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MESTRADO EM ENGENHARIA

DE SEGURANÇA E HIGIENE
OCUPACIONAIS

Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre


Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

ANÁLISE ERGONÓMICA DOS POSTOS DE


TRABALHO DE ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE
GAIA LITORAL E INTERIOR

Duarte Filipe Monteiro Seabra da Silva

Orientador: Professora Joana Cristina Cardoso Guedes (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)
Arguente: Professora Joana Santos (Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico do Porto)
Presidente do Júri: Professor Doutor Mário Augusto Pires Vaz ( Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Rua Dr. Roberto Frias, s/n 4200-465 Porto PORTUGAL

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___________________________________ 2021
AGRADECIMENTOS
Agradecer à instituição Águas do Douro e Paiva, S.A e SIMDOURO,S.A, por me ter permitido
realizar esta tese de mestrado em contexto empresarial, disponibilizando-me todos os recursos
necessários e em particular ao departamento de Sustentabilidade Empresarial por toda a
colaboração e ajuda prestada.
À Professora Joana Guedes, o meu reconhecimento pela sua enorme qualidade enquanto
orientadora e agradecer por toda a ajuda prestada durante este estudo.
Ao Professor João Santos Batista, pela ajuda demonstrada ao longo de todo o ano letivo.
Por fim, agradecer à minha família e amigos por todo o apoio e motivação dada na concretização
do meu mestrado.

I
DESTAQUES

1. As Lesões Músculo-esqueléticas representam uma problemática transversal a todo o


mundo e às várias indústrias de atividade.
2. A taxa de incidência de Lesões Músculo-Esqueléticas continua em permanente aumento.
3. O posto de trabalho deve ser sempre adaptado ao colaborador e nunca o contrário.
4. A ergonomia visa o aumento da performance de trabalho sem nunca colocar em causa a
segurança dos trabalhadores.
5. A perspetiva individualizada é mais eficaz na abordagem às Lesões Músculo esqueléticas,
dado que cada indivíduo é único.

HIGHLIGHTS

1. Musculoskeletal Disorders represent a problem that cuts across the entire world and the
various industries.
2. The rate of Musculoskeletal Disorders continues to increase constantly overtime.
3. The workstation must always be adapted to the employee and never the other way around.
4. Ergonomics aims to increase work performance without ever endangering the safety of
employees.
5. The individualized perspective is more effective in addressing Musculoskeletal Disorders
since each individual is unique.

III
RESUMO

As lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho afetam o mundo inteiro e têm especial
impacto no contexto ocupacional. Apesar de toda a evolução, naquilo que concerne a este tema, a
percentagem de relatos destas lesões tem vindo, constantemente, a aumentar. A prevenção das
mesmas e o seu correto diagnóstico, são fulcrais, para proteger a saúde e o bem-estar dos
trabalhadores.
O presente estudo teve como objetivo a avaliação ergonómica das tarefas realizadas pela equipa
afeta às Estações Elevatórias de Gaia Litoral, de modo a perceber que tarefas são críticas ou não e
propor as respetivas melhorias, por forma de mitigar os riscos existentes e prevenir as lesões. Para
isto, foram usadas as várias normas de avaliação ergonómica: ISO 11228-1:2003 - “Lifting and
Carrying”; ISO 11228-2:2007 - “Pushing and Pulling”; ISO 11226:2000 - “Evaluation of Static
Postures”; e ISO/TR 12295:2014 – “Technical Report” .
Estas normas por si só necessitam de ser complementadas com os fatores individuais da amostra,
dada a sua importância na predisposição de lesão. Para um melhor entendimento da amostra em
estudo e das suas tarefas, foram realizadas entrevistas aos trabalhadores, no terreno, com o objetivo
de realizar dois questionários, para o levantamento de informações pessoais, e ainda um
mapeamento exaustivo das tarefas e de toda a informação das mesmas.
Ficou realçado que o número de tarefas críticas e que comportam risco para o colaborador é
inferior ao número de tarefas não-críticas. As tarefas críticas prendem-se com a movimentação
manual de cargas, nomeadamente, tarefas de “Push e Pull” e “Lifting and Carrying of loads”.
O histórico de trabalho destes homens tem interferência na sua performance dado que a exposição
a fatores de risco dura há vários anos e os seus hábitos pessoais não são os melhores.
O diagnóstico destas lesões deve adotar uma abordagem individualizada, contemplando sempre as
características de cada indivíduo. Os postos de trabalho devem ser sempre adaptados aos
trabalhadores e não o contrário.

Palavras-Chave –Análise Ergonómica; Lesões Músculo-esqueléticas; Avaliação de risco.

V
ABSTRACT
Work-related musculoskeletal injuries affect the entire world and have a special impact on the
occupational context. Despite all the evolution, in what concerns this theme, the percentage of
reports of these injuries has been, constantly, increasing. Their prevention and correct diagnosis
are essential to protect the health and well-being of workers.
This study aimed at the ergonomic evaluation of the tasks performed by the team at the Gaia Litoral
Pumping Stations, in order to understand which tasks are critical or not and to propose the
respective improvements, in order to mitigate the existing risks and prevent the contraction of
lesion. For this, the various ergonomic assessment standards were used: ISO 11228-1:2003 -
“Lifting and Carrying”; ISO 11228-2:2007 - "Pushing and Pulling"; ISO 11226:2000 - "Evaluation
of Static Postures"; eISO/TR 12295: 2014 - "Technical Report".
These standarts alone need to be complemented with individual sample factors, given their
importance in injury predisposition. For a better understanding of the study sample and its tasks,
interviews were conducted with employees, in the field, to carry out two questionnaires, to collect
personal information, and an exhaustive mapping of the tasks and all the information of the same.
It was highlighted that the number of critical tasks that pose a risk to the employee is lower than
the number of non-critical tasks. The critical tasks are related to the manual handling of loads,
namely, “Push and Pull” and “Lifting and Carrying of loads” tasks.
The work history of these men interferes with their performance as exposure to risk factors has
lasted for several years and their personal habits are not the best.
The diagnosis of these lesions must adopt an individualized approach, always considering the
characteristics of everyone. Workplaces must always be adapted to the employees and not the
other way around.

Keywords – Ergonomic Evaluation; Musculoskeletal Disorders; Risk Assessment

VII
ÍNDICE
1 Introdução ................................................................................................................................. 1
1.1 Contexto............................................................................................................................ 1
1.2 Estatísticas ........................................................................................................................ 2
2 Estado da Arte .......................................................................................................................... 4
2.1 Classificação de LMERT.................................................................................................. 4
2.2 Sintomatologia .................................................................................................................. 4
2.3 Conhecimento Científico .................................................................................................. 5
2.3.1 Avaliação Ergonómica ................................................................................................ 6
2.3.2 Fatores de Risco .......................................................................................................... 7
3 Enquadramento Legal e Normativo .......................................................................................... 8
3.1 Diretivas Europeias........................................................................................................... 9
3.2 Normas.............................................................................................................................. 9
3.3 Legislação portuguesa .................................................................................................... 10
4 Revisão Sistemática ................................................................................................................ 10
4.1 Critérios de Pesquisa ...................................................................................................... 11
4.2 Resultados e Discussão ................................................................................................... 13
5 Objetivos da dissertação ......................................................................................................... 17
6 Contextualização da Empresa ................................................................................................. 17
6.1 Visão, Missão e Política de Responsabilidade Empresarial ........................................... 18
6.2 Sistema de Gestão ........................................................................................................... 18
7 Metodologia ............................................................................................................................ 20
7.1 Mapeamento das Tarefas ................................................................................................ 21
7.2 Entrevistas ...................................................................................................................... 22
7.3 Questionários .................................................................................................................. 22
7.3.1 Questionário Nórdico ................................................................................................ 22
7.3.2 Questionário de Informações Pessoais ...................................................................... 23
7.4 “Key-Questions” e “Quick Assessment” ........................................................................ 23
7.5 Normas de Avaliação Ergonómica das Tarefas .............................................................. 24
7.5.1 “Elevação e Transporte”............................................................................................ 24

IX
7.5.2 “Puxar e Empurrar” ................................................................................................... 26
7.5.3 “Posturas Estáticas” .................................................................................................. 26
8 RESULTADOS e Discussão .................................................................................................. 29
8.1 Descrição Geral da Amostra........................................................................................... 29
8.2 Mapeamento das Tarefas ................................................................................................ 30
8.3 Questionários e Entrevistas ............................................................................................ 34
8.3.1 Entrevistas ................................................................................................................. 34
8.3.2 Questionário Nórdico ................................................................................................ 35
8.3.3 Questionário de Informações Pessoais ...................................................................... 36
8.4 Histórico de Trabalho ..................................................................................................... 38
8.5 Avaliação Ergonómica das Tarefas ................................................................................ 39
8.5.1 Tarefas Não Críticas.................................................................................................. 40
8.5.2 Tarefas Críticas ......................................................................................................... 41
8.6 Análise Integrada dos Resultados................................................................................... 43
9 Propostas de Melhoria ............................................................................................................ 47
10 Conclusão .......................................................................................................................... 49
11 Estudos Futuros ................................................................................................................. 50
12 Limitações ......................................................................................................................... 51
13 Referências ........................................................................................................................ 52
anexos............................................................................................................................................ 56
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior

Índice de Figuras
Figura 1 - Percentagem de trabalhadores que reportam doenças relacionadas com o trabalho ...... 3
Figura 2 - Percentagem de trabalhadores que reportaram LMERT nos últimos 12 meses ............. 3
Figura 3 - Percentagem de trabalhadores que reportaram LMERT nos últimos 12 meses, por idade
......................................................................................................................................................... 4
Figura 4 - Tarefas de Risco ............................................................................................................. 7
Figura 5 - Fatores de Risco por grupo ............................................................................................. 7
Figura 6 - Processo de Pesquisa .................................................................................................... 12
Figura 7 - Mapa do Sistema Vila Nova de Gaia ........................................................................... 18
Figura 8 - Sistema de Gestão......................................................................................................... 19
Figura 9 - Metodologia de Diagnóstico utilizada na dissertação. ................................................. 20
Figura 10 - Equação de Cálculo de Massa recomendada .............................................................. 25
Figura 11 - Limpeza da Grade Mecânica ...................................................................................... 31
Figura 12 - Portas da Estação Elevatória Lavadores ..................................................................... 32
Figura 13 - Contentor de Gradados - Interior ................................................................................ 33
Figura 14 - Contentor de Gradados ............................................................................................... 33
Figura 15 - Estação Elevatória Espírito Santo - Rampa de acesso ao local do contentor ............. 33
Figura 16 - Estação Elevatória Espírito Santo - Distância percorrida com o contentor............... 33
Figura 17 - Abertura de Tampas - Estação Elevatória Juncal ....................................................... 33
Figura 18 - Abertura de Tampas - Grupos de Bombagem ............................................................ 34
Figura 19 - Sintomas Músculo-Esqueléticos por Zona Corporal (Diagrama Corporal - Questionário
Nórdico) ........................................................................................................................................ 35
Figura 20 - Nº de Refeições diárias ............................................................................................... 37
Figura 21 - Sintomatologia Relatada ............................................................................................. 37
Figura 22 - Cálculo de LI .............................................................................................................. 41
Figura 23 - Cálculo para LI ........................................................................................................... 42
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Diretivas Europeias ....................................................................................................... 9
Tabela 2 - Normas Europeias ........................................................................................................ 10
Tabela 3 - Principais leis portuguesas relacionadas com as LMERT ........................................... 10
Tabela 4 - Artigos selecionados .................................................................................................... 15
Tabela 5 - Valores de Massa de Referência por género e idade ................................................... 24
Tabela 6 - Interpretação de Valor de LI ........................................................................................ 25
Tabela 7 - Dados da Amostra ........................................................................................................ 29
Tabela 8 - Informações Pessoais ................................................................................................... 36
Tabela 9 - Triagem das Tarefas..................................................................................................... 39
Tabela 10 - Propostas de Melhoria ............................................................................................... 47
XIII
LISTA DE ACRÓNIMOS

AdDP – Águas do Douro e Paiva, S.A


EU-OSHA – Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho
ISO – International Organization for Standardization
LMERT – Lesões Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho
NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health
OIT – Organização Internacional do Trabalho

XV
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior

PARTE 1
1 INTRODUÇÃO

1.1 Contexto

Para os seres humanos, o trabalho representa um dos principais focos das suas vidas, pelo que se
dedicam diligentemente ao desempenho das suas tarefas nos seus trabalhos. O local de trabalho
representa o apoio e o principal pilar da vida das pessoas, respondendo às várias necessidades
pessoais de cada um, sejam elas financeiras, emocionais, ou mesmo ao nível da realização pessoal.
No entanto, o trabalho tem várias consequências, incluindo as lesões músculo-esqueléticas do dorp
ocupacional – LMERT
Estas são lesões que perturbam músculos, ossos, articulações, ligamentos, nervos, cartilagens, e
discos vertebrais. Estas perturbações podem ser detetadas através de entorses, dor, e/ou
desconforto. De acordo com o Instituto Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho - NIOSH,
existem estudos que provam a existência de uma relação entre a exposição à actividade física
relacionada com o trabalho e as LMERT(Da Costa and Vieira 2010).
As LMERT representam uma séria preocupação entre as empresas e impactam a saúde de milhares
de milhões de pessoas em todo o mundo. Todos os anos damos conta de relatos de lesões, acidentes
relacionados com o trabalho ou mesmo mortes no local de trabalho devido a posturas
desconfortáveis, sobreextensões e movimentos repetitivos (Naik and Khan 2020). Existe uma forte
ligação entre os factores físicos relacionados com o trabalho, agravados pelos elevados níveis de
exposição e a prevalência de LME entre o pessoal, especialmente quando combinados com a
exposição a múltiplos factores em simultâneo ou na mesma tarefa (Jin et al. 2011). Estas situações
levam ao desenvolvimento de LMERT colocando em perigo a saúde dos empregados. Nos EUA,
em 2016, 356.910 casos de LME em 2015 (Ji and Piovesan 2020). Se nos concentrarmos na
Europa, as LMERT representam 39% das doenças profissionais comunicadas num ano. Estas
doenças têm resultados na vida das pessoas e causam problemas nas empresas em que trabalham.
No Canadá, representam 39% do tempo perdido no Ontário pelos trabalhadores.
Atendendo ao Conselho Nacional de Investigação e ao Instituto de Medicina em 1995, estas
lesãoes tiveram um custo anual de 215 mil milhões de dólares. Entre 1992 - 2010, as LMERT
representaram 29 - 35% de todas as lesões e doenças profissionais, obrigando o trabalhador a ser
dispensado das suas tarefas (Bhattacharya 2014).
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que quase 2,3 milhões de trabalhadores
morrem devido a acidentes e doenças relacionadas com o trabalho. De uma perspectiva global, há
cerca de 337 milhões de acidentes de trabalho e 160 milhões de doenças profissionais por ano (Al-
Tuwaijri et al. 2008).
Ao longo dos tempos, a ergonomia sentiu a necessidade de se adaptar e melhorar as suas técnicas
de diagnóstico. Estas não se mostram consensuais entre os profissionais e as tecnologias
disponíveis têm sido objecto de discussão (Viikari-Juntura and Riihimäki 1999). O processo de
dimensionamento de uma estação de trabalho é a base para tudo. O objectivo é ajustar a tarefa ao

1
empregado e nunca o contrário. Para fazer este procedimento correctamente, é obrigatório ter em
conta o estado da arte existente, onde podemos encontrar os requisitos e as restrições para um
determinado indivíduo atendendo aos valores de referência estipulados. Mesmo com este processo
de avaliação e a evolução da técnologia e industrialização nas empresas, é evidente que a taxa de
LMERT e outras doenças relacionadas com o trabalho não aparenta sofrer uma queda, de facto, é
exactamente o oposto.
Precisamos de dar um passo em frente no método de diagnóstico e torná-lo mais proficiente e
precaucionário. Para atingir este objectivo, é necessário atingir uma fase em que possamos avaliar
as características individuais e fazê-las corresponder às exigências e características das tarefas. O
futuro passa por esta via, e a análise do movimento, em tempo real, pode vir as nutrir um papel
importante nesta ideia, uma vez que nos ajudará a prevenir o desenvolvimento de LMERT e
doenças profissionais numa fase inicial.
Previsivelmente, este "Futuro" terá as suas limitações, e precisamos de as considerer para que
possam ser minimizadas. Em alguns casos, quando um operador se encontra cansado ou mostra
sinais de fadiga, é intrínseco ao ser humano dobrar-se, e transferir o seu peso de perna para perna
ou a assumir posturas irresponsáveis, por forma de atenuar esse cansaço. É necessário entender de
que forma esta tecnologia é capaz de percecionar o estado do trabalhador, por forma de não
aumentar os níveis de stress com constantes correções.

