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Definição:
Direito administrativo é um ramo autônomo, dentro do direito público interno, que
basicamente se concentra no estudo da Administração Pública e da atividade de seus integrantes.
Tal disciplina tem por objeto os órgãos, entidades, agentes e atividades públicos, e a sua meta é
a sistematização dos fins desejados pelo Estado, ou seja, o interesse público, regrado pelo
princípio da legalidade. Tudo que se refere ao instituto da Administração Pública e à relação
jurídica entre ela e os administrados e seus servidores é regrado e estudado pelo Direito
Administrativo.
O Direito Administrativo integra o ramo do direito público, cuja principal característica é a
desigualdade jurídica entre as partes envolvidas. De um lado, a Administração Pública defende os
interesses coletivos; de outro, o particular. Havendo conflito entre tais interesses, haverá de
prevalecer o da coletividade, representado pela Administração Pública. No Direito Público, a
Administração Pública se encontrará sempre em um patamar superior ao do particular,
diferentemente do que é visto no Direito Privado.
É constituído por conjunto de normas e princípios jurídicos vinculantes de natureza pública
que tem como objeto específico a organização, o funcionamento e atividade da administração
bem como as relações jurídicas que se estabelecem entre esta e outros sujeitos de direito.
A figura do particular inclui a pessoa física e jurídica.
Estas noção operativa peca por incompletude. Também faz parte do Direito Administrativo
as atividades de administração privadas.
Quando se fala em Administração Pública, tem-se presente todo um conjunto de
necessidades coletivas cuja satisfação é assumida como tarefa fundamental para a coletividade,
através de serviços por esta organizados e mantidos
Onde quer que exista e se manifeste com intensidade suficiente uma necessidade coletiva,
aí surgirá um serviço público destinado a satisfazê-la, em nome e no interesse da coletividade.
As necessidades coletivas situam-se na esfera privativa da Administração Pública, trata-se
em síntese, de necessidades coletivas que se podem reconduzir a três espécies fundamentais: a
segurança; a cultura; e o bem-estar.
Fica excluída do âmbito administrativo, na sua maior parte a necessidade coletiva da
realização de justiça. Esta função desempenhada pelos Tribunais, satisfaz inegavelmente uma
necessidade coletiva, mas acha-se colocada pela tradição e pela lei constitucional (art.º 205º CRP),
fora da esfera da própria Administração Pública: pertencer ao poder judicial.
Quanto às demais necessidades coletivas, encontradas na esfera administrativa e dão
origem ao conjunto, vasto e complexo, de atividades e organismos a que se costuma chamar
Administração Pública.
Flexibilidade de fronteiras:
movimentos migratórios de necessidades coletivas
privatização
nacionalização
Estes movimentos têm como limites a CRP, o direito da UE e o limite financeiro, pois
quanto mais o Estado faz mais gastos tem visto que nacionalizar significa indemnizar os
proprietários do bem.
Existem zonas em que há necessidades coletivas satisfeitas por entidades privadas e
públicas (Ex: ensino e a saúde). Princípio de subsidiariedade - as entidades públicas só devem
satisfazer as necessidades que não são cobertas pelas entidades privadas.
A administração pública é regulada pelo direito administrativo ou pelo direito da
administração pública?
● Uns defendem que é pelo direito administrativo
● Outros (Otero) defendem que é pelo direito da administração pública, porque há setores da
administração pública que são regulados por outros ramos do direito.
Até à Revolução Francesa, o que regulava o agir da administração pública sempre foi o direito
comum - princípio da separação de poderes.
Meados de séc. XX chegou-se à conclusão que o princípio da legalidade limitava a administração.
Séc. XXI - mais autoridade, administração mais forte.
Não há um direito apenas regulador da administração pública, apesar de ser o direito típico
que regula a atuação administrativa.
O DA tem uma génese conflitual com a revolução francesa – surge para regular a atividade
administrativa libertando a administração do direito comum e torna-se um direito com
prerrogativas (vantagens). No séc. XX a administração procurou retornar ao direito
privado.
