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//curso de

APERFEIÇOAMENTO
FORTALECIMENTO
DAS AÇÕES DE IMUNIZAÇÃO
NOS TERRITÓRIOS
MUNICIPAIS

MÓDULO IV
Aula
12
// IMUNOBIOLÓGICOS
//
Todos os direitos reservados. É permitida a
reprodução parcial ou total desta obra, desde
que citada a fonte e que não seja para venda
Créditos

ou qualquer fim comercial. O conteúdo desta


publicação foi desenvolvido e aperfeiçoado pela
equipe MaisCONASEMS e Faculdade São
Leopoldo Mandic.

Ficha
Catalográfica

Material de Referência. Mais CONASEMS. Curso de


Aperfeiçoamento Fortalecimento das Ações de Imunização nos
Territórios Municipais. Módulo III - Imunobiológicos: Temas
Gerais- Aula 13 – Imunobiológicos.
Curadoria e Produção de Conteúdos Ficha
Mandic
André Ricardo Ribas Freitas Técnica
Fabiana Medeiros Lopes de Oliveira
Giuliano Dimarzio
Laura Andrade Lagoa Nóbrega
Márcia Fonseca
Regina Célia de Menezes Succi Este material foi
elaborado e desenvolvido
Gestor Educacional pela equipe técnica e
Rubensmidt Ramos Riani
pedagógica do Mais
Coordenação Técnica e Pedagógica CONASEMS em parceria
Cristina Crespo com a Faculdade São
Valdívia Marçal Leopoldo Mandic.

Coordenação Pedagógica – Faculdade


São Leopoldo Mandic
Fabiana Succi
Patricia Zen Tempski

Especialista em Educação a Distância Coordenação Geral


Kelly Santana Conexões Consultoria em
Priscila Rondas Saúde Ltda.

Designer instrucional Revisão textual


Alexandra Gusmão Gehilde Reis Paula de Moura
Juliana de Almeida Fortunato
Pollyanna Micheline Lucarelli

Web Desenvolvedor
Aidan Bruno
Alexandre Itabayana
Cristina Perrone
Paloma Eveir
Olá!
Este é o seu Material de
Referência da Aula 12 do
Módulo 4, nele aprofundaremos
nossos estudos referente ao tema
imunobiológicos. Nossa proposta é
que você tenha acesso a mais
conhecimento, por isso leia-o com
atenção e consulte-o sempre que
necessário!
Objetivos de
aprendizagem
Conhecer a definição de imunobiológicos,
01 compreendendo vacinas, anticorpos monoclonais,
imunoglobulinas e soros.

Conhecer os componentes dos imunobiológicos


e suas funções. 02
Comparar os diferentes tipos de vacina (vivas atenuadas,
03 inativadas, com vetor viral, de RNA, celular, acelular).

Compreender como os diferentes tipos de vacinas


influenciam nos esquemas vacinais. 04
05 Entender os intervalos das vacinações entre si e em
relação a outros imunobiológicos.

Conhecer as contraindicações gerais e específicas,


falsas contraindicações e situações de adiamento da
vacinação.
06
Conhecer os aspectos gerais dos Eventos Adversos Pós-
07 Vacinação (EAPV). Classificar e investigar os EAPV.
intro
dução

Na aula 12, você irá aprimorar seus conhecimentos,


habilidades e atitudes para as competências
necessárias ao profissional, cuidador e comunicador.
Compreenderá os tipos de imunobiológicos e dos
componentes vacinais para o entendimento da lógica
do calendário do Programa Nacional de Imunizações,
das recomendações de associações e situações de
adiamento vacinal.
Compreenderá também a necessidade de reconhecer,
classificar e investigar os eventos adversos pós-
vacinação, bem como identificar as falsas
contraindicações da vacinação.

Boa leitura!
//Imunobiológicos
Imunobiológicos são vacinas, soros e
imunoglobulinas que se diferem dos outros tipos
de medicamentos devido à sua natureza biológica,
processos complexos de fabricação e métodos
utilizados para avaliação da qualidade.

Já as Vacinas são produtos imunobiológicos que


contêm uma ou mais substâncias antigênicas que,
quando inoculadas em determinado organismo,
são capazes de induzir imunidade específica ativa,
a fim de proteger contra, reduzir a gravidade ou
combater certa doença.

// Imunobiológicos
As Imunoglobulinas, ou anticorpos, são substâncias
produzidas pelo organismo ao entrar em contato com
algum antígeno. Os anticorpos coletados de humanos
para serem utilizados como proteção às doenças são
chamados imunoglobulinas e os anticorpos coletados
de animais, soros. Para algumas doenças, a infecção
em si (ou a produção de toxinas pelo agente
infeccioso) tem evolução tão grave e rápida que é
necessário o emprego dessas imunoglobulinas, que
são anticorpos prontos, para conferir a imunidade
imediata.

Os soros heterólogos (ou apenas,


soros) são anticorpos obtidos a
partir do plasma de doador
(principalmente equinos) de
espécie diferente daquela do
receptor (homem). Os doadores
animais são previamente
estimulados por pequenas
quantidades de toxinas, toxóides
ou venenos, dos quais são retirados
os anticorpos. Esses soros podem
ser utilizados contra agentes
infecciosos ou venenos de animais
peçonhentos. São exemplos de
soros heterólogos: soro
antitetânico, soro antirrábico,
soro antidiftérico e soros
antiveneno.

// Imunobiológicos
Algumas medicações utilizadas no controle de doenças
autoimunes também são chamadas de medicações
imunobiológicas ou biológicas. Fazem parte de outro
grupo terapêutico e não são utilizados nas salas de
vacina como imunizantes. Os anticorpos monoclonais,
medicações biológicas complexas, são anticorpos
produzidos pela linhagem de uma única célula, o
que torna esse produto extremamente puro, preciso e
homogêneo. Podem ser utilizados para prevenção de
doenças infecciosas ou na terapia de outras doenças,
como diversos tipos de câncer. O palivizumabe é um
exemplo de anticorpo monoclonal utilizado como
prevenção da doença causada pelo Vírus Sincicial
Respiratório.

