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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO 6ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS DE


DEFESA DO CONSUMIDOR DA COMARCA DE SALVADOR – BA

PROCESSO Nº 0179309-02.2019.8.05.0001
ERIKA VILAS BOAS DE OLIVEIRA, já devidamente qualificado nos autos do processo
em epígrafe, no qual contende com UNIVERSIDADE SALVADOR UNIFACS.,
inconformado com a decisão a quo, vem, perante V. Exa., por sua advogada infra
assinada, devidamente constituída consoante procuração ora anexada, com escritório na
Av. ACM, 2501 – Ed. Profissional Center, sala 802 – Iguatemi – Salvador/Ba, onde recebe
intimações, interpor

RECURSO INOMINADO

conforme articulado anexo, requerendo seja recebido e processado, com remessa à


Superior Instância.

DA ASSISTENCIA JUDICIÁRIA GRATUITA


Oportunamente, requer sejam-lhe concedidos os benefícios legais da Justiça
Gratuita, nos termos da Lei 1.060/50, isentando-o do pagamento de custas processuais e
honorários advocatícios, tendo em vista não dispor de condições de arcar com as custas
do processo sem prejuízo do seu próprio sustento e o de sua família.

DA TEMPESTIVIDADE
A parte Recorrente foi intimada da sentença no dia 21/01/2019, consoante se observa do
AR constante no evento 33. Isto posto, o início do prazo se operou no primeiro dia útil
subsequente, qual seja, quarta feira, dia 22/01/2020.

Sendo o prazo para interposição do presente Recurso Inominado de 10 dias úteis, o termo
final será o dia 04/02/2019, razão pela qual se evidencia a sua tempestividade.

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


Código de validação do documento: 7179b884 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Deste modo, restando provada a tempestividade, pede que, após as formalidades de
estilo, sejam os autos encaminhados para apreciação do Órgão de Segundo Grau.

Termos, em que, pede deferimento.


Salvador, 03 de fevereiro de 2020

Ivana Dulce França Rios


OAB/BA 21.742

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


Código de validação do documento: 7179b884 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
RAZÕES RECURSAIS

RECORRENTE: ERIKA VILAS BOAS DE OLIVEIRA


RECORRIDO: UNIVERSIDADE SALVADOR UNIFACS
PROCESSO ORIGINÁRIO: 0179309-02.2019.8.05.0001

Colenda Turma Julgadora,

Data vênia, não assiste razão ao ilustre julgador de primeiro grau quando, ao decidir, não
satisfaz a pretensão da parte Recorrente, julgando a ação improcedente, merecendo, por
isso, ser reformada, uma vez que o juízo a quo, data vênia, não usou de cuidado e
sensibilidade na análise das pretensões relacionados pelo Recorrente na peça vestibular.

I – SÍNTESE DA DEMANDA
A Recorrente celebrou contrato de prestação de serviços educacionais com a empresa
Recorrida para cursar bacharelado em administração EAD no ano 2012.1.

Em 23/08/2017 a Recorrente solicitou o trancamento do curso, momento em que foi


avisada por preposto da Recorrida que o trancamento somente poderia ser feito pelo prazo
de dois anos, e que, acaso ultrapassasse tal prazo, a Recorrente teria sua matricula
cancelada, tendo que se submeter a novo processo seletivo.

Diante disso, para que não tivesse sua matrícula cancelada, em dezembro de 2018, a
Recorrente entrou em contato com a Recorrida, comunicando-a de que queria
reativar a matrícula e dar continuidade ao seu curso. Nesse momento o preposto da
Recorrida aquiescendo com o destrancamento do curso, forneceu à Recorrente a grade
das matérias que deveriam ser necessariamente cursadas no semestre seguinte,
informando-a que a confirmação da matrícula dar-se-ia por meio do portal da
instituição Recorrida com a inscrição nas matérias constantes na grade e o
pagamento do boleto.

