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Contagem
2009
1
Contagem
2009
2
1. Do professor orientador
2. Da apresentação oral
3. Média Final
CONCEITO
4
Roberto Shinyashiki
5
RESUMO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SIGLAS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇAO .............................................................................................................. 12
1.1. Tema e Sua Importância ................................................................................................. 12
1.2. Problemática.................................................................................................................... 13
1.3. Justificativa.................................................................................... ................................. 13
1.4. Objetivos.................................................................................... ..................................... 14
1.4.1. Geral.................................................................................... ............................................ 14
1.4.2. Específicos ...................................................................................................................... 14
1.5. Metodologia.................................................................................... ................................ 14
2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 16
2.1. Conceito de Finanças e de Sua Gestão............................................................................ 16
2.2. O Balanço Patrimonial de uma Empresa ........................................................................ 16
2.3. Estrutura de Capital e Financeira de uma Empresa ........................................................ 17
2.4. Demonstração de Fluxo de Caixa ................................................................................... 18
2.5. Valor no Tempo do Dinheiro .......................................................................................... 19
2.6. Relações Financeiras e Crescimento Econômico............................................................ 20
2.7. Mercados Financeiros ..................................................................................................... 21
2.7.1. Mercado de Crédito e Mercado de Títulos...................................................................... 21
2.7.2. Mercados Primários e Secundários ................................................................................. 22
2.7.3. Mercados Públicos e Mercados Privados........................................................................ 23
2.7.4. Intermediação e Desintermediação Financeira ............................................................... 24
2.7.5. Tipos de Mercado e Questão da Informação .................................................................. 24
2.8. Sistemas Monetários e Mercado de Câmbio ................................................................... 25
2.9. Instituições Financeiras ................................................................................................... 27
2.9.1. Bancos.............................................................................................................................27
2.9.2. Cooperativa de Crédito ................................................................................................... 29
2.9.3. Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento .................................................. 29
2.9.4. Corretoras e Distribuidoras de Valores ........................................................................... 29
2.9.5. Companhia de Seguros.................................................................................................... 29
2.10. Sistemas Financeiros ....................................................................................................... 30
2.10.1. SFN - Sistema Financeiro Nacional ........................................................................... 33
2.10.1.1. Principais Órgãos do SFN .......................................................................................... 33
2.10.2. Sistema Financeiro Internacional – SFI ..................................................................... 36
2.10.2.1. Bank for International Settlements (BIS) ................................................................... 39
2.10.2.2. Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.............................. 41
10
1. INTRODUÇAO
1.2. Problemática
O atual Sistema Financeiro Internacional está recuperando de uma forte crise, a qual
começou em meados de 2007 com o estouro da bolha do Subprime (Títulos Norte Americanos
lastreados em hipotecas de financiamento imobiliário). Com essa crise as empresas passaram
por situações difíceis, com redução de vendas e conseqüente queda na receita, mas
principalmente a falta de confiança dos mercados internacionais ocasionou escassez de crédito
para capitalização das empresas privadas, financiamento e desenvolvimento da economia
global.
Em meio a toda essa turbulência as empresas tiveram queda de valor de mercado,
demissão em massa de funcionários, algumas quebrando e outras tendo ajuda do Estado para
não falirem, como caso de algumas instituições financeiras nos EUA.
Com o objetivo das companhias de se reestruturarem e aumentar sua competitividade
no mercado internacional e interno, surge à seguinte questão: “É viável e seguro as empresas
emitirem Bônus no Mercado de Capitais Internacional no intuito de se capitalizar e buscar
melhores retornos com custos inferiores existentes no mercado doméstico?”.
1.3. Justificativa
1.4. Objetivos
1.4.1. Geral
1.4.2. Específicos
1.5. Metodologia
e serve como fundamento pela minha escolha, pois o tema abordado nesse trabalho existe em
diversas obras literárias e outras fontes públicas, que foram essenciais para o inicio,
desenvolvimento e conclusão dessa, onde consegui abordar, discutir e formular algumas
opiniões quanto aos assuntos mencionados.
A primeira fase para pesquisa bibliográfica de acordo com Lima (2004) é a
localização da bibliografia, Marconi e Lakatos (2002) diz que essa fase consiste na
identificação bibliográfica, que é a fase de reconhecimento do assunto pertinente ao tema em
estudo, decidindo se determinada obra será conveniente ou não para a dissertação – portanto
nessa fase foram identificadas as obras que seriam utilizadas progredirmos com a pesquisa.
De acordo com Lima (2004), a segunda etapa é a seleção das obras identificadas
como pertinentes ao desenvolvimento do trabalho – onde algumas foram encontradas na
biblioteca da PUC Minas e as demais foram adquiridas em livrarias, além da utilização de
Jornais e Sítios especializados com o objetivo de ter todos os recursos bibliográficos
necessários sobre internacionalização do capital, finanças e bonds.
Após a seleção da bibliografia, o terceiro passo a ser executado segundo Lima (2004)
é a leitura do material – essa etapa foi de suma importância para interpretar, compreender e
melhor conhecer o tema e como resultado, estar apto para dar seguimento na monografia.
O quarto passo seguindo Lima (2004) é o fichamento, que consiste necessariamente na
transcrição dos dados bibliográficos com o máximo de exatidão; portanto na medida que a
bibliografia foi sendo localizada, selecionada e lida, fui inserindo os dados bibliográficos em
uma planilha paralela ao trabalho, onde no final os consolidei e formatei para serem postos
como referências no final deste trabalho.
O quinto passo de acordo com Lima (2004), é a redação do tema proposto, ou seja,
colocar no papel todas as idéias lidas e compreendidas dos autores selecionados – que foram a
base para o desenvolvimento e conclusão da monografia.
16
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Gitman (2004) define finanças como a ciência de gerir o dinheiro, de acordo com o
autor todos indivíduos da sociedade mundial gastam, investem e de alguma forma conseguem
dinheiro. A ciência das finanças preocupa-se com todo o processo onde o dinheiro está
envolvido, sejam agentes, transações, regulamentos e diz que é fundamental o conhecimento
nessa área para uma correta tomada de decisões, beneficiando-se pessoalmente,
profissionalmente e empresarialmente.
Gitman (2004) diz que a área de Serviços Financeiros é relativa a produtos e serviços
onde os agentes preocupam-se com o desenvolvimento e entrega desses, no sentido de,
segundo Fortuna (2008), desenvolver para adaptar as novas exigências e tecnologias do
mundo moderno, buscando alternativas para atender as necessidades do mercado.
Segundo Gitman (2004) a Administração Financeira é de preocupação do
administrador das finanças, chamado de Chief Financial Officer (CFO 1), os quais devem
gerenciar e tomar decisões acerca dos recursos financeiros de qualquer natureza, lembrando
que este conceito vale para empresas de pequeno porte até uma gigante multinacional,
desempenhando papel fundamental para a sobrevivência e futuro da organização.
Tendo em vista o mencionado acima, é de grande importância termos esses conceitos
em mente para melhor compreendimento desta monografia.
1 CFO – Chief Financial Officer (Diretor Financeiro) – Diretor responsável pelo gerenciamento de Fundos,
assinatura de cheques, registros financeiros e planejamento financeiro de uma sociedade. Em grandes empresas,
esse dirigente tem o título de vice-presidente de finanças e, em empresas menores, é chamado tesoureiro ou
controlador. Como várias leis estaduais exigem que uma empresa tenha um tesoureiro, esse título geralmente
vem acompanhado de outros títulos financeiros. (Downes e Goodman ,1993, P. 95)
17
o passivo, o primeiro demonstra o que a empresa possui e onde ela aplica os seus recursos e
no segundo demonstra as origens dos seus recursos, sua forma de financiamento,
financiamento que pode ser oriundo de capital de terceiros (dívidas) ou por capital próprio
(fornecido pelos proprietários); o ativo é formado por três contas, Circulantes, Realizável a
Longo Prazo e Permanente; e o passivo é formado pelas contas Circulantes, Exigível a Longo
Prazo e Patrimônio Líquido.
Ativo Passivo
Passivo Circulante
Exigível de Longo Prazo
Ativo
Capital de - Financiamentos
Estrutura Financeira
Estrutura de Capital
Circulante
Terceiros - Debêntures
- Outros Títulos de Dívida
- Patrimônio Liquido
Ativo Capital - Ações Preferenciais
Permanente Próprio - Ações Ordinárias
- Lucros Retidos
Tabela (1): Estrutura Financeira
Fonte: (SAITO E PROCIANOY, 2007, p.41)
Pn = P0(1 + r)n
Onde “n” é o número de períodos, “Pn” é o valor futuro daqui a “n” períodos (em
moeda), “Po" é o valor do principal original (em moeda) e “r” é a taxa de juros no período
(em forma decimal).
De acordo com Fabozzi (2000), podemos também investir o dinheiro periodicamente,
por exemplo, se investirmos uma quantia ano a ano, será denominado anuidade, o valor futuro
deste evento pode ser encontrado através da equação (2):
(1+ r)n − 1
Pn = A
r
1
PV = Pn n
(1 + r )
Para ser encontrado o valor presente de uma série de valores futuros, segundo Fabozzi
(2000) necessita-se encontrar inicialmente o valor presente de cada valor futuro, para depois
fazermos uma somatória desses e então aplicarmos a equação (4):
20
n
Pt
PV = ∑
t =1 (1 + r )t
Segundo Fabozzi (2000), podemos também calcular o valor presente de uma anuidade
ordinária, que é o pagamento recebido daqui a um período, podemos utilizar a equação (5):
1
1 −
(1 + r )n
PV = A
r
duas pontas, a ativa e à passiva gerando obrigações não negociáveis, ao contrário das
negociações feitas em mercados de títulos, os quais podem não ser negociados, caso isso
ocorra irá ganhar liquidez através do mercado secundário.
Outra característica importante do Mercado de Crédito pode ser associada a duas
formas, como o crédito de curto e longo prazo – caracterização que também pode ser
encontrada no mercado de títulos, além de outras como de natureza jurídica e econômicas. Os
títulos são chamados por Carvalho (2007) de “papéis” os quais possuem grau de “risco de
capital” (riscos serão detalhados posteriormente), onde quanto mais longo for seu vencimento,
maior seu risco.
Segundo Saito e Procianoy (2007) o Mercado de Crédito é subdivido em crédito
industrial, crédito rural, crédito externo, crédito direto ao consumidor (CDC), crédito
imobiliário, crédito ao setor público e arrendamento mercantil, diversificando esses em vários
produtos, oferecidos por instituições financeiras, normalmente bancos.
Os títulos 2 de acordo com Carvalho (2001) são os títulos de propriedade, como ações
de empresas com capital aberto e os títulos da dívida, como bônus, notas promissórias,
debêntures, etc.; sendo que de posse dos títulos de propriedade o investidor se torna “sócio”
da empresa, podendo esse participar na distribuição dos dividendos da empresa, já nos títulos
da dívida, à concessão de recursos da empresa ao investidor se dá na expectativa de
recebimento de juros pela obrigação tomada pela empresa.
Segundo Carvalho (2001) o mercado primário é onde os títulos são negociados pela
primeira vez, ou seja, onde é realizada a primeira operação de compra, e no mercado
secundário é onde ocorrem as negociações seguintes, portanto no primeiro mercado as
empresas conseguem o financiamento para seu desenvolvimento e no mercado secundário é
onde ocorrem as negociações desses títulos já postos no mercado dando liquidez aos papéis e
conseqüentemente às empresas – então, quanto melhor organizado for o mercado secundário,
mais credibilidade terão os papéis da empresas.
2 Títulos Financeiros nada mais são do que contratos padronizados que prevêem direitos e obrigações de cada
parte contratante devem especificar uma forma de obrigação financeira, condições de pagamento e garantias
(CARVALHO, 2001, p.296).
23
Um exemplo é quando uma empresa emite ações no mercado, fazendo uma Oferta
Pública Inicial (IPO) 3 e após esse momento as ações são negociadas em bolsas de valores 4 no
intuito de dar liquidez aos papéis, os quais podem ser comprados e vendidos diversas vezes ao
dia – como exemplo podemos citar as ações do Banco do Brasil (BBAS3) no dia 29 de
outubro de 2009, segundo Valor (2009), foram negociadas 3.889.300 vezes, ou seja,
considerando o preço médio desta ação, foi negociado o volume financeiro de R$ 110,7
milhões.
3 INITIAL PUBLIC OFFERING (IPO) (Oferta pública inicial). Primeira oferta de ações ao público por uma
companhia. As ofertas públicas iniciais são quase invariavelmente uma oportunidade de realização de grandes
lucros para os investidores e acionistas iniciais de um empreendimento, porque, pela primeira vez, suas ações
terão um valor de mercado refletindo as expectativas de futuro crescimento da companhia (Downes e Goodman,
1993 P. 252).
4 Bolsa de Valores são locais que oferecem condições e sistemas necessários para a realização de negociação de
compra e venda de títulos e valores mobiliários de forma transparente. Além disso, tem atividade de auto-
regulação que visa preservar elevados padrões éticos de negociação, e divulgar as operações executadas com
rapidez, amplitude e detalhes (BM&F Bovespa).
24
5 Um título que tenha liquidez é um canal de obtenção de recursos mais barato que as alternativas que tenha a
mesma vantagem (Carvalho, 2001, P. 243).
25
em um mercado privado não são todos que obtêm conhecimento de como foi
operacionalizado determinada venda de um título da dívida de uma empresa – a questão da
informação é, porém, mais do que importante, ela é decisiva para oposição entre relações
financeiras intermediadas e desintermediadas (CARVALHO, 2001, p.244).
Sistema monetário vem a ser o conjunto das diversas moedas 6 que circulam em um
país, guardando entre si relações definidas de valor, em conformidade com normas legais
estabelecidas pelas autoridades monetárias (RATTI, 2007, p.22).
