ocorreram
ao nível da natureza do festival e outras ao nível da requalificação do recinto
contribuíram para a minimização dos principais efeitos negativos associados ao evento
no passado.
O Arraial de São Vicente deixou de ser um evento só de música regional,
nacional e internacional, para se tornar numa oferta híbrida, reunindo um conjunto de
novos atributos associados à imagem de sol, convívio e diversão que ajudou a construir
um bom espelho turístico do município de São Vicente.
Todavia, a concretização deste trabalho foi muito mais difícil do que
esperávamos, pois não encontramos muita informação na Internet sobre o Arraial de
São Vicente, o que de certa forma nos prejudicou em podermos desenvolver outras
ideias sem ser as que adquirimos na vivência deste festival e da entrevista que
realizamos.
Em síntese, podemos frisar que a elaboração deste artigo possibilitou-nos
conhecer como é feito a gestão de um evento deste tamanho, como também do impacto
que este tem nas pessoas e na atividade económica da Ilha da Madeira.
Referências bibliográficas
Webgrafia
São Vicente (Madeira) - Infopédia (infopedia.pt)
http://www.visitmadeira.pt/pt-pt/noticias/detalhe-noticias/festas-populares-os-arraiais?
Action=1&PID=18250
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%20dos%20Eventos/VIEIRA_ALBERTO_DE_ROMARIAS_E_ARRAIAIS_NO.pdf
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https://www.madeiraallyear.com/4-arraiais-de-verao-nao-perder-madeira/
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Eventos e Atracções na Ilha da Madeira 2020/2021 (madeira-web.com)
Da importância das festas populares e romarias – O Louzadense
São Vicente (Madeira) – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
http://www.cm-saovicente.pt/historia-concelho/
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Vicente_(Madeira)#Hist%C3%B3ria
Anexos I
[Tempo Áudio total 00:53:58]

1. [Beatriz Baptista] De onde surgiu a ideia de criar estas festas de São Vicente?
pode, por favor, fazer uma contextualização histórica às festas de São
Vicente (i.e., origem, primeira festa…)
[00:17:41] Portanto, as festas de São Vicente, começaram no início por ser umas festas,
portanto, da paróquia daqui da vila de São Vicente. Entretanto no local onde são
feitas as festas, antigamente era um polidesportivo, até tinha, era com rede, e
montava lá o palco, tinha um conjunto, chamava-se conjunto agora é uma banda
musical, mas na altura era conjunto e que atuava e depois da missa lá faziam a
atuação, as pessoas assistiam e depois ao pé da igreja tinha o coreto, tinha a
banda filarmónica, portanto estava um bocadinho dividido, e era praticamente
para as pessoas daqui. Entretanto com o evoluir dos tempos, estamos a falar,
desde de sempre. Provavelmente chegamos aqui por volta do ano, antes do ano
2000, 97, 98, por aí, depois também foi quando foi feita a requalificação aqui da
praça, portanto foi criado um polidesportivo, foi criado a praça, o jardim de
plantas indígenas, essas coisas todas que é como está ali agora, pois, entretanto,
houve mais uma requalificação dentro dos mesmo módulos e começou depois
aquela situação dos próprios arraiais tradicionais para passarem a ser festas.
Com o evoluir dos tempos, além de ser alargado o número de dias da própria
festa, que antes era praticamente o fim-de-semana, depois começaram a colocar
a sexta do dia anterior, depois a quinta-feira, depois a quarta e assim
sucessivamente, e depois já na altura 2002, 2003… começou em crescendo até a
contratação de bandas já nacionais para dar outro impacto. Depois a partir de
2005, 2006, 2007, que foi o boom das próprias festas de São Vicente atendendo
também à política cultural que foi implementada e de poder promover e
valorizar um efeito cultural que existia dividido que é o que acontece hoje em
dia, já noutros moldes com o mesmo desenvolvimento dessa política mas
acrescentando sempre mais alguma coisa de ano para ano e evidentemente
notasse primeiro a nível de bandas no sentido de trazer a São Vicente bandas que
nunca tenham atuado na Madeira e depois para dar a oportunidade de dar às
pessoas de assistir e depois criou-se aquele impacto nas próprias pessoas, que é
naquela semana de São Vicente, todos os caminhos vão dar a São Vicente,
portanto o próprio lugar é propício a isto, estas ruazinhas, esta distribuição da
própria música, por exemplo, na zona do ferro velho, tem um tipo de música, na
zona da praça da poncha tem outro típico de música, na zona do palco tem os
artistas a atuar e cada pessoa, «opah agora apetece-me ouvir outro tipo de
música» vai até lá abaixo demora, meia hora a chegar, mas foi criado também
nesse sentido e também durante essa semana também dar uma oferta variada,
tipo mesmo uma semana cultural virado para as festividades, portanto tipo na
segunda-feira ou no sábado antes, no sábado antes é todo o terreno, depois o
folclore que vem grupos internacionais, depois no domingo é a parte da festa da
banda filarmónica etc, depois volta à segunda-feira, depois tem o concurso de
vozes que é, tipo na terça-feira, depois na quarta já começa a crescer, quarta,
quinta, quinta, sexta, sábado e por aí a cima, já crescente, já com bandas
nacionais e depois com bandas internacionais e faz com que as pessoas gostam
de vir a São Vicente. Portanto, começou assim com a festa da paróquia e foi
crescendo ao longo dos anos, e é aquilo que é hoje.
2. [Beatriz Baptista] Sabendo que a festa do padroeiro de São Vicente é em janeiro,
qual é o motivo de se festejar este Arraial na última semana de agosto?
[00:04:58] Por várias razões, portanto, o padroeiro é no dia 22 de janeiro, o feriado
municipal é no dia 22 de janeiro, que é o dia de São Vicente. Portanto, mas o dia
de comemoração de elevação de São Vicente a concelho é o dia 25 de agosto.
Portanto, São Vicente foi elevado a concelho no dia 25 de agosto de 1744,
portanto é o aniversário do concelho é em agosto não em janeiro, e, portanto, a
questão são as festas do concelho, portanto, são as comemorações, do
aniversário do concelho e não do próprio santo. E depois em agosto está sol, em
janeiro está chuva, mas não é por isso, é por causa da elevação do aniversário do
concelho ser em agosto.

