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Programa Agricultura de Precisão

Agricultura de Precisão
na Aplicação de
Defensivos Agrícolas
» Módulo 2: Mapas de variabilidade para
aplicação de defensivos agrícolas

Agricultura de Precisão na Aplicação de Defensivos Agrícolas » 1


Ficha técnica
2015. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO

INFORMAÇÕES E CONTATO
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO
Rua 87, nº 662, Ed. Faeg, 1º Andar: Setor Sul, Goiânia/GO, CEP: 74.093-300
(62) 3412-2700 / 3412-2701
E-mail: senar@senargo.org.br
http://www.senargo.org.br/
http://ead.senargo.org.br/

PROGRAMA AGRICULTURA DE PRECISÃO

PRESIDENTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO


José Mário Schreiner

TITULARES DO CONSELHO ADMINISTRATIVO


Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e
Tiago Freitas de Mendonça.

SUPLENTES DO CONSELHO ADMINISTRATIVO


Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da Silva,
Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago de Castro Raynaud de Faria.

SUPERINTENDENTE
Eurípedes Bassamurfo da Costa

GESTORA
Rosilene Jaber Alves

COORDENAÇÃO
Fernando Couto de Araújo

IEA - INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS S/S


Conteudistas: Renato Adriane Alves Ruas e Juliana Lourenço Nunes Guimarães

TRATAMENTO DE LINGUAGEM E REVISÃO


IEA: Instituto de Estudos Avançados S/S

DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO


IEA: Instituto de Estudos Avançados S/S
Módulo 2
» Mapas de variabilidade para aplicação de defensivos agrícolas

Fonte: Farm Works Mapping Software <www.ascommunications.co.uk>.

Uma situação interessante nas lavouras ocorre quando o manejo localizado das infestações cau-
sadas pelas pragas, doenças e plantas daninhas reduz as doses de defensivos. Isto proporciona
inclusive benefícios econômicos e ambientais.

Para que esse manejo se torne operacional, é necessário que sejam elaborados mapas de varia-
bilidade que indiquem a forma de distribuição das infestações no espaço e no tempo dentro das
lavouras. Exatamente como isso ocorre é o que veremos neste módulo. Vamos lá?

Atenção! Sempre que finalizar a leitura do conteúdo de um módulo, você


deve retornar ao Ambiente de Estudos para realizar a atividade de apren-
dizagem.

Siga em frente e bons estudos!

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Aula 1
Tipos de mapas de variabilidades para aplicações de defensivos
Como primeira informação, importante ter clareza do que são mapas de variabilidade e da dife-
rença entre eles. Acompanhe!

Mapas de Variabilidade Espacial Mapas de Variabilidade Temporal

Os mapas de variabilidade espacial me- Já os mapas de variabilidade temporal


dem informações de cada subárea de cul- apresentam informações acumuladas de
tivo, podem ser empregados em qualquer outras safras para a mesma subárea, e po-
tipo de infestação e fornecem informa- dem fornecer dados importantes sobre a
ções valiosas para a tomada de decisão dinâmica das infestações, sobretudo das
referente ao início do controle químico a plantas daninhas, acerca das quais as pes-
taxa variável. quisas têm obtido melhores resultados.
Este tipo de mapa requer mais estudo
para explicar melhor o comportamento
de certas doenças e insetos que atacam
as lavouras a médio e longo prazo.

De qualquer forma, é necessário que se conheçam os principais tipos de mapas empregados


nas aplicações de defensivos, a fim de auxiliar na tomada de decisão sobre o melhor controle
localizado a ser adotado.

Portanto, ao final desta aula, espera-se que você tenha desenvolvido a habilidade de reconhecer
os tipos de mapas de variabilidades mais usados nas aplicações a taxas variáveis de defensivos
agrícolas.

Tópico 1
Manejo e Variabilidade

Uma das principais premissas da Agricultura de Precisão é o manejo localizado com base na
variabilidade dos solos e das lavouras. Assim, podemos deduzir o quão importante é a correta
interpretação destes mapas de variabilidade, já que é a partir dessa análise que as decisões são
tomadas.

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Os mapas representam a digitalização das características de interesse de
uma área, e abrem espaço para uma série de análises.

