Você está na página 1de 50

Resumo Coração

Faculdade Medicina Universidade Coimbra

Francisco Neri Gomes


2011/2012
Resumo Coração 2011/2012

Índice
Considerações Gerais ................................................................................................... 4
Situação ....................................................................................................................... 4
Meios de fixação ........................................................................................................ 5
Forma ........................................................................................................................... 5
Orientação .................................................................................................................. 5
Coloração ................................................................................................................... 6
Consistência ................................................................................................................ 6
Volume ......................................................................................................................... 6
Peso .............................................................................................................................. 6
Medidas ....................................................................................................................... 6
Sulcos da superfície cardíaca .................................................................................. 7
3 faces.......................................................................................................................... 8
2 Bordos ..................................................................................................................... 10
Base ............................................................................................................................ 10
Ápex (Vértice) (Pina: Ápice) .................................................................................. 11
Apêndices Auriculares (Pina: Aurículas) ............................................................... 11
Relações .................................................................................................................... 12
Limites da projecção da silhueta cardíaca no tórax ......................................... 12
Configuração Interna .................................................................................................. 13
Septo cardis (Pina: Cardíaco) ................................................................................ 13
Orifícios....................................................................................................................... 14
Ventrículos ................................................................................................................. 15
Ventrículo Direito ...................................................................................................... 16
Ventrículo Esquerdo ................................................................................................. 20
Câmaras Ventriculares ............................................................................................ 23
Aurículas .................................................................................................................... 24
Aurícula Direita ......................................................................................................... 24
Aurícula Esquerda .................................................................................................... 26
Estrutura do coração ................................................................................................... 27
Arquitectura do miocárdio ..................................................................................... 27
Esqueleto fibroso do coração ................................................................................ 28
Sistema cardionector............................................................................................... 30

2 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
Pericárdio ...................................................................................................................... 32
Pericárdio Fibroso ..................................................................................................... 32
Pericárdio Seroso ...................................................................................................... 33
Linha de união entre o folheto visceral e o folheto parietal ............................. 35
Meios de fixação do pericárdio............................................................................. 36
Vasos e nervos .......................................................................................................... 36
Irrigação arterial do coração .................................................................................... 38
Artéria Coronária Direita ......................................................................................... 38
Artéria coronária esquerda .................................................................................... 39
Variações nos padrões de distribuição das artérias coronárias ....................... 41
Drenagem venosa ....................................................................................................... 42
Veias superficiais....................................................................................................... 42
Veias profundas ........................................................................................................ 44
Drenagem linfática ...................................................................................................... 45
Troncos colectores linfáticos ventriculares ........................................................... 45
Troncos colectores linfáticos auriculares .............................................................. 46
Inervação Cardíaca .................................................................................................... 47
Inervação Parassimpática (Vago) ........................................................................ 47
Inervação Simpática ............................................................................................... 47
Plexo Cardíaco ......................................................................................................... 48
Aferentes Viscerais ................................................................................................... 49
Anexo: Páginas Netter para consulta ....................................................................... 50

3 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Considerações Gerais
O coração é:

 Orgão único e central da circulação


 Constituído por uma massa contráctil – Miocárdio
 Revestido internamente por uma membrana fina – Endocárdio
 Envolvido por um saco fibro-seroso – Pericárdio
 Músculo não fatigável (num batimento apenas cerca de 10% das suas
fibras contraem, ou seja, as suas fibras não contraem todas ao mesmo
tempo)
 Orgão fibromuscular oco
 Tem uma base (de onde saiem as artérias e veias), um ápex (ponta) e
vários bordos e superfícies.
 Representa cerca de 1% do peso do corpo
 Débito cardíaco = 4.5L (quantidade de sangue que passa no coração
por minuto)

Sangue
Direito
Venoso
Coração
Sangue
Esquerdo
Arterial

 Cada metade é constituída por 2 cavidades:


 Superior -> Aurículas (separadas pelo septo inter-auricular)
 Inferior -> Ventrículos (separados pelo septo inter-ventricular)
 Entre estas duas cavidades encontra-se o orifício aurículo-ventricular

Situação
 O coração está situado na porção mediana da cavidade torácica
entre a face mediastínica dos 2 pulmões – mediastíno médio
 Colocado obliquamente atrás do corpo do esterno, das cartilagens
costais e costelas esquerdas – Parede esterno-costal esquerda
 Projecta-se na coluna vertebral graças às vértebras cardíacas
(Giacomini):
 T4 – Vértebra Supra-cardíaca (origem dos grandes vasos)
 T5 – Vértebra do cone arterial

4 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 T6 – Vértebra Atrial
 T7 – Vértebra Ventricular
 T8 – Vértebra do Ápice
 O coração encontra-se separado destas vértebras pelo esófago, nervo
vago (direito e esquerdo), aorta torácica, veia ázigos e ázigos acessória
e pelo ducto torácico.

Meios de fixação
O coração está mantido em posição por intermédio:

 Grandes vasos - Entram e saem do coração


 Meios de fixação do pericárdio – Ligam-no às vértebras, esterno e
diafragma
 Diafragma

Apesar destes meios o coração encontra-se parcialmente livre no interior do


pericárdio fibroso, deslocando-se sob a influência dos movimentos
diafragmáticos. O pericárdio produz um líquido lubrificante que reduz o atrito
causado pelos movimentos cardíacos.

Forma
 Cadáver: Pirâmide achatada antero-posteriormente
 Vivo: Forma variável conforme esteja em sístole ou diástole.
 Pirâmide triangular com a base situada postero-superiormente e
o ápice situado antero-inferiormente, apresentando 3/2 faces,
3/2 bordos, conforme esteja em diástole/sístole.

Orientação
 Grande eixo do coração (linha imaginária que une o ápice ao meio da
base) é oblíquo para baixo, esquerda e frente (obliquidade antero-
infero-lateral  vem da direita para a esquerda)
 Faz com o plano horizontal um ângulo de 40º
 Este aspecto é o de um coração do tipo normal/oblíquo: sofre na
porção ventricular uma torção sobre o seu eixo  o bordo
direito/agudo e VD são mais anteriores que o bordo esquerdo/obtuso e
o VE, respectivamente.
 Dentro do coração normal podemos ainda considerar:

5 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Coração do tipo Vertical – Indivíduos Altos (diâmetro vertical do
tórax > diâmetro transversal)
 Coração do tipo Horizontal – Indivíduos Baixos (diâmetro
transversal > diâmetro vertical)

Coloração
 Criança – Rosa Claro
 Adulto – Rosa Escuro

Apresenta nos sulcos, percorridos por vasos e nervos, uma coloração


amarelada – tecido célulo-adiposo que se acentua nos obesos e com o
aumento da idade.

Consistência
 Diástole (relaxamento, quando sangue entra no coração) – Mole
 Sístole (contracção, quando o sangue sai do coração) – Duro
 É constituído por músculo cardíaco, vasos e envolto em gordura

Volume
 Aumenta da criança ao idoso.
 Maior no Homem do que na Mulher.
 Normalmente é cerca de 800 cm3 – mão fechada

Peso
Bastante variável (até nos livros)

 25g no recém-nascido
 100g na puberdade
 260-270g no adulto (Pina: Homem – 300g; Mulher – 250g)

Medidas
 12cm da base ao ápex
 8-9cm de diâmetro transverso máximo
 6cm de diâmetro antero-posterior (espessura)

6 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Configuração Externa
O coração apresenta a forma de uma pirâmide triangular, com 3 faces, 2
bordos, 1 base e 1 ápex.

Tem uma componente superior, que corresponde aos grandes vasos, uma
componente auricular e uma componente ventricular.

As aurículas são posteriores, sendo que a AE está atrás da AD. Os ventrículos


são anteriores, sendo que o VE está atrás do VD.

