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Em entrevista, a pedagoga Luiza Lameirão fala sobre o desenvolvimento da criança pelo olhar da pedagogia
Waldorf, o qual abrange todas as dimensões humanas; ela enfatiza a autonomia do brincar
Aos sete primeiros anos de vida, conhecidos como primeiro setênio pela pedagogia
Waldorf, são cruciais para o desenvolvimento do indivíduo e devem ser respeitados e
impulsionados de acordo com a necessidade de cada criança.
A pedagoga e escritora Luiza Lameirão tem uma longa experiência com formação de
professores Waldorf e, atualmente, é uma das professoras convidadas da Faculdade
Rudolf Steiner. Além disso, presta consultoria para escolas antroposóficas no Brasil e
Portugal e atua no Instituto Olinto Marques de Paulo, que desenvolve projetos de
educação infantil em creches públicas e ONGs.
Educação entrevistou a pedagoga que revela como a pedagogia de Steiner, que ano que vem
completa 100 anos, lida com o desenvolvimento das meninas e meninos.
Na educação infantil a criança está se tornando hábil na sua própria casa que é o corpo.
Então, basicamente, a criança precisa ter: autonomia para mover-se, e mover-se sempre
por meio da iniciativa delas — correr, saltar, pular são ações derivadas do aprendizado
do andar. Sendo assim, o que ela mais precisa é ativar o seu corpo a partir da postura
ereta que ela conquistou.
Esse lado da movimentação é privilegiado se a criança tem um espaço que ela possa
explorar por conta própria. Também a criança é bem aberta para o que ela percebe no
mundo. Então, o espaço com muitas informações imprime nela vivências que podem
inibir seus movimentos autônomos.
O que o educador(a) precisa saber sobre os sete primeiros anos da criança, segundo
Rudolf Steiner, pai da pedagogia Waldorf?
Nesses primeiros sete anos, do ponto de vista da pedagogia Waldorf, baseada no legado
de Rudolf Steiner, a criança passa pela educação infantil e basicamente precisa ser
cuidada naquilo que ela ainda não é autônoma. O ser humano é o ser vivo mais
dependente do adulto; a criança precisa ser cuidada do ponto de vista da alimentação,
do sono, do ambiente adequado para que ela se ative e ela precisa ter possibilidades de
se ativar.
Sendo assim, eu preciso conhecer o que a criança pode em cada período. Esses primeiros
sete anos contêm as três primeiras conquistas que diferenciam o ser humano de todos os
outros seres vivos que são: a conquista da postura ereta e o andar, a conquista da fala —
que torna a criança sociável entre os seres humanos — e a conquista de perceber-se como
um ser único quando a criança diz Eu para si mesma. Isso não ocupa os primeiros sete
anos, ocupa os três primeiros anos, mas estão contidos nessa faixa etária.
Esse primeiro período é fundamental para a vida e os primeiros sete anos alargam e
ampliam a conquista do andar. Por isso, a movimentação é tão importante. Mas
precisamos compreender de que maneira isso acontece.
Existe um binômio básico de aprendizado. A criança mostra, logo ao nascer, que ela quer
mover-se; a princípio, os movimentos dela são caóticos ou reflexos, até que ela conquiste
direcioná-los. Além disso, a criança está muito aberta, entregue ao mundo. Assim,
movimentação e perceção andam juntas e constituem esse binômio. Quando perceção e
movimento se encontram, a imagem percebida entra em ação e surge o tempo da
imaginação, do faz de conta. E poder levar o faz de conta como uma realidade é muito
importante para as crianças no primeiro setênio.
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