Inicialmente, a maioria dos estudos de variabilidade se restringia a análises de produtividade


em relação à fertilidade dos solos. Entretanto, nem toda a variação na produtividade pode ser
explicada apenas pela qualidade química dos solos. É possível que essa variação esteja também
relacionada a outros fatores.

Exemplos de fatores não relacionados à variabilidade do solo

• o ataque das pragas (insetos);

• doenças causadas por micro-organismos (como fungos


e bactérias);

• ocorrência de plantas daninhas.

Quando não forem adequadamente controlados, esses fatores podem cau-


sar redução de até 100% na produtividade das lavouras em geral.

Para reduzir essas perdas, o que se verifica com frequência na prática é o uso de defensivos agrí-
colas em área total. Para atingir o alvo, normalmente empregam-se elevadas doses e volumes
de calda. Nesse caso, sugere-se uma demanda média da aplicação de defensivos na área.

Sabe-se que tanto as pragas quanto as doenças e as plantas da-


ninhas distribuem-se de forma variável pela lavoura, podendo ser
Entretanto, manejadas de forma localizada. Assim, além do impacto econô-
o que se sabe mico positivo que a otimização das aplicações localizadas pode
atualmente? gerar, deve-se destacar também a importância ambiental que essa
prática proporciona, uma vez que poderão ser reduzidas quantida-
des consideráveis de produtos depositados no solo.

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Deve-se ressaltar que a tomada de decisão sobre o emprego do controle
químico deve estar atrelada ao manejo integrado, que, em síntese, define
técnicas de amostragem e também estabelece os níveis de danos econômi-
cos, que são utilizados como parâmetro para a definição do momento de
iniciar o controle.

Essa é uma área do conhecimento que, apesar dos diversos avanços obtidos nos últimos tem-
pos, ainda não conta com definições de níveis de danos para diversas pragas, doenças e plantas
daninhas que atacam as lavouras.

Para tanto, o mapeamento visando à definição de estratégias de aplicação de defensivos é muito


importante e, em princípio, todos os tipos de mapas de variabilidade podem ter alguma impor-
tância para essa operação. Em geral, os mapas podem ser agrupados em mapas de variabilidade
espacial e temporal, e apresentam distinções entre si quanto à forma de tratar de pragas, doen-
ças ou plantas daninhas.

Tópico 2
Mapas de variabilidade espacial

Acompanhe a seguir as principais características dos mapas de variabilidade espacial.

Os mapas de variabilidade espacial retratam a intensidade da dis-


tribuição do ataque das pragas, doenças e plantas daninhas e per-
mitem a intervenção pontual de modo a reduzir os danos causados
nas lavouras. Geralmente, eles são apresentados na forma de iso-
linhas, que indicam uma superfície contendo pontos agrupados de
mesmo valor.

O que se visualiza é uma tendência da média geral das observa-


ções feitas no campo através da análise de áreas com maiores e
menores concentrações, indicadas por faixas de cores. A escolha
das cores deve ser feita com base em critérios representativos do
fenômeno estudado. Nesse caso, sugere-se que maiores concen-
trações se apresentem em cores vermelhas mais intensas, reduzin-
do a tonalidade para cores mais suaves como verdes, amarelas ou
azuis à medida que a concentração diminui.

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Quando indicam a intensidade do ataque em si, esses mapas são
denominados mapas de condição, e são importantes para a to-
mada de decisão sobre o tipo de manejo a ser realizado. A partir
deles, faz-se um estudo das quantidades de defensivos que de-
verão ser aplicadas em cada área gerando, assim, os mapas de
recomendação.

Estes mapas digitalizados são inseridos nas memórias dos mo-


nitores existentes nos pulverizadores equipados com tecnologia
para aplicação a taxa variável. Os monitores comandam atuadores
responsáveis por abrir ou fechar, totalmente ou parcialmente, vál-
vulas que controlam a vazão das pontas, sobre as áreas de maior e
menor infestação, respectivamente.

Fonte Icones Shutterstock

Tópico 3
Mapas de variabilidade temporal

Agora, veja quais são as principais características dos mapas de variabilidade temporal.

