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Exposição Salmo 30

Exordio:
Em tempos difíceis como o nosso, onde diversas vezes nos
deparamos com investidas nas nossas vidas, podemos nos sentir
exilados e isolados, solitários nesse caminho que parece ser
apenas de sofrimento, mas a realidade que a palavra do Senhor
nos exorta é para atribuímos ao Senhor nossas ações de graças.
Hoje quero assim como Davi nesse Salmo trazer aos irmãos
aquilo que nos dá esperança, e esse tempo de fim de ano é
propicio para isso, para relembrarmos que apesar do mundo mal
o Senhor tem sido bom, tem agido nas nossas vidas com sua
poderosa mão, nos trazendo o entendimento que somos
esperançosos não por aquilo que nossa carne sofre, mas pelo seu
agir em nosso espirito. Servimos um Deus que faz, que trabalha
onde apenas ele pode trabalhar, por isso podemos servi-lo
desfrutando da sua paz em meio as nossas ações de graça.
Narrativa:
Existe uma dúvida a respeito da autoria desse salmo apesar de
que como podemos ver nas nossas bíblias elas atribuem a Davi,
mas é possível que os originais se refiram a casa de Davi, sendo
assim outros autores da época do regresso dos judeus do
cativeiro surgem dentro dessa possibilidade, a base para isso
seria a referência a “casa” como templo, ambas interpretações
são possíveis, entretanto eu aqui vou atribui-lo a Davi para nossa
exposição.
Davi expressa aqui seu sentimento diante de um livramento de
um perigo, diante disso ele não apenas rende graças a Deus por
si mesmo, mas como geralmente fazem os autores do Antigo
Testamento, ele convoca os crentes piedosos a se unirem a ele
em exaltação a Deus por seus grandes feitos. Davi demonstra
aqui o seu coração grato a Deus.
É provável que Davi escreve esse salmo após Absalão ser morto
junto com sua facção, que atentava contra o reinado e a vida de
Davi como podemos ver em 2 Samuel capitulo 15 ao 19, Davi
então celebra a Deus pelo favor para com ele, ele se engaja
como alguém que retorna do exilio para seu reino, desfruta de
uma restauração ao seu lugar como rei da nação de Deus. Vemos
então a necessidade de Davi em se dedicar novamente a sua
casa que havia sido maculada por Absalão. Vemos o tempo todo
a realidade da restauração da sua vida, mas também a
restauração do reino permeando as suas ações de graças.
Mas o que precisamos aqui observar acerca desse Salmo que é
de Gratidão, como somos lentos e frios ao olhar os feitos e os
benefícios divinos, esse exercício foi ordenado no antigo
testamento para que eles entendessem que sem a ação de graça,
sem o coração grato a Deus nada pode se tornar puro ou lícito.
Se naquela época diante do que plantavam ofereciam suas
primícias a Deus dando o seu melhor, isso era reconhecer que o
excedente para o ano que viria era uma dadiva de Deus, de
forma parecida quando ofereciam suas casas, estavam
declarando que eram inquilinos do Pai, confessando que era o
próprio Deus que os hospedava e lhes dava um lugar para morar.
(aqueles que não haviam oferecido a sua casa eram até
dispensados das guerras no recrutamento para serem
admoestados) O entendimento era da necessidade de Deus, da
necessidade do próprio entendimento de que é Deus quem faz, é
Ele quem luta as nossas guerras, é Ele quem nos dá, suprindo a
nossa necessidade, e por isso precisamos ser gratos a Ele nos
entregando de maneira verdadeira, atribuindo ao nosso Senhor a
nossa ação de graça.
Não agradecemos aquele que há de fazer por nós meus irmãos,
agradecemos aquele que FEZ tudo em nossas vidas. Nos
suprindo a todo momento, se estamos ainda de pé diante das
mazelas desse mundo e dos dilemas nas nossas vidas é porque
ELE com sua poderosa mão, com seu infinito amor nos dá muita
mais do que pedimos ou pensamos, nosso coração deve se
encher de gratidão porque fomos chamados a servir aquele que
não apenas começa suas obras em nossas vidas, mas também as
finaliza.