2.1. [Sofia Gouveia] Mas nunca ouve aquela, por exemplo, querer ligar as duas
festas numa só?
[00:06:01] As duas festas numa só…
[Sofia Gouveia] Num objetivo em ligar as duas festas numa só
É difícil ligar as duas festas numa só, porque uma é em janeiro e outra em agosto.
Houve numa altura no ano 2000 qualquer coisa, que o presidente da câmara na
altura tentou que o feriado municipal fosse no dia 25 de agosto em vez de ser no
dia do santo, só que nós vivemos num região e sobretudo num concelho em que
as pessoas são muito tradicionais, portanto estavam habituadas sempre ser do
santo, a efetividade com o santo é muito grande daí até hoje, aliás vemos noutros
concelhos, que houve polémica em querer mudar o dia, o feriado municipal por
outro dia, porque evidentemente seria o feriado municipal deveria ser
provavelmente no dia 25 de agosto foi quando, por João V restaurado o
concelho de São Vicente e portanto, deveria ser nesse dia mas as pessoas estão
habituadas no dia 22 de janeiro o feriado municipal, porque é o santo padroeiro
do concelho e portanto vai continuar a ser assim, não sei se por muito tempo, por
pouco tempo mas pelo menos enquanto eu estiver vai se manter assim.

3. [Beatriz Baptista] O que é necessário para que se possa realizar este evento?
[00:07:16] São necessárias muitas coisas…
[Beatriz Baptista] As principais.
Sim muitas coisas. Primeiro a disponibilidade financeira, como é óbvio, estamos a falar
de uma festa que é investido, é um investimento, não é um gasto é um
investimento, estamos a investir aqui numa série de coisas, investir na cultura,
investir na promoção do concelho, estamos a investir no turismo neste caso no
turismo de lazer, estamos a falar naqueles dias de mais movimento, 30/ 35 mil
pessoas aqui num dia, portanto na quarta, quinta, campos de campismo,
alojamento local, turismo rural, hotéis, casas particulares, portanto é nesse
sentido, é preciso muita coisa. Quando se fala na disponibilidade financeira, é o
arraial de São Vicente criou ao longo dos tempos foi crescendo e criou um
estatuto diferente provavelmente dos outros concelhos, dos outros arraiais ou das
outras festas, portanto estava a dizer que isto foi divido em duas, portanto é um
arraial e é um festival, portanto tem aqui, os dois conjuntos, na mesma festa. E
tem duas vertentes, nós conseguimos ao longo dos anos. Começou só como um
investimento público, e ao longo dos anos, ou à medida que foi crescendo, foi
equilibrando a balança, investimento público, investimento privado, portanto
estamos a falar de patrocínios, estamos a falar da questão das marcas patrocinar
para estarem presentes na festa, e notasse cada vez, ao longo dos anos, o
investimento público, vai diminuindo ou vai se mantendo e o investimento
privado vai aumentado, portanto é como nos festivais e a partir daí as coisas
foram mais equilibradas. Depois é preciso todo aquilo que se chama, a máquina
que é a organização do evento deste equilíbrio que é equiparado à organização
de espetáculos e etc que é preciso contactar as próprias bandas, é preciso
contratar depois as próprias bandas. Estamos a falar de bandas locais, regionais,
nacionais, internacionais e que obviamente é preciso um trabalho e com bastante
antecedência relativamente quando acontece o próprio, a própria festa, digamos
assim. Para terem ideia, isto no ano passado não houve arraial, este ano
infelizmente, também não vai haver atendendo à situação que nós temos, à
artistas que estão contratados, não estão contratados, estão apalavrados no
sentido de nós só não fechamos o contrato, porque obviamente nós não sabíamos
se ia haver festa ou não, e, portanto, não fechamos, mas imaginemos que
amanhã dizem assim, ok vai haver festa, eles estão apalavrados e é só assinar o
contrato. Portanto, isto é um trabalho que se faz com muita antecedência, além
de tudo aquilo que envolve, a questão de licenciamento das barracas… dos
bares…, da própria segurança, estamos a falar de uma segurança, se vocês
reparem ao longo dos anos, não passou [interrupção de texto- palavra
imperceptível], felizmente de haver situações menos boas no arraial de São
Vicente, porque a segurança é apertada. Quando eu falo na segurança apertada,
estamos a falar de no arraial todo de mais 100 agentes da PSP, sem falar
naqueles que estão à paisana, sem falar nas brigadas anti droga, sem falar do anti
crime, portanto estas são pessoas, que são polícias e que já tem pessoas
identificadas, que são aqueles que fazem confusão sempre, e que obviamente
nem entram. Eu lembro-me de um ano, que houve uma operação stop à entrada
do túnel, na descida e que só para terem ideia, facas, canivetes, facas de cozinha,
droga, tudo, foi tudo parado, à uns que nem vieram para a festa, já foram
direitinhos para a esquadra do outro lado, já nem entraram. Portanto é uma
logística muito grande, depois de estar montada, sem falar na segurança privada,
e essas coisas todas, sem falar na segurança, obviamente das próprias pessoas, o
corredor de segurança até ao centro de saúde, tem de ser criado, porque tem
muitos carros parados, portanto, à um corredor criado até o centro de saúde, a
questão da Cruz Vermelha Portuguesa está presente, exatamente aqui mesmo e
etc, os próprios Bombeiros, portanto e é aqui montado… em redor, portanto é
mais ou menos um espetáculo quando vamos a um espetáculo, só que muito
maior porque, estamos a falar de estacionamento, trânsito, portanto uma série de
coisas e isso é montado provavelmente o que eu foi mais difícil, foi o primeiro,
depois ao longo dos anos vai melhorando, vai vendo o que corre bem o que
corre menos bem, o que é preciso melhorar, e portanto, é preciso muita coisa.

4. [Beatriz Baptista] Quanto tempo de antecedência é necessário para iniciar o


planeamento e organização do evento?
[00:12:35] É assim podes pôr, normalmente 8 meses antes nós apalavramos os artistas,
depois de estar apalavrado e de estar decidido quais são os artistas que vem, são
feitos os procedimentos de públicos, a nível da própria contratação, e assinado o
contrato, normalmente estou a falar na questão dos artistas, normalmente dois
meses antes do próprio evento, dois meses, um mês e meio, por aí, porque já está
apalavrado. Depois a organização começa a ser trabalhada 2 meses antes com
reuniões, entre todas as instituições, que vão estar, PSP, GNR, Bombeiros, Cruz
Vermelha, a Câmara, como é óbvio, o pessoal da Câmara do exterior, Proteção
Civil e etc. Portanto, dois meses antes já começa a escalonar, depois tem o mapa
do concelho todo direitinho a dizer o que é e o que não é..., e pede para depois
começar a ser tudo montado, tudo direito, os próprios serviços da Câmara,
depois onde é que são montadas as barracas, o que é fumos, o que é que não é
fumos, o que é para separar das zonas das comidas é lá em cima, a zona dos
hambúrgueres é… não sei o que… naquela zona, é montado tudo dessa forma,
mas dois meses antes, eles começam a reunir já para pôr tudo em
funcionamento.

