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ANHANGUERA EDUCACIONAL

Faculdade Anhanguera de Ribeirão Preto

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE


SEGURANÇA DO TRABALHO

MARCELO GERVÁSIO CONSTÂNCIO

ANÁLISE ERGONÔMICA NA PRODUÇÃO DE


AUTOPEÇAS: SETOR DE REBARBA MANUAL

Ribeirão Preto
2018
MARCELO GERVÁSIO CONSTÂNCIO

ANÁLISE ERGONÔMICA NA PRODUÇÃO DE


AUTOPEÇAS: SETOR DE REBARBA MANUAL

Monografia apresentada ao curso de pós-


graduação da Faculdade Anhanguera de
Ribeirão Preto, requisito parcial à obtenção do
título de pós-graduado em Engenharia de
Segurança do Trabalho.

Orientador: Prof Dr. César Augusto Agurto


Lescano

Ribeirão Preto
2018
Constâncio, Marcelo Gervásio.

C774a Análise ergonômica na produção de autopeças : setor de rebarba


manual. / Marcelo Gervásio Constâncio. - Ribeirão Preto (SP) :
Faculdade Anhanguera de Ribeirão Preto, 2018.

60 p. ; il.

Orientador : Prof. Dr. César Augusto Agurto Lescano.


Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-graduação em
Engenharia de Segurança do Trabalho).

1. Ergonomia 2. Segurança do Trabalho


CDD: 363.11
MARCELO GERVÁSIO CONSTÂNCIO

ANÁLISE ERGONÔMICA NA PRODUÇÃO DE


AUTOPEÇAS: SETOR DE REBARBA MANUAL

Monografia apresentada ao curso de pós-


graduação da Faculdade Anhanguera de
Ribeirão Preto, requisito parcial à obtenção do
título de pós-graduado em Engenharia de
Segurança do Trabalho.

Ribeirão Preto, ____ de ______________de 2018.

_________________________________
Prof. Dr. Cesar Augusto Agurto Lescano
Faculdade Anhanguera de Ribeirão Preto
Doutor em Engenharia Quimica
Agradeço а minha esposa, Ana Paula,
que de forma especial е carinhosa me
deu força е coragem, me apoiando nos
momentos de dificuldades, quero
agradecer também o meu filho, Murilo que
embora não tivesse conhecimento disto,
mas iluminou de maneira especial os
meus pensamentos me levando а buscar
mais conhecimentos. Е não deixando de
agradecer de forma grata е grandiosa
meus pais, Silvio е Lucia, а quem eu rogo
todas as noites а minha existência.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente а Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, ao longo de minha
vida, е não somente nestes meses como pós graduando, mas que em todos os
momentos é o maior mestre que alguém pode conhecer.

A esta universidade, seu corpo docente, direção е administração que oportunizaram


а janela que hoje vislumbro um horizonte superior, eivado pela acendrada confiança
no mérito е ética aqui presentes.

Ao meu orientador, pelo emprenho dedicado à elaboração deste trabalho.

A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, о meu muito
obrigado.
"Que os vossos esforços desafiem as
impossibilidades, lembrai-vos de que as
grandes coisas do homem foram
conquistadas do que parecia impossível."

(Charles Chaplin)
RESUMO

No mundo de hoje, a indústria de autopeças vem se desenvolvendo cada vez


mais trazendo tecnologia e inovações para seus clientes. Em uma empresa
podemos encontrar alguns riscos ergonômicos como posturas desfavoráveis,
trabalho manual excessivo, carregamento de cargas elevadas que com o tempo
podem gerar aos trabalhadores riscos a sua saúde. Muitas vezes a falta de
investimento na produção e na melhora ergonômica de trabalho resulta em danos a
saúde do trabalhador. O que está acontecendo nos dias atuais é que o INSS não
quer mais pagar o afastamento por doença e por cirurgia do trabalhador, mas sim
deixar por responsabilidade da empresa este custo. Atualmente a ergonomia esta
sendo inserida nos programas de gestão de segurança, saúde e produtividade das
empresas mudando o sistema de trabalho, adequando às atividades as
características, habilidades e limitações humanas, de forma segura e eficiente. O
estudo será aplicado em um setor de rebarba manual de peças de borracha onde
os colaboradores realizam movimentos repetitivos de membros superiores e por
consequência apresentaram um grande numero de queixas osteomusculares,
afastamentos por dores e em algumas situações cirurgia. Será analisada toda a
demanda desse setor, por meio da verificação do posto de trabalho, da tarefa, da
atividade e por fim, serão aplicadas ferramentas como EWA, Niosh, REBA e um
questionário (QNSO) para análise do posto e identificação das sobrecargas. Com
os estudos, coleta e a analise dos dados coletados poderei indicar melhorias ao
processo proporcionando saúde e segurança ao trabalhador. O resultado é redução
de custos operacionais, pois o trabalhador estará sem dor e com melhor eficiência
de trabalho.

Palavras chaves: Ergonomia, carga de trabalho, autopeças, produção.


ABSTRACT

In today's world, the auto parts industry has been developing ever more bringing
technology and innovation to its customers. In a company we can find some
ergonomic risks like unfavorable postures, excessive manual work, loading of high
loads that over time can generate to the workers risks to his health. Often the lack of
investment in production and the ergonomic improvement of work results in damage
to the health of the worker. What is happening nowadays is that the INSS no longer
wants to pay sick leave and worker surgery, but rather leave the company
responsible for this cost. Currently ergonomics is being inserted in the programs of
management of safety, health and productivity of the companies changing the work
system, adapting to the activities the human characteristics, abilities and limitations,
in a safe and efficient way. The study will be applied in a sector of manual burr of
rubber pieces where the workers perform repetitive movements of upper limbs and
consequently presented a great number of musculoskeletal complaints, withdrawal
due to pain and in some situations surgery. It will be analyzed all the demand of this
sector, through the verification of the job, the task, the activity and finally, will be
applied tools like EWA, NIOSH, REBA and a questionnaire (QNSO) to analyze the
station and identify the overloads. By studying, collecting and analyzing the data
collected, I will be able to indicate improvements to the process, providing health and
safety to the worker. The result is reduced operating costs, as the worker will be pain
free and with better work efficiency.

Keywords: Ergonomics, workload, auto parts, production.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Caracterização da Ergonomia Quanto ao Objetivo, à Perspectiva e à


Finalidade de suas Ações ..................................................................................... 18
FIGURA 2 – Posições do tronco........................................................................... 24
FIGURA 3 - As posições que modificam a pontuação do tronco .......................... 25
FIGURA 4 - Posições do pescoço. ........................................................................ 26
FIGURA 5 – Posições que modificam a pontuação do pescoço ........................... 26
FIGURA 6 - Localização dos pés........................................................................... 27
FIGURA 7 – Ângulo de dobra das pernas ............................................................ 27
FIGURA 8 – Posições do braço ............................................................................ 28
FIGURA 9 - Posições modificando braço pontuação ............................................ 29
FIGURA 10 - Posições antebraço ......................................................................... 30
FIGURA 11 - Posições do pulso ........................................................................... 30
FIGURA 12- Torção ou desvio do punho .............................................................. 31
FIGURA 13 - Quantidade de pessoas por sexo .................................................... 34
FIGURA 14 - Quantidade de queixas .................................................................... 34
FIGURA 15 - Local da dor ..................................................................................... 35
FIGURA 16 - Fluxograma do processo de rebarbação ......................................... 37
FIGURA 17 - Idade dos funcionários pesquisados ............................................... 39
FIGURA 18 - Mensuração de dor.......................................................................... 40
FIGURA 19 – Localização da dor............................................................................40
FIGURA 20 – Tipo de dor........................................................................................41
FIGURA 21 – Momento que surge a dor.................................................................41
FIGURA 22 – Procurou atendimento médico?........................................................42
FIGURA 23 – Tempo de trabalho no setor..............................................................42
FIGURA 24 – Sugestões de melhoria no setor.......................................................43
FIGURA 25 – Análise de posição de pescoço, tronco e pernas.............................44
FIGURA 26 – Análise de carga utilizada na operação............................................44
FIGURA 27 – Análise de posição de braço, antebraço e punho.............................45
FIGURA 28 – Tipo de pega na peça.......................................................................46
FIGURA 29 – Resultado da análise........................................................................47
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Quantidade de acidentes do trabalho .............................................. 13