1.2 Estatísticas

As LMERT afectam todos os anos milhões de trabalhadores em diferentes sectores de trabalho.


Estas perturbações afectam as pessoas de diferentes formas, de acordo com a sua exposição ao
risco. Os parâmetros individuais têm um papel essencial no diagnóstico, dado que influenciam a
predisposição da pessoa no surgimento de lesão. Todos estes factores precisam de ser tidos em
conta, ou a avaliação não será exacta.
De acordo com a Figura 1, podemos perceber que são diversas as doenças relacionadas com o
trabalho. No entanto, é percetível o enorme destaque que as LMERT assumem, representando 60%
de todas as dcoenças participadas, relacuionadas com o context ocupacional. Desta forma podemos
perceber que estas, representam um grave problema impactando a saúde dos trabalhadores
(European Agency for Safety and Health at Work).

2
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior

Figura 1 – Percentagem de trabalhadores que reportam doenças


relacionadas com o trabalho

De acordo com a Figura 2, é possível entender de que forma as LMERT impactam as diferentes
indústrias e o seus trabalhadores. Podemos ainda perceber quais a slesões mais frequentes em cada
uma dessas indústrias. De entre as demais, destacam-se os trabalhadores da agricultura, sivicultura
e pesca, os operadores de instalações e máquinas e ainda os trabalhadores de arteasnato. Indústrias
com tarefas de cariz manual tendem a ser mais impactadas por este tipo de lesão. Todas as têm em
comum uma maior taxa de incidência de uma ou mais lesões, como observável no gráfico da figura
(European Agency for Safety and Health at Work).

Figura 2 – Percentagem de trabalhadores que reportaram LMERT nos


últimos 12 meses

Nos postos de trabalho, diferentes tarefas têm contribuições diferentes no que conserne ao
aparecimento de lesão. A idade impacta o aparecimento de lesão, conforme observado pelo gráfico
da figura 3. Com o aumento da idade a tendência para o surgimento de lesão aumenta, devido à
diminuição da resistência corporal.
Figura 3 - Percentagem de trabalhadores que reportaram LMERT nos últimos 12 meses, por
idade

2 ESTADO DA ARTE

2.1 Classificação de LMERT

É mencionado na introdução que estas lesões afectam várias estruturas e/ou segmentos do corpo.
Podendo ser agrupadas de acordo com estrutura anatómica que afectam (Vern Putz-Anderson
1988):

•Lesões localizadas ao nível dos tendões e bainhas tendinosas.


Exemplo: Tendinite do punho, epicondilite e quistos das
Tendinites bainhas dos tendões.

•Lesão de um nervo. Exemplo Síndrome do Túnel Cárpico e


Síndrome do Canal de Guyon.
Síndromes Caniculares

•Lesão osteoarticular e/ou muscular ao longo de toda a coluna


vertebral ou parte da mesma.
Raquialgias

•Lesão nervosa e vascular em simultâneo.


Síndroms Neurovasculares

2.2 Sintomatologia

As LMERT têm vários sintomas clínicos que, por vezes, podem nem ser notados pela pessoa. Estes
incluem: fadiga; altos níveis de dor; desconforto; baixos níveis de dor e edemas (Fonseca, Rosário;
Serranheira 2006). Entre estes sintomas, os mais frequentes são a dor, fadiga, desconforto, perda
4
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior

de força muscular e edemas. No entanto, estes sintomas afectam as pessoas de diferentes formas e
níveis, de acordo com os seus factores físicos, localizações e intensidade.
Em certos casos, os sintomas são muito específicos, levando a um diagnóstico fácil. Outros,
contudo, manifestam-se através da dor e/ou desconforto, não mostrando sinais de uma lesão
específica. Isto torna o diagnóstico mais desafiante, dado que se a origem da lesão não for
correctamente identificada, o tratamento não será o mais adequado ou eficaz. Por este motivo, o
diagnóstico é tão importante para o tratamento das LMERT.
No início, os sintomas são intermitentes, assim que a exposição começa a ser contínua e
prolongada, começam a intensificar-se gradualmente, tornando-se persistentes durante o dia e, em
alguns casos, durante a noite. Esta é uma fase em que a pessoa começa a sentir-se afectada nas
tarefas do dia-a-dia e no próprio local de trabalho. Quando isto evolui para doenças crónicas, pode
também surgir um inchaço da área afectada e uma sensação de hipersensibilidade.

2.3 Conhecimento Científico

A ergonomia é um campo científico com 40 anos, que tem vindo a afectar as pessoas desde os
primórdios. Esta ciência visa tornar o trabalho mais leve e mais eficiente, aumentando o
desempenho sem nunca causar qualquer dano aos trabalhadores. Durante todo este tempo, este
conceito diversificou-se, e com a mecanização, houve a integração dos trabalhadores num sistema
"homem-máquina" através da utilização de ferramentas eléctricas e manuais e computadores. Isto
trouxe um mundo completamente novo de riscos a ter em conta.
A palavra Ergonomia tem a sua origem em palavras gregas: "Ergo" que significa trabalho, e
“Nomos”, que significa regras. Pode-se concluir que a Ergonomia desenvolve as regras que gerem
o trabalho enquanto estuda o comportamento humano e o seu desempenho durante a realização de
tarefas.
Existem dois tipos diferentes de ergonomia: Conceção e Correção. O primeiro tem o seu campo
de ação na conceção da tarefa e do posto de trabalho. Ao mesmo tempo, a ergonomia de Correção
é projectada para melhorar as condições de trabalho existentes, permitindo normalmente apenas a
modificação de alguns elementos do posto de trabalho e não todo o seu redimensionamento.
A ergonomia debruça-se sobre os seguintes campos:
• Ergonomia Ambiental - visa a interação entre o trabalhador e fatores ambientais, tais como
o ambiente térmico, o ambiente visual, o ruído e as vibrações;
• Ergonomia Geométrica - estuda a relação entre o trabalhador e os seus postos de trabalho;
• Ergonomia Temporal - promove a adaptação do trabalho ao homem, dependendo do tempo
(Horário de trabalho);
• Ergonomia da Comunicação - está relacionada com a conceção da comunicação, quer entre
utilizadores, quer entre utilizadores e equipamento de trabalho.
2.3.1 Avaliação Ergonómica

A análise ergonómica de uma tarefa ou posto de trabalho consiste numa avaliação realista e
rigorosa do trabalho. Esta é realizada momento a momento, com um acompanhamento permanente
no terreno, baseado nas imposições do trabalho, percebidas através de um levantamento exaustivo
das tarefas e da forma como estas são realizadas.
Este tipo de análise é feito através da observação direta, onde são descritos aspectos como a
actividade, o comportamento do trabalhador, as condições de trabalho, as ferramentas utilizadas,
a forma como a tarefa é executada e tudo aquilo em que o colaborador está envolvido. No entanto,
para que a informação recolhida seja a mais rigorosa, os trabalhadores devem ser sujeitos a
entrevistas de campo, onde podem colocar por palavras as tarefas que executam e esclarecer
questões que surjam durante a observação. Estas tarefas são tão rotineiras para estes trabalhadores
que estes têm dificuldade em explicá-las e em perceber os riscos em que incorrem. No entanto,
este tipo de avaliação no terreno tem alguns constrangimentos, tais como o embaraço do
colaboradore em ser monitorizado podendo levar a que este mude a sua forma de executar uma
determinada tarefa para o que pensa ser "correcto" ou ainda uma eventual estratégia de resposta
momentânea. Para além desta observação no terreno, os factores individuais de cada pessoa devem
ser sempre tidos em conta, para isto são aplicados vários questionários durante as entrevistas, tais
como: O Questionário Nórdico (Validado) e diversos questionários validados relacionados com
informação pessoal, hábitos de vida, histórico de saúde e lesões e qualidade do sono.
Todos estes dados facilitam a interpretação dos resultados da avaliação, uma vez que cada
indivíduo é único. A mesma avaliação pode fornecer resultados diferentes, mesmo que sob as
mesmas condições, basta estabelecer uma relação directa com os factores pessoais de cada
indivíduo. Uma avaliação ergonómica para indivíduos saudáveis resulta numa conclusão que
provavelmente será diferente se tratarmos uma amostra com lesão pré-existente. Como indicado
no quadro jurídico e normativo, várias normas e directivas europeias abordam este tópico. No
entanto, a taxa de lesões continua a aumentar, apesar de todos os esforços. Há um problema na
abordagem destas normas, que reside na generalização da amostra, dividindo-a em classes com
diferentes valores de referência, sem nunca contemplar uma ligação direta com os factores
individuais. Foram publicados vários estudos relacionados com os avanços tecnológicos no
diagnóstico e monitorização de lesões músculo-esqueléticas, como será listado abaixo. Embora a
maioria deles se enquadre no âmbito do desporto, podemos utilizar esta mesma informação e
aplicá-la ao contexto profissional.
As LMERT necessitam de uma abordagem mais biomecânica e individualizada, conseguida,
através da monitorização 3D, utilizando sistemas de câmara e/ou sistemas de monitorização como
o Xsense. Com recurso a estes sistemas o funcionário é monitorado em tempo real e a sua tarefa
é, posteriormente, com processamento de dados, fragmentada para uma análise meticulosa
avaliando os vários segmentos do corpo activados, os ângulos das articulações, as velocidades de
execução e as forças aplicadas. Com uma abordagem desta natureza, combinanda com todos os
conhecimentos e estado da arte existentes, com todas as normas e directivas europeias, pode ser

6
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior

um caminho de sucesso para a história do diagnóstico das lesões músculo-esqueléticas e a sua


avaliação.

2.3.2 Fatores de Risco

A avaliação ergonómica precisa de ter em conta vários fatores que têm um papel determinado no
desenvolvimento das LMERT. Entre eles estão os Movimentos Repetitivos; Movimentação
Manual de Cargas; Posturas Estáticas; Períodos Curtos de Pausa; Vibrações; Condições Térmicas,
e Fatores Psicossociais (B. P. Bernard 1997), muitos destes fatores agrupam-se em simultâneo na
mesma tarefa, o que torna a situação ainda mais gravosa.

Figura 4 - Tarefas de Risco

Habitualmente, estes fatores, figura 5 (Hartmann 2010), podem ser divididos em três grupos:

Figura 5 - Fatores de Risco por grupo


A avaliação do trabalho permite identificar os fatores de risco da tarefa e classificar a sua
intensidade, amplitude e exposição. Estes dados são recolhidos através do mapeamento de tarefas
e entrevistas com os trabalhadores.
Os fatores de risco individuais têm uma contribuição preponderante na génese das LMERT
(Malchaire, J.; Cock 1999). As pessoas são únicas e apresentam variações a nível antropométrico,
hábitos/estilos de vida e estado de saúde. Também é possível ter em conta, cautelosamente, os
aspectos relacionados com o género como sendo um fator de risco. O elemento “idade” é também
um fator de risco, pois contribui para a contração destas patologias. As diferentes características
antropométricas, nomeadamente altura e peso, contribuem para a génese das patologias músculo-
esqueléticas, especialmente quando se trata de uma amostra com uma morfologia que se afasta dos
"valores médios" da população. Muitas vezes, indivíduos de percentis altos ou baixos são
confrontados com postos de trabalho sem adaptabilidade e dimensionados para a "média
masculina", o que leva à adoção de posturas erradas e danosas (Botha and Bridger 1998). Os
hábitos diários, incluindo o desporto, são um exemplo de exposição não profissional que leva ao
aparecimento de lesão devido à exposição a vários factores de risco (Cole and Rivilis 2004).
Ao longo dos anos, os factores psicossociais ganharam importância no tópico das LMERT, embora
este reconhecimento tenha sido difícil. Isto é sustentado através de uma contextualização complexa
e identificação desafiante dos factores desencadeantes (Huang, Feuerstein, and Sauter 2002;
Nedergaard et al. 2020). Existem vários estudos que provam uma relação direta destes fatores com
o aparecimento de lesão (B. Bernard 1997).
As diferentes categorias de risco podem estar relacionadas umas com as outras. Os riscos físicos
podem ser agravados pelas características individuais de cada pessoa. À medida que a idade
aumenta, por exemplo, a probabilidade de contrair uma lesão aumenta também, devido ao desgaste
crónico e à redução da resistência corporal, o que leva a que os riscos físicos das tarefas tenham
um peso maior sobre o indivíduo. Tipicamente, o sexo pode representar um factor de risco se o
trabalho não for adequado ao trabalhador contudo, este é um tópico que necessita de mais
sustentação (Buckle and Devereux 1999). O consumo de álcool, a adopção de uma vida sedentária
e o consumo de narcóticos provocam um aumento da probabilidade de contrair uma lesão, uma
vez que todos estes são hábitos prejudicam o corpo humano, reduzindo a sua resistência. Algumas
doenças podem também agravar as lesões, por exemplo, a Diabetes.
Embora não sejam tão antigos como os outros, os riscos psicossociais já demonstraram a sua
importância. Estes relacionam-se com fatores organizacionais como: horários de trabalho,
períodos de recuperação, comunicação hierárquica e conceção e organização do trabalho. Estes
riscos não são suficientes para causar lesão, por si só, mas quando combinados com fatores de
risco físico, podem aumentar a probabilidade destas perturbações.

3 ENQUADRAMENTO LEGAL E NORMATIVO

A evolução da organização do trabalho promove uma enorme melhoria dos processos e da


qualidade dos materiais desde que haja um aumento da produtividade sem causar qualquer tipo de
dano aos trabalhadores (Westgaard and Winkel 1996). Por outro lado, a mecanização acarreta as

8
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior

suas desvantagens, levando a um decréscimo no numero de trabalhadores aumentando a carga de


trabalhdo dos restantes (de Oliveira Sato and Cote Gil Coury 2009).
Nas últimas décadas, o desenvolvimento sócio-económico global juntamente com o progresso
científico e técnico trouxe um volume de investigação sem precedentes. Tais conhecimentos foram
apresentados sob a forma de regulamentos internacionais, regionais e nacionais e ainda normas
técnicas, directrizes, formação prática e manuais de informação.

