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Answers to Book of Mormon Questions

por Dr. Sidney B. Sperry


Tradução: Marcelo M. Silva
(Bookcraft, Salt Lake City, UT:1967): 73-97
Capítulo XI

O "Problema de Isaías"
no Livro de Mórmon
O Livro de Mórmon cita vinte e um capítulos completos de Isaías e partes de outros. À
luz do moderno criticismo bíblico estas citações levantam alguns problemas que teriam
confrontações sérias sobre a integridade do registro Nefita como um todo. Acredita-se,
portanto, que uma apresentação do problema literário de Isaías e seu impacto sobre o
Livro de Mórmon será de interesse de todos.
Conforme o Professor A.B. Davidson indicou muitos anos atrás, por aproximadamente
vinte e cinco séculos ninguém sequer sonhou que Isaías, o filho de Amós, que viveu no
século oitavo A.C., foi o autor de todo o livro que leva o seu nome. Isto que dizer, a
unidade literária de Isaías não foi posta em dúvida até tempos comparativamente
recentes. Não há nenhuma evidência de que os antigos que viveram umas poucas
centenas de anos após a época de Isaías conhecessem qualquer problema em conexão
com os grandes escritos do profeta. O tradutor Grego de Isaías, cujo trabalho é parte da
Bíblia Grega (Septuaginta), provavelmente fez sua tradução perto de 200 A.C., todavia
não indica o menor sinal de que os sessenta e seis capítulos do livro não são todos um
trabalho de Isaías. Nem os copistas dos textos de Isaías entre os recentemente
encontrados Pergaminhos do Mar Morto parecem conhecer qualquer outro autor para eles
senão o próprio Isaías, filho de Amós.
Jesus Ben- Sirach (veja o Apócrifo de Eclesiástico 48:20-25, não confundir com o livro
de Eclesiastes), que escreveu cerca de 180 A.C., refere-se a Isaías como um dos grandes
personagens da antiguidade e citou-o suficiente de sua profecia a fim de indicar que pelo
começo do segundo século A.C. ele possuía a mesma forma que hoje o conhecemos.
Entre os primeiros a duvidar da unidade de Isaías foi Ibn Ezra, que viveu no décimo
segundo século D.C.; não muito mais foi dito sobre isso de novo até o décimo oitavo
século, quando o esfacelamento crítico do Livro começou. Koppe no ano de 1780
expressou dúvida quanto à genuinidade do capítulo 50. Em 1789, Doderlein lançou
suspeitas na origem Isaínica dos capítulos de 40-66. Então Justi, e depois dele Eichhorn,
Paulus e Berthold aumentaram a suspeita de que ele não era genuíno.
O resultado alegado por esses eruditos não pouparia igualmente a primeira parte de
Isaías. Rosenmueller, que, conforme Professor Franz Delitzsch aponta, é em toda parte
muito dependente de seus predecessores, foi o primeiro a negar a Isaías a profecia contra
Babilônia nos capítulo de 13:1 até 14:23. Neste juízo, Justi e Paulus concordaram.
No começo do último século, Eichhorn negou a genuinidade da profecia contra Tiro no
capítulo 23, e junto com os grandes Hebraístas, Genesius e Ewald, negaram a autoria
Isaínica dos capítulos 24-27. A lógica de Eichhorn para negar a genuinidade dos últimos
quatro capítulos era a de que eles continham jogos de palavras indignos de Isaías;
Genesius achava neles uma alegórica proclamação da queda de Babilônia. Ewald
transferiu-os para o tempo dos Cambises (c. 525 A.C.)
Genesius também atribuiu os capítulos 15 e 16 a algum desconhecido profeta.
Rosenmueller então rapidamente dispôs-se dos capítulos 34 e 35 por causa de suas
relações com os capítulos 40-66. Em 1840, Ewald questionou os capítulos 12 e 33. Será
então visto que por meados do século dezenove quase trinta e sete ou trinta e oito dos
capítulos de Isaías foram rejeitados como não sendo parte dos escritos originais daquele
grande profeta.
Em 1879-80 o famoso professor de Leipzig, Franz Delitzsch, que por muitos anos
havia vigorosamente defendido a origem Isaínica de todo o livro, cedeu a moderna
posição crítica. Mas fez isso ”com tantas hesitações e reservas” de uma maneira
insatisfatória aos divisionistas, “não tendenciosa e na verdade inafetada pelas
considerações críticas.” (Veja a declaração do tradutor na terceira edição do Comentário
Bíblico de Delitzsch sobre as Profecias de Isaías.)
Pouco tempo após (1889-90), Canon S.R. Driver e Dr. George Adam Smith fizeram
muito para popularizar a nova posição crítica na Grã-Bretanha. Desde o ano de 1890 o
criticismo divisionista tem se tornado mais vigoroso e microscópico do que nunca. O
trabalho de proeminentes eruditos como Cornill, Marti, Stade, Guthe, Hackmann e Duhn
no continente e de Cheyne, Gray e outros na Grã Bretanha e América serviram mais
ainda para lançar dúvidas em alguns pedaços sobre a unidade de Isaías. Cinqüenta anos
atrás os capítulos de 40-66 eram admitidos em ser uma unidade (para usar a terminologia
dos eruditos Bíblicos) embora não atribuídos a Isaías. Eles eram designados como
“Deutero-Isaías” ou melhor, “Segundo Isaías”, o produto único de algum sábio anônimo
que viveu em Babilônia. Mas nas mãos dos críticos a unidade de “Segundo Isaías” foi
também condenada a desaparecer. Deutero-Isaías foi confinado aos capítulos 40-55, e
uma nova divisão, “Trito-Isaías”, abrangendo os capítulos de 56-66, foi inventada.
Mais recentemente o Dr. Charles C. Torrey escreveu sobre a partição de Deutero-
Isaías (capítulos 40-66):
O resultado tem sido fazer uma grande mudança, em estágios sucessivos, na
visão crítica do Segundo Isaías que afetasse a conteúdo e forma, e portanto com
a necessidade de uma estimativa geral da profecia. Nas mãos daqueles eruditos
que agora detém o lugar principal sobre a interpretação de Isaías, as séries dos
capítulos começando com o 40 e terminando no 66 têm-se tornado um caos
indescritível. O outrora grande “Profeta do Exílio” tem sido murchado até uma
figura pequeníssima, e está quase enterrado numa massa de fragmentos
amontoados. O valor de sua profecia tem conseqüentemente decaído;
parcialmente devido a um breve ímpeto, dentro de uma amplitude temática
estreita, que nunca podem prover uma impressão similar àquela obtida através de
um esforço contínuo em cobrir uma variedade de assuntos, e parte devido a que
as mesmas considerações que governam a análise do livro têm requerido uma
estimativa inferior de cada uma das partes (The Second Isaiah, pp. 4,5.)

