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3.

Atividades de Estágio
O estágio no ILCN está a ser desenvolvido em três âmbitos gerais,
nomeadamente observação, avaliação e intervenção em casos clínicos. Deste modo, é
possível desenvolver procedimentos de avaliação e intervenção psicológica com
crianças, adultos e idosos. Este processo inicialmente realizou-se com um período de
observação das consultas realizadas pela Dr.ª Anabela Liberato, tornando-se essencial
para adquirir conhecimentos e competências, de forma a proporcionar a própria
autonomia e aprendizagem. Desta forma, posteriormente serão enunciados como
aspetos primordiais a nomeação, descrição e explanação das atividades realizadas e
planeadas ao longo do período de estágio.
3.1. Atividades Realizadas
3.1.1. Avaliação Psicológica/ Neuropsicológica
Relativamente ao enquadramento do estágio em si, e dada a particularidade de se
configurar em contexto clínico, depreende-se a pertinência em efetuar processos de
avaliação psicológica/neuropsicológica de forma frequente. Mediante isto, a avaliação
concretiza-se através de vários instrumentos existentes na instituição. No que diz
respeito ao trabalho realizado em paralelo com a orientadora de estágio, foi elaborada
uma entrevista semiestruturada que permitisse explanar todos os pressupostos e
objetivos a serem explorados e como resultado viabilizasse a obtenção das informações
cruciais a serem recolhidas de cada paciente. Não obstante, utiliza-se outros
mecanismos e instrumentos de avaliação (e.g., Trail Making Teste, Stroop, entre outros)
que permitam uma análise holística e global dos indivíduos, reconhecendo a natureza
dos problemas apresentados, bem como o desempenho e estado atual do paciente. É de
salientar, que a administração dos instrumentos de avaliação é variável, na medida em
que é necessário ter em consideração as dificuldades apresentadas pelo paciente, bem
como as circunstâncias associadas à administração dos mesmos. No que diz respeito à
avaliação psicológica, verifica-se que esta se traduz como uma competência básica no
que diz respeito ao exercício da atividade psicológica. Assim sendo, compreende-se que
a realização de um processo de avaliação implica por parte do/da profissional um
carácter compreensivo e integrativo de inúmeros conhecimentos que permitam analisar
e explorar o funcionamento específico e adaptativo do indivíduo (OPP, 2021). Ainda
neste sentido, considera-se que a utilização de instrumentos de avaliação
neuropsicológicos, no âmbito da avaliação, pode aumentar a compreensão das
capacidades deterioradas, bem como das capacitadas, o que permite ajustar o tratamento
e a análise do funcionamento do paciente (Albert et al., 2011).
3.1.2. Redação de Relatórios Psicológicos/ Neuropsicológicos
Os relatórios psicológicos/ neuropsicológicos são realizados num formato que
comporte os objetivos gerais e específicos que se propõem a ser cumpridos num
processo de acompanhamento e tratamento psicológico, bem como as metodologias e
instrumentos utilizados. No que concerne à realização do relatório, o mesmo é analisado
e corrigido pela orientadora de estágio, sendo posteriormente realizada a comunicação
dos resultados obtidos e dificuldades apresentadas pelo paciente. Os relatórios de
avaliação neuropsicológicos/psicológicos são um documento escrito, que indicam os
resultados de todo o processo de avaliação (Sendín, 2000). Neste sentido, torna-se
evidente a importância de redigir este documento, uma vez que inclui informação
apropriada para dar respostas às questões e pedidos de avaliação considerados
pertinentes (OPP, 2021).
3.1.3. Intervenção Psicológica
Após cumprir o propósito da avaliação, o passo seguinte parte de uma
construção de atender às necessidades e pressupostos encontrados no processo
avaliativo, procurando perfazer os objetivos desenvolvidos no mesmo. No contexto em
questão verifica-se que a prática interventiva parte de um princípio de corresponder às
necessidades apresentadas pelos pacientes que procuram o serviço, e dado que se trata
de um contexto particular de reabilitação, a intervenção, em si, decorre de uma resposta
às problemáticas existentes, sendo necessário um trabalho e exercício adequado e
especializado para fazer face às mesmas. Deste modo e até ao momento, no ILCN a
intervenção psicológica realiza-se através da estimulação/treino cognitivo, derivado das
dificuldades dos pacientes, relativamente à ausência de competências e habilidades que
permitam uma performance autónoma e independente. A estimulação/treino cognitivo é
efetuada através da execução de exercícios que promovem a estimulação de diversas
capacidades (e.g., memória, funções executivas, linguagem, atenção, entre outras) e que
permitem dar respostas a ações basilares das dinâmicas diárias. Para que tal seja
possível, utilizam-se materiais como cartas, cubos, copos coloridos, puzzles e fotocópias
com exercícios, que incitam e encorajam os pacientes a concretizar os propósitos
inerentes. O treino cognitivo permite trabalhar individualmente cada função cognitiva.