5. [Beatriz Baptista] Quais são as fases do planeamento da organização e da gestão


que compreendem a realização deste evento?
[00:14:06] As fases…
[O telefone começou a tocar]
[Beatriz Baptista] As fases do planeamento e da organização…
[Entrevistado] Portanto, as fases é aquilo que disse à bocadinho, primeiro a questão da
contratação dos próprios artistas e do escalonamento deles durante a própria
festa, depois as reuniões da própria organização do evento com todas as
identidades que vão estar presentes a todos os níveis, a nível dos espetáculos, a
nível da segurança, a nível da fiscalização, e uma série de coisas e depois
durante o evento toda esta gente está a trabalhar no seu sector e depois há uma
coordenação que chega lá tudo, conforme as coisas estão a correr se há alguma
coisa que aconteceu e depois é tudo sinalizado tudo direitinho, portanto, as fases
são exatamente essas em que já começa nos tais oito meses atrás a trabalhar.

6. [Beatriz Baptista] Quantos colaboradores necessitam para a realização deste


evento? por exemplo, GNR, Bombeiros…
[00:15:09] Muitos…
[Sofia Gouveia] Pode dar uma estimativa?
[Entrevistado] Entre PSP, Bombeiros, Segurança Privada, pessoal da Câmara, podes
pôr à vontade 300 pessoas, 300 pessoas à vontade, só a PSP são cento e tal
depois os bombeiros e depois tem várias corporações de bombeiros, depois tem
a própria organização dos eventos dividida, a questão do trial aqui são uns, a
questão do espetáculo aqui são outros, o pessoal depois na limpeza etc, porque
se repararem, por exemplo, vocês vem aqui na quinta-feira isto está tudo cheio
de lixo, na sexta-feira já não tem nada, e portanto durante esse período o pessoal
já limpou tudo, portanto estamos a falar mais de 300 colaboradores à vontade.

7. [Beatriz Baptista] Sendo a Madeira um meio tão pequeno, é difícil de arranjar


parcerias ano após ano?
[00:16:06] Não é que seja difícil, aqui a questão é que os parceiros são sempre dentro do
mesmo sector, ou é do sector das bebidas ou é do sector da publicidade, ou é do
sector das comunicações, e, portanto, como é que eu posso dizer isto, não é a
questão de ter muitos, existem muitos para a mesma, para o mesmo tipo de
parceiro. Imaginemos que tenho um parceiro das comunicações, certo, no ano a
seguir até posso ter outro parceiro das comunicações mas é só um, eu não posso
estar aqui a ser parceiro de empresas concorrentes, só para terem ideia, a nível
das bebidas à uma empresa, que posso dizer até qual é, não há problema, que é a
empresa das cervejas da Madeira, que paga a exclusividade para tar, portanto
não pode haver outro pelo menos na zona das festas, não nos bares que existem
mas nem tudo aquilo que é licenciado só para a festa, tipo barracas e essas coisas
todas, só bebidas da própria empresa cerveja da Madeira, tem toda a lógica, eles
pagam para a exclusividade e tem essa exclusividade, agora se formos a um bar
que funciona o ano inteiro ele aí trabalha com a marca que entender e portanto a
questão das parceiras é exatamente essas, não é que seja difícil, são é poucas
porque existem poucos sectores, porque, se consiga querer entrar num tipo de
arraial como este, mas temos alguns em diversas, de diversas marcas, de sectores
diferentes em que se associam ao arraial de São Vicente porque obviamente
também é um meio de divulgação bastante grande relativamente à questão das
empresas e da marcas das empresas.

8. [Beatriz Baptista] As empresas estão dispostas a investir numa festa desta


dimensão?
[00:17:56] Todas estas estão… estão dispostas a investir como estava a dizer, porque é
um veículo de comunicação muito grande, a nível da própria marca. O próprio
arraial já é uma marca que marca presença, aqui na região autónoma da Madeira
e obviamente tem todo o interesse em se associar a marca deles à marca festa de
São Vicente.
9. [Beatriz Baptista] Relativamente aos apoios às barracas de «comes e bebes»
presentes nesta semana, existe algum custo para estarem presentes? Qual é
a estimativa?
[00:18:34] Existe, existe um custo para estar presente, também houve em evolução a
esse nível, houve… inicialmente as «barracas comes e bebes» vinham e
pagavam as taxas, as taxas normais estão publicadas na tabela, portanto de taxas
da própria autarquia. Estamos a falar de valores irrisórios, podiam pagar 300,
400 euros por semana, para alistar, depois com a evolução, houve a parte do
leilão, portanto como era muita procura, só para terem ideia, para 11 espaços
chegamos a ter aqui 50 pessoas a concorrer… e depois da questão do leilão, era
quem deve mais é que ficava e isso já começou a dar uma média de 750 euros
por lugar. Estamos a falar por exemplo neste arruamento de «comes e bebes»,
cachorros quentes e essas coisas todas… e depois já para outra fase que foi a
nível das parcerias, em que por exemplo alguém ficava com os espaços todos…
e aí já subia a parada, estamos a falar já cerca de mil e duzentos euros por cada
espaço, portanto alguém fica com os espaços, ou explora eles todos e depois de
dar sob concessão, mas para a própria autarquia é muito melhor porque sabe que
aqueles espaços estão confecionados, arrecadou a receita toda maior ainda e já
subiu depois tem que falar com o confessionário todos os outros 11 até pode ser
os 11 do mesmo confessionário mas se ele soube arrendar. Imaginemos ele
soube arrendar a 11 pessoas, um espaço a cada um certo, a própria autarquia ou
fiscalização da autarquia não tem que falar com 11 pessoas, fala só com o
confessionário, o confessionário vai ter que resolver a situação, então, é selada
completamente, não chegou nunca a acontecer porque as pessoas cumprem e
tem que cumprir, porque sabem que há regras e num arraial deste tem que haver
regras porque se não houver… descontrola e portanto, é assim portanto estamos
a falar de inicialmente 300, 400 €, passou para 700, 750€ e neste momento anda
nos 1200€ uma média, estamos a falar de médias, por exemplo houve espaços
que foram leiloados a 2500€… são os melhores como é óbvio… e se alguém
está disposto a dar 2500€ é que o retorno compensa, se não não, não o faria.