3.1 Diretivas Europeias

A nível europeu, as diretivas devem ser transpostas para a legislação nacional de cada estado
membro para aí produzirem os efeitos pretendidos. Estas diretivas estabelecem os objetivos a
alcançar por cada membro da União Europeia (UE), dando-lhes a liberdade de escolher os meios
para a sua implementação. As principais diretivas europeias relevantes para a prevenção de
LMERT estão listadas na tabela 1:

Tabela 1 – Diretivas Europeias

Directiva Descrição

89/391/EEC OSH “Framework Directive” - encorajar as melhorias


na Segurança e Saúde dos trabalhadores nas suas
tarefas.

90/269/EEC Movimentação Manual de Cargas

90/270/EEC “Equipamentos com Ecrãs

200/44/EEC Vibrações

2009/104/EEC Equipamentos de Trabalho

A monitorização da incidência, das causas e da prevenção das LMERT é feita pela EU-OSHA.
Esta organização apoia e encoraja as boas práticas no trabalho e a criação de condições adequadas.

3.2 Normas

Existem várias normas internacionais publicadas pela Organização Internacional do Trabalho


relacionadas com os requisitos ergonómicos das estações de trabalho. Estas normas estabelecem
os valores de referência para a amostra de trabalho no estudo, incluindo todos os tipos de tarefas.
Cada normativa refere-se a um tipo diferente de movimento. O seu objetivo é melhorar a qualidade
dos serviços e condições de trabalho a nível global. Na tabela 2, algumas das principais normas
europeias relativas às prevenções de LMERT, o tema do estudo.
Tabela 2 - Normas Europeias

Normativa Descrição

ISO 11228-1/2003 “Elevação e Transporte”

ISO 11228-2/2007 “Puxar e Empurrar”

ISO 11228-3/2009 “Movimentação de Cargas em frequências elvadas.”

ISO/TR 12295/2014 “Technical Report”

ISO 11226/2000 “Evaluation of Static Postures”

3.3 Legislação portuguesa

Na tabela 3 estão listadas as principais leis portuguesas relacionadas com a prevenção destas
lesões. A maioria destas leis transpõe as directivas europeias:

Tabela 3 - Principais leis portuguesas relacionadas com as LMERT

Lei Descrição

Lei nº102/2009, 28 de Janeiro Regime jurídico para a promoção da segurança e saúde


no trabalho, de acordo com o previsto no artigo 284º do
Código do Trabalho (republicado)

Lei nº7/2009, 12 de Fevereiro Estabelece os princípios gerais em matéria de


segurança e saúde no trabalho (aprova a revisão do
Código de Trabalho)

Decreto-Lei nº330/93, 25 de Setembro Requisitos mínimos de segurança e saúde relacionados


com a movimentação manual de cargas

Decreto-Lei nº352/2007, 23 de Outubro Tabela Nacional de Incapacidades

4 REVISÃO SISTEMÁTICA

O objetivo desta pesquisa científica recaiu sobre a recolha de informações sobre o tema proposto.
O objetivo é compreender como as técnicas de diagnóstico evoluíram com os anos e adequar o
atual estado da arte à legislação para o desenvolvimento deum software de análise de movimento
onde o diagnóstico das LMERT é mais preciso. Para tal, foi feita uma revisão sistemática de vários
artigos encontrados, para compreender a sua adequabilidade com o assunto em estudo. Para isso,
é essencial estabelecer as palavras-chave específicas ("Análise de Movimento; "Monitorização
3D"; "Biomecânica"; "Ergonomia"; "Distúrbios Musculoesqueléticos" e "Avaliação de Risco"),
10
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior

uma vez que essas palavras conduzem a investigação para a recolha de informação desejada. Este
processo não pode ser automático, caso contrário, pode não obter a melhor informação disponível.
Houve a criação de vários conjuntos de palavras para a pesquisa de infromação nas bases de
pesquisa apropriadas (Exemplo: "PubMed", "Scopus", "Inspect" e "WebOfScience").
Subsequentemente, foi obtido e avaliado um certo número de resultados para compreender se os
arranjos de palavras eram virtuosos ou se seriam necessários ajustes nestes conjuntos para adquirir
informação mais específica e e adequada. As palavras-chave precisam de ser testadas na mesma
ordem em cada base de pesquisa. Isto irá garantir-nos que esta é feita correctamente, assim seremos
capazes de perceber qual a base de pesquisa mais adequada ao assunto do estudo.

4.1 Critérios de Pesquisa

Esta investigação foi conduzida inserindo as palavras-chave estabelecidas e escolhendo, se


aplicadas, os seguintes critérios: "Título do artigo; Resumo; Palavras-chave". A fase seguinte foi
o estabelecimento de alguns critérios de exclusão, a fim de filtrar os resultados e satisfazer as
nossas exigências, como por exemplo: Data - de 2016 a 2021; Tipo de documento - Artigos;
Mpress; Tipo de fonte - Revistas; Língua - Inglês. Estas condições reduziram significativamente a
informação recolhida aos artigos mais importantes e actualizados, caso contrário, obteríamos
demaisados artigos para triar, o que é indesejável.
Após a recolha dos artigos sobre o tema, foram incluídos os critérios de elegibilidade adequados,
entre os quais:
• A amostra em estudo tem de ser saudávél e estar isenta de patologias pré-existentes;
• Os artigos devem ser relativos ao contrexto ocupacional ou desportivo.
• O âmbito do artigo deve ser a prevenção de lesão.
Estes critérios permitem obter informação mais criteriosa e adequda aos interesses do estudo, dado
que muita da informação recolhida é dispensável para a matéria em estudo.
Figura 6 - Processo de Pesquisa

12
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior

4.2 Resultados e Discussão

Muitos dos artigos incluídos debruçam-se no campo da Ergonomia, e residem no tema da análise
de movimento, LMERT e análise de lesões. Após a pesquisa, fica claro que os resultados se
dividem em vários campos: Contexto Desportivo, Contexto Ocupacional, Prevenção de LMERT
e Medicina.
Foram incluidos estudes que cumprissem os seguintes critérios: a) Contexto ocupacional; b)
Prevenção de lesão; c) Amostra sem patologias pré-existentes; d) Âmbito do desporto.
Estes artigos caracterizam vários ambientes (mencionados anteriormente), mas, em geral, a
maioria deles pertence ao contexto ocupacional, dado ser esse objetivo de todo este projeto. No
início da pesquisa, foram recolhidos 143 artigos. Após a triagem, 11 artigos sobre o tema
persistiram preenchendo todos os critérios estipulados. Todos os outros foram postos de lado,
porque não correspondiam a todos os requisitos.
Há mais estudos, relativos a avaliações ergonómicas, no campo do desporto, em comparação com
o context ocupacional, utilizando novas tecnologias e novas metodologias. Estes conhecimentos
podem ser utilizados e aplicados ao contexto profissional.
Embora os estudos dos vários artigos se debruçem em áreas diferentes, há uma coisa em comum:
a prevenção das LME e das doenças profissionais. Esta questão comum tem abordagens distintas,
apoiando-se em várias técnicas. Algumas mais desenvolvidas tecnologicamente utilizando a
monitorização 3D, para avaliar o ambiente e a população nas suas tarefas. Outras, utilizam os
métodos tradicionais de avaliação ergonómica, identificando os factores de risco e avaliando as
tarefas segundo os parâmetros normativos. Os primeiros são os artigos mais interessantes, porque
utilizam sistemas Optoelectrónicos (com seis câmaras), sistemas de análise de movimento
tridimensional (VICON Motion System) e um sistema de captura de movimento (BTS-Elite
system). Confiando neste tipo de software pode medir-se diferentes variáveis e segmentos
corporais em tempo real, obtendo resultados detalhados e avaliando os riscos mais significativos
e os segmentos mais impactados. A avaliação feita por este tipo de tecnologia tem o mesmo
princípio que os métodos tradicionais, mas mais avançados ao nível da infromação recolhida.
Medem as posturas, os vários ângulos associados aos segmentos do corpo que se mostram ativados
nas tarefas e realizaram uma avaliação do risco presente na tarefa (Han et al. 2013). A mais valia
destes sistemas recai sobre a melhor compreensão da tarefa e das suas variáveis, através de uma
obtenção rigorosa da forma como a tarefa é realizada e do impacto que tem sobre o indivíduo.
Mesmo com estas tecnologias o contacto direto, através de questionários e entrevistas, com os
trabalhadores não pode ser desvalorizado, dado que a informação daí retirada é a mais real
possível, proveniente dos sujeitos envolvidos (Naik and Khan 2020).
Os métodos tradicionais de avaliação ergonómica devem ser associados a estes avanços nas
tecnologias. As variáveis avaliadas nas normas podem ser resumidas e acopladas a um software
de modo a que o estado da arte não seja ignorado, mas sofra uma evolução produtiva no
diagnóstico e tratamento das LMERT.
A avaliação feita apoiada numa vertente biomecânica, medindo orientações de secções corporais,
ângulos de movimento, velocidades angulares, forças aplicadas e posturas, precisa de ser adaptada
às características de cada indivíduo. Este método permite-nos compreender de que forma a
realização da tarefa e as estratégias de resposta são afectados pelas características individuais.
Além disso, é possível dimensionar a tarefa em torno do trabalhador e não o contrário, aumentando
o desempenho e reduzindo o risco de lesão (Harris-Adamson et al. 2019).
Em conclusão, é comum a todos os artigos o reconhecimento de falhas neste tópico e na sua
abordagem, não havendo acordo sobre o melhor método a ser utilizado (Li and Buckle 1999). As
maiores descobertas recaem sobre o diagnóstico de lesão, através da evolução dos sistemas de
monitorização dos indivíduos, acautelando o estado da arte existente, bem como os diversos
fatores de risco, mencionados anteriormente, o histórico de trabalho dos sujeitos e de que forma
tudo isto impacta o surgimento de lesão (Ji and Piovesan 2020).

14
Tabela 4 - Artigos selecionados
Autor, Ano Campo de Objetivos METODOLOGIA
investigação Perído Duração dos População Amostra Variáveis medidas e seções Equipamentos Calibração de Questionário
testes corporais equipamentos
Análise de lesão Investigação sobre o risco de Falta de 2 minutos Profissionais 132 Ângulos de pulso; Consumo de O2; IBM SPSS Statistics 24.0; Falta de Informação Qustionário Nórdico
(Naik and Khan perturbações músculo- Informação de limpeza profissionais Ritmo cardíaco; Elevação do braço Sixchannel EMG sensores. validado
2020) esqueléticas em superior; Velocidades angulares.
profissionais envolvidos em
tarefas de limpeza do chão.
Análise de lesão Impacto de uma ferramenta Falta de 2-5 minutos Empregadas 16 sujeitos A média de elevações/cama , SEMGelectrode de superfície Falta de Informação Falta de Informação
(Harris-Adamson de elevação de colchões e Informação de Hotel posição média e velocidade de pré-amplificado ; vídeo digital a
et al. 2019) tipo durante a fabricação de execução e aceleração da coluna cores a 25 Hz; himpo MF-
camas. lombar e a % de tempo gasto; 100,Wilmington, NC
Frequência cardíaca.
(Dabholkar et al. Análise Postural Risco ergonómico postural 3 years. Falta de Cirurgeões. 10 cirurgeões Orientação angular 3D da secção Unidade de Medição Inercial Falta de Informação Falta de Informação
2017) em otorrinolaringologistas Informação do corpo; Movimento da (IMU) tecnologia de sensores
enquanto realizam Cirurgia Articulação; Orientação e medições (Noraxon Inc., Scottsdale, AZ,
Endoscópica Funcional em de ângulos anatómicos. EUA), sistema de análise de
tempo real movimento tridimensional
Análise de lesão Caracterizar a orientação do Falta de Falta de Jogadores 66 Ombros e Pernas Sistema de captura de Falta de Informação Falta de Informação
(Kawasaki et al. tronco no momento do Informação Informação de rugby jogadoress. movimento por infravermelhos
2018) impacto durante as (Vicon MX; Oxford Metrics);
placagens. software Nexus (v 1.8.5; Vicon),
e análises cinemáticas foram
realizados com software
Bodybuilder (v 3.5; Vicon).
(Manghisi et al. Análise de lesão Investigar o potencial da Falta de 10 minutos Falta de 11 sujeitos Tórax, Braços superiores e Sensor cinético; Sistema de As equações de Falta de Informação
2017) utilização de sensores 3D Informação Informação antebraços monitorização de movimento calibração foram
nos ombros durante a (Optotrak Certus System, desenvolvidas
utilização de computadores. Northern Digital, Canadá) utilizando a regressão
linear para esse ângulo
de visão.
Avaliação de Testar a fiabilidade e Falta de 30-45 Falta de 37 Postura (posição pélvica e da Qinematic™; sistema de Falta de Informação Falta de Informação
(Grooten et al. software validade do Qinematic™ Informação minutos Informação participantes cabeça, distribuição de peso), monitorização de movimento
2018) numa população saudável e (30 equilíbrio (área de balanço e (sistema BTS-Elite) incluindo
calcular as diferenças Participantes- velocidade em posição de uma e uma placa de força Kistler.
clínicas para as variáveis de Amostra de duas pernas) e curvatura lateral.
interesse. Um outro objetivo controlo)
era identificar a validade
discriminatória do
Qinematic™ em pessoas
com dores lombares baixas
Análise Postural Comparação postural, no Falta de 8 horas Dentistas e 21 Dentistas Posturas (braços, pernas e costas e Sistema CUELA (assistida por Falta de Informação Falta de Informação
(Nowak et al. âmbito ocupacional, de Informação Ortodontist and 21 torções traseiras), ângulos do computador e análise a longo
2016) dentistas e ortodontistas as Ortodontistas corpo. prazo de cargas músculo-
nos seus postos de trabalho. esqueléticas); acelerómetros
(ADXL); um computador de mão
(UMPC Samsung Q1 Samsung
Electronics GmbH. Schwalbach,
Alemanha))

15
Autor, Ano Campo de Objetivos METODOLOGIA
investigação Perído Duração dos População Amostra Variáveis medidas e seções Equipamentos Calibração de Questionário
testes corporais equipamentos
103/203) e giroscópios (muRata
ENC-03R)
(Han et al. 2013) Avaliação Este estudo propõe um novo Falta de Falta de Falta de 4 participants O estado de flexão ou extensão da Avaliação Corporal de Todo o Falta de Informação Falta de Informação
biomecânica sistema de portas para Informação Informação Informação mão na articulação do pulso, flexão Corpo (REBA); sistema de análise
máquinas de secar roupa ou alongamento do pescoço, de movimento tridimensional
que pode ser utilizado de flexão, extensão, adução da parte (VICON Motion System); g
forma mais conveniente. superior do braço, BRG.LifeMOD software; software
articulação do ombro, estabilidade MSC.ADAMS
da parte inferior do corpo e ângulo Ltd., UK)
de flexão do joelho, flexão da parte
inferior do braço na articulação do
cotovelo, e flexão/ extensão da
cintura (espinha torácica e
lombar).
Análise de lesão O objetivo é estimar as Falta de 30 Enfermerios 6 male nurses Sacrum e C7 (foram utilizados Sistema optoelectrónico com 6 O volume calibrado Falta de Informação
(Cimolin et al. cargas espinais e o respetivo Informação elevações( outros marcadores mas não câmaras (460 VICON, Oxford para esta aplicação foi
2016) risco de lesão para os não refere o considerados para esta análise); Metrics Ltd., Oxford, Reino de 2 m de comprimento
enfermeiros ao levantar tempo) ângulo do tronco em Unido; com uma taxa de (eixo x do sistema de
pacientes obesos do chão o plano sagital; força exercida amostragem de 100 Hz) referência do
com durante uma sobre o disco vertebral L5/S1 laboratório), 2 m de
emergência hospitalar. altura (eixo y do
sistema de referência
do laboratório) e 2 m
ao longo do eixo z do
sistema de referência
do laboratório
Movimentação O objetivo é determinar o Falta de Falta de Militares 16 active Ângulo espinhal; rotação axial do RealTime, Motion Analysis O sistema de análise de Falta de Informação
(Lenton et al. Manual de impacto da armadura Informação Informação males tronco. Corporation, Santa Rosa, CA), movimento foi
2016) Cargas corporal sobre o tronco e a marcadores retro-reflexivos calibrado antes de
anca durante a execução de esféricos de 15-mm todos
tarefas militares comuns e, ensaios. Cada câmara
avaliar a conceção da recolheu dados a uma
armadura taxa de 100 Hz.
Disposição de análise
da marcha de Helen
Hayes ( Sobre os
marcadores)
Avaliação de O objetivo deste estudo é 600 trials * (10 - 10 - 60 Falta de 20 Ângulo da articulação, ângulo do Sistema de rastreio de sensor Falta de Informação Falta de Informação
(Ji and Piovesan software determinar se os sistemas 60seconds) segundos. Informação participants ombro (Movimento de corpo por desgaste magnético inercial,
2020) de rastreio inercial- inteiro); articulações do cotovelo, Xsens MVN (Enschede, Holanda),
magnético podem ser joelho e tornozelos, Rotação Axial.. sistema de monitorização
adequadamente utilizados baseado em câmaras, Cortex
para realizar análises de (Motion Analysis Corporation,
movimento de corpo inteiro Califórnia, EUA); dezassete
ao executar tarefas comuns sensores de Xsens MVN.
na indústria de fabrico
automóvel.