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


Código de validação do documento: 7179b884 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;
Código de validação do documento: 7179b884 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Ocorre que a Recorrente, nas diversas tentativas de se matricular nas matérias da
referida grade, se deparava com mensagem de erro no sistema da Recorrida,
compelindo-a a entrar em contato com esta para solicitar orientações de como proceder
para que não ocorresse o cancelamento da matrícula, sendo orientada por preposto da
Recorrida a continuar tentando, afirmando que a Recorrente ficasse tranquila que
não seria prejudicada.

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


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Tal situação permaneceu por longo tempo, período esse em que a Recorrente,
incessantes vezes, entrou em contato com a Recorrida relatando reiteradas vezes o
ocorrido, sem que jamais fosse dado qualquer solução para o entrave, culminando
com o impedimento da Recorrente de se matricular para o período de 2019.1.

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


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Considerando-se que a culpa da impossibilidade de matrícula da Recorrente se deu
unicamente pela ineficiência do sistema da Recorrida, e ainda na esperança de reativar a
matrícula do curso de Bacharelado em Administração EAD e assim poder dar continuidade
aos seus estudos, a Recorrente, em 03/07/2019, mais uma vez, procedeu à solicitação de
destrancamento, desta vez para o semestre de 2019.2.

Qual não foi a sua surpresa quando recebeu resposta da Recorrida de que o prazo
para solicitação de destrancamento de matrícula havia expirado, devendo, assim a
Recorrente se submeter a novo processo seletivo.

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


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Ora, Exa., observa-se de tudo quanto acima relatado e comprovado que a Recorrida age
com total descaso, desorganização e desrespeito com a Recorrente, impedindo-a de
voltar a cursar o curso de Bacharelado em Administração EAD, de forma a obrigá-la
a se submeter a um novo processo seletivo, para o qual, logicamente, terá a
Recorrente que desembolsar valor em prol da Recorrida para a inscrição e dedicar
tempo para estudar toda a matéria que será cobrada no processo seletivo, fatores
esse que, indubitavelmente, gerará dano material e agravará ainda mais o dano moral
já sofrido, isto porque, pelo fato de ser professora, trabalha em dupla jornada e não
dispõe de tempo para reestudar toda matéria para um novo processo seletivo.

Assim, ainda na esperança de solucionar a questão a Recorrente enviou nova


mensagem à Recorrida em 10/09/2019, solicitando explicações ao fato de, devido às
várias inconsistências no sistema, ter ficado impossibilitada de se matricular, apesar de ter
ido pessoalmente várias vezes na sede da Recorrida:

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Todavia, não foi dada qualquer solução, restringindo-se, a Recorrida, a afirmar que o prazo
para destrancamento havia expirado e que a matrícula havia sido cancelada, aumentando
ainda mais a angústia da Recorrente e o sentimento de impotência e hipossuficiência que
tiram, ate hoje, a sua paz.

Destarte, inconteste é que houve má prestação de serviço por parte da Recorrida e


porque não dizer, houve prática de ato ilícito, agindo com total descaso/má fé,
dificultando de todas as formas a resolução do problema, culminando com o cancelamento
da matrícula da Recorrente.

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


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Assim, não restando outra alternativa à Recorrente, propôs ela a presente demanda, na
qual se pleiteia tutela de urgência para que seja determinado à Recorrida que proceda
à matrícula daquela nas matérias pendentes, de forma a possibilitar dar continuidade
aos estudos e, consequentemente, concluir o curso iniciado em 2012, sob pena de multa
diária, devendo tal tutela de urgência ser, ao final, confirmada, além de se pleitear ser
a Recorrida condenada a indenizar moralmente a Recorrente pelos transtornos, abalo
psicológico e perda do tempo útil na tentativa de solução da questão sem êxito, além de
atraso na conclusão do curso.

Embora todo o transtorno acima relatado, a sentença do juízo “a quo”, julgou a ação
IMPROCEDENTE:
- indeferindo o pedido de obrigação de fazer (proceder à matrícula), sob o fundamento de
que:
“Observa-se, a partir da análise dos documentos juntados pela
autora que, de fato, a mesma foi informada de que seria necessário
realizar o aceite da Rematrícula com o pagamento do boleto.”