Posterior AE AD VE VD Anterior

Sulcos da superfície cardíaca


 Aurículo-ventricular – Perpendicular ao maior eixo do coração,
cruzando todas as faces e bordos. Contém os troncos principais das
artérias coronárias. Interrompido na parte média pela aorta e troncos
pulmonares. (Pina: Sulco coronário)
 Inter-auricular – Entre as aurículas
 Inter-ventricular – Entre os ventrículos

 À direita do sulco inter-auricular, encontra-se outro sulco paralelo: sulco


terminalis de His (torna-se evidente depois do enchimento da AD)
 O ponto de intercepção da porção posterior do sulco aurículo-
ventricular com os sulcos inter-ventricular posterior e inter-auricular
denomina-se Crux Cordis
 Um pouco para fora da cruz observa-se o ponto de entrada do seio
coronário e por fora e para baixo deste ponto encontra-se um
divertículo, o appendix auricularis posterior de His

Sulco – Fora
Crista - Dentro

7 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

3 faces
Face anterior (esternocostal)
 Muito convexa.
 Virada para a frente, para cima e para a direita (obliquidade
ântero-superior-direita)
 Constituída pela AD, VD, um pouco do VE, artéria pulmonar e
veia cava
 Esta face possui um sulco oblíquo – sulco aurículo-ventricular –
que é muito pronunciado à direita e esquerda, mas interrompido
na parte média pela aorta e tronco pulmonar (atrás dos quais
desaparece)
 Também possui o sulco inter-ventricular anterior – percorrido
pelos vasos interventriculares anteriores, vasos linfáticos e nervos –
que divide a face anterior do coração em duas partes desiguais:
esquerda (estreita, pertencente ao VE) e uma direita (extensa,
pertencente ao VD)
 Está separada pelo pericárdio do corpo do esterno, músculo
transverso do tórax e das 3ª a 6ª cartilagens costais
 Apresenta três segmentos:

 Área Auricular
 Acima e à direita
 Quase totalmente aurícula direita, mais propriamente o
prolongamento desta – apêndice auricular
 A aurícula esquerda está escondida pela aorta e tronco
pulmonar
 As aurículas e os apêndices envolvem a artéria pulmonar e a
artéria aorta formando a coroa do coração
 Entre as duas aurículas não se encontra qualquer sulco
separativo
 Relaciona-se com a aorta ascendente e com a artéria pulmonar
direita, constituindo o leito dos vasos arteriais.

 Segmento vascular médio/arterial


 Corresponde à origem do tronco pulmonar e aorta ascendente
 Apesar do tronco pulmonar sair do VD, a sua origem situa-se à
frente e à esquerda da origem da Aorta.

8 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Parte Ventricular
 Para baixo e para a esquerda do sulco aurículo-ventricular
 1/3 é VE e 2/3 é VD
 Na sua porção média é interrompida pela origem do tronco
pulmonar e artéria aorta
 Encontra-se separado do segmento médio pela porção anterior
do sulco aurículo-ventricular direito
 É percorrido pela 1ª porção da artéria coronária direita
 Contém o sulco inter-ventricular anterior

Face inferior (diafragmática)


 Forma triangular (Pina: Oval)
 Mais ou menos horizontal
 Curva para baixo e para a frente em direcção ao ápex
 Repousa sobre a porção anterior da face superior do diafragma
 Corresponde principalmente à parede do VE
 É separada da base pela porção posterior do sulco aurículo-
ventricular que divide esta face em:

 Segmento Ventricular
 Encontra-se subdivido em duas porções pelo sulco inter-
ventricular posterior que se estende desde a porção posterior do
sulco aurículo-ventricular até ao ápex, onde se vai encontrar
com o sulco interventricular anterior. Este sulco aloja os vasos
interventricular posterior, linfáticos e nervos.

 Segmento Auricular
 Encontra-se situado por cima da porção posterior do sulco
aurículo-ventricular e corresponde às aurículas. Este segmento é
dividido em duas partes pelo sulco inter-auricular que se
continua para a base do coração e separa as duas aurículas.

Face Esquerda, Pulmonar ou Postero-Lateral


 Pouco extensa
 Arredondada
 Composta por AE (parte superior) e VE (parte inferior)

9 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Está separada pelo pericárdio do nervo frénico e vasos
pericárdio-frénicos e pela pleura esquerda da concavidade
profunda do pulmão esquerdo
 Relaciona-se com a face mediastinica do pulmão esquerdo –
incisura ou impressão cardíaca do pulmão esquerdo
 Convexa e larga em cima, onde é cruzada pelo sulco aurículo-
ventricular, que divide esta face em dois segmentos:

 Segmento Ventricular / Ântero-inferior


 Corresponde ao VE

 Segmento Auricular / Postero-superior


 Corresponde à AE

2 Bordos
Correspondem à fusão das faces em margens mal definidas

 Bordo obtuso (esquerdo)


 Do apêndice auricular esquerdo até ao ápex
 Separa a face anterior da postero-lateral esquerda

 Bordo agudo (direito)


 Agudo e praticamente horizontal
 Do ponto de entrava da VCI (extremidade posterior) ao ápex do
coração (extremidade anterior)
 Separa as faces anterior e diafragmática (inferior)

Em diástole existem três bordos enquanto que em sístole existem apenas dois.

Base
 Corresponde à saída dos grandes vasos
 Separada das vértebras torácicas pelo pericárdio, veias pulmonares
esquerdas, esófago e aorta
 É postero-superior, formada pelas faces posteriores das aurículas
(principalmente da esquerda)
 Dividida pelo sulco inter-auricular posterior
 Direita – Orifícios das veias cavas e artéria aorta
 Esquerda – Orifício das 4 veias pulmonares

10 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
Base da direita para a esquerda:

Terminação Terminação Terminação


Sulco terminal Veia cava Sulco das 2 veias das 2 veias
(His) superior e Interauricular pulmonares pulmonares
inferior direitas esquerdas

Ápex (Vértice) (Pina: Ápice)


 Arredondado
 Coberto pelo pulmão esquerdo
 Dirigido antero-inferiormente e para a esquerda
 Apoiado no centro tendinoso do diafragma e um pouco para a parte
muscular esquerda
 Formado pela face do VE
 Projecta-se ao nível do 5ª espaço intercostal esquerdo, no cruzamento
com a linha médio-clavicular

Apêndices Auriculares (Pina: Aurículas)


 Correspondem à dilatação da aurícula inicial
 Parte traveculada (musculosa)
 A sua morfologia permite distinguir as aurículas porque o esquerdo é
pontiagudo e o direito achatado transversalmente
 Direito: forma triangular, situa-se na porção antero-superior da AD
e está junto à VCS. Face interna relaciona-se com a aorta. Bordo
superior relaciona-se com a prega pré-aórtica (tecido adiposo
que envolve e protege a aorta)

 Esquerdo: longo e estreito, encontra-se na porção antero-lateral


da AE. A sua face interna relaciona-se com o tronco pulmonar e
é estrangulado na porção média

11 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Relações
Feitas através do pericárdio (seroso e fibroso)

 Face anterior (esternocostal)


 Timo ou vestígios
 Pulmões e pleuras
 Vasos torácicos internos
 Músculo transverso do tórax
 Esterno e costelas com respectivas cartilagens costais (?)
 Face diafragmática
 Diafragma (folíolo anterior do centro frénico)
 Face esquerda
 Pulmão esquerdo
 Nervo frénico esquerdo
 Vasos frénicos superiores esquerdos
 Base
 Esquerda: T6-T8 e esófago
 Direita: Pleura e pulmão direitos, frénico direito e vasos frénicos
superiores direitos
 Ápex
 4º ou 5º espaço intercostal esquerdo

Limites da projecção da silhueta cardíaca no tórax


 Deslocado para a esquerda
 Ponta do coração – 5º espaço intercostal, no cruzamento com uma
linha médio-clavicular
 Vai até ao processo xifóide
 Vai até ao manúbrio, abaixo da clavícula

12 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Configuração Interna
Existem 4 cavidades, que se dividem em direita e esquerda:

 Aurícula e Ventrículo Direitos


 Aurícula e Ventrículo Esquerdos

As aurículas são mais superiores e posteriores, sendo reservatórios de volume.


Os ventrículos são mais inferiores e anteriores, sendo cavidades de
contracção.

Cada aurícula comunica com o ventrículo correspondente através de um


orifício aurículo-ventricular sendo do lado direito o orifício da válvula tricúspide
e do lado esquerdo o orifício da válvula mitral (bicúspide). A parte direita do
coração (venosa) está separada da parte esquerda (arterial) pelo septo
cardis

Septo cardis (Pina: Cardíaco)


 Separa o lado direito do esquerdo
 É mais ou menos paralelo ao eixo do coração
 A sua espessura vai aumentando da base ao vértice
 Encontra-se divido em 3 partes:

Septo Inter-ventricular

 Liga as paredes anterior e inferior


 Separa os 2 ventrículos
 Situa-se a nível dos sulcos interventriculares anterior e posterior
 Forma triangular com base posterior (onde continua com o septo inter-
auricular) e vértice no ápex
 A face direita é convexa e a esquerda côncava
 Mais sinuoso na base devido à presença à direita dos orifícios aurículo-
ventricular direito e da artéria pulmonar e à esquerda dos orifícios
aurículo-ventricular esquerdo e da artéria aorta

 Porção membranosa (mais fina e superior)


 Face esquerda corresponde ao VE, termina em cima à frente da valva
semilunar posterior da aorta e valva direita da mitral
 Face direita está dividida numa porção anterior ventricular e numa
porção posterior auricular pela valva septal da tricúspide.