1. O direito privado que a administração aplica não é igual aos que os particulares aplicam –
direito privado administrativizado/ direito administrativo privado.
O que há neste direito que o diferencia?
Quando a administração o aplica continua vinculada aos princípios do 266º da CRP.
A administração está vinculada à aplicabilidade direta dos direitos fundamentais – 18
CRP.
Toda a administração pública pode fugir/recorrer para o direito privado?
Não, porque há uma reserva constitucional de direito administrativo. Ou seja, a CRP impõe
que em certas matérias da relação da administração tem de ser regidas pelo direito
administrativo.
Interesse público deve ser prosseguido com o respeito pelos interesses dos cidadãos –
consagrada no 266º da CRP
Dignidade humana deve prevalecer em situações extremas sobre o interesse comum – tese
personalista. PO considera a que se encontra viva no direito português.
Está ligado a uma pluralidade de interesses: o interesse público pode ser diferente das RA; ou
da ordem dos advogados, das universidades…
Ideias a reter:
1 – Pluralidade, muitas vezes antagónica
2- Necessidade de harmonizar interesses públicos: há de base territorial, de natureza institucional,
transnacional e de base associativa
3- Há uma dimensão temporal/inter-geracional do interesse publico.
Ex: para os idosos é importante que tenham grandes pensões. Mas conceder-lhes pensões sem
limite é comprometer as gerações futuras. Devem-se salvaguardar os interesses das gerações
vindouras.
24/09/2019
Traços da administração pública:
Há hoje um desequilíbrio na relação entre a autoridade (a favor) e a liberdade
Existência de uma administração com uma pluralidade conflitual de interesses e de contra
interesses. Muitas vezes a administração aprece capturada por algum destes interesses.
Gere interesses.
Textura aberta do direito. Um direito de certezas baseadas em regras jurídicas é substituído
progressivamente por um direito de princípios. É cada vez mais um direito de prinxipios.
Decisões assentam numa logica d eponderaçoes e não do “tudo ou nada”. Cada vez mais
crescem clausulas abertas e conceitos indeterminados, bem como a exstencia de
antiminorinorias?
Ex: regulamento da faculdade de lisboa e da de Coimbra
Crise da representação parlamentar/crise geral do Estado. Hipervalorização do executivo,
nunca como hoje teve tanto peso. há uma transformação e desvalorização do papel do
Estado.
Datas destas transformações:
1. 11 de setembro de 2001. Veio fundamentalmente colocar a questão de menos liberdade e
mais autoridade. Tales Hobbes tenha sido o vencedor da história. Todos somos suspeitos
até contrário de potencias terroristas. A presunção de inocência inverteu-se. Há reforço
desta vigilância permanente – da origem a uma Administração publica de vigilância/ ou
do inimigo.
2. Crise financeira de setembro de 2008. Veio colocar a questão: Se a AP não é hoje inimiga
dos direitos sociais. A sustentabilidade financeira coloca hoje em causa o modelo de bem-
estar social consagrado nos textos constitucionais.
3. Desvalorização progressiva da força do Estado/crepúsculo da soberania externa do estado.
Fatores:
Globalização/internacionalização: há áreas/domínios nos quais o Estado não tem força de
regular (comercio eletrónico que cada um processo; nas situações que passam pela prática
de crimes internacionais – só a cooperação entre os Estados permite resolves; crises
financeiras e sua propagação, como os bancos; problemas de dimensão ambiental;
problemas de natureza alimentar, por exemplo).
Europeização - o peso da EU na tomada de decisões. Verdadeiramente há uma
expropriação da capacidade de decisão das Administrações Públicas nacionais.
Fenómenos:
Peso da administração eletrónica: a burocrática é cada vez mais substituída por esta.
A AP tem nas mãos a satisfação ou não satisfação dos direitos sociais. Constituição refém
da administração publica. Supremacia prática daquela na concretização constitucional.
A sustentabilidade da administração leva a crer três modelos de administração:
1. Administração conservadora: presente surge condicionado pelo passado. Sempre a olhar
para trás.
