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Brazilian Journal of Development

Modelagem numérica para cálculo do transpasse de vergas e contravergas

Numerical modeling for calculating bleed and counterfeit transpasses

DOI:10.34117/bjdv6n6-428

Recebimento dos originais:08/05/2020


Aceitação para publicação:18/06/2020

Roger Otávio Pires Montes


Mestre em Engenharia Civil / Estruturas pela Universidade Federal de Goiás (UFG)
Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus Uruaçu
Endereço: Rua Formosa, Qds 28-29 – Loteamento Santana, Uruaçu-GO, Brasil. CEP:
76400-000
E-mail: roger.montes@ifg.edu.br

Abimael Rêgo Pereira dos Santos


Bacharel em Engenharia Civil pelo Instituto Federal de Goiás (IFG)
Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus Uruaçu
Endereço: Rua Formosa, Qds 28-29 – Loteamento Santana, Uruaçu-GO, Brasil. CEP:
76400-000
E-mail: abmael1992@gmail.com

Kennedy Marques Cavalcante


Bacharel em Engenharia Civil pelo Instituto Federal de Goiás (IFG)
Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus Uruaçu
Endereço: Rua Formosa, Qds 28-29 – Loteamento Santana, Uruaçu-GO, Brasil. CEP:
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E-mail: kennedylampard@hotmail.com

Renildo Batista Melo


Bacharel em Engenharia Civil pelo Instituto Federal de Goiás (IFG)
Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus Uruaçu
Endereço: Rua Formosa, Qds 28-29 – Loteamento Santana, Uruaçu-GO, Brasil. CEP:
76400-000
E-mail: renildo008@gmail.com

RESUMO
Com o intuito de dissipar as tensões geradas nos bordos de aberturas para a instalação de
esquadrias em painéis de alvenaria, constrói-se vergas e contravergas, alojadas na parte
superior e inferior da abertura, respectivamente. Estes elementos estruturais podem ser
fabricados in loco ou como pré-moldados, e têm a função de absorver as tensões, evitando o
surgimento de fissuras no painel de alvenaria e melhorando o desempenho das vedações
verticais. Portanto, neste trabalho têm-se o propósito de dimensionar o comprimento mínimo
do transpasse das vergas e contravergas além da abertura, através de modelagens numéricas
utilizando o Método dos Elementos Finitos por meio do software Diana. Os resultados obtidos,
permitirão disponibilizar critérios para o dimensionamento das vergas e contravergas de forma

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eficaz e econômica, a fim de racionalizar os gastos e diminuir o risco de manifestações
patológicas.

Palavras-chave: Vergas, Contravergas, Transpasse, Elementos Finitos, Diana.

ABSTRACT
In order to dissipate the tensions generated at the edges of openings for the installation of
frames in masonry panels, lintels and counter-constructions are built, housed in the upper and
lower part of the opening, respectively. These structural elements can be manufactured on site
or as pre-molded, and have the function of absorbing stresses, preventing the appearance of
cracks in the masonry panel and improving the performance of vertical seals. Therefore, in
this work, the purpose is to dimension the minimum length of the overlap of the lintels and
curves beyond the opening, through numerical modeling using the Finite Element Method
using the Diana software. The results obtained will make it possible to provide criteria for the
dimensioning of the lintels and curves in an efficient and economical way, in order to
rationalize the expenses and reduce the risk of pathological manifestations.

Keywords: Vergas, Contravergas, Transpass, Finite Elements, Diana.

1 INTRODUÇÃO
A alvenaria, seja ela feita para vedação ou para exercer uma função estrutural, é o
sistema construtivo mais utilizado no Brasil, tanto pela facilidade construtiva, como pelo
preço, disponibilidade, tempo de construção, eficiência térmica e acústica. Além disso, o
material cerâmico apresenta alto grau de proteção ao fogo, com bom isolamento térmico e
acústico, proporcionando boas condições de habitabilidade. Devido sua alta escala de
utilização no mercado da construção civil brasileira, Silva (2003) relata que, por sua
significativa participação nos edifícios convencionais, melhorar o desempenho das vedações
verticais e de suas interfaces com os demais subsistemas tem-se mostrado uma estratégia
adequada para melhorar o desempenho global do edifício.