Após dar uma breve história da desintegração de Isaías 40-66 em seu livro, “The
Second Isaiah’, o qual todo aquele que tiver um interesse no assunto deve ler, Dr. Torrey
continua:
A necessidade de fazer uma divisão em “Deutero-Isaías” (capítulos 40-55) e
“Trito-Isaías” (55-66), com tudo o que isto envolve, seria de per si uma
suficiente grande desgraça. Não é possível dar esse passo sem ir ainda mais
longe, conforme a recente história da exegese tem claramente demonstrado. A
subseqüente dissecação de “III Isaías” é uma certeza, enquanto aquela do
descortinado II Isaías não é provável que demore muito tempo. Temos aqui um
bom exemplo daquilo que tem acontecido muitas vezes na história do
criticismo literário, onde eruditos sentem-se obrigado a sub-avaliar um escrito a
fim de forçá-lo a ajustar-se a uma teoria errada. O processo de ajuste começa
com um estilete, continua com uma peixeira, até que o livro chegue a ser
completamente destroçado em um número de pedaços sem nexo. (Ibid., p. 13)

Torrey procede em seguida a demonstrar de uma maneira bem erudita que os


capítulos 34, 35, 40-66 de Isaías formam uma unidade. (A grande margem de
pensamento aqui sobre o fato de que suas percepções são tão fora de harmonia com
aquelas outras críticas radicais da partição de “Segundo” Isaías.)
Aqueles eruditos que no passado haviam negado a unidade do livro de Isaías podem
ser divididos em dois grupos, moderados e radicais. Por conveniência, assim como por
interesses inerentes, eu apresento daqui por diante uma lista dos capítulos e versículos
em Isaías rejeitados pelos moderados como se tivessem vindo da pena daquele profeta.
Os eruditos representados neste grupo são Driver, G. A. Smith, Skinner, Kirkpatrick,
Konig, A. B. Davidson e Whitehouse. Eles jogam jora 11:10-16; 12:1-6; 13:1 até 14:23;
15:1 até 16:12; 21:1-10; 24-27; 34-35; 36-39; 40-66. De um total de 66 capítulos eles
acreditam que 44 não foram escritos por Isaías. Se olharmos os resultados da ala radical
da escola literária crítica, achamos ser mais conveniente alistar os versículos que eles
acreditam sejam genuinamente de Isaías. Os radicais são representados por homens tais
como os Drs. Cheyne, Duhrn, Hackmann, Guthe e Marti. Eles aceitam 1:2-26, 29-31; 2:6-
19; 3:1, 5, 8, 9, 12-17, 24; 4:1; 5:1-14, 17-29; 6:1-13; 7:1 to 8:22; 9:8 to 10:9; 10:13, 14,
27-32; 14:24-32; 17:1-14; 18:1-6; 20:1-6; 22:1-22; 28:1-4, 7-22; 29:1-6, 9, 10, 13-15; 30:1-
17; 31:1-4. Apenas 262 versículos do total de 1292 de Isaías são considerados por estes
como produto genuíno de Isaías. Os eruditos acima mencionados não são de maneira
nenhuma os únicos que ajudaram a desmembrar Isaías, mas são provavelmente os mais
influentes.
Tendo já indicado o rumo e a quantidade da dissecação de Isaías seria bom indicar
algumas das razões do “por quê” os críticos tem desmembrado a obra do grande profeta.
Nenhuma tentativa será feita de forma exaustiva devido à vasta literatura sobre esse
assunto.

1. Um postulado biunívoco é assumido tendo como efeito que um profeta sempre falava
de uma situação histórica definida as presentes necessidades de um povo entre o qual
vivia; e de que uma definida situação histórica deve ser apontada para cada profecia.
Um erudito disse: “É um princípio básico de que o horizonte histórico de um profeta
pertence ao seu próprio tempo. Ele toma sua posição em sua própria geração e olha
adiante a partir daí”. Falando num Português claro, este erudito quer dizer que um profeta
não pode vislumbrar além do horizonte de seu próprio tempo. Com algumas exceções, os
críticos que desmembram Isaías aberta e tacitamente negam o elemento preditivo na
profecia. Na terceira edição de seu comentário mencionada acima, Professor Delitzsch
diz:
O novo criticismo bane tudo que ainda procuram manter a autoria de Isaías
ausente de ciência e na verdade de consciência também. Para isto, aquela
autoria é tão impossível como qualquer milagre no domínio da natureza,
história e espírito. Aos seus olhos apenas aquelas profecias com as quais uma
explicação naturalística pode ser dada encontram respaldo. Sabe-se
exatamente quão longe um profeta pode ver e onde ele deve ser localizar a fim
de que possa ver à distância. (Comentário Bíblico das Profecias de Isaías,
traduzido a partir da terceira edição Germânica, Vol. II, p.62)
Segundo os radicais, seria impossível para Isaías, vivendo perto de 700 A. C. falar de
Ciro, que viveu ao redor de 540 A.C. Conseqüentemente aquelas seções de Isaías
conectadas de alguma forma com Ciro (44:28 - 45:1) são datadas posteriormente, i.e/,
durante ou após o tempo de vida do Imperador Persa. E em geral, uma vez que os
capítulos de 40-66 parecem aos críticos ter o exílio como seu centro de interesse, com
uma mudança de lugar, tempo, e situação, eles possivelmente não poderiam vir da pena
de Isaías. Desta forma “O Ilustre Desconhecido” foi inventado para assumir seu lugar.
Conforme já havíamos indicado, até mesmo ele teve de compartilhar subseqüentemente
de sua glória com outros engenhosos e desconhecidos e teorias plausíveis foram
inventadas a fim de explicar o texto bíblico.

2. O estilo literário daqueles capítulos assumidos como não sendo de Isaías é muito
diferente daqueles que são admitidos como sendo do profeta.
Professor S.R. Driver explica a significância deste ponto conforme segue:

Isaías demonstra fortes marcações individuais de estilo: ele gosta de se utilizar de


imagens e frase particulares, muitas das quais não são usadas por nenhum outro escritor
do Velho Testamento. Agora, nos capítulos que contém alusões evidentes a própria
época de Isaías, estas expressões ocorrem repetidamente; nos capítulos que estão sem
tais alusões, e com que então de prima face uma inferência de que pertencem a uma
diferente era, elas estão ausentes, e novas imagens e frases aparecem em seu lugar.
Esta coincidência não pode ser acidental. O assunto dos capítulos 40-66 não é muito
diferente daquele das profecias de Isaías contra os Assírios (e.g.), a ponto de necessitar
de uma nova fraseologia e forma de retórica: as diferenças podem ser razoavelmente
explicadas pela suposição de uma mudança de autor. (An Introduction to the Literature
of the Old Testament, New Edition, 1923, p. 238.)

3. As idéias teológicas das partes não Isaínicas da profecia diferem daquelas de Isaías.
Citando Driver novamente:
As idéias teológicas dos capítulos 40-66 (de tal forma que elas não são
fundamentalmente do tipo comum aos profetas em geral) diferem
remarcavelmente daquelas que aparecem nos capítulos de 1-39, para serem
distintas de Isaías. Ou seja, geralmente sobre a natureza de Deus, as idéias
expressas são muito mais extensas e completas. Isaías, por exemplo,
descreve a majestade de Jeová: nos capítulos 40-66 o profeta enfatiza Sua
infinitude; Ele é o Criador, o apoiador de todo o Universo, aquele que dá a vida,
o Autor da História (41:1), o Primeiro e Último, o Incomparável. Esta é uma
diferença real...Novamente, a doutrina da proteção de julgamento sobre um
remanescente fiel é característico de Isaías. Isto aparece tanto na sua primeira
como última profecia (6:13; 37:31 f.); nos capítulos 40-66, se ela se apresenta
uma vez ou duas por implicação (59:20; 65:8 f.), não é um elemento distintivo
nos ensinamentos do autor...A relação de Israel com Jeová – sua escolha por
Ele, seu destino, o propósito de seu chamado – é desenvolvida em diferentes
termos e sob diferentes concepções daquelas utilizadas por Isaías...(Ibidem,
p.242.)