13 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Porção muscular (mais espessa e inferior)
 Dá origem aos pilares da valva septal da válvula tricúspide

 Entre estas duas porções pode encontrar-se um pequeno orifício, o


foramen de Panizza que faz comunicar as duas cavidades ventriculares

Septo Inter-auricular

 Separa as duas aurículas


 Membrana Delgada (membranoso na central e muscular na periférica)
 Corresponde exteriormente ao sulco inter-auricular

 Fossa Oval
 Na região postero-inferior da face direita – uma zona deprimida com
bordo saliente e arqueado, côncavo.
 É delimitada pelo limbo da fossa oval (anel de Vienssens)
 À esquerda tem uma prega semilunar – foramen interauricular de Botal
 Pode apresentar o foramen oval que estabelece a comunicação entre
as 2 aurículas

Septo Aurículo-Ventricular

 Membranoso
 Encontra-se entre os dois septos anteriormente descritos, embora a sua
orientação seja quase perpendicular aos dois primeiros

Orifícios
 Orifícios aurículo-ventriculares
 Entre uma aurícula e um ventrículo
 Têm válvulas aurículo-ventriculares
 As valvas possuem:
 Face axial lisa (olha para a aurícula)
 Face parietal com cordas tendinosas (olha para o
ventrículo)
 Um bordo aderente ao orifício
 Um bordo livre (flutua livremente na cavidade ventricular)

14 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Orifícios arteriais
 Entre o ventrículo e a artéria que comunica com este
 Têm válvulas semilunares
 As valvas são em forma de ninho de andorinha e possuem:
 Face superior ou parietal
 Face inferior ou axial
 Bordo aderente (não corresponde exactamente ao início
da artéria)
 Bordo livre com nódulo de Arantius (aórticas) ou de
Morgagni (pulmonares)
 A metade posterior da valva lateral esquerda da válvula aórtica
fixa-se à parede membranosa que continua por baixo com a
valva anterior da mitral

Ventrículos
 Características comuns
 Situados abaixo e à frente das aurículas
 Forma cónica (cavidades conóides)
 A base de cada ventrículo apresenta um orifício aurículo-
ventricular, pelo qual comunicam com a aurícula
correspondente e ainda o orifício arterial pelo qual estabelece a
ligação com o tronco pulmonar ou a aorta (todos estes orifícios
possuem válvulas)
 O vértice dos ventrículos é no ápex do coração

 Parede dos ventrículos


 Mais espessa que a parede das aurículas
 A superfície interior das paredes ventriculares é muito irregular,
apresentando saliências musculares designadas por músculos
papilares:
 1ª ordem – pilares do coração estão unidos pela base à
parede ventricular. Do seu vértice desprendem-se cordas
tendinosas que terminam nos bordos livre e na face
parietal das valvas aurículo-ventriculares
 2ª ordem – unidas à parede ventricular nas duas
extremidades, estando livres na extensão do corpo
 3ª ordem – aderem à parede em toda a longitude (são
apenas espessamentos da parede)

15 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Cordas tendinosas
 Estruturas fibrosas de colagénio que suportam as valvas
 Normalmente vêm do ápice dos músculos papilares, mas podem
por vezes inserir-se na base desses músculos ou mesmo
directamente na parede ventricular
 1ª ordem – depois de percorrerem toda a face ventricular
da valva a que se destinam, inserem-se no seu bordo
aderente, sobre o anel fibro-cartalaginoso aurículo-
ventricular
 2ª ordem – inseridas na face ventricular da valva, entre os
bordos livre e aderente
 3ª ordem – inseridas no bordo livre da valva

Ventrículo Direito
 Forma cónica
 Estende-se desde o orifício aurículo-ventricular direito até perto do ápex
cardíaco. Depois ascende para a esquerda formando o
infundíbulo/cone arterial, até chegar ao orifício pulmonar, suportando
as valvas da válvula pulmonar
 Possui 3 zonas:
 A que rodeia e suporta a válvula tricúspide
 Parte apical
 Infundíbulo
 Encontra-se encaixado sob o ventrículo esquerdo, tomando uma forma
semilunar

 Características Externas
 A superfície convexa antero-superior forma a maior parte da
superfície esterno-costal do coração, separada da parede
torácica apenas pelo pericárdio. A pleura esquerda, e numa
menor extensão, a margem anterior do pulmão esquerdo estão
interpostos acima e para a esquerda.
 A superfície inferior é lisa e está relacionada com o centro
tendinoso e uma pequena parte muscular do diafragma, entre
os quais se interpõe o pericárdio
 A parede esquerda e posterior corresponde ao septo
interventricular
 A parede do ventrículo direito é mais fina (3-5mm) que a do
esquerdo, tendo normalmente uma relação 1:3

16 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Características Internas
 A parte inicial do ventrículo direito e o infundíbulo estão
separados na parte superior do ventrículo pela crista supra
ventricular. Estas duas regiões do ventrículo estendem-se
apicalmente para e do componente trabecular do ventrículo
 A parte inicial do ventrículo é ela própria trabeculada, enquanto
que o infundíbulo tem uma parede lisa
 Apresenta músculos papilares que se inserem de um dos lados da
parede ventricular e que são contínuos, do outro lado, com as
cordas tendinosas (inserem-se nos bordos livres da válvula
tricúspide)

Possui 3 paredes:

 Parede anterior
 Apresenta vários músculos papilares
 Porção lisa encontra-se próximo da origem do tronco pulmonar e
é conhecida por cone arterial ou infundíbulo
 A porção média apresenta o músculo papilar anterior (1ª ordem)
(sebentas: pilar anterior), donde partem cerca de 10 cordas
tendinosas, que se inserem na porção externa da valva anterior e
na porção externa da valva posterior da válvula tricúspide.
 Da base do músculo papilar anterior destaca-se um músculo
papilar de 2ª ordem, o feixe arqueado (Pina:trabécula
septomarginal), que se dirige para cima e para trás perdendo-se
na parede septal, por baixo do cone arterial.

 Parede inferior
 Constituída por músculos papilares posteriores (1ª ordem)
 Dá inserção aos pilares posteriores do VD, que vão originar
cordas tendinosas que se inserem na porção interna da valva
posterior e na porção posterior da valva septal da válvula
tricúspide.

 Parede septal (interna)


 Parede convexa
 Corresponde ao septo inter-ventricular
 Apresenta músculos papilares septais (1ª ordem) pouco
desenvolvidos de onde se destacam cordas tendinosas.

17 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Do músculo papilar do infundíbulo partem cortas tendinosas para
a porção anterior da valva septal e para a porção interna da
valva anterior da válvula tricúspide

Existem músculos papilares em todas as paredes (os de 2ª e 3ª ordem são


muito abundantes junto ao ápex). Nos músculos de 2ª ordem há um grupo que
tem relação estreita com o feixe de His:

 Cinta arciforme (Trabécula Septomarginal):


 Extremidade inferior – Insere na parede anterior do ventrículo
pela sua extremidade inferior, que se confunde com a base de
implantação do pilar anterior da válvula tricúspide.
 Extremidade superior – Insere na parede medial, de trás até à
frente do infundíbulo.
 Bordo posterior – Livre
 Bordo anterior – Unido às paredes anterior e medial do
ventrículo.

A partir destas 3 paredes, podemos definir igualmente 3 bordos:

 Bordo anterior – união da parede anterior com a parede septal


 Bordo posterior – união da parede septal com a parede postero-inferior
 Bordo lateral (sebenta: esterno) – união da parede anterior com a
parede postero-inferior

 Vértice
 Numerosos músculos papilares de 2ª e 3ª ordem que se
entrecruzam constituindo a porção cavernosa do VD (Pina:
trabéculas carnosas)

 Base
 Ocupada por 2 orifícios: o orifício aurículo-ventricular direito
(orifício da válvula tricúspide) e o orifício da artéria pulmonar
(orifício do tronco pulmonar)

 Orifício aurículo-ventricular direito / válvula tricúspide


 Situado atrás e à direita do orifício aórtico
 Ocupa a parte inferior da base do ventrículo

18 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Encontra-se num plano quase vertical que olha para trás e para
a direita
 Tem um contorno quase circular
 O seu perímetro é variável sendo que no homem é 12cm e na
mulher 10,5cm.