2 ABORDAGEM DO TEMA
A alvenaria de vedação pode ser definida como alvenaria que não é dimensionada para
resistir a ações além do seu próprio peso. O subsistema de vedação vertical tem como função
a compartimentação de ambientes internos e a proteção do edifício de agentes externos, como
chuva, vento, sol, etc (SILVA, 2003).
A alvenaria de vedação está associada ao cumprimento de requisitos de desempenho,
como isolação térmica, isolação acústica, estanqueidade, segurança contrafogo, durabilidade,
estética e economia (FRANCO, 1998).

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Silva (2003) afirma que a alvenaria de vedação também determina grande parte do
desempenho do edifício como um todo, por ser responsável pelos aspectos de conforto,
higiene, saúde e segurança de utilização. E ainda diz que as solicitações que as paredes de
alvenaria estão sujeitas referem-se aos esforços de compressão, tração, flexão, flambagem e
cisalhamento.
Sampaio (2010) apresenta que a inserção de aberturas para instalação de esquadrias
(portas, janelas, etc), acarreta uma considerável concentração de tensões no contorno desses
vãos. Por isso, é comum o aparecimento de fissuras a partir dos vértices das aberturas, e ainda
relata que a manifestação patológica mais comum em alvenarias de vedação, é a fissuração.
Thomaz (1989) afirma que as fissuras por sobrecargas em torno de aberturas ocorrem
em paredes de alvenarias descontínuas, com uma ou mais aberturas, submetida a
carregamentos de compressão excessivos, e têm como característica a formação de fissuras a
partir dos vértices das aberturas. E Duarte (1998) indica que as fissuras em alvenarias são
causadas por tensões de tração e ocorrem na direção ortogonal à solicitação atuante (que
podem ser de compressão, de cisalhamento ou de tração direta).
A NBR 15270-1:2017, que trata das terminologias e requisitos dos blocos para
alvenarias de vedação, apresenta alguns valores mínimos para a resistência à compressão dos
blocos cerâmicos de vedação, os quais estão dispostos no Quadro 1.

Bloco ou tijolo de vedação em parede vazada com furos ou vazados horizontais


Tipo de solicitação Tensões admissíveis – mínimo MPa
Resistência à compressão ≥1,5
Resistência ao cisalhamento* ≥0,15
Quadro 1: Valores da resistência mínimo dos blocos cerâmicos (NBR15270-1:2017; NBR 10837:1989).

*Não existe nenhum valor referente a resistência ao cisalhamento em normas para blocos de vedação, com isso
adotou-se o valor existente para bloco estrutural vazado para comparação de resultados.

Como a inserção de aberturas em alvenarias ocasiona o surgimento de tensões,


Rezende (2012) cita que o reforço no contorno das aberturas evita o surgimento de fissuras
nos cantos, o reforço serve para a dissipação dessa concentração de tensões nos bordos. A
NBR 8798:1985, define que vergas e contravergas são componentes estruturais colocados na
parte inferior e superior dos vãos de aberturas nas paredes, com a finalidade de transmitir os
esforços verticais aos trechos de paredes adjacentes às aberturas.
Mamede (2001) menciona que as vergas e contravergas são elementos estruturais
essenciais em uma edificação, visto que evitam o surgimento de manifestações patológicas
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indesejáveis, como fissuras em regiões próximas de aberturas, pois, tais elementos promovem
a distribuição das tensões concentradas nos cantos das aberturas. Sampaio (2010) afirma que
a instalação de vergas e contravergas em paredes, reduz as tensões no painel, onde tem-se a
finalidade dessas tensões reduzirem ao ponto de não ultrapassar os limites estabelecidos por
norma.
Para o dimensionamento de vergas, a NBR 15812-1:2010, recomenda considerar a
dispersão das ações seguindo um ângulo de 45º. Dessa forma, adota-se como carregamento o
peso da parede contido no triângulo isósceles formado sobre o vão da abertura, como é
mostrado na Figura 1.