Segundo Ratti (2007), desde junho de 1994, o real é a unidade do sistema monetário
nacional, sendo representada pelo símbolo “R$” e conhecida pelos padrões internacionais
pelo código alfabético BRL 7 (Brazlian Real), para efeitos de comparação o dólar americano,
unidade monetária dos Estados Unidos é conhecida como USD (United States Dollar).
Mercado de Câmbio é aquele que envolve a negociação de moedas estrangeiras e as
pessoas interessadas em movimentar essas moedas (FORTUNA, 2008, p.395). No Brasil,
como em muitos outros países existem regras para operar nesse mercado, e para isso existem
órgãos reguladores, e agentes autorizados para operacionalizar as operações.
No Brasil é regulado pelo Banco Central através do “Regulamento do Mercado de
Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI), onde o BACEN compreende Mercado de
Câmbio como as operações de compra e de venda de moeda estrangeira, as transferências
internacionais em reais e as operações envolvendo ouro como instrumento cambial, bem
como as matérias necessárias ao seu regular funcionamento
6 Conforme Ratti (2007), a moeda neste sentido é um bem instrumental que facilita as trocas e permite a moeda
ou a comparação de valores.
7 Padrão de acordo com a ISO 4217 (International Organization for Standardization).
26
Taxas de Câmbio (em inglês Exchange Rate) de acordo com Downes e Goodman
(1993) é o preço em que uma moeda de um país equivale a do outro, Fortuna (2008) a define
como uma mercadoria que pode ser negociada e sendo assim está sujeita a lei da oferta e da
procura, neste caso é uma taxa de câmbio flutuante, ou seja, flutua de acordo com as forças do
mercado, que é o atual sistema do Brasil 8.
8 Fortuna (2008) diz que o sistema brasileiro de taxas flutuantes por utopia, pois as autoridades monetárias
sempre que acham conveniente fazem intervenções no mercado, como por exemplo comprando ou vendendo
moeda estrangeira forçando alta, ou queda da relação de determinada moeda com o real.
9 Em www.bloomberg.com, informar o código USDBRL:IND em QUOTES (para cotações) e em CHARTS (para
gráficos) – em inglês.
27
2.9.1. Bancos
financiar a subscrição 10 de títulos a serem colocados no mercado nas datas convenientes; e (3)
Bancos de Poupança para financiamento da compra ou aquisição de imóveis via hipotecas.
Essas distinções existentes variam de acordo com a política regulatória adotada por cada país,
podendo existir os três, ou até mesmo um banco universal que exerça essas três funções. No
caso do Brasil segundo Fortuna (2008) é chamado de Banco Múltiplo (BM) os quais mantém
as mesmas funções de cada instituição em separado, com as vantagens de contabilizar as
operações como uma só instituição – para ser estabelecido no Brasil como BM, deve ser
constituído por pelo menos duas características, comercial e de investimentos 11.
Outra função do banco de acordo com Caravalho (2001) é a criação de moedas através
dos depósitos captados, uma vez o patrimônio do banco constituído e tenha recursos para
emprestar, ele irá criar moeda através de novos depósitos oriundos desses empréstimos,
multiplicando a moeda. Em outras palavras, nem todo o dinheiro emprestado para os
tomadores finais estão à disposição para serem sacados quando quiserem, pois eles já estão
emprestados, o banco acredita que por comodidade e segurança os tomadores não vão querer
sacar tudo de uma só vez, caso isso aconteça, certamente irá arruinar o sistema bancário –
sendo assim é necessário confiança no sistema para que não ocorra quebra de bancos. Uma
das medidas para tentar minimizar o risco de quebra dos bancos e passar mais confiança aos
credores do banco é realizada pelos Bancos Centrais, chamado de reserva compulsória, onde o
banco tem que manter parte de suas reservas em depósitos no Banco Central que será
emprestador de última instância, então como diz Carvalho (2001), a sua própria existência [do
banco] depende de sua credibilidade e esta por sua vez, se apóia na percepção pelo público de
que o banco é capaz de honrar suas obrigações, permitindo resgatar seus depósitos sempre que
desejado – verificando por esse lado, quanto mais reservas em caixa o banco tiver, melhor
visto será, porém em contra partida, dinheiro em caixa é dinheiro parado, e dinheiro parado
não gera lucro.
10 A operação de subscrição consiste na compra pelo banco de investimento dos títulos emitidos pelo tomador,
adiantando os recursos para este último, e mantendo os papéis em carteira para colocação posterior no mercado,
quando suas condições de venda forem favoráveis (CARVALHO, 2001, P. 281).
11 Fortuna (2008) que cita especificamente o caso do SFN, e vai além de Carvalho (2001), segundo ele, o Banco
Múltiplo pode englobar a carteira comercial, carteira de investimento, carteira de crédito imobiliário, carteira de
aceite e carteira de desenvolvimento – então, nesse contexto, tornam-se condições para tornar-se um BM.
29
De acordo com Carvalho (2001) são instituições não voltadas para o lucro, onde a
captação de depósitos é oriunda de um grupo específico, e tem por finalidade o atendimento
das necessidades desse grupo.
Captam recursos pela colocação de papel próprio, as letras de câmbio, e usam esses
recursos para o financiamento de consumidores, em suas aquisições de bens de consumo
durável, e empresas, principalmente para capital de giro (CARVALHO, 2001, p.287).
12 Prêmio é a denominação específica do valor pago pelo comprador do direito ao seu exercício na contingência
especificada e não. Como muitas vezes se pensa, o valor do seguro a ser recebido (CARVALHO, 2001 P.289)
30
A estrutura de cada sistema financeiro pode ser um fator muito importante tanto para
a determinação de sua eficiência alocativa – por exemplo, facilitando ou dificultando
a circulação de recursos financeiros entre os diversos segmentos do mercado –
quanto para minimização dos riscos que a atividade financeira pode criar para a
operação dos setores produtivos. (CARVALHO, 2001, p.250).
Carvalho (2001) diz que em uma economia podem existir diversos subsistemas, como
sistema agrícola, industrial e comercial, porém denomina esses sistemas de setores, pois estes
31
se diferenciam muito mais pelo lado técnico do que pelo lado institucional, ao inverso do que
acontece no setor financeiro, esse sim chamado pelo autor de sistema, pois apenas o iguala
aos demais setores no sentido de ser demandado por clientes e ofertados por agentes no
sentido de conseguir retorno financeiro. Ainda no aspecto de diferenciação entre sistema e
setores, um determinado setor pode sobressair sobre o outro tendo mais eficiência
tecnológica, como exemplo, podemos citar o setor automotivo, onde quem tem tecnologia
para produzir um carro mais rápido, que consome menos, com mais acessórios e com o
mesmo custo de um carro construindo com atributos inferiores à esses expostos, irá se
sobressair frente aos demais; já no sistema financeiro, não é a tecnologia que irá dizer se um
sistema é diferente do outro, pois eles produzem contratos – Carvalho (2001) cita que não há
como comparar o sistema financeiro norte americano com o sistema alemão considerando
apenas fatores tecnológicos – os quais são muito avançados.
Para a produção de serviços financeiros, como não é a tecnologia que impõe que
serviços produzir e como produzi-los eficientemente, instituições têm de ser criadas
para suprir esse papel. Por isso, regras específicas à atividade, além daquelas que
regem já todos os outros mercados, são fundamentais e isto justifica a idéia de um
sistema financeiro e não apenas um setor financeiro. Este é um setor onde o papel da
sociedade (e dos governos) na definição do que é possível, ou desejável, é
fundamental, porque existem muitas possibilidades de modos de operação
(CARVALHO, 2001, p.293).
títulos tanto em curto como em longo prazo e tanto em volume e quanto percentual em
relação ao PIB – para esses mercados onde se concentra a emissão de títulos é necessário a
existência de agentes que consigam interpretar o conteúdo de cada título, analisar as
características e mensurar risco e retorno, na primeira situação existem as agências de riscos,
ou de ratings que segundo Carvalho (2001) analisam as informações dos títulos e do seu
emissor e informa aos credores vantagens e riscos envolvidos. Já em mercados onde se
predomina o crédito, os sistemas financeiros no ponto de vista legal e institucional são menos
desenvolvidos, sendo necessário a intermediação financeira para melhor circulação dos
recursos financeiros.
De acordo com a tabela (2), podemos confirmar à posição de Carvalho (2001) e
Fabozzi (2000), onde o mercado dos EUA é o mais desenvolvido, seja em ativos bancários e
ou em títulos emitidos.
De acordo com Fortuna (2008) o SFN até 1964 era mal estruturado, não atendendo a
necessidade da sociedade como um todo, e a partir dessa data foram corrigidos os problemas
através de leis, criação de novos órgãos, normas e regras, para combater os problemas
existentes, como a inflação, pouca diversidade para investimentos (sem inovação financeira),
recessões econômicas, baixos níveis de poupança, legislações defasadas, falta de entidades
para melhor controle e desenvolvimento da economia nacional, falta de segurança no mercado
de capitais.
Segundo Saito e Procianoy (2008) o SFN é constituído por dois subsistemas, o
Normativo e o Operativo, sendo o primeiro regulando e controlando o segundo, Fortuna
(2008) denomina o Subsistema Operativo de Subsistema de Intermediação.
Segundo Fortuna (2008), o Conselho Monetário Nacional (CMN) é órgão de mais alto
nível hierárquico no SFN, que tem a responsabilidade de determinar as diretrizes das políticas
monetárias, creditícias e cambial do Brasil. Integram o CMN o Ministro da Fazenda, o
Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, e o Presidente do Banco Central do Brasil
(BACEN). Segundo Saito e Procianoy (2008) são funções do CMN: adaptar o volume dos
meios de pagamentos às reais necessidades da economia; regular o valor interno e externo da
moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos; orientar a aplicação dos recursos das
instituições financeiras e propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos
financeiros.
Outro importante órgão do SFN é o Banco Central do Brasil, também conhecido como
BACEN, ou simplesmente BC, que de acordo com informações no Sítio do próprio BACEN,
é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda criada em 1964 pela lei 4.595, segundo
Saito e Procianoy pelo presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, que cujas suas
funções eram antes exercidas pela Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), Banco
do Brasil e Tesouro Nacional.
34
13 O Comitê de Política Monetária foi instituído em 20 de junho de 1996 com o objetivo de estabelecer as
diretrizes da política monetária e definir a taxa básica de juros. O Copom decide a meta da taxa Selic que deve
vigorar no período entre suas reuniões e, em alguns casos, o seu viés. A taxa Selic é a média ajustada dos
financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação de Custódia (Selic) para títulos federais
(BACEN).
14 É a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Selic para títulos federais; Selic é Sistema
Especial de Liquidação e de Custódia, um sistema informatizado que se destina à custódia de títulos escriturais
de emissão do Tesouro Nacional e do Banco Central, bem como ao registro e à liquidação de operações com os
referidos títulos (BACEN).
35
Podemos ler a tabela 3 da seguinte forma, como exemplo na linha 1, coluna 1, Fortuna
(2008) considera o BC como o Bando dos Bancos por ter como uma de suas
responsabilidades recolher o depósito compulsório.
15 Os valores mobiliários são principalmente ações, debêntures e quotas de fundos de investimento (CVM).
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principalmente pelo lado das transações financeiras (Globalização Financeira), que de acordo
com Carvalho (2001) pode forçar uma uniformização de práticas e procedimentos.
Segundo Caravalho (2001) a relação existente entre o SFI e o SFN é diretamente
proporcional ao grau de abertura do sistema nacional, ou seja, quanto mais as diretrizes do
órgão normativo de um determinado sistema financeiro nacional dêem acessibilidade ao
mercado internacional, maior este SFN estará ligado ao SFI, seja operações estrangeiras em
território nacional, ou operações nacionais em território estrangeiros – Carvalho (2001), não
considera apenas operações que são feitas de forma multinacional (cita o exemplo de global
bonds), mas também a tomadores no nacional em busca de recurso estrangeiro (cita o
exemplo dos títulos Yankees).
Uma das características do Sistema Financeiro Internacional é a formação de Acordos
e Regimes Monetários Internacionais, onde os principais no decorrer do século XX foram o
Regime do Padrão Ouro, Bretton Woods e o regime de Taxas Flutuantes, o qual atualmente é
adotado pelo Brasil, esses sistemas serão detalhados no capítulo seguinte.
Contudo, a institucionalização do Sistema Financeiro Internacional ocorre após o
acordo de Bretton Woods (1944) envolvendo a criação do Fundo Monetário Internacional
(FMI), o Banco Mundial (BIRD) e a incorporação da instituição do Banco para Compensação
Internacional (BIS), que já existia desde 1932 – que tiveram como percussores de acordo com
Vasconcelos (1998) o inglês John Maynard Keynes e do estadunidense Dexter White, que
teve como principal resultado a transferência da Hegemonia Britânica para os Estados Unidos.
Segundo Fortuna (2008), as discussões sobre a criação do Fundo Monetário
Internacional (em inglês International Monetary Fund –IMF) teve inicio em 1930 com a
depressão econômica e finalizado em 1944 (Bretton Woods) com 39 países membros, com
sede em Washington e atualmente de acordo com Sítio do FMI (acessado em novembro de
2009) conta com 186 membros .
De acordo com Fortuna (2008) é gerenciado por um Board of Governos (Conselho de
Governos), sendo um de cada país membro, normalmente representado pelo Ministro das
Finanças ou pelo Presidente do Banco Central. As decisões do dia-a-dia são tomadas por um
Executive Board (Conselho Executivo) formado por 24 diretores nomeados pelo Conselho de
Governos – essas decisões são tomadas através de votos, os quais são ponderados pelo
número de quotas que cada representante detém, os EUA têm poder de veto nas decisões por
ter 18% dos votos.