Diante dessa realidade quero refletir com os irmãos nesse Salmo
a respeito do:
Grande ideia: O Deus que transforma a tristeza em festa
Pontos:
Introdução:
A estrutura do salmo é simples, Davi rompe suas ideias apenas
duas vezes com pausas de louvor, um de cada lado da confissão
nos versículos 6 e 10 do exagero da confiança-própria, com seus
resultados drásticos. O prazer sincero de Davi por ter sido
restaurado por Deus brilha em cada palavra do salmo, e o tempo
não pode ofuscar esse brilho.
Ponto 1 (V1-V5) O Deus que nos salva.
Davi nos mostra nos primeiros versos como Deus o reconduziu
para um lugar onde ele finalmente pode respirar o ar que parece
o revivificar, ele reconhece de onde Deus o tirou, para isso no
verso 3 ele usa a figura da “cova” e essa cova era profunda como
a morte, alguns estudiosos vão inferir a palavra “poço” como
demonstração dessa profundidade, Davi sente que foi retirado
de um lugar onde parecia ser impossível de sair. Meus irmãos é
Deus quem nos ergue com sua própria mão, quando nos
encontramos totalmente imersos num profundo abismo, e
diante disso o nosso dever deve ser entoar louvores ao seu santo
nome.
O sentimento de gratidão que transparece em meio aos louvores
de Davi revela também uma preocupação dele, que podemos
encontrar no verso 1, Davi agradece a Deus por não ter
permitido que seus inimigos se regozijassem contra ele. Davi se
preocupa com o que seus inimigos podem pensar ao ô verem na
cova, esse cuidado dele vem do entendimento a respeito do
proposito de Deus na sua vida, ele sabia que era rei e estava no
cargo mais alto do povo de Deus e representava a ação do
próprio Deus a respeito dos seus, Paulo também demonstra um
tipo parecido de preocupação em Atos capitulo 20 verso 24
quando diz:
“Porém em nada considero a vida preciosa para mim
mesmo, contanto que complete a minha carreira e o
ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o
evangelho da graça de Deus.”
No verso 2 Davi fala como foi preservado pelo favor divino
mostrando que ao ficar a face da morte, ele dirige súplicas
exclusivamente a Deus e então pode sentir que suas suplicas não
foram em vão. Meus irmãos, Deus ouve nossas orações e isso em
si mesmo já uma prova que nos permite concluir que ele é o
Autor de nossa salvação e livramento. A palavra (Rapha) em
hebraico que foi traduzido por “saraste” que significa cura, mas
também pode ser traduzida por “restaurar” e isso mostra o
livramento de Deus em sua vida restaurando sua casa, é Deus
não apenas curando as nossas vidas, mas também restaurando
as nossas casas e por isso nós devemos ser gratos entoando toda
sorte de louvores, cantando hinos a Ele, pois nosso Senhor é
poderoso.
Salmodiamos, com o nosso conhecimento e as nossas aptidões,
pois Ele é quem nos escolhe como seus Santos, damos graças
aquele cujo o nome é Santo, e está acima de todos, cuja a mão é
poderosa pra nós retirar das maiores profundezas
Calvino – Embora o mundo nos ameace com mil mortes, Deus
possui infindáveis meios de restaurarmos à vida.
Alguns ainda podem enfrentar as mazelas da vida e perceber a
ira de Deus, a esses Davi responde dizendo que a ira de Deus não
passa de um momento, mas o seu favor dura a vida inteira, isso
significa que o Senhor modera a sua mão e prolonga a sua
bondade e graça na vida dos seus. Davi a todo tempo prefere
imprimir no seu discurso termos gerais para poder demonstrar
que esse favor divino não é apenas para o rei, mas todo o povo
de Deus pode desfrutar de seu favor. O conceito no verso 5 de
que é a tristeza que produz alegria também pode ser encontrado
em todo o novo testamento, é o contraste daquilo que é
momentâneo e aquilo que é eterno e não apenas um discurso de
vida. Davi personifica o choro e a alegria e eles se tornam
hospedes da sua casa, se ao entardecer o choro vem para passar
a noite, assim como é inevitável a vinda do dia será também da
alegria, pois ela vem pela manhã demonstrando a inevitável
graça, a inevitável mão poderosa de Deus em misericórdia para
com nossa vida, o seu favor nos alcançando e nos tornando
fortes quando nos sentimos fracos.