TABELA 2 – Pontuação método REBA ................................................................ 22
TABELA 3 – Pontuação do tronco ........................................................................ 25
TABELA 4 – Alterar a pontuação tronco ............................................................... 25
TABELA 5 – Marque o pescoço ........................................................................... 26
TABELA 6 – Modificação das pontuações para o pescoço .................................. 26
TABELA 7 – Avaliação posição das pernas ......................................................... 27
TABELA 8 – Alterações das pontuações das pernas ........................................... 27
TABELA 9 – Pontuação do Braço ........................................................................ 28
TABELA 10 – Alterações na pontuação do braço ................................................ 29
TABELA 11 – Alterações na pontuação do braço ................................................ 30
TABELA 12 – Avaliação do pulso ......................................................................... 30
TABELA 13 – Alterando a pontuação do pulso .................................................... 31
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


AET - Análise ergonômica de trabalho
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho
CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas,
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
EWA - Ergonomic workplace analysis
FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos
IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
NIOSH - National Institute for Ocupational Safety and Health
NR - Norma Regulamentadora
OMS - Organização Mundial de Saúde
PPRA - Programa de proteção para riscos ambientais
QNSO - Questionário nórdico de sintomas osteomusculares
SESMT – Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12
1.1 JUSTIFICATIVA...........................................................................................13
1.2 OBJETIVOS.................................................................................................14
1.2.1 OBJETIVO GERAL.............................................................................14
1.2.2 OBJETIVO ESPECIFICO...................................................................14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 15
2.1 O SETOR DE AUTOPEÇAS E AS REPERCUSSÕES NA SAÚDE DO
TRABALHADOR .............................................................................................. 15
2.2 ERGONOMIA: CONCEITOS GERAIS .........................................................17
2.3 DEFINIÇÃO: LER/DORT ............................................................................ 19
2.4 METODO REBA .......................................................................................... 21
2.4.1 APLICAÇÃO DO METODO REBA.................................................... 21
2.4.1.1 PONTUAÇÃO DO TRONCO.................................................... 24
2.4.1.2 PONTUAÇÃO DO Neck (pescoço) .......................................... 25
2.4.1.3 AVALIAÇÃO DAS PERNAS...................................................... 26
2.4.1.4 PONTUAÇÃO DO BRAÇO........................................................ 28
2.4.1.5 PONTUAÇÃO DO ANTEBRAÇO.............................................. 29
2.4.1.6 CLASSIFICAÇÃO DO PUNHO................................................. 30
3 METODOLOGIA ............................................................................................. 32
3.1 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO (AET).......................................33
3.1.1 FASE INICIAL- ANÁLISE DA DEMANDA.........................................33
3.1.2 FASE DA ANÁLISE DA TAREFA.......................................................35
3.1.3 FASE DA ANÁLISE DAS ATIVIDADES.............................................36
3.1.4 FASE DE FORMULAR UM PRÉ- DIAGNÓSTICO.............................36
3.1.5 FASES FINAIS- DIAGNÓSTICOS E INTERVENÇÕES.....................36
3.2 PROCEDIMENTOS DE PESQUISA..............................................................37
3.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA .............................................................. ..37
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS OBTIDOS NA PESQUISA ............... .39
4.1 COMPILAÇÕES DOS DADOS DA PESQUISA............................................39
4.2 UTILIZAÇÃO DO MÉTODO REBA................................................................43
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...................................................48
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...... 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS..................................................................... 51
ANEXOS ............................................................................................................... 54
12

1. INTRODUÇÃO

A indústria de fabricação de peças automotivas é considerada um dos maiores


setores industriais do mundo. Isso se baseia em pioneirismo no desenvolvimento
industrial e em tecnologia. Entretanto os processos envolvem vários riscos
ergonômicos clássicos como: trabalho manual intensivo e repetitivo, posturas
desfavoráveis e decorrentes da movimentação de cargas, impondo demandas
físicas aos trabalhadores. As solicitações destas demandas podem causar lesões
osteomusculares, prejudicando a produtividade, qualidade, prazo de entrega do
produto, custo, e questão financeira da empresa por multas e ações trabalhistas.
O investimento em tecnologia associada ao aumento expressivo da produtividade
e qualidade muitas vezes exigem condições extremamente prejudiciais à saúde do
trabalhador. É de consenso que as más condições ambientais e organizacionais
durante o trabalho contribuem para o aparecimento de queixas, acometendo muitos
trabalhadores, gerando absenteísmo, podendo comprometer a saúde laboral das
pessoas, além de colocar em risco o sucesso da empresa.
Cada vez mais, a ergonomia vem tomando espaço nos ambientes de trabalho.
Ela insere-se nos programas de gestão de segurança, saúde e produtividade das
empresas, tendo como objetivo modificação dos sistemas de trabalho, adequando
as atividades às características, habilidades e limitações humanas, considerando o
desempenho eficiente, confortável e seguro destes sistemas. A ergonomia é um
conjunto de elementos: o ser humano, estudando as características físicas,
fisiológicas, psicológicas e sociais; a máquina, analisando equipamentos,
ferramentas, mobiliários e instalações; e o ambiente, adequando temperatura,
ruídos, vibração e iluminação.
Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo desse estudo é analisar a
tarefa executada pelo trabalhador aperfeiçoar o processo a partir de uma analise
ergonômica de trabalho (AET) envolvendo os conceitos de saúde e segurança,
conforto e produtividade.
13

1.1. JUSTIFICATIVA

De acordo com a literatura revisada, o setor automobilístico apresenta problemas


relacionados a diversos fatores que afetam a saúde e segurança dos trabalhadores,
sejam: de maneira física, cognitiva e organizacional. No entanto, sabe-se que não
existe uma única causa; as origens das desordens musculoesqueléticas e
psicológicas relacionadas ao trabalho são de ordem multifatorial, o que culmina na
necessidade de se estudar o ambiente de trabalho como um todo e identificar as
relações entre os fatores de risco.
Apesar da literatura não abordar estudos sobre setor de rebarba dentro da
empresa de autopeças, a partir da caracterização realizada na mesma foi
identificado queixas significativas que contribuem para um ambiente de trabalho
desconfortável.
Baseado na planilha da previdência social “Quantidade de acidentes do trabalho, por
situação do registro e motivo, segundo a Classificação Nacional de Atividades
Econômicas (CNAE), no Brasil - 2013/2015” observou uma expressiva queda nas
doenças decorrente do trabalho. Observamos na tabela 1 uma queda de
aproximadamente 59% das doenças do trabalho em relação aos anos de 2014 e
2015. A tabela não indica quais os tipos de doenças do trabalho, mas indica o total
de doenças do trabalho de 2013 a 2015 no panorama brasileiro.

Tabela 1 - Quantidade de acidentes do trabalho.

QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO

COM CAT REGISTRADA


CNAE TOTAL MOTIVO

TOTAL TIPICO TRAJETO DOENÇA DO TRABALHO SEM CAT REGISTRADA

2013 2014 2015 2013 2014 2015 2013 2014 2015 2013 2014 2015 2013 2014 2015 2013 2014 2015

2949 6782 4961 3774 6002 4961 3774 4714 3835 2942 853 703 583 435 423 249 780 0 0
Fonte: Previdência Social. (ADAPTADA)

Tudo leva a crer que as ações de ergonomia desenvolvidas pelas empresas


estão surtindo efeito positivo. Mas conforme reportagem no site da Fundacentro os
dados são alarmantes, pois até o ano de 2013, 3,5 milhões de brasileiros foram
diagnosticados com LED/ DORT.
Dentre as doenças ocupacionais, LER/DORT são as mais frequentes nas
estatísticas da Previdência Social há décadas.
14

1.2 . OBJETIVOS

1.2.1. GERAL

Analisar a tarefa executada pelo trabalhador no setor de rebarba manual na


operação de rebarba de peças em borracha, através de acompanhamento “in loco” e
por filmagens. Através dos materiais coletados e em conjunto da análise ergonômica
de trabalho (AET), poderei indicar melhora no processo envolvendo os conceitos de
saúde e segurança, conforto e produtividade.