10. [Beatriz Baptista] Como é que se procede a ligação destes comerciantes e a


Câmara?
[00:21:05] Os comerciantes, não estou só a falar daqueles que são só concessionados,
mas depois tem aqueles que pagam as taxas por exemplo na zona dos «comes e
bebes» e etc… o que eles tem que fazer é veem à revisão administrativa, fazem
os próprios requerimentos, com a documentação toda que é exigida, é feito o
valor que tem que pagar e metido a guia de receita e depois tem que pagar à
tesouraria da câmara, pagam essa guia e é metido uma licença que depois tem
que estar afixada na própria barraca que é um modelo até vem em parceria com
a própria PSP que eles olham para aquele tipo, e já sabem que está devidamente
escalonado e depois tudo isso, depois é os serviços da própria autarquia,
excetuando a questão da eletricidade que cada um deles depois tem que resolver
com a empresa da eletricidade, não é nossa mas, coloca por exemplo a questão
da água em todas as barracas depois de ter devidamente a licença, e metida e
paga, colocam lá a água, a água é gratuita, a Câmara não cobra nada por isso, e,
não cobra porque já estão a cobrar a licença, à Câmaras que cobrem mas neste
caso achamos que não é por aí, depois durante todo o resto, é a fiscalização da
própria autarquia, que são os fiscais da Câmara, que fazem a fiscalização, se
estão a ocupar o lugar certo, se tem as medidas certas, se não excederem as
medidas, depois se está, tão a cumprir, tudo aquilo que está estipulado, isto é,
antes de começarem a trabalhar, enquanto estão a trabalhar, pois durante a festa
e depois no fim, tem x de tempo para desmontar… desocupar a via pública e etc,
porque estamos a falar de três dias depois para desocupar, não é depois de
passado uma semana da festa e ainda temos aqui roulottes e barracas e etc,
portanto isso é a própria fiscalização que o faz.

11. [Beatriz Baptista] Qual é o público-alvo deste evento? Por exemplo: os


residentes, os turistas ou ambos?
[00:23:09] O público-alvo são todos. O público-alvo são os residentes, são os
madeirenses, são os portugueses e também são os turistas como é óbvio e os
estrangeiros. Há pessoas que já vem de propósito para as festas de São Vicente,
há pessoas que já marcam férias para virem às festas de São Vicente e já, quando
marcam as férias já sabem que vem para São Vicente e tem várias pessoas no
continente que eu conheço que dizem sim já marquei férias para ir às festas de
São Vicente. Mas também turistas porque uns que por coincidência estavam aqui
nessa altura, gostaram e no ano a seguir já marcam férias para passear aqui nessa
altura, portanto, o público alvo… são estes todos, além de como já tinha dito à
bocadinho, não é a questão do público, mas de podermos chegar a todo o
público, porque há pessoas aqui mais idosas que gostam do folclore, gostam do
bailinho, gostam, portanto à dias específicos para isso, e as pessoas já sabem.
Ah eu vou ir à festa, Segunda e Terça porque é aquilo que eu gosto de ver, depois
Quarta, Quinta e Sexta já sei que aquilo é para o pessoal mais novo já nem
sequer vou para lá, portanto as próprias pessoas já delinearam aquilo que são, já
interiorizaram aquilo que são as festas de São Vicente. E o público alvo são
esses todos e nós preparamos um festival, digamos assim e um arraial, que são
as duas coisas preparado para todo o público, e, portanto, para todo o público
alvo que é este todo.

12. [Beatriz Baptista] Quem é o responsável na organização do cartaz para esta


Semana do Concelho?
[00:24:35] O responsável, o que, a nível da organização ou a nível, por exemplo da
contratação dos artistas, ou de escolher os artistas, é nesse sentido. É assim o
responsável, obviamente é o presidente da câmara, a variação da câmara que faz
a delineação daquilo que se quer para cada ano. Olhamos sempre para a questão
dos artistas que já vieram, para não repetir os artistas como é óbvio, e depois ter
sempre aquele sexto sentido, de ver porque também tem haver com a questão
financeira. Lembro-me por exemplo, dos artistas que vieram a São Vicente,
provavelmente nunca mais vêm, porque, estou a falar da Paula Fernandes e do
Calum Scott, são artistas que são internacionais que foram oportunidades que
surgiram, e aquilo que eu estava a falar do sexto sentido, do momento certo.
Houve aqui, agora só por curiosidade, o Calum Scott lançou a música, que teve
muita badalada, demorou mais tempo, mas também na altura era para ele lançar
essa música em São Vicente, e portanto, por uma questão de timing, não
aconteceu, veio às festas e lançou a música depois. Já não me recordo do nome,
mas está muito badalada.
Portanto e é uma questão também de, primeiro ter os contactos certos, os conhecimentos
certos para depois aproveitar as próprias oportunidades.
Vou falar até de valores, por exemplo a Paula Fernandes, só a nível de cache, na altura
que ela veio cá, estávamos a falar de um cache que rondava os 80 mil €, e ela
veio a São Vicente por 35 mil € de cachê, estamos a falar só de cachê fora as
viagens, estadias, e essas coisas todas. Portanto se fosse pelos 80 mil, ela não
vinha, provavelmente não, não vinha mesmo, não ia disponibilizar 80 mil €, não
é fácil, e é uma questão de oportunidade e estamos a falar do Calum Scott que
foi dentro dos mesmos valores, porque também senão não vinha, por isso é que
eu estou a dizer que dificilmente não é a São Vicente, vem à Madeira, ou então
fazem um espetáculo aqui na Madeira com uma empresa e a cobrar entradas
[telemóvel começa a tocar] a nível de espetáculos públicos, dificilmente vem
porque são cachês muito muito grandes. Portanto é a questão de os contactos
também devidamente termos contactos e fazermos, e, portanto, quer a variação
da Câmara, a Junta se delineia aquilo que, quais são os artistas aquilo que nós
queremos e normalmente dividimos os artistas nacionais e internacionais,
espalha-se aqui no sentido de incentivar e minimizar aquilo o que é os nossos
artistas locais. Quando falo em artistas locais são os de São Vicente e os da
Região Autónoma da Madeira, e depois de delinear aquilo que são nacionais e
aquilo que são os internacionais, no sentido de quem é que está na moda quem é
que não está na moda, o que é que o público. As faixas etárias, mesmo até dos
mais jovens, há aqui pelo menos duas faixas etárias. É aqueles até os 18 anos e
depois dos 18 anos para cima, sempre no sentido porquê que gostam. E depois é
a questão dos djs internacionais e essas coisas todas, e, portanto, também é um
bocadinho isso e temos a discoteca ao ar livre e também com djs internacionais
do topo da tabela internacional.

