Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Organizadores:
Bento Gonçalves – RS
2014
2
© 2014 Andréa Poletto Sonza, Bruna Poletto Salton, Jair Adriano Strapazzon
Organizadores: Andréa Poletto Sonza, Bruna Poletto Salton, Jair Adriano Strapazzon
Revisão Geral: Rita Accorsi
Apoio Técnico: Getúlio Jorge Stefanello Júnior, Lael Nervis, Anderson Dall Agnol, Juliana Meneguzzo
Capa: Alexandra Ungaratto e Diego Cechin Sisnandes
Tiragem: 500
ISBN: 978-85-7770-268-8
CDU 376:72-056.26
Boa leitura!
SUMÁRIO
Resumo
Este artigo tem como objetivo compartilhar com a comunidade acadêmica e com a
sociedade em geral o Checklist de averiguação da acessibilidade dos câmpus que
compõem o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul –
IFRS. O documento, elaborado pelo Grupo de Trabalho da Reitoria do IFRS, teve seu início
em 2012, foi aprimorado em 2013 e atualmente está sendo aplicado nos câmpus da
instituição. O estudo que culminou com esse objeto baseou-se em vasta e diversa
bibliografia sobre o tema, como normas técnicas, monografias acadêmicas, formulários e
demais roteiros de vistoria elaborados por outros órgãos públicos. O roteiro, em formato de
Checklist, busca ser um ponto de partida para identificar as condições de acessibilidade dos
câmpus que constituem o IFRS, tendo em vista fornecer à gestão subsídios para uma
perspectiva de qualidade do ensino que seja inclusiva.
Palavras-chave: Educação Profissional e Tecnológica; Acessibilidade; Pessoas com
Deficiência e/ ou Mobilidade Reduzida.
Introdução
1
Psicóloga e Docente do IFRS – Câmpus Sertão [ana.castaman@sertao.ifrs.edu.br]
2
Assessora de Ações Inclusivas – Pró-Reitoria de Extensão do IFRS [andrea.sonza@ifrs.edu.br]
3
Técnico em Assuntos Educacionais - Pró-Reitoria de Ensino do IFRS [ivair.pigozzo@ifrs.edu.br]
4
Técnico em Assuntos Educacionais - Pró-Reitoria de Extensão do IFRS [jair.strapazzon@ifrs.edu.br]
5
Arquiteta e Urbanista da Coordenadoria de Projetos e Obras do IFRS – Câmpus Porto Alegre
[luiza.loder@poa.ifrs.edu.br]
6
Arquiteta e Urbanista da Coordenadoria de Projetos e Obras do IFRS – Câmpus Porto Alegre
[milene.liska@poa.ifrs.edu.br]
7
Pró-reitor Adjunto de Ensino do IFRS [vinicius.lousada@ifrs.edu.br]
8
O Comitê de Ensino consiste em órgão colegiado, consultivo e propositivo que tem a finalidade de
colaborar com a Pró-Reitoria de Ensino para o desenvolvimento das políticas e ações do IFRS na
área de ensino, conforme o artigo 2º de seu regimento (IFRS, 2010).
6
9
A educação, na perspectiva da politecnia, pretende se constituir numa superação da educação para
a profissionalização dos educandos estribada na lógica do mercado – hoje formadora de capital
humano polivalente para o trabalho alienado diante das novas configurações tecnológicas. Assim,
numa formação politécnica o educando se apropria dos fundamentos da técnica, de sua
epistemologia e prática, num viés multilateral e, desse modo, pode estar habilitado para o trabalho
não-alienado e, portanto, em condições de desenvolver modalidades diversas de trabalho em
diferentes ângulos com conhecimento de causa, superando a clássica rotina de executor de tarefas.
7
critérios básicos para a promoção de acessibilidade das pessoas com deficiência e/ou com
mobilidade reduzida, entre outras providências.
Desse modo, verificou-se ser necessária a averiguação das condições de
acessibilidade nos câmpus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul – IFRS. A minuta do Grupo de Trabalho da Pró-Reitoria de Ensino referente
ao tema “Acessibilidade” demonstra isso no trecho do documento:
novas legislações federais. De acordo com a Lei 10.098 (BRASIL, 2000), que estabelece as
normas gerais e os critérios básicos para a promoção da Acessibilidade às pessoas com
deficiência, a palavra Acessibilidade é definida por:
[...] no início dos anos 60, quando surge, na área da arquitetura, tanto nos
EUA quanto na Europa, o conceito de projetos livres de barreiras, focado
principalmente na deficiência física, em particular nos problemas de
circulação que afetam as pessoas usuárias de cadeira de rodas. Nos anos
90, a disseminação do uso da rede internet trouxe novas possibilidades e
expectativas em [...] tecnologia assistiva (MAZZONI, 2001, p.30).
Esse trabalho tem o intuito de: servir de base para que os novos câmpus sejam
projetados acessíveis, sem necessidade de adaptações posteriores para se adequar ao
desenho universal e apresentar os principais apontamentos que se constituem barreiras de
acesso para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida nos câmpus existentes.
Como metodologia utilizada, estão sendo realizadas visitas aos doze câmpus do
IFRS em equipe de no mínimo duas pessoas do GT-Acessibilidade. O objetivo é executar a
9
O checklist de acessibilidade física que segue (Tabela 1) toma como base principal o
Roteiro de Vistoria do CREA-RS (2004). A partir desse checklist foram feitas alterações de
acordo com a realidade dos câmpus e reitoria do IFRS. Além disso, foram incluídos outros
itens que são apontamentos relacionados à acessibilidade à informação, mobiliários,
equipamentos, bem como a disponibilização de recursos de Tecnologia Assistiva nas
dependências dos câmpus.
10
03. Os espaços de circulação externa têm uma faixa livre com largura mínima de 120cm para
circulação de uma pessoa em pé e outra em uma cadeira de rodas?
04. A inclinação transversal máxima do piso da circulação é de 3%?
05. O piso é plano, com desnível máximo de 0,5cm?
06. Onde há desníveis entre 0,5cm e 1,5cm, há rampa com inclinação máxima de 50%?
07. Onde há degraus, maiores que 1,5cm, e escadas, há rampa ou equipamento eletromecânico
vencendo o mesmo desnível?
08. As zonas de circulação estão livres de obstáculos como caixas de coletas, lixeira, floreiras,
telefones públicos, extintores de incêndio e outros?
09. Placas de sinalização e outros elementos suspensos que tenham sua projeção sobre a faixa de
circulação estão a uma altura mínima de 210cm em relação ao piso?
10. Há piso tátil sob o mobiliário suspenso?
Portas
Descrição Sim Não Parcialmente Não se aplica Observações
01. As portas têm vão livre mínimo de 80cm?
02. As portas de duas ou mais folhas possuem pelo menos uma das folhas com vão livre de 80cm?
03. As portas estão dispostas de madeira a permitir sua completa abertura?
04. As maçanetas são do tipo alavanca?
13
Refeitório e Cantina
Descrição Sim Não Parcialmente Não se aplica Observações
01. O refeitório está localizado em rota acessível?
02. As áreas de circulação principais do refeitório têm largura mínima de 1,20m?
03. A circulação entre lugares das mesas do refeitório tem largura mínima de 90cm?
04. As mesas para refeições possuem altura da superfície entre 75cm e 85cm?
05. 5% das mesas, ou no mínimo 1, possuem altura entre 75 e 85cm?
06. 5% das mesas, ou no mínimo 1, possui recuo nos pés de no mínimo 50cm (aceitável 30cm) ou nos
cantos, de modo que não interfiram no uso por pessoas em cadeira de rodas?
07. As mesas permitem aproximação frontal da cadeira de rodas, com uma altura mínima livre de 73cm
embaixo da superfície de refeição?
08. Mesas ou superfícies para refeições possuem profundidade livre para aproximação frontal de no
mínimo 50cm?
09. Há um módulo de referência de 80cm x 120cm para aproximação frontal da mesa?
10. As mesas são apropriadas ao uso de pessoas em cadeira de rodas?
11. Os balcões de atendimento possuem altura da superfície de no máximo 90cm?
12. Os balcões de atendimento possuem largura mínima 90cm (aceitável 80cm)?
14
13. Os balcões de atendimento permitem aproximação frontal da cadeira de rodas, com uma altura livre
mínima de 73cm embaixo da superfície de trabalho?
14. Os balcões de atendimento possuem profundidade livre de aproximação de no mínimo 30cm?
15. Há módulos de referência de 80cm x 120cm para aproximação frontal ao balcão?
16. Os guichês para entrega de bandejas e pagamento (caixa) possuem altura máxima de 75 a 85cm
em relação ao piso?
Anotações e Observações
I. Tipo de mobiliário:
II. Altura da superfície de trabalho: mesa, balcão e guichê:
III. Altura livre embaixo do balcão ou superfície de trabalho:
IV. Profundidade livre sob a superfície de trabalho: mesa, balcão e guichê:
15. Há um módulo de referência de 80cm x 120cm para aproximação frontal das mesas das salas de
aula?
16. As mesas das salas de aula são apropriadas para o uso de pessoas em cadeira de rodas?
Anotações e Observações
I. Tipo de mobiliário:
II. Altura da superfície de trabalho: mesa, balcão e guichê:
III. Altura livre embaixo do balcão ou superfície de trabalho:
IV. Profundidade livre sob a superfície de trabalho: mesa, balcão e guichê:
Bibliotecas
Descrição Sim Não Parcialmente Não se aplica Observações
01. A biblioteca está localizada em rota acessível?
02. As áreas de circulação principais da biblioteca têm largura mínima de 1,20m?
03. A circulação entre o mobiliário da biblioteca tem largura mínima de 90cm?
04. As mesas de estudo da biblioteca possuem altura de superfície de trabalho entre 75cm e 85cm?
05. As mesas de estudo da biblioteca permitem aproximação frontal da cadeira de rodas, com altura
livre mínima de 73cm embaixo da superfície de trabalho?
06. Mesas ou superfícies para estudo possuem profundidade livre para aproximação frontal de no
mínimo 50cm?
07. Há um módulo de referência de 80x120cm para aproximação frontal da mesa?
08. As mesas dos laboratórios são apropriadas para uso de pessoas em cadeira de rodas?
09. 5% das mesas, ou no mínimo 1, possui altura mínima entre 75 e 80cm, com vão livre de no mínimo
73cm do piso?
10. Os balcões de atendimento possuem altura de superfície de trabalho de no mínimo 90cm?
11. Os balcões de atendimento permitem aproximação frontal da cadeira de rodas, com uma altura livre
mínima de 73cm embaixo da superfície de trabalho?
12. Os balcões de atendimento possuem profundidade livre de aproximação de no mínimo 30cm?
13. Há módulos de referência de 80x120cm para aproximação frontal ao balcão?
14. O guichê possui altura máxima de 105cm em relação ao piso?
15. As estantes e expositores dos itens do acervo estão dispostos a 90 graus em relação às janelas?
16. Existe área de aproximação junto às prateleiras de livros com largura de 80cm e comprimento de
1,20m (MR)?
16
17. Entre as estantes e entre os expositores dos itens do acervo há espaço mínimo necessário para
passagem de um adulto e uma cadeira de rodas, conforme Módulo de Referência (MR) da NBR 9050
da ABNT?
18. Os computadores dos terminais de consulta possuem acessibilidade?
19. A biblioteca possui em seu acervo obras digitalizadas, em Braille ou em formato sonoro?
20. As normas da biblioteca são disponibilizadas em diferentes formatos (Braille, ampliado, digital,
outros)?
Circulação Vertical - Elevadores (Item 6.1.7.1,6.8.2 e 6.9.2.1 NBR 9050/04 c/c NBR 13994/00)
Descrição Sim Não Parcialmente Não se aplica Observações
01. A porta do elevador tem vão mínimo de 80cm?
02. O tempo de permanência da porta aberta está entre 5s e 15s?
03. O elevador tem dimensão mínima de cabine de 110cm por 140cm?
04. O revestimento do piso da cabine tem superfície dura e antiderrapante, permitindo uma fácil
manobra da cadeira de rodas?
05. O piso da cabine tem cor contrastante com a do piso do pavimento?
06. Os botões de chamada externos têm dimensão mínima de 19mm, excluindo-se a aba?
07. Os botões de chamada externos e do painel de comando são providos de indicação visual para
indicar cada chamada registrada que se extingue quando atendida?
08. Os comandos de emergência estão agrupados na parte inferior do painel de comando da cabine?
09. A altura do último botão no painel de comando está a uma altura máxima de 137cm, medida a partir
do piso da cabine, com tolerância para mais ou para menos de 2,5cm?
17
10. A altura do primeiro botão no painel de comando está a uma altura mínima de 89cm, medida a partir
do piso da cabine, com tolerância de 2,5cm?
11. Existe Marcação Braile de identificação do pavimento, colocada imediatamente abaixo da
designação do pavimento?
12. Existe identificação do pavimento em ambos os lados dos batentes das portas em todos os
pavimentos?
13. A dimensão mínima das letras e números das marcações dos comandos é de 1,6cm?
14. Os números das indicações do pavimento onde se encontra o elevador tem altura mínima
15. Há um corrimão fixado nos painéis laterais e de fundos de cabine?
16. Se há corrimão, a parte superior deste está a uma altura entre 89 e 90cm do piso acabado e com
espaço livre entre o painel da cabine e corrimão de 4cm?
17. A cabine tem iluminação elétrica com no mínimo duas lâmpadas?
18. Os capachos embutidos no piso são nivelados com saliência menor que 0,5cm de altura?
19. Se há elevadores existentes, eles poderão sofrer alterações tecnicamente previstas na NBR
13.994/00?
20. Elevador que atenda as exigências da NBR 13.994/00 está identificado com o Símbolo Internacional
de Acesso?
Anotações e Observações
I. Dimensão da cabine:
II. Largura da Porta:
III. Painel de comando interno:
a) Diâmetro dos botões do comando interno:
b) Altura do primeiro e do último botão de comando interno:
c) Altura das letras dos comandos:
d) Se há Braille ao lado dos comandos:
e) Se há número em alto-relevo ao lado dos comandos:
IV. Piso da cabine:
V. Se há corrimãos na cabine:
VI. Dimensão perpendicular do espaço em frente ao elevador:
18
Anotações e Observações
I. Largura da escada:
II. Dimensões dos degraus:
III. Piso da escada: tipo e cor:
IV. Se há corrimão em ambos os lados da escada:
V. Se há guarda-corpo em ambos os lados da escada:
07. Os corrimãos tem prolongamento horizontal de no mínimo 30cm nos dois níveis servidos pela
escada ou rampa?
08. As extremidades do corrimão tem acabamento recuado?
09. As extremidades do corrimão tem desenho contínuo, são fixadas ou justapostas nas paredes?
10. Os corrimãos tem continuidade, sem interrupção nos patamares intermediários?
11. A altura do corrimão da escada é de 92cm do piso medidos na sua geratriz superior?
12. O corrimão da rampa está instalado a duas alturas: 92 e 70cm do piso, medido da geratriz superior?
13. Se a escada ou rampa possui largura superior a 240cm, há corrimão intermediário?
14. Os corrimãos intermediários somente são interrompidos, quando o comprimento do patamar é
superior a 1,40m?
15. Se a escada ou rampa não tiverem paredes laterais, há guarda-corpo de 105cm de altura associado
ao corrimão?
16. O corrimão da escada ou rampa atende a NBR9077?
Anotações e Observações
I. Altura do corrimão:
II. Seção ou diâmetro do corrimão:
III. Altura do guarda-corpo:
09. Se há plataforma para compor a altura da bacia sanitária, a projeção horizontal da plataforma
ultrapassa no máximo 5cm o contorno da base da bacia?
10. No caso de bacia com caixa acoplada há barra na parede do fundo de forma a evitar que a caixa
seja usada como apoio?
11. Caso haja barra, a distância mínima entre a face inferior e a tampa da caixa acoplada é de 15cm?
12. As barras de apoio da bacia sanitária têm comprimento mínimo de 80cm?
13. As barras possuem seção circular com diâmetro entre 3,0cm e 4,5cm?
14. A barra lateral à bacia está posicionada de modo a avançar 50cm da extremidade frontal da bacia
sanitária?
15. A distância entre o eixo do vaso e a face da barra lateral é de 40cm?
16. A porta do sanitário ou do boxe para a bacia sanitária tem vão livre mínimo de 80cm?
17. A porta do sanitário ou do boxe para bacia sanitária tem barra horizontal para facilitar seu
fechamento?
18. A porta do sanitário ou do boxe para bacia sanitária está disposta de maneira a permitir sua
completa abertura?
19. A maçaneta ou trinco da porta do sanitário ou do boxe para bacia sanitária é do tipo alavanca?
20. Os lavatórios são sem coluna?
21. O lavatório está fixado a uma altura entre 78cm e 80cm em relação ao piso?
22. Há uma altura livre de 73cm sob o lavatório?
23. Há uma área livre de aproximação do lavatório com dimensões de 120cm x 80cm frontal ao
lavatório?
24. Há barras de apoio instaladas junto ao lavatório, na altura do mesmo?
25. As torneiras do lavatório são de alavanca, monocomando ou acionadas por células fotoelétricas?
26. O piso dos sanitários é antiderrapante?
27.Os assessórios do sanitário estão localizados a uma altura entre 50cm e 120cm em relação ao piso?
28. A forma de abertura da porta e a distribuição de aparelhos nos banheiros e lavabos permitem a
utilização por um usuário em cadeira de rodas?
29. Há um Símbolo Internacional de Acesso afixado na porta do sanitário?
Anotações e Observações
I. Dimensão da cabine sanitária:
II. Dimensão da área com lavatório, se separada do vaso:
III. Espaço livre lateral ao vaso:
23
Espaços para PCR* (pessoa em cadeira de rodas) e Assentos para PMR* (pessoa com mobilidade reduzida) e PO*
(pessoa obesa)
05. As vagas reservadas são demarcadas com linha contínua na cor branca sobre o pavimento?
06. Nas áreas externas ou internas da edificação, destinadas a garagem e a estacionamentos, as
vagas reservadas para veículos utilizados por pessoas com deficiência na mobilidade são devidamente
sinalizadas?
07. As vagas reservadas têm o Símbolo Internacional de acesso pintado no piso?
08. As vagas reservadas são identificadas com placa vertical, com o Símbolo Internacional de Acesso e
com identificação escrita relativa à condição de reserva da vaga e do público-alvo?
09. Há rebaixamento do meio-fio e rampa na calçada para ligar a vaga à calçada ou passeio?
10. O caminho a ser percorrido pela pessoa com deficiência na mobilidade é livre e sem obstáculos?
Anotações e Observações
I. Dimensão da vaga:
II. Largura da faixa lateral:
III. Características da sinalização:
06. Pelo menos um dos itinerários que comuniquem horizontal e verticalmente todas as dependências e
serviços do edifício, entre si e o exterior, cumpre os requisitos legais de acessibilidade?
07. As dependências em que ocorre maior fluxo de pessoas estão situadas no andar térreo?
08. Há pelo menos um banheiro acessível, com seus equipamentos e acessórios distribuídos de
maneira que possa ser utilizado por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida?
09. Na entrada dos prédios públicos totalmente adaptados às exigências desta lei, está fixado o
símbolo internacional de acessibilidade?
10. Os locais de espetáculos, conferências, aulas e outros de natureza similar dispõem de espaços
reservados para cadeira de rodas, de acordo com a ABNT, de modo que facilite as condições de
acesso, circulação e comunicação?
11. Se existe legislação municipal referente à acessibilidade, a edificação cumpre as determinações
desta legislação?
12. Existe projeto de Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndio (PPCI) para o câmpus?
13. O Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI) do câmpus está de acordo com o estabelecido na
NBR 9050/2004?
14. Os extintores de incêndio são instalados com suporte de piso?
15. Os extintores de incêndio estão sinalizados com piso podotátil de alerta na sua projeção, afastados
do obstáculo no mínimo 60cm, conforme NBR 9050/2004?
16. Há sistema de alarme de incêndio, pelo menos nos ambientes de maior acúmulo de pessoas que
emita som e também luz (para alertar os surdos)?
17. Existe mapa tátil de localização das edificações no câmpus, que indique onde a pessoa está e
como chegar às demais dependências?
18. Nos locais onde há lixeiras, essas possuem aberturas em duas alturas ou em uma altura até 1,20m,
que possibilitem o uso por PcD?
19. Nos locais destinados à prática esportiva (quadras, ginásios, etc.), o piso é antiderrapante e com
poucas cores, porém contrastantes?
Anotações e Observações
I. Qual percurso à via pública é acessível:
II. Qual acesso à edificação é acessível:
III. Qual itinerário horizontal e vertical que liga todas as dependências é acessível:
IV. Qual banheiro (localização) é acessível:
27
( ) Pulseiras de pesos
( ) Teclado virtual
( ) Mouse virtual
( ) Sistema de reconhecimento de voz
( ) Adaptações para cadeira de rodas ou outro sistema de sentar (almofadas especiais, assentos e encostos anatômicos); posicionadores e contentores
( ) Cadeira de rodas manuais e/ou motorizadas
( ) Bases móveis
( ) Andadores
( ) Scooters de 3 rodas
( ) Outro (descrever)
Serviços
Há no câmpus servidores capacitados para auxiliar Pessoas com Necessidades Especiais?
( ) Sim Quantos? _______Em qual (is) setor(es)?___________________________________
( ) Não
O website do câmpus está de acordo com as Recomendações Nacionais de Acessibilidade Virtual (e-MAG 3.0)?
( ) Sim
( ) Não
29
Para aplicar o checklist da Tabela 1 foi feito um cronograma, no qual seriam aplicados um a dois checklists por mês, dependendo do
tamanho do câmpus. O trabalho, já iniciado, tem previsão de encerramento para agosto de 2014. Para executar essa ação sempre participam, no
mínimo, dois membros do GT Acessibilidade IFRS, sendo uma arquiteta e uma pessoa com expertise na área da acessibilidade e/ou Tecnologia
Assistiva. Além disso, o coordenador do NAPNE (Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Especiais) de cada câmpus acompanha os
trabalhos. Como os câmpus, de um modo geral, possuem mais do que um prédio (bloco), o checklist da Tabela 1 está sendo aplicado por blocos
(ex: Bloco A, Bloco B, Bloco C, Biblioteca, Infraestrutura, Ginásio...). Para ilustrar, na sequência é apresentado um excerto de um dos itens dos
pontos de verificação, aplicado em um dos câmpus do IFRS, no Bloco A:
Acesso Principal Câmpus - Calçadas (C1,C2 e C3) - (Item 6.1 e 6.10 da NBR9050/04)
Descrição Sim Não Parcial Não se aplica Observações Gerais
01. Tem largura mínima de 120cm (circulação de uma pessoa em pé e outra em uma cadeira de rodas)? x
02. No caso de faixa gramada junto ao meio fio, a faixa pavimentada tem largura mínima de 150cm? x
03. O Revestimento no piso é antiderrapante? x Nas calçadas externas não há
04. O Revestimento do piso é contínuo, sem ressaltos ou depressões? x piso podotátil e existem pedras
em desnível uma com a outra.
05. O Revestimento no piso tem superfície regular, firme e estável, sem provocar trepidações? x
Não há rebaixamento de meio-fio
06. A Inclinação transversal do piso é de no máximo 3%? x da calçada C1 para a faixa de
x pedestres. Na transição do
07. A calçada possui inclinação longitudinal de até 5%?
espaço interno para o externo,
08. Se a calçada possui inclinação longitudinal maior que 5%, esta inclinação é menor que 12,5%? x não há mais a presença de
09. A calçada tem inclinação contínua? x calçada que conduza o pedestre.
x Sugestão: As calçadas de
10. Se existirem degraus em qualquer das inclinações, assinale a opção não pedestres deveriam ser mais
11. Os degraus têm espelhos com altura máxima de 18cm e piso mínimo de 28cm? x largas para permitir a circulação
de uma pessoa em pé e outra
12. Se existirem obstáculos como caixas de coleta, lixeiras, telefones públicos e outros, esses x em cadeira de rodas
obstáculos estão fora do espaço de passagem de pedestres? simultaneamente
13. Obstáculos aéreos, como marquises, placas, toldos, e vegetação, estão localizados a uma altura
x
superior a 210cm?
14. A acomodação do acesso de veículos é feita exclusivamente dentro do imóvel, de forma a não criar
x
degraus ou desníveis abruptos na calçada?
30
15. No alinhamento entre a calçada e o lote particular, o portão de garagem ou portão de acesso à área
x
privativa, abre para o interior do lote?
16. Junto ao portão da garagem ou ao portão de acesso à área privativa há sinalizador que emite luz e
x
som para alertar os pedestres quando os carros entram e saem?
17. O semáforo, se existir, em frente à escola possui sinalizador sonoro? x
18. O semáforo, se existir, em frente à escola possui uma luz com cronômetro de abertura de sinal? x
Anotações e Observações
I. Largura de faixa da calçada: C1: 3,12m, C2: 1,20m,C3: 1,20m (1,15m em frente ao banco).
II. No caso de estreitamento da calçada, informe a largura mínima pavimentada: C1: 1,93m, C2: 1,14m,C3: 1,15m.
III. Inclinação transversal da calçada: C1: i= 4,80%, C2: i= 12,5% e C3: i= 6,66%, sendo o máximo permitido i= 3%.
IV. Inclinação longitudinal da calçada: i= 0% em C1, C2 e C3.
V. No caso de degraus, informe as dimensões do(s) degrau(s) isolado(s): Não há.
VI. No caso de obstáculos, identifique-o(s): C1: não há-calçada larga, C2 e C3: bancos, trecho do portão deslizante junto à guarita e coletores.
Ao aplicar o checklist nos câmpus, percebe-se a importância da equipe multidisciplinar, onde cada membro envolvido coloca em prática sua
experiência com a Acessibilidade, seja ela física, virtual/comunicacional... Cabe destacar que ao apontar os itens não conformes, são apresentadas
também sugestões para solucionar os obstáculos/barreiras que impedem ou dificultam pessoas com deficiência de ir e vir nas dependências do
Instituto com autonomia. Para exemplificar, na Tabela 2, uma sugestão de quebra de barreira arquitetônica é apresentada na coluna “Observações
Gerais”.
31
Considerações Finais
Ao tratar de acessibilidade, nos últimos anos houve inúmeras iniciativas como leis,
planos de ação e programas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e eliminar as
barreiras arquitetônicas das pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida. O Grupo de
Trabalho Acessibilidade do IFRS, em consonância com as políticas inclusivas
governamentais, constituiu o documento Checklist, buscando contemplar os requisitos
essenciais para uma instituição de ensino acessível. Seu principal foco centra-se em
oferecer subsídios com vistas a facilitar a adequação dos espaços e edificações existentes,
para que se promova a acessibilidade no Instituto, além de servir de exemplo para outras
instituições.
