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PROCESSO Nº 0179309-02.2019.8.05.0001
ERIKA VILAS BOAS DE OLIVEIRA, já devidamente qualificado nos autos do processo
em epígrafe, no qual contende com UNIVERSIDADE SALVADOR UNIFACS.,
inconformado com a decisão a quo, vem, perante V. Exa., por sua advogada infra
assinada, devidamente constituída consoante procuração ora anexada, com escritório na
Av. ACM, 2501 – Ed. Profissional Center, sala 802 – Iguatemi – Salvador/Ba, onde recebe
intimações, interpor
RECURSO INOMINADO
DA TEMPESTIVIDADE
A parte Recorrente foi intimada da sentença no dia 21/01/2019, consoante se observa do
AR constante no evento 33. Isto posto, o início do prazo se operou no primeiro dia útil
subsequente, qual seja, quarta feira, dia 22/01/2020.
Sendo o prazo para interposição do presente Recurso Inominado de 10 dias úteis, o termo
final será o dia 04/02/2019, razão pela qual se evidencia a sua tempestividade.
Data vênia, não assiste razão ao ilustre julgador de primeiro grau quando, ao decidir, não
satisfaz a pretensão da parte Recorrente, julgando a ação improcedente, merecendo, por
isso, ser reformada, uma vez que o juízo a quo, data vênia, não usou de cuidado e
sensibilidade na análise das pretensões relacionados pelo Recorrente na peça vestibular.
I – SÍNTESE DA DEMANDA
A Recorrente celebrou contrato de prestação de serviços educacionais com a empresa
Recorrida para cursar bacharelado em administração EAD no ano 2012.1.
Diante disso, para que não tivesse sua matrícula cancelada, em dezembro de 2018, a
Recorrente entrou em contato com a Recorrida, comunicando-a de que queria
reativar a matrícula e dar continuidade ao seu curso. Nesse momento o preposto da
Recorrida aquiescendo com o destrancamento do curso, forneceu à Recorrente a grade
das matérias que deveriam ser necessariamente cursadas no semestre seguinte,
informando-a que a confirmação da matrícula dar-se-ia por meio do portal da
instituição Recorrida com a inscrição nas matérias constantes na grade e o
pagamento do boleto.
Qual não foi a sua surpresa quando recebeu resposta da Recorrida de que o prazo
para solicitação de destrancamento de matrícula havia expirado, devendo, assim a
Recorrente se submeter a novo processo seletivo.
Embora todo o transtorno acima relatado, a sentença do juízo “a quo”, julgou a ação
IMPROCEDENTE:
- indeferindo o pedido de obrigação de fazer (proceder à matrícula), sob o fundamento de
que:
“Observa-se, a partir da análise dos documentos juntados pela
autora que, de fato, a mesma foi informada de que seria necessário
realizar o aceite da Rematrícula com o pagamento do boleto.”
“no caso sub judice, […], ficou claro que a acionada, em momento
algum, atingiu a imagem da autora, expô-la ao ridículo, utilizou-se
Ora, Senhores Julgadores, necessário se faz a reforma da Sentença proferida pelo a quo,
conforme se verá a seguir.
Aduz o MM. Magistrado de primeiro grau que a culpa pelo fato de não ter a Recorrente
conseguido se matricular foi exclusivamente da mesma, já que não realizou o pagamento
do boleto, etapa essa indispensável à confirmação da matrícula.
Ora, Exas., para que o boleto fosse gerado necessário seria à Recorrente acessar o
sistema da Recorrida, mais especificamente o Portal do Aluno no ícone “Pendências
Acadêmicas”; realizar o aceite da rematrícula; e confirmar a matrícula com o
pagamento do boleto. Entretanto, COMO PODERIA A RECORRENTE PAGAR UM
BOLETO QUE NÃO PODIA SER GERADO, JÁ QUE, DAS INCESSANTES VEZES QUE
TENTOU FAZER TAL PROCEDIMENTO, APARECIA SEMRPE A MENSAGEM DE
ERRO, ACIMA COLACIONADA??!!!
Observe, Exas., que a Recorrente produziu a prova que lhe era possível,
colacionando as telas do sistema com a mensagem de erro, bem como as
mensagens e solicitações enviadas e efetuadas perante a Recorrida, cabendo à esta,
com fulcro na inversão do ônus da prova, provar que o sistema estava efetivamente
funcionando, ônus do qual não se desincumbiu.
Registre-se que a Recorrente não traz qualquer indício de que o sistema estava
funcionando no período em que procedeu às diversas tentativas de efetivação da
matrícula, prova essa extremamente fácil de produzir pela Recorrida, bastando trazer
Assim, necessário se faz a reforma da sentença para que seja a ação julgada procedente,
já que não se desincumbiu a Recorrida do ônus de comprovar que o seu sistema estava
funcionando de forma eficaz, e, consequentemente, não comprovou ter sido culpa
exclusiva da Recorrente a expiração do prazo de reingresso na universidade.
