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BACHARELADO EM DIREITO
RECIFE
2021
LUCAS PEREIRA DE OLIVEIRA PINTO
RECIFE
2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU
BACHARELADO EM DIREITO
BANCA EXAMINADORA:
________________________________________________
Prof ... (Orientador ou Orientadora)
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Prof ... (Examinador Interno)
________________________________________________
Prof ... (Examinador Externo)
Dedico este trabalho ao meu pai, à minha
mãe e também ao meu irmão. Sem vocês
nada seria como é.
AGRADECIMENTOS
Antonio Machado,
poema “Caminante, no hay camino; se hace camino al andar”.
1875 - 1939
RESUMO
Keywords: Scientific work. Monography. Research (All words start in uppercase and
separated by periods.)
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE ABREVIATURAS
INTRODUÇÃO
O agravo retido era utilizado para toda e qualquer decisão interlocutória de primeira
instância, no entanto, o exame de tal decisão era feito posteriormente de modo que o agravo
era literalmente retido nos autos do processo, sendo reiterado apenas no momento da
apelação, independente de qual parte propusesse tal recurso (GONÇALVES, 2011).
O Código de Processo Civil de 1973 adotava, portanto, o agravo retido como a regra.
O agravo de instrumento, conforme o artigo 522 desse dispositivo legal, era utilizado para
casos em que fosse provável ocorrer lesão grave e de difícil reparação, com a decisão.
Com a vigência do novo Código de Processo Civil de 2015, além de outras mudanças
como as de prazo – que modificou o prazo de interposição do agravo de 10 para 15 dias,
contados em dias úteis –, o NCPC extinguiu a figura do agravo retido. Desse modo, buscou-se
dar mais celeridade ao processo, uma vez que pelo agravo de instrumento há a possibilidade
da recorribilidade imediata das decisões interlocutórias que podem causar prejuízo às partes,
tornando-se uma via rápida de solução (RODRIGUES, 2016).
Na nova sistemática, as decisões que não podem ser atacadas mediante agravo de
instrumento não precisam ser atacadas mediante agravo retido, este anteriormente utilizado
para evitar a incidência da preclusão. Tornou-se mais simples: não sendo a decisão passível de
instrumento, a preclusão é elastecida; devendo a parte esperar para poder impugnar a matéria
em preliminar de contestação ou nas contrarrazões.
Acontece que isso gera alguns conflitos práticos. Por essas razões, foi que o Superior
Tribunal de Justiça, no julgamento do tema 988, levantou algumas questões importantíssimas
para a resolução daqueles conflitos. Primeiramente, se uma interpretação meramente
taxativa/exaustiva do rol verifica-se suficiente em confronto com as normas fundamentais do
processo civil, haja vista que num mundo tão complexo e dinâmico como o nosso existem
outras questões urgentes para além do rol do artigo 1.015 do CPC.
O objetivo deste trabalho é, portanto, analisar a natureza do rol do art. 1.015 do Novo
Código de Processo Civil e verificar a possibilidade de sua interpretação de forma
taxativamente mitigada, para se admitir ou não a interposição do agravo de instrumento contra
decisão interlocutória que verse sobre hipóteses não expressamente previstas nos incisos do
referido diploma legal, com base no REsp 1.696.396 - MT representativo da controvérsia
repetitiva, descrita no tema de nº 988 julgado pelo Superior Tribunal de Justiça.
O objetivo desta obra não seria alcançado sem uma metologia clara e de extrema
eficácia, no entanto. Tais métodos são classificados de acordo com o nível de profundidade do
estudo, quanto ao procedimento de coleta de dados e à abordagem.
Assim, quanto ao nível, foi elaborada uma pesquisa baseada numa abordagem
exploratória, a fim de aproximar-nos do objeto do presente estudo, identificando as
características principais deste e tentando compreender sua natureza e razão de ser. Quanto à
abordagem, entendemos ser a qualitativa a mais adequada ao que se pretende neste trabalho,
uma vez que a finalidade central é compreender os elementos, sobretudo, subjetivos que
permeiam o tema, analisando diferentes pensamentos e correntes desenvolvidas sobre ele.