O instrumento apresentado traz pontos de verificação relacionados às calçadas,
coletores, circulação externa e interna, portas, superfícies para refeições ou trabalho e
balcões, bebedouro, circulação vertical (elevadores, plataforma elevatória, escadas,
rampas), rebaixamento de calçadas, corrimão e guarda-corpo, sanitários e vestiários,
auditórios e similares, estacionamento, além do Checklist de Tecnologia Assistiva.
A equipe do GT de Acessibilidade do IFRS além de apresentar os pontos onde há
obstáculos para a acessibilidade, vem apontando caminhos para possíveis soluções e,
quando isso na é possível por completo, oferece alternativas para minimizar ao máximo as
barreiras arquitetônicas.
A partir da aplicação desse instrumento e de posteriores reformas de adequação,
os câmpus e a reitoria do IFRS poderão tornar-se referência de uma Instituição de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica adequada e acessível. Entende-se que esse
seja o caminho rumo à construção de uma instituição onde todos têm garantido o seu direito
de ir e vir com autonomia e de acesso à informação, independente de situação ou
necessidade específica que apresente.
Por fim, como trabalhadores da educação fundados numa esperança, que se
enraíza no inacabamento do ser humano (FREIRE, 2007) e das instituições, compreende-se
que os dados e relatórios de análise gerados pela aplicação desse instrumento podem e
devem contribuir de modo que o IFRS avance no sentido da oferta de uma educação
pública, gratuita e de qualidade que seja efetivamente inclusiva, superando paulatinamente
o paradigma de inclusão precária (MARTINS, 2002) que historicamente marcou a Educação
Profissional mediante políticas públicas de caráter elitistas e, portanto, excludentes.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria n. 1.679, de 2 de dezembro de 1999. Dispõe sobre os
requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência, para instruir os processos de
autorização e de reconhecimento de cursos, e de credenciamento de instituições. [Brasília, DF,
1999.]. Disponível em <http://www.cedipod.org.br/edu1679.htm>. Acesso em: 18 Abr. 2013.
______. Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
20 dez. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L10098.htm>. Acesso em: 17
abr. 2013.
FREIRE. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2007.
MARTINS, José de Souza. A sociedade vista do abismo: novos estudos sobre exclusão, pobreza e
classes sociais. Petrópolis: Vozes, 2002.
Resumo
A acessibilidade em sites da administração pública passou a ser obrigatória, no Brasil, a
partir do decreto nº 5.296 de 2004. Logo, para que os ambientes virtuais sejam locais
realmente acessíveis, é necessário que esses espaços sejam construídos de acordo com
normativas de acessibilidade e, além disso, é indispensável a realização do processo de
avaliação manual da mesma. Esse artigo tem por finalidade, apresentar os métodos e
ferramentas de avaliação manual de acessibilidade, empregados no Projeto de
Acessibilidade Virtual do IFRS – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul. A partir desse objetivo, procura-se demonstrar a importância da avaliação
manual e como esse processo contribui para a construção de espaços virtuais que estejam
ao alcance de todos.
Palavras-chave: Avaliação Manual, Acessibilidade, Projeto de Acessibilidade Virtual.
Introdução
1
Assistente em Administração da Pró-Reitoria de Extensão do IFRS, bolsista do Projeto de
Acessibilidade Virtual do IFRS. [anderson.dallagnol@ifrs.edu.br]
2
Assistente em Administração do NAPNE (Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades
Especiais) do IFRS – Câmpus Bento Gonçalves, Professor pesquisador do Projeto de Acessibilidade
Virtual do IFRS. [everaldo.carniel@bento.ifrs.edu.br]
3
Técnico de Tecnologia da Informação da Pró-Reitoria de Extensão do IFRS, bolsista do Projeto de
Acessibilidade Virtual do IFRS, graduando do curso superior de Análise e Desenvolvimento de
Sistemas no IFRS. [lael.nervis@ifrs.edu.br]
34
Os sites necessitam ser acessíveis aos usuários, ou seja, devem permitir o acesso
do conteúdo ao maior número possível de usuários, independente de deficiências,
limitações físicas, meios reduzidos ou agentes de usuário4 utilizados. Conforme o Comitê
Gestor da Internet no Brasil (CGI.br, 2010), para que os ambientes sejam universais, os
mesmos devem estar disponíveis para todas as pessoas, independentemente dos
equipamentos e softwares que utilizem, principalmente da cultura em que inserem, da
localização geográfica, das habilidades físicas ou mentais, das condições socioeconômicas
ou de instrução. Logo, perante esse preceito, para garantir a acessibilidade são utilizados
métodos de avaliação manual de acessibilidade.
O processo de avaliação manual de acessibilidade, assim como a própria
acessibilidade web, caracteriza-se como tema relativamente novo que passou a ser
impulsionado fortemente pela quebra de antigos paradigmas relacionados às pessoas com
deficiência, que há pouco tempo atrás eram consideradas incapazes e, muitas vezes, eram
restritas de informação. Os Padrões Web, as diretrizes de acessibilidade, a legislação e,
principalmente, os usuários com deficiência desmistificam a ideia relacionada apenas à
acessibilidade voltada aos meios físicos e arquitetônicos, mas também a busca pelo acesso
igualitário e interativo às informações e ambientes de conhecimento e aprendizagem, de
modo a construir espaços virtuais de convivência e saber colaborativo.
Os espaços virtuais precisam ser pensados dentro dos preceitos da cultura inclusiva e
das questões legais relativas à acessibilidade, para cumprir o propósito de ser um lugar
destinado a todos. Ao ser disponibilizado para pessoas com deficiência visual, por exemplo,
o conteúdo precisa estar em mídia acessível, como som e texto, em ambientes igualmente
acessíveis, enfim, todos os elementos textuais e não textuais devem ser disponibilizados no
ambiente de forma que todos tenham acesso.
É importante salientar que, com isso, vivencia-se um novo momento de expansão do
conhecimento humano, passando do conteúdo impresso para a web, do ambiente sólido e
palpável, para o líquido, isto é, mais abrangente e flexível. Neste sentido, de acordo com
Silva (2012, p.246), “antes o conhecimento era suportado em livros, cd, objetos tangíveis.
Agora a informação se encontra digitalizada, não é tangível“. Desta forma, com esta
migração do conhecimento de um mundo real, palpável, para as plataformas virtuais
disponibilizadas através da internet, estas devem garantir o pleno acesso a todos,
independente de quais sejam as limitações humanas ou dispositivos de navegação
utilizados, sob pena de, se isso não ocorrer, acontecer monopolizações do conhecimento.
4
Segundo o e-MAG 3.0 (DGE, 2011), os agentes de usuários são definidos como qualquer sistema
de acesso a informação utilizados pelos usuários, sejam eles, navegadores, leitores de tela,
dispositivos móveis (celulares, tablets, etc.) entre outros.
35
Eis então que a inclusão virtual ganha força, pois esta deve garantir a acessibilidade, a
facilidade de acesso do conhecimento disponibilizado na web, a todos.
Em meio a tantos conceitos emergentes e teorias em construção, o que parece ser
consenso, ao menos, entre todos que discutem a acessibilidade virtual, é que ela somente
se completa se há a participação de usuários reais nos processos de avaliação, ou seja, no
processo de análise de um ambiente quanto a sua acessibilidade é imprescindível que haja
a avaliação manual de acessibilidade web, e que esta seja realizada por pessoas que
tenham alguma limitação física, sensorial ou cognitiva, com uso de recursos de Tecnologia
Assistiva e, também, em conjunto com desenvolvedores web com conhecimento das
recomendações de acessibilidade web, para que a avaliação de acessibilidade de um
ambiente virtual possa, então, ter credibilidade (WAI, 2010).
A acessibilidade web não se constitui apenas por meios conceituais, mas apresenta
um conjunto de iniciativas que visam sua real implantação, proporcionando a efetividade e
maior abrangência de conceitos. Para que a implementação dessas definições seja
realmente possível, existem documentos e instituições que normatizam e disponibilizam
recomendações e práticas para o desenvolvimento de ambientes web acessíveis, de modo
a permitir o alcance e acesso de conteúdo ao maior número possível de usuários. Em
âmbito internacional, tem-se o W3C (World Wide Web Consortium), e a nível nacional,
emprega-se o e-MAG 3.0 (Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico), que é o
documento oficial que institui e norteia a acessibilidade em sites do governo brasileiro.
O W3C é um consórcio internacional que conta com a participação de diversas
organizações. Desde sua fundação, em outubro de 1994, o W3C publica padrões
internacionais de desenvolvimento para a web. Esse conjunto de recomendações tem por
finalidade padronizar as tecnologias e conteúdo web, adotando melhores práticas para o
desenvolvimento de páginas na internet (W3C, 2011).
O W3C também busca a acessibilidade na web e, em fevereiro de 1997, o consórcio
lançou a WAI - Iniciativa para Acessibilidade na Web (Web Accessibility Initiative). O WAI
abrange os documentos do WCAG (acrônimo para Web Content Accessibility Guidelines) e
outros documentos relevantes para proporcionar a acessibilidade na web. O WCAG é
voltado para desenvolvedores de páginas e ferramentas para a web, e corresponde ao
conjunto de diretrizes de acessibilidade para o desenvolvimento do conteúdo web.
Considera-se conteúdo web: informações em páginas, aplicativos, textos, imagens, formas,
sons e outros componentes. Logo, os documentos do WCAG oferecem recomendações que
orientam a desenvolver o conteúdo web de maneira acessível para as pessoas com
deficiência ou com quaisquer limitações, sejam elas de ordem física ou devido aos meios
reduzidos. Disponíveis para consulta, os documentos WCAG 1.0, lançado em maio de
1999, e também sua versão mais atual, o WCAG 2.0, lançado em dezembro de 2008, são
encontrados no site do WCAG (WAI, 2011).
No cenário nacional, perante o decreto nº 5.296 publicado em 02 de dezembro de
2004, conforme já mencionado, a construção de sites e portais do governo brasileiro
acessíveis passou a ser uma exigência, para o uso de pessoas com deficiência, ou com
diferentes limitações, garantindo o máximo possível do acesso aos conteúdos disponíveis.
Para o cumprimento de suas exigências, o governo brasileiro, em parceria com outras
instituições, elaborou o e-MAG (Modelo de Acessibilidade do Governo Eletrônico). O e-
MAG, consiste em um conjunto de recomendações a serem consideradas para a adoção da
36
5
O Site Modelo de Acessibilidade Virtual está disponível no endereço:
http://www.acessibilidade.bento.ifrs.edu.br
38
Para o desenvolvimento dos produtos voltados à web e para que seja possível
atingir os conceitos e objetivos, o projeto estrutura seus produtos e atividades de acordo
com os Padrões de Desenvolvimento Web do W3C e com as diretrizes de acessibilidade
nacionais (e-MAG 3.0) e internacionais (WCAG).
elementos. Além da navegação com Tab, também é possível navegar com setas de
movimentação que realizam a leitura sequencial de todos os elementos dispostos na página.
Através dessas maneiras de navegação, as pessoas com deficiência, denominadas usuários
reais, relatam erros e inconformidades com os princípios de usabilidade, comunicabilidade
e, com maior ênfase, em acessibilidade.
A finalização dos testes ocorre quando esses documentos são enviados aos
desenvolvedores responsáveis que unificam os checklists do DV e elaboram um documento
final (checklist do desenvolvedor), contendo observações técnicas e possíveis soluções dos
problemas relatados. O produto passa por uma revisão final realizada pelo professor
orientador da equipe de testes e, por fim, o relatório final de acessibilidade é enviado ao
administrador do site, para que o mesmo realize as alterações descritas, passando um
retorno ao projeto para uma nova validação mais acelerada. Os passos do processo de
avaliação de acessibilidade realizado no projeto podem ser vistos na Figura 1.
4
Recebimento do Validação
5
3
1
pela avaliação manual. Outro recurso advindo do sistema foi a adoção de uma Agenda,
onde todas as demandas são exibidas de acordo com os usuários envolvidos, o status do
checklist (não iniciado, pendente ou finalizado), contendo também uma data prévia para
início e fim de cada avaliação manual.
Figura 5 – Tela do sistema contendo a lista dos checklists a serem realizados pelo usuário
MAG 3.0 na qual o site apresenta inconformidade, adicionando nos campos seguintes o
local do site onde ocorre o erro (URL), a descrição e possível solução para o problema
encontrado. Os erros cadastrados durante o processo de validação manual de cada site
estão visíveis em uma lista de erros com as inconformidades de acessibilidade, organizadas
sequencialmente conforme as recomendações do e-MAG.
novo erro, unir os erros existentes ou simplesmente utilizar um erro já cadastrado pelos
bolsistas com deficiência visual, assim tornando o processo mais rápido. Além disso, os
desenvolvedores também atribuem uma linguagem técnica aos erros e testam o site
buscando por erros que os bolsistas com deficiência visual não encontraram ou não são
capazes de encontrar. Quando os desenvolvedores finalizam sua parte, o orientador verifica
o checklist para ter certeza que não foram cometidos erros nem falhas e, em seguida, gera o
relatório que será enviado ao responsável pela alimentação do site para correção dos erros
encontrados.
Considerações Finais
Referências
W3C - Escritório Brasil, Sobre o W3C, 2010. Disponível em: <http://www.w3c.br/sobre/>. Acesso em:
14 Jan 2010.
Resumo
Este artigo aborda a acessibilidade em documentos digitais, buscando dar subsídios
práticos para a criação ou edição desses documentos, pensando em garantir um bom nível
de acessibilidade. Será abordada a questão da acessibilidade em documentos do Microsoft
Word, do Microsoft PowerPoint e documentos no formato PDF.
Palavras-chave: acessibilidade, documentos digitais.
Introdução
Uma boa utilização dos estilos do Word (título1, título2, título3, etc.) é um dos pontos
mais importantes para que um documento do Word seja acessível. Utilize sempre os estilos
para formatar os títulos em vez de simplesmente modificar a formatação da fonte.
1
Pedagoga, Técnica em Assuntos Educacionais da Pró-Reitora de Extensão e Professora
Pesquisadora do Projeto de Acessibilidade Virtual do IFRS (Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Sul). [bruna.salton@ifrs.edu.br]
50
Os estilos de título permitem que o usuário com leitor de tela navegue pelo
documento mais facilmente. O leitor de tela oferece ao usuário o recurso de navegar através
dos títulos do documento. Além disso, um usuário cego não tem como perceber visualmente
a hierarquia dentro de um texto. No entanto, se um título foi formatado com o estilo Título 1,
por exemplo, quando o leitor de tela passar por ele, irá informar que se trata de um título de
nível 1.
No Word 2010 e no 2007, os estilos localizam-se na aba Início, conforme pode ser
visto na Figura 1. Se você quiser modificar a formatação de um dos estilos, basta clicar
sobre ele com o botão direito e escolher a opção Modificar.
importante que a descrição seja clara e sucinta, evitando fornecer, na descrição, as mesmas
informações que já estiverem no contexto.
A descrição de uma imagem pode ser fornecida de três maneiras: inserindo-se a
descrição na caixa de texto alternativo, descrevendo-a na legenda da figura ou no próprio
contexto. A seguir, é abordado o funcionamento dessas três formas de descrever uma
imagem.
O texto inserido na caixa de texto alternativo é lido pelo leitor de tela quando o
usuário passa pela imagem, mas não fica visível na tela. Para que seja possível que o leitor
passe pela imagem durante a navegação, ela precisa estar alinhada ao texto (quando
inserimos uma imagem, ela já está alinhada por padrão, mas, caso você deseje verificar o
alinhamento, basta ir até as opções de layout de imagem).
Veja a seguir como inserir a descrição na caixa de texto alternativo:
No Word 2010: clique com o botão direito sobre a imagem; escolha a opção
Formatar Imagem; escolha o item Texto Alt. Nesta caixa, aparecerão dois campos de
edição (título e descrição). Você deverá informar a descrição da imagem na opção
“Descrição” e não no “Título”, pois a informação que será lida pelo leitor de tela será
a do campo “Descrição”.
No Word 2007: clique com o botão direito sobre a imagem; escolha a opção
Tamanho; escolha a aba Texto Alt. Na caixa de Texto Alternativo, você deverá digitar
a descrição da imagem. Quando finalizar, escolha a opção Fechar.
Repare que a descrição textual está logo após o gráfico, acessível a todos. No
campo de texto alternativo, foi colocado apenas o título do gráfico.
Por fim, ao descrever uma imagem, pergunte-se “se eu não pudesse utilizar esta
imagem aqui, o que eu escreveria em seu lugar?” Se a resposta for “nada”, trata-se de
uma imagem decorativa ou que não tem conteúdo relevante. Nesse caso, deixe o texto
alternativo em branco, pois não é necessário descrevê-la. Se a resposta for diferente de
“nada”, você deverá procurar montar um texto que melhor represente o conteúdo da imagem
e informar essa descrição de uma das formas vistas anteriormente – na caixa de texto
alternativo, na legenda ou no próprio contexto.
Quando se deseja iniciar uma nova página, o ideal é pressionar o atalho Ctrl+Enter
(para iniciar uma nova página), ao invés de teclar Enter inúmeras vezes. Isso permite que o
usuário navegando com leitor de tela possa ir direto ao conteúdo da próxima página, sem ter
que passar por todas as linhas em branco inseridas quando a tecla Enter é pressionada.
Quando o leitor de tela passa por essas linhas em branco, ele informa ao usuário algo do
tipo “em branco” para cada uma das linhas.
Evite, sempre que possível, dividir seu documento em colunas, já que, na navegação
utilizando as setas, o leitor de tela passa apenas pela primeira coluna de cada página.
Assim, existe uma grande possibilidade de o usuário navegando pelo documento com leitor
de tela não ter acesso ao conteúdo da segunda coluna.
Repare como o efeito visual da caixa de texto é o mesmo de um texto formatado com
bordas externas (Figura 13).
Infelizmente, a maioria dos leitores de tela ainda não realiza a leitura de cabeçalho e
rodapé automaticamente. Por isso, evite inserir informações importantes no cabeçalho ou no
rodapé do documento.
No caso de notas de rodapé, elas poderão ser utilizadas, desde que tenham sido
inseridas como notas e não apenas utilizando-se de um símbolo qualquer (como asteriscos,
por exemplo). Alguns leitores de tela já apresentam suporte para notas de rodapé, ou seja,
58
quando passam pela referência da nota (número), avisam ao usuário que se trata de uma
nota de rodapé. Com essa informação, o usuário utiliza um comando específico do leitor
para realizar a leitura da informação contida na respectiva nota.
1.7 Tabelas
Deve-se dar preferência às fontes sem serifa (sans-serif), como Arial e Verdana.
Fontes serifadas dão a impressão de estarem unidas devido aos prolongamentos no fim das
hastes das letras, podendo confundir usuários com baixa visão. Além disso, fontes muito
“enfeitadas”, dificultam a leitura de pessoas com dificuldades de aprendizagem.
Para garantir que o texto fique o mais claro possível, é importante evitar:
Utilizar texto todo em maiúsculo;
Texto em itálico;
Fonte de letra cursiva (Freestyle Script, Monotype Corsiva, Lucida Handwriting).
1.10 Cores
As cores escolhidas para um documento têm uma importância que vai além do efeito
estético. Elas podem tanto facilitar quanto dificultar a visualização e a compreensão de
informações. Por isso, é importante criar um documento que tenha uma boa relação de
contraste entre plano de fundo e fonte, já que a percepção de pessoas com baixa visão ou
com daltonismo pode ser bastante prejudicada por um contraste ruim.
Além de garantir uma boa relação de contraste, é preciso tomar o cuidado de não
utilizar a cor como único meio de transmitir uma informação. No exemplo da Figura 18,
utilizou-se somente a cor para informar quais setores estão com baixa produtividade. Uma
pessoa cega não teria acesso a essa informação. Nesse caso, o ideal é transmitir a
informação de forma textual e não apenas visual, como é o caso do uso da cor.
60
2.1 Layout
2.4 Imagens
Assim como ocorre com documentos do Word, é preciso fornecer uma alternativa
textual (texto alternativo ou texto Alt) para todas as imagens do documento. O texto
alternativo deve ser sucinto e objetivo, informando o conteúdo que quer ser passado através
da imagem. Para inserir o texto alternativo:
Para gráficos e mapas, muitas vezes, é necessária uma descrição mais detalhada,
além do texto alternativo. Nesse caso, é preciso fornecer a descrição detalhada no próprio
slide ou em um slide posterior. Veja como seria a descrição de um gráfico na Figura 24.
2.5 Tabulação
O formato PDF (Portable Document Format), da Adobe, tem se tornado cada vez
mais popular, principalmente para documentos que serão compartilhados na web. Esse
formato preserva a apresentação visual do documento e oferece segurança adicional ao
conteúdo. Infelizmente, muitas pessoas optam pelo PDF pela facilidade de se criar um
documento nesse formato, mas não pensam na acessibilidade. No entanto, documentos em
PDF podem ser bastante acessíveis com pouco esforço adicional por parte do criador do
documento (THATCHER, 2006).
Um documento em PDF pode conter diversos elementos, entre eles texto, imagens,
links, tabelas, formulários, etc. Além destes elementos que formam o conteúdo, um arquivo
em PDF pode conter também uma estrutura. Essa estrutura representa um conjunto de
instruções, chamadas de “tags” ou marcações, como as de HTML, que definem a lógica
que engloba todos os elementos. A estrutura pode definir, por exemplo, a ordem correta de
leitura do documento, a apresentação correta de listas, tabelas e imagens, entre outros. É
esta estrutura que garante que um documento PDF seja acessível (ADOBE, 2005).
Muitas pessoas utilizam impressoras virtuais para gerar documentos em PDF, que
são softwares que geram um PDF a partir de dados enviados para a impressora, como é o
68
Considerações Finais
documentos no formato PDF, garantindo que um maior número de pessoas possa utilizar e
compreender facilmente a informação contida nesses documentos.
Referências
ADOBE. Creating Accessible PDF Documents with Adobe Acrobat 7.0: A Guide for Publishing
PDF Documents for Use by People with Disabilities. Adobe Systems Incorporated: 2005.
Disponível em <http://www.adobe.com/enterprise/accessibility/pdfs/acro7_pg_ue.pdf> Acesso em: 10
mar 2013.
THATCHER, Jim et al. Web Accessibility: Web Standards and Regulatory Compliance. New York:
friendsofED, 2006.
WebAIM – Web Accessibility in Mind. Appropriate Use of Alternative Text. Disponível em:
<http://webaim.org/techniques/alttext> Acesso em: 18 mar 2013.
Dedução de Área das Figuras Geométricas
Planas – Uma Forma Inclusiva
1
Érick Scopel
2
Franciele Lorenço
3
Kelen Berra de Mello
4
Naiara Dal Zotto
Resumo
Neste trabalho se propõe uma atividade que tem como objetivo investigar e construir, junto
aos alunos, os conceitos matemáticos de área das figuras planas. Por meio da manipulação
de formas geométricas, o aluno é levado a descobrir todas as fórmulas de área (triângulo,
losango, trapézio, paralelogramo, hexágono e círculo) a partir de um retângulo. Sendo
assim, o mesmo constrói conceitos e fórmulas de maneira independente, não precisando
decorá-las, uma vez que foram aprendidas. Paralelo a isso, a inclusão é um assunto que
cada vez mais tangencia os professores, muitas vezes despreparados para trabalhar com
alunos que necessitam de uma abordagem inovadora e direcionada à diferença de cada um.
Resultado desta atividade é a aquisição de conceitos matemáticos, proporcionada às
pessoas com deficiência visual e auditiva, visto que é baseada em materiais manipuláveis e
acessíveis, permitindo assim que seja feita a mesma atividade para toda a classe, seja ela
com alunos com deficiência ou não. Portanto, o uso de materiais manipuláveis contribui para
a inclusão, possibilitando que todos possam desenvolver o raciocínio matemático através da
construção e não somente da reprodução.
Palavras-chave: área, figuras planas, inclusão.
Introdução
Parte-se do princípio de que hoje a inclusão está mais presente nas salas de aula, e,
para tanto, os profissionais devem se preparar para o desafio de educar a pluralidade.
Segundo Saviani (2008), o artigo 59 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) dispõe que os
sistemas de ensino devem assegurar professores preparados para o atendimento
especializado, para integrar os educandos portadores de necessidade especiais nas classes
comuns, além de proporcionar recursos educativos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de matemática em nível médio
definem que a forma de trabalhar os conteúdos matemáticos deve sempre colocar os alunos
em um processo de aprendizagem que valorize o raciocínio matemático – nos aspectos de
formular questões, perguntar-se sobre a existência de solução, estabelecer hipóteses e tirar
conclusões, apresentar exemplos e contra exemplos, generalizar situações, abstrair
regularidades, criar modelos, argumentar com fundamentação lógica dedutiva.
Infelizmente, a matemática, às vezes, resulta apenas em aplicações de fórmulas,
sem a compreensão das mesmas. Em algumas ocasiões, os alunos limitam-se a reproduzir
fórmulas, sem questionarem sua origem, consequência de uma prática exercida na
educação básica. Segundo Ponte, Brocardo e Oliveira (2009), a realização de investigações
permite estabelecer conexões com outros conceitos matemáticos e até mesmo
extramatemáticos.
1
Licenciando em Matemática. [erick.scopel@caxias.ifrs.edu.br]
2
Licencianda em Matemática. [franciele.lorenco@caxias.ifrs.edu.br]
3
Professora de Matemática do IFRS – Câmpus Caxias do Sul. [kelen.mello@caxias.ifrs.edu.br]
4
Licencianda em Matemática. [naiara.zotto@caxias.ifrs.edu.br]
71
1 Metodologia
Para este trabalho foram construídos kits de 46 figuras geométricas planas (feitos de
EVA), constituídos de doze quadrados pequenos e dois grandes, quatro triângulos
retângulos, um retângulo, um hexágono, seis triângulos equiláteros pequenos e um grande,
dois trapézios e dois círculos, sendo um deles subdividido em dezesseis partes. Todas as
figuras foram construídas com a medida expressa por um número natural, a fim de facilitar e
tornar o valor da área mais aproximado. Para auxiliar na atividade foram construídas
também cinco réguas não graduadas de EVA cuja medida foi construída propositalmente de
acordo com as figuras do kit, como se pode observar na Figura 1.
1.1 Retângulo
Assim, são feitas algumas perguntas a fim de generalizar uma fórmula de área para
o retângulo:
Quantos quadrados foram utilizados para completar o retângulo?
Qual a relação entre o número de quadrados dispostos no retângulo com a área deste,
sabendo que cada quadrado representa uma unidade quadrática?
Quantas colunas formam a base e quantas linhas formam a altura deste retângulo?
Qual é a relação entre a Área da figura e o número de linhas e colunas?
A intenção das perguntas é compreender que se multiplicar o número das colunas
(base) pelo número de linhas (altura) terá o mesmo resultado para a área do seu retângulo.
