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Escolas | João de Araújo

Correia

Correção da Prova Escrita de Português


12.º Ano – Turma C ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 07/02/2017

1. “D. Filipa de Lencastre”:


• primeira parte de Mensagem, “Brasão”, visto que se refere a uma figura que é um dos mitos
fundadores da nacionalidade, portadora de energia criativa e mãe de “génios” (v. 2) fundadores
de Portugal;
“O Mostrengo”:
• segunda parte daquela obra épico-lírica, “Mar Português”, remetendo para o apogeu de Portugal,
ligado à transposição do mar e às viagens das descobertas, assim como aos perigos e obstáculos
que tiveram de ser enfrentados para a sua concretização, bem visíveis num episódio particular
como o do mostrengo: “O mostrengo que está no fim do mar” (v. 1) ou “mostrengo…/… imundo
e grosso” (vv. 12-13).

2.
2.1. Termos “enigma” e “arcanjo” caracterizam D. Filipa de Lencastre:
• remetem para o carácter misterioso e até visionário de D. Filipa, enfatizando a sua condição de
mãe, de procriadora e regeneradora que fez nascer seres quase divinos, como a Ínclita Geração,
que alcandorou Portugal a alturas de grandeza;
• ajudados pelas interrogações retóricas, que remetem para mistério, desconhecimento, e pela
referência religiosa ao arcanjo anunciador de Cristo à Virgem Maria.

2.2. Identificação e exemplificação de dois recursos estilísticos próprios de uma invocação:


• imperativo – “Volve” – e apóstrofes, patentes em “Princesa do Santo graal,/Humano ventre do
Império,/Madrinha de Portugal!”.
Interpretação do sentido da expressão “Humano ventre do Império”:
• metáfora que salienta o carácter procriador e regenerador de D. Filipa de Lencastre, a qual,
investida de energia criadora e de uma missão messiânica, patente em “Princesa do Santo Gral”
(v. 6), deu à luz os heróis da construção do império português, que haveriam de proporcionar a
proeza de galgar os limites do desconhecido.
• o épico-lírico pede, no fundo, que haja uma nova Filipa de Lencastre, que dê à luz homens da
estirpe dos seus filhos e que elevem Portugal ao Quinto império.

3.
3.1. Matriz narrativa:
• ação localizada no espaço e no tempo: “ergueu-se”, “voou” (vv. 2 e 3) “No fim do mar” (v. 1);
“Na noite de breu” (v. 2);
• existência de narrador, que é heterodiegético, pois narra, na terceira pessoa e no pretérito
perfeito, uma ação em que não participa, o que é visível no uso da terceira pessoa: “E disse” (v.
5); “E o homem do leme tremeu, e disse” (v. 17);
• presença de diálogo, patente no discurso direto, introduzido pela forma verbal declarativa
“disse”.
Matriz épica:
• mostrengo, monstro que significa os perigos, os obstáculos e os medos enfrentados pelos nautas,
bem patentes em “cavernas que não desvendo” (v. 6) “tetos negros (v. 7) ou “imundo e grosso”
(v. 13)
• herói visto como representativo de um povo – “Aqui ao leme sou mais do que eu:” (v. 22) – que
vence, corajosa e impetuosamente, o desconhecido, investido de uma missão superior, o que se
sente na vibração de algumas palavras – “tremendo” (v. 8); “tremeu” (v. 17); “tremer três vezes”
(v. 21) – ou no tom de exaltação heróica da terceira estrofe, em que o homem do leme se assume
representante de um povo.

3.2. Herói de carne e osso e não herói estátua


• mostra ter medo, patente no facto de ter desprendido a mão do leme por três vezes: “Três vezes
do leme as mãos ergueu/Três vezes ao leme as reprendeu” (vv. 19-20);
• como representa um coletivo, representado por D. João II – “Manda a vontade, que me ata ao
leme,/De El-Rei D. João Segundo!” –, o homem do leme ultrapassa o seu pânico e a sua paralisia
e afirma estar investido de uma missão, ao serviço de um povo que, ansiando pelo mar, partiu
para o desvendar e dele tomar posse: “[…] sou mais do que eu:/Sou um povo que quer o mar que
é teu”.
II

1.
1.1. Seleção da única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.
Versão A Versão B
a) D. a) C.
b) D. b) B.
c) B. c) A.
d) A. d) D.
e) D. e) B.
f) B. f) C.
g) C. g) D.

2.
2.1.
Versão A Versão B
Conjugação no pretérito mais que perfeito do Conjugação no pretérito perfeito do conjuntivo da
conjuntivo da forma verbal ‘despoletou’: que forma verbal ‘despoletou’: que tenha despoletado. tivesse
despoletado.
2.2. Valor aspetual do complexo verbal usado na passagem “esta «vontade» foi mudando de
instrumentos e vencedores”: valor durativo.
2.3. Função sintática desempenhada pela oração subordinada “que o mar tinha e fez gerar”:
modificador apositivo do nome.