Por fim e não menos importante, no quarto capítulo, ao querido leitor será
apresentada uma análise crítica sobre qual o melhor posicionamento para a interpretação da
natureza do rol do artigo 1.015 do NCPC/2015, a partir da análise dos critérios de
classificação doutrinária e jurisprudencial já debatidos em nosso ordenamento jurídico.
1 ASPECTOS GERAIS DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
2 SISTEMA E HISTÓRICO DE RECORRIBILIDADE DAS DECISÕES
INTERLOCUTÓRIAS POR MEIO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO
2.1.2 Exceções
2.2.1 Origem
2.2.2 Conceito
2.3 CONCEITOS
No entanto, como bem esclarecido pelo professor Daniel Amorim (2018)o Agravo de
Instrumento é espécie do gênero Agravo. Este, considerado gênero recursal, comporta ainda
duas outras espécies previstas no Código de Processo civil, a saber: a) Agravo Interno ou
agravo em recurso especial e extraordinário, a depender da espécie da decisão; b) há ainda
outro tipo específico de agravo previsto no artigo 15, caput, da lei 12.016/2009 que visa atacar
a decisão monocrática do relator que suspende a eficácia da liminar ou da sentença
impugnada pelo recurso.
Nos interesse apenas saber de modo rápido que existem essas três espécies, no entanto,
é objeto de estudo deste trabalho apenas o Agravo de Instrumento. O artigo 1.015 do CPC/15
tratando acerca do agravo nos esclarece: “Cabe agravo de instrumento contra as decisões
interlocutórias”.
Para o NCPC/2015, todo pronunciamento do juiz que não for sentença, será decisão
interlocutória, de acordo com o §2º do artigo 203 do NCPC 2 – ainda que resolva o mérito de
apenas parte dos pedidos, dando prosseguimento aos demais. Isso acontece devido ao previsto
no rol do artigo 1.015 do NCPC.
1
Art. 203, §1º: Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o
pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução.
2
Art. 203, §2º: Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se
enquadre no § 1º.
2.4 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO RECURSO DE AGRAVO DE
INSTRUMENTO
Nos ensina o saudoso professor José Carlos Barbosa Moreira (2003) que em meados
do século XII, no berço do Direito Português, as partes encaminhavam petições ao Rei a fim
de conseguir uma “carta de justiça”, que, por sua vez, subordinava-se ao exame da alegação
do requerente; isto é, se havia verdade ou não no alegado. A esse instrumento que incidia na
recorribilidade de decisões interlocutória e que, por sua vez, não atacava o mérito da questão
em análise os portugueses deram o nome de querimas ou querimônias, segundo Barbosa
Moreira (2003, p. 482/483). Com a evolução processual esse mecanismo evoluiu e a partir de
então o Rei passou a examinar aquela petição conjuntamente com a resposta do juiz que
prolatou a decisão. Não só a forma de análise mudou, como, também, seu nome: passou-se a
ser chamada de “carta testemunhável” ou “instrumento de agravo”.
Acontece que as evoluções não pararam por aí. As formas criadas para disciplinar a
recorribilidade das decisões interlocutórias foram várias. E quando dizemos “várias” não
estamos fazendo uso de hipérbole. O legislador quando das modificações ficou a tatear ora
nas variações acerca do cabimento, que variava a depender da ocasião entre mais amplo ou
mais restritivo; ora sobre a própria modalidade recursal mais adequada (agravo de petição,
agravo no auto do processo, agravo ordinário, agravo por instrumento, etc.).
A competência para legislar sobre matéria processual nem sempre foi do jeito que está
previsto no artigo 22, inciso I da Constituição Federal da República do Brasil de 1988 3. Na
Constituição Federal de 1981, por exemplo, a competência para legislar sobre matéria
processual não era competência exclusiva da União. A União era competente, sim; mas
dividia essa competência com os Estados.
Foi com o Código de Processo Civil de 1939, promulgado pelo Decreto-Lei 1.608, de
18 de setembro de 1939, que percebemos uma enorme evolução no que tange ao
reconhecimento e respeito do mecanismo de satisfação coletiva e de interesses sociais,
pressuposto de um estado democrático de direito e da garantia da justiça dentro dos moldes de
igualdade.