 Apresenta a válvula tricúspide, que é constituída por 3 valvas


triangulares:
 Valva anterior - a mais extensa, correspondendo à
parede anterior do ventrículo
 Valva posterior – corresponde à parede postero-inferior
 Valva septal (interior) – a mais pequena, está
compreendida entre as duas valvas anteriormente
descritas, correspondendo à parede septal do ventrículo
direito.
 Entre as 3 valvas principais existem 2 valvas acessórias, estando
uma situada entre a posterior e a septal e outra entre a posterior
e anterior
 A válvula tricúspide é mais inferior que a válvula mitral, o que
pode tornar possível a comunicação entre a AD e o VE

 Cada valva é suportada por cordas tendinosas que têm origem


nos músculos papilares que nascem da parede correspondente
a cada valva onde se inserem:
 Anterior – da parte média da parede anterior. Cónico. As
cordas tendinosas terminam quase todas na valva anterior
(algumas na inferior). A cinta arciforme nasce da face
medial da base deste pilar.
 Inferior/Posterior – nascem um ou dois pilares cujas cordas
se inserem na valva inferior e na extremidade inferior da
valva septal
 Septal – a maior parte das cordas para a valva medial
nascem directamente da parede septal, mas algumas
nascem de músculos papilares de 1ª ordem. Um deles é
constante, nasce da parede septal do VD, na
proximidade da extremidade superior da cinta arciforme.
As cordas tendinosas fixam-se na parte superior da valva
septal e na parte medial da valva anterior

19 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Orifício da artéria pulmonar – infundíbulo ou cone artéria
 A válvula pulmonar está mais alta que a válvula aórtica. Assim,
há espaço entre a válvula tricúspide e a válvula pulmonar – cone
arterial ou infundíbulo

 Apresenta a válvula pulmonar


 Encontra-se no ápex do infundíbulo
 Em cima, à frente e à esquerda do orifício aurículo-
ventricular direito
 Circular
 Tem um perímetro variável entre 6,5-7cm
 Olha para cima, para trás e para a esquerda
 Projecta-se na parte medial da 3ª cartilagem costal

 A válvula pulmonar apresenta 3 valvas semilunares (em forma de


ninho de andorinha)
 Anterior
 Posterior-Direita
 Posterior-Esquerda
 As valvas apresentam um nódulo fibroso – nódulo de Morgagni
 As valvas possuem
 Bordo aderente – inserção concava
 Bordo livre – espessamento central

Ventrículo Esquerdo
 Paredes mais espessas
 Forma de cone:
 Base – válvula mitral e aórtica
 Vértice – ápex

 Parede lateral
 Muitos músculos papilares, menos em frente à valva lateral da
mitral que só tem alguns de 3ª ordem
 Nascem aqui músculos papilares da mitral

20 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Parede medial
 Septo interventricular
 Vértice redondo e recoberto por rede de colunas carnosas de 2ª
e 3ª ordem

 Tem 3 paredes (Pina)


 Parede anterior
 Parede inferior
 Parede septal

 Na parede anterior e posterior existem músculos papilares


 Músculo papilar anterior (pilar anterior)
 Encontra-se na parede anterior do VE
 As suas cordas tendinosas vão à metade superior das duas
valvas mitrais
 Músculo papilar posterior (pilar posterior)
 Encontra-se na face diafragmática do VE
 As suas cordas tendinosas vão à metade inferior das duas
valvas mitrais
 Na valva anterior mitral, as cordas tendinosas só se inserem no
bordo livre e não na face parietal, deixando esta superfície lisa
para facilitar a saída do sangue do VE

 Orifício aurículo-ventricular esquerdo / mitral


 Colocado na parte inferior da base do VE, à esquerda do orifício
aurículo-ventricular direito
 Olha para trás, para a direita e para cima
 Tem perímetro variável sendo que no homem é 11cm e na
mulher 9cm
 Projecta-se na extremidade medial de 4ª e 5ª cartilagens costais
esquerdas

 Apresenta a válvula mitral (bicúspide) que é constituída por 2


valvas quadriláteras, maiores e mais espessas do que as da
tricúspide
 Valva posterior (esquerda ou lateral) – está na parede
posterior do ventrículo e é a mais externa

21 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Valva anterior (direita ou medial) – encontra-se na metade
direita do orifício aurículo-ventricular em frente ao septo
interventricular e ao orifício aórtico (separa-o do orifício
aurículo-ventricular). É maior que a posterior
 Entre as duas valvas principais, encontram-se duas valvas
acessórias, uma anterior e outra posterior

 Orifício aórtico
 Anterior e à direita do orifício mitral
 Diâmetro variável de 20-22 mm (menor que a pulmonar, pois na
aórtica aumenta a pressão)
 Posterior à pulmonar
 Olha para cima, para a direita e para trás
 Perímetro de cerca de 6,5 a 7cm

 Apresenta a válvula aórtica, que é constituída por 3 valvas


semilunares
 Anterior direita
 Anterior esquerda
 Posterior
 O sangue passa a grande velocidade causando atrito, logo as
cúspides têm de ser mais espessas
 Cada cúspide tem:
 Bordo aderente à parede aórtica
 Bordo livre (comprimento=2raio=diâmetro) com nódulo de
Arantius

 Seios das válvulas


 São dilatações da parede arterial acima da inserção de
cada valva
 Espaço concavo para a face aórtica
 Onde abrem as artérias coronárias

 Abaixo das valvas posterior e anterior direita encontra-se a


porção membranosa do septo interventricular

22 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Câmaras Ventriculares
 Ventrículo Direito
 Entrada / Venosa
 Póstero-inferior (eixo paralelo ao eixo do coração)
 Aspecto esponjoso devido à presença de músculos
papilares
 Vai desde o orifício tricúspido até ao vértice do ventrículo
 Saída/Arterial
 Anterior
 Dirige-se para a esquerda e para cima
 Forma um ângulo com a câmara de entrada
 Paredes lisas

 Septo que separa as duas câmaras


 Valva anterior da tricúspide
 Cordas tendinosas
 Cinta arciforme

 Ventrículo Esquerdo
 Entrada/Auricular
 Esquerda, inferior e lateral
 Corresponde ao orifício mitral
 Posterior à câmara aórtica

 Saída/Aórtica
 Canal vertical situado entre a valva anterior da mitral e
septo interventricular

 As duas câmaras comunicam entre si por intermédio de um


intervalo situado entre os dois pilares do VE (músculos papilares
anterior e posterior)

Válvula Tricúspide

Válvula Bicúspide
Diâmetro:
Válvula Pulmonar Maior - Menor

Válvula Aórtica

23 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Aurículas
 Cavidades irregularmente cubóides, com paredes finas e sem colunas
carnosas de 1ª ordem
 Apresentam orifícios aurículo-ventriculares, orifícios venosos e orifícios
de abertura das veias de Thebesius
 Situadas posteriormente aos ventrículos, sendo que a AE está mais
posterior que a AD
 Mais pequenas que os ventrículos
 A AD tem o orifício de abertura do seio coronário
 A AE tem apenas a fossa oval

Aurícula Direita
 Anterior, inferior e à direita da AE
 VCS abre na sua parte superior
 VCI abre na sua parte postero-inferior
 Tem parede muscular fina
 Apêndice Auricular (ver p.8)
 Projecta-se anteriormente para se sobrepor ao lado direito da
aorta ascendente
 Extensão da aurícula
 Estrutura interna reticulada

 A junção entre a parte venosa e a aurícula propriamente dita está


marcada externamente pelo sulco terminalis, que se estende entre os
lados direitos das aberturas das 2 veias cavas. O sulco terminalis
corresponde internamente à crista terminalis

 Relações
 Anteriormente
 Parte anterior da superfície mediastinal do pulmão direito,
estando a AD separada dele pelo pericárdio e pela pleura
 Lateralmente
 Face mediastinal do pulmão direito, embora esteja
anterior ao seu pedículo e separada dele pela pleura,
frénico direito, vasos pericardicofrénicos e pelo pericárdio
 Posteriormente e para a esquerda
 Septo interauricular (separa AD da AE)

24 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Posteriormente e para a direita
 Veias pulmonares direitas
 Medialmente
 Aorta ascendente
 Tronco pulmonar

Tem uma forma ovóide irregular (6 faces):

 Posterior/Sinusal
 Lisa
 Apresenta a crista terminalis de His
 Corresponde exteriormente ao sulco terminalis de His
 Vai desde o bordo direito do orifício da VCS até ao bordo
direito da VCI
 Apresenta uma saliência inconstante a meia distância entre as
veias cavas – Tubérculo de Lower
 Provocado provavelmente por compressão externa do
pericárdio

