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Falar bem em público não é tão fácil quanto se crê. A maioria dos oradores ou
conferencistas falam de uma forma “anárquica”, sem controlo da voz e, por isso, se
cansam e terminam afónicos, muitas vezes.
A voz nasce no momento da expiração, logo, os exercícios de respiração são a
base fundamental de quem deseja uma boa voz profissional. Para além de uma
respiração conveniente ao serviço do discurso, devem ainda ter-se em conta outros
aspectos:
1. Pronunciar com exactidão as vogais e as consoantes, articulando bem;
1. Utilizar plenamente as cavidades de ressonância pronunciando com precisão
os sons das palavras e dar o justo valor às frases
2. Saber modular, utilizando bem o âmbito tonal da voz
2. Não deixar cair as sílabas finais
As qualidades sonoras do indivíduo só podem ser optimizadas quando esse
indivíduo utilizar o seu aparelho vocal da forma mais correcta.
Para a colocação da voz falada é necessário o exercício de altura de, pelo menos,
uma oitava, para poder modular e exprimir vocalmente os sentimentos, as inquietações,
as sensações e o estado psicológico.
O som de cada sílaba deve colocar-se nos lábios, com a garganta relaxada e
aberta, a cavidade bucal ampla e muita articulação. A voz deve projectar-se bem para a
frente e pensá-la num ponto central da boca. A pronúncia deve-se exagerar no princípio
e, para consegui-lo, sempre que se possa, devem-se duplicar ou mesmo triplicar as
consoantes.
O tom das palavras deve ter um timbre claro, límpido, sonoro, fácil e sem
esforço.
Outro aspecto importante a realçar, para além da técnica a utilizar, é o
conhecimento acústico do som que permite ao orador, em cada situação, ajustar-se às
condições ambientais em que fala:
O som reflecte-se em materiais duros, o que significa que ambientes vocais com
muitos cortinados, alcatifas no chão, tectos ou paredes em corticite, vão impedir
essa reflexão, levando a um resultado sonoro muito «seco» e pouco agradável.
Falar em locais de poucas dimensões, não é o mesmo que falar em grandes salas,
logo, é indispensável ajustar a dinâmica do discurso tendo em conta este
parâmetro. A uma sala mais pequena tem que corresponder um discurso com
menor âmbito de intensidades na construção da sua dinâmica.
Falar para poucas pessoas ou para uma «multidão», também condiciona os
recursos vocais do orador. Numa sala pequena com poucas pessoas, quase se
pode utilizar um tom coloquial, o que exclui, à partida, qualquer esforço vocal.
Mas com a sala cheia, a intensidade do discurso talvez já possa exigir um pouco
mais de cuidado, até porque o vestuário dos ouvintes funciona também como
absorvente do som, impedindo a sua devida reflexão.
A quantidade e o tempo do discurso, combinados com os parâmetros anteriores,
terão que se ter em devida conta, para que a fadiga não apareça a meio do
discurso.
Estes aspectos não excluem outro factor importante: o interesse da comunicação.
Falar para um auditório motivado não é, logicamente, o mesmo que falar para um
auditório desmotivado, às vezes até obrigado a ouvir, o que pode ser considerada a
situação vocal do professor. Particularmente no ensino obrigatório, o número de alunos
desmotivados deve ser maior de que no ensino complementar (secundário), onde se
pode pensar que só frequenta quem quer. Nesta conformidade, é de aconselhar ter
presente a qualidades que fazem um bom vendedor: saber vender o que o cliente não
precisa nem quer. Ao professor compete-lhe, assim, rodear-se de estratégias vocais, para
além das pedagógicas e metodológicas da sua área disciplinar.
Comparando o ouvido com os olhos, aceita-se bem um objecto visualmente
agradável mesmo que não tenha grande qualidade ou não tenha serventia. Pode pôr-se
sempre em equação utilizá-lo como adorno. Assim, a matéria ensinada, se for
transmitida através de recursos vocais agradáveis que possam despertar (auditivamente)
a atenção dos alunos, pode corresponder a consequências pedagógicas mais favoráveis.
O professor, regra geral, não conhece o resultado sonoro da sua aula. Uma boa
solução para isto, poderia partir da gravação de uma aula completa. Analisar a aula
«vocal» ajudaria a corrigir defeitos que qualquer professor tem, alguns dos quais,
ocasionalmente, até podem servir de chacota aos alunos motivadoras de algumas
«alcunhas» que existem em qualquer escola do país.
Por regra, o professor «dita» os conhecimentos de uma forma muito apressada,
pelo que deve ter em atenção que as pausas servem tanto para descansar a sua voz,
como para descansar o ouvido de quem escuta. A pressa que aqui se menciona não é a
quantidade de conteúdos que se «passam» aos alunos. Esta pressa refere-se, sim, ao
modo como esses conteúdos são explicados. Menos palavras e mais pausas podem surtir
muito maior eficácia que o contrário.