[Beatriz Baptista] Agora vou passar a palavra à minha colega para dar continuidade às
perguntas.

13. [Sofia Gouveia] Nos últimos anos, temos visto a predominância do Café do
Teatro no palco principal. Qual é o motivo desta escolha?
[00:28:16] Já passou vários por aqui. Já passou as vespas, já passou… já não me
recordo qual era, mas foram três. E depois a questão do café do Teatro tem haver
com a evolução dos tempos. O café do Teatro entrou no mercado regional da
forma que entrou e depois foi o que apresentou a proposta mais vantajosa para a
questão de tamos a falar aqui na questão de djs, estamos a falar aqui na questão
da noite, ou a madrugada, digamos assim. Na parte, naquela parte da discoteca
ao ar livre e foi aquele que apresentou a proposta mais vantajosa só para terem a
ideia, a Câmara não paga os djs, quem paga os djs estes anos todos tem sido o
café do Teatro, na altura é a responsabilidade é deles. Eles apresentam a
proposta, nós olhamos para o cartaz dos djs e aprovamos ou não, se nós
aprovamos eles enviam se não aprovarmos vai haver aquele que nós aprovamos
e, portanto, normalmente eles é quem apresentam o melhor cartaz. Uma coisa é
apresentar um dj top 10, outra coisa é apresentar um dj que está ok nos 100
primeiros, mas está 80 ou 81. Portanto é sempre nesse sentido, apresentar a lista,
nós depois aprovamos e vemos quem tem saída e quem tem apresentado a
proposta vantajosa tem sido o café do Teatro, daí a predominância de estar aqui
nas festas de São Vicente porque obviamente nós fazemos, quando fazemos uma
gestão de uma festa destas, é sempre naquilo que é mais vantajoso.

14. [Sofia Gouveia] Na sua opinião, o Arraial de São Vicente tem influência no
Turismo da Madeira?
[00:29:57] Tem influência, tem influência. Estamos a falar no maior arraial/festival da
Região Autónoma da Madeira, e quando se faz a promoção de uma festas destas
e do concelho de São Vicente, neste tipo de turismo. O turismo de lazer, estamos
a fazer a própria promoção da região Autónoma da Madeira e isso aí tem a sua
influência. Porque quando se fala numa festa, num arraial na Madeira, toda a
gente fala do arraial de São Vicente, e é na Região Autónoma da Madeira,
portanto e quando se fala. Estávamos a falar na questão dos turistas que já
marcam férias no outro dia, por coincidência num ano estavam aqui e viram isto.
Esta questão de passar aqui nas ruas, tudo apertadinho, com esta questão da pandemia
veio estragar isso, mas para eles é um, é uma coisa diferente. Eu lembro-me uma
vez de estarmos no Continente, e tava lá num sítio e começamos a falar «Ah
somos São Vicente Madeira», «Isso é onde tem aquele arraial que pomo nos
todos assim, apertadinhos» e, portanto, tem influência no próprio turismo. Uma
semana de festa, e que nos dias maiores trás uma média de 35 mil pessoas ao
concelho, muitas delas são turistas, quando se fala de turistas, não só de outros
países, mas do continente. Obviamente que sim, tem influência, claramente.

15. [Sofia Gouveia] Existe feedback positivo por parte dos turistas e residentes a
esta festa? Qual é os meios que normalmente usam para receberem esse
feedback?
[00:31:33] O feedback vai como eu estava a dizer à bocadinho, que é a questão da
«boca a boca», isto é dos maiores arraiais da Madeira, o maior arraial da
Madeira. Depois obviamente na questão dos comentários Facebook, redes
sociais, sites e etc. que obviamente também trazem esse feedback além de… das
próprias revistas e comunicação social, quer seja ele escrita quer seja pela
televisão, que o fazem além dos artistas internacionais, deles próprios também
fazerem, nas páginas deles, do Facebook ou outros sites, a própria promoção.
Lembro-me do Mickael Carreira que publicou fotos do hotel onde ele estava a
ficar, ali da paisagem etc. da Paula Fernandes que estava num hotel. E, portanto,
isto já vai além do concelho de São Vicente, porque na altura os hotéis estavam
cheios, nem eu próprio consegui por a Paula Fernandes em São Vicente porque
não havia estava tudo cheio, ficou na Calheta, no Saccharum e que depois lá no
espetáculo e não sei que. Portanto faz a própria promoção. Os próprios artistas
que são contratados fazem a própria promoção nos meios de comunicação deles
e que depois tem todo aquele feedback. Eu vou dar um exemplo, o Calum Scott,
alguém a perguntar, «mas isso fica onde?» «onde é que é essa festa?» «Onde é
que é esse arraial?» ou mesmo da Paula Fernandes «Ah sim giro, isso onde é que
é?». Estamos a falar de pessoas do Brasil, pessoas da Inglaterra, pessoas de
outros países que seguem, obviamente os artistas e que essa promoção está
sendo feita nesse sentido.

16. [Sofia Gouveia] A concretização desta festa tem por base algum fundo ou apoio
do Governo Regional ou de outra entidade pública?
[00:33:18] As entidades públicas é só da Câmara de São Vicente. Estamos a falar, de…
a nível do próprio financiamento, depois a nível do governo regional, através da
secretaria do turismo, algumas despesas que eles, portanto... pagam. Quando
digo pagam é na questão de estarem a contribuir, por exemplo se for um artista
internacional, o pagamento das viagens…, portanto, é sempre nesse sentido.
Todo o resto a nível de entidades públicas tem haver com o apoio logístico, por
exemplo nós temos, vários apoios de outras Câmaras, por exemplo, que, ou de,
com a questão dos bombeiros, porque os nossos são muito poucos para aquilo
que é, com a questão de viaturas de recolha de lixo, porque na altura, é uma
coisa acima do normal, ou com outros meios que tenham ao dispor, que
obviamente servem à própria autarquia ajudando naquilo que é o concelho.
Separando aqui a questão dos apoios, uma coisa é um apoio financeiro, outra
coisa é o apoio logístico e então os apoios logísticos temos o apoio de muitas
instituições, aqui na questão da região, não só do governo regional, mas também
de outras autarquias, Câmaras municipais, das próprias juntas de freguesia do
concelho que depois quando contribuem com o seu pessoal naquilo que é
organização da festa, nomeadamente a nível de limpezas, barreiras e essas coisas
todas. E daí haver muitas, muitos apoios logísticos de outras instituições.

