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Direito Administrativo

Definição:
Direito administrativo é um ramo autônomo, dentro do direito público interno, que
basicamente se concentra no estudo da Administração Pública e da atividade de seus integrantes.
Tal disciplina tem por objeto os órgãos, entidades, agentes e atividades públicos, e a sua meta é
a sistematização dos fins desejados pelo Estado, ou seja, o interesse público, regrado pelo
princípio da legalidade. Tudo que se refere ao instituto da Administração Pública e à relação
jurídica entre ela e os administrados e seus servidores é regrado e estudado pelo Direito
Administrativo.
O Direito Administrativo integra o ramo do direito público, cuja principal característica é a
desigualdade jurídica entre as partes envolvidas. De um lado, a Administração Pública defende os
interesses coletivos; de outro, o particular. Havendo conflito entre tais interesses, haverá de
prevalecer o da coletividade, representado pela Administração Pública. No Direito Público, a
Administração Pública se encontrará sempre em um patamar superior ao do particular,
diferentemente do que é visto no Direito Privado.
É constituído por conjunto de normas e princípios jurídicos vinculantes de natureza pública
que tem como objeto específico a organização, o funcionamento e atividade da administração
bem como as relações jurídicas que se estabelecem entre esta e outros sujeitos de direito.
 A figura do particular inclui a pessoa física e jurídica.
 Estas noção operativa peca por incompletude. Também faz parte do Direito Administrativo
as atividades de administração privadas.
Quando se fala em Administração Pública, tem-se presente todo um conjunto de
necessidades coletivas cuja satisfação é assumida como tarefa fundamental para a coletividade,
através de serviços por esta organizados e mantidos
Onde quer que exista e se manifeste com intensidade suficiente uma necessidade coletiva,
aí surgirá um serviço público destinado a satisfazê-la, em nome e no interesse da coletividade.
As necessidades coletivas situam-se na esfera privativa da Administração Pública, trata-se
em síntese, de necessidades coletivas que se podem reconduzir a três espécies fundamentais: a
segurança; a cultura; e o bem-estar.
Fica excluída do âmbito administrativo, na sua maior parte a necessidade coletiva da
realização de justiça. Esta função desempenhada pelos Tribunais, satisfaz inegavelmente uma
necessidade coletiva, mas acha-se colocada pela tradição e pela lei constitucional (art.º 205º CRP),
fora da esfera da própria Administração Pública: pertencer ao poder judicial.
Quanto às demais necessidades coletivas, encontradas na esfera administrativa e dão
origem ao conjunto, vasto e complexo, de atividades e organismos a que se costuma chamar
Administração Pública.

Os vários sentidos da expressão “Administração Pública”