2. Administração predadora: presente consome o futuro. Sempre pronta a dar
financeiramente, estando a hipotecar o futuro das próximas gerações.
3. Administração sustentada: presente condicionado pelo futuro. Aquela que decide hoje,
mas tem em atenção os impactos/efeitos sobre as gerações futuras.
Desenvolvimento sustentável tem uma dimensão financeira, económica e social. A
sustentabilidade condiciona a ação administrativa.
Ex: endividamento; défices orçamentais.
Elementos de resistência da ideia de sustentabilidade:
Princípio da solidariedade
Modelo económico
A dimensão financeira do problema da sustentabilidade coloca a questão se não há um estado de
emergência permanente. Estados da EU vinculados a ter um limite máximo de equi??
- Há uma relação difícil entre o DA e o direito civil.
O DA não deve inventar o que já esta descoberto pleo dicil, deve aproveitar e utilizar.
- O sistema administrativa é um elemento cultural e material
Normas que definem tarefas ou incumbências publicas. Normas que traçam a fronteira
entre dois hemisférios: do público e do privado/normas que definem a fronteira entre o
que é pretensa da sociedade civil ou normas que têm a ver com o poder público. Estas
normas repartem entre a área de intervenção que diz respeito ao bem comum da
coletividade vs. Interesses, direitos e liberdade individuais. Se a esfera do público invadir a
da sociedade civil há uma intromissão e violação dos direitos sociais. Esta fronteira é
permeável/flexível, tendo a ver com questões político-constitucionais.
Normas relacionadas com a divisão/separação de funções: público-poder judicial,
legislativo e administrativo - separação de poderes. Saber o que pertence a cada uma das
três esferas tem a ver com a separação de poderes. Quando um dos poderes invade a esfera
de outro há uma questão de inconstitucionalidade orgânica, de usurpação de poderes –
violação do princípio da separação de poderes. São atos nulos.
Função administrativa: há normas de atribuição – normas que definem os fins/interesses públicos.
Cada entidade publica tem interesses públicos próprios - chamam-se atribuições. A consequência
é que se uma entidade publica pratica um ato que se integra nos fins ou atribuições de outra
entidade pública há uma situação de incompetência absoluta – vicio que padece a atuação de
uma entidade pública que invade a esfera dos fins/atribuições de outrem entidade (ato praticado
pelo Estado sendo este das atribuições das RA). São atos nulos.
Pessoas coletivas: precisam de órgãos para manifestar a sua vontade. Há uma pluralidade de
órgãos. Cada órgão tem interesses próprios, atribuídos por normas de competência (em sentido
estrito – repartem poderes entre órgãos da mesma entidade). Se o órgão A pratica um poder do
órgão B da mesma entidade é uma incompetência relativa – porque ambos prosseguem o mesmo
fim. É um ato anulável.
1. Normas que disciplinam o exercício da competência – como se pode decidir?
Normas que definem o fim da competência – competência sempre atribuída com um propósito.
Ex: poder das autoridades policiais de passarem multa em casos de excesso de velocidade.
Propósito é o cumprimento do código da estrada.
Se o motivo principalmente determinante de certa conduta não corresponde ao fim pelo qual a
competência foi atribuída, há uma questão de desvio de poder -vicio que padece à atuação
administrativa sempre que o motivo principalmente determinante não coincide ao fim ao qual
foi atribuída essa competência (aumento de multas para fins de receita).
Desvio de poder por razoes de interesse público – sujeito a anulabilidade (exemplo da
multa para obter receitas).
Desvio de poder para fins de natureza privada – sujeito a nulidade (cedo licença de
construção em troca de você, empreiteiro, construir uma piscina em minha casa).
Normas quanto ao conteúdo/materia/termos/substancia/objeto - Ex: lei diz que se podem
estabelecer subsídios até um máximo de 500 euros e a administração cede 600 euros – violação de
lei – quando o objeto da decisão administrativa é contrário na sua substancia/matéria à lei.
Normas quanto à forma/formalidade: se não é respeitada a norma sobre forma e formalidade há
vício de forma e a regra neste vicio é a anulabilidade. Há situações excecionais de nulidade, mas a
regra é a anulabilidade.