16
5 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO

As LMERT representam uma séria preocupação no ambiente ocupacional, tal como mencionado
anteriormente. Estas perturbações requerem um diagnóstico eficaz que evite a sua incidência. O
atual estado da arte fornece ajuda para este problema. No Quadro Legal e Regulamentar são
apresentadas as directivas relativas às avaliações ergonómicas. Ainda assim, mesmo com a
legislação, este problema tende a crescer e a tornar-se mais grave. Devido a esta realidade, este
tópico requer um passo em frente no diagnóstico.
Proceder a uma análise ergonómica que permita compreendar quais as situações de risco a que os
trabalhadores dos postos de trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior, estão sujeitos
considerando aspectos do histórico profissional, características individuais e a sintomatologia.
Os principais objetivos específicos deste estudo são:
• Efetuar uma avaliação ergonómica, mediante referenciais normativos, das tarefas
executadas pelos funcionários afetos às Estações Elevatórias de Gaia Interior e Litoral.
• Identificar as tarefas críticas e não críticas executadas com base nas análises ergonómicas
realizadas.
• Fazer um levantamento da sintomatologia e fatores individuais que propenciam a lesão.
• Analisar de forma integrada os resultados a sintomatologia, as características individuais
dos trabalhadores face ao resultado da análise ergonómica dos postos de trabalho.
• Propor medidas preventivas para cada tarefa avaliada, com especial enfoque nas tarefas
críticas.

6 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EMPRESA

A SIMDOURO, S.A é uma sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos, criada


pelo Decreto-Lei n.º 16/2017, de 01 de fevereiro, devido à cisão com a empresa Águas do Norte,
S.A, sendo responsável pela construção, gestão e concessão do sistema multimunicipal de
saneamento do grande Porto.
A empresa tem como objetivo a recolha, o tratamento e rejeição final das águas residuais urbanas,
que provêm de cerca de 519 mil habitantes equivalentes, abrangendo uma área de 1300 Km². Sobre
a sua alçada, a SIMDOURO tem diversos municípios: Arouca, Baião, Castelo de Paiva, Cinfães,
Paredes, Vila Nova de Gaia e uma parte do município de Penafiel (bacia do rio Sousa).
Segundo o contrato de concessão a empresa é constituída pela Águas de Portugal, SGPS, S.A.,
que detém 58,52% do capital social e pelos Municípios de Arouca, Baião, Castelo de Paiva,
Cinfães, Paredes, Penafiel e Vila Nova de Gaia que detêm os restantes 41,48%.
Para o presente trabalho serão estudadas as 12 Estações Elevatórias de Gaia Interior, localizadas
na sua grande maioria na linha da praia.

17
Figura 7 - Mapa do Sistema Vila Nova de Gaia

6.1 Visão, Missão e Política de Responsabilidade Empresarial

A SIMDOURO, S.A., assume o compromisso de contribuir ativamente para o desenvolvimento


dos serviços de saneamento de águas residuais e para a concretização das metas nacionais
estabelecidas para o setor, empenhando-se para cumprir as obrigações e responsabilidades sociais
para com os acionistas, clientes, trabalhadores, concedente, fornecedores, comunidade e demais
partes interessadas, almejando em qualquer circunstânica a melhoria contínua.
A empresa tem como objetivo ser reconhecida pela eficiência, competência, sustentabilidade e
criação de valor para a região, através da gestão do saneamento, garantindo a fiabilidade, a
qualidade do serviço e o respeito pelos valores sociais e ambientais

6.2 Sistema de Gestão

O sistema de gestão desta empresa encontra-se esquematizado na figura 8. Este sistema está
dividido em processos interligados entre si.
Este sistema de gestão está certificado pelas seguintes normas: ISO 9001/20015; ISO 14001/2015;
ISO 45001/2018; SA 8000/2014 e ISO 50001/2018.
A SIMDOURO, S.A é parte integrante da empresa Águas do Douro e Paiva, S.A, um empresa do
grupo Águas de Portugal, S.A. Deste modo, as Águas do Douro e Paiva, S.A deste modo existe
uma partilha de serviços entre as duas empresas em diversos departamentos.

18
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior

Figura 8 - Sistema de Gestão


7 METODOLOGIA

Figura 9 - Metodologia de Diagnóstico utilizada na dissertação.

20
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior

Para a realização da tese de mestrado foi tido como objeto de estudo a equipa de manutenção das
Estações Elevatórias de Gaia Interior.
As estações elevatórias são instalações que rececionam a água residual de uma determinada região.
Aqui, recorrendo à utilização de grades mecânicas, a água residual entra na obra de entrada e sofre
uma gradagem. Nesta primeira fase, a grade separa os resíduos sólidos de maior granulometria da
água, enviando-os para um contentor. Os gradados são recolhidos assim que se verifique que o
contentor está cheio. A água residual, após a gradagem, é bombeada para a ETAR Gaia Litoral,
onde irá sofrer o restante tratamento.
Em virtude da prevalência das Lesões Musculoesqueléticas do foro ocupacional, nos trabalhadores
da Simdouro, foi feito um mapeamento das atividades desempenhadas por estes homens, de modo
a perceber quais são as suas tarefas e de que forma são desempenhadas. Neste levantamento o
principal objetivo recaiu sobre o perfeito entendimento dos seus turnos de trabalho, de todas as
suas tarefas e da maneira que são realizadas. Com este levantamento foi possível sumariar o
processo de trabalho destes homens, retirando todas as informações necessárias como: tempos de
execução de tarefa, número de elementos das equipas de trabalho, descrição pormenorizada das
tarefas, posturas adotadas, distribuição dos turnos e horas de trabalho, ferramentas e equipamentos
de trabalho utilizadas e ainda tempos de viagem entre instalações.
Todos estes passos foram feitos seguindo um planeamento lógico, conforme apresentado na figura
1, de modo que todas as conclusões e resultados sejam rigorosos. Para o diagnóstico deste tipo de
lesão é importante seguir um raciocínio encadeado, de forma a ser possível cruzar todas as
informações, daí esta proposta de metodologia de abordagem às lesões músculo-esqueléticas.

7.1 Mapeamento das Tarefas

O mapeamento exaustivo das tarefas é o primeiro passo a dar. Este foi feito através de um
acompanhamento diário aos trabalhadores, no terreno. Durante este trabalho de terreno, foram
realizadas, a todos os trabalhadores da amostra, entrevistas individuais, permitindo-lhes explicar
as suas próprias tarefas, o modo de execução das mesmas e o que consideram mais crítico. Esta
abordagem, levando à verbalização por parte dos intervenientes sobre as suas tarefas, implica uma
toma de consequência dos riscos em que incorrem, dado que as tarefas são de tal forma rotineiras
que a perceção do risco tende a desvanecer. Ainda, durante as entrevistas, foram aplicados dois
questionários distintos, por forma de um melhor entendimento da amostra. Neste mapeamento,
pretendeu-se recolher todas as informações relevantes relacionadas com as tarefas desempenhadas,
desde:
• Tempos de Exposição às tarefas;
• Ferramentas utilizadas;
• Duração das Tarefas;
• Cargas Manobradas;
• Posturas;
• Condições do Local.
7.2 Entrevistas

O processo de entrevista individual aos trabalhadores nutre consequências positivas para o


processo de avaliação, dado que a natureza dos dados provém da fonte mais interveniente, que são
os próprios trabalhadores. Com estas entrevistas é possível alcançar uma conceção real do trabalho
e de todas as suas nuances, percebendo a génese das suas tarefas, o tempo de exposição e a
frequência da mesma, e ainda fazendo um levantamento detalhado da forma de execução. O caráter
participativo desta abordagem permite conceber e alterar decisões que impactam o trabalho dos
utilizadores finais, uma vez que existe a abertura a sugestões e críticas da parte dos intervenientes
por forma de uma melhoria contínua, otimizando o desempenho ao passo que as consequências
negativas são reduzidas. Todas as alterações e melhorias a implementar devem passar pelos
trabalhadores, por forma de haver uma validação da sua parte, garantindo que não existem
incompatibilidades com as suas tarefas (Béguin 2008).

7.3 Questionários

Durante o mapeamento das tarefas foram realizados, com vista a um melhor conhecimento da
amostra em estudo, dois questionários distintos, apresentados no Anexo A e B: “The Nordic
Questionnaire” e um questionário de informações pessoais, hábitos alimentares, atividade física e
qualidade de sono.
Para este trabalho, foram usadas versões validadas destes questionários, que tiveram a sua
aplicação sob a forma de entrevista anónima.

7.3.1 Questionário Nórdico

O Questionário Nórdico, contemplado no Anexo A, visa a identificação das regiões mais


impactadas pelos sintomas de lesão músculo-esquelética. Este foi desenvolvido com o objetivo de
produzir uma avaliação sintomatológica de vários segmentos corporais: “Low Back”; Pescoço;
ombros; mãos e braços e ainda pernas e pés. Com este questionário conseguimos entender se os
participantes sentiram ou não dor, desconforto ou dormência em alguma destas regiões nos últimos
12 meses, se tiveram de evitar as suas atividades normais de trabalho ou não, nos últimos 12 meses,
devido a problemas em alguma destas regiões e ainda se na última semana tiveram algum problema
nestas regiões corporais.
Para além disto, é possível fazer um levantamento do nível de dor sentido por parte dos
trabalhadores, numa escala de: “0 – Sem Dor” a “10 – Dor Máxima” (Mesquita, Ribeiro, and
Moreira 2010).

22
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior

7.3.2 Questionário de Informações Pessoais

A par do Questionário Nórdico foi também entregue um questionário, apresentado no Anexo B,


de informações pessoais, hábitos alimentares, atividade física (Sardinha and Campaniço 2016) e
qualidade de sono (Sardinha and Campaniço 2016), conforme foi referido mais acima.
Corroborado pela Teoria de Interação Multivariada, existe uma conexão entre as variáveis
genéticas do indivíduo, ou seja, as suas características pessoais, as suas componentes morfológicas
e psicossociais e o próprio sistema músculo-esquelético, ao nível da exposição ao risco. Dado que
cada indivíduo é único é fulcral que o entendimento de cada elemento da amostra seja o mais
completo possível, pois as suas características são distintas. O rigor no mapeamento das tarefas é
tão importante quanto o rigor do conhecimento do indivíduo, dado que, segundo (Hakim et al.
2002), a genética de uma pessoa determina a sua predisposição individual para a lesão. Um destes
exemplos é o Síndrome do Túnel Cárpico, que pode chegar aos 50% de predisposição no sexo
feminino, dado que as características morfológicas aumentam a vulnerabilidade, neste caso, as
pequenas dimensões dos canais intracaniculares. Dado que os fatores pessoais influenciam os
resultados das avaliações ergonómicas, este questionário foi empregue com o intuito de perceber
o quotidiano do indivíduo fora do trabalho, desde: os seus hábitos alimentares e o nº de refeições,
a qualidade do sono, que se reflete na capacidade física dos trabalhadores, a prática ou não de
exercício físico, de modo a perceber se as lesões existentes poderiam ser agravadas com atividades
fora do contexto laboral, entre outras. Este tipo de relação só é possível estabelecer com a
realização deste tipo de questionários, ficando bem visível as características da amostra em estudo
através do levantamento dos diversos fatores que têm peso na contração destas lesões (Castilho
AF, Parreira PM 2016).

7.4 “Key-Questions” e “Quick Assessment”

Durante as entrevistas, foram levantadas todas as informações necessárias e aplicados os passos 1


e 2 do Anexo 3, pertencentes ao ISO/TR 12295:2014): “Key Questions” e “Quick Assessment”
,conforme apresentado no ficheiro disponível para consulta do link1:
As “Key Questions” e o “Quick Assessment” são os dois primeiros níveis de abordagem às tarefas,
permitindo categorizar as mesmas segundo a sua relevância, tipo de movimento realizado e que
segmentos corporais são ativados e ainda, realizar uma pré-avaliação das tarefas.
As “Key Questions” são perguntas de resposta curta, “Sim” ou “Não”, que em caso de resposta
positiva, nos encaminham diretamente para o “Quick Assessment”, o segundo nível de abordagem,
que efetua uma avaliação quantitativa. Neste nível, deparamo-nos com questões mais elaboradas
que nos permitem ter uma conceção geral da magnitude dos riscos a que os trabalhadores podem

https://docs.google.com/spreadsheets/d/1h5EtzVzg65CiFLpTgsH6UtRl8uX4CauY/edit?usp=sharing&ouid=106589691119607417899&rtpof=tru

e&sd=true
estar expostos. Se estes dois níveis nos indicarem a presença de risco, seja ele crítico ou não, somos
diretamente encaminhados para a norma adequada à avaliação da tarefa em questão.
Esta técnica de análise foi implementada através da utilização das folhas de cálculo do
“ERGOCHECK”, em formato EXEL, da “Internacional Ergonomics School – EPM”2. Este
ficheiro tem como referência o ISO/TR 12295:2014 e está previamente programado para ditar o
resultado desta pré-avaliação, assim que todos os campos estejam preenchidos.