// Imunobiológicos
Composição das vacinas
As vacinas podem conter um ou mais agentes
imunizantes (vacina monovalente ou combinada) em
diversas formas biológicas, quais sejam:

bactérias ou vírus
vivos atenuados
(“enfraquecidos”);

vírus inativados e
bactérias mortas;

componentes
purificados e/ou
modificados dos
agentes causadores
das doenças contra
as quais a vacina é
dirigida.

// Composição das Vacinas


Veja a seguir
os principais
componentes
das vacinas.

// Composição das Vacinas


Conservantes e
antibióticos
Líquido de suspensão presentes em pequenas
constituído geralmente quantidades, necessários
por água destilada ou para evitar o crescimento de
solução salina fisiológica. contaminantes (bactérias,
fungos), como mercuriais
(timerosal) e antibióticos
(neomicina). São mais
Estabilizantes utilizados em frascos de
substâncias que auxiliam multidoses.
proteger as vacinas de
condições adversas, como Adjuvantes
congelamento, calor, substâncias que aumentam a
alterações do pH (tampões) resposta imune de vacinas que
e para obtenção de contêm microrganismos
isotonicidade (NaCl). inativados ou seus componentes
Também são utilizados para (como, por exemplo, os toxoides
formar volume, quando a tetânico e diftérico). Não são
vacina contém quantidades utilizados em vacinas que
mínimas de imunógenos. Os contêm microrganismos vivos.
estabilizantes mais Os adjuvantes mais utilizados
utilizados são açúcares para vacinas destinadas a uso
(sacarose e lactose), humano são os sais de alumínio.
proteínas derivadas de Um cuidado importante na
animais (gelatina porcina ou administração de vacinas com
bovina) ou de humanos adjuvantes é a homogeneização
(soroalbumina humana), do frasco, para que ele se
tampões (fosfato) e sais distribua em todas as doses.
(NaCl).
// Imunobiológicos
//Tipos de
vacinas
VACINAS
VIVAS

São constituídas de microrganismos atenuados, isto


é, estão viáveis, se multiplicam, mas perderam a
capacidade de causar doença. São obtidos pela
seleção de cepas naturais (selvagens) e atenuados
por passagens em meios de cultura especiais (por
exemplo, vacinas caxumba, febre amarela,
poliomielite oral, rotavírus, rubéola, sarampo e
varicela). Os vírus vacinais infectam o organismo que
recebe a vacina, e, apesar de não serem capazes de
produzir doença, desencadeiam os mecanismos de
defesa da cadeia imunológica promovendo proteção
futura, caso esse organismo entre em contato
novamente com o agente causador da doença.
Ativam mecanismos de imunidade humorais
(produção de anticorpos) e celulares
(desenvolvimento de células de memória) no
organismo receptor. As vacinas vivas administradas
por via mucosa (mucosa digestiva, no caso da vacina
poliomielite atenuada e da vacina rotavírus),
induzem imunidade secretora na porta de entrada
natural.

// Tipos de vacina
A replicação viral do vírus vacinal consiste em
uma infecção similar à natural, por isso essas
vacinas têm, em geral, grande capacidade
protetora, conferem imunidade em longo prazo
e são utilizadas em menor número de doses
que as vacinas inativadas. Também por esse
motivo, os eventos adversos ocorrem após
alguns dias da administração das vacinas,
geralmente entre 5 e 21 dias. A desvantagem
das vacinas vivas é o risco de provocarem
eventos adversos em virtude de virulência
residual, como no caso das vacinas febre
amarela, caxumba e poliomielite. Também
podem causar doença em pacientes com
imunodepressão grave.

// Tipos de vacina
As VACINAS INATIVADAS não
contêm os microrganismos vivos
ou viáveis.

Podem ser obtidas de diversos modos:

01
Microrganismos inteiros inativados por meios
físicos ou químicos, geralmente o formaldeído, de
tal modo que perdem sua capacidade infecciosa,
mas mantêm suas propriedades imunogênicas
protetoras. Exemplos: vacina celular contra a
coqueluche e vacina poliomielite (inativada).

02
Produtos tóxicos (toxinas) dos
microrganismos, também inativados.
Exemplos: vacinas adsorvida difteria e
tétano.

// Tipos de vacina
03
Vacinas de subunidades ou de fragmentos de
microrganismos. Exemplo: alguns tipos de
vacina influenza.

04
Vacinas obtidas por meio da
identificação dos componentes dos
microrganismos, responsáveis tanto
pela agressão infecciosa quanto pela
proteção. Os componentes
potencialmente tóxicos são inativados,
como a vacina adsorvida pertússis
(coqueluche) acelular.

05
Vacinas obtidas por engenharia genética, que
consiste na inserção de um fragmento de material
genético em um microrganismo (por ex. levedura),
fazendo com que esse organismo produza alguma
substância desejada. Exemplo: vacina
recombinante hepatite B e papilomavírus. Um
pequeno fragmento de material genético do vírus
da Hepatite B, que codifica o antígeno AgHBs, é
inserido na levedura (que será chamada de cepa
recombinante). Essa cepa, por sua vez, começa a
produzir o antígeno, que posteriormente é retirado
da cultura de leveduras e purificado.

// Tipos de vacina
06
Vacinas constituídas por polissacarídeos, que
são substâncias extraídas da cápsula de
microrganismos invasivos, como o
pneumococo e o meningococo. Essas vacinas
não são capazes de estimular imunidade
celular, timo-dependente. Assim não conferem
boa proteção nas crianças com menos de dois
anos de idade e a sua duração de efeito é
curta. Induzem pouca ou nenhuma memória
imunológica; isto é, a imunidade, em geral, não
aumenta com a repetição das doses. A vacina
polissacarídica pneumocócica 23- valente é
administrada duas vezes com intervalo de 5
anos entre elas. A administração de uma
terceira dose não aumenta a imunidade; ao
contrário, provoca o estado de tolerância
imunológica. Exemplos dessas vacinas, temos
as polissacarídicas não conjugadas contra
pneumococo (vacina Pneumo 23) e o contra
meningococo (Vacina Meningocócica AC
Polissacarídica).

