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Antianginosos

O infarto é a doença que mais mata no mundo (no Brasil é o AVC). Sem terapêutica a
mortalidade é de 30% e com terapêutica de 15%.

Terapêutica Não-Farmacológica
A terapêutica não farmacológica mais importante é a intervenção sobre fatores de risco via
mudanças de estilo de vida. A prevenção primária por mudança intensa de estilo de vida é muito
importante para esse tipo de paciente, já secundária - para um paciente que já infartou - deve ser
a prevenção para que o evento não aconteça novamente, implementando um estilo de vida
saudável.

Pacientes com a Tríade de Virchow (hipercoagubilidade, estase e lesão endotelial) são


pacientes que têm risco de IAM e TVP (podendo levar a um TEP). Para esses pacientes
predispostos à TVP é importante no pós cirúrgico fazer a deambulação precoce, uso de meias
compressivas e CPI (compressão pneumática intermitente) - em pacientes que não podem fazer
uso de anticoagulantes. Lembrar sempre que pacientes com plaquetopenia ou que tiveram HDA
tem contraindicação para uso de anticoagulantes. Os maiores riscos para TVP são: tabagismo,
câncer, anticoncepcionais, etc.

Dislipdemia
A dislipdemia pode acontecer por diferentes formas:

- Hipercolesterolemia - diminuição de gorduras trans;

- Hipertrigliceridemia - dieta com menor quantidade de carboidratos;

- Baixo HDL

- Mista (combinação de duas ou mais causas)

Quando maior o risco do paciente de infartar, menor deve ser seu LDL.

Aterosclerose
Quando o LDL é oxidado, o macrófago residente o fagocita e ocorre o boost oxidativo, mas
o LDL já está oxidado, então isso não é suficiente para que seja degradado corretamente. Esse
LDL, então, acaba se acumulando dentro dessas células, as células espumosas ou células de
foam. Os macrófagos atraem linfócitos, colágeno e plaquetas pela liberação de quimiocinas do
processo inflamatório e o Fator de Von Willebrand se liga às plaquetas e começa o processo da
adesão plaquetária. Ao se ligar, a plaqueta é ativada e libera tromboxana A2 e ADP, esses fatores
atraem, por sua vez, mais plaquetas. Na plaqueta aderida existem a glicoproteína IIb que, via
fibrinogênio, liga-se à GP IIIa presente nas plaquetas, realizando a agregação plaquetária.

Na hemostasia secundária, a trombina vai ativar (clivar) o fibrinogênio, transformando-o em


fibrina. O que liga uma plaqueta a outra é o fibrinogênio, então, a trombina causa a retração desse
coágulo. A trombina também ativa a pro-trombina, que a degrada, e transforma o plasminogênio
em plasmina, que degrada a fibrina.

Farmacoterapia
I. Estatinas
• Sinvastatina (Zokor) - mais segura mas tem uma meia vida menor, geralmente administra-se a
noite (quando o colesterol é produzido);

• Atovarstatina;

• Rosuvastatina (Crestor).

A administração desses fármacos precisa ser analisada segundo o risco cardiovascular do


paciente (HAS, DM, sexo, idade, antecedentes, etc.), normalmente usam-se os Critérios de
Framingham. Faz-se um cálculo do NNT - número necessário para tratar, o que depende caso a
caso. Possui um efeito pleiotrópico: também diminui a inflamação endotelial e estabiliza a placa.

Inibem a HMG-CoA-redutase, que converte o acetil-CoA em mevolonato. O mevolonato se


transforma, mais tarde, em colesterol. A inibição da HMG-CoA-redutase pelas estatinas vai
diminuir a concentração do colesterol, o que estimula o aparecimento de receptores de LDL nas
células. A maior expressão de LDLr causa uma maior entrada dessa molécula na célula, reduzindo
o colesterol circulante.

Tem um importante efeito colateral de miotoxicidade e hepatotoxicidade - causando até


rabdomiólise. É de máxima importância se atentar a isso em pacientes em uso de estatinas.

II. Resinas
As resinas são inibidores de sais biliares. Diminuem a recaptação da bile, fazendo com que
ela seja eliminada e o fígado utiliza mais colesterol para fazer mais bile, “gastando” essa reserva
aumentada.

III. Fibrato
• Genfibrozila - ajuda na sobrevida do paciente porque reduz TAG e aumenta HDL;
• Ciprofibrato;

• Fenofibrato.

Utilizados em pacientes com triglicérides altos, mas colesterol não tão alto. Pacientes com
triglicerides alto tem alto risco para pancreatite aguda, esses fármacos são, então, utilizados para
proteger o paciente dessa patologia.

Os fibratos ativam PPAR-ɑ, que inibe a lipoproteína lipase, evitando o aumento de ácidos
graxos circulando no sangue e diminuem a síntese de LDL no fígado.