1.2.2. ESPECÍFICOS

a)- Identificar os principais constrangimentos de natureza física, cognitiva e


organizacional no setor de rebarba.
b)- Realizar análise ergonômica de trabalho
c)- Identificar as causas das queixas
d)- Apresentar plano de ação para a melhoria da operação de rebarba manual
15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O SETOR DE AUTOPEÇAS E AS REPERCUSSÕES NA SAÚDE DO


TRABALHADOR
O setor de autopeças representa um segmento de mercado possuidor de
interessantes peculiaridades. As montadoras de veículos automotores e seus
fornecedores constituem uma relação comercial que apresenta, de um lado, clientes
que são empresas de grande porte, que atuam em diversos países e com apreciável
poder de investimento. O automóvel é um bem de consumo extremamente desejado
em termos mundiais, não só pelos seus aspectos práticos de utilidade, comodidade
e conforto, como status que confere seu possuidor (AFFONSO et. al., 2005).
A indústria automotiva surgiu no Brasil na década de 1920, quando, além das
importações de veículos completos, teve inicio a montagem de unidades que eram
trazidas de fora, demonstradas, pelas americanas Ford e GM. Durante a Segunda
Guerra Mundial, o setor de autopeças iniciou a fabricação de componentes para
atender ao mercado de reposição, ao mesmo tempo em que o racionamento de
gasolina levou à conversão de veículos para uso de gasogênio (VALOR SETORIAL,
2001).

Embora a relação saúde e trabalho tenham sido relatados desde a


antiguidade, as primeiras abordagens formais desta relação tiveram início na
Europa, no século XIX, com a criação da Medicina do Trabalho e a implantação dos
serviços médicos dentro das empresas, entretanto, o interesse não era o de
promover a saúde dos trabalhadores, mas, sim o bom funcionamento dos processos
de trabalho. No Brasil, desde 1943, com a consolidação das leis de trabalho e com a
lei de número 6.514, de 1977, o ambiente no espaço das empresas passou ser
objeto de atenção da Engenharia de Segurança e da Higiene Ocupacional(SILVA et
al., 2010).

O trabalho é uma necessidade humana, ou seja, um processo entre o homem


e a natureza que está determinado pela forma concreta em que se dá a produção,
distribuição, intercâmbio e consumo dos meios de vida pelos diferentes grupos
humanos (LONGEN, 2003).
16

Grande et. al. (2011) referência que alguns estudos enfocando


comportamentos relacionados à saúde ganharam importância quando constatou-se
que parte importante das mortes prematuras e das morbidades , estão associados
ao modo como as pessoas vivem. O trabalho por si só não é considerado nocivo e
perigoso, mas a sua forma de organização repercute sobre a saúde dos indivíduos.
O trabalho executado de maneira integral, criativa, desafiadora, prazerosa e sem
controle da produtividade e lucratividade, torna-se uma fonte adicional de doenças.
No ambiente de trabalho, além do estilo de vida individual, existem as esferas
coletivas de saúde, que estão relacionadas à forma com que cada trabalhador
percebe os aspectos ergonômicos no desenvolvimento das tarefas ocupacionais e
seu contrato psicológico de trabalho com a empresa (MENDES; LEITE, 2008).

Conforme Picoloto e Silveira (2008), no Brasil a saúde coletiva incorporou a


saúde ambiental e com ela a saúde do trabalhador na década de 90. A saúde do
trabalhador é um campo de práticas e conhecimentos que emergem da saúde
coletiva, buscando conhecer e intervir nas relações de trabalho e saúde-doença.

A Lei Orgânica de Saúde (lei número 8.080, de 19 de setembro de 1990),


descreve que a saúde dos trabalhadores é entendida como “um conjunto de
atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e
sanitária, à promoção e a proteção de saúde dos trabalhadores, assim como visa a
recuperação e reabilitação de saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e
agravos advindos das condições de trabalho” ( BARBOSA, 2002).
A característica que diferencia a Saúde do Trabalhador, em seu modelo
teórico, é a afirmação do trabalhador como sujeito ativo do processo de saúde-
doença e, não simplesmente, como objeto da atenção à saúde, tal como é tomado
pela Saúde Ocupacional e pela Medicina do Trabalho. Além desse fato, trata-se da
construção de um saber e de uma prática interdisciplinar que se diferencia de uma
ação centrada no conhecimento médico e nos saberes dividido em compartimentos:
Engenharia, Psicologia, Medicina, Enfermagem, Serviço Social, etc (NARDI, 1997).

A saúde, segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), é


um estado de completo bem- estar físico mental e social. Este conceito propõe uma
ligação de todos os elementos presentes no ambiente com o estado de saúde das
17

pessoas, saúde e doença são estados que dependem da integridade mental e física
do individuo (MELO, 2003).

2.2. ERGONOMIA: CONCEITOS GERAIS

Na história do trabalho, a aplicação da ergonomia é muito recente, e somente


pode-se falar de “ergonomia aplicada ao trabalho” a partir dos anos 50, com o
projeto espacial norte-americana. Com a Revolução Industrial, surgiram as primeiras
fábricas, que eram barulhentas, sujas, perigosas e aonde as jornadas de trabalho
chegavam a 16 horas por dia , sem férias, em regime quase escravo. O início da
história da Ergonomia remonta a criação das primeiras ferramentas, quando o
homem provavelmente escolheu a ferramenta que mais se adaptasse à forma e
movimento de sua mão (VERONESI, 2008).

Ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica que estuda as


interações dos homens com outros elementos do sistema, fazendo aplicações da
teoria, princípios e métodos de projeto, com o objetivo de melhorar o bem-estar
humano e o desempenho global do sistema. (DUL; WEERDNEESTER,
2012, p. 13).

A palavra Ergonomia advém da composição de duas palavras gregas:


ERGOS, que significa trabalho, e NOMOS, que significa leis, normas e regras
(NASCIMENTO; MORAES, 2000).

A Ergonomia integra os conhecimentos fisiológicos e psicológicos quando


estuda o homem na situação real de trabalho para identificar os elementos críticos
sobre a saúde e segurança originados nestas situações e elabora recomendações
de melhoria das condições de trabalho desenvolvendo instrumentos pedagógicos
para qualificar os trabalhadores (LONGEN, 2003).

Vidal (s/d) comenta que a partir dos princípios físicos, cognitivos e


organizacionais pode se formar uma base de conhecimento em ergonomia onde a
física busca adaptar essas exigências do esforço para o trabalho, aos limites e
capacidades do corpo.
18

A ergonomia física: aspectos físicos de uma situação de trabalho, e eles são


inegavelmente reais: trabalhar engaja o corpo do trabalhador exigindo-os de varias
formas ao longo da jornada de trabalho. A ergonomia física busca adequar essas
exigências aos limites e capacidades do corpo, através do projeto interfaces
adequado para o relacionamento físico homem-máquina. (VIDAL, s/d)

A ergonomia cognitiva: a cognição trata da ergonomia dos aspectos mentais


da atividade de trabalho das pessoas e indivíduos, homens e mulheres. Nesse
movimento de ideias aprende-se -o que os filósofos gregos já discutiam- a
importância dos atos do pensamento do trabalhador na consecução de suas
atividades. Os trabalhadores não são simples executantes, são capazes de detectar
sinais e indícios importantes, são operadores competentes e organizados entre si.
(VIDAL, s/d)

A ergonomia organizacional: o campo da ergonomia organizacional se


constrói a partir de uma constatação óbvia, que toda atividade de trabalho ocorre no
âmbito de organizações. Esse campo que tem tido uma formidável desenvolvimento
é conhecido internacionalmente como ODAM (Organizational Design and
Management), para alguns significando um sinônimo de macro ergonomia. (VIDAL,
s/d)

FIGURA 1: CARACTERIZAÇÃO DA ERGONOMIA QUANTO AO OBJETIVO, À


PERSPECTIVA E À FINALIDADE DE SUAS AÇÕES.

