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Dr.

André, não venho igual a muitos pedir algo lhe seja fácil,
neste mundo tecnológico onde tudo se resume a e-mails no
menssenger com um ou no máximo dois parágrafos mau escritos, peço
que leia esta carta. Sou pretensioso e desrespeitoso ao ponto de
pedir mais, pois sabendo que o Senhor é homem de muitos
compromissos, imploro que leia sem pressa, com atenção nas
virgulas que serão os subtopes dessas palavras tão importantes
para mim e minha família.

Não sou Advogado e nem versado nos termos da lei, o que tenho em
comum com um advogado é a oralidade versátil de um literato, sim
sou escritor, com quatro livros escritos e apenas um publicado.
Sou algo igual aos escritores americanos da década de 30 que eram
estivadores, pintores, operários ou desempregados vivendo de
bicos, ainda assim tendo o dom da palavra escrita.

Com 41 anos já fiz vários trabalhos, fui desmontador de carro em


ferro-velho, servente de pedreiro, Gari varrendo rua, coletor
correndo atrás do caminhão de lixo e depois dos 25 comecei a viver
só de tatuagem, tatuador de preço em conta, sem estúdio fixo,
viajei pro Espirito Santo, Bahia e varias outras regiões do
Brasil.

Quando surgiu o decreto de 7 de abril, por ser trabalhador


autônomo fui elegível e assim neste mesmo mês, precisamente no dia
do meu aniversário 28 de abril, recebi minha primeira parcela. Em
Maio recebi a Segunda parcela.

Decidi receber as outras duas parcelas em agosto quando o saque


seria permitido. No dia 10 de agosto cheguei cedo na Agencia pra
não enfrentar fila, eram 6;40 da manhã e haviam no mínimo 20
pessoas a minha frente. Um rapaz gordo, branco e de traços
afeminados, o mesmo atendente das outras duas parcelas, foi quem
me deu a pior noticia das ultimas semanas.

“ Senhor Péricles o Senhor já usufruiu da sua terceira e de sua


quarta parcela, consta no Caixa Tem que o Senhor pagou boletos“. 
Fiquei sem folego, porque aqueles mil e duzentos reais tinham sim
endereço fixo, mas não era aquele, era dinheiro de comprar comida,
pagar energia, internet e até mesmo itens de limpeza estavam
faltando.

Somente então é que tive a chance de conhecer o outro lados das


pessoas que trabalham na Caixa Econômica, o lado daqueles que são
capazes de tudo pra defenderem a instituição que os emprega. Fui
atendido por seis funcionários num período de trinta dias e todos
mentiram. Disseram pra eu fazer uma contestação que Policia
Federal iria investigar, entre 10 e 30 dias sairia o resultado.
Tudo mentira.

Mentiram o tempo todo. Eu e minha esposa fomos escarnecidos pelos


atendentes que insinuavam que eu deveria saber que me roubou uma
vez que eram meus dados. Respondi que hoje em dia deixamos nosso
numero de Cpf e RG em quase todos os lugares. Lá mesmo na Caixa
Econômica expus esses dados varias vezes.

Como não dispunha de um telefone no ato da contestação tive de


voltar no outro dia com minha esposa que é obesa e pré diabética.
Implorei a Gerente da Caixa que desse atendimento preferencial a
mim pelas condições de minha esposa que estava passando mal. A
Gerente disse não. Apelei ao fato de estar ali para denunciar uma
fraude e roubo sofrido. A Gerente nos humilhou diante de uma fila
de umas 50 pessoas dizendo que não fui vitima da nada porque tanto
eu quanto os outros estávamos lá pelo mesmo motivo; Auxilio
Emergencial.

A vantagem de ser um homem adulto é que as lagrimas sempre


encontram as pálpebras ressecadas pelas agruras da vida, mas
confesso que nesse dia quase chorei por ver minha esposa igual uma
criancinha humilhada diante de outras pessoas.

Depois de 30 dias o resultado da contestação é de que não houve


indicio de fraude. Acaso eu sofro de amnesia? Alzheimer? Gastei
1.200 e não lembro? Não existe uma terceira opção, ou eu gastei
esse dinheiro ou outra pessoa gastou. Todos os responsáveis se
negam a me fornecerem qualquer tipo de informação, mentiram que eu
receberia informações por -e-mail.

