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DE SEGURANÇA E HIGIENE
OCUPACIONAIS
Orientador: Professora Joana Cristina Cardoso Guedes (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)
Arguente: Professora Joana Santos (Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico do Porto)
Presidente do Júri: Professor Doutor Mário Augusto Pires Vaz ( Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)
I
DESTAQUES
HIGHLIGHTS
1. Musculoskeletal Disorders represent a problem that cuts across the entire world and the
various industries.
2. The rate of Musculoskeletal Disorders continues to increase constantly overtime.
3. The workstation must always be adapted to the employee and never the other way around.
4. Ergonomics aims to increase work performance without ever endangering the safety of
employees.
5. The individualized perspective is more effective in addressing Musculoskeletal Disorders
since each individual is unique.
III
RESUMO
As lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho afetam o mundo inteiro e têm especial
impacto no contexto ocupacional. Apesar de toda a evolução, naquilo que concerne a este tema, a
percentagem de relatos destas lesões tem vindo, constantemente, a aumentar. A prevenção das
mesmas e o seu correto diagnóstico, são fulcrais, para proteger a saúde e o bem-estar dos
trabalhadores.
O presente estudo teve como objetivo a avaliação ergonómica das tarefas realizadas pela equipa
afeta às Estações Elevatórias de Gaia Litoral, de modo a perceber que tarefas são críticas ou não e
propor as respetivas melhorias, por forma de mitigar os riscos existentes e prevenir as lesões. Para
isto, foram usadas as várias normas de avaliação ergonómica: ISO 11228-1:2003 - “Lifting and
Carrying”; ISO 11228-2:2007 - “Pushing and Pulling”; ISO 11226:2000 - “Evaluation of Static
Postures”; e ISO/TR 12295:2014 – “Technical Report” .
Estas normas por si só necessitam de ser complementadas com os fatores individuais da amostra,
dada a sua importância na predisposição de lesão. Para um melhor entendimento da amostra em
estudo e das suas tarefas, foram realizadas entrevistas aos trabalhadores, no terreno, com o objetivo
de realizar dois questionários, para o levantamento de informações pessoais, e ainda um
mapeamento exaustivo das tarefas e de toda a informação das mesmas.
Ficou realçado que o número de tarefas críticas e que comportam risco para o colaborador é
inferior ao número de tarefas não-críticas. As tarefas críticas prendem-se com a movimentação
manual de cargas, nomeadamente, tarefas de “Push e Pull” e “Lifting and Carrying of loads”.
O histórico de trabalho destes homens tem interferência na sua performance dado que a exposição
a fatores de risco dura há vários anos e os seus hábitos pessoais não são os melhores.
O diagnóstico destas lesões deve adotar uma abordagem individualizada, contemplando sempre as
características de cada indivíduo. Os postos de trabalho devem ser sempre adaptados aos
trabalhadores e não o contrário.
V
ABSTRACT
Work-related musculoskeletal injuries affect the entire world and have a special impact on the
occupational context. Despite all the evolution, in what concerns this theme, the percentage of
reports of these injuries has been, constantly, increasing. Their prevention and correct diagnosis
are essential to protect the health and well-being of workers.
This study aimed at the ergonomic evaluation of the tasks performed by the team at the Gaia Litoral
Pumping Stations, in order to understand which tasks are critical or not and to propose the
respective improvements, in order to mitigate the existing risks and prevent the contraction of
lesion. For this, the various ergonomic assessment standards were used: ISO 11228-1:2003 -
“Lifting and Carrying”; ISO 11228-2:2007 - "Pushing and Pulling"; ISO 11226:2000 - "Evaluation
of Static Postures"; eISO/TR 12295: 2014 - "Technical Report".
These standarts alone need to be complemented with individual sample factors, given their
importance in injury predisposition. For a better understanding of the study sample and its tasks,
interviews were conducted with employees, in the field, to carry out two questionnaires, to collect
personal information, and an exhaustive mapping of the tasks and all the information of the same.
It was highlighted that the number of critical tasks that pose a risk to the employee is lower than
the number of non-critical tasks. The critical tasks are related to the manual handling of loads,
namely, “Push and Pull” and “Lifting and Carrying of loads” tasks.
The work history of these men interferes with their performance as exposure to risk factors has
lasted for several years and their personal habits are not the best.
The diagnosis of these lesions must adopt an individualized approach, always considering the
characteristics of everyone. Workplaces must always be adapted to the employees and not the
other way around.
VII
ÍNDICE
1 Introdução ................................................................................................................................. 1
1.1 Contexto............................................................................................................................ 1
1.2 Estatísticas ........................................................................................................................ 2
2 Estado da Arte .......................................................................................................................... 4
2.1 Classificação de LMERT.................................................................................................. 4
2.2 Sintomatologia .................................................................................................................. 4
2.3 Conhecimento Científico .................................................................................................. 5
2.3.1 Avaliação Ergonómica ................................................................................................ 6
2.3.2 Fatores de Risco .......................................................................................................... 7
3 Enquadramento Legal e Normativo .......................................................................................... 8
3.1 Diretivas Europeias........................................................................................................... 9
3.2 Normas.............................................................................................................................. 9
3.3 Legislação portuguesa .................................................................................................... 10
4 Revisão Sistemática ................................................................................................................ 10
4.1 Critérios de Pesquisa ...................................................................................................... 11
4.2 Resultados e Discussão ................................................................................................... 13
5 Objetivos da dissertação ......................................................................................................... 17
6 Contextualização da Empresa ................................................................................................. 17
6.1 Visão, Missão e Política de Responsabilidade Empresarial ........................................... 18
6.2 Sistema de Gestão ........................................................................................................... 18
7 Metodologia ............................................................................................................................ 20
7.1 Mapeamento das Tarefas ................................................................................................ 21
7.2 Entrevistas ...................................................................................................................... 22
7.3 Questionários .................................................................................................................. 22
7.3.1 Questionário Nórdico ................................................................................................ 22
7.3.2 Questionário de Informações Pessoais ...................................................................... 23
7.4 “Key-Questions” e “Quick Assessment” ........................................................................ 23
7.5 Normas de Avaliação Ergonómica das Tarefas .............................................................. 24
7.5.1 “Elevação e Transporte”............................................................................................ 24
IX
7.5.2 “Puxar e Empurrar” ................................................................................................... 26
7.5.3 “Posturas Estáticas” .................................................................................................. 26
8 RESULTADOS e Discussão .................................................................................................. 29
8.1 Descrição Geral da Amostra........................................................................................... 29
8.2 Mapeamento das Tarefas ................................................................................................ 30
8.3 Questionários e Entrevistas ............................................................................................ 34
8.3.1 Entrevistas ................................................................................................................. 34
8.3.2 Questionário Nórdico ................................................................................................ 35
8.3.3 Questionário de Informações Pessoais ...................................................................... 36
8.4 Histórico de Trabalho ..................................................................................................... 38
8.5 Avaliação Ergonómica das Tarefas ................................................................................ 39
8.5.1 Tarefas Não Críticas.................................................................................................. 40
8.5.2 Tarefas Críticas ......................................................................................................... 41
8.6 Análise Integrada dos Resultados................................................................................... 43
9 Propostas de Melhoria ............................................................................................................ 47
10 Conclusão .......................................................................................................................... 49
11 Estudos Futuros ................................................................................................................. 50
12 Limitações ......................................................................................................................... 51
13 Referências ........................................................................................................................ 52
anexos............................................................................................................................................ 56
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior
Índice de Figuras
Figura 1 - Percentagem de trabalhadores que reportam doenças relacionadas com o trabalho ...... 3
Figura 2 - Percentagem de trabalhadores que reportaram LMERT nos últimos 12 meses ............. 3
Figura 3 - Percentagem de trabalhadores que reportaram LMERT nos últimos 12 meses, por idade
......................................................................................................................................................... 4
Figura 4 - Tarefas de Risco ............................................................................................................. 7
Figura 5 - Fatores de Risco por grupo ............................................................................................. 7
Figura 6 - Processo de Pesquisa .................................................................................................... 12
Figura 7 - Mapa do Sistema Vila Nova de Gaia ........................................................................... 18
Figura 8 - Sistema de Gestão......................................................................................................... 19
Figura 9 - Metodologia de Diagnóstico utilizada na dissertação. ................................................. 20
Figura 10 - Equação de Cálculo de Massa recomendada .............................................................. 25
Figura 11 - Limpeza da Grade Mecânica ...................................................................................... 31
Figura 12 - Portas da Estação Elevatória Lavadores ..................................................................... 32
Figura 13 - Contentor de Gradados - Interior ................................................................................ 33
Figura 14 - Contentor de Gradados ............................................................................................... 33
Figura 15 - Estação Elevatória Espírito Santo - Rampa de acesso ao local do contentor ............. 33
Figura 16 - Estação Elevatória Espírito Santo - Distância percorrida com o contentor............... 33
Figura 17 - Abertura de Tampas - Estação Elevatória Juncal ....................................................... 33
Figura 18 - Abertura de Tampas - Grupos de Bombagem ............................................................ 34
Figura 19 - Sintomas Músculo-Esqueléticos por Zona Corporal (Diagrama Corporal - Questionário
Nórdico) ........................................................................................................................................ 35
Figura 20 - Nº de Refeições diárias ............................................................................................... 37
Figura 21 - Sintomatologia Relatada ............................................................................................. 37
Figura 22 - Cálculo de LI .............................................................................................................. 41
Figura 23 - Cálculo para LI ........................................................................................................... 42
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Diretivas Europeias ....................................................................................................... 9
Tabela 2 - Normas Europeias ........................................................................................................ 10
Tabela 3 - Principais leis portuguesas relacionadas com as LMERT ........................................... 10
Tabela 4 - Artigos selecionados .................................................................................................... 15
Tabela 5 - Valores de Massa de Referência por género e idade ................................................... 24
Tabela 6 - Interpretação de Valor de LI ........................................................................................ 25
Tabela 7 - Dados da Amostra ........................................................................................................ 29
Tabela 8 - Informações Pessoais ................................................................................................... 36
Tabela 9 - Triagem das Tarefas..................................................................................................... 39
Tabela 10 - Propostas de Melhoria ............................................................................................... 47
XIII
LISTA DE ACRÓNIMOS
XV
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior
PARTE 1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contexto
Para os seres humanos, o trabalho representa um dos principais focos das suas vidas, pelo que se
dedicam diligentemente ao desempenho das suas tarefas nos seus trabalhos. O local de trabalho
representa o apoio e o principal pilar da vida das pessoas, respondendo às várias necessidades
pessoais de cada um, sejam elas financeiras, emocionais, ou mesmo ao nível da realização pessoal.
No entanto, o trabalho tem várias consequências, incluindo as lesões músculo-esqueléticas do dorp
ocupacional – LMERT
Estas são lesões que perturbam músculos, ossos, articulações, ligamentos, nervos, cartilagens, e
discos vertebrais. Estas perturbações podem ser detetadas através de entorses, dor, e/ou
desconforto. De acordo com o Instituto Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho - NIOSH,
existem estudos que provam a existência de uma relação entre a exposição à actividade física
relacionada com o trabalho e as LMERT(Da Costa and Vieira 2010).