Enfim, questiona-se qual seria a fórmula para obter a área de um retângulo (𝐴𝑟 ). Partindo da
relação de colunas e linhas tratada anteriormente, é possível perceber que a fórmula
resume-se em multiplicar a base b pela altura h:
𝐴𝑟 = 𝑏 ⋅ ℎ (1)
1.2 Quadrado
Definição: é um quadrilátero plano convexo que possui quatro ângulos e quatro lados
congruentes.
Para esta figura foram utilizados um quadrado grande e nove dos quadrados
pequenos. Fazem-se os mesmos questionamentos utilizados na subseção 1.1 para
73
𝐴𝑟 = 𝑏 ∙ ℎ
𝐴𝑞 = 𝑙 ∙ 𝑙 (2)
𝐴𝑞 = 𝑙²
1.3 Paralelogramo
Após a transformação, como mostra a Figura 7, com uso das réguas auxiliares, é
possível notar que ambas as dimensões não alteram seu tamanho. A fim de chegar a esta
conclusão, aconselha-se ao professor fazer as seguintes perguntas: a altura da figura inicial
(paralelogramo) foi modificada? E a base? A partir disto e através da analogia feita com o
retângulo, a fórmula para cálculo de área do paralelogramo (𝐴𝑝 ) é a mesma do retângulo:
𝐴𝑝 = 𝑏 ⋅ ℎ (3)
1.4 Losango
Mais uma vez, deve-se transformar o losango construído em um retângulo. Para este
caso, existem duas construções diferentes que levam ao mesmo resultado, como se pode
observar a seguir.
1. Construção 1:
𝐴𝑟 = 𝑏 ∙ ℎ
𝐷
𝐴𝑙 = 2
∙𝑑 (4)
𝐷⋅𝑑
𝐴𝑙 = 2
2. Construção 2:
𝐴𝑟 = 𝑏 ∙ ℎ
d
𝐴𝑙 = 𝐷 ∙ 2 (5)
𝐷⋅𝑑
𝐴𝑙 = 2
1.5 Trapézio
Definição: é um quadrilátero plano convexo que possui somente dois lados paralelos.
Neste caso estamos utilizando o trapézio isóscele.
Para a atividade de dedução da área do trapézio foram desenvolvidas duas maneiras
diferentes de construção das figuras. Nestes dois primeiros casos de construção de área do
trapézio a ideia usada foi baseada na atividade “Fórmulas de Área através de recortes”
desenvolvida por Daniela Stevanin Hoffmann e Maria Alice Gravina.
É possível encontrar dois diferentes modos para fazer esta construção, no entanto,
podem ser encontradas algumas dificuldades devidas ao tamanho da figura inicial. Para
tanto, a seguir será tratada a dedução nos dois modos encontrados.
76
1. Construção 1:
𝐴𝑟 = 𝑏 ∙ ℎ
(𝐵+𝑏)
𝐴𝑡 = 2
⋅ℎ (6)
(𝐵+𝑏)⋅ℎ
𝐴𝑡 = 2
77
2. Construção 2:
𝐴𝑡 = 𝑏 ∙ ℎ
ℎ
𝐴𝑡 = (𝐵 + 𝑏) ⋅ 2 (7)
(𝐵+𝑏)⋅ℎ
𝐴𝑡 = 2
Abordando outra forma de dedução, são fornecidos dois trapézios iguais, como
mostra a Figura 15.
Solicita-se aos que alunos unam os trapézios, conforme a Figura 16, a fim de formar
um paralelogramo, figura já trabalhada na atividade. Sabendo que a área do paralelogramo
é fornecida pela multiplicação da base pela altura, neste caso a base é formada pela soma
da base maior B com a base menor b dos trapézios, e a dimensão da altura se mantém na
78
movimentação. Sendo necessários dois trapézios para formar o paralelogramo, basta dividir
por dois a relação anterior, obtendo:
𝐴𝑟 = 𝑏 ⋅ ℎ
(𝐵+𝑏)
𝐴𝑡 = 2
⋅ℎ (8)
(𝐵+𝑏)⋅ℎ
𝐴𝑡 = 2
1.6 Triângulo
Definição: dados três pontos A, B e C não colineares, a reunião dos segmentos AB,
BC e AC chama-se triângulo ABC.
1. Construção 1:
Observando a Figura 17, nota-se que a dimensão da base b não foi alterada após a
reconstrução, já a dimensão da altura h sim, e manipulando a régua laranja, percebe-se que
passou a ser dividida por dois. Mais uma vez faz-se analogia com a fórmula do retângulo,
79
onde se tem base multiplicada pela altura dividida ao meio. Então, a área de um triângulo
(𝐴𝑡𝑟𝑖 ) é:
𝐴𝑟 = 𝑏 ∙ ℎ
ℎ
𝐴𝑡𝑟𝑖 = 𝑏 ⋅ 2 (9)
𝑏⋅ℎ
𝐴𝑡𝑟𝑖 = 2
2. Construção 2:
𝐴𝑟 = 𝑏 ∙ ℎ
𝑏
𝐴𝑡𝑟𝑖 = ⋅ ℎ (10)
2
𝑏⋅ℎ
𝐴𝑡𝑟𝑖 = 2
Para o cálculo de área do triângulo equilátero (𝐴𝑡𝑟𝑖_𝑒𝑞 ) pode ser utilizar a mesma
fórmula deduzida anteriormente. Como o mesmo possui os três lados congruentes (Figura
20), a proposta aqui é generalizar uma fórmula de área que envolva apenas a dimensão do
lado. Portanto, ao relacionarmos os lados com a altura da figura utilizando o teorema de
Pitágoras, chegamos a:
𝑙 2
𝑙 2 = ℎ2 + ( )
2
𝑙2
𝑙2 − = ℎ2
4
(11)
3𝑙 2
ℎ2 = 4
𝑙 √3
ℎ= 2
A partir desta relação entre lado e altura, pode-se partir para a fórmula de área do
triângulo, já deduzida anteriormente. Desse modo, calcula-se:
𝑏⋅ℎ
𝐴𝑡𝑟𝑖 =
2
𝑙⋅(𝑙√3)
𝐴𝑡𝑟𝑖_𝑒𝑞 = 2
2
(12)
(𝑙 2 √3) 1
𝐴𝑡𝑟𝑖_𝑒𝑞 = 2
⋅2
𝑙 2 √3
𝐴𝑡𝑟𝑖_𝑒𝑞 = 4
1.8 Hexágono
Com base nisso, pode-se efetuar a simplificação a fim de generalizar uma fórmula de
cálculo de área para o hexágono, dizendo simplesmente que:
𝑙 2 √3
𝐴ℎ𝑒𝑥 = 6 ⋅ ( 4
)
(13)
3𝑙 2 √3
𝐴ℎ𝑒𝑥 =
2
1.9 Círculo
1. Construção 1:
manipular, porém, ela ainda pode ser observada nessa construção “aproximada” de
paralelogramo.
𝐴𝑟 = 𝑏 ⋅ ℎ
𝐶
𝐴𝑐 = (2 ) ⋅ 𝑟
(13)
2𝜋𝑟
𝐴𝑐 = ( )⋅ 𝑟
2
𝐴𝑐 = 𝜋𝑟 2
2. Construção 2:
𝐴𝑟 = 𝑏 ⋅ ℎ
2𝜋𝑟
𝐴𝑐 = ( )⋅ 2r (14)
4
𝐴𝑐 = 𝜋𝑟 2
5
De acordo com o Instituto Benjamin Constant (IBC), “Indivíduos surdocegos devem ser definidos
como aqueles que têm uma perda substancial de visão e audição de tal forma que a combinação das
duas deficiências cause extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais, de
lazer e sociais.” Disponível em: <http://www.ibc.gov.br/?itemid=98 >. Acesso em: 31 out. 2012.
84
vi esta figura”, evidenciando já conhecer o paralelogramo. Foi proposto aos alunos que
transformassem o paralelogramo em um retângulo, somente movimentando suas peças.
Como era uma figura que não compunha muitas peças, se tornou fácil para os alunos
executarem a tarefa e também para generalizarem a fórmula.
No momento da exploração do trapézio, inicialmente foram utilizados dois trapézios
formando um paralelogramo, figura já vista. A professora os questionou sobre a divisão que
existe na figura única (paralelogramo) e a aluna respondeu que a mesma “é onde tem a
divisão das peças”, se referindo a divisão entre os trapézios. A aluna também fez referência
à montagem entre as peças “é como a montagem de dois triângulos para formar um
quadrado”.
Quando questionados sobre como generalizar a fórmula para cálculo de área do
trapézio, fazendo analogia com o paralelogramo, a aluna revelou que a base, na verdade, é
“a extremidade de uma com a base de outra”, uma vez que a base maior de um trapézio se
une à base menor do outro trapézio para formar a base do paralelogramo. Sabendo como é
a relação da área do paralelogramo, basta, então, dividi-lo por dois para ter a relação da
área do trapézio. Não foram encontradas dificuldades nesta parte.
Ao ser explorado o losango, os alunos não recordavam de qual figura se tratava, até
que se fez analogia com a forma da pipa ou papagaio, mais presente ao seu dia a dia.
Prosseguindo na atividade, foram mostradas as diagonais presentes na figura, o que causou
dúvida por parte dos alunos. O questionamento era: “o que é diagonal?” Isso gerou um
reforço para identificá-la na figura geométrica, recebendo uma explicação conceitual por
parte da professora: “é uma reta que vai de um vértice a outro, mas não em vértices
consecutivos, senão seria um lado da figura”.
Ao serem questionados sobre a mudança ocorrida do losango para o retângulo, com
relação às dimensões, diagonal menor e diagonal maior relacionando com base e altura,
não foi encontrada nenhuma dificuldade. A ideia de que a altura ou a base (dependendo de
como se forma o retângulo) passa a ser dividida por dois, é notada com o auxilio das
réguas, pois as mesmas lembram a medida da diagonal maior e menor, sendo possível
fazer uma comparação com o retângulo.
Seguindo para a próxima figura, o triângulo, é relevante trazer uma fala de uma
aluna: “não parece ser um triângulo”. Este não reconhecimento da figura aconteceu pelo fato
da mesma ser formada por várias peças, tomando uma dimensão muito grande, gerando
certa dificuldade por parte dos alunos para percorrê-la tateando.
A atividade seguiu com os alunos cegos recebendo um resumo de fórmulas já
digitado em Braille, as quais foram construídas mentalmente durante o processo. No final da
página havia um lembrete sobre o Teorema de Pitágoras, o qual gerou uma conversa entre
os alunos cegos sobre para que servia o mesmo.
Retomando a atividade, partiu-se para encontrar uma fórmula para calcular a área do
triângulo equilátero, na qual seria utilizado o Teorema de Pitágoras, descobrindo assim
como encontrar o valor da altura em função do valor do lado. Neste momento, a aluna cega
sente algumas dificuldades para descrever seu cálculo na máquina Braille, recurso utilizado
para fazer as anotações e as equações. E assim seguiu a atividade até ser concluída com o
hexágono, figura geométrica plana de seis lados iguais, onde foi utilizada a fórmula do
triângulo equilátero, apenas multiplicado por seis.
Para deduzir a fórmula de área do círculo, foi construído um círculo inteiro com uma
divisão, metade do círculo apresentando textura. Também foi construído um círculo que foi
subdivido e recortado. Ao ser entregue aos alunos, a aluna cega revelou que “parecia
fração”. Realmente, o círculo subdivido usado em nossa atividade lembra outro material
85
didático, o disco de frações. Assim como nosso círculo, ele contém uma figura circular inteira
e outras subdivisões de diferentes tamanhos para exemplificar o que é uma fração.
No decorrer da atividade, pediu-se aos alunos que sobrepusessem o círculo inteiro
às partes do círculo subdividido. Foi possível perceber, no início da atividade, que os alunos
tiveram dificuldade em movimentar as peças menores quando sobrepostas às maiores.
Notou-se, também, que a aluna surdocega sempre fazia suas construções mais rápido do
que os alunos cegos, porém em alguns raciocínios eles a superavam.
Alguns comentários a respeito da atividade surgiram, como por exemplo, “estranho,
mas vai ajudar”, “ajuda para perceber a diferença” em relação às figuras geométricas,
“quando eu for estudar, eu já vi” por parte da aluna que ainda não tinha visto esse conteúdo.
O aluno cego revelou que havia gostado bastante, e que, no momento, ele estava
estudando geometria espacial na escola.
4 Resultados
exemplo claro foi quando através da manipulação das peças, a construção dos retângulos
foi desenvolvida de formas diferentes, como na atividade do trapézio.
Considerações Finais
Referências
DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e aplicações. 3 ed São Paulo: Ática, 2010.
HOFFMANN, Daniela Stevanin, GRAVINA, Maria Alice. Fórmulas de áreas através de recortes.
Disponível em:
<http://www.edumatec.mat.ufrgs.br/atividades_diversas/ativ25/CabriJava/ativ25.htm#ident>. Acesso
em: 1 ago. 2011.
MUNARI, Alberto. Jean Piaget. (Coleção Educadores), Trad. e org. Daniele Saheb Recife: Fundação
Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010.
PONTE, João Pedro, BROCARDO, Joana, OLIVEIRA, Hélia. Investigações Matemáticas na Sala
de Aula. Belo Horizonte: Autentica, 2009.
SAVIANI, Demerval. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectiva. 11 ed. Campinas – SP:
Autores Associados, 2008.
Resumo
Este trabalho tem por objetivo auxiliar professores na construção de materiais didático-
pedagógicos acessíveis, como maquetes de determinados tópicos de Física (Óptica e
Eletricidade), a fim de proporcionar a alunos com deficiência visual o entendimento de
conceitos abstratos através do toque. Ao apresentar esses materiais, tem-se como
pressuposto os preceitos do Desenho Universal no que tange à disponibilização de recursos
que possam ser utilizados por todos – alunos com e sem deficiência – sem a necessidade
de adaptações específicas. Para a construção dessas representações foram utilizados
materiais de sucata e/ou de baixo custo, de modo a facilitar a produção do material por parte
das instituições de ensino.
Palavras-chave: Física, material tátil-visual, deficiência visual.
Introdução
1
Licenciada em Física pelo Instituto Federal Educação, Ciência e Tecnologia no Câmpus Bento
Gonçalves. Bolsista do Projeto de Acessibilidade Virtual do IFRS. [marina.dalponte@bento.ifrs.edu.br]
2
Licenciada em Física pelo Instituto Federal Educação, Ciência e Tecnologia no Câmpus Bento
Gonçalves. Bolsista do Projeto de Acessibilidade Virtual do IFRS. [tamara.salvatori@bento.ifrs.edu.br]
3
Doutora em Informática na Educação pela UFRGS. Assessora de Ações Inclusivas do IFRS.
[andrea.sonza@ifrs.edu.br]
* Agradecemos à colega Marina Dall'Onder, graduada em Letras, pela contribuição na revisão do texto,
fundamental para a efetivação deste material.
90
Um aluno normovisual pode ser auxiliado neste estudo por desenhos e pela própria
memória e experiência visual da luz, da reflexão, da incidência de luz sobre um objeto. Mas
como passar estas representações de uma maneira mais palpável para uma pessoa com
deficiência visual? Perante esta necessidade, foi pensado em uma construção
representativa simples e explicativa, que necessita de materiais de baixo custo (muitas
vezes sucata), facilmente encontrados. Nos tópicos seguintes é apresentado o passo-a-
passo para reproduzir maquetes relacionadas a estes conteúdos de Óptica.
91
1. Devem ser cortados 06 pedaços de barbante de 10 cm cada. Eles serão usados para
as representações do feixe de luz e dos feixes paralelos.
2. Com o auxílio da régua, deve-se traçar com o lápis as retas correspondentes ao feixe
paralelo e ao raio de luz.
3. Na folha de papelão as etiquetas “feixe paralelo” e ”raio de luz” devem ser coladas
uma ao lado da outra. Após isso devem ser colados cinco barbantes abaixo da
indicação de feixe paralelo e um abaixo de raio de luz, conforme a Figura 1.
Figura 1 – Passos para a construção da representação tátil-visual de um feixe paralelo e de um raio de luz
4
É importante utilizar materiais rígidos para a base, para que não se deteriore tão facilmente. É
preciso lembrar-se de que os cegos precisam tocar de uma forma mais minuciosa o material para
explorá-lo completamente.
92
1. É preciso colar a folha branca e o papel laminado de forma que cada um ocupe
metade da folha de papelão.
2. Utilizando a cartolina, desenhar e recortar a letra “N” (esta representará a Normal).
3. Deve-se traçar as retas com lápis e régua para que a colagem seja facilitada.
4. Colar o fio de linha colorido na metade da folha de papelão, de forma que ele passe
pela folha branca e pelo papel laminado. Ao lado desta linha, colar a letra N5.
5. Colar o barbante de acordo com o passo 5 da Figura 4, formando o ângulo com a
normal que for da preferência6 de quem estiver produzindo o material.
5
Uma sugestão é colar, em cima desta letra, um adesivo transparente com a mesma escrita em
Braille.
6
Outra opção é fixar o barbante entre a normal e os dois meios com um alfinete, sem colar as pontas.
Assim, para cada ângulo incidente, o professor poderá abordar o ângulo de refração.
7
Aqui também podem ser colados adesivos transparentes com as letras em Braille.
94
Inicialmente, devem ser separados os seguintes materiais: uma bola de isopor com
diâmetro de aproximadamente 03 cm, 14 palitos de dente de madeira, tesoura, régua, cola
quente, cola texturizada (alto relevo), cartolina colorida e lápis de escrever.
1. A folha de EVA deve ser colada em uma das faces do papelão com cola quente.
Como o EVA é um material poroso, a utilização de outro tipo de cola não terá tanta
aderência ou aderência imediata ao papelão.
2. Ainda utilizando a cola quente, colar as duas bolas de isopor no EVA. Colar as bolas
a uma distância de 26 cm uma da outra.
3. Prosseguir cortando dois fios de cobre com aproximadamente 40 cm cada e um com
aproximadamente 30 cm.
4. Com cuidado, perfurar as bolas de isopor com os fios de cobre. Utilizar o de 30 cm
para o meio, para que ele fique reto entre uma bola e outra, e os dois outros fios para
as laterais - colocar um por vez, procurando deixá-los simétricos.
5. Utilizando a régua e o lápis, desenhar na cartolina 15 triângulos isósceles com 2 cm
de base, e lados com 1,5 cm. Após esta etapa, recortar cuidadosamente os
triângulos.
6. Com a cola quente, colar os triângulos por toda a extensão dos fios de cobre, com
espaços aproximadamente iguais em cada um deles. É importante já definir qual bola
de isopor será a carga positiva e qual a carga negativa, pois de acordo com a
escolha a orientação das setas seguirá de uma determinada forma.
7. Utilizando a cola texturizada, desenhar um sinal de mais (+) em uma bola de isopor e
um de menos (-) na outra, para diferenciar as cargas positiva e negativa. É preciso
lembrar que as linhas de campo elétrico divergem da carga positiva, convergindo
para a carga negativa, conforme a Figura 8.
O que foi trazido aqui é apenas uma sugestão. Pode-se também fazer um dipolo com
duas cargas negativas ou duas positivas. Isso depende do objetivo da aula e da metodologia
utilizada pelo professor.
Para construir tal experimento, serão necessários os seguintes materiais: uma folha
de papelão com 20 cm de comprimento e 30 cm de largura, régua, lápis de escrever,
barbante, tesoura, cola branca e três alfinetes do tipo “mapa taça”.
Considerações Finais
desses recursos as pessoas com deficiência visual acabam tendo cerceada essa
possibilidade.
Por outro lado, docentes da área da Física, em seus cursos de Licenciatura,
possivelmente, não tiveram contato direto com alunos deficientes visuais; assim, é natural
que se sintam intimidados ao se deparar com esse perfil de aluno e ao mesmo tempo
desconhecem questões relacionadas à produção de materiais didático-pedagógico
acessíveis.
Foi com o objetivo de auxiliar os professores a ensinar Física para alunos com
deficiência visual que esse trabalho apresentou algumas maquetes na temática de Óptica e
da Eletricidade baseadas nos trabalhos de Camargo (2008), Camargo et al. (2009) e Correa
et al. (2011).
Para a construção desse material é preciso que o professor tome alguns cuidados,
como: utilizar materiais de texturas diversas para que o aluno cego perceba as diferenças
das representações; prestar atenção no contraste das cores utilizadas, sempre pensando
também no aluno com baixa visão e disponibilizar um resumo de utilização, ou mesmo
apenas de informação sobre a maquete em Braille, para que esse aluno não dependa
sempre de um normovisual para utilizá-la.
Ao auxiliar o professor na produção de tais materiais, buscou-se contribuir não só
para a apreensão dos conteúdos ministrados em Física por esses alunos, mas também abrir
caminhos para novas ideias e desdobramentos dessa temática, que certamente contribuirá
para o processo de inclusão escolar, quebra de barreiras e novas formas de ensinar e
aprender – um importante e necessário desafio.
Referências
_______, 1996. Lei 9394 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm> Acesso em Mai/2013.
CAMARGO, Éder Pires; NARDI, Roberto; VERASZTO, Estéfano Vizconde. A comunicação como
barreira da inclusão de alunos com deficiência visual em aulas de óptica. Revista Brasileira de
Ensino de Física, São Paulo, v. 30, n. 3, p.3401-1-3401-13, 2008.
CAMARGO, E.P., BENETI, A.C., MOLERO, I.A., NARDI, R., SUTIL, N.. Inclusão no ensino de física:
materiais adequados ao ensino de eletricidade para alunos com e sem deficiência visual. In: Simpósio
Nacional de Ensino de Física, 18, 2009, Vitória. Atas do XVII Simpósio Nacional de Ensino de
Física. Vitória: SBF, 2009.
CORREA, B.J., SANTOS, M.P.S., ROSA, R.A.A., CAMARGO, E.P., ANJOS, P.T.A. Inclusão no
ensino de física: materiais multissensoriais que auxiliam na compreensão de fenômenos do
magnetismo. In: Simpósio Nacional de Ensino de Física, 19, 2011, Manaus. Atas do XIX Simpósio
Nacional de Ensino de Física. Manaus: SBF, 2011.
LAHIS – UFES. Material Didático para EJA e Diversidade. I Jornada de EJA Vila Velha, 2012.
Disponível em <http://mdejaediversidade.blogspot.com.br/> Acesso em Mai/2013.
1
Josiane Pagani Ferreira
2
Sirlei Bortolini
3
Jair Adriano Strapazzon
Resumo
Pessoas com paralisia cerebral (PC) podem apresentar limitações relacionadas
especialmente à fala e/ou aos movimentos. Felizmente, na atualidade, diversos alunos com
PC estão inclusos em escolas regulares. Alguns deles necessitam de adaptações próprias,
os denominados recursos de Tecnologia Assistiva (TA). Apesar de todos terem a mesma
deficiência, cada um possui suas especificidades e comumente necessitam de recursos
diferenciados. Uma das Categorias da TA é a Comunicação Aumentativa e Alternativa,
possibilitando aos alunos com paralisia cerebral que possuem dificuldades de comunicação,
expressar suas necessidades e serem compreendidos. Neste artigo serão apresentadas
duas pessoas adultas com paralisia cerebral, que possuem idades semelhantes, mas com
características distintas: um que necessita fazer uso de recursos de comunicação alternativa
e outro que não sente essa necessidade.
Palavras-chave: Paralisia cerebral, Inclusão, Comunicação Alternativa.
Introdução
1
Bolsista do Projeto de Acessibilidade Virtual do IFRS. [josipagani@gmail.com].
2
Pesquisadora do Projeto de Acessibilidade Virtual, Coordenadora do Núcleo de Atendimento às
Pessoas com Necessidades Especiais (NAPNE) do IFRS – Câmpus Bento Gonçalves.
[sirlei.bortolini@bento.ifrs.edu.br].
3
Técnico em Assuntos Educacionais da Pró-Reitoria de Extensão do IFRS. Professor da rede
estadual de ensino do RS. [jair.strapazzon@ifrs.edu.br].
102
De acordo com Andrade (1999), a paralisia cerebral se caracteriza por lesão em uma
ou mais regiões do cérebro, podendo ser ocasionada por diversos fatores pré-natais,
perinatais, e pós-natais. Geralmente, as causas da paralisia cerebral são provocadas pela
falta de oxigenação cerebral durante a gestação, durante o parto ou durante o
amadurecimento do cérebro, após o nascimento.
Em consequência das lesões cerebrais, e dependendo da área atingida, o
funcionamento de diferentes partes do corpo fica comprometido, e algumas funções podem
sofrer alterações, como sensação, percepção, cognição, comportamento e comunicação.
É através das mensagens emitidas pelo cérebro que os movimentos e gestos do
corpo são praticados. Devido à paralisia cerebral, alguns movimentos podem ficar
prejudicados, ocorrendo o comprometimento na coordenação motora, porém a parte
cognitiva do cérebro só será alterada se a lesão afetar as áreas do cérebro responsáveis
pelo pensamento e pela memória, ou seja, em muitos casos, pessoas com paralisia cerebral
podem ter inteligência normal, acima da média ou atraso intelectual. “Os esgares da face e
da deficiência na fala, devido aos descontroles nos movimentos, podem fazer aparentar um
atraso mental que na realidade não existe” (AJUDA.COM, 2006).
103
Quando se diz que uma criança tem paralisia cerebral significa que existe
uma deficiência motora, consequente de uma lesão no cérebro, quando ele
ainda não estava completamente desenvolvido. Entendendo melhor, ao
contrário do que o termo sugere, "Paralisia Cerebral" não significa que o
cérebro ficou paralisado. O que acontece é que ele não comanda
corretamente os movimentos do corpo. Não manda ordens adequadas para
os músculos, em consequência da lesão sofrida (SILVA et al, 2006, p.19).
Para que tenha uma vida autônoma de maneira mais independente possível
é necessário que a pessoa paralisada cerebral se submeta a um tratamento
especializado, com fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo,
neurologista, psicólogo, ortopedista, entre outros especialistas.
104
A paralisia cerebral da aluna “A” foi devida ao atraso do seu nascimento, o que
causou falta de oxigenação no cérebro.
Desde cedo seus pais perceberam suas dificuldades e, com oito meses, a
encaminharam para a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) para que
houvesse um acompanhamento e uma preparação em sua comunicação. Nesse período,
também começou a fazer fisioterapia com o propósito de estimular seus movimentos,
mesmo assim só conseguiu caminhar aos sete anos de idade.
No que tange à vida acadêmica, a aluna frequentou o maternal em uma escola
regular, no qual permaneceu dos seis aos oito anos. Após esse período foi encaminhada
para outra escola regular, onde cursou até a 7ª série (atual 6º ano).
Sua família sempre buscou incentivá-la e estimulou seu crescimento, procurando
opções para que pudesse estudar. Matricularam-na ao mesmo tempo em uma escola
regular e, no turno contrário, na APAE, onde teve aulas de reforço e ensino especializado.