SE HOUVE ALGUMA INÉRCIA, ESTA FOI DA RECORRIDA!!! que não tomou qualquer
providência no sentido de sanar o vicio apresentado no seu sistema, o que
impossibilitou a Recorrente de efetivar a sua matrícula, bem como pelo fato de não
ter dado outra solução à questão, que permitisse que a Recorrente procedesse à
matricula de forma presencial, a partir da geração de boleto de forma manual pela
Recorrida.
O julgado acima retrata situação semelhante à da Recorrente, já que a Recorrida não lhe
disponibilizou outro meio de proceder à matrícula.
Assim, certo é que não houve qualquer culpa da Recorrente, seja por inércia, seja por
qualquer outro fator, mas houve, sim, culpa unicamente da Recorrida, pelo que deve ser a
sentença reformada para que seja a ação julgada totalmente procedente.
Aduz o Juiz de primeiro grau que a Recorrente não se desincumbiu do ônus de provar ter
entrado em contato com a Ré por meio do 0800.
Ora, Exa., a Recorrente colacionou mensagens enviada à Recorrida via portal e via e-mail,
o que por si só demonstra ter tentado solucionar a questão perante a Recorrida.
Assim, inconteste que o indeferimento da matrícula é pouco razoável, uma vez que a falha
é do sistema, não é plausível que a sentença seja proferida de forma que a Recorrida
se beneficie da sua própria torpeza, devendo, ser, por conseguinte, reformada para que
seja julgada totalmente procedente.
Provado ainda que a Recorrente utilizou de todos os meios acessíveis, quais sejam ,
telefone, e-mails, reclamações presenciais e via portal para tentar solucionar a questão,
mantendo-se a Recorrida inerte quanto à tomada de decisão para resolução do entrave.
Inconteste é que até a presente data, nada foi feito e a Recorrente se encontra
extremamente prejudicada, conduta essa que fere o Código de Defesa do Consumidor,
assim como a boa-fé objetiva e a função social do contrato, frustrando suas legítimas
expectativas.
O artigo 300 do novo Código de Processo Civil, possibilitou a antecipação dos efeitos da
tutela pretendida no pedido inicial, verbis:
É a realização imediata do direito, pois dá à Recorrente o bem da vida por ele pretendido,
possibilitando a efetividade da prestação jurisdicional.
Ante o exposto, inequívoca a presença dos requisitos para concessão de medida liminar, a
saber; fummus boni iuris, caracterizado pela proteção normativa prevista na Lei 8078/90, e
normas do Código Civil; e periculum in mora, demonstrado no perigo iminente de vir a
Recorrente a ter maiores danos com o retardamento ainda mais da conclusão do seu
curso.
Assim sendo, restam fartamente configurados os danos morais sofridos pela Recorrente,
razão pela qual requer a condenação da empresa Recorrida nesse sentido.
Deve ficar claro que a Recorrente não pretende aqui se locupletar, mas tão só, que a
verba indenizatória do dano moral venha a amenizar os sofrimentos por ela suportados e
que, por efeito, sirva de punição à Recorridapor seu ato ilícito, com o escopo de
desmotivá-la a reiterar práticas ilegais como esta. Nesse diapasão, manifestou-se o
Superior Tribunal de Justiça:
DANO MORAL. REPARAÇÃO. CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DO
VALOR. CONDENAÇÃO ANTERIOR, EM QUANTIA MENOR. Na
fixação do valor da condenação por dano moral, deve o julgador
atender a certos critérios, tais como nível cultural do causador do
dano; condição sócio-econômica do ofensor e do ofendido;
intensidade do dolo ou grau da culpa (se for o caso) do autor da
ofensa; efeitos do dano no psiquismo do ofendido e as
repercussões do fato na comunidade em que vive a vítima.
Presentes os requisitos causadores do dano moral, quais sejam, o dano sofrido, a culpa
exclusiva da Recorrida e o nexo causal, há de ser reformada a sentença para que seja
condenada esta condenada, a bem da Recorrente, a ressarcimento por danos morais no
importe de R$15.000,00 (quinze mil reais, consoante requerido na vestibular)
III – CONCLUSÃO
Ante o exposto, REQUER seja o presente RECURSO INOMINADO CONHECIDO e
PROVIDO, para o fim de reformar a sentença proferida pelo MM. Juiz a quo, julgando a
Ação PROCEDENTE NA SUA TOTALIDADE, para:
Requer ainda a habilitação da Bela. Ivana Dulce França Rios, OAB/BA 21.742
devendo todas as publicações serem efetuadas em nome da referida causídica sob
pena de nulidade.
Por fim, requer ainda seja a Recorrida condenada em honorários sucumbências na base
de 20%.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Salvador, 03 de fevereiro de 2020