III

1. Dada a natureza deste item, não é apresentado cenário de resposta.


Apresentam-se, porém, os critérios de classificação, nas páginas seguintes, contemplando três
parâmetros e vários descritores dos níveis de desempenho:
A – Tema e Tipologia; B – Estrutura e Coesão; C – Léxico e Adequação Discursiva.

PONTUAÇÃO
DESCRITORES DOS NÍVEIS DE DESEMPENHO (ETD) 15 12 9 6 3
PARÂMETRO
 Trata, sem desvios, o tema pertinentes, cada um deles
proposto. ilustrado com, pelo menos, um
 Mobiliza informação ampla e exemplo significativo.
diversificada com eficácia
argumentativa, de acordo com
a tipologia solicitada:
 produz um discurso coerente
e sem qualquer tipo de
ambiguidade;
 define com clareza o seu
ponto de vista;
A  fundamenta a perspectiva Tema e tipologia
adotada em, pelo menos, dois argumentos, distintos e
 marca parágrafos,
 utiliza,
mas com algumas
adequada falhas;
mente,  utiliza apenas os
conectores conectores e os
mecanismos de
 Trata o tema proposto, embora com alguns desvios. diversifica
coesão textual mais
 Mobiliza informação suficiente, com eficácia dos e comuns, embora
argumentativa: outros sem incorreções
 produz um discurso globalmente coerente, apesar graves.
de algumas mecanism  Redige um texto com
NÍVEL INTERCALAL

ambiguidades; os estruturação muito

NÍVEL INTERCALAL
 define o seu ponto de vista, eventualmente com de deficiente e com
lacunas que não afetam, porém, a inteligibilidade;
DESCRITORES DOS NÍVEIS DE DESEMPENHO coesão (ETD) insuficientes
 fundamenta a perspetiva adotada em, pelo menos,
PARÂMETRO textual. mecanismos de coesão
dois argumentos adequados, apresentando
5 um 4 3 2 textual: 1
único exemplo significativo (ou dois exemplos  apresenta um texto
pouco adequados), ou fundamenta a perspectiva em que não se
adotada em apenas um argumento, ilustrado com, conseguem
pelo menos, dois exemplos significativos. identificar
 Aborda lateralmente o tema proposto. claramente três
 Mobiliza muito pouca informação e com partes (introdução,
eficácia argumentativa reduzida: desenvolvimento e
 produz um discurso geralmente inconsistente e, PONTUAÇÃO conclusão) ou em
por vezes, ininteligível;  Redige um texto que estas estão
 não define um ponto de vista satisfatoriamente estruturado, insuficientemente
concreto; refletindo uma planificação articuladas;
 apresenta um texto em que traços do tipo com algumas insuficiências e
NÍVEL INTERCALAL
 raramente marca

NÍVEL INTERCALAL
solicitado se misturam, sem critério, com os de evidenciando um domínio parágrafos de
outros tipos textuais.

PONTUAÇÃO
DESCRITORES DOS NÍVEIS DE DESEMPENHO (ETD)
PARÂMETRO
10 8 6 4 2
 Redige um texto bem estruturado, refletindo uma suficiente dos mecanismos de forma correta;
planificação adequada e evidenciando um bom coesão textual:  raramente utiliza
domínio dos mecanismos de coesão textual:  apresenta um texto conectores e
 apresenta um texto constituído por constituído por três partes mecanismos de
três partes (introdução, desenvolvimento, conclusão), (introdução, coesão textual ou
individualizadas, desenvolvimento, utiliza-os de forma
devidamente proporcionadas conclusão), nem sempre inadequada.
devidamente articuladas
B e articuladas entre si de
entre si ou com
Estrutura e coesão  modo desequilíbrios de
consistente;marca correctamente proporção mais ou menos
notórios;
os parágrafos;
 Mobiliza, com
intencionalidade, recursos da
língua expressivos e
adequados (repertório lexical
variado e pertinente, figuras
de
C retórica e tropos,
NÍV EL INTERCALAL
NÍVEL INTERCALAL

Léxico e procedimentos de adequação


modalização, pontuação...).
discursiva  Utiliza o registo de língua
adequado ao texto,
eventualmente com esporádicos
afastamentos, que se encontram, no
entanto, justificados pela
intencionalidade do discurso e assinalados
graficamente (com aspas ou sublinhados).

 Mobiliza um repertório lexical adequado, mas


pouco variado.
 Utiliza, em geral, o registo de língua adequado ao
texto, mas apresentando alguns afastamentos que
afetam pontualmente a adequação global.
 Utiliza vocabulário elementar e restrito,
frequentemente
redundante e/ou inadequado.
 Utiliza indiferenciadamente registos de língua, sem
manifestar consciência do registo adequado ao
texto, ou recorre a um único registo inadequado.

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