7.5 Normas de Avaliação Ergonómica das Tarefas

A pré-avaliação das tarefas, permite-nos a categorização das mesmas: tarefas críticas (que
contemplam risco) ou tarefas sem risco ou risco aceitável, não precisando de uma avaliação
adicional. As tarefas ficam também divididas segundo a sua natureza e o “Quick Assessment”
encaminha-as para a norma de avaliação adequada:
• ISO 11228-1:2003 - “Elevação e Transporte”
• ISO 11228-2:2007 - “Puxar e Empurrar”
• ISO 11226:2000 - “Avaliação de Posturas Estáticas”
• ISO/TR 12295:2014 – “Relatório Técnico”
Atendendo à incidência das lesões músculo-esqueléticas na Simdouro, é expectável que as tarefas
críticas recaiam sobre a ISO 11228-1:2003 - “Elevação e Transporte”; ISO 11226:2000 -
“Avaliação de Posturas Estáticas” e ISO 11228-2:2007 - “Puxar e Empurrar”.

7.5.1 “Elevação e Transporte”

Para tarefas relacionadas com a ISO 11228-1:2003 - “Elevação e Transporte”, pode recorrer-se à
tabela A.1 do anexo A do ISO/TR 12295:2014, onde podemos observar a distribuição das massas
de referência de acordo com o género e a idade, tabela 5:

Tabela 5 - Valores de Massa de Referência por género e idade

População de trabalho por género e idade Massa de Referência(mref)

Homens (18-45 anos) 25Kg

Mulheres (18-45 anos) 20Kg

Homens (<18 ou > 45 anos) 20Kg

Mulheres (<18 ou > 45 anos) 15Kg

2
http://www.epmresearch.org/a57_free-software-in-english.html - Internacional Ergonomics School – EPM

24
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior

O valor da massa manobrada pelos trabalhadores tem de ser menor ou igual ao valor de massa de
referência, para eles indicado, de modo que o colaborador realize a tarefa sem risco. Para isto, é
utilizada a equação da figura 10 por forma de determinar esse critério. Caso este valor esteja acima
da massa de referência estamos perante uma tarefa que necessita de correção.

• Mref – Massa de Referência;


• hM – Distância Horizontal;
• vM – Localização Vertical;
• dM - Deslocamento Vertical;
• aM – Assimetria;
• fM – Multiplicador de frequência;
• cM – Multiplicador de acoplamento.
Figura 10 - Equação de Cálculo de Massa recomendada

Podemos abordar esta questão através do índice de elevação (LI), este índice é calculado através
da seguinte equação: LI = mA/mR. Dependendo do valor de LI obtido, temos diferentes
interpretações possíveis, conforme a tabela 6. Este valor obtido para o LI pode necessitar de uma
correção adicional, atendendo ao número de pessoas que realizem a tarefa:

Tabela 6 - Interpretação de Valor de LI

Valor de LI Nível de Exposição Interpretação Consequências

LI <- 1.0 Aceitável Exposição aceitável para Aceitável – Sem


a maioria dos membros da consequências
popilação

1.0<LI<-2.0 Risco Presente Parte da população adulta Redimensionamento das


de trabalho poderá estar tarefas de acordo com as
exposta a risco moderado prioridades

2.0<LI<-3.0 Risco Presente; Nível Um grande parte da Redimensionamento das


elevado população adulta de tarefas assim que possível
trabalho poderá estar a
exposta a um nível de
risco significativo

LI>3.0 Risco Presente; Nível Condições não aceitáveis Redimensionamentod as


muito elevado para a a maioria da tarefas e dos postos de
população de trabalho. trabalho imediatamente
7.5.2 “Puxar e Empurrar”

Nas tarefas de “Push and Pull” relacionadas com a ISO 11228-2/2007- “Puxar e Empurrar”, a
avaliação está divida em quatro etapas distintas. Numa primeira fase é feito um levantamento da
tarefa, dos seus intervenientes e do local onde a mesma se realiza, tabelas A.1 e A.2 do Anexo A
da ISO 11228-2/2007. Em seguida, é feito um mapeamento dos potenciais fatores de risco
associados às tarefas, com recurso à check-list do ponto A.2 do Anexo A. É necessária a
determinação de vários parâmetros:
• Altura da Pega;
• Distância do movimento (“Puxar e Empurrar”);
• Frequência do movimento (“Puxar e Empurrar”);
• Amostra em estudo;
• Forças recomendadas para 90% da população que realiza a tarefa (Tabela A.5 a A.8);
• Medição das forças associadas à tarefa.
Com todos estes valores reunidos é possível avaliar a tarefa em relação à presença ou não de risco.
Caso as forças associadas se manifestem superiores às forças recomendadas, então a tarefa
comporta risco e necessita de ser corrigida e redimensionada. Caso contrário, a tarefa está
corretamente dimensionada não comportando risco de lesão para os trabalhadores. Existe ainda
outro cenário a ter em conta, mesmo que as forças associadas à tarefa sejam inferiores às
recomendas, havendo a presença elevada de fatores de risco, a tarefa passa a ser crítica e a
necessitar de correção.

7.5.3 “Posturas Estáticas”

Em relação às posturas estáticas recorre-se à ISO 11226/2000. Esta avaliação considera diversos
segmentos corporais:
• Postura do Tronco – Tabela 1 ISO 11226:2000;
• Tempo de Inclinação do Tronco - Tabela 2 ISO 11226:2000;
• Postura da Cabeça - Tabela 3 ISO 11226/2000;
• Tempo de Inclinação da Cabeça- Tabela 4 ISO 11226:2000;
• Postura dos Ombros e Braço – Tabela 5 ISO 11226:2000;
• Tempo de Elevação do Braço – Tabela 6 ISO 11226:2000;
• Postura do Antebraço e Mão – Tabela 7 ISO 11226:2000;
• Postura da Parte Inferior do Corpo - Tabela 8 ISO 11226:2000
Numa primeira análise são avaliados os ângulos desses vários segmentos, recomendados com base
nos riscos de sobrecarga corporal. A avaliação gera três resultados: “Aceitável”; “Prossiga para o
segundo passo” ou “Não Recomendável”. Caso a avaliação resulte em “Aceitável” significa que
não existe risco de lesão. Caso contrário, devem ser feitas correções às posturas adotadas para que
seja adotada uma postura neutra no desempenho das tarefas.

26
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior

PARTE 2
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO

8.1 Descrição Geral da Amostra

Tabela 7 - Dados da Amostra; n=9


Altura Peso Antiguidade na Atividade Consumo
Colaborador Idade Sexo Fumador
(cm) (kg) Função (Anos) Física de Álcool
Colaborador 1 41 159 90 Masculino 10 Não Não Sim

Colaborador 2 39 180 85 Masculino 8 Não Não Sim

Colaborador 3 45 189 70 Masculino 9 Não Sim Sim

Colaborador 4 55 160 96 Masculino 12 Não Sim Sim

Colaborador 5 38 162 68 Masculino 13 Não Sim Sim


Sim (3-4h
Colaborador 6 39 180 90 Masculino 10 Não Sim
semanais)

Colaborador 7 50 180 76 Masculino 9 Não Não Sim

Sim (1-2h
Colaborador 8 40 177 72 Masculino 9 Não Sim
semanais)
Sim (3h
Colaborador 9 44 193 88 Masculino 10 Não Sim
semanais)

Como podemos observar na tabela 7, amostra em estudo é representada, na sua integra, por
elementos do sexo masculino. Para este projeto foram selecionados 11 homens, no entanto devido
às férias dos trabalhadores e a um deles estar de licença, apenas foi possível obter uma amostra de
9 trabalhadores. A amostra em estudo tem idades entre os 38 e os 55 anos de idade. Estes homens
têm uma altura compreendida entre 1.59 e 1.89 metros, com um peso médio de 81Kg. A presente
empresa, Simdouro, foi criada devido à cisão com as Águas do Norte, S.A, no entanto, estes
trabalhadores migraram para a atual empresa, continuando a exercer as suas funções. Desta forma,
podemos perceber que, na sua grande maioria, esta amostra tem um histórico de trabalho de 8 a 13
anos neste tipo de funções, sendo que os últimos 6 anos foram já na Simdouro.
Conforme observado na tabela, a totalidade da amostra consome bebidas alcoólicas e 33% são
fumadores. De forma geral, a ingestão de bebidas alcoólica ocorre durante as refeições fora do
local do trabalho e por norma ingerem: vinho ou cerveja. Em relação ao tabaco, os trabalhadores
que fumam, revelam que consomem entre um e dois maços de tabaco por dia.

29
8.2 Mapeamento das Tarefas

Foi feita uma análise observacional, em terreno, acompanhando estes homens no seu dia-a-dia.
Nesta análise foram realizadas diversas entrevistas, por forma de fazer um levantamento das suas
informações pessoais, das suas tarefas diárias e da evolução das suas condições de trabalho,
conforme mencionado na metodologia.
Com o passar dos anos as tarefas foram sofrendo uma evolução, caminhando para um patamar
mais mecanizado, diminuindo assim, em grande escala, parte do risco e esforço físico exigido aos
trabalhadores. Com as entrevistas, conseguiu-se obter relatos sobre o seu histórico de trabalho,
nestas mesmas tarefas. OS trabalhadores mencionaram que certas tarefas eram “desumanas” e que
“requeriam um esforço físico brutal” da sua parte.
Antigamente, estas eram puramente manuais, não existindo as melhorias tecnológicas hoje
existentes na Simdouro, o que impunha um esforço físico muito superior ao recomendado, levando
a que fossem adotadas posturas e movimentos totalmente desadequados, do ponto de vista
ergonómico, promovendo a contração de lesões músculo-esqueléticas. A aptidão que o corpo
humano nutre para a realização de esforços físicos tem uma importância grande na predisposição
para a lesão. Neste caso, o tempo de exposição a este tipo de tarefas é longo por parte dos
trabalhadores, conforme mencionado. As lesões pré-existentes advêm da realização manual das
tarefas atuais, dado que o esforço físico era superior e os fatores de risco estavam mais agravados.
O elevado risco aliado ao longo período de exposição, que continua até aos dias de hoje, provoca
com que as lesões sejam de cariz cumulativo, dado que o tempo de recuperação não é suficiente
face à solicitação do esforço, logo estes homens ficam condicionados a sua vida toda, pois
continuam a realizar as tarefas, ainda que com menos risco, no entanto estão muito mais
vulneráveis e propensos a contrair uma qualquer lesão. Os fatores físicos impactam esta
predisposição, um corpo mais vulnerável não nutre a mesma capacidade de esforço que corpos
saudáveis.

30
Este grupo de trabalhadores divide-se em equipas de duas pessoas, trabalhando por turnos.
Atualmente, os turnos estão divididos da seguinte forma: 08h - 17h; 15h-24h; 24h-08h.
As tarefas desempenhadas são as seguintes:

• T.1 - Limpeza da Grade Mecânica – Os trabalhadores retiram os gradados que ficam


presos na grade mecânica e depositam-nos dentro do contentor. Para isto recorrem a uma
forquilha de 2Kg. Esta tarefa tem uma duração média de 2 minutos por instalação (9
instalações) e é repetida 7 vezes por semana, uma vez por dia. O colaborador pega na
forquilha inclina-se e com a ferramenta realiza a limpeza da grade. Esta tarefa contempla
um movimento a cima do nível dos ombros.

Figura 11 - Limpeza da Grade Mecânica

• T.2 - Verificação de Salas e Equipamentos – Os trabalhadores fazem uma ronda dentro


da instalação, percorrendo a mesma na sua integra, de modo a perceber se todos os
equipamentos estão em correto funcionamento e não se verifica nenhuma anomalia. Em
média, esta verificação dura 7 minutos, podendo ser menos em instalações mais
pequenas, e é repetida todos os dias da semana pelos vários turnos de trabalho por todas
as instalações.
• T.3 - Abertura e Fecho de Portas – Esta tarefa apenas se verifica na Estação Elevatória
de Lavadores. Esta é uma instalação enterrada, por este motivo, as portas (2 portas) são
no chão. As portas estão assentes em estruturas corrediças, pelo que o esforço da sua
abertura não é elevado. O colaborador tem de se baixar e inclinar sobre a porta para abrir
o cadeado, em seguida, com os pés, empurra a porta e desce para a instalação. Assim
que termina a verificação da instalação, repete o processo, agora de forma inversa,
fechando a instalação. A abertura e o fecho das portas demoram um total de 3 minutos e
é repetida 7 vezes por semana (1.5 minutos para cada porta).

31
Figura 12 - Portas da Estação Elevatória
Lavadores
• T.4 - Remoção dos Gradados – Todas as semanas, o camião grua percorre as estações
entre 1 e 2 vezes por semana, dependendo da quantidade, para remover o saco dos
gradados e os transportar para a ETAR de Gaia Litoral. Esta tarefa é puramente mecânica
e dura aproximadamente 10 minutos. O colaborador apenas necessita de prender o
gancho da grua do camião ao saco dos gradados e este eleva-o para dentro do camião.
Existem três estações onde esta tarefa exige um esforço adicional por parte do
colaborador. Na Estação Elevatória Espírito Santo o camião grua não consegue aceder à
área da mesma, uma vez que existe um ribeiro entre a instalação e a Estrada, e a
passagem é feita através de uma ponte estreita, com aproximadamente 1.5 metros de
largura. Para a remoção dos gradados os trabalhadores necessitam de empurrar o
contentor para o exterior da obra de entrada e em seguida, empurrá-lo até à estrada para
que o camião grua possa içar o saco dos gradados. O contentor é empurrado durante 9
metros. Por fim, os trabalhadores voltam a colocar o contentor vazio na obra de entrada.
Estes contentores, quando cheios, podem pesar entre os 700 e 1000Kg. Para trazerem o
contentor até ao exterior, um dos homens coloca-se atrás do mesmo e empurra-o ao passo
que o outro se coloca à frente do mesmo e o vai guiando, impedindo que este ganhe força
e caia da ponte. Nesta instalação, a tarefa dura 30 minutos. Nas instalações do Largo da
Cruz e Afurada, esta tarefa também requer um esforço adicional por parte do
colaborador, ainda que não seja tão elevado como na anterior. Aqui o contentor é
deslocado 1 metro para o lado, para uma plataforma elevatória (elétrica) que eleva o
contentor, em seguida, os trabalhadores arrastam-no para fora da porta da instalação,
possibilitando ao camião grua içar o saco. Uma vez complete a tarefa, voltam a colocar
o contentor vazio no local. A maneira de movimentar o contentor aqui é diferente, uma
vez que as distâncias são muito menores, os trabalhadores empurram ambos o contentor
para a plataforma e em seguida para o exterior. Esta tarefa dura aproximadamente 30
minutos.

32
Figura 13 - Contentor de Gradados - Interior
Figura 14 - Contentor de Gradados

Figura 16 - Estação Elevatória Figura 15 - Estação Elevatória


Espírito Santo - Distância Espírito Santo - Rampa de acesso
percorrida com o contentor ao local do contentor

• T.5 - Abertura e Fecho de Tampas – Esta tarefa ocorre apenas na Estação Elevatória do
Juncal uma vez que a obra de entrada é enterrada. Aqui, para verificação da obra de
entrada os trabalhadores necessitam de se baixar e levantar uma tampa de 30Kg para
poderem ter acesso ao interior da obra de entrada. Esta tampa é levantada por dois
homens em simultâneo e tem pegas laterais para os auxiliar na manobra da mesma. Esta
tarefa dura 2 minutos e é feita 7 vezes por semana.