Segundo Fortuna (2008), o tamanho do Fundo é determinado pelo somatório de quotas
de cada país, as quotas são chamadas de SDR, que são considerados ativos de liquidez que
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circulam fechadamente nos bancos centrais dos países membros, toda transação financeira
realizada pelo FMI são denominadas de SDR, o qual é constituído por uma cesta de moeda
(40% USD, 32% EUR, 17% JPY, 11% GBP) e seu valor real é determinado pelo movimento
das taxas de câmbio das moedas da cesta, da mesma forma a taxa de juros é calculada através
da média ponderada das taxas de juros dos países da moeda.
A principal função do FMI segundo Fortuna (2008) é supervisionar o sistema
monetário internacional, através de recomendações em relação às políticas monetárias dos
países membros e concessão de crédito (quando necessário) para equilíbrio do balanço de
pagamentos, no intuito de garantir o equilíbrio do sistema monetário internacional e
conseqüente desenvolvimento do comércio internacional e economia de cada país membro.
Fortuna (2008) diz que os empréstimos usuais concedidos pelo FMI é o acordo Stand-
By, de curto prazo (1,25 anos – 3 anos), limite de 300% da cota, o deságio é dado pela taxa
básica de juros do FMI acrescido de 1 a 2% ao ano; o outro é a Supplemented Reserve Facility
(Facilidade de Reserva Suplementar), também de curto prazo (2 – 3 anos), porém sem limites,
o que eleva seu custo de 3 – 5% acima da taxa básica do FMI.
Em caso de inadimplência, o membro não pode mais utilizar recursos adicionais,
depois de 15 meses é declarado como “não-cooperado”, após 18 meses perde direito a voto e
representação, e depois de 24 meses é expulso do FMI.
Juntamente com o FMI, segundo Fortuna (2008) foi criado o Banco Mundial
inicialmente chamado de International Bank for Reconstruction and Development (IBRD -
Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) com objetivo de concentrar no
financiamento e reconstrução das economias européias no pós-guerra, porém, houve um fluxo
de capital garantido pelo Plano Marshall 16 que fez com que o IRBD direcionasse suas
operações para os países em desenvolvimento, a partir desse momento ele passou a ser
conhecido como World Bank (WB), incluindo a incorporação de duas instituições mais tarde
criadas e com funções específicas, o International Finance Corporation 17 (IFC) e a
International Development Association 18 (IDA).
O BIRD, IFC e a IDA tem como objetivo principal promover o desenvolvimento social
e econômico dos países em desenvolvimento, não somente através de concessão de
empréstimos, mas também através de consultorias para os setores público e privado, segundo
Fortuna (2008) estimulando o fluxo de capital privado para os países em desenvolvimento.
O Banco Mundial de acordo com Fortuna (2008) têm sede em Washington, e para os
países serem membros é condicionado que também seja membro do FMI, como nesse último
predomina a hegemonia americana, também no BIRD existe uma forte influência do Tesouro
Norte Americano, o que acaba prejudicando o relacionamento com a Comunidade Européia.
A Função do BIRD é de financiar projetos de alta qualidade ou programas que dêem
uma contribuição direta ao desenvolvimento econômico, mas que não atraem o capital
privado em condições satisfatórias (FORTUNA, 2009, p.819), neste último sentido, Ratti
(2007) diz que os empréstimos são fornecidos quando não há capital privado disponível em
condições razoável; estes financiamentos segundo Fortuna (2008) são feitos apenas de
governo para governo ou instituições privadas garantidas pelo governo (denominadas de
instituição intergovernamentais); o BIRD também tem o papel de conselheiro político,
principalmente nos países com grandes dívidas externas.
O BIRD é estruturado financeiramente por contribuições dos países membros, sendo
parte integralizada de imediato e posteriormente se necessário, é solicitado uma aumento de
capital, porém, atualmente está estrutura é substituída por fundings (obtenção de recursos
através de financiamento), que hoje representam 85% do total emprestado, funding realizado
principalmente por emissão de títulos de médio e longo prazo e na colocação privada de
papéis junto a governos, bancos centrais e bancos comerciais (Fortuna, 2008).
20 FED -Federal Reserve Bank - Banco Central norte-americano. Uma de suas funções é realizar a custódia e
liquidação financeira de operações com títulos em moeda estrangeira, em especial os "treasuries" e "agencies"
americanos (BACEN).
21 www.bis.org (em inglês)
41
3.1. Introdução
Ao abrirmos desde um simples jornal voltado para população em geral até um jornal
destinado a economistas e afins, certamente encontraremos em suas diversas seções, sejam
finanças, economia, política, empresas, carreira, entre outras, facilmente o termo globalização,
bem como se ligarmos à televisão e assistirmos um simples noticiário escutaremos o termo
em questão, ou até mesmo, em uma reunião profissional ou em uma roda de conversa com
colegas, certamente em algum momento será dito a palavra globalização.
Podemos afirmar o dito acima através de Batista Jr. (2005) o qual diz que o assunto é
de tema nacional, onde a sociedade discute de formas positivas e negativas, também Hirst e
Thompson (1993) dizem que a globalização virou moda nas ciências sociais e via de regra no
centro das atenções de mestres da administração, bem como freqüentemente utilizada por
políticos e pela mídia.
Então, um termo tão discutido e comentado na sociedade, certamente a nível mundial,
temos que entender um pouco melhor sobre o que estamos falando e principalmente
deixarmos de lado o senso comum para adentrarmos em um assunto tão amplo e já muito
discutido em diversas obras cientificas.
Neste capítulo que discutiremos sobre globalização, será muito útil para
desenvolvimento e compreensão por parte dos leitores, especialmente por estar diretamente
ligado à captação de recursos financeiros através da emissão de bônus no mercado de capitais
internacional.
43
3.2.1. Conceito
“em todo lugar onde se possam gerar lucros, os obstáculos à expansão das atividades
de vocês foram levantados, graças à liberalização e a desregulamentação; a
telemática e os satélites de comunicações colocam em suas mãos formidáveis
instrumentos de comunicação e controle; reorganizam-se e reformulem, em
conseqüência, suas estratégias internacionais.” (CHESNAIS, 1996, Pag. 23).
No sentido da Globalização das empresas, Chesnais (1996) diz que o termo “global”
refere-se à capacidade dessas de elaborar uma estratégia global visando objetivo próprio,
44
3.2.2. Origem
24 De acordo com Ferreira (2005), Hansa é a associação de várias cidades do norte da Europa, para efeitos
comerciais.
45
aceitar o que lhes resta, quando suas vidas e esperanças forem sacrificadas no altar
da competitividade internacional (HIRST E THOMPSON, 1993, p.38)”
conseguem através dessa liberdade frente aos menores as nações ainda não desenvolvidas se
adaptem a “mundialização”, ou como querem o G3, a “globalização”.
Segundo Chesnais (1993), adaptar-se à globalização diz os relatórios oficiais à
necessidade da sociedade mundial adaptar as novas exigências e obrigações, porém jamais
como dito acima, interferir no sistema, diz também que o novo mundo global possui pontos
negativos e positivos, porém este último não é muito bem definido, contudo na linha de
raciocínio da globalização que visa o livre mercado mundial, o qual está muito longe de ser
alcançado. Já os países dominantes dizem que à adaptação ao mundo global seja executado
por todas as empresas e que a sociedade fique sujeita ao capital globalizado.
Um estudo realizado pela OCDE em 1994, diz em relação ao emprego:
Chesnais (1996) observa dois fatores que justificam esse estudo feito pela OCDE, os
quais na década de 80 deram outro rumo as formas de internacionalização, sendo o primeiro a
“desregulamentação financeira e o desenvolvimento, cada vez mais acentuada, da
globalização financeira” e em segundo lugar “ o papel das novas tecnologias que funcionam
ao mesmo tempo, como condição permissiva e como fator de intensificação nessa
globalização”
Segundo Chesnais (1996), a globalização financeira trouxe a necessidade dos países
fora do G3 adaptarem-se aos mercados financeiros, pois estes detêm recursos superiores ao
PIB de muitos países, até mesmo dos grandes como os Estados Unidos, Inglaterra e Japão.
Estes recursos financeiros estão nas mãos de poucos que podem aplicar e retirar recursos de
onde bem quiserem, deixando os bancos centrais de países vulneráveis por não terem reservas
o suficiente para preservar os sistemas financeiros locais, principalmente considerando o
mercado desregulamentado e com taxas de câmbio flutuantes, Chesnais (1996, p.29) cita
como exemplo em 1993 onde apenas 5% dos fundos (USD 400 bilhões) que estavam
investidos sobre divisas, as reservas unidas do Banco da França e do Bundesbank alemão,
cerca de USD 300 bilhões, não foram suficientes para impedir o ataque contra o franco suíço,
e o pior, os banco centrais não tem como punir os “especuladores”, que são operadores de
mercados, que demonstram totais condições de especular (leia-se ferir) para acumular lucros –
Chesnais (1996) cita que esses ataques vitoriosos podem ser feitos em conjunto por vários
operadores (especuladores) espalhados mundo afora, ataque em conjunto que a teoria
monetária conceitua de crises “auto-realizadoras”.
49
Chesnais (1996) cita um trabalho realizado por H.Bourguinat, dizendo que seria ótimo
se o mercado financeiro globalizado tivesse suas características dominantes totalmente
conhecidas. Os EUA que detêm a moeda dólar, que é a principal moeda de reserva mundial,
têm o poder de mexer em suas taxas de juros e emitir moeda bem como entenderem (nesse
caso Chesnais cita o direito de seignoriage – que era o privilégio do senhorio medieval de
emitir moeda tendo em conta unicamente suas próprias necessidades, sem nenhuma
consideração com as outras partes – tem sido aplicado pelos EUA a partir da experiência em
sua gestão no sistema de Bretton Woods) visando manter os ganhos do sistema financeiro
local perante aos demais.
Outro exemplo de ataque especulativo contra um sistema financeiro nacional foi no
México em 1994, onde o presidente Salinas liberou e desregulamentou o mercado monetário e
financeiro mexicano adaptando-se as novas diretrizes do mundo global, e teve como resultado
um grande input de recursos financeiros destinados a compra de títulos, os quais com o
elevado déficit comercial da balança e conseqüente diminuição em suas reservas – o que tudo
levava a uma total desvalorização da moeda mexicana, e conseqüente saída do
“comprometido” capital estrangeiro que trouxe conseqüências para a população mexicana,
como recessão, inflação, perda de poder aquisitivo e desemprego.
Chesnais cita Amin (1990), o qual diz que a expansão do sistema capitalista baseou-se
na integração simultânea dos três mercados: Mercadorias, capital e trabalho. O mercado de
capital financeiro seguindo a desregulamentação de políticas liberais acabou norteando os
outros dois, sendo que podemos utilizar a expressão “acabou” em casos que pôs fim no
mercado de mercadorias e trabalho, considerando que o capital busca trabalho de baixo custo
para ter mercadorias mais competitivas no cenário internacional, que pelo lado importador irá
trazer conseqüências na produção local dessa determinada mercadoria com conseqüente
redução no mercado de trabalho e provável alinhamento a redução de salário. Neste sentido de
baixos salários, Hirst e Thompson (1993) diz que os países em desenvolvimento somente
conseguem vantagem competitiva no mercado internacional através de trabalhos onde não se
exige qualificação na produção e em conseqüência disso esses recebem baixíssimos salários.
50
Chesnais (1996) diz que a globalização unida com tecnologia trouxe mobilidade ao
capital financeiro, sendo que este pode ser aplicado e retirado sem comprometimento com seu
destinatário, pois sempre busca em qualquer lugar do mundo global menores custos e
conseqüentemente maiores lucros, seja com investimentos financeiros ou pela terceirização da
produção com comercialização com marca própria.
Segundo Chesnais (1996), dentro das tecnologias que se desenvolveram com a
globalização, sem dúvida a telemática, também conhecida como teleinformática fez com que
as empresas se comuniquem, se liguem uma as outras através de redes mundiais interligadas
podendo controlar, analisar, produzir, administrar a distância e com isso altera-se a
especificidade de mão de obra e do processo produtivo, também levando a menores custos e
maiores ganhos. Chesnais (1996) cita que os efeitos da teleinformática dizem respeito à
economia de mão de obra, bem como de capital – são eles:
o “toyotista” para terceirização e o “just in time” 25 para produção enxuta (estoques reduzidos),
que trouxeram aos trabalhadores maiores exigências técnicas com menores salários e de
acordo com o autor, hoje todas as grandes empresas utilizam-se desses sistemas de produção;
essas que dominam à globalização concentram se mundo afora e formam o oligopólio
mundial com concorrência fortíssima entre eles, porém como manda o mundo globalizado –
cooperam uns aos outros deixando o resto (não podemos falar “os demais”) se adaptarem e se
conformarem com o novo modelo.
29
Citado por Chesnais (1996).
53
Segundo Guttmann (1998) a moeda é a base do nosso sistema econômico, ela tem
papel principal para o desenvolvimento econômico, pois é vista para os agentes investidores
do plano socioeconômico como forma de rendimento e impulso para novos investimentos,
claro, visando retorno; esses investimentos derivam de capitais produtivos, seja na esfera
industrial ou na financeira, detalhados abaixo:
Conforme Guttmann (1998) o capital produtivo na esfera industrial é aquele que os
agentes procuram investir em recursos como mão de obra, instalações físicas para produção,
maquinários, equipamentos, etc., no intuito de produzirem bens e/ou serviços para depois
vendê-los com uma margem de lucro.
Guttmann (1998) diz também que o capital produtivo na esfera financeira é visto pelo
lado que investidores têm excedente de moeda e essa sobra de caixa será emprestada em
forma de crédito, ou seja, irá aplicar o capital para participar de ganhos de outros agentes sob
a forma de juros, dividendos e ganhos de capital.