ERGONOMIA

FÍSICA COGNITIVA ORGANIZACIONAL

POSTO DE
AMBIENTE FISICO INDIVIDUAL COLETIVA NORMALIDADE ANORMALIDADE
TRABALHO

FONTE: VIDAL (S/D).


19

A legislação trabalhista brasileira, através da norma regulamentadora nr 17


(norma regulamentadora), estabelece parâmetros para programas de ergonomia e
prevenção de lesões por esforços repetitivos. A nr 17 (norma regulamentadora) visa
estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às
condições psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo
conforto, segurança e desempenho eficiente aos trabalhadores com a ergonomia
(BUENO, s/d).

Para a ergonomia, as condições de trabalho são representadas por um


conjunto de elementos interdependentes, que pode estar atuando direta ou
indiretamente na qualidade de vida do individuo. As características psicofisiológicas
do homem, a atividade e o ambiente de trabalho. O homem apresenta diferenças
individuais tais como estatura, peso, resistência e fadiga. A atividade de trabalho é
composta pelas tarefas prescritas e pelos instrumentos que serão utilizados na
mesma e o ambiente de trabalho onde será executada a atividade de trabalho
(DIAZ, 2008).

2.3. DEFINIÇÃO: LER/DORT


A sigla “LER” significa danos por esforços repetitivos, sendo também
denominada como distúrbios osteomusculares associados no trabalho - DORT. A
LER/DORT são doenças caracterizadas através de desgaste das estruturas do
sistema energia seco e atingem várias categorias profissionais.

Geralmente são causadas por processos constantes e contínuos com


consequente sobrecarga das substâncias, músculos e tendões. Esforços excessivos,
postura ruim, stress, condições negativas no trabalho contribuem para o
aparecimento da LER.

As doenças relacionadas ao trabalho têm amparos legais que atingem a vida


do cidadão. O seu reconhecimento é regido por normas (NR17 e seus anexos) e
legislações específicas a fim de garantir a integridade física e os direitos dos
trabalhadores.
20

Os chamados "direitos da personalidade" asseguram a integridade física da


pessoa (artigos 5º, da CF/88 e 11 a 21 do CC/2002), assim como asseguram
medidas que reduzam os riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança (artigos 7º, XXII, da CF/88, 157 da CLT e NR-17 do
MTE).
Se o trabalhador perceber sinais de LER deve procurar um médico para
tratamento e paralisar imediatamente as suas atividades que estão causando tal
efeito. Devemos ficar atentos a outro ponto importante, a ergonomia, melhorando
assim as suas condições de trabalho.

Se reconhecida por perícia a doença ocupacional e comprovado o nexo de


causalidade (nexo causal - ligação) e a conduta culposa da empresa (caso não
adote soluções eficazes para preservar a saúde do trabalhador), o funcionário pode
ingressar com uma Reclamação Trabalhista solicitando uma indenização por danos
materiais e dependendo da situação, danos morais.

Na indenização será analisado se a doença do trabalhador realmente foi obtida


nas atividades realizadas na empresa, se houve redução ou incapacidade para a
realização do trabalho, se a doença tem cura e se houve algum tipo de
constrangimento ou humilhação passível de danos morais.

Caso fique comprovado que o trabalhador está inapto ao trabalho, poderá ser
julgada pelo Poder Judiciário uma pensão mensal suficiente para manter a
subsistência do empregado por um período definido ou até o fim da vida do
trabalhado.

Por isso, as empresas devem manter um programa de saúde e segurança do


trabalho visando reduzir os riscos inerentes às atividades laborais e acima de tudo
investir em ações preventivas, tais como: ergonomia, contratação de profissionais de
segurança do trabalho, aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs), e
adoção de medidas de cautela relacionadas a sua área de atuação. (fonte: Jornal
Cidade 27/08/11)
21

2.4. Método REBA

REBA é um método desenvolvido para avaliar posturas de trabalho


imprevisíveis e foi baseado no RULA, OWAS e NIOSH. Desenvolvido por Sue
Hignett e Lynn McAtmney, foi publicado na Apllied Ergonomics em 2000 (BAU, 2002;
DIEGO-MÁS e CUESTA 2007; HIGNETT e MCATSMNEY,2005).
Segundo os autores, Hignett e McAtmney (2005), o método permite a análise
das posturas adotadas no trabalho, as forças aplicadas, os tipos de movimentos ou
as ações realizadas, atividade muscular, trabalho repetitivo e o tipo de pega adotado
pelo trabalhador na realização do trabalho.

Completando, o método REBA permite avaliar tanto posturas estáticas quanto


dinâmicas e, também, mudanças bruscas ou inesperadas na postura. Divide o corpo
em segmentos para serem codificados individualmente, e avalia tanto os membros
superiores, como o tronco e pescoço, e os membros inferiores. (DIEGO-MÁS e
CUESTA, 2007).

Cabe lembrar que cada etapa do método corresponde a uma única postura.
Para a análise dos postos de trabalho, a aplicação do método deverá ser realizada
em posturas mais representativas. A análise do conjunto de resultados permite ao
avaliador determinar se o posto de trabalho apresenta um risco alto ou não de
lesões.

O método REBA indicará ao avaliador sobre a necessidade ou não de planejar


ações corretivas sobre determinadas posturas. De outra parte, as pontuações
individuais obtidas para os segmentos corporais, a carga, o agarre e a atividade,
poderão guiar o avaliador sobre os aspectos com maiores problemas ergonômicos, a
fim de implantar medidas preventivas (DIEGO-MÁS e CUESTA, 2007).
Outro aspecto positivo desta ferramenta é que ela divide o corpo em segmentos
para ser codificados individualmente permitindo assim a avaliação do segmento
(riscos de lesões musculares, atividade muscular dinâmica e estática, mudanças
bruscas e posturas instáveis) com indicação de uma intervenção ergonômica mais
urgente.
22

O método REBA não considera aspectos como vibração e dispêndio energético


assim como o OWAS.
Tabela 2 – Pontuação método REBA.

PONTUAÇÃO SIGNIFICADO INTERVENÇÃO


1 RISCO INSIGNIFICANTE NÃO É NECESSÁRIA
2 OU 3 RISCO BAIXO PODE SER NECESSÁRIA
4A7 RISCO MÉDIO NECESSÁRIA
8 A 10 RISCO ALTO NECESSÁRIA O QUANTO ANTES
11 OU MAIS RISCO MUITO ALTO NECESSÁRIA IMEDIATAMENTE
Fonte: Software Ergolândia (Adaptada)

2.4.1. Aplicação do método de REBA

O método REBA tem como principal característica é orientar a avaliação da sua


aptidão para o estudo de certos lugares.

 É especialmente sensível aos riscos de método de tipo musculoesquelético.


 Divide o corpo em segmentos que pode ser analisado individualmente, e
avalia tanto os membros superiores e do tronco, pescoço e pernas.
 Analisa o impacto sobre a movimentação de carga postural realizada com as
mãos ou outras partes do corpo.
 Considera relevante o tipo de carga movimentada aderência, observando que
esta nem sempre pode ser feito somente com a mão e, portanto, para indicar
a possibilidade de que outras partes do corpo são usadas.
 Avalia a atividade muscular causada por posturas estáticas, dinâmicas, ou
mudanças súbitas ou inesperadas na postura.
 O resultado determina o nível de risco de lesão e estabelece o nível das
medidas solicitadas e a urgência da intervenção.

O método REBA avalia o risco de posições individuais de forma


independente. Portanto, para avaliar uma posição devem-se selecionar suas
posições mais representativas ou pela sua repetição no tempo ou devido ao seu
precário. A seleção correta das posições determinadas para avaliar os resultados
fornecidos pelo método e ações futuras.