As LMERT representam uma séria preocupação entre as empresas e impactam a saúde de milhares
de milhões de pessoas em todo o mundo. Todos os anos damos conta de relatos de lesões, acidentes
relacionados com o trabalho ou mesmo mortes no local de trabalho devido a posturas
desconfortáveis, sobreextensões e movimentos repetitivos (Naik and Khan 2020). Existe uma forte
ligação entre os factores físicos relacionados com o trabalho, agravados pelos elevados níveis de
exposição e a prevalência de LME entre o pessoal, especialmente quando combinados com a
exposição a múltiplos factores em simultâneo ou na mesma tarefa (Jin et al. 2011). Estas situações
levam ao desenvolvimento de LMERT colocando em perigo a saúde dos empregados. Nos EUA,
em 2016, 356.910 casos de LME em 2015 (Ji and Piovesan 2020). Se nos concentrarmos na
Europa, as LMERT representam 39% das doenças profissionais comunicadas num ano. Estas
doenças têm resultados na vida das pessoas e causam problemas nas empresas em que trabalham.
No Canadá, representam 39% do tempo perdido no Ontário pelos trabalhadores.
Atendendo ao Conselho Nacional de Investigação e ao Instituto de Medicina em 1995, estas
lesãoes tiveram um custo anual de 215 mil milhões de dólares. Entre 1992 - 2010, as LMERT
representaram 29 - 35% de todas as lesões e doenças profissionais, obrigando o trabalhador a ser
dispensado das suas tarefas (Bhattacharya 2014).
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que quase 2,3 milhões de trabalhadores
morrem devido a acidentes e doenças relacionadas com o trabalho. De uma perspectiva global, há
cerca de 337 milhões de acidentes de trabalho e 160 milhões de doenças profissionais por ano (Al-
Tuwaijri et al. 2008).
Ao longo dos tempos, a ergonomia sentiu a necessidade de se adaptar e melhorar as suas técnicas
de diagnóstico. Estas não se mostram consensuais entre os profissionais e as tecnologias
disponíveis têm sido objecto de discussão (Viikari-Juntura and Riihimäki 1999). O processo de
dimensionamento de uma estação de trabalho é a base para tudo. O objectivo é ajustar a tarefa ao
1
empregado e nunca o contrário. Para fazer este procedimento correctamente, é obrigatório ter em
conta o estado da arte existente, onde podemos encontrar os requisitos e as restrições para um
determinado indivíduo atendendo aos valores de referência estipulados. Mesmo com este processo
de avaliação e a evolução da técnologia e industrialização nas empresas, é evidente que a taxa de
LMERT e outras doenças relacionadas com o trabalho não aparenta sofrer uma queda, de facto, é
exactamente o oposto.
Precisamos de dar um passo em frente no método de diagnóstico e torná-lo mais proficiente e
precaucionário. Para atingir este objectivo, é necessário atingir uma fase em que possamos avaliar
as características individuais e fazê-las corresponder às exigências e características das tarefas. O
futuro passa por esta via, e a análise do movimento, em tempo real, pode vir as nutrir um papel
importante nesta ideia, uma vez que nos ajudará a prevenir o desenvolvimento de LMERT e
doenças profissionais numa fase inicial.
Previsivelmente, este "Futuro" terá as suas limitações, e precisamos de as considerer para que
possam ser minimizadas. Em alguns casos, quando um operador se encontra cansado ou mostra
sinais de fadiga, é intrínseco ao ser humano dobrar-se, e transferir o seu peso de perna para perna
ou a assumir posturas irresponsáveis, por forma de atenuar esse cansaço. É necessário entender de
que forma esta tecnologia é capaz de percecionar o estado do trabalhador, por forma de não
aumentar os níveis de stress com constantes correções.
1.2 Estatísticas
2
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior
De acordo com a Figura 2, é possível entender de que forma as LMERT impactam as diferentes
indústrias e o seus trabalhadores. Podemos ainda perceber quais a slesões mais frequentes em cada
uma dessas indústrias. De entre as demais, destacam-se os trabalhadores da agricultura, sivicultura
e pesca, os operadores de instalações e máquinas e ainda os trabalhadores de arteasnato. Indústrias
com tarefas de cariz manual tendem a ser mais impactadas por este tipo de lesão. Todas as têm em
comum uma maior taxa de incidência de uma ou mais lesões, como observável no gráfico da figura
(European Agency for Safety and Health at Work).
Nos postos de trabalho, diferentes tarefas têm contribuições diferentes no que conserne ao
aparecimento de lesão. A idade impacta o aparecimento de lesão, conforme observado pelo gráfico
da figura 3. Com o aumento da idade a tendência para o surgimento de lesão aumenta, devido à
diminuição da resistência corporal.
Figura 3 - Percentagem de trabalhadores que reportaram LMERT nos últimos 12 meses, por
idade
2 ESTADO DA ARTE
É mencionado na introdução que estas lesões afectam várias estruturas e/ou segmentos do corpo.
Podendo ser agrupadas de acordo com estrutura anatómica que afectam (Vern Putz-Anderson
1988):
2.2 Sintomatologia
As LMERT têm vários sintomas clínicos que, por vezes, podem nem ser notados pela pessoa. Estes
incluem: fadiga; altos níveis de dor; desconforto; baixos níveis de dor e edemas (Fonseca, Rosário;
Serranheira 2006). Entre estes sintomas, os mais frequentes são a dor, fadiga, desconforto, perda
4
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior
de força muscular e edemas. No entanto, estes sintomas afectam as pessoas de diferentes formas e
níveis, de acordo com os seus factores físicos, localizações e intensidade.
Em certos casos, os sintomas são muito específicos, levando a um diagnóstico fácil. Outros,
contudo, manifestam-se através da dor e/ou desconforto, não mostrando sinais de uma lesão
específica. Isto torna o diagnóstico mais desafiante, dado que se a origem da lesão não for
correctamente identificada, o tratamento não será o mais adequado ou eficaz. Por este motivo, o
diagnóstico é tão importante para o tratamento das LMERT.
No início, os sintomas são intermitentes, assim que a exposição começa a ser contínua e
prolongada, começam a intensificar-se gradualmente, tornando-se persistentes durante o dia e, em
alguns casos, durante a noite. Esta é uma fase em que a pessoa começa a sentir-se afectada nas
tarefas do dia-a-dia e no próprio local de trabalho. Quando isto evolui para doenças crónicas, pode
também surgir um inchaço da área afectada e uma sensação de hipersensibilidade.
A ergonomia é um campo científico com 40 anos, que tem vindo a afectar as pessoas desde os
primórdios. Esta ciência visa tornar o trabalho mais leve e mais eficiente, aumentando o
desempenho sem nunca causar qualquer dano aos trabalhadores. Durante todo este tempo, este
conceito diversificou-se, e com a mecanização, houve a integração dos trabalhadores num sistema
"homem-máquina" através da utilização de ferramentas eléctricas e manuais e computadores. Isto
trouxe um mundo completamente novo de riscos a ter em conta.
A palavra Ergonomia tem a sua origem em palavras gregas: "Ergo" que significa trabalho, e
“Nomos”, que significa regras. Pode-se concluir que a Ergonomia desenvolve as regras que gerem
o trabalho enquanto estuda o comportamento humano e o seu desempenho durante a realização de
tarefas.
Existem dois tipos diferentes de ergonomia: Conceção e Correção. O primeiro tem o seu campo
de ação na conceção da tarefa e do posto de trabalho. Ao mesmo tempo, a ergonomia de Correção
é projectada para melhorar as condições de trabalho existentes, permitindo normalmente apenas a
modificação de alguns elementos do posto de trabalho e não todo o seu redimensionamento.
A ergonomia debruça-se sobre os seguintes campos:
• Ergonomia Ambiental - visa a interação entre o trabalhador e fatores ambientais, tais como
o ambiente térmico, o ambiente visual, o ruído e as vibrações;
• Ergonomia Geométrica - estuda a relação entre o trabalhador e os seus postos de trabalho;
• Ergonomia Temporal - promove a adaptação do trabalho ao homem, dependendo do tempo
(Horário de trabalho);
• Ergonomia da Comunicação - está relacionada com a conceção da comunicação, quer entre
utilizadores, quer entre utilizadores e equipamento de trabalho.
2.3.1 Avaliação Ergonómica
A análise ergonómica de uma tarefa ou posto de trabalho consiste numa avaliação realista e
rigorosa do trabalho. Esta é realizada momento a momento, com um acompanhamento permanente
no terreno, baseado nas imposições do trabalho, percebidas através de um levantamento exaustivo
das tarefas e da forma como estas são realizadas.
Este tipo de análise é feito através da observação direta, onde são descritos aspectos como a
actividade, o comportamento do trabalhador, as condições de trabalho, as ferramentas utilizadas,
a forma como a tarefa é executada e tudo aquilo em que o colaborador está envolvido. No entanto,
para que a informação recolhida seja a mais rigorosa, os trabalhadores devem ser sujeitos a
entrevistas de campo, onde podem colocar por palavras as tarefas que executam e esclarecer
questões que surjam durante a observação. Estas tarefas são tão rotineiras para estes trabalhadores
que estes têm dificuldade em explicá-las e em perceber os riscos em que incorrem. No entanto,
este tipo de avaliação no terreno tem alguns constrangimentos, tais como o embaraço do
colaboradore em ser monitorizado podendo levar a que este mude a sua forma de executar uma
determinada tarefa para o que pensa ser "correcto" ou ainda uma eventual estratégia de resposta
momentânea. Para além desta observação no terreno, os factores individuais de cada pessoa devem
ser sempre tidos em conta, para isto são aplicados vários questionários durante as entrevistas, tais
como: O Questionário Nórdico (Validado) e diversos questionários validados relacionados com
informação pessoal, hábitos de vida, histórico de saúde e lesões e qualidade do sono.
Todos estes dados facilitam a interpretação dos resultados da avaliação, uma vez que cada
indivíduo é único. A mesma avaliação pode fornecer resultados diferentes, mesmo que sob as
mesmas condições, basta estabelecer uma relação directa com os factores pessoais de cada
indivíduo. Uma avaliação ergonómica para indivíduos saudáveis resulta numa conclusão que
provavelmente será diferente se tratarmos uma amostra com lesão pré-existente. Como indicado
no quadro jurídico e normativo, várias normas e directivas europeias abordam este tópico. No
entanto, a taxa de lesões continua a aumentar, apesar de todos os esforços. Há um problema na
abordagem destas normas, que reside na generalização da amostra, dividindo-a em classes com
diferentes valores de referência, sem nunca contemplar uma ligação direta com os factores
individuais. Foram publicados vários estudos relacionados com os avanços tecnológicos no
diagnóstico e monitorização de lesões músculo-esqueléticas, como será listado abaixo. Embora a
maioria deles se enquadre no âmbito do desporto, podemos utilizar esta mesma informação e
aplicá-la ao contexto profissional.