Devido às suas dificuldades em aprender e por ser bastante ativa, não conseguindo se
concentrar por muito tempo em uma única atividade, necessitava de constante atenção por
parte dos professores. Naquela época, as escolas ainda não possuíam pessoal qualificado
e, por não saberem como lidar com suas dificuldades, deram-lhe pouco incentivo e não lhe
dispensando o atendimento necessário, fato que levou a sua desistência.
Contudo, isso não foi motivo para seus familiares desistirem de incentivá-la. Ainda
buscam formas para que ela adquira conhecimentos sobre a vida e participe ativamente da
sociedade. Atualmente, está com 24 anos e há muito tempo não frequenta a escola, pois a
diferença de idade em relação aos demais alunos que estão cursando o 7º ano da escola
regular é muito grande. Esse fato a constrange por se sentir um tanto deslocada. Ela possui
uma fala compreensível, tem uma pequena dificuldade de visão, que é facilmente corrigida
com óculos, possui certa insegurança para se deslocar, devido à mobilidade reduzida em
uma das pernas, necessitando de apoio para transpor algum obstáculo. Apesar disso,
apresenta um quadro tranquilo e parece ter condições de dar continuidade aos estudos.
Apenas procura um espaço onde possa sentir-se incluída e receber a educação adequada.
106
Sua cognição é satisfatória, compreende muito bem tudo o que lhe é falado, e é
bastante comunicativa. O que prejudicou o seu desenvolvimento, segundo a mãe, foi o
excesso de mimos, pois a protegiam demais e não permitiam que fizesse nada sozinha.
Deste modo, ela não buscou maiores conhecimentos e nem se esforçou para tanto.
Uma vez por semana, ela frequenta o Núcleo de Atendimento às Pessoas com
Necessidades Especiais (NAPNE) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Rio Grande do Sul - Câmpus Bento Gonçalves (IFRS-BG), com o propósito de ampliar
seus conhecimentos na área de informática, visando desenvolver sua capacidade lógica e
continuar estimulando seus conhecimentos básicos, além de interagir com alguns amigos e
familiares pela rede social.
No NAPNE, a aluna inicialmente recebeu noções de matemática, pois demonstrou
ter algumas dificuldades em resolver cálculos simples. Foram utilizados materiais concretos
para contagem das operações básicas (adição, subtração, multiplicação e divisão) e
também softwares educativos com o mesmo fim. Deste modo, ela foi se familiarizando com
o computador, compreendendo as funções do teclado e mouse.
No que tange aos softwares educativos, inicialmente foi utilizado o jogo do Tangram4
que é um quebra-cabeça chinês composto por peças que se encaixam formando figuras,
auxiliando na estimulação do raciocínio. Com esse jogo foi possível observar seu
desenvolvimento cognitivo e sua apropriação das ferramentas do software para a prática
dessa atividade. Também foi possível observar sua destreza motora com o uso do mouse.
Foram propostas também atividades educativas online5 e produção de histórias em
quadrinhos. Nessas últimas, a aluna criou seus próprios personagens e suas respectivas
falas, ampliando assim seu vocabulário e sua habilidade inventiva.
Com essas ferramentas, foi possível associar a aprendizagem com o uso do
computador, o que foi muito prazeroso. Com as atividades lúdicas, a aluna conseguia se
concentrar e captar os conhecimentos que lhe eram transmitidos com maior facilidade.
Em conjunto com a utilização dessas ferramentas foram oferecidos recursos
concretos como os números ordinais em EVA, material dourado, jogos de memória, quebra-
cabeças, peças de encaixe e ferramentas de desenho e pintura. Esses materiais foram
produzidos em cores diversas, compostos por números, sinais de soma, subtração e
igualdade. Por meio desse conjunto de recursos foi possível compor operações matemáticas
concretas, o que facilitou sua compreensão e percepção lógica.
Inicialmente, percebeu-se que ela possuía certa dificuldade em efetuar as operações
matemáticas, mas com o tempo obteve-se um ótimo resultado no qual ela desenvolveu
satisfatoriamente todas as atividades que lhe eram determinadas.
Quando demonstrou segurança e entendimento nessas questões, iniciou-se o
trabalho com a informática propriamente dita, onde foram apresentadas algumas
ferramentas de editoração de textos, sendo criado um e-mail para facilitar a comunicação.
Para facilitar sua interação com a informática, foi necessário mostrar à aluna,
gradativamente, os recursos disponíveis. Primeiramente, foi apresentado o teclado, mais
detalhadamente as teclas com os comandos especiais, para que pudesse familiarizar-se
com as possibilidades das funções de atalho. Após isso, foi apresentado o editor de textos,
explorando a barra de menus e alguns recursos disponíveis como: tamanho e cores de
fonte, negrito, sublinhado e itálico, bem como os comandos de centralização e justificação
4
Maiores detalhes em: http://rachacuca.com.br/jogos/tamgram
5
Disponível em: http://www.atividadeseducativas.com.br
107
de textos, tudo isso associado a conteúdos da língua portuguesa, que associou o uso da
informática às práticas escolares.
Assim que foi constatado que essa aprendizagem havia se concretizado, foi
oferecida à aluna a possibilidade de interagir com as ferramentas da Internet. Navegar na
web foi sua maior realização, pois se sentiu livre para pesquisar os assuntos de seu
interesse; mas o que realmente lhe trouxe satisfação foi perceber que, com essas
ferramentas, ela poderia interagir com outras pessoas e manter seu convívio social.
Aprendeu muito bem a utilizar esses recursos, pois continua interagindo com diversas
pessoas e se mantém conectada com amigos e familiares.
Em todo o momento buscou-se convencer a aluna a retornar para a escola,
lembrando que ela tem todo o potencial necessário para realizar as tarefas escolares. No
entanto, mesmo que essa não seja sua escolha, percebe-se que, fazendo uso da
informática, mais precisamente da internet, estará adquirindo e ampliando seus
conhecimentos, seja pela busca de assuntos específicos ou pela troca de e-mails com
outras pessoas.
O colaborador “B” é filho trigêmeo, tendo sido o último a nascer. Até os dois anos de
idade aparentava ser uma criança comum (normal). A partir desse momento percebeu-se
que ele não tinha o mesmo desenvolvimento que seus irmãos, pois caía muito, não tinha
equilíbrio e quase não falava.
Sua família, preocupada com isso, buscou ajuda de médicos em Porto Alegre (RS) e,
após consultar um neurologista, foi constatado que realmente havia um desvio no
desenvolvimento de seu cérebro, o qual afetava a coordenação motora do lado esquerdo,
inclusive a fala. Foram feitos diversos exames com vários especialistas, como
fisioterapeutas, neurologistas, psicólogos e fonoaudiólogos. Tomava diversos tipos de
medicação e, mesmo tendo que enfrentar diversas dificuldades, conseguiu concluir o ensino
fundamental.
Atualmente, caminha com auxílio de outra pessoa, pois como seus movimentos são
limitados, não consegue erguer a perna o suficiente para dar os passos, arrastando os pés
para se locomover. Ao transpor um obstáculo, precisa estar apoiado em alguma coisa para
não cair.
Quanto à sua comunicação, utiliza a estratégia de escrever o que deseja no celular
ou em um papel, pois sua fala é de difícil compreensão. Faz um certo esforço para ser
109
compreendido. Ao emitir algum som, sua fala fica confusa. Dessa forma, para interagir com
as pessoas e expressar-se, apropriou-se das facilidades da tecnologia. Inicialmente, tenta
comunicar-se pela fala, mas ao perceber que as pessoas não estão compreendendo o que
ele quer dizer, utiliza seu celular, escrevendo na caixa de mensagens suas intenções
mostrando o texto para as pessoas lerem. Essa foi uma das formas que ele encontrou para
que as pessoas pudessem compreendê-lo. Se esse recurso não está a seu dispor, utiliza
uma folha de papel, mas como a mobilidade de suas mãos é reduzida, acha mais viável
escrever no celular e prefere esse recurso para interagir com as pessoas.
O uso do celular facilita sua vida, pois é uma tecnologia facilmente encontrada, de
uso comum e é uma ferramenta que ele já vinha utilizando há tempos para navegar na
internet e em redes sociais.
O Colaborador B é uma pessoa muito inteligente, que tenta levar uma vida normal
com o apoio da família. Hoje, aos 30 anos, demonstra uma capacidade incrível para
assuntos relacionados à eletrônica.
Ele trabalha na produção de Tecnologia Social Assistiva, no PAV, junto à equipe de
desenvolvimento de TA, uma vez que possui um grande potencial em eletrônica. Esse fato
foi descoberto porque desde criança manuseava e pesquisava equipamentos velhos,
tentando descobrir como eram feitos. Assim, foi criando aparatos com peças de relógios,
rádios e equipamentos eletrônicos que iriam para o descarte. Sempre foi autodidata e, como
desenvolve muito bem sua leitura, busca em livros, revistas ou na Internet aperfeiçoar seus
conhecimentos em eletrônica. É muito interessado e aprende com facilidade, e é por meio
dos manuais que adquire mais segurança na produção das TAs. Atualmente, está
pesquisando simuladores de circuitos eletrônicos, que serão utilizados para automação da
Habitação Universal6, espaço que está sendo estruturado para atender todas as
deficiências, baseando-se nos conceitos do Desenho Universal.
O Colaborador B vem produzindo diversas TAs. Mesmo possuindo limitações
motoras, o que dificulta o manuseio de peças pequenas que exigem muita habilidade nas
mãos, consegue confeccionar diversos dispositivos, necessitando de apoio de outro técnico
apenas em algumas tarefas. Surpreende com sua capacidade intelectual de criar objetos
6
Habitação Universal: espaço adaptado de acordo com a NBR 9050 da ABNT, buscando ser
acessível para todos, independente de limitação, situação ou necessidade específica. Nesse espaço
encontram-se o NAPNE do Câmpus BG e o Projeto de Acessibilidade Virtual do IFRS.
110
eletrônicos, associando-os as suas dificuldades e limitações, o que torna seu produto mais
eficaz, pois, ao mesmo tempo em que está produzindo, também está testando os seus
produtos.
Outra maneira pela qual a CA pode ser utilizada é por meio de softwares que
possibilitam a construção de pranchas que são utilizadas com o auxílio do computador,
tablets, celulares e diversas outras tecnologias que possibilitem a utilização de algum
aplicativo. Essa forma de CA é considerada de alta tecnologia. Atualmente, encontram-se no
mercado diversos softwares que podem ser utilizados para a CA. São exemplos desses
programas: Plaphoons7, Livox8, Boardmaker9, Tobii Communicator10, Software Comunique11.
Esses softwares permitem que a pessoa que possui limitações motoras ou de fala consiga
se expressar por meio de combinações de imagens, sons e textos. Alguns softwares
possuem sua própria biblioteca de símbolos que pode merecer o acréscimo de outras
figuras dependendo da necessidade de seu usuário, tornando possível a composição de
pranchas personalizadas.
Outro recurso disponível no mercado, e que auxilia as pessoas com dificuldade de
comunicação, são os vocalizadores que possuem dispositivos eletrônicos e que permitem a
gravação de mensagens de voz. Essas mensagens são gravadas representando a ação que
se quer executar. Sendo de fácil aplicação, basta acionar um botão que libera a entrada do
7
Download gratuito em: http://perso.wanadoo.es/postigoaula/plaphoon/plaphoon.htm
8
Maiores informações em: http://www.bengalalegal.com/livox
9
Maiores informações em: http://www.clik.com.br/mj_01.html#boardmaker
10
Informações em: http://www.civiam.com.br/civiam/index.php/necessidadesespeciais/tecnologia-
assistiva/ software-comunicacao-alternativa-communicator-tobii.html
11
Maiores informações em: http://www.comunicacaoalternativa.com.br/artigos-sobre-o-comunique
113
som de acordo com a figura exposta. Um exemplo desses vocalizadores é o GoTalk12 que
está disponível no mercado em diversos tamanhos contendo até vinte células e se
adequando à necessidade do usuário.
Considerações Finais
12
Maiores informações em: http://www.clik.com.br/attainment_01.html
114
maior de pessoas, com suas diferenças, seus sonhos e utopias, e que, através das escolas
e do apoio de todos, esses indivíduos possam usufruir de uma sociedade mais humana,
mais justa e mais igual.
Referências
ANDRADE, Jorge Márcio Pereira de. Paralisias cerebrais. Rio de Janeiro, 2009.
Disponível em: <http://www.defnet.org.br/>. Acesso em: 11 jul. 2013.
CBTA – Comitê Brasileiro de Tecnologia Assistiva. Ata da V Reunião do CBTA. 2007. Disponível em
<http://www.acessobrasil.org.br/CMS08/seo-atas-9.htm> Acesso em: 12 jun. 2012.
GODÓI, Ana Maria de. Educação Infantil: saberes e práticas da inclusão: dificuldades de
comunicação e sinalização: deficiência física. 4ª Ed. Associação de Assistência à Criança Deficiente –
AACD. [et al.] Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006.
HOFFMANN, Ruth Anklam. TAFNER, Malcon Anderson. FISHER, Julianne. Paralisia Cerebral e
aprendizagem: um estudo de caso inserido no ensino regular. Instituto Catarinense de Pós-
Graduação – SC. Disponível em: <http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev02-12.pdf> Acesso em:
03 jun. 2013.
MACIEL, Maria Christina Braz Thut. Deficiência mental. Deficiência física. Brasília: Ministério da
Educação e do Desporto, Secretaria de Educação a Distância, 1998. 96 p. (Cadernos da TV Escola).
Disponível em<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me000351.pdf> Acesso em: 27 set.
2012
MANZINI, Eduardo José. Portal de ajudas técnicas para educação: equipamento e material
pedagógico especial para educação, capacitação e recreação de pessoas com deficiência física:
recursos de comunicação alternativa. 2 ed. Brasília: MEC, SEESP, 2006.
Manual Plaphoons – Versão 420. Traduzido e Adaptado por: NAPNE/RENAPI – IFRS Câmpus Bento
Gonçalves. Setembro de 2011. Disponível em:
<http://acessibilidade.bento.ifrs.edu.br/arquivos/pdf/manual/manual-02-arquivo-10.pdf> Acesso em:
03 jun. 2013.
OLIVEIRA, Ana Irene Alves de; LOURENÇO, Juliana Maciel de Queiroz; GAROTTI, Marilice
Fernandes. (Orgs). Tecnologia Assistiva: Pesquisa e Prática. Belém: EDUEPA, 2008.
SARTORETTO, Mara Lúcia; BERSCH, Rita. O que é Tecnologia Assistiva? Disponível em:
<http://www.assistiva.com.br/tassistiva.html> Acesso em: 11 de julho de 2013.
SARTORETTO, Mara Lúcia; BERSCH, Rita. O que é Comunicação Alternativa? Disponível em:
<http://www.assistiva.com.br/ca.html> Acesso em: 11 de julho de 2013.
SILVA, Adilson Florentino da. CASTRO, Ana de Lourdes Barbosa de. BRANCO, Maria Cristina Mello
Castelo. A inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais: deficiência
física. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006.
115
1
Fabíola Féo
2
Sirlei Bortolini
Resumo
O artigo apresentado é um estudo de caso, onde o indivíduo analisado é um aluno surdo
que recentemente perdeu sua única companhia, sua mãe e agora reside em um lar
juntamente com idosos. Não aprendeu a ler nem a escrever e sabe muito pouco sobre
Língua de Sinais. Foi apresentado ao NAPNE-BG por uma Terapeuta Ocupacional que
presta atendimento no CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial), onde o aluno também
frequentava. O objetivo de trazer esse aluno ao NAPNE foi ensinar a Libras para que o
mesmo pudesse se comunicar utilizando sua língua materna - a Língua Brasileira de Sinais,
além de proporcionar a ele um conhecimento de mundo, por meio de jogos, desenho,
softwares, com ênfase em sua autonomia. Ao longo do trabalho, a equipe pedagógica do
Núcleo percebeu os resultados, pois o aluno demonstrou-se participativo e expressivo,
através dos desenhos e escritas no computador, além de estar se habituando a utilizar a
Língua de Sinais para demonstrar suas vontades e ações.
Palavras-chave: Libras, autonomia, aluno surdo.
Introdução
1
Bolsista do setor pedagógico do Projeto de Acessibilidade Virtual do IFRS.
[fabiola.feo@bento.ifrs.edu.br]
2
Pesquisadora orientadora do Projeto de Acessibilidade Virtual do IFRS e Coordenadora do Núcleo
de Atendimento às Pessoas com Necessidades Especiais - NAPNE do IFRS Câmpus Bento
Gonçalves. [sirlei.bortolini@bento.ifrs.edu.br]
117
[...] todos os seres humanos têm direito de identificarem-se com uma língua
materna(s) e de serem aceitos e respeitados por isso; todos têm o direito de
aprender a língua materna(s) completamente, nas suas formas oral (quando
fisiologicamente possível) e escrita (pressupondo que a minoria lingüística
seja educada na sua língua materna); todos têm o direito de usar sua língua
materna em todas as situações oficiais (inclusive na escola); qualquer
mudança que ocorra na língua materna seja voluntária e nunca imposta.
Farias (2004) afirma também que somente depois da criança ter aprendido e ter
certo domínio sobre a Língua de Sinais, elas poderão aprender a língua portuguesa, devido
à estrutura linguística, e a integração desses dois códigos linguísticos.
Com isso, Perlin (apud QUADROS, 2008, p.15), comenta que “devemos propor a
construção de alternativas pedagógicas que se constituam em abordagens apropriadas a
este espaço educacional, uma vez que o mesmo tende a diferença cultural”.
Uma das formas de se comunicar é por meio da leitura e da escrita, porém para
adquirir esses conhecimentos, deve-se passar por um processo de aprendizagem que
permite compreender esses conhecimentos. Para Santarosa (2010, p. 256) o processo de
118
aprendizagem da leitura e escrita, são duas tarefas que caminham juntas, porém, por um
caminho “árduo e longo”.
Se o processo de aprendizagem de uma língua é bastante complexo quando se faz
necessário incluir o som, a verbalização e a oralização, deve-se ter em mente quais são as
dificuldades de compreensão e entendimento da língua encontradas por uma pessoa que
não possui esse sentido.
Sobre as filosofias presentes na educação do surdo, Pinto (2004) traz as três
abordagens: o oralismo, a comunicação total e o bilinguismo.
Oralismo: tem como foco o entrosamento do aluno surdo com crianças ouvintes,
favorecendo assim o desenvolvimento da linguagem, com a utilização das técnicas
relacionadas ao treinamento auditivo – reconhecimento e discriminação de sons ambientais
e da fala; o desenvolvimento da fala – exercícios com lábios, língua, mandíbula, respiração
e relaxamento; e a leitura labial – treino para leitura labial aliado à expressão facial,
valorizando a utilização da prótese auditiva (aparelho de ampliação do som de maneira
individual).
Comunicação Total: enfatiza a utilização de qualquer forma de comunicação por
uma pessoa surda, como gestos naturais, português sinalizado, Libras, leitura labial e
alfabeto datilológico que contribuam para o desenvolvimento da linguagem.
No entanto conforme Goldfeld, (1997 apud SANCHEZ, 2008, p.172), “na
comunicação total, o desenvolvimento da língua oral da criança surda é importante”, mas
deve-se levar em conta os aspectos cognitivos, emocionais e sociais na interação da criança
com esse sistema, pois não se pode utilizar uma metodologia em prol da exclusão da outra,
mas sim “utilizar a linguagem oral, de sinais, datilologia ou a combinação destas”
(CICCONE, 1996 apud SANCHEZ, 2008, p.172).
Bilinguismo: assume a Língua de Sinais como primeira língua e a língua oficial do
país como segunda, havendo o uso dessas duas línguas simultaneamente no processo
educacional. No entanto, o ensino da Língua de Sinais juntamente com o da língua
portuguesa escrita, deve estar baseado na visão (desenho), na escrita (língua oficial do
país) e nos sinais (Língua de Sinais).
Para contribuir para a compreensão da abordagem bilinguista, Dizeu e Caporali
(2005 apud SANCHEZ, 2008, p. 172), trazem breves explicações e diferenças sobre a
aquisição da linguagem pelas crianças ouvintes e surdas, onde na criança ouvinte
Conforme Brito (2013, p.02), “as línguas de sinais distinguem-se das línguas orais
porque utilizam-se de um meio ou canal visual-espacial e não oral auditivo”, ou seja,
estímulos visuais, imagens, sinais, gestos, mímicas enquanto os ouvintes, utilizam-se de
estímulos sonoros e visuais.
No entanto Goldfeld, (1996, apud SANCHEZ, 2008, p.172), traz duas abordagens
para o bilinguismo: bilinguismo: língua de sinais e língua oral e bilinguismo: língua de sinais
e língua escrita. Sendo que ambas possuem igual importância no desenvolvimento da
criança surda, assim como também levam em consideração a língua de sinais para as
mesmas.
119
Por fim, a Língua de Sinais, assim como a língua portuguesa possuem total
importância dentro de sua comunidade, devido a suas particularidades e devem ter o
mesmo grau de significância, pois cada uma utiliza os meios que tem para promover a
comunicação e o entendimento dentro da sociedade.
Lima (2006, p.27), complementa que "é fundamental que a criança perceba que
tudo que é experimentado pode ser escrito, e tudo que é escrito pode ser lido, despertando
assim para o gosto pela leitura e escrita", facilitando a interação com as informações, com a
educação e com a sociedade. Além disso, o registro das informações e da própria
construção do conhecimento por parte do aluno surdo deveria ser realizado por ele próprio.
Porém deve ser levado em conta que “[...] nem tudo que esteja contido em um texto
vai corresponder a um traço concreto da fala” (OLIVEIRA, 2002, p.03) devido ao fato da
língua escrita apresentar uma estrutura que a diferencia da fala, uma estrutura planejada,
própria, convencional, enquanto a fala tem a liberdade de utilizar palavras repetidas.
No entanto, entre o processo da aprendizagem da língua de sinais e língua
portuguesa escrita possuem três estágios intermediários, os chamados Interlínguas, que
possibilita verificar e identificar os estágios da escrita do surdo e assim compreendê-los
melhor. Quadros e Schmiedt (2006, p.54) apresentam um quadro, classificando esses três
estágios, segundo estudo de Brochado (2003, p.55), o primeiro como o mais próximo da
Língua de Sinais, com uso inadequado dos requisitos convencionais normais da língua
portuguesa escrita (pronomes, preposições, conjunções e etc.); o segundo, uma mistura da
estrutura das duas línguas; já o terceiro chega mais perto das características da língua
portuguesa escrita, ou seja, utilizando mais adequadamente o emprego das conjunções,
artigos, preposições e etc. Quadros (2005, p.27 apud MESQUITA, 2008, p.02) comenta que,
conhecendo várias línguas, o aluno aprende diversas formas de organizar o mundo seja no
campo político, cognitivo ou cultural. Por isso a importância de saber, conhecer e interagir
com uma língua seja ela gestual, oral ou escrita, levando em conta as individualidades de
cada uma.
Martins (2001, p.14 apud SOUZA et al, 2001, p.22) afirma,
[…] o surdo não teria, sem a fala e a escrita, uma bagagem cultural e social,
o que dificultaria sua integração na escola e na sociedade, levando-o ao
120
O aluno “A” tem 29 anos, nasceu surdo. Filho único de pais ouvintes. Sempre
conviveu com pessoas ouvintes. Desde criança conviveu com sua mãe que interpretava
seus gestos e mímicas mas não o estimulou a uma aprendizagem complementar.
Frequentou a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Nessa
instituição aprendeu muito pouco sobre a Libras; somente reconhece o alfabeto, assim como
os números e sua quantidade até o valor 10, além de alguns sinais mais utilizados no dia a
dia. Nessa instituição também, conforme relato de parentes do aluno, ele tinha contato com
música e dança. Porém, o aluno nunca frequentou uma escola regular onde pudesse
melhorar seus conhecimentos.
No ano passado o aluno se deparou sozinho, pois sua mãe veio a falecer, por
problemas cardíacos. Os familiares, com receio de assumir a responsabilidade de sua
criação, pois é uma pessoa totalmente dependente e também por motivos particulares,
foram em busca de um lar que o acolhesse e lhe proporcionasse conforto e segurança. Hoje
o aluno se encontra em um lar que abriga idosos, onde aparentemente é muito bem tratado
e bem acolhido pois percebe-se que ele se sente feliz. Recebe a visita das tias que o levam
para passear, mas normalmente ele quer ir ao cemitério, onde sua mãe foi sepultada.
O aluno recebe atendimento de uma professora de Libras uma vez por semana no
NAPNE (Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Especiais) do IFRS –
Câmpus Bento Gonçalves. Ele chegou até o NAPNE por meio da Terapeuta Ocupacional
(TO) que presta atendimento para alguns alunos do IFRS. Essa terapeuta, além de ser
voluntária nesse Núcleo, também presta atendimento no CAPS (Centro de Atendimento
Psicossocial) do município. Nesse local realiza atividades artísticas, de pintura, colagem,
modelagem entre outras. Sentindo a necessidade de comunicar-se com ele e percebendo
que o mesmo precisava aprender a se comunicar em sua língua materna, a Libras, ela
articulou sobre a possibilidade de uma professora do Núcleo ensinar essa língua à ele,
proporcionando ao mesmo tempo contato com outras pessoas, e estimulando sua
autonomia.
Aceitando a proposta, buscou-se conhecê-lo e entender um pouco da sua história,
porém, devido ao fato da única pessoa capaz de sanar algumas dúvidas sobre ele ou sobre
121
seu processo de aprendizagem, ser a sua mãe, ficaram algumas lacunas em sua história.
Mesmo assim ainda se está em busca de maiores esclarecimentos a fim de conhecê-lo
melhor e com isso contribuir para seu crescimento e sua aprendizagem na Língua de Sinais.
Além do NAPNE, o aluno tem contato todas às segundas-feiras com duas pessoas
que lhe ensinam Libras, porém mais direcionada para as questões religiosas. No contato
com as pessoas Testemunhas de Jeová, aprende sobre fatos religiosos, assiste vídeos
bíblicos em Língua de Sinais e troca informações em Libras.
No contato mantido com esse aluno todas as sextas-feiras, é feito um trabalho
diferenciado; os sinais são reforçados e estimula-se o aprendizado pedagógico, onde o
aluno aprende sobre cores, animais, sinais do seu cotidiano entre outros.
Porém pelo fato de não se conhecer muito sobre sua evolução nas questões
pedagógicas, buscou-se compreender melhor quais eram suas angústias e pesquisar sobre
qual o seu grau de conhecimento em Língua Brasileira de Sinais, e por meio de testes,
foram verificados os sinais que ele já conhecia, buscando-se ampliar seu repertório com
sinais novos.