“mesmo alegando dificuldades em realizar via web a sua


rematrícula, a autora poderia ter buscado presencialmente a
resolução do problema, porém, ficou inerte deixando o prazo
estabelecido pela acionada expirar”

“que a autora não comprovou sequer ter entrado em contato com o


número 0800 098 76 54, disponibilizado no Portal do aluno para
informar da eventual dificuldade com o site da acionada no aceite
da matrícula.”

- Indeferindo o pedido de indenização por danos morais sob o argumento que:


“parte autora alega, mas não produz qualquer tipo de prova dos
danos por ela sofridos […] bem como, do nexo de causalidade
existente entre os prejuízos por ela suportados e a alegada conduta
antijurídica da demandada”

“no caso sub judice, […], ficou claro que a acionada, em momento
algum, atingiu a imagem da autora, expô-la ao ridículo, utilizou-se

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de inverdades ou interferiu em sua privacidade, elementos
caracterizadores do dano moral”

“a falha na prestação do serviço, por si só, não conduz


automaticamente a condenação em danos morais”

Ora, Senhores Julgadores, necessário se faz a reforma da Sentença proferida pelo a quo,
conforme se verá a seguir.

II- DOS FUNDAMENTOS PARA A REFORMA DA SENTENÇA


II.1 – DA AFIRMAÇÃO DO MM MAGISTRADO A QUO DE QUE HOUVE INFORMAÇÃO
À AUTORA DE QUE SERIA NECESSÁRIO REALIZAR O ACEITE DA REMATRÍCULA
COM O PAGAMENTO DO BOLETO.

Aduz o MM. Magistrado de primeiro grau que a culpa pelo fato de não ter a Recorrente
conseguido se matricular foi exclusivamente da mesma, já que não realizou o pagamento
do boleto, etapa essa indispensável à confirmação da matrícula.

Ora, Exas., para que o boleto fosse gerado necessário seria à Recorrente acessar o
sistema da Recorrida, mais especificamente o Portal do Aluno no ícone “Pendências
Acadêmicas”; realizar o aceite da rematrícula; e confirmar a matrícula com o
pagamento do boleto. Entretanto, COMO PODERIA A RECORRENTE PAGAR UM
BOLETO QUE NÃO PODIA SER GERADO, JÁ QUE, DAS INCESSANTES VEZES QUE
TENTOU FAZER TAL PROCEDIMENTO, APARECIA SEMRPE A MENSAGEM DE
ERRO, ACIMA COLACIONADA??!!!

Observe, Exas., que a Recorrente produziu a prova que lhe era possível,
colacionando as telas do sistema com a mensagem de erro, bem como as
mensagens e solicitações enviadas e efetuadas perante a Recorrida, cabendo à esta,
com fulcro na inversão do ônus da prova, provar que o sistema estava efetivamente
funcionando, ônus do qual não se desincumbiu.

Registre-se que a Recorrente não traz qualquer indício de que o sistema estava
funcionando no período em que procedeu às diversas tentativas de efetivação da
matrícula, prova essa extremamente fácil de produzir pela Recorrida, bastando trazer

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aos autos a relação de matrículas efetuadas por outros alunos por meio do portal (o
que provaria que o erro informado pela Recorrente não existia), o que não o fez.

Ao revés, restringiu-se a Recorrida a colacionar os mesmos documentos trazidos


pela Recorrente, colocando-os, entretanto, em um outro contexto, de forma a induzir
a erro o MM. Magistrado a quo, fazendo-o crer ter sido culpa da Recorrente a não
efetivação da matricula por não ter pago o boleto, que, sequer, poderia ser gerado!!!

Assim, necessário se faz a reforma da sentença para que seja a ação julgada procedente,
já que não se desincumbiu a Recorrida do ônus de comprovar que o seu sistema estava
funcionando de forma eficaz, e, consequentemente, não comprovou ter sido culpa
exclusiva da Recorrente a expiração do prazo de reingresso na universidade.