As LMERT necessitam de uma abordagem mais biomecânica e individualizada, conseguida,
através da monitorização 3D, utilizando sistemas de câmara e/ou sistemas de monitorização como
o Xsense. Com recurso a estes sistemas o funcionário é monitorado em tempo real e a sua tarefa
é, posteriormente, com processamento de dados, fragmentada para uma análise meticulosa
avaliando os vários segmentos do corpo activados, os ângulos das articulações, as velocidades de
execução e as forças aplicadas. Com uma abordagem desta natureza, combinanda com todos os
conhecimentos e estado da arte existentes, com todas as normas e directivas europeias, pode ser
6
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior
A avaliação ergonómica precisa de ter em conta vários fatores que têm um papel determinado no
desenvolvimento das LMERT. Entre eles estão os Movimentos Repetitivos; Movimentação
Manual de Cargas; Posturas Estáticas; Períodos Curtos de Pausa; Vibrações; Condições Térmicas,
e Fatores Psicossociais (B. P. Bernard 1997), muitos destes fatores agrupam-se em simultâneo na
mesma tarefa, o que torna a situação ainda mais gravosa.
Habitualmente, estes fatores, figura 5 (Hartmann 2010), podem ser divididos em três grupos:
8
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior
A nível europeu, as diretivas devem ser transpostas para a legislação nacional de cada estado
membro para aí produzirem os efeitos pretendidos. Estas diretivas estabelecem os objetivos a
alcançar por cada membro da União Europeia (UE), dando-lhes a liberdade de escolher os meios
para a sua implementação. As principais diretivas europeias relevantes para a prevenção de
LMERT estão listadas na tabela 1:
Directiva Descrição
200/44/EEC Vibrações
A monitorização da incidência, das causas e da prevenção das LMERT é feita pela EU-OSHA.
Esta organização apoia e encoraja as boas práticas no trabalho e a criação de condições adequadas.
3.2 Normas
Normativa Descrição
Na tabela 3 estão listadas as principais leis portuguesas relacionadas com a prevenção destas
lesões. A maioria destas leis transpõe as directivas europeias:
Lei Descrição
4 REVISÃO SISTEMÁTICA
O objetivo desta pesquisa científica recaiu sobre a recolha de informações sobre o tema proposto.
O objetivo é compreender como as técnicas de diagnóstico evoluíram com os anos e adequar o
atual estado da arte à legislação para o desenvolvimento deum software de análise de movimento
onde o diagnóstico das LMERT é mais preciso. Para tal, foi feita uma revisão sistemática de vários
artigos encontrados, para compreender a sua adequabilidade com o assunto em estudo. Para isso,
é essencial estabelecer as palavras-chave específicas ("Análise de Movimento; "Monitorização
3D"; "Biomecânica"; "Ergonomia"; "Distúrbios Musculoesqueléticos" e "Avaliação de Risco"),
10
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior
uma vez que essas palavras conduzem a investigação para a recolha de informação desejada. Este
processo não pode ser automático, caso contrário, pode não obter a melhor informação disponível.
Houve a criação de vários conjuntos de palavras para a pesquisa de infromação nas bases de
pesquisa apropriadas (Exemplo: "PubMed", "Scopus", "Inspect" e "WebOfScience").
Subsequentemente, foi obtido e avaliado um certo número de resultados para compreender se os
arranjos de palavras eram virtuosos ou se seriam necessários ajustes nestes conjuntos para adquirir
informação mais específica e e adequada. As palavras-chave precisam de ser testadas na mesma
ordem em cada base de pesquisa. Isto irá garantir-nos que esta é feita correctamente, assim seremos
capazes de perceber qual a base de pesquisa mais adequada ao assunto do estudo.
12
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior
Muitos dos artigos incluídos debruçam-se no campo da Ergonomia, e residem no tema da análise
de movimento, LMERT e análise de lesões. Após a pesquisa, fica claro que os resultados se
dividem em vários campos: Contexto Desportivo, Contexto Ocupacional, Prevenção de LMERT
e Medicina.
Foram incluidos estudes que cumprissem os seguintes critérios: a) Contexto ocupacional; b)
Prevenção de lesão; c) Amostra sem patologias pré-existentes; d) Âmbito do desporto.
Estes artigos caracterizam vários ambientes (mencionados anteriormente), mas, em geral, a
maioria deles pertence ao contexto ocupacional, dado ser esse objetivo de todo este projeto. No
início da pesquisa, foram recolhidos 143 artigos. Após a triagem, 11 artigos sobre o tema
persistiram preenchendo todos os critérios estipulados. Todos os outros foram postos de lado,
porque não correspondiam a todos os requisitos.
Há mais estudos, relativos a avaliações ergonómicas, no campo do desporto, em comparação com
o context ocupacional, utilizando novas tecnologias e novas metodologias. Estes conhecimentos
podem ser utilizados e aplicados ao contexto profissional.
Embora os estudos dos vários artigos se debruçem em áreas diferentes, há uma coisa em comum:
a prevenção das LME e das doenças profissionais. Esta questão comum tem abordagens distintas,
apoiando-se em várias técnicas. Algumas mais desenvolvidas tecnologicamente utilizando a
monitorização 3D, para avaliar o ambiente e a população nas suas tarefas. Outras, utilizam os
métodos tradicionais de avaliação ergonómica, identificando os factores de risco e avaliando as
tarefas segundo os parâmetros normativos. Os primeiros são os artigos mais interessantes, porque
utilizam sistemas Optoelectrónicos (com seis câmaras), sistemas de análise de movimento
tridimensional (VICON Motion System) e um sistema de captura de movimento (BTS-Elite
system). Confiando neste tipo de software pode medir-se diferentes variáveis e segmentos
corporais em tempo real, obtendo resultados detalhados e avaliando os riscos mais significativos
e os segmentos mais impactados. A avaliação feita por este tipo de tecnologia tem o mesmo
princípio que os métodos tradicionais, mas mais avançados ao nível da infromação recolhida.
Medem as posturas, os vários ângulos associados aos segmentos do corpo que se mostram ativados
nas tarefas e realizaram uma avaliação do risco presente na tarefa (Han et al. 2013). A mais valia
destes sistemas recai sobre a melhor compreensão da tarefa e das suas variáveis, através de uma
obtenção rigorosa da forma como a tarefa é realizada e do impacto que tem sobre o indivíduo.
Mesmo com estas tecnologias o contacto direto, através de questionários e entrevistas, com os
trabalhadores não pode ser desvalorizado, dado que a informação daí retirada é a mais real
possível, proveniente dos sujeitos envolvidos (Naik and Khan 2020).
Os métodos tradicionais de avaliação ergonómica devem ser associados a estes avanços nas
tecnologias. As variáveis avaliadas nas normas podem ser resumidas e acopladas a um software
de modo a que o estado da arte não seja ignorado, mas sofra uma evolução produtiva no
diagnóstico e tratamento das LMERT.
A avaliação feita apoiada numa vertente biomecânica, medindo orientações de secções corporais,
ângulos de movimento, velocidades angulares, forças aplicadas e posturas, precisa de ser adaptada
às características de cada indivíduo. Este método permite-nos compreender de que forma a
realização da tarefa e as estratégias de resposta são afectados pelas características individuais.
Além disso, é possível dimensionar a tarefa em torno do trabalhador e não o contrário, aumentando
o desempenho e reduzindo o risco de lesão (Harris-Adamson et al. 2019).
Em conclusão, é comum a todos os artigos o reconhecimento de falhas neste tópico e na sua
abordagem, não havendo acordo sobre o melhor método a ser utilizado (Li and Buckle 1999). As
maiores descobertas recaem sobre o diagnóstico de lesão, através da evolução dos sistemas de
monitorização dos indivíduos, acautelando o estado da arte existente, bem como os diversos
fatores de risco, mencionados anteriormente, o histórico de trabalho dos sujeitos e de que forma
tudo isto impacta o surgimento de lesão (Ji and Piovesan 2020).
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Tabela 4 - Artigos selecionados
Autor, Ano Campo de Objetivos METODOLOGIA
investigação Perído Duração dos População Amostra Variáveis medidas e seções Equipamentos Calibração de Questionário
testes corporais equipamentos
Análise de lesão Investigação sobre o risco de Falta de 2 minutos Profissionais 132 Ângulos de pulso; Consumo de O2; IBM SPSS Statistics 24.0; Falta de Informação Qustionário Nórdico
(Naik and Khan perturbações músculo- Informação de limpeza profissionais Ritmo cardíaco; Elevação do braço Sixchannel EMG sensores. validado
2020) esqueléticas em superior; Velocidades angulares.
profissionais envolvidos em
tarefas de limpeza do chão.
Análise de lesão Impacto de uma ferramenta Falta de 2-5 minutos Empregadas 16 sujeitos A média de elevações/cama , SEMGelectrode de superfície Falta de Informação Falta de Informação
(Harris-Adamson de elevação de colchões e Informação de Hotel posição média e velocidade de pré-amplificado ; vídeo digital a
et al. 2019) tipo durante a fabricação de execução e aceleração da coluna cores a 25 Hz; himpo MF-
camas. lombar e a % de tempo gasto; 100,Wilmington, NC
Frequência cardíaca.
(Dabholkar et al. Análise Postural Risco ergonómico postural 3 years. Falta de Cirurgeões. 10 cirurgeões Orientação angular 3D da secção Unidade de Medição Inercial Falta de Informação Falta de Informação
2017) em otorrinolaringologistas Informação do corpo; Movimento da (IMU) tecnologia de sensores
enquanto realizam Cirurgia Articulação; Orientação e medições (Noraxon Inc., Scottsdale, AZ,
Endoscópica Funcional em de ângulos anatómicos. EUA), sistema de análise de
tempo real movimento tridimensional
Análise de lesão Caracterizar a orientação do Falta de Falta de Jogadores 66 Ombros e Pernas Sistema de captura de Falta de Informação Falta de Informação
(Kawasaki et al. tronco no momento do Informação Informação de rugby jogadoress. movimento por infravermelhos
2018) impacto durante as (Vicon MX; Oxford Metrics);
placagens. software Nexus (v 1.8.5; Vicon),
e análises cinemáticas foram
realizados com software
Bodybuilder (v 3.5; Vicon).
(Manghisi et al. Análise de lesão Investigar o potencial da Falta de 10 minutos Falta de 11 sujeitos Tórax, Braços superiores e Sensor cinético; Sistema de As equações de Falta de Informação
2017) utilização de sensores 3D Informação Informação antebraços monitorização de movimento calibração foram
nos ombros durante a (Optotrak Certus System, desenvolvidas
utilização de computadores. Northern Digital, Canadá) utilizando a regressão
linear para esse ângulo
de visão.