1. Normas que regulam as normas de competência – Ex: como se interpreta uma norma de
competência. Como se integram as lacunas de normas de competência. É uma categoria de
normas sobre normas.
15/10/2019
Estrutura:
Conflitualidade – hoje observa-se uma pluralidade de interesses dentro da administração quer permite afastar o
modelo tradicional (há uma decisão que tem UM destinatário, que relaciona a Administração com A ou B – eficácia
interpartes; pluralidade indeterminada de destinatários – eficácia erga omnes, de natureza normativa).
Hoje há, por vezes, uma pluralidade conflitual de interesses – a Administração aparece a gerir a ter que tomar
posição perante interesses de natureza contraditório.
Complexificou-se no seu interior – pluralidade conflitual de interesses dentro da Administração (interesses
estado vs. RA). Ex: entre entidades públicas. há entidades publicas que tem interesses de natureza
fundamental.
Neofeudalização
Há complexidade dentro de cada entidade pública:
1. Relações entre órgãos (superior hierárquico dá ordem ao subalterno que deve acatar. Se der prejuízos quem
responde?)
2. Ralações no interior de cada órgão (órgãos colegiais- existência ou não de quórum, de deliberações fora da
ordem do dia).
3. Relações laborais dentro da AP (titulares que exercem a título profissional (professores) vs. Os que não
exercem (ministros)).
Complexidade no seu exterior – é a Administração a gerir/arbitrar/harmonizar conflito de interesses –
protagonista. Esta complexificação do agir administrativo pode criar colisão não apenas entre interesse
publico e interesse privado, mas também privados – há interesses privado que conflituam entre si e a
administração é chamada a dirimir (Ex: interesses numa relação conciliável - alunos querem que as propinas
não subam – são interesses unificados). Pode haver interesses privados inconciliáveis e autónomas (quem
quer construir fabrica, defendida pela respetiva proprietária, mas pode existir oposição por parte de
ambientalistas). Relações multipolares – a Administração está a gerir interesses particulares. Os interesses
privados podem ser:
1. Homogéneos: podem ser em oposição (fabrica junto à praia que pode dar uma oposição “todos contra”
proprietários envolventes e ambientalistas por exemplo) ou colisão (vaga de professor catedrático e 3
concorrentes)
Ponderação: subpesar. Ver o peso relativo dos bens, interesses e valores em colisão. Todo o direito pressupõe
ponderação. Podemos encontrá-la em nível judicial, legislativo e administrativo.
Momentos da ponderação
Ponderação da solução abstrata/ no momento da feitura da feitura da norma
Ponderação na interpretação da norma
Ponderação na aplicação das normas em concreto, no caso concreto
Hoje vivemos num Estado ponderativo, repercutindo-se numa Administração de balanceamento.
Toda a ponderação é objeto de controlo dos tribunais:
Controla-se o caminho que conduz à ponderação – o procedimento de ponderação
Controla-se o resultado/conteúdo da ponderação
(I) Princípio da imparcialidade (vertente positiva – interesses relevantes devem ser levados em conta sob
pena de erro na ponderação e, por isso, a decisão final é imperfeita)
(II) Princípio da proporcionalidade
Ao ponderar tenho limites à decisão, e não discricionariedade.
Tem de se:
Identificar os interesses em colisão
Atribuir o peso e o peso relativo a cada um desses interesses
Momento de critérios de decisão da prevalência das realidades em colisão
Há:
Incerteza/ insegurança da decisão administrativa
Desvalorização da lei e protagonismo do decisor administrativa
Um sistema fechado e substantivo é fechado por um sistema aberto e de ponderações (sistema em que em
vez de regras de tudo ou não temos princípios que dão uma natureza elástica as decisões administrativas).
Especialização: hoje mais importante que o decisor político é o decisor técnico-burocrata.
…
Monopólio na interpretação e na aplicação das normas técnico-científicas.
Reserva em exclusivo nos juízos ponderativos de avaliação.