“Aqui devem ser feitas algumas distinções que não são necessárias quando a
decisão diz respeito à simples determinação dos fatos. A primeira distinção é
3
Art. 22, I: Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual,
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho” (BRASIL, 1988).
entre as falhas de processo que afetam materialmente os direitos das partes,
isto é, que pela sua natureza hajam influído realmente no julgamento
proferido, e aquelas que são de uma natureza menos importante ou puramente
técnica, as quais, ainda que admitidas como erros, não dão motivos razoáveis
para se acreditar que tenham impedido a parte agravada de apresentar
inteiramente o seu interesse ou que tenham influído sobre o juiz, ou o júri, no
proferir suas decisões. Manifestamente, nos argumentos em favor da
permissão de uma reforma da decisão, no caso de erros da primeira categoria,
são mais fortes que no caso dos da segunda. Permitir os recursos em todos os
casos em que se alegue estar errado o julgamento com relação à aplicação de
regras, sejam ou não tais erros de natureza a se supôr que tenham afetado o
julgamento, acarretará males desproporcionados aos benefícios que se podem
verificar em casos relativamente raros. Abre a porta ao uso do direito de
recorrer simplesmente com propósitos protelatórios, e aumenta as despesas
do pleito, o que tudo trabalha em desfavor da parte fraca”.
Acontece que para que fosse mantida a celeridade do procedimento e o recurso não
fosse usado por muitos como meio protelatório, o legislador elaborou um rol pretensamente
exaustivo, criando-se expressamente situações que seriam capazes, por si só, de influírem no
direito das partes envolvidas e atingirem a controvérsia do caso; isto é, no que tange ao seu
julgamento.
Ou seja, o Código de 1939 estabeleceu o agravo como o recurso hábil para impugnar
as decisões interlocutórias, no casos legalmente predeterminados, excluindo, assim, a
aplicação analógica ou extensiva, quer tenha sido interposto da forma de “agravo de
instrumento (art. 842); quer na de agravo retido (art. 851)” (ASSIS, 2017).
Desse modo, foi criado o chamado agravo na modalidade instrumental, previsto para
atacar decisões que se encaixassem nas situações do artigo 842 do CPC/39 e em alguns casos
da legislação extravagante. Vide:
Art. 842. Além dos casos em que a lei expressamente o permite, dar-se-á
agravo de instrumento das decisões: (Redação dada pelo Decreto-Lei nº
4.565, de 1942).
I - que não admitirem a intervenção de terceiro na causa; (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 4.565, de 1942).
II - que julgarem a exceção de incompetência; (Redação dada pelo Decreto-
Lei nº 4.565, de 1942).
III - que denegarem ou concederem medidas requeridas como preparatórias
da ação; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 4.565, de 1942).
IV - que não concederem vista para embargos de terceiros, ou que os
julgarem; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 4.565, de 1942).
IV - que receberem ou rejeitarem “in limine” os embargos de terceiro.
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 4.672, de 1965).
V - que denegarem ou revogarem o benefício de gratuidade, (Redação dada
pelo Decreto-Lei nº 4.565, de 1942).
VI - que ordenarem a prisão; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 4.565, de
1942).
VII - que nomearem ou destituírem inventariante, tutor, curador,
testamenteiro ou liquidante; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 4.565, de
1942).
VIII - que arbitrarem, ou deixarem de arbitrar a remuneração dos liquidantes
ou a vintena dos testamenteiros; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 4.565, de
1942).
IX - que denegarem a apelação, inclusive de terceiro prejudicado, a julgarem
deserta, ou a relevarem da deserção; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº
4.565, de 1942).
X - que decidirem a respeito de erro de conta ou de cálculo; (Redação dada
pelo Decreto-Lei nº 4.565, de 1942).
XI - que concederem, ou não, a adjudicação, ou a remissão de bens;
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 4.565, de 1942).
XII - que anularem a arrematação, adjudicação, ou remissão cujos efeitos
legais já se tenham produzido; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 4.565, de
1942).
XIII, que admitirem, ou não, o concurso de credores, ou ordenarem a
inclusão ou exclusão de créditos; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 4.565,
de 1942).
XIV - Revogado
XV - que julgarem os processos de que tratam os Títulos XV a XXII do Livro
V, ou os respectivos incidentes, ressalvadas as exceções expressas; (Redação
dada pelo Decreto-Lei nº 4.565, de 1942).