São dois os sentidos em que se utiliza na linguagem corrente a expressão Administração Pública:
(1) orgânico; (2) material ou funcional.
A Administração Pública, em sentido orgânico, é constituída pelo conjunto de órgãos,
serviços e agentes do Estado e demais entidades públicas que asseguram, em nome da
coletividade, a satisfação disciplinada, regular e contínua das necessidades coletivas de
segurança, cultura e bem-estar.
A administração pública, em sentido material ou funcional, pode ser definida como a
atividade típica dos serviços e agentes administrativos desenvolvida no interesse geral da
comunidade, com vista a satisfação regular e contínua das necessidades coletivas de segurança,
cultura e bem-estar, obtendo para o efeito os recursos mais adequados e utilizando as formas mais
convenientes.
Administração Pública e Administração Privada
Embora tenham em comum o serem ambas administração, a Administração Pública e a
Administração Privada distinguem-se, todavia pelo objeto que incidem, pelo fim que visa
prosseguir e pelos meios que utilizam.
Quanto ao objeto, a Administração Pública versa sobre necessidades coletivas assumidas
como tarefa e responsabilidade própria da coletividade, ao passo que a Administração Privada
incide sobre necessidades individuais, ou sobre necessidades que, sendo de grupo, não atingem,
contudo, a generalidade de uma coletividade inteira.
Quanto ao fim, a Administração Pública tem necessariamente de prosseguir sempre o
interesse público: o interesse público é o único fim que as entidades públicas e os serviços públicos
podem legitimamente prosseguir, ao passo que a Administração Privada tem em vista
naturalmente, fins pessoais ou particulares. Tanto pode tratar-se de fins lucrativos como de fins
não económicos e até nos indivíduos mais desinteressados, de fins puramente altruístas. Mas são
sempre fins particulares sem vinculação necessária ao interesse geral da coletividade, e até,
porventura, em contradição com ele.
Quanto aos meios, também diferem. Com efeito na Administração Privada os meios,
jurídicos, que cada pessoa utiliza para atuar caracterizam-se pela igualdade entre as partes: os
particulares, são iguais entre si e, em regra, não podem impor uns aos outros a sua própria
vontade, salvo se isso decorrer de um acordo livremente celebrado. O contracto é assim, o
instrumento jurídico típico do mundo das relações privadas
Pelo contrário, a Administração Pública, porque se traduz na satisfação de necessidades
coletivas, que a coletividade decidiu chamar a si, e porque tem de realizar em todas as
circunstâncias o interesse público definindo pela lei geral, não pode normalmente utilizar, face aos
particulares, os mesmos meios que estes empregam uns para com os outros.
A lei permite a utilização de determinados meios de autoridade, que possibilitam às
entidades e serviços públicos impor-se aos particulares sem ter de aguardar o seu consentimento
ou mesmo, fazê-lo contra sua vontade.
O processo característico da Administração Pública, no que se entende de essencial e de específico,
é antes o comando unilateral, quer sob a forma de ato normativo (e temos então o regulamento
administrativo), quer sob a forma de decisão concreta e individual (e estamos perante o ato
administrativo).
Acrescente-se, ainda, que assim como a Administração Pública envolve, o uso de poderes
de autoridade face aos particulares, que estes não são autorizados a utilizar uns para com os
outros, assim também, inversamente, a Administração Pública se encontra limitada nas sua
possibilidades de atuação por restrições, encargos e deveres especiais, de natureza jurídica, moral
e financeira.
Professor Paulo Otero
Quanto maior é o peso do Estado, maior a relevância do Direito administrativo.
O que é administrar?
● É uma atividade humana
● Pressupõe uma estrutura organizada
● Envolve a gestão de recursos
● Visa satisfazer e alcançar interesses

Administrar compreende várias tarefas:


● Planear
● Organizar meios
● Agir
● Controlar/fiscalizar
● Informar

Quem administra age em substituição do proprietário/dono. Há um agir subordinado


e com responsabilidade (política, civil, financeira, criminal...), partindo com a prestação de contas
- Ex: o Governo presta contas de como regula a atividade administrativa).
Há 3 acessões de administração:

● Aparelho/estrutura organizada
● Autoridade: administração pública e administração privada

Bem comum: é o interesse público da comunidade.


Há entidades privadas que prosseguem interesses públicos - exercício privado de funções
públicas - Ex: manutenção das autoestradas.
Há entidades privadas com interesses privados, mas são lhes atribuída pela ordem jurídica,
entidade pública - Ex: associação voluntária de bombeiros, misericórdias.

Administração pública é diferente de administração privada:


● Em regra, a administração pública prossegue interesses de natureza pública e administração
privada prossegue interesses de natureza privada.
● Tendencialmente, a administração pública é regida pelo Direito Público e Administrativo; a
administração privada é regida pelo Direito Privado.
● A atuação do direito privado rege-se por um princípio de liberdade - é lícito tudo o que não é
proibido, pode-se fazer tudo exceto o que a lei proíbe. O direito público rege-se pelo princípio de
competência - só é lícito aquilo que é permitido, se não há lei não é possível fazer nada. Assim, a
administração encontra na lei o seu fundamento/limite - princípio da legalidade/juridicidade.
● Conflitos que surjam na administração pública são resolvidos pelo Suprem Tribunal
Administrativo, na administração privada são resolvidos pelo Supremo Tribunal de Justiça.
● O desvalor jurídico na administração privada é a nulidade, já na administração pública é a
anulabilidade.