Avaliação de Testar a fiabilidade e Falta de 30-45 Falta de 37 Postura (posição pélvica e da Qinematic™; sistema de Falta de Informação Falta de Informação
(Grooten et al. software validade do Qinematic™ Informação minutos Informação participantes cabeça, distribuição de peso), monitorização de movimento
2018) numa população saudável e (30 equilíbrio (área de balanço e (sistema BTS-Elite) incluindo
calcular as diferenças Participantes- velocidade em posição de uma e uma placa de força Kistler.
clínicas para as variáveis de Amostra de duas pernas) e curvatura lateral.
interesse. Um outro objetivo controlo)
era identificar a validade
discriminatória do
Qinematic™ em pessoas
com dores lombares baixas
Análise Postural Comparação postural, no Falta de 8 horas Dentistas e 21 Dentistas Posturas (braços, pernas e costas e Sistema CUELA (assistida por Falta de Informação Falta de Informação
(Nowak et al. âmbito ocupacional, de Informação Ortodontist and 21 torções traseiras), ângulos do computador e análise a longo
2016) dentistas e ortodontistas as Ortodontistas corpo. prazo de cargas músculo-
nos seus postos de trabalho. esqueléticas); acelerómetros
(ADXL); um computador de mão
(UMPC Samsung Q1 Samsung
Electronics GmbH. Schwalbach,
Alemanha))
15
Autor, Ano Campo de Objetivos METODOLOGIA
investigação Perído Duração dos População Amostra Variáveis medidas e seções Equipamentos Calibração de Questionário
testes corporais equipamentos
103/203) e giroscópios (muRata
ENC-03R)
(Han et al. 2013) Avaliação Este estudo propõe um novo Falta de Falta de Falta de 4 participants O estado de flexão ou extensão da Avaliação Corporal de Todo o Falta de Informação Falta de Informação
biomecânica sistema de portas para Informação Informação Informação mão na articulação do pulso, flexão Corpo (REBA); sistema de análise
máquinas de secar roupa ou alongamento do pescoço, de movimento tridimensional
que pode ser utilizado de flexão, extensão, adução da parte (VICON Motion System); g
forma mais conveniente. superior do braço, BRG.LifeMOD software; software
articulação do ombro, estabilidade MSC.ADAMS
da parte inferior do corpo e ângulo Ltd., UK)
de flexão do joelho, flexão da parte
inferior do braço na articulação do
cotovelo, e flexão/ extensão da
cintura (espinha torácica e
lombar).
Análise de lesão O objetivo é estimar as Falta de 30 Enfermerios 6 male nurses Sacrum e C7 (foram utilizados Sistema optoelectrónico com 6 O volume calibrado Falta de Informação
(Cimolin et al. cargas espinais e o respetivo Informação elevações( outros marcadores mas não câmaras (460 VICON, Oxford para esta aplicação foi
2016) risco de lesão para os não refere o considerados para esta análise); Metrics Ltd., Oxford, Reino de 2 m de comprimento
enfermeiros ao levantar tempo) ângulo do tronco em Unido; com uma taxa de (eixo x do sistema de
pacientes obesos do chão o plano sagital; força exercida amostragem de 100 Hz) referência do
com durante uma sobre o disco vertebral L5/S1 laboratório), 2 m de
emergência hospitalar. altura (eixo y do
sistema de referência
do laboratório) e 2 m
ao longo do eixo z do
sistema de referência
do laboratório
Movimentação O objetivo é determinar o Falta de Falta de Militares 16 active Ângulo espinhal; rotação axial do RealTime, Motion Analysis O sistema de análise de Falta de Informação
(Lenton et al. Manual de impacto da armadura Informação Informação males tronco. Corporation, Santa Rosa, CA), movimento foi
2016) Cargas corporal sobre o tronco e a marcadores retro-reflexivos calibrado antes de
anca durante a execução de esféricos de 15-mm todos
tarefas militares comuns e, ensaios. Cada câmara
avaliar a conceção da recolheu dados a uma
armadura taxa de 100 Hz.
Disposição de análise
da marcha de Helen
Hayes ( Sobre os
marcadores)
Avaliação de O objetivo deste estudo é 600 trials * (10 - 10 - 60 Falta de 20 Ângulo da articulação, ângulo do Sistema de rastreio de sensor Falta de Informação Falta de Informação
(Ji and Piovesan software determinar se os sistemas 60seconds) segundos. Informação participants ombro (Movimento de corpo por desgaste magnético inercial,
2020) de rastreio inercial- inteiro); articulações do cotovelo, Xsens MVN (Enschede, Holanda),
magnético podem ser joelho e tornozelos, Rotação Axial.. sistema de monitorização
adequadamente utilizados baseado em câmaras, Cortex
para realizar análises de (Motion Analysis Corporation,
movimento de corpo inteiro Califórnia, EUA); dezassete
ao executar tarefas comuns sensores de Xsens MVN.
na indústria de fabrico
automóvel.
16
5 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO
As LMERT representam uma séria preocupação no ambiente ocupacional, tal como mencionado
anteriormente. Estas perturbações requerem um diagnóstico eficaz que evite a sua incidência. O
atual estado da arte fornece ajuda para este problema. No Quadro Legal e Regulamentar são
apresentadas as directivas relativas às avaliações ergonómicas. Ainda assim, mesmo com a
legislação, este problema tende a crescer e a tornar-se mais grave. Devido a esta realidade, este
tópico requer um passo em frente no diagnóstico.
Proceder a uma análise ergonómica que permita compreendar quais as situações de risco a que os
trabalhadores dos postos de trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior, estão sujeitos
considerando aspectos do histórico profissional, características individuais e a sintomatologia.
Os principais objetivos específicos deste estudo são:
• Efetuar uma avaliação ergonómica, mediante referenciais normativos, das tarefas
executadas pelos funcionários afetos às Estações Elevatórias de Gaia Interior e Litoral.
• Identificar as tarefas críticas e não críticas executadas com base nas análises ergonómicas
realizadas.
• Fazer um levantamento da sintomatologia e fatores individuais que propenciam a lesão.
• Analisar de forma integrada os resultados a sintomatologia, as características individuais
dos trabalhadores face ao resultado da análise ergonómica dos postos de trabalho.
• Propor medidas preventivas para cada tarefa avaliada, com especial enfoque nas tarefas
críticas.
6 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EMPRESA
17
Figura 7 - Mapa do Sistema Vila Nova de Gaia
O sistema de gestão desta empresa encontra-se esquematizado na figura 8. Este sistema está
dividido em processos interligados entre si.
Este sistema de gestão está certificado pelas seguintes normas: ISO 9001/20015; ISO 14001/2015;
ISO 45001/2018; SA 8000/2014 e ISO 50001/2018.
A SIMDOURO, S.A é parte integrante da empresa Águas do Douro e Paiva, S.A, um empresa do
grupo Águas de Portugal, S.A. Deste modo, as Águas do Douro e Paiva, S.A deste modo existe
uma partilha de serviços entre as duas empresas em diversos departamentos.
18
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior
20
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior
Para a realização da tese de mestrado foi tido como objeto de estudo a equipa de manutenção das
Estações Elevatórias de Gaia Interior.
As estações elevatórias são instalações que rececionam a água residual de uma determinada região.
Aqui, recorrendo à utilização de grades mecânicas, a água residual entra na obra de entrada e sofre
uma gradagem. Nesta primeira fase, a grade separa os resíduos sólidos de maior granulometria da
água, enviando-os para um contentor. Os gradados são recolhidos assim que se verifique que o
contentor está cheio. A água residual, após a gradagem, é bombeada para a ETAR Gaia Litoral,
onde irá sofrer o restante tratamento.
Em virtude da prevalência das Lesões Musculoesqueléticas do foro ocupacional, nos trabalhadores
da Simdouro, foi feito um mapeamento das atividades desempenhadas por estes homens, de modo
a perceber quais são as suas tarefas e de que forma são desempenhadas. Neste levantamento o
principal objetivo recaiu sobre o perfeito entendimento dos seus turnos de trabalho, de todas as
suas tarefas e da maneira que são realizadas. Com este levantamento foi possível sumariar o
processo de trabalho destes homens, retirando todas as informações necessárias como: tempos de
execução de tarefa, número de elementos das equipas de trabalho, descrição pormenorizada das
tarefas, posturas adotadas, distribuição dos turnos e horas de trabalho, ferramentas e equipamentos
de trabalho utilizadas e ainda tempos de viagem entre instalações.
Todos estes passos foram feitos seguindo um planeamento lógico, conforme apresentado na figura
1, de modo que todas as conclusões e resultados sejam rigorosos. Para o diagnóstico deste tipo de
lesão é importante seguir um raciocínio encadeado, de forma a ser possível cruzar todas as
informações, daí esta proposta de metodologia de abordagem às lesões músculo-esqueléticas.
O mapeamento exaustivo das tarefas é o primeiro passo a dar. Este foi feito através de um
acompanhamento diário aos trabalhadores, no terreno. Durante este trabalho de terreno, foram
realizadas, a todos os trabalhadores da amostra, entrevistas individuais, permitindo-lhes explicar
as suas próprias tarefas, o modo de execução das mesmas e o que consideram mais crítico. Esta
abordagem, levando à verbalização por parte dos intervenientes sobre as suas tarefas, implica uma
toma de consequência dos riscos em que incorrem, dado que as tarefas são de tal forma rotineiras
que a perceção do risco tende a desvanecer. Ainda, durante as entrevistas, foram aplicados dois
questionários distintos, por forma de um melhor entendimento da amostra. Neste mapeamento,
pretendeu-se recolher todas as informações relevantes relacionadas com as tarefas desempenhadas,
desde:
• Tempos de Exposição às tarefas;
• Ferramentas utilizadas;
• Duração das Tarefas;
• Cargas Manobradas;
• Posturas;
• Condições do Local.
7.2 Entrevistas
7.3 Questionários
Durante o mapeamento das tarefas foram realizados, com vista a um melhor conhecimento da
amostra em estudo, dois questionários distintos, apresentados no Anexo A e B: “The Nordic
Questionnaire” e um questionário de informações pessoais, hábitos alimentares, atividade física e
qualidade de sono.
Para este trabalho, foram usadas versões validadas destes questionários, que tiveram a sua
aplicação sob a forma de entrevista anónima.
22
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1h5EtzVzg65CiFLpTgsH6UtRl8uX4CauY/edit?usp=sharing&ouid=106589691119607417899&rtpof=tru
e&sd=true
estar expostos. Se estes dois níveis nos indicarem a presença de risco, seja ele crítico ou não, somos
diretamente encaminhados para a norma adequada à avaliação da tarefa em questão.
Esta técnica de análise foi implementada através da utilização das folhas de cálculo do
“ERGOCHECK”, em formato EXEL, da “Internacional Ergonomics School – EPM”2. Este
ficheiro tem como referência o ISO/TR 12295:2014 e está previamente programado para ditar o
resultado desta pré-avaliação, assim que todos os campos estejam preenchidos.
A pré-avaliação das tarefas, permite-nos a categorização das mesmas: tarefas críticas (que
contemplam risco) ou tarefas sem risco ou risco aceitável, não precisando de uma avaliação
adicional. As tarefas ficam também divididas segundo a sua natureza e o “Quick Assessment”
encaminha-as para a norma de avaliação adequada:
• ISO 11228-1:2003 - “Elevação e Transporte”
• ISO 11228-2:2007 - “Puxar e Empurrar”
• ISO 11226:2000 - “Avaliação de Posturas Estáticas”
• ISO/TR 12295:2014 – “Relatório Técnico”
Atendendo à incidência das lesões músculo-esqueléticas na Simdouro, é expectável que as tarefas
críticas recaiam sobre a ISO 11228-1:2003 - “Elevação e Transporte”; ISO 11226:2000 -
“Avaliação de Posturas Estáticas” e ISO 11228-2:2007 - “Puxar e Empurrar”.
Para tarefas relacionadas com a ISO 11228-1:2003 - “Elevação e Transporte”, pode recorrer-se à
tabela A.1 do anexo A do ISO/TR 12295:2014, onde podemos observar a distribuição das massas
de referência de acordo com o género e a idade, tabela 5:
2
http://www.epmresearch.org/a57_free-software-in-english.html - Internacional Ergonomics School – EPM
24
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior
O valor da massa manobrada pelos trabalhadores tem de ser menor ou igual ao valor de massa de
referência, para eles indicado, de modo que o colaborador realize a tarefa sem risco. Para isto, é
utilizada a equação da figura 10 por forma de determinar esse critério. Caso este valor esteja acima
da massa de referência estamos perante uma tarefa que necessita de correção.
