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Metodologia de Bill Adam

William Alexander, conhecido por Bill Adam (1917 - 2013), foi um trompetista americano e um
prestigiado pedagogo, professor na Universidade de Indiana.

Apesar de ter lecionado muitos masterclasses, nunca escreveu nenhum artigo/ livro, visto que,
na sua opinião, o registo escrito não enquadra na própria natureza do ensino da trompete. A
única documentação oficial da sua abordagem encontra-se numa série de três vídeos, A New
and Different Way of Getting More Music out of Trumpet.

Bill Adams é defensor do Leadpipe buzzing, como estratégia para trabalhar a qualidade sonora
e para estar relaxado desde o aquecimento. Segundo Mark Minasian (2000), Bill Adam afirma
"I know there has to be a certain amount of mouthpiece buzzing to warm up the resilience that
we have to have here. But if we can set the mouthpiece and tube in vibration, the embouchure
is much more relaxed. What we're trying to do is to get the air through that horn with the least
amount of tension and the least amount of muscle."

Bill Adams, enquanto professor, evitava discutir os aspetos mecânicos, preocupando-se, em vez
disso, com o trabalho do som.

De acordo com essa perspetiva, passo a enumerar alguns princípios orientadores da rotina de
Adam, apresentados por Pat Harbison: *

1. A imaginação é a força motriz por trás da criação da música. Ouvindo o resultado desejado
vividamente na imaginação, vão ser ativados os mecanismos físicos necessários para a obtenção
desse som.

2. Todos os dias, a cada repetição, o resultado torna-se mais confiável. A eventual inconsistência
desaparece à medida que o corpo abandona o antigo hábito, de modo mais eficaz através da
imaginação do resultado pretendido.

3. A maioria dos problemas físicos são problemas de ar. Quando o ar e a imaginação trabalham
corretamente, a embocadura, língua etc. podem adequar-se em equilíbrio. Se a condução do ar
não for fluida, o resto do sistema estará num estado constante de ajuste e compensação.

4. A tensão física e psicológica são os maiores inimigos do trompetista.

5. Um trompetista precisa de estar envolvido com cada nota que toca, de maneira enérgica,
tanto física como mentalmente. É preciso muita energia para uma boa performance. Não deve
ser preciso usar muita força. Caso isso aconteça, o trompetista está a lutar contra ele mesmo
e/ou o instrumento.

6. Nós não queremos que o nosso corpo esteja em luta contra as leis físicas e acústicas do
trompete. Essas leis naturais não mudam. Portanto, temos de mudar a nossa abordagem.

7. A tensão desnecessária surge quando o corpo está a trabalhar contra si mesmo. A tensão
isométrica é criada por grupos musculares opostos que estão em contração.
_________________________________

*Tradução minha
8. Comece o dia por tocar no leadpipe/bocal. Use muito ar e tente obter o som mais firme e
ressonante que puder. Na maioria das trompetes em Bb, o Eb de concerto é o tom ressonante
natural do instrumento.

9. Depois de trabalhado o fluxo de ar e aquecida a embocadura (sem criar tensão), transfira essa
abordagem para a trompete.

10. Comece com notas longas ou estudos de fluxo, num andamento lento, com poucos
intervalos. Tudo o que é tocado ao longo do dia é um estudo de som!

11. Estabeleça um fluxo de ar relaxado, mas com energia, um som rico e ressonante desde a
primeira nota.

12. Comece no registo médio e expanda gradualmente para cima e para baixo, alternando entre
mais aguda/mais grave.

13. Transponha a beleza do som e o fluxo livre da respiração energética para outros contextos:
expansão do registo e das dinâmicas, nos diferentes tipos de articulação, etc.

14. Imagine sempre um belo som. Mantenha o foco nesse som. Mantenha a energia em cima,
mas nunca com tensão. Mova esse ar energético através do som. Mantenha-se calmo e
mentalmente focado... Nunca ansioso.

15. Nunca fique com raiva de si mesmo e nunca tente avançar tão rapidamente de modo a criar-
lhe ansiedade. Se assim proceder, estará a cultivar a ansiedade e a prática fastidiosa. Deste
modo, no ato da performance será idêntico. Relaxe. É suposto ser divertido. Nós não
trabalhamos música, nós tocamos música.

Bibliografia

Minasian, D. (2000) The Bill Adam Daily Routine

http://erikveldkamp.nl/wordpress/?p=2025

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