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No processo C-203/03,
que tem por objecto uma acção por incumprimento nos termos do artigo 226.° CE,
entrada em 12 de Maio de 2003,
demandante,
contra
demandada,
* Língua do processo: alemão.
I - 954
COMMISSÃO / AUSTRIA
advogado-geral: F. G. Jacobs,
secretano: R. Grass,
vistos os autos,
profere o presente
Acórdão
não cumpriu as obrigações que lhe incumbem por força dos artigos 2° e 3.° desta
directiva e dos artigos 10.° CE e 249." CE, e que condene a República da Áustria nas
despesas da instância.
Enquadramento jurídico
O direito internacional
«Não poderá ser empregada nenhuma pessoa do sexo feminino, seja qual for a sua
idade, nos trabalhos subterrâneos em minas.»
«1. Todo o membro que tiver ratificado a presente convenção poderá denunciá-la
ao fim de um período de dez anos depois da data da entrada em vigor da convenção,
por acto comunicado ao director-geral da Repartição Internacional do Trabalho e
por ele registado. A denúncia só terá efeito um ano depois de registada na
Repartição Internacional do Trabalho.
2. Todo o membro que, tendo ratificado a presente convenção, não fizer uso da
faculdade de denúncia prevista no presente artigo no prazo de um ano após o termo
do período de dez anos mencionado no número precedente, ficará vinculado por um
novo período de dez anos, podendo, a partir daí, denunciar a presente convenção no
fim de cada período de dez anos, nas condições previstas no presente artigo.»
I-958
COMISSĀO / ÁUSTRIA
O direito comunitário
Na medida em que tais convenções não sejam compatíveis com o presente Tratado,
o Estado ou os Estados-Membros em causa recorrerão a todos os meios adequados
para eliminar as incompatibilidades verificadas. Caso seja necessário, os Estados-
-Membros auxiliar-se-ão mutuamente para atingir essa finalidade, adoptando, se for
caso disso, uma atitude comum.»
I -959
ACÓRDÃO DE 1. 2. 2005 — PROCESSO C-203/03
[...]»
«Definições
«Avaliação e informação
— apreciar todo e qualquer risco para a segurança e/ou a saúde, bem como as
repercussões sobre a gravidez ou a amamentação, das trabalhadoras referidas no
artigo 2.°,
«Proibições de exposição
16 O anexo I desta directiva, intitulado «Lista não exaustiva dos agentes, processos e
condições de trabalho a que se refere o n.° 1 do artigo 4.°», precisa:
«A. Agentes
c) Ruído;
[...]
f) Temperaturas extremas;
I- 965
ACÓRDÃO DE 1. 2. 2005 - PROCESSO C-203/03
2. Agentes biológicos
[...]
3. Agentes químicos
[...]
e) Monóxido de carbono;
[···]
I-966
COMISSÃO / ÁUSTRIA
B. Processos
C. Condições de trabalho
1. Agentes
a) Agentes físicos
[...]
I -967
ACÓRDÃO DE 1. 2. 2005 — PROCESSO C-203/03
2. Condições de trabalho
[...]
2. Condições de trabalho
O direito nacional
«Proibições de emprego
(2) [...] Se o requisito de saúde previsto no n.° 1 estiver satisfeito, podem igualmente
ser empregados trabalhadores femininos com idade igual ou superior a 21 anos,
como pessoal supervisor ou noutras funções em atmosferas com sobrepressão
elevada que não envolvam qualquer esforço físico acrescido. [...]»
A fase pré-contenciosa
Quanto à acção
Apreciação do Tribunal
28 É verdade que o objecto da acção intentada nos termos do artigo 226." CE está
circunscrito pelo procedimento pré-contencioso previsto por esta disposição e que,
por conseguinte, o parecer fundamentado e a acção devem estar baseados em
acusações idênticas (v., nomeadamente, acórdão de 16 de Setembro de 2004,
Comissão/Espanha, C-227/01, Colect., p. 1-8253, n.° 26).
29 Todavia, esta exigência não pode ir ao ponto de impor, em todos os casos, uma
coincidência perfeita entre a parte decisória do parecer fundamentado e as
conclusões da petição, quando o objecto do litígio não tenha sido alargado ou
alterado, mas, pelo contrário, simplesmente restringido (acórdão de 11 de Julho
de 2002, Comissão/Espanha, C-139/00, Colect., p. 1-6407, n.° 19). Nesta medida,
quando se verifica uma alteração legislativa durante a fase pré-contenciosa, a acção
pode versar sobre disposições nacionais que não sejam idênticas às referidas no
parecer fundamentado.