Como uma etapa anterior à implementação real do método, você deve:


23

 Determinar o período de observação, já que, considerando, se necessário, o


ciclo de tempo.
 Realizar se necessário, devido à duração excessiva da tarefa de avaliar a
decomposição das operações elementares ou subtarefas para uma análise
detalhada.
 Registrar as diferentes posições executadas pelo trabalhador durante o curso
da tarefa seja por captura de vídeo, por imagens ou por entrada em tempo
real, se fosse possível.
 Identificação de todas as posturas executadas quando considerados mais
significativo ou "perigoso" para uma avaliação mais aprofundada com o
método REBA.
 O método REBA é aplicado separadamente para o lado direito e do lado
esquerdo do corpo. Portanto, o avaliador, a seu critério e experiência, deve
determinar, para cada posição selecionada, com o lado do corpo que "a priori"
significa maior carga postural. Se existirem dúvidas, recomenda-se avaliar
ambos os lados separadamente.

A informação exigida pelo método é basicamente a seguinte:

 Os ângulos formados pelas diferentes partes do corpo (tronco, pescoço,


perna, braço, antebraço, pulso) no que diz respeito a determinadas posições
de referência. Tais medidas podem ser feitas diretamente no trabalhador
(transferidores, outros dispositivos de medição angular eletro goniômetros) ou
a partir de fotografias, desde que assegurem medidas corretas (verdadeira
magnitude dos ângulos medidos e vistas suficientes).
 A carga ou força utilizada pelo trabalhador para ocupar o cargo indicado no
estudo é em quilogramas.
 O tipo de aderência de carga movimentada manualmente ou por outras partes
do corpo.
 As características da atividade muscular do trabalhador (estático, dinâmico ou
sujeitos a possíveis mudanças bruscas).

A aplicação do método pode ser resumida nos seguintes passos:


24

 Dividindo-se o corpo em dois grupos, sendo o grupo A correspondente ao


tronco, pescoço e pernas e o grupo B formado pelos membros superiores
(braço, antebraço e punho). Pontuação individual dos membros de cada
grupo das tabelas correspondentes.

Após a implantação do método REBA é recomendado:

 A revisão geral das pontuações individuais para diferentes partes do corpo,


bem como a força, aderência, e atividades, a fim de orientar a avaliação de
onde serão necessárias correções.
 Redesenhar o trabalho ou a introdução de mudanças para melhorar posições
críticas se os resultados avaliados recomendar.
 Em caso de mudanças, fazer a reavaliação das novas condições do posto de
trabalho com o método REBA para testar a eficácia da melhoria.

Na sequência da implantação do método REBA é a seguinte:

Grupo A: Classificações de tronco, pescoço e pernas.

O método começa com a avaliação e pontuação individual do grupo A, formado


pelo tronco, pescoço e das pernas.

2.4.1.1. Pontuação do Tronco

O primeiro membro avaliado do grupo A é o tronco. Deve verificar se o


trabalhador executa a tarefa com o tronco ou não (ereto). Por último indicar o grau
de flexão ou extensão observada. A pontuação apropriada na Tabela 3 deve ser
selecionada.

Figura 2 - Posições do tronco


25

Tabela 3- Pontuação do tronco

Pontos Posição
1 O tronco é reto
O tronco é entre 0 e 20 graus de
flexão ou 0 e 20 Graus de
2 extensão
O tronco é entre 20 e 60 graus
3 de flexão ou mais de 20 Graus
de extensão
4 O tronco é dobrado 60 graus
Fonte: REBA: todo o corpo de Avaliação Ergonomia Aplicada rápidos (Adaptada)

Pontuação do tronco vai aumentar em valor, se houver torção ou flexão lateral


do tronco conforme tabela 4.

Figura 3 - As posições que modificam a pontuação do tronco.

Tabela 4- Alterar a pontuação do tronco.

Pontos Posição
1 Há torção ou flexão lateral do
tronco.
Fonte: REBA: todo o corpo de Avaliação Ergonomia Aplicada rápidos (Adaptada)

2.4.1.2. Pontuação Neck(pescoço)


Em seguida a posição do pescoço é avaliada. O método considera duas
posições possíveis do pescoço. No primeiro o pescoço é dobrado entre 0 e 20 graus
e, no segundo há flexão ou extensão de mais de 20 graus conforme figura 4.
26

Figura 4. Posições do pescoço.

Tabela 5 - Marque o pescoço

Pontos Posição
O pescoço é entre 0 e 20 graus
1
de flexão.
O pescoço é dobrado mais do
2
que 20 graus ou estendida.
Fonte: REBA: todo o corpo de Avaliação Ergonomia Aplicada rápidos (Adaptada)

A pontuação calculada para o pescoço pode ser aumentada se o trabalhador


apresenta torção ou flexão lateral do pescoço, como indicado na Tabela 6.

Figura 5. Posições que modificam a pontuação do pescoço

Tabela 6. Modificação das pontuações para o pescoço.

Pontos Posição
Há torção e / ou flexão lateral do
1
pescoço.
Fonte: REBA: todo o corpo de Avaliação Ergonomia Aplicada rápidos (Adaptada)

2.4.1.3. Avaliação das pernas


Para terminar a atribuição de valores do grupo para a posição das pernas que
serão avaliados, consulta-se a Tabela 7 onde lhe permite obter a pontuação inicial
atribuído para as pernas, dependendo da distribuição de peso.
27

Figura 6. Localização dos pés.

Tabela 7. Avaliação posição das pernas

Pontos Posição
1 Bilateral, a pé ou sentado apoio.

Posição unilateral, Banca de luz


2
ou posição instável.
Fonte: REBA: todo o corpo de Avaliação Ergonomia Aplicada rápidos (Adaptada)

A pontuação das pernas será aumentada se houver flexão de um ou ambos os


joelhos. O aumento pode ser de até 2 unidades de flexão, se houver 60 °. Se o
trabalhador apoiado, o método considera que não há flexão e, portanto, não
aumenta a pontuação das pernas.

Figura 7. Ângulo de dobra das pernas

Tabela 8. Alterações das pontuações das pernas.


Pontos Posição
Há uma dobra ou ambos os
1
joelhos entre 30 e 60 °.
Não dobrar um ou ambos os
2 joelhos de 60 ° (exceto postura
sentada).
Fonte: REBA: todo o corpo de Avaliação Ergonomia Aplicada rápidos (Adaptada)
28

Grupo B: Avaliações dos membros superiores (braço, antebraço e punho).

Após a avaliação do grupo A devemos prosseguir para a avaliação de cada


membro do grupo B, formado pelo braço, antebraço e pulso. Lembre-se que o
método de análise é de uma única parte do corpo, direita ou esquerda, em seguida,
um único braço, antebraço e punho, para cada posição será registrada.

2.4.1.4. Pontuação do braço


Para determinar a pontuação a ser atribuída ao braço, deve medir seu ângulo
de flexão. A Figura 8 mostra as diferentes posições consideradas pelo método e
destina-se a guiar o avaliador em tempo para fazer as medições
necessárias. Dependendo do ângulo formado pelo braço sua pontuação será obtida
por referência à tabela abaixo (Tabela 7).

Figura 8. Posições do braço

Tabela 9. Pontuação do Braço

Pontos Posição
O braço é entre 0 e 20 graus de
1 flexão ou 0 e 20 graus de
extensão.
O braço é entre 21 e 45 graus de
2 flexão ou mais de 20 graus de
extensão.
O braço é entre 46 e 90 graus de
3
flexão.
Braço é dobrada mais do que 90
4
graus.
Fonte: REBA: todo o corpo de Avaliação Ergonomia Aplicada rápidos (Adaptada)

A pontuação atribuída ao braço pode ser aumentada se o trabalhador tem o


braço abduzido, girado ou se o ombro é elevado. No entanto, o método considerada
29

uma circunstância atenuante à existência de apoio de braços ou para tomar uma


posição em favor da gravidade, diminuindo nesses casos o braço posição inicial. As
condições avaliadas pelo método visam como mitigar ou agravar a posição do braço
que não pode estar em determinadas posições, há caso em que o resultado
consultado na Tabela 9 permanecem inalterados.