// Tipos de vacina
07
Vacinas conjugadas, de tecnologia mais moderna,
em que os polissacarídeos são conjugados a
proteínas, criando-se um complexo antigênico capaz
de provocar respostas imunológicas mais potentes,
timo-dependentes. Exemplo: vacinas
Haemophilus influenzae tipo B, vacina conjugada
pneumocócica 10-valente (cce 13-valente e vacina
meningocócica C (conjugada) e meningocócica
ACWY (conjugada). Além da proteção direta do
vacinado, as vacinas conjugadas apresentam
importante vantagem no controle das doenças por
levarem à proteção de rebanho através da redução
no estado de portador sadio. Os portadores sadios
são indivíduos que podem portar as bactérias em
sua nasofaringe, mantendo-se assintomáticos, sem
nenhuma manifestação clínica da doença, porém
são capazes de transmitir o agente infeccioso para
seus comunicantes. Por reduzirem o estado de
portador sadio, as vacinas conjugadas, por meio da
imunidade de mucosa, protegem as pessoas não
vacinadas à medida que as vacinadas deixam de
transmitir a bactéria.

// Tipos de vacina
08
Vacinas obtidas por vacinologia reversa,
como a vacina meningocócica B
(conjugada). Nessa tecnologia, após o
sequenciamento genético do
microrganismo, identificam-se algumas
proteínas que são comuns à maioria
das cepas desse microrganismo. Então,
através do uso da tecnologia de DNA
recombinante (engenharia genética),
outros microrganismos, como a
bactéria Escherichia coli usada na
produção da vacina meningocócica B,
recebe material genético para passar a
produzir essas proteínas.

// Tipos de vacina
09
Vacinas de vetores virais utilizam vírus
humanos ou de outros animais, replicantes
ou não, como “carregadores” (vetores) de
genes que codificam a produção de
determinada proteína antigênica. Algumas
vacinas contra o SARS-CoV-2 utilizam
vetores virais que determinam a produção
da proteína Spike (ou proteína S do SARS-
CoV-2). Uma vez inoculadas, estas vacinas
com os vírus geneticamente modificados
estimulam as células humanas a produzir a
proteína Spike, que vão, por sua vez,
estimular a resposta imune específica. Os
vetores virais replicantes podem se replicar
dentro das células, enquanto os não
replicantes não conseguem realizar o
processo de replicação, porque seus genes
principais foram desativados ou excluídos.
O vírus recombinante funciona como um
transportador do material genético do vírus
alvo, ou seja, é um vetor inócuo, incapaz de
causar doenças.

// Tipos de vacina
10
Vacina de RNA mensageiro: o segmento
do RNA do vírus, capaz de codificar a
produção de determinada proteína, é
encapsulado em nanopartículas lipídicas.
Ao serem inoculadas, estas vacinas
estimulam as células humanas a produzir
a proteína em questão, que vão por sua
vez estimular a resposta imune específica.
Algumas vacinas contra covid-19 utilizam
esse mecanismo.

// Tipos de vacina
É importante esclarecer que, mesmo
considerando as diferenças de efeitos
das vacinas vivas e das inativadas,
muitas das vacinas inativadas são
imunógenos potentes e conferem
proteção de longa duração.

Outra diferenciação importante é entre vacina de células


inteiras e vacina acelular, nomenclatura utilizada para a
vacina tríplice bacteriana (DTP): na tríplice bacteriana
(DTP) de células inteiras o componente pertússis
(coqueluche) contém células inteiras da bactéria,
inativadas. Já na tríplice bacteriana acelular( dTpa), o
componente pertússis não apresenta células inteiras, e sim
componentes purificados dos antígenos da bactéria. Por
não conterem células inteiras, são chamadas ACELULARES.
As diferenças de indicações, contraindicações, efetividade
e EAPV dessas duas vacinas serão abordados nas unidades
correspondentes, no decorrer do curso.

// Tipos de vacina
// Associação de
Vacinas
Diante da grande variedade de vacinas que
compõem o calendário vacinal de rotina, a
associação de vacinas, que consiste na
administração de vários imunizantes em um
mesmo atendimento, permite um número
reduzido de visitas aos serviços de saúde,
sendo considerada uma estratégia
econômica, além de facilitar a
operacionalização do esquema vacinal
completo. Com menor número de
aplicações, é possível imunizar contra um
maior número de doenças.

// Associação de vacinas
É importante ressaltar que
as associações praticadas Importante!
pelo Programa Nacional de
Imunizações não aumentam
a ocorrência de EAPV; não
comprometem o poder
imunogênico de cada agente
e nem sobrecarregam o
sistema imunológico.

// Associação de vacinas
São
associações
de vacinas:

Vacinação combinada: quando dois ou mais


agentes imunizantes são administrados em uma
mesma preparação. É utilizada há muito tempo
no calendário infantil e adulto.

Exemplos:
Da tríplice bacteriana
(vacina adsorvida difteria,
tétano e pertússis), Penta
(vacina adsorvida difteria,
tétano, pertússis, hepatite B
(recombinante) e
Haemophilus influenzae tipo
B (conjugada), das duplas
infantil e adulto, da tríplice
viral (vacina sarampo,
caxumba, rubéola).

// Associação de vacinas
Vacinação simultânea: quando várias
vacinas são administradas em diferentes
locais anatômicos ou por diferentes vias.
Assim, em um mesmo atendimento
podem ser administradas,
simultaneamente, as vacinas BCG
(intradérmica), vacina adsorvida difteria,
tétano, pertússis, hepatite B, haemophilus
influenzae tipo B - pentavalente
(intramuscular), poliomielite atenuada
(oral) e vacina sarampo, caxumba, rubéola
(subcutânea).
Quando não for possível a administração
simultânea de vacinas em um mesmo
atendimento, pode ser necessário
respeitar intervalos básicos entre as
aplicações.