Figura 1: Dispersão das forças em vãos de alvenaria (NBR 15812-1:2010)

Mamede (2001) cita que atualmente utilizam-se indicações empíricas para o


comprimento de vergas e contravergas, como é descrito por Vilató (1998), em que o transpasse
mínimo para vergas é de 20 cm, e para contravergas de 30 cm.
A NBR 8545:1984, traz que as vergas e contravergas devem exceder a largura do vão
de pelo menos 20 cm de cada lado e ter altura mínima de 10cm. Sabbatini (2003) estabelece
que as vergas e contravergas devem ser executadas em peças reforçadas com aço, de modo
que em vergas o apoio lateral deve ser no mínimo d/10 ou 10 cm (o maior dos dois valores), e
em contravergas deve ser de no mínimo d/5 ou 30 cm (o maior dos dois valores). Para ambos,
d é o tamanho do vão).
Silva (2003) apresenta uma tabela com parâmetros recomendados para o
dimensionamento de vergas e contravergas, feita empiricamente pela observação de
construtores e pesquisadores. As tabelas 1 e 2 trazem os parâmetros dispostas pela autora.

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Comprimento máximo do vão (cm) Até 120 De 120 a 200 De 200 a 300
Transpasse lateral mínimo (cm) 10 10 20
Altura mínima dos componentes (cm) 5 5 10
Diâmetro da armação (mm) 2Ø 5,0 6,3 (*)
Tabela 1: Parâmetros para o dimensionamento de vergas em paredes de blocos cerâmicos, até 8m (SILVA,
2003) – “Adaptada pelos autores”.

*para a definição da armadura deve-se fazer uma análise das cargas envolvidas

Comprimento máximo do vão (cm) De 60 a 120 De 120 a 200 Acima de 200


Transpasse lateral mínimo (cm) 30 45 60
Altura mínima dos componentes (cm) 5 5 10
Diâmetro da armação (mm) 2Ø 5,0 6,3 6,3
Tabela 2: Parâmetros para o dimensionamento de contravergas em paredes de blocos cerâmicos, até 8m
(SILVA, 2003) – “Adaptada pelos autores”.

3 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é realizar uma análise computacional para estabelecer
o comprimento de transpasse das vergas e contravergas. Para isto, serão necessários
desenvolver os seguintes objetivos específicos:
 Levantamento bibliográfico sobre vergas e contravergas;
 Analisar os métodos existentes para determinação do vão de vergas e contravergas;
 Realizar computacionalmente análises para as dimensões mínimas das vergas e
contravergas, em diferentes vãos de aberturas, diferentes comprimentos dos painéis de
alvenaria;
 Determinar o transpasse mínimo das vergas e contravergas para diversos tamanhos do
painel de alvenaria, e para diversos vãos de aberturas, de forma a resistir aos esforços
solicitantes e levando em conta o aspecto econômico.

4 METODOLOGIA
Este estudo tem como principal método de pesquisa, a análise computacional
utilizando o Método dos Elementos Finitos (MEF), onde serão analisados diversos fatores para
o dimensionamento do transpasse de vergas e contravergas.
Foram realizadas várias modelagens no software Diana v.9.4.4 – versão educacional,
que utiliza o MEF. O foco do trabalho é a simulação do comportamento mecânico da inserção
de aberturas em painéis de alvenaria de vedação, analisando painéis em diversos