Com esse intuito foram oferecidos jogos, atividades lúdicas, pintura, colagem,
recorte entre outros, conforme relatado na sequência. O objetivo foi a alfabetização do aluno
em Libras e também a possibilidade de comunicação com outros surdos, e até mesmo com
a comunidade externa.
Como esse aluno não possui uma escolaridade efetiva e nem teve muito
acompanhamento na formação da Libras buscou-se no NAPNE o apoio para aprender a se
comunicar através da Língua de Sinais, pois é a língua materna dos surdos. Esse trabalho
vem sendo realizado desde junho de 2012 e já foi observado o crescimento em sua postura
e comunicação.
Farias (2004) comenta que,
Todo o início das aulas é repetido os sinais aprendidos nas aulas anteriores, pois o
processo de alfabetização necessita de repetições e isso ajuda a memorizar o conteúdo já
visto, além do que, pelo fato do aluno conviver com pessoas ouvintes que não utilizam a
Língua de Sinais fica confuso para ele saber qual é o sinal que deve utilizar. Isso requer
uma atenção ainda maior, pois o aluno não exercita o que aprende e consequentemente
esquece os sinais já vistos e continua se comunicando através da mímica.
Após o aluno conhecer bem a Língua de Sinais e se apropriar dela como sendo sua
primeira língua, poderá aprender a língua portuguesa e a escrita com maior facilidade, pois
com essa interação é fácil perceber se está havendo a troca de informações e a assimilação
do conteúdo transmitido, além do que, por já haver conhecimento de uma língua, se torna
mais fácil a compreensão e a comunicação.
Conforme Veloso (2011, p.05) “É preciso alfabetizar e letrar o surdo em Libras, para
que ele adquira habilidade na escrita do Português e vá além de sua mera decodificação”.
Outra alternativa utilizada com esse aluno foi o uso do computador, conforme
apresentado na Figura 05, que é uma ferramenta bastante prática e interativa. Nesse
contexto, são apresentados alguns vídeos selecionados com o propósito de enfatizar o uso
de novas palavras. A escolha desses vídeos foi minuciosa, buscando apresentar o sinal e a
figura, fato que irá facilitar ao aluno a relação entre os pares e a interpretação com mais
agilidade do que lhe é proposto.
Ainda deve-se ter a preocupação na escolha desses vídeos para que os mesmos
não tragam mais sinais regionais, a fim de que não haja discordância com os sinais
utilizados no Rio Grande do Sul.
125
No Núcleo é feito o possível para que ele se comunique em Libras, ou seja, utilize
os sinais, pois devido ao fato de conviver com pessoas ouvintes muitas vezes se esquece
de utilizar os sinais e usa a mímica para se fazer compreender – fato que prejudica sua
evolução. Mas como no NAPNE ele utiliza os sinais para se comunicar, fica assegurado que
ele está aprendendo a fazer uso da Libras.
Muito dos materiais utilizados foram confeccionados pelo Núcleo para contribuir
com a aprendizagem do aluno. Esses materiais foram elaborados na busca da interação do
aluno tanto na parte pedagógica como na comunicacional. O que se buscou foi descobrir o
quanto ele foi alfabetizado e quais as estratégias que utiliza para se comunicar.
Essas atividades realizadas com o aluno “A” foram baseadas em muitas pesquisas
e na “tentativa e erro”, pois por não se ter muito conhecimento sobre o seu histórico de vida
e por ele não se comunicar adequadamente teve-se que adivinhar quais foram seus
conhecimentos adquiridos. Para esse aluno essas foram as possibilidades apresentadas,
pois cada aluno é único e interage de diferentes formas com as diversas atividades que lhes
são apresentadas.
A equipe pedagógica do Núcleo está satisfeita com os resultados obtidos desde
que o aluno “A” iniciou suas aulas, pois além do avanço da aprendizagem demonstrada a
cada dia em Língua de Sinais, o aluno está cada vez mais participativo, além de tudo
percebe-se que ele gosta de frequentar o NAPNE e se diverte com as atividades que lhes
são proporcionadas. A terapeuta ocupacional que o acompanha em outras atividades no
CAPS também percebeu que o aluno avançou no sentido autonômico, pois está se
expressando mais, conseguindo se comunicar de forma compreensível e está se fazendo
entender, utilizando a escrita ou desenhos que ele mesmo elabora.
Considerações Finais
Referências
BROCHADO, Sônia Maria Dechandt. A apropriação da escrita por crianças surdas usuárias da
língua de sinais brasileira. SP. 2003. Disponível em:
http://www.ronice.cce.prof.ufsc.br/index_arquivos/Documentos/Sonia%20Maria%20Dechandt%20Bro
chado.pdf. Acesso em: 15 março 2013.
CORADINE, Luis Cláudius; ALBUQUERQUE, Fábio Cunha de; BRITO, Patrick Henrique da Silva;
SILVA, Rosemeire Lima da; SILVA, Túlio Fernando Lopes. Sistema Falibras: interpretação animada,
em libras, de palavras e expressões em português.III congresso ibero-americano de informática na
educação especial.
CIIEE, 2002. Disponível em:
<http://www.niee.ufrgs.br/eventos/CIIEE/2002/programacao/Demonstracoes.pdf>. Acesso em: 11
nov.2010.
FARIAS, Gisele Machado e FRONZA, Cátia de Azevedo. Aquisição da Língua Portuguesa escrita
por crianças surdas. 2004. Disponível em:
<http://www.entrelinhas.unisinos.br/index.php?e=5&s=9&a=26>. Acesso em: 08 mar. 2010.
LIMA, Daisy Maria de Araújo (elab.). Saberes e Práticas da Inclusão. Dificuldade de comunicação e
Sinalização: Surdez. 4. ed. Educação Infantil. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Especial, 2006.
OLIVEIRA, Marco Antônio de. Nem tudo que reluz é ouro: língua escrita e mudança lingüística.
2002 Disponível em:
<http://www.pucminas.br/imagedb/mestrado_doutorado/publicacoes/PUA_ARQ_ARQUI20121017142
002.pdf?PHPSESSID=6f68231162773639d99362597576a8e1>. Acesso em: 19 março 2013.
PERLIN, Gladis. MIRANDA, Wilson. Surdos: o narrar e a política. Ponto de Vista , Florianópolis, n.05,
p. 217-226, 2003. Disponível em:
<http://www.perspectiva.ufsc.br/pontodevista_05/12_tendencia.pdf>. Acesso em: 19 março 2013.
128
PINTO, Sandra Alonso de Oliveira. Curso de Capacitação na Área da Surdez. In: Programa
TECNEP. Brasília: Ministério da Educação/ MEC. Instituto Nacional de Educação de Surdos/INES,
2004.
QUADROS, Ronice Muller e SCHMIEDT Magali L. P.. Idéias para ensinar português para alunos
surdos – Brasília: MEC, SEESP, 2006. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port_surdos.pdf>. Acesso em: 15 março 2013.
QUADROS, Ronice Müller de. (org.). Estudos Surdos I – [Petrópolis, RJ]: Arara Azul, 2006.
Disponível em: <http://editora-arara-azul.com.br/ParteA.pdf>. Acesso em: 22 fev.2013.
______. Estudos Surdos III. Petrópolis, RJ : Arara Azul, 2008. Disponível em: <http://editora-arara-
azul.com.br/estudos3.pdf>. Acesso em: 07 março 2013.
SANCHEZ, Cíntia Nazaré M. e GOUVEIA Jr, Amauri. Adaptação da EAH para população de
surdos falantes de LIBRAS. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. Belo
Horizonte-MG, 2008, Vol. X, nº 2, 171-179
SANTAROSA, Lucila Maria Costi (Org.). Tecnologias Digitais acessíveis. 1ª Ed. Porto Alegre: JSM
Comunicação Ltda, 2010.
SOUZA, Regina Maria de; FREIRE, Alice e FAVORITO, Wilma. O ensino de português para
surdos: o texto didático e as recomendações dos parâmetros curriculares nacionais (PCN).
Campinas, V.2, n° 3. 2001. Disponível em:
<www.fae.unicamp.br/etd/include/getdoc.php?id=1028...pdf>. Acesso em: 11 março 2010.
TAVARES, Carla Nunes Vieira. A identidade surda do surdo que se quer fazer ouvir. Horizontes,
v. 26, n.2, p. 53-62, jul./dez. 2008. Disponível em:
<http://www.usf.edu.br/itatiba/mestrado/educacao/uploadAddress/05.A%20identidade%20surda%20d
o%20surdo%20[12996].pdf>. Acesso em: 15 março 2013.
TIENSOLI, Luciana Oliveira. et al. Triagem auditiva em hospital público de Belo Horizonte, Minas
Gerais, Brasil: deficiência auditiva e seus fatores de risco em neonatos e lactentes. Cad. Saúde
Pública, Rio de Janeiro. Jun 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n6/17.pdf>.
Acesso em: 12 março 2013.
VALENTINI, Carla Beatris. Língua Brasileira de Sinais e a educação de surdos. Caxias do Sul,
RS: Educs, 2009.
VALENTINI, Carla Beatris; BISOL, Cláudia Alquati; CASA, Marcos Eduardo e SGORLA, Esequiel. Um
software de autoria para a educação de surdos: integração da língua de sinais e da língua escrita.
CINTED – UFRGS. V.4 n.2. 2006. Disponível em:
<http://www.cinted.ufrgs.br/renote/dez2006/artigosrenote/25150.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2010.
Resumo
A proposta deste capítulo é apresentar os projetos que estão sendo realizados no IFRS -
Câmpus Restinga, cujos objetivos envolvem a busca de soluções que permitam às pessoas
com deficiência – que frequentam as instituições parceiras – facilitar seu dia-a-dia através
da comunicação e uso de tecnologias assistivas. Dentre os projetos realizados, serão
detalhados o projeto Sopa Digital, de tecnologias assistivas para alunos de escolas
especiais e desenvolvimento de jogos virtuais com o kinect, e eventos sobre a temática e
atividades de turismo pedagógico acessível. Os projetos ocorreram em conjunto com a Casa
da Sopa (entidade beneficente), a Escola Especial Tristão Sucupira Viana (rede municipal) e
o Conselho Tutelar da Restinga. Para cada projeto foi utilizada uma metodologia específica;
no entanto, a conclusão a que remetem converge para um ponto único: tanto a participação
em atividades de aprendizado formal quanto a não formal permitem que estes indivíduos
sejam protagonistas neste processo, contribuindo com seu crescimento enquanto cidadão.
Palavras-chave: tecnologias assistivas; turismo pedagógico; jogos virtuais; inclusão.
Introdução3
1
Docente do IFRS Câmpus Restinga, coordenadora do NAPNE.
[hernanda.tonini@restinga.ifrs.edu.br]
2
Docente do IFRS Câmpus Restinga, membro do NAPNE. [pedro.rocha@restinga.ifrs.edu.br]
3
O artigo foi revisado pela professora do Câmpus Restinga, Cristina Rorig.
130
com a legislação, as escolas devem também estimular a discussão sobre essa temática e
promover atividades e projetos ligados à inclusão e às tecnologias assistivas.
Nesse sentido, o presente capítulo objetiva apresentar os projetos do Câmpus
Restinga, relacionados às ações afirmativas, executados através do Núcleo de Atendimento
às Pessoas com Necessidades Especiais (NAPNE) e seus membros. Dentre os trabalhos
realizados, tem-se, como primeira ação, o projeto Turismo Pedagógico, o qual recebeu
recursos da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), e, com base nos
princípios da educação inclusiva, oportunizou direitos do indivíduo em termos de
socialização e lazer, na maioria das vezes, esquecidos ou negligenciados às pessoas com
deficiência. Como uma segunda ação integradora, houve o Seminário de Educação e
Diversidade, realizado também com recursos da SETEC, resultado de uma parceria entre
NAPNE e Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) do Câmpus, juntamente
com a Rede de Atendimento e Proteção aos Direitos da Criança e do Adolescente da
Restinga (Conselho Tutelar). Esse evento oportunizou palestras sobre diversidade,
aproximando alunos, servidores e comunidade da região. Outra atividade desenvolvida no
Câmpus foi o projeto relacionado ao desenvolvimento de tecnologia social assistiva para
escolas e associações que atendem pessoas com deficiência, o qual recebeu recursos da
área de Pesquisa do Câmpus, utilizando, assim, equipamentos e softwares no intuito de
proporcionar maior autonomia aos participantes.
Apesar de cada projeto citado possuir características e objetivos distintos, todos
possibilitaram a inclusão de grupos excluídos, além de estimular a discussão e novas ações
neste sentido. Cabe ressaltar que esta inclusão ocorre sempre sob a ótica da diferença,
mesmo que a lei máxima do país afirme que todos são iguais perante a lei.
Sen (2000), afirma que ter liberdade para fazer as coisas é importante para a
liberdade global da pessoa e também para favorecer a oportunidade dessa pessoa ter
resultados valiosos no que diz respeito à expansão de suas capacidades, convertendo
recursos em bem estar.
Parte desses recursos, que permitem uma expansão de capacidades, encontra-se no
campo da informática, através das chamadas tecnologias assistivas. Essas tecnologias
devem ser apropriadas pelas pessoas com deficiência, mas verifica-se que seu uso ainda é
reduzido no país, muitas vezes, em virtude de custo ou de distribuição de equipamentos.
Dessa forma, a inclusão digital torna-se um espaço de poder dentro da sociedade, em que
grupos sociais distintos ocupam diferentes posições, constituindo um eixo inovador e
globalizado com ações educativas de acesso universal, ampliando a capacidade de
comunicação entre os indivíduos e grupos sociais. O desenvolvimento não se restringe
apenas à questão do aparato tecnológico, ou seja, ao aumento quantitativo do número de
pontos de inclusão digital, mas sim ao fortalecimento de sistemas educativos que
potencializem os usos destas tecnologias (BORDIEU, 1996).
Segundo Mattos e Chagas (2008), além de facilitar o uso da tecnologia, é importante
definir um conjunto de indicadores que compare a vida das pessoas antes e depois de terem
4
Deficiência não era uma questão de saúde e bem estar, mas uma questão de direitos humanos e
desenvolvimento; onde o modelo médico utilizado era inadequado e médicos e assistentes sociais
não deveriam ditar nossa vida. Os métodos pacifistas de luta seriam melhores para nossa causa e
devemos nos alinhar com o movimento de libertação.
132
O bairro Restinga, um dos mais populosos da capital, está localizado na zona sul de
Porto Alegre, distante 22 quilômetros do centro da cidade. Circundado por morros e com
características essencialmente rurais no passado, a região agora é fortemente urbana,
resultado de uma história que começou na década de 1960 com a remoção de famílias que
viviam em áreas de invasão na região central da cidade de Porto Alegre e que estavam
“impedindo” – aos olhos do governo da época – o desenvolvimento urbano, a modernização
da cidade (MONTEIRO, 1995). Com isso, tornou-se um bairro excluído de políticas públicas,
principalmente, de cunho social, onde a pobreza e a violência foram impondo sua própria
dinâmica e fortalecendo uma imagem negativa sobre o local.
Em busca de uma transformação social, ações têm sido feitas pelos agentes da
comunidade da Restinga, sendo uma delas a conquista de um Câmpus do IFRS para o
bairro, que foi alcançada em 2010. Atualmente, o Câmpus Restinga oferece quatro cursos
técnicos à comunidade, nas modalidades: subsequente, integrado, concomitante e
Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na
Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA). Além disso, a Instituição oferece
cursos superiores, contemplando quatro eixos tecnológicos prioritários: Gestão e Negócios;
Turismo, Hospitalidade e Lazer; Informação e Comunicação; Controle e Processos
Industriais.
A partir de uma perspectiva humanística, o Câmpus Restinga desenvolve a
educação, não apenas como processo de formação, mas como interação social que
proporcione a participação plena, consciente, produtiva e crítica de todos, em busca de
novos caminhos que conduzam à autorrealização como seres humanos, profissionais e
cidadãos. Essa instituição também se preocupa em prover ensino público e de qualidade a
pessoas com deficiência, buscando sua inclusão, permanência e saída com sucesso para o
mundo do trabalho. Nesse contexto, o NAPNE se insere por meio da criação e
disseminação de programas que promovam a inclusão sociodigital de Pessoas com
Necessidades Educacionais Específicas (PNEs), buscando o respeito às diferenças e a
igualdade de oportunidades.
133
5
Projeto com fomento do PROEX/IFRS/2010. Coordenador: Gleison Samuel do Nascimento.
Docentes integrantes: Pedro Chaves da Rocha, Jean Hamerski e Fábio Marçal. Bolsistas: Carlos
Conceição.
6
Projeto com fomento PROEX/IFRS/2011 e PROPI/IFRS/2011. Coordenadores: Gleison Samuel do
Nascimento e Pedro Chaves da Rocha. Bolsista: Douglas da Silva Parnoff.
134
Neste contexto percebe-se que a tecnologia, quando bem aplicada, tem sido uma
ferramenta de grande auxílio no trabalho pedagógico, contribuindo com o desenvolvimento
cognitivo e físico dos envolvidos. Desta forma, o IFRS Câmpus Restinga efetiva a sua
função na comunidade, reduzindo as restrições de acesso e permitindo a inclusão social.
Durante a atividade, os alunos tiveram contato com situações não rotineiras para
eles, desde o mais simples andar de elevador – envolvendo diferentes sentimentos como
medo, alegria, entusiasmo – até a chance de ver um avião de verdade. Na passagem pelos
8
O Projeto Imagem e Som (PIS) é coordenado pelas professoras da EMEEF Tristão Sucupira Viana,
com a participação dos alunos da escola, responsáveis por organizar o texto e as fotos que serão
veiculados no jornal da escola.
136
estádios dos times de futebol, Grêmio e Internacional, cantaram o hino dos times e fizeram
diversas brincadeiras uns com os outros – com as professoras e os guias também!
Quanto à travessia de Catamarã, após um lanche no gramado do cais de Guaíba,
verificou-se um misto de receio e entusiasmo pela novidade: andar sobre a água, coisa que
a grande maioria nunca havia feito. Alguns relaxaram, outros ficaram apreensivos, mas
todos aproveitaram o momento especial para confraternizar com colegas, professores e a
equipe do Câmpus Restinga.
A segunda saída foi para o Parque Estadual de Itapuã, em Viamão. Na chegada ao
local, houve uma breve explanação sobre o Parque e uma visita à exposição de fotografias
da recepção. Em seguida, todos se dirigiram até a Praia das Pombas para tomar banho no
encontro da Baía do Guaíba com a Lagoa dos Patos, conforme ilustrado na Figura 3. Alguns
dos alunos já conheciam o parque, mas todos se divertiram nadando, vendo os animais que
habitam o Parque, tirando fotos para o jornal da escola. Depois de uma refeição junto às
churrasqueiras, foi hora de retornar à escola, aproveitando o trajeto para falar sobre o
passeio e, mais uma vez, verificar a importância do lazer na constituição do sujeito.
Figura 4 – Membros do NAPNE com os alunos e professores da Escola Tristão Sucupira Viana
Fonte: Projeto Imagem e Som
137
9
Evento com fomento da SETEC/MEC/2012. Coordenadoras: Hernanda Tonini e Giseli Paim.
Integrantes: Gleison Samuel do Nascimento, Pedro Chaves da Rocha, Thaís Teixeira da Silva, Neudy
Alexandro Demichei, Mirelle Barcos Nunes, Rui Manuel Cruse, Bolsistas: Douglas da Silva Parnoff e
Bárbara Alessandra dos Santos Brites.
138
Considerações Finais
Referências
BIANCHETTI, Lucídio. Aspectos históricos da apreensão e da educação dos considerados
deficientes. In: BIANCHETTI, L & FREIRE, I. M. (Orgs.). Um olhar sobre a diferença. Campinas-
SP: Papirus, 1998.
BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: São Paulo, 1996.
FREITAS, Rodrigo Fernandes. Virtual Wheel: Proposta de um Método de Interação Gestual para
Jogos de Corrida. Interaction South America 2010. Curitiba, 2010.
GOHN, Maria da Glória. (2006). Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas
colegiadas na escola. Ensaio: avaliação e políticas públicas em educação. Rio de Janeiro, 14
(50), 27-38.
IBGE. Censo 2010. Disponível em: <http://ibge.gov.br>. Acesso em: 24 jun. 2011.
MATTOS, Fernando Augusto Mansor; CHAGAS, Gleison José do Nascimento. Desafios para
Inclusão digital no Brasil. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 13, n. 1, p.
67-94, jan./abr. 2008.
PERINOTTO, André. Turismo pedagógico: uma ferramenta para educação ambiental. Caderno
Virtual de Turismo. v.8, n.1, 2008.
PESSOTI, Isaias. Deficiência mental: da superstição à ciência. São Paulo: EDUSP, 1984.
ROWLAND, William. Nothing about us without us. Disability world, n. 11, November-
December/2001.
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Tradução: Laura Teixeira Motta. São Paulo:
Companhia das Letras, 2000.
Inclusão Educacional, Informacional e
Profissional da Pessoa com Deficiência no
IFRS: o case AC
1
Lizandra Brasil Estabel
2
Clarice Monteiro Escott
3
Maria Cristina Caminha de Castilhos França
4
Rodrigo Prestes Machado
Resumo
Este capítulo pretende fomentar uma reflexão sobre a educação das pessoas com
deficiência e a educação inclusiva, no âmbito do Instituto Federal do Rio Grande o Sul
(IFRS), com destaque para as ações afirmativas, mais especificamente, as realizadas pelos
Núcleos de Apoio às Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (NAPNE).
Constitui-se de uma pesquisa qualitativa, através de estudo de caso, tendo como sujeitos
seis fontes orais de grande relevância por tratarem-se de pessoas com deficiência, e alunos
do Câmpus Porto Alegre. Apresenta um case de inclusão social, educacional, digital,
informacional e profissional de uma aluna, e hoje Técnica em Biblioteconomia, AC, 37 anos,
formada pelo IFRS – Câmpus Porto Alegre, e que realizou, também, o Curso de Contador
de Histórias do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), no
mesmo Câmpus.
Palavras-chave: Inclusão, Pessoa com Deficiência, Acessibilidade.
Introdução
[...] entendo que a escola deva erigir em torno de si práticas de aceitação e
acolhimento, tanto mais includentes quanto mais a sociedade gerar
processos de exclusão (BEYER, 2005, p. 61).
1
Doutora em Informática na Educação (PGIE/UFRGS). Coordenadora e Professora do Curso Técnico
em Biblioteconomia e Coordenadora de EAD do IFRS - Câmpus Porto Alegre.
[lizandra.estabel@poa.ifrs.edu.br].
2
Doutora em Educação (PPGDU/UFRGS). Pró-Reitora Adjunta de Pesquisa e Inovação do IFRS.
[clarice.escott@ifrs.edu.br].
3
Doutora em Antropologia Social (UFRGS). Diretora de Pesquisa e Inovação do IFRS - Câmpus
Porto Alegre. [mcristina.franca@poa.ifrs.edu.br].
4
Mestre em Informática (PUC-Rio). Professor e Coordenador da Área Acadêmica de Informática do
IFRS – Câmpus Porto Alegre. [rodrigo.prestes@poa.ifrs.edu.br].
141
sociais, como estigma ou preconceito social. A deficiência passa a ser um constructo social,
culturalmente elaborado. Por fim, o paradigma Crítico-materialista defende a deficiência
como produto da sociedade capitalista, resultado socioeconômico. Associa os fatores da
deficiência à situação socioeconômica como a pobreza e a dominação econômica. Nesse
caso, a pessoa com deficiência é isolada dos bens sociais, assim como condenada à força
de trabalho de menor valia. O movimento de integração das pessoas com deficiência na
escola regular, iniciado na década de 1970, e que evoluiu para a adaptação das escolas
regulares para receber todos os alunos com necessidades especiais, independente do tipo
de deficiência, pode ser denominado de paradigma da educação inclusiva (BEYER, 2005).
Tais paradigmas, além de definirem as práticas pedagógicas, também representam o
pano de fundo das políticas educacionais e sociais ao longo dos tempos. Para Azevedo
(2003, p. 106), “o espaço de construção do conhecimento demanda uma estrutura que
contemple o trabalho coletivo, com novos espaços e tempos que dialoguem e que, pela sua
dinâmica, não cabe na escola tradicional”. Desta forma, há que se reinventar a escola para a
inclusão. Não existe transformação da sociedade sem uma transformação da educação.
São as políticas públicas que estabelecem o eixo dessas transformações e devem estar
voltadas às reais necessidades da população. Sobretudo, na perspectiva da inclusão das
pessoas com deficiência na escola, parece fundamental que alguns princípios sejam
observados para a definição das políticas públicas, quais sejam: soluções técnico-políticas
definidas para operacionalizar internamente os princípios ditados pelo espaço global; nível
de prioridade que se reserva à própria educação; práticas de acomodação ou de
resistências forjadas nas instituições que as colocam em ação - sistemas de ensino ou as
próprias escolas.
No Brasil, a década de 1990 foi marcada pela redefinição da base legal e das
políticas públicas na área da educação, impulsionada pela pressão das mudanças
paradigmáticas na educação especial, fruto das experiências em outros países. Nesse
cenário, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº. 9394/96 sinaliza as
escolas de ensino regular como espaço preferencial do atendimento educacional dos alunos
com necessidades especiais. No início dos anos 2000, a Resolução 02/2001 instituiu as
diretrizes para a Educação Especial na Educação Básica, orientando para o atendimento
dos alunos com necessidades especiais na educação básica, nas classes regulares. Pouco
mais de uma década se passou, e muitos obstáculos ainda se apresentam nesse processo
de inclusão dos alunos com deficiência. Segundo Beyer (2005, p. 8), essa é uma:
5
No Brasil, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, foi instituída pelo Decreto
6.949/09, o qual define que serão executados e cumpridos todos os aspectos constantes nessa
Convenção.
142
Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e, mais especificamente, apresentar um case
de inclusão social, educacional, digital, informacional e profissional de uma aluna, e hoje
Técnica em Biblioteconomia, AC, 37 anos, formada pelo IFRS – Câmpus Porto Alegre e que
realizou, também, o Curso de Contador de Histórias do Programa Nacional de Acesso ao
Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), no mesmo Câmpus.
Limitação Motora
tempo.
Limitação Visual
Alternativas: Braille Falado e Braille Lite 18: sistema Braille portátil onde o usuário digita
em Braille.
Ampliadores de tela:
Limitação Auditiva
Alternativas: Editor de texto em sinais: programas com o intuito de ajudar usuários surdos
na criação de textos em língua de sinais.
Necessidades de Comunicação
Público: Pessoas com déficits na comunicação (oral ou escrita) como surdos, pessoas
com paralisia cerebral, com autismo ou outros Transtornos Globais de
Desenvolvimento.