Figura 9. Posições modificando braço pontuação

Tabela 10. Alterações na pontuação do braço

Pontos Posição
1 O braço é abduzido ou girado.
1 O ombro é alto.
-1 Há apoiar ou ficar por gravidade.
Fonte: REBA: todo o corpo de Avaliação Ergonomia Aplicada rápidos (Adaptada)

2.4.1.5. Pontuação do antebraço


Em seguida será analisada a posição do antebraço. Consulte Tabela 11 onde
fornece a pontuação dependendo da posição do antebraço e o ângulo de flexão. A
Figura 10 mostra-se os ângulos medidos pelo método. Neste caso, o método não
adiciona mais condições de alterar a pontuação atribuída.
30

Figura 10. Posições antebraço

Tabela 11. Pontuação do antebraço

Pontos Posição
O antebraço é entre 60 e 100
1
graus de flexão.
O antebraço é flexionado abaixo
2 de 60 graus ou acima de 100
graus.
Fonte: REBA: todo o corpo de Avaliação Ergonomia Aplicada rápidos (Adaptada)

2.4.1.6. Classificação do punho


Para finalizar a avaliação da pontuação dos membros superiores a posição do
pulso será analisada. Na figura 11 mostram-se as duas posições consideradas pelo
método REBA. Depois de estudar o ângulo de flexão do punho devemos prosseguir
para a seleção do ponto correspondente aos valores dados na Tabela 12.

Figura 11. Posições do pulso.

Tabela 12. Avaliação do pulso


Pontos Posição
O pulso é entre 0 e 15 graus de
1
flexão ou extensão.
O pulso é flexionado ou
2
estendido ao longo de 15 graus.
Fonte: REBA: todo o corpo de Avaliação Ergonomia Aplicada rápidos (Adaptada)
31

O valor calculado para o pulso será aumentado em uma unidade se este


apresentar torção ou desvio lateral (Figura 12).

Figura 12. Torção ou desvio do punho

Tabela 13. Alterando a pontuação do pulso

Pontos Posição
Há torção ou desvio lateral do
1
punho.
Fonte: REBA: todo o corpo de Avaliação Ergonomia Aplicada rápidos (Adaptada)
32

3. METODOLOGIA

O estudo será realizado através de levantamento bibliográfico e de análise


dos funcionários de uma empresa de autopeças, no setor de rebarba manual,
devido ao alto índice de problemas osteomusculares, registrado no SESMT da
empresa.

A empresa em questão é composta pelos setores: Administrativo,


Desenvolvimento, Controle de qualidade, PCP (planejamento do controle de
produção), Projetos, Metrologia, Almoxarifado, Corte a Laser, Guilhotina, Prensa de
Estamparia, Jateamento, Usinagem de Tubos, Usinagem CNC, Usinagem de Ferro
Fundido, Ferramentaria, Soldagem, Preparo de borracha, Perfil de borracha,
Prensas de vulcanização de borracha, Rebarbação de borracha, Regenerador de
Borracha, Acabamento em Escova e Lixa, lavagem de peças, Aplicação de adesivo,
Montagem, Recravação de rolamentos, Balanceamento de polias, Pintura por
imersão, Pintura manual a revolver, Injetora de Plástico, Embalagem, Expedição,
Assistência técnica, sala de Caldeira, Manutenção Elétrica, Manutenção mecânica,
Caldeiraria, Manutenção predial, Estação de Tratamento de efluentes, Refeitório,
Manutenção automotiva e Transporte.

O único setor liberado para pesquisa foi o de Rebarba Manual, na qual serão
analisadas 25 funcionárias do sexo feminino, com idade entre 31 e 48 anos, com
media de idade de 37,5 anos e com o tempo de trabalho entre 2 anos a 19 anos na
função.

Esse setor é composto por dois postos de trabalhos. O setor com maior numero de
funcionárias; 23 postos; são compostos por uma mesa, banqueta semi-sentada,
caixa com as ferramentas, duas caixas em cima da mesa, sendo uma com as peças
a serem rebarbadas e outras vazia para colocar as peças prontas ou semi-prontas e
um contador manual de peças. No outro posto de trabalho tem uma máquina que
utiliza Lâmina de disco, que realiza a rebarba em peças circulares semi-prontas, ou
seja, que necessita desta operação para ter o trabalho completo. A rebarba é
realizada com a utilização de faca modelo, alicate frontal, alicate de bico, tesoura e
faca de serra, variando de acordo com a necessidade da peça. Cada posto de
trabalho é composto por uma funcionária fixa.
33

3.1 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO (AET)

O presente estudo consiste em um estudo de caso. Segundo Ferreira (2009) o


estudo de caso consiste em buscar uma estratégia de ação para que a intervenção
ergonômica tenha eficácia e efetivamente produza indicações e alternativas de
solução compatíveis com o cenário da empresa, bem como sejam adequadas aos
trabalhadores do ponto de vista do conforto e da segurança.
Segundo Ferreira (2009) a análise ergonômica do trabalho (AET) pode ser
dividida nas seguintes fases:

3.1.1 FASE INICIAL- ANÁLISE DA DEMANDA

Caracterização da empresa: contrato CLT, o objetivo é atender a demanda de


produção da empresa e entregar o produto no tempo certo, ferramentas: no setor em
questão é utilizado faca modelo serra, alicate frontal, alicate de bico, tesoura e faca
de serra. Tempo de trabalho são 8hs por dia sendo 40hs semanais. Cada tipo de
peça possui um tempo padrão cadastrado na estrutura do produto para ser
executada a rebarba, porém não existe uma quantidade máxima a ter que ser
rebarbada por dia devido ao mix de peças e das peças que estão em pendência no
dia.
São cumpridos 540 minutos trabalhados ao dia, sendo 474 minutos rebarbando
e os outros minutos são divididos entre ida ao banheiro, pausa para o café e pausa
para ginástica laboral que é feita de uma em uma hora por um período de 3 minutos.
Organização: a produção a ser cumprida varia de acordo com o funcionamento do
setor, as ambiências são adequadas de acordo com a NR, porém, durante a
entrevista foi questionado as funcionárias sobre o ambiente e as mesmas relataram
inadequação em alguns pontos a serem relatados. As demandas das peças variam
conforme a quantidade estocada no setor ou se existe uma pendência do produto.
Normalmente somente uma funcionária fica responsável pela rebarba de um
tipo de peça, porém, quando a quantidade exigida é em numero maior, a líder do
setor, coloca até 3 funcionárias para rebarbar evitando problemas de doenças
ocupacionais e também liberar as peças com maior rapidez.
Na figura 13mostra-se a quantidade de pessoas por sexo que trabalham no
setor de rebarbação. Observa-se que 100% das pessoas são do sexo feminino
devido à delicadeza, atenção ao processo e agilidade na operação de rebarbação.
34

Figura 13: Quantidade de pessoas por sexo

Na figura 14 mostra-se a quantidade de queixas de dores osteomusculares nas


funcionárias em sua função de rebarbação ou após a realização da função.

Figura 14: Quantidade de queixas

QUEIXAS OSTEOMUSCULARES

28%

Sim
Não

72%

Na figura 15 mostra-se o local que se localiza a dor que a funcionária sente a dor
ou desconforto ao executar e/ou após a execução da operação.
35

Figura 15: Local da dor

LOCAL DA DOR
10
9
Quantidade de queixas 8
7
6
5
4
3
2
1
0

Ao final da compilação dos dados do questionário podemos observar que o


maior numero de queixa foi de adormecimentos das mãos, sendo relatado por 11
funcionárias.