Os mapas de variabilidade temporal têm grande importância para


a predição de futuras interferências das pragas, doenças e plan-
tas daninhas nas lavouras. Alguns trabalhos apontam que áreas
com elevada infestação, sobretudo de plantas daninhas, possuem
elevada probabilidade de serem novamente infestadas no futuro.
Isso ocorre devido às estruturas de propagação que se instalam
em certa faixa de solo e iniciam o processo de reprodução, estimu-
ladas pelas práticas agrícolas convencionais.

Um exemplo típico e um dos mais estudado é o das plantas dani-


nhas que, após passarem pelo estado de reprodução, lançam suas
sementes no solo e criam um banco de sementes em reboleiras
que pode germinar a cada novo preparo da área, mantendo cer-
ta estabilidade na ocorrência das mesmas manchas durante anos
seguidos.

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Já as pragas possuem maior mobilidade em relação às doenças
e plantas daninhas, e podem se apresentar tanto em reboleiras
quanto em distribuição mais uniforme pela área. Nesse caso, a va-
riabilidade temporal ocorre com maior frequência e a elaboração
dos mapas deve ser feita em menor espaço de tempo a fim de mo-
nitorar mais adequadamente o comportamento das infestações.

Fonte ícones Shutterstock

Sementes de Commenlina benglalensis/m 2

0 - 202

202 - 404

404 - 606

606 - 808

808 - 1010

1010 - 1212

1212 - 1414
sen
tid
od
ot 1414 - 1616
ráf
ego
de
má 1616 - 1616
qu
ina
s

N
100 0 100 200m

L 0

Fonte: Shiratsuchi, L. S.; Cristoffoleti, P. J; Fontes, J. R, 2003.

Os mapas de variabilidade espacial para análise de doenças nas lavouras são bons para a pre-
dição de ataques que podem ser severos, sendo bons indicativos para a entrada do controle
químico corretivo e preventivo na área. Nesse caso, recomenda-se que o mapa seja elaborado o
mais rápido possível, a fim de tratar do problema com antecedência.

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Por outro lado, estes mapas ainda não fornecem informações precisas so-
bre alguns pontos, por exemplo, eles não oferecem definições dos padrões
de ocorrência no espaço e ao longo do tempo, para que se possa estabelecer
uma estratégia de manejo a longo prazo pela agricultura de precisão.

Isso ocorre, basicamente, por causa do dinamismo da disseminação dos fungos e bactérias, que
pode acontecer naturalmente, devido aos fatores climáticos, ou através da ação humana, como
a movimentação das máquinas pelas lavouras, que acabam transportando os micro-organismos
de um lado para o outro.

Fonte: <http://www.smartbiotecnologia.com.br/site/>

Recapitulando
Nesta aula, você viu que os mapas de variabilidade espacial e temporal referentes às infestações
das pragas, doenças e plantas daninhas são a base para a aplicação de defensivos agrícolas a
taxa variável. Os mapas de variabilidade espacial fornecem informações pontuais que permitem
a distribuição de doses e volumes de calda de defensivos específicos para cada intensidade da
mancha de infestação, proporcionando economia e redução do impacto ambiental normalmen-

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te causado pelas aplicações de defensivos. Nesse sentido, devem-se observar os conceitos do
manejo integrado, e os pulverizadores devem ser adequadamente equipados com dispositivos
para o manejo localizado. Já os mapas de variabilidade temporal são mais empregados para o
estudo do comportamento de bancos de sementes de plantas daninhas, sobretudo pela maior
facilidade de predição da ocorrência das infestações ao longo dos anos.

Aula 2
Elaboração de mapas de variabilidade
A elaboração dos mapas de variabilidade para aplicação de defensivos requer adoção de técni-
cas de amostragens específicas de acordo com cada infestação. A técnica de amostragem ado-
tada deve operar de forma veloz, tendo em vista a intensidade do ataque das pragas, doenças e
plantas daninhas, além de ser de fácil execução e de baixo custo. É importante que se conheçam
as principais formas de coleta de informações e o seu processamento, a fim de se fazer uso da
técnica mais adequada para cada situação e obter mapas confiáveis.

Assim, espera-se que ao final desta aula você esteja apto a:

• identificar as formas de coleta de dados para elaboração de mapas de variabilidade; e

• aplicar técnicas de geoestatística para elaboração de mapas de variabilidade.