II.2 - DA AFIRMAÇÃO DO MM MAGISTRADO A QUO DE QUE A RECORRENTE


FICOU INERTE DEIXANDO O PRAZO ESTABELECIDO PELA ACIONADA EXPIRAR.
Conforme se observa do relato da exordial, bem como das provas documentais
colacionadas à mesma, a Recorrente jamais se quedou inerte diante do problema relatado,
sempre entrando em contato com a Recorrida solicitando providências, seja via telefone,
seja via internet, seja presencialmente.

SE HOUVE ALGUMA INÉRCIA, ESTA FOI DA RECORRIDA!!! que não tomou qualquer
providência no sentido de sanar o vicio apresentado no seu sistema, o que
impossibilitou a Recorrente de efetivar a sua matrícula, bem como pelo fato de não
ter dado outra solução à questão, que permitisse que a Recorrente procedesse à
matricula de forma presencial, a partir da geração de boleto de forma manual pela
Recorrida.

Relembrem-se, Nobres Julgadores, que estamos tratando de relação de consumo, em


que uma das partes, no caso, a consumidora/Recorrente, é hipossuficiente, ou seja,
é a parte mais fraca da relação, não sendo possível a ela tomar determinadas
providências para solucionar a questão, exemplo: colocar o site em pleno
funcionamento ou possibilitar outra forma de geração de boleto, providencias essas
plenamente possíveis de serem tomadas pela Recorrida de forma a evitar o dano ou
mesmo minimizá-lo.

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


Código de validação do documento: 7179b884 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Ao contrário, o fato é que a Recorrida permaneceu a todo momento tranquilizando a
Recorrente (presencialmente ou via telefone) de que não seria causado a ela qualquer
prejuízo, enquanto que, na realidade, tratou o caso com total desídia, acarretando a
expiração do prazo para a reativação da matrícula.

Nesse sentido válido transcrever o seguinte julgado:


DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. INSTITUIÇÃO DE ENSINO
SUPERIOR. NEGATIVA DE TRANCAMENTO DE MATRÍCULA POR
DECURSO DE PRAZO. FALHA NO DEVER INFORMACIONAL.
EXIGÊNCIA DE PAGAMENTO DAS PRESTAÇÕES VENCIDAS.
IMPOSSIBILIDADE. DANO MORAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.
1) Alega a autora que no mês de agosto de 2017 solicitou o trancamento do
Curso Superior que estava fazendo junto a reclamada, contudo o pedido
não foi aceito sob o fundamento de perda de prazo para o referido
trancamento.
2) Constata-se que a Recorrida não cumpriu com a devida transparência
em suas informações de prazos, que deveriam ser claros, tanto no contrato
de adesão, que não foi juntado aos autos, quanto nas informações
fornecidas pela instituição, transgredindo o artigo 6ª do CDC.
3) Ademais, os documentos que instruem a ação, mostram,
inequivocadamente, que a autora quis trancar a matrícula e a
Universidade não criou mecanismos hábeis para isso, pois, além do
sistema on-line, deveria ter disponibilizado o sistema presencial a fim
de facilitar a vida acadêmica do aluno, o que não ocorreu no presente
caso, prejudicando a autora.
4) Desse modo, o pedido formulado na inicial é crível, tendo inclusive
reclamação junto ao PROCON/AP. Ademais, consta na ficha do aluno
(evento #16), que a autora não frequentou a faculdade, sendo inexigível o
pagamento das mensalidades do semestre em questão posteriores ao seu
pedido.
5) Assim, merece reparo a sentença de origem para reformá-la para
declarar a inexigibilidade da cobrança efetivada pela ré dos meses do
semestre em questão, bem como declarar o trancamento do curso e a

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


Código de validação do documento: 7179b884 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
transferência da autora para outra Instituição de Ensino Superior, conforme
pleiteado na inicial.
[...]
7) Recurso conhecido e provido em parte para julgar parcialmente o pedido
da autora para declarar a inexigibilidade da cobrança efetivada pela ré, bem
como declarar o trancamento do curso e a transferência da autora para
outra Instituição de Ensino Superior, conforme pleiteado na inicial.
Improcedente o dano moral. Tribunal de Justiça do Amapá TJ-AP -
RECURSO INOMINADO : RI 0044376-20.2017.8.03.0001 AP

O julgado acima retrata situação semelhante à da Recorrente, já que a Recorrida não lhe
disponibilizou outro meio de proceder à matrícula.