Figura 17 - Abertura de Tampas - Estação


Elevatória Juncal

33
• T.6 - Abertura e Fecho de Tampas Grupos de Bombagem – Esta tarefa decorre nos
seguintes grupos de Bombagem: Areinho, Bouteiro, Crestuma, Lever II e Fioso. Aqui,
as tampas pesam aproximadamente 70Kg e são levantadas por dois trabalhadores em
simultâneo. Estes posicionam-se de frente para a tampa, que está no chão, e com um “T”
de 40cm conseguem-na levantar e arrastá-la para o lado. Para voltar a colocar a mesma
ao sítio, o processo é repetido de forma inversa. Existe um cuidado redobrado ao
movimentar estas tampas, pois a possibilidade de caírem dentro do grupo de bombagem
é elevada e o esforço para retirar de lá seria imenso. Esta tarefa dura 2 minutos e é feita
7 vezes por semana.

Figura 18 - Abertura de Tampas - Grupos de


Bombagem

• T.7 - Viagens – Para se deslocarem entre instalações, os trabalhadores viajam em


carrinhas de trabalho. A maioria as instalações são próximas umas das outras. A
deslocação entre elas demora, em média, 10 minutos. Entre cada instalação o
colaborador sai da carrinha para realizar as suas tarefas em cada uma delas e faz sempre
uma pequena pausa entre cada instalação, de 2 e 5 minutos. A Estação Elevatória de
Lever é a mais distante de todas, ficando a 30 minutos de distância, aproximadamente.

Relativamente às tarefas, foi questionado, aos trabalhadores, qual ou quais as tarefas mais difíceis
de desempenhar e por consequência que exigiam mais esforço físico da sua parte. Em resposta, a
amostra foi unânime, 100% dos trabalhadores destacaram as tarefas: T.4 (nas instalações onde não
é possível realizar a tarefa de forma totalmente mecânica), T.5 e T.6. Todas as outras, na ótica dos
trabalhadores, são fáceis de executar e não exigem um esforço físico acentuado da sua parte.

8.3 Questionários e Entrevistas

8.3.1 Entrevistas

Da realização das entrevistas resultam todos os dados relacionados com o mapeamento das tarefas,
descritos no ponto anterior e ainda os resultados dos questionários aplicados durante as mesmas.
Outro das mais valias destas entrevistas recai sobre a importância das mesmas na toma de
consciência dos riscos das tarefas. Sendo estas tão rotineiras para os trabalhadores, é natural que
as a execução das mesmas, muitas vezes, seja automática e a atenção não esteja devidamente
presente. Com a explicação da própria tarefa, vinda da parte dos trabalhadores, existe uma

34
verbalização dos riscos e das situações mais problemáticas, levando a que tomem novamente
consciência das suas tarefas e do que devem ou não evitar.

8.3.2 Questionário Nórdico

Durante as entrevistas, foi pedido aos trabalhadores que colocassem por palavras as suas tarefas e
a forma como as desempenhavam, isto para auxiliar no mapeamento das tarefas e retirar dúvidas
existentes da observação das mesmas. Um dos benefícios destas entrevistas é fazer com que os
trabalhadores tomem consciência das suas próprias tarefas e dos riscos em que incorrem, sendo
estas tão rotineiras, a perceção do risco tende a desvanecer com o passar do tempo.
Através do questionário nórdico, contemplado no Anexo A, conseguimos perceber de que forma
se distribui o desconforto corporal, entre os trabalhadores em estudo. Na figura 16, podemos
observar o diagrama corporal, retirado diretamente do Questionário Nórdico, onde se pode
observar que, para a amostra, a zona de maior incidência de dor trata-se da região lombar, que é
sentida pela totalidade dos trabalhadores, sendo que as dores nos joelhos e nos ombros surgem em
segundo lugar. Na figura 19 é possível perceber a distribuição sintomatológica por região corporal.
De todos os trabalhadores inquiridos, 80% afirmam que nos últimos 7 dias sentiram algum tipo de
desconforto associado a estas zonas corporais, principalmente na zona das costas, nomeadamente
coluna, região lombar e nos ombros, classificando a dor como um “4”. Da amostra em estudo 44%
dos trabalhadores tiveram de se ausentar do trabalho devido às dores contraídas durante a
realização das suas tarefas diárias, por um período médio de 7 dias.

Figura 19 - Sintomas Músculo-Esqueléticos por Zona


Corporal (Diagrama Corporal - Questionário Nórdico), n=9

35
8.3.3 Questionário de Informações Pessoais

Este questionário foi realizado com o objetivo de perceber, de forma mais profunda, cada
colaborador de forma individual. Os resultados revelam que a amostra em estudo não tem hábitos
de vida que sejam adequados às tarefas desempenhadas no trabalho, de forma a mitigar as lesões
existentes e a prevenir possíveis lesões que possam contrair, os hábitos adotados pelos mesmo não
permitem um fortalecimento corporal, o que aumenta a probabilidade de lesão.

Tabela 8 - Informações Pessoais; n=9


Horas de
Medicação
Colaborador Sono Qualidade de
Diária
(Estimativa) Sono
Colaborador
6 Fraca Sim
1
Colaborador
5 Fraca Sim
2
Colaborador
7 Boa Não
3
Colaborador
6 Normal Não
4
Colaborador
5 Muito Fraca Sim
5
Colaborador
8 Boa Não
6
Colaborador
7 Boa Sim
7
Colaborador
6 Fraca Sim
8
Colaborador
6 Fraca Sim
9

Neste questionário foram levantadas diversas questões, de forma anónima, relacionadas com a
vida pessoal de cada colaborador, desde: hábitos de vida, prática de exercício físico, qualidade e
horas de sono, tipo de alimentação, entre outros.
De toda a amostra, 33% pratica atividade física, os restantes 67% têm uma vida sedentária fora do
local de trabalho. Dos trabalhadores que praticam exercício, as modalidades destacadas são:
caminhadas em ritmo moderado, corridas de baixa intensidade e ainda passeios de bicicleta.
De forma geral, vemos que a maioria dos trabalhadores não demonstra ter uma boa qualidade de
sono, afirmando que demoram entre 0.5h e 1h para conseguirem adormecer e raras são as vezes
onde conseguem ter uma noite de sono sem interrupções, conseguindo dormir entre 5 e 8 horas.
Admitem também, de forma não frequente, a toma de comprimidos que melhoram a qualidade do
sono. Destes trabalhadores, 44% dos inquiridos afirma tomar medicação regular, desde:
Quetiapina; Lexotan; Fluoxetina; Bromalex e Proteção Gástrica.

36
Nº de Refeições Diárias

5 Refeições: Pequeno-Almoço; Lanche;


Almoço; Lache e Jantar

4 Refeições: Pequeno-Almoço; Almoço;


Lanche e Jantar

3 Refeições: Pequeno-Almoço; Almoço e


Jantar
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Figura 20 - Nº de Refeições diárias, n=9

Como é possível observar na figura 20, 66% dos trabalhadores realizam três refeições diárias,
sendo que o almoço é mais leve, uma vez que, geralmente, almoçam no trabalho e o jantar é a
refeição mais completa. 22% realiza quatro refeições diárias, passando a incluir o lanche a meio
da tarde, durante a pausa e 11% dos trabalhadores realizam cinco refeições diárias, fazendo as três
principais, pequeno-almoço, almoço e jantar, conseguindo incluir dois lanches, um da parte da
manhã e outra da parte da tarde.
A finalizar o questionário estava seguinte questão: “Como se tem sentido nos últimos dias?”. Esta
questão destinava-se não só a uma sintomatologia física como também psicológica, tendo se obtido
as seguintes respostas, como é possível de verificar na figura 21:

Sintomatologia

Senti-me irritado
Senti dificuldades em respirar
Tive dificuldades para concluir as tarefas
Senti-me nervoso
Não consegui ter pensamentos positivos
Senti a boca seca
Tive difuldades para me acalmar
Senti-me desmotivado
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Figura 21 - Sintomatologia Relatada; n=9

A irritação e o nervosismo são as sintomatologias predominantes e destacadas pelos trabalhadores,


seguidas da desmotivação e da dificuldade para se acalmarem. Grande parte dos trabalhadores
afirma que a sensação de irritação advém, por vezes, da falta de cooperação dos membros da
equipa, sendo que, por consequência, a desmotivação e o nervosismo são consequências evidentes.
37
8.4 Histórico de Trabalho

Nas lesões músculo-esqueléticas o diagnóstico é uma fase fulcral para o entendimento das mesmas
e posterior mitigação. Neste caso não foi diferente, o levantamento das tarefas e o seu mapeamento
não é suficiente para justificar a taxa de incidência de lesões músculo-esqueléticas, uma vez que
analisadas de forma isolada estas tarefas não teriam esse impacto.
Aqui, entra a importância do acompanhamento dos trabalhadores e das entrevistas realizadas. A
Simdouro nem sempre pertenceu à AdDP. Esta empresa passou a pertencer à AdDP em 2017.
Apesar das várias cisões da Simdouro, a amostra em estudo continuou a exercer funções nos seus
respetivos postos de trabalho. Isto leva a que este grupo de trabalhadores tenha um histórico de
trabalho nesta indústria e funções considerável, como observável na descrição da amostra.
Foi relatado, durante as entrevistas pelos 9 trabalhadores, que até esta empresa se tornar parte
integrante da AdDP, as condições de trabalho não eram favoráveis e chegavam a ser precárias.
Durante todos estes anos de exposição às tarefas, estas foram sofrendo uma evolução positiva.
Durante vários anos todas elas tinham um cariz puramente manual, com condições muito adversas,
promovendo um esforço físico bastante acima do recomendado e, em certos casos, conforme
relatado por alguns trabalhadores, até “desumano”.
Devido à falta de grades mecânicas, a limpeza e remoção dos gradados era feita de forma manual
e diretamente no canal de entrada da água residual. Isto levava a que as bombas entupissem com
maior facilidade, devido à falta de eficácia da gradagem. Com o entupimento das bombas, estes
homens viam-se obrigados a retirar as mesmas do local para as puderem limpar e colocar
operacionais, sendo que estas bombas têm pesos muito acima do recomendado e não têm pegas
favoráveis para a sua manipulação. A remoção dos gradados não era feita com recurso a um camião
grua, mas sim de forma manual. Os trabalhadores tinham de coletar os gradados para baldes e
acartá-los para contentores que depois seriam transportados para a ETAR, havendo situações onde
estavam obrigados a subir escadas, com estes baldes carregados. É possível perceber que durante
muitos anos esta amostra esteve sujeita a situações de risco extremo, adotando posturas erradas,
realizando tarefas duras e mal dimensionadas, com cargas excessivas e tempos de exposição
elevados. Podemos compreender que já existem lesões nestes trabalhadores, associadas, sobretudo,
à região lombar, mas também ao nível dos ombros e braços e que, no seu dia-a-dia, têm de trabalhar
com a existência das mesmas.
Toda a evolução alcançada pela Simdouro, tornou as tarefas destas equipas mais facilitadas,
levando a um decréscimo no esforço físico exigido e na probabilidade de aparecimento de lesão e
a um alivio na sobrecarga de trabalho, no stress e insatisfação dos próprios trabalhadores. No
entanto dado que todas as tarefas realizadas no passado tiveram uma exposição tão prolongada no
tempo e os trabalhadores continuam a estar expostos ao risco, ainda que atenuado, existe um
trauma por lesão cumulativa. Esta sucessiva exposição e o tempo insuficiente de recuperação não
permite tratar as lesões, muito pelo contrário, acabam por agravar as mesmas e contrair novas
lesões. Para além da evolução tecnológica, a Simdouro, formulou a criação do Programa de
“Ergocoaching”, enaltecido pelos trabalhadores, com o propósito de uma monitorização individual
com o objetivo de fornecer aos trabalhadores as mais corretas estratégias posturais, bem como,
38
hábitos mais saudáveis e ergonómicos, de modo a promover a performance de segurança no
trabalho, sem comprometer o desempenho da função.

8.5 Avaliação Ergonómica das Tarefas

As tarefas desempenhadas pelos trabalhadores foram, numa primeira fase, avaliadas através da
aplicação da ferramenta de cálculo “ERGOCHECK”, em formato EXEL, da “Internacional
Ergonomics School – EPM”3,conforme apresentado no ficheiro disponível para consulta do link
no Apêndice A, que assume como base as “Key Questions” e o “Quick Assessment” do ISO/TR
12295-2014, conforme mencionado na metodologia. Estes trabalhadores têm ao seu encargo
diversas tarefas rotineiras, realizadas praticamente todos os dias, as tarefas avaliadas neste estudo,
e ainda têm tarefas de cariz esporádico, onde nunca sabem quando irão ser. Estas são tarefas de
manutenção que podem ocorrer uma vez por semana ou uma vez por mês, não é possível prever a
sua periodicidade. No entanto, todas estas tarefas foram classificadas, por parte dos trabalhadores,
como estando isentas de esforços físicos.
Desta primeira avaliação resultam duas conclusões, a tarefa pode apresentar risco necessitando de
uma avaliação mais detalhada e de posteriores correções, sendo elas a longo prazo ou no imediato,
dependendo do grau de risco da tarefa, no entanto isto é mencionado na pré-avaliação ou então
que a tarefa não necessita de qualquer correção, uma vez que não apresenta risco para os
trabalhadores. Desta avaliação resultou o seguinte, tabela 9:

Tabela 9 - Triagem das Tarefas, n=9


Comporta
Tarefa Norma
Risco
T.1 Não ISO/TR 12295
T.2 Não ISO/TR 12295
T.3 Não ISO/TR 12295-
ISO 11228-
T.4 Sim
2/2007
ISO 11228-
T.5 Sim
1/2003
ISO 11228-
T.6 Sim
1/2003
T.7 Não ISO/TR 12295

3
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1h5EtzVzg65CiFLpTgsH6UtRl8uX4CauY/edit?usp=sharing&ouid=106589691119607417899&rtpof=tr

ue&sd=true

39
8.5.1 Tarefas Não Críticas

Após uma análise preliminar, podemos observar que a maioria das tarefas não contempla risco
para o colaborador, conforme apresentado na tabela .
No que concerne à T.1, recorrente à pré-avaliação da tarefa conforme contemplado no conforme
apresentado no ficheiro disponível para consulta do link do Apêndice A4 a tarefa contempla risco
e necessidade de uma avaliação a longo prazo, no entanto é necessário enquadrar a tarefa no
contexto da empresa. A T.1 ainda que seja executada envolvendo a movimentação acima do nível
ombros e exija uma postura desapropriada à realização da mesma, é passível de ser
descaracterizada como uma tarefa que não contempla risco, uma vez que não tem
representatividade. Para além dos trabalhadores não despenderem tempo suficiente na execução
da tarefa esta não é realizada em todas as instalações e também não é necessária à sua realização
em todos os turnos de trabalho.
Como mencionado no mapeamento das tarefas, esta é realizada todos os dias, mas apenas uma
vez, o que leva, devido à rotatividade dos turnos, a que os trabalhadores não estejam expostos a
esta tarefa diariamente. Aliado a isto, as equipas são constituídas por dois homens, ou seja, vão
trocando entre si para que não seja sempre o mesmo a desempenhar a tarefa. No entanto, é
importante perceber de que forma a tarefa pode ser melhorada por forma de melhorar o seu
dimensionamento
A tarefa T.2 é também passível de ser descaracterizada, dado que os trabalhadores apenas fazem
a ronda nas instalações de modo a verificar se existe alguma anomalia que necessite de correção,
caso se verifique é chamada a equipa de manutenção. Nesta tarefa não existe a movimentação de
cargas ou a realização de esforço físico de qualquer natureza. Para a sua realização os trabalhadores
apenas percorrem o perímetro da instalação e as diversas salas.
Na T.3 estamos perante uma tarefa realizada apenas numa instalação. Esta não apresenta risco nem
necessita de ações de correção, conforme contemplado na pré-avaliação presente no ficheiro
disponível para consulta do link do Apêndice A5, para os trabalhadores, as portas da instalação,
ainda que sejam pesadas, estão acopladas a uma estrutura metálica provida de roldanas que auxilia
na movimentação das mesmas, eliminando o esforço físico, dado que a porta se move com
facilidade pela estrutura. Aliado a este fator, os trabalhadores empurram as mesmas com o pé para
não terem de se agachar e assumir uma postura desadequada.
Por fim, a T.6 não apresenta risco para os trabalhadores. As deslocações entre as várias instalações
são curtas, uma vez que estão todas perto entre si. Apenas uma das instalações requer uma viagem
mais longa. Entre cada instalação os trabalhadores estão obrigados a exercitar o corpo uma vez

4
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1h5EtzVzg65CiFLpTgsH6UtRl8uX4CauY/edit?usp=sharing&ouid=106589691119607417899&rtpof=tr

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5
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1h5EtzVzg65CiFLpTgsH6UtRl8uX4CauY/edit?usp=sharing&ouid=106589691119607417899&rtpof=tr

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40
que para a realização da T.2 necessitam de se deslocar a pé, permitindo assim que alonguem os
músculos.