Flexibilidade de fronteiras:
 movimentos migratórios de necessidades coletivas
 privatização
 nacionalização

Estes movimentos têm como limites a CRP, o direito da UE e o limite financeiro, pois
quanto mais o Estado faz mais gastos tem visto que nacionalizar significa indemnizar os
proprietários do bem.
Existem zonas em que há necessidades coletivas satisfeitas por entidades privadas e
públicas (Ex: ensino e a saúde). Princípio de subsidiariedade - as entidades públicas só devem
satisfazer as necessidades que não são cobertas pelas entidades privadas.
A administração pública é regulada pelo direito administrativo ou pelo direito da
administração pública?
● Uns defendem que é pelo direito administrativo
● Outros (Otero) defendem que é pelo direito da administração pública, porque há setores da
administração pública que são regulados por outros ramos do direito.

Até à Revolução Francesa, o que regulava o agir da administração pública sempre foi o direito
comum - princípio da separação de poderes.
Meados de séc. XX chegou-se à conclusão que o princípio da legalidade limitava a administração.
Séc. XXI - mais autoridade, administração mais forte.

 Não há um direito apenas regulador da administração pública, apesar de ser o direito típico
que regula a atuação administrativa.
 O DA tem uma génese conflitual com a revolução francesa – surge para regular a atividade
administrativa libertando a administração do direito comum e torna-se um direito com
prerrogativas (vantagens). No séc. XX a administração procurou retornar ao direito
privado.

1. O direito privado que a administração aplica não é igual aos que os particulares aplicam –
direito privado administrativizado/ direito administrativo privado.
O que há neste direito que o diferencia?
 Quando a administração o aplica continua vinculada aos princípios do 266º da CRP.
 A administração está vinculada à aplicabilidade direta dos direitos fundamentais – 18
CRP.
Toda a administração pública pode fugir/recorrer para o direito privado?
Não, porque há uma reserva constitucional de direito administrativo. Ou seja, a CRP impõe
que em certas matérias da relação da administração tem de ser regidas pelo direito
administrativo.

Características do Direito Administrativo:


 É o direito comum/típico do agir da Administração Pública.
 O Direito Administrativo assenta num equilíbrio entre as prerrogativas de autoridade da
Administração Pública e as garantias dos cidadãos.
 Os poderes de autoridade da administração estão subordinados à juridicidade/direito
(princípio da competência/norma que permite agir) como sujeito ao controlo judicial –
garantia
 Teve historicamente influencia francesa. Nos últimos anos teve influência alemã e da UE.

Expressões mais importantes do Direito Administrativo:


 Vocabulário da administração:
- Interesse público – critério teleológico do agir da AP. Age em prol do interesse público, ou seja,
pelo bem comum que integra em si o conceito/dimensão social da dignidade humana.
*Há situações de conflito entre o interesse público e a dignidade humana.
 Prevalência do interesse público sobre a dignidade humana – tese totalitária.

 Interesse público deve ser prosseguido com o respeito pelos interesses dos cidadãos –
consagrada no 266º da CRP
 Dignidade humana deve prevalecer em situações extremas sobre o interesse comum – tese
personalista. PO considera a que se encontra viva no direito português.

EX: TC alemão a respeito da lei de defesa alemã de 2001.


Tal lei permitia que um avião sequestrado por terroristas, direcionado contra os habitantes
nacionais, pudesse ser abatido.
A vida dos inocentes no avião não vale menos dos que estão em terra. Não pode valer menos. O
TC declarou inconstitucional tal lei.
O interesse Público:
 É flexível: Em função das opções políticas

 Está ligado a uma pluralidade de interesses: o interesse público pode ser diferente das RA; ou
da ordem dos advogados, das universidades…
Ideias a reter:
1 – Pluralidade, muitas vezes antagónica
2- Necessidade de harmonizar interesses públicos: há de base territorial, de natureza institucional,
transnacional e de base associativa
3- Há uma dimensão temporal/inter-geracional do interesse publico.
Ex: para os idosos é importante que tenham grandes pensões. Mas conceder-lhes pensões sem
limite é comprometer as gerações futuras. Devem-se salvaguardar os interesses das gerações
vindouras.