XVI - que negarem alimentos provisionais; (Redação dada pelo Decreto-Lei
nº 4.565, de 1942).
XVII - que, sem caução idônea, ou independentemente de sentença anterior,
autorizarem a entrega de dinheiro ou quaisquer outros bens, ou a alienação,
hipoteca, permuta, subrogação ou arrendamento de bens. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 4.565, de 1942).
Para os casos em que não havia previsão legal para atacar as decisões interlocutórias o
CPC/39 continha a figura do Agravo no Auto de Processo 5. Esta espécie de Agravo era
inserida nos autos do processo e lá permanecia inerte até que fosse momento oportuno para
sua análise, a saber, por ocasião doo Julgamento de Apelação. Ele também poderia ser
interposto verbalmente ou por petição, devendo ser mencionado a decisão agravada e o
porquê de sua ilegalidade6, para que o Tribunal Superior conhecesse, em sede de preliminar de
apelação7.
Tal dinâmica mostrou-se ineficiente num plano fático de aplicação jurídica da norma.
Nesse sentido foi que Alfredo Buzaid – na elaboração da exposição de motivos do Código de
Processo Civil 1973 – atentou-se ao fato de que a solução mais viável seria optar pela simples
exclusão dos pronunciamentos judiciais; isto é, tudo aquilo que não fosse sentença ou
4
Art. 845, §6º: § 6º Mantida a decisão, o escrivão remeterá o recurso à superior instância, dentro em quarenta
e oito (48) horas, ou, se for necessário tirar traslado, dentro em cinco (5) dias (BRASIL, 1939).
5
Art. 851. Caberá agravo no auto do processo das decisões: I – que julgarem improcedentes as exceções de
litispendência e coisa julgada; II – que não admitirem a prova requerida ou cercearem, de qualquer forma, a
defesa do interessado; III – que concederem, na pendência da lide, medidas preventivas; IV – que
considerarem, ou não, saneado o processo, ressalvando-se, quanto à última hipótese o disposto no art. 846.
6
O agravo no auto do processo, reduzido a termo, poderá ser interposto verbalmente ou por petição em que se
mencionem a decisão agravada e as razões de sua ilegalidade, afim de que dela conheça, como preliminar, o
Tribunal Superior, por ocasião do Julgamento da apelação (arts. 876 a 878). (BRASIL, 1939)
7
Se houver agravo no auto do processo, os juizes o decidirão preliminarmente, mandando repará-lo como
lhes parecer justo (BRASIL, 1939).
despacho, seria decisão interlocutória e, portanto, o Agravo de Instrumento seria meio eficaz
para atacar a estas, como descrito a seguir:
O código de 1973 veio para deixar claro a ineficiência do código anterior, uma vez que
para além das situações descritas neste diploma legal, existiam algumas outras passíveis de
causar dano às partes, acarretando no uso irresponsável e demasiado do Mandado de
Segurança. Não aderindo a um rol taxativo das hipóteses de agravo de instrumento, o CPC de
1973 afastou-se do princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias.
Isso fez com que todas as decisões interlocutórias pudessem ser atacadas medianta a
interposição do Agravo de Instrumento, como veremos a seguir.
Pois bem, o CPC/73 foi uma grande inovação no âmbito jurídico nacional de modo
que foi elaborado para mudar totalmente a sistemática recursal do código anterior, sobretudo
no que tange às decisões de caráter interlocutória (WAMBIER, 2005), conforme redação do
seu artigo 5228.
Durante a vigência do CPC/73 houve grandes modificações legislativas, uma delas foi
a trazida pela lei nº 9.139/95 (BRASIL, 1995), que modificou substanciosamente o recurso de
Agravo, primeiramente modificando-lhe o nome de Agravo de Instrumento para simplesmente
Agravo, seja seu processamento na forma do retido ou de instrumento.
Tal sistemática de escolha foi de grande prejuízo para o ordenamento pátrio, uma vez
que deixar à escolha das partes qual tipo de Agravo utilizar prejudicaria a celeridade
processual no órgão ad que.
Sendo interposto o Agravo Retido, este permanecia inerte até a apelação, momento no
qual era apresentado em sede preliminar e a parte deveria ratificar sua vontade de que o
agravo fosse efetivamente julgado. Caso não procedesse dessa forma, o Tribunal entendia que
não havia mais interesse da parte em dar prosseguimento ao recurso; isto é, uma postura de
desistência tácita.