4. Alguns outros critérios governantes que levam certos críticos a rejeitarem várias
porções de Isaías como tendo sido escritas subseqüentes à própria era do profeta são
resumidas pelo Dr. G. L. Robinson como segue:
(1) (1) Para um crítico “a conversão dos gentios” jaz bem al;em do horizonte
de qualquer profeta do oitavo século e conseqüentemente Isaías 2:2-4 e
todas passagens similares deveriam ser relegadas a uma era subseqüente
(2) (2) Para outro “o quadro de paz universal” em Isaías 11:1-9 é um sintoma
de uma data posterior e desta forma toda a seção deveria ser apagada
(3) (3) Para outro a idéia de um julgamento universal sobre “toda a terra” no
capítulo 14:26 transcende em muito a amplitude de pensamento de Isaías
(4) (4) Para ainda um outro os caracteres apocalípticos dos capítulos 24-27
representa uma fase do pensamento Hebreu a qual prevaleceu em Israel
apenas após Ezequiel
(5) (5) Mesmo para aqueles que são considerados moderados a
característica poética de uma passagem como a do capítulo 12 e uma
referência para um retorno do cativeiro em 11:11-16 e as promessas e
consolações tais quais encontradas no capítulo 33, são citadas como base
para designar estas e passagens correlatas para uma época bem posterior.
Radicais negam ‘in toto’ a existência de passagens Messiânicas nas
próprias profecias de Isaías. (The Book of Isaiah, 1910, p. 61f.)

Agora como as visões críticas de autoria do livro de Isaías criam um problema em


conexão com o Livro de Mórmon? Isto nós brevemente apontaremos.
O Livro de Mórmon quota os seguintes capítulos de Isaías: 2-14 (2 Néfi 12-24); 29 (2
Néfi 27); 48, 49 (1 Néfi 20, 21); 50, 51 (2 Néfi 7,8); 52 (3 Néfi 20); 53 (Mosías 14); 54 (3
Néfi 22); 55 (2 Néfi 26:25).
Se o leitor tiver o trabalho de comparar esta lista com as tabelas dadas acima, as
quais indicam as porções do Livro de Isaías não geralmente aceitas pelos críticos como
sendo genuína obra do grande profeta do oitavo século, ele irá imediatamente descobrir
um conflito gritante. O Livro de Mórmon não apenas cita extensivamente dos capítulos
(40-55) chamados de “Deutero-Isaías”, mas também de porções de “Primeiro“ Isaías as
quais são consideradas pelos críticos como posteriores e não produto genuíno do filho de
Amós. O registro Nefita aceita todos dos seus capítulos de Isaías como autênticas
palavras do grande profeta. De fato, O Salvador disse:
E agora, observai o que digo a vós, que devereis buscar estas coisas. Sim, um
mandamento eu dou a vós para que buscai diligentemente estas coisas; pois
grandes são as palavras de Isaías. Pois verdadeiramente ele falou no tocante
a todas as coisas concernentes a meu povo que são da casa de Israel;
portanto também é necessário que ele também possa falar aos Gentios. E
todas as coisas de que falou têm sido e serão, mesmo de acordo com as
palavras que ele falou.
Se os críticos estão certos, o Livro de Mórmon cota porções extensivas dos ditos de
profetas desconhecidos que viveram sessenta anos ou mais (geralmente atribuem-se a
profetas já no exílio) após os Nefitas supostamente tiveram saído de Jerusalém, e
erroneamente atribuem-nos a Isaías. Este é o embaralhamento intelectual em que
estudantes do Livro de Mórmon são supostos de se defrontarem e constitui o principal
problema concernente a Isaías naquele registro. Um problema menor, mas um que
deveria ser considerado cuidadosamente, é explicar por que a maioria do texto de Isaías
na escritura Nefita está na linguagem da Versão Autorizada. Veremos mais sobre isso
mais tarde.
Será possível para um sincero e honesto crente no Livro de Mórmon dar uma resposta
satisfatória aos problemas centrados em volta de seu texto de Isaías? Eu creio que uma
resposta satisfatória pode ser dada. Os alemães possuem uma palavra muito conveniente
que eu poderia usar a esta altura. Ela é Weltanschauung, que significa concepção do
mundo ou da filosofia do mundo. Se a Weltanschauung de alguém rigidamente abraça as
idéias de que não existem homens que, sob divina inspiração, possam predizer o futuro, e
de que apenas as explicações puramente naturalísticas dos fenômenos neste mundo são
as únicas aceitáveis – então minhas tentativas de resolver o problema em Isaías no Livro
de Mórmon não serão completamente satisfatórias. Se por outro lado, (e isto é,
estabelecendo as condições positivamente) a Weltanschauung do indivíduo é tal que ele
possa conceder a possibilidade da “realidade supernatural da profecia,“ e concede a
possibilidade do Livro de Mórmon de ser um registro verdadeiro traduzido por ajuda divina
– então eu posso dar uma resposta razoável ao problema de Isaías conforme
estabelecido acima. Sobre esta base vamos prosseguir com a tarefa.

Na primeira parte deste estudo eu me restringi aos problemas de traçar a história do