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comprimentos, com distintos tamanhos de aberturas, analisando os painéis sem a utilização de
vergas e contravergas, e com a utilização dos mesmos.
O material escolhido para as alvenarias de vedação, foi o bloco cerâmico, onde
considerou sendo um material isotrópico, e sua resistência à compressão adotou-se o mínimo
por norma, de 1,5 MPa como descrito no Quadro 1. Adotou-se também os valores ensaiados
por Juste (2001), para o coeficiente de Poisson igual a 0,2, e para o módulo de elasticidade
(Epa) igual a 1,2 GPa. Para o peso próprio dos blocos, aplicou-se o valor de 13 kN/m³, indicado
pela NBR 6120:1980. Em relação à gravidade, adotou-se o valor padrão de 9,81 m/s².
Para a modelagem das vergas e contravergas, utilizou-se os parâmetros descritos pela
NBR 6118:2014, onde tem-se o coeficiente de Poisson igual a 0,2, e para o módulo de
elasticidade, considerando uma fck de 20 MPa para o concreto, um Ecs igual a 21,29 GPa com
a utilização do agregado granito. Considerou o peso próprio das vergas e contravergas
utilizando a NBR 6120:1980, que traz 25 kN/m³ para o concreto armado.
Foi adotado para os painéis uma altura de 3,0 metros, e 0,15 metros de espessura, onde
será avaliado a variação do comprimento do painel, e da abertura inserida no mesmo. Para as
aberturas, foram utilizadas janelas com altura de 1,0 metro, variando somente seu
comprimento. Para as vergas e contravergas, será adotado a altura de 5 cm, variando o
comprimento do seu transpasse.
Analisando a pior situação possível, considerou-se que as vigas sobre um painel, teriam
uma ligação rígida entre a estrutura e a alvenaria, onde ocasiona a transmissão de tensão da
viga para a alvenaria. Para isso, foi considerado um carregamento no topo do painel, onde foi
adotado o peso próprio da viga sobre o painel, e para o dimensionamento geométrico da viga
sobre o painel adotou-se o pré-dimensionamento indicado por Rebello (2007), cuja fórmula é
l/12 (onde l é o comprimento do painel), para a obtenção da altura da viga. Com valor
encontrado no pré-dimensionamento da altura da viga, arredondou-se para múltiplo de 5 cm.
Neste trabalho serão avaliados painéis com comprimento de 3.0, 4.0, 5.0 e 6.0 metros
de comprimento, contendo aberturas com comprimento de 1.0, 1.5, 2.0, 2.5, 3.0, 3.5 e 4.0
metros. Serão modelados painéis com aberturas centralizadas e descentralizadas, para avaliar
se o posicionamento da abertura influencia nas tensões ao longo do painel.
Na Figura 2 são apresentados os termos dos parâmetros adotados, exemplificando um
painel com abertura simulando uma janela, e uma abertura simulando uma porta.

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Figura 2: Termos utilizados no trabalho

Onde: L é o comprimento do painel; H é a altura total do painel; h é a altura da abertura;


h1 é a altura das vergas e contravergas; Lab é a largura da abertura contida no painel; E é
espessura do painel; d1=d2 é a distância da face do painel até a face da abertura; Lab/a é o
comprimento do transpasse de vergas e contravergas; a é o coeficiente de redução de
comprimento; Pviga é o carregamento de peso próprio da viga sobre o painel; P esq é o
carregamento de uma esquadria sobre a abertura.

5 RESULTADOS
Inicialmente foi realizado um modelo teste, onde aplicou-se um comprimento de 3,0
metros para o painel, e uma abertura com comprimento de 1,20 metros. Fez-se as modelagens
deste painel considerando a ausência de verga e contraverga, e com verga e contraverga
variando o transpasse em Lab/2, Lab/3, Lab/4, Lab/5, Lab/6, Lab/7, Lab/8, Lab/9, Lab/10. No quadro
a seguir, são apresentadas as características geométricas do modelo teste.

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Características Valores
L(m) 3,0
H(m) 3,0
E(m) 0,15
Lab (m) 1,2
h (m) 1,0
d1=d2 Abertura centralizada
h1 (m) 0,05
Quadro 2: Características geométricas do modelo teste

a) Modelo teste sem vergas e contravergas


Com os dados lançados no software, é realizado os cálculos pelo MEF, foram obtidos
os seguintes resultados:

Figura 3: Tensões σx; Tensões σy; Tensões Txy

A partir destes dados, é possível notar que existe um acúmulo de tensões nas
extremidades das aberturas, mostrando assim a necessidade da inserção de elementos para a
absorção desses esforços, evitando o surgimento de manifestações patológicas nessas regiões
de grande acúmulo de tensões. Diante desta constatação será variado o comprimento do
transpasse conforme definido anteriormente.