17. [Sofia Gouveia] Qual é a estimativa do investimento financeiro deste Arraial?


[00:34:55] O investimento por parte da autarquia ou os dois? A parte da autarquia e
privado, da parte da autarquia ronda sempre um investimento público na ordem
dos 180, 190 mil €, não chega aos 200 mil €. Estamos a falar de um
investimento financeiro, não estamos a contabilizar a parte logística que é a
parte dos apoios logísticos etc.
Na parte dos privados, depende, depende… depende do ano, depende dos artistas, estou
a falar neste caso, por exemplo, não consigo quantificar quanto é que o, por
exemplo, o café do teatro investe nos djs, porque eles é que fazem o próprio
pagamento. Portanto eu posso só quantificar aquilo que sai do erário público,
das contas da autarquia. Estamos a falar num investimento cerca de 180, 190 mil
€ todos os anos criamos aquele plafond e tentámos andar sempre ali e daí não
poder contratar o artista que eu quero, tem que ser dentro daqueles valores e tem
haver com palcos, iluminações e artistas também, tudo, tudo o que envolve PSP.
A PSP é paga, neste momento, eu digo sempre na brincadeira, e continuo a
brincar, fica gravado, não interessa, que a PSP é o grupo mais caro que vêm às
festas de São Vicente. Portanto,
[Beatriz Baptista] Mas também o senhor já referiu que são imensos
[Entrevistado] Sim… também a pessoa que eu disse isto da PSP, também disse-me que
atuavam todos os dias. Portanto estamos aqui a falar de um investimento só para
a PSP entre os 25 e 30 mil € e…
[Sofia Gouveia] Mas é compreensível de acordo com a dimensão desta festa
[Entrevistado] Sim é um próprio, é um investimento da própria autarquia, como é óbvio.
Portanto se não for, não for visto, rapidamente chegamos aos 180, 190 mil €
além de tudo aquilo que é um investimento privado, dos patrocinadores, do…,
portanto, do próprio governo regional que depois se faz o pagamento de alguma
coisa está a contribuir de outra forma, e de outras instituições. Portanto, mas
aquilo que eu posso quantificar a nível financeiro é da autarquia e ronda sempre
os 120, 190 mil € por ano. Pode haver um ano que fica 160, pode haver um ano
que, mas nunca ultrapassou os 190 mil, do erário público, e daquilo que a
Câmara paga diretamente.
[Sofia Gouveia] Essa sempre foi uma meta?
[Entrevistado] Como?
[Sofia Gouveia] Essa sempre foi a sua meta? Chegar só aos 180 mil
[Entrevistado] Se a minha meta, foi sempre
[Sofia Gouveia] Esse valor
[Entrevistado] A minha meta foi…
[Beatriz Baptista] Não exceder
[Entrevistado] Foi exatamente, foi sempre fazer uma festa, a nível financeiro, daquilo
que a própria autarquia podia suportar. E sobretudo, naquilo que é, que nós
achamos ser o razoável. Eu acho que não é razoável, por exemplo, nós
investirmos 500 mil € numa festa de São Vicente do dinheiro do erário público,
quando temos muitas outras coisas, que temos que investir. E a nossa, a questão
do razoável, nós apontamos 200 mil €, 200€ é o razoável para continuar a
promover o concelho a nível do turismo, a promover as e etc e estamos sempre
abaixo desse valor, do investimento erário público, porque a seguir a partir daí
tudo o resto também cabe nos a nós e buscar os apoios fora, os privados, os
patrocinadores, e etc. Portanto foi sempre nesse sentido, a meta foi traçada desta
forma, dentro daquilo que a autarquia podia e dentro daquilo que obviamente é o
razoável.
[Sofia Gouveia] Ou seja, está-me a querer dizer que sempre foi essa meta e antes de ter
chegado ao poder, era essa meta que o seu outro
[Entrevistado] Os antecessores também se basearam dentro deste… destes moldes.
Provavelmente, isto também tem a ver a seguir um bocadinho com o
investimento que é feito. Uma coisa é gastar, ou investir 200 mil € do erário
público numa festa que está orçada a nível de artistas que poderia custar o valor
x, outra coisa é gastar o mesmo valor numa festa que estava orçada no valor x
menor. Portanto estamos a falar aqui de percentagens de investimento, mas os
meus antecessores também obviamente sabendo e conhecendo aquilo que é era
as capacidades da própria autarquia também andaram dentro desses valores e
abaixo desses valores.
[Sofia Gouveia] Ok

18. [Sofia Gouveia] O cancelamento da Festa de São Vicente em 2020 devido ao


covid, teve um grande impacto económico e social para o concelho?
[00:39:27] Bastante. Infelizmente bastante, porque estávamos a falar numa semana que
a indemnização da Câmara e local era muito grande e estamos a falar de todos os
níveis, não só, a nível da restauração, não só a nível da hotelaria, mas tudo
aquilo que envolve, um evento desta dimensão, e que obviamente traria um
retorno. Quando se fala em retorno não é para a própria autarquia, a autarquia,
não, é o retorno, a própria promoção, mas a nível financeiro para as próprias
empresas locais e não só, também para empresas fora do concelho, que depois
vêm aqui. Estou a lembrar, por exemplo a questão dos vendedores ambulantes e
daqueles que fazem barraca em todos os arraiais, que infelizmente 2020, deve ter
sido o ano, dos piores da vida deles, porque obviamente não conseguiram
trabalhar, nem trabalhar em São Vicente, nem trabalhar em lado nenhum, porque
foi tudo cancelado e, portanto, as pessoas têm que fazer a sua vida. A nível da
indemnização da economia do local foi, foi, foi muito mau porque aquele
retorno que existiria para os privados não houve. Não houve para a hotelaria,
não houve para a restauração, não houve para os serviços, não houve, não houve
para a própria autarquia, não houve para a Madeira, e sobretudo não houve para
as próprias pessoas que não puderem vir. Mas foi muito mau e 2021, será da
mesma forma, vamos esperar que em 2022, as coisas voltem à normalidade.
[Sofia Gouveia] Ok