Como mostrado acima, podemos concluir que a moeda realmente é fundamental para
nossa economia, seja no processo produtivo atendendo a necessidade da população com
produtos e serviços, além de gerar empregos e renda para consumo ou poupança, ou seja na
esfera financeira, com a poupança por parte dos investidores poderá resultar em crédito para
investimento na área produtiva ou crédito para consumo do capital produtivo, girando e
desenvolvendo a economia.
sistema Padrão Ouro e o sistema Bretton Woods, porém complementa informando a existência
de outros regimes no decorrer do século passado, conforme mostrado na tabela (4):
Regimes Período
1 Padrão-Ouro internacional 1879-1914
2 Instabilidade entre as guerras 1918-1939
(a) Flutuação 1918-1925
(b) Volta ao ouro 1925-1931
(c) Volta à flutuação 1931-1939
3 Padrão-dólar com taxa semifixa 1945-1971
(a) Conversibilidade a ser estabelecida 1945-1958
(b) Sistema próprio de Bretton Woods 1958-1971
4 Padrão-dólar com taxa flutuante 1971-1984
(a) Fracasso do acordo 1971-1974
(b) Volta à flutuação 1974-1984
5 SME e maior zona do marco alemão 1979-1993
6 Acordos de intervenção Plaza-Louvre 1985-1993
7 Tendência de Flutuação Global 1993...
Tabela (4): História dos regimes monetários e da taxa de câmbio
Fonte: HIRST E THOMPSON (1993, p.58)
3.7.2. O Padrão-Ouro
O Sistema Bretton Woods visava dar maior flexibilidade para as políticas internas e
em contrapartida dar credibilidade ao sistema financeiro nacional.
57
A solução negociada em Bretton Woods foi de um sistema fixo, mas ajustável, ligado
ao padrão dólar como numerário. As moedas correntes foram fixadas em termos do dólar
americano, que devia ser conversível em ouro; ‘desequilíbrios fundamentais’ eram ajustáveis
com o consentimento do FMI; as economias nacionais ganhavam autonomia para perseguir
seu próprio nível de preço e os objetivos de emprego sem restrições de uma âncora de preços
nominais comuns (HIRST E THOMPSON, 1993, pag. 78).
Guttmann (1998) diz que essa reforma no sistema teve como objetivo liberar a moeda
do “limite metálico” em que o ouro representava, mais uma vez, como nos interessa no
sentido da globalização financeira, liberando crédito para o sistema financeiro internacional
atendendo as necessidades dos agentes econômicos, principalmente os bancos comercias que
emprestavam cada vez mais, gerando moeda através de novos depósitos.
“Os bancos comercias são instituições autorizadas pelo Banco Central a receber
depósitos à vista. Se uma instituição está autorizada a receber depósito à vista, que
são geralmente aceitos para liquidação de pagamentos, verdadeiramente ela está
autorizada a criar moeda escritural (CARVALHO, 2001, p.6).”
De acordo com Guttmann (1998) o sistema de Bretton Woods era regulado dando
equilíbrio à moeda como bem público e agora também na forma de mercadoria privada
através do crédito – a supervisão monetária era feita pelos estados através dos seus bancos
centrais que controlavam a emissão da moeda ou através de medidas regulatórias para os
bancos comerciais no sentido de conter a criação das moedas, que também podiam intervir no
mercado como credores de última instância para segurar a insolvência de alguns bancos que
tinham suas reservas estouradas – como prevenção, havia normas e regulamentos sobre o
crédito bancário, onde era necessário ter um rígido processo seletivo para concessão do
mesmo, além de subvenções estatais para canais de crédito de interesse social, e este ainda era
direcionado para investimento em produção industrial e aumento da capacidade de despesa
dos seus clientes.
Com isso, de acordo com Guttmann (1998) houve uma expansão sem precedentes das
décadas de 50 e 60 que permitiu financiar déficits orçamentários de estados, investimentos
tecnológicos, P&D e impulsionar o consumo para bens duráveis, os quais tinham maior valor.
Analisando e comparando o sistema Bretton Woods com o sistema Padrão-Ouro,
apesar de ser mais flexível, ainda tinha regulamentos estatais que permitiam o
desenvolvimento doméstico, tentando ao máximo não deixar acontecer uma crise de crédito;
58
porém, não estavam integrados com as outras economias, ainda mais por terem o regime
fixado ao “padrão-dólar”.
31
Conforme definido por Ferreira (2005) como “situação em que há simultaneamente estagnação (situação em
que não há crescimento do produto nacional e do emprego) e inflação”.
59
partir de 1968, uma séria de ataques especulativos, cada vez mais fortes, contra a
moeda americana. Essa situação obrigou o governo Nixon a suspender a garantia de
conversão automática entre o ouro e o dólar, em agosto de 1971, e depois a
abandonar o sistema de câmbio fixo, em março de 1973. Depois, diante da rápida
depreciação do dólar, em outubro de 1979, o FED decidiu encerrar sua longa
política de sustentar taxas de juros baixas, acarretando uma desaceleração do
crescimento de oferta da moeda (GUTTMANN, 1998, p.68)”
A partir desse momento, segundo Guttmann (1998) os EUA passam de uma política
Keynesiana 32 de taxas de juros baixas para uma política liberal desregulamentando o
mercado, o autor cita a eliminação de tetos para depósitos bancários e empréstimos, que no
inicio dos anos 80 conseguiu conter a inflação e com isso as empresas industriais que viram
seus lucros irem por água abaixo devido à inflação tiveram que se reestruturar, já pelo lado do
capital financeiro, agora desregulamentado por força maior ficando mais vulnerável a
instabilidades – vulnerabilidade essa antes mais restrita devido aos bancos centrais terem
certo controle sobre a moeda pública e privada através dos dispositivos já citados acima,
trazendo uma nova interação entre moeda, crédito e desenvolvimento.
Nos anos 60, como já dito, os bancos para aumentarem sua capacidade de
empréstimos, começaram a criar novos produtos para garantir crédito e financiamento no
mercado, conseqüentemente criar moeda através de novos depósitos e no decorrer do século
passado ocorreram inovações financeiras crescentes com esses novos produtos.
Conforme Guttmann (1998), na década de 60 foi então criado o mercado de
“eurodólares”, onde bancos estrangeiros (leia-se fora dos Estados Unidos, pelo nome
podemos deduzir bancos Europeus emitindo títulos em Dólares Americanos) começaram a
oferecer depósitos e empréstimos em Dólar Americano e como essa operação ocorria fora de
seus mercados domésticos, os bancos centrais praticamente não tinham nenhum controle e
domínio no sentido de regular e manter certo equilíbrio para esse tipo de operação, o mercado
de eurodólares se desenvolveu tornando-se euromercados com emissão de certificados de
depósitos em outras moedas, que com isso ficou ainda mais fácil para especulação financeira,
32 Doutrina econômica elaborada pelo economista britânico e conselheiro governamental, John Maynard Keynes
(1883-1946), cuja obra fundamental, The General Theory of Employment, Interest and Money (A Teoria Geral
doEmprego do Juro e da Moeda) (DOWNES E GOODMAN, 1993, p. 276).
60
o que ajudou nos fins do ano 60 a derrubar o sistema Bretton Woods, Guttmann (1998) diz
como era fácil a manobra dos agentes que queriam fugir das regulações impostas sobre
capitais nacionais pelo FED que buscavam o euromercado, o qual segundo o autor não era
regulamentado por natureza.
Guttmann (1998) diz que no começo dos anos 80 com a eliminação dos controles
sobre a inflação e restrições sobre a criação de produtos financeiros, foi criado novas formas
depósito monetário com remuneração de juros, cita o exemplo da criação das contas NOW 33
que impulsionaram ainda mais os investimentos em capital financeiro na expectativa de
remuneração através de juros.
Ainda com crescente expansão das transações financeiras internacionais, a não
regulamentação estatal e a evolução da tecnologia da informática e telecomunicações,
começou também a ser criado pelos bancos através de consócios, câmaras de compensações
oferecendo maior liquidez e facilidade de administração para seus clientes gerirem seus
investimentos – com destaque para o CHIPS – Clearinghouse Interbank Payments System
para o euromercado e outras transações comerciais.
Com todas essas novas formas de moeda e de serviços de pagamento, segundo
Guttmann (1998) pouco regulamentada, reforçou a característica da moeda como bem privado
e em contra partida diminuiu a forma pública com a dificuldade de regulação.
Sentimos essas inovações na execução de tarefas diárias que necessitamos utilizar
moeda, em poucos casos usamos o papel-moeda para realização de pagamentos, atualmente,
raramente usamos cheques devido à facilidade proporcionada por cartões de débito e crédito,
além da utilização da internet para pagamentos e transferências.
Confirmando o acima mencionado, Guttmann (1998) diz ainda que a moeda tornou-se
objeto de inovação de produtos e de progresso tecnológico, sendo que agora utilizamos caixas
eletrônicos, cartões de pagamento, redes bancárias automatizadas, cheques eletrônicos que
estão todos ligados ao mecanismo de compensação administrado pelo Banco Central, ele
utiliza o termo “Cybercash” (dinheiro eletrônico) que cada vez estão mais difíceis de serem
controlados pelos Bancos Centrais, principalmente com a tecnologia que recursos podem ser
transferidos de um lugar para outro através de um só “click”, com isso Guttmann (1998) vê
uma maior tendência de instabilidade financeira.
33 NOW = NEGOTIABLE ORDER OF WITHDRAWAL, mas ligeiramente inferiores aos das contas de
depósito no mercado monetário (MONEY MARKET DEPOSIT ACCOUNT — MMDA). Entretanto, com a
desregulamentação das contas de depósito bancário em 1986, os bancos sentiram-se livres para pagar quaisquer
taxas que julgassem razoáveis diante dos seus custos e das condições de competição do mercado. DOWNES e
GOODMAN, 1993, pag. 548).
61
“O resultado [de aplicação em ativos de alto risco] foi que muitos bancos se viram
em grandes dificuldades, na década de 80, como ilustram os enormes prejuízos dos
créditos duvidosos sobre empréstimo concedidos a incorporadoras imobiliárias, aos
agricultores, aos países em desenvolvimento, aos grupos financeiros para aquisição
de empresas, aos especialistas em títulos de alto risco (os junk bonds) e aos
especuladores de títulos públicos. A intensificação do risco sistêmico no setor
bancário acarretou a extensão do papel do governo norte-americano como “última
instância de empréstimo”, a fim de poder enfrentar o problema do crescente número
de bancos ameaçados de quebra” (GUTTMANN, 1998, pag.72).
Ainda com o aumento do custo de captação dos bancos, Guttmann (1998) diz que os
bancos começaram a cobrar um preço mais elevado sobre os serviços e produtos prestados,
além de passar parte do risco que corria para os tomadores através de juros pós-fixados
aumentando ainda mais o risco de recessões, uma vez que as empresas produtivas e
principalmente consumidores, que sentiram muito o repasse do elevado juros reais (juros
nominais subtraídos a inflação) reduziram seus níveis de poupança e demandam cada vez
mais financiamentos, transferindo cada vez mais o poder para o capital financeiro,
distribuindo a renda de forma desigual onde o setor produtivo que é fundamental para o
desenvolvimento econômico e a estabilidade política fica com a menor parcela, muitas vezes
com nada, e os investimentos financeiros raramente são destinados a produção industrial, pois
o lucro através de juros em ativos financeiros é muito maior.
“os altos níveis de taxas de juros de 1981 podem ser interpretados como resultado da
desregulamentação. Esta permitiu aos credores exigir, de forma constante, prêmios
contra o risco e contra a inflação, mais elevados do que na época em que a
determinação de preços ainda estava sob controle estatal” (GUTTMANN, 1998,
p.74).
Guttmann (1998) classifica as elevadas taxas de juros como novo marco para
regulação de um regime transitório de acumulação concorrencial, para um regime de
regulação monopolista nacional e que a taxa de juros influência a atividade do capital
produtivo negativamente, conforme já mencionado acima e detalhado abaixo:
62
“O crescente envolvimento dos bancos nos mercados de títulos foi um dos fatores
cruciais da predominância do capital fictício... grandes quantias de dinheiro “novo”
são canalizadas para o financiamento dos mercados de títulos, através da abertura de
créditos bancários renováveis e de linhas de crédito para investidores institucionais
(mutual funds), para os corretores na bolsa, para os bancos de negócios, garantindo a
assinatura de novas emissões de títulos, bem como aos próprios emissores destes
(GUTTMAN, 1998, pag. 81).”
Segundo Guttmann (1998) os bancos tornaram-se bastante líquidos e uma vez que
estava tendo boa rentabilidade com o mercado de títulos, deram maior segurança ao mercado.
Os bancos comercializavam principalmente títulos de terceiros lastreado em empréstimos em
prol de utilizarem títulos próprios e assim ficavam alavancados – ou seja, faziam diversos
investimentos sem utilizar capital próprio; ainda utilizavam esses títulos para dar em garantia
na compra de mais títulos, essa prática a chama de “pirâmidização”.
Guttmann (1998) ainda cita outras inovações financeiras como contrato a prazo de
câmbio, contrato a prazo baseado em índice de bolsa e outros tipos de derivativos (por
exemplo, swaps), essas inovações tinham como principal finalidade proteger o preço dos
ativos, ou em outros casos, simplesmente para especuladores apostarem no futuro do
“dinamismo” do mercado, o que como sabemos, que caso eles acertem pode levar a grandes
ganhos, e se errarem levados a perdas irreparáveis; para termos idéia do tamanho do
investimento dos bancos em derivativos, os sete maiores dos Estados Unidos tinham USD
13,7 trilhões em contratos futuros de derivativos, share de 76,5% dos total dos 15 maiores
operadores e obtinham lucros com essas transações de 15 a 65% dos rendimentos
operacionais (GUTTMANN, 1998, p.82).