 Anterior/Anular
 Orifício aurículo-ventricular
 Apêndice auricular direito (união das paredes anterior, superior e
lateral)

 Medial/Septal
 Septo interauricular (ver p.11)

 Lateral/Direita
 Apresenta músculos pectíneos
 Pode ser considerada como um simples bordo

 Superior
 Apresenta o orifício da VCS (circular e despromovido de válvula,
com perímetro cerca de 2cm)

 Inferior
 Apresenta o orifício da VCI (perímetro de 3,0cm)
 Apresenta o orifício do seio coronário
 Perímetro de 1,2 cm
 Tem válvula de Tebésio

25 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Encontra-se entre o orifício da VCI, a valva septal da
válvula tricúspide e fossa oval

 No bordo anterior da VCI está a válvula de Eustáquio


 Prega em forma de meia lua cujo bordo superior é livre e
concavo
 Começa no bordo direito, vai pelo anterior e termina no septo

 Estas duas válvulas são vestígios da valva que bordeava o orifício de


comunicação entre o seio venoso e a aurícula primitiva

Aurícula Esquerda
 Cavidade mais posterior
 Forma grosseiramente cubóide
 Apresenta apêndice auricular esquerdo – curva-se para a frente à
esquerda do tronco pulmonar
 Posteriormente recebe as 4 veias pulmonares (não têm válvulas)
 Parede mais lisa que a da AD

Apresenta 6 faces:

 Posterior
 Porção média – saliência que corresponde à impressão
esofágica
 De cada lado desta saliência encontram-se os 4 orifícios para as
veias pulmonares (direitas e esquerdas)

 Anterior
 Orifício mitral
 Apêndice auricular esquerdo

 Medial/Septal
 Septo interauricular

 Lateral
 Até ao apêndice auricular esquerdo
 Superior
 Inferior

26 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Estrutura do coração
Arquitectura do miocárdio
O coração é um órgão essencialmente muscular, revestido por uma túnica
muscular espessa – miocárdio

 As fibras musculares podem ser classificadas em


 Auriculares
 Ventriculares
 Condutoras

 As fibras musculares auriculares e ventriculares estão completamente


separadas ao nível do sulco aurículo-ventricular. A única ligação são as
fibras condutoras

 As fibras auriculares estão dispostas em duas camadas


 Fibras comuns – camada superficial
 Fibras próprias – camada profunda
 Fibras anulares
 Fibras arciformes

 As fibras ventriculares são também


 Fibras comuns
 Fibras próprias

Fibras
Musculares

Auriculares Ventriculares Condutoras

Comuns Próprias
Comuns Próprias
(Superficiais) (Profundas)

Anulares Arciformes

 Endocárdio
 Membrana lisa e aderente que reveste o coração
 Continua-se com o endotélio dos vasos
 Reveste válvulas

27 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Espécie de verniz que evita o contacto do sangue com o
miocárdio evitando que este forme coágulos aderentes às
paredes auriculares e ventriculares – efeito antitrombótico

O coração é revestido por


endocárdio + pericárdio e não
apenas por pericárdio!

Esqueleto fibroso do coração


 Estrutura fibrosa e consistente
 É composto por 4 anéis fibrosos à volta dos orifícios aurículo-
ventriculares e arteriais, com a mesma forma, orientação e dimensões
dos orifícios que circunscrevem
 Não é plano porque as válvulas não estão todas ao mesmo nível
 Através desta estrutura fibrosa o músculo cardíaco fixa-se
 É constituído pelo trígono fibroso direito e esquerdo

 O esqueleto fibroso é mais forte na junção das válvulas aórtica, mitral e


tricúspide – corpo fibroso central

 Dois pares de prolongamentos de colagénio curvos estendem-se do


corpo fibroso central (os da esquerda são mais fortes), passando
parcialmente à volta dos orifícios mitral e tricúspide (que são quase
coplanares)

 Anéis fibrosos aurículo-ventriculares (2)


 Os bordos auriculares e ventriculares destes anéis servem de
inserção às fibras musculares das aurículas e dos ventrículos
 Os bordos destes anéis partem das cúspides
 É sobre estes anéis e lâminas fibrosas (cúspides) que terminam as
cordas tendinosas de 1ª ordem, com um bordo medial que emite
uma expansão que se estende na válvula, e com um bordo
lateral correspondendo ao sulco aurículo-ventricular e anéis
fibrosos vizinhos

28 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 A válvula aórtica é antero-superior e direita em relação ao orifício
mitral. As valvas anterior esquerda e posterior estão em continuidade
com a valva anterior da válvula aórtica – cortina mitroaortica.
 Esta estrutura também faz parte do esqueleto fibroso do coração
 As suas 2 extremidades estão reforçadas como os trígonos
fibrosos esquerdo e direito

 Trígonos fibrosos são estruturas que separam o espaço compreendido


entre os anéis aurículo-ventriculares e o orifício aórtico
 Trígono fibroso direito – situado entre as válvulas tricúspide, mitral
e aórtica. Em conjunto com o septo membranoso, constitui o
corpo fibroso central
 Trígono fibroso esquerdo – situado entre as válvulas aórtica e
mitral

 Anéis arteriais
 3 espessamentos fibrosos da parede (correspondente ao bordo
aderente das valvas)
 Tendão de Todaro – feixe de colagénio que se estende na
parede da aurícula direita, no prolongamento das válvulas de
Eustáquio e de Tebesius
 Tendão do infundíbulo

 Funções do esqueleto fibroso


 Assegurar a descontinuidade electrofisiológica entre o músculo
das aurículas e dos ventrículos, excepto no local de penetração
do feixe de His
 Base estável mas deformável para a ligação das válvulas
aurículo-ventriculares
 Permite a inserção das fibras musculares

29 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Sistema cardionector
 Constituído por fibras musculares modificadas e especializadas na
condução do impulso
 Assegura a propagação da contracção do miocárdio
 Coordena a contracção das diferentes partes
 Como as fibras musculares estão colocadas em torno do coração em
todas as direcções, o coração também irá contrair em todas as
direcções
 É composto por:
 Nódulo sinusal
 Nódulo aurículo-ventricular
 Feixe aurículo-ventricular ou de His
 Rede de Purkinje

 Nódulo sinusal
 Colocado superior e lateralmente na parede da AD, junto à
abertura da VCS e ao sulco terminallis
 “Pacemaker” (72 impulsos eléctricos por minutos)
 Irrigado pela artéria sinusal (Gray: artéria central), que é ramo da
artéria coronária esquerda ou circunflexa, no seu segmento
inicial (apontamentos: artéria coronária direita – 60% ou
circunflexa – 40%)
 O estímulo propaga-se do nódulo sinusal até ao aurículo-
ventricular através das fibras do miocárdio

 Nódulo aurículo-ventricular
 Liga a musculatura da aurícula e do
ventrículo
 Nasce na parede auricular próximo do
orifício do seio coronário
 Situado no Triangulo de Koch
 Delimitado pela valva septal da
tricúspide, margem antero-
medial do orifício do seio
coronário e tendão de Todaro
 As suas fibras formam o tronco comum
do feixe aurículo-ventricular
 A sua irrigação é feita por um vaso característico, com origem na
artéria coronária dominante na cruz do coração

30 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Responsável pelo atraso entre a contracção auricular e
ventricular

 Feixe aurículo-ventricular de His


 Está na continuação do nódulo aurículo-ventricular
 Dirige-se para a frente e para cima, chega à parte membranosa
do septo, seguindo no seu bordo inferior
 Depois de atravessar o corpo fibroso central, junto ao limite
antero-superior do septo membranoso, bifurca-se originando o
ramo esquerdo e o ramo direito

 Ramo Direito
 Corre inicialmente dentro do miocárdio e depois
subendocárdio em direcção ao ápex do ventrículo,
entrando na cinta arciforme até chegar ao músculo
papilar anterior
 Tem poucos ramos para as paredes ventriculares no seu
percurso septal
 Na origem do músculo papilar anterior divide-se
profusamente em vários fascículos que divergem e
envolvem, primeiro o músculo papilar, e depois recurvam
subendocardicamente para a restante parede ventricular
 Ramo esquerdo
 Ramifica-se em ramo anterior e posterior

 Rede de Purkinje
 O feixe de His (direito e esquerdo) ramificam-se e dão origem à
rede de Purkinje
 Rede nervosa com uma terminação em cada fibra do miocárdio
 Subendocárdica