Tópico 1
Técnicas de amostragem e infestações

A aplicação localizada de defensivos agrícolas requer a elaboração de mapas confiáveis e que


demonstrem a variabilidade das infestações das pragas, doenças e plantas daninhas. Para tanto,
a coleta de dados visando à elaboração de tais mapas deve ser feita de forma criteriosa, além de
ser necessário dispor de informações específicas, como você verá a seguir.

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• Níveis de infestação.

• Grau de contagiosidade.
Conhecimentos
necessários para • Espécies presentes.
coleta de dados
• Intensidade.

• Modo de reprodução.

Geralmente, essas infestações ocorrem em reboleiras devido a aspectos relacionados à biolo-


gia, ou a fatores que proporcionam maior agregação em certas partes da lavoura como fertilida-
de e umidade do solo, topografia, produtividade da lavoura, trânsito de máquinas e bordaduras.

Fonte: SHIRATSUCHI, L. S.; MOLIN, J.P; CRISTOFFOLETI, P. J, 2004.


<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-83582004000200014>.

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A fim de mapear as áreas infestadas, devem-se adotar técnicas de amostra-
gem que proporcionem mapeamento rápido devido ao dinamismo das infes-
tações. A amostragem também deve ser simples e realizada no momento ade-
quado, de acordo com as indicações do manejo integrado.

O manejo integrado define as técnicas mais adequadas para obtenção de informações para cada
tipo de infestação. De modo geral, podem-se adotar três técnicas de amostragem de acordo
com o deslocamento pela área: caminhamento em grade de amostragem, caminhamento no
contorno das manchas e deslocamento das máquinas pelo campo. A seguir, essas três técnicas
serão descritas em detalhes.

Tópico 2
Caminhamento em grande mostragem

A amostragem pelo caminhamento em gra-


Grade regular (grid)
de consiste na divisão da área em unidades sobreposta na área
de tamanhos regulares, podendo variar de
2 x 2 m até mesmo 2000 x 2000 m, depen-
dendo do grau de detalhamento desejado,
e das condições operacionais e financeiras
disponíveis para realizar a amostragem.
Quanto maior a distância entre os pontos
amostrais, menor será a confiabilidade do
mapa, uma vez que pequenas manchas po-
derão ser ignoradas e resultar em grandes Inverso da distância
infestações em curto espaço de tempo. ou Krigagem
Fonte: Mapa, 2009.

Dentro de cada grade amostral podem ser feitas avaliações quantitativas e qualitativas. Veja.

A avaliação quantitativa consiste na contagem de todas as espécies de


plantas, insetos ou plantas atacadas existentes na malha. Trata-se de
Avaliação uma amostragem que proporciona o levantamento de grande quantida-
Quantitativa de de informação. Entretanto, é muito demorada e possível de ser empre-
gada apenas em pequenas áreas ou com pequena infestação.

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Na avaliação qualitativa, registra-se apenas a presença de uma espécie
ou de um grupo de espécies na malha. Está é mais rápida e permite le-
Avaliação vantar informações sobre a diversidade de espécies infestantes, porém,
Qualitativa não informa sobre a severidade das infestações. Pode-se também adotar
tabelas de referência com escalas de intensidade de ataque para inferir o
nível de dano causado à lavoura.

Depois de processado, um mapa de variabilidade temporal da infestação de plantas daninhas


ficaria como o exemplo a seguir.

Fonte: Monquero, Silva, Hirata, Martins, 2011.


<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-83582011000100013>.

Tópico 3
Caminhamento no contorno das manchas

Consiste no deslocamento feito por um operador pelo perímetro das manchas com o auxílio de
receptor de sinal GNSS para georreferenciar a área infestada. Em cada mancha realiza-se a iden-
tificação das espécies presentes e o estádio de desenvolvimento. Para amostragens em áreas
muito extensas, geralmente utiliza-se um veículo para facilitar o deslocamento.

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georreferenciar

Atribuir coordenadas de localização a determinado objeto.Você pode aprofun-


dar seus conhecimentos sobre georreferenciamento e orientação por satélite
no segundo curso deste programa, “Sistemas de Orientação por Satélite”.

Uma característica dessa avaliação é que se torna possível determinar o total


das áreas ocupadas apenas por manchas individuais ou pelo total delas, sen-
do uma informação importante para análise temporal de evolução das infes-
tações.

