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Faculdade Global

Curso Superior de Tecnologia em Processos


Gerenciais a Distância

Uma empresa lhe convidou para um processo seletivo, e ela exige que você possua
conhecimento acerca das questões econômicas. Diante disto, você deve ler as
reportagens a seguir e tratar do tema, trazendo exemplos de como lidar com a escassez
dentro das empresas, descobrindo os gargalos e tudo o que pode contribuir para
dificultar o acesso das empresas aos insumos.

Reportagem 1:
“Alerta hídrico: demanda mundial por água deve crescer 40% até 2030
Demanda mundial deve crescer 40% até 2030. No Brasil, o consumo teve alta de 80% nas últimas duas
décadas, a maior parte para atender a produção agrícola.

O chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Augusto Boechat Morandi, explica que a demanda
por água para a agricultura irrigada no mundo aumentará de 2.600 quilômetros cúbicos (km³) em 2005
para 2.900 km³ em 2050. Cada km³ equivale a um trilhão de litros. “Para efeito de comparação, o Lago
Paranoá, em Brasília, tem 0,5 km³”, explica o especialista.

O uso da água no meio rural representa 83% da demanda de captação de água total brasileira, dos
quais 72% são destinados à irrigação, prática em franca expansão no Brasil. Passou de 462 mil hectares
em 1960 para 6,1 milhões de hectares em 2014, em especial por meio de pivôs centrais. “Assim, uma
necessidade para o presente e o futuro é tornar mais eficiente a prática da irrigação. Estima-se hoje
uma perda de 40% devido a sistemas inadequados de irrigação ou vazamentos nas tubulações”, diz
Morandi.

Reportagem 2:
Poluição difusa
Outra preocupação é com a qualidade da água, uma vez que é no espaço rural que nascem os grandes
mananciais de abastecimento. Apesar de a poluição urbana ser a principal fonte de degradação, a
poluição difusa de origem rural, causada pela elevada utilização de fertilizantes e pesticidas e pela
perda de solos por processos erosivos, têm alto impacto. “A distribuição da água não é homogênea
entre as regiões. Enquanto o Norte detém 68,5% da água doce disponível, o Nordeste tem apenas
3,3%”, compara. Nas demais regiões a disponibilidade é de 15,7% no Centro-Oeste; 6,5% no Sul; e 6%
no Sudeste. “A distribuição das reservas não acompanha a concentração populacional nem a demanda
hídrica das diferentes partes do país”, emenda.

O especialista em água do Banco Mundial Thadeu Abicalil explica que a escassez de água é uma relação
permanente. “Em muitos locais, como São Paulo e Minas Gerais, a demanda é sempre maior que a
disponibilidade hídrica”, explica. Quando falta, é preciso gerenciar o uso prioritário, uma vez que a
água é essencial também para geração de energia, além do abastecimento rural e do consumo
humano.

“A crise hídrica acontece quando fenômenos climáticos ou de gestão estressam a relação. Usar água
do reservatório, quando no período seguinte pode faltar, é gestão. Mas existem fenômenos também,
como a seca no semiárido de 2012 a 2018, ou no Distrito Federal em 2017 e em São Paulo em 2015”,
lembra.
Abicalil destaca que a crise hídrica também está associada a excesso de água. “Com as mudanças
climáticas, aumentou a variabilidade de chuvas. Podemos ter mais secas e mais enchentes. O cenário
atual é de volatilidade”, ressalta. Chuvas em volume muito superior à capacidade de armazenamento
representam um problema. Segurança hídrica é gerenciar a crise de seca e o armazenamento no
excesso. “O Brasil está avançando neste conceito e há uma melhora da capacidade de enfrentar os
eventos climáticos extremos. Mas o país recém saiu do estágio que chamo de crise hidrológica, de ações
apenas emergenciais”, diz.

Controle da situação é agir mesmo quando o sistema está funcionando bem. “Como o Nordeste
enfrenta secas prolongadas, medidas como a transposição do Rio São Francisco se fizeram
necessárias”, assinala. Brasília e São Paulo, que viveram crises agudas, saíram delas com conhecimento
e mantiveram a economia. A infraestrutura e a conscientização das populações melhoraram. “Em São
Paulo, foi feito bônus tarifário para quem economizou. Brasília, racionamento. Ambas as cidades
reduziram o consumo e o efeito pós-crise resultou em consumo menor. Isso é gestão de risco”, explica.