Ou seja, é a prática guiada de diversas tarefas focadas no treinamento de funções
cognitivas específicas (Clare et al., 2003). A prática regular deste exercício, detém a
capacidade de manter o funcionamento das funções cognitivas que são alvo de treino
(Clare & Woods, 2004).
Desta forma, a intervenção concetualiza-se como uma das premissas de atuação
no âmbito da ciência psicológica, na medida em que procura complementar o estudo do
comportamento humano, atuando nas dificuldades e incompletudes apresentadas.
Concomitantemente, a intervenção procura promover um estado de bem-estar ao
paciente, bem como melhorar a sua qualidade de vida, correspondendo a todos os focos
de exigências e contrariedades encontradas e descritas num processo de avaliação e de
rastreio das emergências apresentadas, sendo assim um exercício essencial para a
prática psicológica (Bennett, 2000).
3.1.4. Reuniões Multidisciplinares
Em particular, numa organização como o ILCN e em contexto de reabilitação
neurológica, a atuação da psicologia não se realiza como uma ação isolada, mas sim em
confluência com as restantes especialidades que melhor permitem o funcionamento
global e integrado do paciente. Neste sentido, as reuniões semanais da equipa
multidisciplinar, são uma componente da instituição que permite estabelecer o ponto de
situação, bem como a discussão e obtenção de diversas soluções, de modo a assegurar a
qualidade de excelência dos tratamentos e a promoção da qualidade de vida dos
pacientes. Esta atividade torna-se essencial, pois o trabalho em equipa multidisciplinar
tem demonstrado eficácia e eficiência através de resultados consistentes, benéficos e
imediatos nos pacientes, bem como nas próprias instituições (Tonetto & Gomes, 2007).
3.1.5. Observação da Avaliação Psicológica e Intervenção Psicológic
3.2. Atividades Planeadas
3.2.1. Apoio Formal a Cuidadores Informais
O apoio formal dirige-se aos cuidadores informais dos pacientes do ILCN.
Pretende-se realizar esta atividade formal uma vez por mês com cada cuidador informal,
a partir de Março de 2022 (Anexo 1), tendo uma duração de 1 hora no consultório de
avaliação e intervenção psicológica da instituição. Esta atividade irá realizar-se através
do diálogo formal com a população alvo em questão.
Nas sessões de apoio formal, serão abordados temas como: características da
doença neurológica na qual o paciente necessita de tratamento, dificuldades do cuidador
informal e ainda, proporcionar conhecimento e estratégias de autorregulação emocional,
interação com o paciente e de prestação de cuidados adequados (e.g., higiene,
alimentação). Neste sentido, a atividade pretende disponibilizar abertura a todos os
cuidadores informais para colocarem questões que possam suscitar dúvidas, informar os
cuidadores informais do seu papel e dos aspetos implícitos de forma a obter uma relação
saudável com o paciente e intervir preventivamente acerca dos cuidados necessários
com o paciente e das implicações que isso poderá trazer na sua vida pessoal e
profissional. Ainda neste sentido, no fim da primeira sessão, será disponibilizado um
panfleto com informações acerca das características da doença neurológica em questão,
bem como de alguns tópicos acerca do seu papel enquanto cuidador. Torna-se
pertinente fornecer apoio aos cuidadores informais, derivado do papel que
desempenham e da ausência de conhecimento e preparação prévia que necessitam para
fazer face às necessidades apresentadas (Garrido & Menezes, 2004). Ainda neste
sentido, a falta de conhecimento para lidar com a progressão da doença, poderá originar
o desenvolvimento de perturbações emocionais e comportamentais, comprometendo
assim a saúde física e mental (Araújo et al., 2012). É possível evidenciar que os
cuidadores informais têm um papel fulcral na promoção de bem-estar e qualidade de
vida dos pacientes, sendo estes responsáveis por garantir a satisfação das necessidades
do seu quotidiano (Rocha et al., 2008).
3.2.3. “Estabelecer Relação Terapêutica Positiva”
A formação é dirigida aos profissionais especializados do ILCN. Pretende-se
realizar esta formação uma vez, em Março de 2022 (Anexo 1), tendo uma duração de
aproximadamente 1h30 no gabinete médico da instituição, através de uma apresentação
em PowerPoint.
Na formação, serão abordados temas como: demonstrar a importância de
estabelecer uma relação terapêutica positiva em contexto de reabilitação neurológica,
vantagens de estabelecer uma relação terapêutica positiva, estratégias para estabelecer
essa relação (e.g., criação de empatia, compreensão, aceitação desprovida de
julgamentos, flexibilidade, tolerância e interesse) e as prioridades a considerar no
primeiro contacto com o paciente (e.g., demonstrar confiança, segurança e
confidencialidade).

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