É um método muito empregado para amostragem de plantas daninhas, pois é menos trabalhoso
do que outros métodos, é rápido e de fácil implementação, resultando em maior economia na
aplicação de herbicidas.

Entretanto, os contornos das reboleiras podem ser de difícil visualização se as plantas daninhas
ainda estiverem pequenas ou muito distantes entre si, dificultando a delimitação do perímetro.

Reboleiras

Pequena área com intensa infestação de pragas, doença ou plantas daninhas,


que prejudica o desenvolvimento da cultura.

Tópico 4
Deslocamento das máquinas pelo campo

É possível realizar o mapeamento de áreas infestadas por pragas, doenças e plantas daninhas
acompanhando o deslocamento das máquinas agrícolas durante as operações, por exemplo, de
subsolagem, adubação, aplicação de defensivos e colheita. Confira a seguir as etapas.

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Registro

Durante o deslocamento da máquina, o operador registra a presença da reboleira no recep-


tor de sinal GNSS e, ao final, tem-se o mapa da distribuição da infestação pela área. Quando
realizada juntamente com as operações mais iniciais, da fase de implantação da lavoura,
como subsolagem e adubações de cobertura, essa técnica permite a definição de estratégias
de controle mais rapidamente, evitando possíveis prejuízos com a redução da produtividade
das lavouras. Porém, os estádios de desenvolvimento iniciais podem não apresentar infes-
tações, que surgirão somente mais tarde. Verifica-se atualmente que diversas amostragens
são feitas durante o deslocamento das colhedoras. Nesse caso, pode-se verificar a presença
de reboleiras com maior nitidez, tornando o registro mais fácil. Entretanto, nesse caso, o
prejuízo causado pela interferência na lavoura já foi estabelecido, o que é uma desvantagem.

Captura de imagens

Diversas empresas têm proposto a obtenção de imagens aéreas retiradas a partir de unida-
des móveis de voo de baixa altitude, conhecidas como drones. Eles são capazes de se deslo-
car por grandes extensões territoriais e obter imagens georreferenciadas de boa qualidade.
Essa mesma técnica também pode ser utilizada através de imagens obtidas por satélites,
normalmente a maiores custos, ou então por sensoriamento remoto.

Coleta de Dados e Processamento

Após a coleta dos dados, deve-se realizar o seu processamento empregando softwares espe-
cíficos. De modo geral, esses softwares associam a informação registrada ao local de onde
ela foi extraída. Assim, a qualidade da coleta dos dados no campo é fundamental para a
elaboração de mapas confiáveis. Nessa etapa, são executados procedimentos matemáticos
que identificam a semelhança de valores vizinhos, de modo a formar um agrupamento de
valores. Trata-se da geoestatística que, diferentemente da estatística clássica, processa os
dados de acordo com a dependência espacial entre eles.

Drones

Pequenos equipamentos para voos não tripulados que ope-


ram por controle remoto.

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Na prática, quando se visualiza um mapa de variabilidade com várias man-
chas, o limite entre elas indica que, a partir daquele ponto, as amostras cole-
tadas no campo são diferentes entre si, ou seja, não apresentam mais depen-
dência no tempo ou no espaço.

Uma informação valiosa que também pode ser extraída desses mapas é a definição da distância
que poderá ser adotada entre a coleta das amostras, visando à elaboração de outros mapas para
estudo da mesma infestação naquela área.

Com o avanço da informática na agricultura, atualmente diversas máquinas são equipadas com
softwares capazes de elaborar mapas de variabilidade com rapidez e boa confiabilidade. Nesse
caso, é muito importante o operador ser devidamente treinado para lidar com os recursos ofe-
recidos pelo programa.

Recapitulando
Nesta aula, você viu como a elaboração dos mapas de variabilidade para aplicação de defensi-
vos requer a adoção de técnicas de amostragem específicas, de acordo com as características da
infestação das pragas, doenças e plantas daninhas. Dentre as principais formas de amostragens
destacam-se: caminhamento em grade de amostragem, caminhamento no contorno das man-
chas e deslocamento das máquinas pelo campo.