Com o mercado de derivativos em expansão, principalmente em épocas de futuros
incertos onde havia altos índices de preço, tornou-se uma prática muito utilizada por
empresas, bancos e investidores, no intuito de ganhar entre a diferença de taxas de compra e
venda de títulos futuros que proporcionava ganhos para quem estava aplicando e para os
bancos e corretoras através de comissões e direitos sobre o investimento.
Em relação às especulações no mercado, a que foi mais utilizada foi à especulação sob
divisas em âmbito mundial, que segundo Guttmann (1998, pag.83) por volta de 1998
representava USD 1,4 trilhões de movimentação diária – alguns números já foram postos no
inicio do capítulo, onde Chesnais (1996) fala de ataques especulativos sobre moedas como o
Franco Suíço; Guttmann (1998) diz que esse grande volume de operações trouxe uma maior
65
“Toda vez que as previsões são compartilhadas por muitos – o que muitas vezes
acontece, devido aos desequilíbrios que persistem nas balanças de pagamentos e à
natureza socialmente contagiosa das opiniões comunicadas e das sinalizações desse
mercado volátil -, a atuação conjunta de especuladores pode destruir facilmente a
capacidade dos bancos centrais se defenderem de suas moedas contra ataques
concentrados (GUTTMAN, 1998, pag. 83)”.
4.1. Introdução
34
COMMERCIAL PAPER (Instrumentos negociáveis, papéis de curto prazo). Obrigações de curto prazo, com
vencimentos que variam de 2 a 270 dias, emitidas por bancos, companhias e outros tomadores para subscrição
por investidores cujos recursos estejam temporariamente desaplicados (Downes e Goodman, 1993, Pag. 105).
67
Entende-se por Títulos de Renda Fixa, títulos que pagam em períodos definidos, certa
remuneração, a qual pode ser determinada no momento da aplicação ou no momento do
resgate 35; Segundo Fortuna (2008), Bônus são títulos de renda fixa lançados por empresas
nacionais, as quais conseguem atingir os mercados internacionais, pois estes títulos são
lançados nesses mercados com o intuito de captar recursos em valores elevados, Fabozzi
(2000) define como um instrumento de dívida o qual consiste o pagamento do principal
acrescido de juros por um prazo pré-determinado, o Banco Central do Brasil, define de forma
semelhante à Fabozzi, porém acrescenta que como o bônus é um instrumento de dívida, o
35
Informação extraída no Site da Corretora Um Investimento (www.uminvestimento.com.br) acessado dia 17 de
novembro de 2009 – corretora cadastrada junto a CVM com PL igual a R$ 11,5 milhões.
68
A Vale do Rio Doce captou US$ 1 bilhão ontem no mercado internacional através
da emissão de bônus globais. Os bônus terão vencimento em dez anos e serão
emitidos através da subsidiária Overseas Limited (Vale Overseas).
A empresa informou que os bônus vão render 5,727% ao ano, em cupom pago
semestralmente, ao preço de 99,232% do valor de face do título. Este rendimento
corresponde a um "spread" (margem de risco) de 2,25% acima dos títulos do
Tesouro americano de prazo equivalente.
“No mercado corporativo de "bonds" global com grau de investimento, Vale SA, a
maior mineradora do mundo, vendeu USD 1 bilhão em "bonds" de 10 anos no dia 8
de setembro. através de sua filial Vale Overseas Ltd, uma unidade de sua matriz no
Rio de Janeiro, emitiu "bonds" a 5,625 pontos percentuais com 99,23% do principal
com retorno de 5,73 pontos percentuais ou 2,25 pontos percentuais acima dos
Títulos do Tesouro dos EUA. 36”.
Através das reportagens acima, podemos analisar que o Jornal Valor Econômico
Utilizou o termo bônus e comparou o rendimento da emissão com os Títulos do Tesouro
36
“In the investment-grade U.S. corporate-bond market, Vale SA, the world’s biggest iron-ore miner, sold $1
billion of 10- year bonds on Sept. 8. Vale Overseas Ltd., a unit of Rio de Janeiro-based company, issued the
5.625 percent bonds that priced at 99.23 cents on the dollar to yield 5.73 percent, or 2.25 percentage points more
than U.S. Treasuries” (Bloomberg, Concho Resources Offers Debt as High-Yield Bond Spreads Narrow -
September 14, 2009).
69
Norte Americano, onde a Bloomberg fez o mesmo e utilizou o termo “Bond”, que se formos
comparar com outra emissão feita pela empresa JBS em abril de 2009, pelo período de cinco
anos, tanto o Jornal Valor Econômico como a Bloomberg continuam utilizando o termo bônus
e bonds – o primeiro “Com demanda alta, JBS capta US$ 700 milhões [em bônus] no
exterior” 37 e o segundo com o título “JBS vende USD 700 milhões de bonds de 5 anos com
retrono de 13% 38”.
Então para efeito de entendimento desse capítulo, vamos utilizar somente o termo
“bônus”, e quando necessário utilizaremos “bonds, notes e bills” somente para efeito de
comparação com os Títulos do Tesouro Norte Americano.
Segundo Fabozzi (2000), um bônus pode ter três tipos de emissores, (1) o Estado e
suas agências, (2) governos municipais, e (3) corporações nacionais ou estrangeiras – diz que
a natureza do emitente é uma das principais características, podendo ser classificado, por
exemplo, como mercado de bônus municipal e coorporativos, onde nesses, segundo Fabozzi
(2000) há uma alta diversidade de emitentes, diversidade essa para atender a demanda e a
dinâmica do mercado credor.
37
Jornal Valor Econômico de 23/04/2009
38
“JBS Sells $700 Million of 5-Year Bonds to Yield 13%”, Bloomberg.
70
O prazo até o vencimento, segundo Fabozzi (2000), é o prazo em anos que o emitente
contratou até o seu vencimento, que é quando a obrigação deixará de existir com pagamento
ao credor do principal. Segundo Fabozzi (2000), é pratica do mercado referir-se a “prazo até o
vencimento” somente como “prazo”, ou “vencimento”.
Fabozzi (2000) considera bônus de curto prazo aqueles emitidos entre um e cinco
anos, bônus de prazo intermediário entre cinco e doze anos e de longo prazo aqueles emitidos
com prazo superior a doze anos.
Segundo Fabozzi (2000), existem três razões que explicam a importância do prazo de
um bônus, a primeira que é lógica, estipula o tempo em que o credor espera para receber o
valor do principal que estará demonstrado em seu balanço patrimonial e em seu fluxo de
caixa, a segunda é que o rendimento é dependente do prazo, e a terceira, para mim
semelhante a segunda, o preço de um bônus flutuará no decorrer de seu prazo condicionado a
dinâmica do mercado – então quanto maior o prazo de vencimento do bônus, maior será sua
volatilidade de preço resultante da mudança nos rendimentos do mercado (FABOZZI, 2004,
p.4).
Segundo Fabozzi (2000) é prática nos EUA e no Japão a emissão de bônus com taxas
de cupom pagas semestralmente, o que ele chama de “semi-anuais” e a emissão no mercado
Europeu, conhecida como mercado de Eurobônus, os pagamentos dos juros são feitos apenas
uma vez ao ano.
Existe também, segundo Fabozzi (2000), um bônus onde somente se paga os juros
juntamente com o principal no vencimento da emissão, que é denominado de bônus de cupom
zero, sendo o valor dos juros final calculado, subtraindo-se o valor total pago pelo valor de
face.
De acordo com Fabozzi (2000), existem também os bônus com taxa flutuantes, onde a
taxa cupom é indexada a algum índice financeiro ou algum índice não financeiro com um
preço de uma commodity 39, essa indexação Fabozzi (2006) chama de benchmark. O normal é
a utilização desse benchmark, para quando o indexador subir, a taxa de juros também sobe, e
em contra partida, quando cai, o cupom também cai; porém pode existir o inverso, quando o
indexador sobe, a taxa de juros cai, e quando o indexado cai, o cupom sobe, esse mecanismo
Fabozzi (2000) chama de taxas flutuantes inversas (inverse floaters), os investidores utilizam
essa pratica como mecanismo de hedging 40. Saito e Procianoy (2007) cita como exemplo
bônus com taxa de juros flutuantes indexados a LIBOR 41:
Segundo Fabozzi (2000), nos anos 80 novas estruturas no setor de altos rendimentos,
tem oferecido diversas variações nas formas de pagamento de cupons, (Guttmann [1998]
chamou os títulos de alta rentabilidade, porém também de alto risco de “junk bonds”), que
pode acarretar pagamentos de altos juros pelas empresas ocasionando um estrago na estrutura
financeira, e principalmente na de capital – para isso as empresas envolvidas nesse tipo de
39 Commodities são produtos primários com grande participação no mercado internacional negociados em
bolsas de mercadorias (Bloomberg); de acordo com Downes e Goodman (1993) existem as Commodity-Backed
Bond, que é justamente o que Fabozzi cita, as obrigações lastreadas em commodities, vinculando o preço do
ouro (por exemplo) aos juros, e esse será pago de acordo com a variação do preço do ouro no mercado
internacional.
40 Estratégia usada para compensar investimentos de risco. Um hedge perfeito é aquele que elimina a
possibilidade de ganhos ou perdas futuras (DOWNES E GOODMAN, 1993, p.232).
41 LONDON INTERBANK OFFERED RATE (Taxa Interbancária do Mercado de Londres). Taxa de juros
preferencial, do mercado internacional, utilizada entre bancos de primeira linha no mercado de dinheiro
(BACEN).
72
cupom de alta alavancagem, o que Fabozzi chama de LBOs (Leveraged BuyOuts), têm
emitido bônus com cupons diferidos.
Bônus com juros diferidos são o tipo mais comum nos casos de alto risco, onde os
bônus são vendidos com desconto e não pagam juros por um período inicial, tipicamente
segundo Fabozzi (2000), de três a sete anos.
Existem também os cupons do tipo Pay-in-Kind, que segundo Saito e Procinaoy
(2007) possibilita o emissor pagar os juros em espécie ou em títulos adicionais; outro tipo é o
Step-Up Bonds (Segundo Fabozzi, 2000), chamado por Saito e Procianoy (2007) de Step
coupon, os quais mudam de níveis até o vencimento, mantendo suas características básicas,
podendo ser fixo ou flutuante (com benchmark), cita como exemplo a emissão realizada em
2003 da Cia. Brasileira de Petróleo Ipiranga, que pagava cupons duas vezes ao ano de 7,785%
a.a. até agosto de 2005 e depois disso pagava 9,875% a.a. até o seu vencimento (que foi em
dezembro de 2008).
Além de todos os tipos de Cupons mencionados acima, também podemos ter cupons
variáveis, que segundo Saito e Procianoy (2007), podem passar de fixo para flutuante, ou o
contrário; ou pode acontecer de um flutuante ter um indexador alterado em um determinado
período, abaixo um exemplo de título com cupom variável de fixo para flutuante:
Fabozzi (2000) diz que os cupons funcionaram como o indicador para o fluxo de caixa
do credor, a taxa do cupom também indica o grau até o qual o preço do bônus será afetado por
mudanças na taxa de juros.
42 Jurisdições onde grande parte das transações do sistema financeiro (ativas e passivas) envolve pessoas físicas
ou jurídicas não residentes na jurisdição e onde a maioria das instituições financeiras envolvidas são controladas
por não-residentes. Os centros offshore também se caracterizam por serem jurisdições que popularmente
oferecem tributação baixa ou zero, regulamentação frouxa do setor financeiro, regras mais severas de segredo
bancário e anonimato (BACEN).
74
emissões realizadas por offshores de empresas brasileiras, nove tinha cláusula de resgate,
sendo que seis tinha propósitos específicos ligados a matriz brasileira (CSN, Petrobras, PF
Export e Brazilian Merch) (SAITO E PROCINAOY, 2007, p.136).
Call; 5%
Sinking
Fund; 14%
Sem Cláusula;
69%
Fabozzi (2000) diz ainda que existem outras opções como direito na escolha de moeda
para pagamento, o que pode ser oportuno para aproveitar o pagamento com uma moeda
menos valorizada, tendo então, ganhos cambiais.
Fabozzi diz que é complexo à avaliação de opções embutida nos bônus, o que requer
do investidor e do emissor um profundo estudo e análise das vantagens e desvantagens dessas
cláusulas, podemos observar na figura (4), que existem emissões com mais de um tipo de
opção embutida, o que segundo Fabozzi (2000) torna ainda mais difícil a avaliação do bônus
em questão.
Segundo Fabozzi (2000) este tipo de risco é o mais enfrentado pelos investidores no
mercado de bônus, pois o preço de um bônus típico mudara de acordo com as taxas de juros
do mercado, se elas sobem, o preço do bônus cai, e se ela desce, o preço do bônus sobe. Como
já mencionado, pode se mitigar os riscos utilizando clausulas de call ou de put, dependendo
do lado, emissor ou investidor respectivamente.
Fabozzi (2000), diz que um investimento está diretamente ligado a juros sobre juros,
no sentido de que os cupons recebidos pelo investidor serão aplicados em alguma opção
disponível no mercado, porém essa taxa pode ser menor do que do que se o cupom fosse pago
anualmente, então, vai depender da estratégia utilizada pelo CFO de reinvestir os juros ganhos
e o valor dos juros naquele momento, podendo ser, vantajoso. Esse risco está diretamente
ligado ao riso de juros, pois se a taxa de juros cair, apesar que ele irá continuar ganhando
sobre cupons futuros, ele irá perder no juros sobre o cupom que pode ser aplicado.
investidor com este risco também está ligado ao risco de reinvestimento, e conseqüentemente
ao risco da taxas de juros.
