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TRANSCRIÇÃO DA LIVE

“A estreita relação da ansiedade e o desempenho profissional”


Por: Bianca Adão e Dalyla Peçanha

Caro leitor, você provavelmente subestima o quanto sofre de ansiedade e stress. E para
piorar, subestima ainda mais o quanto isso afeta o seu desempenho profissional e as suas
relações sociais.
Isso acontece e é muito comum por dois motivos:
As pessoas em geral tem um conceito errado de “ansiedade” e acreditam que é apenas
algo muito extremo, e não um estado emocional com “diversas intensidades”.
A sociedade de um modo geral (incluindo você também) não trata a saúde mental com a
mesma importância que a saúde física. E como consequência, você não permite se sentir
ansioso e nem tem liberdade de expressar isso. Um exemplo disso: sair do trabalho porque
está com dor de cabeça forte é aceitável. Agora se manifesta que está ansioso ou estressado,
é visto como “frescura”.

E qual é a principal consequência?


A maioria das pessoas não cuida disso até o momento que a situação já esteja insuportável.
Talvez demore anos para chegar nesse estado ou talvez até nem chegue, mas qualquer
nível de ansiedade acima de mediano já começa a prejudicar diretamente a sua capacidade
de concentração, foco no trabalho e relacionamentos pessoais.

A diferença entre ansiedade e transtorno de ansiedade:

Antes de tudo, é importante esclarecer o que é a “ansiedade” e a importância dela.


Tanto a ansiedade quanto o medo são estados emocionais importantes no nosso dia a dia
e com papel fundamental na evolução humana. Afinal, o medo faz o indivíduo evitar
perigo próximo e mantém o indivíduo alerta para que seja possível um desempenho
máximo — físico, emocional e psicológico — sob stress. O mesmo ocorre com a ansiedade.
O problema surge quando, constantemente expostos a condições extremas, a ansiedade
deixa de cumprir apenas uma função útil e passa a se tornar um transtorno: transtorno ou
crise de ansiedade. Esse transtorno se torna um desequilíbrio mental e físico que são fortes
o suficiente para interferir nas atividades do dia a dia.

O impacto da ansiedade e stress na produtividade e economia:


Um estudo recente da OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que depressão e
transtornos de ansiedade custam para a economia global mais de 1 trilhão de dólares por
ano em perda de produtividade.
O desenvolvimento desses transtornos de ansiedade tem sido fortemente relacionado aos
ambientes de trabalho. Isso ocorre porque o grande volume tarefas e metas agressivas
geram um estresse mental que a maioria dos profissionais não sabe gerenciar de forma
saudável. Sem falar que o estilo de vida, que geralmente não inclui atividades físicas
regulares, não ajuda muito nesse sentido.
Tudo isso faz com que o mundo do trabalho seja um prato cheio para que a ansiedade seja
potencializada. No ambiente de trabalho, os sintomas do transtorno de ansiedade podem
ser traduzidos em dificuldade de se concentrar e fazer boas entregas, trabalhar com
colegas e clientes, problemas de insegurança e desistência de tarefas por medo de falhar,
dentre outros.

O Brasil lidera o ranking da OMS com a mais alta taxa de pessoas com transtorno de
ansiedade do mundo:

O Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde, é o país que lidera o ranking com a
mais alta taxa de pessoas com transtornos de ansiedade do mundo. De acordo com o
relatório, 9,3% da população já é afetada pelo problema.

O ciclo da ansiedade e porquê ela impacta diretamente no seu desempenho profissional:

Uma ideia que ajuda a entender como a ansiedade funciona é o ciclo da ansiedade, que
também é chamado de ciclo do medo. O sentimento de medo é uma reação natural do
nosso corpo que é ativada mediante o perigo e cessada depois que ele passa. Mas, quando
vira uma condição frequente, torna-se ansiedade.
Primeira etapa: Fatores externos e internos gerando preocupação excessiva
A primeira etapa consiste em fatores externos e internos que afetam a pessoa. Podem ser
problemas familiares, mudanças rápidas na empresa, metas agressivas, crescimento
acelerado. O fato é que você está calmo e relaxado até que algo ativa sua ansiedade.
Segunda etapa: Perigo em potencial, o corpo se prepara para reagir
Seus órgãos sensoriais, então, percebem um perigo em potencial e começam a se preparar
para responder a ele. Você se torna mais ciente, suas pupilas dilatam e a audição se torna
mais sensível. Esse é um estágio preparatório para a próxima etapa, que é chamada em
inglês de flight or fight (lutar ou voar). É aqui que você reconhece o problema e decide se
foge do problema ou se fica e lida com ele.