8.5.2 Tarefas Críticas

As tarefas críticas prendem-se, sobretudo, com a movimentação manual de cargas: T.5 e T.6. Esta
conclusão vem dar significado e relevância aos resultados obtidos através da análise dos
questionários e à contextualização da amostra e do seu trabalho.
A maioria dos trabalhadores já tem um histórico de lesão ocupacional, sobretudo relacionado com
as costas e os ombros, proveniente de uma exposição contínua a estas tarefas, o que só agrava o
risco destas tarefas, sendo que não estamos perante uma amostra saudável.
Para a T.5 verifica-se à partida, com auxílio da pré-avaliação feita, apresentada apresentado no
ficheiro disponível para consulta do link do Apêndice A6 que esta tarefa contempla risco para os
trabalhadores e necessita de correções, por forma de evitar o surgimento de lesão e prevenir o
agravamento das existentes. Conforme descrito no mapeamento das tarefas, a porta da obra de
entrada da Estação Elevatória do Juncal é no chão e a mesma pesa 30Kg. Numa primeira
abordagem, vemos que a massa manobrada está dentro dos limites da massa de referência, que é
25Kg – ISO/TR 12295-2014, com e exceção de dois trabalhadores, que a massa de referência
desce para os 15Kg devido a estes terem mais de 45 anos. Para esta amostra devido ao facto desta
porta ser manobrada sempre por duas pessoas, logo o peso passa a ser dividido e fixa-se nos 15Kg.
No entanto, recorrendo à metodologia de cálculo da ISO 11228-1-2003, vemos que a tarefa
necessita de correção dado que comporta risco para os trabalhadores.

Figura 22 - Cálculo de LI

O Índice de Elevação (LI) é um parâmetro pelo qual é possível de avaliar se a movimentação


manual de uma carga está corretamente dimensionada ou se comporta risco para o colaborador,
havendo a probabilidade de este contrair lesão ou agravar uma lesão pré-existente.
Para o cálculo do LI é necessário, em primeiro lugar, calcular o limite da massa a manobrar
naquelas condições, utilizando a equação da figura 10. O valor deste índice deve ser sempre
inferior ou igual a 1.0, de modo que o risco seja aceitável. Nesta tarefa, após a medição das várias

6
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1h5EtzVzg65CiFLpTgsH6UtRl8uX4CauY/edit?usp=sharing&ouid=106589691119607417899&rtpof=tr

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41
variáveis, apresentadas na figura 22, vemos que o valor de LI é muito superior a 1.0, mesmo
estando corrigido com a ponderação da norma para tarefas realizadas por duas pessoas.
O valor de LI calculado para esta tarefa é de 1.9, ou seja, está no intervalo de 1.0<LI<-2.0, logo
estamos perante uma tarefa que que comporta risco e necessita de um redimensionamento por
forma de diminuir o valor deste índice, para que seja menor ou igual a um.
A tarefa T.6 é também uma movimentação manual de cargas, tal como a T.5, logo a metodologia
de avaliação é a mesma, ou seja, a ISO 11228-1-2003. No entanto, nos grupos de bombagem as
tampas são consideravelmente mais pesadas que na Estação Elevatória do Juncal e ainda que a
tarefa seja realizada por duas pessoas, a massa movimentada, continua a exceder em 10Kg a massa
de referência desta amostra, sendo que a tampa pesa 70Kg, perfaz um total de 35Kg para cada
operador. Para além do peso das tampas ser maior, a frequência diária desta tarefa é cinco vezes
maior também, uma vez que esta é repetida em cinco grupos de bombagem, todos eles com tampas
do mesmo peso.

Figura 23 - Cálculo para LI

O valor de LI foi calculado através da mesma equação da tarefa T.5 e, à sua semelhança, o valor
ultrapassa o recomendado para que a tarefa seja possível de ser descaracterizada. Na T.6 o valor
de LI é de 2,23, como observado na figura 23, já corrigido para tarefas realizadas por duas pessoas,
no entanto este valor já entra num intervalo superior: 2.0<LI<-3.0. Neste caso a tarefa contempla
um risco elevado, dado que as suas condições de realização são mais desfavoráveis e a massa
manobrada é maior. Esta tarefa necessita de um redimensionamento o mais rápido possível, para
além do valor de LI ser elevado, a exposição diária à tarefa também é superior, dado que esta se
repete em cinco grupos de bombagem e as tampas são movimentadas duas vezes, uma para abrir
o local e outra pra fechar, este fator ainda agrava mais o risco da tarefa tornando urgente o
redimensionamento.
A tarefa T.4 é possível de ser descaracterizada em quase todas as instalações, com a exceção de
três: Estação Elevatória Espírito Santo; Estação Elevatória Largo da Cruz e Estação Elevatória
Afurada.
Nestes casos esta representa uma tarefa crítica, ao passo que em todas as restantes, a tarefa é
realizada de forma mecânica, isentando os trabalhadores de qualquer esforço físico, como descrito
no mapeamento das tarefas, aqui os apenas necessitam de acoplar o diferencial ao gancho da grua
e o camião realiza a restante tarefa de remoção, no entanto nestas três estações, devido à arquitetura

42
das mesmas, o contentor dos gradados necessita de ser movimentado para que seja possível ao
camião grua içar o saco.
Estes contentores podem pesar entre 700 a 1000Kg de gradados húmidos, dependendo da
quantidade de resíduos presentes na água residual. Este tipo de peso não pode, em circunstância
alguma, ser manobrado de forma mecânica pelos trabalhadores, sendo que ultrapassa todos os
limites recomendados.
Posto isto, é de fácil entendimento que movimentar uma carga deste peso não é racional e comporta
um risco elevado para os trabalhadores. Nas Estações Elevatórias do Largo da Cruz e da Afurada
o contentor é movido a uma distância relativamente pequena – 1 metro, mas na Estação Elevatória
Espírito Santo o contentor é movimentado durante 9 metros, sendo que, aqui a tarefa exige ainda
mais esforço, dado que o terreno tem uma ligeira inclinação e o contentor ganha força. De modo
a evitar que este vire e os gradados se espalhem no chão, os trabalhadores necessitam de o segurar
à medida que o movem, exigindo da sua parte mais esforço e atenção. Todos estes fatores
dificultam a tarefa e torna necessário o seu redimensionamento, pelo menos para estas três
estações.
Para movimentar o contentor, estando cheio, para a remoção dos gradados, existe da parte dos
trabalhadores uma força inicial elevada para deslocar o contentor e fazer com que este ganhe
alguma força. No entanto, existe bastante atrito no solo, uma vez que ele é de cimento e rugoso,
sendo que as rodas são de plástico e não deslizam com muita facilidade. O contentor é um algo
largo, dificultando a visão lateral dos operadores, sendo que necessitam de adotar uma postura
incorreta para conseguirem ver o caminho e evitar que o contentor caia da ponte, localizada à saída
da instalação. O contentor, devido ao seu peso, ganha força e para evitar o ganho de força excessivo
é necessária força para amparar o contentor uma vez que este não está munido de travagem própria.
Por fim, as condições ambientais do espaço onde fica alocado o contentor, são péssimas. O
ambiente é hostil e provoca uma diminuição enorme no tempo de vida útil dos equipamentos, ou
seja, o sistema de rodas fica menos fluido, fazendo com que o contentor não de desloque tão
facilmente.
Devido à impossibilidade na aquisição de dinamómetros, por forma de medir as forças mecânicas
associadas a esta tarefa e comparar as mesmas com as forças recomendadas ( Tabela A.5 a A.8),
não foi possível realizar uma avaliação ergonómica de acordo com a metodologia de avaliação
presente na ISO 11228-2/2007 - “Pushing and Pulling”, mesmo sem esta possibilidade é notória a
necessidade evidente de correção nesta tarefa, devido a todos os fatores de risco presentes na
mesma e ao facto de que manobrar cargas deste peso nas condições descritas requer um esforço
físico elevadíssimo e forças para além dos níveis recomendados

8.6 Análise Integrada dos Resultados

Na Europa, as lesões músculo-esqueléticas do foro ocupacional representam 39% de todas as


lesões ocupacionais reportadas durante um ano. Estas têm impacto em diversas vertentes da vida

43
de um colaborador, tanto a nível pessoal como no seu local de trabalho, podendo dificultar a sua
mobilidade e/ou aptidão para determinadas tarefas.
Decorrente destas lesões, os trabalhadores, necessitam de retirar tempo afastados das suas tarefas,
para recuperar. Por este motivo, estas acarretam um custo gigante para as várias partes envolvidas
e caso não sejam devidamente recuperadas podem voltar a afetar o colaborador e, por consequência
a própria empresa.
A avaliação ergonómica deste estudo baseou-se numa abordagem individualizada, através de um
mapeamento das tarefas desempenhadas pelos trabalhadores, mas também, com a realização de
um levantamento exaustivo da amostra em estudo. É importante que a exposição às tarefas seja
avaliada e comparada com informação objetiva e valores de referência descritos nas normas
utilizadas (Sousa-Uva and Serranheira 2006).
Os resultados obtidos no presente estudo indicam, similarmente a outros estudos (Fallentin et al.
2001), que as lesões músculo-esqueléticas são patologias multifatoriais e é necessário um rigoroso
entendimento dos fatores de risco existentes assim como de toda a extensão das tarefas por forma
de garantir uma análise de causalidade adequada.
Os fatores e características individuais têm uma importância determinante no aparecimento de
lesão (Hakim et al. 2002)(Alexopoulos, Burdorf, and Kalokerinou 2003) e, como vimos neste
estudo, podem levar a que as conclusões retiradas a partir da avaliação ergonómica sejam ainda
mais gravosas. Abordar uma amostra saudável não é o mesmo que abordar uma amostra com lesão
ou com patologias intrínsecas, uma vez que um indivíduo saudável nutre muito mais capacidade
física, e resistência que um indivíduo cujo corpo tenha mais debilidades a ele associadas. A
propensão para o surgimento de lesão passa a ser superior e a monitorização destes cola
trabalhadores boradores tem de ser mais cautelosa.
Para além disto, os hábitos de vida assumem um impacto enorme no âmbito destas lesões,
sobretudo a falta de prática de atividades físicas (Jongprasithporn et al. 2020), fator que é percetível
neste estudo. Apenas uma pequena percentagem destes trabalhadores pratica exercício físico,
como mencionado nos resultados, e com a ausência desta prática, o corpo começa a perder força
muscular, estando assim mais débil à realização de esforços, aliado a isto, percebe-se pelos
resultados dos questionários, que a amostra em análise não tem hábitos saudáveis de alimentação
e/ou de vida, o que torna o corpo ainda mais fraco. Parte destes trabalhadores fuma e a sua
totalidade assume a ingestão de bebidas alcoólicas. Todos estes fatores conjugados são um
autêntico massacre para o corpo, deixando-o mais predisposto ao aparecimento de lesão, e para
agravar estes trabalhadores já possuem um histórico de lesões crónicas que advêm de anos mais
de uma década de exposição a fatores de risco.
Os resultados dos questionários nórdico e de informações pessoais corroboram a importância dos
características individuais, dado que, a amostra em estudo tem um tempo de exposição prolongado
a este tipo de tarefas e ambientes ocupacionais, onde contraíram lesão e, mesmo assim, com todas
as melhoria tecnológicas às suas tarefas, continuam a ter de se ausentar do trabalho com baixa
médica devido a não conseguirem trabalhar, com dores associadas a antigas lesões, que se mostram

44
agravadas com o passar dos anos. Mesmo os trabalhadores que não se ausentam do trabalho
relatam, que nos últimos meses, sentiram algum tipo de dor e/ou desconforto.
Para além dos fatores físicos, os psicossociais necessitam de ser acautelados, as tarefas dos
trabalhadores são rotineiras e realizadas à anos, a frustração e o tédio são fatores de grande
influência na predisposição dos trabalhadores para o desempenho das mesmas. A repetitividade e
a frequência de exposição às tarefas são determinantes no surgimento de lesão (Occhipinti 1998),
a contínua exposição, durante vários anos, como é o caso, tem como consequência o
enfraquecimento do segmentos corporais em causa, sobretudo se não forme bem recuperados.
Existem já lesões provenientes de todos estes anos de exposição, com tempos de recuperação
relativamente pequenos, aliando isto a todo o stress e desmotivação por eles mencionados,
juntamente da baixa remuneração e fraca progressão de carreira é natural que hajam danos físicos
e mentais (Vecchio, Pelotas, and Padovani 2007).
Em comparação com estudos de contexto ocupacional, ainda que de indústrias distintas, podemos
realçar o significativo relato de sintomatologia musculoesquelética associado à região lombar,
sendo a que apresenta maior incidência e ainda nos membros inferiores (Trinkoff et al. 2002), o
que realça o papel do trabalho na vida das pessoas e as consequências que pode ter caso não seja
corretamente adaptado a cada indivíduo.
A ideia de uma abordagem generalizada nas avaliações ergonómicas e no tratamento destas lesões
é errada e vem sendo perpetuada devido à formulação das normas, que adota diversos valores de
referência e fornece conclusões sem quase nunca ter em conta os fatores individuais dos
trabalhadores como: Histórico de Trabalho; Histórico de Lesão; Histórico de Saúde, entre outros.
Esta falta de contemplação de todas as variáveis reflete uma certo grau de incerteza na toma de
conclusões a cerca dos fatores de risco presentes e o contexto de trabalho onde se inserem
(Fallentin et al. 2000)
O trabalho deve ser adaptado ao colaborador e não o contrário, seja qual for a circunstância. É
importante perceber o histórico de trabalho da amostra a tratar, conforme realizado no presente
trabalho, onde se pode perceber que estes homens estiveram, durante muitos anos, expostos a
condições de trabalho deploráveis e a tarefas que exigiam um esforço físico imenso da sua parte.
Durante todo este tempo, a tarefa dos trabalhadores era realizada de forma manual. Um dos relatos
mais frequente está ligado com a gradagem, que era feita diretamente no canal da água e não
através de uma grade mecânica. Desta forma o colaborador teria de acartar os gradados à mão e
colocar os mesmos dentro do contentor. Desta forma a gradagem era menos eficaz, levando ao
entupimento frequente das bombas, o que levava a que tivessem de as retirar para as desentupir.
Podemos ver, pela descrição das tarefas apresentada, que houve uma evolução enorme em prole
da melhoria das tarefas e redução do esfoço físico para níveis aceitáveis, no entanto sem perceber
a existência deste histórico de trabalho não seria possível de compreender o contínuo aumento da
taxa de incidência de lesão, dado que retirando conclusões apenas da avaliação ergonómica das
normas utilizadas, sem nunca ter em conta os resultados que mapeiam as características desta
amostra, a maior parte destas tarefas não comporta risco. No entanto, durante vários anos de
exposição, a movimentação manual de cargas era praticamente diária e exigente e, assim como