Os ratings das agências, são classificados como “grau de investimento” (mais seguros)
e “grau especulativo” (menos seguros), e dentro desses são sub-classificados em escalas, no
caso da S&P e Fitch’s vão de “D” (menos seguros) a “AAA” (mais seguros) ao, e no caso da
Moody’s vão de “Ca” (menos seguros) a “Aaa”, podemos observar todos na tabela (5):
Segundo Saito e Procianoy (2007), outras considerações que são levadas em contas
pelas agências na concessão do rating de uma emissão, são análises se o título tem ou não
garantias de ativos, avais e cartas de crédito, bem como o grau de prioridade no recebimento
de ativos em caso de liquidação.
De acordo com Fabozzi (2000), os preços dos bônus vão variar de acordo com o seu
risco, os mais baratos com preços abaixo dos treasuries, e os mais caros com preço acima dos
treasuries. Nesse sentido, os investidores preocupam muito mais com o rating do título, do
que a inadimplência em si, pois a probabilidade de uma empresa quebrar é muito baixa, sendo
que uma percepção do mercado de alteração do nível de inadimplência afetará imediatamente
o preço do bônus (salvo em caso dos junk bonds).
78
Segundo Fabozzi (2000) os riscos cambiais estão relacionados a bônus com valor
expresso em moeda estrangeira e não a do país emitente, o risco está associado à variação
cambial, pois na data do pagamento não se sabe qual o valor convertido a ser pago, podendo
ser maior no caso de uma desvalorização, ou maior no caso de uma valorização da moeda
doméstica.
de USD 1.000,00, por um período de 20 anos e taxa cupom de 10%a.a., possui o seguinte
fluxo de caixa:
Então devemos considerar no fluxo de caixa quarenta entradas de USD 50,00, sendo
duas a cada ano, e no final do período, uma de USD 1.000,00 que é o valor de face. Neste
exemplo Fabozzi (2000) considerou um bônus sem opção de call.
Continuando a precificação dos bônus, Fabozzi (2000) espera um retorno de 11% a.a.,
ou 5,5% no semestre, utilizando a e equação 5 (calculo do valor presente de uma anuidade
ordinária):
1
1 − (1 + 0,055)40
PV = USD50,00 × = USD802,31
0,055
USD1000,00
PV = = USD117,46
(1 + 0,055)40
Segundo Fabozzi (2000), uma das propriedades fundamentais do bônus, é que seu
preço é indiretamente proporcional ao retorno exigido, isso ocorre porque o seu preço é igual
ao seu valor presente, podemos verificar essa propriedade através da tabela (6) e da figura (5),
80
considerando um bônus com prazo de 20 anos, e cupom de 10% a.a., com valor de face de
USD 1.000,00:
Retorno Retorno
Esperado Preço Esperado Preço
4,50% USD 1.715,44 9,50% USD 1.044,06
5,00% USD 1.623,11 10,00% USD 1.000,00
5,50% USD 1.537,77 10,50% USD 958,85
6,00% USD 1.458,80 11,00% USD 920,37
6,50% USD 1.385,65 11,50% USD 884,35
7,00% USD 1.317,82 12,00% USD 850,61
7,50% USD 1.254,86 12,50% USD 818,97
8,00% USD 1.196,36 13,00% USD 789,26
8,50% USD 1.141,95 13,50% USD 761,34
9,00% USD 1.091,29 14,00% USD 735,07
Tabela (6): Relação Preço Retorno de Um Bônus
Fonte: Fabozzi, 2000, p. 32
USD 1.700,00
USD 1.500,00
USD 1.300,00
Preço
USD 1.100,00
USD 900,00
USD 700,00
1 2 3 4 5 6 7 8 Retorno
9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Segundo Fabozzi (2000), na dinâmica do mercado a única variável do bônus será seu
preço, compensando o investidor com o novo retorno exigido, como podemos visualizar na
tabela (6), o preço do bônus foi igual ao seu valor de face no momento em que o retorno
exigido foi igual a sua taxa cupom, então quando os retornos de mercado se elevam acima da
taxa do bônus oferecido, os investidores exigem algum juro adicional, pois se assim fosse não
haveria demanda para as emissões.
Quando um bônus é vendido abaixo do seu valor par, diz-se que esse bônus foi
vendido com desconto, para isso acontecer à taxa de retorno exigida deve ser maior que a taxa
cupom (Fabozzi, 2000).
Quando um bônus é vendido acima do seu valor par, diz-se que esse bônus foi vendido
com prêmio, para isso acontecer à taxa de retorno exigida deve ser menor do que a taxa
cupom (Fabozzi, 2000).
Nesta última situação, o bônus estaria sendo vendido por um preço maior do que o
mercado exige, portanto seria muito atraente para os investidores, o que rapidamente devido à
alta procura iria alinhar o preço do bônus ao seu valor par, podendo até cair novamente para
abaixo do valor de face, onde posteriormente, com a dinâmica do mercado, iria aumentar com
a falta de demanda.
4.5.3. Relação entre preço do Bônus e Tempo, se as taxas de Juros Permanecerem estáveis
De acordo com Fabozzi (2000), em uma situação em que o retorno exigido não altere
durante o prazo até o vencimento, considerando-se valor exigido igual o valor par, o preço
será o mesmo até o final, porém em uma situação onde o bônus é vendido com desconto, ele
irá buscar o valor de face até o vencimento final, o que também ocorre com o bônus vendido
com prêmio, o que pode ser observado nas figuras (6) e (7) logo abaixo:
82
Preço
USD 1.000,00
USD 975,00
USD 950,00
USD 925,00
USD 900,00
USD 875,00
USD 850,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41
Preço
USD 1.100,00
USD 1.075,00
USD 1.050,00
USD 1.025,00
USD 1.000,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41
Fabozzi (2000), conclui que o preço de um bônus pode mudar devido as seguintes
razões:
Segundo Fabozzi (2000) os gerentes de carteira trabalham com três tipos de retorno de
investimento em bônus, o primeiro o retorno corrente, o segundo retorno até o vencimento e o
último, retorno até o resgate – Fabozzi (2000) diz que o termo utilizado para retorno no
mercado de bônus, vem do inglês Yield.
O Retorno Corrente ou Current Yied (CY), é o retorno que relaciona os juros do cupom
ao preço de mercado, porém, segundo Fabozzi (2000), este retorno não dá qualquer estimativa
de rendimento futuro, pois não é dada nenhuma consideração sobre o ganho de capital que o
investidor realizará.
De acordo com Fabozzi (2000), o Retorno até o Vencimento ou Yield to Maturity
(YTM), leva em conta a receita corrente dos cupons e qualquer ganho ou perda de capital,
considerando também o timing dos fluxos de caixa, podendo ser relacionado com o Current
Yied da seguinte forma:
Este tipo de retorno segundo Fabozzi (2000) está relacionado com os bônus que tem
opção de call, ou seja, que pode ser resgatado antes da data de vencimento, podendo ser feito
um cálculo para cada possível data de resgate do bônus; é a taxa de juros que fará com que o
84
valor presente dos fluxos de caixa seja igual ao preço do bônus se este for resgatado na
primeira data de resgate (Fabozzi, 2000, p. 56), então o cálculo será feito com a simulação de
várias taxas de juros que irão decorrer até o prazo de vencimento.
(1) Letras do tesouro com prazo máximo de um ano, negociados com desconto e não
realizam pagamento de cupom, pagam o valor de face no vencimento, conhecidos
como Treasury Bills, que podem ser emitidos para gerenciamento de caixa, chamados
de cash management bills, com prazo igual ao esperado para cobrir a insuficiência de
caixa.
(2) Notas do tesouro com vencimento entre dois e dez anos, com pagamentos de
cupom semestrais, conhecidos como Treasury Notes.
(3) Bônus do tesouro com vencimento superior a dez anos, também com pagamentos
de cupom semestrais, conhecidos como Treasury Bonds.
Segundo Fortuna (2000), os bônus e notas do tesouro não são resgatáveis, salvos os
que foram emitidos antes de 1985 que são resgatáveis a cinco anos do vencimento.
Os títulos do Tesouro dos EUA, segundo Fortuna (2008) podem servir como garantia
real de empréstimo, onde é feito um acordo de recompra (repo), com compra futura no
momento da liquidação do empréstimo. Pode existir um repo overnight que é a garantia de
um empréstimo de um dia ao outro, e passado disso são denominados de repo a prazo.
para isso é necessário a constituição de um agente fiduciário (em inglês coporate trustee), que
é a terceira parte do contrato, o qual ficará como representante dos interesses do investidor.
De acordo com Fabozzi (2000), a maior parte dos bônus corporativos existentes são
conhecidos como a termo, caracterizados por terem um data de vencimento e a partir dessa
torna se vencido e pagável.
Em relação à denominação quanto ao prazo, Fabozzi (2000) entra na discussão
mencionada no inicio do capítulo, comparando também os nomes ao treasuries, onde até dez
anos para notes, porém ele mesmo entra em contradição, falando que os notes estão
usualmente sendo utilizados no mercado para títulos especiais de prazo maior do que dez anos
e bônus para prazos superiores a vinte e trinta anos – ele mesmo conclui que é melhor a
utilização do termo bônus para todos os títulos e melhor compreensão do livro de sua autoria.
Ainda quanto ao prazo de vencimento dos bônus corporativos, Fabozzi (2000) entra na
questão da existência do bônus seriado, que é uma emissão arranjada em que montantes não
vencendo em datas específicas.
A primeira garantida citada pro Fabozzi (2000) são os imóveis (onde é utilizando a
hipoteca) ou bens pessoais, que concede ao investidor direitos sobre os bens, onde em caso de
não cumprimento das obrigações, o credor pode executá-las vendendo os ativos e satisfazendo
as obrigações que não foram pagas, porém Fabozzi (2000) cita que a utilização das garantias
não é muito utilizada, normalmente quando ocorre situações de inadimplências, é feita uma
reorganização financeira para estruturar uma forma de pagamento da dívida – mas o detentor
do bônus com a garantia hipotecária na mão consegue uma melhor negociação, pois claro, o
tomador não irá querer perder o seu ativo.
Segundo Fabozzi (2000), como garantia nas emissões pode também ser utilizado
títulos, ações, notas e até mesmo outro bônus que o emissor possua – Fabozzi (2000), chama
estes ativos de cauções, também conhecido como propriedade pessoal; os bônus que são
garantidos por caução, são chamados de bônus garantidos por títulos caucionados, em inglês,
collateral trust bonds.
88
De acordo com Fabozzi (2000), o termo bônus garantidos é utilizado para uma
emissão que tenha outra entidade garantidora em caso de não pagamento das obrigações,
podendo esta garantir e caso necessário pagar juros e / ou principal.
Nos bônus corporativos também podem ser utilizados opções embutidas, como a de
call (resgate antecipado), existem todos os riscos já mencionados no item 4.4 deste capítulo,
além da emissão e do emissor também ser classificado por uma ou mais agências de
avaliação, também já citados no mesmo no item 4.4.4.
Os Junk Bonds, como já observado por Guttmann (1998) e Fabozzi (2000), são bônus
de alto retorno, porém de alto riso, pois possuem classificação abaixo do triplo B, então se
enquadram em títulos de rating de grau especulativo, este rating pode ser indicado no
momento da emissão (bônus de alto retorno na emissão original) ou posteriormente
rebaixados, como por exemplo, a empresa emissora aumentou consideravelmente o seu índice
de endividamento, nesse caso Fabozzi (2000) chama os títulos de “anjos caídos”, ou por
outros motivos.
Segundo Brealey e Myers (2003), os rendimentos dos Junk Bonds, prometem
rendimentos maiores do que os treasuries, chegando até 9% de spread (Brealey e Myers,
2003, p.256), esse ganho sobre o títulos do Tesouro podem ser vistos na figura (7), porém o
índice de inadimplência é muito alto.
Segundo Fabozzi (2000), as corporações que emitem esse tipo de bônus estão
alavancadas e tentando se recapitalizar, porém seu fluxo de caixa está bem restrito e claro,
com séries dificuldades para cumprir a obrigação contratada, portanto, normalmente elas
utilizam opções de juros diferidos.
89
Pela tabela (8), segundo Fabozzi, no caso da emissão da Coca Cola, um distribuidor no
mercado secundário está oferecendo ela a 80 pontos base acima dos Treasuries com mesmo
vencimento, e existe comprador oferecendo 72 pontos base acima dos Treasuries – sempre o
preço de venda será menor do que o de compra, pois considera-se pela visão do investidor,
que claro quer pagar menos.
Observamos também na tabela (8) que os títulos de alto rendimento realmente têm um
cupom bem maior, e prazo bem menor, tanto é que todos demonstrados já venceram, de
acordo com a fonte (Fabozzi, 2000, p.204), os dados são do Terminal Reuters em 30 de
dezembro de 1993, portanto esses dados estão defasados em 16 anos – para termos uma idéia
de como essas informações são demonstradas atualmente, buscamos no sítio da FINRA 45
(acessado dia 25 de novembro de 2009) dados dos títulos mais negociados do dia, tanto para
os de grua de investimento, quanto para os de auto rendimento, que podem ser observados na
tabela (9), que mostram ganho em preço e retorno (%) sobre os treasuries.
De acordo com Fabozzi (2000), além do preço negociado no mercado secundário, o
investidor deve pagar o cupom acumulado até aquela data ao vendedor, lembrando que na
base de cálculo deve-se considerar o ano como 360 dias (12 meses iguais de 30 dias) – o que
Fabozzi (2000) chama de calendário corporativo “30/360”.
Figura (10): Títulos mais negociados (Investment Grade Bonds and High Yield Bonds) - Adaptado
Fonte: FINRA (www.finra.org – acessado em 25 de novembro de 2009)
classificação, os junk bonds ainda tiveram melhor desempenho do que os com rating triplo
“B” ou superior.