b) Modelo teste – Lab/2

Figura 4: Tensões σx; Tensões σy; Tensões Txy

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c) Modelo teste – Lab/3

Figura 5: Tensões σx; Tensões σy; Tensões Txy

d) Modelo teste – Lab/4

Figura 6: Tensões σx; Tensões σy; Tensões Txy

e) Modelo teste – Lab/5

Figura 7: Tensões σx; Tensões σy; Tensões Txy

f) Modelo teste – Lab/6

Figura 8: Tensões σx; Tensões σy; Tensões Txy

g) Modelo teste – Lab/7

Figura 9: Tensões σx; Tensões σy; Tensões Txy

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h) Modelo teste – Lab/8

Figura 10: Tensões σx; Tensões σy; Tensões Txy

i) Modelo teste – Lab/9

Figura 11: Tensões σx; Tensões σy; Tensões Txy

j) Modelo teste – Lab/10

Figura 12: Tensões σx; Tensões σy; Tensões Txy

Com os resultados do modelo teste, verificou-se que a variação dos resultados se dá,
quando se tem verga muito pequena ou muito grande. Com isso, para a pesquisa optou-se por
adotar os comprimentos Lab/2 e Lab/10, por serem os extremos, onde o Lab/2 é o maior
comprimento de transpasse que será adotado neste trabalho, e, o Lab/10 é o menor
comprimento de transpasse desta análise. E optou-se pelo comprimento de Lab/5 por ser um
comprimento de transpasse intermediário, como é possível ver nos resultados dos modelos
testes.
Realizadas as modelagens, optou-se em demonstrar os resultados através de gráficos.
Os gráficos a seguir possuem dois eixos nas ordenadas e um eixo na abcissa, onde, o eixo da
abcissa representa o comprimento do painel e a variação do tamanho d1 e d2, e, o eixo da
ordenada a esquerda, representa o comprimento da largura dos painéis, e o eixo da ordenada a
direita, representa os referentes as tensões obtidas.
Dos resultados obtidos das modelagens, foram retirados os valores máximos das
tensões, os valores mínimos das tensões, e os valores médios das tensões nos painéis. Os
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gráficos conterão somente os valores referentes as tensões máximas e médias, visto que, as
tensões mínimas não influenciam nas análises, permitindo uma melhor visualização dos
gráficos.
Assim, as Figuras 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19 e 20, mostram os resultados obtidos das
modelagens, seguindo as descrições mencionadas anteriormente.

Figura 13: Tensões σx (MPa) para aberturas simulando janelas

Figura 14: Tensões σy (MPa) para aberturas simulando janelas

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Figura 15: Tensões τxy (MPa) para aberturas simulando janelas

Figura 16: Tensões σx (MPa) para aberturas simulando portas

Figura 17: Tensões σy (MPa) para aberturas simulando portas

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Figura 18: Tensões τxy (MPa) para aberturas simulando portas

Serão apresentados a seguir alguns exemplos de modelagens para melhor entendimento


das conclusões do trabalho, onde estão exemplificados painéis com simulando janelas
centralizadas e descentralizadas, e painéis com portas centralizadas e descentralizadas, assim
sendo possível visualizar um pouco do que foi realizado, com as figuras 19, 20, 21, 22, 23, 24,
25 e 26.

Figura 19: Exemplo de modelagem painel sem verga e contraverga, com abertura de janela centralizada,
tensões σx; tensões σy; tensões τxy (N/m²)

Figura 20: Exemplo de modelagem painel com verga e contraverga, com abertura de janela centralizada,
tensões σx; tensões σy; tensões τxy (N/m²)

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Figura 21: Exemplo de modelagem painel sem verga e contraverga, com abertura de janela descentralizada,
tensões σx; tensões σy; tensões τxy (N/m²)

Figura 22: Exemplo de modelagem painel com verga e contraverga, com abertura de janela descentralizada,
tensões σx; tensões σy; tensões τxy (N/m²)

Figura 23: Exemplo de modelagem painel sem verga e contraverga, com abertura de porta centralizada, tensões
σx; tensões σy; tensões τxy (N/m²)

Figura 24: Exemplo de modelagem painel com verga e contraverga, com abertura de porta centralizada, tensões
σx; tensões σy; tensões τxy (N/m²)

Figura 25: Exemplo de modelagem painel sem verga e contraverga, com abertura de porta descentralizada,
tensões σx; tensões σy; tensões τxy (N/m²)

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Figura 26: Exemplo de modelagem de um painel com verga e contraverga, com abertura de porta
descentralizada, tensões σx; tensões σy; tensões τxy (N/m²)

6 CONCLUSÃO
A medida que um painel com um mesmo tamanho, tem o aumento da abertura, ocorre
o aumento das tensões no painel, na qual, segue o princípio da tensão mecânica uniaxial, onde
tendo uma determinada força sobre uma área, e diminui-se essa área de atuação da força,
provoca o aumento das tensões, conforme pode ser notado pela Equação 1.