Q u a n t o à Directiva 76/207
— A r g u m e n t a ç ã o das partes
compatível com o artigo 3.°, n.° 1, da Directiva 76/207. Na medida em que esta
mesma directiva contém certas restrições à proibição de discriminação, ela não pode
ser invocada no caso vertente para justificar a proibição de empregar controvertida.
36 Apoiando-se nesta última disposição, o Governo austríaco sustenta que o artigo 2.°
do Decreto de 2001 é consentâneo com a Directiva 76/207.
39 Uma vez que, em média, as suas vértebras são de menor dimensão, as mulheres
correm mais riscos do que os homens quando transportam cargas pesadas. Além
disso, após diversos partos, aumentam os riscos de lesão das vértebras lombares.
— Apreciação do Tribunal
nas condições de acesso aos empregos ou postos de trabalho. E dado assente que o
§ 2, n.° 1, do Decreto de 2001 trata os homens e as mulheres diferentemente no que
respeita ao emprego na indústria mineira. Atendendo a que o Governo austríaco
invoca a derrogação prevista no artigo 2°, n.° 3, desta directiva, há que examinar se
uma diferença de tratamento dessa natureza está abrangida pela referida disposição
e é, portanto, autorizada.
45 Contudo, o artigo 2.°, n.° 3, da Directiva 76/207 não permite excluir as mulheres de
um emprego pelo simples motivo de deverem ser mais protegidas do que os homens
contra riscos que afectam os homens e as mulheres da mesma forma e que são
distintos das necessidades de protecção específicas da mulher, como as necessidades
expressamente mencionadas (v., neste sentido, acórdãos de 15 de Maio de 1986,
Johnston, 222/84·, Colect., p. 1651, n.° 44, e de 11 de Janeiro de 2000, Kreil,
C-285/98, Colect., p. I-69, n.° 30).
I- 977
ACÓRDÃO DE 1. 2. 2005 — PROCESSO C-203/03
47 N o caso vertente, embora seja verdade que o Decreto de 2001 não proíbe o emprego
de mulheres na indústria mineira subterrânea, sem ter previsto excepções a essa
proibição, não é menos verdade que o âmbito de aplicação da proibição geral que
figura n o § 2, n.° 1, do referido decreto é muito lato, na medida e m que também
exclui as mulheres de trabalhos que n ã o são fisicamente exigentes e que,
consequentemente, não apresentam u m risco específico para a preservação das
capacidades biológicas da mulher de engravidar e de dar à luz, ou para a segurança
ou a saúde da mulher grávida, puèrpera ou lactante, o u ainda para o feto.
49 Uma regulamentação desta natureza vai além do que é necessário para garantir a
protecção da mulher na acepção do artigo 2.°, n.° 3, da Directiva 76/207.
I-978
COMISSÃO / AUSTRIA
53 A Comissão alega que a conclusão retirada pelo Governo austríaco dos acórdãos
Levy e Minne, já referidos, é demasiado abrangente.
I-979
ACÓRDÃO DE 1. 2. 2005 — PROCESSO C-203/03
55 O Governo austríaco contrapõe que não podia saber que o direito aplicável neste
domínio na Áustria era contrário ao direito comunitário, nem que a Comissão
considerava as disposições em causa contrárias ao direito comunitário. A primeira
carta da Comissão acerca desta questão data de 29 de Setembro de 1998. Daqui
resulta que, na melhor das hipóteses, só é possível denunciar a Convenção n.° 45 da
OIT em 30 de Maio de 2007.
I-980
COMISSÃO / ÁUSTRIA
— Apreciação do Tribunal
63 Importa acrescentar que, como resulta do artigo 7.°, n.° 2, da Convenção n.° 45 da
OIT, a próxima ocasião em que a República da Áustria pode denunciar essa
convenção surgirá n o termo de u m novo período de dez anos, a contar de 30 de
Maio de 1997.
64 Daí que, ao manter em vigor disposições nacionais como as que figuram no Decreto
de 2001, a República da Áustria não violou as obrigações que lhe incumbem por
força do direito comunitário.
65 Decorre das considerações precedentes que a acção deve ser julgada improcedente
na medida em que respeita à proibição de empregar mulheres no sector da indústria
mineira subterrânea.
I-982
COMISSĀO / ÁUSTRIA
I-983
ACÓRDÃO DE 1. 2. 2005 — PROCESSO C-203/03
Apreciação do Tribunal
74 Nestas condições, uma regulamentação que exclui que se proceda a uma apreciação
individual e proíbe às mulheres o emprego em causa, quando o mesmo não é
proibido aos homens cuja capacidade vital e número de eritrócitos é igual ou inferior
aos valores médios dessas variáveis nas mulheres, não está autorizada ao abrigo do
artigo 2.°, n.° 3, da Directiva 76/207 e constitui uma discriminação em razão do sexo.
Quanto às despesas
Assinaturas.
I-986