Assim, certo é que não houve qualquer culpa da Recorrente, seja por inércia, seja por
qualquer outro fator, mas houve, sim, culpa unicamente da Recorrida, pelo que deve ser a
sentença reformada para que seja a ação julgada totalmente procedente.

II.3 - DA AFIRMAÇÃO DO MM MAGISTRADO A QUO DE QUE A RECORRENTE NÃO


COMPROVOU TER ENTRADO EM CONTATO COM O 0800 PARA INFORMAR
PROBLEMA NO SITE.

Aduz o Juiz de primeiro grau que a Recorrente não se desincumbiu do ônus de provar ter
entrado em contato com a Ré por meio do 0800.

Ora, Exa., a Recorrente colacionou mensagens enviada à Recorrida via portal e via e-mail,
o que por si só demonstra ter tentado solucionar a questão perante a Recorrida.

Registre-se que a Recorrente efetivamente contatou a Recorrida por meio do 0800.


Entrentato, a inexistência de tal prova se deve unicamente ao fato de, por tal contato,
não ser fornecido pela instituição de ensino qualquer número de protocolo,
estratégia essa utilizada como forma de não ser obrigada a produzir prova contra si
mesmo, já que, acaso fornecesse número de protocolo, seria obrigada a apresentar as
gravações das conversas ou os registros das ligações com o teor de cada uma delas, o
que, certamente, provaria de forma veemente a sua inércia diante das diversas
tentativas da Recorrente de se matricular.

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


Código de validação do documento: 7179b884 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Diga-se o mesmo das diversas vezes em que a Recorrente compareceu
pessoalmente na sede da Recorrida na tentativa de solucionar a questão, todas elas,
registre-se, sem êxito. Tal qual as ligações, as reclamações presenciais não possuíam
qualquer registro de protocolo, de forma que apenas restaram à Recorrente as
solicitações via internet, as quais constam anexas à exordial e são suficientes a
comprovar a suas alegações.

Assim, inconteste que o indeferimento da matrícula é pouco razoável, uma vez que a falha
é do sistema, não é plausível que a sentença seja proferida de forma que a Recorrida
se beneficie da sua própria torpeza, devendo, ser, por conseguinte, reformada para que
seja julgada totalmente procedente.

II.4 – DA OBRIGAÇÃO DE FAZER QUE DEVE SER DEFERIDA EM SEDE DE TUTELA


DE ANTECIPADA – PROCEDER À MATRÍCULA DA RECORRENTE
Consoante vastamente relatado e demonstrado, não foi a Recorrente quem deu causa ao
problema, uma vez que lhe foi impedida a rematrícula por problemas no sistema da
Recorrida, que não disponibilizou outro meio para tanto.

Provado ainda que a Recorrente utilizou de todos os meios acessíveis, quais sejam ,
telefone, e-mails, reclamações presenciais e via portal para tentar solucionar a questão,
mantendo-se a Recorrida inerte quanto à tomada de decisão para resolução do entrave.

Inconteste é que até a presente data, nada foi feito e a Recorrente se encontra
extremamente prejudicada, conduta essa que fere o Código de Defesa do Consumidor,
assim como a boa-fé objetiva e a função social do contrato, frustrando suas legítimas
expectativas.

Assim, provado que a Recorrida agiu ilicitamente afetando o direito da Recorrente de


forma direta (fumus boni iure) e considerando-se que postergar tal situação certamente
agravará ainda mais o dano (pericuum in mora), deve ser determinado de imediato o
cumprimento da obrigação de fazer, qual seja proceder à matrícula da Recorrente.

O artigo 300 do novo Código de Processo Civil, possibilitou a antecipação dos efeitos da
tutela pretendida no pedido inicial, verbis:

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


Código de validação do documento: 7179b884 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos
que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após
justificação prévia.