desmembramento crítico de Isaías e de indicar o nível de crítica em questão. Nenhuma
tentativa foi feita para apresentar por extenso as visões dos eruditos que se opõem a
dissecação crítica do livro de Isaías. Agora a primeira parte de minha resposta ao
problema de Isaías no Livro de Mórmon é este: Muitos grandes eruditos através dos
anos têm sustentado que o livro de Isaías é uma unidade, e têm mostrado de que
a hipótese crítica está longe de ser demonstrada. A menos que o criticismo possa
provar além da dúvida razoável de que Isaías não é uma unidade, Santos dos Últimos
Dias estão justificados em assumir que as tradicionais percepções sustentadas no Livro
de Mórmon com respeito a sua autoria são de todo correta.
A autoria Isaínica do livro tem sido mantida por Hengstenberg, Havernick, Stier, Keil,
Loehr, Himpel, Strachev, W. Urwick, Naegelsbach, Barnes, Douglas, W. H. Green, J.
Kennedy, W. H. Cobb, F. Delitzsch (que abandonou de coração partido suas convicções
originais mais tarde na vida), Vos, Thirtle, W. Kaye, M. Rosenthal, Lias, R. R. Ottley, G. L.
Robinson, E. J. Young, Kissane, Allis and Mrs. L. D. Jeffreys. Klostermann e Bredenkamp
tomaram um meio termo no criticismo. Estes eruditos sustentam que Isaías 40-66 foi
criado no tempo do exílio, mas consistia em uma medida considerável de antigas
profecias de Isaías, as quais foram reproduzidas por um autor da escola de Isaías vivendo
no período de exílio, uma vez que os eventos do dia foram trazendo o cumprimento das
profecias.
Os eruditos acima mencionados formam uma impressiva oposição ao criticismo
divisivo de Isaías. Muitos outros nomes poderiam ser acrescentados à lista.
Seria interessante citar duas ou tr6es conclusões representativas destes eruditos em
relação ao problema, antes de proceder em especificar em detalhes as razões por que
esta escola de pensamento sustenta a unidade de Isaías.
Dr. W. H. Green, um dos mais brilhantes hebraístas que a América produziu, observou
que um renomado crítico, Dr. H. E. Ryle, houvera concluído que os capítulos 1-39 de
Isaías foram compilados um pouco tempo antes do período de Neemias (444 A.C.), mas
que os capítulos 40-66, embora não pertencessem a uma data tão posterior quanto
alguns dos capítulos precedentes, poderiam apenas ter sido acrescentados um século e
meio depois, “quando a catalogação da autoria desta secção havia sido esquecida,
poderia, não de uma forma antinatural, ser adicionados aos escritos de Isaías “, Dr. Green
em resposta disse:
Desta forma os críticos dissecam Isaías, e então acham que é impossível
ajuntar os pedaços disjuntos novamente sem colocar o cânon em uma data
variante com o testemunho histórico e com toda indicação confiável no que
tange ao assunto. É, na verdade, uma problemática questão que os críticos
têm de resolver, e para a qual nenhuma resposta satisfatória possa ser dada,
como pode ser que este príncipe dos profetas, vivendo, conforme nos é dito,
perto do fim do exílio, cujas predições da iminente libertação e reconstrução
de Jerusalém e seu templo fossem cumpridas tão ao pé da letra, e quem
deveria ter insuflado as almas dos exilados a um indesejável nível com seu
entusiasmo obscuro, pudesse ser tão facilmente esquecido, não apenas seu
nome, mas mesmo sua existência ser inteiramente esquecida, que suas
profecias fossem atribuídas a um outro, que viveu em um diferente período de
tempo e sob circunstâncias inteiramente diferentes. Mas se as exigências da
hipótese crítica exige um longo intervalo a fim de registrar esta completa
omissão, segue-se então que o reconhecimento da autoridade divina desta
magnificente profecia foi atrasado? (General Introduction to the Old
Testament, the Canon, p. 104.)
Dr. R. R. Ottley, o famoso crítico Bíblico inglês, nas notas de seu valioso trabalho, Isaías
de acordo com a Septuaginta, brevemente resume a posição crítica em referência a
Isaías e então continua:
Estas visões são provavelmente sustentadas, de uma forma ou de outra, pela
maioria das autoridades e estudantes atuais. É talvez portanto apropriado ao
escritor destas notas afirmar que ele não está convencido por eles, mas
sustenta que, substancialmente, todo o “Livro de Isaías” é trabalho daquele
profeta, e que o trabalho de “críticos” modernos, apesar de imenso valor como
uma contribuição ao conhecimento dos detalhes, é falho quanto às vastas
questões envolvidas. (Vol. II, p. 297.)
Dr. George L. Robinson, um venerável Hebraísta Americano, resume sua atitude em
relação ao problema crítico como segue:
Mais e mais o escritor é persuadido que fatos mais abrangentes devem decidir
a unidade ou o caráter coletivo do livro de Isaías. Exegese verbal pode fazer
mais dano do que bem. Maior preocupação deve ser dada à estrutura do livro,
o qual não é uma mera antologia, ou coleção de discursos independentes por
diferentes escritores pertencentes a diferentes períodos. Há uma óbvia,
embora possa ser em alguma extensão uma editorial, unidade para as
profecias de Isaías. Olhar para elas como uma massa heterogênea de oráculos
miscelâneos que foram escrevendo em épocas largamente separadas e sob
variadas circunstâncias desde os tempos de Isaías até a era dos Macabeus, e
revisado e livremente interpolado através dos séculos intervenientes, é perder
visão das maiores realidades históricas e perspectiva do profeta.
Não no espírito de um antiquado apologista, portanto, mas antes como uma
contribuição ao criticismo histórico, o escritor sente-se constrangido em dizer,
que para ele o capítulo 2:2-4 é a chave para o horizonte de Isaías; que os
capítulos 40-66 estão em embrião envoltos na visão e comissionamento do
chamado inaugural do profeta (capítulo 6); e que todo o problema de quão
muito ou pouco Isaías escreveu seria imensamente simplificado se os críticos
simplesmente se livrassem de uma massa de pressuposições sem garantias e
restrições arbitrárias as quais afixam de maneira dura e apertada o que cada
século pode pensar e dizer.
Destarte, a atitude do autor é que daqueles quem dão boas-vindas a todos os
resultados certos da investigação, declinem-se a aceitar qualquer mera
conjectura ou teorias como conclusões finais. E enquanto ele reconhece seu
grande débito a críticos de todas as latitudes, ale não obstante acredita que o
Livro de Isaías, praticamente como o temos, pode ter sido, e provavelmente foi,
todo escrito por Isaías, o filho de Amós, na metade superior do oitavo século
A.C. Em que extensão os editores revisavam e suplementavam os discursos
do profeta nunca poderá ser definitivamente determinado (op. cit., p. 62f.).
Vamos agora proceder em indicar em maiores detalhes as razões por que tantos
eruditos têm sustentado que o Livro tal qual como temos é essencialmente de Isaías.

1. As igrejas Judaicas e Cristãs (com exceção das gentis pistas de dúvidas de Ibn Ezra
no décimo segundo século A. D.) tiveram até os últimos cento e cinqüenta anos sem
hesitação se referindo a todo o Isaías, filho de Amós. Tal tradição forte e persistente não
pode honestamente ser posta de lado sem uma indicativa e positiva evidência histórica.
Tal evidência está faltando. Análise subjetiva do texto de Isaías, os resultados da qual são
disputados, não pode ser contabilizado como base suficiente para se apoiar e rejeitar a
tradição antiga.

2. A Septuaginta e outra versões de escritura não dão absolutamente nenhuma pista das
múltiplas autorias de Isaías. É um fato de grande surpresa que a tradução Septuaginta
(Grega) de Isaías que foi feita do hebreu cerca de 200 A.C. não nos dá o nome de um
único dos dez ou mais “profetas”que são assumidos por vários críticos terem contribuído
para o Livro de Isaías. “Singular...que a história deve-se perder todo o conhecimento
desta série de profetas Isaínicos. Singular...que deveriam ser estes profetas cujos nomes
tiveram o destino comum de serem esquecidos, embora no ponto específico de seu
tempo eles todos permanecessem mais próximo ao colecionador do que ao velho profeta
que fosse seu modelo, e segundo quem todos haviam se formado” (Franz Delitzsch, op.
cit., Vol. I, p. 13; italics ours.)

3. Cristo e seus Apóstolos referiam-se ao livro de Isaías. O Novo Testamento cita trinta e
dois capítulos de Isaías. Muitos destes capítulos são citados várias vezes. Catorze
capítulos de 1-35 são representados e dezoito capítulos de 40-66. A distribuição é
excelente. Não há uma mínima pista em lugar algum no Novo Testamento que qualquer
outro profeta diferente de Isaías o filho de Amós fosse o autor das passagens citadas. De
fato a ênfase é o oposto. Perceba que cristo cita a profecia em Isaías 61:1,2 e
expressamente declara que aquilo foi cumprido naquele tempo (veja Lucas 4:18-21).
Lucas, um historiador capaz, escreve que a Cristo foi dado “o livro do profeta Isaías”
(Lucas 4:17) da qual ele cita a profecia cumprida. Observe também que o estudado e
crítico Paulo, quem cita Isaías tão freqüentemente e de tão diferentes lugares (veja
especialmente Romanos), não conhece nenhum equivalente a “Deutero” ou “Trito” Isaías.
De fato, parece bem estranho de que três mentes tão penetrantes e espirituais como
Cristo, Paulo e Lucas não pudessem ver nem um pouco do que críticos modernos vêem –
mesmo presumindo que os últimos estivessem corretos. A maioria dos críticos concederá
grandes poderes de mente e coração a Cristo, Paulo e Lucas mesmo quando negando
quaisquer poderes supernaturais de inspiração ou de revelação. Nem são estes três os
únicos que citam Isaías no Novo Testamento.