Aplicação:
1 – Deus nos enxerga mesmo no lugar mais profundo: Salmo 139
v8 “mais profundo abismo”
2 – Deus nos livra daqueles que nos perseguem para sua própria
gloria
3 – Somos gratos pois Deus abrevia o choro, e prolonga a alegria
dos seus santos.
Ponto 2 (V6-V10) O Deus que nos desperta.
Se Davi começa lembrando dos feitos do senhor na sua vida,
escrevendo como Deus age com seu favor, agora ele demonstra
o seu coração em confissão a Deus a respeito de si mesmo. Ele
fala sobre sua prosperidade e como em tempos fáceis de
despreocupação ele foi imprudente e descuidado. Em Jeremias
no capitulo 22 verso 21 Deus fala sobre um povo que não o
escuta em tempos prósperos, esse povo diz: ”não ouvirei” ao
próprio Deus. Davi está dizendo que o seu sofrimento é
merecido, pois ele não havia dado ouvido ao Senhor, a sua
confiança em si mesmo e no período tranquilo antecedente a
tribulação o levou a arrogância e esquecimento da sua condição
vulnerável diante de Deus. Então Deus utiliza da tribulação para
seu despertamento, Deus age dessa maneira em todo texto
bíblico, sempre que seus servos esquecem de sua condição por
conta da idolatria do seu coração preferindo confiar mais nas
coisas criadas do que no criador, Deus manda o sofrimento que
produz um despertamento do seu povo, o retorno a Ele mesmo.
CS Lewis - Livro: O problema do sofrimento
“Deus sussurra em nossos prazeres, fala em nossa consciência,
mas grita em nossos sofrimentos. O sofrimento é um megafone
de Deus para acordar um mundo surdo.”
Davi e então começa a fazer os seus famosos contrastes a figura
no verso 7 de uma “montanha” é o símbolo da inabalável
presença de Deus, o Senhor é a rocha inabalável, em contraste
com a fragilidade daquele que não tem a Deus como seu apoio,
somos limitados sem o favor de Deus, somos frágeis.
O grande ponto em questão é a diferença que existe nos que
confiam no Senhor e naqueles que tem uma confiança carnal e
então são presunçosos. Davi diz que a ocultação do rosto do
Senhor causado por sua presunção o fez ficar conturbado, o
abala perceber que o favor do Senhor já não é mais com ele e
então ele clama, implora, suplica com temor clama aquele que é
o único que pode o livrar, Calvino diz que podemos pensar num
ferro torto que não tem utilidade até que seja completamente
aquecido ao fogo e batido na bigorna com um martelo, assim
somos nós quando na nossa tranquilidade esquecemos daquele
que nos dá, o Senhor nos aquece ao fogo e nos martela para
então voltarmos a está retos com sua palavra, com sua vontade.
Então no verso 9 diante do despertamento através da
calamidade Davi parece que de maneira mundana tenta
barganhar com o Senhor, mas na verdade o questionamento
dele a Deus é “De que maneira o Senhor será glorificado com
isso?”. Davi sabe que pra essas perguntas não têm respostas se
lembrarmos Jó também após as calamidades na sua vida
questiona a Deus da mesma maneira e recebe de Deus tantos
outros questionamentos que a resposta como aqui é a plena fé e
confiança que devemos ter no próprio Deus que é digno, o
Senhor sempre será glorificado pois ele é digno de gloria.
O questionamento perde força diante do entendimento da nossa
condição e da gloria de Deus, o que resta então é clamar pelo
favor, para a graça e compaixão de Deus, pois ele é
misericordioso, gracioso. Diante do lamento do verso 9 Davi
louva a Deus se colocando no lugar correto diante do Pai, pois
pedindo pão jamais receberia pedra.
Aplicação:
1 – Nos tornamos facilmente presunçosos em tempos bons
2 – Deus usa do sofrimento para o despertamento do seu povo
3 – A consciência do nosso pecado deve nos levar a suplica pelo
favor.