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Em ambos os casos, o corpo se prepara para a ação.
No próximo momento, seu cérebro dá instruções para o seu corpo se preparar para fugir
ou lutar. Sua mente é convencida de que o perigo é real e seu corpo começa a responder,
produzindo pensamentos e sensações que são os sintomas da ansiedade. Chega-se a um
estágio do ciclo do medo em que corpo e mente estão trabalhando incessantemente para
combater o perigo. Produz-se hormônios como cortisol e adrenalina, que devem ajudar a
combater o monstro.
Terceira etapa: Manifestação dos sintomas no corpo e fortalecimento do ciclo vicioso
Esse lançamento de hormônios é resultado do medo do perigo que percebemos e não
conseguimos pausá-lo mesmo se quisermos. Isso porque eles são lançados assim que
sentimos medo. É nessa parte do ciclo que a pessoa que sofre de ansiedade começa a sentir
o coração bater mais rápido, a respiração curta, tonturas, dentre outros sintomas.
Seu corpo produz sensações e sua mente as percebe também como perigosas. Além disso,
sua capacidade de concentração e foco diminuem e você fica frustrado porque não você
não está “normal”. Ao contrário da nossa intenção, essa preocupação aumenta e acaba
alimentando ainda mais o medo, que fortalece o ciclo.
O cérebro registra o perigo causado por essas sensações e envia sinais para o seu corpo se
preparar para o perigo mais uma vez. Quando você percebe os sintomas como perigosos,
fica com medo deles. Sua mente reage com uma resposta de ansiedade, que cria mais
sintomas.
E o ciclo continua.

Como a ansiedade afeta seu desempenho no trabalho

Todo esse ciclo gera consequências negativas, pois além dos incômodos dos sintomas
físicos, os hormônios inibem a capacidade de raciocínio, deixando a parte emocional mais
latente. A tomada de decisão é prejudicada, já que é mais difícil pensar com clareza sem
se deixar influenciar por emoções.
Da mesma forma, as relações sociais são afetadas, pois está com menos paciência, menos
empático e mais sensível. A pessoa passa a acreditar que não é boa em situações sociais ou
acha que vai passar vergonha e tem cada vez mais medo de se expor. A concentração
também é prejudicada e portanto a qualidade e resultados do trabalho diminuem. A
ansiedade faz com que a pessoa ansiosa crie problemas maiores do que são, afetando sua
produtividade, gestão do tempo e gerando ainda mais ansiedade pelo medo de ser
demitida ou de ser visto com uma performance inferior.

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Dicas para quebrar o ciclo de ansiedade:

Pessoas que sofrem de ansiedade ficam presas em pensamentos de medo. Isso torna
impossível tomar boas decisões. Se você sofre de ansiedade, sua mente se habituou ao
medo em vez de deixá-lo seguir seu ciclo natural. Então, é necessário fazê-la voltar ao seu
ritmo original. Veja algumas dicas que podem ajudar:
1- Crie um período de preocupação;
2- Pergunte-se se o problema pode ser solucionado;
3- Aceite a incerteza;
4- Desafie os pensamentos da ansiedade;
5- Escolha um exercício físico para praticar;
6- Faça alongamentos e exercícios respiratórios;

Aprender a lidar e administrar a ansiedade pode ser uma das maiores alavancas para o
seu desempenho profissional e evolução da sua carreira.
Por mais que o ciclo da ansiedade possa parecer sem saída, é possível contorná-lo e
viver uma vida saudável, sem preocupações mentais desnecessárias. Se está passando
por isso, busque conversar com conhecidos que já viveram a mesma situação ou
procurar ajuda especializada, se for o caso.
Pode contar conosco!

Com carinho,
Bianca Adão (@bianca_peruggia.adv) & Dalyla Peçanha (@lylapecanha)

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