4. Jesus Ben-Sirach, cerca de 180 A.C., quando recontando a história dos dias de
Ezequias, registrou que o profeta Isaías
Viu por um espírito excelente o que deveria acontecer nos últimos dias;
E ele confortou aqueles que pranteavam em Sião.
Ele mostrou as coisas que deveriam ser até o fim dos tempos.
E coisas ocultas ou mesmo quando viriam. (Ecclesiasticus 48:24, 25, Revised
Version.)

Ben-Ssirach então também revela que nos tampos antigos Isaías era reconhecido
como o único autor e que profetizara concernente ao futuro.

5. Josefus diz que Ciro o rei ficou especialmente impressionado pela profecia de Isaías ao
efeito de que Deus o havia escolhido (Ciro) para enviar Israel de volta a sua própria terra
e a reconstruir o templo. Então segue uma bem extensiva descrição de como Ciro auxiliou
os Judeus a irem para sua terra nativa e começar a reconstrução do templo. (Antiquities,
XI, 1, 2.) Josefus também fez a seguinte interessante declaração concernente a Isaías:
Agora quanto a este profeta, ele foi pela confissão de todos um homem divino
e maravilhoso em falar a verdade; e sacando da certeza de que ele nunca
escrevera o que fosse falso, ele anotou todas as suas profecias, e as deixou
para trás em livros, para que suas realizações pudessem ser julgadas a partir
dos eventos pela posteridade. (Antiquities, X, 2.)
Mesmo após descontarmos de Josefus por suas deficiência como historiador é difícil
de acreditar que ele deliberadamente fabricaria cartas supostamente como sendo de Ciro
que confirmariam as profecias de Isaías feitas aproximadamente duzentos anos antes da
época do rei da Pérsia. Podemos estar certos, entretanto, de que os Judeus nos dias de
Josefus acreditavam ser o livro de Isaías uma unidade e de que o profeta pudesse ver o
futuro.
Desta forma concluímos e vemos que todas as evidências externas estão em favor da
unidade de Isaías. Agora vamos proceder à consideração de algumas das evidências
internas.
As seguintes características intrínsecas comuns ao livro inteiro suplicam fortemente
por sua unidade (na discussão dos pontos de 6-13 eu abertamente adotei muito de um
artigo do Ver. J.J. Lias. A Unidade de Isaías “Journal of the Transactions of the Victorian
Institute, Vol. XLVIII, pp. 65-84.)”:

6. A forte dissociação entre a personalidade de Isaías e de suas profecias. Apenas uma


vez (capítulo 6) é que realmente Isaías relata uma visão e conta às circunstâncias sob as
quais sua profecia foi entregue. Contraste este uso com livros tais como Jeremias,
Ezequiel e Daniel.

7. Cada capítulo no livro – sim, aproximadamente cada versículo – é caracterizado pelas


imagens majestosas em que o escritor revela, a poética elevação de estilo e amor pela
natureza. Mesmo o limitado Isaías dos críticos não tem nenhum monopólio dessas
qualidades. O estilo do livro por todo o livro é único na literatura.
8. A tendência para a repetição. Perceba o uso do “ai”, no capítulo 5, como um exemplo.
Ele reaparece no capítulo 45, o qual é designado como “Segundo” Isaías. No “Segundo”
Isaías a repetição freqüentemente assume formas tais como “Desperta, desperta,”
“Lançai-vos” por causa da ênfase.

9. A tendência de o profeta citar suas próprias palavras. Este hábito não somente
peculiar de Isaías mas é muito mais comum com ele do que com qualquer outro profeta.
Perceba Isaías 11:6-9 e compare 65:25.

10. O uso abundante de paronomásia ou a repetição do mesmo som. É necessário voltar


ao texto hebreu, é claro, a fim de ilustrar tal uso. Paronomásia é ocasionalmente
encontrada em outros livros, mas em Isaías ela carimba o livro inteiro como um livro
escrito por um homem que tem seus ouvidos assim como a mente e o coração de um
poeta.

11. Expressões peculiares de Isaías. A mais remarcável destas é “O Santíssimo de


Israel”. Dr. G. L. Robinson escreve:
O nome divino, “O Santíssimo de Israel”, o qual Isaías concede a Jeová, e que
ocorre vinte e nove vezes em seu livro e apenas seis vezes em outras partes
de todo o Velho Testamento, interliga inseparavelmente todas as várias partes
umas as outras e as sela com a impressão pessoal daquele que viu o
Majestoso Deus sentado sobre seu trono alto e elevado, e ouviu os coros
angélicos cantando “Santo, santo, santo, é Jeová dos exércitos: toda a terra é
cheia de sua glória” (capítulo 6). A presença de seu nome divino em todas as
diferentes partes do livro é de mais valor em identificar Isaías como o autor
destas profecias do que ter seu nome inscrito no começo de cada capítulo...
(op. cit., p. 14).

Observe outras expressões como “Senhor dos exércitos”, “Poderoso Deus de Jacó”,
ou “Israel”, “A boca do Senhor tem isto falado”, “Estabelecer um estandarte”, e assim por
diante.

12. A tendência em subitamente irromper em canção. Esta característica é comum em


todas as partes do livro e também peculiar à Isaías. Veja Isaías 5:1-7; 12:1-6; 26:14; 35:1-
10; 36:10-20; 44:23; 48:20; 51:11; 54:1.

13. O empilhamento de idéias e imagens é uma característica Isaínica peculiar – a


construção de idéias, algumas vezes de uma natureza similar outras de uma contrária,
comum efeito muito poderoso. O leitor pode consultar Isaías 2:10-17; 24;2; 65:13-14 por
exemplo de indiscutíveis Isaías , tanto a partir dos “fragmentos” como do “Segundo”
Isaías, respectivamente. Passagens mais curtas de uma característica similar ocorrem
freqüentemente ao longo de todo o Isaías.
Nenhum escritor a não ser Isaías nos supre com tais exemplos
Como visto, as últimas partes de Isaías são de nenhuma forma ausentes das
características literárias encontradas nas outras partes do livro. Ainda assim, eu admito de
alguma forma um estilo diferente nos capítulos de 40-66 conforme constratado com a
maioria do que precede. A uma nota de triunfo nestes capítulos não tão aparentes em
outras seções do livro – um mais brilhante e mais confortante tom através destas partes.
Um escritor pode variar seu estilo de uma hora para outra conforme escreve ele sob
diferentes condições e sobre diferentes assuntos.
Nos capítulos 40-66 Isaías trata sobre o grande tema da redenção de Israel. Isto
contabiliza para a diferença de estilo (ou deveremos dizer humor) entre eles e a maioria
de outros capítulos no livro. Com um olho claramente profético, Isaías viu o retorno dos
Judeus do cativeiro Babilônico, o sacrifício expiatório de Cristo, a coligação de Israel nos
últimos dias, a eventual glorificação de Sião, a era Milenar – sim, e mesmo “novo céu e a
nova terra”. Não nos maravilhamos que o poeta-profeta lance uma nota triunfante e
conforte o seu povo com suas sublimes mensagens. Apenas aqueles que investigam seu
livro com um preconceito fortemente naturalista podem falhar em ver a razão pela
mudança de estilo (ou humor) do poeta.