Há muitas vezes a conflitos com interesses privados.


Pode haver conflitos públicos de diferente natureza.

- Vinculação – a administração é serva/subordinada do direito a vários níveis:


 Quanto as regras de competência
 Quanto ao procedimento e à forma da decisão
 Quanto ao fim a alcançar
 Quanto ao conteúdo (decidir o que?)
A vinculação à juridicidade significa vinculação ao direito ordinário.
Vinculação à lei: o que distingue uma norma/regra de uma norma/principio
Não há uma aplicação subsuntiva do Direito. Aplicar direito é criar. A Administração ao
aplicar tem sempre um espaço criativo. Não há uma regra subsuntiva. Por vezes o direito concede
à administração “margens de liberdade” – entre parênteses porque a administração não tem
liberdade, a AR tem discricionariedade (possibilidade de escolher entre dois ou mais
comportamentos legalmente permitidos).
Na discricionariedade há que ter em conta que o espaço em que a Administração Pública pode
configurar. Esta obedece ao princípio da boa administração: entre duas condutas legalmente
permitidas a AP está obrigada a escolher a melhor solução para o interesse público – dever de
boa administração.
Mais, os tribunais não podem fiscalizar o conteúdo da decisão. Só podem declarar a (possível)
invalidade. Em nome da separação de poderes.
A conduta da Administração Pública pode ser objeto de dois juízos:
1 – Legalidade
2 – Juízo de mérito – conveniência/bondade/oportunidade da decisão – não pode ser feito pelos
tribunais, apenas pela AR, que chama o ministro para justificar a tomada da decisão.
Se houver violação de legalidade:
 Irregularidade – desconformidade sem os efeitos típicos
 Invalidade – pode conduzir à inconstitucionalidade, ilegalidade ou à ilicitude (violação
consciente da legalidade). Há possibilidade de ilegalidade sem ilicitude.
A regra do Direito Administrativo é a anulabilidade.
Problemas de vinculação:
 Pluralidade normativa
 Normas não jurídicas
 Vinculação à factualidade - desde logo o precedente e o costume
 Vinculação a parâmetros não jurídicos de atuação
- Responsabilidade -
Elemento inerente a qualquer estado de direito – responsabilidade dos governantes.
a. Responsabilidade política - perante órgãos ou opinião publica
b. Responsabilidade contenciosa - perante os tribunais
c. Responsabilidade de natureza financeira
d. Responsabilidade Civil – quem gera um dano constitui-se no dever de indemnizar
e. Responsabilidade Disciplinar
f. Responsabilidade Criminal
g. Responsabilidade Internacional/europeia/externa
Pode ser uma responsabilidade institucional ou então pessoal.
Pode ser uma responsabilidade objetiva ou subjetiva – se há ou não um princípio de culpa (casos
de ilicitude)
 Vocabulário dos particulares:
- Relação – coloca o particular em relação com a administração.
1. Relação geral de poder – qualquer pessoa pode, pela circunstância de entrar em
contacto com a ordem jurídica portuguesa encontrar-se vinculado.
2. Relações especiais de poder – certos particulares estão numa relação especial perante
a administração ou por estarem num local ou com um determinado estatuto.
- Pretensão -
- Garantia –
(Passar)

24/09/2019
Traços da administração pública:
 Há hoje um desequilíbrio na relação entre a autoridade (a favor) e a liberdade
 Existência de uma administração com uma pluralidade conflitual de interesses e de contra
interesses. Muitas vezes a administração aprece capturada por algum destes interesses.
Gere interesses.
 Textura aberta do direito. Um direito de certezas baseadas em regras jurídicas é substituído
progressivamente por um direito de princípios. É cada vez mais um direito de prinxipios.
Decisões assentam numa logica d eponderaçoes e não do “tudo ou nada”. Cada vez mais
crescem clausulas abertas e conceitos indeterminados, bem como a exstencia de
antiminorinorias?
Ex: regulamento da faculdade de lisboa e da de Coimbra
 Crise da representação parlamentar/crise geral do Estado. Hipervalorização do executivo,
nunca como hoje teve tanto peso. há uma transformação e desvalorização do papel do
Estado.
Datas destas transformações:
1. 11 de setembro de 2001. Veio fundamentalmente colocar a questão de menos liberdade e
mais autoridade. Tales Hobbes tenha sido o vencedor da história. Todos somos suspeitos
até contrário de potencias terroristas. A presunção de inocência inverteu-se. Há reforço
desta vigilância permanente – da origem a uma Administração publica de vigilância/ ou
do inimigo.
2. Crise financeira de setembro de 2008. Veio colocar a questão: Se a AP não é hoje inimiga
dos direitos sociais. A sustentabilidade financeira coloca hoje em causa o modelo de bem-
estar social consagrado nos textos constitucionais.
3. Desvalorização progressiva da força do Estado/crepúsculo da soberania externa do estado.
Fatores:
 Globalização/internacionalização: há áreas/domínios nos quais o Estado não tem força de
regular (comercio eletrónico que cada um processo; nas situações que passam pela prática
de crimes internacionais – só a cooperação entre os Estados permite resolves; crises
financeiras e sua propagação, como os bancos; problemas de dimensão ambiental;
problemas de natureza alimentar, por exemplo).
 Europeização - o peso da EU na tomada de decisões. Verdadeiramente há uma
expropriação da capacidade de decisão das Administrações Públicas nacionais.
Fenómenos:
 Peso da administração eletrónica: a burocrática é cada vez mais substituída por esta.
 A AP tem nas mãos a satisfação ou não satisfação dos direitos sociais. Constituição refém
da administração publica. Supremacia prática daquela na concretização constitucional.
A sustentabilidade da administração leva a crer três modelos de administração:
1. Administração conservadora: presente surge condicionado pelo passado. Sempre a olhar
para trás.
2. Administração predadora: presente consome o futuro. Sempre pronta a dar
financeiramente, estando a hipotecar o futuro das próximas gerações.
3. Administração sustentada: presente condicionado pelo futuro. Aquela que decide hoje,
mas tem em atenção os impactos/efeitos sobre as gerações futuras.
Desenvolvimento sustentável tem uma dimensão financeira, económica e social. A
sustentabilidade condiciona a ação administrativa.
Ex: endividamento; défices orçamentais.
Elementos de resistência da ideia de sustentabilidade:
 Princípio da solidariedade
 Modelo económico
A dimensão financeira do problema da sustentabilidade coloca a questão se não há um estado de
emergência permanente. Estados da EU vinculados a ter um limite máximo de equi??
- Há uma relação difícil entre o DA e o direito civil.
O DA não deve inventar o que já esta descoberto pleo dicil, deve aproveitar e utilizar.
- O sistema administrativa é um elemento cultural e material

Fundamentos da Administração Pública:


Ideias nucleares
O seu conceito desdobra-se em:
 É uma atividade subordinada ao direito e é controlada pelos tribunais
 É uma organização. Sujeito, autor, protagonista. Tanto pode ocorrer por via de entidades
publicas ou privadas que exercem funções de natureza administrativa.
 É vista como poder/autoridade. Tem o poder de definir o conceito no caso concreto, definir
SJ – autotutela declarativa. Goza de presunção de legalidade. Ex: tribunais. A definição feita
pelos tribunais tem sempre em vista a paz jurídica e da administração a satisfação do bem-
estar. Em caso de resistência a AP pode usar a força para impor a respetiva decisão –
autotelia executiva/privilégio de execução prévia. Ex: forças policiais para deitar abaixo
uma habitação que ameaça ruir e os destinatários nada fizeram.

Tarefas da AP para o em cima:


 Recolha e tratamento de informação. Pode ser feito pela AP ou pode aguardar que seja
dada pelos particulares (ex. queixa; comunicação social).
 Previsão e antecipação de risco. Se decidir de tal maneira qual o impacto? E se não decidir?
(ex. risco de medicação; risco maior será a não comercialização ou deve continuar?).
 Regulação/disciplinar a matéria – através da via unilateral/bilateral
(consultando/ouvindo)/ pode ser ela a preparar a decisão do legislador(orçamento de
esatdo)
 Executar as anteriores decisões – a lei, a constiruiao, uma decisão judicial… isto e, dar
efetividade. De que amenira?
- praticas de outros atos jurídicos
- Atuações materiais (por ex. dar aula, consulta) – são transformação de uma realidade
 Controlo da atuação. Isto é, fiscalizar a própria conduta da AR mas também a possibilidade
controlar atuações dos particulares (controlo excesso de velocidade; ASAE, por exemplo)
Há por parte da AR uma diverisidade de tarefas que explica a complexidade admisnurativa
Reflexão sobre a função administra
 Reserva de função administra por forca da constiruiçao: o poder legislativa e judicial têm
limites – não podem esvaziar, ivadir, esgotar a função administrativa. Há um nucleou
próprio do exercício da função administrativa. (ex de invasão de poder da função
adminisyrativa: decreto lei sobre aprovação de alunos da faculdade estão reprovados -viola
autonomia das universidades, da AP – violador do princípio da separação de poderes) (ex:
tribunal anula prova oral de Abel a economia atribuindo-lhe 18 valores – tribunal não pode
substituir a AP. Não significa que não pode anular – por exemplo no caso de não realizada
por um órgão colegial. Mas, só anula, não atribui outra nota).
 O que é a função administrativa: a AP também participa na função técnica e na função
política. É função administrativa toda a atividade pública que não se traduz nem na pratica
de atos legislativos nem na definição de opções politicas primarias nem produz sentenças
judicias. Tudo o que não é função legislativa, política e judicial. É função residual. Visa a
justiça, segurança e liberdade dentro dos termos do conceito de bem-estar.
Regulamento (norma, ato unilateral de natureza normativa, at geral e abstrato) , ato dmiinstrativo
(unilateral mas não normativo, nem conteúdo contreto e individual
Opções materias tem sempre por base atos jurídicos podendo envolver efeitos jurídicos –
principalmente a responsabilidade civil.

Aula dia 30/09/2019


Relação entre a função administrativas e a lei:
 A FA é uma função tendencialmente executiva da lei. Subordinada á função legislativa.
Nem toda a attuvudade administratiav é subordinada. Há casos em que a FA é praeter
legem, vai para além da lei – nestes espaços não há lei. Vejamos exemplos em que a atuação
administrativa é alem da lei.
1. Conceção do poder real na carta constitucional – rei com competência residual, tinha
os poderes não atribuídos aos outros poderes – competência administrativa na
executiva.
2. Constituição francesa atual (1958) dominio da lei como competência do parlamento e
tudo o que não pertence ao domínio da lei é competência regulamentar –
regulamentos independentes da lei.
3. Artigo 199º/g – área de competência administrativa de governo independente.
 Muitas vezes as opções politicas do legislador são condicionadas pela realidade ética nas
mãos da admonistração. A administração tem muitas vezes na sua mão o êxito ou o inexito
das opções do legislador.
 A prevalecnia das decisões dos tribunais, que prevalecem sobre as decisões de outras
autoridades, têm respeitado a reserva de lei mas também de administração – principio da
separação de poderes.
 Há hoje uma suavização dos poderes de autoridade administrativa - ideias de concertação,
participação, colaboração, cooperação e corroboração.
Normas de competência: definem os termos/modo como se procede o interesse público.
Estas normas são as normas primárias, pois delas se podem retirar três categorias de normas de
competência:
1. Normas que conferem competência, atribuem competência – quem pode decidir?