Agora, eu que sempre pareci a mim mesmo uma pessoa sensata sou um
louco que gasta um beneficio pago pelo estado para tentar receber
novamente. Onde estão as provas? Porque mentiram e continuam
mentindo? Se a Caixa Econômica nada tem a temer porque me negam o
direito de saber a verdade. O dinheiro é meu, estava em meu nome,
então porque eu não devo saber nada… Porque?

Dr André, o senhor sabe o que me faria nesse dia o homem mais


feliz do mundo? Não… Se pensou que é os 1200 reais que foram
roubados se enganou, o que me contentaria e deixaria feliz é
apenas os comprovantes que a Caixa Econômica esconde. Tenho de
agir rápido para que não destruam as provas que fui vitima de
roubo. É irônico porque o interesse em provar que sou uma fraude
deveria ser deles.

A bandeira de Moçambique bem representaria a realidade sofrida dos


brasileiros, um fuzil, uma enxada e um livro. Para nós o fuzil são
os homens que defendem suas ideias acima de tudo, a enxada é opção
obrigatória de todos a quem não é dada opções, o livro aberto é a
voz da sabedoria que grita a mais de 200 milhões de pessoas para
que poucas ouçam sua voz.

Já faz um tempo Dr. Janones que minha esposa e eu acompanhamos seu


trabalho, sem bajulações, devo confessar que em todos os discursos
políticos em que encontrei demagogia e mentira não havia uma única
entonação de voz semelhante a sua. A voz de um homem que fala da
mesma forma que os nascidos do povo. Nascer do povo é nascer duas
vezes, pois fora do berço de nascimento, em meio a multidão é que
se encontra a realidade dos pobres, sem cores, ou fantasias,
apenas pão de cada dia.

Todos sentem medo, covardes são apenas os que se deixam paralisar


por ele. Percebi que o Atendente do guichê 20 ao dizer que o
resultado do banco era não me ressarcir sentiu medo. Sabe do que
ele sentiu medo Dr? Da verdade, ele sabia que eu não peguei aquele
dinheiro. Mesmo com toda segurança e policiais que me prenderiam
apenas por aumentar o tom de voz ele sentiu medo, isso é o que
identifica um covarde, mesmo seguros, não se sentem certos em suas
convicções.

O Brasil não precisa de Deus acima de todos, Deus é o mesmo desde


a criação do mundo. Quando Moisés atravessou o Mar Vermelho ou
quando os portões de Auschwitz se abriram para que o holocausto
terminasse, Deus estava lá e já estava acima de todos.

O povo também não precisa de um brasil acima de tudo e sim de


brasileiros que acima de tudo saibam quem são. O caminho de quem
sabe aonde vai, pertence a quem sabe de onde veio. Brasileiros
assalariados que se enxergam ricos jamais vão entender que a
historia é a mesma, antes era o Capitão do Mato que resgatava o
escravo vivo ou morto, agora é o Policial pardo que estrangula um
homem negro dentro de uma Agencia da Caixa Econômica a mando do
Gerente.

Antes era um imigrante português que entrava na policia para


intimidar ex escravos e descendentes de índios, agora são
funcionários do governo que mentem para o povo. O mesmo povo a
quem tributos sempre foram entregues para os salários de quem
teoricamente deveria protegê-lo.

Até quando? Dr. Janones, não o chamarei de pai dos pobres como
chamaram a Getúlio Vargas, pois num governo populista pai é quem
dá o pão com a mão esquerda e a bofetada com a mão direita. O
chamarei de Companheiro dos Pobres, por como escreveu Albert
Camus; Se alguém anda atrás de mim é meu seguidor, se anda a minha
frente é para que o siga, mas se anda ao meu lado, então somos
companheiros.

André Janones o Companheiro dos Pobres. Não é pela direita ou pela


esquerda, pois é preciso ser equilibrista para correr no corrimão
de uma ponte sem se precipitar num abismo. O que o Brasil precisa
é de um Presidente que tenha os dois pés fincados no chão. Esse
Presidente é o senhor Dr. André Janones.

André Janones na Presidência O Companheiro dos Pobres.

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