 Se ocorre uma lesão no nódulo aurículo-ventricular – bloqueio aurículo-


ventricular – o ventrículo necessita de ser estimulado artificialmente
(pacemaker)
 A maioria dos enfartes de miocárdio ocorrem devido à obstrução da
coronária direita – leva à paragem do nódulo aurículo-ventricular

31 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Pericárdio
 Saco fibroseroso que envolve o coração e as raízes dos grandes vasos
 É constituído por dois componentes
 Pericárdio Fibroso – mais externo de natureza fibrosa
 Pericárdio Seroso – mais interno de natureza serosa

Pericárdio Fibroso
 Camada de tecido conjuntivo duro exterior que define os limites do
mediastíno médio
 Forma cónica, achatado da frente para trás, com uma base, um
vértice, duas faces e dois bordos

 Base
 Conectada ao tendão central do diafragma e do lado esquerdo
a uma pequena área muscular do diafragma
 Espaço de Portal – espaço compreendido entre o pericárdio e o
diafragma, ocupado por tecido celular adiposo

 Vértice
 Envolve os grandes vasos, confundindo-se com a túnica externa
destes
 À frente termina ao nível da aorta e da artéria pulmonar
 Atrás alcança o ramo direito da artéria pulmonar
 Lateralmente cobre as duas veias cavas e pulmonares
 É ao nível da porção postero-externa do tronco arterial
braquio-cefálico que o pericárdio alcança o seu ponto
mais alto, sendo este facto conhecido por corno superior
do pericárdio (Haller)

 Face anterior
 Porção retropulmonar – relaciona-se com a face interna dos
pulmões
 Porção extrapulmonar – triangular e está situada atrás da parede
esterno-costal
 É ligada à superfície posterior do esterno por ligamentos esterno-
pericárdicos

32 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Face posterior
 Relaciona-se com os órgãos contidos no mediastino posterior,
como o esófago torácico, aorta torácica, canal torácico, nervo
vago e veia ázigos

 Bordos laterais
 Relacionam-se com a porção mediastínica da pleura, nervos
frénicos e vasos diafragmáticos superiores

 Os nervos frénicos, que invervam o diafragma e se originam a partir de


níveis da medula espinhal C3 a C5, passam pelo pericárdio fibroso e
inervam-no enquanto viajam do seu ponto de origem até ao seu
destino final

 Os vasos pericardicofrénicos também estão localizados no pericárdio


fibroso e inervam-no à medida que passam através da cavidade
torácica

Pericárdio Seroso
 Tecido que permite o deslizamento dos órgãos sem atrito, através da
produção de um liquido lubrificante que é igualmente reabsorvido pela
membrana

 Possui dois folhetos


 Folheto parietal
 Superfície interna do fibroso
 Extremamente fino
 Continuação do folheto visceral que, a nível dos troncos
arterial e venoso, se reflectiu externamente em dois locais:
superiormente, em torno da aorta e tronco pulmonar;
posteriormente, em torno das veias cavas e pulmonares

 Folheto visceral
 Também conhecido como epicárdio
 Adere ao coração e forma o seu revestimento externo
 Atrás reveste a face posterior das aurículas, reflectindo-se
depois sobre as veias cavas e pulmonares

33 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Lateralmente reveste as faces externas das duas aurículas
 À frente reveste a face anterior das aurículas e dos seus
apêndices auriculares, formando uma bainha à aorta e
artéria pulmonar
 Recobre ainda os vasos coronários e as suas ramificações
superficiais

 As camadas parietal e visceral do pericárdio seroso são contínuos nas


raízes dos grandes vasos. O espaço estreito criado entre as 2 camadas
de pericárdio seroso, contendo uma pequena quantidade de liquido, é
a cavidade pericárdica
 Permite o movimento relativamente desinibido do coração

 A zona de reflexão em torno das veias é em forma de um “J” e o fundo-


de-saco formado dentro do “J”, posterior à aurícula esquerda, é o seio
obliquo do pericárdio

 Seio transverso do pericárdio


 Passagem entre os dois locais de reflexão do pericárdio seroso
 É formado por
 Anteriormente – Flanco posterior da aorta e artéria
pulmonar
 Atrás – Face anterior das aurículas e apêndices auriculares
 Baixo – ângulo formado pelas auriculas com os dois
troncos arteriais
 Cima – ramo direito da artéria pulmonar
 O orifício esquerdo deste seio está situado entre a artéria
pulmonar e o apêndice auricular esquerdo
 O orifício direito situa-se entre a aorta e o apêndice auricular
direito

 Um dedo colocado no seio transverso separa artérias de veias. Uma


mão colocada sob o ápex do coração deslizando superiormente
encontra o seio obliquo

34 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Linha de união entre o folheto visceral e o folheto parietal


 Muito irregular
 A reflexão da serosa sobre a face posterior origina-se no flanco direito
da VCS
 Dirige-se depois para baixo e para dentro, para cobrir o flanco anterior
das 2 VPD e alcançar a VCI
 Ao alcançar o flanco inferior desta veia, contorna-a para cobrir o flanco
posterior das 2 VPD
 Seguidamente recobre o flanco posterior das 2 VPE, acabando por
alcançar o flanco inferior da VPE inferior e chegar ao flanco inferior da
APE

 A serosa pericárdica relaciona-se com 3 pedículos


 Pedículo arterial
 Constituído por aorta e artéria pulmonar
 Encontram-se a este nível 2 fundos-de-saco: o primeiro
está situado entre a bifurcação da artéria pulmonar e o
flanco inferior da porção horizontal da crossa da aorta; o
segundo encontra-se na porção postero-externa da
origem do tronco arterial braquio-cefálico

 Pedículo venoso direito


 Constituído por 2 veias cavas e 2 veias pulmonares direitas
 Encontram-se 3 fundos-de-saco: o primeiro está situado
entre a VCS e a VPD; o segundo localiza-se entre as 2 VPD
e o terceiro está situado entre a VPD inferior e a VCI

 Pedículo venoso esquerdo


 Constituído pelas 2 veias pulmonares esquerdas
 Encontram-se 2 fundos-de-saco: o primeiro entre as 2 VPE
e o segundo entre a VPE superior e a APE

 Entre os dois pedículos venosos, encontra-se um grande fundo de


saco, que separa o esófago das aurículas – seio obliquo do
pericárdio

35 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Meios de fixação do pericárdio


 Ligamento vértebro-pericárdico
 Insere-se na face anterior das primeiras vértebras dorsais e no
vértice do pericárdio

 Ligamentos esterno-pericárdicos
 Ligamento esterno-pericárdico superior
 Insere-se na porção superior da face anterior do
pericárdio fibroso e na 1ª cartilagem costal e manubrio
esternal
 Ligamento esterno-pericardico inferior
 Insere-se na face anterior do pericárdio fibroso e no
processo xifóide

 Ligamentos freno-pericárdicos
 Ligamento freno-pericárdio anterior
 Une o diafragma à base do pericárdio
 Ligamento freno-pericárdio lateral direito
 Insere-se no bordo direito do pericárdio e no centro frénico
para fora da VCI
 Ligamento freno-pericárdio lateral esquerdo
 Insere-se no bordo esquerdo do pericárdio e centro
frénico

Vasos e nervos
O pericárdio é suprimido por:

 Ramos da torácica interna


 Pericardicofrénica
 Musculofrénica
 Artérias frénicas inferiores
 Ramos da aorta torácica

Veias do pericárdio entram no:

 Sistema ázigos
 Torácicas internas
 Frénicas inferiores

36 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
Nervos que inervam o pericárdio surgem do:

 Nervo vago
 Troncos simpáticos
 Nervos Frénicos (sensação de “dor” pode ser irradiada para a região
supra-clavicular do ombro)

Linfáticos do pericárdio:

 Terminam nos gânglios medistínicos anteriores


 Medistínicos posteriores
 Diafragmáticos
 Intertráqueo-brônquicos

37 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Irrigação arterial do coração


 É feita pelas artérias coronárias
 As coronárias direita e esquerda nascem da aorta nos seus seios
anteriores
 Localizam-se à superfície pois se estivessem na profundidade, a
contracção do músculo cardíaco dificultaria a irrigação

Artéria Coronária Direita


 Origem
 Seio aórtico anterior direito da aorta ascendente

 É mais volumosa que a esquerda


 Percorre o sulco coronário direito até a crux cordis, onde muda de
direcção para alcançar o sulco interventricular posterior

 Situação
 Inicialmente situa-se entre o tronco pulmonar e o apêndice
auricular direito, depois dobra-se à direita e introduz-se no seio
coronário. Ao chegar ao sulco interventricular direito transforma-
se em artéria interventricular posterior