É a realização imediata do direito, pois dá à Recorrente o bem da vida por ele pretendido,
possibilitando a efetividade da prestação jurisdicional.

O Código de Defesa do Consumidor também assim se expressa:


Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de
fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou
determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente
ao do adimplemento.

§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado


receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.

Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de


fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou
determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente
ao adimplemento.

§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado


receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
liminarmente ou após justificação prévia, na forma do art. 273 do Código
de Processo Civil.

No presente caso, é inequívoca a presença dos requisitos para concessão da tutela


antecipada, uma vez que constam nos autos provas inequívocas das alegações da
Recorrente que juntou todos os documentos que lhe foi possível produzir, necessários a
embasar a presente demanda, sendo, por tanto, verossimilhante todas as alegações ora
relatadas.

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


Código de validação do documento: 7179b884 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Por outro lado, a Recorrida não cumpriu com a sua obrigação de provar que o seu sistema
estava funcionando e que a não efetivação da matrícula se deu por culpa exclusiva da
Recorrente.

Ante o exposto, inequívoca a presença dos requisitos para concessão de medida liminar, a
saber; fummus boni iuris, caracterizado pela proteção normativa prevista na Lei 8078/90, e
normas do Código Civil; e periculum in mora, demonstrado no perigo iminente de vir a
Recorrente a ter maiores danos com o retardamento ainda mais da conclusão do seu
curso.

Portanto, requer seja determiando à Recorrida, em sede de tutela antecipada, que


proceda à matrícula da Recorrente nas matérias pendentes para que a mesma possa
cursar e receber seu diploma posteriormente, sob pena de multa diária no valor de
R$500,00 (quinhentos reais).

II.5 - DO DANO MORAL CLARAMENTE SOFRIDO


A Carta Magna, em seu art. 5º, consagra a tutela do direito à indenização por dano
material e moral decorrente da violação de direitos fundamentais, tais como a honra e a
imagem das pessoas:
"Art.5º
[...] X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação. (grifos aditados)

O Código Civil de 2002 assim expressa em seu artigo 186:


Art. 186. Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Levando-se em conta tudo quanto exposto, é inquestionável a responsabilidade da


Recorrida pela reparação pleiteada, ressaltando-se ser esta a única responsável pela
lesão causada ao Recorrente ao não disponibilizar meios para efetiva rematrícula,
impedindo-a de dar continuidade aos seus estudos, compelindo-a a se submeter a
novo processo seletivo e atrasando a conclusão do seu curso.

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


Código de validação do documento: 7179b884 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Nesse sentido valido é transcrever o seguinte julgado:
DIREITO DO CONSUMIDOR. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS EDUCACIONAIS. FIES. NEGATIVA DA RENOVAÇÃO
DA MATRICULA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO
MORAL.
1 - Na forma do art. 46 da Lei 9.099/1995, a ementa serve de
acórdão. Recurso próprio, regular e tempestivo. Pretensão de
indenização por danos morais, sob a alegação de falha na
prestação de serviços educacionais que teria ocasionado o
atraso, em dois semestres, da conclusão do curso contratado.
Recurso inominado da parte ré em face da sentença que julgou
procedente o pedido, visando a exclusão ou diminuição da
indenização por danos morais.
[…]
3 - Reponsabilidade civil. Dano moral. A interrupção imotivada
das atividades acadêmicas da autora por dois semestres
consecutivos ultrapassa o mero aborrecimento, sendo
suficiente para afrontar os atributos da personalidade. [...]
4 - Valor da indenização. O valor fixado na sentença para a
indenização (R$ 5.000,00) não é excessivo e cumpre com
adequação as funções preventivas e compensatórias da
condenação.
5 - Recurso conhecido, mas não provido. Custas processuais e
honorários advocatícios fixados em 10% do valor da condenação,
pelo recorrente vencido. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios TJ-DF : 0701408-35.2018.8.07.0017 DF 0701408-
35.2018.8.07.0017 (grifamos)

Desta forma é inegável a exposição da Recorrente ao constrangimento moral, pois, além


de passar diversos meses tentando solucionar o problema procedendo a diversos
contatos, seja por telefone, seja por e-mail, seja presencialmente, que jamais foi
solucionado, ainda quedou-se impossibilitada de dar continuidade a seus estudos,
atrapalhando todo o seu planejamento.