Segundo Fabozzi (2000) até meados dos anos 80, o mercado americano de títulos, que
é considerado o maior do mundo, faziam investimentos somente no mercado doméstico por
motivos de desconhecerem os demais mercados globais e as taxas de juros existentes nesses.
Porém, com o decorrer dos anos e a internacionalização do capital, conforme visto no
capítulo anterior, os investidores americanos segundo Fabozzi (2000), começaram a ter uma
melhor visão do mercado de títulos externos como fontes potenciais de melhores retornos e
redução de riscos, sendo assim iniciaram o investimento em bônus de vários países.
De acordo com Fabozzi (2000), não existe um sistema uniforme para classificação dos
setores do mercado global de bônus, o autor segue a mesma classificação de Saito e Procianoy
(2007), que também diz que existe um dificuldade na classificação desses mercados, porém os
dois autores faz a distinção em mercado interno de obrigação e mercado externo de obrigação,
porém Saito e Procianoy (2007), além de subdividir em interno e externo, cita também a
existência de um mercado global de bônus, que para ser classificado como tal, deve ocorrer
uma emissão simultânea tanto no mercado interno e externo de obrigação, e nesse sentido
apesar de não fazer nenhuma distinção, Fabozzi (2000) cita que o primeiro bônus
“verdadeiramente” global, foi emitido em setembro de 1989 pelo BIRD tendo as
características mencionadas acima, ou seja, o banco mundial emitiu bônus Yankees e ao
mesmo tempo emitiu Eurobônus, que vamos ver logo abaixo a diferença entre os dois; outro
forte indicio que Fabozzi (2000) segue essa mesma teoria, e acredito que Saito e Procianoy
(2007) se baseou em Fabozzi (200) para fazer esta distinção, é que Fabozzi (2000) diz que
uma entidade que tenha interesse em emitir bônus globais, deve ter três características: (1) a
entidade deve ter uma demanda consistente por recursos; (2) o montante de recursos
necessários deve estar regularmente em torno de USD 1 bilhão; e (3) o emitente deve ter uma
alta classificação de crédito.
Portanto, seguimos a mesma idéia dos dois autores em relação à difícil tarefa de
classificar os mercados externos de bônus, então deixo o mercado global de bônus como
93
citado acima e separado abaixo para melhor compreensão o mercado interno e externo de
bônus.
(1) restrições quanto às estruturas de bônus que podem ser emitidos (por exemplo,
dívidas não garantidas, bônus de cupom zero, bônus conversíveis); (2) restrições
quanto ao porte mínimo ou máximo de uma emissão ou quanto à freqüência com
que o emitente pode ir ao mercado; (3) um período de espera antes que um emitente
possa levar a emissão ao mercado (exigência para evitar um excesso de oferta de
emissões); (4) um padrão mínimo de qualidade (classificação de crédito) para a
emissão ou para o emitente; (5) requisitos de divulgação e de apresentações de
relatórios periódicos; e (6) restrições quanto aos tipos de instituições financeiras
com permissão para subscrever as emissões (FABOZZI, 2000, p.263).
94
O mercado externo de obrigação segundo Fabozzi (2000) pode ser denominado por
vários nomes, mercado internacional de bônus, mercado offshore de bônus, e mercado de
Eurobônus.
Segundo Saito e Procianoy (2007), um eurobônus consiste em um título de bônus
emitido em uma moeda diferente do país de emissão, e também por um emissor não residente
no país, como exemplo as obrigações de uma empresa brasileira emitida em dólares em
Luxemburgo.
De acordo com Saito e Procianoy (2007) a emissão deve ter quatro características:
Segundo Saito e Procianoy (2007), o tipo de emitente pode ser de qualquer natureza,
inclusive organizações multilaterais
De acordo com Saito e Procianoy, a maioria das emissões globais são realizadas em
dólares norte-americanos, os quais são chamados de eurodólar – se fossem emitidos por
exemplo em Iene japonês, seria chamado de euroiene.
Segundo Saito e Procianoy (2007), uma das vantagens de emissão no euromarket, é a
possibilidade de escolher a moeda que mais for conveniente, sem ter de sujeitar como no
mercado interno as restrições impostas pelo governo local, que no mercado global não
existem – porém na pratica, somente os EUA e o Canadá não impões restrições.
De acordo com Fabozzi (2000), as operações de emissão de bônus, são normalmente
registradas em bolas de valores nacionais, as mais comuns são de Luxemburgo, Londres e
Zurique – mas as negociações realmente ocorrem em mercados secundários, principalmente
em mercados de balcão.
95
No período de 1998 a 2004 tivemos 140 emissões, totalizando USD 19,607 bilhões,
onde chegamos a média aritmética de USD 140 milhões por emissão – sendo que muitas
foram menores do que a média, a menor de USD 1,23 milhões (Banespa – Bancos) e a maior
neste período USD 813,5 milhões (pela Sociedade Topo – sociedade propósito específico),
27% das emissões estão entre USD 1 e USD 30 milhões (SAITO E PROCIANOY, 2007,
p.129).
De acordo com Saito e Procianoy (2007), a maior parte das emissões brasileiras são
realizadas em dólares americanos, seguido pelo Euro em proporção bem menor, e desde 2005
empresas brasileiras fizeram emissões em moeda nacional, o qual do total já representa 5,71%
do total da amostra, conforme podemos ver na figura (11) do gráfico das moedas em que são
denominadas brasileiras no euromarket. Exemplos de emissão brasileiras em reais no
euromarket segundo Saito e Procianoy (2007) são do Banco Votorantim (USD 100 milhões,
36 meses, cupom anual entre 16,6% e 17,35%) e do ABN AMRO Bank (USD 100 milhões, 5
anos, e cupom anual entre 16,2% e 16,7%). De acordo com relatório da BCP Securities,
existem nove títulos emitidos em reais, como podemos observar detalhadamente na tabela (9).
Para facilitar as emissões estrangeiras, empresas brasileiras abrem subsidiárias em
centros offshores, exemplo de empresas Vale, Petrobras, CSN e diversos bancos, Itaú,
Unibanco, ABN AMRO, Banco Mercantil do Brasil, os quais abriram subsidiárias offshores
nas Ilhas Cayman.
96
Valor
Rating Yield Yield
Emissor (BRL - Cupom Vencimento
Mood/S&P/Fit Compra Venda
Milhões)
Banco ABN
150 Baa2//BBB 16,2% 22/02/2010 9.03% 7.69%
AMRO Real S/A
Eletropaulo
474 /BB-/BB- 19,1% 28/06/2010 10.06% 6.48%
Metropolitana
Banco Votorantim Baa2/BB+/
200 10,6% 10-Apr-14 10.91% 9.49%
Nassau Branch BBB-
CESP 750 Ba2 / B / 9,8% 15/01/2015 9.68% 8.54%
Merrill Lynch &
638 A2 / A / A+ 10,7% 08/03/2017 12.62% 11.11%
CO
Banco Safra S.A. Baa3 /BB+
300 10,9% 03/04/2017 12.34% 11.28%
/BBB-
Morgan Stanley 1.100 A2 / A / A 10,1% 03/05/2017 11.94% 11.51%
Banco do Brasil Baa2 /BBB-
350 9,8% 18/07/2017 10.52% 9.75%
/BBB-
Ambev Cia. Br. de aa3 / BBB /
300 9,5% 24/07/2017 10.26% 9.68%
Bebidas BBB
Total 4.262
Tabela (9): Emissões brasileiras em BRL
Fonte: BCP Securities, LLP
USD; 76,43%
A Vale do Rio Doce, por exemplo, com a emissão de USD 1 bilhão de títulos em
janeiro de 2006, levantou apenas USD 999,7 milhões, pois os títulos foram lançados
a 99,97% do valor de face. Das emissões brasileiras no euromarket de janeiro de
1998 a janeiro de 2006, apenas 28,85% foram colocadas com o valor de face;
65,38% das emissões foram feitas com deságio, ou seja, com um preço inferior ao
valor de face e 5,77% com ágio, ou seja, com valor superior ao valor de face
(SAITO E PROCIANOY, 2007, p.140).
Para termos uma melhor idéia quanto ao custo de emissão cobrado pelos bancos
líderes (coordenadores), analisamos a tabela (10):
Valor Custo
Valor de Face
Emissor Banco Líder Emitido/Valor Emissão/Valor
(Milhões)
de Face de Face
Vale Overseas Ltd J.P. ‘Morgan Securities USD 1.000 99,97% 0,10%
BMG S.A. Bank of New York USD 200 100,25% 1,45%
BMG S.A. Bank of New York USD 300 98,05% 1,05%
Banco do Brasil Bank of New York
S.A. USD 500 100,00% 0,14%
Cosan S.A. J.P. Morgan Chase Bank USD 200 99,01% 1,51%
Embratel Deutsche Bank Truste USD 275 99,51% 0,81%
Unibanco Bank of New York
Truste USD 500 100,00% 2,20%
Tabela (10): Alguns dados de custos de emissão e bancos líderes de eurobônus brasileiros
Fonte: Saito e Procianoy, 2007, p. 140
Observando os valores, emissões de USD 100 a 500 milhões custaram entre 1,07 e
1,53 pontos percentuais e as maiores com custos inferiores – exceto a emissão do Unibanco
com um custo elevadíssimo, que segundo Saito e Procianoy (2007) consiste numa
perpetuidade.
4.10.1. Clearing
De acordo com Saito e Procianoy, com o intuito de solucionar esses problemas, foram
criadas câmaras de compensação internacional, a Euroclear situada em Bruxelas (desde 1968)
e a Cedel (Clearstream) sediada em Luxemburgo (desde 1970) e as liquidações de compra e
venda são processadas através meios de instrução padronizados via Telex ou Swift, ou
sistemas on line da Cede ou da Euroclear.
Se tratando de emissões no mercado americano, de acordo com Saito e Procianoy
(2007), devem ser registradas na Depositray Trust Company (DTC), que é uma Instituição
Fiduciária de Depósitos ligada a Securities Exchange Commission (SEC).
4.11.1. Hipotecas
De acordo com Fabozzi (2000), uma hipoteca é um financiamento que tem como
garantia real um imóvel especifico (imóvel residencial ou não residencial) obrigando o
tomador a realizar uma série de pagamento até a data o vencimento do prazo. O credor de
posse da hipoteca pode executar a garantia, ou seja, tomar o imóvel do tomador em caso de
inadimplência como medida de asseguração do pagamento da dívida.
Os participantes no mercado de hipoteca conforme Fabozzi (2000) são: os (1)
originadores hipotecários, que são os credores, os três tipos principais são os bancos
comerciais, bancos hipotecários e instituições de poupança; (2) os servidores de hipoteca, que
funcionam como um intermediador, no sentido de fazerem cobranças, manutenção e
gerenciamento de saldo, procedimentos de iniciação de execução, inclui nesses, entidades
semelhantes ao credor original; (3) seguradores de hipotecas, dividido em dois tipos, (a)
originado pelo credor chamado de seguro hipotecário privado, que pode ser assegurado por
agências como a Mortgage Guaranty Insurance Company (subsidiária da Northwestern
Mutual), e a PMI Mortagage Insurance Company (subsidiária da Sears, Roebuck), e (b) um
seguro contrato pelo próprio tomador, normalmente contratado em uma seguradora de vida
que garante pagamento da hipoteca em caso de morte, podendo os beneficiários continuar
residindo no imóvel.
100
Os riscos associados às hipotecas de acordo com Fabozzi (2000) são os (1) riscos de
inadimplência, que é o principal; (2) risco de liquidez, onde o autor cita que apesar da
existência de um mercado secundário ativo de empréstimos de hipotecas trabalham com
grandes spreads de compra e venda comparadas a outras dívidas, o que torna um tanto
ilíquidos por serem grandes e indivisíveis; (3) risco de taxa de juros, como já discutido nos
riscos dos bônus; (4) risco de pagamento antecipado, pois o tomador pode pagar
antecipadamente suas parcelas atrapalhando o fluxo de caixa do credor, o qual então deve ser
considerado e provisionado.
Conforme Fabozzi (2000), os títulos emitidos pela Freddie Mac são chamados de
certificado de participação (PC), são classificados com alto grau de segurança, esses títulos
são compostos por hipotecas individuais, que reunidas formam um pool e vendidas no
mercado, ou podem servir em operações de swap para os originadores de hipotecas trocando
um pool de hipotecas existentes em sua carteira por um PC de um mesmo valor.
Os títulos hipotecários emitidos pela Fannie Mae, são denominados títulos com lastro
em hipoteca (MBSs), não garantidos pelo governo dos EUA possui programa de swap
semelhante ao da Freddie Mac e também os vendem no mercado, porém ela possui quatro
programas diferentes para as vendas, três vendendo de forma padrão, com pools lastreados em
empréstimos hipotecários, e um último com empréstimos hipotecários de taxas ajustáveis,
conhecidos como títulos de butique (butique securities).
102
Segundo Fabozzi (2000), os títulos de emissão privada são emitidos por bancos
comercias, instituições de crédito e poupança e conduítes privados, esse últimos são vendidos
sem garantia algum; os principais emitentes de títulos de emissão privada lastreadas em
hipótecas (títulos hipotecários e CMO – collaterized mortgage obligations) em 1993 segundo
Fabozzi (2000) eram Prudential Home, Residential Funding Coorporation, GE Capital
Mortgage, Ryland/Saxon Mortgage, Countrywide, Chase Mortgage Fianance e
Citicorp/Citibank Housing. Todas as emissões privadas devem ser registradas junto a SEC.
De acordo com Fabozzi (2000) os títulos de emissão privada são classificados através
das agências de avaliação já mencionadas nesse trabalho (item 4.4.4) e podem requerer um
grau de reforço de crédito para melhorar sua classificação, que pode ser interno ou externo, ou
de ambas as partes.