IV. Ácido Nicotínico


Esse fármaco tenta aumentar o HDL, mas não altera o desfecho primário. É para o
colesterol assim como acarbose é para o diabetes. Diminui a absorção do colesterol, por isso é
normalmente utilizado quando se quer abaixar muito os níveis de colesterol e não se consegue só
com estatinas (uso associado).

V. Ezetimiba
É um fármaco que bloqueia o receptor Nemann Pick C1 like, o que impede a absorção do
colesterol pelo enterócito. Esse fármaco é muito utilizado associado às estatinas.

VI. Ômega 3
Atua substituindo o colesterol, aumenta índices de HDL e diminui a relação com LDL. Há
uma redução do colesterol sérico, fazendo o metabolismo centrípeto do colesterol.
VII. Inibidores da PCS-K9
• Ecovolumabe

Faz o turn-over do LDL receptor. A PCS-K9 é uma proteína que destroi os receptores de
LDL, ao inibir essa proteína a expressão desses receptores na membrana é maior. Geralmente
utilizada em casos de hipercolesterolemia familiar grave.
VIII.Inibidores de CETP
São fármacos que se ligam a CETP, uma enzima que faz a transferase do colesterol,
inibindo-a. Devido a essa inibição não ocorre a transferência do HDL para os tecidos, aumentando
o HDL que faz o transporte desse colesterol para o fígado, diminuindo o colesterol e
potencializando o metabolismo centrípeto dessa molécula.

IX. Antiagregantes Plaquetários


• AAS;

• Clopidogrel.

O Clopidogrel atua na reação do ADP que bloqueia a agregação ao inibir a ligação das
glicoproteínas IIb/IIIa. Já o AAS diminui a produção de tromboxana.

X. Anticoagulantes EV
• Heparina Não Fracionada;

• Enoxaparina (Heparina de baixo peso molecular).

É utilizada em emergências, via endovenosa e subcutânea. Atua inibindo a trombina e o


fator Xa através da potencialização da anti-trombina 3. Por ser não fracionada a dose deve ser
ajustada de acordo com a TTPA, o que a torna mais difícil de administrar.

XI. Anticoagulantes Orais


• Varfarina

• Rivaroxabana

• Dabigatrana

A Vafarina inibe a vitamina K, o aumento dessa vitamina corta o efeito da varfarina, a ɣ-


carboxilação depende da vitamina K. Cuidado com verduras, que tem muita vitamina K, para que
a varfarina não perca seu efeito. A Rivaroxabana inibe o fator Xa e a Dabigatrana inibe a
trombina.

XII. Trombolíticos
• Alteplase - AVE (janela terapêutica menor - 4,5h);

• Tenecteplase - IAM (tromboespecífica), administrada em “Bolus”.

Atuam estimulando a plasmina. Muito cuidado ao determinar se o evento é hemorrágico ou


não.

Tratamento das Anginas


Angina caracteriza-se por uma dor torácica em aperto que pode se irradiar. É um
desequilíbrio entre o fluxo de sangue e a demanda cardíaca. A angina estável geralmente ocorre
durante esforços físicos ou situações de estresse e dura menos de 20 minutos. No tratamento das
anginas estáveis utilizam-se os seguintes medicamentos:

1. Nitratos Orgânicos - vasodilatadores que atuam aumentando o fluxo sanguíneo a partir do


óxido nítrico.

- Nitroglicerina: venodilatador;

- Nitrito de Amila: arteriodilatador;

- Nitroprussiato de Na⁺ - arterio e venodilatado (cuidado com intoxicação por CN).

2. β-Bloqueadores - atuam diretamente no coração, diminuindo a demanda cardíaca e, portanto,


reduzindo seu esforço.

- Metoprolol: específico para β1, usado em ICC;

- Carvedilol: específico para β1 e ɑ1, é cronotrópico e inotrópico negativo.

3. Bloqueadores de Canal de Ca²⁺ - duas classes: di-hidropiridínicos e não di-hidropiridínicos:

- Di-hidropiridínicos (Anlodipina): não atua no coração, faz vasodilatação periférica;

- Não Di-hidropiridínicos (Verapamil/Diltiazen): atuam diretamente no coração diminuindo a


demanda cardíaca, reduzem a força ao bloquear canais lentos de Ca²⁺, são inotrópicos
negativos.

As anginas instáveis, por sua vez, são consideradas uma síndrome coronariana aguda e
tem maior risco de evolução para IAM. Seu tratamento farmacológico é, muitas vezes, feito pela
colocação de um stent farmacológico.

1. Antiplaquetários
- AAS;

- Clopidogrel.

2. Anticoagulantes

- Varfarina;

- Heparina EV;

- Rivaroxabana;

- Dabigatrana.

3. Trombolíticos
- Alteplase - AVC;

- Tenecteplase - IAM (“Bolus”).

4. Hipolipemiantes

- Estatinas (Sinvastativa/Pravastatina);

- Resinas (Colestiraminas);

- Fibratos (Genfibrozila);

- Ômega 3;

- Inibidores de CETP;

- Inibidores de PCS-K9.

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