 Terminação
 Muito próxima do ápex do coração. Anastomosa-se
frequentemente na sua terminação com a coronária esquerda

 Constituída por 3 segmentos:

 Primeiro segmento – vai desde a origem até ao bordo direito


(agudo) do coração, fornecendo:
 Ramos auriculares (2 ou 3) – irrigam a parede anterior da
AD e distribuem-se no septo interauricular e nas faces
superior e posterior da AD. Entre eles destaca-se a artéria
do nódulo sinusal.
 Ramos ventriculares (2 a 4) – a primeira é a artéria
infundibular direita, e a segunda o ramo que irriga o terço
superior da face anterior do VD

38 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Segundo segmento – vai desde o bordo direito do coração até
ao nível da crux cordis.
 Ao nível do bordo agudo (direito) do coração, fornece a
artéria do bordo direito, que termina no terço inferior deste
bordo
 Esta porção da artéria coronária direita fornece a artéria
auricular póstero-direita que vasculariza a face posterior
da AD e ramos ventriculares que vascularizam a face
posterior do VD

 Terceiro segmento – constitui a artéria interventricular posterior


 Esta fornece ramos ventriculares direitos e esquerdos, que
vascularizam a face posterior dos 2 ventrículos
 Fornece também os ramos septais posteriores, que irrigam
o terço posterior do septo interventricular. Entre os ramos
septais posteriores, a primeira septal vasculariza o nódulo
aurículo-ventricular e o feixe de His. Outros ramos septais
posteriores vascularizam o ramo posterior do ramo
esquerdo do feixe de His

 A artéria coronária direita abastece a AD e VD, o nódulo sinusal e


aurículo-ventricular, o septo interauricular, uma parte da AE, o terço
posterior do septo interventricular, uma porção da parte posterior do VE

Artéria coronária esquerda


 Origem
 Seio aórtico anterior esquerdo da aorta ascendente

 Comprimento:2 a 4cm
 Obliquidade ínfero-esquerda
 Dirige-se para o espaço situado entre a artéria pulmonar e a AE, até
alcançar a porção superior do sulco interventricular anterior

 A cerca de 2 cm da sua origem, fornece a artéria circunflexa,


continuando-se depois pela artéria interventricular anterior.
 Antes de fornecer a artéria circunflexa, pode emitir uma arteríola, que
se anastomosa com outra proveniente da artéria coronária direita,

39 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
constituindo a arcada arterial pré-aórtica, podendo também fornecer
uma artéria volumosa que irriga a AE e o septo interauricular

 A artéria circunflexa alcança o sulco aurículo-ventricular, passa por


baixo do apêndice auricular esquerdo, até atingir o bordo esquerdo do
coração sistólico, terminando um pouco antes da cruz e podendo, em
raríssimos casos, seguir o sulco interventricular posterior ou ainda
terminar como artéria do bordo esquerdo

 Ramos colaterais – ao longo do seu trajecto dá:


 Ramos auriculares – irrigam as paredes anterior, esquerda e
posterior da AE. O ramo auricular anterior esquerdo é maior e
mais constante enquanto que o ramo auricular posterior é
considerado como ramo terminal da artéria circunflexa
 Ramos ventriculares – irrigam as faces anterior, esquerda e
posterior do VE. Entre os ramos ventriculares, os anteriores irrigam
a porção superior da face anterior do VE, enquanto que os
posteriores vascularizam a porção externa da face posterior do
VE

 Terminação: artéria interventricular anterior


 Percorre o sulco interventricular anterior, contorna o bordo direito
do coração a cerca de 1 a 2cm da ponta. A este nível dá o
ramo ascendente, que segue o bordo direito do coração, o ramo
descendente, que se dirige para a ponta
 Nalguns casos, ultrapassa o bordo direito do coração, alcança o
sulco interventricular posterior e percorre-o durante 1 a 4cm
 Durante o seu trajecto, fornece ramos ventriculares direitos,
esquerdos e ramos septais anteriores

 A artéria coronária esquerda fornece a maior parte da AE, do VE, septo


interventricular (incluindo feixe de His e seus ramos)

 As artérias coronárias direitas e esquerda anastomosam-se sobretudo


ao nível do septo interventricular e nos sulcos interventricular e
coronário (aurículo-ventricular)

40 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Variações nos padrões de distribuição das artérias coronárias


 O padrão de distribuição acima descrito é o mais comum e consiste
numa artéria coronária direita dominante. Isto significa que o ramo
interventricular posterior surge a partir da ACD, fornecendo uma grande
porção da parede posterior do VE, enquanto que o ramo circunflexo da
ACE é relativamente pequeno

 Nos corações com uma artéria coronária esquerda dominante, o ramo


interventricular posterior surge a partir de um ramo circunflexo de maior
calibre e fornece a maior parte da parede posterior do VE

 Outro ponto de variação refere-se ao suprimento arterial para os


gânglios sinusal e aurículo-ventriculares. Na maioria dos casos, estas 2
estruturas são fornecidas pela ACD. No entanto, ramos da circunflexa
esquerda podem, ocasionalmente, vascularizar estas estruturas.

41 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Drenagem venosa
Classificação das veias cardíacas

 Veias superficiais – encontram-se à superfície do coração,


acompanhando a artéria coronária e seus ramos
 Veias profundas – originam-se na porção intra-miocárdica e abrem
directamente em qualquer das 4 cavidades cardíacas

Veias superficiais
 Atendendo às relações das veias superficiais com as artérias coronárias,
estas veias podem ser classificadas em 2 subgrupos:

 Veias que drenam o sangue do território da artéria coronária esquerda


 Todas as veias deste território drenam para o seio coronário

 Seio Coronário
 Porção terminal da grande veia cardíaca, que está
situada na porção esquerda do sulco aurículo-ventricular
posterior
 Abre na parede inferior da AD, apresentando no ponto de
abertura a válvula de Thebesius
 No ponto onde a grande veia cardíaca se vai continuar
com o seio, encontra-se a válvula de Vieussens
 Entre estas duas válvulas encontram-se as válvulas
intermediárias de Laux e Marchall

 As veias aferentes do seio coronário são:


 Grande Veia Cardíaca – recebe várias veias:
 Veia interventricular anterior – acompanha a artéria
homónima
 Veias ventriculares antero-esquerdas – drenam o sangue
do terço superior da face anterior do VE
 Veias da face anterior da AE e do seu apêndice auricular –
drenam estas regiões
 Veias do bordo esquerdo do coração
 Veias da porção antero-superior e postero-superior do
septo interventricular
 Plexo pericoronário – contorna a porção inicial da
coronária esquerda

42 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Veias adiposas de Vieussens – vêm do infundíbulo
pulmonar
 Veias do septo interauricular – drenam para o nódulo
sinusal
 Esta veia começa no ápex, subindo no sulco
interventricular anterior (relacionando-se com a artéria
interventricular anterior). Ao atingir o sulco coronário vira à
esquerda e continua para a face diafragmática do
coração. Aí está associada ao ramo circunflexo da artéria
coronária esquerda. Continuando pelo sulco coronário, a
grande veia aumenta gradualmente para formar o seio
coronário, que entra na AD.

 Veias auriculares postero-esquerdas (veias obliquas posteriores


da AE)
 Drenam a face postero-esquerda da AE, encontrando-se
uma mais desenvolvida, a veia de Marshall, que se origina
ao nível da veia pulmonar esquerda superior

 Veia cardíaca posterior (veia posterior do VE)


 Em número variável drenam a face posterior do VE.
 Pode entrar quer no seio coronário, quer juntando-se à
grande veia cardíaca

 Veias que drenam o sangue do território da artéria coronária direita


 São veias que acompanham a artéria coronária direita e os seus
ramos

 Veia cardíaca média (interventricular posterior)


 Acompanha a artéria interventricular posterior, acabando
por terminar no seio coronário ou directamente na AD

 Pequena veia cardíaca


 Começa na parte inferior anterior do sulco coronário entre
a AD e o VD.
 Continua neste sulco na face diafragmática do coração
onde entra no seio coronário
 Acompanha a artéria coronária direita em toda a sua
extensão e pode receber a veia do bordo direito.