Podemos abordar esta questão através do índice de elevação (LI), este índice é calculado através
da seguinte equação: LI = mA/mR. Dependendo do valor de LI obtido, temos diferentes
interpretações possíveis, conforme a tabela 6. Este valor obtido para o LI pode necessitar de uma
correção adicional, atendendo ao número de pessoas que realizem a tarefa:
Nas tarefas de “Push and Pull” relacionadas com a ISO 11228-2/2007- “Puxar e Empurrar”, a
avaliação está divida em quatro etapas distintas. Numa primeira fase é feito um levantamento da
tarefa, dos seus intervenientes e do local onde a mesma se realiza, tabelas A.1 e A.2 do Anexo A
da ISO 11228-2/2007. Em seguida, é feito um mapeamento dos potenciais fatores de risco
associados às tarefas, com recurso à check-list do ponto A.2 do Anexo A. É necessária a
determinação de vários parâmetros:
• Altura da Pega;
• Distância do movimento (“Puxar e Empurrar”);
• Frequência do movimento (“Puxar e Empurrar”);
• Amostra em estudo;
• Forças recomendadas para 90% da população que realiza a tarefa (Tabela A.5 a A.8);
• Medição das forças associadas à tarefa.
Com todos estes valores reunidos é possível avaliar a tarefa em relação à presença ou não de risco.
Caso as forças associadas se manifestem superiores às forças recomendadas, então a tarefa
comporta risco e necessita de ser corrigida e redimensionada. Caso contrário, a tarefa está
corretamente dimensionada não comportando risco de lesão para os trabalhadores. Existe ainda
outro cenário a ter em conta, mesmo que as forças associadas à tarefa sejam inferiores às
recomendas, havendo a presença elevada de fatores de risco, a tarefa passa a ser crítica e a
necessitar de correção.
Em relação às posturas estáticas recorre-se à ISO 11226/2000. Esta avaliação considera diversos
segmentos corporais:
• Postura do Tronco – Tabela 1 ISO 11226:2000;
• Tempo de Inclinação do Tronco - Tabela 2 ISO 11226:2000;
• Postura da Cabeça - Tabela 3 ISO 11226/2000;
• Tempo de Inclinação da Cabeça- Tabela 4 ISO 11226:2000;
• Postura dos Ombros e Braço – Tabela 5 ISO 11226:2000;
• Tempo de Elevação do Braço – Tabela 6 ISO 11226:2000;
• Postura do Antebraço e Mão – Tabela 7 ISO 11226:2000;
• Postura da Parte Inferior do Corpo - Tabela 8 ISO 11226:2000
Numa primeira análise são avaliados os ângulos desses vários segmentos, recomendados com base
nos riscos de sobrecarga corporal. A avaliação gera três resultados: “Aceitável”; “Prossiga para o
segundo passo” ou “Não Recomendável”. Caso a avaliação resulte em “Aceitável” significa que
não existe risco de lesão. Caso contrário, devem ser feitas correções às posturas adotadas para que
seja adotada uma postura neutra no desempenho das tarefas.
26
Análise Ergonómica dos Postos de Trabalho de estações elevatórias de gaia litoral e interior
PARTE 2
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sim (1-2h
Colaborador 8 40 177 72 Masculino 9 Não Sim
semanais)
Sim (3h
Colaborador 9 44 193 88 Masculino 10 Não Sim
semanais)
Como podemos observar na tabela 7, amostra em estudo é representada, na sua integra, por
elementos do sexo masculino. Para este projeto foram selecionados 11 homens, no entanto devido
às férias dos trabalhadores e a um deles estar de licença, apenas foi possível obter uma amostra de
9 trabalhadores. A amostra em estudo tem idades entre os 38 e os 55 anos de idade. Estes homens
têm uma altura compreendida entre 1.59 e 1.89 metros, com um peso médio de 81Kg. A presente
empresa, Simdouro, foi criada devido à cisão com as Águas do Norte, S.A, no entanto, estes
trabalhadores migraram para a atual empresa, continuando a exercer as suas funções. Desta forma,
podemos perceber que, na sua grande maioria, esta amostra tem um histórico de trabalho de 8 a 13
anos neste tipo de funções, sendo que os últimos 6 anos foram já na Simdouro.
Conforme observado na tabela, a totalidade da amostra consome bebidas alcoólicas e 33% são
fumadores. De forma geral, a ingestão de bebidas alcoólica ocorre durante as refeições fora do
local do trabalho e por norma ingerem: vinho ou cerveja. Em relação ao tabaco, os trabalhadores
que fumam, revelam que consomem entre um e dois maços de tabaco por dia.
29
8.2 Mapeamento das Tarefas
Foi feita uma análise observacional, em terreno, acompanhando estes homens no seu dia-a-dia.
Nesta análise foram realizadas diversas entrevistas, por forma de fazer um levantamento das suas
informações pessoais, das suas tarefas diárias e da evolução das suas condições de trabalho,
conforme mencionado na metodologia.
Com o passar dos anos as tarefas foram sofrendo uma evolução, caminhando para um patamar
mais mecanizado, diminuindo assim, em grande escala, parte do risco e esforço físico exigido aos
trabalhadores. Com as entrevistas, conseguiu-se obter relatos sobre o seu histórico de trabalho,
nestas mesmas tarefas. OS trabalhadores mencionaram que certas tarefas eram “desumanas” e que
“requeriam um esforço físico brutal” da sua parte.
Antigamente, estas eram puramente manuais, não existindo as melhorias tecnológicas hoje
existentes na Simdouro, o que impunha um esforço físico muito superior ao recomendado, levando
a que fossem adotadas posturas e movimentos totalmente desadequados, do ponto de vista
ergonómico, promovendo a contração de lesões músculo-esqueléticas. A aptidão que o corpo
humano nutre para a realização de esforços físicos tem uma importância grande na predisposição
para a lesão. Neste caso, o tempo de exposição a este tipo de tarefas é longo por parte dos
trabalhadores, conforme mencionado. As lesões pré-existentes advêm da realização manual das
tarefas atuais, dado que o esforço físico era superior e os fatores de risco estavam mais agravados.
O elevado risco aliado ao longo período de exposição, que continua até aos dias de hoje, provoca
com que as lesões sejam de cariz cumulativo, dado que o tempo de recuperação não é suficiente
face à solicitação do esforço, logo estes homens ficam condicionados a sua vida toda, pois
continuam a realizar as tarefas, ainda que com menos risco, no entanto estão muito mais
vulneráveis e propensos a contrair uma qualquer lesão. Os fatores físicos impactam esta
predisposição, um corpo mais vulnerável não nutre a mesma capacidade de esforço que corpos
saudáveis.
30
Este grupo de trabalhadores divide-se em equipas de duas pessoas, trabalhando por turnos.
Atualmente, os turnos estão divididos da seguinte forma: 08h - 17h; 15h-24h; 24h-08h.
As tarefas desempenhadas são as seguintes:
31
Figura 12 - Portas da Estação Elevatória
Lavadores
• T.4 - Remoção dos Gradados – Todas as semanas, o camião grua percorre as estações
entre 1 e 2 vezes por semana, dependendo da quantidade, para remover o saco dos
gradados e os transportar para a ETAR de Gaia Litoral. Esta tarefa é puramente mecânica
e dura aproximadamente 10 minutos. O colaborador apenas necessita de prender o
gancho da grua do camião ao saco dos gradados e este eleva-o para dentro do camião.
Existem três estações onde esta tarefa exige um esforço adicional por parte do
colaborador. Na Estação Elevatória Espírito Santo o camião grua não consegue aceder à
área da mesma, uma vez que existe um ribeiro entre a instalação e a Estrada, e a
passagem é feita através de uma ponte estreita, com aproximadamente 1.5 metros de
largura. Para a remoção dos gradados os trabalhadores necessitam de empurrar o
contentor para o exterior da obra de entrada e em seguida, empurrá-lo até à estrada para
que o camião grua possa içar o saco dos gradados. O contentor é empurrado durante 9
metros. Por fim, os trabalhadores voltam a colocar o contentor vazio na obra de entrada.
Estes contentores, quando cheios, podem pesar entre os 700 e 1000Kg. Para trazerem o
contentor até ao exterior, um dos homens coloca-se atrás do mesmo e empurra-o ao passo
que o outro se coloca à frente do mesmo e o vai guiando, impedindo que este ganhe força
e caia da ponte. Nesta instalação, a tarefa dura 30 minutos. Nas instalações do Largo da
Cruz e Afurada, esta tarefa também requer um esforço adicional por parte do
colaborador, ainda que não seja tão elevado como na anterior. Aqui o contentor é
deslocado 1 metro para o lado, para uma plataforma elevatória (elétrica) que eleva o
contentor, em seguida, os trabalhadores arrastam-no para fora da porta da instalação,
possibilitando ao camião grua içar o saco. Uma vez complete a tarefa, voltam a colocar
o contentor vazio no local. A maneira de movimentar o contentor aqui é diferente, uma
vez que as distâncias são muito menores, os trabalhadores empurram ambos o contentor
para a plataforma e em seguida para o exterior. Esta tarefa dura aproximadamente 30
minutos.
32
Figura 13 - Contentor de Gradados - Interior
Figura 14 - Contentor de Gradados
• T.5 - Abertura e Fecho de Tampas – Esta tarefa ocorre apenas na Estação Elevatória do
Juncal uma vez que a obra de entrada é enterrada. Aqui, para verificação da obra de
entrada os trabalhadores necessitam de se baixar e levantar uma tampa de 30Kg para
poderem ter acesso ao interior da obra de entrada. Esta tampa é levantada por dois
homens em simultâneo e tem pegas laterais para os auxiliar na manobra da mesma. Esta
tarefa dura 2 minutos e é feita 7 vezes por semana.
33
• T.6 - Abertura e Fecho de Tampas Grupos de Bombagem – Esta tarefa decorre nos
seguintes grupos de Bombagem: Areinho, Bouteiro, Crestuma, Lever II e Fioso. Aqui,
as tampas pesam aproximadamente 70Kg e são levantadas por dois trabalhadores em
simultâneo. Estes posicionam-se de frente para a tampa, que está no chão, e com um “T”
de 40cm conseguem-na levantar e arrastá-la para o lado. Para voltar a colocar a mesma
ao sítio, o processo é repetido de forma inversa. Existe um cuidado redobrado ao
movimentar estas tampas, pois a possibilidade de caírem dentro do grupo de bombagem
é elevada e o esforço para retirar de lá seria imenso. Esta tarefa dura 2 minutos e é feita
7 vezes por semana.
Relativamente às tarefas, foi questionado, aos trabalhadores, qual ou quais as tarefas mais difíceis
de desempenhar e por consequência que exigiam mais esforço físico da sua parte. Em resposta, a
amostra foi unânime, 100% dos trabalhadores destacaram as tarefas: T.4 (nas instalações onde não
é possível realizar a tarefa de forma totalmente mecânica), T.5 e T.6. Todas as outras, na ótica dos
trabalhadores, são fáceis de executar e não exigem um esforço físico acentuado da sua parte.