 Normas que definem tarefas ou incumbências publicas. Normas que traçam a fronteira
entre dois hemisférios: do público e do privado/normas que definem a fronteira entre o
que é pretensa da sociedade civil ou normas que têm a ver com o poder público. Estas
normas repartem entre a área de intervenção que diz respeito ao bem comum da
coletividade vs. Interesses, direitos e liberdade individuais. Se a esfera do público invadir a
da sociedade civil há uma intromissão e violação dos direitos sociais. Esta fronteira é
permeável/flexível, tendo a ver com questões político-constitucionais.
 Normas relacionadas com a divisão/separação de funções: público-poder judicial,
legislativo e administrativo - separação de poderes. Saber o que pertence a cada uma das
três esferas tem a ver com a separação de poderes. Quando um dos poderes invade a esfera
de outro há uma questão de inconstitucionalidade orgânica, de usurpação de poderes –
violação do princípio da separação de poderes. São atos nulos.
Função administrativa: há normas de atribuição – normas que definem os fins/interesses públicos.
Cada entidade publica tem interesses públicos próprios - chamam-se atribuições. A consequência
é que se uma entidade publica pratica um ato que se integra nos fins ou atribuições de outra
entidade pública há uma situação de incompetência absoluta – vicio que padece a atuação de
uma entidade pública que invade a esfera dos fins/atribuições de outrem entidade (ato praticado
pelo Estado sendo este das atribuições das RA). São atos nulos.
Pessoas coletivas: precisam de órgãos para manifestar a sua vontade. Há uma pluralidade de
órgãos. Cada órgão tem interesses próprios, atribuídos por normas de competência (em sentido
estrito – repartem poderes entre órgãos da mesma entidade). Se o órgão A pratica um poder do
órgão B da mesma entidade é uma incompetência relativa – porque ambos prosseguem o mesmo
fim. É um ato anulável.
1. Normas que disciplinam o exercício da competência – como se pode decidir?

 Normas que fixam os princípios gerais.


Princípio da legalidade da competência: só é possível agir quando uma norma habilita essa
atuação. Na falta de norma a regra é a proibição de agir.
Características:
 Competência irrenunciável
 Competência não é alienável, é inalienável
 Competência não se consome com o seu exercício. Aquele que tem o poder não perde o
poder por ter exercido o poder. Quem tem o poder para decidir tem implícito o poder para
revogar. (a contrário – autorizações legislativas).
As normas podem fixar pressupostos do exercício da competência – condições (de facto ou
direito) que habilitam que se decida. Ex: sempre que ocorrer um cataclismo natural quem tem
competência para decidir é o Ministro da Administração Interna.
Pode existir erros sobre os pressupostos – órgão decisor pensa que se verificam os pressupostos
quanto na realidade eles não ocorrem.
Pode assistir erro sobre o órgão competente – (má interpretação da norma) tem relevância nos
termos da responsabilidade civil.

Normas que definem o fim da competência – competência sempre atribuída com um propósito.
Ex: poder das autoridades policiais de passarem multa em casos de excesso de velocidade.
Propósito é o cumprimento do código da estrada.
Se o motivo principalmente determinante de certa conduta não corresponde ao fim pelo qual a
competência foi atribuída, há uma questão de desvio de poder -vicio que padece à atuação
administrativa sempre que o motivo principalmente determinante não coincide ao fim ao qual
foi atribuída essa competência (aumento de multas para fins de receita).
 Desvio de poder por razoes de interesse público – sujeito a anulabilidade (exemplo da
multa para obter receitas).
 Desvio de poder para fins de natureza privada – sujeito a nulidade (cedo licença de
construção em troca de você, empreiteiro, construir uma piscina em minha casa).
Normas quanto ao conteúdo/materia/termos/substancia/objeto - Ex: lei diz que se podem
estabelecer subsídios até um máximo de 500 euros e a administração cede 600 euros – violação de
lei – quando o objeto da decisão administrativa é contrário na sua substancia/matéria à lei.
Normas quanto à forma/formalidade: se não é respeitada a norma sobre forma e formalidade há
vício de forma e a regra neste vicio é a anulabilidade. Há situações excecionais de nulidade, mas a
regra é a anulabilidade.
1. Normas que regulam as normas de competência – Ex: como se interpreta uma norma de
competência. Como se integram as lacunas de normas de competência. É uma categoria de
normas sobre normas.