Segundo Fabozzi (2000), os emissores estimam o fluxo de caixa dos títulos
hipotecários estimando os pagamentos antecipados, sendo convencional utilizar um
benchmark de pagamentos antecipados da Public Securities Association (PSA), que é uma
séria de índices condicionais de pagamentos antecipados, para saber o fluxo de caixa
(FABOZZI, 2000, p.352), além de também considerarem os índices de inadimplência,
utilizando outro benchmark, um índice de inadimplência pela Public Securities Association.
Os títulos de emissão podem ser negociados no mercado da mesma forma que os
Títulos do Tesouro com cupom.
Certamente, se o leitor vem acompanhando o mercado nos últimos anos, ao ler os itens
acima, como Mercado Imobiliário, Hipotecas, Títulos Lastreados em Hipotecas, Fannie Mae,
Freddie Mac, pensou na hora na tão discutida crise do subprime que abalou o mercado em
meados de 2007, onde instituições financeiras vêm passado por grandes apertos financeiros,
103
algumas indo à falência e outras recorrendo à ajuda dos governos para também não
quebrarem.
Segundo Gontijo e Oliveira (2009) o mercado de hipotecas americano pode ser divido
em prime e subprime, diferentemente do primeiro onde os tomadores dão entrada e
conseguem comprovar renda, nas hipotecas subprime o tomador não é capaz de dar entrada e
não comprava renda alguma, sendo assim, conforme Folha Online (2008), são caracterizados
por alto risco de inadimplências em relação as demais categorias, porém, em contra partida as
taxas de empréstimos são mais atraentes, ou seja, possuem um spread muito alto.
Segundo a Folha Online (2008), com a crise de 2001 das empresas “.com”, o FED
reduziu sua taxa de juros para estimular o desenvolvimento da economia norte americana, em
2003 por exemplo chegou em 1% ao ano e com isso o mercado imobiliário americano
aproveitou a oportunidade, onde a demanda por imóveis cresceu de forma surpreendente.
De acordo com a Folha Online (2008), no ano de 2005 era um excelente negócio
comprar uma casa, ou até mesmo mais de uma, atraindo não só pessoas procurando a casa
própria, mas também investidores – o que ocasionou a procura por novas hipotecas para novas
aquisições e até mesmo para quitar as dívidas e investir em novos negócios imobiliários.
Alberto Magno Rocha Filho, em 2008 quando Economista Senior do Banco Mercantil
do Brasil, adaptou uma explicação fornecida pela “Execution Broker” de forma bem didática
sobre o início da crise americana, onde criam um personagem, “Paul”, americano que
comprou um apartamento no inicio dos anos 90 por USD 300 mil e em 2006 seu apartamento
estava valendo USD 1,1 milhão, e então um banco americano ofereceu dinheiro emprestado
para Paul, algo em torno de USD 800.000 e aceitando seu apartamento como garantia real do
empréstimo, ele aceitou e então originou uma nova hipoteca de USD 800 mil.
Paul, que acompanhava o mercado, observou que os imóveis valorizavam cada vez
mais e comprou outras três casas em construção, dando USD 400.000 de entrada e o restante
financiado pelo banco gerando novas hipotecas, os outros USD 400.000, Paul como bom
consumista americano, comprou carro novo, televisão, laptop para família toda, liberou o
cartão de crédito para esposa e como Alberto satirizou, “comprou mais 1634 cuecas”.
Os originadores hipotecários que já estavam financiando casas como nunca antes visto
perceberam um novo negócio – financiamento imobiliário facilitado para clientes
“subprime”, começou-se então, a geração de novas hipotecas subprime, que como já dito, de
alto risco, entretanto, de alto retorno, e o alto retorno atraiu diversos grandes investidores que
passaram a comprar títulos “subprime”.
104
De acordo com a Folha Online (2008), os altos retornos do subprime atraíram gestores
de fundos que compravam as hipotecas dos originadores e com isso tinham novos recursos
para novos financiamentos, até mesmo emprestando novas quantias para tomadores que já
tinham operações financiadas e ainda não quitadas (caso do Paul), gerando assim novas
hipotecas 46, as quais tinham demanda por novos gestores de títulos com interesse nesses
papéis de alto spread e assim foi gerado um enorme pool de títulos lastreados em hipotecas.
Segundo Gontijo e Oliveira (2009), as seguradoras Fannie Mae, Freddie Mac e Ginnie
Mae, garantiam os créditos hipotecários que eram vendidos aos investidores; os primeiros
pools não tinham muitas hipotecas do tipo subprime, porém algumas instituições financeiras
lançaram mão das garantias, fazendo pools misturando-se prime com subprime e no final das
contas quase 80% (Gontijo e Oliveira, 2009, p.36) dos títulos obtinham classificação de grau
de investimento, sendo assim, as hipotecas que eram subprime por natureza, com rating
elevado acabou transformando-se em “prime”, atraindo novos investidores a títulos bem
classificados e com alto retorno – o que certamente, em um mundo com alta demanda
capitalista e “globalizado”, atrai investidores, porém também especuladores ao ganho sobre o
capital financeiro.
Nesse novo e rápido sentido, as novas carteiras de créditos hipotecários, segundo
Gontijo e Oliveira (2008), foram rapidamente securitizadas em MBSs e CDOs trazendo ainda
mais confiança e apetite aos investidores.
Porém, de acordo com a Folha Online (2008), se o tomador do empréstimo ficar
inadimplente irá afetar todo o caminho até a outra ponta, que é o investidor que está com o
papel em mãos – nesta lógica, se vários tomadores deixarem de pagar, todos os investidores
ficaram no prejuízo, podendo acarretar uma crise de liquidez retraindo a oferta de crédito por
parte dos financiadores que não mais terão confiança para emprestar.
“Após atingir o pico em 2006, os preços dos imóveis, no entanto, passaram a cair, os
juros do FED, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crédito e afastaram
compradores; com isso a oferta começou a superar a demanda e, desde então, o que
se viu foi um espira descendente no valor dos imóveis (Folha Online, 2008,
acessado dia 26 de novembro de 2009).
Com isso, as casas que Paul tinha comprado e ainda estavam em construção, tiveram
brusca queda de valor e ainda estavam sem liquidez, então Paul, como fez anteriormente
recorreu novamente ao banco para fazer um novo financiamento e investir em novas casas,
46
Esses mecanismo de novos empréstimos para quem ainda tem saldo devedor, Oliveira e Gontijo (2008)
chamam de piggyback, que traduzido ao pé da letra “retorno do porquinho”.
105
porém, muitos tiveram a mesma idéia de Paul, e assim as taxas de juros começaram a subir e
Paul viu que pegar um novo empréstimo não seria vantajoso e ainda com a elevação das taxas
de juros, suas prestações mensais que eram pós fixadas também começaram a subir.
Na medida em que o tempo foi passando, Paul como milhões de americanos, iam
sustentando na medida do possível o pagamento de todos os financiamentos existentes, do seu
apartamento, das casas em construção para revender, do carro novo, dos laptops, do cartão de
crédito da esposa e também das “cuecas” – bem, as casas de Paul ficaram prontas, hora de
vender! Porém, Paul não conseguiu revender suas casas e ganhar dinheiro (como outros
milhões de compatriotas), pois não tinham compradores e quando tinha, pagavam um preço
muito menor do que havia pago, com isso, Paul, que já estava apertado financeiramente não
agüentou pagar as prestações e ficou inadimplente como muitos outros milhões de americanos
especuladores como ele.
Paul, ao tentar renegociar a divida com seus credores, não obteve sucesso, os credores
executaram a garantia das três casas, perdendo todo seu investimento, resultado: estava
quebrado e sem dinheiro para ele e sua família consumir.
O grande problema, era que existiam milhões de “Pauls” que deixaram de pagar suas
hipotecas e os bancos haviam transformado as hipotecas dos milhões de Pauls em títulos,
conhecidos como bônus lastreados em hipotecas, os quais passaram a ser negociados pelo
valor de face e no final das contas não estavam valendo mais nada – como disse Filho (2008)
“viraram pó”, “pó” que era constituído por bilhões de dólares americanos e estavam
espalhados por todo o mercado internacional, EUA, Europa e Ásia, sendo a maior parte em
mãos dos bancos americanos.
As garantias dos “Pauls” que eram imóveis no valor do empréstimo, tiveram também
uma brusca queda de preço e mesmo assim não havia compradores, foi uma bolha em ciclo
que não sustentou-se, então a bolha estourou, atingindo fortemente os bancos, principalmente
os americanos, acabando com a “farra do crédito fácil”.
crédito”, nem Paul, nem seus seguidores e nem quem tinha nada haver com os negócios no
mercado imobiliário conseguiam dinheiro emprestado.
“O medo de perder o emprego fez a economia travar. Recessão é sentimento, é medo.
Mesmo quem pode, para de consumir (Filho, 2008) – estava estruturada a crise do Subprime
.
“No mundo da globalização financeira, créditos gerados nos EUA podem ser
convertidos em ativos que vão render juros para investidores na Europa e outras
partes do Mundo. Por isso o pessimismo influência os mercado globais (Folha
Online, 2008, acessado dia 26 de novembro de 2009).”
47 Corporação Federal de Seguro de Depósito – órgão que garante operações do setor bancário dos EUA.
107
Com toda essa crise e a falta de confiança dos mercados internacionais, tiveram como
efeito a escassez de crédito para capitalização das empresas privadas, financiamento e
desenvolvimento da economia global. Como exemplo a BM&F BOVESPA (Bolsa de Valores
de São Paulo) teve o ápice do seu principal índice (Ibovespa) em maio de 2008
acompanhando as bolsas de valores mundiais e com a falta de confiança dos investidores,
realizaram seus lucros e começaram a retirar investimentos derrubando os índices conforme
pode ser visto na tabela (11):
Com tudo isso, concluo, o que começou com Paul, afetou o mundo inteiro.
108
5. CONCLUSÃO
Nesse momento a minha esquerda existe uma pilha de livros de quase meio metro,
somando certamente mais de 5000 páginas – que levando em conta o tema e o objetivo
propostos, foram muito bem aproveitadas e apesar de que sempre queria escrever algo mais
do que as pouco mais de cem páginas existentes nessa monografia, creio que, consegui
alcançar o almejado.
Consegui falar sobre finanças: o que ela é, como as empresas fazem seus registros
financeiros, um pouquinho de como as finanças tem um papel importante no desenvolvimento
econômico, em quais sistemas as finanças estão inseridas e os mercados e agentes existentes
dentro desses sistemas – minha intenção nesse capítulo era de dar toda base necessária ao
leitor para ter uma noção ou rever alguns conceitos e características fundamentais para darem
seguimento na leitura e compreensão deste trabalho, espero ter conseguido.
No tema Internacionalização do Capital, denominado de Globalização Financeira,
entrou em análise, Globalização, em ênfase Globalização Financeira, onde vimos que é um
mito o seu conceito ao pé da letra, mercados globalizados são na verdade mercados
monopolizados pela hegemonia das principais economias capitalistas que tentam e conseguem
impor suas diretrizes financeiras ao resto do mundo, que por opção e muitas vezes sem saída,
acabam adaptando-se a elas e levando desvantagem. Seria sim, interessante uma globalização
em que houvesse mais disciplina dos mercados e menos interesse dos grandes em tomar dos
pequenos – vimos também que, a globalização financeira trouxe entre outras inovações, o
mercado de dívidas através de títulos financeiros.
Vimos que, notas, papéis, bonds, notes, bills e bônus são um tipo de inovação
financeira que envolve o mercado de dívida de renda fixa, principalmente de longo prazo,
onde as empresas utilizam esse tipo de instrumento para levantarem recursos para sua
estrutura de capital, porém, devido aos altos valores envolvidos, fica inviável para as
empresas de pequeno e para grande maioria de médio porte emitirem esse tipo de papel para
financiarem sua produção, porém, se tiverem um bom “CFO”, conseguem investir em algum
título de renda fixa, tendo assim algum retorno sobre o capital livre aplicado (visão
capitalista)... porém, caso algum leitor investidor tenha essa idéia, espero que fuja dos bônus
subprime... não quero que seja mais um Paul. Nesse sentido fechamos a monografia falando
um pouco sobre os títulos hipotecários, o mercado e seus agentes envolvidos nesse tipo de
109
transação que gerou a crise em meados de 2007, crise a qual o mercado vêm se recuperando,
só para termos uma noção, na figura (12) abaixo conseguimos visualizar a boa recuperação
das bolsas demonstradas na tabela (11) que foram afetadas com a crise, observem que a linha
vertical está marcada no dia 15 de abril de 2009, período final da última tabela:
Concluo que nessa tendência de melhora dos mercados, uma empresa que tenha uma
boa gerência financeira com conhecimento sobre os mercados globais e suas conseqüências,
pode se utilizar de forma positiva dos bônus como instrumento de captação de recursos para
financiamento da estrutura de capital e desenvolvimento da economia como um todo.
48 Este gráfico pode ser visualizado e acessado através do sítio da Bloomberg, informando inicialmente em
quotes o primeiro índice, após selecionar charts e em add security, informar os demais índices, sendo
“IBOV:IND” (Ibovespa), RTSI$:IND (RTS), INDU:IND (Dow Jones) e SENSEX:IND (SENSEX) – em
www.bloomberg.com (em inglês).
110
6. REFERÊNCIAS
ECONÔMICO, Jornal Valor. Bolsa de Valores de São Paulo. Caderno D8, 30 de outubro de
2009.
FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro. 17ª Edição, Rio de Janeiro: Qualitymark, 2008
ONLINE, Folha. Entenda a crise que atingiu a economia dos EUA. Reportagem de
29/09/2009, Disponível em http://www1.folha.uol.com.br: Acessado dia 26 de novembro de
2009
RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. 11ª Edição, São Paulo: Lex, 2006