// Associação de vacinas
Lembrete
“Vacinas
diferentes não
podem ser
misturadas na
mesma seringa.”

// Associação de vacinas
// Intervalo entre
Vacinas
Você sabe qual
é o intervalo
entre as
vacinas?

Sempre que possível, um esquema de


vacinação deve ser realizado segundo o
intervalo de tempo recomendado no
Calendário de Vacinação, nunca menor que o
intervalo de tempo mínimo especificado
para cada vacina.

Esse intervalo é necessário para o


processamento da resposta imunológica,
seja por intermédio da produção de
anticorpos ou da estimulação da complexa
rede de células da imunidade.

// Intervalo entre vacinas


É importante que seja respeitada a idade
mínima para receber vacinas, já que
crianças muito novas podem não ser
capazes de produzir resposta imune
adequada a determinados tipos de vacinas,
pela imaturidade imunológica. Assim,
preconiza-se que doses de vacinas
administradas até quatro dias antes do
intervalo mínimo ou idade mínima indicada
para vacinação são consideradas válidas. Se
a primeira dose de uma série é
administrada mais de quatro (≥5) dias antes
da idade mínima recomendada, a dose deve
ser repetida adiante ou após a data em que
a criança alcance a idade mínima
recomendada para essa vacinação.

// Intervalo entre vacinas


Como regra geral, todas as vacinas
recomendadas rotineiramente podem ser
aplicadas no mesmo dia, com duas exceções:

01
As vacinas virais vivas atenuadas
sarampo, caxumba e rubéola,
quando possível, não devem ser
aplicadas simultaneamente à vacina
febre amarela, na primovacinação
(primeira ocasião em que receberá
essa vacina), em crianças menores
de dois anos de idade.

02
As vacinas pneumocócicas
10-valente (conjugada)
(Pneumo 10) ou 13-valente
(conjugada) (Pneumo 13) e a
pneumocócica polissacarídica
23-valente (Pneumo 23) não
devem ser aplicadas
simultaneamente e devem
ser utilizadas com pelo
menos oito semanas de
intervalo entre elas.

// Intervalo entre vacinas


Atenção!
O intervalo mínimo entre as vacinas virais atenuadas
parenterais (tríplice viral, varicela), caso não sejam
administradas simultaneamente, deve ser de 30 dias.
No caso da vacina febre amarela, excepcionalmente,
em situações onde há alto risco de contágio, o
intervalo mínimo pode ser de 15 dias. O Quadro 1
mostra os intervalos indicados.

// Intervalo entre vacinas


Veja algumas informações no
quadro 1 - Intervalos
recomendados entre as doses
de vacinas que contêm vírus
vivo atenuado e vacinas que
não contêm vírus vivo
atenuado.

Quadro 1
INTERVALOS BÁSICOS ENTRE DOSES DE VACINAS

Fonte: Norma Técnica do Programa de Imunização / Secretaria da Saúde Estado de São Paulo, 2016.

// Intervalo entre vacinas


A tabela 1 mostra o intervalo
entre administração de dois ou
mais imunobiológicos.

Tabela 1 – Uso simultâneo ou sequencial de duas ou mais vacinas e/ou


imunoglobulinas

Fonte: Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais, 2019.

// Intervalo entre vacinas


Veja mais informações sobre os intervalos entre
vacinas

ATENÇÃO ÀS
RECOMENDAÇÕES DE INTERVALO MÍNIMO de
INTERVALO PARA VACINA 14 DIAS
COVID-19

É improvável que a Preconiza-se um INTERVALO


administração simultânea MÍNIMO de 14 DIAS entre as
das vacinas covid-19 com vacinas COVID-19 e as
as demais vacinas do diferentes vacinas do
calendário vacinal incorra calendário. Exceções:
em redução da resposta situações de uso de
imune ou risco aumentado imunobiológicos para
de EAPV. No entanto, profilaxia de urgência, diante
devido à ausência de de exposição a patógenos
estudos nesse sentido, potencialmente graves (por
bem como visando exemplo, profilaxia de tétano
possibilitar o com vacina dupla adulto,
monitoramento de EAPV, vacina ou soro contra raiva
neste momento, não se pós-exposição de risco e
recomenda a administração imunoglobulinas) não há
simultânea com as demais obrigatoriedade de intervalo
vacinas do calendário desses imunobiológicos com
vacinal. a vacina Covid-19.

Trecho extraído do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19 –


6ª. Edição)

// Intervalo entre vacinas


Esquemas de vacinação (múltiplas doses
e reforços vacinais)

As vacinas de microrganismos vivos atenuados, por


provocarem infecção similar à natural, têm, em geral,
grande capacidade protetora. Assim, conferem imunidade
em longo prazo e são utilizadas em menor número de
doses que as vacinas inativadas, não havendo,
geralmente, necessidade de tantos reforços para serem
mantidos os níveis de proteção a longo prazo. A
recomendação de reforços dessas vacinas pode cobrir
falhas vacinais com a primeira dose ou, mesmo nos casos
em que não houve falha, garante que a proteção seja
mantida por períodos ainda mais prolongados.
Vacinas inativadas, com uma única dose, geralmente, não
se alcançam níveis de imunidade protetores e, quando
esses níveis são alcançados, podem sofrer queda ao longo
do tempo. Assim, são necessários esquemas com maior
número de doses e reforços, a fim de ser mantida a
proteção por período prolongado.

// Intervalo entre vacinas


// Contraindicações
de vacinação
Você sabe
quais são as
contraindicações
de vacinas?