15/10/2019
Estrutura:
Conflitualidade – hoje observa-se uma pluralidade de interesses dentro da administração quer permite afastar o
modelo tradicional (há uma decisão que tem UM destinatário, que relaciona a Administração com A ou B – eficácia
interpartes; pluralidade indeterminada de destinatários – eficácia erga omnes, de natureza normativa).
Hoje há, por vezes, uma pluralidade conflitual de interesses – a Administração aparece a gerir a ter que tomar
posição perante interesses de natureza contraditório.
 Complexificou-se no seu interior – pluralidade conflitual de interesses dentro da Administração (interesses
estado vs. RA). Ex: entre entidades públicas. há entidades publicas que tem interesses de natureza
fundamental.
Neofeudalização
Há complexidade dentro de cada entidade pública:
1. Relações entre órgãos (superior hierárquico dá ordem ao subalterno que deve acatar. Se der prejuízos quem
responde?)
2. Ralações no interior de cada órgão (órgãos colegiais- existência ou não de quórum, de deliberações fora da
ordem do dia).
3. Relações laborais dentro da AP (titulares que exercem a título profissional (professores) vs. Os que não
exercem (ministros)).
 Complexidade no seu exterior – é a Administração a gerir/arbitrar/harmonizar conflito de interesses –
protagonista. Esta complexificação do agir administrativo pode criar colisão não apenas entre interesse
publico e interesse privado, mas também privados – há interesses privado que conflituam entre si e a
administração é chamada a dirimir (Ex: interesses numa relação conciliável - alunos querem que as propinas
não subam – são interesses unificados). Pode haver interesses privados inconciliáveis e autónomas (quem
quer construir fabrica, defendida pela respetiva proprietária, mas pode existir oposição por parte de
ambientalistas). Relações multipolares – a Administração está a gerir interesses particulares. Os interesses
privados podem ser:
1. Homogéneos: podem ser em oposição (fabrica junto à praia que pode dar uma oposição “todos contra”
proprietários envolventes e ambientalistas por exemplo) ou colisão (vaga de professor catedrático e 3
concorrentes)

Ponderação: subpesar. Ver o peso relativo dos bens, interesses e valores em colisão. Todo o direito pressupõe
ponderação. Podemos encontrá-la em nível judicial, legislativo e administrativo.
Momentos da ponderação
 Ponderação da solução abstrata/ no momento da feitura da feitura da norma
 Ponderação na interpretação da norma
 Ponderação na aplicação das normas em concreto, no caso concreto
Hoje vivemos num Estado ponderativo, repercutindo-se numa Administração de balanceamento.
Toda a ponderação é objeto de controlo dos tribunais:
 Controla-se o caminho que conduz à ponderação – o procedimento de ponderação
 Controla-se o resultado/conteúdo da ponderação
(I) Princípio da imparcialidade (vertente positiva – interesses relevantes devem ser levados em conta sob
pena de erro na ponderação e, por isso, a decisão final é imperfeita)
(II) Princípio da proporcionalidade
Ao ponderar tenho limites à decisão, e não discricionariedade.
Tem de se:
 Identificar os interesses em colisão
 Atribuir o peso e o peso relativo a cada um desses interesses
 Momento de critérios de decisão da prevalência das realidades em colisão

Há:
 Incerteza/ insegurança da decisão administrativa
 Desvalorização da lei e protagonismo do decisor administrativa
 Um sistema fechado e substantivo é fechado por um sistema aberto e de ponderações (sistema em que em
vez de regras de tudo ou não temos princípios que dão uma natureza elástica as decisões administrativas).
Especialização: hoje mais importante que o decisor político é o decisor técnico-burocrata.

Monopólio na interpretação e na aplicação das normas técnico-científicas.
Reserva em exclusivo nos juízos ponderativos de avaliação.

Privatização: ADM cada vez mais privatizada.


 Quanto ao direito que a regula – fuga para o DP
 Privatização da disciplina jurídica da sociedade – estado deixa de regular, de disciplinar. Desestatização
 Privatização das formas de organização

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