14. No “Segundo” Isaías e no “Trito” Isaías, não há nenhuma diferença real na teologia do
profeta conforme comparado com outros capítulos – o que encontramos é antes uma
extensão ou mais completa expressão de sua teologia. O que Professor Driver e outros
escritores sob sua persuasão falham em ver é que um escritor não pode esgotar suas
idéias teológicas sobre um dado tema em trinta e nove capítulos – alguma coisa pode ter
sido deixada para os capítulos de quarenta a sessenta e seis. Autores usualmente
reclamam o privilégio de enfatizar diferentes doutrinas e tópicos conforme a ocasião
requeira.
A evidência interna, portanto, é fortemente a favor da unidade de Isaías. O certo é que
os argumentos dos críticos para a divisão de Isaías estão longe de serem definitivos ou
conclusivos. Faltando isso, a hipótese deles deve ser etiquetada como “não provada”.
Destarte, o mais sério problema em conexão com o texto de Isaías no Livro de Mórmon
desaparece.

Nota 1 do tradutor: A minha versão Bíblica Almeida, revista e atualizada, tem esses
comentários na introdução de Isaías, feitas por Charles Caldwell Ryrie, Th. D., Ph. D.:
“Composição de Isaías: Muito debate tem surgido quanto à autoria dos capítulos 40 a
66. Alguns atribuem toda esta divisão do livro a um “Deutero-Isaías”, que teria vivido por
volta de 540 a.C. (após o cativeiro babilônico). Outros sugerem que um “Trito-Isaías”
escreveu os capítulos 56-66. Ainda outros vêem inserções e editorações tão recentes
quanto o primeiro século a.C., uma posição difícil de sustentar-se à luz da descoberta do
rolo de Isaías (contém todo o livro) nas cavernas de Qumran, pois este foi datando no
segundo século a.C.
Estas sugestões procuram eliminar o elemento sobrenatural necessário à profecia
preditiva. Assim, o cativeiro Babilônico e o retorno promovido por um monarca persa
(especificamente denominado Ciro) não são vistos como fatos preditos com 150 anos de
antecedência, mas como fatos históricos registrados depois de acontecidos. Ainda que tal
conclusão fosse admitida, não invalidaria a profecia preditiva. O nome do rei Josias foi
predito com tr6es séculos de anônimo (I Rs 13:2), e Belém foi citada como o lugar de
nascimento do Messias sete séculos antes do evento (Miquéias 5:2). Além disso, há
profecia preditiva nos capítulos de 1 a 39 de Isaías (veja 7:16; 8:4; 7; 37:33-35; 38:8 com
respeito a profecias rapidamente cumpridas, e 9:1-2 e 13:17-20 com respeito a profecias
de cumprimento mais demorado).
Se o chamado “Deutero-Isaías” viveu em Babilônia, como se alega, demonstra pouco
conhecimento da geografia mesopotâmica, mas grande familiaridade com a Palestina
(41:19; 43:14; 44:14). Além disso, afirma-se que as diferenças de estilo e linguagem só
podem ser explicadas se postularmos autores diferentes, uma teoria que, se aplicada a
Milton, Goethe, ou Shakespeare, exigiria a conclusão de que muitas de suas obras
seriam espúrias. Muito pelo contrário, podem-se apontar 40 ou 50 frases e sentenças que
aparecem em ambas divisões do livro e, portanto, favorecem a autoria única (cf. 1;20 com
40:5 e 58:14; 11:6-9 com 65:25; 35:6 com 41:18, etc.)
Propor dois ou mais autores para este livro é também contraditar a evidência do Novo
Testamento. Citações dos capítulos 40-66 se acham em Mateus 3:3; 12:17-21; Lucas 3:4-
6; Atos 8:28; Romanos 10:16, 20 e são todas atribuídas a Isaías. Além disso, em João
12:38-41, as citações de Isaías 6:9-10 e 53:21 aparecem juntas e são ambas atribuídas
ao Isaías que viu o Senhor na visão do templo do capítulo 6. Devemos, portanto, concluir
que o mesmo autor foi responsável por todo o livro, e que nenhuma parte dele foi escrita
durante ou depois do cativeiro babilônico.

A segunda parte de minha resposta ao problema de Isaías no Livro de Mórmon vem


dos resultados de um cuidadoso exame textual dos capítulos de Isaías inseridos nele.
Estes capítulos razoavelmente bem preenchem as requisições técnicas de um texto
assumido como sendo realmente antigo.
Um estudioso Bíblico pode aventurar-se a questões tais como essas:
1. É o texto de Isaías no Livro de Mórmon o mesmo, palavra por palavra conforme aquele
da versão do Rei Tiago? Se é, as alegações feitas de que o original nas placas de ouro
volta atrás até a época de Isaías podem ser negadas. Em outras palavras, o Livro de
Mórmon pode ser sacado da corte como uma testemunha do texto original de Isaías. Esta
seria uma ação razoável pois todo erudito Bíblico sabe que o texto Hebraico de Isaías
sobre o qual a versão do Rei Tiago depende primordialmente tem sido de alguma forma
corrompido no curso de transmissão através das eras. Se o Livro de Mórmon reproduz
todas estas corrupções, haveria plena evidência de que Joseph Smith não traduziu
realmente a partir de texto antigo de Isaías.

2. Qual é o testemunho das antigas versões Gregas, Siríaca e Latina de Isaías com
respeito ao que temos no Livro de Mórmon? Estas versões também têm se tornado
corrompidas no curso de transmissão através dos séculos, mas pelas leis da
probabilidade elas deveriam concordar em alguns exemplos com a leitura do Livro de
Mórmon onde o último difere da versão Hebraica. Isto que dizer, ocasionalmente preserva
uma verdadeira leitura de Isaías onde o hebreu nos falha, e em tais lugares onde o
verdadeiro texto de Isaías aparece o Livro de Mórmon deveria concordar. Em geral
devemos estar preparados em admitir que a ciência do criticismo textual lançará grande
luz na asserção da antiguidade do texto de Isaías no Livro de Mórmon. Testes críticos
poderiam ser mais rápidos e poderosos em testar deslizes da parte de impostores incultos
que oferecem consertar textos bíblicos para a investigação do público.