19. [Sofia Gouveia] Como efetuam o controlo dos riscos, por exemplo, devido ao
cancelamento do Arraial no ano passado? Por exemplo, devido ao
cancelamento do arraial no ano passado.
[00:41:06] Dos riscos…
[Sofia Gouveia] Sim do controlo dos riscos, ou seja, devido ao cancelamento, como é
que conseguem controlar, esse tipo
[Beatriz Jarimba] Por exemplo, quando havia o arraial tinha aquele retorno e agora sem
esse retorno como é que conciliam tudo
[Entrevistado] É assim nós estávamos a falar do retorno, que estava a falar a nível dos
próprios privados. A avaliação, dessa situação foi aquela que eu já fiz, não
houve retorno para os próprios privados. No entanto, estamos a falar de um
investimento à volta de, e à bocadinho falei, do investimento de 180, 90 mil € do
erário público para as festas de São Vicente e que as próprias pessoas podem
pensar assim «Olha 180 ou 190 mil € que a Câmara poupou porque não fez a
festa». Não. Gastei, investi mais devido à questão do covid e do cancelamento
do que se tivesse realizado a própria festa. Porque só no programa de apoio às
empresas locais para a manutenção dos postos de trabalho e que os mais
afetados foram. A questão da hotelaria e a restauração que trabalham com o
turismo, nós investimos 440 mil €, portanto distribuímos 440 mil € para as
próprias empresas locais conseguirem aguentar os postos de trabalho e não
despedirem pessoas. Foram mil € por cada posto de trabalho, foram 440 para os
postos de trabalho, aqueles que se candidataram tiveram direito, que tinham as
regras que tinham câmaras superiores a 40% a nível da faturação e tinham que
manter os postos de trabalho. Quando se fala de manter os postos de trabalho,
não quer dizer que tenham de manter aqueles, pode sair uma pessoa e entrar
outra, mas 31 de dezembro de 2020, tinham que ter o mesmo número de
trabalhadores e a verdade é que não só tinham como houve empresas que
aumentaram o número de colaboradores. Portanto o risco é exatamente esse, nós
não investimos 180, 190 mil €
[Sofia Gouveia] Mas investiram de outra forma
[Entrevistado] Investimos 440 mil € para aguentar a pancada daquilo que não pode ser
feito. Isto é só um exemplo, porque há outros.
20. [Sofia Gouveia] Nos próximos anos, acredita que esta pandemia pode
prejudicar a realização deste evento e a essência deste arraial?
[00:43:25] Isso é uma situação que é difícil de prever. porque isso, tem haver com a
questão do comportamento humano. Pode haver, uma coisa, ou outra. Temos
que, ok, 2022, volta-se ao normal. Pode ser como nós quisermos. Temos duas
situações, ou vai haver pessoas com medo relativamente à questão da pandemia,
dizer que isto ainda não está resolvido, ultrapassado e não vamos ao arraial, ou
pode haver aquele boom, da libertação das próprias pessoas, dizerem assim,
«finalmente posso sair de casa, posso ir para o arraial e vou para o arraial».
Portanto, isto agora tem haver com a questão dos comportamentos humanos e
que obviamente eu espero. Primeiro, que tudo isto seja ultrapassado e que se
volte à normalidade e sobretudo à segurança. Quando falo na segurança falo, na
questão, obviamente da saúde e depois que as pessoas se libertem, e dizer assim
«finalmente posso sair de casa e posso voltar à minha vida normal, posso ir ao
arraial de São Vicente» e termos as mesmas enchentes, que temos tido nos anos
anteriores de haver a pandemia.
21. [Sofia Gouveia] A nível de empenho, o esforço da equipa organizadora qual é a
percentagem que atribuirá ao planeamento e organização do evento,
encerramento e pós-evento?
[00:44:43] A nível de empenho, nem sequer digo 100, digo 200%, porque, obviamente,
são muitas horas de trabalho. Quando se fala de muitas horas de trabalho, não é
só, no tempo que se realizou o evento, que isso aí é praticamente 24 horas sob 24
horas para quem está a trabalhar nos diversos setores da organização do próprio
evento e quem trabalha para o próprio evento. Mas também todas aquelas horas
que, e meses que se trabalha antes e também daqueles dias que se trabalha
depois. Quando falo dias, semana, porque depois quando se acaba o evento, a
tendência é ser mais rápido a arrumar o assunto e passar a outra fase. Agora o
empenho de todos eles é 200%, porque como eu já disse… normalmente até
depois, eu digo sempre ao pessoal, quem quiser tirar férias que tire férias, porque
vocês precisam. Porque é duro, é duro e o empenho nada a dizer, de todos.
Todos aqueles que são da própria autarquia, todos aqueles que são, este ano da
própria autarquia, mas que se empenham e trabalham da mesma forma que
aqueles que aqui estão.
[Sofia Gouveia] Ou seja, resumidamente, eles são perfeitos, foram perfeitos
[Entrevistado] É assim…
[Beatriz Baptista] São excelentes no que fazem
[Sr. Presidente] Exatamente. É assim, o termo perfeito, eu acho que é só no Brasil, que é
o perfeito, que é o presidente da Câmara. Mas agora a sério, é assim perfeito não
existe ninguém
[Sofia Gouveia] Sim
[Entrevistado] Agora existe, são pessoas que se aproximam da excelência. Quando se
fala excelência é em tudo que estávamos a dizer, em trabalho, em empenho, em
dedicação, fazer as coisas da melhor forma e por isso se as coisas corram bem é
porque as pessoas se aproximaram da excelência.
[Sofia Gouveia] Ok.
22. [Sofia Gouveia] O que considera mais determinante para o sucesso do evento?
O planeamento, a organização dos recursos humanos, a organização e
gestão financeira ou a organização dos recursos logísticos?
[00:46:38] Tudo. Tudo…
[Sofia Gouveia] Ou seja, não há nenhum que seja mais importante
[Entrevistado] O mais, o mais, o mais importante é tudo, porque para as coisas
funcionarem têm que ser tudo interligado e tudo conjugado e tudo tem que
funcionar bem. Porque se, nessas fases todas, ou nesses sectores todos, se
alguma coisa falhar, vai falhar depois tudo… tudo a seguir. E, portanto, neste
tipo de eventos, tudo, tudo é importante, no sentido
[Sofia Gouveia] Tudo pensado ao pormenor
[Entrevistado] Tudo pensado ao pormenor para que tudo corra bem. Porque, sabemos
que numa determinada situação, houver uma falha, todo o resto vai falhar.
Portanto aí não houve falha e se alguma vez, houver, numa situação qualquer,
tem que ser… rapidamente retificada logo a seguir, que é para as coisas
correrem bem, porque, isto não é daquela situação «O que é que correu mal?»,
«Correu mal isto», «Ok, quem é o culpado». Não, aqui ninguém é o culpado,
isso é a última
[Beatriz Baptista] [Sofia Gouveia] áudio impercetível
[Entrevistado] Exatamente. é, o que é que correu mal, o que vamos fazer rapidamente
para melhorar, para retificar e sobretudo não volta a acontecer. E portanto, essas
fases todas se houver uma pequena falha no sítio, é quem está logo a seguir, vai
depois sofrer com essa falha, ratificar rapidamente e não há a questão de
procurar culpados não há, porque se a coisa correu mal, somos todos culpados e
portanto ninguém vai dizer «Foi aquele o culpado». E portanto, se há alguma
coisa que corre mal, o primeiro a vir à frente é o Presidente da Câmara, que é,
que é, obviamente, é quem está assumir aquele que, que correu mal.
Normalmente as coisas correm bem e quando as coisas correm bem, ok é todos,
quando as coisas correm mal,
[Beatriz Baptista] Alguém tem que dar a cara
[Entrevistado] Alguém tem que dar a cara e daí é rapidamente ratificar algum pormenor
que não esteja a correr bem para que as coisas não corram mal, e aí todos são
importantes para não haver falhas
[Sofia Gouveia] Ok. E a última pergunta é...
23. [Sofia Gouveia] Até ao fim do seu mandato, pretende continuar com estas
Festas de São Vicente?
[00:48:44] Até o fim do meu mandato… é assim, eu pretendo continuar com as festas de
São Vicente. Infelizmente, até o fim do mandato já não vai haver mais nenhuma,
porque o fim do mandato é agora.
[Beatriz Baptista] Ah sim... exato
[Entrevistado] é em setembro, portanto em agosto não vai haver festas
[Sofia Gouveia] Mas não pretende concorrer novamente
Sim, eu sou candidato novamente, depois as pessoas vão decidir
[Beatriz Baptista] Sim