8.3.1 Entrevistas
Da realização das entrevistas resultam todos os dados relacionados com o mapeamento das tarefas,
descritos no ponto anterior e ainda os resultados dos questionários aplicados durante as mesmas.
Outro das mais valias destas entrevistas recai sobre a importância das mesmas na toma de
consciência dos riscos das tarefas. Sendo estas tão rotineiras para os trabalhadores, é natural que
as a execução das mesmas, muitas vezes, seja automática e a atenção não esteja devidamente
presente. Com a explicação da própria tarefa, vinda da parte dos trabalhadores, existe uma
34
verbalização dos riscos e das situações mais problemáticas, levando a que tomem novamente
consciência das suas tarefas e do que devem ou não evitar.
Durante as entrevistas, foi pedido aos trabalhadores que colocassem por palavras as suas tarefas e
a forma como as desempenhavam, isto para auxiliar no mapeamento das tarefas e retirar dúvidas
existentes da observação das mesmas. Um dos benefícios destas entrevistas é fazer com que os
trabalhadores tomem consciência das suas próprias tarefas e dos riscos em que incorrem, sendo
estas tão rotineiras, a perceção do risco tende a desvanecer com o passar do tempo.
Através do questionário nórdico, contemplado no Anexo A, conseguimos perceber de que forma
se distribui o desconforto corporal, entre os trabalhadores em estudo. Na figura 16, podemos
observar o diagrama corporal, retirado diretamente do Questionário Nórdico, onde se pode
observar que, para a amostra, a zona de maior incidência de dor trata-se da região lombar, que é
sentida pela totalidade dos trabalhadores, sendo que as dores nos joelhos e nos ombros surgem em
segundo lugar. Na figura 19 é possível perceber a distribuição sintomatológica por região corporal.
De todos os trabalhadores inquiridos, 80% afirmam que nos últimos 7 dias sentiram algum tipo de
desconforto associado a estas zonas corporais, principalmente na zona das costas, nomeadamente
coluna, região lombar e nos ombros, classificando a dor como um “4”. Da amostra em estudo 44%
dos trabalhadores tiveram de se ausentar do trabalho devido às dores contraídas durante a
realização das suas tarefas diárias, por um período médio de 7 dias.
35
8.3.3 Questionário de Informações Pessoais
Este questionário foi realizado com o objetivo de perceber, de forma mais profunda, cada
colaborador de forma individual. Os resultados revelam que a amostra em estudo não tem hábitos
de vida que sejam adequados às tarefas desempenhadas no trabalho, de forma a mitigar as lesões
existentes e a prevenir possíveis lesões que possam contrair, os hábitos adotados pelos mesmo não
permitem um fortalecimento corporal, o que aumenta a probabilidade de lesão.
Neste questionário foram levantadas diversas questões, de forma anónima, relacionadas com a
vida pessoal de cada colaborador, desde: hábitos de vida, prática de exercício físico, qualidade e
horas de sono, tipo de alimentação, entre outros.
De toda a amostra, 33% pratica atividade física, os restantes 67% têm uma vida sedentária fora do
local de trabalho. Dos trabalhadores que praticam exercício, as modalidades destacadas são:
caminhadas em ritmo moderado, corridas de baixa intensidade e ainda passeios de bicicleta.
De forma geral, vemos que a maioria dos trabalhadores não demonstra ter uma boa qualidade de
sono, afirmando que demoram entre 0.5h e 1h para conseguirem adormecer e raras são as vezes
onde conseguem ter uma noite de sono sem interrupções, conseguindo dormir entre 5 e 8 horas.
Admitem também, de forma não frequente, a toma de comprimidos que melhoram a qualidade do
sono. Destes trabalhadores, 44% dos inquiridos afirma tomar medicação regular, desde:
Quetiapina; Lexotan; Fluoxetina; Bromalex e Proteção Gástrica.
36
Nº de Refeições Diárias
Como é possível observar na figura 20, 66% dos trabalhadores realizam três refeições diárias,
sendo que o almoço é mais leve, uma vez que, geralmente, almoçam no trabalho e o jantar é a
refeição mais completa. 22% realiza quatro refeições diárias, passando a incluir o lanche a meio
da tarde, durante a pausa e 11% dos trabalhadores realizam cinco refeições diárias, fazendo as três
principais, pequeno-almoço, almoço e jantar, conseguindo incluir dois lanches, um da parte da
manhã e outra da parte da tarde.
A finalizar o questionário estava seguinte questão: “Como se tem sentido nos últimos dias?”. Esta
questão destinava-se não só a uma sintomatologia física como também psicológica, tendo se obtido
as seguintes respostas, como é possível de verificar na figura 21:
Sintomatologia
Senti-me irritado
Senti dificuldades em respirar
Tive dificuldades para concluir as tarefas
Senti-me nervoso
Não consegui ter pensamentos positivos
Senti a boca seca
Tive difuldades para me acalmar
Senti-me desmotivado
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Nas lesões músculo-esqueléticas o diagnóstico é uma fase fulcral para o entendimento das mesmas
e posterior mitigação. Neste caso não foi diferente, o levantamento das tarefas e o seu mapeamento
não é suficiente para justificar a taxa de incidência de lesões músculo-esqueléticas, uma vez que
analisadas de forma isolada estas tarefas não teriam esse impacto.
Aqui, entra a importância do acompanhamento dos trabalhadores e das entrevistas realizadas. A
Simdouro nem sempre pertenceu à AdDP. Esta empresa passou a pertencer à AdDP em 2017.
Apesar das várias cisões da Simdouro, a amostra em estudo continuou a exercer funções nos seus
respetivos postos de trabalho. Isto leva a que este grupo de trabalhadores tenha um histórico de
trabalho nesta indústria e funções considerável, como observável na descrição da amostra.
Foi relatado, durante as entrevistas pelos 9 trabalhadores, que até esta empresa se tornar parte
integrante da AdDP, as condições de trabalho não eram favoráveis e chegavam a ser precárias.
Durante todos estes anos de exposição às tarefas, estas foram sofrendo uma evolução positiva.
Durante vários anos todas elas tinham um cariz puramente manual, com condições muito adversas,
promovendo um esforço físico bastante acima do recomendado e, em certos casos, conforme
relatado por alguns trabalhadores, até “desumano”.
Devido à falta de grades mecânicas, a limpeza e remoção dos gradados era feita de forma manual
e diretamente no canal de entrada da água residual. Isto levava a que as bombas entupissem com
maior facilidade, devido à falta de eficácia da gradagem. Com o entupimento das bombas, estes
homens viam-se obrigados a retirar as mesmas do local para as puderem limpar e colocar
operacionais, sendo que estas bombas têm pesos muito acima do recomendado e não têm pegas
favoráveis para a sua manipulação. A remoção dos gradados não era feita com recurso a um camião
grua, mas sim de forma manual. Os trabalhadores tinham de coletar os gradados para baldes e
acartá-los para contentores que depois seriam transportados para a ETAR, havendo situações onde
estavam obrigados a subir escadas, com estes baldes carregados. É possível perceber que durante
muitos anos esta amostra esteve sujeita a situações de risco extremo, adotando posturas erradas,
realizando tarefas duras e mal dimensionadas, com cargas excessivas e tempos de exposição
elevados. Podemos compreender que já existem lesões nestes trabalhadores, associadas, sobretudo,
à região lombar, mas também ao nível dos ombros e braços e que, no seu dia-a-dia, têm de trabalhar
com a existência das mesmas.
Toda a evolução alcançada pela Simdouro, tornou as tarefas destas equipas mais facilitadas,
levando a um decréscimo no esforço físico exigido e na probabilidade de aparecimento de lesão e
a um alivio na sobrecarga de trabalho, no stress e insatisfação dos próprios trabalhadores. No
entanto dado que todas as tarefas realizadas no passado tiveram uma exposição tão prolongada no
tempo e os trabalhadores continuam a estar expostos ao risco, ainda que atenuado, existe um
trauma por lesão cumulativa. Esta sucessiva exposição e o tempo insuficiente de recuperação não
permite tratar as lesões, muito pelo contrário, acabam por agravar as mesmas e contrair novas
lesões. Para além da evolução tecnológica, a Simdouro, formulou a criação do Programa de
“Ergocoaching”, enaltecido pelos trabalhadores, com o propósito de uma monitorização individual
com o objetivo de fornecer aos trabalhadores as mais corretas estratégias posturais, bem como,
38
hábitos mais saudáveis e ergonómicos, de modo a promover a performance de segurança no
trabalho, sem comprometer o desempenho da função.
As tarefas desempenhadas pelos trabalhadores foram, numa primeira fase, avaliadas através da
aplicação da ferramenta de cálculo “ERGOCHECK”, em formato EXEL, da “Internacional
Ergonomics School – EPM”3,conforme apresentado no ficheiro disponível para consulta do link
no Apêndice A, que assume como base as “Key Questions” e o “Quick Assessment” do ISO/TR
12295-2014, conforme mencionado na metodologia. Estes trabalhadores têm ao seu encargo
diversas tarefas rotineiras, realizadas praticamente todos os dias, as tarefas avaliadas neste estudo,
e ainda têm tarefas de cariz esporádico, onde nunca sabem quando irão ser. Estas são tarefas de
manutenção que podem ocorrer uma vez por semana ou uma vez por mês, não é possível prever a
sua periodicidade. No entanto, todas estas tarefas foram classificadas, por parte dos trabalhadores,
como estando isentas de esforços físicos.
Desta primeira avaliação resultam duas conclusões, a tarefa pode apresentar risco necessitando de
uma avaliação mais detalhada e de posteriores correções, sendo elas a longo prazo ou no imediato,
dependendo do grau de risco da tarefa, no entanto isto é mencionado na pré-avaliação ou então
que a tarefa não necessita de qualquer correção, uma vez que não apresenta risco para os
trabalhadores. Desta avaliação resultou o seguinte, tabela 9:
3
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1h5EtzVzg65CiFLpTgsH6UtRl8uX4CauY/edit?usp=sharing&ouid=106589691119607417899&rtpof=tr
ue&sd=true
39
8.5.1 Tarefas Não Críticas
Após uma análise preliminar, podemos observar que a maioria das tarefas não contempla risco
para o colaborador, conforme apresentado na tabela .
No que concerne à T.1, recorrente à pré-avaliação da tarefa conforme contemplado no conforme
apresentado no ficheiro disponível para consulta do link do Apêndice A4 a tarefa contempla risco
e necessidade de uma avaliação a longo prazo, no entanto é necessário enquadrar a tarefa no
contexto da empresa. A T.1 ainda que seja executada envolvendo a movimentação acima do nível
ombros e exija uma postura desapropriada à realização da mesma, é passível de ser
descaracterizada como uma tarefa que não contempla risco, uma vez que não tem
representatividade. Para além dos trabalhadores não despenderem tempo suficiente na execução
da tarefa esta não é realizada em todas as instalações e também não é necessária à sua realização
em todos os turnos de trabalho.