É comum ocorrerem contraindicações de


vacinas desnecessárias, baseadas em
conjecturas teóricas ou em conceitos
desatualizados, com perda da oportunidade de
vacinação e consequente comprometimento
da cobertura vacinal. Dúvidas nas situações de
contraindicações podem ocorrer por
desconhecimento dos próprios indivíduos a
serem vacinados ou seus responsáveis, e até
mesmo de profissionais experientes que
trabalham nas salas de vacinas.

// Contraindicações de vacinação
Contraindicações gerais

A contraindicação é entendida como uma condição


do usuário a ser vacinado que aumenta, em muito,
o risco de um evento adverso grave ou faz com que
o risco de complicações da vacina seja maior do
que o risco da doença contra a qual se deseja
proteger.

Para todo imunobiológico, consideram-


se como contraindicações:

• a ocorrência de hipersensibilidade (reação


anafilática) confirmada após o recebimento
de dose anterior desse imunobiológico; e

• história de hipersensibilidade a qualquer


componente dos imunobiológicos.

// Contraindicações de vacinação
É importante lembrar que a ocorrência de febre acima
de 38,5ºC, após a administração de uma vacina, não
constitui contraindicação à dose subsequente. O
indivíduo deve receber antitérmico conforme
prescrição médica, mas não está indicado uso rotineiro
de paracetamol (ou outro antitérmico) antes ou
imediatamente após a vacinação para não interferir na
imunogenicidade da vacina (exceto para alguns casos,
como crianças cardiopatas, com risco de
descompensação na vigência de febre alta; essas
situações excepcionais serão abordadas
oportunamente).

// Contraindicações de vacinação
As vacinas de
bactérias atenuadas
ou vírus vivo
atenuado, em
princípio, não devem
ser administradas a
pessoas que:

01
Apresentaram reações de caráter anafilático à
dose prévia da vacina ou de seus componentes.

02
Grávidas (salvo situações de alto risco de
exposição a algumas doenças, por
exemplo, febre amarela).

// Contraindicações de vacinação
03
Apresentam imunodeficiência congênita ou
adquirida; como portadores de neoplasias
malignas, submetidos a transplantes de medula
ou outros órgãos, infectados pelo HIV (verificar
grau de imunossupressão) ou que estão em
tratamento com corticosteroides em dose alta
(equivalente a prednisona na dose de 2
mg/kg/dia ou mais, para crianças, ou de 20
mg/dia ou mais, para adultos, por mais de duas
semanas) ou são submetidas a outras
terapêuticas imunodepressoras (quimioterapia
antineoplásica, radioterapia etc.). Como existem
diversos tipos e graus de comprometimento da
resposta imunológica, há recomendações
específicas para cada uma dessas condições.
Recomendamos consultar o Manual dos Centros
de Referência para Imunobiológicos Especiais,
Guia de Tratamento Clínico da Infecção pelo HIV
em Pediatria e Recomendações para terapia
antirretroviral em adultos e adolescentes
infectados pelo HIV, com links disponíveis nas
Referências.

// Contraindicações de vacinação
Definição de Dose Imunossupressora de
Corticoide

Equivalente a prednisona na dose de 2 mg/kg/dia ou


mais, para crianças, ou de 20 mg/dia ou mais, para
adultos, por mais de duas semanas.

Prednisona

Peso ou dia 2mg ou mais para crianças


Crianças
Dia 20mg ao dia partas adultos
Adultos por mais de duas semanas

Observação: o uso de corticoide tópico, inalatório ou


intra-articular não é considerado imunossupressor.

As contraindicações
específicas para cada vacina Atenção!
serão abordadas quando
forem descritas
detalhadamente, nas
próximas unidades do curso.

// Contraindicações de vacinação
Situações em que se recomenda o
adiamento da vacinação:

• Na vigência de DOENÇAS AGUDAS FEBRIS


GRAVES, sobretudo para que seus sinais e
sintomas não sejam atribuídos ou confundidos
com possíveis efeitos adversos das vacinas.

• Até três meses após o tratamento com


imunodepressores ou com corticosteroides em
período prolongado e dose alta. Essa
recomendação é válida inclusive para vacinas
inativadas, pela possibilidade de menor resposta
vacinal (avaliar possibilidade de adiamento caso a
caso, de acordo com o risco de infecção do
indivíduo e situação epidemiológica da doença).

// Contraindicações de vacinação
• Administração de
imunoglobulina ou de sangue e
derivados, devido à possibilidade
de que os anticorpos presentes
nesses produtos neutralizem o
vírus vacinal. Essa recomendação é
válida para as vacinas contra o
sarampo, a caxumba, a rubéola e a
varicela.

// Contraindicações de vacinação
FALSAS contraindicações à
vacinação: são as situações nas quais NÃO
se deve adiar ou contraindicar a vacinação e
acabam contribuindo para quedas nas
coberturas vacinais, por desconhecimento da
população e dos profissionais de saúde,
ocasionando perda da oportunidade e risco de
adoecimento. As situações incluem, entre
outras:

• Afecções comuns, como doenças infecciosas


ou alérgicas do trato respiratório superior com
tosse e/ou coriza; diarreia leve ou moderada;
doenças da pele. São exemplos: resfriado
comum, rinite, asma, lesões impetiginosas
esparsas; escabiose. São situações muito
comuns no dia a dia da sala de vacina e deve
ficar muito claro que NÃO há motivo para
postergar a vacinação desses indivíduos.

• História e/ou diagnóstico clínico pregresso da


doença no que diz respeito à aplicação da
respectiva vacina. Caso haja dúvida se o
indivíduo já apresentou a doença, não haverá
risco em receber a vacina que pode proteger
contra essa determinada doença.

// Contraindicações de vacinação
• Desnutrição - diversos estudos comprovam o
benefício de vacinar indivíduos nessa condição,
sem haver aumento do risco de complicações
com o uso de vacinas.

• Uso de qualquer tipo de antimicrobiano. Não


há interferência alguma do antibiótico na
resposta vacinal e nem aumento do risco de
complicações de vacinação.

• Vacinação contra a raiva.

•Doença neurológica estável (exemplo:


convulsão controlada) ou pregressa com
sequela presente.