Agora vamos considerar o texto de Isaías do registro Nefita à luz destas questões e
observações. O texto de Isaías no livro de Mórmon não é o mesmo palavra por palavra
daquele da versão do rei Tiago. Dos 433 versículos de Isaías no registro Nefita, Joseph
Smith modificou cerca de 233. Algumas destas mudanças feitas foram pequenas, outras
foram radicais. Entretanto, 199 versículos são palavra por palavra o mesmo da antiga
versão Inglesa. Portanto, podemos livremente admitir que Joseph Smith possa ter usado
a versão do Rei Tiago quando ele chegou ao texto de Isaías nas placas de ouro. A
medida que a familiar versão concordava substancialmente com o texto nas placas de
ouro, ele deixava passar; quando diferia muito radicalmente ele traduzia a versão Nefita e
ditava as mudanças necessárias. Vamos estudar alguns exemplos.
Em 2 Néfi 12:16 (cf. Isaías 2:16) o Livro de Mórmon tem uma leitura de interesse
remarcável. Ele prefixa uma frase de oito palavras não encontrada nas versões Hebraicas
ou nas versões do Rei Tiago. Uma vez que a antiga versão Septuaginta (Grega) concorda
com a frase no Livro de Mórmon, vamos exibir as leituras do Livro de Mórmon (LM), a
versão do Rei Tiago (RT) e a Septuaginta (LXX) como segue:
L.M. E contra todos os navios do mar,
R.T. ......................................................
LXX E contra todos os navios do mar ,

L.M. e contra todos os navios de Társis


R.T. e contra todos os navios de Társis
LXX ............................................................

L.M. e contra tudo que é belo a vista


R.T. e contra tudo que é belo a vista
LXX e contra toda disposição de belos navios

O Livro de Mórmon sugere que o texto original deste versículo continha três frases,
todas as quais começavam com as mesmas palavras de abertura, “e contra tudo (todos)”.
Por um acidente comum, o texto do Hebreu Original (e conseqüentemente a versão do
Rei Tiago) perdeu a primeira frase, a qual foi, entretanto, preservada pela Septuaginta.
Esta última perdeu a segunda frase e parece ter corrompido a terceira frase. O Livro de
Mórmon preserva todas as três frases. Eruditos podem sugerir que Joseph Smith tomou a
primeira frase a partir da Septuaginta. O profeta não sabia Grego e não há evidência que
ele tivesse tido acesso a uma cópia da Septuaginta em 1827-29 quando traduziu o Livro
de Mórmon.

Nota 2 do tradutor: Relatos dos ajudantes de Joseph e de sua esposa contam que
Joseph não utilizava sequer uma Bíblia do Rei Tiago no processo de tradução, sugerindo
um processo ainda mais miraculoso ao citar versículo por versículo de Isaías, na mesma
ordem encontrada na Bíblia, diretamente das revelações em sua mente. Se nem mesmo a
versão do Rei Tiago pode ter sido usada no processo de tradução, quanto mais “duas
versões” da Bíblia, sendo que uma delas de difícil acesso ao nosso pobre fazendeiro do
Interior de Nova York!)
Nota 3 do tradutor: O Dr. David Wright - em uma crítica a esta passagem no Livro de
Mórmon apontou para dois pontos pertinentes que merecem consideração:
a) a) A inclusão de ambas frases “navios do mar” e “navios de Társis” no
texto do Livro de Mórmon quebraria a estrutura de bicolas (pares paralelos de
idéias) com uma tricola (trio paralelo de idéias) do texto de Isaías.
b) b) Joseph Smith poderia ter tido conhecimento da versão da Septuaginta
através de algum sermão proferido por algum pastor metodista e que
conhecesse a versão Wesleyana da Bíblia e já houvesse notado a distinção
desta passagem com os versículos da versão do rei Tiago inglesa.
Eruditos mórmons refutam as posições do Dr. David Wright alegando que:
a) a) As estruturas poéticas hebraicas não são tão uniformes como se
pensava. Pares de tricolas incorporados em seqüências de bicolas podem ser
encontrados em várias passagens do Velho Testamento (e.g., Isaías 1:8;
54:12; Salmos 80:9,16; 81:7; etc.)
b) b) Se pesquisarmos entre os milhares de discursos ou estudos bíblicos
publicados na Internet algum que trate especificamente sobre esta variação de
Isaías entre os textos da Vulgata e da versão do Rei Tiago, só acharemos
textos que correlacionam estas duas passagens com a passagem do Livro de
Mórmon. Uma vez que a expressão “navios do mar” e “navios de Társis” são
equivalentes, creio que este seria um ponto de pouca atenção a ser discutido
entre eruditos bíblicos, quanto mais a ser mencionado em discursos de Igrejas
Metodistas no século XIX, ainda mais para fazendeiros do interior dos USA que
nem deveriam saber que existiam outras versões da Bíblia. Será que alguns
deles se importariam em saber sobre este ponto ínfimo? Eles estariam muito
mais envolvidos no embate teológico entre as Igrejas daquele tempo. Fé versus
obras, salvação pela graça, segunda volta do Messias, etc. Ainda assim, se por
uma mera suposição, acreditássemos que Joseph tivesse inserido
propositalmente esta tricola a partir de uma versão remota da Vulgata para dar
uma característica antiga ao Livro de Mórmon, por que então ele não usou isso
para demonstrar a autenticidade do Livro de Mórmon posteriormente. Ainda, por
que nenhum líder ligado a Joseph notaria essa variação e apontaria como
autenticidade do Livro de Mórmon? Esta passagem só foi descoberta pela
primeira vez em 1948 por Sidney B. Sperry (Our Book of Mórmon, Salt Lake
City: Stevens and Wallis), cento e dezoito anos após a publicação do Livro de
Mórmon! Teria Joseph se dado ao trabalho de ter consultado uma versão da
Vulgata, notado a diferença desta passagem com a equivalente na versão do
Rei Tiago e inserido propositalmente uma tricola, que só seria descoberta mais
de um século depois!? Por que simplesmente não aceitamos o caráter inspirado
do profeta e supomos que os escribas das versões hebraicas e gregas
simplesmente ignoraram um dos versos da tricola a fim de formar uma estrutura
mais homogênea de bicolas? Ah, claro! Esta última opção implicaria numa
aceitação do chamado profético de Joseph, ou seja, eu teria de me batizar na
Igreja que ele restaurou. Então vamos ter que supor uma super fraude tão bem
elaborada pelo astuto Joseph, que era só para ser descoberta muito mais tarde,
quando eruditos colocassem lado a lado as várias versões de Isaías com a
versão do Livro de Mórmon. Joseph é claro, guardaria segredo disto durante
toda a sua vida, jamais tiraria lucro desta astuta fraude, deixando isso para os
líderes de sua futura Igreja no século seguinte...??????
O artigo completo que discute as colocações do Dr. David Wright pode ser
encontrado em: http://www.jefflindsay.com/LDSFAQ/2nephi12.shtml

2 Néfi 12:20 (cf. Isaías 2:20) possui uma leitura de interesse especial pela razão de
que é apoiada por apenas um dos três maiores manuscritos da Septuaginta, chamado de
Códice Alexandrino, que será aqui abreviado por C.A.:

L.M. Naquele dia um homem lançará às toupeiras e aos morcegos


R.T. Naquele dia o homem lançará às toupeiras e aos morcegos
C.A. Naquele dia um homem lançará às pessoas vãs e aos morcegos

L.M. os seus ídolos de prata e os seus ídolos de ouro,


R.T. os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro,
C.A. suas abominações de prata e de ouro

L.M. que fez para ele próprio adorar;


R.T. que fizeram para diante deles se prostarem,
C.A. que fez para adorar,

Nosso interesse, é claro, está centrado na terceira frase do versículo onde o Livro de
Mórmon se pareia com o texto da Versão do Rei Tiago. O texto Nefita em termos de
gramática Hebraica tem um verbo na terceira pessoa do masculino singular o que
traduzimos “que fez para...adorar”, em contraste com o texto da Versão do Rei Tiago (e
da versão Hebraica) onde se lê “que fizeram para..se prostarem”. O Códice Alexandrino
apóia a leitura do Livro de Mórmon neste ponto, embora os outros dois grandes
manuscritos da Septuaginta, o Códice Vaticanus e o Códice Sinaiticus, não. Isto enfatiza
o ponto colocado acima de que todos os grandes manuscritos da Bíblia têm-se tornado
corrompidos no curso da transmissão através das eras, mas pelas leis da probabilidade
eles deveriam concordar em alguns exemplos com as leituras do Livro de Mórmon onde
este último difere da versão hebraica.