3.1.2 FASE DA ANÁLISE DA TAREFA.

Tarefa Prescrita: PPRA (programa de proteção para riscos ambientais), nesse setor
são executadas atividades de retiradas das rebarbas das peças de borracha
vulcanizada, com máquinas rebarbadoras e ferramentas manuais (estiletes, tesouras
e alicates), aproximadamente 90% das peças são rebarbadas manualmente.
Tarefa Real: Antes de começar a rebarbar uma peça, as funcionárias vão até o
computador digitam o seu nome e código da peça, buscam a carta de processo e
iniciam o processo de rebarbar. Ao término da tarefa as mesmas digitam no sistema
o código da peça rebarbada daquela caixa e quantas peças realizaram, a partir
desse registro é oferecido na tela se a funcionária cumpriu o tempo medido para
cada peça. Se for vermelho (não atingiu) e verde (atingiu). São submetidas às
variabilidades no caso de manutenção das máquinas ou um atraso por falta de
alguma funcionária devido as questões intraindividual ou interindividual.
Equipamentos e Ferramentas: mesa, banqueta, caixas, computador, faca modelo,
alicate frontal, alicate de bico, tesoura e faca de serra.
36

3.1.3 FASE DA ANÁLISE DAS ATIVIDADES


- Realizar filmagem e fotos para registro da atividade.
- Questionar o operador sobre a atividade que o mesmo realiza.
- Observar todas as ferramentas e equipamentos utilizados
- Observar estratégias utilizadas.
- Aplicar ferramentas ergonômicas.

3.1.4 FASE DE FORMULAR UM PRÉ- DIAGNÓSTICO

A hipótese inicial para causa do formigamento das mãos seria o tamanho das
peças, que em muitos casos se for pequena, exige maior repetitividade e pinça fina
para segurar as ferramentas.

3.1.5 FASES FINAIS- DIAGNÓSTICOS E INTERVENÇÕES

O diagnóstico é a conclusão realizada após as análises finalizadas,


possibilitando saber onde a intervenção ergonômica deve ser aplicada, para melhora
no bem estar do operador.

Na figura 5 mostra-se um fluxograma do processo de rebarba manual. No processo


de rebarbação é onde se localiza a maioria das queixas de dores e afastamentos. O
estudo visa à melhoria nesta etapa do processo melhorando as condições de
trabalho e reduzindo o numero de afastamentos e reclamações de dores.
37

FIGURA 16: Fluxograma do processo de rebarbação

Recebimento de peças

Verificar peças com


pendências do dia

Distribuição para os postos de


trabalho

Operador aponta no sistema o


inicio do trabalho

Verifica a Instrução de trabalho


para a execução da rebarba

Separa os equipamentos
necessários a operação

Inicio do processo de
rebarbação

Ao termino o operador aponta


no sistema o final do trabalho

Fonte: O autor

3.2 PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Está pesquisa será realizada através de filmagem e fotos do posto de trabalho e


da atividade, técnicas de observação e entrevista com as funcionárias.
As fotos e as filmagens não foram autorizadas pela empresa para divulgação.

3.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA

QNSO: questionário nórdico de sintomas osteomusculares foi desenvolvido como


proposta de padronizar a mensuração de relato de sintomas osteomusculares,
facilitar a comparação dos resultados entre os estudos. O instrumento consiste em
escolhas múltiplas ou binárias quanto à ocorrência de sintomas nas diversas regiões
anatômicas nas quais são mais comuns. O respondente deve relatar ocorrência dos
sintomas considerando os 12 meses e os últimos 7 dias precedentes à entrevista,
bem como relatar a ocorrência de afastamento das atividades rotineiras no ultimo
ano. (Anexo 1)
38

EWA: ergonomic workplace analysis, é um método para identificar os riscos


ergonômicos e psicofísicos do local de trabalho- ambiente, posto, tarefa e
relacionamento interpessoal. Fisiologia do trabalho, biomecânica ocupacional,
aspectos psicofisiológicos, higiene ocupacional e organização do trabalho,
constituem sua estrutura teórica, por oferecerem as recomendações gerais objetivas,
essencial ao trabalho sadio e seguro. (Anexo 2)

NIOSH: sob iniciativa do National Institute for Ocupational Safety and Health –
NIOSH, patrocinou-se o desenvolvimento de um método para determinar a carga
máxima a ser manuseada e movimentada manualmente numa atividade de trabalho
– NIOSH – Work Practices Guide for Manual Lifting.

REBA: O método REBA foi desenvolvido por Lynn McAtamney e Sue Hignett.
Publicado no ano de 2000, o método permite avaliar a exposição dos trabalhadores
a fatores de risco. Durante a aplicação do método REBA, cada fator recebe uma
pontuação. Esta pontuação deve ser inserida em tabelas para que o resultado final
do método seja encontrado. O método será medido
39

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS OBTIDOS NA PESQUISA

O setor automobilístico apresenta problemas relacionados a diversos fatores


que afetam a saúde e segurança dos trabalhadores, sejam: de maneira física,
cognitiva e organizacional. No entanto, sabe-se que não existe uma única causa; as
origens das desordens musculoesqueléticas e psicológicas relacionadas ao trabalho
são de ordem multifatorial, o que culmina na necessidade de se estudar o ambiente
de trabalho como um todo e identificar as relações entre os fatores de risco.

4.1 COMPILAÇÕES DOS DADOS DA PESQUISA

Figura 17 – Idade dos funcionários pesquisados

60

50

40

30

20

10

0
4% 4% 4% 4% 4% 8% 8% 8% 8% 8% 12% 12% 16%

Idade (anos)

Na figura 17 podemos observar que a idade das funcionárias varia entre 31 a


48 anos. A idade avançada pode agravar as doenças ocupacionais no decorrer do
tempo de trabalho.
40

Figura 18 – Mensuração de dor

28%

Sim
Não

72%

Na figura 18 mostra-se a quantidade de funcionárias que sente algum tipo de


dor relacionado ao processo de rebarba. Sendo 72 % das funcionárias com alguma
dor e apenas 28% sem nenhuma dor relacionada do processo. Devendo a empresa
tomar ações de melhoria do trabalho as funcionárias com urgência.

Figura 19 – Localização da dor

Polegar
3%
Pernas
11% Lombar
19%

Mão
25% Ombro
19%


8%
Cervical
6% Cotovelo Toracica
3% 6%

Na figura 19 indica o local da dor que ocorrem nas funcionárias. Onde


observamos que o local com maior incidência é a mão com 25%e com menor
incidência com 3% o cotovelo e o polegar.
41

Figura 20 – Tipo de dor

26%
33%
Queima
Formigamento
Sensação de peso

41%

Na figura 20 indica o tipo de dor que ocorrem nas funcionárias. Onde


observamos que o tipo de dor com maior incidência é o formigamento com 41%
seguido por sensação de peso com 26% das reclamações de dores.

Figura 21 – Momento que surge a dor

26%
35%
Durante o trabalho
A noite
Ao acordar

39%

Na figura 21 indica o momento que surge a dor que ocorre nas funcionárias.
Onde observamos que o momento que surge a dor com maior incidência é durante a
42

noite com 39% e com menor incidência é durante acordar com 26% dos casos de
dores.
Figura 22 – Procurou atendimento médico?

38%

Sim
Não

62%

Na figura 22 indica se o funcionário procurou atendimento médico para


tratamento da dor que ocorre nas funcionárias. Onde observamos que a maioria das
funcionárias que corresponde 62% já procurou atendimento médico.

Figura 23 – Tempo de trabalho no setor

2 anos
4% 5 anos
4%
16%
8% 6 anos

4% 8 anos
8% 10 anos
8% 11 anos
4%
12 anos
8% 13 anos
4% 15 anos
32% 16 anos
19 anos
43

Na figura 23 indica o tempo de trabalho em anos no setor. Onde observamos


que a media de tempo de trabalho é de 8 anos que corresponde a 32% das
funcionárias.

Figura 24 – Sugestões de melhoria no setor

Iluminação Não
27% 33%

Encosto do pé
10%

Ventilação
Banco
23%
7%

Na figura 24 indica as sugestões das funcionárias para melhoria do bem


estar. A maioria disse que não necessita de melhoria no posto de trabalho onde
corresponde a 33%. A solicitação mais expressiva com 27% foi a de iluminação que
esta deficiente ao tipo de trabalho e de menor incidência com 7% é a troca do
banco.

4.2 UTILIZAÇÃO DO MÉTODO REBA


Abaixo demonstrarei a análise do método REBA através do software
Ergolândia. Na primeira tela analisaremos posição do pescoço, tronco e pernas.
44

FIGURA 25: Análise de posição de pescoço, tronco e pernas

Fonte: Software Ergolândia

Na análise do método REBA utilizei os seguintes dados conforme demonstrado


na figura 25. Posição do pescoço mais que 20º, tronco com leve inclinação de 0 a
20º e as pernas com suporte em uma das pernas após algum tempo de trabalho.