Como mencionado no mapeamento das tarefas, esta é realizada todos os dias, mas apenas uma
vez, o que leva, devido à rotatividade dos turnos, a que os trabalhadores não estejam expostos a
esta tarefa diariamente. Aliado a isto, as equipas são constituídas por dois homens, ou seja, vão
trocando entre si para que não seja sempre o mesmo a desempenhar a tarefa. No entanto, é
importante perceber de que forma a tarefa pode ser melhorada por forma de melhorar o seu
dimensionamento
A tarefa T.2 é também passível de ser descaracterizada, dado que os trabalhadores apenas fazem
a ronda nas instalações de modo a verificar se existe alguma anomalia que necessite de correção,
caso se verifique é chamada a equipa de manutenção. Nesta tarefa não existe a movimentação de
cargas ou a realização de esforço físico de qualquer natureza. Para a sua realização os trabalhadores
apenas percorrem o perímetro da instalação e as diversas salas.
Na T.3 estamos perante uma tarefa realizada apenas numa instalação. Esta não apresenta risco nem
necessita de ações de correção, conforme contemplado na pré-avaliação presente no ficheiro
disponível para consulta do link do Apêndice A5, para os trabalhadores, as portas da instalação,
ainda que sejam pesadas, estão acopladas a uma estrutura metálica provida de roldanas que auxilia
na movimentação das mesmas, eliminando o esforço físico, dado que a porta se move com
facilidade pela estrutura. Aliado a este fator, os trabalhadores empurram as mesmas com o pé para
não terem de se agachar e assumir uma postura desadequada.
Por fim, a T.6 não apresenta risco para os trabalhadores. As deslocações entre as várias instalações
são curtas, uma vez que estão todas perto entre si. Apenas uma das instalações requer uma viagem
mais longa. Entre cada instalação os trabalhadores estão obrigados a exercitar o corpo uma vez
4
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1h5EtzVzg65CiFLpTgsH6UtRl8uX4CauY/edit?usp=sharing&ouid=106589691119607417899&rtpof=tr
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5
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1h5EtzVzg65CiFLpTgsH6UtRl8uX4CauY/edit?usp=sharing&ouid=106589691119607417899&rtpof=tr
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40
que para a realização da T.2 necessitam de se deslocar a pé, permitindo assim que alonguem os
músculos.
As tarefas críticas prendem-se, sobretudo, com a movimentação manual de cargas: T.5 e T.6. Esta
conclusão vem dar significado e relevância aos resultados obtidos através da análise dos
questionários e à contextualização da amostra e do seu trabalho.
A maioria dos trabalhadores já tem um histórico de lesão ocupacional, sobretudo relacionado com
as costas e os ombros, proveniente de uma exposição contínua a estas tarefas, o que só agrava o
risco destas tarefas, sendo que não estamos perante uma amostra saudável.
Para a T.5 verifica-se à partida, com auxílio da pré-avaliação feita, apresentada apresentado no
ficheiro disponível para consulta do link do Apêndice A6 que esta tarefa contempla risco para os
trabalhadores e necessita de correções, por forma de evitar o surgimento de lesão e prevenir o
agravamento das existentes. Conforme descrito no mapeamento das tarefas, a porta da obra de
entrada da Estação Elevatória do Juncal é no chão e a mesma pesa 30Kg. Numa primeira
abordagem, vemos que a massa manobrada está dentro dos limites da massa de referência, que é
25Kg – ISO/TR 12295-2014, com e exceção de dois trabalhadores, que a massa de referência
desce para os 15Kg devido a estes terem mais de 45 anos. Para esta amostra devido ao facto desta
porta ser manobrada sempre por duas pessoas, logo o peso passa a ser dividido e fixa-se nos 15Kg.
No entanto, recorrendo à metodologia de cálculo da ISO 11228-1-2003, vemos que a tarefa
necessita de correção dado que comporta risco para os trabalhadores.
Figura 22 - Cálculo de LI
6
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1h5EtzVzg65CiFLpTgsH6UtRl8uX4CauY/edit?usp=sharing&ouid=106589691119607417899&rtpof=tr
ue&sd=true
41
variáveis, apresentadas na figura 22, vemos que o valor de LI é muito superior a 1.0, mesmo
estando corrigido com a ponderação da norma para tarefas realizadas por duas pessoas.
O valor de LI calculado para esta tarefa é de 1.9, ou seja, está no intervalo de 1.0<LI<-2.0, logo
estamos perante uma tarefa que que comporta risco e necessita de um redimensionamento por
forma de diminuir o valor deste índice, para que seja menor ou igual a um.
A tarefa T.6 é também uma movimentação manual de cargas, tal como a T.5, logo a metodologia
de avaliação é a mesma, ou seja, a ISO 11228-1-2003. No entanto, nos grupos de bombagem as
tampas são consideravelmente mais pesadas que na Estação Elevatória do Juncal e ainda que a
tarefa seja realizada por duas pessoas, a massa movimentada, continua a exceder em 10Kg a massa
de referência desta amostra, sendo que a tampa pesa 70Kg, perfaz um total de 35Kg para cada
operador. Para além do peso das tampas ser maior, a frequência diária desta tarefa é cinco vezes
maior também, uma vez que esta é repetida em cinco grupos de bombagem, todos eles com tampas
do mesmo peso.
O valor de LI foi calculado através da mesma equação da tarefa T.5 e, à sua semelhança, o valor
ultrapassa o recomendado para que a tarefa seja possível de ser descaracterizada. Na T.6 o valor
de LI é de 2,23, como observado na figura 23, já corrigido para tarefas realizadas por duas pessoas,
no entanto este valor já entra num intervalo superior: 2.0<LI<-3.0. Neste caso a tarefa contempla
um risco elevado, dado que as suas condições de realização são mais desfavoráveis e a massa
manobrada é maior. Esta tarefa necessita de um redimensionamento o mais rápido possível, para
além do valor de LI ser elevado, a exposição diária à tarefa também é superior, dado que esta se
repete em cinco grupos de bombagem e as tampas são movimentadas duas vezes, uma para abrir
o local e outra pra fechar, este fator ainda agrava mais o risco da tarefa tornando urgente o
redimensionamento.
A tarefa T.4 é possível de ser descaracterizada em quase todas as instalações, com a exceção de
três: Estação Elevatória Espírito Santo; Estação Elevatória Largo da Cruz e Estação Elevatória
Afurada.
Nestes casos esta representa uma tarefa crítica, ao passo que em todas as restantes, a tarefa é
realizada de forma mecânica, isentando os trabalhadores de qualquer esforço físico, como descrito
no mapeamento das tarefas, aqui os apenas necessitam de acoplar o diferencial ao gancho da grua
e o camião realiza a restante tarefa de remoção, no entanto nestas três estações, devido à arquitetura
42
das mesmas, o contentor dos gradados necessita de ser movimentado para que seja possível ao
camião grua içar o saco.
Estes contentores podem pesar entre 700 a 1000Kg de gradados húmidos, dependendo da
quantidade de resíduos presentes na água residual. Este tipo de peso não pode, em circunstância
alguma, ser manobrado de forma mecânica pelos trabalhadores, sendo que ultrapassa todos os
limites recomendados.
Posto isto, é de fácil entendimento que movimentar uma carga deste peso não é racional e comporta
um risco elevado para os trabalhadores. Nas Estações Elevatórias do Largo da Cruz e da Afurada
o contentor é movido a uma distância relativamente pequena – 1 metro, mas na Estação Elevatória
Espírito Santo o contentor é movimentado durante 9 metros, sendo que, aqui a tarefa exige ainda
mais esforço, dado que o terreno tem uma ligeira inclinação e o contentor ganha força. De modo
a evitar que este vire e os gradados se espalhem no chão, os trabalhadores necessitam de o segurar
à medida que o movem, exigindo da sua parte mais esforço e atenção. Todos estes fatores
dificultam a tarefa e torna necessário o seu redimensionamento, pelo menos para estas três
estações.
Para movimentar o contentor, estando cheio, para a remoção dos gradados, existe da parte dos
trabalhadores uma força inicial elevada para deslocar o contentor e fazer com que este ganhe
alguma força. No entanto, existe bastante atrito no solo, uma vez que ele é de cimento e rugoso,
sendo que as rodas são de plástico e não deslizam com muita facilidade. O contentor é um algo
largo, dificultando a visão lateral dos operadores, sendo que necessitam de adotar uma postura
incorreta para conseguirem ver o caminho e evitar que o contentor caia da ponte, localizada à saída
da instalação. O contentor, devido ao seu peso, ganha força e para evitar o ganho de força excessivo
é necessária força para amparar o contentor uma vez que este não está munido de travagem própria.
Por fim, as condições ambientais do espaço onde fica alocado o contentor, são péssimas. O
ambiente é hostil e provoca uma diminuição enorme no tempo de vida útil dos equipamentos, ou
seja, o sistema de rodas fica menos fluido, fazendo com que o contentor não de desloque tão
facilmente.
Devido à impossibilidade na aquisição de dinamómetros, por forma de medir as forças mecânicas
associadas a esta tarefa e comparar as mesmas com as forças recomendadas ( Tabela A.5 a A.8),
não foi possível realizar uma avaliação ergonómica de acordo com a metodologia de avaliação
presente na ISO 11228-2/2007 - “Pushing and Pulling”, mesmo sem esta possibilidade é notória a
necessidade evidente de correção nesta tarefa, devido a todos os fatores de risco presentes na
mesma e ao facto de que manobrar cargas deste peso nas condições descritas requer um esforço
físico elevadíssimo e forças para além dos níveis recomendados
43
de um colaborador, tanto a nível pessoal como no seu local de trabalho, podendo dificultar a sua
mobilidade e/ou aptidão para determinadas tarefas.
Decorrente destas lesões, os trabalhadores, necessitam de retirar tempo afastados das suas tarefas,
para recuperar. Por este motivo, estas acarretam um custo gigante para as várias partes envolvidas
e caso não sejam devidamente recuperadas podem voltar a afetar o colaborador e, por consequência
a própria empresa.
A avaliação ergonómica deste estudo baseou-se numa abordagem individualizada, através de um
mapeamento das tarefas desempenhadas pelos trabalhadores, mas também, com a realização de
um levantamento exaustivo da amostra em estudo. É importante que a exposição às tarefas seja
avaliada e comparada com informação objetiva e valores de referência descritos nas normas
utilizadas (Sousa-Uva and Serranheira 2006).
Os resultados obtidos no presente estudo indicam, similarmente a outros estudos (Fallentin et al.
2001), que as lesões músculo-esqueléticas são patologias multifatoriais e é necessário um rigoroso
entendimento dos fatores de risco existentes assim como de toda a extensão das tarefas por forma
de garantir uma análise de causalidade adequada.
Os fatores e características individuais têm uma importância determinante no aparecimento de
lesão (Hakim et al. 2002)(Alexopoulos, Burdorf, and Kalokerinou 2003) e, como vimos neste
estudo, podem levar a que as conclusões retiradas a partir da avaliação ergonómica sejam ainda
mais gravosas. Abordar uma amostra saudável não é o mesmo que abordar uma amostra com lesão
ou com patologias intrínsecas, uma vez que um indivíduo saudável nutre muito mais capacidade
física, e resistência que um indivíduo cujo corpo tenha mais debilidades a ele associadas. A
propensão para o surgimento de lesão passa a ser superior e a monitorização destes cola
trabalhadores boradores tem de ser mais cautelosa.