Um outro fato interessante que deveríamos apontar apontar sobre este versículo antes
de seguirmos adiante é que o Códice Vaticanus e o Códice Sinaiticus, junto com alguns
outros manuscritos, têm uma leitura “Pois naquele dia” no começo deste versículo. O
Livro de Mórmon atesta a exatidão da versão hebraica, do Rei Tiago, do Códice
Alexandrino e do Códice Marchalianus (Q) ao omitir o “Pois”.
Vamos examinar a seguir um versículo de Isaías, em que as corrupções que existem
tanto na versão do Rei Tiago (segundo o hebraico) e a versão da Septuaginta são
belamente conectadas a nós pelo Livro de Mórmon. O versículo em questão encontra-se
em 2 Néfi 7:2 (cf. Isaías 50:2).

L.M. Porque quando vim,


R.T. Por que razão, quando eu vim,
LXX Por que eu vim, e não havia

L.M. não havia ninguém; quando chamei,


R.T. ninguém apareceu? Quando chamei,
LXX e não havia ninguém? Eu chamei,

L.M. ninguém respondeu. Ó casa


R.T. ninguém para responder?
LXX ninguém para ouvir?

L.M. de Israel, tanto se encolheu minha mão


R.T. Acaso se encolheu tanto a minha mão
LXX Não é minha mão forte o suficiente

L.M. que já não possa remir


R.T. que já não pode remir
LXX para redimir

L.M. ou já não há em mim força para livrar?


R.T. ou já não há força em mim para livrar?
LXX ou não tenho Eu força para livrar?

L.M. Eis que com a minha repreensão faço secar o mar,


R.T. Eis que pela minha repreensão faço secar o mar,
LXX Eis, pela minha ameaça Eu desolarei o mar,

L.M. torno seus rios em desertos


R.T. torno os rios em deserto
LXX e farei rios um deserto

L.M. e faço com que cheire mal os seus peixes,


R.T. até que cheire mal os seus peixes,
LXX e seus peixes serão secados

L.M. porque secaram as águas


R.T. porquanto não têm água,
LXX porque não há água

L.M. e morrem de sede.


R.T. e morrem de sede
LXX e deverão morrer de sede

A partir do ponto de vista do criticismo textual existem muitas características neste


versículo. Vamos atentar para apenas algumas. O Livro de Mórmon lê “seus rios” ao invés
de “rios”. Isto é prontamente explicado na base de que a letra mem (“seus”), que era
originalmente conectada a “rios”, acidentalmente foi sacada para fora do texto hebraico
(daí, a omissão na versão do Rei Tiago dos “seus”), porque a letra adjunta na próxima
palavra (“desertos”) é também uma mem. Tais acidentes são bem conhecidos dos críticos
de texto. A leitura “seus peixes” mais adiante na sentença também argúe bem para a
correção dos “seus rios.”
Será observado que a versão do Rei Tiago (a hebraica) omite “secaram”; por outro
lado, a grega (LXX) omite “cheirem mal”. O Livro de Mórmon retém ambos, indicando que
o texto Hebraico e Grego, cada um falta elementos que estavam no texto original de
Isaías. Sobre as bases da leitura do Livro de Mórmon o crítico literário pode reconstruir o
que aconteceu ao texto original. Por uma coincidência ainda mais peculiar, as palavras
“cheirem mal” e “secar” no texto Hebreu teriam aproximadamente o mesmo som e
aparência. A sacada ocasional de um desses verbos do texto original, ou tanto um erro de
leitura, poderia ter ocasionado uma considerável dificuldade e forçado os escribas a
reconstruir o texto de diferentes maneiras. As presentes leituras do Grego e do Hebraico
ilustram o processo de reconstrução. A versão do Livro de Mórmon deste versículo é tão
razoável considerando as bases da evidência textual a ponto de chamar a atenção de
qualquer pessoa inteligente.
Uma ilustração mais da maneira em que o Livro de Mórmon manipula o texto de Isáias
deve ser suficiente. Este exemplo envolve a escolha de uma de duas palavras hebraicas
que possuem o mesmo som mas diferentes significados. 2 Néfi 19:3 (cf. Isaías 9:3) é o
versículo em questão. As leituras do Livro de Mórmon e da versão do Rei Tiago assim
seguem:

L.M. Tu multiplicaste a nação


R.T. Tu multiplicaste a nação

L.M. e aumentasse a alegria - eles


R.T. e não aumentasse a alegria – eles
(Nota do tradutor: O “not” que aparece na versão inglesa da “King James” já foi
suprimido nas versões Almeida em Português, ou seja, nas atuais versões em Português
você não achará o “não” neste versículo, contudo confira com uma King James em
inglês!)

L.M. se alegram perante ti como


R.T. se alegram diante de ti como

L.M. se alegram na ceifa e como


R.T. se alegram na ceifa e como

L.M. os homens exultam quando


R.T. (os homens) exultam quando

L.M. repartem os despojos.


R.T. se repartem os despojos.

A única maneira em que o Livro de Mórmon difere dos textos da versão do Rei Tiago é
a omissão de uma palavra, “não” (veja minha nota acima). A maioria dos eruditos
concorda que o “não” das versões em Hebraico e do rei Tiago está obviamente fora de
lugar. Algumas versões, especialmente a Siríaca e os Targuns, sugerem que
originalmente o texto hebraico não continha esta palavra, mas antes uma outra tendo o
mesmo som mas um significado diferente. É bem compreensível como um escriba,
escrevendo o texto conforme fosse a ele ditado, pudesse selecionar a palavra errada de
duas possuindo o mesmo som. A palavra selecionada foi ld (“não”) ao invés de lo (“para
ele (isto)”). O Livro de Mórmon definitivamente rejeita a primeira opção e parece indicar
que a última fosse a original. A frase “e aumentaste a alegria” no Livro de Mórmon tem
como seu antecedente “nação” da primeira cláusula. Literalmente, deveríamos traduzir,
“Tu multiplicaste a nação, (e) lhe aumentaste a alegria.” Este é essencialmente o que o
autor acredita ser o significado do texto nefita até a palavra ‘”alegria”.
A versão de Isaías na escritura Nefita segue um curso independente por ela própria,
como deveria ser esperado de um verdadeiro e autêntico registro antigo. Ele faz adições
ao texto atual em certos lugares, omite material em outros, transpõe, faz correções
gramaticais, encontra apoio algumas vezes por suas leituras incomuns nos textos antigos
Gregos, Siríacos e versões Latinas, e outras vezes não. Em geral, ele apresenta um
fenômeno de grande interesse ao estudante de Isaías.

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