Antes do risco, no entanto, é preciso melhorar o uso da água que existe. Gerenciar a proteção das
nascentes e o entorno dos reservatórios e criar infraestrutura são medidas fundamentais. “Isso envolve
aspectos econômicos, o valor da água. Se a disponibilidade é insuficiente se constrói barragem,
adiciona infraestrutura”, ressalta o especialista do Banco Mundial.
A proteção das nascentes e das florestas deve ser o primeiro passo, na opinião do professor do
Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro Adacto Benedicto Ottoni. “Uma das principais formas de degradação da água é o
desmatamento. O aumento das inundações está correlacionado com o aumento da seca. A chuva não
cai igualmente o ano todo, há mais meses de seca do que de chuva. E a natureza produz água doce na
estiagem por meio da floresta”, afirma.
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A floresta infiltra 80% da água da chuva e presta um serviço ambiental, retendo a água no solo. “Além
de amortecer as enchentes, essa água subterrânea é que alimenta o rio na seca. Se desmatar, agrava
a erosão do solo e a água é perdida. Vai para o mar e fica salgada”, assinala Ottoni. “A melhor forma
de evitar risco é reflorestando a bacia. Se parar de desmatar já resolve”, acrescenta.

O professor lembra, ainda, que a legislação brasileira garante a proteção das nascentes. “É só seguir o
Código Florestal, segundo o qual, com raras exceções, as áreas íngremes com inclinação acima de 45
graus e faixas de proteção de rios não podem ter ocupação a não ser mata ciliar. A lei é boa, mas não
é cumprida”, denuncia. Nas áreas produtivas, o especialista defende a recarga artificial da água
subterrânea. “É possível fazer valas de infiltração de encostas, isso aumenta a umidade do solo”,
recomenda.

Garantir o saneamento básico nas áreas urbanas também evita que a água das enchentes se perca.
Como as cidades são impermeabilizadas pelo asfalto, é preciso investir em infraestrutura, diz Ottoni.
“Tem que recolher o lixo para não assorear o esgoto; é preciso um programa de educação ambiental;
também é possível aumentar permeabilidade, construindo estacionamentos com material poroso, que
permite infiltração”, enumera. “O homem não precisa degradar para se desenvolver. A saída é fazer
gestão sustentável”, emenda.

A dessalinização é uma alternativa utilizada no sertão e no agreste nordestino, onde a água


subterrânea é de pouca produção e tem alto teor de sal. “Já existem pequenos sistemas comunitários.
O Brasil domina esta tecnologia”, destaca Thadeu Abicalil, do Banco Mundial. Segundo ele, Fortaleza
está em período de consulta pública para poder dessalinizar numa grande planta. “Isso é uma solução
adotada em muitos países. Jordânia, Austrália, Espanha, Israel são exemplos. Outra é o reúso”, afirma.
Regiões de escassez hídrica e grande demanda industrial e agrícola devem reutilizar a água tratada.
“Paulínia (SP) tem uma planta que pega parte do esgoto tratado, leva para uma estação avançada e
gera uma água com potencial na indústria. Isso também pode ocorrer para reúso agrícola. Países
utilizam para fruticultura. O reúso é uma forma de uso do esgoto para alcançar segurança hídrica”,
explica.

No entender de Fabiana Alves, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, o país tem
poucos projetos de reúso de água. “São quase 100 milhões de brasileiros sem acesso à coleta de esgoto,
o correspondente a 47,6% da população total do país. Além disso, apenas 46% do esgoto coletado é
tratado. O problema de saneamento, que é algo básico, dimensiona quão longe estamos de falar em
reúso de água no Brasil”, denuncia.

Fabiane lembra que o desastre de Brumadinho, onde uma barragem de rejeitos de minério colapsou,
provocou contaminação de metais pesados provados em análises da ANA e da SOS Mata Atlântica por
quase 300 quilômetros de rio. “Portanto, a água não pode ser utilizada sem tratamento, seja para
consumo, humano, animal, ou para atividades agrícolas”, lamenta.
2.900 km³

Previsão do consumo global de água em 2050. Cada km³ corresponde a 1 trilhão de litros
MDR quer ampliar abastecimento

O recém-criado Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) incorporou a política federal de


segurança hídrica, com o intuito de ofertar água à população e à atividade econômica em todo o
território nacional, sobretudo em regiões frequentemente afetadas por períodos de seca e estiagem. A
pasta prevê investimentos de R$ 25 bilhões em 114 obras estruturantes para ampliar o abastecimento
de água no país.

Em nota, o ministério explica que fará a gestão das políticas de saneamento ambiental com o desafio
de levar tratamento de esgoto e de água às regiões que ainda não possuem esse direito essencial à
saúde pública. “Nesse sentido, a medida provisória do Marco Legal do Saneamento Básico (MP
868/2018), sob análise do Congresso, tem o objetivo de modernizar o setor e normatizar o investimento
privado nos serviços”, afirma.

“Outra ação fundamental é a revitalização de rios, estruturada em cinco eixos de atuação para a
recuperação e preservação da bacia: saneamento, controle de poluição e obras hídricas; proteção e
uso de recursos naturais; economias sustentáveis; gestão e educação ambiental e, por fim,
planejamento e monitoramento”, enumera a pasta.

O ministério também deve entregar o eixo norte do projeto de integração do Rio São Francisco. “As
estruturas necessárias à passagem da água estão em fase final e deverão ser concluídas no primeiro
semestre deste ano”, diz a nota.”

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