Para além disto, os hábitos de vida assumem um impacto enorme no âmbito destas lesões,
sobretudo a falta de prática de atividades físicas (Jongprasithporn et al. 2020), fator que é percetível
neste estudo. Apenas uma pequena percentagem destes trabalhadores pratica exercício físico,
como mencionado nos resultados, e com a ausência desta prática, o corpo começa a perder força
muscular, estando assim mais débil à realização de esforços, aliado a isto, percebe-se pelos
resultados dos questionários, que a amostra em análise não tem hábitos saudáveis de alimentação
e/ou de vida, o que torna o corpo ainda mais fraco. Parte destes trabalhadores fuma e a sua
totalidade assume a ingestão de bebidas alcoólicas. Todos estes fatores conjugados são um
autêntico massacre para o corpo, deixando-o mais predisposto ao aparecimento de lesão, e para
agravar estes trabalhadores já possuem um histórico de lesões crónicas que advêm de anos mais
de uma década de exposição a fatores de risco.
Os resultados dos questionários nórdico e de informações pessoais corroboram a importância dos
características individuais, dado que, a amostra em estudo tem um tempo de exposição prolongado
a este tipo de tarefas e ambientes ocupacionais, onde contraíram lesão e, mesmo assim, com todas
as melhoria tecnológicas às suas tarefas, continuam a ter de se ausentar do trabalho com baixa
médica devido a não conseguirem trabalhar, com dores associadas a antigas lesões, que se mostram
44
agravadas com o passar dos anos. Mesmo os trabalhadores que não se ausentam do trabalho
relatam, que nos últimos meses, sentiram algum tipo de dor e/ou desconforto.
Para além dos fatores físicos, os psicossociais necessitam de ser acautelados, as tarefas dos
trabalhadores são rotineiras e realizadas à anos, a frustração e o tédio são fatores de grande
influência na predisposição dos trabalhadores para o desempenho das mesmas. A repetitividade e
a frequência de exposição às tarefas são determinantes no surgimento de lesão (Occhipinti 1998),
a contínua exposição, durante vários anos, como é o caso, tem como consequência o
enfraquecimento do segmentos corporais em causa, sobretudo se não forme bem recuperados.
Existem já lesões provenientes de todos estes anos de exposição, com tempos de recuperação
relativamente pequenos, aliando isto a todo o stress e desmotivação por eles mencionados,
juntamente da baixa remuneração e fraca progressão de carreira é natural que hajam danos físicos
e mentais (Vecchio, Pelotas, and Padovani 2007).
Em comparação com estudos de contexto ocupacional, ainda que de indústrias distintas, podemos
realçar o significativo relato de sintomatologia musculoesquelética associado à região lombar,
sendo a que apresenta maior incidência e ainda nos membros inferiores (Trinkoff et al. 2002), o
que realça o papel do trabalho na vida das pessoas e as consequências que pode ter caso não seja
corretamente adaptado a cada indivíduo.
A ideia de uma abordagem generalizada nas avaliações ergonómicas e no tratamento destas lesões
é errada e vem sendo perpetuada devido à formulação das normas, que adota diversos valores de
referência e fornece conclusões sem quase nunca ter em conta os fatores individuais dos
trabalhadores como: Histórico de Trabalho; Histórico de Lesão; Histórico de Saúde, entre outros.
Esta falta de contemplação de todas as variáveis reflete uma certo grau de incerteza na toma de
conclusões a cerca dos fatores de risco presentes e o contexto de trabalho onde se inserem
(Fallentin et al. 2000)
O trabalho deve ser adaptado ao colaborador e não o contrário, seja qual for a circunstância. É
importante perceber o histórico de trabalho da amostra a tratar, conforme realizado no presente
trabalho, onde se pode perceber que estes homens estiveram, durante muitos anos, expostos a
condições de trabalho deploráveis e a tarefas que exigiam um esforço físico imenso da sua parte.
Durante todo este tempo, a tarefa dos trabalhadores era realizada de forma manual. Um dos relatos
mais frequente está ligado com a gradagem, que era feita diretamente no canal da água e não
através de uma grade mecânica. Desta forma o colaborador teria de acartar os gradados à mão e
colocar os mesmos dentro do contentor. Desta forma a gradagem era menos eficaz, levando ao
entupimento frequente das bombas, o que levava a que tivessem de as retirar para as desentupir.
Podemos ver, pela descrição das tarefas apresentada, que houve uma evolução enorme em prole
da melhoria das tarefas e redução do esfoço físico para níveis aceitáveis, no entanto sem perceber
a existência deste histórico de trabalho não seria possível de compreender o contínuo aumento da
taxa de incidência de lesão, dado que retirando conclusões apenas da avaliação ergonómica das
normas utilizadas, sem nunca ter em conta os resultados que mapeiam as características desta
amostra, a maior parte destas tarefas não comporta risco. No entanto, durante vários anos de
exposição, a movimentação manual de cargas era praticamente diária e exigente e, assim como
45
outros estudos, nomeadamente estudos relacionados com a atividade das enfermeiras (Castilho
AF, Parreira PM 2016), que também movimentam cargas pesadas para além dos valores de
referência estipulados, demonstram um registo elevado queixas músculo-esqueléticas em diversas
zonas.
As avaliações ergonómicas realizadas para as tarefas separam-nas em dois grupos: Tarefas
Críticas, que comportam risco de lesão e Tarefas Não Críticas, que não comportam risco de lesão.
A percentagem de tarefas não críticas é superior à das tarefas críticas, no entanto não estamos a
falar de uma população saudável, mas sim de um grupo de trabalhadores que sofre de lesões pré-
existentes, conforme realçado no decorrer do trabalho, o que leva a que o redimensionamento das
tarefas críticas seja ainda mais importante e ainda à formulação de proposta de melhorias para
todas as tarefas, sejam elas críticas ou não.
Por fim, as tarefas e a sua avaliação ergonómica não podem ser dissociadas do colaborador em
questão enquanto indivíduo único, para um correto diagnóstico é necessário inquirir o colaborador
e retirar o máximo de informações possíveis, conforme foi feito com a entrega dos questionários.
Com estas informações e relacionando as mesmas com as tarefas desempenhadas, percebemos que
estes trabalhadores não têm um estilo de vida saudável, o que não ajuda no surgimento de lesão
ou no agravamento da mesma. De acordo com (Santos 2009), a ingestão de álcool e o consumo de
tabaco provocam um desenvolvimento mais rápido deste tipo de lesão. Uma das explicações tem
que ver com o consumo deste tipo de substâncias alterar a oxigenação dos músculos causando
problemas ao nível da circulação. A toma de medicação diária, ancióliticos, anti-depressivos,
proteções gástricas e medicação para o colesterol, mostra ser nocivo acelerando o processo de de
lesão (Castilho AF, Parreira PM 2016) também não representa uma relação positiva com estas
lesões, aliando isto, o facto de não praticarem exercício físico, na sua grande maioria, e ainda à
pré-existência de lesão, percebemos que a taxa de lesões músculo-esqueléticas é coerente com a
amostra em estudo e o tipo de hábitos que adotados pelos mesmos.
É importante que as lesões sejam corretamente recuperadas da mesma forma que é importante que
o colaborador tenha a consciência que necessita de adotar os melhores hábitos possíveis, quer no
local de trabalho quer fora dele, e reforçar o seu corpo para conseguir recuperar e viver o seu
quotidiano de trabalho sem qualquer limitação, sendo que continuam com as mesmas tarefas que
levaram ao aparecimento de lesão, ainda que tenham sofrido evoluções positivas até ao presente.
Grande parte da prevenção das lesões advêm do próprio colaborador, ou seja, é necessária a adoção
de bons hábitos e práticas de vida uma vez que os fatores individuais nutrem tanta importância na
contração destas patologias (Castilho AF, Parreira PM 2016), um dos meios de combate a este
problema tem de partir da própria individualidade do colaborador, através de uma correta
alimentação, prática regular e consciente de exercício e adoção de posturas corretas fora e dentro
do trabalho.
46
9 PROPOSTAS DE MELHORIA
A Simdouro prima pela evolução e melhoria contínua e estes são princípios fundamentais na
abordagem e resolução da questão das lesões músculo-esqueléticas, que é transversal às várias
indústrias e é também uma problemática transversal a todo o mundo.
Neste sentido, ainda que haja tarefas não-críticas a sua melhoria é sempre uma mais-valia, nesse
sentido, na tabela 10, estão contempladas algumas propostas de melhoria a implementar:
47
assegurando sempre que o colaborador adota uma postura correta
nesta tarefa.
Estas propostas de melhoria surgem como resposta aos problemas detetados pela avaliação
ergonómica do presente estudo, visando o aumento da performance do trabalho sem prejudicar a
saúde dos trabalhadores, nunca agravando o risco das duas tarefas.
Estas questões foram identificadas através do acompanhamento dos homens no terreno,
percebendo as suas queixas e necessidades, face à exigência das suas tarefas.
As medidas de engenharia são medidas que têm um impacto grande na formulação das tarefas. As
movimentações manuais de cargas representam as tarefas mais gravosas da realidade em estudo,
inclusive são relatadas como tal por parte dos trabalhadores, nesse sentido ao eliminarmos a
necessidade de realizar deslocações com cargas elevadas estamos a diminuir a taxa de esforço
solicitada aos trabalhadores, o que, atendendo a todo o histórico de lesão apenas trás benefícios e
ainda provoca uma melhora na perceção da tarefa, como sendo “nova”, dado que estão habituados
a realizar as mesmas tarefas da mesma maneira há vários anos. Este aprimorar do fator psicológico
juntamente com o decréscimo do fator físico leva a que os trabalhadores se sintam mais motivados
para a realização das suas tarefas, deixando de relatar sentimentos como a frustração, nervosismo
ou desmotivação.
Todas estas propostas devem ser validadas pelos intervenientes diretos, os próprios trabalhadores.
A sensação de integração e de se ser ouvido é um estímulo importante na motivação das pessoas,
no caso em questão, sendo estes homens que conhecem a verdadeira realidade das tarefas, são,
com certeza, uma mais-valia na sugestão de melhorias e no aprimoramento das mesmas, tornando
as ainda mais adequadas e úteis.
A implementação destas melhorias deve visar vários aspetos, desde o redimensionamento dos
postos de trabalho, evitando a generalização das medidas de melhoria, quando têm por base a
incorporação de ferramentas de trabalho, até aos fatores psicossociais e de que forma é possível ir
de encontro às expectativas dos trabalhadores.
48
10 CONCLUSÃO
49
11 ESTUDOS FUTUROS
50
12 LIMITAÇÕES
Durante a realização deste estudo foram sendo encontradas algumas limitações, nomeadamente no
tamanho da amostra em estudo. A presente amostra é relativamente curta assim como as tarefas
por eles desempenhadas. Aliado a isto esteve a dificuldade de gestão ao nível dos horários, dado
que estes trabalhadores trabalham por turnos. Já nas avaliações a limitação sentida foi a falta de
equipamentos disponíveis para uma recolha de dados quantitativa para realizar a análise
biomecânica da atividade.
51
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55
ANEXOS
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Anexo B Questionário de Informações Pessoais
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Apêndice A
Ficheiro em Excel com as folhas de avaliação das tarefas descritas, segundo as normas utilizadas.
Link:
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1h5EtzVzg65CiFLpTgsH6UtRl8uX4CauY/edit?usp=sha
ring&ouid=106589691119607417899&rtpof=true&sd=true
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