Para todas as formas de amostragem, deve-se georreferenciar o local de onde a informação


é extraída. Muitas empresas têm oferecido no mercado pequenas aeronaves comandadas por
controle remoto capazes de retirar imagens georreferenciadas visando à elaboração de mapas.
O processamento das informações obtidas, associadas ao georreferenciamento, é executado
por técnicas de geoestatística, que forma grupos com valores de amostragens semelhantes en-
tre si, criando, assim, os mapas de variabilidade.

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Aula 3
Aplicações de defensivos a taxas variáveis
Você já estudou que uma das principais contribuições da aplicação de defensivos a taxa variável
é reduzir a quantidade de produtos aplicados na agricultura, o que proporciona economia de
gastos. Os pulverizadores equipados com essa tecnologia realizam a distribuição dos produtos
de forma localizada sobre os alvos a partir de informações das manchas apresentadas nos ma-
pas de variabilidade, ou mesmo sobre alvos mais individualizados, localizados em tempo real
por câmeras, a depender da sofisticação do equipamento.

Diferentemente das outras operações a taxa variável, os pulverizadores podem fazer aplica-
ções a taxa variável baseando-se em mapas de recomendação georreferenciados, ou utilizando
sensores para aplicações em tempo real. Para funcionar adequadamente, os equipamentos de
pulverização a taxa variável devem atender aos padrões de comunicação entre as interfaces
oferecidas pelos diferentes fabricantes.

Assim, espera-se que ao final desta aula você seja capaz de:

• reconhecer equipamentos utilizados nas aplicações a taxas variáveis; e

• aplicar procedimentos de configurações de equipamentos utilizados nas aplicações a taxas


variáveis.

Tópico 1
Taxa variável e eficiência

Você sabia que, no geral, a eficiência da aplicação de defensivos é baixa?

Isso ocorre porque, normalmente, aplicam-se doses acima daquelas que realmente seriam ne-
cessárias para realizar o controle, a fim de compensar as perdas que acometem a aplicação.

Dentre essas perdas, podem-se destacar aquelas causadas pelas condições climáticas inade-
quadas durante a aplicação que, a depender da condição, pode espalhar os produtos aplicados
para locais distantes dos alvos.

Por considerar que as pragas, doenças e plantas daninhas possuem distribuição uniforme pela
área, aplica-se o mesmo volume de calda em concentração constante do produto. Dessa forma,
em alguns locais há aplicações em excesso e em outros, aplicação carente.

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Dessa forma, um dos desafios da pulverização a taxa variável é melhorar a
eficiência da pulverização no resultado final do processo.

Atualmente, podem ser empregadas algumas técnicas, como a aplicação


Como melho- a taxa variável para distribuir os defensivos de acordo com a necessidade
rar a eficiên- de cada subárea. Para tanto, é necessário que o equipamento seja capaz
cia da pulve- de se localizar no campo, aumentando ou diminuindo a quantidade de
rização? produto a ser aplicado quando passar por subáreas de maior ou menor
necessidade, respectivamente.

Nesse aspecto, a aplicação de defensivos difere das demais operações pelo fato de poder ser
realizada de duas formas distintas.

A primeira forma baseia-se no prévio mapeamento geor-


referenciado do ataque das pragas, doenças e plantas
daninhas, o que permite a elaboração do mapa de reco-
mendação ou aplicação. Esses mapas são utilizados para
comandar a aplicação localizada dos defensivos sobre os
alvos à medida que o pulverizador, devidamente equipa-
mento com sistema de determinação de posicionamento
por satélite, se desloca pela área. Os pulverizadores mais
Baio e Antuniassi, 2011. <http://www. sofisticados operam com pilotos automáticos que se orien-
agencia.cnptia.embrapa.br/Reposi-
torio/1622_000fkl0f2ta02wyiv80s- tam por satélites de navegação empregando sinais com
q98yqf7fpgf0.pdf> correção RTK.

A outra forma se baseia no uso de câmeras digitais ou sen-


sores que detectam o alvo de forma instantânea, e enviam
uma mensagem para atuadores responsáveis pela dosa-
gem e aplicação localizada sobre os alvos, tudo em uma
única passada do pulverizador. Essa técnica será descrita
em maiores detalhes nas aulas seguintes.

Fonte: Adaptada de Geo Agri <http://


www.geoagri.com.br/Produtos.
aspx?idSubCategoria=8c17b0c5-8c-
11-47fc-b173-bd820a8d2e5c>.