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


Código de validação do documento: 7179b884 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
A Recorrente é pessoa honesta, cumpridora de seus deveres, pagadora de seus
impostos, respeitadora das leis e que honra com seus compromissos e a situação
vivenciada efetivamente extrapola os limites do mero aborrecimento. Portanto,
caracterizado está o dano moral sofrido pela Recorrente, o qual deve ser indenizado pela
Recorrida, já que a unica causadora de tais danos.

O Código de Defesa do Consumidor, em seu art.6º,VI, determina ser em direitos básicos


do consumidor a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos.

Assim sendo, restam fartamente configurados os danos morais sofridos pela Recorrente,
razão pela qual requer a condenação da empresa Recorrida nesse sentido.

Deve ficar claro que a Recorrente não pretende aqui se locupletar, mas tão só, que a
verba indenizatória do dano moral venha a amenizar os sofrimentos por ela suportados e
que, por efeito, sirva de punição à Recorridapor seu ato ilícito, com o escopo de
desmotivá-la a reiterar práticas ilegais como esta. Nesse diapasão, manifestou-se o
Superior Tribunal de Justiça:
DANO MORAL. REPARAÇÃO. CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DO
VALOR. CONDENAÇÃO ANTERIOR, EM QUANTIA MENOR. Na
fixação do valor da condenação por dano moral, deve o julgador
atender a certos critérios, tais como nível cultural do causador do
dano; condição sócio-econômica do ofensor e do ofendido;
intensidade do dolo ou grau da culpa (se for o caso) do autor da
ofensa; efeitos do dano no psiquismo do ofendido e as
repercussões do fato na comunidade em que vive a vítima.

Ademais, a reparação deve ter fim também pedagógico, de


modo a desestimular a prática de outros ilícitos similares, sem
que sirva, entretanto, a condenação de contributo a
enriquecimentos injustificáveis. [...]

Recurso conhecido e, por maioria, provido. (REsp 355.392/RJ, Rel.


Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro CASTRO

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


Código de validação do documento: 7179b884 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/03/2002, DJ 17/06/2002
p. 258) (Grifos aditados).

Presentes os requisitos causadores do dano moral, quais sejam, o dano sofrido, a culpa
exclusiva da Recorrida e o nexo causal, há de ser reformada a sentença para que seja
condenada esta condenada, a bem da Recorrente, a ressarcimento por danos morais no
importe de R$15.000,00 (quinze mil reais, consoante requerido na vestibular)

III – CONCLUSÃO
Ante o exposto, REQUER seja o presente RECURSO INOMINADO CONHECIDO e
PROVIDO, para o fim de reformar a sentença proferida pelo MM. Juiz a quo, julgando a
Ação PROCEDENTE NA SUA TOTALIDADE, para:

1. Determinar à Recorrida, que proceda à matrícula da Recorrente nas matérias


pendentes para que a mesma possa cursar e receber seu diploma posteriormente,
sob pena de multa diária no valor de R$:500,00, devendo a Ré ser compelida a
cumprir tal determinação de forma antecipada;
2. Condenar a Recorrida a indenizar a Recorrente os danos morais a ela causados
em decorrência da flagrante falha na prestação do serviço no importe de R$
15.000,00 (quinze mil reais);

Requer ainda a habilitação da Bela. Ivana Dulce França Rios, OAB/BA 21.742
devendo todas as publicações serem efetuadas em nome da referida causídica sob
pena de nulidade.

Por fim, requer ainda seja a Recorrida condenada em honorários sucumbências na base
de 20%.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Salvador, 03 de fevereiro de 2020

Ivana Dulce França Rios


OAB/BA 21.742

Assinado eletronicamente por: IVANA DULCE FRANCA RIOS;


Código de validação do documento: 7179b884 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.

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