Ponto 3 (V11-V12) A tristeza em festa.
O tom de festa e celebração retorna nos dois últimos versos
assim como nos primeiros, Davi volta a dar suas ações de graças.
Com as lembranças em sua mente da disciplina de Deus diante
do seu erro, Davi de maneira vivida e alegre canta com todas as
sua forças em louvor ao Senhor. O salmista fala do seu escape
em segurança devido o socorro da benção de Deus; então
acrescenta que o objetivo final de ter escapado, é a entrega da
sua vida em celebração e louvores a Deus. Seu louvor em meio a
tristeza não vem de uma insensibilidade de Davi, pelo contrário
ainda que a dor sobrevenha a sua vida ele celebrará ao Senhor
porque agora entende que esse é o proposito da sua vida, o
salmista compreende que foi por meio do pranto que ele foi
guiado em oração para Deus.
Devemos nos atentar a essas duas realidades, a de que nos
enquanto cristãos de modo nenhum somos insensíveis diante da
tristeza, mas devemos perceber que exercitamos o
arrependimento por meio dela. Davi fala de uma pratica comum
entre os povos antigos “Cingir-se” com cilício durante seu
pranto, pratica que mostrava a real culpa do condenado,
reconhecendo a sua culpa e a demonstrando cingindo-se agora
poderia se aproximar de seu Juiz celestial, implorando com toda
humildade seu perdão.
O pranto vira dança, em 2 Coríntios capitulo 7 verso 10 Paulo fala
que a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a
salvação, uma vez triste, mas arrependido o salmista
compreende a ação de Deus o que o leva para a celebração, Davi
agora externa sentimento de felicidade que Deus o dar através
do seu agir, ele sabe que o Senhor o convence, age de maneira
gloriosa na sua vida e no reino. Davi atribui a sua felicidade, a sua
festa a Deus, o entendimento é que isso é o puro desfrute da
graça divina, o Senhor é seu libertador.
No último versículo Davi expressa de maneira mais plena seu
reconhecimento quanto ao proposito pelo qual Deus o preserva
da morte, e que seria cuidadoso em adorar a Deus em atitude
correta de gratidão. Davi demonstra seu dever de adorar a Deus
devido a seu favor e graça, a compreensão do proposito de Deus
é o entendimento que Deus agiu para que Davi reconhecesse a
sua necessidade do Senhor, para que os lábios do salmista se
enchessem de louvores até o fim da sua vida.
Cantar e não se calar é uma aplicação hebraica, a ideia é que ele
jamais poderá ficar mudo, nem privar a Deus de seu devido
louvor, ao contrário, ele se devotará à celebração da gloria de
Deus para sempre.

Conclusão/Aplicação
Meus irmãos, devemos aprender diante desse salmo que
devemos nos render ao Senhor em gratidão, pois a todo
momento ele age nas nossas vidas, ainda que em momentos
tranquilos nós tendemos a esquece-lo ele balança nosso barco
com as fortes ondas, nos disciplina como um justo juiz, mas a
vara do Senhor é para aqueles que ele ama, a sua disciplina não
se prolonga porque onde abunda o pecado superabunda a graça.
O desejo do Senhor a nosso respeito é que de fato convertamos
os nossos corações em oração, é que se dobre os nossos joelhos
diante dele reconhecendo nossa fragilidade, nossa dependência
diante de Deus.
Se buscarmos nos aproximar de Deus através dos louvores e da
oração certamente o nosso coração se encherá de seus
propósitos e do contentamento que apenas Ele pode nos dá,
então seremos gratos, os nossos lábios se encheram de gratidão,
devemos olhar pras nossas vidas e perceber o quanto Deus tem
sido bom, o quanto ele tem demonstrado seu favor e os nossos
lábios podem ser encher de gratidão a Ele.
O Senhor nos dá a aliança em Cristo para percebermos que é Ele
quem faz, é Ele o tempo todo que nos salva e resgata, nos dá o
mediador perfeito para que nossos lábios com a liberdade dos
absorvidos possam entoar novamente louvores de gratidão
diante Daquele que é fiel, é amoroso.

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