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Portanto, utilizando-se mapas ou sensores, é possível realizar variações tanto no volume de cal-
da aplicado como na dose do defensivo. Dois componentes dos pulverizadores são muito impor-
tantes nesse ajuste: o comando de pressão e a bomba. Conheça-os a seguir.

Tópico 2
Comando de pressão

O comando é constituído por uma válvula


de três vias, uma que recebe a calda, outra
que a envia para a barra de pulverização, e
outra que faz com que a calda retorne para
o tanque de pulverização. Quando esta úl-
tima via é total ou parcialmente fechada,
a calda se direciona em maior quantidade
para a barra, aumentando a pressão e o
volume aplicado.
Fonte: <http://www.adventurepulv.com.br/loja/pro-
duto/Comando-jacto-4-vias.html>.

É importante ressaltar que quanto maior a pressão na barra de pulverização, menor é o tamanho
das gotas, o que pode acarretar em maior deriva. Para reduzir o volume aplicado, deve-se, por-
tanto, abrir a via de retorno para o tanque de pulverização reduzindo a quantidade de calda que
vai para barra. O comando pode apresentar um número maior de vias em função da quantidade
de seções existentes na barra de pulverização. De todo modo, existem diferenças entre os mo-
delos convencionais e mais modernos. Acompanhe!

Pulverizadores Convencionais

Em geral, determinam uma posição para a válvula do comando, que mantém a mesma vazão
das pontas, independentemente de eventuais variações na velocidade de trabalho. Nesse
caso, o volume de calda aumenta e diminui quando a velocidade diminui e aumenta, respec-
tivamente.

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Pulverizadores Modernos

Possuem comandos que ajustam automaticamente o retorno da calda para o tanque, varian-
do a vazão das pontas de acordo com a velocidade de trabalho, visando à manutenção do
volume de calda por hectare constante.

Fonte: <http://www.tecnomark.ind.br/produtos.php?id=smartSprayerCom>.

Esses comandos também podem atuar ajustando o retorno dentro de uma mesma velocidade
de trabalho, consequentemente, eles alteram o volume aplicado, de acordo com a demanda do
mapa de recomendação, praticando a aplicação a taxa variável.

Tópico 3
Bomba

Os pulverizadores autopropelidos, em geral, utilizam bomba centrífuga, diferentemente dos pul-


verizadores tratorizados que operam, em sua quase totalidade, com bomba de pistão pelo fato
de necessitarem de alta pressão.

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Características dos autopropelidos

• Necessitam da bomba centrífuga, pois deslocam-se normalmente em maiores velocida-


des e, dessa forma, devem deslocar maior volume de calda.

• Nesse caso, o acionamento da bomba é realizado por motor hidráulico de rotação variá-
vel pelo fluxo hidráulico.

• A vazão que a bomba desloca é ajustada de acordo com a rotação, assim, quando se de-
seja vazão máxima, a bomba deve ser operada com a máxima rotação.

Tópico 4
Interface ISOBUS

Tendo em vista que os exemplos de tecnologia vistos anteriormente são considerados bastante
viáveis para aplicação de defensivos, o que se vê são diversas empresas investindo em vários
equipamentos para aprimorar a aplicação a taxa variável. Para você ter uma ideia, em meados
da década de 2000, já havia no mercado vários pulverizadores com diferentes interfaces entre os
sistemas eletrônicos e o operador, o que dificultou o entendimento da apresentação das infor-
mações e, por vezes, impossibilitou a comunicação entre os componentes eletrônicos.

Pensando nisso e em diminuir a complexidade dessas interfaces, foi criado o Protocolo de comu-
nicação denominado ISOBUS (Padrão ISO 11783). O termo ISO se refere à International Organiza-
tional for Standardization, e o termo BUS se refere ao barramento que sugere uma padronização
entre as conexões físicas das partes que compõem os sistemas eletrônicos dos pulverizadores,
baseada em um sistema chamado CAN (Controller Area Network).

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Fonte: Adaptada de Tejeet, 2009.

Atualmente, essa é uma necessidade identificada pela indústria de pulverizadores e de máquinas


agrícolas em geral, pelo fato de terem que oferecer tecnologias que possam ser compartilhadas
por vários equipamentos, aumentando a versatilidade da aplicação de seus produtos.