FIGURA 26: Análise de carga utilizada na operação

Fonte: Software Ergolândia


45

Na análise de carga da figura 26 inseri no software que a carga utilizada para a


operação é menor que 5Kg. Pesei as peças que foram rebarbadas durante o tempo
da pesquisa e a média de peso foi de 3,8Kg.

FIGURA 27: Análise de posição de braço, antebraço e punho

Fonte: Software Ergolândia

Na análise do método REBA onde analisa braço, antebraço e punho, utilizei os


seguintes dados conforme demonstrado na figura 16. Posição do braço entre 45 e
90º, antebraço de 60 a 100º e punho com mais de 15º para cima e mais de 15º para
baixo e com o agravante de rotação excessiva.
46

FIGURA 28: Tipo de pega na peça

Fonte: Software Ergolândia

Na análise do método REBA onde o pega da peça, utilizei o seguinte dado


conforme demonstrado na figura 28. O pega é razoável, nas peças que observamos
a fabricação, a funcionária consegue apoiar a maioria da mão e dos dedos na peça.
Pode haver outros tipos de peças que não foram produzidas nos dias que realizei a
coleta de dados.
47

FIGURA 29: Resultado da análise

Fonte: Software Ergolândia

Na análise do método REBA após todos os dados inseridos no programa,


cheguei ao seguinte resultado conforme demonstrado na figura 29. A pontuação
ficou entre 8 e 10 com o significado que o trabalho é de risco alto a saúde do
trabalhador e a intervenção deve ser o quanto antes para evitar agravamento e/ou
problemas futuros.
48

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Conforme demonstrados acima, os resultados obtidos na pesquisa sobre o
trabalho de rebarba manual de peças de borracha tem alto índice de probabilidade
de desenvolver doença relacionada ao trabalho.
A pesquisa ajudou a identificar problemas osteomusculares que estão com
efeitos negativos ao processo e também quais os problemas que deve ser tratados
para melhora da qualidade de vida das funcionárias. Na figura 7 mostra-se a
quantidade de funcionárias que sente algum tipo de dor relacionado ao processo de
rebarba. Sendo 72 % das funcionárias com alguma dor e apenas 28% sem nenhuma
dor relacionada do processo. O índice de funcionárias com problemas
osteomusculares é muito alto. Os 28% que não sentem dor em algum momento
poderá adquirir alguma doença do trabalho, pois essas funcionárias ainda são novas
na empresa.
Conforme demonstrado na figura 8 onde indica o local da dor que ocorrem
nas funcionárias. Onde observamos que o local com maior incidência é a mão com
25% e com menor incidência com 3% o cotovelo e o polegar. Essas partes do corpo
são as mais exigidas para a conclusão da operação de rebarba. Conforme
demonstrado na figura 10 onde indica o momento que surge a dor que ocorre nas
funcionárias. Onde observamos que o momento que surge a dor com maior
incidência é durante a noite com 39% e com menor incidência é durante acordar
com 26% dos casos de dores. Portanto a analise deste indicador mostra-se que
mesmo após o encerramento do turno de trabalho a trabalhadora continua com a dor
e muitas vezes a dor inicia-se em casa quando o corpo entra em repouso,
prejudicando na recuperação e gerando cansaço físico e mental.
Conforme demonstrado na figura 9 onde indica o tipo de dor que ocorrem nas
funcionárias. Observa-se que o tipo de dor com maior incidência é o formigamento
com 41% seguido por sensação de peso com 26% das reclamações de dores. Os
tipos de dores relatadas são frutos do modo de pinçamento, longo tempo de trabalho
em alguns produtos devido à quantidade a ser executada e a posição de trabalho
que contribui com o surgimento da dor.
Na figura 11 demonstra-se que a funcionária procurou atendimento médico
para tratamento da dor que ocorre nas funcionárias. Onde observamos que a
maioria das funcionárias que corresponde 62% já procurou atendimento médico.
Isso concretiza o que o motivo do deste trabalho. O alto índice de funcionárias
49

buscando atendimento médico confirma os resultados quanto a reclamações de


dores osteomusculares o resultado da maneira que é executado o trabalho de
rebarba manual.
Para uma melhor tomada de decisão, utilizei o método REBA conforme
demonstrado no decorrer do trabalho. A utilização do método REBA ajudou a
identificar a urgência da ação para melhorar e identificar os prováveis movimentos e
cargas que esta atribuída ao trabalho realizado.
O método REBA em conjunto com a pesquisa que realizei, conclui que a
empresa deve investir em melhorias na produção das peças reduzindo as áreas a
ser rebarbadas, o modo de rebarbação das peças por máquinas com disco de corte,
melhorar a ergonomia das funcionárias com novos bancos semi sentados, mesas
com altura adequada a cada funcionária e os apoios de pé para elevar as pernas
melhorando a circulação sanguínea. Sugiro que as peças com altos volumes a ser
rebarbado que divida a quantidade com mais funcionárias para evitar e ou agravar a
LER/DORT.
A melhoria resultará em redução de funcionárias afastadas por doenças do
trabalho devido a dores e muitas vezes processos cirúrgicos. A fisioterapeuta que
existe na empresa deve acompanhar mais de perto as funcionárias e ajudar na
melhora da qualidade de vida reduzindo as dores das e evitando o surgimento de
novas reclamações. Com as ações tomadas a empresa poderá ganhar com menos
afastamentos de funcionárias, pois isso aumenta o custo operacional e problemas
futuros com a justiça. Já as funcionárias ganham com melhor qualidade de vida e
evitam adquirir doenças relacionadas ao trabalho.
50

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

O estudo realizado sobre o processo de rebarbação concluiu que o tipo de


trabalho gera em longo prazo algum tipo de doença ocupacional devido à
repetitividade do processo.
Conforme relatado ao longo deste trabalho, a empresa utiliza métodos para
minimizar os problemas dos trabalhadores sendo uma delas a ginastica laboral de
hora em hora para alongamento das partes do corpo mais utilizadas no processo.
Recomendamos o estudo de aquisição de novas tecnologias para reduzir as
reclamações e possíveis problemas judiciais futuros.
A empresa tem internamente uma fisioterapeuta para ajudar nas ginásticas laborais,
corrigir problemas ligados à saúde do trabalhador e acompanhamento do funcionário
se houver algum afastamento devido LER/DORT.
A dificuldade que a empresa encontra é de não encontrar fabricantes de maquinas
para tal atividade sendo a maioria importadas e com custo elevado.
Conforme estudo do método REBA o resultado é de risco alto a atividade, deve ter
intervenção o quanto antes.
Concluo que as atitudes dotadas pela empresa minimizam o risco de
LER/DORT atribuído ao trabalho, mas não resolve o problema. O tipo de trabalho
traz o risco eminente de possíveis lesões em longo prazo.
Conforme a pesquisa realizada outras melhorias podem ser adotadas pela
empresa tais como: melhoria em iluminação, ventilação (devido ao calor da região),
melhoria nos bancos e apoio de pé.
51

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54

Anexos

Anexo 1 – Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares


Anexo 2 – EWA
Anexo 3 – Check list utilizado para avaliação de posto de trabalho
Anexo 4 – Cronograma das atividades
55

Anexo 1
56
57

Anexo 2
EWA
Caso 1 – (1) Área de Trabalho, (2) Atividade Física Geral, (3) Levantamento de Cargas e (4)
Posturas de Trabalho e Movimentos
Caso escolhido: (a), (b), (c). Grupo: _____________________, _____________________,
____________________.
58

Anexo 3
59
60

ANEXO 4
Cronograma de atividades

Atividades Mês (es) / ano


Triagem e captação dos voluntários Setembro 2017
Coleta de dados Setembro 2017
Análise de dados Outubro 2017
Resultados Novembro 2017
Conclusão Novembro 2017
Data final de conclusão da pesquisa Dezembro 2017

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