• Antecedente familiar de convulsão.

• Tratamento sistêmico com corticosteroides


nas SEGUINTES SITUAÇÕES: curta duração
(inferior a duas semanas), independentemente
da dose; doses baixas ou moderadas,
independentemente do tempo; tratamento
prolongado, em dias alternados, com
corticosteroides de ação curta; doses de
manutenção fisiológica.

• Uso contínuo de corticoide tópico (nasal,


ocular) ou inalatório.

// Contraindicações de vacinação
• Alergias (exceto as de caráter
anafilático) relacionadas com os
componentes das vacinas.

• Reação cutânea ao timerosal.

• Prematuridade ou baixo peso ao


nascimento. Nestes casos, não se deve
adiar o início da vacinação (exceção:
vacinas BCG e hepatite B – ver unidades
correspondentes, no decorrer do curso).

• Internação hospitalar, essa é uma ótima


oportunidade para atualizar o esquema de
vacinações, desde que não haja
contraindicação formal. Avaliar
cuidadosamente a indicação da vacina
poliomielite oral para internados,
verificando a possibilidade de uso da
vacina injetável inativada.

// Contraindicações de vacinação
// Eventos adversos
pós-vacinação
O que são
eventos
adversos
pós-vacina?
Evento Adverso Pós-Vacinação (EAPV) é
definido como qualquer ocorrência
médica indesejada após a vacinação e
que, não necessariamente, possui uma
relação causal com o uso de uma
vacina ou outro imunobiológico
(imunoglobulinas e soros heterólogos).
Um EAPV pode ser qualquer evento
indesejável ou não intencional, isto é,
sintoma, doença ou um achado
laboratorial anormal. Em grande parte
das ocorrências, não há relação de
causa e efeito com a vacina em
questão, já que diversos problemas de
saúde ocorreriam mesmo sem a
vacinação dos indivíduos.

// Eventos adversos pós-vacinação


Os eventos adversos podem ser inesperados ou esperados,
tendo em vista a natureza e características do
imunobiológico, bem como o conhecimento já disponível
pela experiência acumulada.
Esperados

Inesperados
Destacam-se, entre os Eventos inesperados
eventos esperados, os são aqueles não
mais comuns e sem identificados
gravidade, como febre, anteriormente, às
dor e edema local, ou vezes com vacinas de
eventos mais graves, uso recente, ou mesmo
como convulsões com vacinas de uso
febris, episódio mais antigo, como por
hipotônico- exemplo, visceralização
hiporresponsivo, e falência múltipla de
anafilaxia etc. órgãos, observada
muito raramente após
a vacina febre amarela.
Também são eventos
inesperados aqueles
decorrentes de
problemas de
qualidade do produto,
como por exemplo,
contaminação de lotes
provocando abscessos
locais.

// Eventos adversos pós-vacinação


As vacinas vivas, apesar de suscitarem imunidade
duradoura com poucas ou uma única dose, têm o potencial
de causar eventos adversos graves quando são
administradas em pessoas com deficiência imunológica ou
com fatores individuais de predisposição ainda
desconhecidos (“idiossincrásicos”).

A maioria dos EAPV, sejam de ocorrência local e/ou


sistêmica, é de baixa gravidade. Por essa razão, as ações
de vigilância são voltadas para os eventos moderados e
graves. Apenas em situações extremamente raras e
particulares, o óbito pode ser decorrente da vacinação.

// Eventos adversos pós-vacinação


O objetivo da vigilância
epidemiológica de óbitos é
primordialmente afastar as
causas coincidentes e
indevidamente atribuídas às
vacinas.

Exemplos:
A síndrome da morte súbita
infantil, que não tem qualquer
relação com vacinação, pode
ocorrer no mesmo período de
aplicação de vários
imunobiológicos do calendário
básico de vacinação da criança.
Porém, vários estudos mostraram
que as imunizações não
aumentam o risco de morte
súbita.

// Eventos adversos pós-vacinação


Como muitos dos eventos adversos
são meramente associações
temporais, não se devendo à
aplicação das vacinas, faz-se
necessária uma cuidadosa
investigação, visando ao diagnóstico
diferencial e ao possível tratamento.
Se eles forem realmente causados
pela vacina, são três os pontos
básicos para a investigação:

01
Fatores relacionados à vacina
Inclui o tipo (viva ou não viva), a cepa, o meio de cultura dos
microrganismos, o processo de inativação ou atenuação,
adjuvantes, estabilizadores ou substâncias conservadoras, o lote
da vacina.

02
Fatores relacionados aos vacinados
Idade, sexo, número de doses e datas das doses
anteriores da vacina, eventos adversos às doses
prévias, doenças concomitantes, doenças alérgicas,
autoimunidade, deficiência imunológica.

// Eventos adversos pós-vacinação


03
Fatores relacionados à administração
Agulha e seringa, local de inoculação, via de
inoculação (vacinação intradérmica, subcutânea
ou intramuscular).

// Eventos adversos pós-vacinação


Alguns eventos adversos merecem
atenção especial:

Eventos adversos decorrentes de depressão


imunológica – podem ocorrer em pacientes com
deficiência imunológica primária, isto é, com
deficiências congênitas da imunidade, que são
doenças raras, ou secundárias, decorrentes de
doenças ou tratamentos que comprometem a
imunidade, como leucemia, AIDS, quimioterapia
etc. Nesses casos, há risco de complicações com
as vacinas vivas. No caso das vacinas inativadas,
há risco da resposta vacinal não ocorrer
adequadamente, continuando o receptor da
vacina suscetível às doenças contra as quais se
vacinou.