43 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Esta pequena veia acompanha a artéria do bordo direito
ao longo do bordo agudo do coração.
 Se a veia do bordo direito não se juntar à pequena veia
cardíaca, entra na AD directamente

 Veias cardíacas anteriores


 Veias que drenam a face anterior e o bordo direito do VD,
podendo agrupar-se para constituírem o canal comum
 Estas veias abrem na AD por orifícios próprios, os foraminas.
 Veia de Galeno – localizada no bordo direito do coração,
acompanha a artéria homónima
 Veias ventriculares anteriores – acompanham os ramos
ventriculares da 1ª porção da artéria coronária direita
 Veia de Cruveilhier – situada na face anterior do
infundíbulo pulmonar
 Veia de Zuckerkandl – situada entre a porção ascendente
da crossa da aorta e a artéria pulmonar

 Veias ventriculares póstero-direitas


 Originam-se na porção superior e externa da face
posterior do VD

 Veias subendocárdicas da AD
 Veias com localização inconstante, situadas nas paredes
da AD

Veias profundas
 Têm origem na porção intra-miocárdica da parede cardíaca
 Pequenas válvulas que abrem directamente em qualquer uma das 4
cavidades cardíacas vizinhas através de pequenos orifícios designados
foramínulas
 Constituídas pelas veias de Thebesius
 Encontram-se sobretudo nas paredes das aurículas e nos músculos
papilares dos ventrículos (AD e VD principalmente)

44 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Drenagem linfática
Os linfáticos do coração dispõem-se em 3 redes linfáticas

 Rede subendocárdica
 Encontra-se por baixo do endocárdio, sendo muito nítida ao nível
dos ventrículos e septo interventricular
 Rede subepicárpica
 Muito mais nítida, sendo sobretudo abundante ao nível da ponta
do coração e na face esquerda do VE
 Rede intramiocárdica (muito discutível)

Ao nível dos ventrículos, os linfáticos formam 2 territórios: esquerdo e direito. Ao


nível das aurículas são pouco numerosos

Troncos colectores linfáticos ventriculares

 Tronco colector linfático ventricular esquerdo


 Origem: ao nível da crux cordis, constituindo o tronco circunflexo
 Segue o sulco aurículo-ventricular esquerdo na companhia da
artéria circunflexa, até alcançar o flanco esquerdo da artéria
pulmonar
 A este nível recebe 2 grandes colectores linfáticos, os troncos
interventriculares anteriores, que acompanham a artéria
interventricular anterior
 Depois da junção desses troncos, formam-se o tronco colector
linfático esquerdo, que se localiza entre o apêndice auricular
esquerdo e a artéria pulmonar, situando-se depois no flanco
posterior da artéria pulmonar
 Terminação: gânglios linfáticos intertráqueo-brônquicos

 Tronco colector linfático ventricular direito


 Muito mais longo que o esquerdo
 Origem: Sulco interventricular posterior
 Percorre depois o sulco aurículo-ventricular direito até alcançar o
flanco anterior da crossa da aorta
 Terminação: gânglios medistínicos anteriores

45 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
 Estes troncos linfáticos são interrompidos por gânglios epicárpicos
 Gânglio pré-aórtico – situado no flanco anterior da porção
ascendente da crossa da aorta
 Gânglio pulmonar esquerdo – situado no flanco esquerdo da
artéria pulmonar
 Gânglio retropulmonar – situado no flanco posterior da artéria
pulmonar

Troncos colectores linfáticos auriculares


 Lançam-se nos troncos dos ventrículos.
 Alguns constituem troncos independentes que se lançam em gânglios
linfáticos
 Tronco descendente
 Termina no gânglio justa-frénico direito
 Tronco ascendente
 Chegam aos gânglios intertráqueo-brônquicos, do pedículo
pulmonar esquerdo e medistínicos anteriores

46 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Inervação Cardíaca
A divisão autonómica do Sistema Nervoso Autónomo (SNA) é directamente
responsável pela regulação:

 Frequência cardíaca
 Força de cada contracção
 Débito Cardíaco

Inervação Parassimpática (Vago)


São três:

 Nervos cardíacos superiores (2 ou 3) – destacam-se um pouco abaixo


do gânglio plexiforme
 Nervos cardíacos médios (2 ou 3) – originam-se no nervo recorrente,
ramo do vago
 Nervo cardíaco inferior – origina-se no vago, ao nível da cavidade
torácica

Estimulação do sistema parassimpático

 Diminui a frequência cardíaca


 Reduz força de contracção
 Contrai as artérias coronárias

As fibras pré-ganglionares parassimpáticas chegam ao coração como ramos


dos nervos cardíacos direito e esquerdo do vago. Elas entram no plexo
cardíaco e fazem sinapse em gânglios situados no interior do plexo ou na
parede das aurículas

Inervação Simpática
Nascem dos gânglios cervicais simpáticos e são três:

 Nervo cardíaco superior – origina-se no gânglio cervical superior do


simpático
 Nervo cardíaco médio – origina-se no gânglio cervical médio do
simpático
 Nervo cardíaco inferior – origina-se no gânglio cervical inferior ou no 1º
gânglio torácico do simpático

47 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012
Estimulação do sistema simpático

 Aumenta a frequência cardíaca


 Aumenta a força de contracção

Fibras simpáticas alcançam o coração através dos nervos cardíacos a partir


do tronco simpático. Fibra simpáticas pré-ganglionares dos 4 ou 5 primeiros
segmentos da medula espinhal torácica entram e movem-se através do
tronco simpático. Eles fazem sinapse nos gânglios simpáticos cervicais e
torácicos superiores, e as fibras pós-ganglionares procedem como ramos
bilaterais do tronco simpático até ao plexo cardíaco. Do plexo cardíaco,
nervos de pequeno porte (mistos que contêm tanto fibras simpáticas como
parassimpáticas) suprem o coração.

Plexo Cardíaco
Ramos de ambos os sistemas parassimpático e simpático contribuem para a
formação do plexo cardíaco, constituído por

 Parte superficial (sebenta: anterior)


 Inferior ao arco aórtico e entre este e o tronco pulmonar
 Constituído pelos nervos cardíacos esquerdos

 Parte profunda(sebenta: posterior)


 Entre o arco aórtico e a bifurcação traqueal
 Constituído por nervos cardíacos direitos, a que se juntam por
vezes os nervos cardíacos médios e inferiores do lado esquerdo

 Encontra-se por vezes o gânglio de Wrisberg, situado entre a crossa da


aorta, bifurcação da artéria pulmonar e ligamento arterial

 O plexo cardíaco dá origem aos plexos coronários, um direito outro


esquerdo, que acompanham as artérias coronárias

Ramos do plexo cardíaco afectam o tecido nodal e outros componentes do


sistema de condução, os vasos sanguíneos coronários e musculatura auricular
e ventricular

48 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Aferentes Viscerais
Aferentes viscerais do coração também são um componente do plexo
cardíaco. Estas fibras passam pelo plexo cardíaco e voltam ao sistema
nervoso central nos nervos cardíacos a partir do tronco simpático e nos ramos
vagais cardíacos.

Os aferentes associados com os nervos vagais cardíacos voltam pelo nervo


vago. Estes sentem alterações na pressão arterial e bioquímica do sangue e
estão, principalmente relacionados com os reflexos cardíacos.

Os aferentes associados com os nervos cardíacos dos troncos simpáticos


retornam às porções cervicais ou torácicas do tronco simpático. Se eles
estiverem na porção cervical do tronco, normalmente descem para a região
torácica, onde reentram na parte superior da medula espinhal torácica (4-5
segmentos superiores), juntamente com os aferentes da região torácica do
tronco simpático.

Estes aferentes conduzem sensação de dor do coração, que é detectada a


nível celular como lesão tecidular (isto é, isquémia cardíaca). Esta dor é muitas
vezes "referida" para regiões cutâneas fornecidas pelo mesmo nível da medula
espinhal.

49 Francisco Neri Gomes


Resumo Coração 2011/2012

Anexo: Páginas Netter para consulta


Todas as páginas são referentes ao livro “Frank H. Netter Atlas of Human
Anatomy, 5th edition”

Tema Página 5ª Edição


Coração In Situ 205
Coração: Vista Anterior 206
Radiografia do Tórax 207
Base e Face Diafragmática 208
Pericárdio 209
Artérias e Veias 211
Artérias Coronárias: Imagens Arteriográficas 212 + 213
Aurícula e Ventrículo Direitos 214
Aurícula e Ventrículo Esquerdos 215
Válvulas e Esqueleto Fibroso do Coração 216 + 217
Aurículas, Ventrículos e Septo Interventricular 218
Sistema Cardionector 219
Inervação Cardíaca 220 + 221
Cortes Transversais do Tórax 210 + 235 + 239

Tabela Retirada da Sebenta do Coração feita por Mariana Nápoles

50 Francisco Neri Gomes

Você também pode gostar