45
outros estudos, nomeadamente estudos relacionados com a atividade das enfermeiras (Castilho
AF, Parreira PM 2016), que também movimentam cargas pesadas para além dos valores de
referência estipulados, demonstram um registo elevado queixas músculo-esqueléticas em diversas
zonas.
As avaliações ergonómicas realizadas para as tarefas separam-nas em dois grupos: Tarefas
Críticas, que comportam risco de lesão e Tarefas Não Críticas, que não comportam risco de lesão.
A percentagem de tarefas não críticas é superior à das tarefas críticas, no entanto não estamos a
falar de uma população saudável, mas sim de um grupo de trabalhadores que sofre de lesões pré-
existentes, conforme realçado no decorrer do trabalho, o que leva a que o redimensionamento das
tarefas críticas seja ainda mais importante e ainda à formulação de proposta de melhorias para
todas as tarefas, sejam elas críticas ou não.
Por fim, as tarefas e a sua avaliação ergonómica não podem ser dissociadas do colaborador em
questão enquanto indivíduo único, para um correto diagnóstico é necessário inquirir o colaborador
e retirar o máximo de informações possíveis, conforme foi feito com a entrega dos questionários.
Com estas informações e relacionando as mesmas com as tarefas desempenhadas, percebemos que
estes trabalhadores não têm um estilo de vida saudável, o que não ajuda no surgimento de lesão
ou no agravamento da mesma. De acordo com (Santos 2009), a ingestão de álcool e o consumo de
tabaco provocam um desenvolvimento mais rápido deste tipo de lesão. Uma das explicações tem
que ver com o consumo deste tipo de substâncias alterar a oxigenação dos músculos causando
problemas ao nível da circulação. A toma de medicação diária, ancióliticos, anti-depressivos,
proteções gástricas e medicação para o colesterol, mostra ser nocivo acelerando o processo de de
lesão (Castilho AF, Parreira PM 2016) também não representa uma relação positiva com estas
lesões, aliando isto, o facto de não praticarem exercício físico, na sua grande maioria, e ainda à
pré-existência de lesão, percebemos que a taxa de lesões músculo-esqueléticas é coerente com a
amostra em estudo e o tipo de hábitos que adotados pelos mesmos.
É importante que as lesões sejam corretamente recuperadas da mesma forma que é importante que
o colaborador tenha a consciência que necessita de adotar os melhores hábitos possíveis, quer no
local de trabalho quer fora dele, e reforçar o seu corpo para conseguir recuperar e viver o seu
quotidiano de trabalho sem qualquer limitação, sendo que continuam com as mesmas tarefas que
levaram ao aparecimento de lesão, ainda que tenham sofrido evoluções positivas até ao presente.
Grande parte da prevenção das lesões advêm do próprio colaborador, ou seja, é necessária a adoção
de bons hábitos e práticas de vida uma vez que os fatores individuais nutrem tanta importância na
contração destas patologias (Castilho AF, Parreira PM 2016), um dos meios de combate a este
problema tem de partir da própria individualidade do colaborador, através de uma correta
alimentação, prática regular e consciente de exercício e adoção de posturas corretas fora e dentro
do trabalho.

46
9 PROPOSTAS DE MELHORIA

A Simdouro prima pela evolução e melhoria contínua e estes são princípios fundamentais na
abordagem e resolução da questão das lesões músculo-esqueléticas, que é transversal às várias
indústrias e é também uma problemática transversal a todo o mundo.
Neste sentido, ainda que haja tarefas não-críticas a sua melhoria é sempre uma mais-valia, nesse
sentido, na tabela 10, estão contempladas algumas propostas de melhoria a implementar:

Tabela 10 - Propostas de Melhoria


• Para a limpeza da grade mecânica, de modo a facilitar a tarefa
ao colaborador, este pode passar a manobrar a ferramenta com
Limpeza da os dentes virados para cima, podendo fazer a limpeza a um nível
Grade que não o nível dos ombros, evitando a sobrecarga dos mesmos.
Mecânica
• Para o colaborador ficar mais próximo da área da grade onde os
gradados se acumulam, é possível a colocação de um degrau ou
plataforma móvel, onde o colaborador possa subir evitando
assim ter de trabalhar com os braços tão esticados, uma vez que
está mais próximo da parte superior da grade.

• Neste caso, as melhorias fundamentais são nas estações onde esta


tarefa ainda requer esforço físico por parte dos trabalhadores. Numa
primeira medida, sendo a mais lógica, seria o melhoramento das
condições de acesso à estação, de forma que o camião grua possa
Remoção dos recolher o saco de forma direta. Sendo isto inviável, uma das
Gradados medidas a implementar tem que ver com a frequência de remoção
nestas instalações. Para que os contentores não atinjam pesos tão
elevados, é recomendável aumentar a frequência de remoção destes
sacos, por forma de diminuir consideravelmente o peso dos mesmos.

• Sendo possível adotar uma medida de engenharia, idealmente, seria


a projeção de um sistema de carris de modo que os contentores
fiquem assentes nos mesmos. Com este tipo de sistema o carril
conduziria o contentor diretamente à zona de coleta. Este sistema
deverá ter um atrito reduzido por forma de facilitar a movimentação
dos contentores.
• De forma a diminuir o esforço físico exigido aos trabalhadores, seria
vantajosa a substituição das tampas dos grupos de bombagem e da
Estação Elevatória do Juncal, por outras, de um material mais leve e
fácil de manobrar.
Abertura e
Fecho das • Desenvolvimento de uma ferramenta manual com um sistema de
tampas roldanas ou manivela, com um desmultiplicador associado, por
forma de diminuir a força exercida na movimentação da tampa,

47
assegurando sempre que o colaborador adota uma postura correta
nesta tarefa.

• Desenvolvimento de uma ferramenta hidráulica, associada às


viaturas dos operadores. Recorrendo à energia das mesmas esta seria
capaz de tirar a tampa do sítio e voltar a colocá-la no mesmo
retirando o esforço físico do colaborador. Assim, estes apenas
necessitam de a guiar para o sítio correto.
• Para melhorar a ergonomia durante as viagens e diminuir o cansaço
Viagens
das mesmas seria uma boa prática prover as viaturas de bancos mais
completos, a nível ergonómico, com várias pontes de ajuste elétrico
de modo que o colaborador possa programar o banco para a sua
estrutura, sentindo-se mais confortável no mesmo.

Estas propostas de melhoria surgem como resposta aos problemas detetados pela avaliação
ergonómica do presente estudo, visando o aumento da performance do trabalho sem prejudicar a
saúde dos trabalhadores, nunca agravando o risco das duas tarefas.
Estas questões foram identificadas através do acompanhamento dos homens no terreno,
percebendo as suas queixas e necessidades, face à exigência das suas tarefas.

Todas as melhorias propostas são de cariz adaptativo a cada colaborador, disponibilizando


ferramentas de auxílio desenhadas para de acordo com a morfologia de cada um, podendo ser ou
não usadas, atendendo à necessidade do próprio colaborador.

As medidas de engenharia são medidas que têm um impacto grande na formulação das tarefas. As
movimentações manuais de cargas representam as tarefas mais gravosas da realidade em estudo,
inclusive são relatadas como tal por parte dos trabalhadores, nesse sentido ao eliminarmos a
necessidade de realizar deslocações com cargas elevadas estamos a diminuir a taxa de esforço
solicitada aos trabalhadores, o que, atendendo a todo o histórico de lesão apenas trás benefícios e
ainda provoca uma melhora na perceção da tarefa, como sendo “nova”, dado que estão habituados
a realizar as mesmas tarefas da mesma maneira há vários anos. Este aprimorar do fator psicológico
juntamente com o decréscimo do fator físico leva a que os trabalhadores se sintam mais motivados
para a realização das suas tarefas, deixando de relatar sentimentos como a frustração, nervosismo
ou desmotivação.

Todas estas propostas devem ser validadas pelos intervenientes diretos, os próprios trabalhadores.
A sensação de integração e de se ser ouvido é um estímulo importante na motivação das pessoas,
no caso em questão, sendo estes homens que conhecem a verdadeira realidade das tarefas, são,
com certeza, uma mais-valia na sugestão de melhorias e no aprimoramento das mesmas, tornando
as ainda mais adequadas e úteis.

A implementação destas melhorias deve visar vários aspetos, desde o redimensionamento dos
postos de trabalho, evitando a generalização das medidas de melhoria, quando têm por base a
incorporação de ferramentas de trabalho, até aos fatores psicossociais e de que forma é possível ir
de encontro às expectativas dos trabalhadores.

48
10 CONCLUSÃO

As lesões músculo-esqueléticas são um problema transversal a todas as indústrias e nutrem um


cariz mundial, pelo que é necessária uma evolução no seu estudo e compreensão para impedir que
a sua taxa de incidência permaneça em constante aumento.
Durante vários anos foram sendo realizados estudos no âmbito de perceber este tópico e as
melhores e mais eficazes formas de o atenuar, no entanto não tem sido suficiente. O atual estado
da arte tem relevância, mas necessita de ser reformulado ou então, aliado a novas metodologias.
Ainda que em menor quantidade, existem diversos estudos que apontam, como alternativa mais
eficaz, a inclusão de metodologias de monitorização 3D que permitam um melhor entendimento
das tarefas para as avaliar em detalhe, incorporando variáveis que até então não são tidas em conta.
No entanto, estes estudos recaem sobretudo no âmbito do desporto, mas é possível utilizar esta
informação e tecnologias e transpô-las para o contexto ocupacional.
O histórico de trabalho dos trabalhadores e o seu contexto pessoal têm um grande impacto no
surgimento de lesão e até mesmo no dimensionamento do seu próprio posto de trabalho. Uma
determinada tarefa pode não apresentar o mesmo grau de risco para amostras desiguais, ou seja,
trabalhadores com lesões ou uma maior propensão para a contração das mesmas não são dotados
da mesma capacidade de esforço que indivíduos completamente saudáveis sem quaisquer lesões.
Desta forma, fica ainda mais reforçado, que o trabalho tem de ser adaptado ao Homem e não o
oposto, caso contrário as consequências podem ser gravosas para os trabalhadores. O diagnostico
é o passo fulcral para que seja possível perceber o problema em questão e compreender que
medidas a ser adotadas.
Através dos resultados obtidos percebemos que a evolução das tarefas é notória e teve um papel
fundamental no melhoramento dos postos de trabalho destes trabalhadores, no entanto devido ao
seu histórico de trabalho é importante a abordagem de melhoria contínua nas tarefas, por forma de
continuar a atuar na prevenção de novas lesões e não agravar as existentes.
O programa elaborado pela Simdouro, denominado de “Ergocoaching”, é um programa que visa
a consciencialização dos trabalhadores para a adoção das melhores posturas, no desempenho das
suas tarefas. Este programa conta também com práticas de ginástica laboral que aliada a esta toma
de consciência por parte dos trabalhadores tem vindo a produzir um efeito bastante positivo, dado
que estes se sentem acompanhados e ao mesmo tempo mais preparados para se protegerem dos
riscos em que incorrem.
Podemos concluir também, que a exposição a fatores de risco é inevitável, no contexto destes
trabalhadores, dado que não é possível eliminar o perigo na sua origem, apenas o podemos
minimizar. No entanto o aparecimento de lesão dá-se devido à exposição contínua a fatores de
risco, o que torna isto decisivo é o enorme desequilíbrio entre a exposição às tarefas
desempenhadas no trabalho e o fraco e insuficiente período de recuperação (Uva et al. 2008), que
muitas das vezes para além de reduzido não é o mais adequado. A este dado, para este caso
concreto, podemos ainda aliar os fracos hábitos de vida adotados pelos trabalhadores que em nada
ajudam neste processo.

49
11 ESTUDOS FUTUROS

Futuramente, é importante fazer usufruto do desenvolvimento da tecnologia passível de ser


aplicável à abordagem das lesões músculo-esqueléticas. A vertente da monitorização 3D é uma
importante ferramenta, ainda que pouco usada em contexto ocupacional, existem diversos estudos
divulgados, no âmbito do desporto, cuja metodologia pode ser transposta e adaptada ao contexto
ocupacional.
Com recurso a sistemas de vídeo e monitorização 3D podemos ter uma outra visão da tarefa, sendo
possível segmentar as várias etapas das mesmas e isolando os vários segmentos corporais de forma
a ter uma avaliação biomecânica, percebendo o que acontece e de que forma a tarefa solicita os
diferentes segmentos do corpo. Este tipo de sistema permite-nos retirar variáveis como:
velocidades corporais, ângulos de movimento, posturas, entre outras, permitindo uma avaliação
mais pormenorizada.
Devido à impossibilidade de aquisição deste tipo de equipamentos esta abordagem ficou suspensa,
no entanto permanece a ressalva da sua utilidade e mais-valia para inclusão em estudos futuros.

50
12 LIMITAÇÕES

Durante a realização deste estudo foram sendo encontradas algumas limitações, nomeadamente no
tamanho da amostra em estudo. A presente amostra é relativamente curta assim como as tarefas
por eles desempenhadas. Aliado a isto esteve a dificuldade de gestão ao nível dos horários, dado
que estes trabalhadores trabalham por turnos. Já nas avaliações a limitação sentida foi a falta de
equipamentos disponíveis para uma recolha de dados quantitativa para realizar a análise
biomecânica da atividade.

51
13 REFERÊNCIAS

Alexopoulos, Evangelos C., Alex Burdorf, and Athena Kalokerinou. 2003. “Risk Factors for
Musculoskeletal Disorders among Nursing Personnel in Greek Hospitals.” International
Archives of Occupational and Environmental Health 76(4):289–94. doi: 10.1007/s00420-
003-0442-9.
Al-Tuwaijri, S., I. Fedotov, I. Feitshans, M. Gifford, D. Gold, S. Machida, M. Nahmias, S. Niu,
and Gábor Sándi. 2008. Beyond Death and Injuries: The ILO’s Role in Promoting Safe and
Healthy Jobs.
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55
ANEXOS

Anexo A Questionário Nórdico Validado

56
57
58
Anexo B Questionário de Informações Pessoais

59
60
61
62
63
64
65
66
67
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73
74
75
76
77
Apêndice A

Ficheiro em Excel com as folhas de avaliação das tarefas descritas, segundo as normas utilizadas.
Link:
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1h5EtzVzg65CiFLpTgsH6UtRl8uX4CauY/edit?usp=sha
ring&ouid=106589691119607417899&rtpof=true&sd=true

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