[Entrevistado] Mas no entanto, se as pessoas acreditarem em mim e acreditarem no


nosso projeto, para o concelho. Estamos a falar de mais um mandato de 4 anos e
nesse mandato de 4 anos, obviamente que sim, então. Era isso que estava a dizer.
Acho que não só se deve continuar como deve se tentar sempre melhorar e
evoluir, e sobretudo adaptar aquilo que é a nossa realidade e aquilo que é a
realidade das festas, que, que nós queremos e que, que queremos continuar que
elas existam, queremos continuar que as pessoas venham às festas de São
Vicente. E sobretudo queremos continuar que as festas cresçam e quando se fala
que cresçam, às vezes «Ah mas onde vão por tanta gente», há sempre maneiras
de poder, nem que seja, nem que seja, alargar aquilo que é a própria festa. o que
interessa é que as pessoas gostam, que gostam de vir, gostam de vir, que se
sintam bem aqui. A verdade é que as pessoas quando vêm, é porque gostam e
que estão à espera das festas para que venham, normalmente à pessoas que só se
encontram nas festas de São Vicente, oh, às vezes as pessoas dizem assim «Olha
até para o ano, nas festas de São Vicente, outra vez». E portanto

[Sofia Gouveia] À muitas pessoas que esperam por este momento

[Entrevistado] Exatamente, é um ponto de encontro também. Sobretudo os mais novos,


e a partir do momento que isto é enraizado nos mais novos… a pessoa quando é
nova, vem e gosta, depois à medida que vai, que vai, os anos passando, vai
gostar sempre de vir. Provavelmente vai haver uma fase das festas de São
Vicente, que gosta de estar ali às 4 da manhã, à frente do dj naquela barulheira,
depois vai haver outra fase que vai querer estar, por exemplo, no ferro velho a
ouvir uma música mais calma, mais com os amigos, etc. Isto tem haver com a
evolução da vida também e que felizmente nós temos tudo isso na festa que
podemos proporcionar a todas, a todas as pessoas, mas o sucesso das festas de
São Vicente, tem a ver exatamente com isso, as pessoas vêm porque gostam de
vir e se sentem bem aqui nas próprias festas. Falávamos à bocadinho na questão
da segurança, também porque se sentem seguras, e daí, é para continuar se quer,
no próximo mandato. Até o final deste mandado, infelizmente já disse, que não é
possível mas com certeza, se, se eu continuar aqui é para continuar e no sentido
de fazer análise das próprias festas para continuar a proporcionar aquilo que nós
queremos e que continuar a divulgar e promover o concelho da maneira que tem
sido feito, através disto que é a cultura e através daquilo que são as festas de São
Vicente.

[Sofia Gouveia] Agora uma pergunta mais pertinente, que surgiu me agora.
25. [Sofia Gouveia] Sem estar na pele de presidente da Câmara, acha importante
para si, as festas de São Vicente?
[00:52:04] Sem estar na pele... Eu já estive nas festas de São Vicente, sem ser no papel
de presidente da Câmara. Portanto, eu sempre achei que as festas de São
Vicente, eram, eram, eram importantes. E todos aqueles sentidos que eu acho
agora como presidente da Câmara e organizador daqui lo que são as festas de
São Vicente, como da mesma forma quando não era presidente da Câmara e
vinha às festas, e desde miúdo que vinha às festas de São Vicente. Quando eu
disse no início que era dentro do polidesportivo, lembro-me que durante o dia
nós jogávamos futebol no polidesportivo e à noite, depois vínhamos para a festa,
portanto eu era rapazinho, miúdo, rapazinho e etc. E depois as coisas foram
evoluindo, portanto tive oportunidade de acompanhar as próprias festas ao
longo, ao longos dos anos. Além de, de antes de ser presidente da Câmara não
estar diretamente relacionado com as próprias festas mas saber como elas
funcionavam que antes de eu ser presidente da Câmara, era funcionário da
Câmara, trabalhava na parte da divisão financeira, na divisão financeira e
portanto, passava tudo alí aquilo que era a questão da, de saber como era que,
como era que funcionava. Agora como munícipe, e como cidadão do concelho
de São Vicente, obviamente que para mim, é importante estas festas, antes de ser
Presidente da Câmara. É importante estas festas e é um orgulho para cada
cidadão se sentir que tem a nível cultural, a nível de daquilo que é a tradição do
próprio arraial e já passando à parte de festival, o maior da Madeira e, portanto,
obviamente que sim.

[Agradecimentos]

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