Em geral, a configuração desses componentes eletrônicos pode ser feita de dois modos: básico
e avançado.

Configuração básica

Utilizada para a entrada de dados rotineiros de aplicação, quando se deseja pulverizar gran-
des extensões uniformes.

Configuração avançada

Permite a entrada de dados que eventualmente sejam necessários para alterar alguma in-
formação da configuração básica. Como acontece na maioria dos microcomputadores, em
caso de inserção de dados equivocados, pode-se retornar à configuração básica por meio da
opção “reset”.

Agricultura de Precisão na Aplicação de Defensivos Agrícolas » 22


Recapitulando
Nesta aula, você pôde ver que as aplicações de defensivos a taxas variáveis podem ser realiza-
das com a detecção dos alvos em tempo real, seguida da dosagem do produto e da aplicação
localizada em uma única passada do pulverizador. Atualmente, a forma mais usual é a utilização
de mapas georreferenciados de aplicação, que são inseridos na memória das unidades de co-
mandos dos sistemas de pulverização. O ajuste no volume de calda pode ser feito pelo comando
que regula a pressão da barra de pulverização. Nos pulverizadores autopropelidos, essa variação
também pode ocorrer ao variar a rotação da bomba centrífuga.

Nas próximas páginas, você vai encontrar a atividade de aprendizagem para verificar os conhe-
cimentos construídos ao longo deste módulo. Não esqueça que você deve entrar no Ambiente
de Estudos para registrar as respostas no sistema, que também vai liberar o próximo módulo de
conteúdo!

Siga em frente e aproveite bem a atividade!

Agricultura de Precisão na Aplicação de Defensivos Agrícolas » 23


Atividade de aprendizagem
Você chegou ao final do Módulo 2 do Curso Agricultura de Precisão na Aplicação de Defensivos
Agrícolas. A seguir, você realizará algumas atividades relacionadas ao conteúdo estudado neste
módulo. Lembre-se que as repostas devem ser registradas no Ambiente de Estudos, onde você
também terá um feedback, ou seja, uma explicação para cada questão.

1. Considerando os tipos de mapas de variabilidade utilizados para aplicação de defensivos


apresentados nesta aula, marque a alternativa correta.

a) A aplicação localizada dos defensivos agrícolas requer a correta interpretação de mapas


de produtividade.

b) Os mapas de variabilidade espacial para controle localizado de doenças ainda precisam


ser mais bem estudados para que possibilitem a definição de estratégias de manejo a
longo prazo.

c) Os mapas de variabilidade temporal de plantas daninhas permitem a predição de infesta-


ções futuras pela intensidade do banco de sementes.

d) Os mapas de variabilidade espacial e temporal fornecem informações precisas e a tomada


de decisão deve ser desvinculada dos princípios do manejo integrado.

2) Considerando as formas de elaboração de mapas de variabilidade descritas nesta aula,


aponte a alternativa correta.

a) A elaboração do mapa de variabilidade visando à aplicação de defensivos deve ser feita


em uma lavoura no final do seu ciclo.

b) As técnicas de amostragem para elaboração de mapas de variabilidade são padronizadas


para todos os tipos de infestações.

c) A técnica de amostragem por grade amostral quantitativa permite a análise de muitas


informações, porém sua execução é muito demorada.

Agricultura de Precisão na Aplicação de Defensivos Agrícolas » 24


d) As técnicas de geoestatística adotam os mesmos princípios da estatística clássica para a
elaboração dos mapas de variabilidade.

3. Considerando a aplicação de defensivos a taxa variável descrita nesta aula, determine a al-
ternativa correta.

a) A aplicação de defensivos é uma operação eficiente e não se adequa às operações a taxas


variáveis.

b) Aplicações de defensivos a taxas variáveis são realizadas apenas por meio de mapas geor-
referenciados, como ocorre com as demais operações.

c) A variação do volume de calda pode ser feita por ajustes no comando de três vias, ou na
rotação da bomba centrífuga nos pulverizadores autopropelidos.

d) Os sistemas eletrônicos dos pulverizadores foram desenvolvidos inicialmente de forma


padronizada, facilitando a comunicação entre os diferentes sistemas eletrônicos.

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