F
 Equação 1
A

Ao analisar os painéis sem vergas e contravergas, nota-se o acúmulo de tensões nos


bordos das aberturas, confirmando a necessidade da implementação das vergas e contravergas.
Para alvenarias construídas com blocos de vedação, não se encontrou nenhuma
bibliografia ou norma brasileira se tratando do limite de resistência de blocos de vedação ao
ponto de fissuração, para se ter algum parâmetro sobre até quais tensões os blocos resistiriam
sem ocorrer fissuras ou manifestações patológicas. O único parâmetro encontrado para blocos
de vedação, é em relação a resistência a compressão (fb) mínima que o bloco deve resistir, que
está presente na NBR 15270-1:2017, com o valor de no mínimo 1,5 MPa.
A fissuração ocorre antes do rompimento do bloco, e é o que ocorre em paredes de
vedação executadas sem vergas e contravergas, onde o surgimento das tensões nas bordas das
aberturas, não ocasiona o rompimento do bloco (assim a parede estaria condenada a ruína, e
teria de ser demolida), mas acarreta no surgimento de fissuras provenientes desse acúmulo de
tensões.
Como não se tem parâmetros sobre os valores de resistências dos blocos até o limite
de fissuração, é impreciso dizer se um painel de alvenaria de vedação terá fissurações ou não
nesta análise numérica. Diante disso, serão adotados valores as tensões mínimas encontrados
para alvenarias de vedação na NBR 15270-1:2017, apresentados no Quadro 1.

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Com a inserção de vergas e contravergas, gera um aumento das tensões máximas nos
painéis, porém essas tensões máximas σ x, σy e τxy, ocorrem nas vergas e contravergas, e não
nos blocos cerâmicos como nos painéis sem as vergas e contravergas, acarretando um alívio
das tensões nos blocos cerâmicos ao inserir estes elementos estruturais.
Analisando as tensões médias nos painéis σx, σy e τxy, observa-se que uma pequena
alteração dessas tensões médias conforme se varia o comprimento do transpasse, onde quanto
menor o transpassa da verga e contraverga, maiores são as tensões médias no painel, e quanto
maior o transpasse, menores são as tensões médias no painel. Porém, essas tensões médias são
muito inferiores as tensões do painel sem verga e contraverga.
Logo, conclui-se que quanto maior o transpasse das vergas e contravergas para
janelas centralizadas em painéis de alvenaria, melhor será para a diminuição das tensões
médias no painel. Porém, como não se tem parâmetro normativo ou bibliográfico sobre o
limite de resistência para o bloco começar a fissurar, e atendendo aos limites impostos pelo
quadro 1, e tratando-se do aspecto econômico, logo, tem-se que quanto menor o transpasse,
melhor será o custo-benefício, adotando-se então os transpasses de Lab/10.
Analisando a influência do posicionamento das aberturas nos painéis, foi observado
poucas mudanças gerais no comportamento das tensões. Porém, quando se tem um
posicionamento da abertura a um comprimento menor que o tamanho de um bloco da face
lateral do painel, ocorre um aumento das tensões nesse trecho de alvenaria, como é possível
identificar na região circulada da Figura 27, sendo um ponto crítico a ser analisado.

Figura 27 – Local de acúmulo de tensões na alvenaria quando a abertura está próxima da face lateral, tensões
τxy (N/m²)

Para solucionar o problema deste acúmulo de tensões, é indicado a execução deste


trecho com comprimento de um bloco, feita toda no concreto, ou então, utilizar bloco canaleta,
onde, coloca-se uma pequena armação (indica-se 2xØ5 mm) e preenche-se com graute.

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Pode-se observar que em apenas uma análise a tensão atingiu os limites estabelecidos
do Quadro 1, sendo esta referente a tensão τxy, visto que ocasionou devido o parâmetro d1=5
cm, na qual pode ser sanada adotando o criterio mensionado anteriormente. As demais analises
não tiveram valores superiores ao referido no Quadro 1, porém esses valores normativos
adotados, são valores referentes a tensão de rompimento do bloco de vedação, não se tem
nenhum valor normativo ou de bibliografia referente ao valor de tensão onde começa a
ocasionar a fissuração dos blocos de vedação.
Com isso, pode-se concluir que quanto maior o transpasse das vergas e contravergas,
menor será as tensões médias nos painéis, porém, sem qualquer limite normativo referente ao
ponto de fissuração do bloco. Visando os aspectos econômicos, adota-se então o menor valor
de transpasse analisado, onde o transpasse de cada lado da verga sobre a abertura recomendado
então, é de Lab/10.

REFERÊNCIAS

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