// Eventos adversos pós-vacinação


Já que as diferentes situações de
imunossupressão podem acarretar
diferentes graus de deficiência da
imunidade, há casos em que o risco da
aplicação de uma vacina viva pode ser
justificado, quando as complicações da
doença podem ser muito mais graves do
que o risco da vacinação. Por outro lado, há
indivíduos que podem apresentar graves
complicações ao receberem as vacinas
vivas. Por isso, há recomendações
específicas para as vacinas e as situações
clínicas em questão. Deve-se ressaltar que
há situações nas quais uma vacina viva
pode ser substituída por uma vacina
inativada, como ocorre no caso da vacina
da poliomielite. O Manual dos CRIEs
disponibiliza todas essas recomendações; o
link para consulta está disponível nas
Referências.

// Eventos adversos pós-vacinação


Eventos adversos por reações de
hipersensibilidade - estão ligados às
chamadas reações de hipersensibilidade.

A. Reações de tipo I
Reações de tipo I, anafiláticas, mediadas por IgE,
mais frequentes em indivíduos alérgicos. Podem
ocorrer após qualquer vacina ou soro,
especialmente os de origem não humana
(equina). Podem estar relacionadas a diferentes
componentes das vacinas.

B. Reações de tipo II
Reações de tipo II, ligadas à formação de
anticorpos que se fixam a células do organismo,
levando à sua destruição por ação do
complemento e por linfócitos que se fixam aos
anticorpos, causando destruição celular. É um
mecanismo provavelmente envolvido em
doenças como encefalomielite disseminada
aguda (ADEM) ou Síndrome de Guillain-Barré
(SGB), nas quais pode haver destruição da
bainha de mielina dos nervos após certas
vacinas virais vivas ou após vacina antirrábica
preparada em tecido nervoso.

// Eventos adversos pós-vacinação


C. Reações de tipo III
Reações de tipo III, provocadas pela formação de
complexos imunes, que levam à vasculite e à
necrose tecidual no sítio da aplicação, como pode
ocorrer após número exagerado de doses de
vacinas difteria e tétano (fenômeno de Arthus), ou
a manifestações generalizadas, como na doença
do soro.

D. Reações de tipo IV
Reações de tipo IV, chamadas de
hipersensibilidade tardia, que envolvem a
imunidade celular, com linfócitos T citotóxicos
direcionados contra alvos do próprio corpo, como
ocorre na síndrome de Guillain-Barré e na
encefalomielite pós-infecciosa aguda. Há também
reações localizadas, como em indivíduos que
apresentam reações cutâneas à neomicina e ao
timerosal, usados como conservantes em várias
vacinas.

// Eventos adversos pós-vacinação


O indivíduo pode estar predisposto a essas reações de
hipersensibilidade por fatores individuais ou também por
influência de fatores genéticos.

Outros eventos adversos são rotulados como idiossincrásicos,


isto é, dependentes de fatores da própria pessoa e
desconhecidos, como a doença viscerotrópica após a vacina
febre amarela. É importante considerar ainda que, em geral,
vacinas mais reatogênicas são também mais eficazes.

Por exemplo, a vacina pertússis de células inteiras, bastante


reatogênica, é mais eficaz que as vacinas acelulares de
coqueluche, menos reatogênicas. Desse modo, deve-se
buscar um equilíbrio entre reatogenicidade e
imunogenicidade, e a decisão sobre qual vacina deve ser
usada depende da avaliação de vários fatores, como os de
natureza epidemiológica.

// Eventos adversos pós-vacinação


A notificação de EAPVs é uma prática de suma
importância, pois a coleta de informações e sua
análise cuidadosa permitem a verificação da
causalidade com o produto administrado, com
divulgação de informações fidedignas incluindo
incidência e gravidade das reações observadas. O
monitoramento das vacinas, quando passam a ser
utilizadas em larga escala, além de objetivar a
observação da ocorrência de eventos adversos, deve
incluir a avaliação de alterações em resultados dos
exames laboratoriais, falta de eficácia,
anormalidades na gravidez, feto ou recém-nascidos
ou outros eventos indesejados.

Desde 2005, os EAPV são considerados como


agravos de notificação compulsória. O Sistema
Nacional de Vigilância Epidemiológica dos Eventos
Adversos Pós-Vacinação foi estruturado pelo
Ministério da Saúde/Programa Nacional de
Imunizações e será abordado futuramente no curso.
Os EAPVs podem ser classificados de acordo com o
tipo de manifestação: locais (vermelhidão, calor,
endurecimento, dor, nódulo, abscesso), ou
sistêmicos (febre, cefaleia, mal-estar, convulsões,
anafilaxia e reações de hipersensibilidade,
irritabilidade e choro persistente, convulsão,
encefalite, episódio hipotônico-hiporresponsivo). As
condutas diante dos eventos adversos mais comuns
também serão abordadas futuramente.

// Eventos adversos pós-vacinação


Os EAPVs podem ser
classificados pela gravidade:

Evento adverso grave: são as situações


apresentadas a seguir:
• Requer hospitalização por pelo menos 24 horas
ou prolongamento de hospitalização já
existente;
• Causa disfunção significativa e/ou incapacidade
persistente (sequela);
• Resulta em anomalia congênita;
• Causa risco de morte (ou seja, induz à
necessidade de uma intervenção clínica imediata
para evitar o óbito);
• Causa o óbito.

Evento adverso não grave: qualquer outro


evento que não esteja incluído nos critérios de
evento adverso grave.

// Eventos adversos pós-vacinação


Atenção!
• Eventos clinicamente relevantes em pacientes que
não necessitem de internação tais como
broncoespasmo, discrasias sanguíneas (alterações como
sangramento ou coagulação), convulsões febris, por
terem um potencial de gravidade, devem ser
investigados e acompanhados.

• É muito importante diferenciar-se “gravidade” e


“intensidade” (esta última inadequadamente traduzida
em alguns textos como severidade). Um evento pode
ser leve, moderado ou intenso, independente de ser ou
não grave, por exemplo, uma hiperemia local intensa.

// Eventos adversos pós-vacinação


Os EAPVs também
podem ser classificados
segundo a causalidade

Reação inerente ao produto


EAPV causado ou precipitado pela vacina, seja pelo
agente imunizante ou por um ou mais de seus
componentes (adjuvantes, conservantes,
estabilizantes ou resquícios dos meios de cultivo).