8
Artigo. 522 do Código de Processo Civil de 1973: “Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de
10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de
difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a
apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento”.
das decisões interlocutórias sujeitas à impugnação por meio de agravo de instrumento que, em
regra, não tem efeito suspensivo (NCPC, art. 1.015). Não há mais agravo retido para as
decisões não contempladas no rol da lei. A matéria, se for o caso, será impugnada, pela parte
prejudicada, por meio das razões ou contrarrazões da posterior apelação interposta contra a
sentença superveniente (art. 1.009, § 1º). Dessa forma, o novo Código valoriza o princípio da
irrecorribilidade das interlocutórias, mais do que o Código de 1973. Agora, se a matéria
incidental decidida pelo magistrado a quo não constar do rol taxativo do art. 1.015, que
autoriza a interposição de agravo de instrumento, a parte prejudicada deverá aguardar a
prolação da sentença para, em preliminar de apelação ou nas contrarrazões, requerer a sua
reforma (art. 1.009, § 1º). Vale dizer, a preclusão sobre a matéria somente ocorrerá se não for
posteriormente impugnada em preliminar de apelação ou nas contrarrazões” (HUMBERTO,
1938).
Bem verdade que o Código de Processo Civil de 1973 não imperava o princípio da
irrecorribilidade das interlocutórias, como já explicado anteriormente. E, embora o princípio
da irrecorribilidade em separados das decisões interlocutórias se expresse na ausência de
efeito suspensivo, que é direta e plenamente auxiliado pela formação do Agravo de
Instrumento em autos próprios para sua tramitação, não houve, na verdade, nem uma
contribuição positiva de sua multiplicação, como nos explica o egrégio comentador do CPC
de 1973 (ASSIS, 2017): “Não se pode dizer que a multiplicação dos agravos de instrumento
haja trazido qualquer contribuição positiva”.
Tal raciocínio se baseia na vivência prática a qual tomava os tribunais. Mesmo que o
legislador não tivesse predeterminado efeito suspensivo, ocorria a suspensão do processo por
causa da proliferação do Instrumento. Na prática, o órgão a quo aguardava silenciosa e
obsequiosamente a manifestação do órgão a quem, para a decisão da matéria (ASSIS, 2017).
Para sanar esses impasses foi que o legislador do CPC de 2015 ocupou-se de tratar a
matéria ora exposta de modo contundente. Seguindo a lógica do direito português, o CPC de
2015 adotou a admissibilidade da impugnação das decisões interlocutórias, conforme redação
dada ao artigo 1.009 do CPC, de 2015. No entanto, essa impugnação; isto é, a
irrecorribilidade imediata ou em separado das decisões interlocutórias deveria ser tratada à luz
das hipóteses previstas expressamente no rol do artigo 1.015 e aos casos expressos em outras
determinações legais.
O CPC de 2015, com isso, ocupou-se de tratar de questões relevantes e idôneas que
poderiam influenciar de alguma forma o desenvolver do processo, como, por exemplo, nos
casos de tutela provisória (artigo 1.015, I) e desconsideração da personalidade jurídica (artigo
1.015, IV).
Isto é, caso a decisão interlocutória não esteja dentro das hipóteses do artigo 1.015 do
CPC/2015, a parte deve aguardar – sem risco de preclusão da matéria – até a apelação,
quando deverá arguir a questão como preliminar.
O que antes era regra, passou a ser tratado como exceção: o CPC de 2015 adotou
como princípio orientador para tratar das decisões interlocutórias a irrecorribilidade imediata
9
DE ASSIS, Araken. MANUAL DOS RECURSOS. 8ª ed. Revista, atualizada e ampliada. 2017. Editora
revista dos Tribunais LTDA, São Paulo-SP.
das decisões, ocupando-se por estabelecer um rol de hipóteses para a interposição do agravo
de instrumento, conforme redação dada ao artigo 1.015 do CPC/2015 (CARMONA, 2015).
3.1 ANÁLISE DOS VOTOS DOS MINISTROS (juntar com a doutrina que cada um
adotou, logo abaixo)
3.1.3 OG FERNANDES
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOIGRÁFICAS