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TRIBUNAL MARÍTIMO

PROCESSO Nº 34373/2020

ACÓRDÃO

Canoa “SHEKINAH”. Deriva decorrente de avaria do motor durante atividade de pesca. Sem, no entanto,
provocar acidentes pessoais tampouco poluição ao meio ambiente marinho. Caso fortuito. Arquivamento.

Vistos os presentes autos.

Tratam os autos de IAFN, instaurado pela Capitania dos Portos do Paraná, para analisar e determinar as
causas e responsabilidades pelo acidente da navegação, previsto no artigo 14, alínea “b”, da Lei nº
2.180/54, materializado deriva decorrente de avaria no motor, ocorrida em 01 de outubro de 2019, com a
canoa “SHEKINAH” com 8,86 metros de comprimento, 1 AB, classificada para atividade de pesca em
área de navegação interior, inscrito no Porto de Paranaguá, sob o nº 421-553551-4, durante atividade de
pesca. Com pedido de Arquivamento pela D. Procuradoria Especial da Marinha - PEM (documento
0001286), pelos seguintes fatos e fundamentos.

Consta dos autos que no dia do acidente por volta das 05h30min o Sr. Antonio e o Sr. Sergio saíram com
a embarcação “SHEKINAH” para pescar. Por volta das 06h30min chegaram ao local da atividade,
pararam o motor e soltaram a rede. Quando foram religar o motor ele não partiu. Tentaram arrumar o
motor no lugar sem sucesso. Decidiram então soltar a âncora e ficar à deriva de propósito como estratégia
para chamar ajuda. Ficaram à deriva até chegar próximo a Ilha dos Currais quando conseguiram sinal de
celular. Somente entre 19h30min e 20h do mesmo dia que obtiveram sucesso em contactar os bombeiros
e permaneceram à deriva até às 06h30min do dia seguinte quando um outro barco de pesca os avistou e
efetuou o reboque para a praia de Matinhos.

Os Peritos, em Laudo de Exame Pericial, (fls. 44 a 49), constataram que a embarcação perdeu motor na
LAT 25º37,6678’S e LONG 048º17,363’W a aproximadamente 6,9 milhas da costa e foram encontrados
próximo a Ilha dos Currais a uma distância de 5,8 milhas da costa e a 7,3 milhas do ponto inicial.

Constataram que a área de pesca que os tripulantes se dirigiram no dia do acidente é uma área de mar
aberto e a embarcação “SHEKINAH” é uma embarcação para navegação interior. Nenhum dos dois
tripulantes, apesar de se dizerem pescadores, eram profissionais, pois não possuíam caderneta de
inscrição e registro que os habilitasse. O proprietário da embarcação havia adquirido a mesma a pouco
tempo antes do acidente e mesmo ainda não havendo dado entrada no processo de transferência de
propriedade, ele estava no prazo para fazê-lo.

O motor foi verificado sendo constatada a existência de sujeira no bico injetor de combustível do motor.
Com o bico do motor sujo, o combustível sofria contaminação e/ou não passava para o pistão para haver a
queima para o motor funcionar. Não foram informados ou fornecidos registros das manutenções bem
como não foi verificado equipamento de segurança.

E concluíram que a causa determinante do acidente em relação a deriva foi dolo dos tripulantes pela
atitude de tentar pedir socorro após um caso fortuito de perda de máquinas devido à culpa por negligência
dos tripulantes em não verificarem as condições da embarcação antes de navegar.

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