149
AC tem 37 anos, nasceu em Minas Gerais e mora em Porto Alegre. Perdeu a visão
aos 30 anos. Ingressou no Curso Técnico em Biblioteconomia do IFRS - Câmpus Porto
Alegre, em 2008, e concluiu em 2011. Retornou à instituição em diferentes situações:
palestras, debates e, em especial, participou como aluna no Curso de Contador de Histórias,
do PRONATEC, em 2012.
Eu tenho um leitor de telas, ele é o DosVox [também utiliza o Jaws]. Ele é um software livre,
então qualquer pessoa baixa, até vocês podem baixar na casa de vocês. Ele fala. Mas para
isso o texto tem que ser escaneado, para ele ler direitinho. [Quando era aluna do Curso
Técnico em Biblioteconomia] eu ficava lá quase o dia inteiro, eu mesma ia me adaptando ao
DosVox. Eu não sabia mexer no DosVox. As bolsistas liam para mim [no NAPNE], porque
enquanto eu não sabia mexer no DosVox, eu não tinha nem notebook. Olha como é bom
estudar né, ai você compra a suas coisas, teus próprios materiais. A educação é muito
importante.
No período que antecedeu ao estágio [...], resolvi procurar a professora doutora L. E. para
comunicá-la sobre o meu cancelamento [...] de matrícula. Eu estava [decidida] a trancar o
curso e interromper toda a caminhada realizada até então. Foram muito importantes as
palavras de incentivo da professora para que eu continuasse a seguir em frente. Não
vislumbrava um futuro promissor dentro de uma biblioteca. Não conseguia me ver
trabalhando, pois todos os meus colegas considerados „normais‟ já estavam atuando na
área da biblioteconomia. A diretora da ETS acolheu-me com muita sinceridade e simpatia.
Os professores da escola já sabiam que uma aluna cega do Instituto estagiaria na
biblioteca. O apoio da bibliotecária nos primeiros dias da minha atuação contribuiu para que
eu pudesse me ambientar. Aos poucos fui descontraindo e percebendo a realidade dessa
biblioteca escolar. Com o passar dos dias, fui me adaptando aos usuários e professores da
escola. Aos poucos, com a ajuda dos colegas estagiários que me orientavam e cooperavam
nas atividades, foram surgindo idéias para novas tarefas. Foi imprescindível a colaboração,
o apoio e a orientação da bibliotecária K. no cotidiano da biblioteca. Com o término do
estágio curricular obrigatório observei a importância da prática dos ensinamentos adquiridos
ao longo do curso e as oportunidades que surgem no dia-a-dia. [...] adquiri muita
autoconfiança e segurança. Consegui autonomia para organizar as estantes e até sentar
atrás do balcão [atendimento ao usuário].
Os cegos não necessitam conviver somente com os cegos; acredito na inclusão às avessas,
pois o mundo é habitado por pessoas diferentes e é importante que os indivíduos se
integrem dentro de um ambiente que seja propício para o seu desenvolvimento pleno.
6
Origina novas forças, modifica as direções normais das funções, reestrutura e forma criativa e
organizadamente a psique do homem. Tradução do espanhol.
154
estigmatizada na sociedade. Ou seja, após a Segunda Guerra Mundial surge nova forma de
ver e vivenciar as identidades culturais (GEERTZ, 1989).
Claro, ganho o meu dinheiro, mas eu tive que me esforçar para ficar nessa instituição
[atuação profissional]. Porque senão, seria o que eu vi lá em São Paulo, na universidade de
Campinas, uma cega falando: „Você não vai ficar, que vontade tem para aquela instituição
em manter um deficiente que não faz nada? Não produz, que só vai ficar lá sentado fingindo
que trabalha e vocês fingindo que aceitam aquele trabalho que ele não faz.‟ É melhor você
se capacitar e mostrar o que você veio fazer aqui.
Por outro lado, ao longo do tempo são desenvolvidas demandas como as que
presenciamos nos tempos atuais, que são o empreendedorismo e a empregabilidade. Essas
exigem uma polivalência do trabalhador para desempenhar funções diversas, já que é
necessário manter a competitividade, através da autonomia profissional e da independência
pessoal, constituindo um novo tipo de trabalhador. Essa premissa que determina o valor
preponderante ao trabalhador tem colocado novas barreiras às pessoas com deficiência.
Por conta disso, se faz necessário ainda buscar entender como se constroem as identidades
particulares dos movimentos sociais (por exemplo, os movimentos de inclusão), enquanto
ancoradouro das especificidades culturais. Deve-se ter atenção ao debate público no
sentido de superar os confrontos e as tensões do multiculturalismo, com o intuito de
construir uma esfera pública que promova a intersubjetivação, a interculturalidade, a
integração participativa, ou seja, a cidadania plena.
156
Na verdade, as empresas são obrigadas por lei a cada 100 funcionários, cem pessoas, uma
vaga é para alguém que tenha uma necessidade especial. Isso é uma lei e as pessoas
estão tentando cumprir essa lei. Então está sendo um bom momento para os cegos, os
surdos, os cadeirantes, que emprego agora não falta, só falta qualificação dos profissionais,
de capacidade de se manter naquela instituição. Mesmo as pessoas cegas, elas tem
capacidade de ser eficiente ou não. Eu acho que essa questão da cota é muito bom.
Com base no exposto, cabe ressaltar que as pessoas com deficiência hoje
representam uma população social e economicamente ativa que vem conquistando espaço
nos múltiplos espaços que publicitam suas potencialidades, tais como a mídia, o ambiente
acadêmico, o poder público, entre outros. Desse modo, observa-se a contribuição para
novas formas de concepção de produtos e serviços que privilegiem a diferença, a melhoria
de qualidade de vida e a acessibilidade.
Considerações Finais
aprendizagem e não a escola a eles, e na mediação com o outro era estabelecida uma
relação de dependência, como se o colega, o professor, o bibliotecário fossem a sua
bengala. Em muitas situações, eram vistos como pessoas dignas de pena ou de caridade.
Surgiu o paradigma da inclusão e a crença de que seria possível conviver com todos,
independente das suas diferenças, e inclusive valorizando-as, já que vive-se em uma
sociedade da diversidade. Os materiais deveriam seguir padrões internacionais de
acessibilidade, a escola deveria se preparar para incluir. As pessoas não seriam mais vistas
pela óptica da sua limitação, mas por serem alunos, usuários, cidadãos.
Neste contexto, os Institutos Federais são a possibilidade de inclusão social, digital,
informacional e profissional da pessoa com deficiência. Através do acesso, do uso das
ferramentas, da mediação com o outro, através da atuação dos docentes, técnicos
administrativos, dos NAPNEs, a pessoa com deficiência seria percebida como as demais,
em condições de aprendizagem, de desenvolvimento, propiciando a autonomia. Para muitos
pode ser considerada uma utopia esta afirmação, no entanto, através desta pesquisa pode-
se concluir que é possível. AC que é cega, bem como as que apresentam outras limitações,
já está atuando profissionalmente e sente-se em condições de dar continuidade ao seu
processo de aprendizagem, retornando aos bancos escolares. E há muitos outros Projetos...
basta ter oportunidade.
O meu sonho é quando eu fizer o meu voluntariado, levar de presente livros para as
crianças. Eu tenho certeza que daqui a algum tempo eu vou tirar isso do meu bolso. Mas vai
ter momentos que a gente vai ter acesso a esses livros gratuitamente. Imagina eu fazer uma
contação de história em um asilo, num hospital, numa creche, num orfanato, levando livros
para as crianças de presente. Então eu tenho vontade de eu mesma, usando dos meus
recursos, por enquanto isso ainda não é possível, fazer contações bem diferentes. Tenho
um monte de projetos diferentes.
Mas eu acredito que a capacidade da pessoa não está no corpo físico dela, está além. A
capacidade é infinita. Se tem cota para o negro e para o índio, eu acho que tem que ter para
os deficientes, e não tem.
Referências
AZEVEDO, José Clóvis. Estado, Planejamento e Democratização da Educação. In: SOUZA, Donaldo
Bello de.; FARIA, Ciomar Macedo de. Desafios da Educação Municipal. Rio de Janeiro: DP&A,
2003.
BEYER, Hugo Otto. Inclusão e Avaliação na Escola: de alunos com necessidades educacionais
especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005.
IMBERNÒN, F. A Educação no Século XXI: os desafios do futuro inédito. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 2000.
MANTOAN, Maria Teresa Egler. Caminhos Pedagógicos da Inclusão. Educação Online, 2002.
Disponível em:
<http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=83:caminhos-
pedagogicos-da-inclusao&catid=6:educacao-inclusiva&Itemid=17>.Acesso em: 06 de fev. 2013.
SANTAROSA, Lucila M. C.; CONFORTO, Debora; PASSERINO, Liliana M.; ESTABEL, Lizandra B.;
CARNEIRO, Mára Lúcia F.; GELLER, Marlise. Tecnologias Digitais Acessíveis. Porto Alegre, JSM
Comunicação Ltda, 2010.
Resumo
Este artigo traz como foco um aluno que está aprendendo a utilizar as ferramentas da
informática para melhorar suas atividades rotineiras, enfatizando as dificuldades que o
mesmo está encontrando para saná-las, bem como as superações alcançadas. Ainda, trata
da inclusão digital e o uso dos recursos de Tecnologia Assistiva, como peças fundamentais
para a melhoria da qualidade de vida de pessoas com deficiência visual propiciando sua
interação com a sociedade.
Palavras chaves: Inclusão, Deficiência Visual, Tecnologias Assistivas, Informática.
Introdução
Além dos estímulos táteis, outro recurso que auxilia na aprendizagem e que beneficia
o estudo, a pesquisa e o lazer, são as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), em
especial o computador. Esse equipamento vem ocupando espaço em nossas vidas e na
vida das pessoas com deficiência visual. Constata-se que a relação da pessoa com
1
Bolsista do Projeto de Acessibilidade Virtual do IFRS. [nadia.maia@bento.ifrs.edu.br].
2
Pesquisadora orientadora do Projeto de Acessibilidade Virtual e Coordenadora do Núcleo de
Atendimento às Pessoas com Necessidades Especiais (NAPNE) do IFRS.
[sirlei.bortolini@bento.ifrs.edu.br]
3
O sistema braile é um conjunto de pequenos pontos em alto-relevo por meio dos quais o cego
posiciona e movimenta os dedos, conseguindo identificar a letra correspondente. São seis pontos
básicos, que permitem 63 combinações diferentes (BRASIL, 2004).
160
deficiência visual com a tecnologia vem surtindo muito efeitos e vários benefícios estão
sendo alcançados em todas as áreas, pois além desses recursos serem uma fonte
inesgotável de pesquisa e ampliação de conhecimentos, pessoa com deficiência visual
ainda pode apropriar-se dessa ferramenta para interagir com outras pessoas, outras
culturas, enfim, interagir com o mundo. Na era tecnológica em que vivemos, além da
inserção social, precisa-se pensar na inclusão no mercado de trabalho, de pessoas com
necessidades específicas (PDE), e para isso é necessário
[...] ter como perspectiva cidadãos abertos e conscientes, que saibam tomar
decisões e trabalhar em equipe. Cidadãos que tenham capacidade de
aprender a aprender e de utilizar a tecnologia para a busca, a seleção, a
análise e a articulação entre informações e, dessa forma, construir e
reconstruir continuamente os conhecimentos (ALMEIDA,1998, p. 50).
1 Deficiência Visual
[...] as TICs são processos e produtos, frutos da ciência aplicada, nas áreas
da comunicação e informação; são um conjunto de tecnologias
microeletrônicas, informáticas e de telecomunicações que potencializam a
aquisição, a produção, o armazenamento, o processamento e a transmissão
de dados na forma de imagem, vídeo, texto ou áudio, desenvolvidas no
interior das bases materiais e sociais da economia, da sociedade e da
cultura (GONTIJO; OLIVEIRA, p. 02).
4
Leitor de tela é um software que com o auxílio de um sintetizador de voz, verbaliza o que está em
formato de texto na tela do computador.
164
Para uma pessoa com necessidades especiais, realizar tarefas simples pode se
tornar algo de extrema dificuldade, devido às limitações que o indivíduo possui. É para
auxiliar nesse sentido, que existem os recursos de Tecnologia Assistiva.
Quando falamos em tecnologia logo pensamos em computador, ou eletroeletrônicos,
porém o termo Tecnologia Assistiva contempla qualquer equipamento, material ou acessório
que auxilie a pessoa com deficiência a realizar atividades corriqueiras e até atividades de
alta complexidade com autonomia.
Segundo Sonza (2008, p.44), “Tecnologia Assistiva (TA) refere-se ao conjunto de
artefatos disponibilizados às pessoas com necessidades especiais, que contribuem para
prover-lhes uma vida mais independente, com mais qualidade e possibilidades de inclusão
social”.
Dentre esses recursos, temos as tecnologias voltadas para a área da informática,
que dão maior autonomia ao indivíduo. Com esses auxílios, qualquer pessoa com algum
tipo de limitação pode utilizar o computador e usufruir dos benefícios que ele oferece.
Para os deficientes visuais, há muitas opções, mas “cabe destacar, entretanto, que a
indicação da tecnologia mais apropriada para cada caso depende das características
individuais de cada sujeito e da fase de desenvolvimento em que cada um se encontra”
(SONZA et.al., 2013, p. 210).
2.1.2 Cegos
Leitores de tela: para Sonza (2008, p.58), “os leitores de tela são programas que
interagem com o sistema operacional e capturam informações existentes na tela do
computador transformando-as em áudio para os deficientes visuais”.
No mercado estão disponíveis diversos leitores de tela sendo que alguns são free, o
que pode auxiliar as pessoas que possuem baixo poder aquisitivo.
2.1.2.1 JAWS
O JAWS foi lançado em 1989 por Ted Henter, um ex-motociclista, que perdeu a
visão em um acidente de automóvel em 1978. Em 1985, Henter, juntamente com Bill Joyce,
fundou a Henter-Joyce Corporation, em St. Petersburg, Florida. Em Abril de 2000, Henter-
Joyce, Engenharia Blazie e Arkenstone, fundiram-se para formar a Freedom Scientific.
O JAWS oferece aos usuários a possibilidade de interagir com praticamente todas as
ferramentas disponíveis em sistemas operacionais do Windows, configurações do sistema,
aplicativos e o pacote Office, por exemplo.
2.1.2.4 Orca
É um leitor de telas para o ambiente Linux em constante desenvolvimento. A partir de
2007 foi possível utilizar o Orca com sintetizador em Português. Em 04 de setembro de 2006
é lançada a versão 1.0.0; a distribuição Linux Ubuntu 6.10, lançada em outubro de 2006,
trouxe o Orca 1.0 como leitor de tela padrão, o que impulsionou a popularização do Linux
para os cegos, principalmente com as novas versões do Orca e do Ubuntu.
3 Estudo de Caso
4 Aulas de Informática
5
A capacidade do olho de distinguir entre dois pontos próximos é chamada acuidade visual, a qual
depende de diversos fatores, em especial do espaçamento dos fotorreceptores na retina e da
precisão da refração do olho (LACERDA, 2009, p. 102).
168
período é limitado, pois o Núcleo possui outros alunos que procuram esses cursos e, para
atender a todos que possuem essa necessidade de aprendizado, faz-se necessário dividir
os espaços e o tempo.
Primeiramente, foi-lhe apresentado o teclado e iniciou-se o trabalho do
reconhecimento das teclas, o que é primordial para que o aluno possa avançar seus estudos
utilizando o Leitor de Tela. Para melhor conseguir identificar a posição das teclas e para que
pudesse ter uma noção espacial do mesmo, foi-lhe sugerido que ele utilizasse o relevo que
encontramos nas teclas “F” e “J” como guia para posicionar seus dedos.
Nas primeiras tentativas tudo deu certo, mas após algumas aulas percebeu-se que o
aluno encontrava dificuldade em localizar as teclas mencionadas devido a pouca
experiência em utilizar o computador e por não possuir equipamento próprio para dar
continuidade aos estudos, havendo assim a demora em assimilar e memorizar a posição
das mesmas.
A solução seria encontrar um material que tivesse boa aderência sobre as teclas e
que facilmente seria identificada pelo tato. Pensou-se então em utilizar batentes de silicone6,
em função de o aluno possuir uma sensibilidade menos aguçada e porque esse recurso
agilizaria o processo de aprendizagem.
Como tudo era novo e diferente para ele, optamos em conjunto por utilizar os
batentes também em outras teclas que poderiam facilitar o aprendizado, nesse caso foram
inseridos mais batentes nas teclas “Shift” esquerda e direita e na tecla “0”.
Os batentes podem ser fixados com facilidade e retirados quando necessário,
podendo ser aderidos em qualquer superfície do teclado. Optamos por fixar esses batentes
em algumas teclas específicas que facilitariam a percepção do aluno, levando em conta que
ele se confundia nessas regiões do teclado. Todo esse processo foi pesquisado e
experimentado para que o resultado dessa operação fosse positivo, sendo respeitada a
opinião do aluno, além de serem possibilitadas estratégias no rendimento da aprendizagem.
Por isso, o diálogo com o aluno e a observação do instrutor no momento da aula são de
grande importância.
6
Os batentes de silicone são utilizados em móveis principalmente em portas e gavetas, para diminuir
o atrito entre a porta e a estrutura do móvel, possui um material adesivo que possibilita uma boa
aderência em qualquer material.
169
Considerações Finais
Cada aluno tem suas peculiaridades e limitações que devem ser levadas em
consideração na hora de preparar o material a ser utilizado. O diálogo é sempre um aliado
para buscar a melhor alternativa e a criatividade do instrutor pesa muito na preparação e
adaptação do material que será oportunizado para a aprendizagem desse aluno.
O uso dos batentes no teclado foi uma estratégia para facilitar a aprendizagem desse
aluno, que aos poucos está se familiarizando com as ferramentas da informática, porém
esse recurso somente é válido enquanto ele estiver adquirindo confiança e segurança,
porque esse recurso não estará disponível em todos os equipamentos existentes e o ideal é
que ele saiba como manusear os teclados na forma que estão sendo disponibilizados no
mercado.
Percebeu-se que as expectativas do aluno “A” ainda são grandes e motivadoras,
afinal ele diz que quer dominar os recursos de Tecnologia Assistiva disponíveis, neste caso
o Leitor de Tela “JAWS”, para poder interagir com os softwares de edição e mixagem de
áudios.
O Audacity[1] é o software utilizado pelo aluno “A” para que possa gravar e mixar
suas composições feitas no violão, nem todas as ferramentas disponíveis no software são
acessíveis, mas ele diz conseguir utilizar os recursos e quando possível conta com a ajuda
de sua esposa para orientá-lo quando a informação é apenas visual, uma imagem não
descrita por exemplo, ele pensa em além de gravar suas melodias, também gravar e mixar
para outras pessoas interessadas, contribuindo assim para o ganho de uma renda extra.
Referências
ALMEIDA, Elizabeth B. de; ALMEIDA, Fernando José de. Uma Zona de Conflitos e Muitos
Interesses. In: Salto para o Futuro: TV e Informática na Educação, Secretaria de Educação a
Distância. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, SEED, 1998.
os
BRASIL. Decreto nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis n 10.048, de 8 de
novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de
dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2004/decreto/d5296.htm>. Acesso em: Jan. 2013.
______. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Brasília, 2005. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_
noticia=438&id_pagina=>. Acesso em: Nov. 2012.
GLAT, Rosana. A integração social dos portadores de deficiência: uma reflexão. 3. ed. Rio de Janeiro.
Editora 7 Letras. 2004.
GONTIJO, Cynthia Rubia Braga; OLIVEIRA, Maria Rita Neto Sales. Vozes Discentes e docentes
sobre condições, objetivos e contribuições do uso das TICs na EJA. Minas Gerais: CEFET.
Disponível em :
<http://www.senept.cefetmg.br/galerias/Arquivos_senept/anais/terca_tema6/TerxaTema6Artigo2.pdf>
Acesso em: Ago. 2013.
HOFFMANN, S.B.; SEEWALD, R. Caminhar sem Medo e sem Mito: orientação e mobilidade. 2009.
Disponível em: <http://www.bengalalegal.com> Acesso em: Dez. 2012.
RODRIGUES, Andréa dos Santos; SOUZA FILHO, Guido Lemos de; BORGES, José Antônio. 2012.
Acessibilidade na Internet para Deficientes Visuais. Disponível em:
<http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/textos/guido.doc>. Acesso em: Out. 2012.
SONZA, Andréa Poletto. Ambientes Virtuais Acessíveis sob a Perspectiva de Usuários com
Limitação Visual. Tese (Doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-
Graduação em Informática na Educação, Porto Alegre, 07 de Maio de 2008.
WEISHALN, R. Orientation and mobility in the blind children. New York: Englewood Cliffs, 1990 apud
MOTA, Maria Glória Batista. Orientação e Mobilidade: conhecimentos básicos para a inclusão da
pessoa com deficiência visual. Brasília, 2005. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ori_mobi.pdf>. Acesso em: Nov 2012. Acesso em: Dez.
2012.
O Papel do Psicopedagogo na Educação
Inclusiva e o Uso das TICs
Resumo
Este artigo pretende abordar a importância do papel do psicopedagogo para o sucesso da
educação inclusiva baseando-se na leitura de diversos autores que tratam do assunto, e em
uma pesquisa realizada com a direção e professores de uma escola com alunos incluídos.
Com base nestes dados, serão levantadas algumas reflexões sobre a forma como as
instituições estão despreparadas para oferecer uma educação inclusiva de qualidade,
geralmente ofertada apenas por obrigação, com professores despreparados e projetos
pedagógicos mal organizados. Será identificado onde e como a atuação deste profissional
seria relevante como agente de inclusão e o quanto o bom aproveitamento do seu trabalho
viria a contribuir para o sucesso da educação inclusiva nas escolas. Por fim, será feito um
levantamento de como o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação pode ser um
aliado ao trabalho desse profissional.
Palavras-chave: Psicopedagogo, Inclusão, Educação Inclusiva, Necessidades
Educacionais Especiais, Tecnologia, TICs.
Introdução
1
Técnica em Assuntos Educacionais no IFRS – Câmpus Bento Gonçalves. Pesquisadora do Projeto
de Acessibilidade Virtual do IFRS. Psicopedagoga e Professora formadora EAD.
[maria.accorsi@bento.ifrs.edu.br]
172
1. Sobre a Psicopedagogia
A definição de Weiss (1991, p. 6) diz que "a psicopedagogia busca a melhoria das
relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria
aprendizagem de alunos e educadores". Weiss inclui o educador no processo de
aprendizagem, não apenas como um ensinante, mas também, como um aprendente. O
processo de aprendizagem transforma-se em via de dois sentidos, onde ambos os sujeitos
dão e recebem conhecimento, compartilhando o ato de ensinar/aprender. Pode-se dizer que
essa é uma das características mais importantes e gratificantes do trabalho do
psicopedagogo.
Enfim, todas as diferentes definições contribuem para a compreensão do que vem a
ser a prática da psicopedagogia e deixam claro que “o objeto de estudo da psicopedagogia
é o processo de ensino e aprendizagem e suas dificuldades, vistas não de forma isolada,
mas como inerentes a um sujeito que vive em contexto relacional, histórico, social,
econômico, político e cultural, que acaba por determinar seu sucesso ou fracasso” (GRASSI,
2009, p.138).
algum tipo de NEE, para procurar descobrir quais são as suas dificuldades e maiores
necessidades em termos de aprendizagem. Uma pesquisa profunda dentro da escola com
todos os profissionais envolvidos, também se faz necessária, fazendo um levantamento de
dados e posterior análise sobre como a direção, funcionários, professores e alunos
enxergam e trabalham a educação inclusiva. Com base nestes dados, o psicopedagogo vai
poder fazer um diagnóstico da instituição e elaborar uma estratégia de intervenção.
Quanto aos alunos com NEE, foco principal da construção deste processo,
percebeu-se que ainda não recebem atendimento educacional especializado, de forma a
atender as suas necessidades. Para entender melhor esta área de trabalho de um
psicopedagogo, sua extensão e possibilidades de desenvolvimento, foram realizadas,
durante meses, observações dos alunos com NEEs nesta uma escola. Um deles (com
deficiência intelectual) foi acompanhado durante as aulas em sala de aula e também durante
as aulas de reforço.
180
Proporcionar uma dinâmica em sala de aula com os colegas do aluno com NEE
também é fundamental para evitar a discriminação e seu possível isolamento do resto da
turma. É possível fazer um trabalho com o grupo que, ao mesmo tempo, esclareça os
colegas e integre o aluno.
Sendo assim, com base nestes dados, fica clara a importância da interferência de um
psicopedagogo que pode fazer uma mediação entre o professor e o aluno, promovendo esta
aproximação e preparando ambos para a realidade prática da educação inclusiva.
experiências ao seu dia a dia. Na internet, ele pode criar perfis sociais onde relata sua
história, narra suas impressões sobre os mais diversos assuntos, se envolve em conflitos
virtuais, tornando-se o personagem principal da sua própria saga. Ao navegar pelas páginas
da Web, o aluno indica suas preferências, manifesta seus desejos, expõe seus medos, troca
informações, encara desafios e adquire novos conhecimentos. Este pode se transformar em
um momento muito instrutivo e de grandes descobertas, tanto para o aluno, quanto para o
profissional. A presença do psicopedagogo ao lado do aluno nessa hora é imprescindível,
pois ele será o moderador entre o sujeito e o objeto de aprendizagem, no caso a internet.
Ele é quem deverá conduzir os trabalhos de forma a buscar as respostas cognitivas e
funcionais que planeja obter do aluno.
O psicopedagogo pode explorar todos esses recursos para diagnosticar as
dificuldades do aluno, bem como, utilizá-las de forma a auxiliá-lo a superar as dificuldades
apresentadas. Para isso, é fundamental que ele tenha bem claros quais são os objetivos
que pretende alcançar com a utilização das TICs, que ele compreenda bem os recursos que
pretende utilizar, e tenha conhecimento e segurança na sua utilização para orientar bem ao
seu aluno durante a interação com o instrumento.
Fica claro que o uso das TICs como recurso psicopedagógico é um excelente
instrumento de estimulação para o aluno, ativando as funções cognitivas, psicomotoras e
emocionais do mesmo, contribuindo de forma significativa para o processo de aprendizagem
e para a construção do pensamento.
É importante ressaltar que as TICs são apenas algumas das ferramentas que podem
ser utilizadas pelo psicopedagogo no seu trabalho, não se podendo descartar os materiais
concretos, recurso fundamental para o profissional chegar a um diagnóstico e como forma
eficiente de intervenção terapêutica.
Considerações Finais
NEEs, e principalmente, no atendimento cuidadoso a esse perfil de aluno, zelando por uma
educação inclusiva de qualidade.
Infelizmente, também se constata que o psicopedagogo ainda não é aproveitado
como deveria pelas instituições. Ele ainda não conseguiu ocupar o espaço que lhe cabe
nesta área, como destaca Grassi (2009, p.128) ao mencionar que “a psicopedagogia nasceu
para ocupar um espaço vago, que poderíamos dizer fronteiriço, entre a pedagogia e a
psicologia, que não conseguiram dar conta das dificuldades de aprendizagem e da questão
do fracasso escolar”. As escolas não se apoiam no conhecimento e na capacidade desses
profissionais para implementar uma educação inclusiva de qualidade. Ainda há pouco
interesse no trabalho do psicopedagogo e pouco interesse no sucesso da inclusão.
Referências
ARANHA, Maria Salete Fábio. Projeto Escola Viva: garantindo o acesso e permanência de todos
os alunos na escola: Necessidades educacionais especiais dos alunos: Visão histórica.
Brasília: MEC, 2005.
_______. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. Lei
nº9394/96, Brasília: 1996.
BEYER, Hugo Otto. Inclusão e Avaliação na Escola: de alunos com necessidades educacionais
especiais. Porto Alegre: Mediação, 2010.
CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre: Mediação,
2004.
GLAT, Rosana. Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007.
GOMES, Márcio (Org.). Construindo as trilhas para inclusão. Petrópolis: Vozes, 2009.
GRASSI, Tânia Mara. Psicopedagogia: um olhar uma escuta. Curitiba: Ibpex, 2009.
JESUS, Denise Meyrelles de. (Org.) Inclusão, Práticas pedagógicas e Trajetórias de Pesquisa.
Porto Alegre: Mediação, 2009.
LIMA, Priscila Augusta. Educação Inclusiva e Igualdade Social. São Paulo: Avercamp, 2006.
MAGALHÃES, Rita de Cássia Barbosa Paiva (Org.) Educação Inclusiva: escolarização, política e
formação docente. Brasília: Liber Livro, 2011
MANTOAN, Maria Teresa Égler. Inclusão Escolar: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus,
2006.
______. Inclusão Escolar – O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Editora Moderna, 2006.
MOSQUERA, Juan José Moutiño (Org.). Educação Especial. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006.
RIBEIRO, Maria Luisa Sprovieri. Educação Especial: Do Querer ao Fazer. São Paulo: Avercamp,
2003.
WEISS, Maria Lúcia L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1991.
Resumo
O objetivo deste trabalho é nortear usuários normovisuais no processo de conversão de
documentos para o formato Daisy. Para tal, detalham-se aqui as etapas percorridas desde o
início até o final do processo de conversão. Inicialmente, é discutida a importância do
Tocador MecDaisy para a autonomia de pessoas cegas ou com baixa visão, fazendo a
caracterização do software. Em seguida, são mostrados os passos para instalação dos
aplicativos necessários para geração de livros digitais acessíveis. Abordam-se também os
cuidados que o usuário deve ter no ato de preparar o documento para conversão em Daisy.
Por último, são abordados os estilos utilizados nos arquivos e ainda soluções para outros
entraves que podem vir a ocorrer.
Palavras-chave: livro digital acessível, Daisy, MecDaisy.
Introdução
Pessoas com deficiência visual têm acesso restrito a material impresso e mesmo
digital devido à falta de acessibilidade dos mesmos. No caso dos materiais digitais, essa
falta de acessibilidade é consequência, não apenas de arquivos em formato frequentemente
incompatível para uso dos leitores de tela4, mas também pela falta de descrições das
imagens, gráficos, tabelas e quaisquer elementos visuais que constituem o conteúdo desses
materiais. Como consequência, a pessoa com deficiência visual enfrenta sérias barreiras
para aproveitar funções amplamente utilizadas por pessoas que enxergam, tais como,
manusear e localizar informações e realizar anotações em materiais impressos ou digitais.
Uma das formas de extinguir essas barreiras de acessibilidade, e que começa a
tomar vulto, são os materiais em formato digital acessível no padrão Digital Accessible
Information System (Daisy). Esse padrão foi introduzido no Brasil pelo Ministério da
Educação (MEC), em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por
meio da criação do Projeto MecDaisy. Tal projeto tem como objetivo possibilitar a geração
de livros falados e sua reprodução em áudio gravado ou sintetizado (NCE/UFRJ, 2012).
A conversão de um material para o formato Daisy exige que um usuário que enxerga
(normovisual) utilize um editor de texto para fazer a descrição de todas as imagens (mapas,
gráficos, desenhos, fotografias e quaisquer elementos não textuais) do livro ou outro
material impresso ou digital, adicione estilos e, em seguida, faça a conversão para o formato
1
Licenciada em Física pelo Instituto Federal Educação, Ciência e Tecnologia no Câmpus Bento
Gonçalves. Bolsista do Projeto de Acessibilidade Virtual do IFRS. [tamara.salvatori@bento.ifrs.edu.br]
2
Licenciada em Física pelo Instituto Federal Educação, Ciência e Tecnologia no Câmpus Bento
Gonçalves. Bolsista do Projeto de Acessibilidade Virtual do IFRS. [marina.dalponte@bento.ifrs.edu.br]
3
Doutora em Informática na Educação pela UFRGS, Assessora de Ações Inclusivas do IFRS.
[andrea.sonza@ifrs.edu.br]
4
Os Leitores de Tela são programas que interagem com o Sistema Operacional, reproduzindo, de
forma sonora, os eventos ocorridos no computador. Essas interfaces leem para o usuário as
informações, botões, enfim, todos os eventos que se apresentam em forma de texto ou equivalente
(imagens etiquetadas) na tela do computador (SONZA, 2008).
186
Daisy. Com isso, amparadas pelo Tocador MecDaisy, as pessoas com deficiência visual se
beneficiam do livro já adaptado por um normovisual.
Durante a conversão do livro digital acessível, erros e falhas podem ocorrer. Como
esta é uma área ainda pouco explorada e repleta de dúvidas, este artigo apresenta um
tutorial que objetiva auxiliar na diminuição de problemas de conversão de documentos para
o formato Daisy.
2 Instalação
É importante frisar que, neste trabalho, serão tratadas apenas as situações nas quais
a conversão de documentos para o formato Daisy é realizada utilizando o Sistema
Operacional Windows XP e o editor de texto Microsoft Office Word 2007. Assim, não se
pode afirmar que as soluções trazidas aqui serão eficazes para usuários que estejam
utilizando uma configuração de sistema diferente da supracitada.
Primeiramente, o usuário deve certificar-se de que o Java 1.5 (ou versão superior) e
o Microsoft Word 2007 estão devidamente instalados na máquina que será utilizada. Para
verificar se estes softwares estão instalados, deve-se acessar o Painel de Controle, clicando
em Adicionar ou Remover Programas. Também é necessário possuir o Microsoft .NET
Framework. Caso ele não esteja instalado na máquina, é possível fazer o download5
diretamente do site da Microsoft, onde é possível encontrar a versão 3.5, utilizada no
Windows XP. É preciso seguir os passos apresentados no assistente de instalação até sua
conclusão.
5
MICROSOFT. Microsoft .NET Framework 3.5. Disponível em <http://www.microsoft.com/pt-
br/download/details.aspx?id=21>. Acesso em abr. 2013.
187
DAL PONTE et al. (2012) ensinam os passos que devem ser seguidos quando a aba
“Accessibility” não é incluída automaticamente no editor de texto:
6
MICROSOFT. 2007 Microsoft Office System Update: Redistributable Primary Interop Assemblies.
Disponível em <http://www.microsoft.com/en-us/download/details.aspx?id=18346>. Acesso em abr.
2013.
7
DAISY CONSORTIUM. Save As DAISY - Microsoft Word Add-In. Disponível
<http://www.daisy.org/projects/save-as-daisy-microsoft/>. Acesso em abr. 2013.
188
8
NCE/UFRJ. MecDaisy. Disponível em <http://intervox.nce.ufrj.br/~mecdaisy/windows/>. Acesso em
abr 2013.
9
FREE OCR. Disponível em <http://www.free-ocr.com>. Acesso em abr. 2013.
189
6. Em seguida, devem ser aplicados os estilos. Para isso, é necessário que o usuário
acesse a aba Accessibility, no menu do editor de texto, e clique no botão Import – DAISY
Styles, conforme a Figura 2 (parte superior); ele ficará desabilitado e os estilos serão
carregados juntamente com os estilos do Microsoft Word. Estes estilos podem ser
conferidos clicando-se em Início→Estilo. No canto direito inferior do grupo Estilos, conforme
a Figura 2 (parte inferior) é preciso clicar no ícone que possibilita abrir a janela de seleção
de estilos ou usar o atalho “Alt+Ctrl+Shift+S”.
Figura 2 – Captura de tela indicando o Import - DAISY Styles na parte superior da imagem. Abaixo, a
indicação do ícone que possibilita a abertura da caixa de seleção de Estilos
190
Depois disso, aparecerá uma barra de progresso Translate to Daisy para que seja
possível acompanhar o processo inicial da conversão. Em seguida, aparecerá outra barra de
progresso Pipeline JobProgress, que mostrará o andamento da conversão em 14 passos,
que podem ser acompanhados abaixo da barra de progresso.
Quando a conversão for concluída, aparecerá uma caixa de diálogo denominada
Pipeline JobCompleted, exibindo a mensagem JobCompleted. Será necessário clicar em OK
e, em seguida, a pasta em que o arquivo foi salvo será aberta automaticamente.
Considerações Finais
10
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Assistência Social. Disponível em <http://portal2.tcu.gov.br/
portal/page/portal/TCU/comunidades/assistencia_social/cartilha/>. Acesso em abr. 2013.
193
nesses tutoriais não são citados nos documentos consultados. Além disso, no endereço da
UFRJ11 é possível assistir o tutorial em vídeo sobre o Tocador MecDaisy.
Infelizmente, por mais que os passos anteriores sejam devidamente seguidos, às
vezes ocorrem falhas não identificadas durante o processo de conversão. Nesses casos,
frequentemente as autoras optaram por limpar todo o documento (com o estilo Limpar Tudo)
e recomeçar o processo para tentar uma nova conversão, usualmente com sucesso.
Apesar dos percalços, os arquivos convertidos, após corrigidas as palavras mal
sonorizadas de forma diferente pelo tocador, ficam exatos. A pessoa com baixa visão ou
cega tem a possibilidade de navegar por todo o documento facilmente.
Embora seja um processo bastante trabalhoso, a conversão de arquivos para o
formato Daisy é também gratificante, representando um divisor de águas no que tange à
inclusão sociodigital, possibilitando a democratização do acesso a essa parcela de usuários
muitas vezes alijados de espaços físicos e digitais tutelados por imagens.
Referências
BRASIL, 2012. Nota Técnica nº 21 - Orientações para descrição de imagem na geração de
material digital acessível – MecDaisy SECADI/MEC. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=10538&Itemid=>.
Acesso em: jun 2012.
DAL PONTE, Marina; SALVATORI, Tamara; SONZA, Andréa Poletto. Material digital acessível para
deficientes visuais: ampliando o acesso à informação. Instituto Benjamin Constant, Rio de
Janeiro, n.53, p.16-29, 2012. Quadrimestral.
______. 2007. Microsoft Office System Update: Redistributable Primary Interop Assemblies.
Disponível em: <http://www.microsoft.com/en-us/download/details.aspx?id=18346>. Acesso em: abr
2013.
SONZA, Andréa Poletto. Ambientes Virtuais Acessíveis sob a perspectiva de usuários com
limitação visual. Tese (Doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-
Graduação em Informática na Educação, Porto Alegre, 07 de Maio de 2008. Disponível em:
<http://acessibilidade.bento.ifrs.edu.br/manuais-acessibilidade-web.php> Acesso em: mar 2013.
11
NCE/UFRJ. MecDaisy. Disponível em <http://intervox.nce.ufrj.br/~mecdaisy/tutorial.htm>. Acesso
em abr. 2013.
ACALM – Assistente de Comunicação
Alternativa e Aumentativa Móvel
1
Lisiane Cézar de Oliveira
2
Maria Inês Simon
3
Fabrício Kaemmerer Brenner
Resumo
O presente capítulo objetiva apresentar uma proposta de software, de comunicação
alternativa e aumentativa, chamado ACALM (Assistente de Comunicação Alternativa e
Aumentativa Móvel). Também visa assessorar pessoas com dificuldades na comunicação,
além de auxiliar o usuário na interação com o mundo que o cerca. O aplicativo possui uma
primeira versão, disponível para uso com funções simplificadas, entre elas, cumprimentos,
alimentação, localização de setores dentro do IFRS / Câmpus Ibirubá, além das emoções. O
software está sendo desenvolvido para a plataforma Android, podendo ser utilizado em
tablets.
Palavras-chave: Tecnologia Assistiva (TA), Pessoas com Necessidades Especiais (PNE),
Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA), Dispositivos Móveis.
Introdução
1
Professora do Curso de Informática – IFRS – Câmpus Ibirubá [lisiane.oliveira@ibiruba.ifrs.edu.br]
2
Técnico Administrativo – Pedagoga – IFRS – Câmpus Ibirubá [maria.simon@ibiruba.ifrs.edu.br]
3
Aluno do Curso Concomitante em Informática – IFRS – Câmpus Ibirubá.
[fabriciokbrenner@hotmail.com]
195
1 Tecnologia Assistiva
(2005, p.6), esse termo é conceituado como “uma das áreas da Tecnologia Assistiva, que
atende pessoas sem fala ou escrita funcional ou ainda em defasagem entre sua
necessidade comunicativa e sua habilidade em falar e/ou escrever”.
Geralmente, esses símbolos são inseridos em pranchas para facilitar a comunicação,
chegando a ser implementados como sistemas sofisticados, a fim de serem usados em
computadores, com recursos de voz sintetizada e tablets.
No final de 2010, o Brasil tinha um total de 202 milhões e 94 mil telefones celulares.
Se comparados com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
número de celulares é maior do que o de habitantes do país, que gira em torno de 190
milhões e 73 mil pessoas (BRASIL, 2011). A previsão do Cisco® Visual Networking Index,
segundo a ITWEb, é de que o país terá, até o ano de 2015, 575 milhões de dispositivos
móveis em rede, ou seja, 2,8 aparelhos por pessoa (ITWEB, 2011).
Os dispositivos móveis já fazem parte do cotidiano da maioria dos indivíduos,
substituindo as atividades que, anteriormente, eram realizadas em computadores pessoais.
Neles é possível acessar a web, e-mails, as mais diferenciadas aplicações baixadas de lojas
virtuais, além de acessar as redes sociais. Tudo isso pode ser feito através de um
equipamento, geralmente de tamanho reduzido, em relação aos notebooks, e com maior
interatividade através de telas sensíveis ao toque.
As características apresentadas aos seus usuários, pelos tablets, smartphones e
celulares, que merecem ser destacadas são: mobilidade, definida por Lee (2005, p.1) como
“a capacidade de se deslocar ou ser deslocado facilmente”; e ubiquidade, definida como a
onipresença, ou seja, a possibilidade de um indivíduo estar em diferentes lugares, ao
mesmo tempo. Assim, os dispositivos móveis geram a mobilidade e estes, por sua vez,
permitem a ubiquidade.
Uma das plataformas mais amplamente usada para o desenvolvimento de aplicativos
móveis, é chamada AndroidTM. É open source, ou seja, de utilização livre e voltada para
dispositivos móveis como celulares, tablets e smartphones. É um pacote composto de
sistema operacional, aplicativos, interface com o usuário e middleware4 (PEREIRA, 2012),
sendo que todos os aplicativos são escritos na linguagem Java.
Os dispositivos móveis permitem a utilização de aplicativos que auxiliam os usuários
a se comunicarem em diferentes ambientes e lugares. Também possibilitam que famílias,
educadores e profissionais possam utilizá-los em contextos de aprendizagem, permitindo a
integração do usuário com seu ambiente social (RODR GUEZ, 2011).
O software ACALM, em sua primeira versão, foi desenvolvido no ano de 2012, como
uma atividade realizada no escopo do Projeto de Pesquisa do IFRS/ Ibirubá, chamado PRA
Incluir (Produção de Recursos Acessíveis). Seu objetivo é assessorar pessoas com
dificuldades na comunicação, permanentes ou temporárias, de modo a facilitá-la para o
indivíduo, oportunizando sua interação com as pessoas que o rodeiam.
4
Trata-se de um programa de computador que faz a mediação entre software e demais aplicações.
198
Essa primeira versão, disponível para testes e com funções simplificadas, está sendo
desenvolvida para a plataforma Android, e executada em tablets. No ano de 2013, dentro do
Projeto de Pesquisa REDE – Recursos Educacionais Especiais pretende-se desenvolver
novas versões do aplicativo.
A coordenação das atividades, para o desenvolvimento do software, está sob a
responsabilidade de uma docente do curso de Informática e de uma pedagoga do IFRS -
Ibirubá, ambas membros do NAPNE.
Nessa primeira versão, para inicializar as atividades do aplicativo, há a opção pelo
usuário, da escolha do gênero em que serão vocalizadas as palavras, ou seja, feminino ou
masculino, conforme pode ser visto na Figura 3. Em função dessa seleção, todas as telas
terão uma borda com a cor predominante para o gênero (azul para “masculino” e rosa para
“feminino”), como destacado na Figura 3, por exemplo.
Caso a opção seja por “Cumprimentos”, será apresentada a tela da Figura 5, sendo
possível ouvir o cumprimento “olá”, por exemplo.
Para uma interação mais rápida, existe a opção de acesso às respostas “SIM” e
“NÃO”, conforme apresentadas na Figura 7.
200
Considerações Finais
Referências
BRASIL, Agência. Brasil ultrapassa marca de 200 milhões de celulares. 2011. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2011/01/19/brasil-ultrapassa-marca-de-200-milhoes-de-
celulares>. Acesso em: 17 maio 2013.
CAT, 2007. Ata da Reunião VII, de dezembro de 2007, Comitê de Ajudas Técnicas, Secretaria
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (CORDE/SEDH/PR). Disponível
em: <http://www.comunicacaoalternativa.com>. Acesso em: 15 fev. 2013.
LEE, Valentino. Aplicações Móveis: Arquitetura, projeto e desenvolvimento. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2005.
PEREIRA, Lúcio Camilo Oliva; SILVA, Michel Lourenço. Android para desenvolvedores. 2 ed. Rio
de Janeiro. Brasport. 2012.
RODR GUEZ, Fórtiz M.J, FERN NDEZ, López A e RODR GUEZ M.L (2011). Mobile
Communication and Learning Applications for Autistic People, Autism Spectrum Disorders -
From Genes to Environment, Prof. Tim Williams (Ed.), ISBN: 978-953-307-558-7, InTech. Disponível
202
em: <http://www.intechopen.com/books/autism-spectrumdisorders-from-genes-to-environment/mobile-
communication-and-learning-applications-for-autistic-people>. Acesso em: 17 Maio 2013.
SANTAROSA, Lucila Maria Costi. Escola Virtual para a Educação Especial: Ambientes de
Aprendizagem Telemáticos Cooperativos como Alternativa de Desenvolvimento. Informática
Educativa, Bogotá - Colombia, n. , p.115-138, 1997. Disponível em:
<http://www.educacaoparavida.com/resources/EscolaVirtualparaEducacaoEspecial.pdf>. Acesso em:
13 maio 2013.
Resumo
O objetivo deste documento é relatar os procedimentos para a confecção de uma tecnologia
assistiva denominada acionador capacitivo. Esse dispositivo permite que um material
condutor ou semicondutor se torne um sensor que capta o toque de alguma parte do corpo
de uma pessoa para que execute alguma função. Dentre os dispositivos testados como
sensores de toque incluem-se frutas e partes metálicas (a estrutura de ferro de uma cama
hospitalar por exemplo).
Palavras-chave: acionador, acionador capacitivo.
Introdução
1
Estudante do curso superior de Licenciatura em Física do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Sul - IFRS, Câmpus Bento Gonçalves. Bolsista do Projeto de
Acessibilidade Virtual do IFRS. [juliano.gatto@bento.ifrs.edu.br]; [julianogatto@yahoo.com.br]
204
2
A palavra LED tem origem inglesa. As letras significam a abreviação das palavras Light Emitter
Diode, que significa diodo emissor de luz.
205
3 Procedimentos
Arduíno é uma palavra própria de origem italiana. Seu significado é Grande Amigo.
Trata-se de um projeto que possui código e hardware livre. Consiste em uma placa
eletrônica (existem vários modelos) cuja plataforma é baseada em microcontroladores AVR
desenvolvidos pela empresa Atmel. Conforme o Laboratório de Garagem e a página oficial
do projeto Arduíno, o mesmo surgiu por volta do ano de 2003, na Itália, com o intuito de
complementar os estudos relacionados à programação e à computação. Sua utilização é
fácil e acessível, visto que, por ser de hardware e software livre, possui vasta documentação
no meio digital. Por ser um projeto aberto, existem inúmeros nomes de placas com o mesmo
hardware no mercado. Uma das maiores facilidade é a questão de possuir na própria placa,
o gravador e hardware necessário para que o programa que é inserido no microcontrolador
possa ser testado. Essa característica a torna uma ótima placa de prototipagem.
Na Figura 1 é mostrada a placa de prototipagem modelo Duemilanove, da linha
Arduíno.
Figura 3 – Imagem mostrando a caixa plástica aberta. É possível ver os sulcos paralelos
Para efetuar a furação da caixa plástica, aconselha-se o uso de broca de aço rápido
com diâmetro de três milímetros (para o furo de alojamento do LED), uma com diâmetro que
depende da medida do potenciômetro que for utilizado (a medida para essa broca deve ser
obtida na parte destacada em vermelho no desenho do potenciômetro mostra a Figura 4) e
uma broca com o diâmetro no mínimo um milímetro superior ao diâmetro dos cabos que
sairão da caixa para conexões externas (cabo para alimentação do sistema, cabo com garra
do tipo jacaré e cabo de conexão com dispositivo a ser acionado). Pode-se ver na Figura 5
uma broca de aço rápido. Como ferramenta que gire a broca para que o furo possa ser
realizado, pode-se utilizar uma furadeira manual (Figura 6) ou uma furadeira de bancada
(Figura 7). Na Figura 8, segue a imagem com o gabarito das furações frontais da caixa, com
as respectivas medidas em milímetros contendo o diâmetro e distâncias entre os furos. Esse
gabarito é uma sugestão de layout, portanto, as medidas de distância e posicionamento dos
furos podem ser modificados sem que se altere alguma funcionalidade do dispositivo. Em
verde, os parâmetros relacionados ao furo de alojamento do LED e, em vermelho, os
parâmetros relacionados à fixação do potenciômetro. Os orifícios para saídas dos fios de
207
alimentação, da garra jacaré e do cabo que possui o plugue do tipo P2 podem ser feitos na
traseira da caixa conforme a Figura 9.
Figura 4 – Desenho mostrando em qual região deve ser efetuada a medida para obter o diâmetro correto
para a broca de aço rápido
Figura 8 – Imagem mostrando as medidas, em milímetros, da distância e diâmetros dos furos frontais da
caixa plástica
Figura 9 – Imagem mostrando cabos saindo por orifícios na parte traseira da caixa plástica
209
Figura 12 – Imagem mostrando conexões e soldas dos fios em plugue do modelo P2 mono
Como todo sistema eletrônico, é necessário que exista uma fonte de alimentação
que supra a energia necessária para o dispositivo funcionar. Como o artefato pode ser
utilizado com o computador, é mostrada a ideia de alimentação do sistema por intermédio
de uma porta USB de um computador. Esse cabo pode ser obtido em lojas de componentes
eletrônicos, ou retirado de algum dispositivo de hardware que não se utiliza mais, como por
exemplo, um teclado ou um mouse. Na Figura 14, tem-se a imagem do mesmo. Por padrão,
existem quatro fios internos neste cabo. Desses fios, o verde e o branco, são para os dados;
a cor vermelha e a preta são da alimentação (Figura 15). Esse dois últimos são os que
interessam para o dispositivo que está sendo montado. Como pode ser visto em
www.fassi.com.br/artigos/usb000/usb002, o condutor de cor vermelha é o positivo para o
sistema, e o preto é o negativo.
211
O LED (Figura 20) auxilia no ajuste da sensibilidade do toque do sistema (que será
abordado mais adiante, no item sobre ajuste de sensibilidade do dispositivo) através de sua
sinalização visual. Os fios de conexão da placa do sistema com o componente podem ser
fios condutores normais, com uma fina espessura (Figura 20), os quais devem ser soldados
com solda estanho. Na Figura 22, pode-se ver os fios soldados ao LED.
214
Figura 20 – Imagem mostrando um LED da cor vermelha com três milímetros de diâmetro
Figura 21 – Imagem mostrando os fios para conexão do LED com a placa eletrônica
/**********************************************************************************************
********** Acionador capacitivo **********
***********************************************************************************************
********** Desenvolvido por Juliano Gatto - 2012 **********
********** juliano.gatto@bento.ifrs.edu.br *********
********** julianogatto@yahoo.com.br **********
********** Estudante do curso superior de Licenciatura em Física do Instituto **********
********** Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul -IFRS **********
********** Câmpus Bento Gonçalves **********
********** Projeto de Acessibilidade Virtual do IFRS - Câmpus Bento Gonçalves **********
********** **********
********** Este código pode ser usado livremente por qualquer pessoa, **********
********** menos para fins comerciais. **********
********** Se for desenvolver este dispositivo para uma pessoa **********
********** que necessite, cobre somente **********
********** o valor justo. :) **********
**********************************************************************************************/
unsigned int a, b;
float acumulado, filtrosaida, filtrovalor = .07;
int ledPino0 = 3;
float semtoque, armazenado = 0;
void setup() {
pinMode(8, OUTPUT);
pinMode(9, INPUT);
pinMode(3, OUTPUT);
void loop() {
a = 0;
b = 0;
digitalWrite(8, HIGH);
while (digitalRead(9) != 1) {
a++;
}
delay(1);
216
digitalWrite(8, LOW);
while(digitalRead(9) != 0) {
b++;
}
delay(1);
if (filtrosaida>semtoque+2) {
digitalWrite(ledPino0,HIGH);
} else {
digitalWrite(ledPino0,LOW);
}
}
4 Montagem do dispositivo
3
Knob é uma palavra de origem inglesa. Seu significado é botão.
217
A partir desse passo, deve ser escolhido qual o tipo de montagem que se quer
realizar. Aconselha-se a leitura dos dois métodos de montagem para que, depois, seja
definido com qual se tem mais afinidade para os procedimentos.
Figura 27 – Imagem mostrando esquema de ligação dos componentes com a placa Arduíno do modelo
UNO
219
Figura 30 – Imagem mostrando layout da placa de circuito impresso já na posição invertida para
confecção
221
Figura 31 – Imagem mostrando uma placa de circuito impresso feita pelo processo de usinagem
Abaixo, na Figura 32, pode-se ver a posição dos componentes na placa de circuito
impresso.
Esse circuito pode ser personalizado se a pessoa que o montar possua essa
habilidade. Para que isso seja possível, ela pode se basear no circuito elétrico que segue na
Figura 33.
222
5 Calibração do dispositivo
Considerações Finais
Com o uso deste documento, pode-se ver que é possível produzir um sistema de
captação de sinais provenientes do toque do corpo humano de forma simples e de baixo
custo.
Como qualquer outro acionador, sua função irá variar conforme o dispositivo ao qual
ele esteja conectado, ou a função que queremos que ele execute quando estimulado.
No vídeo dos procedimentos de calibração, por exemplo, pode-se ver o acionador
substituindo o clique quando está conectado a um mouse adaptado. Num segundo
momento, no mesmo vídeo, pode-se vê-lo acionando dispositivos eletroeletrônicos quando
está conectado a uma central de automação adaptada para o funcionamento com
acionadores.
O fato de ser possível a utilização de frutas para a captação de toques para que se
executem as funções, abre espaço para que se desenvolvam atividades pedagógicas que
envolvam frutas e o computador. No final da atividade, como estímulo, a pessoa pode comer
o dispositivo, por exemplo.
O acionador pode ser conectado em estruturas condutoras de eletricidade. Como
exemplo de utilização, pode-se citar a estrutura metálica de uma cama hospitalar. Ao
conectar o acionador a essa estrutura, ela passa a captar o toque que pode ser dado em
223
qualquer região dessa parte metálica. Assim, é possível que se acione uma campainha, uma
televisão, uma lâmpada ou um ventilador.
Por fim, suas formas de utilização são bem amplas e pode substituir e/ou
complementar o uso de tecnologias assistivas existentes comercialmente.
Referências
ARDUÍNO. Página oficial do Arduíno. Disponível em: <http://www.arduino.cc>. Acesso em: 18 ago.
2013.
BERNARDI, Lucas Zampar. Como fazer placas de circuito impresso pelo método de
transferência térmica. Disponível em: <http://www.ceunes.ufes.br/downloads/2/sandramuller-
pci_metodo_termico.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2013.
OFICINA BRASIL. Dicas e técnicas de como soldar com estanho. Disponível em:
<http://www.oficinabrasil.com.br/reportagens-tecnicas/851-dicas-e-tecnicas-para-soldar-com-
estanho>. Acesso em: 18 ago. 2013.
224
Resumo
O objetivo deste documento é relatar os procedimentos para a confecção de uma tecnologia
assistiva, denominada colmeia de teclado (também conhecida como máscara de teclado).
Seguindo o passo a passo desse manual, é possível que uma pessoa leiga no assunto, mas
que tenha a sua disposição as ferramentas e o material necessário, consiga produzir uma
colmeia para teclado que pode ser utilizada por uma pessoa com necessidades especiais.
Palavras-chave: colmeia, máscara, teclado.
Introdução
Segundo dados estatísticos do Censo 2010, divulgados pelo IBGE, o Brasil possuí
46 milhões de pessoas que apresentam algum tipo de deficiência. Ainda com base nos
dados, calcula-se que essa quantidade de pessoas equivale a aproximadamente 24% da
população brasileira. Nessa parcela da população se encontram pessoas que declararam
possuir uma ou mais deficiências associadas.
Pensando no sentido de custos, funcionalidade e que uma quantidade significativa
de pessoas com problemas motores, que fazem parte desse índice do Censo e não têm
condições de acesso aos produtos que necessitam para ter independência, foi estudada
uma forma de construir uma tecnologia assistiva com custo reduzido e que fosse funcional.
A ideia foi desenvolvida totalmente voltada para essas pessoas, procurando facilitar a
utilização de um teclado convencional de forma a interagir com um computador.
Conforme Sonza et al (2013, p.193), "Tecnologia Assistiva (TA) refere-se ao conjunto
de artefatos disponibilizados às pessoas com necessidades especiais, que contribui para
prover-lhes uma vida mais independente, com mais qualidade e possibilidades de inclusão
social."
No comércio especializado existem diversas tecnologias assistivas visando atender
às variadas necessidades especiais que existem. Um dos problemas encontrados por
muitos é o fato de que alguns desses artefatos possuem um valor de aquisição muito alto,
que nem sempre pode ser despendido pela pessoa que os necessita.
Segundo Galvão Filho & Damasceno (2002), esse aparato, denominado de colmeia
ou máscara de teclado, consiste em:
1
Estudante do curso superior de Licenciatura em Física do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Sul - IFRS, Câmpus Bento Gonçalves. Bolsista do Projeto de
Acessibilidade Virtual do IFRS. [juliano.gatto@bento.ifrs.edu.br]; [julianogatto@yahoo.com.br]
225
2
A termoformagem é um processo que consiste em moldar um material dando forma a um produto
através da utilização de calor.
226
Para que se possa moldar o acrílico, é necessário que o local da peça que se
pretende trabalhar (no caso dobrar) seja aquecido a uma temperatura entre 142 a 193 graus
Celsius conforme dados do INDAC.
Para se conseguir essa faixa de temperatura, sugere-se a utilização de um aparelho
chamado de soprador térmico. Essa ferramenta se assemelha a um secador de cabelos,
como podemos ver na Figura 2, porém possui um faixa de temperatura maior.
Para se efetuar a furação da placa de acrílico, pode-se utilizar uma broca de aço
rápido (Figura 3), uma serra copo (Figura 4), uma broca chata (Figura 5) ou ainda, realizá-la
através do processo de usinagem3.
3
Processo mecânico de retirada de material da matéria prima até a obtenção da peça final.
228
Para isso, coloca-se uma folha de papel sobre toda a extensão do teclado (Figuras 9
e 10) e, utilizando um lápis na posição diagonal, esfrega-se o grafite sobre a folha para que
as teclas fiquem perfeitamente marcadas no papel (Figura 11).
Figura 9 – Imagem mostrando a folha cobrindo o teclado para o qual será feita a colmeia
Figura 10 – Imagem mostrando todo o teclado coberto pela folha em que será feito o mapeamento das
teclas
231
Figura 11 – Imagem mostrando como deve-se esfregar o grafite na folha para que fique a marca na folha
que servirá de mapa
É importante que a folha onde serão marcadas as teclas, seja um pouco maior que o
dispositivo que se quer mapear. O papel pode ser obtido de uma bobina de papel pardo ou
mesmo com folhas do tamanho A4, coladas com algum tipo de fita, de modo que, quando
232
agrupadas, fiquem com as dimensões descritas acima. Essa folha previamente rabiscada é
o que servirá como gabarito para o processo de furação.
Para cortar o acrílico, é possível fazer uso da lâmina de uma serra manual (Figura
13), ou de uma serra elétrica do tipo tico-tico (Figura14) ou ainda, através de usinagem por
intermédio de uma fresadora. (Figura 15).
Figura 15 – Imagem mostrando uma fresadora router CNC usinando placa de circuito impresso
Figura 16 – Imagem mostrando o mapa de teclas fixado com fita adesiva no lado inferior da placa de
acrílico
Figura 17 – Imagem mostrando a abertura do furo que servirá de guia e a utilização do mapa para
posicionar os furos corretamente
demarcação dos furos guias de todo o teclado, a folha do mapa das teclas já pode ser
retirada.
É importante ressaltar que o tamanho da placa acrílica deve ser um pouco maior que
as dimensões do teclado. Esse excedente deve existir para que, depois que as laterais
forem dobradas por termoformagem, estas possam servir para sustentar a colmeia na
superfície onde estiver apoiado o teclado. Para se obter a linha exata para o corte externo
das dobras do acrílico utiliza-se um papelão ou cartolina, com o qual se fará um gabarito.
Como estes são materiais fáceis de trabalhar, é possível se efetuar dobras e recortes
buscando conseguir a medida exata onde os mesmos devem ser efetuados, conforme se
pode ver na Figura 18.
Figura 18 – Imagem mostrando o gabarito feito com cartolina. É possível ver o recorte para a saída do fio
de conexão do teclado com o computador, as dobras que serão realizadas e as limitações onde a chapa
de acrílico deverá ser cortada
Figura 19 – Imagem mostrando o gabarito contendo linhas de corte e dobras que deverão ser efetuadas
na chapa de acrílico
Figura 20 – Imagem mostrando a transferência das linhas do gabarito para a chapa de acrílico
237
Figura 21 – Imagem mostrando as linhas feitas na chapa de acrílico. As linhas contínuas marcam a
posição do corte externo e as linhas tracejadas a posição das dobras
Figura 22 – Imagem mostrando o alinhamento da linha tracejada com a borda da bancada de trabalho
Figura 24 – Imagem mostrando o acrílico amolecido com o calor do soprador térmico sofrendo a ação da
força da gravidade, realizando o trabalho que se deseja
239
O procedimento para realização da dobra deve ser repetido nos três lados restantes.
Aconselha-se conferir cada etapa de dobra feita no acrílico com o teclado, para verificar se
estes se encaixam perfeitamente. Desta forma, é possível ir realizando os ajustes conforme
vão sendo necessários. Na Figura 25, pode-se ver uma dobra finalizada.
Ao final das quatro dobras se obterá a colmeia pronta para uso. Seu formato será
semelhante ao que se encontra na Figura 26.
Considerações Finais
Com este documento, é possível ter uma ideia de como construir essa tecnologia
assistiva, servindo de opção para as pessoas que se deparam com o problema de custo
elevado do produto no mercado.
Na região em que foi desenvolvido, o custo final, incluindo a aquisição do teclado,
ficou com a média de um quinto do valor encontrado no mercado.
Para se obter maiores informações de como utilizar esse acessório para teclado,
indica-se a visualização de um vídeo apresentado no link:
http://www.youtube.com/watch?v=E7fZLycAGQ4.
Referências
SONZA, Andréa Poletto [et al.](Org.). Acessibilidade e Tecnologia Assistiva: pensando a inclusão
sociodigital de pessoas com necessidades especiais. Porto Alegre: Corag, 2013.
241
1
Rodrigo Cainelli
Resumo
Este documento tem como principal objetivo explanar sobre o desenvolvimento de um
dispositivo eletrônico utilizado para promover a acessibilidade ao uso do computador por
PNEs (Pessoas com necessidades específicas). Este artefato, desenvolvido no Projeto de
Acessibilidade Virtual, instalado no Câmpus Bento Gonçalves do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), foi intitulado como Mouse de
Botão Versão 3 (MBV3). O MBV3 é um dispositivo versátil e de baixo custo com o objetivo
de atender a uma grande parte das pessoas com algum tipo de deficiência motora. Além
deste, como foco principal são abordados sucintamente os termos tecnologia assistiva e
tecnologia social.
Palavras-chave: acessibilidade, social, mouse, tecnologia.
Introdução
Existe uma parcela da sociedade que vinha sendo excluída do convívio social
devido as suas limitações físicas, cognitivas e intelectuais, sendo estas adquiridas ou
congênitas. Porém, esta realidade vem sofrendo mudanças consideráveis.
Essas pessoas, que até então se sujeitavam a uma vida privada em total
isolamento da sociedade, aos poucos, estão tornando-se atores sociais de forma ativa no
funcionamento desta máquina que chamamos de sociedade. Isso só está sendo possível
porque órgãos públicos e entidades de apoio a estes atores sociais estão investindo na
reeducação da sociedade, utilizando-se dos meios de comunicação disponíveis e da
realocação ou alocação destes no mercado de trabalho, como previsto na legislação,
especificamente na Lei nº 7.853/89 (BRASIL, 1989), sancionada pelo Decreto 3.298/99
(BRASIL, 1999).
A legislação prevê que sejam feitas adaptações, providas pelo poder público, em
âmbito geral, para pessoas com necessidades especiais, tais como adaptações prediais,
estruturais, remoção de barreiras e obstáculos nas vias públicas, meios de transporte e
comunicação, conforme previsto na Lei 10.098/00 (BRASIL, 2000), sancionada pelo decreto
5.296/04 (BRASIL, 2004).
Além disso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento base das
Nações Unidas assinado em 1948, através de seu artigo 25, diz que:
1
Técnico de Tecnologia da Informação da Pró-Reitoria de Extensão do IFRS, bolsista do Projeto de
Acessibilidade Virtual e estudante do curso de Licenciatura em Física no IFRS - Câmpus Bento
Gonçalves. [rodrigo.cainelli@ifrs.edu.br]
242
A citação acima, apesar de ter sido escrita há mais de 30 anos, explicita os direitos
de todas as pessoas. O respeito às diferenças e às idiossincrasias é o alicerce para uma
convivência mais harmoniosa entre todos os cidadãos, respeito esse que proporciona
dignidade e inclusão em todas as esferas sociais.
É nesse contexto que se traz para a discussão o assunto escolhido, como uma
forma de resgate dos direitos dessas pessoas tantas vezes alijadas das práticas sociais.
Direito de uma vida digna, direito de acesso à informação, direito à cidadania de uma forma
plena. Estas são algumas das condições que podem ser resgatadas através da melhoria ou
ampliação das capacidades funcionais de pessoas com deficiência por meio da chamada
Tecnologia Assistiva.
1 Tecnologia Assistiva
Acessibilidade, de acordo com a Lei 10.098, em seu Artigo 2º, parágrafo I, trata-se
da:
3 Desenvolvimento de TSA
O Mouse de Botão V3 é um equipamento Plug and Play2 muito versátil, pois pode ser
adaptado a diversas situações. Seu funcionamento é muito simples, dispondo apenas de
oito botões de pressão e oito saídas para acionadores. Dos oito botões de pressão, quatro
são para o movimento do cursor na tela, ajuste de velocidade e scroll, e os demais para o
clique esquerdo e direito, segunda função e clique preso. Sua interface conta ainda com um
LED que indica quando o dispositivo está conectado ao computador, e quatro LEDs
menores que indicam a velocidade configurada para utilização como mostra a Figura 1.
2
Sigla em inglês utilizada para identificar dispositivos que dispensem instalação e configuração
manual. Sua tradução é “conecte e use”.
244
Figura 1 – Imagem fixada na parte traseira do dispositivo com o objetivo de orientar com relação a sua
utilização
3.2 Materiais
3
Dispositivo utilizado para acionamento de uma função de acordo com o equipamento em que este
foi conectado. Resumidamente este artefato funciona como uma chave liga-desliga. Veja como
construir um acionador com CDs em nosso site: http://acessibilidade.bento.ifrs.edu.br///manuais-
tecnologia-assistiva.php
245
Vários métodos podem ser utilizados para a confecção da placa, tais como serigrafia,
sobreposição com toner, usinagem, impressão ou, até mesmo, à mão livre com o uso de
uma caneta específica para desenho de circuito impresso. Iremos abordar sucintamente os
métodos de sobreposição com toner e por usinagem.
Figura 5 – Desenho fixado na placa de fenolite e sendo aquecido com o ferro de passar roupas
Com a placa pronta, lava-se com sabão e uma palha de aço com o intuito de
remover o toner das trilhas. Após a remoção, esta deve ser pintada com verniz específico
para eletrônica para evitar a corrosão das trilhas. Para finalizar o processo, deve-se realizar
248
os furos com perfurador para placas, ou com uma furadeira, utilizando broca para aço de no
máximo 1,5mm, como mostra a Figura 7.
3.3.2 Usinagem
3.4.1 Conector J2
Pinos Ligação
1e2 LED verde do Bar Graf.
3e4 LED Amarelo Bar Graf (estágio 1).
5e 6 LED Amarelo Bar Graf (estágio 2).
7e8 LED Vermelho Bar Graf.
9 e 10 LED da função.
11 e 12 LED clique preso.
LED Power (indica que o equipamento está
13 e 14 energizado.
15, 17 e 19 Aterramento sem uso.
3.4.2 Conector J3
Pinos Ligação
Movimenta cursor para esquerda/Reduzir
1e2 velocidade.
Movimenta cursor para direita/Aumenta
3e4 velocidade.
5e6 Move o cursor para cima/Scroll para cima.
7e8 Move o cursor para baixo/Scroll para baixo.
9 e 10 Botão clique esquerdo/Diminui a velocidade.
11 e 12 Botão clique direito/Aumenta a velocidade.
13 e 14 Botão que habilita clique preso.
15 e 16 Botão que habilita 2° função.
17 e 19 5 v em desuso oriundo da USB.
No esquema eletrônico, existem dois componentes que são opcionais. Foi agregado
um display de sete segmentos com o objetivo de se optar por utilizar o Bar Graf com LEDs
para informar a velocidade configurada ou display de sete segmentos. No layout das placas
não foi colocado conectores para o display. Este deverá ser ligado diretamente nos pinos do
PIC, conforme o esquema eletrônico. O código para o dispositivo prevê a ligação tanto dos
LEDs como do display, portanto, não se faz necessária a modificação do mesmo. O outro
componente é o LED D1 junto ao resistor R16. Estes estão previstos no layout das placas.
Este LED serve para informar se a comunicação USB ocorreu de maneira correta. Existe
uma grande diferença entre o LED Power do pino 13 e 14 e o LED D1. O LED Power irá
ligar se houver alimentação do sistema, porém isso não garante que o código está correndo
corretamente ou, até mesmo, que o dispositivo foi montado via porta USB. Todavia, o LED
D1 só irá ligar quando o dispositivo for endereçado (via protocolo USB) no PC Host, até
então ele não ligará. Recomenda-se a utilização deste apenas para averiguar se o
dispositivo está funcionando antes de conectar os botões e demais LEDs. Após os testes,
este pode ser removido e mantido apenas o LED Power.
252
4
O pesquisador Jean Machado foi quem descobriu este exemplo do compilador e desenvolveu a
parte inicial do código utilizado no dispositivo. O restante do código foi desenvolvido pelos
pesquisadores Rodrigo Cainelli e Lucas Signor Schwochow. A parte eletrônica teve a colaboração do
pesquisador Juliano Gatto.
5
O arquivo com o código fonte pode ser solicitado pelo e-mail rodrigo.cainelli@ifrs.edu.br.
6
Link para manual de construção do gravador JDM:
http://www.robotizando.com.br/cursoPIC_gravador_pg1.php.
253
4 Soluções de Problemas
Problema Solução
Equipamento não monta a USB. 1. Verifique se o LED D1 está ligando;
2. Tente conectar o dispositivo em outra porta USB.
Este processo pode demorar até vários minutos
conforme a desempenho de seu computador;
3. Teste a continuidade do cabo USB;
4. Verifique se o cristal X1; capacitores C1, C2, C3
e C10 estão perfeitamente soldados e
conduzindo;
5. Verifique de os pinos 1 (VPP), 11 (VDD) e 32
(VDD) estão alimentados com 5V.
6. Verifique se os pinos 12 e 31 estão ligados no
negativo da USB;
7. Verifique o valor dos componentes citados na
solução 4;
8. Regrave o PIC.
Bar Graf não liga Verifique a polaridade dos LEDs conforme
informado na seção “Ligação dos Pinos”.
Display não apresenta valor algum, apenas Ao conectar o dispositivo na USB, este fará um
traços. teste de funcionamento dos LEDs incluindo o
display. O display deverá ascender os traços no
sentido anti-horário começando do canto inferior
direito e terminando na parte inferior central. Caso
isso não ocorra, verifique a ligação entre o display e
as saídas do PIC. A ordem de saída deve ser: pinos
D7, D6, D5, D4, D3, D2 e D1.
O(s) botão(ões) não responde(m). Verifique se os mesmos estão alimentados com 5v;
Verifique se a ligação feita entre o botão e a placa
está conforme descrito na seção “Ligação dos
Pinos”;
Verifique se os capacitores: C4, C5, C6, C7, C8,
C9, C11 e C12 estão com os valores conforme o
descrito na seção “Desenho da Placa”.
O cursor fica deslocando-se sozinho e/ou uma Verifique a ligação entre os botões e a placa
das funções do mouse fica habilitada. conforme a seção “Desenho da Placa”.
254
Considerações Finais
Referências
BRASIL, 1989. Lei nº 7853, 24 de outubro de 1989. Estabelece normas gerais que asseguram o
pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiências, e sua efetiva
integração social, nos termos desta Lei. Brasília, 19 de outubro de 1989. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7853.htm> Acesso em: nov. 2012.
o
______, 1999. Decreto nº 3298, 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei n 7.853, de 24 de
outubro de 1989. Brasília, 20 de dezembro de 1999. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm> Acesso em: nov. 2012.
______, 2000. Lei n° 10.098, 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios
básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida e dá outras providências. Brasília, 19 de dezembro de 2000. Disponível em:
<https://www.presidencia.gov.br/ccivil_03/Leis/L10098.htm> Acesso em: fev. 2013.
______, 2004. Decreto 5.296/04, que regulamenta as Leis 10.098/00 e 10.048/00. Disponível em:
<https://www.presidencia.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5296.htm>
Acesso em: fev 2013.
______, 1999. Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e
dá outras providências. Disponível em:
<http://www.idesporto.pt/DATA/DOCS/LEGISLACAO/Doc05_052.pdf> Acesso em: fev. 2013.
CAINELLI, Rodrigo. Passo a Passo Para a Confecção de um Acionador. Bento Gonçalves: IFRS,
2011.
CLIK – Tecnologia Assistiva. Disponível em: <http://www.clik.com.br> Acesso em: fev. 2013.
ITS – Instituto de Tecnologia Social. Conhecimento e Cidadania. Tecnologia Social. São Paulo – SP.
Fevereiro de 2007.
MEC, Ministério da Educação. Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes. Resolução ONU
3.447, de 09 de dezembro de 1975. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/dec_def.pdf> Acesso em: nov. 2012.
MJ, Ministério da Justiça. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Resolução 217 A (III), 10
de dezembro de 1948. Disponível em:
<http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm> Acesso em: nov. 2012.
OLIVEIRA, Ana Irene Alves; LOURENÇO, Juliana Maciel de Queiroz; ARAGÃO, Marta Genú (Org.).
Tecnologia e Inclusão Social da Pessoa com Deficiência. Belém: EDUEPA, 2008.
255
Anexos
Anexo 1
257
Anexo 2
Anexo 3
Anexo 4
#include <18F4550.h>
void teste_led(){
int teste; //Variável local.
teste=0; //Zerando variável.
void display(){
int flag_reversso;
//Display
if(passo==(2)){ //1
OFF(DISPLAY_1);
OFF(DISPLAY_2);
ON(DISPLAY_3);
ON(DISPLAY_4);
ON(DISPLAY_5);
ON(DISPLAY_6);
ON(DISPLAY_7);
}else{
if(passo==(4)){ //2
ON(DISPLAY_1);
OFF(DISPLAY_2);
OFF(DISPLAY_3);
ON(DISPLAY_4);
OFF(DISPLAY_5);
OFF(DISPLAY_6);
OFF(DISPLAY_7);
}else{
if(passo==(6)){ //3
OFF(DISPLAY_1);
OFF(DISPLAY_2);
OFF(DISPLAY_3);
ON(DISPLAY_4);
OFF(DISPLAY_5);
ON(DISPLAY_6);
OFF(DISPLAY_7);
}else{
if(passo==(8)){ //4
OFF(DISPLAY_1);
OFF(DISPLAY_2);
ON(DISPLAY_3);
OFF(DISPLAY_4);
OFF(DISPLAY_5);
ON(DISPLAY_6);
ON(DISPLAY_7);
}else{
if(passo==(10)){ //5
OFF(DISPLAY_1);
ON(DISPLAY_2);
OFF(DISPLAY_3);
OFF(DISPLAY_4);
OFF(DISPLAY_5);
ON(DISPLAY_6);
OFF(DISPLAY_7);
}else{
if(passo==(12)){ //6
OFF(DISPLAY_1);
ON(DISPLAY_2);
OFF(DISPLAY_3);
OFF(DISPLAY_4);
OFF(DISPLAY_5);
OFF(DISPLAY_6);
OFF(DISPLAY_7);
}else{
if(passo==(14)){ //7
OFF(DISPLAY_1);
OFF(DISPLAY_2);
OFF(DISPLAY_3);
OFF(DISPLAY_4);
ON(DISPLAY_5);
ON(DISPLAY_6);
ON(DISPLAY_7);
}else{
if(passo==(16)){ //8
OFF(DISPLAY_1);
OFF(DISPLAY_2);
OFF(DISPLAY_3);
OFF(DISPLAY_4);
OFF(DISPLAY_5);
OFF(DISPLAY_6);
OFF(DISPLAY_7);
}else{
if((passo>=16)&&(passo<=20)){ //9
OFF(DISPLAY_1);
OFF(DISPLAY_2);
OFF(DISPLAY_3);
OFF(DISPLAY_4);
OFF(DISPLAY_5);
ON(DISPLAY_6);
ON(DISPLAY_7);
}
}
}
}
}
}
}
}
}
}
void bar_graf(){
//Bar Graf Speed.
if((passo>=0)&&(passo<=5)){
ON(GREEN_SPEED);
OFF(YELLOW_SPEED1);
OFF(YELLOW_SPEED2);
OFF(RED_SPEED);
}else{
if((passo>=6)&&(passo<=10)){
ON(GREEN_SPEED);
ON(YELLOW_SPEED1);
OFF(YELLOW_SPEED2);
OFF(RED_SPEED);
}else{
if((passo>=11)&&(passo<=15)){
ON(GREEN_SPEED);
ON(YELLOW_SPEED1);
ON(YELLOW_SPEED2);
OFF(RED_SPEED);
}else{
if((passo>=16)&&(passo<=20)){
ON (GREEN_SPEED);
ON (YELLOW_SPEED1);
ON (YELLOW_SPEED2);
ON (RED_SPEED);
}
}
}
}
}
void funcao_geral(){
//Verifica se o botão função está habilitado, caso não esteja entra neste IF.
if ((function==0)||(function>=2)){
sbutton=0;
lbutton=0;
xposition=0;
yposition=0;
//Definição para o clique preso.
if(IN(CLICK_ARRESTED)||(arrested==(1))){
if(IN(CLICK_ARRESTED))
arrested++;
while(IN(CLICK_ARRESTED)){
if(arrested==1){
ON(LED_ARRESTED);
}else{
OFF(LED_ARRESTED);
arrested=0;
}
}
if(arrested==1){
lbutton=1;
out_data[0]=lbutton;
usb_put_packet(1,out_data,4,USB_DTS_TOGGLE);
}
}
// Definição para movimentos no eixo X.
if(IN(RIGHT)){
xposition=passo;
}else{
if(IN(LEFT)){
xposition=-passo;
}
}
//Início do programa.
void main(void){
//Zerando variáveis.
passo=10; //Variável que define a velocidade do dispositivo.
function=0; //Botão da função.
sbutton=0; //Utilizada para função Scroll.
lbutton=0; //Utilizada para função clique esquerdo.
xposition=0; //Utilizada para movimentos para esquerda e direita.
yposition=0; //Utilizada para movimentos para cima e para baixo.
flag_reversso=0;
arrested=0; //Variável utilizada para o clique preso.
dclick=0;
funcao_geral();
display();
bar_graf();
segunda_funcao();
funcao_geral();
} //Chaves do "if(usb_enumerated)".
} //Chaves do "While(true)".
} //Chaves do "Void".