Reação inerente à qualidade das vacinas


EAPV causado ou precipitado por desvio (alteração)
de qualidade de uma vacina, incluindo as
embalagens (ampolas, frascos, frasco-ampola etc.)
e acessórios (agulhas, diluentes, seringas etc.)
utilizados para a sua administração.

// Eventos adversos pós-vacinação


Erro de imunização
EAPV causado por manuseio incorreto, prescrições
e/ou administração inadequadas sendo, portanto,
preveníveis. Esse tema será abordado futuramente.

Reação de ansiedade relacionada à


vacinação
EAPV motivada por ansiedade ao processo de
vacinação. Incluem as síncopes vasovagais, reações de
hiperventilação ou reações consequentes a
desordens psiquiátricas.

Coincidentes
é um EAPV causado por outro(s) motivo(s) que o
produto (vacina), imunização ou reação de ansiedade.

// Eventos adversos pós-vacinação


Chegamos ao final deste conteúdo. É
importante destacar os seguintes
pontos abordados:

• Vacinas são produtos usados para desencadear resposta


imune ativa em um determinado organismo,
protegendo-o contra as doenças às quais ele está
suscetível. Imunoglobulinas e soros são produtos
usados quando não há tempo hábil para aguardar a
resposta imune ativa do organismo após determinada
infecção; sendo assim, a imunidade conferida por esses
produtos é chamada de passiva.

• É importante compreender que há diferentes tipos de


vacina, com atenção especial às diferenças entre vacinas
vivas e inativadas. As inativadas são seguras para
imunossuprimidos, mas geralmente seus esquemas
necessitam de mais doses para conferir proteção. Já as
de microrganismos vivos, conferem boa proteção com
poucas ou uma única dose, mas devem ser aplicadas
com cautela, verificando-se sempre se há histórico
prévio ou atual de deficiências da imunidade.

// Considerações Finais
• Associação de vacinas: vacinas combinadas são
aquelas nas quais há uma única aplicação, e o produto
confere proteção contra várias doenças; vacinação
simultânea é quando aplicamos diversos
imunobiológicos ao mesmo tempo, em locais
diferentes.

• O uso de corticoide sistêmico (via oral) só contraindica


a vacinação com vacinas vivas atenuadas em dose alta,
por período maior de 14 dias.

• Os eventos adversos pós-vacinação (EAPV) podem ser


classificados de diversas formas: reações locais ou
sistêmicas; eventos esperados, inesperados ou
reações idiossincrásicas; eventos graves ou não
graves; por fatores relacionados aos indivíduos ou
fatores relacionados ao produto (vacina).

• Na vigência de doenças LEVES e autolimitadas, não se


deve contraindicar o recebimento de vacinas, exceto
para a vacina contra a covid-19.

Até a
próxima!

// Considerações Finais
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
Vigilância em Saúde. Departamento de
//

Imunizações e Doenças Transmissíveis. Manual de


vigilância epidemiológica de eventos adversos
referências

pós-vacinação [recurso eletrônico] / Ministério da


Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Departamento de Imunizações e Doenças
Transmissíveis. – 4. ed. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2020. 340 p. : il. [acesso em: 10 maio
2021]. Disponível em:
http://sbim.org.br/images/files/manual-vigilancia-
epidemiologica-eventos-vaci:

Brasil, Ministério da Saúde - Agência Nacional de


Vigilância Sanitária - RESOLUÇÃO - RDC Nº 55, DE
16 DE DEZEMBRO DE 2010. Dispõe sobre o
registro de produtos biológicos novos e produtos
biológicos e dá outras providências. [acesso em:
10 maio 2021]. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/
2010/anexo/anexo_res0055_16_12_2010.pdf

Brasil, Ministério da Saúde. Saúde de A a Z –


Calendário de vacinação. [acesso em: 10 maio
2021]. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-
de-a-a-z-1/c/calendario-de-vacinacao

// referências
Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de
Vigilância em Saúde - Departamento de
Imunização e Doenças Transmissíveis -
//

Coordenação-Geral do Programa Nacional de


Imunizações. Plano Nacional de Operacionalização
referências

da Vacinação contra a Covid-19 – 6ª. Edição.


[acesso em: 10 maio 2021]. Disponível em:
https://www.conasems.org.br/wp-
content/uploads/2021/04/PLANONACIONALDEVA
CINACAOCOVID19_ED06_V3_28.04.pdf

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de


Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
das Doenças Transmissíveis. Manual de Normas e
Procedimentos para Vacinação. – Brasília, 176 p.
2014. [acesso em: 10 maio 2021]. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/man
ual_procedimentos_vacinacao.pdf

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de


Vigilância em Saúde. Departamento de
Imunização e Doenças Transmissíveis.
Coordenação-Geral do Programa Nacional de
Imunizações. Manual dos Centros de Referência
para Imunobiológicos Especiais– 5. ed. – Brasília,
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Disponível em:
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// referências
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
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Prevenção e Controle
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br/pub/2013/protocolo-clinico-e-diretrizes-
terapeuticas-para-manejo-da-infeccao-pelo-hiv-
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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de


Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância,
Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente
Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais.
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para
Manejo da Infecção pelo HIV em Crianças e
Adolescentes. – Brasília. 218 p. 2018. [acesso em:
10 maio 2021]. Disponível em:
http://www.aids.gov.br/pt-
br/pub/2017/protocolo-clinico-e-diretrizes-
terapeuticas-para-manejo-da-infeccao-pelo-hiv-
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Brasil, Secretaria De Atenção à Saúde Secretaria


De Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.
Comissão Nacional de Incorporação de
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vranjac/publicacoes/norma-tecnica-do-programa-
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São Paulo, (Estado) Secretaria de Saúde. Governo


do Estado. Instituto Butantan. Notícias. Vacina de
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// referências
Créditos das imagens
Banco de imagens Freepik
https://www.freepik.com

// Créditos

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